20 DE AGOSTO DE 2019
35ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CAUÊ MACRIS
Secretaria: TENENTE NASCIMENTO, WELLINGTON MOURA, RICARDO
MADALENA, MARTA COSTA, SARGENTO NERI, THIAGO AURICCHIO e FERNANDO CURY
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Abre a sessão. Coloca em discussão o PL 727/19.
2 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Indefere o pedido, ante a constatação de quórum.
4 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
5 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, interrompida quando verificado quórum.
6 - TENENTE COIMBRA
Discute o PL 727/19.
7 - MÁRCIA LULA LIA
Discute o PL 727/19.
8 - DOUGLAS GARCIA
Discute o PL 727/19 (aparteado pelos deputados Carlão
Pignatari e Paulo Lula Fiorilo).
9 - TEONILIO BARBA LULA
Para comunicação, reflete acerca da possibilidade de
instauração da sexta CPI nesta Casa, no presente ano.
10 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
11 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação
de presença, interrompida quando constatado quórum.
12 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PL 727/19 (aparteado pelo deputado Gil Diniz).
13 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
14 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Indefere o pedido, ante a constatação de quórum.
15 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
17 - JANAINA PASCHOAL
Discute o PL 727/19.
18 - SARGENTO NERI
Para comunicação, parabeniza o Bope e a Rota pelos resultados
de ocorrências policiais, respectivamente no Rio de Janeiro e São Paulo, nesta
data.
19 - CAMPOS MACHADO
Para comunicação, registra que hoje é aniversário de sua
filha Larissa.
20 - DR. JORGE LULA DO CARMO
Discute o PL 727/19 (aparteado pela deputada Professora Bebel
Lula).
21 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
22 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Indefere o pedido, ante a constatação de quórum.
23 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
24 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, interrompida quando constatado quórum.
25 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência.
26 - PROFESSORA BEBEL LULA
Discute o PL 727/19.
27 - CAUÊ MACRIS
Assume a Presidência.
28 - ALTAIR MORAES
Para comunicação, critica o PL 3369/15, do deputado federal
Orlando Silva. Acrescenta que a matéria fora retirada da pauta da Câmara dos
Deputados.
29 - CAMPOS MACHADO
Discute o PL 727/19.
30 - TEONILIO BARBA LULA
Para comunicação, afirma que deve discorrer a respeito de
projeto do deputado federal Orlando Silva.
31 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Encerra a sessão.
* * *
- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS -
PSDB - Presente
o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Esta
Presidência dispensa a leitura da ata da sessão anterior.
Ordem
do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS -
PSDB -
Discussão e votação do Projeto de lei 727, de 2019, de autoria do Sr.
Governador.
Para
falar a favor, nobre deputado Tenente Coimbra.
Pela
ordem, deputado Campos Machado.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Presidente, para requerer uma
verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS -
PSDB - Eu
constato, neste momento, 24 deputados em plenário, deputado Campos Machado.
Então, não posso.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, então, eu,
novamente, diante da visão de V. Exa., eu requeiro uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS -
PSDB - Neste
momento, não constato mais 24 deputados em plenário.
Convido
o deputado Tenente Nascimento e o deputado Wellington Moura para auxiliar este
presidente na verificação de presença.
* * *
- É iniciada a chamada.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o
número regimental de Srs. Deputados, Sras. Deputadas, devolvo a palavra ao
orador na tribuna, deputado Tenente Coimbra.
O
SR. TENENTE COIMBRA - PSL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, venho aqui
à frente para falar de um projeto do Governo, mas que muito me reflete,
principalmente na minha Baixada Santista, no sistema de travessia de balsas
relacionado à Dersa.
Não é questão
de ser contra ou a favor do projeto. Eu sou a favor do projeto, porém acredito
que o momento de discussão não é esse. Algumas coisas da Dersa precisam ser
respondidas, precisam ser avaliadas antes da extinção total da empresa, entre
elas a dívida, que soma quase um bilhão, o que vai ser feito com essa dívida da
empresa, entre elas após a extinção, o que vão ser feitos com os diversos
documentos que precisam ser analisados, referente à parte de corrupção do Paulo
Preto, que por ele a CPI está travada aqui nesta Casa, onde existem duas CPIs,
uma protocolada pelo PSL, outra pelo PT.
Então, antes de
discutirmos essa extinção da Dersa, a gente precisa dessas respostas do
Governo. E eu tenho mais um argumento, que é a questão da ligação seca entre
Santos e Guarujá. O governo Doria quer colocar goela abaixo a ligação seca, que
há quase 100 anos discutimos na Baixada Santista, uma ligação que não liga e
não contempla os moradores da Baixada Santista.
Então, quando
reclamamos de todo o sistema de travessia de balsas, que ficamos horas e horas
esperando para passar para o lado do Guarujá. A ponte, essa ligação seca, que
há anos clamamos, liga a parte da Anchieta para área da Ilha Barnabé.
Então,
acaba ligando dois pontos distantes, que não atendem a Baixada Santista, e
estudos comprovam que essa ponte só vai diminuir em 20 a 30% o fluxo de carros
da balsa, enquanto outro projeto que está sendo colocado em questão, que é o
túnel, túnel esse que começa na área perimetral, túnel esse que atende todas as
demandas da área portuária, túnel esse que atende toda a parte de
caminhoneiros, túnel esse que atende todos os moradores da Baixada Santista,
não está sendo colocado em prática. Caso ele seja avaliado e aceito, ele vai atender
em torno de 80% dos moradores da Baixada.
Então como extinguir e passar para a
iniciativa privada uma empresa que não vai ter, em relação a números, a
quantidade de carros que vão fazer essa travessia? Que empresa vai entrar nessa
loucura? Então, precisamos de algumas informações aqui antes, uma resposta, uma
conversa com o Executivo. O que vai ser feito com a dívida? Vai dar-se
prosseguimento às CPIs que foram instauradas nesta Casa? E como vai ficar a
ligação seca entre Santos e Guarujá, que é uma das principais atividades da
Dersa?
Então,
antes de essas perguntas serem respondidas, aqui fica inviável qualquer tipo de
votação, lembrando que eu sou sim a favor do projeto, sou sim a favor da
diminuição do Estado, porém, algumas coisas precisam ser resolvidas e
explicadas aqui dentro desta Casa.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Para falar contra, nobre deputada Márcia Lia.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Boa noite aos deputados e às
deputadas. O projeto que nos traz aqui, para que nós possamos nos manifestar
contrariamente a esse PL nº 727, de 2019, que pretende autorizar o Poder
Executivo a adotar providências necessárias à dissolução, liquidação e extinção
da Dersa...
Deixar
consignado aqui que a bancada do Partido dos Trabalhadores é contra, e nós
vamos agora passar a enumerar as razões pelas quais o Partido dos Trabalhadores
votará contra esse projeto de lei.
Primeiro,
dizer que o Tenente Coimbra levanta uma questão aqui que nós temos
concordância, que é o momento em que isso está sendo discutido. Não há nenhuma
disposição do Governo em explicar para nós para quê é que o projeto quer
extinguir, dissolver essa empresa, a Dersa.
O
Art. 2 diz que as atividades exercidas por essa empresa, por essa autarquia,
não serão interrompidas. Tá bom, não serão interrompidas, mas ele não informa
qual é a autarquia, qual é o órgão, quem é que vai ficar responsável pela
operação daquilo que a Dersa efetua. Então, nós queremos saber quais serão
esses órgãos, quem é que, efetivamente, vai substituir a Dersa, que é uma
empresa fundamental, não obstante ela tenha uma série de problemas na sua
história, um histórico bastante complicado.
O
terceiro artigo aponta que a adoção das providências previstas nos Arts. 1 e 2,
ou seja, a extinção e também quem é que vai cuidar, será regulamentada por
decreto do Poder Executivo. Ora, ele não diz quem vai assumir, ele não diz o
que vai acontecer com os servidores concursados da Dersa, ele não diz quem é
que resolverá os problemas da Dersa, quem substituirá a Dersa. Mas pretende um
cheque em branco desta Casa, para que, por decreto, possa decidir o que
efetivamente vai fazer com os servidores da Dersa, com o ativo da Dersa, com o
passivo da Dersa.
Enfim,
não vamos entregar um cheque em branco, porque é prerrogativa desta Casa
discutir todas essas questões. Aqueles deputados que não tiverem interesse...
(Pausa.)
*
* *
-
O Sr. Presidente faz soar a campainha.
*
* *
Quero levantar
algumas questões também em relação ao patrimônio da Dersa. O Governo aponta uma
série de informações para justificar a necessidade da liquidação, da extinção
da Dersa, mas estima-se que precisaremos de aproximadamente 50 milhões de reais
para poder cumprir com as despesas de pessoal, custeio, as despesas de capital.
Queremos
ressaltar que, no ano de 2018, a empresa teve um lucro de 29 milhões de reais,
mas que ela tem um prejuízo acumulado de 405 milhões. O passivo da empresa,
devido a ações judiciais, chega a um bilhão e 130 milhões de reais. Se a gente
ainda diminuir da Dersa as receitas, que a decisão do Governo de conceder
retirou... Porque o Governo fez concessões, como disse aqui o Tenente Coimbra.
As balsas lá do litoral foram retiradas e, portanto, milhões de reais foram
subtraídos do caixa da Dersa.
A pretensa transparência
do Governo esconde informações de que o ativo da companhia, hoje, é de 2,9
bilhões e o passivo de 1,460 milhões. Então, na verdade, o patrimônio líquido
da empresa é de um bilhão, 463 milhões de reais. Portanto, ela não é uma
empresa deficitária. Entre os ativos da empresa, podemos destacar créditos com
órgãos do Governo, ou seja, o Governo do Estado de São Paulo deve mais de dois
bilhões de reais para a Dersa. Ninguém sabe disso, mas é bom que saibam.
Como eu estava
dizendo, o Governo de São Paulo deve mais de dois bilhões de reais para o
Dersa. Se somado ao patrimônio do Dersa, que é de um bilhão, 463 milhões de
reais, a gente pode ver que, de repente, pode ser um grande equívoco, sob o
argumento de que a empresa é deficitária, extinguir a empresa.
Também queremos
considerar que a empresa tem um imobilizado de 391 milhões, sendo que, com
embarcações, esse valor chega a 216 milhões. Com terrenos, com tudo, com
edifícios, enfim, é uma empresa que tem um capital bastante significativo, a
considerar ainda que quem retirou patrimônio da Dersa foi o Governo do Estado
de São Paulo, com as privatizações dos corredores, da Rodovia Dom Pedro I, da
Rodovia Ayrton Senna, da Rodovia Carvalho Pinto. Então, quem foi sugando o
patrimônio da Dersa, na verdade, foram as famosas concessões das rodovias do
estado de São Paulo.
Queremos também
colocar aqui que essa retirada, essa entrega para as concessionárias dos
pedágios fez com que 586 milhões fossem retirados anualmente, ou seja, ano
passado, do patrimônio da empresa Dersa. Dessa forma, o Governo do Estado de
São Paulo pretende extinguir e liquidar uma empresa - o Dersa - para que
provavelmente não seja compelido judicialmente a pagar a sua dívida com a
empresa, que é da ordem de 2 bilhões e 600 milhões de reais.
O governo também não informa, nesse
projeto de lei, o que ele vai fazer com o ativo da companhia, que é da ordem de
1 bilhão e 460 milhões. Nós tivemos a apresentação de 22 emendas e dois
substitutivos, porém o critério da transparência, fundamental, e o critério da
clareza do que será feito com os servidores da Dersa também deveriam ser uma
preocupação do Governo do Estado de São Paulo. Deveria ser uma preocupação do
Governo do Estado de São Paulo saber o que vai ser feito, explicar para nós,
deputados, o que será feito com os servidores dessa empresa.
A gente sabe que são muitos os
servidores, que estão extremamente preocupados, porque não se sabe se vai ser
criado um novo órgão. Não se sabe se algum órgão já existente, como o
Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, assume as atribuições da Dersa,
não se sabe se vai se conceder, se vai se privatizar a empresa para uma empresa
privada. Não se tem a clareza necessária para que nós possamos, enquanto
deputados, decidir com clareza, deputado Tenente Coimbra, o que vai ser feito
com essa empresa tão importante para o estado de São Paulo.
Não há clareza, não há transparência, não há
informações. Não se sabe o que vai ser feito com o patrimônio da empresa, não
se sabe se o Governo do Estado vai pagar a dívida que ele tem com a empresa.
Não se sabe se será privatizada, se será concedida para novas empresas. Não se
sabe efetivamente qual será o destino dos servidores, não se sabe absolutamente
nada. A única certeza que nós temos aqui nesta Casa é que o governador João
Doria quer um cheque assinado em branco para que ele possa, por decreto,
regulamentar o que vai fazer com essa empresa.
É prerrogativa desta Casa discutir
quando da extinção, quando da liquidação, quando da transferência do patrimônio
dessas empresas para outras empresas ou para outros órgãos do Governo do Estado
ou sabe Deus para quem, e de que forma será feita essa transposição, essa
liquidação, essa extinção, porque a gente não sabe efetivamente qual é a
característica jurídica que se dará a esse negócio que se pretende fazer.
Então eu quero dizer que não concordamos
que essas informações não cheguem para nós aqui na Casa. Nós queremos discutir
quem é que substituirá a Dersa, o que será feito com os servidores dessa
empresa, para onde irão essas pessoas, de que forma essas pessoas serão
tratadas, se vai ser feito um PDV. O que será feito? Ou serão mais pessoas
jogadas no desemprego, mais pessoas à mercê da sorte?
Nós não concordamos, de forma alguma,
que as coisas se deem por decreto, não vamos concordar. Queremos mais
informações sobre o que será feito com o patrimônio líquido da empresa,
queremos mais informações sobre como a dívida será paga. Queremos mais
informações porque isso é um cheque em branco. Ele quer resolver tudo por
decreto, como se nós fôssemos simplesmente síndicos. A
gente homologa aquele desejo dele de fazer as coisas a seu bel prazer. Nós não
vamos concordar.
Nós vamos obstruir, nós vamos votar contra.
Não vamos aceitar que seja feito dessa forma, até porque nós queremos garantir
que as pessoas que dedicaram as suas vidas... Sabe Deus quantos anos servidores
com mais de 20, 30, 15 anos que estão aí dedicando o seu trabalho, a sua força
produtiva a essa empresa e agora, de repente, vão ficar a exemplo do que foi
feito com a Codasp, a exemplo do que foi feito com as outras empresas que foram
destruídas, que foram entregues.
Nós vivemos um momento de muita
preocupação porque está se dilapidando o patrimônio do estado de São Paulo e o
nosso povo não pode aceitar isso. Nós queremos mais esclarecimentos. Nós
queremos mais informações.
Nós queremos que o Governo do Estado de
São Paulo diga para esta Casa claramente o que é que vai fazer com a Dersa,
porque senão nós obstruiremos. Nós não concordaremos. Nós faremos tudo aquilo
que for necessário para que essas informações cheguem para os deputados. Não
vamos passar um cheque em branco para o governador João Doria.
Não vamos permitir que isso aconteça.
Vamos enfrentar esse debate para que todos os esclarecimentos sejam feitos,
para que a gente possa ter todas as informações necessárias a fim de que
tenhamos clareza do que estamos votando, como estamos votando e quando
votaremos esse projeto de lei.
Por ora, é para dizer que a bancada do
Partido dos Trabalhadores se posiciona contrariamente a esse projeto de lei,
porque ele tem por objetivo mais uma empresa de patrimônio do estado de São
Paulo sendo entregue, dilapidada. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para
falar a favor do projeto, o nobre deputado Douglas Garcia.
O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, nobres deputados,
caros pares presentes, público que nos assiste na TV Assembleia e na galeria. É
com muita alegria que eu subo aqui novamente para falar sobre um tema que nos é
tão caro a respeito da Dersa. Desde o início, quando o governador do estado de
São Paulo enviou a esta Casa o pacote de privatizações, eu estranhei a retirada
da Dersa desse pacote.
Acredito
sim e venho pregar que essa empresa necessita urgentemente ser extinta e eu trouxe algumas razões. E essas
razões estão explícitas principalmente no dia a dia da população paulista que
vive na Baixada Santista. Deputado Tenente Coimbra, deputado Kenny, deputados
que são lá da região, deputado Caio França, que sabem, infelizmente, o
sofrimento que a população passa.
E
olhe só o que está escrito no site da Dersa. Mentira número um: “Desde 1989, a
Dersa administra e opera o sistema de travessias litorâneas do estado de São
Paulo e oferece transporte rápido” - mentira -, “seguro” - talvez - “e de
qualidade” - mentira - “a moradores e turistas do litoral paulista”. Essa daqui
é a mais escancarada de todas. Para quem não sabe, no site da Dersa você
consegue monitorar mais ou menos o tempo em que você vai fazer uma travessia na
balsa entre Santos e Guarujá.
Só
que aquilo ali é fake, é a mais pura mentira. Se está, por exemplo, 15 minutos,
você tem que multiplicar no mínimo por quatro. E você fica lá: meia hora, 45
minutos, uma hora, no que inicialmente seria 15 minutos. Por exemplo: hoje a
travessia está dando de 35 minutos a 55 minutos, nesse exato momento. Só que,
se qualquer um dos senhores chegar, nesse horário, para conseguir atravessar de
Santos para Guarujá, vão ficar no mínimo 4 horas esperando para conseguir
chegar até outra a cidade. Então é uma maravilha.
Segunda
mentira: “a Dersa cumpre com as suas obrigações mínimas”. De jeito nenhum. A
Dersa nunca cumpriu com as suas obrigações mínimas. Ela está cheia de ações no
Procon, centenas de ações no Procon, porque não tem responsabilidade nenhuma
com a população paulista, seja do Litoral Sul, seja do Litoral Norte. Litoral
Norte, principalmente, também, já que eles têm que esperar quase uma hora para
conseguir fazer essa travessia.
Então, hoje em
dia, infelizmente, o que tem funcionado perfeitamente bem em todas essas
empresas públicas, inclusive na Dersa, é essa questão do sindicalismo. A gente
tem um sindicalismo exacerbado. Infelizmente, esta casa, durante muito tempo,
se tornou a casa do funcionalismo público. Então, o que funciona com qualidade
e com celeridade na Dersa, são reivindicações de sindicato. Mais absolutamente
nada.
Então, as
pessoas que moram na Baixada Santista e no litoral norte, elas precisam, no
mínimo, quando têm que sair de Santos para Guarujá, precisam no mínimo sair com
duas horas de antecedência, porque a vida delas se torna um verdadeiro inferno.
As pessoas que marcam os seus compromissos não conseguem cumpri-los por uma
questão de responsabilidade que o estado não tem conseguido cumprir. Então é
muito triste essa situação. Precisamos urgentemente privatizar a Dersa.
Essa mentira
não fica apenas na internet. Como também as pessoas que vão até a fila, para
atravessar para outra cidade, assistem durante o seu sofrimento, naquele painel
eletrônico, dizendo que em 15 minutos você vai chegar ao Guarujá. 15 minutos,
30 minutos, 45 minutos, uma hora, e você consegue andar o quê? Cinco metros
dentro da fila. É um verdadeiro absurdo. A população não merece isso.
Como já foi
dito aqui pela própria deputada Márcia Lia: 405 milhões em prejuízos
acumulados. É um verdadeiro absurdo. Não podemos permitir que essa empresa
continue nas mãos do estado. Precisamos extingui-la porque é uma verdadeira
vergonha, principalmente no que se refere aos gastos com dinheiro público.
Inclusive, tem
no próprio site da Dersa: “investimentos da Dersa em modernização do sistema de
balsas beneficiam turistas moradores em segurança, proporcionando mais
agilidade, segurança e conforto na travessia entre continente e ilhas”. Eu
queria saber: o que acontece com esse investimento? Para onde vai o dinheiro
arrecadado com esse serviço? Porque a Dersa continua completamente travada no
sentido de fazer com que a população paulista tenha um bom atendimento.
Senhores,
aproveitando que estamos falando da Dersa, eu não podia deixar de citar. Peço a
esta Casa, e a todos os deputados, que a gente faça um exercício de
conscientização. Que a gente trabalhe sim para a gente fazer a abertura da CPI
da Dersa: Comissão Parlamentar de Inquérito da Dersa. Inclusive, é uma proposta
que faço até mesmo com o Governo do Estado, aqui na Assembleia Legislativa.
Aliás, que eu lanço essa proposta à minha bancada, do PSL.
Lanço essa
proposta a todos que fazem parte do PSL: que nós venhamos não obstruir este
projeto que veio a esta Casa, desde que o governo se comprometa a fazer a
abertura da CPI da Dersa. Fazendo a abertura da CPI da Dersa, apoiamos. É uma
proposta que faço à bancada do PSL. Peço, sim, que todos os deputados do PSL
venham aqui e façam essa cobrança por parte do Governo do Estado aqui na
Assembleia Legislativa. Sabem por que, senhores?
Porque tenho
certeza absoluta nas palavras do governador quando ele diz que o PSDB hoje é um
partido novo. Não “novo” no sentido de ser o Partido Novo, o partido do Daniel
José e dos demais deputados aqui presentes. Mas passou a ter outro tipo de
comportamento.
Inclusive,
recebendo agora o nosso ex-deputado do PSL, agora deputado federal pelo PSDB,
Alexandre Frota, que nos últimos dias tanto criticou o nosso partido e agora
faz parte do PSDB. Por favor, peço ao deputado que convença os tucanos que
façam a abertura da CPI da Dersa aqui na Assembleia Legislativa.
O senhor tanto
nos criticou no Roda Viva. O senhor tanto nos criticou no programa da Jovem
Pan. Mas peço que venha fazer o mínimo de coerência também na cobrança daquilo
que se refere à corrupção no estado de São Paulo e venha conversar com os
líderes do novo PSDB, para que nós consigamos aqui, na Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo, fazer a abertura da CPI da Dersa. É, sim, uma
responsabilidade desta Assembleia Legislativa. Antes de extinguirem essa
empresa, nós precisamos abrir essa CPI.
Fica
aqui essa proposta ao Governo do Estado de São Paulo. Trabalharemos, sim,
na questão da privatização da Dersa. Nós apoiamos a extinção, melhor dizendo,
da Dersa, desde que haja a abertura dessa CPI.
Eu
tenho a mais absoluta certeza de que o governador João Doria não está envolvido
com nenhum tipo de escândalo de corrupção por parte da Dersa, então ele não tem
absolutamente nada a temer. Quem tem muito a temer não é o governador João
Doria. Quem tem muito a temer é o ex-diretor da Empresa Paulista de
Desenvolvimento Rodoviário, o Sr. Paulo Vieira de Souza, também conhecido como
Paulo Preto.
Inclusive,
as notícias de última hora, agora, de agosto de 2019, falando sobre o braço
paulista da Lava Jato. Por que fazer essa blindagem judicial? Por que fazer
essa blindagem legislativa?
A
Dersa precisa, sim, ser investigada antes de ser extinta. A Dersa precisa ser
investigada antes de trabalhar, no âmbito desta Casa, no trabalho de processo
de extinção da empresa, porque é uma responsabilidade nossa com relação à
população paulista. O povo paulista que paga os seus impostos tem o direito de
saber o que acontece na Dersa, tem o direito de saber o que acontece
durante a gestão de Paulo Preto.
Então
fica aqui a minha proposta ao Governo do Estado. Eu tenho certeza absoluta de
que o novo PSDB vai apoiar, eu tenho certeza de que o novo PSDB...
O SR. CARLÃO PIGNATARI
- PSDB -
COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Douglas, primeiro mostrar grande
admiração e respeito que eu tenho por Vossa Excelência.
Dizer
o seguinte: são duas coisas completamente distintas. Não é porque você vai
extinguir a Dersa ou não, autorizar a extinção ou não, que você vai ou não
deixar de abrir a CPI da Dersa. Quer dizer, não há nenhum problema. A Dersa não
vai acabar. A Dersa, você está autorizando para que, em 12 meses ou em 18
meses, você possa fazer extinção. Quer dizer, eu acho que isso é completamente
viável.
O
que nós temos na Dersa... Não é corrupta. As pessoas que passaram pela Dersa
talvez possam ter tido desvio de conduta, não a Dersa.
A
Dersa foi uma grande empresa, que foi muito importante para São Paulo, mas que,
infelizmente, hoje, se tornou uma empresa que não tem mais função. As rodovias
foram concessionadas, foram privatizadas. A balsa, como o nobre deputado está
dizendo, também será concessionada, porque isso é o que tem que fazer para
melhorar o atendimento à população paulista.
Então
não tem nada a ver uma coisa com a outra. Eu acho que é importante que a
gente possa diminuir a despesa do contribuinte paulista nas
costas, diminuir o que nós estamos gastando do contribuinte paulista. Isso
é importante, é importante para São Paulo, como é importante para o
Brasil.
O SR. PAULO LULA
FIORILO - PT -
COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Douglas, o senhor sabe das divergências
que temos, mas eu queria aqui apontar uma convergência importante.
Em
minha opinião, tem tudo a ver o debate sobre a extinção da Dersa e a aprovação
da CPI. Por quê? Porque extinguir a Dersa é uma decisão dos tucanos,
porque entendem que a empresa não tem mais sentido, já teve. Eu vou
depois dizer que eu acho que ela ainda tem. O deputado Carlos Pignatari
pode discordar de mim, mas vai ter oportunidade de fazê-lo.
Agora,
nós temos uma oportunidade única. O Governo não quer extinguir a Dersa? Bom,
vamos extinguir. Eu tenho certeza de que o senhor é a favor também da extinção,
até pela lógica do PSL, diferente da do PT. Agora, vamos propor a extinção,
mas, juntamente com a extinção, aprovar a CPI, porque, infelizmente,
deputado Carlão, a Dersa se transformou na pior referência, do ponto de vista
da corrupção, para os tucanos no estado de São Paulo.
O
Paulo Preto, que está preso, a acusação feita é que 625 milhões foram
desviados. Aliás, o Paulo Preto diz que a conta que ele tinha era um ônibus,
que entrava um monte de gente de lá para poder usufruir.
Então
eu queria insistir, deputado Douglas, na linha de raciocínio que o senhor
iniciou. Pode extinguir a Dersa, mas, juntamente com a extinção da Dersa, vamos
aprovar nesta Casa a CPI da Dersa, porque daí não tem problema, você não
consegue esconder um esqueleto, você não desaparece com um corpo. Ele vai
continuar, mesmo extinto. Por isso, necessário se faz que a CPI comece a
fazer o debate público e a colocar luz naquilo que, infelizmente, os tucanos
impediram ao longo desses 24 anos.
O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Agradeço as intervenções, tanto
do deputado Carlão Pignatari, como do deputado Paulo Fiorilo.
Eu entendo,
deputado Carlão Pignatari, que algo não pode... a extinção da Dersa, ela não
impacta na questão da investigação. Entretanto, deputado Carlão, eu acredito
que eu estou trazendo à luz algo que infelizmente a população paulista, ela
quer saber por que que foi trazida a essa Assembleia, anterior a esse processo
de extinção da Dersa uma CPI; e, essa CPI ainda está travada, quando o projeto
de extinção da Dersa já está muito mais avançado, o senhor entende?
Então, eu
acredito que uma coisa acaba impactando a outra nesse sentido. Quando nós
falamos o nome "Dersa" aqui pela primeira vez nesta Assembleia não
foi para a extinção - pelo menos esse ano -, mas, sim, pela questão da CPI. E,
uma coisa está indo muito lenta, enquanto a outra está indo muito acelerada.
Então, a
impressão que fica é a de que esta Casa não quer trabalhar na questão da CPI da
Dersa, o que eu tenho certeza absoluta de que é mentira. Eu tenho certeza
absoluta disso, pelo respeito enorme que eu tenho aos deputados, aqui, ao Sr.
Carlão Pignatari, ao deputado Cauê Macris, deputada Carla Morando, e toda a
bancada do PSDB.
Isso não pode
mais continuar. A CPI da Dersa, ela precisa ser aceita, até porque é uma
política nova que o próprio governador João Doria, ele trabalha nisso, trabalha
nessa questão da transparência.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Posso colaborar com o nobre
deputado?
O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Por favor, fica à vontade,
deputado.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É lógico que a CPI tem uma fila
que é o Regimento Interno da Assembleia. Isso não depende do governo ou não.
Ela é a décima primeira. Ela será implementada assim que as outras dez forem
feitas. Não há nenhum problema disso.
É lógico que
quando você ouve aqui o Partido dos Trabalhadores falar, são os melhores homens
do mundo. O último candidato a presidente da República deles hoje foi condenado
a quatro anos.
Quer dizer,
então a gente vem escutando coisas, como se parece que são acima do bem e do
mal. E a grande implementação de corrupção que foi feita no nosso País, que
graças a Deus o governo Bolsonaro tirou, foi a corrupção no governo federal,
onde a grande maioria do ex-presidente Lula, que hoje está preso em Curitiba,
foram presos.
Foi o
secretário da Casa Civil, foi o secretário não sei do quê, foi ministro não sei
do quê, ministro não sei do quê... todos foram presos. Então, lá foi
implementado um grande plano de ocupação desse nosso País em cima da corrupção.
E, não é isso
que nós queremos. A CPI da Dersa - eu já disse isso ao seu líder, ao Gil -,
chegar a sua vez, vai ser implementado e vai andar. O governo João Doria não
tem nada com isso. Nada com isso.
O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Certeza.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Eu acho que isso é uma coisa
completamente equivocada que está sendo feita. A Dersa, infelizmente, perdeu o
sentido da sua existência com a concessão das nossas rodovias paulistas.
O SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Obrigado pela intervenção,
deputado Carlão Pignatari.
Solicito aos
nobres deputados que trabalhem pela extinção da Dersa, por todas as razões que
eu trouxe. E, que nós venhamos a trabalhar principalmente pela abertura dessa
CPI, e trazer uma resposta para a população paulista.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar
contra, o nobre deputado Paulo Fiorilo.
Enquanto o deputado Paulo Fiorilo se
encaminha à tribuna, dou a palavra ao deputado Barba, para uma comunicação.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO -
Só, deputado Gil, deputado Douglas Garcia, só para deixar esclarecido aqui,
deputado Carlão Pignatari: nesta Casa tem cinco CPIs funcionando.
E, como na Câmara dos Deputados
federal, havendo mais de um terço de assinaturas para instalar a CPI da Dersa,
e havendo uma aprovação no plenário, pode funcionar a sexta CPI, que pode ser a
CPI da Dersa, sim. Não precisa aguardar para ser a décima primeira, não.
Então, só para alertar sobre isso.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem,
nobre deputado Campos Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Para requerer uma
verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental
o pedido de V. Exa.
Convido o deputado Madalena e a
deputada Marta Costa para auxiliarem esta Presidência na verificação de
presença.
* * *
- É iniciada a chamada.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o
número regimental, devolvo a palavra ao orador na tribuna.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, público presente, quem nos acompanha pela TV Alesp, o debate aqui é
o debate do Projeto de lei nº 727, que propõe a extinção da Dersa.
Vale aqui a
pena a leitura dos artigos apresentados pelo Governo do Estado para a extinção
da Dersa.
“Fica o Poder
Executivo autorizado a adotar as providências necessárias à dissolução,
liquidação e extinção da Dersa, Desenvolvimento Rodoviário S.A, nos termos da
Lei Federal nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Artigo 2º – As
atividades de interesse público exercidas pela Dersa não serão paralisadas,
devendo, em cumprimento ao princípio da eficiência administrativa, ser
providenciadas por outros órgãos ou entidades da Administração com atribuição
legal para promovê-las.
Artigo 3º - A
adoção das providências previstas nos artigos 1° e 2º desta lei dependerá de
ato do Poder Executivo.
Artigo 4º - Após
a extinção da Dersa, o Poder Executivo deverá prestar informações à Assembleia
Legislativa a respeito da alienação de seus bens imóveis, bem como sobre a
alocação da respectiva receita no Orçamento do Estado, caso assim seja
requisitado nos termos previstos no inciso XVI do artigo 20 da Constituição
Estadual.
Artigo 5º -
Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.”
Assina João
Doria.
Esse é o
projeto de lei que o governador João Doria mandou para esta Casa, para
extinguir uma das principais empresas, que foi responsável por grandes obras
viárias no estado de São Paulo. Mas, mais do que isso, foi a empresa que ficou
conhecida mundialmente como centro de corrupção do PSDB.
O centro de
corrupção do PSDB, que desviou, segundo os dados, pelo menos 625 milhões.
O SR. CARLÃO PIGNATARI
- PSDB - Me
dá um aparte, deputado?
O SR. PAULO LULA
FIORILO - PT -
Por enquanto, não.
O SR. CARLÃO PIGNATARI
- PSDB - Muito
obrigado pelo respeito dos deputados
aqui.
O SR. PAULO LULA
FIORILO - PT -
O senhor vai ter o aparte, eu sou do debate.
Segundo.
O que diz a procuradora da República Anamara Osório Silva? Sem sombra de
dúvidas, há mais de dez anos existe uma organização criminosa dentro da Dersa.
Deputado Carlão Pignatari, eu vou ceder um aparte ao senhor, para que o senhor
possa me ouvir.
Diz
a procuradora da República: “Há uma organização criminosa dentro da Dersa, que
desvia dinheiro público, isso já desde a gestão anterior, em que estava à
frente como diretor de engenharia o senhor Paulo Vieira de Souza, e depois
continuou com Pedro da Silva, que era substituto, então, naquela época”.
É
difícil, é impossível querer esconder o sol com uma peneira. Por que é
impossível? Porque a Dersa virou um antro de corrupção do PSDB. Aliás, quando
nós iniciamos esta legislatura, tanto o PT como o PSL propuseram a instalação
de uma CPI da Dersa.
Nós
fomos, logo no início da legislatura, em uma corrida, em que estavam presentes o
deputado Gil Diniz, a deputada Janaina, este deputado e depois o deputado Carlão Pignatari, para
poder inscrever dez CPIs na frente da CPI da Dersa. Essa é a manobra que faz o
Governo.
Qual é o medo,
deputado Carlão Pignatari? Qual é o receio que o senhor tem de propor que a
sexta CPI, como disse o deputado Barba, possa funcionar concomitantemente às
outras cinco? Qual é o receio, deputado Carlão Pignatari, líder do Governo, de
querer esconder as mazelas que foram feitas ao longo desses anos?
Eu queria dizer
uma coisa, deputado Gil: eu sei que o PSL é a favor da extinção da Dersa, por
uma lógica ideológica. Eu sei disso. Mas não podemos permitir a extinção da
Dersa sem aprovarmos a CPI da Dersa. Sabe por quê? Porque seria um segundo
“passa-moleque” nessa Assembleia Legislativa. O primeiro foi a chicana, a
manobra de inscrever dez CPIs antes da décima primeira. Nós não podemos perder
essa oportunidade.
Aliás, é bom o
Governo ficar atento, porque já há um movimento que pode inviabilizar esse
debate se não houver a CPI. É um movimento que pode crescer, porque há um
sentimento na sociedade brasileira, em especial aqui em São Paulo, de que é
preciso apurar o que não foi apurado, é preciso dizer para onde foram os mais
de 625 milhões desviados das obras da Dersa.
E agora? Não
tenho nenhum problema em debater com o deputado Carlão Pignatari se a corrupção
começou no governo federal ou no governo de Minas, do PSDB, ou no governo de
São Paulo, em qualquer governo, o problema não é esse. Não fuja do debate. O
problema é o seguinte: temos coragem ou não de aprovar a sexta CPI?
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado, me dá um aparte, então?
O senhor quer debate?
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não concedi aparte, não concedi
ainda. Aliás, o meu líder tem uma orientação sobre isso. O senhor pode falar
com ele.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Eu estou inscrito.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não, eu não dei aparte ainda ao
senhor.
Eu queria dizer
o seguinte: no debate sobre a extinção da Dersa, o senhor disse que o Governo
não tinha absolutamente nenhum problema em aprovar a sexta CPI. Deputado Carlão
Pignatari, faço aqui um desafio ao senhor: se não tem, aprove hoje. Se não tem,
peça para que o Governo libere a CPI. Se não tem, honre o que o senhor disse,
porque é isso que vai fazer com que eu acredite que não há problema em
investigar os desvios dos recursos da Dersa para as campanhas do PSDB, porque é
isso que o Paulo Preto já disse: a conta do Paulo Preto era um ônibus em que
cabia muita gente. Aliás, o Paulo Preto deve estar ansioso para falar. Quem
sabe a gente não pudesse ouvi-lo aqui em uma audiência da CPI.
Queria então
deixar o desafio aqui: que o senhor aceite a instalação da sexta. Aí vamos
continuar o debate da extinção, não tem problema. O PT vai votar contra a
extinção.
A deputada
Márcia Lia trouxe aqui alguns dos elementos que nos obrigam a votar contra esse
projeto, principalmente quando a gente olha os ativos da empresa. A Dersa tem
muitos ativos. Tem ativos com créditos com órgãos do Governo, tem ativos com
embarcações, com terrenos, com edifícios. A Dersa tem um crédito com o Governo
daquilo que foi passado para a iniciativa privada sem reposição à Dersa.
Está na hora,
deputada Leci Brandão, de esta Assembleia Legislativa ter a força e a coragem
para poder aprovar a CPI e colocar nos devidos lugares as várias denúncias. O
PT, e tenho certeza de que o PSL, o Novo, o PDT, o PCdoB, o PSOL e outros
deputados, independentemente de partidos, estarão juntos nessa luta pela CPI da
Dersa. E estamos em um momento oportuno, porque o governador manda um projeto
com cinco artigos, esconde os ativos e quer simplesmente extinguir.
Eu disse aqui,
em um aparte ao deputado Douglas, que ninguém esconde um corpo, ninguém
desaparece com o esqueleto. Agora, não podemos perder a oportunidade de
extinguir, se eles quiserem, a Dersa, com voto contrário daqueles que acreditam
em uma empresa responsável por grandes obras viárias. Agora que aprovem a CPI
para que a gente possa olhar exatamente os problemas que não da empresa, não
dos funcionários, mas dos operadores do PSDB ao longo desses anos. E eu queria
dizer que eu tive a oportunidade de visitar duas grandes obras de
responsabilidade da Dersa: o Rodoanel Norte, que ainda precisa de um bilhão
para a sua conclusão.
Obras paradas em que o estado tem que
gastar com segurança, em que há ainda ocupação do entorno, porque ali é uma
região carente, principalmente na Zona Norte, e ainda é necessário investir um
bilhão. E o Governo ainda não sabe como é que vai fazer isso; se vai propor uma
nova concessão, se vai passar para quem ganhou a concessão terminar a obra.
Aliás, deputada Leci Brandão, uma parte
dessa grandiosa obra poderia ter sido liberada para uso principalmente da
região de Guarulhos, que aqui tem vários deputados, na ligação entre Guarulhos
e a pista que liga a Minas, a Fernão Dias, em que a obra está completa, mas está
lá parada. Completa, só precisa pintar. Depois, eu fui fazer uma visita nas
obras da Dersa do contorno de Caraguatatuba a São Sebastião. Aqui, o pessoal da
Baixada fala das balsas; eu queria falar dessa obra.
A Queiroz Galvão demitiu hoje 217
trabalhadores porque eles estão concluindo no calendário deles a parte da
serra. Sabe o que vai acontecer? A Queiroz termina a parte da serra e as partes
dos contornos estão inacabadas. Túneis por fazer, obra que teve mudança de
roteiro, que mudou viaduto para túneis. Ali é preciso terminar aquela obra.
Aliás, também ali há um trecho que já poderia ter sido liberado de
Caraguatatuba até o shopping Serra Mar, se não me engano.
Um trecho longo em que você podia já
estar utilizando para aqueles que moram, para aqueles que descem ao litoral.
Mas, infelizmente, o governo Doria está utilizando uma estratégia, em minha
opinião, que é de deixar pendurado o governador Alckmin, de deixar pendurado o
governador Serra, de deixar pendurados os grandes nomes do PSDB para a qualquer
momento dar uma estocada, uma estilingada.
O deputado Campos Machado tem sido o
deputado mais coerente com o PSDB, porque tem defendido o governador Alckmin em
todas as situações. Aliás, hoje, defendeu aqui quando o novo PSDB aceita o
ex-deputado do PSL, o Frota, que xingou o governador Alckmin, que fez uma fala
desrespeitosa, que teve vídeo, mas que o novo PSDB aceita, porque ali tem o
vale-tudo da eleição presidencial.
O Doria foi prefeito desta cidade e já
queria ser candidato a presidente da República; o Alckmin não deixou. Agora ele
tem uma avenida; ele tem o diretório estadual, o diretório nacional, o
diretório municipal, os deputados, os vereadores. E aquilo que para ele era
fundamental, ele está conseguindo. Ele traz o Alexandre Frota, que sai do PSL
expulso. Interessante, não é?
Porque a legislação permite que o
deputado mantenha o seu mandato se ele for expulso. Um dia o PSL podia contar
porque ele resolveu expulsar o Alexandre Frota e não colocá-lo na geladeira,
porque esse seria o maior castigo para o deputado Alexandre Frota. Porque ele
deixou o Alexandre Frota com mandato para fazer o que ele quisesse; ele podia
ir para onde ele quisesse.
Eu vou permitir um aparte, apesar de que
o deputado Carlão tinha pedido, mas como eu falei do Frota, o senhor tem 30
segundos.
O
SR. GIL DINIZ - PSL -
COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Rapidamente para te explicar, Fiorilo, o PSOL é
uma cisão do PT que surgiu por quê? Porque votou contrariamente à decisão do
partido.
O Frota, covardemente e porque não teve
o que queria, se absteve na principal votação que houve nesse governo, que foi
a reforma da Previdência. Ele votou no primeiro favorável; chegou no segundo
turno e se acovardou.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Deputado Gil, o senhor disse que
ele queria algo que não foi dado. O que ele queria que não foi dado?
O SR. GIL DINIZ - PSL - Olha, talvez ele encontre no PSDB.
Mas no PSL ele não encontrou, e por isso foi expulso.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - O senhor está insinuando que o
Frota foi para o PSDB porque pode, lá, conseguir o que não conseguiu no PSL?
O SR. GIL DINIZ - PSL - O senhor é que está dizendo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não, eu estou perguntando. É uma
pergunta. O senhor sabe responder, ou não? Até porque, foi o senhor que pautou
a expulsão dele. Talvez o senhor pudesse respondê-la. Infelizmente, o senhor
também não pode. Deputado Campos Machado, eu queria ressaltar: a coerência do
senhor continua a mesma. É fundamental que o parlamentar mantenha coerência.
E nós vamos
manter a nossa coerência, pedindo a CPI da Dersa, para que a gente possa
mostrar, à sociedade paulista e paulistana, o que foram os 24 anos do PSDB, em
especial na Dersa, com Paulo Preto, Paulo Silva, com todos os desvios que
ocorreram. Não podemos nos acovardar. Aqueles que não querem, que digam
publicamente que não querem. Agora, não mintam, não enganem, não fujam do
debate, que é fundamental no Parlamento.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado
Campos Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Deixando de lado a
fuga de alckmistas, que desaparecem como que num passe mandraquiano... Para que
tanto sorriso assim, presidente? Será que Tom Cavalcante está na plateia?
Deixando a fuga dos alckmistas de lado, requeiro uma verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos
Machado, contei pessoalmente com os meus próprios olhos: temos neste momento 24
deputados no plenário. Dou a palavra à deputada Janaina Paschoal.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Requeiro uma vez mais,
Sr. Presidente. Não tem vinte e quatro.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado
Campos Machado, V. Exa. que conhece bem a Casa... Sei que o deputado Gil Diniz
está gritando ali do lado. Só deixar claro para ele que, no momento da
requisição da verificação, tinham 24 deputados no plenário. Esse é o Regimento.
Esse é o Regimento.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Vou pedir novamente
uma verificação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu contei. Não
foi outro. (Voz fora do microfone.) Fui eu que contei. Inclusive V. Exa.,
deputado Gil, inclusive V. Exa. estava no plenário.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente. Pela ordem, Sr. Presidente. Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa
Excelência estava no plenário. (Voz fora do microfone.) Ah, eu não sei contar?
Eu não sei contar?
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente. Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu contei. Eu
contei. O senhor não se contou. O senhor não se contou. O senhor tem que saber
e entender o Regimento antes de fazer a verificação.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente. Pela ordem, Sr. Presidente. Requeiro novamente uma verificação de
presença.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Agora é
regimental o pedido de Vossa Excelência. Neste momento, não temos 24 deputados
no plenário. Agora o deputado Gil está alterado, não sei por que motivo. Ele
precisa entender primeiro o Regimento. Ele conta e não se conta. Desse jeito
não funciona. Então, é importante que ele conheça o Regimento. Convido o
Sargento Neri e o deputado Thiago Aurichio para auxiliar a Presidência na
verificação de presença.
* * *
- É iniciada a chamada.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado
quórum regimental, devolvo a palavra ao orador da tribuna.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, Sr. Presidente. Cumprimento todos os
colegas da Casa.
Sou favorável à
extinção da Dersa. É óbvio que vamos debater exaustivamente a questão. Mas,
subo à tribuna para comentar dois assuntos muito importantes que aconteceram
hoje.
Um deles foi a
situação no Rio de Janeiro, em que um coletivo foi invadido por um cidadão e
pessoas foram mantidas reféns, por um bom período - pessoas que estavam ali
buscando chegar aos seus trabalhos, às suas escolas, com seus familiares.
E, um rapaz
sequestrou essas pessoas, ou as manteve em cárcere dentro do coletivo, e,
ameaçando essas pessoas por longas horas, as equipes da área de Segurança foram
acionadas, fizeram toda a negociação.
E, depois de
uma longa negociação, os policiais aproveitaram um momento em que o cidadão se
distanciou um pouco dos reféns, e alvejaram esse cidadão. O disparo alcançou um
membro, mas pegou bem numa área, ali, que gerou uma lesão, e esse cidadão
chegou a ser socorrido, mas veio a falecer.
Por que eu
decidi falar nesse assunto? Porque tão logo este fato foi noticiado, os
jornalistas, os vários blogs, muitos grupos, começaram a fazer ilações de que a
pessoa teria sido executada, de que o tiro teria sido excessivo, de que seria
possível tomar providências sem chegar naquele extremo.
E, eu penso que
é importante fazer um resgate. Que resgate é esse? Direitos fundamentais são de
todos os seres humanos: pessoas acusadas, pessoas investigadas, pessoas
condenadas, pessoas presas. Não discordo disso, jamais.
Mas, também,
pessoas vítimas, pessoas que trabalham na área de repressão. Não é possível que
nós sigamos entendendo os direitos fundamentais de maneira tão sectária.
Porque, hoje, se declaram representantes dos direitos fundamentais, ou dos
direitos humanos, grupos que só conseguem vislumbrar os direitos fundamentais
de uma determinada categoria, vamos dizer assim.
Eu não estou
desmerecendo o valor da vida de ninguém, mas houve ali uma situação de lesão
explícita, real, iminente, atual, à vida e à integridade física de dezenas de
pessoas. Pessoas que não se colocaram numa situação de risco, elas estavam
apenas dentro de um ônibus tentando chegar aos seus destinos; e um cidadão
interrompeu essas pessoas e ameaçou-as de morte.
As forças de
segurança foram acionadas. E a legislação exige que esses profissionais atuem.
O Código Penal, a Constituição Federal, a legislação do nosso País, permite, e
até obriga, que haja uma atuação.
O Código Penal,
no Art. 23, prevê as excludentes de antijuridicidade, que também são conhecidas
como excludentes de ilicitude. Encontramos lá a legítima defesa própria, a
legítima defesa de terceiros, o estrito cumprimento do dever legal e o
exercício regular de um direito. O policial, ou o grupo de policiais que agiu
em defesa daqueles cidadãos, estava coberto por pelo menos duas excludentes: a
legítima defesa de terceiros e o cumprimento do dever legal. Então, não tem
sentido, sob o ponto de vista do que é justo, e sob o ponto de vista do Direito
pretender, fazer ilações a respeito desses policiais. A operação foi um
sucesso. Por quê? Porque uma pessoa terminou morta? Não, porque os inocentes
foram salvos. E naquelas circunstâncias o tiro se fazia necessário e se fazia
proporcional, porque quando a caracterização da legítima defesa, nós
verificamos a atualidade da ameaça, a iminência da ameaça, a necessidade dos
meios que foram utilizados, a proporcionalidade.
Acreditem os
senhores que houve matérias em que se disse assim: “Foram disparados seis
projéteis. Houve seis tiros.” Qualquer autor que analise a legítima defesa,
sabe que na situação de perigo é muito difícil você querer limitar o número de
disparos, o número de facadas, porque o intuito de quem age é afastar o perigo.
Eu quero deixar muito claro que nós não podemos confundir as situações. Essas
pessoas que se autointitulam como defensoras dos Direitos Humanos, desmerecendo
as demais, que também defendem os direitos fundamentais, generalizam as suas
manifestações. Quando um cidadão está preso, algemado, contido, se ele recebe
um tiro de uma autoridade, nós estamos diante de um crime, é uma execução. Se
ele sofre uma tortura, nós estamos diante de um crime. Mas quando esse cidadão
está na plenitude da prática do crime contra inocentes, o agente do Estado tem
o dever de agir, ainda que de maneira contundente.
Aí eu ouvi a
seguinte afirmação: por que não deu um tiro na mão, por que não deu um tiro
para assustar? Para uma pessoa, com relação a uma pessoa que está armada, o
tiro tem que ser dado para matar. “Ai que coisa horrível.” É real isso. Dar um
tiro de susto numa pessoa armada é pedir para morrer, e naquela situação mais,
porque o policial que atirou não estava se pondo em risco. Ele estava pondo em
risco as vítimas. Numa situação como aquela, eu estou falando tecnicamente, não
era possível atirar para assustar. Não estou com isso desmerecendo o sofrimento
da família do rapaz. Houve até um depoimento da mãe entristecida por não
acreditar que o filho tenha feito o que fez, e obviamente a mãe sofre a perda
do filho em qualquer circunstância. Não estou desmerecendo esse sofrimento,
porém é impossível deixar de falar, à luz do Direito, que aqueles policiais
agiram numa situação de absoluta excludente de ilicitude e antijuridicidade.
Parece-me um constrangimento ilegal, inclusive submetê-los a investigação, como
eu li que acontecerá, porque essa mentalidade de que os direitos fundamentais
não são para todos, chegou a um nível que hoje as notícias eram: “Vão instaurar
inquérito para apurar o comportamento de policiais que em quaisquer outros
países, qualquer outro país seriam colocados como heróis.
Então, é
necessário fazer esse registro. Nós não podemos admitir essa inversão de
valores. E eu me considero e sou uma defensora dos direitos fundamentais, porém
de todos, de todos e não apenas de alguns. Então, esse é o primeiro ponto que eu
queria destacar, mas queria também aproveitar parte do meu tempo para falar de
um projeto de lei que deve ser apreciado na Comissão de Direitos Humanos amanhã
na Câmara Federal, que é um projeto de lei do deputado Orlando Silva que trata
do estatuto da família do século XXI, e
quero deixar muito claro que as minhas objeções a esse projeto não têm nenhuma
raiz religiosa, não têm nenhuma raiz moralista, não é nenhum problema com o
reconhecimento de um casal homossexual, situação que hoje, na nossa legislação,
já está praticamente pacificada.
O Brasil é um
dos poucos países que reconhece essa união de maneira formal, que reconhece os
direitos dos casais homossexuais. É um dos poucos países em que os casais
homossexuais podem adotar, podem fazer procedimentos de inseminação artificial.
Então, o
questionamento não é esse. O questionamento é outro, porque colocam palavras
nas nossas bocas para nos chamarem de preconceituosos, de homofóbicos e de
transfóbicos, mas não é disso que se trata. Trata-se de um projeto de lei cuja
redação - se não foi esse o intuito do legislador, ele que esclareça -
normaliza, legaliza o casamento entre parentes, a união entre parentes, ou
seja, o incesto.
O projeto fala
que família é toda forma de união, independentemente de laços consanguíneos.
Uma amplitude tal abre margem não só para o incesto, mas também para legalizar
situações de pedofilia e abuso sexual intrafamiliar. Nós levantamos esses
pontos com fulcro na redação do projeto, e o deputado ontem se manifestou em
redes sociais, dizendo que os críticos do seu projeto eram divulgadores de fake
news.
Vejam, qual é o
papel do parlamentar, quando um cidadão - não importa se é parlamentar ou não -
tem uma percepção da redação da sua lei? É chegar, em público, e esclarecer.
“Olha, não foi isso que eu quis dizer, esse termo aqui significa tal coisa”. Ou
ter a humildade de reconhecer que a redação está ruim, propor um substitutivo.
Quantas vezes
nós aqui não fazemos ajustes, por meio dos substitutivos, quando um colega
mostra que uma palavra pode ser interpretada de maneira diversa. Mas não, o
deputado saiu ao ataque, disse que estávamos todos espalhando fake news e que o
projeto dele era apenas um projeto que favorecia e enaltecia o amor, porque a
união familiar está pautada no amor. Eu também acredito nisso, mas eu não
acredito que casamento ou união, que é sinônimo de casamento na legislação,
como bem mostrou a colega Damaris hoje à tarde, possa ser estabelecida
independentemente de laços consanguíneos.
Então, a única
coisa que o cidadão pode exigir de um parlamentar é que ele tenha honestidade
com relação aos seus propósitos. Muitas vezes - todo mundo aqui sabe que eu sou
contra a legalização do aborto - eu peguei projetos que a ementa dizia uma
coisa e o texto dizia outra. Pela ementa, não se falava em aborto, quando se ia
ler o texto, era uma maneira de legalização.
Aí eu ia, eu
mandava carta, muito antes de eu ser deputada. Então, assim, a gente não pode exigir
que um parlamentar pense diferente de como ele pensa. Ele tem o direito de
sustentar suas posições, mas nós temos o direito de exigir que um parlamentar
fale claramente o que ele pretende. Se não era desejo do deputado legalizar o
incesto, ele precisa mudar esse texto, retirar esse projeto.
Agora, se era o
desejo dele, e ele foi descoberto, porque tentou encobrir esse tal desejo, ele
tem que ter hombridade de assumir e vir para o debate. Nós conversamos aqui...
Quem iniciou esse movimento, já ontem à noite, foi o deputado Altair. Nós
conversamos aqui, e, se esse projeto passar amanhã, nós vamos fazer uma
comitiva da Assembleia Legislativa de São Paulo e vamos a Brasília cobrar esses
direitos, não só como parlamentares representantes de São Paulo, mas como
cidadãos.
Eu pus hoje
cedo, nas redes sociais, algumas pequenas perguntas ao deputado: “O que o
senhor quis dizer com ‘toda forma de união’? O que o senhor quis dizer com
‘independentemente de laço de consanguinidade?’” Pergunto: ele respondeu? Ele
fica escrevendo que escreveu um texto explicando. O que ele explica? Que ele
está sendo vítima de fake news. Virou moda neste país, quem não tem como
explicar, dizer que é vítima de fake news. E quem é que define o que são fake
news?
Então, pedimos
aos deputados federais, membros da Comissão de Direitos Fundamentais da Câmara
Federal, que barrem isso. Se não barrarem, vamos fazer uma comitiva aqui de São
Paulo, vamos até lá e vamos organizar os colegas de outras assembleias também,
porque não tem cabimento querer usar de subterfúgios para legalizar uma
situação que vai prejudicar a sociedade.
E não adianta
querer tachar a gente de homofóbicos e transfóbicos, porque não é disso que se
trata. Trata-se de algo que desagrada, inclusive, aos grupos de homossexuais e
transexuais, porque os homossexuais e transexuais não querem esse tipo de
situação também.
Obrigada, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar
contra o projeto, o deputado Jorge do Carmo.
O
SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Uma comunicação,
presidente?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa
Excelência tem a palavra, enquanto o deputado vai à tribuna.
O
SR. SARGENTO NERI - AVANTE - PARA COMUNICAÇÃO -
Presidente, quero parabenizar o Bope, o Batalhão de Operações Especiais do Rio
- tive o prazer de fazer o curso lá em 2002 -, pela ocorrência com reféns, lá
no Rio de Janeiro. Quero também parabenizar nosso batalhão de Rota, pois ontem
teve troca de tiros e morreram três marginais.
Eu sempre falo: quando morre um
marginal, não comemoramos a morte do marginal, comemoramos a sobrevivência do
policial e do cidadão. Então, mais uma vez venho aqui, por mais que me
critiquem, comemorar a vida dos policiais de Rota e dos reféns daquele ônibus.
Parabéns à polícia do Rio de Janeiro. Parabéns
à Polícia Militar do Estado de São Paulo. Que continuem sobrevivendo e salvando
vidas da sociedade brasileira. Obrigado, presidente.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos
Machado, pela ordem.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr.
Presidente, não posso confiar em minha contabilidade: olhei para todos os
lados, contei deputados e cheguei à conclusão de que não temos 24 deputados em
plenário. A não ser que eu tenha cometido algum...
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Temos 27
deputados, deputado Campos Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Calma, eu não terminei
ainda o meu pedido. Estou fazendo uma manifestação de que eu, contando...
Sr. Presidente, já que chegamos a esse
limite de “caça-deputados” aqui, pelo deputado Carlão Pignatari, quero fazer
aqui... Embora possam me tachar de fanfarrão ou de o que quer que seja, eu
aprendi que amor é a mais sublime palavra que existe em nosso dicionário.
Hoje, exatamente hoje, a filhinha que
eu tenho, minha verdadeira paixão - tenho dois filhos homens e uma menina -,
minha paixão faz aniversário hoje. Peço licença a V. Exa., deixando de lado
qualquer outro sentimento que os deputados possam ter em relação a mim. Pouco
me importa.
Quero deixar registrado que, neste dia,
aniversaria a maior paixão da minha vida: minha filha Larissa. Faço questão de
constar. Não importa o que pensem alguns luminares do direito que pensam que
entendem, e não entendem nada. Quero deixar aqui registrada essa homenagem à
minha filha, Sr. Presidente. Desculpe-me. Se é cafonice ou não, pouco me
importa, eu estou expressando aquilo que vai no meu coração. Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS -
PSDB - Leve os nossos cumprimentos à Larissa. Com a
palavra o deputado Jorge do Carmo.
O SR. DR. JORGE LULA DO
CARMO - PT - Sr.
Presidente, Srs. Deputados, público presente, assessores, público da TV Alesp,
venho a esta tribuna para falar um pouco aqui do malfadado PL 727/19, mas antes
eu quero falar um pouco sobre a escalada da privatização, do Estado mínimo do
estado de São Paulo.
Desde o primeiro dia deste mandato,
desta legislatura, a gente tem assistido aqui, deputado Aprigio... Exatamente,
a gente vem aqui, debate, fala contra, e no final dá sempre aquele resultado
fabuloso, né? Aqueles 60, 60 e poucos deputados, porque os ventos sopram a
favor, né? E na verdade a gente acaba fazendo aqui o papel de “jus
esperniandi”, que no direito significa o direito de espernear. É quando a gente
está em um processo, em um procedimento em que a gente sabe que o resultado não
chegará naquilo que a gente imagina, mas a gente tem o direito de espernear.
E é esperneando que eu tenho a triste
sensação de já ter visto aprovar aqui, nestes poucos meses de mandato, projetos
nocivos à população paulista e paulistana. Começou com o primeiro projeto desta
Casa, o 1/19, no primeiro dia, inaugural, aquele que extinguiu a Emplasa, a
CPOS e outras tantas empresas por conta dessa escalada da privatização do Sr.
Governador João Agripino Doria, aquele mesmo que, quando era prefeito de São
Paulo, se candidatou a prefeito de São Paulo, a televisão, a Rede Globo, os
meios de comunicação falaram “este é o melhor prefeito do mundo”. Parecia que era
um playboy que estava lá e ganhou a eleição.
Nos primeiros dias, era o gari, prefeito
gari, aquele que posava lá para a coleta de lixo, mas só posava, só aparecia
para a foto, para a imagem, para a TV Globo, que batia palmas e todos os dias e
dizia “este é o melhor prefeito”, que ajudou a elegê-lo. Ele ficou apenas 15
meses no governo paulistano, abandonou a prefeitura e deixou lá o seu vice, que
é o prefeito sem nenhum projeto, né? O prefeito Bruno Covas, em São Paulo, é o
prefeito que ninguém sabe o que faz. Era o vice e agora é o prefeito. Mas eu
vou falar já, já do Bruno Covas.
O João Doria deixou a administração de
São Paulo e seguiu carreira, porque ele tem um objetivo, né? Ele não quer nem
prefeitar, nem governar. Ele não quer ser nem o zelador, como disse ele, nem o
síndico, ele quer ser o presidente da República. Ele é um político carreirista,
não se elege para governar uma cidade ou estado, se elege para buscar alçar
novos voos, buscar novas oportunidades, para querer cada vez mais fazer maldade
para o povo.
Foi assim que ele foi prefeito de São
Paulo e começou também a sua escalada da privatização. Deu ração para as
crianças, falou que pobre não tem hábito de se alimentar, fez a concessão do
Pacaembu, a concessão do Anhembi, do autódromo, enfim, queria vender a cidade
toda. Algumas nem deram certo, graças a Deus não deram certo, mas o espírito
era aquele de deixar que os amigos cuidem do patrimônio da nossa cidade e
conseguiu de fato vender parte da cidade, um cheque em branco.
Os vereadores da cidade, não todos
evidentemente, não todos porque a bancada do Partido dos Trabalhadores lá na
Câmara Municipal votou contrariamente às maldades que o Sr. Prefeito João Doria
fez para São Paulo; assim como a nossa bancada na Assembleia Legislativa não titubeará.
Em que pese pareça o direito de
espernear, como falei agora há pouco, mas é espernear com justiça, com
dignidade, com seriedade. Fazer com que diga sempre na tribuna que o governador
tem que respeitar esta Casa, que aqui não é um puxadinho do Palácio dos
Bandeirantes, deputado Aprigio.
Aqui o senhor foi eleito deputado para
ser respeitado. Não foi para falar e o governador não respeitar o que o senhor
fala. Nós temos que dizer ao Sr. Governador
que não dá para a gente querer vender aquilo que não é nosso. O
patrimônio do estado de São Paulo, da cidade de São Paulo, é público, não é do
Sr. Governador.
Ele não pode a bel prazer fazer o que
ele acha e combinar com os vereadores, combinar com os deputados e depois tocar
para frente o seu projeto neoliberal de venda de todo o patrimônio público do
estado de São Paulo.
Certamente se chegar - que eu espero que
nunca chegue - à Presidência da República, se chegar vai ser também um
desastre, para vender a Amazônia, vender os patrimônios do Brasil, vender a
Petrobras, vender o patrimônio do povo brasileiro, a riqueza do povo
brasileiro.
Mas o povo brasileiro está atento. Não
vai errar de novo em 2022 elegendo nem Bolsonaro de novo - que boa parte deles
já está arrependida - e nem muito menos elegendo um governo de direita.
Hoje, está no jornal “Folha de S. Paulo”
que entre as democracias, o Brasil é a de maior desigualdade social. Isso
significa que de 1994 a 2015, o povo em ascensão, os trabalhadores conseguiram
melhorar o seu padrão de vida.
E depois de 2014, depois do golpe, até
os dias de hoje, os trabalhadores perderam o que tinham conquistado. Isso é a
política neoliberal do governo Bolsodoria: Bolsonaro no Palácio do Planalto e
Doria no Palácio dos Bandeirantes.
Com esse tipo de política o povo
percebeu que foi enganado; foi um estelionato eleitoral. O povo percebeu que
não dá mais, que não vai conseguir, não vai eleger e reeleger projetos como
esse. Projetos que realmente não têm compromisso com a política pública social,
com aquela política que é para melhorar a vida das pessoas.
Porque quem está na política, quem não
quer trabalhar para melhorar a vida das pessoas, vai fazer outra coisa e o Sr.
Governador é empresário. Tem que cuidar das empresas dele e não do povo, porque
do povo ele não sabe cuidar.
Ou melhor, do povo ele descuida. O povo
ele prejudica, o povo ele massacra, trata mal inclusive as pessoas que votaram
nele. É preciso que nós nesta Casa não deixemos que o governador faça desta
Casa um puxadinho do Palácio dos Bandeirantes.
Por isso é que começou com esse nefasto
Projeto nº 01 e foram todos aprovados. Os deputados desta Casa, os meus
colegas, a maioria, com exceção evidentemente da minha bancada e da bancada do
PSOL, do PCdoB e de outras bancadas que votaram contrárias, votaram a favor
desse projeto, desse PL nefasto que hoje é a lei que já está em vigor; já foi
sancionada pelo governador.
O que nós queremos é que no caso da
Dersa, antes de extinguir, como foi falado pelo meu colega de bancada, deputado
Paulo Fiorilo, aprove a CPI da Dersa. É um medo. Não sei por que os nobres
colegas do PSDB têm tanto medo de aprovar a CPI da Dersa, deputada Bebel. Não
sei por quê. Quer dizer, eu sei por quê. Você também sabe. Nós sabemos o
porquê: porque a Dersa, através do “seu” Paulo Vieira de Souza, o famoso Paulo
Preto, tem o maior esquema de corrupção desse Estado. Os ex-governadores José
Serra e Geraldo Alckmin morrem de medo de ouvir uma delação do “seu” Paulo
Vieira de Souza, que é o famoso Paulo Preto.
Porque, se ele
for fazer uma delação, não vai sobrar pedra sobre pedra. A gente vai ter,
realmente, que ver um destroço nesse Estado. Porque é tanta corrupção que
aconteceu nas obras da Dersa, que...
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Você me permite um aparte?
O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Claro, deputada, você sempre tem.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR -
Estou ouvindo todo o debate, e vejo que V. Exa. discorre de forma bastante
coerente esta preocupação, se tem CPI ou se não tem. O que chamo a atenção é
para o seguinte: a CPI é algo que perseguimos. Mas nada pode justificar a
extinção da Dersa.
Tenho
preocupação, um pouco, de fazer uma embolação com isso. E aí dar toda a razão
para que o Governo extinga, neste momento, a Dersa. Não. Queremos toda a
transparência, toda a clareza, os dados atuariais, ativo e passivo que tem.
Mas, que de certa maneira, ao mesmo tempo, é claro, encaminhe-se a CPI.
Muito obrigada,
Sr. Deputado.
O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - De nada, deputada. Com certeza
eu...
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr. Presidente. Pela
ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Não constato número suficiente
para continuar os nossos trabalhos. Requeiro uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Temos 26 informados pela Mesa
neste momento. Devolvo a palavra ao orador na tribuna.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Presidente, onde é que estão os 26
deputados?
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado...
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Estou ficando cego. Desculpe,
presidente. Mas não pode. Não pode constatar como se fosse 26, presidente. Onde
é que estão os 26 deputados?
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado, vale o
momento da solicitação. Quantas mil vezes...
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB – Então, vou requerer de novo a
Vossa Excelência. Requeiro uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Neste momento, não temos mais 24
deputados no plenário. Convido o deputado Fernando Cury e Thiago Auricchio para
auxiliar o presidente na verificação.
*
* *
- É iniciada a chamada.
*
* *
O SR. PRESIDENTE -
CAUÊ MACRIS - PSDB -
Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra ao orador na tribuna.
O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Eu falava, Sr. Presidente,
exatamente sobre a questão da Dersa e da sua extinção. É lógico, deputada
Professora Bebel, que nossa bancada, nós vamos votar contrário ao PL 727,
de 2019, exatamente pelas razões já expostas por mim e por outros colegas que
me antecederam, que se inscreveram para votar contrário.
Mas é
preciso também falar daquela obra do Rodoanel. Eu costumo chamar de
“Rouboanel”. Rodoanel. Aquela obra, especialmente o trecho norte, que agora não
tem a menor previsão, exatamente pelos esquemas de corrupção, exatamente
pela farsa que tem sido essa Dersa e suas obras, em conluio com muitos
políticos, infelizmente. Ninguém sabe exatamente quando vai retomar. Uma
obra tão importante, mas tão mergulhada na corrupção do nosso Estado.
*
* *
- Assume a
Presidência o Sr. Gilmaci Santos.
*
* *
A gente fala:
“As obras não serão paralisadas.”. Tá. Já estão paralisadas, não é? A Dersa,
segundo levantamento, Sr. Presidente, tem 769 funcionários. Pergunta: o que
fará o governo com esses 769 funcionários? Para onde eles vão? O que vão fazer?
A exemplo da Emplasa, a exemplo das outras empresas, que, hoje, as
pessoas não sabem exatamente onde serão aproveitadas.
É uma vergonha
falar assim, “vamos aproveitar”, como se funcionário, servidor, fosse para se
aproveitar. Funcionário é para dar o melhor de si, fazer o melhor que pode.
Aí, nós temos
esse passivo aí, 769 funcionários que não se sabe, até porque o projeto é
sucinto demais, ele não explica nada. Na verdade, também não deveria, mas, na
sua justificativa, poderia constar exatamente os motivos e o que vai fazer.
Nós
temos projetos aqui que são sucintos. São dois, três artigos e é isso.
Quer dizer assim, lá é para aprovar e acabou, não tem muito que explicar.
Parece que o governador não tem que dar satisfação a esta Casa de Leis.
Por isso, eu
quero dizer que nós vamos votar contrário ao projeto da Dersa. Mais do que
isso: nós exigimos que esta Casa aprove aqui a CPI para que desvende todos os
desmandos que essa Dersa tem no nosso Estado, as mazelas que tem e os esquemas
de corrupção que tem aqui no nosso Estado. Por isso, nós queremos votar
contrariamente, porque nós não concordamos com essa forma nefasta, liberal de
governar o estado de São Paulo. Esta Casa não é um puxadinho do Palácio
dos Bandeirantes.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - PARA QUESTÃO DE
ORDEM - Gostaria que a mesa me informasse quanto tempo já foi discutido nesse
projeto da Dersa.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Uma hora e dezenove minutos, nobre deputado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu queria reafirmar
aqui, desde já, que eu não vou concordar com as seis horas. Nós vamos discutir
até ultrapassar o tempo. Só para deixar patente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Obrigado, nobre deputado.
Para falar a favor...
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Qual é a resposta?
Eu não ouvi a resposta. O Carlão me deu a resposta.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Uma hora e dezenove minutos.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Ah, obrigado,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Uma hora e dezenove minutos.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - É que eu pensei que
ele tivesse se arvorado na condição de presidente e respondido para mim.
Obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- De nada.
Para falar a favor do projeto nobre
deputado Frederico d'Avila. (Pausa.) Ausente. Para falar contra, deputada
Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, Mesa Diretora dos
trabalhos, assessoria que está sentada à minha esquerda e também à minha
direita, nobres deputados, nobres deputadas, público presente, também todos os
que nos assistem através da TV Alesp, pois bem, nós já passamos por esse
momento já no início dessa legislatura, num consórcio já, de privatização.
Naquele
momento, estava no pacote a Emplasa, a Codasp, a CPOS, mais a Dersa. A Dersa
foi retirada porque nós, muito claramente, dissemos que era questão de tempo,
que não dava para ser refresco porque o Governo mexeria, de certa forma, com
uma questão muito complicada que tem na Dersa, que tem a ver com a gestão, a
falta de transparência dessa gestão, aí feita pelo Governo do Estado de São
Paulo, naqueles 24 anos.
E, ao mesmo
tempo, a própria dinâmica - nós chamávamos atenção -, quer dizer, uma dinâmica
de fazer tudo no pacote sem abrir um amplo debate. Eu me lembro perfeitamente
quantas vezes os trabalhadores e trabalhadoras daquelas empresas que, num
primeiro pacote, foram privatizadas, eles vinham para cá acompanhar os nossos
trabalhos.
E, mesmo assim,
não houve sensibilidade da maioria dos deputados desta Casa para votar contra o
processo de privatização.
Bom, não é
novidade para nós. Nós sabemos perfeitamente que a Assembleia Legislativa, da
forma como ela está composta hoje, como já também era no passado, ela tem um
tom privatizante mesmo.
E, veio com uma
bancada muito forte do PSL, que, claro, tem o estado como o estado enxuto,
mínimo. É uma concepção. É o liberalismo. Eu não sei nem se à la Stuart Mill ou
antes, até, de Stuart Mill. Porque é muito arraigada essa fome de privatização.
Aliados, já,
com o PSDB, que tem isso como forma de gestão do estado, veja bem. Nós já
tivemos movimentos que foi choque de gestão. Primeiro, foi qualidade total no
estado. Governo Covas. Qualidade total. "Queremos tudo na qualidade
total".
Passada a
qualidade total, choque de gestão, governo Serra. E, agora, Acelera São Paulo,
na privatização.
Então, nós
estamos diante dos mesmos governos. Eu não consigo ver diferença, desculpe,
deputado, entre o governador Doria e os anteriores, no que diz respeito à
gestão. Eu quero dizer que, de certa maneira, por exemplo, você pega a Dersa, a
privatização da Ayrton Senna, com mais a Carvalho Pinto, fez com que o Estado
deixasse, a Dersa perdesse 324 milhões. Isso, de certa forma, levou à perda
financeira, e tem mais ainda, tem o fato de que o governo deve à Dersa, deve à
Dersa. Essa é que é a questão. A pergunta: deve por quê? Porque deve, porque
deve.
E eu, com muita
tranquilidade, deputado Barros Munhoz, eu quero debater uma CPI da Dersa, mas
antes disso eu quero deixar clara a posição do por que não é bom extinguir a
Dersa, porque nesse momento a gente... Teve uma primeira fala favorável. Ela
foi claríssima. É um favorável que o senhor também usa contra, quando aqui foi
dito que tem que primeiro analisar. Quando tem homem na tribuna, todo mundo
fica quieto. Já percebi. Eu não vou dar uma de Campos Machado aqui, mas eu
gostaria que tivessem respeito com a minha pessoa, por favor. Bom, até gosto do
Campos Machado.
Mas em todo
caso, eu vinha dizendo que essa questão, de certa maneira, tem que ser levada a
fundo e com transparência, por que privatizar, ou por que extinguir, aliás, a
Dersa. Eu até, quando fiz a intervenção para o meu companheiro, o Jorge do
Carmo, eu falei: “Eu tenho cuidado, eu não vou embolar o meio do campo, porque
se eu embolar o meio do campo, que significa: ‘Não, desviou não sei quantos
milhões’, vou tentar dar o remédio errado para a doença, para outro tipo de
doença. Vai matar o paciente.” Não, para resolver essa questão nós temos que
ter a transparência, nós temos que ter a clareza dos números, o passivo
atuarial. Aliás, deveria ter tido já uma audiência pública. Não era tacar aí um
projeto de lei, mais um, porque teve uma audiência pública com todo aquele
consórcio de entidades... de empresas que já foram privatizadas no primeiro
lote. Agora é o segundo lote. Tem que ter uma audiência pública para que
minimamente se entenda o que se quer fazer com a Dersa, porque na minha humilde
opinião de professorinha - está certo, que eu não tenho problema nenhum de ser
tratada como tal - eu quero dizer que sem clareza não se extingue nada. Ou sou
levada a pensar que eu faço arquivo morto, então. Eu faço arquivo morto. É a
forma que eu tenho para tampar alguma coisa que me incomoda. E não é assim que
a gente resolve.
Para o governo
Doria ser totalmente diferente, ele teria que ser diferente nessa forma de
lidar com a Dersa, que aliás, dizem que nós, que o PT nacional, internacionalmente,
mas o PSDB também. Ou eu estou enganada? Eu não estou enganada. A mala de
dinheiro que eu vi era mentira? Ou é verdade? O telefonema do Aécio para o
primo é mentira ou é verdade? Mas está lá quieto. O PT é o único responsável,
toda hora o PT. Ah, mas quando se trata de dizer quem foi que incluiu milhares
e milhares de famílias, que pelo menos saiu da pobreza absoluta que subiu,
minimamente, para uma classe social, e incluiu 36 milhões de pessoas na chamada
nova classe média.
O
próprio líder do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, perguntava: “como é que vai
ser a disputa dessa nova classe média?”. Lamentavelmente, foi da forma como
foi. Golpe. Eu até preferia que fosse disputado, e fosse vencido sem ter a
figura do golpe, ou mais, a cena do golpe, naquele momento, mas,
lamentavelmente, com a ajuda de uma deputada da Casa, com um parecer que eu
considero pouco relevante.
Naquela
época, até nós derrubávamos qualquer... É só você ter um Congresso Nacional
totalmente pronto para derrubar um presidente, ou uma Assembleia Legislativa
pronta para derrubar um governador. Você derrubaria, porque já estava preparado
o golpe. Começou com 2013, 2014, e por aí foi.
Quer
dizer, no estado de São Paulo, o olhar sempre é diferente. Tem que averiguar,
não é isso? Tem que analisar, tem que aprofundar, tem que investigar. Eu até
acho que tem, mas quando se trata dos petistas, vai ver o sol nascer quadrado.
Esse é o caminho para nós.
Eu
quero dizer o seguinte. Eu tenho orgulho, orgulho mesmo. Até quero agradecer,
deputado Carlão Pignatari, agradecendo mesmo, sem provocar, a frase que o
senhor colocou, que eu era tão petista e lulista que eu, ao passar o natal este
ano, eu passei do lado de fora da cadeia, em solidariedade ao presidente Lula,
e eu fiz mesmo, e eu fiquei muito contente com essa citação de Vossa
Excelência.
Quer
dizer, isso, para mim, só demonstra que eu sou coerente com o meu partido e com
a proposta que eu defendo. Agora, o que eu não posso aceitar é que as pessoas
me obriguem a ser diferente do que sou.
Para
fechar, eu quero dizer o seguinte. Esse projeto de lei recebeu 22 emendas e
dois substitutivos também. As emendas até que dialogam com a extinção. Por
exemplo, dinheiro que pode ser encaminhado para as universidades públicas,
dinheiro que pode ir para a Educação, dar um caminho sem extinguir, mas dar um
sentido para a Dersa, mas todas as emendas, me parece, serão de difícil
aceitação. Inclusive, um conselho da Dersa, para que nós tenhamos mais
transparência também.
Então,
de novo é dolorido para a gente subir aqui. O Barba mandou fazer um
levantamento, nosso líder. Veja bem, o cargo função permanente: no total, são
579; ocupados, 304 e 275 vagos. Então, já tem um enxugamento aqui na folha de
pagamento. A mesma coisa o cargo função de direção e chefia: 92; ocupados, 76 e
16 vagos. Cargos função de assessoria: 98; 82 e 16 vagos. No total de cargos,
fica 769, um pouco mais que 50% ocupados, quer dizer, 462 ocupados e 307 vagos.
Quer
dizer, nós temos aqui engenheiros. Nós temos estrategistas aqui, para pensar o
desenvolvimento lá da Baixada Santista, do litoral norte. Nós temos aqui. O que
fazer deles? Isso é algo bastante relevante nessa conjuntura.
Agora, saindo desse assunto, eu quero dividir
com os Srs. Deputados e Sras.
Deputadas mais uma tristeza na nossa categoria. Eu acho que todos devem ter
acompanhado pela Rede Globo de Televisão que, novamente, um professor foi
agredido por um aluno, porque o professor detectou que o aluno era usuário de
drogas. Soltou o pau no professor, que se virou e bateu aqui e aqui, se
machucou.
Estive na
escola ontem. Há um clima de insegurança nas escolas e penso que a gente também
tenha que ter esse olhar, um olhar para essa categoria que é a mais importante.
Nós formamos os demais profissionais. Por essa razão, acredito que não possa
ser tratada com tanto descaso, como tem sido tratada pelo governo do estado de
São Paulo.
É isso. Muito
obrigada.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Sr. Presidente,
para uma breve comunicação?
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Cauê
Macris.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes, porém,
queria convidar o deputado Campos Machado para que pudesse se dirigir à
tribuna. Ele é o próximo orador para falar contra o projeto.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - PARA
COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, quero fazer um
pronunciamento rápido em relação ao projeto sobre o qual acabamos de falar
agora, o Projeto nº 3.369, de 2015, do deputado Orlando Silva, que está na
Comissão de Direitos Humanos.
Bom, segundo eles, disseram que estava
dando muita confusão, esse projeto que fala da família do século XXI. Para
conhecimento de todos, acabou de ser retirado da pauta pelo relator do projeto.
Ele acabou de retirar, porque achou que não era viável colocar. Diz que vai
reformular o parecer.
Muito obrigado a todos os deputados que
se pronunciaram em relação ao projeto, mas isso já aconteceu antes e eles estão
fazendo de novo. A gente vai ficar de olho. Era só para comunicar.
Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra
o deputado Campos Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr.
Presidente, saudando os ilustres deputados... Sr. Presidente, por favor,
deputado Cauê Macris. Saudando os ilustres deputados que se encontram postados
aqui à frente, dotados de extrema sensibilidade, a qual eu não tenho. Sabe,
deputado Barba? Não quero parecer pedante ou chato, é que não consigo ter o
raciocínio que os deputados que estão ali na frente têm. Eles podem falar com
todo mundo falando ao mesmo tempo. Eu não consigo. Sou frágil nesse ponto.
Vamos lá, Sr.
Presidente. Dia desses, eu falava ao deputado Barba, citando Guimarães Rosa:
“Não sei de nada, mas desconfio de tudo”. Quando vejo o líder do governo caçando
a laço os deputados para fazer presença aqui no plenário... Chama um, chama
outro. Vai embora, ele chama. Mantém todos os deputados aqui, silenciosos.
Silenciosos. Fico indagando: o que é que aconteceu? O que é que está
acontecendo?
Aí surge esse
projeto do Dersa. Antes de mais nada, faço questão absoluta de comunicar ao
Plenário que a CCJ votou um parecer a este projeto que tem a seguinte emenda...
Vou ler a emenda, deputado Rogério Nogueira: “Acrescentem-se os seguintes
parágrafos ao Art. 1º...”. Deputado Tenente Nascimento, estou me dirigindo a V.
Exa. para que preste atenção a isso, é importante.
“Acrescentem-se
os seguintes parágrafos ao Art. 1º do Projeto de lei nº 727, de 2019:
§1º - A
extinção somente acontecerá após o adimplemento, o pagamento das obrigações do
passivo contingente da companhia decorrente de ações judiciais e
responsabilidade exclusiva.
§
2º - Fica autorizada a companhia a fim de cumprir as obrigações descritas no
parágrafo acima, realizar a alienação de bens e utilização de créditos”.
Será
que alguém imagina que esta é uma Casa de ingênuos? Quem foi o responsável por
inserir neste parecer esta emenda? O deputado Carlão Pignatari, com muita
altivez, reconheceu esse excesso, esse abuso, e concorda que ele seja retirado,
rejeitado.
Diga
para mim, deputado Barros Munhoz, quem foi a cabeça iluminada que inseriu neste
projeto esta emenda? Atende o quê? Então, nós vamos extinguir a companhia
depois de pagar todos os empresários, os devedores, os credores? Como é
possível isso? Isso me despertou uma vez mais a indagação que eu faço: para que
extinguir a Dersa?
A
quem interessa a extinção da Dersa? Vem os liberais e dizem: “Nós somos contra
empresas estatais”. Mas eu pergunto: qual é a explicação lógica, racional, para
extinguir a Dersa? Mesmo porque o ativo da Dersa é muito grande, é imenso. Por
que não se transforma a Dersa em outro órgão que possa administrar pelo menos
todo esse ativo que tem a Dersa, muito superior ao passivo?
Ninguém
responde, não tem explicação. Todo mundo leva na brincadeira e depois que o
Alexandre Frota se filiou ao PSDB, eu fico mais preocupado ainda. Um governador
que convida um ator pornográfico, um deputado pornográfico, a se filiar ao seu
partido, o que pensa ele?
O
que eu posso imaginar do Sr. Agripino, que faz uma baita de uma festa para
festejar a chegada de Alexandre Frota? Desculpe-me, Srs. Deputados, eu estou
caminhando pela estrada da perplexidade. Medito, reflito, indago a mim mesmo:
que estado é esse, cujo líder estadual e nacional simplesmente, acredito eu,
para dar uma cutucadinha no partido do Bolsonaro, faz um convite desses?
Hoje
pela manhã, um bandido chamado Alexandre Frota, foi à emissora de rádio e fez
considerações de baixíssimo nível em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin.
Aí eu indago: cadê os tucanos da Casa? Onde estão os PSDBistas da Casa? Onde
estão os ex-alckimistas? Sumiram, desapareceram. E o Sr. Alexandre Frota, um
grande ator pornográfico que hoje é deputado federal. E já declarou nos jornais
que ele vai convidar mais deputados do porte dele para entrar no PSDB.
Não
tenho nada com o PSDB. Eu fico perplexo em reação da omissão dos deputados do
PSDB. Todos, antigamente, erguiam loas a Geraldo Alckmin. Aplaudiam Geraldo
Alckmin. Hoje, leia a “Folha”, assista a Bandeirantes, a Jovem Pan, seja o que
for. Ninguém diz nada. Não se pode magoar o chefe. O chefe foi buscar - volto a
repetir - um artista de grande renome nacional para ser mais um membro do seu
partido.
A
minha... O que medito, Sr. Deputado Cauê Macris, o que me fere, o que me toca
na alma, o que me machuca, é a insensibilidade dos deputados do PSDB nesta
Casa. Por que só eu? Por que só eu que tenho que vir aqui para defender um
governador que por 14 anos esteve lá no Palácio? Por que só eu? Ninguém sabe o
que é passado, não? O passado é a ponte que nos conduz ao presente e nos leva
em direção ao futuro.
Agora
estamos analisando esse projeto da Dersa. Aí vem alguém e diz: “Temos que abrir
a CPI da Dersa”. CPI, quando tem inquérito policial, quando o Ministério
Público já está apurando, não tem por que instalar. É circo, é teatro. Agora,
deputado Itamar Borges, V. Exa. que era um grande amigo, e sempre foi um grande
amigo de Geraldo Alckmin. Eu me lembro. Quantas vezes o deputado Itamar Franco
abraçado a Geraldo Alckmin lá nos palanques do interior? Tenho boa memória. Não
tenho... Olha aí, ó! Vou parar e quero que interrompam o meu tempo. Não vou
continuar. Pronto.
Aí
vem o deputado Roque Barbiere e fala: “O Campos está sendo chato.” Não estou
sendo chato. Não consigo. Não tenho a inteligência dos deputados que estão aqui
na frente. Não tenho a sensibilidade de Carlão Pignatari, do Tenente
Nascimento. Eu não nasci assim. Tenho defeitos. Não consigo entender, um
deputado desse porte, sabe? Também não sei. Reconheço que não tenho a
capacidade deles. É por isso que peço um pouco de atenção. Mas, voltando à
Dersa: sou frontalmente contrário à extinção.
Primeiro,
por causa daquela “Emenda A”. Pensar que os deputados são tolos? Que os
deputados são ingênuos? Querer defender interesses particulares e privados
dentro desse projeto? Não dá.
Se
eu não aceito essa “Emenda A”, começo a entender que não posso caminhar com o
resto. Vamos ficar aqui nesta tribuna, enquanto tempo eu tiver, para... Me permite?
Vou continuar.
Sr.
Presidente, prometo fazer um tratamento médico. Vou procurar um médico. Para
que descubra que defeito eu tenho. Que incapacidade eu tenho, de não conseguir
ter o raciocínio quando vejo gente sorrindo, gente falando, comentando. Eu confio
na medicina. Ainda vou descobrir por que todos os deputados são superiores a
mim. Eu não entendi ainda. Porque eu não consigo dar sequência às coisas,
deputado Sargento Neri, mas, com silêncio, eu continuo.
É
preciso meditar, refletir para votar esse projeto. Por que, Campos? Olha, eu
vou dizer. Quando plantaram aquela estupidez, aquela cláusula demagógica,
empresarial, a cláusula “A”, me fizeram desconfiar, me fizeram indagar: aonde
se quer chegar com esse projeto? A quem interessa esse projeto? Ao povo de São
Paulo, depois que eu li a emenda “A”?
Eu
quero que alguém venha aqui, Sr. Presidente, nesta tribuna, aqui onde eu estou,
e defenda publicamente essa emenda “A”. Aqui. Explique, justifique aos
deputados o motivo, o porquê da emenda que foi votada na CCJ, inclusive na
presença de luminares do direito. Tem gente aqui que se acha acima do bem e do
mal, paira em cima, pilares do direito. Deixou passar essa emenda? Não entendeu
o que essa emenda quer dizer? O que penso eu? Descuido? Ingenuidade? Ou o quê?
Nessa
linha, Sr. Presidente, eu me atrevo a dizer que vou lutar até o fim para não
ver aprovado esse monstrengo. Hoje é monstrengo. Podia até ser um projeto um
pouco melhor.
Essa
campainha, toda vez que eu estou encerrando o tempo, a campainha... Eu não
posso ultrapassar o tempo. Tem deputado aqui, tem deputados desta Casa, que
falam dois minutos a mais. Eu, assim que bate o tempo, sou acordado pela
campainha.
Dentro
da linha, Sr. Presidente, eu, para encerrar o meu pronunciamento, não quero ter
a atenção que V. Exa. dá a determinada deputada desta Casa. Não quero isso.
Não, não mereço, não fiz por que. Ela merece. A euforia com que V. Exa.
comemorou a aprovação da Sra. Deputada Paschoal. Total euforia. A deputada
Paschoal correu à Presidência, tocaram as mãos, festejaram. O tempo passando e
eu não tenho esse apoio.
Para
encerrar, Sr. Presidente, eu quero deixar aqui bem claro que nós vamos votar
contrário a esse projeto e não aceitamos nada que possa interferir na nossa
consciência. Eu sempre digo: eu prefiro perder do lado certo a ganhar do lado
errado.
O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT -
Pela ordem, Sr. Presidente. Para uma comunicação.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Antes, porém, já quero convidar o próximo inscrito, o deputado Roque Barbiere.
Ausente. Deputado José Américo, pelo tempo restante da sessão. Temos mais dois
minutos. Três minutos.
Deputado Barba,
uma comunicação.
O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr.
Presidente, foi levantado hoje, aqui, um debate sobre um projeto que estavam
discutindo em Brasília e que foi retirado da Comissão de Direitos Humanos. Nós
vamos tratar dele, aqui, amanhã.
Eu
fiquei muito preocupado quando falaram do projeto aqui, deputada Janaina.
Desculpe-me falar isso. Eu fiquei muito preocupado quando ouvi algumas
informações. Eu fui ler o projeto para dar uma olhada e realmente ver o que os
deputados e as deputadas estavam dizendo do projeto que trata do Estatuto da Família.
Eu vou debatê-lo, aqui, amanhã, embora ele tenha sido retirado, embora eu não
seja do PCdoB, mas eu quero conversar sobre ele. Porque eu acho que ocorreram
algumas coisas aqui hoje que nós vamos ter que tratar de maneira mais dura aí
nessa tribuna, em relação a algumas falas que aconteceram aqui hoje em relação
ao projeto.
E eu quero
tratar esse projeto aqui amanhã, presidente. Porque é um projeto, não é? Não
sou do PCdoB. Eu sou de um partido em que a gente sempre se alia ao PCdoB,
tenho honra e orgulho em andar com o PCdoB, o deputado Orlando Silva é meu
amigo.
Mas, estava
vendo algumas informações. A maneira como as pessoas que têm uma capacidade
intelectual, estão bem preparados, e querem fazer uma interpretação à revelia e
à maneira dela.
Interpretação
cada um aqui pode fazer. Eu o farei dessa tribuna amanhã, de maneira muito
dura. Mas, muito dura, mesmo. Então, queria deixar isso relatado aqui, que eu
estou inscrito para falar nesse projeto amanhã.
E na hora em
que eu for tratar o projeto, eu vou tratar essa questão do que estão fazendo
com o deputado Orlando Silva. O pessoal poderia dizer até como projeto, mas,
não utilizar.
Porque,
presidente, estão usando a questão de incesto. Isso é um absurdo. Quem é o
maluco que vai fazer um projeto dizendo que o pai vai ter uma relação com a
filha, ou o filho uma relação com a mãe?
Então, eu quero
tratar esse projeto aqui amanhã, de maneira muito dura. Então, eu queria fazer
esse comunicado.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - José
Américo, pelo tempo remanescente da sessão, de um minuto.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr.
Presidente, com anuência do orador.
O
SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Perfeitamente.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu estou pedindo
uma Questão de Ordem, presidente, independente de o que o deputado Carlão
Pignatari possa pensar ou não.
Estou pedindo uma Questão de Ordem. Se
V. Exa. vai consultar...
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem 30
segundos, deputado Campos. Eu não consulto ninguém, deputado Campos Machado.
Trinta segundos V. Exa. tem para formular a Questão de Ordem, que é o tempo da
sessão.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Por que 30
segundos?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Porque é o
tempo que acaba a sessão. Depois que acabou o tempo da sessão, não tem mais.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Então, por que eu
vou fazer Questão de Ordem se está encerrando o tempo? Eu olho no relógio da...
Vossa Excelência se guia pelo relógio da esquerda ou pelo relógio da direita?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pelo meu
relógio. Está aqui no meu celular.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - E esses dois, não
valem nada?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não. Eu
considero o meu relógio.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - E não tem um
relógio de centro, que eu possa usar sem olhar à direita e à esquerda?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não. É o meu
relógio, deputado Campos.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Obrigado,
presidente. Eu sei que V. Exa...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB
- Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 21 horas
e 42 minutos.
* * *