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24 DE SETEMBRO DE 2019

46ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CAUÊ MACRIS

 

Secretaria: PROFESSOR KENNY e MARIA LÚCIA AMARY

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Anuncia a discussão e votação do PL 752/19.

 

2 - CAMPOS MACHADO

Requer verificação de presença.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

 

4 - JANAINA PASCHOAL

Discute o PL 752/19.

 

5 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 752/19.

 

6 - TEONILIO BARBA LULA

Para comunicação, justifica representação contra o deputado Frederico d'Avila na Comissão de Ética desta Casa.

 

7 - ARTHUR DO VAL

Discute o PL 752/19.

 

8 - CARLÃO PIGNATARI

Discute o PL 752/19 (aparteado pelos deputados Carla Morando e Roberto Morais).

 

9 - JOSÉ AMÉRICO LULA

Discute o PL 752/19 (aparteado pelos deputados Campos Machado e Roberto Morais).

 

10 - CARLA MORANDO

Discute o PL 752/19 (aparteada pelos deputados Roberto Morais e Carlão Pignatari).

 

11 - DR. JORGE LULA DO CARMO

Discute o PL 752/19.

 

12 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o PL 752/19 (aparteado pelo deputado Campos Machado).

 

13 - ALEX DE MADUREIRA

Para comunicação, destaca a importância da indústria automotiva em Piracicaba.

 

14 - BARROS MUNHOZ

Discute o PL 752/19 (aparteado pelo deputado Roberto Morais).

 

15 - SERGIO VICTOR

Discute o PL 752/19 (aparteado pelos deputados Carlão Pignatari, Monica da Bancada Ativista e Itamar Borges).

 

16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a discussão do PL 752/19.

 

17 - CARLÃO PIGNATARI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

                                                        * * *      

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos.

Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, vamos passar à Ordem do Dia.

 

                                                            * * *

 

            - Passa-se à

 

                                          ORDEM DO DIA

 

                                                             * * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Discussão e votação do Projeto de lei nº 752, de 2019.

Deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental.

Convido o deputado Professor Kenny e a deputada Maria Lúcia Amary para auxiliarem esta Presidência na verificação de presença.

 

* * *

 

- É iniciada a chamada.

 

* * *

 

 O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado o quórum regimental, agradeço aos deputados que auxiliaram esta Mesa e devolvo a palavra para a oradora na tribuna.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, Sr. Presidente. Então, prosseguindo, eu critiquei muito o PT pelos projetos de incentivo de isenção, mas, sobretudo, pelos projetos em que algumas empresas eram escolhidas para serem beneficiadas.

Eu acho que o caso que ficou mais conhecido no país foi o caso do grande frigorífico, que virou uma potência mundial, às custas dos concorrentes, porque esse frigorífico conseguia incentivos de tributos e conseguia também empréstimos de financiamento, inclusive junto ao BNDES, com juros ridículos, e, não raras vezes, sequer devolvia, e os concorrentes não tinham nem os incentivos fiscais, nem o financiamento com dinheiro público.

Então era impossível concorrer. Como se não bastasse, em alguns estados, depois de reduzir o concorrente a pó, o frigorífico escolhido pelo rei comprava o concorrente. Nas muitas entrevistas que dei naquele período, eu dizia que nós não estávamos no sistema capitalista, nós estávamos no capitalismo de Estado, porque o dono do poder escolhia quem ia se desenvolver, quem ia crescer, quem ia engolir, literalmente, os pequenininhos ou médios que estavam ao lado.

Então, eu tenho preocupação com esse projeto. Primeiro, pela bolha que vai gerar, que não tem como sustentar essa bolha. Segundo, pela potencialidade de favorecimento de grupos determinados. Com isso, eu não estou dizendo que esteja presente a má fé, que certamente estava nos governos petistas - isso foi provado -, mas o risco há, porque os projetos serão escolhidos, analisados por um tal comitê, que ninguém sabe quem é que vai compor.

Qual será o critério desse comitê para eleger os projetos? Como garantir que todos os agentes do mercado serão avaliados de acordo com os mesmos critérios? Então, eu critiquei a vida inteira esse modelo. Se critiquei no partido A, não posso apoiar no partido B, porque a gente tem que ter alguma objetividade nesta vida. Desse modo, com muito respeito, sem fazer nenhum tipo de ilação, eu declaro que vou votar contrariamente ao projeto.

Estou falando por mim. Não estou falando pela bancada. Não estou falando pelo PSL. Estou falando por mim, e aproveito para pedir - e eu vivo pedindo - ao governo, no que diz respeito ao projeto do Tietê, que especifique um pouco mais a parte que trata da estação de tratamento de esgoto que será construída lá em Mogi das Cruzes.

Por que eu digo isso? Porque tive a informação de que construirão essa estação de tratamento de esgoto na visita técnica que fiz às obras já realizadas no Rio Tietê, mas essa estação não está claramente descrita nem no projeto, que nós votaremos aqui, nem na justificativa, e nem no projeto que foi enviado para o BID, para fins do financiamento que o governo quer que nós autorizemos.

Se nós estamos falando de limpeza do Rio Tietê, a única maneira realmente efetiva é a limpeza do esgoto. Então, para eu poder autorizar esse tal empréstimo - estou falando por mim, não pelo PSL ou pela bancada - é necessário ter clareza de que, pelo menos, uma estação de tratamento de esgoto está contemplada nesse empréstimo.

Então, estou querendo já deixar isso bastante claro, porque entendo que é importante essa transparência. E aí não importa se o projeto é do governo, se não é do governo. Desde o primeiro momento eu disse que iria me pautar pelo mérito das propostas discutidas e é isso que estamos fazendo desde o início do nosso mandato.

Ainda nesta oportunidade, gostaria de dizer, sem querer retirar de qualquer colega o direito à crítica, pois o direito à crítica é sagrado, sobretudo em uma democracia, que o presidente da República, hoje, ao falar na ONU, representou-me muito bem. Eu realmente me senti representada como cidadã brasileira pelo discurso do presidente. O presidente não mentiu, o presidente não exagerou, não ofendeu ninguém. Ele foi preciso e mostrou, de maneira clara, o que vinha acontecendo no nosso país e na América Latina. Então, elogio - e eu costumo ser bastante crítica ao presidente, muito embora estejamos no mesmo partido -, elogio o discurso do presidente.

Com relação à representação que foi feita contra o colega d’Avila, fiquei surpresa, não só pela representação ter sido feita, mas por ter sido recebida. Por quê? Porque o colega - e eu não vou discutir aqui o mérito - tinha se manifestado nas redes sociais com relação a um terceiro que não tem nada a ver com membros aqui da Casa, que não tem nada a ver com a atuação dele aqui na Casa.

Então, essa representação, não só ser feita, mas ter sido recebida, abre um precedente muito ruim, porque todos os colegas poderão ser monitorados em suas respectivas redes sociais e qualquer situação com uma terceira pessoa poderá ser trazida para análise na Casa. Eu realmente fiquei surpresa e não tem nada a ver com o fato de o colega ser da minha bancada, não estou entrando no mérito, mas, se as redes sociais e situações com terceiras pessoas puderem ser trazidas para análise aqui na Comissão de Ética, meu Deus! Não é? Não terá fim.

Então, é importante que as pessoas entendam que o que elas fazem para as outras pode ocorrer com relação a elas também. O presidente da Ordem é advogado, tem condições de contratar um advogado para tomar as medidas que ele entender cabíveis, se entender cabíveis. Muito me surpreende deputados aqui da Casa se arvorarem à condição de advogados do presidente da Ordem. Então, estou fazendo esse alerta para que tenhamos isso em mente. Se vale para o d’Avila, vale para todo mundo.

Eu considero muito importante esse debate e penso que foi um dos dias de debates mais ricos mesmo, porque quebrou com aquela dualidade de quem está a favor do governo e quem está contra o governo. As pessoas precisam perceber que essa maneira de raciocinar é equivocada. Temos que olhar o mérito das discussões.

Então, hoje, nós tivemos, aqui, partidos, ou pessoas ligadas a partidos, que raramente concordariam, mas que concordam hoje. E não é porque querem atacar o governo, porque querem desmerecer o governo. Não é isso, mas porque querem colaborar no mérito das discussões. E esse é o nosso papel.

Então, é muito importante que o governo tome esse debate, como uma maneira de ilustração, no dever de colocar nos projetos com clareza o que se pretende fazer. Infelizmente tem sido prática reiterada do governo mandar projetos muito genéricos. E nós é que temos que correr atrás da informação. Não tem problema fazer as visitas, receber os técnicos, fazer as reuniões, longas reuniões, não tem problema.

O problema é votar um texto que não diz o que os técnicos dizem que vai acontecer. Então, nós não podemos partir do pressuposto de que a lei, que não diz o que os técnicos dizem que vai acontecer, vai ser concretizada da maneira que os técnicos dizem que vai acontecer.

Então, é importante que tenha esse cuidado, por parte do governo, de escrever exatamente o que é que se quer. É uma maneira de respeitar a Casa, mas, principalmente, uma maneira de respeitar a população e de nos permitir trabalhar de maneira mais eficaz.

Então, seriam essas as minhas considerações. Novamente reiterando o respeito ao trabalho do colega, deputado Carlão, o respeito aos técnicos que estiveram aqui e, também, de maneira respeitosa, externar essa divergência no mérito.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra o projeto, nobre deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Meu caro presidente, deputado Cauê Macris, que, com muita dignidade, assumiu por seis dias o Governo do Estado e soube honrar o mister que lhe foi confiado. E, principalmente, deu-nos a alegria, o orgulho e a honra de ter escolhido a pessoa certa, o homem certo, para presidir a Assembleia Legislativa.

Srs. Deputados, sou obrigado a buscar de novo, em Guimarães Rosa, alguma coisa que me explique. Diz Guimarães Rosa: ..... “Não sei de nada..........           (pausa)

Se eu estiver atrapalhando a conversa aí na frente eu posso parar. Estou atrapalhando?

Disse Guimarães Rosa, “não sei de nada, mas desconfio de muita coisa”. Eu pensei, eu meditei, eu refleti, olhei para as estrelas, conversei comigo mesmo e não cheguei a uma conclusão sobre esse projeto, desculpe-me a sinceridade. Para mim é teleguiado. Para mim foi devidamente encaminhado em fins de propósitos. A Caoa vai receber mais de um bilhão de reais.

Aí eu fico imaginando que a Caoa era cantada em prosa e verso por alguns personagens do governo. E, coincidentemente, ela vai receber. Estamos votando aqui, estamos entregando para uma empresa particular, um bilhão de reais.

Para mim, vou repetir, sem ter receio de ser leviano, para mim esse projeto está endereçado, foi endereçado, foi selado, encaminhado e carimbado.

Agora, vamos passar por ingênuos? Vamos? Se existe esse liame e essa ligação entre o líder do Governo e alguns deputados do PSL, eu verifico: será que o presidente Bolsonaro está contente quando os seus deputados e os seus integrantes pisam em duas canoas?

O líder do Governo virou mágico, virou um Mandrake que, num passe mandraquiano, conseguiu convencer, primeiramente, os deputados a estarem aqui, nesta noite. Qual é o milagre, qual é a força do perfume “morumbiano”, que faz com que os deputados, mesmo intimamente contrários ao projeto, estejam aqui?

Aqui tem pessoas ingênuas? Dizia um ditado popular que, na porta da Assembleia, tem um mata-bobo. Então, aqui não tem ninguém ingênuo, mas parece que eles estão acreditando em milagre, um projeto mal discutido, mal conversado, mal elaborado, encaminhado para uma única empresa, de um bilhão de reais.

Pode dizer o líder do Governo, com as suas ponderações mediúnicas, que podem convencer, por exemplo, a Sra. Paschoal, mas não me convencem. Eu fico imaginando que eu vou sair deste plenário me sentindo fraco da memória, ruim da cabeça. Não estou entendendo, deputado Barros Munhoz. Eu acho que eu não estou entendendo, eu sou muito ingênuo, porque devia ter visto isso antes, só vi isso agora, de mão beijada, de mãos estendidas, um bilhão de reais para a Caoa, um bilhão de reais, que poderia ter outra finalidade, e não está tendo.

O Estado está doando, com o dinheiro do povo, um bilhão de reais para a Caoa. Mas eu acho, deputado Carlão Pignatari, que o mundo não é feito apenas daqueles que desconfiam. Eu acho que eu não estou tendo a percepção divina de entender o porquê deste projeto, e eu preciso. Quem sabe, à noite, no recanto do meu lar, eu possa entender a finalidade e o propósito deste projeto, porque hoje, aqui em plenário, não.

Mas cá estamos, deputados de várias bancadas, todos perfumados. É o velho perfume que vem lá do Morumbi. Que força tem esse perfume, deputado Barba? São dez horas, deputado Barba, 22 horas da noite, e os deputados sorridente e felizes. O que é que aconteceu? O que está acontecendo? Quando eu vejo o deputado Carlão Pignatari ser reconhecido, conclamado e aplaudido pela Sra. Paschoal, cabe-me mais uma dúvida:

será que ela é contra mesmo o projeto? Como ela não está aqui, eu vou parar de falar dela. Mas eu estava pensando de novo, deputado Barba, eu acho que eu vou procurar amanhã um terapeuta. Vou sim. Vou procurar um médico, deputada Adriana, porque talvez eu esteja enxergando mais do que devia.

Vou perguntar para a terapeuta: “Doutora, por favor, eu estou com algum transtorno? Eu estou doente, doutora? Responda-me porque eu não estou entendendo por que os deputados querem dar um bilhão para a Caoa. Diga-me, doutora”. Diz a doutora para mim: “Primeiro pague a consulta de mil reais e depois eu lhe respondo”. Fui lá. Vou pagar a consulta e voltar de novo, deputado José Américo. “E agora, doutora? Já paguei a consulta. O que me diz?”

Aí ela põe a mão numa bola de cristal e diz: “Conhece Carlão Pignatari?” “Conheço, é o líder do Governo”. “Conheceu onde o deputado Carlão Pignatari?” “Conheci na Assembleia”. E ela passando a mão na bola branca: “Sr. Campos, o senhor sabe os poderes mágicos que tem o deputado Carlão Pignatari?”. “Não, doutora. Não sei”. “Você não sabe, Sr. Campos? Como é que o senhor quer entender um bilhão de reais? Se não sabe o simples, quer saber o complicado?”

Está certo, deputado José Américo. Se eu não entendi o porquê dessa estrela cintilante chamada deputado Carlão Pignatari, como é que eu vou entender um bilhão de reais? Um bilhão de reais para uma empresa privada. Aí eu quero questionar aqui os homens da Segurança, os homens da Polícia Militar.

Vocês estão contentes com os salários da Polícia Militar? Estão contentes com o salário da Polícia Civil? Estão contentes com a Saúde, com a Educação, com o Transporte, com a Habitação? Devem estar contentes, um bilhão não faz falta.

Deputado Olim, o que é um bilhão de reais? Se eu começar a contar hoje, eu fico dez anos contando. Mas aí eu falo para a terapeuta de novo: “Doutora, eu estou pagando tão caro esta consulta. Elucida-me esse drama. Diga para mim, doutora”. “O senhor não está dando o devido respeito ao Dr. Carlão Pignatari”. “Eu?” “Sim”. “Se tivesse, você sentiria o perfume. Você tem problema no nariz, Sr. Campos?” Falei: “Não”. “Ah, está aí um dos defeitos. Não conseguiu sentir o perfume ‘morumbiano’”.

Deputado Barba, V. Exa. pensa que eu estou falando coisas equivocadas? A terapeuta não me disse isso não. Ela me chamou de ingênuo só por eu não dar o devido valor para o líder do Governo, que anda com vários frasquinhos na mão de perfume. Eu quando venho daquela porta para cá sou inebriado pelo perfume.

Outro dia eu perguntei para o Arthur Mamãe Falei: você também gosta do perfume, deputado Arthur? Aí ele me disse, ele com aquela simplicidade de gente que venceu sozinha na vida - orgulho do pai dele: “Nunca ninguém me ofereceu nada. Esse perfume me deixa alucinado”. E de perfume em perfume nós estamos jogando fora um bilhão de reais. Também não entendi ainda se o PT e o líder do Governo têm alguma afinidade nesse projeto.

Diz o líder do Governo, muitas. Essas afinidades eu também desconheço. Estou tomando conhecimento hoje à noite. Estou achando o PT estranho hoje. O PT está, segundo a deputada (para mim, grande deputada, mulher de respeito, minha amiga, conceituadíssima em Araraquara), deputada Márcia Lia, segundo ela me disse, há que se construir um caminho. Há sim. Vamos construir um caminho.

E 1 bilhão, doutor José Américo? Vai para onde, 1 bilhão de reais? Vossa Excelência está convicto de que esse dinheiro está tendo o destino sonhado pelo povo de São Paulo? Alguém aqui acredita, em sã consciência, que esse 1 bilhão de reais não teve o seu destino traçado anteriormente? O silêncio cai sobre o plenário como o aroma da madrugada cai sobre nós. Ninguém diz nada. Todos tranquilos, todos sossegados.

O estado não tem problema nenhum. A PM ganha bem. A Polícia Militar ganha demais. A Polícia Civil está muito reconhecida. Volto a dizer: o SUS, os hospitais, não têm fila. Não, o estado de São Paulo não tem fila não. Educação, não tem criança fora da escola. Está tudo em perfeita ordem. E 1 bilhão? Onde vai 1 bilhão de reais?

Não quero ser pedante. Mas já vou mencionar as catilinárias. Cícero, discutindo no Senado romano. "Quosque tandem, João Agripino, abutere patientia nostra?" Até quando, enfim, ó João Agripino, abusarás da nossa paciência?

Sr. Presidente, estou descendo da tribuna. Cumprimentando-lhe uma vez mais. E dizendo: viva este 1 bilhão de reais, que não faz falta ao povo de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, nobre deputada Marina Helou. (Ausente.)

Para falar contra, nobre deputado Arthur. Tem a palavra Vossa Excelência.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não, deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Para uma comunicação, com a anuência do próximo orador.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Comunicação, V. Exa. tem a palavra.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, agora há pouco foi citada novamente a representação que fiz contra o deputado Frederico d’Avila, em função de um vídeo falso, ou fake news, como as pessoas gostam de chamar, que ele veiculava nas suas redes sociais. O vídeo atacava, exatamente, Fernando Santa Cruz, que é o pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

A nossa representação é em função de ser, aqui na Casa... Como não posso, lá fora, representar a família... Que lá fora, quando uma família é atacada, só ela pode se defender perante a lei. Ninguém pode ir lá defendê-la no Ministério Público ou em qualquer outro lugar. Mas nesta Casa eu posso.

Por que a representação? É uma defesa contra o ataque de extrema direita. De extrema direita, contra a esquerda. E eu sou uma pessoa de esquerda. Portanto, sempre vou utilizar a defesa da esquerda, seja aqui no estado de São Paulo, no ABC e no Brasil. Então, em função disso, fiz a representação contra o deputado Frederico d’Avila. Tanto é verdade que depois ele acabou retirando o vídeo, que era fake, das suas redes sociais.

E qualquer deputado que atacar a esquerda, se eu estiver aqui nesta tribuna. Se for lá fora, nas redes sociais, vou defender. Porque é um direito nosso. Como quando eu ataco a direita, a direita tem o direito de se defender também, fazer a representação que quiser contra mim. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra, o deputado Arthur.

 

O SR. ARTHUR DO VAL - DEM - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a todos. Eu quero mandar um recado para o João Doria e para todos os deputados que vão votar a favor desse projeto aqui. O mercado... eu não preciso nem dos 15 minutos; vai ser rápido, porque eu pretendo falar rapidamente. A verdade é curta, mas ela é grossa. E eu quero que todo mundo entenda bem o que vai estar votando se votar “sim” nesse projeto do João Doria.

O IncentivAuto, que é um caminho para o desastre econômico, é mais um daqueles projetos que, quando vêm do governo, nessa Casa, já me dão até calafrio. Porque o Doria - com raras exceções, como a extinção da Dersa etc. -, quando manda projeto para essa Casa, eu já sei que não é projeto liberal. Eu já sei que é projeto “acelera” para algum amiguinho dele lá.

E o que acontece é o seguinte: ele já mandou o projeto do salário dos fiscais, para aumentar o salário dos fiscais de renda. Aumenta custo para quê? Para aumentar salário de policial? Não. Para aumentar salário de médico? Não. Para aumentar salário de professor? Não. Para aumentar salário de quem já ganha acima do teto. O cara tem a cara de pau de mandar um projeto desse aqui.

E agora ele mandou mais um que é muito parecido com o tal dos Campeões Nacionais, da Dilma Rousseff. Não sei se vocês lembram: a grandiosa Dilma, a economista Dilma, junto com o Guido Mantega, junto com a turma do PT, fez um projeto que até o nome é parecido, que era o Inovar-Auto. Até o nome o Doria parece que copiou. O cara se elegeu falando mal do PT, chegou ao Governo do Estado e está fazendo igualzinho ao PT. Vai fazer agora o IncentivAuto, que nada mais é do que um programa dos campeões, mas não dos nacionais; dos campeões estaduais.

Eu queria até que colocasse a foto no 1, por favor, se possível. Nós, brasileiros, temos o fetiche de subsidiar essa indústria automobilística; e, depois de 60 anos subsidiando essa indústria, o que a gente conseguiu para o brasileiro? Um lixo desse, feito de plástico, custando 74 mil reais. Vai explicar para um americano que você paga 70 pau numa porcaria dessa, de plástico. Com 70 mil reais, o equivalente a isso, se compra um Camaro nos Estados Unidos. Isso é política econômica de Dilma Rousseff. Isso é política econômica de protecionismo. Isso aqui de liberalismo não tem nada.

E aí ele faz o seguinte: terão o incentivo os escolhidos do rei Doria, porque são aqueles que vão poder investir mais de um bilhão de reais aqui no estado. Eu fui procurar a lista. Vamos ver quem são os grandes empresários que vão conseguir investir nisso daqui. Tem um cara. Esse projeto tem nome. O nome do cara é Carlos Alberto de Oliveira e Andrade. Para quem não conhece, é o famoso Caoa. Coincidentemente, o cara acabou de comprar a fábrica que fabrica essa porcaria de 74 mil reais, feita de plástico.

E aí é o seguinte, cara. Põe a foto no 2, por favor. Deve ser uma outra coincidência do Brasil. Em fevereiro desse ano, o senhor Caoa disse que queria comprar a fábrica da Ford. O homem quer comprar a fábrica. Coincidentemente, o governador do estado de São Paulo, no mês seguinte, dá um decreto que favorece isso daí. Mas deve ser uma sorte... Esse cara deve ter virado para a lua mesmo, porque essa sorte eu não dou. Eu já investi em sucata, já investi em caminhão, já investi em empresa, já investi em “bitcoin”, já investi em fundo de ação, e eu não dou essa sorte, cara. Eu não dou essa sorte de o governador do maior estado do país fazer um decreto para me ajudar em alguma coisa aqui.

Aí, beleza. Eu tenho que tomar cuidado com as palavras, aqui, para não tomar processo, não tomar Conselho de Ética. Aí, eu tenho que perguntar: Sr. João Doria... Por favor, põe a foto no 3. Isso é ou não é um decreto para beneficiar o seu amiguinho aí? Esse projeto tem ou não tem nome? Fale-me mais uma indústria que vai conseguir se beneficiar por essa porcaria. Aí, o cara vai, tira fotinha abraçadinho com o Caoa.

E o que para mim é o pior de tudo é a cara de pau do governador de falar: “Não, eu só estou sendo liberal aqui; só estou dando descontinho de imposto”. Ah, para cima de mim, meu. Pelo amor de Deus, cara. Ele vem falar que o negócio é para dar desconto de ICMS. Eu desafio qualquer deputado aqui, principalmente os que vão votar “sim”, a me mostrar, no PL, se tem a palavra “desconto” e se tem a palavra “ICMS”. Não tem! É mentira do governador. E nós vamos votar “sim” para isso?

Todo mundo aqui já sabe que isso aqui é um esticadinho do Palácio do Governo; toda hora que vem projeto do governo aqui é atropelo na certa. Isso aqui dá quórum pra caramba, é todo mundo votando "sim" sem nem saber, sem nem ter lido a porcaria do projeto.

O projeto é ruim. O projeto é ruim. Aí, eu quero perguntar para vocês o seguinte: o que o projeto faz? O cara vai lá, pega um empréstimo, e, aí, ele não vai ter desconto no produto que ele vai... Não tem nada disso.

O cara vai ter desconto pela produção no principal. E, eu pergunto para você, que está em casa: quando você vai ao banco pegar um empréstimo para fazer das tripas coração para o seu negócio dar certo, você  vai pagar os juros mais caros do mundo.

Você vai ter algum desconto? Você não vai ter desconto no juro, mas muito menos no principal. Vai no banco pegar, sei lá, mil reais para você fazer alguma coisa, vê se o banco vai te dar desconto nos mil que você pegou.

Você está ferrado. Você vai passar o resto da sua vida pagando juros, multa e o caramba para o banco. Aí, o cara quer pegar dinheiro do pagador de imposto, principalmente o do mais pobre, que é quem paga mais ICMS aqui, e dar na mão de um bilionário. De um bilionário.

O projeto tem nome. O projeto tem nome. Quem votar "sim" aqui está votando "sim" para o Caoa, e sabe disso. E, sabe disso. Está bom? Agora, é o seguinte, eu quero saber se cada um de vocês aqui que estão me assistindo em casa, se cada um de vocês votou no Doria para tirar dinheiro do nosso bolso para dar dinheiro para bilionário.

Eu quero saber se alguém daqui votou no Doria para isso, se alguém daqui tem apoio popular para chegar no teu eleitor e falar: "Olha, você vai pagar mais imposto, sim, porque o Estado está dando dinheiro para o Caoa". Eu quero ver um cara só chegar no seu eleitor e falar que está fazendo isso. Aí, não faz.

"Veja, é um desconto, é uma manobra, é não sei o que lá." É o famoso xadrez 4D, que a gente fala, para ficar disfarçando as verdadeiras intenções.

Então, para finalizar aqui, é o seguinte: eu não admito de jeito nenhum que a gente fique enchendo o bolso do Caoa por pagar mais imposto. Eu não quero isso de jeito nenhum, e eu espero que os deputados desta Casa votem "não" a este projeto.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, nobre deputado Carlão Pignatari.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, eu não tenho nenhuma rede de YouTube com dois milhões, e não sei fazer toda essa fita que fazem os youtubers no Brasil.

Infelizmente eu não tenho essa; gostaria até de ter, para poder viver desse tipo de atividade no Brasil, que é lícita, que é correta. E, vejo, completamente, o equívoco dos deputados que vieram aqui.

Um deputado que eu respeito muito, nosso decano aqui na Casa, o deputado Campos Machado, nós vamos dar um bilhão. Não existe isso de dar um bilhão. Ninguém vai recolher imposto. A gente tem que... Que dê um desconto de um bilhão, em nenhum dos nossos tributos.

Eu fico envergonhado, às vezes, de umas pessoas tão esclarecidas virem aqui e falarem inverdades. Não dizer "é verdade" para as pessoas. Eu acho que nós fizemos até então um ótimo debate nesta Casa, com as pessoas do Novo.

Tanto com o Daniel, quanto aqui com o nosso querido Mellão. Fizemos uma discussão de alto nível, discutindo o que é que nós queremos, qual é o caminho. A deputada Monica fez um discurso defendendo as suas bandeiras, o que ela defende do meio ambiente.

Eu acho que é importante. É importante, mas, vir aqui falar de perfume uma pessoa que viveu a vida inteira do perfume do Palácio dos Bandeirantes. A vida toda política foi construída em cima dos perfumes que chegaram a gastar a escadaria do Palácio dos Bandeirantes.

Então, é isso que me entristece. É isso que vejo que o Parlamento tem que mudar, tem que alterar. Isso não é mais possível. Nesse governo do Sr. João Doria, isso não acontecerá.

Nós não mais podemos deixar as pessoas virem aqui e fazerem um discurso de poesias, de histórias, de 20, de 30, de 50 anos atrás. Nós temos que falar o seguinte: eu apoio esse projeto porque é o melhor projeto de incentivo fiscal que já chegou na Assembleia Legislativa de São Paulo.

E, nós temos que ter respeito por todas as pessoas que aqui passaram, por todos os oradores. Mas, eu vejo, às vezes, as pessoas ou não leram ou não entenderam o projeto.

É lógico. É lógico que um projeto aonde começa o incentivo fiscal para quem possa investir um bilhão, não é nenhum pobre. São pessoas que acreditam no Brasil, que querem gerar emprego, que querem gerar renda. E esse projeto, deputado Arthur do Val, não tem nome. Eu até gostaria que tivesse, que o Carlos Alberto Caoa fizesse algum investimento nesse sentido. Mas esse projeto, nós temos aqui a Mitsubishi, que tem interesse de fazer um novo carro híbrido. Nós temos aqui a Honda, a Scania, a Hyundai de Piracicaba; nós temos aqui a Chevrolet, que tem interesse de fazer. Então, isso, como incentivo a esse fundo que está se constituindo, foi feito de um empréstimo feito em 2013/2014, aonde a Sky montou uma empresa de tecnologia. Então, isso é projeto que você traz benefício, sim.

E eu não acredito que a automobilística, que a fábrica, as montadoras, ou enfim, toda a cadeia produtiva seja uma cadeia falida, como afirmam vários integrantes aqui do Novo. Eu fico muito triste. Isso quebra algumas das grandes cidades do Grande ABC: São Bernardo, São Caetano, Santo André vivem... Piracicaba, hoje, Indaiatuba, hoje, São Carlos, hoje, São José dos Campos, vivem às custas desta indústria falida, como diz alguém, mas eu não posso acreditar que as pessoas venham aqui nesta tribuna fazer uma defesa, ou falar contra um projeto sem ter nenhum fundo de verdade.

E acho que a discussão estava indo bem. Falei que estou tratando disso com o deputado Barba desde a semana passada. Por isso quando o deputado Campos falou, temos algumas afinidades e temos muitas diferenças com o PT, aonde eu vejo o interesse do deputado Barba e da própria bancada do PT de a gente tentar melhorar o projeto que veio do Governo de São Paulo, que eu não acho errado, não acho difícil. Não acho. Mas as pessoas virem falar aqui, vocês não estão conseguindo entender que as pessoas que estão ficando aqui, ou que têm interesse de votar “sim”, a indução que alguns deputados estão fazendo é que vocês foram comprados pelo governo. Eu não posso aqui, como líder do Governo, aonde eu já disse mais de uma vez que eu defendo aqui o Governo de São Paulo e defendo lá no Palácio os nossos deputados. Não posso deixar que isso, nem por um pouco, possa passar pela cabeça de qualquer uma das pessoas que estão aqui.

Eu vi aqui a deputada Janaina Paschoal, Dra. Janaina Paschoal, fazer uma crítica ideológica ao projeto, sem nenhum tipo de agressão, em nenhum momento, a esse projeto. Mas agora vir aqui fazer ilações, fazer ironias baratas, dizendo que o perfume palaciano de pessoas que viveram os últimos 30 anos do perfume palaciano. É isso mais que não podemos deixar que aconteça aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo. É um projeto de extrema importância para a geração de emprego e geração de renda do povo paulista. É a defesa do interesse do povo paulista. É a defesa do emprego do nosso povo de São Paulo.

Então, eu fico muito feliz quando a gente consegue fazer um debate de alto nível, de história, ponto a ponto, como o deputado Mellão fez, como o deputado Daniel, mesmo eu discordando, e mesmo eles discordando da minha opinião, mas de alto nível. Nós não podemos ter aqui discussões baratas sobre ilações ou ironias que não cabem mais no maior Parlamento de São Paulo. Acho que as pessoas que votam “sim”, ou que votam “não”, votam com convicção, porque uns acreditam que o projeto é bom, outros votam “não” achando que o projeto é ruim.

É um direito do Parlamento, da história do Parlamento brasileiro, e esse aqui, que é o maior Parlamento do Brasil, nós podemos, sim, fazer uma discussão de alto nível, mas respeitando as pessoas e respeitando os nossos governantes. O governador João Doria, o vice-governador Rodrigo Garcia, o Dr. Meirelles, o nosso ministro e nosso secretário da Fazenda, a secretária Patrícia Ellen são pessoas de grande capacidade, de história no país, de grande capacidade para desenvolver e melhorar cada vez mais a vida do nosso povo.

Então, eu não vou deixar, em momento algum, que venham aqui a esta tribuna fazer ilações ou ironias com os nossos deputados.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Deputado, um aparte?

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, deputada Carla Morando.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu queria complementar, quanto ao direcionamento que foi feito um projeto para a Caoa, e dizer que, em primeiro lugar foi para a General Motors, em São Caetano do Sul. Em segundo, teve a Volkswagen, e em terceiro a Scania. Também tem a Toyota, e aí enfim, chegou a questão da Caoa.

Só para deixar aqui bem esclarecido, o próprio Carlos Alberto, dono da Caoa, disse que ele não pega dinheiro emprestado. O financiamento é do fundo próprio dele. Então, não existe um empréstimo do dinheiro do governo ou de qualquer outra coisa pública para este investimento que a Caoa está fazendo em São Bernardo do Campo,  e quero aqui parabenizar mais uma vez o governador João Doria, que pegou com pulso firme e não deixou que essas indústrias saíssem do nosso grande ABC, o que, realmente seria uma catástrofe.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Um aparte, deputado.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Um aparte ao deputado Roberto Morais.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Carlão Pignatari, deputada Carla, abraço ao nosso querido prefeito, Orlando Morando. Eu estive em Seul há dez anos atrás, acertando, temos intenção da ida da Hyundai a Piracicaba, e lá nós sentimos a potência dessa empresa. Hoje, nós temos dois carros fabricados em Piracicaba. O HB20, que é um carro nacional, um carro “caipiracicabano”, para nós motivo de orgulho. Esse carro é fabricado em Piracicaba.

E parabenizar aqui o nosso querido prefeito, Orlando Morando, por manter essa empresa. Então, parabéns, Carlão. Nós sabemos da importância de manter. Eu falei com o pessoal da Hyundai hoje. Eles sabem da importância da aprovação desse projeto.

Então, nosso partido, PPS, hoje, aprova a aprovação desse projeto aqui. Estamos votando fechados com o governo. Parabéns ao governador João Doria, parabéns ao Carlão Pignatari, que é o nosso grande líder do Governo.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Roberto Morais. Só fazendo uma complementação, que eu acho que é importante. Isso é um projeto de benefício progressivo. Se a pessoa, porventura, construir uma fábrica de um bilhão de reais, ou de dois, ou de cinco, ou de dez, ou de 100 bilhões de reais, e gerar um imposto, no mês subsequente, que antes disso ele vai demorar um ano ou dois anos para fazer o investimento, deputado Marcio da Farmácia, com seu recurso.  

Não sei se é de financiamento, ou de matriz no exterior, mas ele tem que fazer o investimento. Isso é um investimento que demora uns dois anos. O Governo de São Paulo, obrigatoriamente, tem que mandar, na Lei Orçamentária, qual vai ser o aporte que fará no Funac, no fundo, para poder subsistir, se, porventura, gerar imposto.

Então, uma empresa, por exemplo, que faturou “x”, e que vai gerar um imposto de um milhão de reais no ano. Automaticamente, ele tem que pagar 200 mil reais desse um milhão. Ele tem que pagar os 200 mil reais de recurso dele. É isso o projeto. Os outros 80% ele vai fazer um financiamento no fundo a juro de mercado, como é o juro, e aí sim, em 30 dias, deputado Marcio, ele tem a opção de poder quitar esse financiamento com 80%, tendo um desconto de 20% sobre os oitenta.

Quer dizer, isso, no máximo, ele vai ter um desconto de 4% nos 12% que é o ICMS da indústria automotiva hoje. Então é muito claro. É que as pessoas não querem entender. Vêm aqui: “nós não podemos dar um bilhão, porque vai faltar para a Saúde, para a Educação”. Isso é um discurso político, eleitoreiro, que, graças a Deus, não é isso que elegeu, na última eleição, os políticos que aqui estão. São pessoas que tiveram compromisso. Compromisso com a verdade ou com suas cidades.

Eu defendo. Quem vota “não” vota contra o emprego paulista. Quem vota “não” não quer o crescimento de uma indústria que gera, hoje, mais de 60 mil empregos no estado de São Paulo. Quem vota “não” não acha isso importante, porque quem vota “não” viveu a grande parte da sua vida fora do Brasil, morando no exterior, e é muito fácil, muito bonito.

Lá, deputado Arthur, um Camaro custa 30 mil dólares, 120 mil reais, sim senhor, porque não tem os impostos que tem no Brasil. Isso tem que ser dito, e isso é importante, mas é muito fácil você ser criado. Tem pessoas que vêm aqui fazer discurso contra e a favor que jogaram bolinha de gude a vida toda, deputado André, em cima de carpete. Não sabem o que é uma rua de terra. Nunca pisaram. Não conhece o que é a dificuldade de a pessoa perder o emprego, de não ter emprego.

Isso, o deputado Barba pode ser a favor ou contra, mas ele sabe, porque ele já foi o chão de fábrica, e isso é importante. Agora, vir aqui, começar a fazer ilação, dizer que é um bilhão direcionado.

Isso não é verdade, para não falar uma palavra que eu não gosto de dizer, mas isso é uma inverdade que estão querendo colocar na cabeça e na boca de cada um. (Fala fora do microfone.) Eu não falo, eu tenho respeito pelas pessoas que estão aqui, por todos os nossos membros. Eu tenho respeito. Se a carapuça serviu ao senhor, deputado, que o senhor use a carapuça. O senhor use a carapuça! Se ela serviu ao senhor, que o senhor use a carapuça. Essa é a história que temos que fazer.

Então, isso não é uma discussão que temos que fazer aqui. Tem muitas pessoas que estão muito tristes de estarem afastadas do poder. Ficaram a vida toda ali, subindo e descendo aquelas escadas do Palácio dos Bandeirantes. Quase gastaram. Tiveram perfumes muito melhores do que qualquer um de nós que estamos aqui tivemos.

Então, acho de extrema importância. Vamos fazer um debate. O deputado Arthur, com toda a franqueza, ele veio e mostrou: “Eu acho porcaria os carros nacionais, temos que incentivar para que melhorem, que tenham projetos de carros híbridos, que poluam menos”. Acho que isso é importante. Mas a gente fazer uma discussão sem ironias, sem brincadeira. Não é vir aqui... Toda hora estou escutando: “Quando o líder do Governo entra, os perfumes palacianos...” Pelo amor de Deus.

Quem conhece a história sabe que esse deputado que fala isso insistentemente nesta tribuna - e vou voltar a dizer, a quem sempre respeitei e respeito, porque é o decano desta Casa - usou muito mais dos perfumes palacianos do que todos nós juntos. Essa é a verdade.

A pessoa tem que vir aqui e dizer “eu voto não”, como a deputada Janaina fez. Acho de extrema importância. Como o Novo fez, como o próprio Arthur do Val fez. Acho importante. Mas fazer ironia e tratar jocosamente os deputados que apoiam o projeto do governo, isso, a todo momento, vou vir aqui para defender e combater. Isso, no termo da palavra de hoje, é fake news. É essa a história desse belíssimo projeto do governador João Doria.

Obrigado, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, o nobre deputado José Américo.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, Srs. Deputados.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Permita-me um aparte, deputado José Américo.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Com o maior prazer.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Quero dizer, nesta noite, que eu me sinto envergonhado de ter um colega como o deputado Carlão Pignatari, que andava de joelhos na época do Geraldo Alckmin e, agora, por covardia, não defende mais o Geraldo Alckmin. Cadê o grande “alckmista” que era Carlão Pignatari? Sumiu! Desapareceu! Não desapareceu porque é gordo, não pode sumir. Mas é impossível.

Quero deixar claro aqui que tenho vergonha quando vejo deputados que rolavam pelas escadas, se ajoelhavam a Geraldo Alckmin, e hoje não fazem uma menção ao homem. É um capacho! Quero deixar claro: não adianta o deputado Carlão Pignatari vir com essas coisinhas. Não, deputado Carlão Pignatari. Vossa Excelência não conhece a história. Eu conheço Vossa Excelência.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Conheço muito bem.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Não conhece nada.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Conheço muito bem.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Vossa Excelência não conhece nada. Vossa Excelência é um oportunista. Um oportunista, sim, que olhava para cima e dizia “Viva São Geraldo!” Hoje, V. Exa. tem medo. Por covardia, V. Exa. não defende o governador. E eu não compactuo com covardia.

Quero deixar claro: quem está envergonhado nesta noite sou eu. Estou envergonhado de tê-lo como companheiro. Quer que eu faça o quê? Estou envergonhado e assumo. Vá ao Conselho de Ética. O seu sorriso me lembra o chinês: “Não sei de nada e continuo não sabendo nada”.

Meu caro deputado, este aparte que dou é em nome da verdade. Não estou fugindo da verdade. Estou sendo realista. Não acredito em pessoas e políticos que se acovardam em momentos que não são para acovardar. Há momentos na vida em que a gente tem que ter lado. Ter lado! E o deputado Carlão Pignatari que me desculpe. Ele pode ter corpo; lado, que é bom, ele não tem.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA DA SILVA - PT - Obrigado. Bom, senhores, então, retomando aqui a minha fala, queria saudar todos os companheiros aqui, todos os deputados. Quero comentar uma fala, quer dizer, quero comentar a fala da deputada Janaina Paschoal. Não vou entrar no assunto imediatamente, que é sobre o discurso hoje na ONU do presidente Jair Bolsonaro.

Janaina, depois que você defendeu o discurso do Bolsonaro na ONU hoje, você jamais vai poder dizer que você tem qualquer tipo de posição crítica em relação ao Bolsonaro. Hoje ele despejou tudo que ele vem fazendo no Brasil nos últimos meses. Ele mentiu no discurso na ONU, ele mentiu com a maior cara de pau.

Você quer que eu dê um exemplo? Ele disse que começou o Mais Médicos com 14 mil médicos. Não, começou com 5 mil; chegou a 14 mil em 2014. Ele falou que os médicos do Mais Médicos não podiam trazer suas esposas; podiam trazer suas esposa e seus filhos sim. Ele disse que os indígenas eram responsáveis, em grande parte, pelas queimadas. Não é verdade. Nós tivemos o chamado Dia do Fogo, em que fazendeiros fizeram as queimadas de forma criminosa, de forma criminosa.

Ele disse que a Segurança Pública, no seu governo, em seis meses, melhorou 20%, que os crimes violentos diminuíram 20 por cento. Ele mentiu, porque esses dados são de 2018, você não tem dados do ano de 2019. Os crimes violentos vêm caindo no Brasil nos últimos quatro anos. Aliás, ele podia dizer que a maior queda de crime violento foi no Ceará, um estado governado pelo PT, onde houve uma queda de 50%, mas isso não tem nada a ver com o ano de 2019, é do ano de 2018.

 Então ele atacou a ONU, atacou a imprensa internacional, ou seja, colocou o Brasil em uma posição muito difícil do ponto de vista internacional. Com todo respeito pela senhora, a senhora devia ler o discurso e refletir. Ele colocou o Brasil em uma posição muito difícil internacionalmente, caminhando para o isolamento. O presidente Trump fugiu literalmente dele. Ele tentou se encontrar com o Trump o dia inteiro, e o Trump fugiu dele, ou seja, ficou como verdadeiro pária internacional.

O Brasil não pode ser um pária internacional. Independentemente de qualquer posição ideológica, o Brasil, nos últimos anos, mesmo nos outros governos, que não foram do PT, vem tendo uma posição de respeito internacionalmente. Os nossos diplomatas... Eu sou muito crítico dos diplomatas do Itamaraty em muitos países do mundo, mas nos Estados Unidos o Brasil sempre foi muito criterioso com os diplomatas, diplomatas profissionais, porque os Estados Unidos têm uma posição central no mundo. Então o Brasil sempre teve essa preocupação para não se tornar um pária internacional.

Vocês vão ver que, nos próximos meses, vai diminuir a compra de carne, as commodities agrícolas, tudo vai diminuir. Sabem por quê? Porque ele mentiu também quando ele fala do acordo Mercosul - Comunidade Europeia. Ele mentiu, que esse acordo já começou a ser rejeitado na Áustria. O parlamento austríaco na semana passada já rejeitou. Se um país rejeitou, está rejeitado por todo mundo. Por quê? Pelos problemas que ele vem criando, ele vem dando tiro no pé.

Ele nem estava sendo acusado de ser responsável pelas queimadas, mas ele assumiu o ponto de vista do pessoal do Dia do Fogo, começou a estimular e depois recuou, com medo, e agora vem fazer essa defesa. O Brasil não pode ser um pária internacional. O Brasil tem que ter a sua altivez, a sua soberania e tem que ter os seus interesses defendidos, e não conspurcados por uma pessoa que reflete mais problemas de natureza psicológica do que geopolítica.

Mas vamos ao assunto que nos interessa. O PT está discutindo esse projeto Inova Auto. Eu acho que é um projeto absolutamente normal, um projeto de incentivo fiscal, de financiamento. Não tem nenhum pecado em torno de um projeto desses, né? Eu queria dizer também, para a Janaina...

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Um aparte, presidente?

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Já te concedo.

Todos os projetos de incentivo fiscal aprovados no governo da presidente Dilma foram aprovados pelo parlamento. Alguns dos projetos de incentivos fiscais foram ampliados pelo parlamento. Então, eles foram votados pelo parlamento.

Esse frigorífico que você mencionou, você viu que quando houve a denúncia dele, ele não conseguiu denunciar ninguém do PT. Ao contrário, ele denunciou você sabe quem. O presidente do PSDB na época, o Aécio Neves.

Mas quero dizer para você o seguinte, essas políticas, elas são aplicadas ao longo dos últimos 60, 70 anos na humanidade, que é incentivo fiscal, empréstimo etc. Eu acho que nós precisamos fazer um balanço dessas políticas e ver que elas tiveram méritos em alguns momentos e deméritos em outros momentos.

Acho que no governo Dilma foram exageradas. As políticas de incentivo foram exageradas e, em muitos casos, equivocadas. Até porque a burguesia brasileira, o poder econômico, as montadoras não são sérias como muita gente pensa.

Vou dar um aparte para o Roberto.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Obrigado, deputado José Américo.

Muito obrigado de voltar ao assunto. Fui vereador por seis anos em minha cidade, fui o vereador mais votado, em 2006, em Piracicaba.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Merecidamente.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Estou no sexto mandato. Muito obrigado de voltar ao assunto.

Que a gente discuta, realmente, a pauta de hoje. É isso que a gente espera que aconteça. E eu defendo, realmente, esse projeto. Hoje a Hyundai está gerando oito mil empregos em Piracicaba. A informação que nós temos é a de que pode aumentar, dobrar esses empregos na fabricação de carros.

Vamos voltar ao assunto então. O deputado José Américo é um grande deputado, um grande líder, parabéns pela sua fala, mas vamos discutir, realmente, o assunto que interessa, que é esse projeto de sanção do governo.

Obrigado, José Américo.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Obrigado, deputado Roberto.

Quero dizer o seguinte, a indústria automobilística brasileira, o empresariado brasileiro, recebeu incentivos fiscais do governo Dilma e não cumpriu aquilo com que tinha se comprometido.

Em 2014 foram mais de 100 bilhões de incentivo fiscal e eles simplesmente não cumpriram o que era gerar emprego e manter o emprego para os trabalhadores brasileiros.

Então, eu, a partir daí, passei a rever as minhas posições a respeito de incentivo fiscal. Eu acho que incentivo fiscal tem que ser dado de forma muito rigorosa e muito seletiva. Com esse projeto, do jeito que está redigido aqui, eu não posso concordar. Isso é mais do que incentivo fiscal, não é renúncia de imposto. Renúncia de imposto, mal ou bem você não recebeu o imposto, aqui não. Aqui é financiamento.

Esse fundo, que é o fundo Funac, tinha, em 2018, quase 400 milhões de reais. Hoje, nesse ano, ele deve estar com mais de 500 milhões de reais. Então, é dinheiro público que está nesse fundo e que o governador está se propondo a financiar as empresas que estiverem dispostas a fazer investimento.

Gente, eu acho que não estamos no momento de fazer isso. Não estamos no momento de fazer isso. É um custo muito alto para o estado, para o País, você oferecer dinheiro barato, dinheiro subsidiado, uma parte a fundo perdido, para gerar um determinado número de empregos que a gente nem sabe se vai acontecer. Qual é a garantia que você tem de que isso vai acontecer?

Então, eu acho que o momento nos aconselha a não aprovar um projeto dessa natureza. Acho que não tem contrapartida clara e o incentivo fiscal, a renúncia fiscal, é uma coisa polêmica. Eu estou revendo minha posição sobre isso, mas, mal ou bem, é um imposto que você não está arrecadando. Aqui não, aqui é empréstimo. E empréstimo que se você conseguir pagar com antecipação, você vai ter um desconto bem razoável sobre ele.

Então é, na verdade, um juro subsidiado que, eu acho, não tem sentido oferecer isso para as montadoras.

Quero dar um exemplo para vocês. Tivemos aqui, no ano passado, o pessoal da Ford veio aqui. O dia que a Ford decidiu acabar com a unidade de São Bernardo do Campo ela acabou. Com a maior desfaçatez, deputado Barros Munhoz. Ela acabou com a unidade da Ford. Ponto final. E os incentivos fiscais que ela recebeu?

Nós lembramos aqui, Daniel José, acho que vocês não estavam aqui ainda, foi no ano passado, nós lembramos aqui a quantidade de incentivo fiscal que ela tinha recebido e, no entanto, estava gerando desemprego.

Esse emprego que ela vai gerar, a gente financiando alguns bilhões de reais, que são 400 empregos por cada um bilhão, esses empregos, ela tira numa penada. Então, eu acho que nós não devemos aprovar o projeto tal como ele está. A bancada do PT está discutindo, tem muita gente que é a favor, tem gente que tem dúvida, tem gente, como eu, que é contra.

Eu sou gato escaldado em relação a essas empresas. Acho que não tem credibilidade, acho que não tem fidelidade na sua palavra. Elas voltam atrás no primeiro momento, e não é uma coisa correta que o Estado fique financiando a expansão de empresas que, na verdade, vão expandir ou não em função do mercado, e não em função do dinheiro que nós vamos dar para elas.

Tenho certeza de que se não tiver mercado, elas não vão investir. Se tiver mercado, elas o farão. Portanto, acho que tem pouca incidência o dinheiro que o Estado vai dar para elas através de financiamento, tem muito pouca incidência. Portanto, em minha opinião, este projeto é um projeto extemporâneo.

Nós não estamos no momento de praticar uma coisa dessas, em se considerando que nós vivemos uma crise muito grande, em se considerando que o estado de São Paulo não tem pagado salários condizentes para os seus funcionários, que o governador Doria vive dizendo que não tem dinheiro para isso, não tem dinheiro para aquilo, mas vai financiar a indústria automobilística, gente.

Não vamos cometer esse erro de novo. Então, queria deixar aqui a minha opinião, dizer que nós estamos fazendo um debate dentro do PT, na bancada do PT. Eu acho que não é nenhum absurdo, quero dizer que não acho absurda política de incentivo fiscal, de financiamento, de estímulo. Não acho nenhum absurdo, isso é uma coisa normal. Só que eu acho que o momento não aconselha a gente a fazer isso.

Nós temos que pegar o dinheiro que o Estado tem e usar para coisas mais confiáveis, mais importantes. Repito: eles vão investir se tiver mercado; se não tiver mercado, eles não vão investir. Vocês não tenham nenhuma dúvida disso, assim como a Ford fez. O dia em que a Ford de caminhões decidiu fechar, ela fechou, e ponto final. Os incentivos ficaram para trás.

Sr. Presidente, muito obrigado pela palavra. Srs. Deputados, muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, a nobre deputada Carla Morando.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sras. Deputadas, Sras. Deputados, Sr. Presidente, líder do Governo Carlão, todas as pessoas que estão até este horário, acompanhando a TV Assembleia, e pessoal da galeria.

É muito importante que a gente deixe bem claro que a indústria automobilística é uma das indústrias que tem a maior geração de empregos, tanto diretos quanto indiretos. Na verdade, o que aconteceu durante esses últimos anos foi uma debandada de todas essas empresas da nossa região e do estado de São Paulo, por conta de guerras fiscais travadas por outros estados contra São Paulo.

O que nós temos hoje - e eu fico muito feliz - é um governo que disse: “Chega”. Chega para esses outros estados que fazem uma guerra fiscal e que levam as empresas embora. Isso não é uma coisa boa e sadia nem para o estado que as está levando, porque a renúncia fiscal que eles fazem é tão grande que eles não conseguem pagar nem a folha deles.

Isso é o que está acontecendo hoje com o estado de Minas Gerais, é isso que acontece com o estado de Rio de Janeiro, é essa guerra fiscal que só traz prejuízo para todos, não só para o estado de São Paulo, mas para todo o Brasil. Quero dizer que, no dia em que a Ford fez aquele fatídico anúncio de que ela fecharia as portas, e foi uma coisa de surpresa, ela simplesmente ligou e falou: “Estou indo embora”. O que isso acarreta para um município e para um estado? Ela tem uma diminuição da arrecadação porque ela para de produzir e ela tem um aumento na demanda tanto da área da Saúde, quanto da Educação, porque as indústrias normalmente têm um plano de saúde, a pessoa coloca a criança também numa escola particular.

E quando ela perde o emprego, o que ela faz? Vai para o público, tanto para a escola pública quanto para os hospitais e isso aumentando os custos das prefeituras e também do estado. O João Doria fez esse projeto que foi brilhante junto com a Secretaria da Fazenda e todos os secretários, que foi um conjunto de ações justamente dizendo que essas empresas fiquem no nosso estado, que nós não vamos deixá-las mais sair por guerra.

Nós aqui em São Paulo não queremos guerra fiscal e o governador cansa de dizer isso: “Guerra fiscal eu não vou fazer, mas ficar aqui quieto, omisso ao que acontece, eu também não vou”. Então eu estou muito feliz com esse IncentivAuto. É um projeto realmente brilhante e muito diferente do que muitos deputados estão falando sobre pegar dinheiro de outro lugar e de fundo, não é isso.

Eu quero muito que vocês leiam bem esse projeto e as dúvidas eu acho que seria até interessante, Carlão, a gente falar para esses deputados que têm essa dúvida tão grande quanto a esse projeto, de marcar para eles irem até a secretaria conversar para saberem e esclarecerem isso.

Já vieram explicar sobre o projeto, o Carlão já disse. Já fez no Colégio de Líderes uma reunião para que todos os deputados que quisessem, pudessem participar tirando as suas dúvidas. Infelizmente, uma grande maioria não apareceu e aí não sabe do que está falando e fala as coisas sem saber por coisas que imaginam ou que ouviram alguém falar, não profundamente como poderiam ter visto quando teve essa visita técnica aqui.

Então, eu quero muito deixar aqui claro que é um projeto indispensável para o nosso estado, principalmente para essas cidades aonde a arrecadação principal é dessa indústria automotiva. São Caetano, eu sou nascida e morei a vida inteira lá até me casar com o Orlando, e eu sei muito bem que tudo ali é dependente do imposto gerado pela General Motors.

E quando a General Motors disse que ia embora, eu fui a primeira a criticar a indústria, em dizer que ela não podia sair dessa maneira e, graças a Deus, o governador junto com o secretário Meirelles, fizeram uma intervenção e já foram conversar. E conseguiram não só manter a indústria na cidade de São Bernardo, mas também fazer com que ela tenha um investimento de dez bilhões e isso é muita coisa.

Além desse investimento de dez bilhões, também há geração de empregos. O que na verdade a gente fica triste em ouvir é que esse dinheiro está sendo tirado do imposto que a gente já ganha e não é isso. Para você ter benefício a esse desconto existem várias regras. A primeira é você ter um investimento mínimo em um bilhão em um novo projeto.

Então não adianta a empresa fazer um investimento em um carro que já existe. Ela tem que trazer uma nova planta. Quando essa empresa traz uma nova planta de carro para ser construída, ela não fica somente naquele local. Essa nova planta traz junto 70 novas empresas, junto com uma planta de carro, porque são as pessoas que trazem, que fazem o projeto, as que fazem a produção das peças, dos bancos e isso traz uma arrecadação muito maior não só da indústria automobilística, mas também da geração dessas novas empresas que vão estar servindo a essa nova planta.

Isso tudo traz um investimento muito grande para a nossa região e para todas as regiões aonde tem uma indústria automobilística - e não são poucas no nosso estado. E eu acredito muito que as pessoas precisam pensar no principal disso tudo, que é a geração de empregos.

Não só a questão da arrecadação, mas a geração de empregos. E não é pouco. Isso, a gente diz, de empregos diretos, de 400 novos empregos diretos. Fora esses outros empregos que são gerados nessas outras 70 empresas que vêm para uma nova planta.

Então é muito importante a gente ter esse incentivo, sim. Porém, é um incentivo com uma contrapartida. Da mesma forma como foi feita a redução do imposto sobre o querosene da aviação, com a contrapartida de que eles trariam novos investimentos, abririam novos voos, que seriam 490 novos voos. Hoje estamos... Não sei se teve algum aumento, mas foram 606 até então. Quer um aparte?

 

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS - Deputada Carla.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Pode falar.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Quero cumprimentá-la e cumprimentar o nosso querido e sempre deputado, prefeito Orlando Morando. Eu tinha ciúme de São Bernardo do Campo. A nossa cidade de Piracicaba levou a Hyundai. Hoje o Creta e o HB20 são fabricados. Há 10 anos atrás tive o prazer de ser convidado, com um grupo de pessoas da cidade, 14 pessoas. Fomos até Seul, até Ulsan, para conhecer a fábrica.

Estamos apoiando esse projeto. Entendemos que o governador João Doria está de parabéns. Quer trazer mais incentivos, mais empregos. Eu sei o que o Orlando e a Carla sofreram quando a Ford disse que pararia a fabricação. Ainda bem que o Carlos Alberto, da Caoa, foi lá e assumiu essa fábrica. Então, parabéns a vocês. Dá um abraço e um beijão no Orlando.

Porque sei que o trabalho que vocês fazem, para nós e para Piracicaba, hoje, estamos gerando emprego e gerando renda, querendo que amplie mais ainda, além do Creta e do HB20, mais ainda, a planta. E possamos fabricar mais carros ainda na nossa querida Piracicaba. Parabéns pelo trabalho que vocês fazem. E você, que hoje é a nossa grande representante, e outros deputados aqui, do nosso Grande ABC.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Obrigado, deputado. Também espero que Piracicaba receba muitos investimentos na área automobilística. E que possa ter esse benefício do IncentivAuto. Tenho certeza que será um beneficio que vem do céu.

Porque, quem viu, há metade do ano, mais uma empresa indo embora do nosso estado, sabemos que a Ford, na verdade tem um plano de fechamento mundial de empresas. Mas a gente sabe o quanto é sofrido quando sai uma empresa de uma cidade e joga no poder público uma responsabilidade tão grande, onde o poder público também está manco, porque a arrecadação também é menor.

Então, muito feliz com esse projeto. Espero que todos os deputados realmente entendam o fundo desse projeto, que é o de geração de emprego, de trazer novos investimentos. E, sim, colocar o nosso País num franco desenvolvimento, que é o que a gente espera. O Carlão, não sei se vai querer o aparte meu, para terminar.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada, lógico. 

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Então, pode falar.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Primeiro cumprimentar a senhora, deputada Carla Morando, e cumprimentar o deputado Roberto Morais, que faz a defesa de um projeto de extrema justiça para São Paulo. Que, além de você ter possibilidade de gerar novos empregos, estamos resguardando os empregos que estão aqui.

A senhora mora em uma cidade. O deputado Roberto Morais mora em outra cidade. O Thiago Auricchio mora em outra cidade. O deputado Coronel Nishikawa conhece a dificuldade que é se, porventura, fechar uma montadora em qualquer uma dessas cidades.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - O Barba também.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - O deputado Barba. São pessoas que entendem a importância. Aqui não tem projeto direcionado para o “a”, para o “b”, para o “c”. É uma indústria, uma cadeia, que sempre foi uma das maiores gerações de emprego e renda no estado de São Paulo. Então isso é importante de se dizer. Fico às vezes... Hoje é um dia que me fez bem.

Acho que conseguimos tirar, de um ponto ou outro, fazer discussões de extrema importância para melhorar o projeto, por que dizer que é a favor ou por que dizer que é contra. Quando a gente começa a discutir o projeto, é especial. Quando a gente vem aqui... A deputada Erica Malunguinho foi muito feliz, na sua fala, de ler o Regimento Interno, porque às vezes as pessoas se esquecem e começam com ataques pessoais, de vir aqui para discutir ideologia. Esse plenário não é para isso; é para discutir o que nós podemos fazer para melhorar a vida do povo paulista.

Então, isso é importante. É importante a gente sempre dizer que nós queremos fazer o bom debate. Fazer a boa discussão, fazer com que as pessoas votem “sim” ou votem “não” conhecendo verdadeiramente os projetos.

É muito fácil... A minha região não tem uma indústria automobilística. Nenhuma. Não vai beneficiar em nada os meus empregos da nossa região, do deputado Itamar. Mas vai prejudicar, sim, e muito, onde forem os grandes polos de desenvolvimento do estado de São Paulo, que é o ABC, que depois se levou para Sorocaba, depois se levou para Piracicaba, depois se levou para Indaiatuba. E ali, sim, nós conseguimos fazer o grande polo de geração de emprego e renda aqui no estado de São Paulo.

E esse projeto é um projeto diferente. Eu não canso de dizer. Para mim, foi o melhor projeto enviado para a Assembleia Legislativa para incentivo de novos empregos, de nova renda, para melhorar efetivamente a vida da pessoa que mora aqui em São Paulo. Isso é bom, é uma coisa que São Paulo tem que fazer. Eu peço sempre ao governador João Doria que, com muita tranquilidade, muita serenidade, possa enviar projetos à Assembleia que indiscutivelmente, aqui, onde nós podemos...

Às vezes, a gente perde a oportunidade de melhorar, de fazer com que o projeto siga para sanção do governador melhor do que chegou. Para fazer algumas discussões que não são o que nós queremos. Nós queremos, sim, discutir aqui na Assembleia Legislativa o porquê de votar “sim” e o porquê de votar “não”.

Tenho divergências, nesse projeto, com o Novo. Eles têm um pensamento. São pessoas cuja grande maioria - isso não é crítica - não viveu no Brasil nos últimos anos. Viveram sempre em países com muito mais desenvolvimento econômico, com carro de muito melhor qualidade. Mas quem sabe, com um projeto de incentivo dessa qualidade, nós podemos ter, daqui a um ano, ou cinco, ou 10 ou 15, ou 20 anos, um carro com a mesma qualidade que a gente anda na Europa, nos Estados Unidos, na China ou no Japão.

Então, isso é importante. É importante que essa Casa passe a discutir os bons projetos. E aqui não está o líder do Governo para dizer: vote “sim” ou vote “não”. Aqui, não tem esses perfumes, como alguns costumam dizer. As pessoas votam com a sua consciência e com a sua sabedoria. Porque quem vota contra um projeto desse é porque está votando contra o emprego. Querem acabar com os grandes polos de desenvolvimento econômico que, num passado não muito distante, levaram o estado de São Paulo a ser essa grande locomotiva que é o nosso estado para o Brasil. Obrigado, deputada Carla.

 

A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Muito obrigada a todos também.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra, o nobre deputado Dr. Jorge Lula do Carmo .

 

O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, são mais de 23 horas aqui no plenário da Assembleia Legislativa, discutindo um projeto que, por si só, não fala muita coisa. Quer dizer muita coisa, é claro. O Projeto no 752, de 2019, tem um artigo só e um parágrafo único: “Art. 1o. Fica autorizada a concessão de financiamentos pelo Fundo de Apoio aos Contribuintes do Estado de São Paulo - Funac, nos termos do artigo 5º, inciso II, do Decreto-Lei nº 240, de 12 de maio de 1970...”. E remete que compete ao Conselho de Orientação do Funac a observação e a regulamentação fixada.

Pois bem, aqui não quer dizer que nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, sejamos contrários ao incentivo e à colocação de recurso para beneficiar, valorizar e fomentar o emprego.

Nada disso, mesmo porque nosso partido, quando governou este País, foi o que mais deu incentivo para fomentar o desenvolvimento econômico e o emprego no nosso País.

Ocorre, Sr. Presidente, que esse projeto de lei ele não é claro, ele não é transparente, ele não deixa, não define, claramente, como é que vai funcionar isso. E, aí, não tem como a gente, nós da bancada do Partido dos Trabalhadores, votarmos favoráveis a um projeto de um artigo, deputado Aprigio, que simplesmente remete a um conselho.

Não é possível a gente votar desse jeito. É possível discutir, e o líder do Governo aqui já disse dessa possibilidade. É possível melhorar, é possível esclarecer, é possível dar transparência, é possível a gente entender como ele vai funcionar.

Aí, sim, a gente pode avaliar. Mas, do jeito que ele está, não tem a menor condição. Até porque hoje mais cedo falei aqui nesta tribuna sobre exatamente a falta de recurso ou a falta de investimento do governo João Doria para as áreas sociais.

Falávamos: no Transporte, o governador prometeu 95 obras, promessas, 95 promessas para até o final do governo dele. Para que ele cumprisse isso, era preciso que a cada 15 dias, a cada 15 dias, ele entregasse uma. E, ele não vai fazer isso. A gente sabe que ele não vai fazer isso.

Porque no Transporte falta recurso, precisa de incentivo. Não tem. Na Saúde pública, precisa de recurso? Precisa, também não tem. Na Habitação, precisa de recurso? Precisa. Tem investimento na regularização fundiária? Tem investimento na Segurança Pública? Tem investimento na Polícia Civil e na Polícia Militar, nos concursos públicos para melhorar o salário das pessoas? Não tem. Tem investimento nos trens da CPTM? Não tem.

Então, seu presidente, da maneira como está esse projeto, não é possível a gente chegar aqui e simplesmente, usando aqui o jargão que já usamos outras vezes, dar um cheque em branco para o governador.

A Assembleia Legislativa não é puxadinho do Palácio dos Bandeirantes. Por isso, nós queremos aqui discutir melhor esse projeto, entender melhor, avaliar, ter mais transparência, para, aí sim, nós conseguirmos fazer uma avaliação. E, aí, meu líder, nosso líder, aqui, junto com nossa bancada, nós vamos avaliar como votar esse projeto.

Por isso é que nós ficamos aqui até essa hora. Não ao calor ou ao sabor ou ao cheiro do perfume “morumbiano”, deputado Campos Machado. Nós, aqui, não temos esse problema com os perfumes “morumbianos”.

Nós temos é, sim, que discutir, e estamos discutindo aqui, porque não dá para a gente concordar em votar um projeto de lei dessa maneira. Não dá. Então, hoje, muita gente aqui se inscreveu para discutir esse projeto contrariamente, ao contrário de outros momentos, em que as pessoas simplesmente ficavam aguardando a gente aqui, da bancada do PSOL e do Partido dos Trabalhadores, e as bancadas de oposição, e, depois, simplesmente ia lá e votava "sim".

Por isso que esse projeto tem que ser melhor discutido. E, é por isso que é quase esta hora da noite e nós estamos aqui discutindo. Eu quero passar uma parte do meu tempo aqui, a pedido do meu líder, para o meu líder, que ele quer discutir também esse projeto.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Vou passar uma parte da minha fala para o meu líder aqui, presidente. Está bom?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pelo tempo restante, deputado Barba, para concluir a fala.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Permite um aparte, deputado Barba?

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Um minuto, que eu vou precisar de muito tempo, vou precisar de uma hora aqui, Campos Machado.

Mas eu te permito um aparte.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Então, eu vou abrir V. Exa., eu não vou falar, porque eu não quero atrapalhar Vossa Excelência.

Eu só queria dizer o seguinte, para você respeitar as posições aqui no plenário. Aqui, de vez em quando, aparece o deputado Roberto Morais e faz claque aqui. Aqui não é lugar de claque. Assiste ao que eu estou dizendo. É, sim, o que eu estou falando.

Vossa Excelência começou a aplaudir o deputado Carlão Pignatari. É uma lei estranha. Eu quero dizer que a proposta de V. Exa. vai merecer todo o meu cuidado e toda a minha análise.

Se for, efetivamente, o que V. Exa. está dizendo, nós podemos até aprovar o projeto. Agora, me desculpe, eu não estou aqui para aceitar conselho de ninguém, que tem que tratar do projeto, que não pode discutir o projeto. Vossa Excelência não tem autoridade para falar isso comigo, deputado Roberto. Estou lhe falando aqui...

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Um aparte, deputado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - O aparte não é meu, é dele.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Um aparte, deputado?

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Está faltando tempo para mim.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Muito obrigado, deputado Barba. Eu vou interromper. Eu ia continuar, mas não vou poder falar com ele.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Não, deputado Roberto Morais, senão não dá tempo de eu falar aqui o que eu quero falar. Não, não, não, não vou dar aparte.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Trinta segundos.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Não posso. Eu estou com o tempo curto aqui já.

Presidente, deputados e deputadas, eu queria que preservasse meu tempo, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A palavra está com V. Exa., deputado Barba. Peço aos deputados do plenário que...

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - A primeira coisa, presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, o pessoal, quando fala da cadeia automotiva, não sabe o que está falando. Pouca gente aqui sabe o que é a cadeia automotiva. O Brasil é um dos poucos países do mundo...

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Um aparte, deputado.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Por favor, agora não, Roberto Morais.

Um dos poucos países do mundo produtor de automóveis. A sacanagem que está sendo feita com a Embraer, no Brasil, deputado Roque Barbiere, está sendo entregue para a Boeing, sabe quantos países do mundo fabricam avião? Oito países no mundo. A questão não é que se o deputado Daniel José tinha que ser deputado do México, porque quando quer discutir tecnologia do México, comparada ao Brasil, você tem um debate totalmente equivocado. Se você fizer o seguinte debate: o Brasil, as montadoras não desenvolvem tecnologia própria, são desenvolvidas nas suas matrizes? Na Alemanha, nos Estados Unidos, no Japão, aí você traz o debate...

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Um aparte.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Por favor, Roberto, por favor. Senão você me tira o raciocínio.

Segunda coisa: qual o nosso problema com relação ao México? É custo de produção. Uma unidade é custo de produção. Uma unidade do New Fiesta fabricada no México, lá em 2011, custava 558 dólares para ser fabricada lá. No Brasil custava 1.278 dólares, portanto tinha um “gap” aí de mais de 700 dólares. Eu sei porque eu discuti, coordenei e negociei em nome do sindicato, em nome dos trabalhadores da Ford a vinda do New Fiesta para ser produzido aqui na planta de São Bernardo do Campo, na Ford.

Se vocês entrarem numa montadora, porque hoje o Brasil não é fabricante de veículos, deputado Daniel José, deputado do Novo. O Brasil é apenas montador. Isso. Apenas montador. Então, não falei que você disse, eu estou explicando, o Brasil, hoje, não é um fabricante, nem uma construtora, é apenas uma montadora. Esse é o nosso grande problema: pega lá na Alemanha, na Alemanha a planta da Volkswagen, em Wolfsburg, tem 50 mil trabalhadores: 15 mil trabalhadores estão na área produtiva; 35 mil trabalhadores estão na área de inteligência, desenvolvimento tecnológico, inovação tecnológica, pesquisa, desenvolvimento, ferramentaria, engenharia, inovação tecnológica. Então, a diferença é isso.

A planta da Volks, em São Bernardo do Campo, não desenvolve produto próprio, não desenvolve. Não estou dizendo que precisa existir isso, estou mostrando para você como funciona. Mas se vocês entrarem, se vocês entrarem numa montadora, espero, talvez até você tenha entrado, não sei, com alguns deputados aqui, estou falando porque trabalhei cinco anos na Volks, 25 na Ford, e quando eu entrei na Volkswagen, a Volkswagen era um lixão, a Volkswagen, quando entrei, fábrica suja, imunda. Depois foi modernizada, e é uma fábrica moderna, hoje. As linhas, hoje, são de alumínio, deputado Gil Diniz. Quando eu entrei, as linhas eram de corrente de ferro, dava mais de 90 decibéis de barulho. Hoje dá em torno de 40, 50 decibéis, porque modernizou. Modernizou o processo produtivo, mas não modernizou a ponto de desenvolver o seu produto.

O Brasil, a indústria automotiva, no Brasil, emprega no Brasil, hoje... a automotiva, não, só as montadores, elas empregam 105 mil no Brasil, 105 mil e uns quebrados. O estado de São Paulo emprega 57 mil. A cadeia, que é as autopeças - estou pegando só a autopeça - emprega no Brasil 254 mil e 672 trabalhadores. No estado de São Paulo, 152 mil. No Brasil, hoje, tem mais ou menos 30 montadoras. No Brasil hoje, esparramadas pelo Brasil afora.

Não é qualquer país que tem um parque produtivo desse, meio que industrializado, porque só será industrializado totalmente quando desenvolver tecnologia própria. Aí, você realmente torna-se um fabricante de veículos. Defender o ultraliberalismo que você defendeu, compra da onde quiser, fecha no Brasil, não precisa ter porque a indústria está falida...

Vamos fazer como o Trump lá nos Estados Unidos? O Trump é um liberal. É ou não é? Mas vê a indústria do aço nos Estados Unidos, se está protegida ou não. Setecentos mil trabalhadores nos Estados Unidos. Toda vez que o aço do Brasil ameaça a produção dos Estados Unidos, eleva-se a tarifa do aço brasileiro.

Eu estudei um pouquinho de economia. Eu não sou economista, igual o deputado Daniel José, igual o deputado Mellão, mas estudei economia. Você falou aqui do acordo de 1992.

Eu não estou defendendo o projeto. O projeto, igual está, nós não aprovamos ele. Não, do jeito que está, não. O projeto não diz nada. Nisso o deputado Ricardo Mellão tem razão. O projeto não fala de ICMS, a não ser no cabeçalho do decreto. Só lá que fala do ICMS. O único artigo do decreto, que é o artigo 3º, que fala de investimento no território paulista, que fala de um bilhão de reais de investimento e 400 novas contratações...

Primeiro, onde é que o João Doria baixou o decreto? Ameaça da GM de fechar no estado de São Paulo. Foi chantageado. Como não conhece a questão da indústria, aprovou uma coisa maluca. Veja bem, um bilhão de reais de investimento para fazer isso demora. Uma empresa grande, para investir um bilhão de reais, demora algo em torno de um ano, um ano e meio.

Ninguém pega um bilhão e investe de uma vez. Você tem um processo em etapas do investimento. Então, o investimento está errado. Viu, Carlão? Deputado Carlão Pignatari, não pode ser um bilhão. Você pode partir de 100 milhões de reais.

Vamos pegar uma empresa igual a Volkswagen. Ela fala assim: “Eu quero reestruturar uma área da ferramentaria, eu vou investir 100 milhões de reais”.  Você sabe quanto significa cada emprego em uma montadora? Nove empregos na cadeia. Na cadeia do setor automotivo.

Então, tem que discutir esse investimento também, que ela está fazendo investimento. No item que fala da geração de emprego, de 400 novos empregos, não tem, por exemplo, deputado Daniel,  aí você pode ter razão... Assim, olha, espera aí. Como é que é a geração de 400 empregos? Senão a empresa demite 400 e contrata 400, aí não vale. Tem que ser 400 a partir do nível de emprego que ela tem, com manutenção do nível de emprego, que é o acordo que nós fizemos lá e 1992, e uma hora eu quero fazer o debate dele aqui, porque eu participei desse acordo. Eu estava lá, eu participei.

Aliás, o acordo, no começo 92, vou até te fazer uma sugestão, você que é da área de economia. Eu estudei também economia. Comece a estudar, porque esse acordo começa em março de 91, é feito por três meses, renova por três meses, que vai julho, agosto e setembro, encerra esses três meses, renova por mais três meses, e em 92 a gente faz o acordo setorial do setor automotivo. Em 1992, e eu participei desse debate e dessa negociação. Nosso sindicato foi o proponente desse debate.

Então, o projeto tem um monstrengo, ele tem uma série de defeitos. O decreto, do jeito que está, o projeto, do jeito que está, o projeto de lei não diz nada. Aí o deputado Ricardo Mellão tem razão, o projeto não diz nada mesmo, o projeto é para dar um cheque em branco na mão do governo.

Por isso nós estamos discutindo junto com o Dieese, para formular e apresentar uma emenda aglutinativa onde a gente invista na questão de inovação tecnológica,  pesquisa e desenvolvimento, laboratório, ferramentaria, engenharia e parte das operações que têm que ser feitas no projeto.

Então, é isso, Sr. Presidente. Do jeito que está, eu já disse aqui... Viu, Carlão? O projeto, do jeito que está, nós vamos ser contrários. Se a gente conseguir encaixar uma emenda aglutinativa que dê conta de resolver, de discutir a questão do ICMS - porque não discute, aqui só discute o Funac -, discutir a questão tecnológica e a fabricação de veículos, aí vamos tentar construir essa emenda.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a favor, o nobre deputado Barros Munhoz.

 

O SR. ALEX DE MADUREIRA - PSD - Sr. Presidente, uma breve comunicação, com anuência do orador?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Se for bem rápido, deputado. Estamos com vários oradores inscritos ainda.

 

O SR. ALEX DE MADUREIRA - PSD - PARA COMUNICAÇÃO - Bem rápido. Quero fazer coro ao deputado Roberto Morais, porque eu também sou de Piracicaba. Apesar de a maioria dos meus votos não terem sido de Piracicaba, pois foram da Capital de São Paulo, eu também defendo a indústria automotiva, porque vi o que a indústria automotiva fez na cidade de Piracicaba.

A ida da Hyundai para Piracicaba mudou um aspecto, pois sempre Piracicaba foi vista como fabricação de usinas de cana-de-açúcar. Com a queda da venda das usinas, os empregos na cidade e na região também caíram muito.

A indústria automotiva salvou muitos, milhares e milhares de empregos em Piracicaba. Hoje, direta e indiretamente, mais de dez mil empregos são mantidos na cidade pela indústria automotiva.

Então, quero fazer coro ao deputado Roberto Morais, que defende a região. Eu não poderia, como piracicabano que sou, deixar de falar da Hyundai, que está em Piracicaba. A indústria automotiva merece, sim, o nosso respeito e o nosso voto para o IncentivAuto.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra o deputado Barros Munhoz.

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - Pela ordem.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - O senhor deseja um aparte?

 

O SR. ROBERTO MORAIS - PPS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - É rapidinho. Meu querido amigo deputado, grande paizão político Barros Munhoz, o deputado Alex, que nasceu em Ártemis, ou Porto João Alfredo, ou Artemis, que seja, trabalhou lá na igreja Madureira durante alguns anos, depois aqui em São Paulo e hoje é deputado representando a Assembleia aqui, a Assembleia Madureira e a Assembleia Legislativa.

Tenho profundo carinho e respeito pelo meu querido - o nosso paizão - deputado Campos Machado. Em nenhum momento me referi ao deputado Campos, mas quero dizer o seguinte: a Hyundai, para Piracicaba, é motivo de orgulho, como é a Caterpillar do Brasil, como é a Dedini, como é a NG, como são tantas empresas metalúrgicas que geram emprego e rendas.

Tive o prazer, há dez anos, em 2009, de ser convidado pela Hyundai... Hoje falei com o Ricardo Martins, que é o CEO da empresa. Ele falava: “Deputado, precisamos aprovar esse projeto”. Hoje, o Creta e o HB20, eu digo que são dois carros “caipiracicabanos”. São carros fabricados em Piracicaba. São quase oito mil empregos gerados, não só pela Hyundai, como pelas empresas que vieram, empresas que fornecem equipamentos para a Hyundai.

O prefeito Barjas, em 2009, cedeu um milhão de metros quadrados. O senhor foi prefeito de Itapira, um brilhante prefeito. Ele cedeu um milhão de metros para a Hyundai e mais 700 mil metros para empresas que vieram para produzir os equipamentos dos carros. Então, para nós, é motivo de orgulho.

Estivemos em Seul, estivemos em Ulsan, que é onde tem a matriz da Hyundai. São 35 mil funcionários. E essa empresa quer ampliar ainda mais a planta de Piracicaba. Gera emprego, gera renda. Para nós, é motivo de orgulho.

Parabéns, governador João Doria. Estamos aqui aprovando esse projeto, votando favoravelmente. Parabéns ao nosso querido Carlão Pignatari, nosso líder do Governo, assim como V. Exa. foi um grande líder do Governo, foi um grande presidente desta Casa, como é, hoje, o presidente Cauê Macris.

Então, estamos aqui defendendo com todo o respeito àqueles que são contrários. Defendemos, sim, com muita veemência, a aprovação desse projeto.

Obrigado, deputado.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSB - Obrigado. Nosso caríssimo presidente, que ocupou por alguns dias um cargo que, muito provavelmente, vai ocupar por quatro ou por oito anos, quem sabe quando, caros colegas deputados e deputadas, colaboradores da Assembleia Legislativa, senhores que nos honram com suas presenças, telespectadores da TV Assembleia, quero começar com uma frase do nosso líder do Governo, querido deputado Carlão Pignatari: talvez esse seja um dos melhores projetos em defesa de São Paulo e do emprego da nossa história.

Eu vivi, como prefeito, esse drama que o deputado Roberto Morais agora mencionou. O prefeito teve que fazer uma doação de um milhão de metros quadrados para levar a Hyundai e de 700 mil metros quadrados para levar as empresas que eram satélites.

O Ministério Público, normalmente, questiona, abre inquérito e, às vezes, até esse inquérito redunda em processo. Eu respondo processo por ter feito isso. Eu fui prefeito três vezes. A segunda e a terceira foram de 97 a 2004. Quando eu tomei posse, em 97, tínhamos que receber nove escolas de ensino fundamental do governo do estado. Isso dava uma despesa anual, deputado Barba, equivalente a 70% do nosso IPTU. A inflação na época era de 7, 8%, ao ano. Imaginem eu dar um aumento de 70%, seria execrado.

Então, eu já tinha, na minha primeira gestão, buscado empresas e industrializado um pouco mais Itapira, mas aí eu disse “olha, não tem alternativa, cortar despesa é a coisa mais difícil do mundo nos municípios que têm pouca receita, então temos que aumentar a despesa”. Não tem alternativa, ou aumenta a despesa ou não tem solução. Ou aumenta ou aumenta.

Sabe a origem desse problema todo? A guerra fiscal que existe no Brasil e existe no mundo. Eu vou querer ver o governador Zema, do Novo, cancelar os incentivos fiscais de Minas Gerais, porque para ele ficar compatível, em sua atuação, com o que disse o Novo aqui hoje, ele quebra Minas Gerais. Quebra. Ele sai do mandato liquidado, arrasado, e o estado depenado, porque o estado de Minas Gerais, quem quiser saber como se industrializou, vá à Extrema. Vão ver lá a Kopenhagen, vão ver centenas de empresas que eles levaram dando incentivos maiores do que São Paulo.

Quem quiser ver como Minas se industrializou, vá à Jacutinga agora. Ali ao lado da minha Itapira. O prefeito lá está deitando e rolando. Chove indústria. Por quê? Incentivos de toda sorte. Agora, há um problema... Por favor, deputado Roberto. Por favor, está desviando a atenção.

Há um problema que é a origem de tudo isso. No mínimo 75% do ICMS que é distribuído aos municípios, todo mundo sabe, é um imposto estadual, mas fica 75% do imposto com o estado e 25% aos 645 municípios, no nosso caso. E como é distribuído isso aos municípios? Por um critério profundamente injusto. Sabem como é? A Constituição Federal diz que, no mínimo, 75% do índice de ICMS de cada município tem que ser baseado no chamado valor adicionado. Que é o quê? O faturamento do município. É a diferença entre o que o município vende e o que ele compra. Esse é o valor adicionado.

Então, você estimula a industrialização. Isso matou os municípios agrícolas de São Paulo e do Brasil. Por isso que o prefeito é uma ilustre figura que vive de chapéu na mão. É um mendigo de terno. Ele, quando passa em uma calçada e tem uma pessoa lá pedindo esmola: “excelência, por favor, uma esmola”. Ele repete: “Excelência, eu também to precisando”. Você tá entendendo? É uma pobreza total. Não tem dinheiro para quase nada.

Eu, quando secretário da Agricultura, sugeri ao governador Fleury mandar um projeto de lei para a Assembleia, porque aqui em São Paulo, não era 75%, não; era 80% que tinha quer ser - Roquinho, você se lembra disso? - o valor adicionado.

Todas as cidades do estado recebiam quase nada. Paulínia, por causa da refinaria da Petrobras, recebia mais de ICMS no ano do que 400 municípios do estado de São Paulo, 400 municípios. Vejam bem: hoje, Paulínia ainda tem uma cota-parte de ICMS anual muito maior do que Campinas. Paulínia tem 80 mil habitantes, Campinas tem um milhão e 300 mil. É uma injustiça profunda, e aqui era maior ainda, porque eram 80% do valor adicionado.

Mandamos um projeto para cá, fizemos uma grande articulação, uma grande discussão e baixamos para 76%, baseado no valor adicionado, e 3%, com base na área agricultável, para valorizar o município agrícola, senão, eles acabam, eles não têm condição de sobreviver; vivem de emendas nossas e dos convênios do Governo do Estado.

Então, o que houve? Pasmem, pasmem. Meu caro Castello Branco, nós transferimos... O Maluf me ligou: “Barros, que negócio é esse? Vocês estão tirando dinheiro de São Paulo para levar para os municípios pequenos. Como vai ficar São Paulo?”. Falei: “governador, o senhor sabe quanto o senhor vai perder? Menos de 1,5 por cento”. Paulínia, que foi o que mais perdeu, perdeu 4%, e nós retribuímos isso, 85% dos municípios.

Em Miguelópolis, cresceu 140% o ICMS, fechou o ano de 1993 com um milhão de ICMS, por ano. No mês seguinte, ele já passou a dois milhões e 400, 140% de aumento. Posso dar outros exemplos aqui. Então, minha gente, este projeto é o mais inteligente que eu já vi, porque se você reduzir o ICMS, você pode ficar na situação que eu estou. Eu respondo.

Eu levei a Estrela para Itapira. Eu levei a Nutron, doando área. Mais: construiu o prédio industrial e o escritório, tudo com dinheiro adiantado da prefeitura. Fiquei devendo até as calças. Foi terrível, mas fizemos. Quando eu fui processado, eu provei, por ‘a’ mais ‘b’, que, em dez anos que a Estrela tinha que ficar lá, com pelo menos mil empregados, recolhendo todos os impostos em Itapira, todo o nosso investimento se pagava, e se pagou.

O Tribunal de Contas aprovou, com louvor, o que eu fiz, e fiz em várias empresas, não fiz só nessas, fiz em várias empresas. Todo município nosso faz isso hoje. O João Doria, que eu não apoiei na eleição, todo mundo sabe disso, mas que eu respeito, e que é brilhantemente inteligente e trabalhador, bolou um método muito melhor. O Estado não vai pôr na frente, o município não vai pôr na frente.

A empresa investe. Depois que estiver produzindo, vai recolher imposto, e sobre aquilo que ela exceder o que produzia, se já produzisse, ou tudo que ela gerar a partir do seu funcionamento, daí ela vai ressarcir os cofres públicos de um empréstimo que será feito a ela. É isso. É infinitamente mais inteligente. Eu não estou querendo diminuir, aliás, eu sou um fã, Ricardo, de você. Aliás, você tem grandes características que seu pai tem, e deixou aqui à mostra e, no Brasil, como ministro.

Eu respeito profundamente o Novo. Vocês são uma grande esperança para nós, assim como respeito o Barba. O Barba está falando com sinceridade. Não é beneficiar. Eu não devia falar o que eu vou falar, mas eu não me contenho. Ainda que seja a Caoa. Eu quero que a Caoa se exploda. Eu quero é emprego para São Paulo, é indústria para São Paulo. Eu quero é renda para São Paulo para nós termos melhor Saúde, para nós termos melhores estradas. É disso que se trata, minha gente.

O resto é disputa política e nós temos é que pensar acima de tudo nos nossos semelhantes. Eu vivi uma experiência muito triste, que eu despachava segunda-feira, do período da tarde até dez, 23 horas, atendendo o público. André, você passou por isso talvez.

Noventa por cento dos que eu recebia, sabe qual era o problema? Emprego. Num domingo, chegou um amigo de infância meu na minha casa. Abri o portão: “Poxa, quanto tempo eu não te vejo”. “Pois é, eu não queria vir aqui de jeito nenhum, mas eu não resisto. Eu vim te implorar um emprego. Eu não aguento mais. Já acabou o meu fundo de garantia. Já acabou o empréstimo que meu pai me fez. Eu não tenho mais de onde tirar dinheiro para sustentar a minha família”.

Aí ele me falou uma coisa que nunca me saiu da cabeça: “Fome eu já aprendi a suportar, mas eu não consigo suportar o olhar dos meus filhos na hora do jantar”. Emprego, emprego, emprego!

E parabenizo o governador pelo que ele está fazendo, incentivando a Investe São Paulo e a Desenvolve São Paulo. Vamos gerar emprego para São Paulo e, se Deus quiser, o Bolsonaro também vai gerar para o Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar contra o projeto e só lembrando a todos os líderes aqui presentes e peço atenção dos senhores líderes. Por mais dez minutos tendo acordo pré-estabelecido, tem a palavra o deputado Sergio Victor.

E para o cumprimento do acordo é necessário que os demais inscritos retirem o nome da inscrição conforme foi combinado entre todos os líderes presentes. Com a palavra o deputado Sergio Victor.

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente. Boa noite, nobres deputados e deputadas aqui presentes, pessoal aqui do plenário, os funcionários da Casa. É com prazer que eu no meu primeiro discurso finalizo essa discussão tão calorosa aqui na Casa.

Queria começar fazendo uma menção a quem falou antes de mim aqui. Alguns discursos me chamaram bastante a atenção positivamente. Vou aproveitar a fala do Campos Machado e pedir um pouco de atenção dos nossos colegas aqui, por favor. Por respeito aqui vou seguir.

Aprendi com o Campos isso. Peço licença para vocês para eu poder falar aqui, por favor. Tenho que mencionar o discurso do economista Daniel José. Ele falou sobre o nosso problema de produtividade que a gente tem no País. A gente é menos produtivo em cinco vezes do que um trabalhador americano. A gente é menos produtivo metade de um trabalhador chileno e isso é um item grave.

Ele também mencionou a produtividade total dos fatores. Falou de alguns casos de fracasso dessa tentativa de incentivar uma indústria automobilística em outros lugares do país. Tenho que mencionar aqui o discurso do nobre deputado Ricardo Mellão, que falou de vários problemas desse projeto de lei aqui.

Ele falou de como a gente está votando um projeto de lei que vem depois de um decreto. Isso é uma anomalia jurídica, não é, deputado Ricardo Mellão? A gente viu que, como o Mellão muito bem mostrou, tudo que dizem os técnicos aqui sobre esse projeto não está nem no decreto, nem no projeto de lei, nem na justificativa.

Então fica difícil a gente conseguir entender o que de fato esse projeto de lei tem a provar aqui. Se vai ser bom ou não, eu não sei. Não está escrito no projeto de lei nada do que os técnicos aqui dizem. Menciono aqui o discurso da Janaina também, de como ela falou como esse projeto de lei... Peço de novo a atenção de vocês, colegas. São 23 horas e 30 minutos, mas tenho um tempo reduzido aqui. Eu vou ser breve.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pedir aos Srs. Deputados, preservando o tempo do orador, que, por favor, temos um orador na tribuna.

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - A Janaina destacou alguns projetos importantes, de como esse projeto parece muito alguns projetos que o PT já implementou. O próprio José Américo fez uma crítica aos incentivos e renúncias fiscais que a Dilma fez. Não funcionou. A gente está aqui discutindo o mesmo projeto de novo.

Não é a primeira, não é a segunda, não é a terceira vez que a gente está discutindo projetos de incentivo para a indústria automobilística. Faço até uma menção contente. Vi o discurso da Monica e do José Américo, pontualmente liberais. Que bom ouvir isso de vocês. Foi sim. Depois pego a parte do discurso. Parabéns por uma parte do seu discurso.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Sergio Victor, um aparte, rapidamente, por favor?

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - Você tem 30 segundos, deputado.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Trinta segundos? Agora consegui entender o que o jornal disse do apoio do Novo com o PSOL para fazer obstrução a esse projeto. Pela fala, no início, foi muito boa, de liberalidade, que ela fez aqui hoje.

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - Carlão, isso só mostra o seguinte, como eu já disse a outros deputados aqui: quando o projeto é bom e está de acordo com os nossos princípios, a gente vota junto com o Governo. Quando o projeto é ruim, a gente vota contra. Não interessa quem está junto e quem está distante.

A gente vota por convicção. Como disse muito bem o deputado Mellão, essa é a nossa única dependência. A gente depende das nossas convicções para chegar aqui e poder votar “sim” ou “não” num projeto, baseado no que a gente entende ser técnico.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Um aparte de 30 segundos?

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - Por favor.

 

A SRA. MÔNICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Obrigada. Eu só queria corrigir, que não é uma questão de ser liberal ou não. É uma questão de saber fazer conta e de ter a mínima noção da gestão pública.

A minha fala foi no sentido da gente observar que, sem planejamento, a gente vai apenas transferir dinheiro público para uma iniciativa privada obsoleta. É realmente de chamar a atenção que eu seja a única neste plenário a fazer esta defesa.

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - Isso, Monica. Foi exatamente esse discurso que eu te elogiei. Eu queria começar com uma fala do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, que fala o seguinte: “A visão do governo da economia se resume em: se algo se move, cobre imposto; se continuar se movendo, regulamente-o; e se parar de se mover, subsidie-o.” Porque, na prática, o que a gente está votando aqui, é subsídio.

É pegar dinheiro do pagador de imposto que está num fundo, e destinar para a iniciativa privada. E aí pode ter os melhores argumentos e discursos que a gente pode ter, mas é empréstimo a fundo perdido. E não sou eu que estou dizendo. Quem está dizendo é a Procuradoria Geral do Estado, aqui dentro da Consultoria Jurídica da Secretaria da Fazenda e Planejamento.

Vou ler alguns pontos importantes que vêm deles: “Não instruem o presente expediente, e nem há nele qualquer referência a eventuais estudos a justificar o benefício financeiro-fiscal. A proposta, portanto, é que o desconto não incida apenas sobre os consectários do financiamento - a exemplo das taxas de juro - mas passe a atingir também o valor principal  da dívida.”

É por isso que ele está falando que, nessa hipótese, se está diante de um empréstimo a fundo perdido. Isso aqui, não sou eu que estou falando, novamente. É a Procuradoria Geral do Estado e a Consultoria Jurídica da Secretaria da Fazenda e Planejamento. E mais importante: também dentro do decreto no qual tudo isso está baseado, de 1970, não prevê a concessão de descontos sobre o valor principal da dívida.

Enfim, quem está dizendo aqui, é a Procuradoria Geral do Estado. Não sou eu, não é o Novo. Eu queria reforçar: o nobre deputado Carlão Pignatari, o qual respeito muito, falou algumas vezes que discutiu com respeito. Mas algumas falas dele realmente incomodam. Ele falou que, nos nossos discursos, ou a gente não leu o projeto, ou a gente não entendeu.

Acabei de ler o parecer da Procuradoria Geral do Estado. Porque, com essa fala dele, a impressão que dá é que, ou a gente foi negligente, ou a gente é burro. Ele está passando esse ponto também para a Procuradoria Geral do Estado. Carlão, por todo o respeito que tenho ao senhor: a gente leu e releu. Fiquei até perguntando para a minha bancada: será que a gente não está perdendo algum ponto, para garantir que...? Mas a gente não conseguiu encontrar até agora, nem no projeto de lei, nem no decreto.

Isso que os técnicos da Secretaria estão dizendo, que a gente definitivamente não encontrou nada sobre desconto ou sobre o ICMS no projeto de lei, que é bem simples, por sinal. Eu queria mudar a fala um pouco. Vi vários deputados falando de geração de emprego, de manutenção de emprego.

O Barros fez uma bela defesa do seu ponto de vista. Mas, quando vejo vocês falando de emprego e de manutenção de emprego, usando dinheiro do pagador de imposto... O Mellão teve uma frase muito boa: na prática, você está pegando dinheiro do pagador de imposto quando você dá subsídio para uma empresa que não está conseguindo se sustentar com os seus próprios esforços. Você está tirando dinheiro do pagador de imposto de uma indústria que está funcionando e passando para uma que não está funcionando.

Queria falar uma historinha rápida, que eu lembrei de quando eu vejo vocês, aqui, defendendo a manutenção de emprego com dinheiro público. Certa vez, Milton Friedman, em viagem à China, vê milhares de chineses com pás e picaretas trabalhando. Perguntou aos dirigentes o que eles estavam fazendo. Recebeu como resposta que eles estavam cavando um canal. Pois bem, Friedman, então, perguntou: “por que não usam retroescavadeiras, tratores e ‘motoscrapers’, ferramentas mais produtivas ou mais fáceis de usar?”. E a resposta foi que assim gerariam mais empregos. E aí o Friedman, então, disse: “ah, eu achei que vocês estavam fazendo um canal. Agora eu entendi, vocês estão gerando empregos. Nesse caso, não é melhor trocar as pás e picaretas por colheres? Assim, vocês vão gerar muito mais emprego”.

 

O SR. ITAMAR BORGES - MDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Um minuto apenas. Eu queria reforçar o que o deputado Barros Munhoz colocou, na experiência que ele colocou quando foi prefeito. Coincidentemente, fomos prefeitos juntos; eu fui prefeito por 12 anos. E dar aqui um testemunho. O Carlão foi prefeito, da mesma forma. Com incentivo para novos investimentos, incentivo para ampliar o negócio, você traz novas receitas. Portanto, você está trazendo aquilo que não existe. E é isso que inteligentemente o governo do estado está fazendo. Por isso que é um pouco diferente do que o nobre colega está colocando. Só para reforçar, dentro desse contexto, e não tomar muito do seu tempo. Obrigado, deputado.

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - Obrigado. De novo, eu respeito, mas discordo. O que a gente está fazendo é colocar dinheiro público para a manutenção de alguns empregos. É claro que a gente é a favor dos empregos, é claro que a gente quer geração de emprego. A gente só acredita que o papel do Estado é outro.

Vou ler uma matéria, aqui, que saiu...

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Posso fazer um aparte? Uma pergunta?

 

O SR. SERGIO VICTOR - NOVO - Carlão, vou pedir licença para você rapidinho. Deixe-me finalizar, por favor. Já deixei uma vez.

Artigo do “Estadão” de ontem: “Montadoras mergulham na tecnologia. Indústria automobilística vai investir quase 40 bilhões até 2024 para melhorar a qualidade dos veículos e produtividade das fábricas”. Então, vamos ver aqui. Por o Brasil ter fechado aquele acordo - o Mercosul junto com a União Europeia -, em 15 anos vai entrar em vigor esse acordo de livre comércio. Então, as fabricantes locais terão de estar preparadas e começar a investir para conseguirem manter-se competitivas, porque se elas não fizerem isso, a gente vai ser um mero importador de carros e não vai mais produzir carros aqui.

O que disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores? De novo, não sou eu que estou dizendo, é o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Luiz Carlos Moraes. “Da porteira para dentro, nossas fábricas estão preparadas; o nosso problema é da porteira para fora. O nosso problema”, como diz aqui, continuando no artigo, “são as deficiências logísticas, burocracia excessiva, insegurança jurídica, tributação elevada ou com imperfeições, baixa abertura comercial, custo de energia, entre outras coisas”.

Eu sei que muita coisa daqui não está necessariamente dentro do poder estadual. Mas a gente não quer, aqui, só fazer críticas; a gente quer falar algumas coisas positivas que podem ser trabalhadas. O papel do governo é criar um ambiente favorável para que a gente tenha investimento. Então, é por isso que a gente está trabalhando - eu, deputado Ricardo Mellão, deputado Itamar Borges, em conjunto com a competente secretária de Desenvolvimento Econômico Patricia Ellen, do estado - em alguns projetos que justamente vão nessa linha, de melhorar o ambiente de negócio, sem favorecer um setor, uma indústria, e sim deixar o ambiente para todo mundo, para que o livre mercado faça o seu trabalho.

Código de Defesa do Empreendedor, um projeto que limita a interferência do Estado na iniciativa privada; o “revogaço”; o Plano Estadual de Desburocratização - PL 4. E aí eu também deixei uma sugestão para o Executivo, que ele fizesse, sim, um fundo de infraestrutura. Já que é para a gente pegar o dinheiro público e fazer um fundo, que a gente use isso de forma bem gerida, e gerida pela iniciativa privada, para poder garantir investimento em infraestrutura, pois definitivamente este ponto também gera emprego. E aí deixa um legado para o estado. Porque hoje a gente está perdendo infraestrutura pela taxa de investimento que a gente está fazendo.

Pessoal, para encerrar, queria dizer uma frase de que eu gosto muito: o maior cuidado de um governo deveria ser o de habituar as pessoas a não precisar mais dele. E esse projeto vai justamente no contrário dessa linha. Muito obrigado.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Se o orador permite, eu poderia apartear os seus últimos três?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Na verdade, existe um acordo, de todos os líderes, de que o tempo está encerrado. Com o término, eu convido o deputado Heni para utilizar da palavra. (Ausente.) O deputado Carlos Giannazi. (Ausente.) Deputada Isa Penna. (Ausente.) Encerrado.

Não havendo mais oradores inscritos, está encerrada a discussão.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Carlão Pignatari.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - De acordo com os líderes, eu peço o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental o pedido de V. Exa. Pergunto a todos os líderes se existe acordo pelo levantamento da sessão. (Pausa.)

Havendo acordo, está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 23 horas e 55 minutos.

 

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