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29 DE ABRIL DE 2019

3ª SESSÃO SOLENE HOMENAGEM À REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

 

Presidência: PAULO FIORILO

 

RESUMO

 

1 - PAULO LULA FIORILO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - IZABEL DE JESUS PINTO

Mestre de cerimônias, nomeia a Mesa e demais autoridades presentes.

 

3 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO

Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene para "Homenagem à Revolução dos Cravos", por solicitação deste deputado. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino de Portugal" e o "Hino Nacional Brasileiro", reproduzidos pelo Serviço de Audiofonia desta Casa.

 

4 - MARCOS MARTINS

Ex-deputado estadual, saúda os presentes. Enaltece a relevância da solenidade. Discorre acerca da democracia. Atribui relevo à contribuição do povo português para o Brasil.

 

5 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO

Anuncia a exibição de vídeo sobre a Revolução dos Cravos. Comenta evento realizado no auditório do Parque Ibirapuera, no qual fora exibido o mesmo vídeo.

 

6 - SIMÃO PEDRO

Secretário estadual de Mobilização do PT, saúda os presentes. Comenta a amizade com o deputado Paulo Fiorilo. Transmite cumprimentos do PT. Manifesta apreço pelo tema objeto da presente solenidade. Lembra a união popular contra a ditadura, em Portugal. Assevera que a Revolução dos Cravos incentivara brasileiros a perseguir direitos democráticos. Critica ameaças à democracia, no Brasil.

 

7 - LUIZA MOURA

Professora Doutora de Sociologia da UFMS, a representar Ildefonso Garcia, presidente do Centro Cultural 25 de Abril de São Paulo, cumprimenta os presentes. Faz breve relato da história da democracia em Portugal. Enaltece 25 de abril de 1974, data da destituição do governo ditatorial. Afirma que o Exército distribuíra cravos para a população. Lembra a aprovação da Constituição e organização de sistemas partidários. Cita exílio e assassinato de Salazar, na Espanha. Atribui relação entre a Revolução dos Cravos e as Diretas Já. Comenta pesquisa e exposição sobre portugueses presos em campos de concentração e condenados a trabalhos forçados.

 

8 - MANUEL MAGNO

Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira em São Paulo, saúda os presentes. Discorre acerca da ditadura em Portugal. Comenta a derrubada do regime de Salazar, pela Revolução dos Cravos.

 

9 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO

Anuncia a execução da música Grândola Vila Morena.

 

10 - ANTONIO DOS RAMOS

Comendador, presidente da Casa de Portugal, saúda os presentes. Agradece ao deputado Paulo Fiorilo pela iniciativa da solenidade. Enaltece o valor das festividades em comemoração à Revolução dos Cravos. Critica a produção de armas. Discorre acerca do teor pacífico da união popular, contra a ditadura portuguesa.

 

11 - MARCO ANTONIO MARQUES DA SILVA

Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, professor da PUC, da Universidade de Lisboa e diretor da Casa de Portugal, saúda os presentes. Informa diálogo com Renato Afonso Gonçalves, o qual enviara cumprimentos. Manifesta-se orgulhoso por ter ascendência em portuguesa. Lembra que o português é falado em cinco, dos seis continentes. Cita Fernando Pessoa. Valoriza o legado de Portugal para a globalização, via navegações.

 

12 - PAULO JORGE NASCIMENTO

Cônsul-geral de Portugal em São Paulo, cumprimenta os presentes. Manifesta satisfação em participar da solenidade. Valoriza o povo que contribuiu para transformar a realidade política em Portugal. Comenta a democracia no país. Valoriza o voto como meio de homenagear a Revolução dos Cravos.

 

13 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO

Informa que propusera mesma solenidade quando exercera a vereança, em São Paulo. Explica que identifica-se com os valores democráticos. Manifesta-se contra o retrocesso e a não liberdade de expressão. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Paulo Lula Fiorilo.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Sejam muito bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Vamos dar início à sessão solene em homenagem ao Dia da Revolução dos Cravos. Convidamos para compor a Mesa o deputado estadual Paulo Fiorilo; Paulo Jorge Nascimento, cônsul-geral de Portugal em São Paulo; comendador Antonio dos Ramos, presidente da Casa de Portugal; Manuel Magno, presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira em São Paulo; Luiza Moura, Profª. Drª. da Universidade Federal de Minas Gerais, representando o presidente do Centro Cultural 25 de Abril de São Paulo, engenheiro Ildefonso Garcia; Simão Pedro, secretário estadual de Mobilização do PT.

Podem se acomodar, por favor.

Com a palavra o deputado estadual Paulo Fiorilo.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado. Bem-vindos, companheiros e companheiras, amigos e amigas. Queria aqui já registrar, fora do protocolo, a presença do sempre deputado Marcos Martins e Sueli, sua esposa.

Bem-vindos.

Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa, deputado Cauê Macris, atendendo a solicitação deste deputado, com a finalidade de homenagear o Dia da Revolução dos Cravos.

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino de Portugal e o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É reproduzido o Hino de Portugal.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e será retransmitida, também pela TV Alesp, no sábado, dia 4 de maio, às 21 horas, pela NET canal 7, TV Vivo canal 9, TV digital canal 61.2.

Rapidamente aqui quero fazer alguns agradecimentos: Paulo César Petronilho, representando o deputado federal Carlos Zarattini - Paulinho, muito obrigado pela presença; Marcos Martins - sempre deputado estadual - e sua esposa Sueli Barca, muito obrigado pela presença dos dois; Oscar Ferrão, presidente do Lar da Provedoria Portuguesa, obrigado e parabéns pelo trabalho que desenvolve lá; Valdivino Santos Rocha, presidente da Associação dos Expostos e Intoxicados por Mercúrio Metálico. Obrigado, Valdivino. Tivemos aqui um evento importante nessa semana que passou, muito obrigado.

Fernando Ramalho, conselheiro da Beneficência Portuguesa - Fernando, muito obrigado pela presença; Jorge Rosmaninho, secretário de Coordenação do Partido Socialista Português. Eu pronunciei corretamente? Muito obrigado; Prof. Dr. José Antonio Costa Fernandes, diretor da Casa de Portugal e pesquisador da FGV. Obrigado, José Antonio, que é um dos responsáveis pelo evento; Péricles Marques - representando o presidente da Casa de Portugal do Grande ABC -, Carlos José Rodrigues. Obrigado pela presença. Fernando Girão, da Associação Brasileira de Imprensa – vi o Fernando por aí. Está aqui.

Quero agradecer aqui também a presença do Dr. Paulo Jorge Nascimento, cônsul-geral de Portugal em São Paulo; do comendador Antonio dos Ramos; do Manuel Magno, que é o presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira em São Paulo; da Profª. Drª. Luiza Moura e do Simão Pedro aqui do meu lado direito – meu sempre deputado aqui, meu amigo de faculdade.

Quero aproveitar para registrar também as mensagens do procurador-geral de Justiça Gianpaolo Smanio, do prefeito Bruno Covas, do governador João Doria, do presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, Dr. Paulo Prazak. Quero chamar para compor a Mesa o Dr. Marco Antonio Marques da Silva, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Peço uma salva de palmas. (Palmas.)

Dando início aos trabalhos das nossas atividades para comemorar os 45 anos da Revolução dos Cravos, eu queria convidar o nosso deputado Marcos Martins para uma saudação aqui na tribuna do meu lado direito junto às bandeiras.

Por favor, Marcos, sempre uma honra poder ouvi-lo aqui. Fique à vontade, você que usou esta tribuna por muitos anos aqui.

 

O SR. MARCOS MARTINS - Paulo Fiorilo, meu deputado estadual, meu companheiro de muitas caminhadas, em seu nome e do Consulado, cumprimentar a toda a bancada e vocês que estão aqui acompanhando esta atividade tão importante para nós brasileiros. Porque,  a retirada do golpe com a Revolução dos Cravos, de 25 de abril, para nós brasileiros foi muito importante também,  porque Portugal saiu da ditadura.

Nós estamos trabalhando já há alguns anos para democratizar. Democratizamos, mas sempre tem retrocesso – avanço e retrocesso –, e isso vale para o mundo. Nós queremos que se democratize o mundo inteiro, e Portugal tem um papel extremamente importante. E todos os portugueses que vivem aqui no Brasil, porque nós fomos colonizados por Portugal, então os portugueses tem uma corresponsabilidade também conosco aqui no Brasil, e isso para nós é muito grato.

E agora cumprimentar a todos por esta sessão.

A Revolução dos Cravos, nunca podemos esquecer, e deve ser preservada e aprimorada.

Parabéns a todos, e muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, deputado. Neste momento, nós vamos assistir a um vídeo sobre a Revolução dos Cravos.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Quero aqui fazer um registro: este vídeo foi produzido pelos 40 anos - uma salva de palmas -  para um evento que aconteceu no auditório do Ibirapuera com os presentes que foram citados. Mas o vídeo tem uma importância histórica, por isso o pessoal pediu para que a gente pudesse reapresentá-lo aqui hoje. (Palmas.)

Bom, iniciamos então agora as nossas falas. Eu quero convidar para fazer o uso da palavra o Prof. Simão Pedro, que também é secretário do Partido dos Trabalhadores no estado de São Paulo. Por favor, o sempre deputado estadual Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - Boa noite a todas e a todos, um boa-noite especial ao deputado Paulo Fiorilo, autor desta sessão solene, presidente desta sessão solene. Como ele já citou aqui, eu e o Paulo Fiorilo temos uma amizade que passa dos 30 anos já, não é, Paulo? Eu tive a honra de suceder o deputado Paulo Fiorilo na presidência do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia. De lá para cá, a gente tem toda uma história nos parlamentos, na construção do nosso partido, nas lutas sociais. Fico muito feliz, deputado, de ver V. Exa. aqui conduzindo esta sessão, tocando esse tema muito importante que é a democracia, e a sua assessoria empenhada na defesa de um tema tão importante.

Queria cumprimentar o Dr. Paulo Nascimento, cônsul-geral de Portugal aqui em São Paulo; meu amigo Dr. Antonio Gusão, da Casa de Portugal; Dr. Manuel Magno Alves, que é o presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira no estado de São Paulo; queria também cumprimentar a Profª Luiza Moura, representando o Centro Cultural 25 de Abril; Prof. José Antonio, meu amigo que me intimou para que viesse hoje aqui, além do convite honrado do deputado Paulo; e também o Dr. Marco Antonio, desembargador do Tribunal de Justiça.

Senhoras e senhores, eu vim aqui trazer, deputado Paulo, um abraço de toda a direção do Partido dos Trabalhadores na pessoa do nosso presidente Luiz Marinho. Nós temos um carinho por esse tema da Revolução dos Cravos, porque ela é um marco mundial na luta pela democracia; como um povo superou - como nós vimos no vídeo-um período de mais de quatro décadas sob o regime de opressão, de censura, de tortura, de prisão, de abafamento da democracia. E o povo unido, juventude, homens, mulheres, militares, jornalistas, trabalhadores, gráficos, metalúrgicos, área de serviço se juntaram para dizer: “Basta a ditadura, queremos respirar ares novos que é o que representa a democracia.”

E como falou aqui o meu querido amigo - com quem eu queria fazer uma saudação ao deputado Marcos Martins - a Revolução dos Cravos em Portugal em 1974 inspirou muitos brasileiros aqui também a pegarem mais coragem para lutar contra a ditadura que durou.  Já fazia mais de 15 anos que estava instaurada aqui também com as mesmas características de opressão, censura, pobreza, endividamento, banimento dos partidos – quantos brasileiros tiveram que sair para fora do país - muitos mortos, muitos ainda mortos cujas famílias não tiveram direito ainda de fazer o enterro, fazer a cerimônia, fazer homenagem, como é tradição na humanidade.

E aquele movimento nos inspirou aqui no Brasil a lutar contra a ditadura e restaurar a democracia.

E por que essa sessão solene, deputado, é importante?

Porque nós ainda vivemos a sombra da ditadura, a sombra do sufocamento da democracia ainda circula entre nós, a  sombra do fascismo querendo implantar a tirania, querendo sufocar a democracia, querendo derrubar as instituições como o Supremo Tribunal Federal; os militares, uma ala, uma  parte deles hoje já dentro do governo ditando regras quando eles deviam cumprir - como determina a Constituição -  a retaguarda, cuidar da nossa segurança externa, das fronteiras, se arvorando a querer mandar na política, a monitorar o Supremo, monitorar o Congresso, monitorar o governo.

A democracia do Brasil é jovem, ela não estava consolidada ainda, ela tinha muitas limitações e agora mais ainda. Então, comemorar a Revolução dos Cravos, comemorar o  25 de Abril continua sendo para nós sempre essa inspiração. Não podemos baixar a guarda, temos que ficar vigilantes. A democracia é o único caminho que nós temos para a solução dos conflitos, a solução das divergências, por isso eu queria dar um viva à Revolução dos Cravos, dar um viva à união Brasil-Portugal, à união dos brasileiros com os portugueses nesse tema. Temos que nos abraçar, nos dar as mãos para dizer:

“Democracia acima de tudo”, está certo?

É o nosso caminho.

Então, um grande abraço, parabéns, deputado Paulo Fiorilo, a todos que estão aqui. Um grande abraço para toda a comunidade lusa que está aqui conosco. Um grande abraço e uma satisfação voltar aqui a esta tribuna, falar daqui sempre bate uma saudade, mas a gente está cumprindo outras tarefas profissionais e políticas, mas é uma honra voltar aqui a esta Assembleia.

Queria deixar um  abraço para todos os funcionários, que sempre nos serviram com muita prontidão, nos ajudaram muito aqui e continuam aí na sua tarefa importante.

Obrigado e uma boa noite para todos.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, deputado Simão Pedro. Queria imediatamente convidar agora para fazer uso da palavra a Profª. Drª. Luiza Moura, da cadeira de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Não? Ah, Mato Grosso do Sul. Ah, então me enganaram, mas já está corrigido, Mato Grosso do Sul.

 

A SRA. LUIZA MOURA - Boa noite a todos. Queria cumprimentar a todos os presentes na pessoa do deputado Paulo Fiorilo e agradecer, por ordem do nosso presidente e engenheiro Ildefonso Garcia, do Centro Cultural 25 de Abril de São Paulo, agradecer a iniciativa e a dedicação de ter programado aqui na Assembleia esta homenagem ao  25 de Abril, a instalação da democracia em Portugal.

Eu gostaria de fazer dessa palestra o contrário do que eu fiz lá em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, que foi quando se iniciaram as comemorações desse 45º Aniversário da Revolução de 25 de Abril. No dia 8 de março estivemos falando do sentimento dos portugueses que foram exilados na época da ditadura e depois do júbilo que tivemos quando o  25 de Abril conseguiu romper essas amarras da democracia em Portugal.

Eu hoje gostaria de falar um pouco de história, em lugar de sentimento, porque todos nós que estamos aqui estamos imbuídos desse sentimento de nos regozijar com o fato de a nossa democracia ter se tornado ou estar se tornando também um exemplo para o mundo.

Então eu gostaria de começar com uma frase de uma música, que é um poema:“As portas que Abril abriu”.

Ela desencantou as forças portuguesas, as forças democráticas e todas as forças estiveram na rua, todos os segmentos sociais, todas as classes estiveram na rua comemorando e rompendo tudo que tolhia a possibilidade de expressão dessa força gigantesca, que é a vocação para a democracia que Portugal tinha, e que durante toda a sua história, teve. Vale lembrar, que desde Dom João IV nós já tínhamos as cortes portuguesas, as cortes populares. Então essa vocação irrompeu naquele 25 de abril de 1974 e não mais permitiu que as forças do obscurantismo voltassem a governar Portugal.

Então, uma análise que se faz desse período é que o próprio Marcelo Caetano, que naquela época estava substituindo Salazar, não teve coragem, não soube dar uma solução política para essa grande – e pelo cansaço que a sociedade portuguesa estava na guerra colonial - então, ele arrastou por longo tempo e isso provocou uma revolta, e uma decisão num determinado momento de “Vamos acabar com isso. Não é mais possível continuar, o povo está cansado, as pessoas estão cansadas, a guerra está se prolongando, e isso não traz resultado nenhum, nem para Portugal nem para o resto do mundo”.

No dia 25 de Abril aconteceu então esse fato inédito de que povo e Forças Armadas conseguiram se juntar e destituíram o governo, fizeram, como é que eu diria, fizeram tudo direitinho, tudo que tinha que fazer, como se deve fazer uma revolução. Tomaram os meios de comunicação, prenderam os militares que tinham que prender e ocuparam o Palácio do Governo, e, sobretudo ocuparam as ruas, ocuparam as ruas com o povo e com o Exército distribuindo cravos para a população – por isso chamamos Revolução dos Cravos. Eu estou fazendo uma abreviação, na verdade, a coisa foi um pouco mais complicada. Mas também está muito romantizada na história. E, como todos os portugueses são românticos, eu também sou e também acredito que houve essa irmanação, essa irmandade de povo e Forças Armadas.

Eu nunca vi, em todas as revoluções que estudei por todo o mundo, nunca vi em livros nem nada uma revolução que se desse dessa maneira, de forma pacífica e irmanando Forças Armadas com o povo na rua.

Bom, essa força genética da Revolução Portuguesa, mesmo com o “novembrismo”, que foi uma espécie de retrocesso um ano depois, em novembro de 1975. Essa força genética da revolução conseguiu consolidar, apesar do “novembrismo”,  duas realidades fundamentais para o futuro da democracia portuguesa.

Uma foi a Constituição aprovada na Assembleia Constituinte, uma nova Constituição supermoderna, avançada, e a organização do sistema partidário, em que mesmo os partidos de direita se colocaram contra o salazarismo, contra a ditadura de Salazar. Conseguiu juntar uma gama, por isso que Portugal inteiro levantou.

Eu já tinha tido notícia, já tinha conhecimento, eu ainda estava em Portugal nessa época, que uma candidatura, que foi a do general Humberto Delgado, tinha levantado o povo português contra Salazar, e nesse momento ele pronunciou uma frase e foi crucial inclusive para o destino que ele teve, que foi quando lhe perguntaram:“O que o senhor vai fazer com o primeiro ministro Salazar se for eleito?”

 E ele disse: “Obviamente, demito”.

Então, depois disso ele teve que se exilar e depois disso ele foi assassinado na Espanha.

Bom, essa nossa revolução – é nossa porque eu sou portuguesa – é um exemplo para o mundo. Aqui no Brasil nós conseguimos usar esse exemplo em vários movimentos que foram realizados aqui, dos quais eu participei, já estava aqui no Brasil. Um exemplo disso foram as “Diretas já!” e depois as eleições e instalação da democracia, a Constituinte de 1988 e a instalação da democracia.

E eu queria finalizar esta breve recordação citando aqui o Prof. Fernando Rosas, que é um professor da Universidade Nova de Lisboa, especialista nesse período da ditadura. Recentemente, recentemente não, ainda está em exposição na cidade de Loulé uma pesquisa que ele fez e uma exposição sobre os portugueses imigrantes na França e na Alemanha, que foram presos em campos de concentração. Dois deles morreram no campo de concentração e os outros foram condenados a trabalhos forçados. Não morreram assassinados nos campos de concentração, era um campo de concentração de trabalhos forçados, que considerava que os imigrantes tinham que trabalhar para o nazismo.

Então vou citar aqui, desse mesmo evento que participamos lá em Lisboa, as palavras do Prof. Fernando Rosas: “Fazer da história da revolução de 1974 e 75, da sua análise crítica, dos seus contributos positivos e negativos, mais do que uma nostalgia e um suspiro de saudade. Fazer disso um guia para a cidadania de hoje é o que nos convoca, acho eu, neste 45º Aniversário do  25 de Abril a não deixar empalhar a revolução numa memória estéril ou uma comemoração ritual. Fazer florescer a cada passo o dia inicial inteiro e limpo, porque ele é identidade profunda da modernidade Portuguesa”.

E agora o lema do Centro Cultural 25 de Abril: “Vinte e Cinco de Abril sempre. fascismo nunca mais”.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Muito obrigado, Profª. Drª. Luiza Moura, da cadeira de sociologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Antes de ouvirmos a música “Grândola Vila Morena”, eu quero passar a palavra para o Dr. Manuel Magno para que ele também possa fazer uso aqui deste espaço – o Dr. Manuel Magno, que é presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira em São Paulo.

 

O SR. MANUEL MAGNO - Senhoras e senhores, muito boa noite. Permitam-me saudar inicialmente o deputado Paulo Fiorilo, presidente desta sessão. Também cumprimentar e saudar o nosso embaixador e cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Dr. Paulo Jorge Nascimento. Saudar o presidente da Casa de Portugal de São Paulo e um dos que hoje compõem e patrocinam essa festa, o comendador Antonio Ramos. Saudar o querido amigo, desembargador Marco Antonio Marques da Silva e peço vênia para, na sua pessoa, saudar os demais integrantes da bancada. Saudar também as autoridades, vereadores e deputados e representantes de instituições portuguesas das nossas valorosas casas regionais que aqui hoje emprestam seu prestígio para esta solenidade ter um maior brilho.

Após o golpe militar de 1926, foi estabelecida uma ditadura em Portugal. A data celebra a revolta dos militares portugueses, que a 25 de abril de 1974, data que ficou conhecida como o “Dia da Liberdade”, levaram a cabo um golpe de estado militar pondo fim ao regime ditatorial do Estado Novo, liderado por Antonio de Oliveira Salazar, que governou Portugal de 1933 a 1968.

A Revolução dos Cravos foi o movimento que derrubou o regime salazarista de forma a reestabelecer as liberdades democráticas, e promovendo transformações sociais no país que perduram e se renovam até hoje. Desta forma, é necessário lembrar e relembrar sempre essa data, para que o que aconteceu de 1933 a 1968 não mais se repita no nosso Portugal e mesmo que isso não aconteça e se repita no nosso Brasil.

Boa noite, obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Muito obrigado, Dr. Manuel Magno. Eu vou pedir agora para a gente ouvir uma música que marcou o início da Revolução dos Cravos: “Grândola Vila Morena”.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Bom, depois de ouvirmos essa música, eu não posso deixar de ouvir agora o comendador Antonio dos Ramos, que preside a Casa de Portugal.

 

O SR. ANTONIO DOS RAMOS - Deputado Paulo Fiorilo, obrigado por ter preparado esta sessão solene para festejarmos o 25 de Abril; senhor cônsul-geral de Portugal em São Paulo; o Manuel Magno, presidente da Casa Luso-Brasileira; o Simão Pedro, que estava na prefeitura na outra gestão, como secretário-geral de serviços, e que me recebeu lá muito bem mais de uma vez; Dra. Luiza Moura; e Marco Antonio, o Marco da Silva, uma nova aquisição da Casa de Portugal – é nosso diretor da área cultural.

Boa noite a todos, muito obrigado por terem vindo comemorar justamente o  25 de abril.

O  25 de Abril foi uma festa autêntica, nós temos que colaborar com mais força. Já teve anos que aconteceu, teve ano que houve um grande show no Ibirapuera, por exemplo, como foi citado aqui, apareceu aqui no filme, com Carlos do Carmo e tudo, ele devia ser convidado para criar uma festa fantástica, do tipo da revolução exportável.

Só que não tem cliente, não tem país para mandar, porque o pessoal gosta, os países que fazem mais armamentos, armas, querem gastá-las, então gostam de outros tipos de revoluções.

Tem que faturar as armas, lamentavelmente. Um dos cânceres da humanidade, não é só drogas, armas. São feitas aos milhões para matar pessoas, para derrubar governos, enfim, para arrasar com nações, como aconteceu com o Iraque, como aconteceu com a Líbia, e pode acontecer a toda hora.

Eu tenho um amigo que viveu muitos anos nos Estados Unidos e ele diz: “A América não vive sem uma guerra. É aí que ela lucra”. Não é só a América, não é?

O 25 de Abril não. O  25 de Abril foi uma revolução criada pelos capitães do Exército, completamente pacífica, o povo todo na rua, cravos nas pontas das espingardas. O capitão Salgueiro Maia, que liderou a revolução no terreno, pegou dois carros de combate – ele próprio em um deles – e escoltou até o aeroporto o primeiro-ministro Marcelo Caetano e o presidente da República, Américo Tomás, para eles irem em segurança, para que ninguém os molestasse. Embarcaram para Madeira, Ilha da Madeira, e dali uns tempos vieram para o Rio de Janeiro. O Marcelo Caetano acabou por falecer no Rio, o Américo Tomás voltou a Portugal muito mais tarde, já com a democracia completamente estabilizada.

Então, por tudo isso, temos que ter em mente que os portugueses deram uma aula de como se faz uma revolução. Não houve uma morte. Outra coisa, a PIDE – Polícia Internacional de Defesa do Estado –, não houve revanches. Não houve perseguições, não houve revanche. A PIDE seria um caso de irem atrás deles, condená-los. Não, a PIDE acabou, ninguém castigou ninguém, não houve revanche nenhuma. Isso foi outro lado muito bonito.

Pronto.

Então apareçam sempre, porque vale a pena comemorar essa data.

Um grande abraço a todos.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Muito obrigado, comendador Antonio dos Ramos, pelas palavras proferidas. Passo imediatamente agora a palavra ao Dr. Marco Antonio Marques da Silva, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, professor da PUC, da Universidade de Lisboa e diretor da Casa de Portugal – nova aquisição da Casa.

 

O SR. MARCO ANTONIO MARQUES DA SILVA - Bom, em primeiro lugar eu peço desculpas pelo atraso na minha sessão no tribunal, eu costumo dizer que nós nos caracterizamos pela marca da Justiça – a gente tarda, mas não falta. Pelo menos a gente assim espera. Então, em primeiro lugar, minhas escusas.

Cumprimento o deputado Paulo Fiorilo, aliás, hoje eu conversei com o nosso amigo em comum, que é o vice-presidente da Casa de Portugal, o Renato Afonso Gonçalves, o nosso Telê, que lhe mandou um abraço. Ele está lá em Lisboa e por isso não está a cá, e pediu que transmitisse a todos os cumprimentos.

Então eu cumprimento o presidente da Mesa, deputado Paulo Fiorilo; o Sr. cônsul-geral Paulo Jorge Nascimento; o presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, o Dr. Manuel Magno Alves; o presidente da Casa de Portugal, o Sr. Antonio dos Ramos; o sempre secretário Simão Pedro; a Profª Luiza Moura e todas as autoridades aqui presentes.

Vou pedir licença também para cumprimentar o Dr. Nuno Rebelo de Sousa, que está a cá, da Câmara de Comércio Brasil-Portugal; Dr. Jorge Rosmaninho, todos os colegas que sempre trabalham e fazem muito pela nossa lusofonia, isso é muito importante e sempre devemos lembrar.

Depois de ter ouvido e não sabendo que eu ia me manifestar, eu fiquei a pensar o que eu poderia dizer do que já foi dito. Aí eu me lembrei do meu orgulho de ser luso-descendente – Marques da Silva, região de Braga –, do meu orgulho de ter sangue Marques da Silva, de ter sangue português. E, também dizer, que não apenas esse feito de democracia, de exemplo que Portugal nos legou por ocasião da Revolução dos Cravos - que para nós da área do Direito nos deu a Constituição de 25 de abril de 1976 -  um exemplo depois com todas as suas alterações das mãos, em especial, do grande Prof.  Jorge Miranda, entre outros, Marcelo Rebelo de Sousa e tantos outros que nós poderíamos aqui citar, Canotilho e etc.

Mas, Portugal nos dá um exemplo que às vezes nós não nos damos conta.

Será que todo mundo já lembrou que Portugal é único, o português, melhor dizendo, é a única língua que se fala em cinco continentes dos seis que nós temos?

Será que nós nos damos conta que Portugal fez deste País, Brasil continente, uma unidade, enquanto a chamada América Espanhola se dividiu em nove, dez, inclusive com três, quatro dialetos diferentes do espanhol?

Será que percebeu que o português sempre, em qualquer lugar que ele chegava, o grande navegador português não criava nada contra, não criava castas ou diferenças, como os ingleses, franceses e tantos outros colonizadores. Ao contrário, ele sempre se integrou nas comunidades.

Isso que faz do português, da nossa língua, como diria Fernando Pessoa, “Nossa Pátria” demonstrar que talvez mais recentemente a gente poderia pensar na Revolução dos Cravos, mas vamos voltar e dizer que esse legado não é por acaso.

Não foi por hoje que Portugal chegou, não foi por hoje que Portugal foi o grande navegador. Há um trabalho de um inglês – eu não me lembro agora, eu peço desculpas, eu terminei há pouco tempo de ler um outro livro dele –, quando ele fala que a globalização, na verdade, do mundo começou com Portugal. Enquanto ninguém pensava nisso, Portugal, já com o país pequeno apertado entre a Espanha e o Atlântico, saiu a navegar. Navegou e “descobriu lugares nunca dantes descobertos”.

É muito importante que a gente marque nesse momento da democracia e da igualdade, mas marque a importância da grandeza de um povo, o povo português, que fez muito, que nos legou.

E grande parte, senão todas, as antigas colônias, como é o caso de Brasil, de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, nenhuma delas precisou ter uma batalha, uma guerra sangrenta ou qualquer coisa que o valha, a ponto que continuam integrados num todo. Isso mostra essa forma de fazer, seja para combater a ditadura do Estado Novo em Portugal, seja para descobrir novos horizontes, novos caminhos, seja porque hoje nós temos figuras do porte de António Guterres, secretário-geral da ONU; figuras do porte do presidente, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa; figuras do porte que nós poderíamos lembrar tantos outros. Professores, como é o caso de Jorge Miranda, Menezes Cordeiro, Eduardo Veracruz Pinto e tantos outros que realmente fazem e fizeram muito por Portugal, pela Língua Portuguesa, pelo Brasil e pela nossa lusofonia.

Então, esse exemplo de democracia que aconteceu na Revolução dos Cravos, volto a dizer, não é de agora, não foi de ontem. É uma história que mostra, que continua e continuará.

Viva Portugal e viva o Brasil!

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Muito obrigado, Dr. Marco Antonio Marques da Silva. Um abraço ao meu amigo Telê, que está em Portugal e não pôde vir.

Eu quero já passar agora a palavra e agradecer a presença do cônsul Sr. Paulo Jorge Nascimento, cônsul-geral de Portugal.

Muito obrigado pela presença, a palavra é do senhor.

 

O SR. PAULO JORGE NASCIMENTO - Sr. Deputado Fiorilo; Sr. Presidente da Casa de Portugal, comendador Antonio Ramos; Sr. Presidente do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira de São Paulo, Dr. Manuel Magno; Sra. Profa. Dra. Luiza Moura, que representa o Centro Cultural 25 de abril; Sr. Simão Pedro; Dr. Marco da Silva; minhas senhoras e meus senhores, é com o sentimento de profundo reconhecimento desde logo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que organizou hoje este evento, que me dirijo a Vossas Excelências.

Essa data que marca a celebração dos 45 Anos da Revolução dos Cravos não será apenas mais uma cerimônia educativa daquela data. E não é porque é o aniversário da Revolução de 25 de abril, é o momento para lembrar aqueles que contribuíram para a construção de uma nova realidade em Portugal, por vontade do seu povo e sobre um impulso inicial daqueles que ficarão para sempre conhecidos como os “Capitães de abril”.

Sobre estes que importa não esquecer, diz Sua Excelência, presidente da República, que saudá-los é um dever de todos os que em Portugal se louvam da democracia, que, em seu gesto patriótico, prometeu instaurar.

A Revolução dos Cravos está também na memória de todos por representar um caso quase único de ruptura com um regime, efetuada sem derramamento de sangue.  Se é certo que em todos os processos desse tipo haverá sempre um momento de exacerbamento de posições ideológicas e até injustas que, sendo pontuais, não podem ser menosprezadas porque marcam aqueles que por elas são objetivados, importa ao menos recordar - como nos lembrou igualmente Sua Excelência presidente da República - que foi nesta data que o nosso país percorreu um caminho nem sempre fácil, diríamos, que permitiu a instauração da democracia, que se realizasse a descolonização e que Portugal se integrasse de forma firme e definitiva na Europa, construindo-se uma nova economia e uma nova sociedade.

Nesses passados 45 anos, percorremos, como país e como povo, uma estrada que nem sempre foi fácil. Foi, porém, marcada pela determinação e pela coragem de ultrapassar as dificuldades. Fizemos como povo e como país, abrindo-nos ao mundo e sendo solidários entre nós e com os outros que nos procuram, sem nunca esquecermos que para trás está uma história de quase 900 anos como um país independente, que, ao longo desse tempo, forjou uma identidade própria e que esta se estende muito além das suas fronteiras físicas. Ela assenta também numa língua que, sendo nossa, é também de muitos outros; e de uma cultura rica e claramente identificável, que se projeta internacionalmente, diga-se, muito por força das nossas comunidades emigradas.

A lembrança do 25 de Abril tem assim que ser colocada no contexto de um olhar sobre o passado, mas tendo em mente que o dinamismo dos tempos exige respostas a desafios sempre novos. Desafios de modernização, mas também de combates. As ainda persistentes desigualdades sociais fragilizam não apenas os mais desfavorecidos, mas o conjunto da sociedade e do país. Combate aos desafios que o desenvolvimento nos criou: as alterações climáticas, a revolução digital e os impactos inerentes à estrutura do trabalho, do emprego e da geração e distribuição de rendimentos. O desafio de melhoria da saúde e das redes de solidariedade social.

As realidades não são imutáveis, e ainda menos os direitos conquistados. As preocupações com o estado social e a democracia têm de ser valorizados e aprofundados como de resto foram assinalados na celebração do 25 de Abril, que tiveram lugar no próprio  dia 25 de abril na Assembleia da República.

Sobre este assunto, permitir-me-ão que recorde de novo as palavras de Sua Excelência, o presidente da República na sua mensagem de Ano Novo, no passar de 1º de janeiro deste ano: “Apelo a todos os portugueses que façam direito ao voto nas próximas eleições que se realizam ao longo deste ano. Que a melhor forma de homenagear o 25 de Abril é através do primeiro direito político que para todos os portugueses foi conquistado na Revolução dos Cravos”.

Excelentíssimas senhoras e senhores, no momento em que em tantas partes do mundo novos cantos de sereias se fazem ouvir, importa aprofundar a participação cívica na vida política, porventura renovando as formas como ela se concretiza. Mas importa ter sempre presente e, se me permitem, parafraseando ainda o Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, que “não há ditadura, mesmo a mais destruidora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita”. Fim de citação.

O Sr. Presidente da República recordou, na sua intervenção feita no ano passado no dia 25, na Assembleia da República, que o 25 de Abril valeu a pena. Não temos dúvidas que, olhando o caminho percorrido e a transformação operada em Portugal e na sociedade portuguesa, todos partilharíamos o mesmo sentimento. A todos, o nosso sentir bem age por determinação de recordar esse sentimento, nem por isso menos marcante na história portuguesa.

Muito obrigado!

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Agradecer aqui ao cônsul, Dr. Paulo Jorge Nascimento. E registrar aqui a presença do Sr. Nuno Rebelo de Sousa, obrigado pela presença, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e filho do presidente atual de Portugal. Muito obrigado pela presença, uma salva de palmas. (Palmas.)

Para que a gente possa encerrar esse evento, eu vou aqui ser breve, até porque a gente pôde ouvir aqui pessoas que têm uma referência muito grande nessa questão da Revolução dos Cravos. Mas eu quero agradecer aqui meu amigo Simão Pedro, que conheço de longa data, não vou falar, porque ele já disse; Dr. Manuel Magno, Dr. Comendador Antonio dos Ramos, Dr. Marco Antonio Marques da Silva, Profª Drª. Luiza Moura e o cônsul-geral, Dr. Paulo Jorge Nascimento.

Queria agradecer a presença de vocês.

Eu fui vereador na Câmara de São Paulo e durante quatro anos nós tivemos a oportunidade, a possibilidade de relembrar a Revolução dos Cravos, aliás, nos 40 anos, nós tivemos a oportunidade de realizar o evento também na Câmara de São Paulo. E agora aqui na Assembleia Legislativa eu quero, de público, abrir esse espaço para a comunidade lusa, não só para a gente comemorar o  25 de Abril, mas para outras atividades da comunidade, até porque nós temos uma relação histórica que nos une pela língua, pela cultura, pela culinária, pela beleza do povo português que traz para o Brasil a sua história e que constrói essa história junto com a gente.

Alguns, ao longo dos quatro anos, perguntavam: “Pô, mas você não é descendente de português. Por que você resolveu fazer esse evento?” Porque a gente se identifica com valores e aqui a gente ouviu a importância, por exemplo, da democracia para o português há 45 anos atrás. São valores que a gente aqui também defende. Defender a democracia significa defender a possibilidade das pessoas se manifestarem.

E hoje o mundo tem se manifestado – às vezes mais à direita, às vezes mais à esquerda. Agora, nesse final de semana, a gente teve uma lufada de esquerda lá na Espanha, como a gente teve também outras lufadas à direita. Faz parte da democracia. E nós vamos entender isso e defender esse nosso legado sempre. O que nós não vamos permitir é que a gente retroaja, que a gente tenha que conviver sem a possibilidade de falar, sem a possibilidade de discordar, sem a possibilidade de registrar as nossas posições, isso a gente não vai permitir nunca.

Eu não vivi 1964, muitos aqui viveram. Eu não vivi a Revolução dos Cravos, muitos tiveram a oportunidade de viver. Então nós temos um compromisso, é esse compromisso que a gente vai continuar acreditando e lutando. Por isso eu queria agradecer a presença de todos e dizer que é um prazer e um orgulho muito grande a gente poder rememorar esses 45 anos da Revolução dos Cravos.

Mas de novo reafirmar: tanto para a Casa de Portugal e para o Consulado que esse espaço vai estar sempre aberto para que a gente possa fazer outros eventos, comemorar outras datas e trazer a colônia portuguesa-brasileira também para esse espaço.

Muito obrigado.

Parabéns aos portugueses pelos 45 anos da Revolução dos Cravos.

Viva a democracia! (Palmas.)

Eu estou ganhando aqui da Profª Drª. Luiza a revista “O Referencial”, do 25 de Abril, sobre o evento que teve lá em Portugal.

Vamos lá. Obrigado.

Queria agradecer aqui e, esgotado então objeto da presente sessão, a Presidência agradece as autoridades, a minha equipe, os funcionários dos serviços de Som, da Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Legislativa e das assessorias policiais Civil e Militar, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o êxito da solenidade.

Convido a todos para um coquetel que será servido aqui no Salão dos Espelhos.

 Está encerrada a sessão solene para comemorar a Revolução dos Cravos.

Vamos tirar uma foto aqui oficial e todo mundo está convidado lá para o evento. Obrigado.

 

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- É encerrada a sessão solene às 21 horas e 09 minutos.

 

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