24 DE SETEMBRO DE 2019
45ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CAUÊ MACRIS
Secretaria: GILMACI SANTOS e CORONEL NISHIKAWA
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Coloca em discussão o PL 752/19.
2 - CAMPOS MACHADO
Solicita verificação de presença.
3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Defere o pedido. Determina que seja feira a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
4 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PL 752/19.
5 - ENIO LULA TATTO
Discute o PL 752/19.
6 - FREDERICO D'AVILA
Para comunicação, comenta representação ao Conselho de Ética,
contra seu mandato, levada a efeito pelo PT. Afirma que vai adotar a mesma
postura, quando houver crítica ao governo Bolsonaro.
7 - MÁRCIA LULA LIA
Discute o PL 752/19.
8 - TEONILIO BARBA LULA
Para comunicação, rebate o pronunciamento do deputado
Frederico d`Avila. Justifica representação ao Conselho de Ética, de sua
autoria, contra o citado parlamentar.
9 - PROFESSORA BEBEL LULA
Discute o PL 752/19.
10 - PROFESSORA BEBEL LULA
Para comunicação, informa a presença da OAB, do SindSaúde, e
do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo, no Colégio de Líderes, para
demonstrar posição contrária ao PL 899/19.
11 - DANIEL JOSÉ
Discute o PL 752/19.
12 - ALEX DE MADUREIRA
Para comunicação, informa que ontem falecera o pastor
Lupércio Vergniano, do Ministério de Madureira. Agradece as mensagens de
pêsames recebidas.
13 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Endossa o pronunciamento do deputado Alex de Madureira.
14 - DOUGLAS GARCIA
Discute o PL 752/19 (aparteado pelo deputado Adalberto
Freitas).
15 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA
Para questão de ordem, defende a aplicação do art. 14, e do
art. 110, VII, do Regimento Interno.
16 - ADALBERTO FREITAS
Para comunicação, pede desculpas à deputada Márcia Lula Lia.
17 - MÁRCIA LULA LIA
Para comunicação, afirma que não aceita as escusas do
deputado Adalberto Freitas.
18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Suspende a sessão por cinco minutos, por conveniência da
ordem, às 20h45min, reabrindo-a às 20h49min.
19 - RICARDO MELLÃO
Discute o PL 752/19 (aparteado pelo deputado Carlão
Pignatari).
20 - CASTELLO BRANCO
Para comunicação, defende apresentação técnica para favorecer
o entendimento a respeito do PL 752/19.
21 - CARLÃO PIGNATARI
Para comunicação, afirma que técnicos estiveram presentes
nesta Casa, para tratar do PL 752/19.
22 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA
Discute o PL 752/19 (aparteada pelo deputado Carlão
Pignatari).
23 - CARLA MORANDO
Para comunicação, tece considerações favoráveis ao programa
IncentivAuto.
24 - JANAINA PASCHOAL
Discute o PL 752/19.
25 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Lembra sessão extraordinária a ser realizada hoje, 10 minutos
após o término desta sessão. Encerra a sessão.
*
* *
-
Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.
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* *
O SR. PRESIDENTE -
CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número
regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Ordem
do Dia.
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* *
-
Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Discussão e
votação do Projeto de lei no 752, de 2019.
Para discutir contra, o nobre deputado
Paulo Fiorilo.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, para
requerer uma verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Convido os deputados Gilmaci Santos e Coronel
Nishikawa para auxiliar esta Presidência na verificação de presença.
*
* *
- É iniciada a chamada.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB
- Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra ao orador à tribuna, e
agradeço ao deputado Gilmaci e ao deputado Nishikawa por auxiliarem esta
Presidência.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
público presente, telespectadores da TV Alesp, assessoria das bancadas, vamos
dar continuidade ao debate do Projeto 752, de 2019, em que o governo ou a
Assembleia, se aprovar, autoriza a concessão de financiamentos com recursos do
Fundo de Apoio aos Contribuintes do Estado de São Paulo, disciplinado pelo
Decreto-Lei 240, de 12 de maio de 1970 - muitos aqui não tinham nem nascido -,
em condições subsidiadas para projeto que especifica.
O que diz o
projeto? De novo, um projeto, assim, muito tranquilo, com a clareza do
governador, de quem escreve.
Artigo 1º -
Fica autorizada a concessão de financiamento pelo Fundo de Apoio aos
Contribuintes do Estado de São Paulo, Funac, nos termos do art. 5, inciso II,
do Decreto-Lei de maio de 70, às empresas que contêm como projeto de
investimento aprovado no âmbito do regime automotivo para novos investimentos,
o IncentivAuto, instituído pelo Decreto 64.130, de 8 de março de 2019.
Só para fazer
um parêntesis: o governador Doria, em março de 2019, anunciou, fez a maior
festa desse projeto de incentivos às empresas automotivas, dizendo que o Estado
estaria, de novo, incentivando, etc, etc, etc, em março de 2019.
Nós estamos
exatamente no dia 24 de setembro de 2019. Portanto, março, abril, maio, junho,
julho, agosto: seis meses. Seis meses depois de todo aquele anúncio pomposo.
Nem sei se alguns deputados aqui foram. Acho que o deputado Mecca, com certeza,
não foi. O governador fez o anúncio.
E nós, aqui,
estamos ainda discutindo a autorização. Estou falando isso porque esse governo
tem se caracterizado por produção de fake news: já falou que iria dar aumento
para policial, daí disse que não dava agora, vai dar em outubro. Nós precisamos
olhar de perto.
Os funcionários
do Estado continuam sem aumento. Então, é uma situação difícil. Aliás, me
parece que haverá um ato dos policiais no dia 27 de setembro, às 15 horas, na
Praça da Sé.
Eu ouvi aqui,
eu acho que a deputada Adriana aqui que falou, mas o deputado Mecca também.
Acho que é importante, porque isso mostra as incoerências. Aqui tem mais uma,
do governador.
Bom. Parágrafo
único: Compete ao Conselho de Orientação do Funac, esse fundo que foi criado
por um decreto de 1970, observada a regulamentação fixada em resolução do
secretário de Fazenda e Planejamento, o Dr. Meirelles, aprovar a concessão dos
financiamentos previstos no caput, prevendo desconto para pagamento antecipado
de parcelas vincendas, crescente em função do valor do investimento estabelecido
no projeto correspondente, limitado a 25% do saldo devedor.
Eu tenho aqui
uma lei de dois artigos, e o último artigo diz: “Esta lei entra em vigor na
data da sua publicação.”
O
governador, mais uma vez, deputado Daniel José, do Novo, brinca com a nossa
inteligência, ou melhor, brinca com dinheiro público para incentivar empresas
privadas, que é pior. É preciso resgatar aqui que o Estado, o estado de São
Paulo, já tem uma desoneração de 17 bilhões, uma desoneração que é uma
verdadeira caixa-preta.
Aliás, queria aproveitar, deputado
Barba, deputado Barba, Teonilio Barba, o secretário Meirelles estará aqui
amanhã, na Comissão de Finanças e Orçamento e Planejamento, para discutir os
quadrimestres de 2018 e o primeiro quadrimestre de 2019. Talvez possa ser mais
uma oportunidade para esta Casa entender onde é que estão sendo gastos 17
bilhões do ICMS, 17 bilhões. Por que será que os militares não têm aumento? Por
que será que os servidores públicos estaduais não têm aumento? Porque 17
bilhões estão em incentivos fiscais, em desoneração do ICMS, três bilhões do
IPVA, e nenhum deputado aqui, nenhum, nem os deputados novos, nem os deputados
mais experientes, com mais mandatos, sabem explicar quais são as empresas que
recebem a desoneração do ICMS. Isso é inadmissível. Mas nem a Lei de
Transparência o Estado observa para fornecer informação do decreto que o
secretário se baseia para fazer a desoneração, sem publicidade, sem passar por
esta Casa.
O que diz o projeto? Vamos tentar
entender, porque pode não ser um projeto ruim. O problema é a forma como ele
está construído. Vou dar alguns exemplos, dialogando com os deputados do Novo,
em especial com o deputado Daniel José. Tem um conselho que vai decidir, quem é
esse conselho, que tipo de transparência haverá. Nós estamos falando de
investimento a partir de um milhão. Não se discute, por exemplo, qual era a
possibilidade das empresas que vão fazer esse tipo de investimento ter também
responsabilidades para poder ampliar o número de empregos, para poder discutir
exatamente o que será feito com o recurso.
Então, nós temos uma série de questões,
e outras questões: que tipo de veículos serão produzidos. E nós tivemos um
debate com a Enel, que é a distribuidora de energia, deputado Ed Thomas, que
colocou uma questão que eu acho que todos os deputados deveriam se preocupar.
Nós precisamos começar a legislar para o futuro, e não para o passado. E sabe o
que é o futuro? O futuro é carro elétrico, o futuro é a possibilidade de os
medidores de energia elétrica serem inteligentes, e nem patenteados eles podem
ser.
Portanto, nós estamos falando de coisas
básicas, que o governador poderia ter um entendimento melhor para que houvesse
um debate amplo, para que se ouvisse, por exemplo, as montadoras; para que se
ouvisse deputados que podem apresentar propostas para melhorar o projeto, para
quem sabe ser aprovado aqui por unanimidade, assim como foi, deputada Bebel,
Professora Bebel, o projeto que repassa dinheiro direto para as escolas, em que
o próprio Partido dos Trabalhadores fez gestões para que se aprovasse o mais
rápido possível.
O PT não faz uma obstrução, ou uma
oposição obtusa. Ao contrário; o Partido dos Trabalhadores, nesta Casa,
deputado Gilmaci, tem dialogado, preocupado sempre com a questão do emprego,
com a questão das escolas que estão numa situação precária. Aliás, eu já falei
aqui, vou repetir: a gente está vivendo um Setembro Amarelo, muito triste.
Várias crianças e adolescentes têm se suicidado, têm se automutilado nas
escolas do Estado e nas escolas municipais. O último fato ocorrido, deputada
Bebel, Professora Bebel, foi a situação lá no CEU Aricanduva, que um aluno
esfaqueou o professor e depois tentou o suicídio. Se não olharmos para isso...
Tenho impressão que aqui esta Assembleia
já apresentou projetos importantes. Por exemplo, um deles, a possibilidade de
criar uma rede de proteção que fosse multidisciplinar, que tivesse
profissionais na área de Saúde. Sabe qual é o problema das escolas? É que elas vão procurar um profissional na
unidade de saúde e não tem. Não tem um psicólogo; quem tem que tratar da
situação são os próprios professores, que não estão preparados, não foram
preparados, não ganham para isso. E o governador propõe mais incentivo, de uma
forma muito fechada, de novo uma caixa hermeticamente fechada, sem a
transparência necessária.
O
projeto tramita em Regime de Urgência. Ele foi encaminhado pelo governador em
dez de junho de 2019, às vésperas do recesso parlamentar, às vésperas do
recesso parlamentar.
Um projeto
dessa envergadura é preciso que se debata com profundidade, que se discuta
exatamente o alcance desse projeto. Qual é o papel dessa comissão, criada por
um decreto de 1970? Qual é a transparência que nós vamos ter se aqui esta
Assembleia assinar mais um cheque em branco para o governo do estado.
Aí eu queria
dialogar com aqueles que mais necessitam discutir reajustes salariais. Será que
nós vamos permitir mais uma ação nesse sentido? Tudo bem, que trabalhe com os
recursos do fundo. Aliás, quais foram os investimentos desse fundo, ao longo
dessas décadas, se é um fundo criado em setenta? Quais foram os projetos que
esse fundo patrocinou?
Se aqui não
fizermos essa discussão com calma, com parcimônia, com transparência, nós vamos
dar mais um cheque para o fake news do governador tentar virar uma realidade,
porque não basta aprovar aqui a autorização. Ainda tem outros passos que serão
necessários, que é ter empresa disposta a investir, que tem que passar por esse
conselho, que a gente não tem muito conhecimento, e pelo crivo... Nós estamos dando
um poder a mais para o ministro Meirelles.
É preciso deixar claro isso. Está na caneta do Meirelles a
responsabilidade.
Então, eu
queria saber se os deputados vão concordar com mais essa entrega ao governador
sem o debate. Aliás, a gente já fez isso na questão do projeto anterior, da
Dersa. Não tivermos aqui a criação da CPI, e o governador vai extinguir a
Dersa. É óbvio que ele não vai conseguir passar uma borracha nos erros da
empresa. Não dos trabalhadores da empresa. Os trabalhadores da empresa são
trabalhadores sérios. Agora, alguns desviaram recursos para as contas do PSDB,
para as contas de campanha de políticos do PSDB, que agora vão ser
investigados.
Agora, do mesmo
jeito que faz a CPI da Furp, um debate justo, correto, mesmo tendo o MP investigando,
poderia ter aqui o debate da Dersa. Agora, eu estou fazendo esse paralelo para
dizer: ou nós aqui tomamos conhecimento e consciência do papel e das
prerrogativas que nós temos, ou vamos continuar falando ao vento, ou vamos
continuar com o farfalhar das palavras secas, porque é exatamente isso que está
acontecendo neste caso.
Talvez aqui,
neste projeto, a gente tenha a aliança com o Novo. Eu, depois, quero ouvir a
posição do Partido Novo. Por que é importante? Porque o Partido Novo tem sido
um aliado do governador na aprovação de projetos, talvez, neste caso, possa se
juntar a um debate responsável, não uma oposição obtusa, para fazer esse
projeto avançar.
Quem sabe
outros deputados também não tenham a mesma posição? Quem sabe o deputado líder
do governo não contribua com o avanço desse projeto? Agora, não com o trator
ligado, não com uma discussão que não possibilita colocar todas as informações
na mesa.
Por exemplo,
deputado Carlão, quais foram os recursos do fundo utilizados até agora? Eu não
sei se o senhor vai poder informar. Eu vi que o senhor não está inscrito para
defender o projeto. Está inscrito? Eu vou ouvir com atenção, porque, quem sabe,
o senhor traz essa informação. Quanto foi gasto, quanto foi usado do fundo, e
para quais empresas? Quem se beneficiou?
Porque, no caso
do ICMS, o senhor sabe que há, segundo o próprio ministro, hoje secretário,
restrições para informar. O que o Ministério Público de Contas e o que outros
órgãos de fiscalização acham um absurdo, porque nem eles têm acesso. Imagine
nós, que temos que pedir por favor para ter uma informação.
Então, eu
queria aqui sugerir que pudéssemos aprofundar esse debate. O projeto prevê
financiamento para as empresas que aderirem o regime automotivo para novos
investimentos. O deputado Barba, que já fez uso desta tribuna, e vai fazer de
novo, já trouxe aqui elementos de uma outra experiência do governo federal que
foi exitosa.
Por que nós não
podemos trazer os empresários? Por que nós não podemos olhar a experiência do
governo federal? Por que nós não podemos adaptar as nossas realidades? Por que
nós temos que ser submissos a uma lógica que nos leva a entregar tudo que o
governador quer?
Eu quero
perguntar aos deputados que tem votado com o governador. Essa é uma pergunta
que os deputados podiam se inscrever para responder aqui, até para entender
qual é a lógica. Pode ser a lógica das emendas, pode ser a lógica da relação
política, podem ser várias lógicas. Era importante, até porque, se a gente não
tiver essa informação, também fica difícil fazer o diálogo e entender até onde
a oposição pode trabalhar e avançar para poder ter um projeto adequado a ser
votado.
Insisto: o PT
não faz uma obstrução obtusa. Nós fizemos a aprovação do projeto da Educação em
tempo recorde, para ajudar, porque entendemos que era necessário. A Professora
Bebel acompanha de perto o dia a dia das escolas. Eu tenho visitado - porque
também sou professor da rede municipal - várias escolas estaduais. A situação
delas é precária, é de abandono quase total.
O Parágrafo
Único do Art. 1º do projeto afirma que o conselho de orientação regulará a
concessão de financiamentos, inclusive podendo prever desconto para o pagamento
antecipado de parcelas vincendas. Sem essas informações, vamos aprovar? É
inadmissível.
O Conselho de
Orientação do Funac é composto por secretários do governo: secretário da
Fazenda, que é o presidente, Planejamento e Desenvolvimento Regional,
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, diretor-presidente da agência
de fomento. Não há ninguém da sociedade civil, não há um representante do
Parlamento.
Encerro
dizendo: desse jeito, sugiro que a maioria deste plenário avalie com cuidado
para que a gente construa, se for necessário, uma melhor saída para este
projeto.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a
favor do projeto, o nobre deputado Enio Tatto.
O
SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr.
Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos visita, que nos
assiste, queria, primeiro, agradecer a V. Exa., no exercício do Governo do
Estado de São Paulo, agradecer a todos os deputados desta Casa, aos líderes
partidários, pelo apoio na aprovação do meu projeto sobre os autistas, que
virou lei, a Lei nº 17.158, de 2019. Do fundo do coração, quero agradecer a
todos, agradecer a V. Exa., agradecer ao deputado Gilmaci, que presidia a Casa,
e a todos os deputados, mesmo àqueles que não votaram favoravelmente. É isso
que engrandece o Parlamento, quando a gente aprova projetos desse alcance, que
beneficiam famílias e pessoas do estado de São Paulo. Então, muito obrigado a
todos vocês.
Sobre o projeto
em questão, a bancada do Partido dos Trabalhadores é contrária a sua aprovação.
A gente é favorável a incentivos do governo. E fizemos bastantes incentivos,
reduzimos alíquotas, principalmente do IPI, para a indústria automotiva. Mas
tem que ser com transparência, cobrando contrapartidas.
Foi isso que
aconteceu no governo do presidente Lula e no governo da presidenta Dilma. Você
dava os descontos, mas você discutia com os setores envolvidos, sindicatos,
empresários, com a sociedade como um todo, e você combinava, por exemplo, que
não haveria demissões em determinado período.
Diferentemente
deste projeto, e é uma exigência da bancada do Partido dos Trabalhadores, do
nosso líder, Teonilio Barba, que é da área, que conhece muito bem, que conhece
profundamente esse setor... O que ele pede? Ele pede um tempo para que se
discuta, para que se faça audiência pública, envolvendo todos os setores
interessados da sociedade, para discutir esses financiamentos, para discutir
essas isenções. É muito dinheiro envolvido, mais de 1 bilhão. É muito dinheiro
que neste momento que será investido. E o que a gente pede é transparência, é
transparência.
Aqui
na Alesp temos um problema. Vi isso hoje, quando o líder, no Colégio de Líderes
- eu estava lá, eu assisti -, falou do papel do líder do Governo nesta Casa
quando estava discutindo projetos de deputados. O líder do Governo faz de tudo
para não aprovar projetos de deputados. Ele deixa discutir e, quando está
praticamente tudo acertado, ele chega e fala: “Eu vou complicar para não
aprovar nada dos deputados”.
A
mesma coisa é quando se refere a um projeto do Executivo. A gente percebe que
ele faz a mesma coisa, de não discutir nada, não ter transparência, porque ele
tem certeza que vai ser aprovado e não precisa ceder nada, conceder nada. Você
não precisa aperfeiçoar o projeto, você não precisa modificá-lo, melhorá-lo,
que é para isso que serve o Parlamento.
Além
de a gente fazer leis, legislar, a gente serve para aperfeiçoar projetos do
Executivo. Agora, como a gente vai aperfeiçoar um projeto do Executivo, se o
projeto chega aqui, há um pedido para se discutir, fazer uma audiência pública,
trazer o secretário da Fazenda, trazer o secretário relacionado à pasta, e tudo
isso é negado? No máximo, o que se aceita é o seguinte: “Vamos trazer o
secretário ao Colégio de Líderes, só com os deputados e mais ninguém”. Por quê?
Porque tem uma maioria folgada, não precisa dar satisfação para o Parlamento,
para os deputados.
Isso
é muito ruim para o Legislativo, e é o que está acontecendo com mais este
projeto aqui. O projeto da Dersa, por exemplo, que foi aprovado aqui é absurdo.
O que a gente precisava aprovar, com todos os escândalos existentes no governo
do estado, é a CPI pedida aqui, que não foi instalada. Então, o governo Doria,
governo do PSDB, mesmo que ele não queira, tem uma mania, tem um costume de não
ter transparência nas ações do Governo do Estado de São Paulo. Isso ocorre em
todos os aspectos, em todos.
Inclusive
eu queria já anunciar aqui que tem um projeto de despoluição do Rio Pinheiros e
do Rio Tietê - ele quer transformar o Rio Pinheiros no Puerto Madero, lá da
Argentina -, que é mais ou menos mais uma jogada de marketing. Ele vai mandar a
proposta para cá, aprovar, e ter um monte de investimentos. Tudo indica que não
vai conseguir realizar, mas ele vai jogar isso para a mídia, para usar como
candidato em 2022.
Eu
estou propondo, e colhi assinaturas já, de diversos partidos, a criação de uma
frente parlamentar de acompanhamento desse projeto da despoluição do Rio
Pinheiros e do Rio Tietê. Sabem por quê?
Para
os deputados que estão chegando agora, para saberem que o dinheiro gasto no
estado de São Paulo, deputado Dr. Jorge, para despoluir o Rio Pinheiros e
principalmente o Rio Tietê, foi um absurdo, um escândalo. Quem não se lembra da
época do Serra, do Alckmin, daqueles painéis, daqueles outdoors? Naquela época
eles eram permitidos. Colocavam lá: “Enchente nunca mais”, “Despoluição do Rio
Tietê” para o ano de 2012, 2014, 2018, 2021... Tinham diversos prazos, nunca
cumpridos, deputada Bebel.
Esta
semana saiu um índice de um órgão de fiscalização de São Paulo - o SOS Mata
Atlântica -, mostrando que aumentou a poluição e que a Sabesp é a maior
poluidora. Esse é o governo do PSDB, esse é o governo tucano. Então eu estou
propondo essa frente parlamentar de acompanhamento desse projeto por quê?
Porque muito dinheiro vai ser gasto. Muito. Assim como eles já gastaram no
Pinheiros e no Tietê sem resultados concretos.
Portanto, este
projeto aqui, o líder do Governo deveria retirar de pauta para ser discutido,
bem discutido, bem esclarecido, com cronograma, com empresas, sindicatos,
interessados, e aí a gente poderia até votar favoravelmente, mas, dessa forma
aqui, fica impossível, deputado Aprigio. Porque vem de cima para baixo, para
aprovar imediatamente, no afogadilho, sem precisar sem transparência para a
população, para o parlamento, para ninguém.
Mas, para
finalizar, eu não poderia deixar de falar um pouco, Sr. Presidente, sobre o
desastre do pronunciamento do governo Bolsonaro hoje, na ONU. É vergonhoso. Ele
usa uma tribuna da ONU, um local onde se fala para o mundo, para falar para o
eleitorado dele, para os 12, 10% que acreditam nele. Em um momento de destacar
a importância do País, ele isola o Brasil do mundo todo.
Ele só se
referiu em bom tom ao primeiro-ministro de Israel, que vai perder as eleições
lá e ele vai ficar sozinho. Ele falou do Trump, que provavelmente perderá a
eleição ano que vem e ele ficará sozinho. E falou da Argentina, onde, tudo
indica, o candidato que ele defende perderá as eleições.
Ele faz um
discurso que, talvez, pudesse ser aceito nos anos 60, 70. Ele fala de Cuba, de
Venezuela, de comunismo, de socialismo. Ninguém do mundo quer saber disso.
Queriam saber qual a proposta do Brasil na questão ambiental, na questão da
defesa do nosso planeta, na questão econômica, com o que podemos contribuir
para matar a fome dos brasileiros e dos países do mundo. E ele não tratou
dessas questões em nenhum momento.
O que ele fez
foi pregar o que prega aqui no Brasil: ódio e raiva. A gente vê o que aconteceu
nesta semana em que tivemos dois episódios que chamaram a atenção de todos os
brasileiros e do mundo. Os funcionários de um supermercado chicotearam pessoas
que foram lá e roubaram uma barra de chocolate ou um pedaço de carne para
comer. Isso é graças a quê? Ao ódio que foi pregado.
Uma semana em
que o governo do Rio de Janeiro, que foi apoiado por ele, que foi eleito por
ele, demora três dias para se pronunciar sobre o assassinato, sobre a bala que,
ao que tudo indica - ainda tem que ser apurado -, foi de um policial, que matou
a Ághata, e que comoveu o País todo e o mundo todo.
Aliás, Ághata é
a quinta criança morta dessa mesma forma. Isso tudo é o quê? Discurso, práticas
e incentivos de um governo irresponsável, que até agora não colocou um projeto
de geração de emprego, de geração de renda para combater a fome que existe no
País.
Esse é
Bolsonaro, que usou cinco, seis minutos da ONU para mostrar que é desastre como
chefe de estado. E praticamente colocou o Brasil contra o mundo. Infelizmente.
O povo brasileiro não quer isso. O povo brasileiro quer um estadista. Ele
chegou lá e falou mal das ONGs. Ele chegou lá e falou mal dos presidentes que
passaram, desde 92. Mal sabe que o pior presidente, de todos os tempos, é
justamente ele, que não tem competência, não tem capacidade nenhuma de governar
um país.
É só a gente
verificar. A não ser as redes sociais dos bolsonaristas, o mundo todo está
lamentando, chegando ao ponto de pedir: “Meu Deus do céu, quando é que vai ter
eleição de novo no Brasil, para a gente se livrar dessa tranqueira que foi
eleita aqui por um acaso, no Brasil?”.
Infelizmente, é
esse o presidente que nós temos, que deveria ser um presidente de todos os
brasileiros, mas que se limita à sua pequeneza, a de governar apenas para sua
reduzida parcela de seguidores. Diferentemente das divergências que a gente
teve com outros presidentes, vemos agora a completa falta de diálogo. Um
desastre, uma vergonha. Aliás, nosso presidente não, porque eu não votei nele. Quem votou foi um terço dos brasileiros.
Mas é isso que
a gente tem, é isso que se apresenta para o mundo. Antes de usar a tribuna da
ONU, momento tão importante para a Nação, momento tão importante de falar com o
mundo, de coisas substanciais, coisas importantes, de posições, de defesa da
cidadania, de defesa da democracia no País, ele vai lá e prega aquilo que ele
prega no dia a dia aqui.
Ele deixou o
mundo perplexo com o seu autoritarismo, deixou a gente envergonhado com a forma
desastrosa de tentar governar o País, que não traz nada de positivo para o
Brasil.
Era isso, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar
contra o projeto, a nobre deputada Márcia Lia.
O SR. FREDERICO D'AVILA - PSL -
PARA COMUNICAÇÃO -
Sr. Presidente, eu tive a honra, semana passada, de ser representado no
Conselho de Ética pelo PT, assinado pelo líder Barba. Então, eu fiquei muito
satisfeito, porque, como diz o presidente Bolsonaro, quando a gente é
representado pelo PT, PSOL e esses “puxadinhos” aí, a gente está no caminho
certo.
Utilizando da
mesma régua de medida, toda vez que falarem do presidente Bolsonaro, do
ministro Moro, do ministro Ricardo Salles e dos ministros do governo Bolsonaro,
eu vou representar contra eles, todas as vezes. Então, tem uma pessoa no meu
gabinete que vai ficar, durante os pronunciamentos desse pessoal vermelho aí,
prestando atenção máxima e vai verificar cada palavrinha do que eles falam
aqui, inclusive esses que gostam de nos abraçar pela frente e nos apunhalar por
trás, como uns que circulam por esta Casa.
Então, nós
vamos encher a Comissão de Ética de processos, porque já falaram que é facada
fake, que o atentado contra o presidente Bolsonaro foi montado pelo Mossad com
a Cia, já foi falado que o ministro Moro é corrupto etc. Então, toda vez,
agora, eu vou representar contra quem fizer esse tipo de afirmação contra o
presidente Bolsonaro ou a sua equipe, partindo da mesma lógica que eles têm
para conosco.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra
a deputada Márcia Lia.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT -
O que nos traz aqui é o Projeto 752, que autoriza a concessão de financiamentos
com os recursos do Funac, que é o Fundo de Apoio aos Contribuintes do Estado de
São Paulo. Ele tem por objetivo permitir o financiamento para as empresas que
aderirem ao regime automotivo, para novos investimentos, o IncentivAuto, que
foi instituído pelo Decreto 64.130, de 8 de março de 2019. Por si só o projeto
permite a possibilidade de que as empresas automobilísticas recebam do Governo
do Estado de São Paulo recursos desse fundo de apoio para que possam gerar
empregos, para que possam melhorar a infraestrutura das empresas que fabricam
automóveis aqui no Brasil.
Em
tese, deputadas e deputados, nós não temos nenhuma contrariedade com a essência
do projeto. Porém, esse projeto carece de mais informações. Ele é um projeto
que não contempla todas as necessidades para que haja uma transparência, para
que haja de fato condições objetivas de que nós possamos aferir como será,
quais os critérios, de que forma o governo vai implementar esse incentivo.
Tem
uma série de necessidades para que ele seja aprimorado e nós propusemos por
meio do nosso líder, o deputado Barba, que a gente apresente uma proposta para
agregar informações a esse projeto na perspectiva de a gente ter um projeto mais
complementado. Então nós vamos negociando com o líder do Governo para que a
gente possa melhorar esse projeto.
Em
tese não vamos ainda dispensar a possibilidade de votar contrariamente a ele,
mas se nós tivermos a aquiescência do governo de que nós podemos melhorar e que
nós possamos melhorar esse projeto, nós temos a possibilidade de votar até
favoravelmente a ele.
Eu
queria aproveitar a oportunidade de estar aqui conversando com as pessoas que
nos assistem, com as pessoas que estão no plenário e com as pessoas que estão
vendo a grande vergonha que nós passamos hoje na Organização das Nações Unidas
lá em Nova York, porque o mundo está dizendo o seguinte: “Discurso de Jair
Bolsonaro na ONU é uma vergonha histórica”.
Eu
já li pelo menos umas dez matérias dizendo que foi um fiasco, que essa
apresentação, esse discurso de abertura da Conferência da ONU foi realmente
algo absurdo. E eu vou me permitir ler um texto que está nas redes sociais que
diz que: aparentando nervosismo, impaciência, irritação, Jair Bolsonaro faz na
ONU discurso retrógrado escrito provavelmente por algum aluno de Olavo de
Carvalho e que remete aos tempos da Guerra Fria.
Diante
dos olhos do mundo, o presidente não se intimidou em divulgar informações
falsas. O discurso do
presidente Jair Bolsonaro na abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações
Unidas, em Nova York, foi chamado de vergonhoso e de retrógrado pela imprensa
internacional.
Em seu
pronunciamento, Bolsonaro demonstrou dificuldades para ler o teleprompter e
negou que a Amazônia esteja sendo devastada. É da ordem de quase 300% o aumento
da devastação da Amazônia nos últimos meses.
Não sou eu quem digo,
são os institutos que fazem a medição nesse desmatamento que estão noticiando
exaustivamente essas informações. E ele vai à ONU e diz que não é verdade.
O presidente ainda
atacou líderes estrangeiros, como Nicolás Maduro, da Venezuela, Emmanuel
Macron, da França, além do cacique Raoni, um dos principais
porta-vozes da
causa indígena em todo o Planeta.
Em mais de 30
minutos, Jair Bolsonaro pareceu nervoso e atacou a imprensa internacional pela
publicação do que chamou de notícias sensacionalistas sobre os incêndios na
floresta amazônica. Segundo ele, Jair Bolsonaro, é uma falácia dizer que a
Amazônia é patrimônio da humanidade.
Diante dos
olhos do mundo, Bolsonaro não se intimidou em divulgar informações falsas sobre
os incêndios na Amazônia, dizendo que são naturais e consequência do clima
seco. Para além de afirmar que as queimadas são provocadas pelos próprios
indígenas.
A fala do
mandatário brasileiro repercutiu imediatamente no Brasil e no mundo. Uma
vergonha. Uma grande vergonha. O discurso de Bolsonaro na ONU expõe o Brasil ao
mundo como um país refém de um presidente que sofre de cegueira ideológica, que
mente, que insulta países parceiros e que ataca um dos maiores líderes
indígenas brasileiros, o cacique Raoni. “Que vergonha”, comentou o deputado
Alessandro Molon.
O Brasil nunca
passou tanta vergonha na ONU. Bolsonaro foi até lá para culpar os nossos
indígenas pela sua gestão ridícula na crise na Amazônia. Atacou nações que nos
ofereceram ajuda. Defendeu a ditadura militar, esbravejou asneiras ideológicas
diante do mundo. “Vexame”, disse o senador Randolfe Rodrigues. Bolsonaro
repudia tanto a questão ideológica que se limitou a fazer um discurso puramente
ideológico, raso, repleto de mentiras e fake news, em plena ONU.
Levou a sua
ignorância para o palco do mundo. Que vergonha. Uma vergonha histórica. “De
onde menos se espera, daí é que não sai nada.” A frase do Barão de Itararé
resume perfeitamente mais esse vexame de Bolsonaro. O discurso de Bolsonaro foi
avaliado como retrógrado por observadores internacionais, que associaram a fala
do mandatário brasileiro ao período anterior à queda do Muro de Berlim.
Em sua fala,
Bolsonaro criticou os governos anteriores ao seu e afirmou que o Brasil esteve
a ponto de ser tomado pelo comunismo. Vou dar risada, né gente? O presidente
brasileiro fez críticas ao Foro de São Paulo, seguindo recomendação do seu guru
Olavo de Carvalho. “O Foro de São Paulo, organização criminosa criada em 1990
por Fidel Castro, Lula e Hugo Chávez, para difundir e implementar o socialismo
na América Latina, ainda continua vivo e tem que ser combatido”, esbravejou.
O discurso que
Bolsonaro leu na ONU foi escrito por Filipe Martins, aluno de Olavo de
Carvalho, que ocupa o cargo de assessor especial da Presidência da República.
Uma vergonha. Uma vergonha para o Brasil, uma vergonha para o mundo, uma
vergonha para todos nós, brasileiros. Uma vergonha que a gente tem vergonha de
dizer que somos brasileiros, por conta desse... Não tenho nem palavras para
expressar o que sinto em relação a esse presidente Jair Bolsonaro.
Me lembro que o
Brasil foi um país respeitado. A política internacional brasileira era
referendada no mundo todo, porque tínhamos e já tivemos outros também... Mas
vou me reportar ao que mais recentemente ocupou um cargo tão importante, que é
o de diplomata brasileiro no exterior. Que foi ocupado pelo Celso Amorim, uma
pessoa de uma fineza, de uma clareza do papel que tem um diplomata brasileiro,
que tem um ministro de Relações Internacionais. E agora a gente vê esse Ernesto
Araújo fazendo a gente passar vergonha e o presidente Bolsonaro fazendo a mesma
coisa conosco.
Além disso
tudo, ainda tem as mentiras, as informações falsas. A CBN - acho que é isso -
relatou que os dados do Tribunal de Contas da União de 2017... Porque ele falou
do programa “Mais Médicos”, dando uma informação mentirosa, dizendo que os
médicos que atendiam aos pacientes brasileiros pelo programa “Mais Médicos” não
tinham formação profissional. Ele quis dizer, lá na ONU, que os nossos médicos
cubanos, aqueles que atendiam à população - e eu cheguei a presenciar muitos
desses atendimentos pelo interior do estado de São Paulo, atendimentos de
excelente qualidade -, não tinham formação profissional. Mas eu vou, agora,
usar os dados que foram trazidos numa matéria.
Os dados do
Tribunal de Contas da União dizem que dos 18.240 médicos que participaram do
programa “Mais Médicos”, 5.274 eram formados no Brasil; 1.537 tinham diplomas
do exterior; e 11.429 eram cubanos. Conforme determinava a Lei no
12.871, de 2013, que instituiu esse programa “Mais Médicos”, os profissionais
precisavam apresentar documentação que comprovassem formação no curso de
medicina, curso superior, para a autorização para o exercício da profissão.
Então, essa informação foi falsa.
Também falsa a
afirmação do presidente Jair Bolsonaro hoje, na ONU, de que os médicos cubanos,
em vindo para o Brasil, não poderiam trazer os seus familiares. Não é verdade, porque
a própria lei estabelecia que o visto que seria dado ao médico seria extensivo
aos seus familiares. Então, outra informação falsa. Inclusive, o próprio
presidente Jair Bolsonaro, quando deputado federal, em seu discurso, em 2013,
afirmou que está na medida provisória a seguinte informação: que cada médico
cubano pode trazer todos os seus dependentes. “A gente sabe como funciona a
ditadura castrista. Então, cada médico vai trazer 10, 20, 30 agentes”. E ele se
posicionou contrariamente à chegada dos médicos juntamente com as suas
famílias.
Então, ele é
uma pessoa extremamente contraditória. Quando interessa, ele é a favor; quando
não interessa, ele é contra. Ele fala mentiras, dá informações inverídicas. E
assim foi com o meio ambiente: ele disse que preserva o meio ambiente, mas
desde que ele chegou ao governo, já foram 239 novos agrotóxicos que foram
liberados, muitos dos quais extremamente graves, extremamente tóxicos, e que já
não são usados no mundo inteiro há muito tempo.
Então, eu quero
dizer que eu não votei no Bolsonaro. Quero dizer que eu não tenho essa culpa no
cartório. Quero dizer que eu não me envergonho de ter votado no professor,
naquele cara inteligente, culto, tranquilo, sereno, que teria, com certeza,
empreendido muitos projetos e programas para gerar emprego, para melhorar as
condições da Educação, da Saúde, de todos aqueles programas tão importantes que
foram dizimados, que foram extintos, que acabaram. E a gente está vendo o povo
brasileiro voltar para a fome, voltar para a miséria, voltar para as favelas.
E a gente,
vendo todo esse discurso dele, a gente só tem uma palavra para dizer: vergonha,
vergonha e vergonha.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a
favor, a nobre deputada Professora Bebel.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem,
deputado Barba.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Para fazer uma
comunicação enquanto a...
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa
Excelência tem a palavra enquanto a deputada Bebel vai à tribuna.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT
- PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ouvindo
aqui agora há pouco o comunicado do deputado Frederico d'Avila sobre uma
representação que impetrei contra ele no Conselho de Ética, ele não diz por que
foi a representação.
O deputado
Frederico d'Avila veiculou nas suas redes sociais dizendo que o Felipe Santa
Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil era um terrorista.
Depois, ele
próprio retirou das suas redes, porque viu que era uma fake. Como é um deputado
e veiculou uma notícia, que ela é ruim e tem um papel importante nesta Casa, em
função disso é que nós... eu apresentei uma representação contra o deputado. E,
apresentarei contra qualquer outro deputado ou deputada nesta Casa.
E, não tenho
problema quando as pessoas quiserem fazer representação contra mim quando eu
atacar o Bolsonaro ou quando eu atacar qualquer partido aqui dentro. Não tenho
problema, que façam à vontade. Aliás, desde que esta nova Legislatura tomou
posse, nós só temos sido atacados aqui, nós, da bancada do Partido dos
Trabalhadores. E, estamos agindo com muita tranquilidade.
Então, deputado
Frederico d'Avila, primeiro, deixar claro o seguinte: você disse das pessoas
que abraçam pela frente e dão uma facada pelas costas. Não tem isso comigo,
porque eu sou oposição ao PSL, sou oposição ao governo João Doria, sou oposição
ao PSDB.
Então, se você
estiver falando de alguém que te abraçou pela frente e deu facada pelas costas,
não é do PT, porque nós somos oposição ao PSL, ao Jair Bolsonaro, ao Sérgio
Moro, ao PSDB, e pronto.
Para deixar
claro isso, porque eu não sei a quem você estava se referindo. Talvez, você
possa estar se referindo aos seus aliados. Aí, pode ser. Mas, nós não somos
aliados seus.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a
palavra a deputada Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, cumprimento a volta do
senhor para esta Casa e a passagem, também, pelo Governo do Estado de São
Paulo. Acredito ter sido motivo de muita honra para Vossa Excelência.
Cumprimento
todos os assessores da Mesa, cumprimento, também, a assessoria que está sentada
à esquerda, à direita, cumprimento todos os que estão presentes aqui neste
plenário, e cumprimento todos os deputados e deputadas desta Casa, assim como
cumprimento também todos os que nos assistem através da TV Alesp.
Eu estou aqui
na condição de falar um pouco sobre o Projeto de lei 752, de 2019, que trata
também, disciplinado pelo Decreto 240, de 12 de maio de 1970. É um decreto que
trata de financiamento de um fundo de financiamento a contribuintes.
E, pessoalmente,
isso de forma muito sincera, vocês podem ver que um antecessor meu, uma
antecessora minha que esteve aqui, ela também não se colocou contra, na
verdade. Ela trabalha, a Márcia Lia, a deputada Márcia Lia, ela entende que o
projeto tenha que ter modificações para que a gente possa, de certa maneira,
ter mais transparência.
Não basta ter
um fundo de financiamento se também nesse fundo de financiamento nós não
tivermos a contrapartida, que é a criação de empregos. E, aí, há emendas de
deputados, por exemplo, que propõem até a criação de 400 empregos na forma de
contrapartida.
Isso é bom. Não
pode achar que isso é ruim. Desde que isso seja incorporado ao projeto de lei.
Se incorporado ao projeto de lei, não dá para fazer uma... ter uma .... ter uma
posição extremada, sim ou não? Eu estou aqui numa condição muito mais de
debater do que dizer “sou favorável ou desfavorável”. Não, eu espero mudanças
no corpo deste projeto de lei. Acho que isso mostra uma atitude, e também dá
para esta Casa um papel que lhe é peculiar, que é de legislar, que é de
fiscalizar, que é, de certa maneira, expor para a sociedade o que pode estar ao
alcance dela.
Mais
que isso, que pude observar também, é que o projeto de lei não estende para
outras áreas, e fica muito restrito. E eu quero dizer que é possível estender
também, não só para o setor automotivo, mas também para a questão farmacêu...,
para químicos, para farmacêutico, para mecânica, enfim, para outras áreas aí de
investimento e desenvolvimento que a gente pode... venha a poder ter aqui no
estado de São Paulo. Eu sou inteiramente favorável a que se tenha um
desenvolvimento, sustentável, sobretudo, que não seja um desenvolvimento em que
a gente só paga impostos e não vê retorno desse imposto.
Então, quero dizer que o projeto de lei
tem falhas mesmo no corpo dele próprio, e que precisa de aprimoramento. Por
isso necessário é o debate através de audiências públicas, a presença inclusive
do conselho que está proposto no projeto de lei, para que esse conselho também
explique qual é a dimensão e o alcance desse conselho, o que esse conselho
pretende, qual é o papel desse conselho. Dá para pôr mais membros nesse
conselho? Por exemplo, alguém da Assembleia Legislativa, por que não? Algo que
dê maior transparência.
Eu acompanhei também todas as falas, sem
nenhuma distinção, e todas as falas tiveram também o cuidado, e eu quero de
forma muito, não sei, cuidadosa também, nesse momento, cuidado, cuidadosa, mas
tocar nesse assunto que eu acredito que tomou conta das redes sociais, enfim,
dos canais televisivos, de forma a expressar a opinião de todos aqueles que
assistiram e ouviram à fala do presidente. Eu falo presidente Jair Bolsonaro lá
na ONU. E eu quero dizer para vocês o seguinte: a minha mãe sempre me ensinou
que quando a gente não tem o que falar, e se for para falar besteira, fica
quieto. A melhor forma é essa. É melhor ficar quieto, calado, aprender, ou até,
se fizer uma fala, ouvir mais, também. Você pode até melhorar a posição. Mas o
negócio é que a gente tem assistido, não nesse episódio, mas nos vários
episódios por que tem passado o presidente Jair Bolsonaro, e lamentavelmente
ele tem sido infeliz nas suas colocações.
E
aí eu quero dizer que isso é muito ruim, porque ele é um chefe de estado, e
como chefe de estado a gente tem que ter responsabilidade sobre o que sai da
boca. Uma coisa é eu estar com o Daniel José na Comissão de Educação, não é
Daniel, e a gente dá aquelas esquentadas, e outra coisa é um chefe de estado. É
outra coisa. A gente quer... Eu já tive, como foi dito aqui, oportunidades, mas
muitas oportunidades de assistir a presidentes que não eram da minha concepção
política. Não fui... do Fernando Henrique Cardoso, não votei no Fernando
Henrique Cardoso, mas ele se portou como chefe de estado. Dentro da concepção dele,
ele era chefe de estado, com uma visão de política internacional diversa do
presidente Lula e da presidenta Dilma, mas se postou como chefe de estado.
Não gosto da
forma, por exemplo, como o Temer tomou de assalto o poder no Brasil. Mas se
postou como chefe de estado. Eu discordo dele. É disso que eu estou falando.
Não que eu esqueci o que ele fez para a presidenta Dilma. Não esqueci, mas
posso dizer que não teve... Ou, no limite, se esquivou, saiu à francesa. Isso é
necessário, isso é educativo.
Não é educativo
só para quem está lá na assembleia da ONU. Não é educativo para quem é da
classe política. Não é só para eles. É para o menininho da escola também, a
forma. É, não é, Daniel? Nós falamos muito da Educação, mas é isso. É para o
menininho da escola, que fala: “Olha, o presidente falou isso”.
Você quer ver
uma coisa? Minha filha tem dez anos. Quando ele foi achincalhar os professores
das universidades da rede pública estadual, no dia 15 de maio - a gente foi
para as ruas e tomou as ruas -, ele falou: “Ah, esses professores aí não sabem
nem o que é H2O. Sabe o que me disse a Maria Manuela, de dez anos?
Ela falou: “Mamãe, mas eu acho que esse presidente aí não está muito certo”.
“Por quê?” “Até eu sei o que é H2O, como é que vocês não sabem que é
H2O?”
Vocês estão
entendendo. Isso está desmistificando muitas coisas. Por isso eu não tenho
pressa nenhuma. Eu quero que o presidente Jair Bolsonaro vá até o fim do
mandato dele. Aí é a oportunidade de ele mostrar quem ele é. Acho isso. Não tem
“fora”, não tem “dentro”, não tem nada disso. Vai até o fim do mandato dele. É
a oportunidade que todos os brasileiros estão tendo.
Os
bolsonaristas circunstanciais, aqueles que eu respeito, porque, em certa
medida, quiseram fazer alternância de poder... “Não, vamos trocar porque o PT
está quase há 20 anos. Vamos trocar”. Fez a troca. Agora, acredito que estão
refletindo sobre isso, e isso tem que ser respeitado. O momento da
conscientização também. A gente não pode ter pressa nenhuma para mostrar, para
explicitar.
O tempo é o
senhor da razão, e isso, com certeza, deputado Jorge do Carmo, nós vamos ter a
oportunidade. O tempo é o senhor da razão, em várias medidas. Quando se pinta
demais, a gente já fica armado. O tempo, às vezes, nos desarma. Ou o contrário,
você fica desarmado e o tempo faz com que você tome maior consciência.
Eu digo para
vocês que também tenho uma preocupação fundamental neste momento, que é a
possibilidade premente de nós termos o fim do Fundo de Desenvolvimento da
Educação Básica. O que isso significa? Significa o total desmantelamento da
Educação Básica, caso esse fundo não seja renovado.
O projeto de
lei relatado pela deputada... Aliás, deputada Dorinha Seabra, do DEM, eu apoio
o projeto de lei dela. É bom para a Educação. É um projeto de lei que
transforma o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica em um fundo
permanente, com aporte de 40%, em 11 anos, de recursos para a Educação Básica
da União.
Acaba, deputado
Daniel José, com essa disputa de que eu mando para o estado pobre. Na verdade,
não se corrige desigualdade só mandando para estado pobre. Tem que mandar para
estados e municípios pobres. Você pode ter um estado pobre. Aí vai para o
estado. Mas tem o estado que não recebe, que não é considerado pobre, mas, no
interior do estado, tem o estado pobre. É uma nova forma de pacto federativo no
que diz respeito ao financiamento da Educação básica no Brasil.
Junto com isso,
temos que discutir a reforma tributária, pois a reforma tributária... O fundo
terá sentido se a reforma tributária também for condizente. Se ela não for, não
tem como sustentar o fundo. É conjuntamente.
E a vinculação
de recursos para a Educação. Nisso eu sei que o senhor não concorda comigo, mas
vou bater nessa tecla. Tem que vincular, tem que vincular recursos, porque a
educação básica é o pilar da Educação brasileira. Se não fizermos essa luta,
acaba a valorização do magistério, acaba o avanço que tivemos, do ingresso de
crianças. Noventa e oito por cento das crianças que estão hoje no ensino
fundamental são originárias, primeiro, do Fundef, financiadas pelo Fundef, que
tinha como foco o ensino fundamental. Agora, se a gente atende creches e
pré-escolas, é porque o Fundeb ampliou o seu conceito de educação básica.
No dia quatro,
faremos um encontro aqui na Assembleia Legislativa para debater esse tema.
Gostaria que meus colegas deputados e deputadas pudessem se fazer presentes,
porque essa luta pela Educação não é um problema de professor, nem de aluno,
nem somente de usuários, mas é de toda a sociedade. Até para que possamos ter
pessoas mais bem formadas, jovens mais bem preparados, enfim, para podermos ter
mais ciência, tecnologia e inovação no estado de São Paulo e no Brasil.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar
contra, o nobre deputado Daniel José.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente. (Pausa.) Puxa vida. Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Desculpa,
Professora Bebel. É para uma comunicação?
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Gostaria de
fazer uma comunicação breve.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem anuência
do orador?
O
SR. DANIEL JOSÉ - NOVO - Claro.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com anuência
do orador, tem a palavra para uma comunicação.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT – PARA
COMUNICAÇÃO - Obrigada, deputado. Hoje recebemos no Colégio de Líderes a OAB,
conjuntamente com o Sindsaúde e também os sindicatos dos advogados, com uma
representação contra o projeto de lei que vai diminuir, na verdade, o aporte de
recursos dos precatórios. É na ordem de 30 mil, hoje, no máximo, o que nós
podemos tirar. Vai para 11 mil. E abaixa mais quando tem os impostos para
tirar. Então, foi bastante importante a vinda deles. Vamos fazer reuniões. Há
boa vontade para poder discutir da melhor forma o Projeto de lei n º 899/2019.
Muito obrigada.
O
SR. DANIEL JOSÉ - NOVO -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, presidente. Bom, essa discussão do
IncentivAuto tem sido bastante acalorada aqui na Assembleia Legislativa. O
deputado Carlão Pignatari, líder do Governo, que está logo aqui na minha
frente, tem sido bastante vocal em defender o projeto, não é? Como líder do
Governo não acho que faria diferente, mas, nas comunicações do deputado Carlão,
ele sempre tem direcionado para a gente do Novo, dizendo que a gente é contra a
geração de empregos, que a gente é contra um projeto que vai salvar 65 mil
empregos.
O que acontece?
Nós temos um ponto em comum. Nós queremos que a economia de São Paulo prospere,
que São Paulo se desenvolva, que São Paulo consiga gerar empregos. Nós queremos
que São Paulo, em consequência, consiga gerar renda e oportunidades.
A gente nunca
vai ser um estado admirado, né? Como em relação aos outros estados brasileiros,
se a gente não for um estado onde as pessoas tenham oportunidades. E de
oportunidades eu posso falar porque, sem oportunidades, eu não estaria aqui. E
eu sou um pouco... um pouco não, sou testemunha principal do quanto que uma
oportunidade faz a diferença na vida de uma pessoa. Se não fossem algumas
oportunidades que eu tive ao longo do caminho eu não estaria aqui.
Então, eu
entendo e eu defendo que São Paulo busque os melhores caminhos para se
desenvolver, mas, para isso, a economia precisa crescer. E como a gente faz
para crescer uma economia? Qual o caminho? Qual o mapa que a gente deve seguir?
O caminho principal que as economias modernas, os países desenvolvidos,
adotaram, é o caminho da produtividade.
Ao longo das
últimas décadas, o que a gente tem visto no Brasil foi um crescimento econômico
que veio muito por conta do aumento de população. Veio muito por conta de ter
mais gente trabalhando. Só que, todo mundo aqui já sabe, a curva demográfica do
Brasil já virou e hoje tem menos pessoas nascendo. Por consequência, menos
pessoas entrando no mercado de trabalho.
O futuro do
Brasil, o futuro do crescimento da economia brasileira, vai depender de
produtividade. É esse o caminho. E a produtividade do Brasil não aumenta há
décadas. A gente está patinando há muito tempo com isso. Hoje, por exemplo, o
que um brasileiro produz em uma semana, equivale ao que um americano produz em
um dia. Então, o brasileiro chega ao trabalho segunda de manhã, trabalha até
sexta, fim do dia, tudo aquilo que ele produziu equivale ao que um americano
produziu segunda-feira ao final do dia. Um americano produz cinco vezes mais do
que o brasileiro.
Um chileno
produz duas vezes mais do que o brasileiro. Aqui ó, do nosso lado, não estou
falando dos Estados Unidos. Aqui, o Chile, produz duas vezes mais do que nós,
brasileiros.
E como a gente
faz para sair dessa situação? Como a gente faz para sair desse buraco? A gente
tem que melhorar a Educação? Tem. Tem que melhorar a Educação. Certamente
Educação é um fator importante. Se a gente tem pessoas mais bem capacitadas,
elas vão ser mais competentes, vão trabalhar melhor e vão produzir mais. Isso é
um fator superimportante.
A gente precisa
ter capital para investir? Precisa ter capital para investir. Senão a gente não
consegue começar um negócio, não consegue fazer grandes obras e por aí vai.
Então, esses
dois fatores, Educação e capital, são muito importantes, mas eles só explicam
uma metade do quanto que a gente pode crescer. A outra metade é por uma coisa
que os economistas chamam de produtividade total dos fatores.
Mas o que é
isso? É mais ou menos, genericamente, de maneira muito simplória, é uma medida
do quão bem nós somos em fazer alguma coisa. Então, para dar um exemplo aqui,
se eu pegasse alguns insumos, vidro, metal, chips de processamento de
informações e por aí vai e mandasse para a Positivo. Eles, com certeza, iam...
Aquela empresa Positivo, empresa brasileira, tal. Eles iam produzir alguma
coisa. Alguma coisa eles iam fazer com aquilo.
Agora, se eu
mandar esses mesmos insumos, vidro, metais, chips de processamento, para a
Apple, eles vão fazer um equipamento magnífico, que nem esse, que se chama
iPhone, que vende pelo mundo inteiro e que transformou a vida das pessoas.
Os insumos são
os mesmos. É vidro, é metal, é chip de processamento, mas cada um faz uma coisa
diferente dele. E o nível de especialização, o quão bom a gente é em fazer
alguma coisa, determina o quanto de sucesso a gente vai ter.
Agora, vamos
parar de pensar nesse exemplo aqui e vamos olhar nosso estado aqui, de São
Paulo. Se a gente, aqui no Brasil, se a gente aqui em São Paulo, quisermos ser
produtivos, a gente tem que encontrar onde a gente é bom, a gente tem que se
especializar naquilo que a gente consegue fazer muito bem.
Quem
que vai montar um carro melhor? O Brasil, com as suas altas taxas de
importação, que obrigam as indústrias a usarem componentes nacionais, usarem
insumos e bens de capital mais caros e de pior qualidade, que vêm aqui do ABC,
que vêm de Minas, que vêm de Porto Alegre ou da Bahia, ou será que vai ser o
México, que tem taxas de importação mais baixas e acesso a insumos e bens de
capital produzidos em diversos países pelo mundo, de menor custo e melhor
qualidade, bens de capital e insumos que vêm da Alemanha, da Suécia, da Coreia,
da China e de mais de 50 países diferentes?
Hoje
em dia, um carro, em um país como o México, ele é montado, recebendo peças de
mais de 50 países diferentes do mundo. Quem vai montar um carro mais barato e
de melhor qualidade? Óbvio que vai ser o México, não vai ser o Brasil. O Brasil
não consegue competir. A gente tem insumo mais caro e pior, o carro vai ficar
pior e mais caro, por consequência.
Será
que vai ser apostando em subsídio para o setor automotivo que a gente vai
sustentar os diferenciais da nossa economia, da economia brasileira e paulista?
Será que vai ser à base de subsídio? Subsídios já não resolvem nada. Tem
milhares de pesquisas e evidências que mostram que subsídio não resolve nada.
Quanto mais protegida é uma indústria, menos produtiva ela é, mais na zona de
conforto ela está.
A
indústria automobilística paulista e a indústria automobilística brasileira
nunca vão ser competitivas se elas não estiverem inseridas na cadeia global de
produção, que pode ser acessada através do comércio internacional. Então, se eu
não conseguir ter insumos, se eu não conseguir ter bens de capital, que vêm de
diversos países do mundo, com taxas baixas de importação, para conseguir montar
um equipamento que vai ser competitivo para o mercado internacional, eu não vou
sobreviver. Não tem milagre que aconteça que vai fazer essa indústria sobreviver.
A
melhor coisa que o governador João Doria poderia fazer para o setor automotivo
- e como um liberal, que eu sei que ele é - não é oferecer subsídios a perder
de vista, sem valor determinado e por aí vai, mas, sim, pressionar o governo
federal e, em especial, o ministro, para que ele acelere o processo de abertura
comercial da economia brasileira. Esta é a maior coisa que o governador de São
Paulo poderia fazer para o setor automobilístico paulista: empurrar o governo
federal a abrir logo a economia.
O
que a gente está enfrentando aqui no Brasil, desde o começo da década de 90,
quando o Collor abriu a economia em 92, já veio o primeiro programa de subsídio
ao setor automobilístico, e vieram vários ao longo dos anos. Então, vieram
programas em diversos governos, inclusive nos mais recentes da Dilma e por aí,
mas diversas cidades e diversos lugares ao redor do mundo já passaram por casos
semelhantes.
O
que aconteceu em determinado momento, algumas décadas atrás, é que parou de
fazer sentido, para diversas cidades grandes, ter indústrias automobilísticas.
Por quê? Por causa de dois motivos. O primeiro deles é porque o custo do
transporte caiu. O segundo é porque o custo da terra aumentou. Então, não fazia
mais sentido ter grandes indústrias em Berlim, não fazia mais sentido ter
grandes indústrias em Londres.
Eu
gostaria de falar aqui de um caso antagônico da cidade de Detroit e da cidade
de Nova York, ambas nos Estados Unidos. As duas cidades eram muito fortes no
setor automobilístico, as duas cidades tinham várias indústrias e montadoras,
com um cenário muito parecido com o que a gente vê no ABC e em algumas regiões
espalhadas pelo Brasil.
Só
que aí, com essas mudanças, com o baixo custo de logística, com o alto custo da
terra, eles viram que já não fazia mais sentido. Qual foi a escolha de Detroit?
Detroit decidiu subsidiar sua indústria automobilística, subsídio atrás de
subsídio, dinheiro público usado para proteger uma indústria que estava
ineficiente, uma indústria que já não fazia mais tanto sentido.
O
que Nova York fez? Nova York olhou para o futuro, Nova York entendeu que aquele
momento passou, que aquela indústria automobilística já era coisa do passado.
Ela investiu em tecnologia, ela investiu em infraestrutura, ela investiu
atraindo universidades. Quais foram os resultados? Detroit quebrou diversas
vezes. Detroit tem uma das maiores taxas de desemprego dos Estados Unidos e
Nova York, todo mundo aqui que foi para lá, já viajou e conheceu, sabe que é
uma cidade que floresceu. É uma cidade que tem tecnologia. É uma cidade onde
tudo aquilo de interessante que está acontecendo está lá.
Uma
economia de mercado funcional possui empresas que nascem e possui também
empresas que morrem. Eu vou até repetir isso porque é importante. Porque muita
gente aqui que se diz liberal não entendeu isso ainda. Uma economia de mercado
funcional, uma economia de mercado saudável, tem empresas que nascem e tem
empresas que morrem.
Sobrevive
quem faz melhor, quem inova, quem cria algo novo. Se não fosse assim, a gente
ainda estaria usando lampião em casa e, graças a Deus, a gente não está, porque
veio uma indústria e atropela outra e tira outra do mercado porque ela faz algo
melhor. Ela faz algo que responde melhor às necessidades das pessoas, às
necessidades dos consumidores.
E
quem desenvolve muito bem essa teoria e fala disso é Schumpeter, que chama isso
de “destruição criativa”. Para vir o novo, precisa que o velho dê espaço e
deixe de existir. Na verdade, em todos os outros países do mundo, menos no
Brasil, existe uma correlação entre o tamanho da empresa e o tempo dela. Então,
se ela está sobrevivendo, ela está crescendo.
No
Brasil, essa correlação não existe porque tem muita empresa que já era para ter
quebrado que está sendo protegida pelo governo, pelo Estado, e não é isso que a
gente quer. Eu tenho um convite que eu gostaria de fazer para o governador João
Doria. Governador, se você é um liberal como diz que é e eu acredito ser, o
caminho é um só: deixe a indústria automobilística seguir o seu destino.
O
máximo que você pode fazer é pressionar o governo federal para que o processo
de abertura comercial planejado pelo ministro Paulo Guedes aconteça o mais
rápido possível. Fora isso, subsídio não vai resolver. A indústria
automobilística já é a indústria mais protegida da economia brasileira. Foram
diversos programas desde 1992 para cá que têm os mesmos objetivos.
Tem
aí sim engenharias financeiras, tem uma coisa ou outra diferente, mas que no
final de contas elas têm uma coisa em comum: elas não respondem às necessidades
de alguém que tem que ser produtivo e competir no mercado internacional. O
resultado é sempre o contrário daquilo que se objetiva. Se o objetivo é
aumentar empregos, por que precisa de subsídio para aumentar emprego?
E
aquelas empresas que não recebem subsídio e geram emprego? Elas não precisam de
subsídio e estão gerando empregos. Eu queria terminar aqui citando um trecho de
um artigo do Pedro Cavalcanti Ferreira e do Renato Fragelli Cardoso, que são
economistas da EPGE, que é escola de Economia da FGV do Rio de Janeiro, que é
uma das maiores escolas de Economia do Brasil, em que eles falam em 2017 do
Inovar-Auto, que é um outro programa.
O
Inovar-Auto é um programa que é diferente do IncentivAuto, mas as ideias e os
conceitos são os mesmos: subsidiar a indústria automobilística. O Inovar-Auto e
aqui eu também repasso para o IncentivAuto, partiu de uma concepção
extremamente atrasada, bem como de um surpreendente desconhecimento de
princípios básicos de comércio internacional e do funcionamento da economia
mundial.
Os burocratas responsáveis pelo programa têm na cabeça um modelo
autárquico em que todas as etapas de produção se dão domesticamente e onde
todos os tipos de veículos são produzidos localmente. A consequência dessa
estratégia é uma baixa escala de produção em cada um dos modelos produzidos, o
que gera elevados custos unitários. O desdobramento dessa miopia foi o alijamento no Brasil de cadeias
produtivas globais e a estagnação dos fluxos de comércio.
Os grandes e novos “players” do comércio mundial se especializaram em
etapas do processo produtivo em que possuem vantagens competitivas e importam
os demais componentes. Como eu disse aqui e terminando, o caminho para a
indústria automobilística de São Paulo é um só: é seguir o seu próprio destino
com as suas próprias pernas. Já chegou na hora de parar de dar mesada para esse
filho de 72 anos que a gente carrega há pouco tempo com o dinheiro dos nossos
impostos. Obrigado, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Para falar a favor, nobre deputado Douglas Garcia.
O
SR. ALEX DE MADUREIRA - PSD - Pela ordem, Sr.
Presidente. Eu queria só fazer uma breve comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra
para uma comunicação.
O
SR. ALEX DE MADUREIRA - PSD - PARA COMUNICAÇÃO - Na
noite de ontem, faleceu o pastor Lupércio Verginiano, que muitos aqui nesta
Casa conhecem. Ele foi pastor da Assembleia de Deus no Brás, Ministério de
Madureira, no estado de São Paulo, por 40 anos. Foi acometido do Mal de
Alzeihmer, Mal de Parkinson, e vinha lutando contra a doença já há 10 anos.
Na noite de ontem veio a falecer. O seu
velório está sendo agora, ali na Assembleia de Deus, no Brás, Ministério de
Madureira, na avenida Celso Garcia 560. O vice-governador Rodrigo Garcia está
indo para lá nesse momento. Alguns deputados também estão indo para lá: o
deputado Nascimento e alguns outros.
Eu queria agradecer a todos que me
procuraram hoje, deixando a sua palavra de consolo e conforto à família, à
família da Assembleia de Deus no Brás, à família Madureira. Inclusive, agora há
pouco o governador João Doria fez questão de também ligar e deixar a sua
palavra de conforto e consolo. Então, quero agradecer a todos que nos
procuraram hoje, deixando a sua palavra.
Era esta a comunicação, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Leve, em nome
da Assembleia Legislativa, conforto a todos os integrantes da igreja de
Madureira.
Com a palavra, Douglas Garcia.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR
- Muito obrigado, Sr. Presidente. Quero começar o meu discurso deixando as
minhas condolências também à igreja de Madureira. Que Deus abençoe a toda essa
família e leve o conforto às famílias que, nesse momento, passam por esse
sofrimento.
Eu também gostaria de parabenizar o
trabalho do deputado Vinícius Camarinha. O deputado Vinícius Camarinha, que tem
trazido à tona a coordenação dos projetos de deputados. Eu queria parabenizar o
senhor novamente. Vejo que os projetos estão sendo pautados aqui na Casa. Isso
me deixa muito feliz e mostra que estamos fazendo um novo Brasil e um novo rumo
para o nosso País.
Antes de falar especificamente sobre o
projeto do qual eu vim, não posso deixar de rebater os discursos que foram
feitos, anteriores a mim. E que, infelizmente, incomodam bastante. Porque
precisamos trabalhar nessa Casa legislativa com relação aos seus projetos de
lei, e não questões envolvendo o governo federal.
Discussão sobre projetos. Tudo bem o
que é falado no Pequeno Expediente. Tudo bem o que é falado no Grande
Expediente. Mas, discussões sobre os projetos, que fiquem específicas ao
projeto.
Mas tudo bem. Já que foi falado aqui,
anterior, atacando o presidente da República, etc, não posso deixar de, durante
este meu discurso, defender não só a honra do presidente da República, como
também tecer as minhas críticas àqueles que vêm de forma incessante, não só [Expressão
suprimida.] e a paciência, tirando a paciência da população brasileira com os
seus discursos demagogos, também fazendo com que os próprios deputados desta
própria Casa percam a paciência.
Senhores, não dá mais para aguentar
tamanha hipocrisia. Nobre deputada Márcia Lia, a senhora discursando nesta
tribuna é uma tortura para todos os deputados desta Casa. Não há quem aguente a
senhora falar. Quando a senhora começa a se pronunciar, sinto um desespero
enorme. Bate, na minha alma, um desespero gigantesco, porque eu não aguento.
Juro por Deus: quero achar um buraco e
enfiar a cabeça ali dentro para não ter que ouvir. Porque é insuportável. O
pior é que a senhora diz aqui que não tem palavras mais para falar sobre o
presidente da República. Mas a senhora não tem palavras mesmo, porque tudo o
que a senhora fala não faz o menor sentido. Inclusive, a senhora usa palavras
de outras pessoas, de outros parlamentares: “Ai, porque de acordo com o senador
não sei quem, e não sei o que, e não sei o quê...”.
A senhora é incapaz de fazer um
discurso de 10 minutos sem utilizar as palavras de outras pessoas, e ainda com
uma boa oratória. Gagueja tanto que fico até assustado. E quando não gagueja,
fala absurdos com relação ao presidente da República. Não tem mais deputado,
nesta Casa, que aguente.
Parece que vive em função disso. É uma
vergonha para a população de Araraquara. O povo de Araraquara, quando acompanha
a TV Alesp, meu Deus do céu, não sabe onde enfiar o rosto, de tamanha vergonha.
Fico imaginando como é que uma pessoa dessa consegue ser eleita deputada
estadual, para vir aqui e descarregar discursos atrás de discursos que não têm
nada a ver uma coisa com a outra. Eu fico impressionado com a capacidade de V.
Exa. de não falar nada com nada. É incrível.
Mas já que V. Exa. estava falando que o
Bolsonaro faz a gente passar vergonha lá na Assembleia Geral da ONU, eu trouxe
aqui, é claro, algumas palavras de quem? Da nobre ex-presidente da república
Dilma Rousseff. Bora analisar quem está fazendo o Brasil passar vergonha, se é
o atual presidente da República Jair Bolsonaro, que fez um discurso contundente
numa oratória impecável, ou se é a senhora presidente da República Dilma
Rousseff.
“O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma,
uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”. Palavras da ex-presidente da
República. Está achando pouco, Carlão? Pera aí que tem mais, presta atenção.
“Em Portugal, de onde eu acabei de vir” - Dilma Rousseff - “o desemprego beira
20%, ou seja, um a cada quatro portugueses está desempregado”. Isso porque ela
é formada em economia. Calma, que ainda tem mais. “Na Ucrânia, pagam 13 dólares
o milhão de BTU. Ué, quatro para 13 dá sete”. Foi dito por Dilma Rousseff isso
aqui, na imprensa.
Calma, que ainda tem mais um pouquinho.
Como, senhores, alguém que está ouvindo o discurso de um presidente da
República e precisa traduzir para outra pessoa que fala outro idioma vai
conseguir traduzir a seguinte frase: “estou saudando a mandioca”? Eu fico
impressionado. Como? A pessoa trava. Não tem como você traduzir isso para outro
idioma.
Aí, começa assim: no dia em que ela
resolveu parabenizar o Sr. Ban Ki-moon, lá na Assembleia Geral da ONU, ela
disse o seguinte: “vamos todos cantar parabéns para você, cada um na sua
língua”. E de repente baixou ali um espírito, não sei, de um outro país, e de
repente a então presidente da República achou que ela fosse inglesa ou
norte-americana, mas ela começou a cantar, e não foi nem “happy birthday to
you”. Ela
começou a cantar: “happy birthday to you, happy birthday to you, happy birthday
to you, happy birthday to you”. Então, eu não sei que
idioma é esse aqui. Mas foi a presidente da República, na Assembleia Geral das
Nações Unidas.
O senhor entende? E é o Bolsonaro que
está fazendo a gente passar vergonha. Aí, olha só, para completar, que é tanta
pérola que tive que apenas filtrar as melhores: “mas minha humildade...” Vou
tentar até imitar a forma como ela fala. “Meu chinelo da humildade, eu gostaria
muito de ver o Neymar e o Ganso, porque eu acho que 11 entre 10 brasileiros
gostariam. Eu já vi; parei de ver; voltei a ver. E acho que o Neymar e o Ganso
têm essa capacidade de fazer a gente olhar”. Dilma Rousseff.
Você imagina a confusão que foi quando
ela teve a ideia de estocar vento, na ONU. Como foi que os caras iam traduzir
isso para outro idioma? Tentar passar a ideia de que um chefe de Estado quer
estocar vento. Mas é o Bolsonaro que faz a gente passar vergonha. E quando ela
inventou a palavra “mosquita”, que ninguém sabia de onde veio a tal da
“mosquita”? Os senhores me desculpem, mas é a realidade que o PT trouxe para a
presidência da República. “Esta bola representa nossa evolução, a tal dos
homens sapiens e mulheres sapiens”. E a galera ainda quer ter moral para falar
do Bolsonaro. O senhor gostaria de um aparte, deputado? Fica à vontade.
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - COM ASSENTIMENTO DO
ORADOR - Um aparte, deputado Douglas, só para corroborar o que o senhor tem
falado aí. Eu acredito que a deputada Márcia Lia deve ter [Expressão suprimida.],
porque ela gastou todo o tempo dela hoje aqui na Assembleia... Ela não falou de
projeto nenhum, só falou do Bolsonaro. [Expressão suprimida.]. Primeiro, ela
veio no Grande Expediente e falou do Bolsonaro o tempo inteiro. Falou, falou,
falou, falou. Aí, não contente, ela veio agora aqui e falou mais 15 minutos do
Bolsonaro. Quer dizer, eu acredito que [Expressão suprimida.]. Se a senhora
quiser, deputada, [Expressão suprimida.]. Não é possível. Agora, por
gentileza... Eu estou falando.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT
- O senhor me respeita. Eu sou uma mulher casada. O senhor me respeita.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada
Márcia Lia, o aparte foi dado pelo...
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - A senhora tem que
respeitar o nosso presidente da República. A senhora pode respeitar o
presidente da República. Então, assim, olha, as duas vezes que ela veio falar
que o presidente foi mal, que ela viu, que ela leu, eu não sei onde que ela
viu.
Deve ter visto em algum jornal de
esquerda, alguma revista de esquerda, alguma pessoa de esquerda que falou,
porque não é possível que o tempo inteiro ela fala mal do Bolsonaro. Não tem um
minuto, aliás, não tem uma semana que ela vem aqui que faça oposição. Não
acredito que não seja uma oposição boa.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Eu não lhe dei um
aparte, deputada.
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Por favor. Sem
problema, fique à vontade. Você, o que mais sabe fazer é isso.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Para concluir, nobre
deputado.
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Inclusive, o que a
senhora falou hoje sobre a senhora, a senhora vai ser também processada.
Considerando o que vocês fizeram com o nosso Frederico d'Avila, nós vamos fazer
exatamente com vocês.
Tudo o que a senhora falou do Bolsonaro
hoje, que é mentira, que deu facada, tudo, então, nós vamos fazer exatamente
com a senhora. Vai ser uma crítica, lá. O dia que a senhora pegar, ser uma
deputada de verdade e vier aqui na Casa para discutir projeto de lei, aí, a
senhora vai ser respeitada.
Porque a senhora não respeita nem o
Bolsonaro, nem a nossa bancada. É só vocês pegarem o microfone, estão ofendendo
ou o presidente, ou o partido, ou ofendendo algum de nossos deputados aqui. É
só isso que você sabe fazer.
Todas as vezes. Não tem uma semana,
sequer, que vocês não fazem nada além disso daí.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Muito obrigado pelas
palavras, nobre deputado Adalberto.
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - O presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A palavra
está com o deputado Douglas Garcia.
Continua o aparte?
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Pode continuar.
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Só para terminar.
Eu vou fazer um resumo do discurso para
quem perdeu. Peguei do Twitter, também.
A Amazônia é nossa, discurso do
presidente. Índios não são selvagens. Isso ficou bem claro. Perseguição
religiosa é um flagelo. O Foro de São Paulo é um câncer. A Venezuela e Cuba são
ditaduras. Trump é nosso amigo. Viva o livre comércio. O Brasil é soberano e
próspero.
E, quero falar mais uma coisa. Apareceu
até mais um aqui.O socialismo está dando certo na Venezuela: todos estão pobres
e sem liberdade.
Obrigado pelo aparte.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Obrigado, nobre
deputado Adalberto Freitas.
A
SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Questão de
ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só um
minuto, deputado.
Preservando o tempo do deputado Douglas
Garcia, questão de ordem. Neste momento, eu recebo a questão de ordem de Vossa
Excelência.
A
SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL – PARA QUESTÃO
DE ORDEM - Obrigada.
Eu gostaria só de lembrar a todos os
colegas, devido a frequente nível de ataque entre nós, esquecendo ou não os
nossos nomes, adicionando ou não propositadamente adjetivos aos nomes dos
colegas, acrescentando ou não termos vexatórios, eu queria lembrar o artigo do
Regimento Interno, no seu Art. 110, inciso VII, que diz: "Referindo-se a
colega em discurso deputado ou deputada deverá proceder o seu nome de
tratamento de 'senhor' ou 'senhora deputada'"; e, no Art. XIV, diz:
"Nenhum deputado ou deputada poderá referir-se ao colega e membro geral em
forma descortês ou injuriosa".
Como eu acho que a gente está se
excedendo, eu muitas vezes também sou chamada de coisas que eu não sou e
adjetivada, gostaria de, pela ordem, lembrar o Regimento da Casa.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito.
Com a palavra o deputado Douglas
Garcia.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Muito obrigado, nobre
presidente. Só para eu conseguir concluir, deputado, senão eu não vou conseguir
falar.
Fica à vontade.
O
SR. ADALBERTO FREITAS - PSL – Para a Márcia Lia.
Eu só queria pedir desculpas, referente ao que eu falei [Expressão suprimida.].
O resto, eu permaneço com o que eu falei.
Foi, realmente, eu me excedi nisso daí.
Tá bom? Eu gostaria de retirar.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Há um pedido
de retirada das notas taquigráficas, será retirado.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Eu não aceito, Sr.
Presidente. Eu quero que conste da Ata. Eu não aceito. Eu não aceito. Eu não
sou apaixonada por ninguém.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu vou
consultar a parte técnica a respeito disso.
Deputado Douglas, devolvo e, no momento
oportuno, farei a avaliação.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Muito obrigado, Sr.
Presidente.
Srs. Deputados, continuando aqui o
discurso, acho muito bonita a forma com que foi colocado aqui o Regimento
Interno, através da deputada Monica.
Mas, deputada Monica, a senhora há de
concordar comigo que a senhora foi uma das primeiras a nos chamar de criminosos
quando o deputado Gil Diniz estava expondo a sua opinião.
Então, a senhora deveria - deveria -
agir com menos hipocrisia e, assim, poder fazer com que esta Casa tenha o
mínimo de respeito uns com os outros.
E, deputada Márcia Lia, eu estou
falando, deputado, espere a sua vez. Deputada Márcia Lia, se a senhora, a
senhora, a senhora, a senhora, a senhora, desculpa, perdão, esqueci que meu pai
e minha mãe sempre me ensinaram que pessoa de idade a gente trata como
"senhor" e "senhora".
Então, Sra. Márcia Lia, se a senhora
quer ser tratada com respeito, a senhora deve se dar ao respeito também. Não é
só nós, como deputados, que temos que respeitá-la. Afinal de contas, é de tanto
a senhora falar besteiras nesta tribuna que a senhora anda sendo hostilizada nas
ruas de Araraquara. Isso não pode ser desconsiderado. A população de
Araraquara, a população do estado de São Paulo, não aguenta mais tamanhos
absurdos que são ditos aqui na tribuna pela senhora. Falou aqui do meu lado,
agora, que isso foi causado por causa de mim. Não! Isso não foi causado por
causa de mim. Se a senhora não tivesse subido aqui para falar a quantidade de
besteiras que a senhora fala com relação ao governo federal, isso não teria
acontecido. Quer dizer, então, todo mundo pode falar o que quiser, pode meter o
pau no Bolsonaro, pode falar mal da família Bolsonaro, pode falar o que quiser,
mas a galera do PT, não, a galera do PT a gente não pode nem soprar, a galera
do PT a gente não pode falar absolutamente nada.
Deputada, coloque-se no seu lugar como
deputada, coloque-se no seu lugar como deputada. Aja como uma deputada. A
senhora não está tendo compostura. Causa encrenca nesta Casa, a Casa briga,
causa confusão nesta Casa, não se coloca, não se coloca como uma deputada, como
se deve comportar um parlamentar. Isso é um absurdo.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado
Douglas, eu gostaria...
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Uma questão de ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu gostaria de
suspender nossos trabalhos por cinco minutos.
Estão suspensos nossos trabalhos por
cinco minutos.
*
* *
- Suspensa às
20 horas e 45 minutos, a sessão é reaberta às 20 horas e 49 minutos, sob a
Presidência do Sr. Cauê Macris.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB -
Reaberta a sessão,
devolvo a palavra ao orador na tribuna. Espero que com os ânimos um pouco mais
calmos.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - PSL - Muito obrigado, Sr. Presidente. Agora com os ânimos um
tanto mais calmos, volto a esta tribuna para, enfim, senhores, concluir o meu
discurso dizendo que nós precisamos voltar a nos atentar nos discursos de
projetos, apenas com o projeto que está sendo debatido.
Falei aqui, porque, é claro, tive que
rebater os que me antecederam, e não se trata apenas de discursos meramente
políticos, porque houve acusação de forma pessoal por parte da bancada do PT,
sim, ou indireta, de forma pessoal, por parte da bancada do PT, sim.
Principalmente contra mim, a exemplo do que foi feito pelo deputado Paulo
Fiorilo, quando pediu para eu ler um livro, sei lá qual é o nome, nos “Armários
do Vaticano”, qualquer coisa assim, dando a entender, fazendo uma referência à
minha homossexualidade, que eu resolvi "sair do armário”.
O deputado Paulo Fiorilo, durante a
época da campanha, bate na porta da Igreja Católica, bate na porta da Igreja
Evangélica, pede voto para os cristãos, mas agora, no momento em que ele exerce
o seu mandato como deputado estadual, ele desrespeita o cristianismo,
desrespeita os valores do povo, e fazendo um ataque pessoal a mim.
Então, os senhores não venham dizer que
não fazem ataques pessoais, porque são os que mais fazem ataques pessoais
contra a nossa bancada, contra os conservadores, contra aqueles que pensam
diferente de vocês.
Jair Messias Bolsonaro honrou sim a
população brasileira no seu discurso da ONU. Ele foi corajoso, ele não precisou
ficar cantando “happy birthday to you”, passando vergonha. Ele não precisou
ficar trazendo o estoque de vento para a Organização das Nações Unidas. Ele não
precisou ficar fazendo ladainhas alheias com relação ao seu partido, ou
qualquer outra coisa que ninguém entende, porque esse é o discurso de Dilma
Roussef.
Jair Bolsonaro falou a verdade, e muito
nos orgulhou na Assembleia da ONU. Conformem-se os senhores. Passaram muito
tempo no poder e ficaram conformados com isso. Só que agora nós temos uma
pessoa que nos representa, e vai mostrar, sim, tudo que vocês fizeram de ruim
para o Brasil, e os planos nefastos que a esquerda quis transformar no nosso
país.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar
contra, nobre deputado Ricardo Mellão.
Deputado Campos Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu gostaria que V.
Exa. retirasse do pronunciamento do deputado Douglas a questão [Expressão
suprimida.]. Isso aí não é coisa compatível com a Assembleia.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Peço para ser
retirado das notas taquigráficas.
O
SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Pode começar? Bom, Srs. Deputados, Sras.
Deputadas, assessoria presente aqui no plenário, pessoal da galeria, os
policiais da Casa.
Bom, em
primeiro momento, eu queria falar um pouco aqui sobre a posição do Partido
Novo, que muitas vezes gera confusão nesta Casa. Muitos tentam nos colocar como
base aliada, muitos, às vezes, acham que a gente é contra tudo, que essa é uma
postura, mas, na verdade, eu diria que nós somos uma bancada independente. Ou
melhor, não independente, somos uma bancada dependente, sim, das nossas
convicções.
Nós subimos
aqui para defender aquilo que nós acreditamos, isso é o mais importante. Seguir
nossas convicções, e o Novo tem isso muito claramente no seu estatuto, no seu
discurso, na sua postura e na sua maneira de atuar. Muitas vezes, deputado
Carlão Pignatari, líder do Governo, você sabe que a diversos projetos que o
governo nos envia, nós temos posições favoráveis.
Desestatizações,
por exemplo. Nós temos a convicção de que não temos que ter um Estado gastando
dinheiro, desperdiçando com empresas que perderam o sentido, empresas que geram
prejuízo ao pagador de impostos. A gente sabe o quanto o paulista trabalha,
acorda cedo, para contribuir com parte desse suor arrecadado para o estado.
Para quê? Para ver o Estado gastando naquilo que essencial, Saúde, Educação,
Segurança Pública, sobretudo, e é isso que a gente espera desse governo, é isso
que a gente espera de um governo que se diz liberal, de um governador que se
diz liberal.
Hoje, estamos
discutindo aqui um projeto e, na última vez que subi a esta tribuna, foi para
defender a desestatização de três estatais que estavam aqui. Depois, falamos
também da questão da concessão do Ibirapuera para a iniciativa privada e
defendemos, defendemos como muitos deputados da base aliada não vieram aqui
defender. E por pura convicção. Essa é a conduta do Partido Novo. Quero deixar
bem claro para que as pessoas sempre entendam: nossas propostas são claras,
nossas ideias são claras e temos, sim, convicção. Vamos aqui defendê-las e é a
elas que temos que servir.
Em relação ao
projeto em discussão, denominado IncentivAuto, antes de mais nada, deputado
Carlão, eu queria citar aqui uma frase que diz o seguinte: “Quando o governo
empresta ou subsidia negócios, o que ele faz é taxar negócios privados
bem-sucedidos para auxiliar negócios privados malsucedidos”.
Como o deputado
Daniel José brilhantemente expôs aqui, ele mostra todo o histórico da indústria
automobilística no Brasil que, infelizmente, não é uma história de sucesso. É
uma história de dependência, é uma história de sempre buscar benefícios do
estado e do pagador de impostos para que ela se mantenha e se perpetue sem ter
ganhos de eficiência, já que nunca nos tornamos devidamente competitivos diante
do mercado internacional.
Vamos começar a
discussão do projeto. Qual foi a expectativa? Como o projeto foi vendido para
nós, deputados, e para a população? Vou me basear em um “tweet” do governador
João Doria do dia 8 de março de 2019, onde ele diz o seguinte: “Hoje lançamos o
IncentivAuto, programa que visa a redução de até 25% do ICMS para produtos
oriundos de novos investimentos da indústria automobilística. Para terem acesso
ao benefício, as montadoras precisarão cumprir alguns requisitos, dentre eles:
investimento mínimo de um bilhão de reais; geração de, ao menos, 400 postos de
trabalho e aplicação integral do capital no estado de São Paulo. Mais uma ação
para atrair novos investimentos e gerar empregos à população.” E aqui algumas
“hashtags”: “Menos impostos, mais investimentos, mais empregos, mais
desenvolvimento.”
Esse é o
“tweet” do governador João Doria e é como a imprensa tem falado sobre o
projeto, sempre como um projeto de redução de ICMS para quem quiser fazer esses
investimentos.
Só que, como
tenho o hábito de ler todos os projetos que são discutidos nesta Casa - eu e
minha equipe -, resolvi pegar o projeto de lei para entender melhor onde está
essa redução de ICMS aqui. Vamos lá. O projeto tem dois artigos, não é
comprido, é fácil de ler. Para quem não tiver lido e gostaria de ler, eu faço
esse convite da tribuna. Ou melhor, eu o farei aqui.
“Faço saber que
a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º -
Fica autorizada a concessão de financiamentos pelo Fundo de Apoio aos
Contribuintes do Estado de São Paulo - Funac, nos termos do Art. 5º, inciso II,
do Decreto-Lei nº 240, de 12 de maio de 1970, às empresas que contem com
projeto de investimento aprovado no âmbito do Regime Automotivo para Novos
Investimentos – IncentivAuto, instituído pelo Decreto nº 64.130, de 08 de março
de 2019.”
Primeiro, vamos
parar aqui. Vamos parar aqui. Como é que uma lei... Eu nunca vi isso: como é
que uma lei se submete a um decreto, sendo que a lei é hierarquicamente
superior ao decreto? É um artigo de lei que submete uma lei a um decreto. Eu
nunca vi isso. O decreto é um instrumento frágil que não precisa passar nesta
Casa para ser aprovado. É prerrogativa do governador. Ou seja, eis um artigo
submetendo a um decreto toda decisão, para ele agir conforme ele bem quiser e
bem entender.
Isso, para mim,
já seria um absurdo jurídico. É o decreto que se submete a uma lei, porque a
lei passa por um processo, ela é discutida pelos representantes legítimos, aqui
eleitos. Não é um decreto que tem que definir essas regras. Então, isso aqui,
deputado Teonilio Barba, que gosta sempre de subir a esta tribuna para fazer
essa menção: isso é, sim, um cheque em branco ao governador Doria. Se é isso
que o senhor quer, o senhor vote a favor.
“Parágrafo
único - Compete ao Conselho de Orientação do Funac, observada a regulamentação
fixada em resolução do secretário da Fazenda e Planejamento” - submetendo a
outro instrumento jurídico -, “aprovar a concessão dos financiamentos previstos
no caput, prevendo desconto para pagamento antecipado de parcelas vincendas,
crescentes em função do valor do investimento estabelecido no projeto
correspondente, limitado a 25% do saldo devedor”.
Primeira
pergunta que eu faço: cadê ICMS? Cadê redução neste projeto de lei? Está
escrito aqui? Eu convido até, se vocês quiserem fazer uma brincadeira aqui,
vamos fazer um caça-palavras. Achem a palavra ICMS aqui. Alguém consegue
encontrar? Não, porque não tem, mas não vamos parar por aí, vamos até o
decreto.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Mellão, o senhor me dá um
aparte, não?
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Posso só concluir? Vamos continuar,
vamos ao decreto. O decreto... Enfim, não vou lê-lo inteiro, mas também não
consta a palavra ICMS, a não ser aqui em cima, quando remete à “cláusula décima terceira do Convênio ICMS 190/17”, que
não diz absolutamente nada sobre isso.
Queria
destacar alguns pontos aqui do decreto: “Art. 3º - Para serem beneficiárias do
regime, as empresas mencionadas deverão protocolar pedido junto à Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, dirigido à Comissão de Avaliação, contendo no
mínimo...”, e coloca aqui todos esses critérios que ele mencionou. “Art. 6º -
Os financiamentos citados no artigo anterior serão constituídos com recursos do
Fundo de Apoio aos Contribuintes do estado de São Paulo...”, como eu mencionei.
Aí vamos descer aqui: Art. 6º, parágrafo 1º, item 1 - “Poderá prever a
concessão de desconto do saldo devedor para o pagamento antecipado das
obrigações que especificar”.
Desconto
do saldo devedor, ou seja, aqui mostra claramente que isto aqui é um empréstimo
para indústrias automobilísticas que cumprirem essas determinações. Um detalhe:
é um empréstimo muito diferente do que aquele que você, cidadão comum, vai
pedir no banco. Quando você paga antecipadamente as parcelas de um empréstimo
como esse, o que acontece? Você tem um desconto sobre os juros.
Neste
caso, ele dá um desconto no saldo devedor, ou seja, você pegou lá um bilhão,
você teve 100 milhões de juros, você pode ter um desconto de até 25% no saldo
devedor, no um milhão e cem que a empresa vai poder ter direito. Isto aqui não
é benefício, isto aqui é um empréstimo a fundo perdido. E não sou eu que estou
dizendo isso, não é aqui o deputado Ricardo Mellão que está afirmando isso, e
sim o parecer da consultoria jurídica da Secretaria da Fazenda, endossada pela
Procuradoria Geral da República.
Está
aqui o parecer, vou ler alguns itens. Primeiro, ele fala aqui que “atualmente
as deliberações do Cofunac, do Conselho do Funac, nº 02/2013, nº 03/2013 e nº
04/2013, autorizam o Cofunac a conceder desconto na taxa de juros pactuada em
função das características de cada projeto apresentado”. Ou seja, por que teria
que vir discutir nesta Casa a concessão desse desconto da taxa de juros? Porque
esse projeto vai além, porque autoriza desconto do saldo devedor, ou seja, o
cara pode contrair um empréstimo e, se ele pagar antecipado, ganha dinheiro.
Essa é a grande verdade, é isso que esse projeto propõe.
Então,
só para relembrar, o Funac, gente, é alimentado pela fonte 00. Hoje tem no
Funac cerca de 680 milhões de reais. Na semana que vem, o governo vai voltar
aqui pedindo empréstimo, solicitando autorização desta Casa para pedir
empréstimo para obras referentes à despoluição do Tietê. Quando a gente
questionar o empréstimo, ele vai dizer que não tem dinheiro para fazer o
investimento.
Ele
vai dizer que estado está apertado, só que, ao mesmo tempo, na semana anterior,
ele nos mostra que existe um fundo com saldo suficiente para subsidiar a
indústria automobilística. Como o próprio deputado Daniel José, meu colega de
bancada, em sua brilhante apresentação, mostrou claramente, é uma indústria
que, infelizmente, não deu certo no Brasil, condenada pelo próprio consumidor,
que não tem comprado carros.
As
pessoas têm usado aplicativos, têm usado transportes alternativos, o consumo de
carro caiu. Para você ter uma ideia, a indústria automobilística hoje, no
Brasil, funciona apenas com 54% da sua capacidade. Ou seja, ela está ociosa.
Para que você
vai criar estímulo com base em empréstimo de dinheiro do contribuinte, fonte 00
de imposto, ou seja, diretamente de imposto, justamente para isso? Para que
você vai fazer isso com o contribuinte do estado de São Paulo. Não faz sentido
nenhum, gente.
A grande
verdade é: esse projeto não faz sentido.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Orador, você me dá um aparte
rapidamente? Eu vejo que o que eu falei na imprensa hoje é verdadeiro. Ou o
senhor não leu ou o senhor não entendeu o projeto. Sinto muito.
Novamente eu
vou voltar a frisar isso por dois motivos muito claros na sua fala. Muito
claros. E na fala do deputado Daniel José. A partir do momento... O senhor está
dizendo que é subsídio, ajuda, isso. O senhor sabe exatamente, ou não quer
entender como é.
Nós vamos
trazer um economista para poder fazer a explicação. Já que o senhor é um
brilhante economista, o Daniel José é outro brilhante economista, mas que,
sinceramente, uma conta aritmética muito prática. A empresa que investir “x”
bilhões, um bilhão, ou dois ou cinco ou dez, não importa, ela vai começar a
produzir, a fazer um novo produto. Qualquer que seja, um carro híbrido, um
carro normal, qualquer coisa. Isso vai gerar um imposto para o Estado, que é o
ICMS. O Estado não tem outro tipo de imposto. O desconto será em cima desse
novo imposto, que, hoje, nós não temos.
Então, eu não
consigo entender, até agora, qual é a dificuldade de um partido tão liberal
quanto é o seu se juntar ao PSOL para obstruir um projeto desses. Eu não
consigo entender. Eu não.
Sinceramente,
eu acho que vocês não conseguiram entender nem o decreto e nem o projeto de
lei. Então nós vamos marcar aqui, vamos encerrar a discussão, marcar um dia
para um economista vir aqui e explicar para esses brilhantes economistas que
tem nesse belo partido, que é o partido Novo.
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Olha, Carlão, não é o que eu vejo
escrito aqui. Aqui está muito claro. Direito de a empresa pedir, usar recursos
do Funac e contrair esse empréstimo. Empréstimo que vai ter desconto caso pague
antecipadamente do saldo devedor.
É o que está
escrito na lei.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Posso fazer um exemplo. Um
exemplo de valor.
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - O que mais me preocupa aqui,
desculpa, já lhe dou um aparte. O que mais me preocupa aqui é que ele dá total
poderes para o Conselho de Orientação do Funac, composto por secretários, para
definir quem vai receber ou não esse empréstimo. Isso é liberal?
Por que não
criar, então, incentivo para o setor inteiro? Já que a indústria
automobilística funciona com 54% da sua capacidade e já não consegue mais
produzir e vender, porque, infelizmente, o mercado não está comprando, para que
você vai fazer isso? Para que você vai criar mais oferta? Para que você vai
encher o mercado de novos automóveis se eles não estão sendo comprados? Sabe o
que vai acontecer? Daqui a alguns anos você vai ter que criar subsídios para a
população poder comprar esses carros. E vai inflar, inflar, inflar. É o que faz
o Brasil, é o que o PT fez aqui.
Isso é uma
política antiliberal, Carlão. Eu te respeito muito, mas, nesse caso, vamos ter
que discordar.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deixa só eu fazer uma colocação.
Primeiro que, se a pessoa usa o aplicativo, ela está usando o veículo. Esse
veículo tem que ser produzido por alguém. Não interessa se ele está andando com
o carro dele ou com qualquer tipo. Ou aplicativo, ele vai a pé, ou vai de
carroça, de charrete, isso não é...
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - São menos veículos, porque ele é
compartilhado.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Segundo ponto, nobre deputado, se
ele gerar 100 mil reais de impostos, automaticamente, 20% ele tem que pagar com
recurso dele, 80% ele vai pegar o dinheiro no fundo.
Nos próximos 30
dias que ele...
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Mas isso não está na lei e nem no
decreto.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Está no decreto.
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Nem no projeto de lei e nem no
decreto.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Já foi explicado.
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Está aqui o decreto.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Posso terminar o meu raciocínio?
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Claro.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Esses 80%, ele pode ter até mais
20%, então, quer dizer, vai ter um desconto em cima de uma parte do ICMS, no
máximo 4,5% se ele investir uns dez bilhões. Se for um imposto novo. Não vai
ser na cadeia, não vai ser no produto que ele já produz. Vai ser só se tiver um
produto novo. Isso está muito claro.
De um imposto
que, se a gente não der esse incentivo, nós não vamos ter. Essa é a dificuldade.
Obrigado,
presidente. Obrigado, nobre orador.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em que pese o bom debate, mas o
tempo de V. Exa. está encerrado.
O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Está bom, perfeito. Obrigado.
O
SR. CASTELLO BRANCO - PSL - Para uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para uma
comunicação. Antes, porém, para discutir contra, nobre deputada Monica Seixas.
O
SR. CASTELLO BRANCO - PSL - PARA COMUNICAÇÃO -
Fico muito feliz, nesta Casa, de ver, hoje, o nível dos debates. Pelo menos no
que diz respeito a esse item.
Trata-se de matéria técnica, trata-se
de matéria específica da área tributária e de incentivo. Ambos os argumentos
são muito fortes e ambos têm contrapontos.
Então, nessa linha de raciocínio, eu
sugiro que a gente caminhe para exposições futuras, técnicas, com slides, para
que a gente entenda os mecanismos que estão por trás, para que a gente possa
decidir sobre o tema de uma maneira mais consciente.
Obrigado, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra a
deputada Monica.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB – PARA COMUNICAÇÃO - Deputado
Castello Branco, nós marcamos, a pedido do Colégio de
Líderes, uma vinda dos técnicos da Secretaria da Fazenda, para que fizessem uma
explanação técnica. Infelizmente, por compromissos vários, poucos deputados
puderam comparecer, poucos deputados puderam comparecer.
É uma pena, porque
ficou muito claro tecnicamente como é o projeto, porque nós podemos ser
favoráveis ou não, cada um tem a sua colocação, mas é isso que eu queria dizer
a todos.
Obrigado, deputada
Monica.
A
SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa
noite a todos e a todas que nos acompanham. A gente está com um projeto
bastante simbólico da falta de organização e planejamento político, ao longo
prazo, do Estado, da Nação, do País. A gente poderia citar inúmeros problemas
na transferência, porque se trata de um empréstimo subsidiado, não é incentivo
fiscal, é empréstimo subsidiado em condições que nenhuma outra agência bancária
ou instituição financeira daria para qualquer outro setor empresarial.
Então,
a gente está falando de transferência de dinheiro público para a iniciativa
privada, e a gente pode versar aqui sobre os problemas disso ou não, da
necessidade de geração de renda, de emprego, de um setor que corresponde a mais
ou menos 1% do PIB, etc.
Mas
o que eu quero falar é sobre a dificuldade de a gente fazer um planejamento
real para levar o Estado para o desenvolvimento ou para a garantia de empregos.
A Ford não deixou a sua planta em São Bernardo do Campo à toa. Quem se atreve a
discutir o mercado, é importante também fazer a leitura dessa história.
No
início do ano, a Ford anuncia o fechamento da sua planta em São Bernardo do
Campo. O governador João Doria se compromete, pessoalmente, a ajudar arranjar
um comprador para essa planta. No seu discurso, ele fala: “Não quero deixar
1200 pessoas desempregadas”. Certo, governo? Participou de uma articulação que
levou à compra da planta da Ford pelo o grupo Caoa.
O
grupo Caoa chegou a pedir publicamente, pelos jornais, incentivos fiscais para
a indústria automobilística, mas eu quero dizer que o grupo Caoa, nessa semana,
disse que não se compromete com a manutenção das 1200 vagas de emprego naquele
lugar, porque manter o nível de emprego não significa manter esses mesmos
empregados. Você pode fazer a troca de 100% do quadro, demitir e, mesmo assim,
manter o nível de empregos, certo?
Abrir
novas vagas de emprego também não significa manter o emprego dessas pessoas.
Esse é um ponto, mas o ponto é: o que faz a Ford deixar o Brasil? Nós já temos
no mundo - no mundo - uma ação política de fomentar tecnologias de locomoção
menos poluentes. Se o estado de São Paulo fosse um país, ele seria o sexto
maior poluente do mundo. Entre as cidades em que os índices de poluição no ar
são intragáveis segundo a OMS, estão São Paulo, Santos, Cubatão e Campinas. São
Paulo está na larga liderança.
Se
a gente seguisse os índices de Paris, soariam alarmes quase que diariamente,
decretando feriado aqui. Quem é do interior e chega a São Paulo já sente isso.
Eu não sei de onde os senhores são, mas eu, na minha curta convivência com a
cidade de São Paulo, já sinto uma diferença na minha qualidade de vida, e quero
dizer que quem morre primeiro são os que têm menos condições de tratamento de
saúde.
Setenta
e três por cento da poluição do estado de São Paulo é devido à queima de
combustíveis fósseis da indústria automobilística. Essa indústria
automobilística já possui tecnologia para produzir motores menos poluentes,
inclusive, produz. A Scania, a própria Ford e a Renault produzem, em solo
brasileiro, carros híbridos ou de combustíveis não fósseis para exportar para a
Europa.
Enquanto
isso, a política brasileira é completamente permissiva com o veneno. Se a gente
é permissível com o agrotóxico, com a qualidade do ar, que mata todo mundo e
que diminui a nossas chances de vida, também é um problema, e esse projeto
coloca incentivo numa indústria obsoleta e me surpreende muito, Carlão, você
que está surpreso de eu e do Novo estarmos no mesmo campo, eu ter que vir aqui
à tribuna lembrar os senhores de que o mercado não quer o carro brasileiro, que
o mercado está cobrando da gente uma indústria e geração de empregos verdes.
A
gente está doando dinheiro público para a iniciativa privada para produzir um
produto que nos mata e que ninguém quer comprar. E a gente tinha todas as
condições de aqui nesta Casa Legislativa produzir uma política pública bem
planejada que salve empregos, que salve vidas e que aponte para o futuro, mas
ao contrário disso, a gente só beneficia um setor cegamente em detrimento de
outros.
E
mais uma vez aqui do meu lugar estranho de fala, nesta minha inédita fala sobre
Economia, a indústria brasileira está em recessão desde os anos oitenta. Isso
porque a gente planeja mal. Isso porque a gente tem uma péssima qualidade dos
políticos - eu quero falar sobre isso no final da minha fala - mas está em
recessão desde o final da década de oitenta. Isso porque a gente não valoriza a
cadeia produtiva.
É
mais barato exportar do que beneficiar a cadeia produtiva nacional. Então, a
gente joga também a partir de incentivos - e muitos incentivos - dinheiro para
o exterior. O que mais cresce no Brasil é o serviço e o comércio, mas dentre
todo o cenário caótico da indústria brasileira que está em recessão, a
indústria automobilística se mantém. É a que menos quebra. É a que menos cai. É
a que mais se mantém no mercado vendendo. Isso por conta de um setor que está
aqui do lado, em audiência pública, que não tem direitos trabalhistas
garantidos, que não tem direito a recesso, que não tem direito a descanso, que
não tem direito à segurança, que morre todo final de semana aos montes: os
motoristas de aplicativo. Infelizmente, por conta da “uberização” do trabalho,
o Brasil vende carro.
É
só por isso. Então, se a gente quer de verdade incentivar a indústria
automobilística, fazia todo e completamente sentido a gente investir em
condições trabalhistas para esses motoristas, para que eles se multipliquem,
para que eles consigam sobreviver e trabalhar.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Para um aparte, deputada?
A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA -
PSOL - O
senhor quer um aparte? Claro, Carlão.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu gostaria
de perguntar para a nobre deputada uma coisa que eu não consegui entender.
Primeiro, só uma informação. A Ford fechou as fábricas de caminhões no mundo.
Ela parou de produzir caminhão. Ela saiu do negócio não só aqui, no mundo e que
ela está sendo vendida para o Grupo Caoa.
Ela
está sendo vendida realmente para o grupo Caoa, isso já é público. Que ela quer
benefício, ela quer benefício, isso é uma outra coisa. Agora eu não entendi. A
senhora acha que a gente deve então comprar um carro verde produzido na
Alemanha, na Espanha, em detrimento aos empregos que podem ser gerados no
Brasil. Eu não consegui...
Essa
parte da sua fala, que a nobre deputada está de parabéns, eu acho que é uma
defesa que você fez desde o seu primeiro dia aqui com muito respeito às pessoas
nessa fala, mas eu acho que é importante se a gente puder ter o esclarecimento,
porque o deputado Daniel José disse o seguinte: “Nós podemos importar, nós
vamos gerar emprego lá fora”. Não é isso que o governo quer e não é isso que
nós, brasileiros, queremos.
A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA -
PSOL - A
Ford, a Caoa, a Renault, já produzem em plantas brasileiras motores menos
nocivos ao Meio Ambiente para exportação. A Scania produz motores para caminhão
menos poluentes para exportação. Então, se a gente vai incentivar como política
pública, eu defendo que a gente incentive desenvolvimento tecnológico não
poluente e que a gente condicione o incentivo público para o desenvolvimento de
uma política pública.
Se
o carro está matando no estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, só se
justifica a intervenção estatal se for para desenvolvimento de tecnologias que
não matem e o projeto não prevê isso. O projeto está colocando dinheiro, como
todos dizem, sem nenhuma contrapartida pública, porque não garante geração de
emprego. É um benefício, é um empréstimo subsidiado muito vantajoso.
Nas
condições em que está, a empresa pode ganhar dinheiro pedindo empréstimo para o
estado de São Paulo e a gente não tem nenhuma contrapartida pública investindo
de novo, Carlão. Para fechar a ideia, incentivar a indústria automobilística
como ela está é colocar dinheiro no desenvolvimento de uma tecnologia que
ninguém quer comprar e que vai na contramão do desenvolvimento.
Vou terminar a
minha fala pedindo para os senhores apreciarem isso, porque a gente não tem, no
texto, nenhuma garantia de emprego. A gente não tem, no texto, nenhuma
sinalização de que a gente está patrocinando uma mudança de cultura ou mudança
no padrão ambiental da nossa indústria automobilística. A gente só está
financiando um setor pelo qual João Doria está completamente comprometido.
Mas,
aproveitando esse bate bola entre eu e o deputado Carlão, eu gostaria de
pontuar também que essa é a eleição da renovação política. Essa é a eleição da
inovação. Inclusive, o Sr. Governador João Doria se reivindica um pouco
high-tech, novo, da inovação, etc e tal. Acho que esta Casa depõe ao contrário.
A gente tem
aqui, primeiro, desviado muito tecnicamente das nossas atribuições. Estou vendo
comissões que não são de mérito, como a Comissão de Constituição, Justiça e
Redação, entrar e julgar o mérito do projeto, e fugir do seu caráter técnico,
além de sucessivos desrespeitos entre nós.
Sou completamente
favorável que todo mundo use esta tribuna para debates, para discordar, para
trocar ideias. Acho que a gente está fugindo muito disso daqui. Um show de
misoginia, um show de machismo, um show de transfobia, um show de violências.
Preciso lembrá-los,
recorrentemente, como uma parlamentar do Poder Legislativo, qual é a legislação
vigente nesse País. Embora tenha setores que gostem ou que não gostem da
legislação, a legislação é essa. Eu não gostaria de ser a única parlamentar
nesta Casa tomando para si a responsabilidade de manter a qualidade deste
Parlamento. Se temos uma responsabilidade, todos aqui, é de levar a sério esse
trabalho que nos foi afiançado pela população.
Então, está
muito triste aqui. Está muito triste a situação como a gente se trata, os
ataques no foro pessoal, e a falta de debate sincero. Então, eu queria saudar,
Carlão. Eu gostaria que o senhor me ouvisse até o final, Carlão. Porque é a
primeira vez que há uma troca de verdade. Acho que o senhor, sinceramente, está
ouvindo.
Acho que isso
deveria acontecer mais vezes. Coloco à disposição. E quero dizer que repudio
veementemente. A gente pode discordar no mérito, e a gente está aqui para isso.
Cada um defende uma parte da população, um setor, uma cultura.
A gente vem de
culturas diferentes. Mas a gente não pode aceitar que a violência e a baixa
qualidade virem método permanente deste Parlamento.
Então, quero
deixar o final da minha fala, porque muito respeitosamente debati com o senhor.
Que isso sim vire praxe. E que a gente rejeite, de conjunto, práticas baixas
aqui neste Parlamento. Obrigada.
A
SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Pela ordem, Sr.
Presidente. Eu gostaria de fazer uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes porém,
deputada Carla, de passar, já convido a nobre deputada Janaina Paschoal para
discutir contra o projeto, pelo tempo restante da sessão. E passo a palavra
para uma comunicação de Vossa Excelência. São cinco minutos. Depois, na segunda
sessão extraordinária, V. Exa. terá os outros 10 minutos do teu tempo.
A
SRA. CARLA MORANDO - PSDB -
PARA COMUNICAÇÃO - Eu gostaria só de complementar a fala do Carlão, em dizer
que o IncentivAuto realmente é um programa inovador, que traz muitos benefícios
ao nosso País. O País está inserido no contexto mundial. A Coreia do Sul, o
Japão e os Estados Unidos têm programas de incentivo parecidos com o nosso
IncentivAuto, justamente para segurar os investimentos que estão lá, ou trazer
novos.
Isso, acho que
é muito louvável da parte do governador, em trazer empregos para as nossas
cidades, para todo o estado de São Paulo, que por anos sofreu muito com a
guerra fiscal mantida por outros estados, levando as nossas empresas embora.
Isso é muito ruim. A gente tem sentido bastante. Principalmente eu, que sou da
cidade de São Bernardo do Campo, onde existe a maior concentração de empresas
automotivas.
A gente sente
que foi muito, muito ruim durante todo esse período. Agora a gente percebe que
existe uma movimentação do governo em dizer “pare” para os outros estados.
“Cuide das suas empresas. As nossas, deixem elas aqui.” Isso é muito importante
para que a gente consiga manter as pessoas do estado empregadas.
Quanto às
frotas de carros não tão poluentes, isso é uma coisa que agora vai ser adotado praticamente
em todo o país e no mundo, porque isso já está sendo implantado. A Toyota
acabou de anunciar, recentemente, o carro híbrido. A Scania lançou o caminhão “flex”,
que é a gás, e também o gás de bagaço de cana, que é o biogás, que é menos
poluente ainda. Isso é uma coisa que vai acontecer normalmente; não precisa ter
um incentivo para que isso aconteça, porque a própria população já exige isso.
E a gente está tendo...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputada Carla.
A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Os primeiros que já estão
começando com essa inovação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pelo tempo de
cinco minutos remanescentes da sessão, deputada Janaina. Depois, retoma a
palavra na segunda sessão extraordinária.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigada, Sr. Presidente. Cumprimento todos os
colegas presentes, as pessoas que nos acompanham, os funcionários da Casa, os
cidadãos que estão aqui acompanhando a sessão.
Bem, primeiro
eu gostaria de destacar a seriedade, a atenção, o trabalho do líder do Governo,
deputado Carlão Pignatari, porque eu reconheço que eu sou uma pessoa chata. Eu
sempre peço detalhes, eu sempre solicito esclarecimentos. E o deputado Carlão
realmente é um exemplo de seriedade nesse trabalho. Não teve uma vez que eu
solicitei algum tipo de informação que ele tenha negado, que ele tenha atrasado,
que ele tenha de alguma maneira dificultado.
Como ele tem
feito em todos os projetos, ele também fez nesse. Quando chegou o projeto, eu
falei: “deputado, eu gostaria de ter mais esclarecimentos”. A equipe esteve
aqui, nós fizemos uma reunião muito longa. Todas as minhas dúvidas foram
respondidas de maneira bastante objetiva e transparente. Ninguém respondeu nada
com o objetivo de me convencer ou de fazer com que eu pensasse de maneira
diferente. Responderam de maneira clara o que é o programa.
E aí, muito
respeitosamente, também, ao deputado Carlão Pignatari, eu preciso deixar claro
que eu, ideologicamente, sou contrária a esse tipo de programa. Porque eu
entendo que é um tipo de programa que gera uma bolha. Não é que o setor não
mereça, que os empregos não sejam importantes. São importantes, porém nós vamos
criar uma situação de produção que o mercado não vai absorver. Nós não temos
uma cultura, ainda, de exportar automóveis, não numa quantidade que possa
absorver uma produção que venha a ser estimulada. Nós precisamos encontrar
programas de incentivo, efetivamente, de tecnologia, de novas áreas.
Então, eu
critiquei muito... Muito embora haja, aqui, algumas diferenças com relação aos
programas do PT, em termos de raiz, vamos dizer assim, de pilar, é parecido. E
eu critiquei muito o governo Lula, critiquei muito o governo Dilma, não só
pelas ilicitudes praticadas, mas também pelas políticas abraçadas. Dentre essas
políticas, esses muitos incentivos, inclusive no que diz respeito à indústria
automobilística, no que diz respeito à produção de caminhões. Eu sempre alertei
para a produção de bolhas, porque bolhas funcionam por um curto período de
tempo, depois elas explodem. E nós ficamos com as consequências.
Então, eu não
poderia criticar uma espécie de política, uma modalidade de política nos
governos petistas, e entender que essa mesma política é boa nos governos
Psdbistas. Eu até me surpreendi com as críticas do PT, porque isso aqui é muito
parecido com o que o PT fez nesses últimos anos. E também é parecido na medida
em que não é uma isenção ou um financiamento ou um empréstimo; realmente,
existe aqui alguma nebulosidade sobre o que é o programa, porque a literalidade
da norma não fala exatamente o que é o programa. É preciso ler a norma que nós
vamos votar aqui em conjunto com o decreto e, em certa medida, em conjunto com
a apresentação que foi feita pelos técnicos.
Então, não é
tão claro como deveria ser. Quando eu faço essa constatação, não significa que
eu esteja colocando qualquer tipo de dúvida a respeito da correção do programa;
não é isso. Porém, seja qual for a definição, seja empréstimo, seja isenção, o
fato aqui é que vai criar uma bolha.
E, além de
criar a bolha, a sistemática posta pode levar ao favorecimento de um
determinado grupo em prejuízo do outro, o que também ocorreu no governo do PT,
onde houve, por exemplo, a eleição de um determinado frigorífico, que virou um
gigante mais do que nacional, internacional, e quebrou vários frigoríficos de
pequeno porte.
Eu cheguei a
conversar com donos de empresas chorando. Por quê? Porque o amigo do rei teve
isenção de impostos, e ainda teve dinheiro público com juros baixos, e sequer
devolveu.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Posso colaborar?
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Pois não.
O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Eu acho que foi uma escolha...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu vou pedir desculpas a ambos,
mas nós encerramos a sessão. Nós não temos mais sessão. São nove horas e trinta
minutos, preservados os dez minutos da deputada Janaina para a segunda sessão
extraordinária, em dez minutos.
Então, está
encerrada a sessão.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 21 horas e 30 minutos.
*
* *