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7 DE JUNHO DE 2019

58ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: MAJOR MECCA e CORONEL NISHIKAWA

 

Secretaria: CORONEL NISHIKAWA

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - MAJOR MECCA

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - CARLOS GIANNAZI

Cita declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em encontro com mantenedores de faculdades particulares. Critica declaração do ministro informando que o governo Bolsonaro pretende atender a demanda do ensino superior através do ensino privado. Lamenta cortes dos investimentos nas universidades públicas, realizados pelo governo federal. Lembra que mais de 90% da produção científica no Brasil é feita pelas universidades estaduais e federais. Destaca que a irmã do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, é presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas.

 

3 - CORONEL NISHIKAWA

Lembra visita do governador João Doria a esta Casa, no dia de ontem. Destaca que o salário da Polícia Militar do Estado de São Paulo é muito inferior aos dos policiais de outros estados. Faz críticas ao teto constitucional do estado de São Paulo. Comemora o pagamento de indenização à viúva do policial militar cabo Fernando Flávio Flores, assassinado por membros do crime organizado. Destaca a importância de ações de desassoreamento no Grande ABC a fim de evitar enchentes e alagamentos.

 

4 - CORONEL NISHIKAWA

Assume a Presidência.

 

5 - MAJOR MECCA

Agradece o pagamento de indenização à viúva do policial militar cabo Fernando Flávio Flores, vítima do crime organizado. Destaca que continuará exercendo seu papel de legislador de cobrar o governador e denunciar irregularidades. Manifesta preocupação em relação aos veteranos da Polícia Militar não serem contemplados em futuro reajuste salarial.

 

6 - JANAINA PASCHOAL

Faz esclarecimentos em relação ao PL 435/19, de sua autoria, que confere à mulher o direito de escolher sua via de parto. Considera que mentiras estão sendo veiculadas em relação a esta matéria legislativa. Lê o texto do PL 435/19.

 

7 - JANAINA PASCHOAL

Para comunicação, prossegue a leitura do PL 435/19, de sua autoria, sobre a escolha da via de parto pela mulher na rede pública de Saúde. Defende a importância da aprovação da matéria.

 

8 - PRESIDENTE CORONEL NISHIKAWA

Considera que o PL 435/19 não possui caráter peremptório, sendo permitida a escolha da via de parto pela mulher.

 

9 - CARLOS GIANNAZI

Faz críticas em relação ao projeto Inova Educação, criado pelo Governo do Estado de São Paulo. Manifesta-se contrariamente à repartição de férias dos professores e alunos da rede estadual de ensino. Combate a introdução de mais três disciplinas no currículo escolar sem discussão com o Conselho Estadual de Educação. Lamenta que o piso salarial nacional não seja respeitado no estado. Cobra medidas concretas do governador em relação à violência nas escolas.

 

10 - JANAINA PASCHOAL

Comenta que a TV Alesp irá iniciar um novo modelo de programa, em que um deputado entrevista um convidado de sua escolha. Destaca que já gravou um destes programas entrevistando o juiz Gabriel Sormani, da Vara Criminal e da Infância e Juventude de Taboão da Serra, que trata da adoção de crianças mais velhas. Discorre sobre métodos "radicais" de adoção, como criação de catálogos e desfiles de crianças e jovens disponíveis para adoção. Pede reflexão sobre esta questão social.

 

11 - ALTAIR MORAES

Para comunicação, corrobora o pronunciamento da deputada estadual Janaina Paschoal sobre a adoção de crianças mais velhas.

 

GRANDE EXPEDIENTE

12 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, comenta audiência pública para discutir problemas no Hospital Emílio Ribas, pela falta de investimento do governo na instituição. Exibe foto de petição online em defesa da referida entidade. Informa que deve acionar o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a Comissão de Saúde desta Casa, e o Ministério Público. Lê e comenta trecho do abaixo-assinado citado. Acrescenta que a lógica do PSDB é precarizar serviços públicos para posteriormente privatizá-los. Lamenta a aprovação do PL 91/19. Manifesta-se contrariamente ao PL 183/19. Conclui que o Hospital Emílio Ribas é centro de referência na Saúde.

 

13 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, defende a aposentadoria especial de diretores e de supervisores de ensino, confirmada por acórdão do Supremo Tribunal Federal. Informa que o governo tem obstruído projeto de sua autoria a favor dos profissionais da Educação. Lembra aprovação do PLC 1/13. Defende a aprovação do PLC 2/13, e concursos de remoção, em caráter de urgência, para agentes e diretores de escolas públicas.

 

14 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

15 - PRESIDENTE CORONEL NISHIKAWA

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 10/06, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Major Mecca.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PSL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e convida o nobre deputado Coronel Nishikawa para ler a resenha do expediente.

 

O SR. CORONEL NISHIKAWA - PSL - Indicação da deputada Leticia Aguiar: “Indico, nos termos do Art. 159, da XIV Consolidação do Regimento Interno, ao Exmo. Sr. Governador João Doria que instale centro especializado em reabilitação no município de Pindamonhangaba para prestar atendimento aos autistas da localidade. A instalação de um centro em reabilitação em Pindamonhangaba visando atender os autistas é uma demanda que esta deputada recebeu por meio de ofício assinado por representante dessa população, motivo que justifica adequadamente o pedido em tela”. Lida a resenha.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PSL - Daremos início agora à relação de oradores inscritos para o Pequeno Expediente. Primeiro deputado estadual, Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputada estadual Leci Brandão. (Pausa.) Deputado estadual Delegado Olim. (Pausa.) Deputado estadual Roberto Engler. (Pausa.) Deputado estadual Alexandre Pereira. (Pausa.) Deputado estadual Rafael Silva. (Pausa.) Deputada estadual Professora Bebel Lula. (Pausa.) Deputado estadual Caio França. (Pausa.) Deputado estadual Enio Lula Tatto. (Pausa.) Deputado estadual Frederico d’Avila. (Pausa.) Deputado estadual Itamar Borges. (Pausa.) Deputado estadual Edmir Chedid. (Pausa.) Deputada estadual Janaina Paschoal. (Pausa.) Deputada estadual Isa Penna. (Pausa.) Deputado estadual Carlos Giannazi, tem V. Exa. cinco minutos regimentais para uso da palavra.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Major Mecca, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, o governo Bolsonaro mais uma vez intensifica os ataques e a barbárie contra a Educação Pública brasileira, e nós estamos assistindo agora as declarações pela imprensa inclusive. A imprensa está publicando hoje, Sr. Presidente, as declarações do ministro da Educação no encontro com os mantenedores das faculdades privadas, com os mercadores da Educação, que aconteceu em Minas Gerais.

Na fala do ministro, ele é categórico falando que o governo Bolsonaro, que o governo federal pretende expandir o atendimento, na verdade, à demanda do ensino superior através das faculdades particulares, através do setor privado. Ou seja, enquanto ele corta o orçamento, corta o recurso das universidades públicas, e também da educação básica, da educação infantil, do ensino fundamental, do ensino médio, do ensino técnico, do ensino tecnológico, da ciência, da pesquisa; ao mesmo tempo em que faz isso, ele vai contemplar o setor privado.

Agora nós estamos entendendo os cortes que foram feitos, de quase seis bilhões de reais: cinco bilhões e 700 milhões de reais. Foram os cortes anunciados até agora na área da Educação Pública do Brasil. E depois o ministro participa de um encontro com os donos das escolas particulares, com os donos das universidades privadas, com os privatistas da Educação. E faz esse anúncio de que o Governo pretende atender à demanda do ensino superior pelo sistema privado, pelas escolas particulares, intensificando o que nós chamamos de privatização do ensino.

Agora tudo se explica - essa barbárie, essa suposta confusão dentro do MEC. O caos que existe dentro do Ministério da Educação tem uma metodologia, tem objetivo. Primeiro, é desmontar a Educação Pública brasileira, me parece que em todos os níveis. Como se já não bastasse a Emenda 95, que foi aprovada no governo Temer, que congelou os investimentos por 20 anos na Educação, na Saúde, na Assistência Social, na Segurança Pública; em todas as áreas. Todas as áreas foram congeladas, sobretudo as áreas sociais. Menos o pagamento de juros da dívida pública.

Como se já não bastasse esse congelamento do orçamento da Educação por 20 anos, o que já é grave - e nós estamos num movimento hoje, no Brasil, pela revogação da Emenda 95 -, agora o governo Bolsonaro congela, corta quase seis bilhões de reais da Educação Pública brasileira. E o seu ministro da Educação, sem nenhum pudor, anuncia publicamente, numa reunião com os mantenedores das faculdades particulares, que a expansão no ensino superior se dará através do ensino particular, que há mercado para isso. Isso é um absurdo. Um ministro da Educação, que deveria em primeiro lugar defender a Educação Pública, a educação básica e o ensino superior, incentiva o atendimento da demanda de uma forma particular, pela via privada.

Um absurdo, Sr. Presidente. Isso é um retrocesso imenso para o Brasil, porque nós sabemos que as universidades particulares, no Brasil, salvo raras exceções, não investem em pesquisa, em extensão. Quem faz pesquisa no Brasil é a universidade pública. Mais de 90% da produção científica do Brasil é formulada, é feita pelas nossas universidades estaduais e federais. Universidade particular pensa no lucro. É por isso que ela existe; é uma empresa. E é uma concessão do Estado, que no Brasil não é fiscalizada. Inclusive, tem muitos benefícios fiscais, Sr. Presidente. Então, nós estamos chocados, horrorizados: como que o Governo fala isso, inclusive abertamente?

E só para terminar, Sr. Presidente, quero registrar, ainda, que é muito estranho que a irmã do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, participe dessa associação. Ela participa de uma entidade que congrega os mantenedores. Ela é vice-presidente, ou foi vice- presidente, até ontem, de uma associação que congrega os mantenedores das faculdades e universidades particulares do Brasil.

Então, é muito estranho isso e essa política do governo privatista, de detonar a Educação Pública, cortar os recursos da Educação Pública para contemplar, para privilegiar o setor privado, os mercadores da Educação estão em festa com essa declaração do ministro da Educação do Bolsonaro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PSL - Dando continuidade aos oradores inscritos no Pequeno Expediente, chamamos o deputado estadual Rodrigo Gambale. (Pausa.) Deputada estadual Adriana Borgo. (Pausa.) Deputado estadual Ed Thomas. (Pausa.) Deputado estadual Gil Diniz. (Pausa.) Deputado estadual Douglas Garcia. (Pausa.) Deputado estadual Vinícius Camarinha. (Pausa.) Deputado estadual Dirceu Dalben. (Pausa.) Deputado estadual Adalberto Freitas. (Pausa.) Deputada estadual Márcia Lula Lia. (Pausa.) Deputado estadual Ricardo Madalena. (Pausa.) Deputada estadual Marina Helou. (Pausa.) Deputado estadual Cezar. (Pausa.) Deputado estadual Castello Branco. (Pausa.) Deputado estadual Daniel José. (Pausa.) Deputado estadual Marcio da Farmácia. (Pausa.) Deputada estadual Analice Fernandes. (Pausa.) Deputado estadual Jorge Wilson Xerife do Consumidor. Deputado estadual Paulo Lula Fiorilo. (Pausa.) Deputado estadual Mauro Bragato. (Pausa.) Deputado estadual Reinaldo Alguz. (Pausa.) Deputada estadual Beth Lula Sahão. (Pausa.) Deputado estadual Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado estadual Conte Lopes. (Pausa.) Deputado estadual Wellington Moura. (Pausa.) Deputada estadual Carla Morando. (Pausa.) Deputado estadual Teonilio Barba Lula.

Dando início aos inscritos, relação suplementar. Deputado Estadual Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado estadual Delegado Olim. (Pausa.)  Deputado estadual Coronel Nishikawa, tem V. Exa. cinco minutos regimentais para o uso da palavra.

 

O SR. CORONEL NISHIKAWA - PSL - Boa tarde a todos os nossos preclaros assessores, deputados presentes, galeria. Ontem nós recebemos a visita do Excelentíssimo Governador do Estado. Alguns pleitos que foram feitos ainda estão na promessa, promessas que todo dia nós somos cobrados - o pessoal da Segurança Pública nos cobrando o aumento. Sr. Governador, como disse para o senhor ontem, nós estamos acreditando piamente que o senhor cumpra, nesses quatro anos, nosso salário... Que os nossos salários, os salários dos operadores de Segurança Pública, sejam realmente o segundo maior do Brasil.

Só para esclarecer, o primeiro melhor do Brasil não é de Brasília mais não. Hoje existem estados que estão pagando mais do que Brasília. Nós somos o vigésimo quarto, se não me engano, em termos de pior salário. Então, existe um resgate muito grande, a diferença é muito grande, comparada aos que recebem em outros estados.

Outra coisa que gostaria de deixar claro, Sr. Presidente, é que aqui no estado de São Paulo, o teto é do governador e, infelizmente, existe uma resolução, uma sentença do Supremo Tribunal Federal, de que nós não poderíamos ganhar mais do que o teto do governador. Se não me engano, é um dos poucos estados que estabelece essa esse teto e, pelo que eu sei, o governador não tem interesse em dar aumento para ele mesmo.

Então, é uma coisa para ser estudada. Não adianta dar aumento e a gente ficar sem esse aumento aí. Eu gostaria de agradecer imensamente ao Sr. Governador porque foi cumprida a palavra da indenização do cabo que foi morto no mês passado: em 30 dias foi reposto - ou foi pago - o prêmio que ele tem direito. E a viúva vai poder ter um pouco mais de liberdade para utilizar esse dinheiro. Porque, todos aqueles que sofrem perda na família, também existe a perda material.

Agradeço, também, que ontem tenha dito que as bacias hidrográficas da nossa região, o ABC, serão resgatadas, serão desassoreadas. E a construção do piscinão Jaboticabal. São promissoras essas ações que o Governo do Estado está prometendo para que as enchentes não influenciem tanto na vida do cidadão que mora naquela região.

Trabalhando no Corpo de Bombeiros naquela região, cada chuva que vinha, era a gente correr para resgatar pessoas ilhadas naquela região. E agora, com essas ações de desassoreamento, deve aliviar um pouco a nossa situação do ABC.

Uma outra coisa, que eu também gostaria de citar, é sobre o aproveitamento dos candidatos que foram aprovados na Academia da Polícia Militar, em número de 78, que ficaram numa lista de espera.

O Sr. Governador falou que vai tentar resgatar esse pessoal, que fez esse exame no ano passado, para poder aproveitar agora. E não abrir uma outra licitação para outro concurso. Porque é absurdo gastar dinheiro duas vezes para o mesmo concurso, tendo pessoas aprovadas que podem ser reaproveitados ou aproveitados. Então agradeço o estudo que será feito. E neste momento acho que encerramos as nossas palavras.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PSL - Muito obrigado, deputado estadual Coronel Nishikawa.

Dando sequência aos oradores inscritos, chamamos o deputado estadual Enio Lula Tatto. (Pausa.) Deputado estadual Major Mecca. (Na Presidência.) A senhora vai ser em seguida.

Solicito ao deputado estadual Coronel Nishikawa a substituição para que eu possa fazer uso da palavra.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Coronel Nishikawa.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - O próximo orador inscrito é o Major Mecca. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. MAJOR MECCA - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde ao Sr. Presidente, aos integrantes da Mesa, às nobres deputadas e deputados, aos nossos funcionários que nos auxiliam na condução do nosso trabalho parlamentar. Aos nossos irmãos que se encontram na galeria, que Deus os abençoe. Um grande abraço a todos, e a quem nos assiste na TV Alesp.

Hoje é muito importante externarmos o nosso agradecimento, em nome da família do cabo Fernando: policial executado com mais de 70 tiros na porta da sua residência no momento em que saía para o seu trabalho. Na data de ontem, foi publicada a indenização à esposa do cabo Fernando.

São várias famílias que passam por situações difíceis como essa. E foi muito importante essa sinalização do governador João Doria, do secretário de Segurança Pública, o general Campos: essa postura e essa demonstração de aceno à família policial militar, à esposa do cabo Fernando. Temos inúmeras famílias nessas condições e seria muito importante essa atenção a esses seres humanos.

Em relação ao uso do plenário, que é legítimo a todos os deputados, eu estou aqui com essa missão, com a missão de fiscalizar o governador, seus secretários e o Poder Executivo. É muito importante que todos saibam que eu continuarei a fazê-lo.

Eu tenho a obrigação de dar voz ao desespero de todos os policiais do estado de São Paulo: dos policiais militares, policiais civis, policiais técnico-científicos, agentes de segurança penitenciária, agentes de escolta, funcionários da Fundação Casa, que exercem atividade similar aos agentes de segurança penitenciária, e que estão numa situação de desespero, inclusive encontram-se neste momento em situação de greve pela situação difícil que estão atravessando.

E eu não posso deixar de dar voz a uma preocupação imensa que diariamente me cobram, que é a preocupação dos veteranos. Para quem não sabe, os nossos veteranos são os policiais aposentados, que também ganham muito pouco e precisam continuar exercendo atividade extracorporação – bico - para sustentar a família. E esses veteranos, as pensionistas, esposas dos policiais mortos em serviço ou em razão de sua atividade, estão extremamente preocupados com a recomposição salarial. Estão preocupados que eles não sejam descartados dessa recomposição, porque os nossos veteranos precisariam desse tempo para desfrutar com a sua família tudo aquilo que eles perderam no cumprimento de dever, tudo aquilo que eles perderam no seu dia a dia, trabalhando de domingo a domingo, dia e noite, feriado, Natal, Ano Novo, Dia dos Pais e Dia das Mães. Eles têm o direito de desfrutar desses espaços de tempo junto aos seus familiares.

E hoje, os nossos veteranos e pensionistas têm uma preocupação muito grande de ficarem à parte dessa recomposição, ou seja, o Estado criar um penduricalho para que somente os policiais ativos sejam contemplados. E eu não posso me eximir da responsabilidade de vir aqui dar voz a esses cidadãos de bem, desses trabalhadores que estão extremamente preocupados. Não é pouco, não. Estão muito preocupados. E a nossa fala aqui em plenário tem muito resultado, sim, para quem acha que não é importante.

Complementando à Mesa, essa nossa voz se dissemina pela rede social, pelas redes de WhatsApp, e a equipe do governo acompanha, e sabe que são muitas pessoas no estado de São Paulo que estão acompanhando o trabalho do governo, se está realmente atendendo às pessoas ou se não está atendendo.

Essa nossa fala é de extrema importância e nós nunca abriremos mão desse espaço e dessa oportunidade de dar voz aos trabalhadores, às pessoas que precisam do nosso trabalho.

Muito obrigado. Um ótimo final de semana a todos. Que Deus os abençoe.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - Prosseguindo agora na lista suplementar, chamamos a Exma. Deputada Janaina Paschoal. Vossa Excelência tem o tempo regimental de cinco minutos.  

           

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, Sr. Presidente, cumprimento V. Exa., os colegas presentes, funcionários da Casa, hoje tem poucos cidadãos, mas cumprimento também e agradeço a presença.

Gostaria de fazer algo um pouco inusitado, mas que me parece importante diante de tantas informações inverídicas que vêm sendo veiculadas a respeito do meu Projeto 435/2019, que confere à mulher grávida o direito a escolher a via de parto pela qual ela quer ter seu filho.

Confere, também, o direito à analgesia. É bem verdade que esse direito até já é contemplado em instrumentos do Ministério da Saúde; tem uma lei estadual que, de maneira não tão explícita contempla esse direito.

Entretanto, na prática, as mulheres que dependem da rede pública raramente têm esse direito observado. Então, me pareceu oportuno fazer uma lei explícita nesse sentido.

Eu vou ler o que diz a lei, para que as pessoas entendam que em nenhum momento eu estou obrigando ninguém a fazer cesárea. Eu também em nenhum momento estou dizendo que a cesárea é melhor do que o parto normal ou estou proibindo o parto normal.

E tantas outras mentiras - a palavra é essa - que vêm sendo veiculadas em grupos de WhatsApp, por meio de áudios. Inclusive, fiquem sabendo: todos chegam até mim. Inclusive, as frases que aqui dizem que eu não sei nada, que eu me meti em seara alheia. As pessoas deveriam pesquisar a vida das outras antes de falar.

Pois bem, o que diz o projeto de lei: "A parturiente tem direito à cesariana eletiva, devendo ser respeitada em sua autonomia". Para quem não sabe, a autonomia é um dos principais princípios alicerces da bioética. A autonomia do paciente.

"Parágrafo primeiro: A cesariana eletiva só será realizada a partir de 39 semanas de gestação, após ter a parturiente sido conscientizada e informada acerca dos benefícios do parto normal e riscos de sucessivas cesarianas."

No parágrafo primeiro da lei que eu estou propondo, eu afirmo que a parturiente, quando deseja fazer uma cesariana, precisa, antes, ser informada. Na verdade, no pré-natal isso já ocorre. Mas, também no momento desta opção, ela deverá ser informada novamente sobre os benefícios do parto normal e os riscos das sucessivas cirurgias cesarianas.

Porque eu conversei com muitos médicos, e esse é o principal risco. Aquela mulher que quer ter quatro, cinco filhos, não deve eleger a cesariana como via de parto.

"Parágrafo segundo: Na eventualidade de a opção da parturiente pela cesariana não ser observada, ficará o médico obrigado a registrar as razões em prontuário." Vejam que o projeto não retira a autonomia do médico.

Pode aparecer uma situação em que o médico, por força do seu conhecimento técnico, entenda que essa escolha da parturiente não é a mais conveniente. Ele pode se negar a atender essa decisão, mas ele está obrigado a justificar.

Porque hoje ele não tem que dar satisfação nenhuma. Ele simplesmente diz "não", e a mulher, sobretudo na rede pública, fica submetida a esta decisão, que nós sabemos que é uma decisão do sistema, e não necessariamente do profissional.

Então, eu quero inverter essa regra. A mulher decide. E, se o médico, pelo estado da arte da medicina, ou seja, pelo estado da técnica, entender que aquela decisão não é a mais adequada, ele diz: "Não. Eu vou fazer o que é melhor para a senhora". Mas, ele vai ter que explicar por que a vontade da paciente não foi observada. Tá?

"Artigo segundo: A parturiente que opta por ter seu filho por parto normal, apresentando condições clinicas para tanto, também deve ser respeitada em sua autonomia."

Eu estou dizendo que a escolha pelo parto normal também tem que ser respeitada. Onde é que está a proibição do parto normal aqui? Onde é que está a imposição da cesárea aqui?

É português, está escrito, eu estou lendo para os senhores.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - O senhor me permite uma comunicação, só para completar, presidente?

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - PARA COMUNICAÇÃO - Parágrafo único do Art. 2º - “Garante-se à parturiente o direito à analgesia.” Porque hoje as mulheres gritam, imploram por anestesia e esse direito lhes é negado. Eu sei que existe uma corrente que prega o parto natural, que é mais do que o parto normal, que não deseja anestesia. Eu respeito essa corrente, só que as seguidoras dessa linha ideológica precisam respeitar quem não vê a situação dessa maneira, quem quer receber analgesia e a anestesia farmacológica ou não.

Art. 3º - “Nas maternidades, nos hospitais que funcionam como maternidades e nas instituições afins será afixada a placa com os seguintes dizeres: Constitui direito da parturiente escolher cesariana a partir da 39º semana de gestação.” Esta frase recebeu algumas críticas. Eu já disse e repito: posso acrescentar aqui escolher a via de partos, seja normal ou cesariana, ou escolher parto normal ou cesariana. Recebi essa sugestão inclusive de médicas. Não tem problema mudar a frase. Agora, a implicância com uma frase é suficiente para desmerecer um projeto desta importância, um projeto de saúde pública, um projeto que vai levar voz para as mulheres carentes, porque ninguém está preocupado por falar? Eu entendo que não.

Art. 4º - Vejam a importância desse artigo: “Sempre poderá o médico, em divergindo da opção feita pela parturiente, encaminhá-la para outro profissional.” Vejam que importante aqui. Além de ele poder realizar o procedimento, se ele for o único médico no local, justificando as razões, se ele não for o único médico ele pode pedir para um colega atender aquela paciente. Então, eu estou aqui respeitando - estou finalizando - a autonomia da paciente e a autonomia do profissional.

Por que 39 semanas de gestação? Porque o Conselho Federal de Medicina tem uma resolução prevendo as 39 semanas, porque os médicos consideram que é um tempo ideal para a maturação do bebê, o mínimo de 39 semanas. Num passado recente, havia mulheres que pediam para fazer cesariana com 37 semanas. Isso, sim, é ruim para o feto, a não ser que haja uma indicação do médico, uma situação de eclampsia, por exemplo, que justifique uma antecipação. Mas numa gravidez que segue a ordem natural, 37, 38 semanas é algo inadequado. Então, o Conselho estipulou as 39 semanas.

Eu estou trazendo para a legislação o que já está na normativa ética do Conselho Federal de Medicina. Então, as pessoas que estão criticando, eu gostaria que indicassem qual é a palavra aqui que obriga alguém a fazer cesária. Qual é a palavra aqui que desmerece o parto normal ou o parto natural. Sabe por que não indicam? Não indicam porque não existe esta tal palavra aqui. O que querem é impor a sua convicção pessoal, a sua filosofia de vida à totalidade das mulheres, em especial as mulheres pobres, porque as mulheres com recursos podem escolher, seja na rede conveniada, seja na rede privada.

Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - Obrigado.

Só uma observação: eu tive a oportunidade de ler parte da... parte, não, acabei lendo inteira. Vossa Excelência tem toda razão quando se diz que não é nada peremptório, muito pelo contrário; é uma opção que o paciente tem. Brilhante a sua defesa, e conte conosco.

Prosseguindo na lista complementar, deputado estadual Carlos Giannazi.

Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, de volta a esta tribuna, no dia de hoje, Sr. Presidente, no primeiro pronunciamento que eu fiz alguns minutos atrás eu falei do desmonte da Educação brasileira, dos ataques, da barbárie organizada pelo governo Bolsonaro à Educação brasileira. Agora, nessa intervenção, não posso deixar de denunciar também o que vem acontecendo aqui no estado de São Paulo. O governo Doria vem atacando sistematicamente a Educação, sobretudo os profissionais da Educação, seguindo a mesma lógica de privatização da Educação, só que a lógica do Doria é um pouco mais sofisticada nesse sentido.

Ele lançou agora o projeto Inova Educação, que é um projeto organizado por institutos e fundações da iniciativa privada que estão prestando assessoria para a Secretaria da Educação.

Estão aí com um projeto altamente suspeito que nós conhecemos: por trás do projeto Inova existe um claro interesse e eles já começaram a introduzir na escola pública, na Educação Pública do estado de São Paulo, os princípios empresariais. E de várias maneiras: por meio desse projeto MMR e por meio dessa preocupação em apenas mostrar índices de aprendizagem.

Isso nos preocupa muito, Sr. Presidente. O governador, como não tem uma proposta para mudar a infraestrutura das nossas escolas, para combater a superlotação de salas e para melhorar os salários dos professores do magistério e dos servidores da Educação, ele lança esses projetos cosméticos, como, por exemplo, a repartição das férias em quatro vezes.

Ele anunciou que as férias serão repartidas em abril, em julho, em outubro e entre dezembro e janeiro, desconsiderando que o estado de São Paulo tem 645 municípios que têm os seus sistemas de ensino independentes, que não seguem a lógica do calendário estadual. Essa decisão não leva em conta também que temos escolas particulares com outro tipo de calendário e que as famílias têm filhos nas duas redes:  uma família tem um filho na rede estadual e outro na rede municipal.

Então, haverá um grande prejuízo para a população, para os alunos, para as famílias dos alunos, não há dúvidas em relação a isso, e também para os próprios profissionais da Educação, para os professores que acumulam cargos. Muitos professores lecionam em duas ou três escolas, no mínimo em duas redes de ensino. Temos milhares de professores que lecionam na rede estadual e também nas redes municipais ou em escolas particulares.

Fico imaginando a situação caótica que vai ser no ano que vem, se esse anúncio se concretizar. Somos totalmente contra isso, Sr. Presidente. É uma medida cosmética que gera o caos na rede estadual.

Outra medida cosmética que o governo Doria anunciou, que não resolve e não ataca as principais causas da crise da Educação, é justamente a introdução de mais três disciplinas, sem nenhum tipo de discussão com a rede, com as entidades que representam os professores. Nada, não teve discussão nem com o Conselho Estadual de Educação. É uma proposta que veio de cima para baixo, introduzindo três disciplinas e também reforçando essa lógica dos princípios empresariais dentro da Educação Pública.

Eles vão introduzindo esses princípios e preparando o caminho para um modelo de privatização, que é um modelo mais sofisticado de privatização.

Além disso, como eu disse, não há proposta real para a melhoria da Educação do estado de São Paulo, porque não há saída para a Educação sem investimentos. Temos escolas sucateadas, degradadas, temos os profissionais da Educação tendo um dos piores salários do Brasil. O piso salarial nacional não é respeitado aqui em São Paulo. Os professores da rede estadual recebem menos que o piso nacional salarial, que é um piso muito baixo. É de R$ 2.557,00 por 40 horas semanais, ou seja, o professor trabalhando o dia todo vai ganhar apenas R$ 2.557,00, que é o piso nacional.

O estado de São Paulo não chega a esse piso e é o estado mais rico da Federação. O Doria não apresentou, não cumpriu a data-base salarial. Não pagou e me parece que não pretende pagar o reajuste que a categoria ganhou, que o Magistério ganhou na Justiça através de uma ação da Apeoesp, de 10,15 por cento. Ainda, na questão da violência nas escolas, nós tivemos dois casos recentes que foram discutidos e estão sendo discutidos ainda não só em São Paulo, mas em todo o Brasil.

O caso da cidade de Suzano, lá na Escola Raul Brasil, onde teve aquela chacina dentro da escola com várias mortes, e agora a escola estadual em Carapicuíba, uma violência dentro da sala de aula, que é algo comum que acontece nas nossas escolas.

E o Governo não apresentou nenhuma medida concreta para resolver isso. Ao contrário, o que o Governo tem feito é potencializado a violência nas escolas, porque o que fez o Doria logo que assumiu?

O Governo reduziu drasticamente o programa Escola da Família, que é um programa que reduz a violência nas escolas. Ele reduziu drasticamente cortando os convênios com as universidades que faziam a parceria com esse programa e também apresentando, publicando uma resolução no “Diário Oficial”, Resolução nº 1, que retirou, por exemplo, o vice-diretor desse programa.

O programa Escola da Família foi minado. Hoje, ele só existe em algumas escolas e foi altamente enfraquecido. Além disso, o governo do PSDB também retirou o professor mediador. Houve uma redução profunda, drástica desse profissional. O professor mediador tinha e tem essa função de mediar a relação da escola com a comunidade escolar e esse profissional é um elemento importante na diminuição da violência nas escolas.

Ele também foi retirado de quase todas as escolas, houve uma redução muito grande do número desses profissionais e, além disso, tem algo talvez mais grave ainda, que é a falta de funcionários, de servidores, de agentes do quadro de apoio escolar, de agentes de organização escolar. As escolas estão quase todas com os seus módulos incompletos.

Não tem funcionários, não tem inspetor de alunos, não temos vigias nas escolas. As escolas estão abandonadas. Existem escolas funcionando com um ou às vezes nenhum, como é o caso da escola que eu denunciei recentemente, Érico de Abreu Sodré. Essa escola não tem mais nenhum agente de organização escolar trabalhando. A escola está à deriva.

Existem várias escolas nessa situação. Logicamente que todo esse abandono potencializa ainda mais a violência nas escolas e o governador, ao invés de investir nisso que eu estou falando, prefere as medidas cosméticas: férias repartidas; introdução de três disciplinas que não contribuem em nada para a aprendizagem dos alunos; convênios com fundações e institutos privados para assessorar a Secretaria da Educação e esses projetos, introduzindo a lógica empresarial nas nossas escolas.

É muito grave isso, esse desmonte também da Educação do estado de São Paulo. De um lado o Bolsonaro ataca a Educação Pública cortando verbas e agora anunciando claramente através do seu ministro que está fazendo lobby para as faculdades privadas que vão expandir o ensino superior através das universidades privadas. E aqui, em São Paulo, o Doria também atacando a nossa Educação e, sobretudo penalizando os servidores da Educação.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - Prosseguindo na lista suplementar, deputada estadual Janaina Paschoal, tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, Sr. Presidente. Como a semana foi muito agitada, eu acabei não tendo oportunidade de comentar que a TV Alesp vai iniciar um modelo de programa onde um deputado convida uma pessoa, num dos auditórios. E, de certa forma, o deputado entrevista esse convidado. Então, eu já gravei um desses programas. Se nós tivermos o recesso, a ideia da TV é passar esses muitos programas de entrevista.

Nessa semana, eu recebi, como nosso convidado, o juiz Gabriel Sormani, que foi meu orientando no mestrado na USP e trabalha há muitos anos na Vara da Criança e do Adolescente, tanto nas questões “penais” - não é bem penal, porque são atos infracionais -, como naquelas questões referentes a guarda, a adoção. Até foi bom o deputado Altair chegar. Eu tive a ideia de convidar o juiz Gabriel Sormani para essa entrevista, que ainda vai passar, em virtude de uma fala de V. Exa., porque o deputado Altair fez aquele comentário correto, justo, emocionado sobre o desfile para adoção. Lembra, deputado?

E dois dias depois eu li uma matéria dizendo que em outra ocorrência desses mesmos desfiles duas adolescentes tinham sido adotadas. Até mandei para Vossa Excelência. E eu lembrei que o juiz Gabriel Sormani, um tempo atrás, foi receber um prêmio de inovação no Poder Judiciário. Não foi para ele pessoalmente; ele foi receber institucionalmente. Foi o Poder Judiciário aqui em São Paulo, em virtude de eles terem montado, também sob severas críticas, um catálogo com crianças consideradas “velhas” para adoção.

Neste catálogo, as crianças são apresentadas, com suas características, para aquelas famílias que desejam ter filhos ou mais filhos e que estejam dispostas a fugir do padrão. Porque o padrão - e com isso não tem nenhuma crítica - é a adoção de crianças na primeira infância, no máximo até três anos de idade. Então, eu tive a ideia de convidar o magistrado para ele dividir conosco a sua experiência. E foi um programa... Eu devia ter pedido para ficarmos nós dois, porque em vários momentos eu tive que conter o choro, haja vista a experiência daquele juiz.

Ele trouxe as críticas, que não foram só de deputados, mas também críticas dos próprios magistrados que lidam com a questão. Mas ele trouxe uma reflexão que eu considero muito importante, que foi a seguinte: aquelas crianças não são crianças de adoção difícil; são crianças de adoção impossível. Então, quando a gente lança mão de programas que muitas vezes são um tanto quanto ousados, às vezes até despertam esse sentimento, mas muitas vezes são a nossa única saída. São a única saída para aquelas crianças.

E ele, inclusive, falou: é muito importante que nesse tipo de atividade haja um preparo psicológico com as assistentes sociais do fórum, para que essa criança compreenda que não necessariamente aquela tentativa dará certo. E que encare aquela atividade, aquela dinâmica como um dia diferente na sua vida. Então, que haja um preparo. E, segundo o magistrado, é muito comum que as crianças fiquem felizes por poderem participar de uma atividade diferente. Eu estou fazendo esse registro porque é sempre importante a gente tentar entender o porquê de as pessoas terem agido de uma forma ou de outra.

E ele me trouxe uma informação que me deixou muito preocupada; e aí o registro é também um convite para os colegas refletirem. Disse o magistrado que nos vários estabelecimentos genericamente tratados como abrigos ou casas de acolhimento, que recebem essas crianças que não têm pai, não têm mãe; crianças que vêm de lares em que foram agredidas... Às vezes até têm pai e mãe conhecidos, mas eles perderam o poder familiar em virtude de agressões, e assim por diante. Porque essas crianças só podem ficar nesses locais até os 18 anos de idade.

Elas completam 18 anos e as portas são abertas, e elas são colocadas na rua. Isso é um problema muito grande, porque, quando nós pensamos nesses métodos de adoção quase radicais, nós temos que levar em consideração que, se elas não forem adotadas até os 18 anos, elas vão morar na rua.

O magistrado deu uma ideia para nós refletirmos a respeito nesta Casa, de, eventualmente, um projeto de lei, ou um programa para instituir o aluguel social, ou para instituir algum convênio para criar repúblicas para esses jovens, especificamente oriundos desses abrigos, que são jovens que, se não forem adotados, são colocados na rua, literalmente.

Então, eu fiz um resumo do programa. O programa ainda vai para o ar. Não estou contando o final do filme, mas é um programa importante para ser visto, independentemente de concordar ou não concordar com esses métodos diferenciados de tentativa de conseguir paz para essas crianças, mas para que nós possamos refletir sobre essa questão social importantíssima, e que eu acho que essa Casa pode ter um papel determinante nessa problemática.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. ALTAIR MORAES - PRB - Sr. Presidente, uma breve comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - É regimental, Vossa Excelência.

 

O SR. ALTAIR MORAES - PRB – PARA COMUNICAÇÃO - Então, só esclarecendo em relação ao que a deputada Janaina falou. Concordo que tem que haver vários programas assim, e acho muito válido, de verdade. O que eu penso, e coloquei minha opinião, e vou falar novamente, são as frustrações de outras crianças. Eu tive relato de pessoas, crianças saindo chorando, absurdamente chorando.

É difícil trabalhar na cabeça de uma criança em relação a essas coisas, mas acho válido. Para contar uma historinha rápida aqui, deputada, dois jovens estavam passeando em uma praia e tinham várias estrelas do mar morrendo, mas muitas, e um começou a voltar e jogar para dentro do mar.  O outro disse assim: “impossível, você não vai salvar todas elas”. Ele pegou uma na mão, jogou no mar e disse: “mas esta aqui está salva”.

Então, acho que tudo é válido, mas fica meu questionamento ainda. Acho que também tem que ser muito bem trabalhado na cabeça dessas crianças, porque, realmente, é muito frustrante. Elas vão, desfilam, passeiam, e quando não são adotadas é uma frustração muito grande, mas acho válido sim. A gente tem que ter mais ações para que esses pré-adolescentes - poderíamos dizer assim - sejam realmente resgatados. É de uma grande importância.

Eu acho que quando não tem pai, não tem abrigo, não tem família, a dor é grande em qualquer época da vida, em qualquer fase da vida.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL – Vamos passar ao Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente. Eu gostaria de utilizar a tribuna pelo Art. 82 do Regimento Interno, pela liderança do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - É regimental. Vossa Excelência tem o tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, eu realizei, o nosso mandato realizou uma audiência pública, nesta semana ainda, em defesa do Instituto e Hospital Emílio Ribas, que é um grande centro de referência, não só em São Paulo, não só no Brasil, mas na América Latina e no mundo.

É um centro de referência de combate a várias epidemias. É um instituto que já existe há 139 anos e está sendo praticamente sucateado e degradado pela falta de investimento governamental, e nós ficamos impressionados e chocados com os relatos feitos por paciente, por médicos, por estudantes de medicina, por pesquisadores, da situação de abandono, Sr. Presidente.

Uma reforma foi feita. Começou a ser efetuada e foi abandonada. Ela está há três anos, quase, parada, com a previsão de durar mais três anos ainda. Ela só vai ser concluída em 2022. Leitos foram fechados, não tem mais remédios. Um caos absoluto. Essa é a situação hoje do Emílio Ribas.

Inclusive, uma médica organizou um grande abaixo-assinado. Eu tenho até aqui, eu gostaria de mostrar: SOS Emílio Ribas. O hospital precisa de ajuda urgente da Secretaria de Educação. Olhem: mais de 215 mil pessoas assinaram a petição online. Eu até queria mostrar. A câmera pode filmar para o telespectador, Sr. Presidente?

 

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- É feita a exibição de abaixo-assinado.

 

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Esse é um abaixo-assinado online: 215 mil pessoas sensibilizadas com a defesa e com o resgate do Instituto Emílio Ribas. Como eu disse, é um centro e excelência e de combate a várias epidemias. Ele está sendo destruído, Sr. Presidente. É muito grave a situação, não tem investimento. Estamos tomando várias providências em relação a isso. Estou acionando o Tribunal de Contas do Estado por conta da reforma que foi abandonada: tem indícios de superfaturamento.

E estou tomando outras providências: acionando a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, juntamente com o deputado José Américo, que participou, fez uma intervenção importante e também está nesse movimento. E outros deputados. Mas quero ler um trecho do abaixo-assinado, dando conta dessa situação. Só vou ler um trecho que diz o seguinte:

“Mesmo com toda a dedicação dos médicos e funcionários, o Instituto sofreu uma reforma superfaturada e atrasada, que se iniciou em 2014, fechando metade dos leitos, e hoje está com previsão de término para 2022! Estamos trabalhando em condições desumanas, na sujeira, com papelão nos pisos, sem remédios essenciais, como: dipirona, sulfa e até antissépticos!

No último mês, leitos de internação foram fechados e o setor de patologia (essencial para diagnósticos) está em processo de fechamento por falta de funcionários. Estamos sendo ignorados pela Secretaria da Saúde do Estado e precisamos de ajuda!”

Ou seja, o Emílio Ribas pede socorro para o Estado de São Paulo e para a Assembleia Legislativa.

Vamos tomar providências, mas precisamos da intervenção do Tribunal de Contas do Estado, do Ministério Público Estadual, da nossa Comissão de Educação. E precisamos de todo o engajamento da população. Porque conhecemos essa prática do PSDB de São Paulo, de precarizar os equipamentos públicos, os serviços públicos, para depois privatizar. Essa é a lógica do PSDB em São Paulo. Foi assim com vários equipamentos, com as empresas estatais.

Estamos assistindo a um show de horrores: de privatizações, de PPP, de concessões. Todo dia chega um projeto para privatizar algum equipamento público. Já teve a privatização de empresas estatais pelo Projeto de lei nº 1, de 2019. Nesta semana foi votado o Projeto de lei nº 91, de 2019, que privatizou o Ginásio do Ibirapuera: todo aquele complexo histórico foi privatizado. É um absurdo, Sr. Presidente.

Agora estão discutindo e na terça-feira a Assembleia votará - com o nosso voto contrário e a nossa obstrução - o Projeto de lei nº 183, de 2019, que privatiza o Zoológico e o Jardim Botânico. Chegou mais um projeto que está tramitando, do governo Doria, que privatiza a Dersa. Enfim, vai privatizar os presídios, rodovias, aeroportos estaduais. É um show de horrores de privatizações.

É a famosa privataria tucana, que também ataca os nossos hospitais, que estão quase todos já entregues para a iniciativa privada através dessas organizações sociais de caráter privado. Agora estão atacando, também, esse instituto importante que é o Instituto Emílio Ribas. Então pedimos que a população pressione o governador Doria para que o Emílio Ribas não seja fechado, sucateado, degradado e precarizado.

É importante que as pessoas assinem essa petição online porque vamos resistir, Sr. Presidente. Esse instituto é um patrimônio, não só do estado de São Paulo, mas do Brasil e de toda a América latina. É um centro de referência de combate às epidemias. E também um centro de pesquisa e de formação de médicos que atuam nessa área.

Sr. Presidente, faço esse apelo aos 94 deputados e deputadas para que pressionem o governo a investir, a tirar o Emílio Ribas da UTI.

           

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, gostaria ainda, só para concluir, fazer uso da palavra pelo Art. 82, pela liderança da Minoria, de mais um tempo.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - O pedido de V. Exa. é regimental. Tem a palavra o nobre deputado Carlos Giannazi pelo Art. 82, pela vice-liderança da Minoria.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, mais um tema que eu gostaria de abordar também importante.

Nesta semana, também, nós recebemos no Colégio de Líderes e também organizei uma audiência pública aqui com os diretores e supervisores de ensino, que há muito reivindicam o cumprimento da Constituição Federal, o cumprimento da LDB, o cumprimento de uma lei federal aprovada em 2008 e, ainda mais, o cumprimento de um acórdão de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o cumprimento de um direito básico que é o direito à aposentadoria especial do magistério.

Diretores e supervisores de ensino são integrantes da carreira do Magistério. E pela lei, por toda essa legislação que eu citei mais a decisão do Supremo, esses profissionais têm direito à aposentadoria especial.

O estado de São Paulo nega esse direito, afronta toda a legislação porque a PGE emitiu há muitos anos um parecer basicamente proibindo, dizendo que tem que ter uma lei complementar. Isso é um absurdo. Primeiro que esse direito é autoaplicável. Mesmo assim, Sr. Presidente, eu apresentei, então, um projeto de lei que já foi aprovado em todas as comissões; todas as comissões aprovaram. Inclusive, o plenário aprovou um requerimento de urgência para que o projeto seja votado imediatamente. No entanto, o governo vem obstruindo, o projeto não entra em votação. Desde o ano retrasado que a gente tem tentado isso. E o PSDB, o governo tucano obstrui, obstrui, obstrui a votação, a possibilidade, na verdade, nem a votação porque ele não entrou na votação, mas a possibilidade do projeto ser aprovado, como nós aprovamos o PLC nº 1, que garante aposentadoria especial para os professores readaptados. Eu apresentei esse projeto dos professores readaptados em 2013 e no mesmo dia eu apresentei o PLC nº 2, para os especialistas, diretores e supervisores. Aprovamos os dos readaptados que hoje têm direito, foi sancionado pelo ex-governador Márcio França. Agora nós estamos nessa luta, Sr. Presidente.

Então, nós apelamos aqui para que esse parecer seja alterado, porque não tem sentido um parecer, uma orientação totalmente equivocada contra o magistério, contra os profissionais da Educação, contra os especialistas da Educação, contra os gestores escolares.

Então, nós pedimos primeiro que esse parecer seja modificado, porque ele afronta, esse parecer não é maior do que a Constituição Federal. Um parecer não pode afrontar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que é uma lei federal. Esse parecer não pode, em hipótese alguma, afrontar uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Então, o estado de São Paulo está fora da lei, está afrontando a legislação.

Por isso eu peço, presidente, o cancelamento, a alteração desse parecer ou a aprovação do nosso PLC nº 2 para resolver essa situação. O projeto está pronto para ser votado e resolver definitivamente a situação. Muitos estados e muitos municípios já concedem, já reconhecem esse direito. Essa já é uma questão superada em vários municípios e estados. Por exemplo, a prefeitura de São Paulo reconhece, respeita a Constituição, a LDB e a decisão do Supremo. Os supervisores de ensino e os diretores da Rede Municipal de Ensino têm esse direito da aposentadoria especial reconhecido, porque eles são integrantes da carreira do Magistério. Foi uma luta do Sinesp, dos profissionais da Educação, o sindicato lutou e conseguiu. E aqui nós temos a Judá também, da Apase, da Udemo, que são duas entidades que representam esses dois segmentos que eu citei. Estão pressionando também.

Mas o Governo continua nesse processo de obstruir a entrada de votação do nosso projeto, Sr. Presidente. Então, faço esse apelo, peço ajuda, novamente, aos 94 deputados e deputadas. Não é privilégio: a aposentadoria especial do Magistério é uma conquista histórica dos profissionais que atuam no ensino, na aprendizagem, que dão uma importante contribuição para o desenvolvimento do Brasil.

Então, gostaria de fazer esse apelo, Sr. Presidente, ao governador, à PGE - Procuradoria Geral do Estado -, e, sobretudo, aos deputados e deputadas para que nós possamos aprovar o nosso PLC 2, de 2013, que garante a aposentadoria especial para os especialistas, os gestores escolares, diretores e supervisores de ensino.

Na nossa audiência pública, Sr. Presidente, para concluir, e também durante a nossa reunião no Colégio de Líderes, com uma comissão de supervisores e de diretores, nós também reivindicamos e exigimos o concurso de remoção. Não foi aberto o concurso de remoção nem para os especialistas diretores de escolas, e nem para os agentes de organização escolar, que também estão na mesma situação.

Então, além da aposentadoria especial, nós estamos também exigindo que o Governo, que a Secretaria da Educação abra, em caráter de extrema urgência, o concurso de remoção para os agentes de organização escolar, para o quadro de apoio escolar, e para os diretores de escolas, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CORONEL NISHIKAWA - PSL - Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 47 minutos.

           

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