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7 DE AGOSTO DE 2019

31ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CAUÊ MACRIS e TENENTE NASCIMENTO

 

Secretaria: JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR e DELEGADA GRACIELA

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Anuncia a discussão e votação adiada do PL 435/19.

 

2 - CAMPOS MACHADO

Requer verificação de presença.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

 

4 - GIL DINIZ

Para comunicação, faz críticas a manifestações de assessores parlamentares durante sessões plenárias.

 

5 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Reitera que aos assessores parlamentares não cabe manifestação durante a realização de sessões plenárias.

 

6 - PAULO LULA FIORILO

Para comunicação, informa que quem se manifestou durante a sessão plenária foi este deputado e não assessor parlamentar.

 

7 - TEONILIO BARBA LULA

Para comunicação, justifica que a deputada Professora Bebel Lula tenha declinado o pedido de secretariar verificação de presença.

 

8 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 435/19.

 

9 - BARROS MUNHOZ

Para comunicação, lamenta o falecimento de Paulo Bomfim, advogado, poeta e integrante da Academia Paulista de Letras. Enaltece o escritor.

 

10 - VALERIA BOLSONARO

Discute o PL 435/19.

 

11 - DIRCEU DALBEN

Para comunicação, registra que no dia de hoje a Lei Maria da Penha completa 13 anos. Considera a matéria legislativa um instrumento em defesa dos direitos das mulheres. Lembra que, enquanto vereador do município de Sumaré, apresentou lei semelhante a nível municipal.

 

12 - PROFESSORA BEBEL LULA

Para comunicação, informa que o Supremo Tribunal Federal suspendeu a transferência do ex-presidente Lula para a penitenciária de Tremembé, em São Paulo.

 

13 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, lembra o falecimento do poeta Paulo Bomfim. Destaca sua trajetória pessoal e profissional.

 

14 - MÁRCIA LULA LIA

Discute o PL 435/19.

 

15 - TENENTE NASCIMENTO

Assume a Presidência.

 

16 - DRA. DAMARIS MOURA

Discute o PL 435/19.

 

17 - BETH LULA SAHÃO

Discute o PL 435/19.

 

18 - CAMPOS MACHADO

Para questão de ordem, faz questionamentos sobre as matérias a serem apreciadas nas sessões extraordinárias convocadas para o dia de hoje.

 

19 - PRESIDENTE TENENTE NASCIMENTO

Compromete-se a responder a questão de ordem oportunamente.

 

20 - WELLINGTON MOURA

Para comunicação, informa que não tem acordo em relação à apreciação do PL 226/17, de autoria da deputada Leci Brandão, que consta na Ordem do Dia da segunda sessão extraordinária convocada para o dia de hoje.

 

21 - TEONILIO BARBA LULA

Para comunicação, lembra que o PL 226/17, de autoria da deputada Leci Brandão, foi aprovado em congresso de comissões desta Casa. Clama por sua apreciação no dia de hoje.

 

22 - CARLOS GIANNAZI

Para comunicação, apela ao deputado Wellington Moura para que abra mão de obstrução ao PL 226/17, de autoria da deputada Leci Brandão.

 

23 - BETH LULA SAHÃO

Para comunicação, faz esclarecimentos sobre a apreciação do projeto de lei de autoria da deputada Leci Brandão.

 

24 - CAMPOS MACHADO

Para comunicação, pede respeito à ausência da deputada Leci Brandão. Lembra acordos realizados no Colégio de Líderes favoráveis à apreciação de matéria de autoria da parlamentar.

 

25 - CARLÃO PIGNATARI

Para comunicação, rebate o pronunciamento do deputado Campos Machado.

 

26 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Assume a Presidência.

 

27 - BARROS MUNHOZ

Discute o PL 435/19.

 

28 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Lembra acordo realizado entre os parlamentares sobre a discussão do PL 435/19.

 

29 - LETICIA AGUIAR

Para comunicação, defende a aprovação do PL 435/19, que propõe que a gestante possa escolher sua via de parto. Apresenta notícias sobre o tema.

 

30 - CAMPOS MACHADO

Para questão de ordem, questiona acordo firmado sobre a apreciação do PL 435/19.

 

31 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Apela ao deputado Campos Machado que respeite os usos e costumes da Casa sobre a realização de acordos parlamentares.

 

32 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o PL 435/19.

 

33 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a discussão do PL 435/19. Faz aditamento à segunda sessão extraordinária, com a seguinte Ordem do Dia: Proposição em Regime de Urgência - Votação do PL 435/19.

 

34 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita a suspensão dos trabalhos por dois minutos, por acordo de lideranças.

 

35 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido e suspende a sessão às 21h10min; reabrindo-a às 21h15. Coloca em votação o substitutivo ao PL 435/19.

 

36 - GIL DINIZ

Solicita o levantamento da sessão.

 

37 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Indefere o pedido, por desacordo entre os líderes.

 

38 - PROFESSORA BEBEL LULA

Encaminha a votação do substitutivo ao PL 435/19, por indicação da Minoria.

 

39 - ERICA MALUNGUINHO

Para comunicação, defende a apreciação do PL 226/17, de autoria da deputada Leci Brandão, que trata da proibição da discriminação religiosa.

 

40 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

                                                          

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Item nº 1, discussão e votação do Projeto de lei nº 435, de 2019. Para falar contra está inscrito o nobre deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Campos.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Convido o nobre deputado Jorge Wilson e a deputada Bebel para auxiliarem esta Presidência na verificação de presença.

A deputada Bebel recusa o convite desta Presidência, a solicitação.

Agora, eu gostaria de pedir à assessoria que, por favor, não se manifeste aqui. Na verdade, quem tem que falar aqui é a assessoria do... São os próprios deputados.

Ela recusou mesmo o convite. Diante disso, convido a nobre deputada Marina Helou para auxiliar a Presidência aqui na...

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não cabe pela ordem neste momento. Nós não temos quorum, nós não temos sessão, deputado Barba. Eu preciso ter o quorum, aí eu passo a palavra para Vossa Excelência.

A deputada Marina também recusou o convite desta Presidência. Convido a deputada Graciela para que auxilie a Presidência, então. Uma mulher para também auxiliar aqui a Mesa para a chamada nominal dos presentes. A senhora fica aqui ao lado do deputado Jorge Wilson.

Constatado o quorum regimental, devolvo a palavra ao orador na tribuna.

 

O SR. GIL DINIZ - PSL - Pela ordem, Sr. Presidente. Cabe uma breve comunicação?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Enquanto o orador vai à tribuna, passo a palavra para uma comunicação ao deputado Gil Diniz.

 

O SR. GIL DINIZ - PSL - PARA COMUNICAÇÃO - Só, seguindo aí o que o senhor falou sobre a fala em plenário, a fala nas comissões. Nós respeitamos todos aqui na Casa, de deputado a assessoria, aos policiais, ao pessoal da limpeza. Pela segunda vez, eu vejo assessores se manifestando, tanto aqui no plenário quanto em uma comissão. Aconteceu comigo hoje.

Todo respeito à nossa assessoria. Todo respeito, mas cada coisa no seu lugar, porque se os meus assessores começarem a se manifestar xingando, vaiando, querendo discutir com deputado aqui em plenário, não vai prestar, presidente. Não vai ficar de bom tom.

Então, só peço a compreensão dos deputados e da assessoria, para que a gente tente manter a mínima ordem, e eu acho que cabe respeito também, porque cada deputado aqui representa seus eleitores. No mínimo, tem que ter um pouco de respeito por cada senhor deputado aqui nesta Casa.

Então, eu vou representar um assessor hoje. Vai chegar ao seu conhecimento. Agora, eu peço a compreensão dos outros assessores, inclusive os meus. Para quê? Para não irem para o debate, não irem para o enfrentamento com o deputado, porque ainda acho que ele é uma autoridade constituída aqui no estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Não é papel de assessor se manifestar no debate com os deputados.

Eu acho que cometi um equívoco, pois foi o deputado Paulo Fiorilo que falou e não foi a assessoria. Eu até me desculpo pelo equívoco, mas, quando eu olhei ao lado, não vi Vossa Excelência. Depois V. Exa. voltou e reconheço que ouvi a voz de V. Exa. neste caso específico.

Mas assessores não devem se manifestar em hipótese nenhuma, em nenhum momento. Perfeito?

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - É um segundo, só para registrar isso. Na realidade, foi uma manifestação minha dizendo que a deputada Bebel declinava, e não da assessoria. Só para não ter dúvida.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Eu reconheci, pois, quando olhei ao lado, não vi V. Exa. ali.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - É, eu estava na obstrução.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Então V. Exa. voltou e reconheci a voz de V. Exa., inclusive, e vi que foi V. Exa. realmente que se manifestou.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente, com anuência.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, só para fazer um esclarecimento. Eu sei que V. Exa. fez uma brincadeira quando convidou a deputada Bebel para fazer a leitura da verificação de presença. Eu pedi para que ela não fizesse, porque nós estávamos em obstrução. Quem está em obstrução não precisa atender a esse chamado de V. Exa. ou de qualquer outro presidente da Mesa. Senão, quem nos acompanha pode entender que a deputada Bebel foi apenas mal-educada.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não, de maneira nenhuma. É um direito dela, inclusive, declinar - como diz o deputado Paulo Fiorilo - da chamada. Acho que é um direito de cada um dos parlamentares. Na próxima vez, ela já se comprometeu que virá auxiliar a Presidência nos trabalhos.

Passo a palavra ao deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, inicialmente quero dizer que é impossível começar o meu pronunciamento com essa espécie de Parque das Américas aqui. O que é isso? Tem que ter respeito. Eu não quero atenção, quero educação. É só isso que eu quero, mais nada.

 

* * *

 

- O presidente faz soar a campainha.

 

* * *

 

Sr. Presidente, eu já estava com saudades de Vossa Excelência. Fiquei 30 dias fora, estou voltando. O deputado Roque Barbiere... Desculpe o pessoal do Novo, eu estou atrapalhando Vossas Excelências? Se eu estiver, eu paro. Não, se eu estiver, eu paro. É simples. É preferível... Vossa Excelência virou presidente da Casa, para querer votar?

O deputado Roque Barbiere me dizia hoje à tarde... O deputado Roque Barbiere não é meu amigo, é meu irmão. (Pausa.) Sr. Presidente, eu não posso continuar assim, com esse deputado faltando com respeito. Vai conversar lá na copa! Vai a qualquer lugar, menos aqui no plenário. O que é isso?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos, preservado o tempo de V. Exa. - vou pedir para preservar e restituir o tempo de V. Exa. -, quero pedir aos deputados que queiram fazer qualquer tipo de reunião ou conversa...

É um direito de cada parlamentar, mas temos aqui atrás a parte do café, temos a mesa lá em cima e coloco a minha sala, que é mais próxima, à disposição de cada um dos parlamentares, ou o Salão Nobre da Presidência, para que possam conduzir.

Quem estiver no plenário tem que ficar em silêncio prestando atenção ao que acontece na sessão, sob pena de haver prejuízo ao processo de discussão. Está certo?

Devolvo a palavra, com o tempo restituído, ao deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu dizia que o deputado Roque Barbiere, não apenas meu amigo, mas meu irmão, me dizia hoje: “Campos, você está afônico, você está resfriado, meio gripado. Por que não vai embora para a sua casa, Campos?”. E eu dizia ao deputado Roque Barbiere: “Sabe por que, deputado Roque Barbiere? Porque esta Casa hoje vai votar um projeto suicida. Eu não poderia deixar de vir aqui expressar o meu sentimento”. E o deputado Roque Barbiere... (Pausa.) É difícil, hein, deputado Cauê? Aqui não tem... É difícil. O pessoal do Novo mais parece o pessoal velho, de antigamente. Não param de falar, conversam...

Vamos lá, Sr. Presidente. O deputado Roque Barbiere: “O que é, em suma, esse projeto da Sra. Paschoal?”. É simples: uma cesariana eletiva, sem consulta médica. Srs. Deputados e Sras. Deputadas, como é possível que alguma mulher, por conta própria, diga: “Eu quero fazer uma cesariana”. E o médico? Pouco importa o que o médico pense ou fale? Você acha que isso é projeto para esta Casa aprovar? Onde está o respeito às mulheres?

Começo dizendo... Sr. Presidente, preserve o meu tempo, que eu não consigo raciocinar com essa conversa a bordo. Sr. Presidente, Mariana Teresa Galvão escreveu um artigo: “O projeto de lei de Janaina Paschoal e a violência estrutural contra a mulher”. Não sou eu que estou falando, minha gente. Eu não sou especialista. Ela escreveu esse artigo, não sou eu, deputado Roque Barbiere. Diz ela que é um acinte, um desrespeito à mulher, à família, sem que o médico opine.

Vamos lá, deputado Roque Barbiere. A Profa. Dra. Daniele Riva, professora não de direito, de medicina, deixa claro que a proposta da deputada Janaina Paschoal não se baseou em evidências científicas ou tendências mundiais. Por que será que ela é contra? Será que ela é investigadora, advogada, ou é médica?

Vamos lá então para o seguinte, deputado Roque Barbiere. Aí vem o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo e o Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública Estadual. Curioso, eles são contra esse projeto. Será que eu estou falando de um clube de futebol que é contra, ou eu estou falando de um conselho que tem ligação com a medicina?

 Vamos lá, quem conhece aqui o Prof. Sérgio Miqueleti? Especialista em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia, membro da Associação Paulista de Medicina, membro efetivo da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, membro da Sociedade Paulista de Medicina, e vai embora, cheio de títulos. O que ele acha? Uma brincadeira de mau gosto, em outras palavras, a aprovação desse projeto.

 Eu quero dizer que meu nome é Antônio Carlos de Campos Machado. Quem falou isso foi o Dr. Sérgio Miqueleti, professor da Faculdade de Medicina. Ele deve saber o que fala. A Sra. Paschoal e eu somos oriundos do meio jurídico. Nós não entendemos de medicina, minha gente, mas o Dr. Sérgio Miqueleti fala isso. Que culpa que eu tenho - diz para mim, deputada Beth Sahão -, se um professor de ginecologia diz que esse projeto é irreal e agressivo à mulher? 

Não sou eu que estou falando, quero deixar bem claro. Eu sou um advogado, não conheço medicina, mas aí eu fui perguntar para um médico pouco conhecido no Brasil e no mundo, chamado Prof. Cerqueira César Machado. Fui procurar por ele, que entrou para a Faculdade de Medicina aos 17 anos de idade, operou José Serra, Fernando Henrique Cardoso, outros presidentes... Fiz uma perguntinha para ele, clássica: “O que o senhor acha, Dr. Marcel, desse projeto?”. Ele me disse: “Manda cópia”. Mandei a cópia para ele. Ele fala: “Querem desprezar a opinião do médico e a parturiente escolher o que ela quer? Onde estamos?”.

Sabe, deputada Bebel, eu estou me referindo a um homem que o deputado Roque Barbiere sabe quem é, um dos mais conhecidos médicos desta América Latina e do País. Eu tenho culpa disso? Não, não tenho.

Vamos lá, deputado Roque Barbiere. Que culpa eu tenho, deputado Roque Barbiere, se a presidente da Associação de Ginecologia do Estado de São Paulo é contra o projeto da deputada Sra. Paschoal?

Deputado Roque Barbiere, está escrito aqui: “Esse projeto pode levar a efeito contrário ao desejado, provocando uma elevação das mortes e complicações do parto por cesáreas desnecessárias”. Mas não sou, deputado Roque Barbiere, quem está falando. É uma médica, professora da Associação de Obstetrícia.

Opa, Sr. Presidente, já sinto meu raciocínio conturbado por essa conversa paralela. Que se preserve meu tempo. É difícil, o pessoal pensa que aqui é o Jardim da Luz, o Masp, não é possível. Aqui é o Itaquerão? Não é não.

Deputado Roque Barbiere, diga para mim, você que é advogado, quem é que vai se atrever, a não ser que tenha um acordo “você vota no meu projeto que eu voto no seu”. Só se for esse acordo, porque contra todas as opiniões de médicos especializados, nós estamos cometendo um verdadeiro crime. Vamos continuar, deputado Roque Barbiere.

Existe um médico que foi diretor do Sírio Libanês, Dr. Alfredo Salim, que me disse: “A Assembleia está discutindo esse projeto que não tem amparo científico, não tem história?” Falei, “Dr. Salim, eu estou voltando de recesso onde não tive recesso, o que o senhor quer que eu faça se está sendo feito, possivelmente, um acordo? Vota no projeto ‘X’ que eu voto no projeto ‘Y’”.

Veja que o presidente da Casa só está convocando uma sessão extraordinária. A primeira vez na história, 28 anos que estou aqui, deputado Conte Lopes, e a Presidência da Casa convoca uma sessão para um projeto. O que está acontecendo, deputado? Eu acho que o presidente tinha que dar uma explicação racional, lógica.

Eu nunca tive o privilégio, em 28 anos nesta Casa como liderança, de ter um projeto meu pautado com exclusividade em uma única extra. Respondam-me o que é que está acontecendo que eu não sei.

Eu estou profundamente preocupado com esta Casa. Já disse aqui que caminha para ser a pior legislatura da história desta Assembleia. E a aprovação desse projeto agride a dignidade da mulher. Nós temos o compromisso, a obrigação de impedir esse massacre. Um verdadeiro massacre. Como é que se pode dispensar a opinião de um médico?

Então, agora, deputado Giannazi, eu vou ao hospital e falo que quero ser operado do coração. E o médico? Pouco me importa. Já falou o Dr. Kalil? Não, eu quero ser operado do coração.

Para que médico? Para que serve o médico? Para dar atestado médico? Para justificar faltas? Não, eu não tenho intendência a alguns deputados desta Casa que querem saber os nomes dos deputados que vão votar a favor ou contra. Pouco me importa. Eu disse ao deputado Roque Barbiere hoje que a minha consciência me impõe que eu vá ao plenário, meu caro amigo e irmão, deputado Barros Munhoz, vá ao plenário e diga o que ninguém está dizendo. Eu duvido que alguém possa, em sã consciência...

Sr. Presidente, gostaria que preservasse o meu tempo, porque está difícil, e eu tenho ouvido apurado, isso que é ruim, Sr. Presidente. Sabe, deputado Roque Barbiere, eu tenho ouvido apurado, então eu ouço qualquer barulho no plenário, e já quebra o meu raciocínio, que já não é muito grande. Vou perder o pouco que tenho.

Volto a dizer, as deputadas têm ainda muito mais responsabilidade do que eu, que defendo a dignidade da mulher. Eu só justifico a colocação hoje, nesta pauta extraordinária, a um grande acordo que deve ter sido feito entre deputados. Aprove o meu que eu aprovo o seu. Aprove o seu que eu aprovo o meu.

Será possível, deputado Barros Munhoz, V. Exa. tem tempo de casa, já foi presidente da Assembleia duas vezes, V. Exa. já viu, na história da Assembleia, uma extraordinária exclusiva para um projeto de deputado? Se V. Exa. apontar um projeto, eu desço agora da tribuna, um projeto que a Presidência tenha pautado, apenas para esse projeto, uma sessão extraordinária.

Deputado Barba, será que eu estou vivendo na Assembleia Legislativa? Será que, neste mês de julho, que eu não vim aqui, será que alguma coisa mudou na história da Casa? Mas eu também não poderia deixar de fazer uma ressalva, fazer justiça. O assunto não é mais o mesmo.

Coronel Nishikawa, nós temos que acabar com essa história de indústria de cartas anônimas, essa vergonha que existe aqui. Abre-se um procedimento sem eira nem beira, coloca-se a reputação de um deputado, de um homem como o coronel, que tem a vida limpíssima na sua trajetória de vida na Polícia Militar, à mercê de quem? Dos marginais da moralidade.

Eu assino aqui. Se eu fosse médico, que está sendo desprezado aqui no projeto, eu iria assinar um atestado de idoneidade do Coronel Nishikawa. Não é do meu partido, não. É um homem correto, simples, honesto e humilde, que teve o seu nome jogado nas manchetes sem nenhum indício, apenas por ouvir falar. Isso acontece com ele, acontece comigo que sou especializado em ser alvo de cartas anônimas.

Sr. Presidente, é com dificuldade que eu vou encerrar a minha fala, porque eu nem deveria estar aqui. Não consigo parar de tossir uma única vez, mas a voz da consciência é mais forte do que a minha voz. Srs. Deputados, Sras. Deputadas, 150 anos de história da Assembleia. Não votem este projeto, isto é a maior ofensa à dignidade de uma mulher.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, a nobre deputada Valeria Bolsonaro. 

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu queria comunicar, com muita tristeza, embora já seja de conhecimento público e já tenha ocorrido há alguns dias, o falecimento do príncipe dos poetas dos nossos tempos, o grande Paulo Bonfim.

Era uma pessoa fantástica, extraordinária, um advogado brilhante e um poeta brilhante, verdadeiramente. Cultor do direito, cultor das boas amizades, “gentleman”, sempre solícito, sempre pronto para ajudar as pessoas. Foi durante muitos e muitos anos um assessor extraordinário da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Ele tem uma ligação histórica com Itapira, onde deixou grandes amigos, onde fez grandes amigos. Eu tive a felicidade de conviver durante um bom tempo com ele. Quero registrar o meu sentimento e tenho certeza de que é o sentimento de São Paulo pela perda de alguém da envergadura de Paulo Bomfim.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Muito bem lembrado, deputado Barros Munhoz.

 

A SRA. VALERIA BOLSONARO - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a todos. Eu venho poucas vezes à tribuna falar, mas eu não posso deixar hoje de me manifestar a favor do projeto da minha querida colega parlamentar Janaina Paschoal, que vem com esse projeto pautar toda a luta que nós, mulheres, temos durante toda a nossa existência de liberdade.

Liberdade da nossa vida, liberdade das nossas escolhas, liberdade do nosso corpo, da nossa existência, da direção que nossas vidas devem ser tomadas, baseadas nas nossas decisões. Quando eu vejo o projeto da Janaina, eu vejo que ali a gente tem uma pessoa que está colocando e salvando a vida dos nossos filhos de uma forma respeitosa.

Nós temos - é lógico, e o projeto dela fala com muita clareza - que depois da trigésima nona semana e muito bem orientadas durante todo o processo de pré-natal, todas as mulheres têm direito e estão sempre em busca dos seus direitos perto dos postos de saúde, dos hospitais que ali elas podem ter acesso.

Essas mulheres fazem todo o seu projeto de vida em cima dos seus filhos, da sua gestação, que está ali gerando uma vida e que dela, somente dela, depende aquela vida. Só ela pode saber o momento certo de trazer essa vida ao mundo. O médico vai auxiliá-la, mas quem faz isso é a mulher.

E é esse direito, é esse respeito, que a Dra. Janaina traz com esse projeto de lei para as pessoas que não têm condição financeira de pagar uma cesariana porque têm que depender do SUS, porque têm salário baixo, porque não têm acesso a todo o processo de grandes planos de saúde, grandes hospitais muito bem aparelhados.

Essa pessoa que está ali dependendo do SUS, um sistema difícil, um sistema lotado e que muitas vezes traz risco para a saúde da mulher justamente pela sua falta de estrutura. Ela pode ali, depois de todos os seus nove meses, chegar à trigésima nona semana, ter o direito de optar pelo parto cesariana, que foi uma conquista da Medicina.

O parto cesárea é uma conquista que trouxe muita vida para a mulher e para os seus filhos, porque muitas mulheres acabaram perdendo seus filhos por parto normal. Muitas mulheres tiveram os seus filhos com prejuízos físicos e mentais por conta do parto normal. Muitas mulheres perderam a sua vida por conta do parto normal.

Nós temos que permitir que essas mesmas mulheres tenham também o mesmo direito à liberdade que as mulheres de poder econômico alto e que não dependem do SUS têm de escolher como os seus filhos virão ao mundo e é essa liberdade que eu falo.

Deixo o meu aplauso para a Dra. Janaina, que tem conversado exaustivamente com grupos de mães, com grupos de médicos que são a favor também de preservar essa liberdade.

Todas nós aqui sabemos o quão difícil é uma gestação, o quão difícil é o momento do nascimento do seu filho, a angústia, o nervoso de saber da perfeição, da saúde, de como ele chegará ao mundo. E nós precisamos, mais do que tudo, de ter segurança. E como podemos ter segurança se não temos o direito de escolher como ele virá ao mundo?

Como podemos estar segura, sem angústias, para que, nesse momento, o nosso filho venha ao mundo, se somos obrigadas a atender o que terceiros vão decidir sobre o nosso corpo? Isso não é justo, isso não é liberdade, isso não é igualdade, isso não é democracia.

Então estou aqui parabenizando esse projeto da Dra. Janaina, que vejo como excelente projeto, que traz a igualdade de todas as mulheres: negras, pobres, ricas, brancas, verdes, azuis, e de todas as classes sociais. Nós temos que aprimorar cada vez mais a democracia no nosso País. E através de projetos como esse, que trazem a igualdade, é que nós conseguimos trabalhar. Então, parabéns, Dra.Janaina.

Esse projeto, tenho certeza, vai beneficiar grande parte das mulheres que dependem do SUS. E tenho certeza que elas estão hoje agradecidas ao seu empenho e ao seu trabalho. Pode ter certeza: eu, como professora, que vi muitas mães grávidas chegarem na porta da sala de aula, desesperadas porque não sabiam com os seus partos iam ser, elas hoje podem ter tranquilidade.

Porque tenho fé em Deus que o seu projeto, com toda a certeza, será aprovado. Porque estamos aqui para lutar pela democracia, pela liberdade que nós, mulheres, devemos ter. E que essa liberdade tem que ser garantida pelas políticas públicas. E nada melhor que uma mulher fazer um projeto de lei que traga essa nova visão, essa oportunidade de toda e qualquer mulher poder resolver e poder ter segurança de trazer o seu filho ao mundo.

Nada é mais lindo do que esse momento. Tenho certeza absoluta: o seu projeto será aprovado. E nós e todas as mulheres brasileiras vamos agradecer imensamente a sua coragem e a sua força, que também reflete para todas nós.

Muito obrigada a todos. Fiquem com Deus. Temos muita fé que vai dar tudo certo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, nobre deputada Márcia Lia.

 

O SR. DIRCEU DALBEN - PL - Comunicação, Sr. Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pergunto se já temos a oradora na tribuna. 

 

O SR. DIRCEU DALBEN - PL - Tem anuência?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Temos anuência? Para uma breve comunicação, deputado Dalben.

 

O SR. DIRCEU DALBEN - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, nobres deputados, só quero fazer um registro de que, no dia de hoje, estamos completando 13 anos da Lei Maria da Penha, a lei que foi sancionada na data de hoje, a Lei nº 11.340, no dia 7 de agosto, completando 13 anos hoje. Um instrumento a mais para a defesa dos direitos das mulheres.

E também quero registrar que, com muita honra e orgulho, fui vereador do município de Sumaré. E na última legislatura tive a oportunidade de apresentar uma lei dessa forma a nível municipal. Onde, através da Patrulha Maria da Penha, a Guarda Municipal também poderá ser um instrumento - e é um instrumento - em defesa das mulheres. Parabéns às mulheres, parabéns à Lei Maria da Penha, completando 13 anos. Se não é um instrumento perfeito, mas é mais uma ferramenta em defesa das mulheres.

É isso, Sr. Presidente e nobres deputados. 

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Pela palavra, Sr. Presidente. 

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O deputado Campos   Machado já estava no microfone, mas...

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - A Bebel pediu primeiro.  

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É, mas é que ele estava aguardando e, por elegância, ele deixou V. Exa. falar primeiro, mas, passa.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Mas como V. Exa. também é elegante, vai me permitir.  

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não, deputada Bebel. Sempre.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Bom, a deputada Márcia Lia repercutiu na tribuna, hoje à tarde, a possível vinda do presidente Lula aqui para o presídio de Tremembé. E felizmente, conforme anunciara aqui nos microfones à tarde, o presidente Lula se mantém... Lamentavelmente, porque eu não acho nem que ele tenha que estar preso; mas lá mesmo em Curitiba. Só essa comunicação. De fato, uma comunicação que eu quis fazer. Obrigada.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência cede uma comunicação ao deputado Campos?

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Quero cumprimentar o deputado Barros Munhoz, que, nesta noite, fez menção ao príncipe dos poetas, o grande Paulo Bomfim. Diz um mesmo poeta, Guimarães Rosa, que os grandes homens não morrem, ficam encantados. Lá vem Olavo Bilac e diz que os grandes homens também não morrem, viram estrelas a guiar todos nós.

Eu tive a felicidade de conhecer o Dr. Paulo Bomfim, poeta sério, romântico, sonhador, que expressava tudo o que vai à nossa alma, aos nossos corações. Ele foi amigo de uma pessoa por quem eu tinha um carinho especial, o grande poeta, também, escritor, Arruda Camargo. Então, eu faço das palavras do deputado Barros Munhoz minhas. Fiz questão, presidente, de fazer uma moção de pesar pela perda de Paulo Bomfim, que jamais será reposta, pois poucas pessoas têm a sua dignidade, o seu caráter e tiveram a trajetória de vida que ilumina e iluminou todos os poetas desse estado e desse País.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Muito boa noite a todos e a todas. Venho a esta tribuna para me manifestar contrariamente ao projeto da deputada Janaina Paschoal, porque entendo que esse projeto, ao permitir que a gestante opte pela cesariana independentemente de indicação médica, pode colocar em risco a vida de mulheres gestantes e de seus bebês, que passam a sofrer, deputado Dirceu Dalben, intervenção cirúrgica desnecessária, aumentando os riscos de infecção e de morte.

Inclusive, o Ministério da Saúde vem implementando programas de redução de cesáreas para a redução da mortalidade materna, como mostra o próprio site do Ministério da Saúde. É só ir lá, clicar e consultar o site, onde ele diz o seguinte:

“Redução da taxa de cesárea no Brasil. A Rede Cegonha trabalha também no sentido de aconselhar as gestantes sobre os benefícios do parto normal, destacando que a cesárea deverá ser realizada somente quando for necessária. As ações do Ministério, com vistas à mudança do modelo de atenção ao parto e nascimento com práticas baseadas em evidências científicas e a valorização do protagonismo da mulher na hora do parto, têm contribuído para reduzir...”. Eu vou repetir: “para reduzir a taxa de cesárea no Brasil. Desde 2000, as taxas de cesáreas apresentavam uma tendência de aumento alcançando 57% em 2014 com redução para 55,5% em 2015”.

Diz ainda o Ministério da Saúde: “Para fortalecer as ações em curso com vistas à diminuição das taxas de cesárea, o Ministério da Saúde lançou, no dia 08 de março de 2019, o Projeto Parto Cuidadoso, que visa, entre outros objetivos, à implementação de critério para avaliar, monitorar e comparar as taxas de cesáreas ao longo do tempo em um mesmo hospital e entre diferentes hospitais”.

O Ministério da Saúde se pronunciou, ainda, a respeito de esforço para reduzir o número de intervenções cirúrgicas desnecessárias. Friso: desnecessárias. O Ministério da Saúde: “Precisamos garantir políticas que ampliem assistência e garantam atendimento adequado. As mulheres são as maiores usuárias do Sistema Único de Saúde e precisamos garantir acesso integral em todo o País em relação a ação para coibir - coibir é proibir - a realização de cesáreas desnecessárias. Essa iniciativa vem ao encontro de fortalecimento de boas práticas para o parto normal, acesso integral, parto normal, coibir cesáreas. Temos que identificar os pontos fracos de cada serviço para que juntos possamos criar mecanismos que nos ajudem a investir na realização do parto normal”.

Agora eu vou falar nada mais, nada menos, deputado Campos Machado, da OMS, Organização Mundial da Saúde. O que diz a OMS? A Organização Mundial da Saúde tem uma declaração oficial sobre a taxa de cesáreas, mostrando que, nos últimos anos, governos e profissionais de Saúde têm manifestado crescente preocupação, repito, crescente preocupação com o aumento do número de partos cesáreas e suas possíveis consequências negativas sobre a saúde materna e sobre a saúde infantil. Veja-se as conclusões da declaração OMS: a primeira baseada em dados atualmente disponíveis de usando métodos aceitos internacionalmente para avaliar as evidências com técnicas analíticas adequadas à Organização Mundial da Saúde conclui que: 1 - a cesárea é uma intervenção efetiva para salvar a vida de mães e bebês, porém, repito, porém apenas quando indicada por motivos médicos; 2 - Ao nível populacional, taxas de cesáreas maiores que 10% não estão associadas com redução de mortalidade materna e neonatal. No Brasil são 55,5 por cento. A Organização Mundial da Saúde preconiza, deputada, dez por cento; 3 - A cesárea pode causar complicações significativas e às vezes permanentes, assim como sequelas ou mortes, especialmente em locais sem infraestrutura e/ou capacidade de realizar cirurgias de forma segura e de tratar complicações pós-operatórias. Idealmente uma cesárea deveria ser realizada apenas quando ela for necessária do ponto de vista médico; 4 - Os esforços devem se concentrar em garantir que cesáreas sejam feitas nos casos em que são necessárias, em vez de buscar atingir uma taxa específica de cesáreas; 5 - A Organização Mundial da Saúde ainda diz que não estão claros quais são os efeitos das taxas de cesáreas sobre outros desfechos, além da mortalidade, tais como morbidade materna e perinatal, desfechos pediátricos e bem-estar social ou psicológico. São necessários mais estudos para entender quais são os efeitos imediatos e a longo prazo da cesárea sobre a saúde.

Eu, inclusive, lendo essas orientações da Organização Mundial da Saúde, penso que há uma interferência, deputado Campos Machado, uma interferência no ato médico, porque não é o paciente que decide se ele vai ou não ser submetido a uma cirurgia. Quem tem que decidir se vai ou não ser submetido a uma cirurgia, é o médico, se não há uma visível interferência no ato médico e nós entendemos que isso não pode acontecer, porque fere o Código de Ética, fere uma série de situações que a gente tem que discutir.

Portanto, entendo que há uma ilegalidade nessa disposição de que o médico não decide o que fazer com o paciente, porque senão, deputado Dirceu, eu chego lá no consultório do médico e digo assim: “Doutor, eu não quero ser operada de apendicite, eu quero ser operada de pancreatite.”. É mais ou menos isso que significa. O médico está dizendo que a paciente pode fazer um parto normal porque ela tem todas as condições objetivas para isso. “Mas não, eu não quero, eu quero fazer uma cirurgia”.

O médico é que tem que decidir se é caso ou não de se fazer cirurgia, porque senão o médico está sendo desviado de sua função. Quem decide o que fazer com o paciente não é o próprio paciente, é o médico. Ele tem competência para decidir o que fazer em relação a ele.

Tem mais manifestações. Vamos lá. Ainda tem posicionamentos específicos sobre o Projeto de lei 435, da deputada Janaina. Vamos lá, as comissões de Direitos Humanos, da Mulher Advogada, da Igualdade Racial, da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil divulgaram um documento oficial a respeito do PL 435, demonstrando que o projeto não atende às disposições do Art. 219 da Constituição Estadual de São Paulo, bem como do Art. 196 da Constituição Federal. Além do mais, segundo as comissões, a proposta já está disciplinada na Lei 15.759, de 2015.

Aí vai. A Ordem dos Advogados do Brasil diz que esse projeto fere o princípio constitucional da economicidade, pelo motivo de que a cesariana implica em maior tempo de internação e prescrição de medicamento. Também fere o princípio da autonomia. E assim vai. É uma decisão bastante grande, uma manifestação bastante grande.

Vou falar agora do Coren, que é o Conselho Regional da Enfermagem. No mesmo sentido, o Coren divulgou o seu posicionamento sobre a proposta legislativa em questão, informando que esse projeto de lei está em desacordo com as 56 - não é uma, não são duas, são 56 - recomendações emitidas pela Organização Mundial da Saúde divulgadas em 2018, que estabelecem padrões de atendimento para reduzir, repito, para reduzir as intervenções desnecessárias num parto. Cinquenta e seis recomendações da OMS estão sendo infringidas com a aprovação desse projeto de lei.

Importante notar que a OMS considera que a taxa ideal de cesárea seria entre 10 e 15% dos partos. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em partos cesarianos.

Também há uma manifestação da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo. Também foi no sentido de não haver nenhum estudo sobre os benefícios desse projeto de lei. Não houve qualquer avaliação sobre o impacto desse projeto de lei e do aumento do número de cesáreas na mortalidade materna.

O posicionamento da Sogesp é de que há dados que comprovam que o aumento nas taxas de cesariana não traz modificações na ocorrência de paralisia cerebral, como foi dito, uma vez que apenas 10% dos casos de paralisia cerebral são associados a eventos durante o parto. Os demais 90% têm causas genéticas e alterações durante o pré-natal ou após o nascimento.

O Cosems, que é o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, também manifestou preocupação com a aprovação desse projeto de lei por ele estimular as mulheres a optarem pela cesárea, o que não é recomendável para a maioria das mulheres. Trouxe, inclusive, dados do inquérito nacional sobre parto e nascimento, divulgado pela Fiocruz, pelo Instituto Manguinhos, em 2016, que mostra taxas de cesarianas de 88% no setor privado e de 43% nos serviços públicos, problematizando que existem evidências científicas suficientes, que permitem afirmar que o aumento de taxa de cesárea não diminui - repito -, não diminui a morte e mortalidade perinatal.

Ainda: o Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo também se posiciona contrariamente a esse projeto de lei, também no que concerne à autonomia da mulher.

O Núcleo da Defensoria Pública traz a pesquisa Nascer No Brasil, que mostra que no início da gestação, 70% das mulheres desejam parto vaginal, mas elas são induzidas a fazerem o parto cesariana.

Por último, destaca-se que o documento e a apresentação de dossiê elaborado pela Rede Parto de Princípio para a Comissão da Violência Contra as Mulheres, denominado CPIMI, Violência Obstétrica, Parirás Com Dor, que indica que os estudos demonstram que além do procedimento da cesariana estar associado a maiores - repito - a maiores taxas de mortalidade materna, encontra-se associado também ao aumento da morbidade e mortalidade perinatal.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Tenente Nascimento.

 

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Por fim, pode-se destacar do documento divulgado pelo Centro de Atendimento Nudem, Neij e Nudedh, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, os dados que mostram que a cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos adicionais à saúde da mulher e do bebê, aumentando em 120 vezes, a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplicando os riscos de morte da mãe.

Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no País estão relacionados à prematuridade. Ademais, mostra que mulheres que passaram por partos vaginais apresentam três vezes maior chance de amamentar os seus filhos.

Portanto, quando há a indicação da cirurgia cesariana, as mulheres correm muitos riscos, seus filhos correm muitos riscos, a prematuridade é presente nesses partos, porque, ao invés de se esperar o processo natural, marca-se dia para que essas mulheres sejam submetidas a uma intervenção cirúrgica desnecessária.

Portanto, quero aqui expressar a nossa contrariedade, a nossa absoluta contrariedade a esse projeto de lei. Eu acho que ele vai passar porque ele foi objeto de acordo do PSL com o Governo do Estado de São Paulo. Provavelmente vai passar.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Para concluir. Para concluir, deputada.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Estou concluindo.

Provavelmente, ele vai passar. Porém, eu espero, sinceramente, que a gente possa encontrar, aí, as ilegalidades, as inconstitucionalidades, para que a gente possa defender, aí, as nossas mulheres na Justiça.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra, para falar a favor, deputada Damaris Moura.

 

A SRA. DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Boa tarde a todos. Quero cumprimentar a Presidência, os colegas deputados, os servidores desta Casa, os policiais militares, que fazem a nossa segurança, eu venho aqui hoje para falar em defesa do projeto de lei de autoria da deputada Janaina Paschoal.

Eu estou convicta a respeito deste PL desde a sua propositura. Nunca hesitei nas minhas convicções. E naturalmente, e como todos aqui já ouviram de forma bastante intensa, nós estamos bem nutridos, do ponto de vista das informações estatísticas, os números, as organizações que os apresentam. Nós estamos bem nutridos. E da mesma maneira, não é que as informações são apresentadas em desfavor do PL, não é por razões múltiplas, algumas, agora, declinadas pela nobre deputada Márcia Lia - também tive acesso, porque estou acompanhando o curso deste PL na Casa desde o seu início.

Participei de debates, participei de reuniões, e me parece que, embora os números tenham sido aqui amplamente demonstrados, há outros números também que contrariam estes. E há casos, ou cases, casos emblemáticos, que demonstram o contrário dos números que são apresentados. São vários depoimentos que eu assisti de profissionais de muita envergadura técnica, científica, que igualmente defendem a viabilidade deste projeto de lei.

Mas eu não vim aqui, agora para trazer números, porque já estamos bem nutridos, como eu enfatizei. Eu não vim aqui para debater as opiniões dos técnicos, médicos, até porque sou advogada. Mas, mas eu vim trazer alguma reflexão sobre princípios constitucionais, que são fundamentais à existência humana. O direito fundamental, talvez  seja um pouquinho diferente dos direitos humanos, que são universais, e são inerentes a toda pessoa humana.

Os direitos fundamentais são aqueles que o Estado, o País elegeu como direito sem os quais os seus cidadãos não podem exercer plenamente a sua dignidade. Aliás, o Art. 1º da Constituição Federal traz como princípio, ou como fundamento do estado brasileiro, ou dever primordial do estado brasileiro, garantir a dignidade das pessoas. E a gente fala muito em dignidade humana.

O que é dignidade? Dignidade é valor humano. Eu tenho valor, e o estado precisa promover a garantia do meu valor. Bem, eu dizia que o estado elege direitos como fundamentais à dignidade dos seus cidadãos. E o estado brasileiro, no Art. 5º da Constituição Federal, e eu quero me deter a partir de agora no princípio da igualdade, no princípio da isonomia. Aliás, o princípio da igualdade remonta a tempos muito antigos, mas no estado brasileiro este princípio foi inserido no nosso ordenamento constitucional na Constituição de 1934, no Art. 113. Eu queria ler, porque eu acho bastante interessante: “Todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinção, ou nem distinções de qualquer natureza”, isso já na Constituição de 1934. E aí declinam as hipóteses de vedação de distinções, mas a Constituição de 1988, no Art. 5º, no caput, diz que “todos os brasileiros, homens e mulheres, são iguais, sem qualquer espécie de distinção”. Me parece que o projeto de lei da deputada Janaina Paschoal não se debruça sobre aspectos técnicos ou de atendimento, ou quaisquer outros que são igualmente relevantes, mas não é objeto do projeto de lei. Foi a minha compreensão que o projeto de lei da deputada confere às mulheres o direito de escolher, e o direito de escolher, me parece que é esse o objeto do projeto.

Não há qualquer outra referência no projeto de lei a não ser a garantia do exercício do direito fundamental de escolher, e, sobre isso, a Constituição Federal disse, no Art. 5º, no Caput, que todos são iguais perante a lei, sem quaisquer distinções. As mulheres que têm planos de Saúde, ou que podem pagar uma cesariana, a via de parto por ela eleita, podem escolher a via de parto.

Eu escolhi a minha via de parto livremente, sem qualquer impedimento. Eu gestei por nove meses e, ao final da gestação, eu escolhi livremente como eu gostaria que meu filho viesse ao mundo. Ninguém impediu a minha escolha, nenhuma objeção.

Eu fico muito preocupada quando a Constituição Federal garante a isonomia, a igualdade para todas as pessoas, e algumas mulheres podem escolher a sua via de parto e outras, que são aquelas que não podem pagar por essa escolha, não podem. Estas não podem. Elas têm que se submeter à via de parto que pode não ter sido a da sua escolha.

Eu queria registrar aqui um pensamento que tem norteado a minha caminhada, e talvez ele tenha me trazido ao Parlamento. Eu vim ao Parlamento em nome do direito inalienável de todo ser humano de escolher livremente. Viktor Frankl foi um sobrevivente de um campo de concentração nazista e, ao sair daquela situação humana, a mais degradante, onde lhe foram tiradas todas as liberdades, a liberdade de ir e vir, lhe foi tirado tudo...

Ao sair do campo de concentração, ele pôde afirmar um pensamento que vai me acompanhar na defesa do direito de escolha. Ele disse assim: “tudo pode ser tirado de um homem, menos a última das liberdades humanas, a de escolher o seu próprio caminho. Sob quaisquer circunstâncias dadas”, prossegue ele, “a de escolher a sua própria conduta”.

Me parece até violador do princípio constitucional da igualdade entre todos que algumas mulheres, em virtude da sua condição, possam escolher livremente a sua via de parto, e outras, também em razão da sua condição, não possam escolher livremente a sua via de parto.

Meu tempo está acabando. Eu preciso acrescentar que o projeto de lei garante o direito de informação. O direito de informação também é um direito constitucional fundamental. Está lá no Art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal: o direito de informação. E essa decisão, parece-me que a interpretação do texto é essa, essa decisão da mulher, ou escolha, é uma decisão informada. É uma decisão que foi submetida a uma conscientização da mulher, feita pelo próprio médico. Está no texto; estou com ele em minhas mãos e os senhores podem conferir isso. Então, o princípio da informação está assegurado.

O princípio da igualdade, que é constitucional e fundamental, está assegurado. Todas podem escolher a sua via de parto. Aliás, insistentemente, em pelo menos dois artigos, o projeto de lei reafirma que é uma decisão informada, é uma decisão acompanhada pelo médico.

E aquela placa que vai ser afixada no hospital para informar à mulher que, como todas, ela tem direito de escolher, também esta placa traz as duas vias de parto. Aliás, o parto normal figura em primeiro plano nesta placa. Portanto, está assegurado o direito de informação, a isonomia, o direito de igualdade - são direitos constitucionais -, o direito de escolher.

E também não vejo no projeto de lei qualquer tipo de promoção ou de estímulo à cesariana. Não o vejo. Vejo tão somente a garantia do exercício do direito de escolher.

Para encerrar, há muitos números. Crianças morrem mais assim, crianças morrem mais de outro jeito; mulheres morrem mais pela via de parto normal, mulheres morrem mais pela via de parto... É uma cirurgia.

Quando iniciei minha carreira jurídica, acompanhei... Aliás, marcou o início da minha trajetória. Encerro minha fala contando essa experiência. Acompanhei o inquérito policial cujo fato consistia exatamente em um parto normal tragicamente mal sucedido.

Alguém que me ouve certamente está pensando: “Você pinçou um parto normal tragicamente ocorrido e está deixando para trás as cesarianas mal sucedidas”. Mas como acompanhei de perto e ele é emblemático até para fixar alguns conceitos que eu trouxe aqui, eu vou contar.

Uma mãe muito pobre, uma mulher muito pobre. Esse inquérito esteve em minhas mãos, Delegada Graciela. Chegou o momento de dar a luz ao seu filho. É claro, em um hospital público no interior de Minas Gerais, ela não pôde escolher a sua via de parto.

O bebê era muito grande. A cabecinha do bebê... Não vou usar linguagem técnica, porque não sou médica, sou advogada. A cabecinha do bebê passou pela cavidade pélvica, mas era um bebê muito grande; ele não podia nascer de parto normal. Muito tempo transcorreu; os médicos adotaram condutas para que aquele bebê nascesse. Eles fizeram o deslocamento do ombro para que o ombro passasse pela cavidade pélvica. O ombro não passou. Eles utilizaram fórceps. Também o bebê não nasceu.

O tempo transcorreu, foi muito tempo, foram muitas condutas malsucedidas e o bebê veio a óbito nessa circunstância. O bebê nem nascia e nem podiam mais fazer uma cesariana para o bebê voltar, porque a cabecinha já tinha passado pela cavidade pélvica. E aí foi adotada uma conduta que, segundo eu pesquisei, é uma conduta médica. O bebê foi decapitado, a barriga foi aberta na vertical para que o corpo saísse pela barriga e a cabecinha pela via vaginal.

Eu vi as fotos do bebê. O pai foi para encontrar um bebê vivo e informaram que estava no necrotério. Quando ele abriu o saquinho tinha o corpo e a cabecinha separada do corpo. Eu vi as fotografias.

Isso me marcou porquê, certamente, nas circunstâncias em que aquela mulher estava e um bebê daquele tamanho.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Para concluir, deputada.

 

A SRA. DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Eu penso que se ela tivesse a opção de escolher, talvez tivesse escolhido uma cesariana, que teria salvado a sua vida e a do seu filho. E há muitos bebês que sofreram anóxia e que custam muito ao Estado - não vou me adentrar a números - para o tratamento e a assistência a essas crianças que têm paralisia cerebral.

Mas, principalmente, por razões constitucionais, principalmente pelo direito constitucional de escolher.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Para concluir, deputada.

 

A SRA. DRA. DAMARIS MOURA - PHS - O direito fundamental de escolher. O direito de igualdade entre todos. Eu venho aqui para manifestar, publicamente, que sou favorável ao PL da deputada Janaina Paschoal, 435, de 2019.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra a deputada Beth Sahão, para falar contra.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente, deputadas e deputados desta Casa, esse debate, na verdade, nós estamos travando ele já há alguns meses. Fizemos várias audiências públicas com profissionais altamente especializados. Inclusive na primeira audiência pública que nós fizemos aqui a própria autora do Projeto 435, deputada Janaina, fez a solicitação para participar da audiência, ao que foi prontamente atendida, e de forma democrática esteve lá em nossa audiência. Participou, ouviu, conversou, expôs seus motivos, que não nos convenceram. Não só a mim. Não é por conta de um debate.

E é bom deixar claro aqui que não se trata de um debate ideológico. Trata-se de um debate que preserva a saúde da mulher e a saúde do bebê. E trata-se de um debate que nós, ao longo da nossa trajetória, não só aqui neste parlamento, mas ao longo da nossa trajetória política, como profissionais liberais que somos, sempre defendemos a autonomia da mulher. Isso é um ponto pacífico. Não há o que discutir.

O fato de se discutir o procedimento no momento do nascimento não se trata de dizer que “olha, elas não querem que as mulheres possam escolher, elas não querem que as mulheres decidam”. Não, nós sempre defendemos, e é bom deixar claro isso, que as mulheres têm condições de decidir e precisam ter essa soberania para decidir o que é melhor para os seus corpos, que, aliás, não deveria nem ser algo estabelecido por lei.

Para não ser estabelecido por lei, teria que ter um programa e um planejamento de parto. Teríamos que ter, neste País, um pré-natal feito cada vez melhor, aprimorado. As mulheres têm direito a sete consultas durante a gestação? Tem direito a sete consultas durante a gestação. Mas qual é a qualidade disso? Quando a deputada que me antecedeu disse que a mulher é informada... por favor. Por favor! Não há a informação necessária durante esse período.

Para ter a informação necessária ela precisa ter um trabalho intersetorial, de profissionais oriundos dos mais diferentes setores, como médicos, obstetras, ginecologistas, psicólogos, assistentes sociais. Isso a rede pública tinha que ter. Os recursos, muitas vezes despendidos em outras áreas, tinham que ser despendidos para isso, para planejar o pré-natal, para que, a hora em que as mulheres chegassem ao momento do parto, que a parturiente - porque há uma diferença entre gestante e parturiente - ela pudesse escolher com soberania aquilo que ela quer. Agora, oferece-se a ela o seguinte: bota lá uma placa e, na hora do parto, que ela está fragilizada, que ela está vulnerabilizada, que ela está com dor, que ela está sofrendo... É claro que ela vai virar e falar: “Pelo amor de Deus, me faz uma cesárea, senão eu vou morrer”. Eu não tenho dúvidas sobre isso. Eu não tenho dúvida.

Agora, o que preconiza o órgão maior de Saúde do mundo, que é a Organização Mundial de Saúde? Eu quero saber os dados claros aqui. A Organização Mundial de Saúde preconiza o seguinte: não pode haver mais de 10 a 15% de parto cesárea. Essa é a recomendação da OMS, e os países desenvolvidos também seguem essa cartilha, como a Inglaterra. Ou vai me dizer que a Inglaterra, o Reino Unido, não é um país desenvolvido?

Eles só realizam 20% de cesárea e usam uma analgesia durante o processo do parto normal. Essa é uma discussão que, muito certamente, nós deveríamos estar fazendo aqui, de utilizarmos uma analgesia. Lá eles usam - eu até anotei aqui, porque o nome é um pouco complexo - óxido nitroso para a mulher não sentir dor durante o momento do parto vaginal.

Se não fosse o óxido nitroso, nós deveríamos estar aqui, lutando para colocar médicos anestesistas na rede pública de Saúde com plantões de 24 horas, durante sábados, domingos e feriados, para poder atender e fazer a analgesia para a mulher. Por que eles falam do óxido nitroso? Porque passa menos anestésico para a corrente sanguínea e, por consequência, para o bebê.

Na anestesia tradicional, é maior a quantidade de anestésico que passa pela corrente sanguínea. Nós fizemos uma discussão aqui nesta Casa, várias audiências públicas, de alta qualidade. Dizer contra isso é negar o óbvio, de quem participou, de algumas deputadas que estiveram lá.

Nós trouxemos aqui a Dra. Tânia Lago, professora da Faculdade da Santa Casa. Já foi coordenadora de programa de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde. Nós trouxemos a Dra. Rossana, presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo.

Ontem, ainda fomos à Maternidade Leonor de Barros. Conversamos com profissionais lá para podermos nos certificar da defesa que nós estamos fazendo em relação à saúde da mulher e à saúde do bebê; não é contra o projeto da deputada Janaina. O projeto até propôs uma discussão interessante aqui, na Casa. Não se trata de ser contra, trata-se, sim, de poder trazer uma luz a este debate que, infelizmente, não foi possível fazê-lo.

Infelizmente, o projeto chegou e foi refratário a qualquer tipo de mudança, a qualquer tipo de alteração, a qualquer emenda que pudesse modificar um pouco mais o projeto e atender aos reclamos que foram feitos por essas profissionais, como a Dra. Karina Calife, que também é outra especialista nesta área, como a Dra. Dafne, que nós trouxemos lá da UNB - Universidade de Brasília, e que também já foi responsável por programas desse tipo junto ao Ministério da Saúde.

Conversamos com o pessoal do Sindicato dos Médicos. Estiveram aqui o Conselho Regional de Psicologia, o Sindicato de Psicologia, as doulas, as obstetras, o Coren - Conselho Regional de Enfermagem. Quer dizer, todo esse pessoal está errado? Todo mundo está errado? Já são 43% de cesárea que fazem na rede pública de Saúde e 88% na rede privada.

Agora, querer levar o debate para dizer o seguinte: “Não, na rede privada, você pode optar; na rede pública, você não pode optar”. Ora, aí não é um debate bacana, aí não é um debate legal, porque não é por aí que se faz o debate. O que nós queremos é prover a rede pública de Saúde de toda a instrumentação, de todas as condições, de toda a estrutura e os profissionais capacitados para poder acompanhar a mulher durante os nove meses de gravidez e o momento do nascimento e do parto.

É isso que nós queremos, essa é a nossa luta. E não é uma luta que eu faço hoje, não.

É uma luta que eu faço desde quando eu estou formada em Psicologia, quando eu comecei a desenvolver cursos para gestantes, estimulando o parto normal e estimulando o aleitamento materno. Até porque o parto vaginal - isso eu vi muito pouca gente dizer - estimula o aleitamento materno, que é considerado o melhor alimento do mundo. O colostro, que é o primeiro leite que sai da mulher para alimentar a criança e que dá ao bebê todos os anticorpos necessários para que ele mantenha a sua saúde.

Isso eu não vi e todos sabem que a cesariana dá mais dificuldade, porque a mulher está anestesiada; porque ela demora mais para poder colocar o bebê para poder fazer as primeiras sucções. Essa é a grande realidade. Isso também precisa ser dito. Eu não estou pregando contra a cesariana e que isso fique muito claro.

Que depois não saiam em redes sociais dizendo que nós pregamos contra, que nós somos a favor de mulher rica. Vamos parar com esse discurso vazio, esse discurso rasteiro. Nós somos a favor das mulheres simples, que não têm recurso, que dependem da rede pública e da rede básica de saúde. Somos a favor da vida também, que isso também fique muito claro.

A cesárea é um importante instrumento, foi um avanço fantástico na Medicina, claro. A deputada que me antecedeu estava contando um caso de uma criança que teve dificuldade de nascer. Claro, mas usa cesárea neste momento. Tem que usar a cesárea, tem que prevalecer o bom senso.

Está com dificuldade de nascer, a criança está numa posição difícil, tem uma cabeça maior, enfim, é preciso usar a cesárea. Para isso existe a cesárea, para isso houve redução também na morte materna e na morte de bebê. Agora, os números demonstram isso, que o parto cesárea, infelizmente...

Ledo engano em achar que através da cesariana você reduz, por exemplo, os casos de paralisia cerebral. Hoje, no meu gabinete, eu recebi um casal que ela queria parto normal, que eles não tiveram paciência. Ela teve que ter a cesárea e ela e o marido trouxeram o filho com paralisia cerebral.

Então, a paralisia cerebral, infelizmente, ocorre na cesárea e os números mostram que é maior na cesárea do que no parto normal. Esse é um debate também que precisa ser feito. Esse processo foi importante, Janaina, porque todos aprendemos também. Nós fizemos muitos debates, eu também aprendi.

Por exemplo, eu não sabia de algo que eu vou revelar, que quando você faz a primeira cesárea, você tem uma cicatriz. Se você fizer essa segunda cesárea - eu também escrevi porque são nomes muito científicos e eu não sou médica, sou psicóloga de formação - você pode ter um acretismo placentário. O que significa esse acretismo placentário?

Pode ser um sangramento muito grande e pode aumentar em 50% as chances de morte de mulheres na hora do parto. Isso quem me disse foram médicos, não saiu da minha cabeça. Por quê? Porque quando você faz a cesárea, você tem a cicatriz. Quando você vai fazer outra, você já tem aquela cicatriz da primeira que você fez.

Tem todas essas questões que precisariam ser ponderadas. Não se trata de nós querermos sobrepor um partido sobre o outro e desde o início eu deixei isso muito claro. Eu não estou nesta tribuna por causa do partido A, do partido B, do partido C. Eu estou nesta tribuna porque acredito nisso que eu estou defendendo. São convicções pessoais também.

São convicções de quem acredita que através da rede de saúde pública a gente pode conseguir tratar a mulher com respeito e com a dignidade que vocês também estão pregando. Que a mulher precisa ter liberdade de escolha, precisa mesmo. Mas ela precisa ser preparada; mas ela precisa ser informada; mas ela precisa ser tratada com respeito.

Ela não pode ser submetida à violência obstétrica. E isso é tão verdadeiro que esses dias atrás o Ministério da Saúde tinha retirado o termo “violência obstétrica” e teve tantos protestos que eles tiveram que devolver o termo “violência obstétrica”, porque eles sabem que através da violência obstétrica, infelizmente, nós temos muitas mortes de parturientes e de bebês por conta disso. Por conta de ouvir frases do tipo: “A hora que foi para fazer você gostou, né? Mas agora que está para nascer, você não quer sentir dor.”

Ou ninguém nunca ouviu falar disso aqui? Claro que ouviu, claro que ouviu. Porque é assim, infelizmente, que as mulheres mais pobres são tratadas. Há falta de estrutura nas maternidades, sabem por quê? Porque tem misoginia nisso também. Porque, as mulheres, é como se elas fossem feitas para parir, e têm que parir do jeito que Deus quer. Não pode e não precisa ter uma maternidade com todas as condições estruturais. É essa a briga nossa, é essa a nossa luta, e não vamos desistir disso.

Muito pelo contrário. Se esse projeto for aprovado, e certamente será. Porque é muito difícil nós termos votos suficientes para poder derrotá-lo; isso faz parte da democracia e não fico nem um pouco abalada em relação a isso, a gente perde e a gente ganha na vida. Se ele for aprovado a nossa luta vai continuar. Nós vamos trabalhar para poder implementar outras políticas que possam, de fato, ir ao encontro daquilo que consideramos que seja mais adequado para a saúde da mulher e o seu bebê.

Então, essas questões, o deputado Campos Machado, que fez uma exposição importante aqui, até como homem, fiquei surpresa de V. Exa. citar profissionais muito capacitados, que trabalham com essa realidade, que conhecem dessa realidade. E trouxe aqui também informações relevantes. Então, isso vai ficar claro.

A nossa bancada, certamente, a bancada do Partido dos Trabalhadores vai se posicionar contrária, como fizemos desde o início. Mas nunca fechamos a porta. Nos colocamos contra, mas sempre abertos para o diálogo. Nos colocamos contra, mas sempre abertos para as audiências públicas, para debater de uma forma grandiosa, de uma forma competente, com aqueles que conhecem efetivamente sobre esse assunto. Trouxemos essa luz para esse debate. Infelizmente, certamente nós não vamos conseguir atingir os nossos objetivos. Mas fica aqui o nosso compromisso com as mulheres, de continuidade na luta pela sua saúde e pela sua autonomia.

Muito obrigada, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr. Presidente. Pela ordem. 

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Chamando o próximo orador inscrito, o deputado Barros Munhoz, com a anuência... Com a palavra, o deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu não entendi. Vossa Excelência... 

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra, o deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA QUESTÃO DE ORDEM -  Não, não. Vossa Excelência vai condicionar a palavra para mim à anuência do meu irmão Barros Munhoz? É isso que você quis dizer?

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra, o deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - O senhor não entendeu a minha Questão de Ordem, presidente. Indago de V. Exa. se a minha palavra está condicionada à anuência do meu irmão, o deputado Barros Munhoz.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Não está, deputado. Com a palavra, o deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - É muito simples. Eu só queria que a Mesa informasse quanto tempo nós já temos discutido, qual é o tempo que falta, e indagar, de V. Exa., se nós teremos outra sessão extraordinária hoje, se já foi convocada, e quais são os projetos.

 

O SR. WELLINGTON MOURA - PRB - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Responderei oportunamente. Com a palavra, o deputado. 

 

O SR. WELLINGTON MOURA - PRB - PARA COMUNICAÇÃO - Com a anuência do orador, Barros Munhoz. Obrigado.

Só quero deixar comunicado a todos os deputados que estão aqui presentes que o projeto da deputada Leci Brandão, o 687 de 2019, houve um acordo, antes do recesso, em que conversei com ela, até no Congresso de Comissões, que nós iríamos suprimir dois artigos. Esse acordo, infelizmente, um assessor disse que não há mais acordo depois do recesso em relação a esses dois artigos.

Então quero deixar comunicado: se houver quebra de acordo por causa de um assessor, vou obstruir o projeto da deputada Leci Brandão se o acordo não for cumprido. Estou deixando registrado para todos os deputados porque acho que acordo -o deputado Teonilio Barba está lutando para tentar convencer a gente - tem que ser cumprido. Então quero deixar registrado.

Sei que a deputada Leci Brandão não está aqui presente. Eu gostaria que ela estivesse, para eu poder falar com ela. Infelizmente ela está incomunicável. Mas quero deixar registrado que vou, como deputado, fazer tudo o que eu puder fazer, em todos os artigos, para obstruir. Diante disso, de quebra de acordo, eu irei fazer.  

Então já estou deixando registrado antes de entrar a segunda extra, na qual o projeto dela está acordado. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Sr. Presidente, com a anuência do orador.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra, o deputado Barros Munhoz. Com a anuência do deputado, Teonilio Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Obrigado, deputado Barros, sempre gentil. É só para fazer um esclarecimento, deputado Wellington Moura. Vamos deixar claro: ontem, houve um congresso de comissões. E, nesse congresso de comissões, foi aprovado o substitutivo da deputada Leci. E o projeto da deputada Leci foi aprovado lá ontem, no congresso de comissões. Então, era hora de o deputado fazer oposição lá e não fez. Então, o que nós estamos solicitando é que o deputado Wellington Moura não faça isso, porque se não vira uma bela duma farra aqui.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente. Com anuência do deputado Barros Munhoz, queria fazer só uma comunicação, muito rapidamente.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - Tem anuência.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Deputado, queremos dar como última palavra. Temos um orador no plenário.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Eu gostaria de fazer um apelo ao deputado Wellington Moura, para que ele retire esse processo de obstrução que ele está ameaçando fazer, até porque a deputada Leci Brandão já foi prejudicada no semestre passado. Inclusive, numa votação em que ela teve uma atitude de grandeza, de nobreza, retirando a proposta dela, para que o processo caminhasse aqui.

Então, eu gostaria que V. Exa., deputado Wellington Moura, abrisse mão dessa possível obstrução. O projeto da deputada Leci Brandão é um projeto importante, que já tramitou, já foi aprovado, inclusive, como disse o deputado Barba, no congresso de comissões. Então, não há sentido que o projeto seja, mais uma vez, obstruído aqui no plenário. Então, fica o apelo, aqui, da nossa bancada, da bancada do PT e de outras bancadas também, para que V. Exa. tenha, também, uma atitude de nobreza em relação ao projeto da deputada Leci Brandão.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Com a anuência do orador.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra, a deputada Beth Sahão. Quero dizer que temos um orador na tribuna. E seria a última palavra, porque nós temos o tempo...

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Apenas para esclarecer: ontem, eu participei do congresso de comissões. O que foi analisado no projeto da deputada Leci foi uma emenda que foi apresentada em plenário, para poder retirar o projeto de votação. A emenda, ontem, foi rejeitada. Há um acordo da deputada Leci com o próprio Governo, aqui, com a liderança do Governo, para aprovar esse projeto.

Se o deputado Wellington Moura for fazer todas as obstruções, então nós vamos ter que fazer obstrução de tudo também, porque espera um pouco... Aqui, não tem acordo? Eu saí... (Fala fora do microfone). Para aprovar... Ah, só para pautar? Nem o dela nem o de ninguém? Só pauta... Então, nós podemos obstruir também todos os demais projetos.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Para concluir, deputada. Este assunto está na segunda extra.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Nós vamos obstruir todos os demais projetos, deputado Carlão. Porque nós podemos não obstruir; nós podemos vir aqui votar contra. Mas nós podemos não obstruir. Mas daqui para a frente... Até porque a deputada Leci não está presente. Vocês sabem que ela passou por um momento difícil: além de problemas de saúde, teve a perda da mãe. Ela não está presente, portanto. Então, fica claro que a nossa bancada vai se posicionar...

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Para concluir, deputada. É um assunto para a segunda extra.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Pela obstrução. Não é pelo voto contrário.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, com a anuência do orador.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - Tem a minha anuência.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - A última fala.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Se o orador consente... Qual artigo...

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Com a palavra, o deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Não, V. Exa. não me respondeu. Qual é o artigo do Regimento que impede um orador...

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL - Não está contando o tempo dele.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente... Eu olho aqui o plenário e não vejo aquela figura da deputada Leci Brandão. Não vejo. Procurei, cadeira por cadeira, fila por fila, e não encontrei a deputada Leci Brandão. Como é que é possível que se tome uma decisão sem a presença da deputada aqui? Não é justo. Me desculpe, deputado Wellington Moura ou deputado Carlão Pignatari, que já disse que vai aprovar. Eu não estou perguntando se vai aprovar ou não vai aprovar. Como diz, não tem acordo. Quer dizer que o governo não vai apoiar o projeto da deputada Janaina? (Ininteligível.)

O que estou indagando: será que nós somos insensíveis a ponto de não respeitar a ausência da deputada Leci Brandão? Será que isso é correto? A deputada Leci Brandão tem razão. Ela perdeu a mãezinha dela que também chamava Dona Leci. Ela sofre o drama de quem perdeu a mãe. Ela está cuidando do que agora? Das questões pequenas patrimoniais que a mãezinha dela deixou. E nós vamos tomar uma decisão aqui, deputado Carlão Pignatari?

Quero dizer a V. Exa. Que, voltando ao Colégio de Líderes na próxima terça-feira, não tem mais acordo para fazer o que aconteceu ontem aqui. Votaram todos os projetos do governo. E daí? Não tem mais... eu não sou oposição. Mas também não posso concordar que caia tudo do céu aqui. Já vou avisar a V. Exa. que aquilo que eu entender que é bom para o Estado eu vou votar, o que não for, nós vamos discutir.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pela ordem, Sr. Presidente.   

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - PSL -  Com a palavra o deputado Carlão Pignatari.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB – PARA COMUNICAÇÃO - Presidente Tenente Nascimento, o que está acontecendo aqui nada mais é do que a obstrução ao projeto da deputada Janaina Paschoal. Toda hora que vem um comunicado é uma obstrução que está sendo feita.

O deputado Campos Machado, com todo o conhecimento que ele tem do Regimento desta Casa, ele obstrui, o que tem o direito constitucional de fazer. Não dou nenhuma desculpa. Eu acho o seguinte: se for o caso, vamos retirar o projeto da deputada Leci Brandão, então, e vamos votar no dia em que ela estiver aqui, o que eu acho justo. Eu não acho justo é fazer isso quando ela não estiver aqui.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

Segunda coisa: o deputado Campos Machado está dizendo que não vai haver nenhum consenso mais com os projetos do governo. Desde o dia 1º de fevereiro não houve nenhum consenso de V. Exa. com nenhum projeto do governo. Então, aqui nós não temos nenhum problema de votar. Todos os projetos que foram aprovados foram com obstrução do nobre deputado, que é um direito que o senhor tem. É um direito que o senhor tem. Não estou dizendo nada diferente disso. Apenas isso, Sr. Presidente. Essa comunicação nada mais é do que obstrução do Partido dos Trabalhadores, assim como do deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra o deputado Barros Munhoz.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, prezados colaboradores da Assembleia, prezados assistentes aqui que nos honram com as suas presenças, telespectador da TV Alesp, eu confesso que me vi tomado por uma dúvida quase que irremovível em relação a esse projeto. Procurei me informar de todas as maneiras sob a ótica da medicina, sob o  aspecto do conhecimento da medicina. Consultei médicos, consultei minha esposa, consultei minha filha, consultei meus filhos. Aliás, eu tenho três filhos que nasceram de cesariana e tenho uma filha que fez questão de ter os seus dois filhos em parto normal. E eu quero aqui fazer um comentário: eu tenho militado bastante na Saúde pública. Eu fui um prefeito, em 1977, que elegi como prioridade máxima, na minha cidade, a Saúde pública. Durante 40 anos a aspiração da cidade era ter um Pronto Socorro. E Serviço de Saúde Municipal não existia; nós criamos um Serviço de Saúde Municipal.

O Serviço de Saúde do município se resumia a um funcionário - já disse isso aqui - que atendia o telefone e destinava a ambulância para levar o paciente para a Santa Casa ou para levar o paciente para outra cidade. Hoje, a minha cidade tem um dos mais exemplares serviços de Saúde do Brasil. Tem cerca de 800 funcionários. Tem uma rede de atenção primária, tem uma rede de fisioterapia, tem uma rede de odontologia, tem uma rede de psicologia e tem um hospital municipal que nada fica a dever aos melhores hospitais particulares de São Paulo. E tem um serviço de exames laboratoriais quase que perfeito. De 1977 para cá, em 42 anos tivemos um caso de um exame mal feito, de exame errado dentre milhões e milhões de exames feitos.

Estou dizendo isso para dizer que acompanho, aliás, eu tenho visto no “Bom Dia Brasil”, que eu consigo assistir, o “Bom Dia São Paulo” não dá, o “Hora Um” também está chato demais, Nossa Senhora, mas daí eu assisto ao da Bandeirantes, da manhã também, que eu acho até que está ficando melhor que o da Globo. Assisto ao jornal da hora do almoço, assisto ao jornal da tarde, ao jornal da noite. É impressionante.

Eu não sei se alguém viu as filas que se fizeram nas portas do Hospital de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Aquilo é o retrato da situação da Saúde no Brasil, minha gente. É um escândalo, é um escárnio, é o máximo da ofensa que se pode praticar contra o ser humano. As mulheres chegando ao meio-dia de domingo para serem atendidas a partir das sete horas da manhã de segunda-feira. E uma senhorinha dizendo: “Quem chega às três horas da manhã já não vai ter vez”. Às três da madrugada, um frio de oito graus, mães com criancinhas pequenininhas, de meses de vida. Essa é a trágica situação da Saúde no Brasil. 

Agora, lutando pela Saúde pública, batalhando pela Saúde pública, em todos os cargos que ocupei, em todos os momentos que eu vivi. Aliás, encontrei grandes parceiros. Um foi o Dr. Ogari de Castro Pacheco.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Barros, só pedir um minuto para Vossa Excelência. Pedir para que a discussão do grupo que está aqui na frente sobre o projeto que não está em discussão neste momento possa ser feita em outro ambiente, para não atrapalhar a fala de Vossa Excelência. Eu acho que é importante a fala do deputado Barros Munhoz. A gente precisa preservar a fala dele.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - Em todas as atividades, eu estava dizendo do Dr. Ogari de Castro Pacheco. A deputada Valeria Bolsonaro estava lá, o deputado Gil também, e, enfim, assistiu à inauguração. O homem é, eu o chamo, até disse ao presidente Bolsonaro que esse era o nosso Bill Gates. Ele é um gênio. 

Começou, querida deputada Janaina, eles compraram uma clínica psiquiátrica, quatro médicos, e começaram a atender os pacientes e ele entendeu que se gastava muito em compra de medicamentos. Pegou uma maquininha manual. Com dois funcionários, ele começou. Hoje ele criou um complexo de indústria farmacêutica impressionante.

Ontem foi inaugurada uma planta para produzir insumos para a indústria fármaco oncológica. O Brasil importa 90% da matéria-prima para remédio contra o câncer. O Cristália vai fabricar esses remédios com matéria-prima produzida no próprio, lá em Itapira, lá na minha querida terra.

Esse homem é um gênio. O que já produziu! É triste que a gente veja tudo isso sendo desprezado. Oitenta e quatro por cento da matéria-prima de remédio no Brasil era importada. Agora chegou a 90 por cento. O laboratório Cristália, de Itapira, importa só 50%, o resto produz.

Então eu vejo coisas seriíssimas, como esse tipo, de um homem que é muito mais do que o Bill Gates, porque... Bom, Bill Gates também é um cidadão que faz muita filantropia, mas o Pacheco faz tudo isso. Ele foi uma dádiva de Deus para a nossa cidade, para o nosso estado e para o nosso País. Agora ele foi para Tocantins. 

Muito bem, a par de tudo isso está aqui, o nosso Gil, que esteve lá, nos honrou com a sua presença - não é, Gil? - e testemunhou uma coisa que dá orgulho da gente ser brasileiro. Não é verdade, Gil? Não é verdade? Então, a par de tudo isso, meu caro Ed Thomas, eu não consigo entender quando a discussão é médica. Um defende uma coisa, outro defende outra. Só de regime de emagrecer eu já ouvi umas 300 alternativas conflitantes e não achei nenhuma ainda que funcionasse. É porque eu quero uma que funcione podendo beber. 

Então, meus companheiros, eu quero falar uma coisa que, aparentemente, é jocosa, mas é muito séria. Eu optei por uma opinião jurídica. Diante do conflito que existe, uma coisa é certa. Eu conheço tanta coisa que era boa no passado, por exemplo, não comer manga verde e tomar leite. Isso era crime: "Isso é coisa ruim". Hoje, todo mundo chupa manga verde e toma leite, e agora se diz que é saudável.

E, você pega, vamos dizer uma coisa que eu uso muito também, que é, como é que chama o substituto do açúcar? O adoçante, mas líquido, eu uso líquido. Uma hora dá câncer. Outra hora, não, é saudável.

O próprio açúcar, o próprio isso, o próprio aquilo. Então, eu vou me louvar por uma coisa: está se obrigando alguém a fazer alguma coisa com esse projeto de lei? Não. Então, fim de papo.

Meu Deus do céu, nós estamos discutindo aqui o sexo dos anjos. Mas, como? Atribui-se um direito, pura e simplesmente. Não se obriga ninguém a fazer nada, eu seria contrário. "Não, é obrigado a fazer cesariana." Aí, eu seria contrário.

Mas, está claríssimo aqui. E, dá-se, sim, respeito à opinião médica. Se o médico achar que deve fazer, ele atesta. Ele atesta que não deve fazer. Ele atesta, ele diz por que, "está esclarecido aqui, olha".

Na eventualidade da opção da parturiente pela cesariana não ser observada, poderá o médico registrar a razão. Ele vai dizer, "não, eu acho que tinha que fazer e fiz".

Sinceramente, minha gente, eu não sei, não vejo nada disso. E, isso que nos Estados Unidos o número de cesárea é maior, o Brasil é o segundo colocado no mundo, e não sei o que, e não sei o que, e não sei o que, e nós somos o primeiro em muitas coisas ruins.

Não é isso que justifica. O que justifica é o respeito ao direito da pessoa, como não? Como não? E vejo, olha, minha gente, eu cuido lá do Hospital Municipal de Itapira. Eu cuido dos PPAs, que são os postos de pronto atendimento, eu cuido de todo o serviço municipal: é duro, viu. Se a gente for contar o que acontece com isso... Se a gente fosse contar como é difícil comandar médicos... Como é difícil... Ou, fazer médico assinar ponto. E fazer médico cumprir ponto, então. Nossa senhora.

Então, sabe, eu acho que não é opinião médica, que a opinião médica só me levou à dúvida, só me levou à dúvida. Eu estava em dúvida, quanto mais eu ouvi, mais dúvida eu tive.

Então, vou me basear, e, olha, digo isso, sinceramente, eu não sei se o governo está a favor ou contra, não sei se a minha bancada, o PSB, está a favor ou contra, né, Ed? Alguns estão a favor, outros, talvez, estejam contra. Não sei. Eu não sei.

Eu consultei a minha consciência. Consultei os parcos conhecimentos jurídicos que eu aprendi na gloriosa Faculdade de Direito do Largo São Francisco e na prática constante da advocacia.

E, cheguei à conclusão de que isto é algo juridicamente perfeito, respeita o direito de cada um de decidir o seu destino, a sua vida, o nascimento do seu filho ou da sua filha, que o algo mais nobre que pode existir na vida de uma pessoa.

Então, eu também quero dizer que decidi pelo conhecimento, e em respeito à deputada Janaina. Ela não chegou aqui sem história. Ela tem uma história. E a história que a trouxe aqui merece todo o meu respeito.

E, não só essa história, mas a história que ela está construindo aqui também. E eu sei que jamais ela faria esse tipo de barganha: vota nisso que eu voto naquilo. Tenho absoluta certeza disso.

A deputada Janaina está muito acima disso. Vou votar com a consciência tranquila a favor do Projeto 435.

 

A SRA. LETICIA AGUIAR - PSL - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputada Leticia.

 

A SRA. LETICIA AGUIAR - PSL - Uma breve comunicação, por favor.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes de passar a comunicação a V. Exa., já convido o deputado Barba para falar contra o projeto. Só lembrando a todos os deputados que nós temos aí um acordo firmado de horas dadas do projeto e que o deputado Barba, pelo acordo, teria 10 minutos para utilizar sua fala. Está certo? Então, é claro que isso depende do próprio deputado, mas o acordo firmado são 10 minutos.

Para uma comunicação, deputada Leticia.

 

A SRA. LETICIA AGUIAR - PSL - PARA COMUNICAÇÃO - Obrigada, presidente.

À respeito do projeto que está sendo discutido, o Projeto 435/2019, que é um projeto que visa preservar vidas, o direito à gestante, à mulher poder ter o direito dela respeitado pela escolha do parto, se parto normal ou cesariana.

Estou aqui com algumas notícias que são bastante estarrecedoras, de casos que aconteceram, casos reais de mães que perderam seus bebês, ou bebês que ficaram com sequelas graves, lesões cerebrais, pelo sofrimento fetal que tiveram durante horas, e até dias, que existe esse forçamento do parto normal, ao invés da cesárea, em alguns casos, dentro do SUS.

Então, eu trouxe aos senhores aqui. Acho que é importante comovê-los, porque a situação é grave e realmente mulheres morrem, crianças morrem, ou ficam com sequelas gravíssimas para o resto da vida. Tem uma notícia aqui, olha; “Bebê morre após gestante esperar três dias por parto em hospital. O hospital induziu ao parto normal e a cabeça da menina precisou ser cortada.” Outro caso aqui: “Outra mãe denuncia parto forçado e morte de bebê na maternidade na Grande São Paulo.”

São diversos, inúmeros casos. Aqui estou, trazendo alguns exemplos aos senhores. “Adolescente de 15 anos morre após esperar 17 horas por parto.” Então, são casos que estão acontecendo. Em São José dos Campos, agora, em julho, aconteceu: “Casal dá queixa de hospital pela morte da filha durante o parto.” Morreu durante o trabalho de parto e estão indiciando o hospital por negligência médica por forçar que seja parto normal.

Oras, nós precisamos que o direito da gestante pela escolha seja respeitado. É isso que se pede aqui nesse projeto da Dra. Janaina Paschoal, que tem o meu apoio como mulher, parlamentar, e mãe que sou, como cidadã, e muito me estranha, causa-me estranheza as mulheres, algumas mulheres serem contra esse importante projeto que visa à escolha da mulher e, claro, à preservação da vida.

Parabéns, Dra. Janaina Paschoal. Tem o meu completo e irrestrito apoio!

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a anuência do orador, uma questão de ordem ao deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Eu queria saber quem é que fez esse acordo de uma hora e trinta. Eu não fiz. Onde está a participação das lideranças do PTB que foi feito esse acordo? E ninguém tem autorização para falar em nome da bancada, ninguém a não ser eu. Quem fez esse acordo? Quem resolveu dar esse tempo?

Presidente, eu não estava aqui. É como a deputada Leci Brandão. Olhe o que está acontecendo, hoje, aqui neste plenário. Não tem o menor respeito com ela? Ela não pode se defender. Ela não está aqui no plenário. Ou como diz o deputado Barros Munhoz, que não tem nenhum acordo, vota no meu que eu voto no seu. Isso é muito bonito no Natal. No Natal é maravilhoso a gente conversar esse assunto. Eu vou ter que usar a tribuna para tratar desse assunto.

Mas, Sr. Presidente, eu não fiz esse acordo. Agora, eu pergunto: eu vou ter que engolir esse acordo que não participei? Essa indagação que deixo à Vossa Excelência.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado, antes de passar a palavra ao deputado Barba, se tem uma pessoa que seja guardião dos usos e costumes da Casa, chama-se deputado Campos Machado. Sempre tivemos, aqui na Casa, o bom senso do andamento dos trabalhos onde os acordos são firmados por todas as lideranças presentes em plenário, 100% delas.

Esse projeto, especificamente, que é um projeto polêmico, têm os dois lados discutindo e colocando suas posições, observações. Foi um projeto que foi costurado por todos aqueles que estavam presentes, inclusive, esta indagação este presidente fez, não foi outro, fui eu mesmo que fiz para todos no plenário, tenho gravado isso, foi gravado, registrado, questionado para todos os líderes, foi dado esse acordo firmado. Por isso, inclusive, já tem, inclusive, anuência do deputado Barba, que participou desse acordo, e de todos os outros líderes, para a gente conseguir otimizar o trabalho.

Então, diante disso eu faço um apelo a V. Exa., pelos usos e costumes da Casa, que V. Exa., assim como todos os líderes que não estavam no plenário naqueles momentos, que cumpram exatamente aquilo, porque, se a gente conseguir... E é um direito de V. Exa., V. Exa. não tem obrigação nenhuma, como líder do PTB, não estando no plenário, de anuir com este acordo aqui. O nosso regimento, inclusive, é claro em relação a isso, mas eu acho que desta maneira, com certeza, gerará uma consequência futura, em possíveis outros acordos.

Então faço este apelo a V. Exa., como um bom guardião dos usos e costumes da  Assembleia Legislativa do nosso estado de São Paulo, decano nosso aqui da Assembleia Legislativa, que acolha os acordos firmados por todas as lideranças que estavam presentes no plenário, ressaltando, V. Exa. não estava e não tem essa obrigação. Perfeito?

Passo a palavra ao deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -  Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, desde o primeiro dia que esse projeto entrou, eu fui o segundo orador a discutir esse projeto, quando estávamos discutindo a urgência do projeto, uma coisa acho que até inédita aqui. Não sei se houve outro projeto nesta Casa. Pelo menos, na legislatura que terminou não houve nenhum momento que a gente discutisse a urgência de um projeto, mas eu deixei muito claro no Colégio de Líderes que obstruiria esse projeto desde a urgência.

Então, a primeira oradora foi a deputada Marina Helou, o segundo orador fui eu. Eu tratei esse projeto do ponto de vista da Saúde Pública, porque é um problema gravíssimo, gravíssimo. Eu fui uma pessoa meio que privilegiada neste País. Trabalhei  em uma fábrica importante, onde tinha um grande convênio médico. Então, a minha companheira fazia um pré-natal que poucos lugares conseguem fazer. Então, tinha toda a orientação médica.

A Saúde Pública no Brasil não é assim, e olha que o SUS é um dos melhores programas de Saúde Pública do mundo. Poucos países do mundo têm essa condição, mas não sei se dá conta de resolver e de assistir e de abrir que também seja voluntário, que a mulher tenha o direito à escolha lá no SUS, porque na Saúde privada pode ter a chamada saúde suplementar, onde os planos médicos ganham muito dinheiro.

Para vocês que nos acompanham em casa, e que não têm um convênio médico, que não têm um plano médico, e que nunca cuidaram de uma gestão de um plano médico... Eu falo isso porque eu cuidei, deputada Erica Malunguinho, da gestão do Sindicato dos Metalúrgicos ABC, mas eu tinha dois planos médicos, um para quem podia pagar um plano melhor e outro para quem podia pagar um plano inferior.

Qualquer plano, independente de ser melhor ou pior, tem uma coisa chamada... O plano para cobrir a receita é 70 por cento. O gasto da apólice de seguro de um plano, você só pode gastar 70 por cento. Gastou mais do que 70%, vira sinistro. Vira sinistro, o plano cobra e os associados, os conveniados, quem está no plano, têm que cobrir, mas essa turma que participa disso tem condições, e acaba cobrindo o sinistro.

Quando vem o reajuste da ANS, Agência Nacional da Saúde, vem lá assim. A inflação, o INPC do ano, mais custos médicos hospitalares, vai dar em torno de dez por cento. Repassa aquilo, e o consumidor vai pagando. Essa não é realidade do SUS. O SUS, do ponto de vista do pronto-atendimento, é melhor do que o atendimento do setor privado. Se eu sair daqui e for atropelado aqui na Pedro Álvares Cabral, eu primeiro vou ser atendido em um hospital público, ou em uma UBS, ou em uma UPA. É quem vai me atender.

Mas, quando passa do ponto de vista do tratamento seletivo, do tratamento complexo, o SUS não dá conta. Qual é a grande reclamação que se tem no SUS hoje? São os exames de alta complexidade, que não conseguem marcar, demora sete meses, oito meses, um ano, e as consultas eletivas com os especialistas. O que é um pré-natal de uma mulher que depende do SUS? Como é que ela leva isso até o final? Então, por esse motivo que nós debatemos esse projeto desde o seu início.

Dito isso, eu quero passar algum outro ponto. Qual é o ponto? Primeiro, quero parabenizar hoje - um momento raro da minha vida em que vou fazer isso - o STF. O STF, hoje, acabou de fazer uma correção à perseguição ao presidente Lula.

Causa muita estranheza. No dia 20 de agosto, o presidente Lula vai fazer 500 dias que está preso injustamente. Curitiba estava doida para receber o presidente Lula. Agora, Curitiba começa a mostrar um monte de problemas, dizendo que não dá para sustentá-lo lá. Causa estranheza, hoje, o pedido de transferência do presidente Lula para São Paulo. E causa estranheza, sem responder como é que o receberia imediatamente, o estado de São Paulo aceitando.

O presidente Lula tem todos os direitos de um chefe de estado. Não é para ele. Todos aqueles que foram chefes de estado têm um direito garantido na Constituição Brasileira. Ele tem o direito de ser tratado em uma cela especial, como está sendo tratado em Curitiba, embora seja um preso político e refém político.

Vamos dizer isso: além de preso político, ele é um refém político. Ele se tornou um refém político, senão ele ganharia as eleições. Se o TSE, no dia 11 de setembro, não tivesse tomado a decisão que tomou, o presidente Lula ganharia as eleições de dentro da cadeia.

Hoje, pela manhã, o superintendente da Polícia Federal, Luciano Flores, pede a transferência do presidente Lula. Imediatamente, a juíza executora da pena aceita. Imediatamente, São Paulo aceita.

A presidente Gleisi Hoffmann vem e dá uma declaração com a qual concordo plenamente, dizendo o seguinte: “A segurança e a vida do presidente Lula estarão em risco sob a polícia de João Doria. Sua transferência para Tremembé 2, sem prerrogativas de ex-presidente, é mais uma violência da farsa judicial a que ele foi submetido”.

Aí vem a resposta do governador João Doria à presidente Gleisi Hoffmann: “Fique tranquila. Ele será tratado como todos os outros presidiários, conforme a lei. Inclusive o seu companheiro Lula, se desejar, terá a oportunidade de fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar”.

Essa fala, essa atitude do governador João Doria... Prestem atenção ao que vou falar aqui: a atitude do governador João Doria é uma atitude canalha. Olhem o que estou dizendo, senão daqui a pouco vão sair dizendo que o chamei de canalha. Estou dizendo que a atitude do governador João Doria, quando faz esse tipo de acusação, de maneira jocosa, é uma atitude canalha.

Primeiro: talvez ele não tenha trabalhado na vida, mas o presidente Lula trabalhou, tem carteira registrada e foi preso político. E foi perseguido. Segunda coisa: a maneira como ele trata. Ele, o chefe do estado de São Paulo, tem que fazer o contrário. Ele tem que, primeiro, garantir. E eu quero ver qual é a sala, quem é a Polícia Federal, qual é, se for um CDP, quem está preparado para receber o presidente Lula conforme o julgamento do STF, por 10 a 1, garantindo que o presidente Lula não pode ser transferido até o julgamento do habeas corpus da Segunda Turma e que a ele, se for transferido, será garantido o direito de chefe de Estado Maior.

É por isso que estou parabenizando o STF. E acho essa atitude do governo João Doria leviana, canalha.

Delegado Olim, qualquer um aqui pode dizer o seguinte... Igual aos vários que vêm aqui e falam mal do presidente Lula, falam do PT. Eles têm o direito de vir falar, de dizer “Você corromperam, vocês fizeram...”. Agora, sabe, falar que o presidente Lula não trabalhou? É falta de respeito, é um tom jocoso, é um tom que ele não dá para o lado de pessoas que apareciam com ele em fotos na hora da campanha. Lideranças de moradia que não estão presas, mas que têm pedido, e as pessoas lá não aparecem, lá do Largo do Paissandú, que saíram do lado dele na foto, comemorando.

Então, o presidente Lula foi o presidente que mais produziu políticas públicas para este país. Deputada Erica Malunguinho, o presidente Lula, quando assumiu a Presidência da República, dia 1º de janeiro de 2013, no Brasil tinha três milhões de estudante no setor público e privado, e apenas 1,5% eram negros e negras. Hoje nós somos mais de oito milhões, e negros e negras são mais ou menos 19 a 20%, com os avanços das conquistas do Prouni, da política de cotas, com a sabedoria que Deus lhe deu e com a capacidade que ele tem de enxergar o papel do estado.

O presidente Lula gerou mais emprego do que esse pessoal destruiu agora em três anos. Hoje tem 12 milhões e 800 mil trabalhadores desempregados; quando a presidenta Dilma foi impeachmada do governo, o índice de desemprego no estado de São Paulo, no estado de São Paulo não, no Brasil, era menor que 6%. Hoje nós estamos em 12%.

Trabalhadores por conta própria no Brasil, pesquisem. O deputado Carlão Pignatari gosta de falar que eu falo dos números porque com os números eu consigo enganar as pessoas, mas tem uma coisa chamada IBGE, que tem os dados, os indicadores de emprego. Tem uma coisa chamada Rais, Relação Anual Indicadores Sociais, que toda empresa é obrigada a indicar quando ela contrata e quando ela demite, e tem uma coisa chamada Caged, que estava lá no extinto Ministério do Trabalho, atacado pelo presidente Jair Bolsonaro, que atacou o direito do trabalhador e extinguiu o Ministério do Trabalho para não deixar dar conta de cuidar das relações de trabalho.

Tem gente aqui neste plenário que comemorou o fim do Ministério do Trabalho. Eles podem comemorar o trabalho análogo ao trabalho escravo. Então, João Doria, você, que é o governador do estado de São Paulo, precisa ter muito respeito, mas muito respeito. Você, em todo seu tempo de vida, até hoje talvez não tenha trabalhado 10% do que o presidente Lula trabalhou por este país, por este país.

Pior, o PSDB do passado era entreguista. Eu cansei de debater isso aqui com o deputado Barros Munhoz, fazendo essa acusação ao PSDB na tribuna. Do ponto de vista das privatizações, você não é entreguista, você está vendendo todo mundo, está vendendo o estado de São Paulo para os seus amigos empresários, que é com quem você tem compromisso.

Não tem problema você fazer isso, foi sua proposta de campanha. O povo votou, te elegeu, faça a sua política, mas saiba que nós vamos combatê-la aqui desta tribuna, essa história das concessões, da extinção, da junção, da desestatização, da privatização, da venda e da entrega do patrimônio público. E a líder da bancada do PSDB, a deputada Carla Morando, que está ali me fixando com o olhar, ela fala assim: “Esse projeto é tão bonito”. Sabe por que o projeto é bonito? Porque atende só os ricos e vai excluindo cada vez mais os trabalhadores e as trabalhadoras e os mais pobres deste país de serviços, que são obrigação do estado, do município e da nação.

Portanto, governador, você estava na China quando respondeu à presidenta aqui pela sua página, mas, governador João Doria, você pode ser político de direita, de extrema-direita, ser o que quiser, mas você não tem capacidade nem moral para falar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula Livre! (Manifestação nas galerias.)

 

 O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Chamo para falar contra a nobre deputada Professora Bebel. Diante do acordo, abre mão, Professora Bebel? Só lembrando a todos os deputados, deputado Barba, que existe um acordo. Então ela abre mão diante do acordo. A deputada Marina Helou, diante do acordo abre mão. Deputada Erica. Diante do acordo, pergunto se abre mão da fala. (Pausa.) Deputado Roque Barbiere. Ausente. Deputada Monica. Diante do acordo, abre mão.

Encerrada a discussão, adito a sessão extraordinária com o Projeto de lei 435, de 2019.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Por favor, a suspensão por dois minutos para fazer o acordo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Suspensos os nossos trabalhos por dois minutos.

 

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- Suspensa às 21 horas e 10 minutos, a sessão é reaberta às 21 horas e 15 minutos, sob a Presidência do Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Aditado à segunda sessão extraordinária o Projeto de lei 435, de 2019. Coloco em votação o projeto.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Sr. Presidente, para encaminhar, eu indico a deputada Professora Bebel, pela liderança da Minoria.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Só lembrando de que a discussão e votação é do substitutivo, aprovado pelo congresso de comissões. Deputada Bebel, pode encaminhar pela liderança da Minoria.

 

O SR. GIL DINIZ - PSL - Sr. Presidente, se houver acordo de lideranças, queria pedir o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Questiono aos líderes presentes em plenário se concordam com o levantamento desta sessão extraordinária. (Pausa.) O deputado Campos Machado não concorda com o levantamento. Diante da não concordância de um líder, passo a palavra à deputada Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, Mesa Diretora dos trabalhos, assessoria sentada ao lado esquerdo, que está sentada ao lado direito, público presente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados.

Também cumprimento todos que nos assistem através da TV Alesp. Eu estou nesta tribuna para encaminhar contrariamente ao PL 435, de autoria da deputada Janaina Paschoal. Eu acredito que vários oradores, tanto aqueles que foram favoráveis, como também contrários, colocaram seus pontos de vista, e eu me coloco contrariamente por uma razão fundamental.

Eu sou capaz de entender regime de urgência para fome, para atacar a miséria, para tirar criança pobre da rua, para fazer frente de emprego. Isso mereceria, meus queridos que estão presentes hoje na Alesp, regimes de urgências permanentes, diante da pobreza que assola este país. (Manifestação nas galerias.)

Dizer aqui, nesta tribuna, como eu fui obrigada a ouvir: “Um movimento de mulheres”, pessoas que eu nunca vi em movimento de mulheres, porque movimento de mulheres, deputada Erica Malunguinho, não é no abstrato, não é somente nas palavras. Movimento de mulheres é fazer o que as mulheres fazem no dia 8 de março, quando nós vamos para as ruas. Hoje, nós temos os 13 anos da Lei Maria da Penha, que faz a luta frontal contra a violência feita contra as mulheres; isso é um movimento de mulheres.

Agora, pessoas que vêm aqui e falam: “Olha, nós ouvimos as mulheres”. Quais mulheres? Aquelas que o Partido dos Trabalhadores, o PSOL e os partidos progressistas chamaram para esta Casa. Eu não vi audiência pública chamada pela relatora, por exemplo. Eu não vi. Se foi audiência pública aquele congresso de comissões... Aquilo foi uma vergonha. Eu acho uma vergonha aquilo lá, porque é um debate com tudo acordado para dizer: “Nós vamos fechar com o PL 435”. Quero dizer para vocês: não precisaria deste PL na Casa. Teve um deputado que foi médico e que fez um PL que se tornou lei, mas de uma grandeza profunda. Se alguém não leu, leia, que é do deputado Carlos Bezerra.

Até o cuidado com o uso de luvas é tratado naquele projeto de lei. Ele não é geral. Ele não é para pôr placa em hospital. Ele não se resume a dizer se é parto normal ou cesariana. Ele trata do processo de gestação da mulher até o momento em que a mulher será mãe. É desta forma que esse projeto de lei, que é do PSDB... Isso que é interessante.

Eu não tenho problema em defender projetos de lei que não são oriundos do partido que eu represento. Não tenho esse problema, mas aquele projeto de lei eu acredito que já dá conta de resolver esse problema ora colocado. Eu tenho uma preocupação maior.

O PL 435 já nasce inconstitucional, porque não prevê um tostão de recursos para investimento na Saúde Pública, no SUS, e vão ter gastos. Quando você faz a discussão da parturiente, da futura mãe ou de qualquer cidadão, para mim o estrutural é discutir a Saúde Pública.

Nós teríamos que ter mais recurso para a Saúde. A Emenda Constitucional nº 95 pós-golpe tirou muitos recursos da Saúde e das Santas Casas, que têm o maior número de partos. Se fizer um levantamento, acontecem nas Santas Casas. E por que acontecem lá? Porque a população carente vai para o SUS - Sistema Único de Saúde - em todas as cidades, em sua maioria.

Eu não quero total atenção para mim, deputado Gil, mas eu gostaria de ser respeitada na minha fala, desculpe. E não quero total atenção, sinceramente. Eu não estou falando qualquer coisa. Eu estou falando alguma coisa em que eu acredito também. Desculpe. Eu vou pedir desculpa para os senhores, mas não me contive.

Eu estava dizendo das Santas Casas. Elas absorvem mais de 80% dos usuários que são do SUS e é lá que está o maior número de mães, que é onde dão à luz. Porque as que podem pagar vão para os planos de saúde, vão para onde quiserem ir. Mas é lá e está faltando recurso. Nós, deputados, estamos sendo chamados a ajudar as Santas Casas. Eu não tenho problema com isso.

Eu acho que elas fazem um papel fundamental na Saúde Pública. Aliás, têm que ser muito fortalecidas as Santas Casas. Eu tenho simpatia pelas Santas Casas, porque acredito muito no trabalho que acontece nessas casas de saúde.

É um projeto que já nasce com um matiz inconstitucional, porque qualquer Ação Direta de Inconstitucionalidade, uma Adin, derruba essa lei que for criada, porque não prevê nada disso. É um projeto sobre se é cesariana, se é parto normal. O fundamental é saber o pré-natal, é o acompanhamento. Lá na frente, a decisão, se é cesariana, se é parto normal, vai ser decidido. Agora, de antemão, você ter um projeto de lei encaminhando essa discussão com o título de uma plaqueta “você tem direito a fazer uma cesárea”? Isso é propaganda enganosa. Queremos, de fato, Saúde pública para esse País. (Palmas.)

Não acho correto. E aqui não tem fígado. Aqui tem o entendimento que sempre tive. É uma discussão estrutural da Saúde pública no Brasil. Eu não acredito que uma advogada, por mais competente que seja, por mais que seja, possa entender tanto de leis e Saúde ao ponto de propor um projeto de tanta importância quanto esse, na minha opinião, a estimular a cesariana. É isso.

A empresa, na verdade, vai levar a questão dos médicos terem o seu jeito de cobrança. Porque uma coisa é o parto normal. Outra coisa é o que vai se gastar com anestesista, com médicos, e com tudo o mais. Isso é o que está por detrás. Isso precisa vir à tona, e ninguém precisa ter medo de dizer isso. Porque, se não for, então ponha mais recursos na Saúde, na Educação. Faça isso.

Acho que esta Casa tem que parar de ficar fazendo regime de urgência para vaidade pessoal e atender uma determinada classe. Não! Esta Casa tem que ter política de estado. Política de estado é Saúde, Educação, Segurança Pública, Moradia.

É disso que os cidadãos paulistas precisam. E ninguém aqui está diminuindo o papel da mulher. Porque, experiência em luta de mulheres, nós temos. A Apeoesp é o maior sindicato da América Latina. (Palmas.) E conta com mais de 84% só de mulheres. Então acumulamos muito a questão referente à mulher.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. ERICA MALUNGUINHO - PSOL - Para uma Comunicação, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência tem pelo tempo remanescente da sessão. Temos mais dois minutos de sessão.

 

A SRA. ERICA MALUNGUINHO - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Vim interceder em nome do projeto da Leci Brandão, em relação à fala do deputado Wellington Moura.

Ele falou sobre os acordos que foram feitos para a retirada de dois incisos do projeto da Leci. Cabe frisar que o projeto da Leci tece sobre punição, nos termos da lei, de todo ato discriminatório, por motivo de religião, praticado no estado de São Paulo. A retirada de dois incisos são os seguintes. No Art. 2, inciso I: “praticar qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória”. E constrangedora.

Ok. (Voz fora do microfone.) Estou lendo. “Praticar, induzir ou incitar, pelos meios de comunicação, o preconceito ou a prática de qualquer conduta discriminatória”. Ou seja, tem uma questão que é do acordo, mas tem uma questão de qual é o objeto desse acordo. São esses incisos que precisam ser retirados.

O projeto tece sobre discriminação religiosa. E o deputado solicita que haja a extração de dois incisos importantíssimos, que diz, simplesmente, que não pode haver discriminação entre religiões. Simplesmente. Para finalizar, eu queria mencionar sobre a declaração da deputada Damaris e da deputada Leticia sobre o projeto da Janaina. Acho um pouco desonesto quando a gente traz uma questão tão delicada e a gente não traz números. Porque é baseado em números que as políticas públicas...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Erica, eu queria pedir licença a Vossa Excelência. Como esgotamos o objeto da presente sessão, se V. Exa. pedir uma Comunicação na próxima sessão, eu dou de novo. Mas não temos mais tempo de sessão. Então, vou ter que dar por encerrados os nossos trabalhos. Perfeito?

Só lembrando a todos que, em 10 minutos, a segunda sessão extraordinária.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 21 horas e 29 minutos.

           

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