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25 DE SETEMBRO DE 2019

47ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: GILMACI SANTOS

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Coloca em discussão o PL 343/19.

 

2 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o PL 343/19 (aparteado pelo deputado Gil Diniz).

 

3 - CORONEL TELHADA

Discute o PL 343/19.

 

4 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Cumprimenta o deputado Altair Moraes pelo seu aniversário.

 

5 - MÁRCIA LULA LIA

Discute o PL 343/19 (aparteada pela deputada Professora Bebel Lula).

 

6 - CONTE LOPES

Para comunicação, lamenta a ocorrência em Botucatu, descrita pelo deputado Coronel Telhada. Ressalta a dificuldade em ser policial atualmente. Esclarece que os policiais foram socorrer os acidentados e foram recebidos a tiros, já que parte dos envolvidos era de criminosos. Destaca a morte de sargento da Polícia Militar.

 

7 - RAFAEL SILVA

Discute o PL 343/19.

 

8 - PROFESSORA BEBEL LULA

Discute o PL 343/19.

 

9 - ERICA MALUNGUINHO

Discute o PL 343/19.

 

10 - ED THOMAS

Para comunicação, manifesta-se favoravelmente aos projetos das deputadas Valeria Bolsonaro e Leticia Aguiar. Informa ser o coordenador da Frente Parlamentar em Defesa das Apaes do Estado de São Paulo. Menciona o PL 576/09, de sua autoria, que possibilita um horário diferenciado aos servidores responsáveis por portadores de deficiências físicas ou intelectuais. Cita lei federal de 2016 que já permite o horário especial, semelhante ao projeto do deputado. Afirma que diversos estados e municípios já possuem esta jornada diferenciada, mas não o estado de São Paulo.

 

11 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PL 343/19. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovado o PL 673/19 salvo emenda. Coloca em votação e declara rejeitada a emenda ao PL 673/19.

 

12 - LETICIA AGUIAR

Para comunicação, agradece aos deputados pela aprovação do projeto. Considera que o mesmo contribuirá para a inclusão dos portadores de deficiências visuais. Apela para que os estabelecimentos comerciais participem deste movimento de inclusão. Reforça que o Governo do Estado apoia este movimento.

 

13 - HENI OZI CUKIER

Para comunicação, declara voto contrário ao PL 343/19, em nome da bancada do Novo.

 

14 - VALERIA BOLSONARO

Para comunicação, agradece a todos os deputados pela aprovação do projeto.

 

15 - ARTHUR DO VAL

Para comunicação, declara o seu voto contrário ao PL 343/19.

 

16 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Gilmaci Santos.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Discussão e votação do Projeto de lei nº 343, de 2019, de autoria da nobre deputada Valeria Bolsonaro.

Para discutir contra, está inscrito o deputado Teonilio Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente Gilmaci Santos, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu me inscrevi contra, deputada Valeria, mas fique tranquila que eu não vou obstruir o seu projeto. A deputada Leticia conversou comigo para saber se a gente iria obstruir, e eu falei que estão autorizados pela liderança do PT e pela minha bancada os dois projetos das duas deputadas.

Eu me inscrevi aqui, na verdade, porque ontem eu queria debater um pouco mais a questão do IncentivAuto, deputado Gil, mas o tempo ficou... Não deu para chegar a mim, então acabei não conseguindo falar. Primeiro, esse projeto do IncentivAuto, como ele está, tem um artigo, dois artigos, e o primeiro artigo com um parágrafo único que não diz nada. O decreto diz alguma coisa, mas é muito obscuro. Então, do jeito que o projeto está, nós vamos obstruí-lo, nós não vamos deixar aprovar, nós estamos trabalhando para isso.

Como eu tenho interesse nisso, em função de ter pertencido ao setor automotivo, de ter trabalhado por 30 anos, eu tenho interesse de fazer uma emenda aglutinativa. Estou trabalhando em cima disso e vou apresentar para o líder do Governo, para ver se ele topa, se ele aceita discutir a emenda aglutinativa, se a gente consegue o número de assinaturas dos deputados aqui no plenário para realmente transformar o projeto em uma coisa mais razoável.

O projeto, do jeito que está, é uma carta em branco para o governo João Doria e para o Conselho do Funac, que é composto por três secretarias de governo mais o Investe São Paulo. Muito bem, é até bom que estão chegando o Sergio Victor, o Ricardo Mellão. Primeiro, quero parabenizar vocês pelo debate feito aqui ontem. Está chegando o deputado Heni. Não que eu concorde com o que vocês apresentaram, mas vocês apresentaram do ponto de vista do que vocês acreditam, de uma economia de modelo liberal. É que vocês acreditam, e está correto.

Foi uma boa apresentação do deputado Sergio Victor, do deputado Ricardo Mellão - o deputado Heni ainda não tive o prazer de ouvir - e do deputado Daniel José. Eu ainda brinquei com ele, espero que tenha entendido que eu fiz uma brincadeira, dizendo que ele tinha que ser deputado no México. Foi uma brincadeira aqui do plenário, de bom gosto. Ele também fez uma boa fala aqui ontem, já que quem acredita no liberalismo é isso. Quem acredita na economia da mão invisível do mercado é isso.

Eu, como acredito em outra coisa, me contraponho a essa ideia, mas estou aqui reconhecendo que vocês fizeram um debate à altura daquilo que vocês acreditam. Eu estava dizendo, antes de vocês chegarem, que, como o projeto está, é uma carta em branco na mão do governo e uma carta em branco na mão do Conselho do Funac. Realmente o deputado Sergio Victor, quando falou aqui... Lá no Conselho do Funac, revisado em 2013, tem um artigo, um item, um inciso que fala de fundo perdido. Para a década de 70 valia, para a década de hoje aquilo não pode valer.

Mas, voltando aqui, deputado Ricardo Mellão, deputado Daniel José - não sei se chegou a ouvir a fala -, vou começar lá em 1991. O que aconteceu em 1991 no Brasil? Tinha uma crise na indústria automotiva brasileira, que era muito restrita. Era uma indústria que tinha apenas cinco ou seis montadoras no Brasil; dominavam o mercado brasileiro.

Collor faz a abertura em 90; em 91, era isso. O setor automotivo, naquele momento, lá em 1991, ameaçava demitir 30 mil trabalhadores, no setor automotivo. Teve a ida de uma delegação nossa em Detroit, para discutir o que estava acontecendo lá em Detroit, citada aqui pelo deputado Ricardo Mellão ontem.

Detroit era uma cidade automotiva, depois abandonada em função disso. Lá nós detectamos que estava com o mesmo problema que no ABC. A produção de automóveis era no ABC e no Vale do Paraíba, não existia mais em lugar nenhum. Então, nós já entendemos que tinha que buscar outra alternativa. Foi quando nós construímos, deputado Aprigio, o primeiro acordo emergencial da indústria automotiva no Brasil, que foi em março de 91, que valeu por três meses. Foi março, abril e maio. Aí renovamos o acordo - junho, julho e agosto - por mais três meses. Depois, renovamos o acordo novamente, seguindo o restante do ano.

O dizia o acordo na época? Garantir a manutenção do nível de emprego, reposição da inflação, a média entre Fipe e Dieese, de 80% da inflação, incorporava o salário. A inflação era muito alta, e manutenção do nível de emprego. Aliás, coisa que, no decreto aqui, quando fala de 400 novas contratações, não fala em manutenção do nível de emprego. Uma empresa pode demitir 400, contratar 400 e falar que está atendendo ao quesito de um bilhão de reais.

Então, nós fizemos esse acordo. Em 92, nós fizemos um acordo que valeria por 30 meses. O acordo previa a manutenção do nível de emprego no setor automotivo, e era para o setor automotivo, somada indústria, montadora, mais as indústrias de autopeças, que envolvia mais de 400 mil trabalhadores no Brasil, naquela época. Hoje, esse número é menor.

 

O SR GIL DINIZ - PSL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Barba, só para questionar o senhor, no sentido da aglutinativa, que o senhor disse que está tentando construir junto ao líder do Governo. O que tem que mudar no projeto do Governo? O que o senhor acha que pode ser melhorado?

Segundo questionamento: quando nós votamos aqui a desoneração na questão do combustível, o senhor foi um dos que subiram à tribuna para criticar, dizendo que nós dávamos dinheiro para milionário, para bilionário. Nesse sentido, parece-me que vai beneficiar um setor que também tem muito dinheiro, empresários que têm muito, mas muito dinheiro. Então, só queria que o senhor explicasse essa diferença para a gente, por favor.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Boa pergunta. Eu agradeço, deputado. Vou guardá-la bem para o finalzinho da minha fala. Pode ser? Tudo bem?

Então, quando foi em 92, nós fizemos um acordo, e o acordo era por 30 meses. Tinha uma cláusula de salvaguarda, dizendo que o acordo só mudava se acontecesse alguma mudança econômica no País, e a mudança econômica que aconteceu foi a questão da criação da URV, depois transformada em real.

Então, o acordo foi desmanchado em função disso, mas era um acordo que tinha 30 meses, previa a reposição da inflação mensal, um aumento real nas datas-bases, que naquela época era abril, de 6,21 durante 30 meses, em três vezes, o que dava 20% de aumento real, fora a reposição da inflação em todo esse período. Veio a URV e acabou com o acordo.

Então, esse foi um resultado da mudança da criação do Plano Real, da URV depois transformada em Plano Real. Depois, nós fizemos vários outros acordos dentro do setor automotivo, em alguns momentos de crise. Aí quando chegou 2011, deputado Gil Diniz, num estudo que nós fizemos, num debate com a indústria de autopeça, a indústria de autopeça vinha em um déficit, na relação da balança comercial crescente.

Começou lá com 500 milhões, aí virou dois, três bilhões, quatro bilhões, cinco bilhões. Passou de dez bilhões de dólares o déficit da balança comercial do que o Brasil importava de peças em relação ao que nós vendíamos de peça. Esse era o resultado. Em função disso, nós entendemos que o setor de autopeças, os trabalhadores seriam demitidos.

Em função disso, nós montamos o plano de discutir o Inovar-Auto e fomos discutir com o setor de autopeças mais a indústria das montadoras, mais as montadoras do País. E ali no governo da presidenta Dilma, nós criamos realmente o programa chamado Programa Inovar-Auto. Esse programa começa com um acordo bilateral entre México e Brasil. Todo mundo com medo da China, mas a China estava aqui ao nosso lado, que era o México.

O México é quem tem menor custo de produção na América Latina e nas três Américas. Portanto, nós importávamos os carros do México porque o custo de produção de uma unidade igual ao New Fiesta, deputado Aprigio, fabricado até recentemente no Brasil, ele no México custava 558 dólares o custo de produção de uma unidade, enquanto custava 1.278 para fazer no Brasil.

Estou dizendo que fui eu que discuti e que negociei isso, em nome do sindicato, com um grupo de companheiros dentro da Ford para reduzir essa diferença de 1.278 para 778 dólares. Uma negociação realizada no dia 3 de março de 2011 até novembro de 2011, aprovado na porta da fábrica o acordo. E nós então fizemos esse acordo primeiro, acordo bilateral México e Brasil.

O México poderia exportar para o Brasil até quase 1 bilhão e 500 milhões de dólares e tinha que assumir o mesmo acordo que comprava a mesma coisa do Brasil. Na época, esse foi o acordo que valia para até 31 de dezembro de 2017. E aí depois entrou o acordo da construção do veículo, da fabricação do veículo. Eu repito aqui: o Brasil não é fabricante de veículos.

O Brasil é um montador de veículos e a ideia nossa dentro do programa era transformar o Brasil num construtor de veículos, num fabricante de veículos. Então, tudo isso nós estamos olhando ali dentro para fazer o debate. Aí esse acordo se encerrou dia 31 de dezembro de 2017.

A partir de 1º de janeiro de 2018, vale o acordo Rota 2030 que está longe do que foi o acordo do Inovar-Auto, que tem dados do anuário da Anfavea, que é a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, do resultado positivo do que foi o período que durou o Inovar-Auto.

Respondendo à pergunta do deputado Gil Diniz. O que diz o projeto? O projeto não diz nada. Primeiro, não fala em ICMS, dito aqui pelo Ricardo Mellão ontem. Não sei se o deputado Douglas Garcia falou também ou não. Não diz nada sobre ICMS. Só no cabeçalho do decreto é que fala de ICMS.

Ele fala do Funac, onde tem lá algo em torno de 600 milhões de reais, que é dinheiro pra caramba, para poder financiar a produção, criado lá em 1970. Primeiro, o que nós temos que mudar? Quais são as contrapartidas das montadoras para acessar o Funac?

Hoje, a contrapartida fala em três coisas: a aplicação do recurso integral no território paulista; contratação de 400 novos postos de trabalho; e investimento de um bilhão de reais. Primeiro, um bilhão de reais, quem trabalhou numa empresa grande vai entender isso. Nenhuma empresa investe um bilhão hoje de uma vez. Você planeja para investir um bilhão na fase de um ano, um ano e meio a médio e longo prazo.

Não se investe um bilhão de uma vez. Então, por exemplo, o que eu estou tentando trabalhar é para reduzir esse piso para onde? Para 100 milhões. Mas para um bilhão são 400 contratações, mas se investem 100, quase 40 contratações, se eu for usar a proporcionalidade.

Então, quero trabalhar em cima disso. Segunda coisa. Primeiro, vale a partir da manutenção do nível de emprego, o que significa que se a empresa tem 1.000 trabalhadores hoje e ela for investir um bilhão, ela vai ter que contratar quatrocentos. Ela vai ter que ter 1.400 trabalhadores. No decreto tem uma pegadinha. Isso não está garantido. Uma empresa pode demitir 400, e vai repondo. Demite 100, repõe cem. Vai fazendo turnover para poder fazer valer o beneficio. Então essa é a segunda coisa, deputado Gil, que estamos tentando mexer.

A terceira coisa, deputado Gil, respondendo a sua pergunta, que estamos tentando mexer, é que no decreto essas coisas, que vou citar aqui agora, por exemplo, inovação tecnológica, é uma questão importante. Que é um dos problemas gravíssimos do Brasil. O Brasil tem pouco investimento em desenvolvimento tecnológico. Quero prever isso no projeto.

Pesquisa e desenvolvimento. Isso é muito importante ter no projeto. O projeto não tem isso. Quem leu o decreto, vê que não tem nada disso lá dentro. Então isso é muito importante.

Ferramentaria e engenharia, que são áreas técnicas e sempre foram o suporte das grandes indústrias, e que as suas matrizes utilizam lá fora. Todas as matrizes das multinacionais, toda a área de tecnologia, está colocada lá fora.

Terceira coisa, atendendo um pedido da minha amiga e companheira, deputada Mônica Seixas. A questão da energia renovável, energia limpa, combustível limpo. Nós, no estado de São Paulo, por exemplo, somos um grande produtor de cana. O etanol é uma energia renovável e limpa. O carro híbrido também é uma energia renovável e limpa. Então, estamos tentando ver se a gente consegue isso.

O mundo está caminhando para isso. Não estamos falando aqui, ainda, do carro movido à molécula de hidrogênio. Estamos falando aqui do carro com energia do combustível com base no etanol.

Só um minutinho, presidente, para eu poder encerrar aqui.

E mais esse detalhe. Tem mais alguns outros detalhes. Depois posso te mandar. Vou mandar para você a proposta. Tem cinco ou seis itens, a proposta, para o senhor poder dar uma apreciada. Então, essa é uma questão do que estou discutindo aqui.

A última pergunta sua é por que fui contra o QAV, e porque estou debatendo essa aqui agora. Fui contra o QAV porque o QAV trata só da redução do ICMS do querosene que é de 25% aqui no estado de São Paulo, reduzindo de 25 para 12 pontos percentuais. O setor dos magnatas da aviação, com isso, numa tacada, sem contrapartida. Porque a contrapartida é mentirosa.

Porque, vocês se lembram de que lá no projeto está falando em dobrar o número de trabalhadores. É mentiroso porque, no Brasil, tem algo em torno de 56 mil trabalhadores em todo o setor da aviação. No melhor momento, foi 64 ou 68 mil.

Então ninguém dobra a mão de obra desse jeito. Principalmente com as novas tecnologias.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para a conclusão, nobre deputado.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - E ali foi uma redução, desonerando um setor que ganha muito dinheiro, sem contrapartida nenhuma, a não ser a questão dos aeroportos. Muito pouca coisa. Por isso fomos contrários. É o mesmo problema quando questionei vocês na LDO. A LDO tem uma desoneração, para 2020, de 17 bilhões e 490 milhões de reais para 16 setores empresariais, que está sob sigilo. Que, inclusive, estou questionando esse sigilo na Justiça.

Então, só para responder a sua pergunta. Não sei se ficou claro. Qualquer coisa, estou à disposição para fazer esclarecimentos. Deputada, é que eu precisava falar disso, que não tive tempo de falar ontem, em função de ter encerrado o prazo de debate.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para falar a favor, nobre deputado Coronel Telhada.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, serei breve aqui, porque falei para o pessoal que eu seria breve.

A princípio quero colocar o apoio do Partido Progressista. Já conversei com o nosso líder, o deputado Delegado Olim. Não só no projeto da deputada Valeria Bolsonaro, o Projeto de lei nº 343, de 2019. Mas também o da deputada Leticia, o Projeto de lei nº 673, de 2019. Contem com o nosso apoio.

O motivo de eu ter vindo à tribuna hoje, neste momento, é para relatar um terrível acontecimento, que acho que os Srs. Deputados devem tomar ciência, porque é uma fatalidade que acabou de acontecer na Polícia Militar. Eu pediria um minuto de atenção a todos, por favor. Quando eu venho aqui, diariamente, falar de Segurança Pública, falar de ocorrência; diariamente eu falo de policiais mortos em todo o Estado brasileiro. Eu falo diariamente de policiais mortos em todo o Brasil.

Mas acabou de acontecer, há aproximadamente uma hora, uma hora e meia, uma terrível ocorrência na área do 12o BPMI, na região de Botucatu, onde quatro policiais militares estavam se deslocando para uma reunião com uma viatura orgânica, que não é viatura de policiamento; é caracterizada, mas não de policiamento propriamente dito. Estavam alguns policiais, e eles pararam num posto para abastecer a viatura, quando houve um acidente de trânsito ali próximo. Eles foram encostar nesse acidente para prestar um apoio, e ali houve um terrível tiroteio, porque um dos caras envolvidos era bandido.

Nesse tiroteio, morreu o 1o tenente Atanázio, um jovem que inclusive foi aluno do Major Mecca. O tenente Franco está baleado com um tiro na femoral; todo mundo sabe da gravidade disso. Então, está entre a vida e a morte; vamos torcer para que saia dessa. E o capitão Marcelo Paz também tomou um tiro de raspão. E, no tiroteio, o criminoso acabou sendo morto também. Mais propriamente, foi no posto Carrero, na cidade de São Manuel, em São Paulo, onde o condutor do Cobalt e o Fiat se envolveram num acidente. Quando os policiais foram intervir, acabou havendo essa triste ocorrência, que é a realidade do policial militar.

Diariamente, policiais militares têm dado a sua vida. Na grande esmagadora maioria das vezes, não tem sido reconhecido, não só o serviço da Polícia Militar, mas da Polícia Civil, da Polícia Técnico-Científica. É uma realidade que os Srs. Deputados... Eu, desde o meu primeiro mandato, faço questão de vir aqui diariamente trazer essa realidade aos Srs. Deputados, que, até por desconhecerem, por não conviverem com essa tristeza da nossa vida, muitas vezes não sabem da dificuldade do policial militar. E os senhores, como representantes do povo, têm a obrigação de estar cientes de que mais um homem, um jovem tenente deu a sua vida, em holocausto, pela sociedade.

Amanhã, ninguém vai vir defender essa família, tenho certeza. Mal e porcamente, a imprensa vai fazer uma notinha. Ninguém vai se lembrar dessa família. A grande realidade é essa. É capaz de virem ainda perguntar por que matou o bandido. Mas essa é a realidade da Polícia Militar. O tenente morto, o outro tenente com um tiro na femoral, entre a vida e a morte, e mais um capitão baleado, de raspão na cabeça - o capitão Paz.

Então, eu peço escusas por ter que tomar a tribuna. Eu havia falado que não falaria, até para adiantar a votação dos projetos, mas eu tenho um evento agora às 19h30 também. Só para deixar as Sras. Deputadas, os Srs. Deputados e todos aqui que convivem conosco cientes da triste realidade da vida de um policial no Estado brasileiro. É muito difícil. O salário não adequado; muitas vezes, condições de trabalho inadequadas também. Mas é a vida do policial. E pode ter certeza de que hoje à noite outros policiais passarão outros perigos, da mesma maneira. E amanhã nós não paramos a nossa luta; é uma triste realidade.

E eu queria pedir ao Sr. Presidente, dentro desse tempo que me resta, para que seja concedido um minuto de silêncio em memória do tenente falecido.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - É regimental.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Então, pedir um minuto de silêncio em memória do tenente Atanázio.

 

* * *

 

- É respeitado um minuto de silêncio.

 

* * *

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, Sras. Deputadas, Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para falar contra, a nobre deputada Márcia Lula Lia.

Enquanto a nobre deputada se dirige à tribuna, só para comunicar também, anunciar aqui que hoje está fazendo aniversário nosso líder, deputado Altair Moraes. Parabéns, deputado. Cinquenta aninhos de vida. Parabéns; Deus abençoe o senhor.

Tem a palavra a deputada Márcia Lula Lia.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Alesp, visitantes, funcionários desta Casa, boa noite.

Na verdade, em relação ao projeto de lei da deputada Valeria Bolsonaro, nós não temos nenhuma oposição a fazer a esse projeto, vamos votar favoravelmente a ele porque entendemos que é muito importante que nós possamos incluir as pessoas que têm deficiências.

Então, vamos votar favoravelmente ao projeto da deputada.

Mas, o que me traz aqui - eu vou ser muito rápida - é relatar uma situação, deputado Barba, que a gente tem vivido na Comissão do Meio Ambiente.

Hoje, nós tivemos a obstrução de situações tão simples, que é inimaginável. Então, nós vamos ter que verificar como é que a Casa vai se comportar em relação a essa situação, porque hoje nós queríamos aprovar audiências públicas para debater projetos importantes, como, por exemplo, um requerimento da deputada Monica para uma audiência pública, para que a gente pudesse ter mais informações sobre o projeto de despoluição do Rio Tietê.

E, infelizmente, essa situação vem se prolongando na nossa Comissão, e a gente não consegue aprovar um requerimento para fazer uma audiência pública, não conseguimos aprovar um requerimento para solicitar informações, não conseguimos aprovar um requerimento - pasmem! - para fazer, coletivamente, na nossa Comissão, uma visita a uma área na Mata Atlântica em que nós entendemos ser fundamental, porque naquele espaço serão 91 hectares de terra em que serão desmatadas áreas da Mata Atlântica.

Então, é uma incoerência. E, aí, num determinado momento, uma deputada virou e disse assim: "Mas, por que que nós temos que aprovar requerimentos aqui nesta Comissão? Qualquer pessoa pode se dirigir ao local onde vocês estão solicitando para que a Comissão compareça de forma individual. Não tem nenhum empecilho."

É óbvio que não tem nenhum empecilho. Mas, então, vamos acabar com todas as comissões desta Casa. Se a comissão não tem nenhuma importância, se não é lá que a gente debate coletivamente os projetos, se não é lá que a gente discute coletivamente as audiências públicas, se não é lá que nós colocamos aquilo que aflige não só a nós, mas a vários colegas deputados, então, para que, eu pergunto, nós temos comissões nesta Casa, se a comissão não serve para nada? Eu fiquei extremamente chateada, achei que foi de uma indelicadeza muito grande, e isso tem sido recorrente, não só na Comissão do Meio Ambiente, como nas demais comissões onde a gente tem atuado.

Então, é um momento de muita dificuldade, deputado Barba. É um momento onde sequer uma audiência pública, uma audiência pública que tem por objetivo esclarecer dúvidas dos Srs. Deputados. Nós estamos militando contra nós mesmos.

Nós estamos pegando as nossas prerrogativas, deputada Janaina Paschoal, rasgando e jogando no latão do lixo. É isso que nós estamos fazendo nesta Casa.

É muito triste o momento que nós estamos vivendo, em que a Comissão não aprova um pedido de uma audiência pública, onde a Comissão não aprova um pedido para que a gente, coletivamente, na Comissão, faça uma visita a um local tão importante, onde um perigo iminente atinge a Mata Atlântica.

Eu gostaria, de verdade, que a gente pudesse ter um pouquinho mais de consciência da importância que é coletivamente a gente poder tomar iniciativas através das nossas comissões, porque eu penso que elas são extremamente importantes, e que elas nos subsidiam de elementos de conhecimento para que a gente possa melhor aferir aí os projetos e votar com mais consciência. Mas, infelizmente, não é o que tem acontecido nesta Casa. É triste, é muito triste o que nós estamos vivenciando nas comissões desta Casa. E muitas vezes sem nenhuma justificativa que a gente possa dizer que foi uma justificativa plausível.

Então, é difícil, Bebel, muito difícil. Não era assim. Então, a gente está sentindo muito. A gente está sentindo muito esse momento difícil que a gente vive nesta Casa.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu queria um minuto de aparte, deputada, e dizer que eu corroboro com a sua reclamação. Dizer que há diferença de tratamento, inclusive quem preside uma comissão não te dá a palavra, você chega antes do tempo, você é a última inscrita. Quando você vai fazer a pergunta, a Mesa se retira, todo mundo, e você fica lá com o palestrante convidado. Está sendo muito difícil.

Eu gostaria, e acho que nós podemos fazer isso, deputada, junto com as demais, de fazer uma reclamação por escrito à Mesa da Assembleia Legislativa, ao Sr. Presidente, porque quando a coisa não se dá na comissão, eu lamento que não se resolva. Mas, enfim, eu acho que a gente tem que tomar determinados encaminhamentos.

Eu não acho que a extinção das comissões seja a saída. Não é dessa forma. Eu acho que a gente tem que procurar ainda o melhor encaminhamento. O coordenador-geral da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo é o presidente da Assembleia Legislativa, e é a ele que nós vamos recorrer para ver como é que trata essa questão do andamento das comissões. Se é maioria governista, então tem que aprender a ser maioria governista. Eu sei ser minoria.

Eu me postei, hoje, na Comissão de Ciência e Tecnologia e votei todos os reque... favoráveis, favorável a todos os requerimentos do presidente da comissão. E naquilo que eu tive dúvida eu pedi explicação. Não é o que acontece na comissão que eu presido. É sempre pedir vista, derrotar um requerimento da presidente, e um requerimento, às vezes, discutido anteriormente. Então, acho que a gente tem que tomar providências mesmo.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Acho que a gente tem, talvez, um outro caminho também para ver se na Comissão de Prerrogativas, que a gente tem aqui na Casa, se existe também alguma forma de a gente dialogar com esse assunto na Comissão de Prerrogativas.

É isso, era o que eu tinha para dizer com relação ao projeto da deputada Valeria, e da deputada Leticia nada a opor.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para falar a favor, o nobre deputado Rafael Silva.

 

O SR. CONTE LOPES - PP - Sr. Presidente, para um comunicado?

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Com anuência do orador na tribuna, tem V. Exa. para uma comunicação.

 

O SR. CONTE LOPES - PP - PARA COMUNICAÇÃO - Só queria colocar sobre a ocorrência apresentada pelo Coronel Telhada. Os policiais do interior de São Paulo, em São Manuel, estavam numa viatura de apoio, não era uma viatura ostensiva de policiamento, e eles foram tentar socorrer as pessoas que bateram o veículo.

Eles foram para socorrer a colisão lá entre os carros. E nesse momento eles foram recebidos à bala. Para ver a dificuldade em ser policial, quer dizer, não era uma perseguição, não foi uma troca de tiros, não. Eles foram socorrer aqueles que se acidentaram e acabaram sendo recebidos à bala e morreu o tenente, tinha outro gravemente baleado, e o capitão também baleado.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Com a palavra o nobre deputado Rafael Silva.

 

O SR. RAFAEL SILVA - PSB - Sr. Presidente, nobres colegas, os oradores que me anteciparam falaram da morte desse policial e da possível morte do outro, já que uma artéria foi atingida, um estado de extrema gravidade. A realidade brasileira da Segurança Pública é uma brincadeira. É uma brincadeira porque as nossas autoridades maiores, de muito tempo para cá, não se preocuparam em mudar a história do Brasil. Não, não se preocuparam.

Nós temos um povo que não tem a consciência que deveria, e a formação do caráter do indivíduo não depende hoje só da família. Antigamente, a família tinha um peso muito grande. Hoje já não tem tanto. Hoje tem a internet, tem a televisão, hoje tem a escola, que não tem mais aquela estrutura que tinha no passado. Há aqui uma deputada que eu adoro, que é a Bebel, uma pessoa maravilhosa e que defende a Educação, assim como a Deputada Márcia Lia.

Edgar Morin, sociólogo francês contemporâneo, há uns 30 anos atrás fez um trabalho sobre a Educação do terceiro milênio. Ele falou que o país que não tivesse ética, cidadania dentro da escola e dentro dos órgãos de comunicação estaria fadado ao fracasso, porque o desenvolvimento de um país depende desse desenvolvimento amplo da ética, da cidadania, do compromisso do indivíduo com a sociedade, e da sociedade com ele. Edgar Morin fez esse trabalho para a ONU.

Aqui no Brasil não temos essa preocupação, não. O Brasil realmente vive momentos terríveis, como houve agora esse incidente com os policiais, e vamos ter muito mais.

Mas o assunto que me traz aqui é dar apoio a esse projeto que está aí para ser votado - um projeto muito bom, tem sentido. Eu também, Sr. Presidente e nobres colegas, apresentei um projeto instituindo a obrigatoriedade do cardápio em braille em lanchonetes, restaurantes e empresas afins. Mas alguém aqui até me falou na época: “Eu não voto porque você está obrigando”. Então vou fazer um projeto autorizativo. Se eu fosse deputado americano - eu falei em uma reunião ontem, eu autorizaria o presidente dos Estados Unidos a pular do Empire State. Está autorizado.

Vamos fazer um projeto bonito aqui também, autorizando bares e restaurantes a darem refeição gratuita para pessoas com deficiência. Vamos autorizar. O restaurante que quiser dar um lanche de graça para qualquer pessoa necessitada está autorizado. Vamos autorizar.

O projeto autorizativo... A gente já é deputado, e eu estou no nono mandato, sete de deputado e dois de vereador em Ribeirão Preto. Aprendi um pouquinho, aprendi um pouquinho só. O projeto autorizativo é quando o governador quer fazer um empréstimo. Ele precisa da autorização da Assembleia. Quando ele quer alienar algum bem público, que precisa também da autorização da Assembleia. Aí é um projeto autorizativo, mas eu autorizar o sujeito que quiser fazer um cardápio em braille é uma coisa esquisita.

Eu ainda brinquei ontem, aqui está parecendo um parque infantil, porque a criança brinca. Eu me lembro quando eu era garoto. Naquele tempo, a gente não tinha o que tem hoje, então, a gente brincava de cirquinho, de cineminha. A gente brincava. Os mais antigos se lembram disso. Aí o moleque, para entrar no cirquinho, levava dez palitos de fósforo. O outro levava cinco. Tinha que pagar ingresso. Tinha que ter alguma coisa, no sentido de parecer algo verdadeiro. Então, a Assembleia tem deputados antigos, deputados sérios - muitos, a maioria - e novos também.

Então eu apresentei esse projeto, querendo a obrigatoriedade. O governador, por alguns motivos que alegou, o vetou. Então, o veto está aqui para ser discutido. Inclusive, a minha intenção é discutir com o Governo do Estado alguma forma de melhorar, para que esse projeto realmente caminhe.

Agora, eu entendo que o deputado - eu falei ontem e vou repetir aqui, pois nem todo mundo estava lá – foi antes candidato. A palavra “candidato” vem de cândido, que é puro, sem mancha, nobre, sério. Então, o deputado foi candidato e “candidato” tem esse significado que vem do latim: cândido.

Eu penso de uma forma, não vou obrigar ninguém a pensar igual, mas entendo que, já que meu projeto foi vetado, ele deveria ser discutido. Vamos fazer uma adaptação, vamos conversar. O interesse é favorecer a pessoa com problema de visão? É. Então vamos fazer isso. Não é porque sou cego, não. Eu sei que isso gera especulação. “Estão vendo? O deputado cego...” Eu não ligo para isso. Tenho idade suficiente e maturidade suficiente para entender as coisas.

Muitas vezes, sai da boca aquilo que está sobrando no coração. E muitas vezes sai da boca o que sobra na mente. Eu falei coração, mas não é o termo correto. É que, antigamente, as pessoas pensavam com o coração. A deputada Janaina e a deputada Bebel devem saber disso. Não é que pensavam com o coração, era o coração que tinha essa capacidade, segundo o entendimento de muitos. Inclusive, a palavra “discordar” deriva de “cordi”, e significa não concordar. “Recordar” deriva de “cordi”, que significa coração. Então, era o coração que pensava. Fala-se que sai da boca o que está sobrando no coração. Eu falo que sai da boca o que sobra na cabeça. Já estamos em outra fase.

Outra coisa, Sr. Presidente, tenho ouvido aqui: “Porque o Brasil, o socialismo, o comunismo... tudo bandido. Comunistas e socialistas, todos bandidos.” Então eu fui bandido também durante um bom período da minha vida. Eu, jovem, tinha esse ideal. Ouvia a Rádio Central de Moscou, há muito tempo.

Sou um dos mais velhos aqui. Ouvia a Rádio Central de Moscou. Lembro de um dia, inclusive, quando um jovem brasileiro - porque tinha uma transmissão em português - falou da realidade do socialismo, do comunismo da União Soviética. Eu adorava aquilo. Eu tinha essa tendência, sempre tive. Quando Che Guevara morreu, eu morava em São Paulo. Depois fui para Ribeirão Preto. Meu apartamento era cheio de fotografias do Che Guevara.

Com o tempo, a pessoa passa a ter certa maturidade, a entender determinadas coisas. Os trabalhistas da Inglaterra, que eram os socialistas, o pessoal de esquerda, os comunistas, os sindicalistas, se uniram. Gente, para a Inglaterra foi muito importante. O trabalhador da Inglaterra foi valorizado.

Eu até queria indicar algumas leituras. Não defendo nem um lado, nem o outro. Defendo a reflexão. Pela minha formação em filosofia, sou obrigado a ter esse entendimento. Sócrates não ensinava as coisas. Ele fazia o indivíduo pensar. Ele ensinava perguntando. Ele era filho de uma parteira e ensinava através da maiêutica. Maiêutica é a arte de fazer o parto. Não tem nada a ver com a Janaina, o projeto dela é muito bom. É a arte de fazer o parto. A mãe dele era parteira e ele queria que nascesse de dentro da cabeça do indivíduo a ideia. Assim, o cara cresce. Eu aprendi muito com essas coisas.

O livro do Leo Huberman foi escrito em 1936, “História da Riqueza do Homem”. Todo mundo deveria ler. É de 1936. Ele tinha um pensamento, naquele momento, que era a verdade, a verdade absoluta. Ele mostra muitas coisas terríveis. Depois, por volta de 1944, 1945 surge Eric Blair... O Eric Blair... É esquisito, ele escrevia com o pseudônimo de George Orwell. Ele escreveu “A Revolução dos Bichos”. É bom ler também.

Eu gosto muito de Jorge Amado. Ele era comunista, foi deputado comunista, foi preso, foi perseguido. Ele esteve, inclusive, com o Stalin, esteve na União Soviética. Depois de mais velho, ele falou que, infelizmente, chegou à conclusão de que o comunismo não funcionou, não por culpa do comunismo, não por culpa do socialismo, mas por culpa do homem.

Talvez um dia, quando o homem tiver o crescimento suficiente para implantar o verdadeiro comunismo, talvez o homem tenha a sociedade humana. Enquanto não tiver, é difícil. Então, agora chegar e criticar o comunista e o socialista, muitas coisas cresceram, em termos de vantagens para o trabalhador, porque nós tivemos esse pessoal de esquerda, que lutou, que morreu, que defendeu ideias.

Se você conversar hoje com quem pensa bastante, ele vai falar do socialismo e do comunismo como filosofia; é uma filosofia, é um motivo para reflexão. Agora, a direita também. Se a gente for começar a analisar a direita, aí eu citar Mussolini, vou citar Hitler. Quando Hitler botou fogo no Reichstag, que era o orgulho do povo alemão, para jogar a culpa nos comunistas, ele agiu do jeito dele.

Então, gente, eu entendo que esta Casa tem um papel muito mais importante do que essa discussão de uma facção para cá, outra facção para lá. Na medida em que você tem uma posição radical de um lado e um pessoal radical do outro, aí dificilmente alguém vai recuar. Então, eu entendo que - simplesmente, eu não sou ninguém para querer ensinar alguém, para ensinar os outros - a gente tem que recuar um pouquinho nesses ataques de ideologia, porque a ideologia, na medida em que eu luto contra ideologia do outro, eu estendo a minha ideologia. O outro tem a dele, eu estou tendo a minha para poder lutar contra a do outro.

Eu entendo que esta Casa, que é o Parlamento do principal estado brasileiro, deve ter maturidade suficiente para entender essa realidade, para entender o valor daquele que defende a esquerda, pelo passado da esquerda, pelo passado da história. Josef Stalin, isso é bandido, foi bandido, um assassino. Mas e o Hitler, não foi? E o Mussolini, não foi? E o Franco, na Espanha, não foi?

Então, gente, para mim, não é o partido que qualifica, é a pessoa que qualifica. Quero até dizer, desculpe-me quem pensa diferente, que a bancada aqui de esquerda tem deputados maravilhosos. “Ah, mas a esquerda, porque o Stalin, porque a Venezuela...” Nós não temos nada a ver com isso daí. Nós estamos no Parlamento paulista, que tem que discutir as coisas com seriedade. Sabem por quê? Nós estamos formando opinião. Uma vez eu ouvi alguém dizer que a informação é a matéria-prima da consciência. No Parlamento aqui, o pessoal usa o microfone, então, nós podemos formar opinião ou podemos tentar.

Quero encerrar, dizendo que este projeto que está sendo apresentado, autorizando o restaurante, vamos fazer um, autorizando a dar lanche de graça e refeição de graça. Autorizar, não é? É um projeto autorizativo isso daí. Agora, desculpem-me, eu entendo que o meu projeto foi vetado, e o veto não foi analisado.

Eu, na minha ética, não apresentaria este projeto que foi apresentado, eu não apresentaria. Agora, cada um tem a sua cabeça, e cada cabeça tem o seu jeito de agir.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para falar a favor, a nobre deputada Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, cumprimento também a Mesa Diretora dos trabalhos. Cumprimento a assessoria que está sentada à esquerda, à direita, público presente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas e todos que nos assistem através da TV Assembleia.

Eu subo a esta tribuna, primeiro, de forma muito tranquila para dizer que eu não vim para obstruir, mas é claro, o nosso papel... Isso aqui é um Parlamento e “parlar” faz parte também da nossa atuação como deputados e deputadas que somos. Eu, diante da fala do nobre deputado que eu também gosto muito, é recíproco, o tom professoral dele...

Mais que professoral, filosófico, faz a gente andar muito. O resgate à literatura, a própria necessidade que ele nos chama mesmo de refletir, enfim, para pensar. Isso é muito importante. Eu acho que todos nós aqui temos claro que não dá para levar um estica para lá, um estica para cá. Eu acho que há um momento em que a gente tem sim as posições diferenciadas, mas isso não impede de ter atitudes republicanas, de estadistas, e eu sinto um pouco falta disso, deputada.

Muita falta de um certo estadismo. Falo da comissão que eu presido e tentam jogar como uma certa incompetência. Eu sei que eu não sou. Eu dirijo o maior sindicato da América Latina. Saio viva do caminhão. Subo inteira e desço inteira. Dirijo assembleia de 100, 50.000, 5.000, 2.000, 1.000. Esse é o tamanho da extensão que eu tenho como trabalho e respeito todas as diferenças. No meu sindicato, tem mais de 40 correntes políticas.

Se me perguntar os nomes, eu não sei os de todas. Eu sei talvez os das que estão mais à frente, mas são muito importantes. A presença dessas correntes políticas dá para a gente sensibilidade. A possibilidade de erro quando a gente convive com o diferente de forma respeitosa é muito menor. Por isso eu não tenho problema em conviver com diferenças. Nenhum, nenhum problema. Eu não tenho problema. Agora, não me peça também para me submeter.

Aí não, porque uma das coisas que eu sempre digo quando eu estou no sindicato é que a gente tem que saber ser maioria. Então, quem é maioria aqui tem que saber ser maioria e minoria tem que saber ser minoria, porque se ser maioria é só passar o rolo compressor e impor, isso não é inteligente. Inteligente é você conquistar mentes e corações até no limite e se não conquistar, pelo menos sair com respeito, porque se foi diferente.

Eu entendo desta forma. E com a fala do deputado Rafael Silva, eu recebi uma notificação que toca na questão da utopia. E eu gosto de utopia. Gosto muito de utopia e é do Eduardo Galeano. O que diz o Eduardo Galeano? “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.

Por isso eu me alimento muito da utopia. Se hoje, para nós, é um sonho, deputados e deputadas, ter uma Casa mais, como eu diria, mais respeitosa entre nós? Não posso dizer da maioria, de todo mundo. Não posso reclamar. Sinceramente, não posso. Mas passo algumas agruras, digamos assim: de preconceito, de discriminação, esse tipo de coisa. Talvez a grande utopia nossa, né, deputada Márcia Lia, seja essa, nesse momento. A gente não está nem na utopia de querer ver os nossos projetos todos aprovados. Que é uma grande utopia. Num cenário deste, é uma utopia.

Mas não desisto. Por isso estamos aqui, lutando, firmes e fortes. Quero dizer, com muita tranquilidade, para as duas deputadas autoras dos projetos, que votarei favorável. E eu voto favorável porque são projetos que, seja de que forma for, são projetos que atendem. De uma forma ou de outra, atendem. Sinto, talvez, um ressentimento do deputado que deixa a tribuna. Mas também não é justo que eu não vote, porque é um projeto que tem que ser votado.

Eu, particularmente, e a minha bancada, vamos votar favoráveis ao projeto. Mas isso demonstra que a gente não tem nenhum rancor ideológico. Isso não. Isso não, deputada Valeria Bolsonaro. Demonstra que a gente está preparado para conviver.

Eu também estou muito preocupada. Hoje estive na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento para falar um pouco do nosso salário. Quando o Paulo Fiorilo perguntou sobre o salário dos professores no estado de São Paulo... Porque estamos com 12%, aliás, 14% de defasagem salarial com relação ao piso salarial profissional nacional.

O piso é o mínimo que tem que pagar. O piso é 2 mil 550 reais. Se um professor de educação básica, aquele que alfabetiza, ganha 12% a menos, façam as contas quanto que ele ganha. Está ganhando 2 mil 237 ou 2 mil 240 reais. Vamos pôr 2 mil 250, por 40 horas semanais. Isso é uma vergonha. Ele disse: “Não. Há prioridade. Primeiro”

Aí não estou fazendo encrenca com os policiais. Quero dizer para o Coronel Telhada, como digo para o coronel Conte Lopes, que sou inteiramente... Aliás, todos somos funcionalismo público. Temos que caminhar juntos. Precisamos de reajuste salarial urgente. Porque não dá. Fazemos parte do aparato estatal. Os professores formam crianças. Os policiais cuidam...

Ô gente! Olha, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, por favor. Posso não ser muito interessante. Mas eu respeito todos os que sobem nesta tribuna. Então, por favor.

Então, estou falando do salário dos professores. Aquele que fica 40 horas semanais nas salas de aulas. Quero dizer, para vocês, o seguinte. As pessoas acham o seguinte: “Ah, mas a crise...”. Poxa, mas a crise vem sendo dita para nós há muito tempo. Por que não acertou lá atrás o nosso salário? Quem sabe agora a gente passaria a crise melhor. Chegamos a ganhar 59% acima do piso salarial profissional nacional. Estamos ganhando abaixo.

Sexta-feira, deputada Valeria, sei que vocês não gostam de assembleia, mas precisamos fazer assembleia, não tem jeito. Vamos ter que fazer. Essa é a vida. A gente tenta negociar, leva proposta: “Olha, faz em tantas vezes. Faz assim, faz assado.” Nenhuma resposta. Como é que você vai fazer? Vai ficar “tá bom, a gente entende”? A vida do professor, da professora, ele é um boia-fria. Ele sai com a marmita de manhã e só chega 10 horas da noite. Aí, a mulher, professora, bota roupa na máquina, quando tem máquina, porque não tem funcionária em casa, não tem como pagar. Um salário desse não paga. Vai fazer a comida para o outro dia. Lá na escola, vão fazer uma caixinha para comprar o micro-ondas para poder esquentar a comida. É assim a vida do professor.

Eu fui a uma escola. No intervalo, um professor estava comendo. Eu parei de falar na hora. “Não, pode continuar, professora”. “Não, não vou continuar falando”. “Por que, professora?”. “Porque eu tenho que respeitar a sua hora de almoço”. E o macarrão branco. Eu olhava para aquele macarrão e falei: “como é que ele está comendo isso?”. E frio, deputado Caio. Frio. Essa é a vida do professor. Quero lamentar que o seu pai não foi eleito. Lamento. Talvez a gente tivesse um jogo de braço, mas era uma esperança que eu tinha.

Eu acho, sinceramente, que ou nós vamos nos unir pela Educação ou essa categoria pode esperar cada vez menos. E eu gostaria muito de contar com a presença dos deputados e deputadas que puderem estar no dia quatro de setembro, momento em que nós vamos discutir o Fundeb, o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, deputada Valeria Bolsonaro. Ele está para acabar em 2020. Por sorte, tem um projeto de lei da deputada Dorinha Seabra, que é do DEM, mas é uma proposta boa.

A proposta dela tem três pilares. Primeiro: tornar o Fundeb permanente, parar com essa coisa de dar um tempo, acaba o fundo. Não pode; ele funciona, tem que continuar. Segundo ponto: sair dos atuais 10% e gradativamente chegar a um repasse de 40%, que a União deve repassar para... E aí vai para o terceiro ponto, que é o novo pacto federativo de distribuição de recursos para estados e município. Porque o atual Fundeb só coloca para os estados mais pobres. Mas dentro dos estados ditos não pobres, você tem municípios pobres.

Você pega o estado de São Paulo, por exemplo. Ele é tido como um estado que não precisa receber recurso do Fundeb. Ok, mas o Vale do Ribeira é uma região pobre. Paulínia, rica. Guarulhos tem arrecadação. Então, nós temos uma disparidade, em termos financeiros e de repasse dos recursos, muito grande. E a deputada Dorinha corrige isto construindo um novo pacto federativo e dizendo: não vai só para estados pobres, vai para estados e municípios pobres. Independentemente de aquele estado ter condição, vai direto para o município.

Isso é correto. Isso é corrigir desigualdades, dar empenho para que a gente consiga avançar na qualidade da educação básica. O Fundo foi uma grande resposta. Começou com o Fundef, que era só para o ensino fundamental, e depois ampliou para o Fundeb, que é toda a educação básica, entendendo que educação infantil é do zero aos três anos; o ensino fundamental, primeiro ciclo; segundo ciclo do ensino fundamental; ensino médio; educação de jovens e adultos; e a educação profissionalizante. Enfim, todas as modalidades que estejam na básica.

Esse é o escopo do Fundeb. E isso precisa ser aprovado, porque dentro do Fundeb tem o piso salarial profissional nacional. Se o Fundeb cai, cai também o piso que sequer é cumprido no estado de São Paulo. Mas é uma pauta que você pode colocar. Se cair, você não tem nem a pauta mais. Por isso, dia quatro é um dia de suma importância.

Estaremos chamando, para além de nós, conselhos municipais, fóruns municipais, enfim. Botar um movimento no estado de São Paulo para que o Fundeb seja reeditado e que ele seja permanente, para que a gente consiga ter uma educação básica de qualidade.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para falar a favor, nobre deputada Erica Malunguinho.

 

A SRA. ERICA MALUNGUINHO - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a “todes”. Primeiro, quero dizer que a bancada do PSOL é favorável aos dois projetos. Acho que o tema desses projetos, o mérito desses projetos, deveria ser uma pauta que nutrisse as nossas discussões futuras aqui na Assembleia Legislativa.

Os dois projetos falam sobre inclusão. O que é inclusão? O que é inclusão se não acessibilidade, se não criar formas de permanência e garantir que as pessoas tenham oportunidade de estar em lugares que foram determinados para as pessoas consideradas normais.

É daí que vem o termo normatividade. Inclusão é um termo muito importante. Outrora ouvi aqui nesta Casa - eu acho que muita gente também ouviu nessa Casa - pessoas votando contra a aprovação de um cardápio para crianças portadoras de diabetes. Já se votou contra isso aqui.

Já se votou contra o projeto do Rafael, que era exatamente igual ao da Leticia, que era sobre a criação de cardápios em braile. Já se votou contra, aqui, a gratuidade em transportes públicos para pessoas com doenças degenerativas.

É muito importante que esses projetos sejam aprovados hoje. Mas, que isso ressoe para uma prática reflexiva desta Assembleia. Eu tenho um projeto que está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça que visa a inclusão e acessibilidade da população trans ao mercado de trabalho e escola.

E, no entanto, houve um parecer, inclusive protocolado pelo Tenente Nascimento, que falava que o projeto era inconstitucional porque todos somos iguais perante a lei. Se fôssemos seguir esse exemplo, então, já que todos somos iguais perante a lei, não precisaria de cardápio em braile, não precisaria de especificidade para determinadas pessoas.

Mas, é necessário, sim. Inclusão prevê acessibilidade, que prevê oportunizar situações e condições para que a pessoa que foi vulnerabilizada, que está à parte da normatividade, consiga se incluir.

É uma coisa muito simples. Precisa só de um pouco de sensibilidade. Quando a Valeria ou a Leticia propõem aqui projetos que visam a inclusão de pessoas deficientes, elas não estão falando necessariamente sobre elas, porque elas não são portadoras de deficiência.

Mas, elas estão usando a sensibilidade que deve ser a matéria do nosso trabalho aqui para pensar no outro, para pensar em quem não teve condições dentro de uma historicidade normativa, não teve condições de adentrar os espaços de sociabilidade.

A partir do momento que existe um cardápio ou uma placa em braile, é óbvio que pessoas com deficiência visual vão adentrar esse espaço, ou vão ter interesse, ou vão ter vontade.

É óbvio que uma vez que estão garantidas em lei as cotas nas empresas públicas para pessoas com deficiência, mais pessoas vão, enfim, se oferecer para esse trabalho. Mas, se não há a oportunidade, se não há a garantia da inclusão, se não há acessibilidade, não há como a diversidade humana estar presente nesses espaços.

Então, eu espero, Valeria, espero, Leticia, que a aprovação desses projetos seja um exemplo e seja motriz para que nós nos sensibilizemos em outras situações de inclusão. Porque a única possibilidade de nós termos uma sociedade justa, com equidade é garantindo a diversidade humana, que é existente.

Muito obrigada. Era sobre isso; espero que a votação seja plena.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - Sr. Presidente, para uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para uma comunicação, deputado.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - PARA COMUNICAÇÃO – Primeiramente, fazer um manifesto favorável à deputada Valeria e à deputada Leticia, simples, dessa forma e simples dessa maneira. Concordar com a Erica, com a Professora Bebel, com todos aqueles que passaram por aqui.

Em parte, vendo do meu gabinete o debate, a conversa, e é sempre um momento de estar aqui, de a gente poder aprender com cada deputado e cada deputada que sobe àquela tribuna, ou que vem aqui para uma comunicação, como eu estou dizendo agora. E a palavra autorizar sempre foi tida aqui como fazer política, que é um projeto para fazer política. E eu não entendo dessa forma; pelo contrário, é a boa política, é a ideia boa. Eu não estou aqui para cercear, para ceifar, para enterrar ideia de nenhum deputado, de forma nenhuma. É a vontade, nós fomos eleitos para isso.

Para quem nos assiste, para o cidadão, para a cidadã, ele não quer saber do autorizativo, do obrigativo ou o que for. Ele quer saber de um direito. Esses projetos oferecem direitos. E aí eu tomei a liberdade, Sr. Presidente, eu apresentei, este deputado apresentou um projeto. Eu sou coordenador da Frente das Apaes, desde que aqui cheguei, em 2010. Tenho muito orgulho disso. É uma emenda aqui, um recurso ali, é um instrumento, é um carro, é uma piscina de fisioterapia. Eu sou apaixonado por síndrome de Down, por Espectro do Autismo, sou ligado. Quando estou perto dessas pessoas, estou perto de Deus, me esqueço de tudo. São muito, mas muito sensíveis.

E eu apresentei o Projeto de lei 576, de 2009, deputada Janaina. “Autoriza o governo estadual a adotar medidas de instituição de horário aos servidores responsáveis”, na época, por portadores, hoje não se usa mais, “de deficiências físicas ou intelectuais”.

Eu queria que toda mãe tivesse - só para encerrar, Sr. Presidente, se o senhor tiver só um pouquinho de tolerância eu já complemento aqui o pensamento - que todas as mães tivessem um tempo de dedicação a mais para aquele filho, para aquela filha especial, que todos merecem, até porque a mulher, mãe se dedica muito mais do que o homem. Não é verdade? E a gente apresentou esse projeto, em especial para os servidores, uma jornada diferenciada, uma hora a menos do trabalho, uma hora mais com o filho e com a filha. Autorizativo.

Eu tentei várias vezes, e várias vezes ele foi... “Não pode, não deixa, não vai”. Tem a lei, Lei Federal 13.370, de 2016, de 12 de dezembro de 2016. “Altera o inciso III do Art. 98 da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, para estender o direito a horário especial ao servidor público federal que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência de qualquer natureza, e para revogar a exigência de compensação de horário”.

Bom, simples. Isso está sendo judicializado. Município já tem.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para conclusão, deputado.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - Para conclusão. Município já tem, já fizeram, mais avançados que o Estado. Outros estados já têm, mas São Paulo é a locomotiva, não lembro, procurei, não achei um decreto, não tem, não existe.

Mas aí, Sr. Presidente, a gente se depara, esta semana, com a Sra. Silvia Grecco, mãe do Nickollas, ganhou como torcedora símbolo mundial da Fifa. Certo? Ele nasceu com meio quilo, cego; ela narra os jogos. Todo mundo assistiu, todo mundo viu. Ela orgulhou todos os brasileiros, e todas as mães, e todas as famílias que têm uma pessoa com deficiência. Todo mundo bateu palma, mas a lei, realmente, ainda não protege essa mãe e essa criança. Ela falou: “Agradeço a visibilidade.” Estamos tendo essa visibilidade aqui, hoje, nessa situação que estamos vivendo.

Então, eu quero aqui dizer que autorizativo é projeto, sim, é ideia, sim. Sabe, eu não estou aqui para ceifar, de forma nenhuma. É bom, autoriza, a culpa, com certeza, não será nossa. Quanto ao Braille, foi muito triste, e outras situações aqui, realmente citadas.

  Então, Sr. Presidente, obrigado pela tolerância. Eu queria ter feito essa colocação.

  Encerrando, aqui eu recebi um pedido de uma policial, que tem filho com síndrome de Down. Levo esse recado ao nosso presidente, Cauê Macris. Se o governo não faz, que o Poder Legislativo possa fazer e atender, realmente, essa mãe. Não falo o nome porque não tenho autorização. É muito importante esse projeto, tem o nosso voto.

 Obrigado pela tolerância, presidente Gilmaci.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Não havendo oradores inscritos está encerrada a discussão.

Em votação o projeto, com parecer favorável do Congresso de Comissões.

As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Item 2. Discussão do Projeto de lei nº 673, de 2019, de autoria da nobre deputada Leticia Aguiar. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Em votação o projeto, salvo emendas.

As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.

Em votação a Emenda nº 1, com parecer contrário do Congresso de Comissões. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Rejeitada.

 

A SRA. LETICIA AGUIAR - PSL - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, nobre deputada Leticia Aguiar.

 

A SRA. LETICIA AGUIAR - PSL – PARA COMUNICAÇÃO - Gostaria de agradecer meus pares por essa importante aprovação, para que a gente possa estimular a iniciativa privada a abrir as portas para a acessibilidade, para a inclusão, para que as pessoas com deficiência visual sejam notadas, sejam respeitadas, sejam acolhidas junto a esses estabelecimentos comerciais.

Já fica o meu apelo aqui também para os estabelecimentos comerciais aderirem a esse movimento de inclusão, porque esse setor, esse público é um público consumidor, e que eles sejam respeitados como tal.

Gostaria também já de deixar reforçado aqui que o Governo do Estado apoie também essa acessibilidade, essa inclusão. Que ele nos ajude, junto à iniciativa privada, para que isso seja ainda mais fomentado, ainda mais aprovado dentro da iniciativa privada, porque nós temos que trabalhar pela inclusão de todas as pessoas com deficiências. Os deficientes visuais não podem ficar fora disso.

Então, meu muito obrigado a todos pela aprovação aqui nesta Casa. Fico muito feliz em poder contribuir com meu mandato parlamentar pelas pessoas que mais precisam.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. HENI OZI CUKIER - NOVO - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

 O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, nobre deputado Heni.

 

O SR. HENI OZI CUKIER - NOVO - Eu só queria registrar o voto contrário ao Projeto 343, da bancada do Novo.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Registrado o voto contrário do Novo no Projeto 343.

 

A SRA. VALERIA BOLSONARO - PSL - Só para uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, para uma comunicação, nobre deputada Valeria Bolsonaro.

 

A SRA. VALERIA BOLSONARO - PSL – PARA COMUNICAÇÃO - Gostaria de agradecer a todos os Pares. Muito obrigado pela consciência, pela ajuda, e continuaremos aqui com todo esse trabalho e atenção aos deficientes.

Muito obrigado a todos. Fiquem com Deus.

 

O SR. ARTHUR DO VAL - DEM - Pela ordem, Sr. Presidente.  

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela Ordem, nobre deputado Arthur.

 

O SR. ARTHUR DO VAL - DEM - Só para registrar meu voto contrário ao PL 343.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -Registrado o voto contrário ao PL 343, do nobre deputado Arthur do Val.

Esgotado o objeto da presente sessão, está encerrada a sessão.

Obrigado a todos.

 

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- Encerra-se a sessão às 20 horas e 17 minutos.

 

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