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6 DE SETEMBRO DE 2019

30ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS 120 ANOS DO IPT - INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS

 

Presidência: BETH LULA SAHÃO

 

RESUMO

 

1 - BETH LULA SAHÃO

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - IZABEL DE JESUS PINTO

Mestre de cerimônias, anuncia a composição da Mesa e demais autoridades presentes.

 

3 - PRESIDENTE BETH LULA SAHÃO

Manifesta-se honrada pela iniciativa da solenidade. Justifica o motivo pelo qual pensara na presente homenagem. Menciona o trabalho de Ros Mari Zenha em defesa de institutos e de universidades. Afirma-se membro da Comissão de Ciência,Tecnologia, Informação e Inovação. Defende maior representatividade da Fatesp. Lamenta cortes de investimentos em pesquisas, anunciado pelo governo federal. Assevera que é função do Estado investir em ciência e tecnologia. Agradece a todos pela presença.

 

4 - JEFFERSON DE OLIVEIRA GOMES

Diretor-presidente do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, saúda os presentes. Mostra-se honrado por participar da solenidade. Associa a existência do IPT ao presente e ao futuro da sociedade. Afirma que quando o instituto fora criado havia 250 mil habitantes na cidade de São Paulo. Aduz que a entidade buscara adequar o trabalho ao crescimento da capital, via engenharia e metalurgia. Enaltece o valor da ciência, da tecnologia e da inovação. Faz referência ao tema Cidades Inteligentes. Tece considerações sobre o efeito do conhecimento da Química para a sociedade, no século XX. Aduz que a bionanotecnologia é o desafio da sociedade moderna. Argumenta que a digitalização deve alterar a geração e a captação de energia. Lembra que o IPT se prepara para tal realidade.

 

5 - PRESIDENTE BETH LULA SAHÃO

Afirma que São Paulo crescera 100 mil habitantes ao ano.

 

6 - AMÉRICO SAKAMOTO

Secretário-executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, a representar o governador João Doria, saúda os presentes. Manifesta contentamento por participar da solenidade. Elogia Jefferson de Oliveira Gomes. Revela que sua proximidade ao IPT contribuiu para ratificar sua admiração. Defende o enfrentamento de novos desafios a serem levados a efeito pelo instituto homenageado, destinados ao futuro, sem comodismo. Comenta posicionamento do Governo do Estado, a respeito da defesa da inovação. Tece considerações sobre o Projeto Citi.

 

7 - ROS MARI ZENHA

Presidente do Conselho de Representantes dos Profissionais do IPT e representante dos profissionais do Conselho de Administração, cumprimenta os presentes. Lista instituições parceiras do IPT. Faz breve relato da história do instituto homenageado. Enaltece a relevância da instituição para o país. Assevera que a entidade fora suporte tecnológico durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Afirma tratar-se de empresa pública da administração indireta. Comenta atribuições e objetivos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Defende o apoio do Estado no setor. Acrescenta que 95% da pesquisa, no Brasil, é desenvolvida em instituições públicas, a depender de financiamento governamental. Lembra Mostra de Ciências realizada nesta Casa, nesta semana. Defende o desenvolvimento sustentável e a inclusão social. Conclui que o desafio é apresentar respostas rápidas a demandas atuais da sociedade.

 

8 - RÉGIS CARVALHO

Presidente do SINTPq, saúda os presentes. Valoriza o reconhecimento do IPT em sua plenitude. Ressalta a importância dos trabalhadores da instituição. Clama ao governo estadual que valorize a pesquisa, a ciência, a tecnologia e a inovação.

 

9 - PRESIDENTE BETH LULA SAHÃO

Comenta o trabalho recente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Informação e Inovação. Combate narrativa contrária ao avanço do setor. Afirma que sete institutos participaram da Mostra de Ciências realizada nesta Casa, nesta semana. Defende o despertar da sociedade paulista em defesa de instituições que promovem pesquisa. Defende a elaboração de um conjunto de emendas ao PPA - Plano Plurianual, a favor da Pasta. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Beth Lula Sahão.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - IZABEL DE JESUS PINTO - Esta sessão solene tem a finalidade de comemorar os 120 Anos de IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela Rede Alesp e será retransmitida pela TV Alesp, no próximo domingo, dia 8 de setembro, às 21 horas, pela NET, canal sete, TV Vivo, canal nove e pela TV digital, canal 61,2.

Convidamos para compor a Mesa a deputada estadual Beth Sahão; Jefferson de Oliveira Gomes, diretor presidente do IPT; Américo Sakamoto, secretário-executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, representando o governador de São Paulo, João Doria; Ros Mari Zenha, presidente do Conselho de Representantes dos Profissionais do IPT e Representantes dos Profissionais no Conselho de Administração. Podem sentar-se, por favor.

Com a palavra, a deputada estadual Beth Sahão.

 

A SRA. PRESIDENTE - BETH LULA SAHÃO - PT - Senhoras e senhores, muito bom dia. Sejam muito bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Quero dizer que é uma honra poder ter apresentado essa propositura de realização desta sessão solene para um instituto tão importante quanto o IPT. Sinto-me muito honrada em poder fazê-lo nessa comemoração dos 120 anos deste instituto.

São muitas e muitas décadas, século já, já tem um século que se passou e, portanto, nada mais justo do que a Assembleia Legislativa, que é esta Casa do Povo, possa curvar-se e fazer esta homenagem a todos vocês na figura daqueles que estão representando, que estão neste momento presidindo o instituto e todos os seus servidores.

Eu comunico a todos os presentes que esta sessão solene - como nossa cerimonialista já disse - está sendo transmitida ao vivo pela Rede Alesp, será mais uma vez retransmitida para quem quiser assistir, no próximo domingo, dia 8 de setembro, às 21 horas, pelo NET, canal sete, TV Vivo, canal nove e pela TV digital, canal 61,2.

Agora, eu quero dizer uma coisa para vocês: como que a gente resolveu fazer esta sessão solene. Esta semana foi uma semana da ciência aqui na Assembleia Legislativa. Apresentamos, no início desta Legislatura, dia 18 de março do corrente ano, uma frente parlamentar que nós colhemos as assinaturas em defesa das Universidades Públicas e dos Institutos de Pesquisa.

Muitos de vocês já sabem que essa frente parlamentar já existia na coordenação do ex-deputado Carlos Neder. Como ele não se reelegeu, eu fiz questão de não deixar essa ideia dessa frente morrer. Pelo contrário, nós reavivamos a frente e conseguimos trazer inúmeras discussões, ações. É uma frente que se reúne de uma forma muito sistemática, que apresenta um conjunto de iniciativas, de encaminhamentos e de sugestões.

E ela cresceu tanto que agora já outros institutos, outras áreas do governo também estão querendo dela fazer parte. Isso, para nós, é muito importante. E a Ros Mari, que é uma companheira de vocês e uma servidora de primeira linha, sempre fazendo a defesa intransigente de todos os institutos, de todas as universidades, mas com uma dedicação e um carinho cada vez mais especial pelo IPT, apresentou essa demanda para nós, e nós imediatamente aceitamos.

Por isso que viemos aqui, nesta manhã, para fazer essa justa homenagem, Sr. Diretor, deste instituto, que a gente sabe da importância que ele tem, tanto para o setor público, quanto para o setor privado. E sabemos também de como que estão as dificuldades hoje. A gente tem procurado encontrar alternativas.

Há poucos dias, eu que sou membro, também, da Comissão de Ciência e Tecnologia, esteve aqui presente o presidente da Fapesp, o Dr. Zago, e, na sua apresentação, ele mostrou que são destinados 120 milhões de reais da Fapesp para os institutos de pesquisa. E eu questionei, porque acho que essa quantia é insuficiente e ela precisa aumentar.

E aí, ele disse que pode até haver essa possibilidade, como também sugeri a ele que no Conselho da Fapesp tivesse membros representativos dos institutos de pesquisas. Nada mais justo, porque o conselho é um conselho que define, que discute as políticas da Fapesp, e quanto mais representativo ele for, mais democráticos são os seus resultados e as suas decisões.

E estamos, agora, solicitando uma audiência na Fapesp para poder tratar dessa questão. Inclusive já conversei com a Ros Mari que, assim que for agendada a data, eu gostaria de ter representantes dos institutos. E nada mais justo do que levar a nossa servidora Ros Mari para que ela, pesquisadora, para que ela nos acompanhe, já que ela tem o domínio, também, de todas as necessidades que são, e as demandas, do IPT, e dos demais institutos, também.

Acho que a gente vive um momento muito difícil. É um momento de corte de investimentos em áreas fundamentais para o nosso desenvolvimento, para a nossa produção tecnológica, para a nossa inovação tecnológica.

Tivemos, agora, por parte do governo federal, um corte de dois bilhões de reais em pesquisas. Nós não podemos, o Brasil não vai poder, aceitar mais um novo pesquisador, porque não tem recurso para isso, segundo o governo.

E, eles estão cortando exatamente onde não se pode cortar, que é na formação da nossa juventude; que é na produção do conhecimento, na produção da ciência, na produção de novas tecnologias, fundamentais para a nossa independência, para a nossa liberdade enquanto nação, e para a nossa soberania.

E o IPT faz parte disso, também. Ele não está isolado; é um conjunto de institutos, de universidades, que necessitam de investimentos públicos e que precisam ficar sob as asas do Estado.

Não dá para a gente discutir que é o instituto dessa envergadura, que presta esses serviços de excelência, sejam transferidos para o setor privado. Porque eu entendo, sou, tenho mestrado na área de sociologia, na Unesp, e sempre aprendi durante a minha graduação e durante a minha pós-graduação que para a gente produzir ciência e novas tecnologias, nós precisamos de isenção, nós precisamos de neutralidade.

E, nada mais do que o Estado para garantir essa isenção e para garantir essa neutralidade na produção da ciência. Portanto, quero dizer para vocês que vocês têm na frente parlamentar uma defesa intransigente desse modelo de colocar na responsabilidade do Estado a gestão e os investimentos para o bom funcionamento desses institutos, mas também uma barreira para que a gente sempre está disposta a construir ao lado de vocês, no sentido de defender esses institutos, às vezes, do afã daqueles que querem tomar conta deles, mas não têm a expertise, não têm o acúmulo, não têm a formação que vocês têm para fazer e desenvolver o trabalho que vocês têm, que vocês fazem.

Então, muito obrigada pela presença de todos. Sou eu que agradeço, Dr. Jefferson, a presença de todos vocês aqui. Hoje é um dia de greve de ônibus, o trânsito está muito caótico, houve atraso em todos os lugares, até eu cheguei um pouco atrasada aqui.

Mas, é justo que as pessoas também reivindiquem melhores condições de trabalho, e, portanto, sintam-se à vontade e sintam-se homenageados nesta sessão solene. Contem sempre com esta Casa, contem sempre com o nosso apoio na defesa desse instituto, que vocês tão bem representam e tão bem atuam.

Então, muito obrigada a todos, um bom dia, e uma excelente sessão solene a todos nós. (Palmas.)

Queria, também, acusar aqui a presença do ex-deputado Carlos Neder, que aqui está, conosco. Muito obrigada pela presença.

Antes de citar aqui todos os presentes, quero dizer que aqui temos o Cláudio Médici, representando a deputada Márcia Lia; a Marimélia Porcionatto, secretária regional da SBPC, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, representando o professor Ildeu Castro; o Mário Boccalini Júnior, diretor de operações do IPT; o Paulo César Boggiani, representando a Diretoria de Geociências da USP; a Flávia Gutierrez Motta, diretora do IPT, ela, que é lá da minha cidade, de Catanduva; o Aderbal Lemos da Silva Júnior, representando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Cajamar; o Luiz Zigmantas, presidente da Associação Nacional de Engenheiros e Arquitetos da Caixa Econômica Federal, no período de 2002 a 2015; o Ulysses Barbosa Nunes, diretor executivo da Associação Brasileira da Construção Metálica; o Dr. Harki Tanaka, diretor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UF da Universidade Federal do ABC; o Ronaldo Malheiros Figueira, do Sindicato dos Geólogos do Estado de São Paulo, e Federação Brasileira dos Geólogos; e o José Carlos Garcia Ferreira, coordenador de Petróleo, Gás e Mineração, representando o Marcos Penido, secretário da Infraestrutura e Meio Ambiente.

Ao longo da nossa sessão, nós faremos novas citações e agradecimentos aos presentes. Então, neste momento, eu passo a palavra ao diretor presidente do ITP, o Dr. Jefferson de Oliveira Gomes.

 

O SR. JEFFERSON DE OLIVEIRA GOMES - Muito bom dia a todas, muito bom dia a todos. Eu anotei aqui no meu livrinho as coisas que eu tinha para falar para vocês.

Mas, deputada Beth Sahão, muito obrigado pelo seu engajamento em conseguir uma sessão solene; não é fácil conseguir isso. E, se não fosse também pela senhora e pela Ros Mari, nós não teríamos este momento. Muito obrigado, em nome do IPT, pela honra de falar com vocês, e, também, falar em público para uma televisão específica sobre o significado do IPT para a sociedade de São Paulo.

Em nome da Sra. Regina Bueno, que é uma aposentada do IPT, eu cumprimento aqui todos os trabalhadores do IPT, que passaram por aqui, que deixaram sua marca; e a vocês que estão aqui trabalhando, prestigiando-nos, muito obrigado por participar aqui desse encontro. E em nome do Prof. Sakamoto, professor da Universidade de São Paulo, do curso de Medicina, trabalha na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, muito obrigado pelo apoio que a secretaria tem dado ao IPT em todo esse processo, desde o começo do ano. Aliás, uma revolução muito grande na questão de ações com a sociedade, deputada.

O que eu tenho para falar para vocês é um pouco do significado do IPT, mas muito mais para mostrar que a existência do IPT é extremamente conectada com o presente e com o futuro de uma sociedade. O IPT - olha só -, o IPT foi criado há 120 anos. Você sabe o que significa 120 anos? Cento e vinte anos significam, deputada... A República tinha 10 anos.

A cidade de São Paulo tinha 250 mil habitantes. Cinquenta e cinco por cento da população de São Paulo não falava português. E o que é interessante é que 30 anos antes, 20 anos antes da República, a cidade de São Paulo se concentrava na região do Anhangabaú e do rio Tamanduateí, porque o rio Tamanduateí tinha facilidade para navegação e o Anhangabaú tinha água.

Com o crescimento da sociedade, particularmente, que é uma cidade cercada de rios, cercada de rios de planície, a cidade teve que se adaptar a esse crescimento tão rápido, de 30 mil, 40 mil habitantes para 250 mil, 200 mil pessoas. Consequentemente, os especialistas daquela época pensaram, Paula Souza, um deles, e o principal, pensaram o seguinte: o IPT estava dentro da Universidade Politécnica, a gente precisa de um instituto adequado para entender o crescimento da cidade.

E olha que coisa interessante: nesse processo começou um movimento de entendimento de demanda de pessoas e, consequentemente, a vida dessas pessoas. Ciência, tecnologia, serviços tecnológicos e inovação são provocados pelo entendimento de sociedade. O IPT, desde a sua essência, é inovador.

E daí a cidade começou a ser criada com arranha-céus, criada com os aterros, criada com seus... Meus amigos aqui da área de construção civil me ensinaram uma palavra nova: a criação das obras de arte, que são os viadutos, as pontes, enfim, tudo que uma cidade precisava. E aí é interessante, deputada, que com o crescimento da cidade, e pessoas que estão assistindo aqui, com o crescimento da cidade, como em todas as cidades, em grande parte das cidades do mundo, o crescimento não ocorre de forma regular.

Com o crescimento das sociedades, com o crescimento das cidades começam aparecer os problemas, os desafios de uma sociedade, e começa a ter deslizamentos, a cidade é construída em cima da Serra do Mar, como grande parte das cidades aqui do País foram construídas, no início. E, consequentemente, tinham problemas relativos a isso: muitas árvores que caem, rios que foram tampados, enfim, dentro de um processo de construção de uma cidade do início do século XX, São Paulo se destacou, e o IPT fez parte necessária a essa história.

Quando Juscelino Kubitschek chegou, na metade do século passado, o IPT já tinha 50 anos, 50 anos. E, como esse grupo começou a trabalhar fortemente a área de construção civil, os materiais começaram a ser importantes. Quando a gente fala de materiais, eu estou falando de materiais metálicos.

Os americanos vieram aqui, dentro da USP, dentro da Poli, para montar um primeiro curso específico de Engenharia de Metalurgia, porque tinha um laboratório já profissional trabalhando nessa área, no começo da metade do século passado, um instituto de pesquisas tecnológicas.

A indústria de automóveis, a indústria do petróleo, a indústria, particularmente, gente, essa indústria de materiais, ela, hoje, resolvida aqui, mas particularmente, deputada, nós temos num fogão, vidro, metal e plástico; num celular, nós temos vidro, vidro, metal e plástico, de forma bem simplória. São aproximadamente 65 sacos de soja que a gente precisa para comprar esse aparato que têm mais de 200 milhões deles no Brasil.

Se eu pego esse aparato e jogo no lixo, essa sucata de metal, plástico e vidro vale cinco dólares o quilo. Isso vale 100 dólares o quilo, cinco dólares transformados em 100 dólares. Só para deixar de maneira mais educativa, um fogão vale oito dólares o quilo; um carro simples vale 15 dólares o quilo; um carro melhor vale 30 dólares o quilo; o carro mais caro do mundo custa 1.200 dólares o quilo; um satélite custa 55 mil dólares o quilo. Isso é ciência, porque se a gente pegar todos esses caras e jogar num precipício, eles valem cinco dólares o quilo. Isso é o significado de ciência, tecnologia, inovação, porque tem que entender de transformação, conhecimento para uma demanda que gere valor.

Falando de cidades, o mundo, hoje, é responsável... A grande preocupação do mundo hoje é a questão de cidades inteligentes, e o IPT cuida das cidades. Portanto, se a gente fosse começar a pensar em cidades inteligentes no Brasil, o IPT é um dos principais atores para trabalhar com cidades inteligentes.

Agora, se a gente for falar de novos materiais, o IPT tem se destacado no desenvolvimento de materiais para baterias, materiais avançados. Aliás, o grande produto brasileiro hoje, chamado nióbio, o IPT auxiliou esta empresa a desenvolver o seu processo, uma das primeiras empresas, senão a primeira empresa a ter certificação ISO 14000, porque o IPT deu apoio.

Então, materiais avançados, desafio da sociedade; cidades inteligentes, desafio da sociedade. Só que a gente ainda tem dois desafios na sociedade hoje. Um desafio claro, muito claro: no começo do século XX, pesquisadores do mundo todo reuniram os grupos de química e foram entender a tabela periódica para fazer com que sequências possíveis ou novos materiais fossem pesquisados.

O efeito do conhecimento da química no século XX foi impressionante. Desenvolvemos remédios, desenvolvemos biocidas, desenvolvemos um conjunto de materiais que fizeram os alimentos serem mais preservados. A química foi o assunto do século XX, fortemente. A gente não viveria mais se não fosse a química, é ponto. E aí tem um detalhe importante: se você começar entender o século XX, 90%, 99%, um risco, simplesmente um risco é que não é conhecido pela química.

O mundo novo é um mundo que chega à nossa cara, um mundo chamado biotecnologia, bionanotecnologia. E aí, conversando com um especialista, deputada, esses tempos, ele falou assim para mim: “Bom, especialmente na área de cadência, de sequência genética, entendimento da sequência genética, da vida, do bio, nós não entendemos 1,5% de toda a cadeia.” O século XXI é o século do bio, e esse bio não está na terra, esse bio não está no ar, esse bio está exatamente na nossa superfície. E, se tem uma coisa que o Brasil tem como reserva, é o bio.

O IPT, há 20 anos, já trabalha fortemente com essa área. Inclusive, deputada, inclusive, telespectador, o IPT tem, dentro de um grupo específico, dois cientistas que participam conosco em projetos, dois cientistas que são laureados pela Academia Nobel. Se dois cientistas desse porte participam em projetos com o IPT, me desculpe, ciência, tecnologia e inovação para o mundo novo, no IPT têm sido bem conduzidos por estes trabalhadores que estão aqui. (Palmas.)

O quarto ponto de uma sociedade como a nossa hoje - e o último ponto - é que nós precisamos de energia. Todo o nosso processo de entendimento da energia está baseado no início do século passado: corrente alternada, corrente contínua, os modelos de negócio são muito claros. Só que o mundo vive o mundo da digitalização.

Resultado prático: este mundo de energia vai mudar ao longo do tempo. Nós vamos ter sistemas mais digitalizados, nós vamos ter sistemas mais descentralizados, mudando o modelo de negócio, geração de energia de várias formas, e um mundo “descarbonetado”, queiram ou não queiram.

“Descarbonetado” significa que nós, além de mudarmos o sistema de entrega da energia - que não vai mais ser somente de uma fonte para um fornecido -, a senhora, o senhor, você pode fornecer energia para o seu vizinho, é fato que isso acontecerá. E, se a gente “descarboneta” também a energia, em termos práticos, a mobilidade mudará, e vai ser um plug. O segmento de carros elétricos cresce no mundo 15, 16% ao ano; os carros à combustão não crescem um dígito ao ano.

O IPT é um dos principais institutos do País que começou o carro a álcool, e o IPT vem se preparando há muito tempo para a descentralização, “descarbonetação” e digitalização da energia. Ciência, tecnologia, inovação em energia, o IPT é mais um instituto brasileiro que tem respeito na sociedade.

Finalizando, temos tantos laboratórios, temos mais de 400 pesquisadores muito bem formados, com muito boa qualificação, doutores que vieram de vários lugares do planeta. Não nos parece claro no mundo moderno, deputada e telespectador, não nos parece, “IPTanos”, muito claro que, se temos laboratórios de tal qualidade e temos nesse habitat onde está o IPT a melhor universidade da America Latina, uma das melhores do planeta, na frente do Rio Pinheiros, o PIB brasileiro...

Entre Vila Leopoldina e Vila Olímpia estão 40% das startups de base tecnológica do País. Das 10 unicórnios, também na frente do Rio Pinheiros, ali na frente do IPT, das dez unicórnios, sete das unicórnios, em que seus unicórnios são ex-alunos da própria USP... Não nos parece muito óbvio que a gente não entenda essa região como um grande distrito de inovação.

É claro, evidente, que se o IPT, num processo além dos seus 120 anos, abre as suas portas para que desenvolvimentos de empresas nascentes, empreendedores brasileiros, consigam transformar cinco dólares em alguma coisa de grande valor de sociedade, que o IPT não participe desse movimento.

O IPT Open é justamente isso: uma abertura do IPT para congregar uma sociedade em volta do assunto “Ciência, Serviços Tecnológicos, Tecnologias e Inovação”. Muito obrigado, “IPTanos”, por todo o trabalho que vocês desenvolvem ao longo dos nossos 120 anos. É uma honra ser brasileiro trabalhando no IPT. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - BETH LULA SAHÃO - PT - Bem, eu aprendi muita coisa, eu que não foi muito boa aluna na Química. Tanto é verdade que eu sou das Ciências Humanas, mas a gente aprende muito e é impressionante como interfere na vida, no desenvolvimento, na produção de ciência, de tecnologia.

É uma loucura, a gente aprende muito e é curioso isso, como o senhor colocou da questão das cidades inteligentes. Eu acho que os municípios ainda usam muito pouco toda a tecnologia que vocês podem fornecer nas parcerias com os municípios. São poucos ainda, eu acho que poderiam utilizar muito mais. Acho que as cidades seriam muito melhores geridas com esse tipo de parceria feita pelo instituto.

Mas eu estava fazendo umas contas aqui, São Paulo é uma cidade surpreendente mesmo, porque são 120 anos; ela tinha 250 mil habitantes. Ela conseguiu crescer 100 mil habitantes ao ano. Eu fiz as contas, aqui, rapidinho. Cem mil habitantes ao ano, porque ela tem 12 milhões de habitantes hoje, aproximadamente. Só a cidade de São Paulo, não estou falando da Grande São Paulo. A Grande São Paulo já deve somar uns 21, 22 milhões de habitantes.

Então, você vê que o crescimento da cidade foi muito veloz. Para 100 mil novos habitantes, se juntasse e somarem aqui no município é bastante. Mas, de qualquer modo, parabéns pela sua fala e é sempre importante aprender tudo aquilo que vocês desenvolvem aí no instituto.

Vou passar a palavra agora para o Dr. Américo Sakamoto, que é secretário-executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, representando neste momento o governador do estado, o Sr. João Doria Júnior, a quem eu agradeço antecipadamente a presença. Muito obrigada.

 

O SR. AMÉRICO SAKAMOTO - Bom dia a todas e a todos. Em primeiro lugar, deputada, eu queria agradecer muito a oportunidade de estar aqui nesta sessão solene para homenagear os 120 anos do IPT. Eu estou triplamente satisfeito de estar participando desta sessão por ser um docente da USP nessa área de ciência e tecnologia, - eu venho da área de Neurociências - como secretário de uma secretaria que tem um dos três pilares mais fortes da ação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Na verdade, é Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Trabalho, mas o nome curto dela é Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Então, esta é uma das três grandes prioridades da nossa secretaria e também representando obviamente o governador, que ele não perde uma oportunidade de incentivar a inovação, a busca de nova tecnologia, investimento em tecnologia. Então tudo isso me faz participar desta sessão em especial com muita alegria por esses três aspectos.

Queria cumprimentá-la, ao professor Neder, também. Eu acho que é teu parente lá o Luciano Neder, que é o patologista da minha faculdade de Medicina. Ele me disse que era teu parente. Eu não sei se são primos.

 

A SRA. PRESIDENTE - BETH LULA SAHÃO - PT - É tudo primo.

 

O SR. AMÉRICO SAKAMOTO - Pela iniciativa de ter fundado a frente e à senhora por não ter deixado morrer essa bandeira importante, esse espaço importante da ciência e tecnologia. Eu acho que essa é uma bela iniciativa. Nós todos nos sentimos muito gratos por manterem essa chama acesa aqui na Alesp.

Cumprimentar o professor Jefferson. Ele tem essa habilidade de comunicar o que é a ciência num vocabulário, num linguajar, numa linha de argumentação, de convencimento. Sempre a exposição dele é extremamente brilhante porque ele se comunica realmente com esse tema, que é um pouco árduo para a sociedade.

Então, Jefferson, eu fico cada dia mais convencido que nós acertamos na sua indicação para ir para a presidência do IPT. Então, você simboliza a transformação que está para acontecer, e está acontecendo já no IPT, por causa dessa tua trajetória nesta área, com a sua experiência na vida privada, tua experiência acadêmica; o Jefferson é professor do ITA.

Então eu acho que eu fico muito convencido de que com pouco tempo de prazo que houve para montar as equipes de governo, que você tenha sido realmente indicado para essa função. Acho foi a pessoa certa, no momento certo, no lugar certo. Então eu fico satisfeito de ver isso.

Eu queria dizer que é extremamente prazeroso, honroso, participar da sessão solene que comemora os 120 anos do IPT. Eu conhecia o IPT do lado de fora, já admirava toda a trajetória do IPT. Mas esses oito meses em que a gente tem estado mais próximos, participando dessas discussões, participando dessas conversas, frequentando como membro do Conselho de Administração do IPT, podendo acompanhar um pouquinho mais de perto.

Acho que a visão externa que eu tinha, mesmo passando por lá com uma certa frequência, quando a gente estava próximo, visitando o campus da Cidade Universitária.

A dimensão que o IPT tem; a trajetória que ele tem; a importância; a essencialidade do trabalho do IPT é muito maior do que tudo aquilo que eu tinha como referência, como uma visão, olhando o IPT de longe. Então, acho que tem sido um grande aprendizado poder acompanhar tudo aquilo que vocês estão fazendo no IPT.

Olhando um pouquinho mais para frente - achei que o Jefferson fosse falar um pouco mais dessas mudanças -, acho que o IPT está vivenciando um momento histórico difícil na sua trajetória, porque ele tem que fazer duas coisas: ao mesmo tempo em que precisa preservar toda essa excelência, toda essa infraestrutura, todo esse capital humano que está reunido lá dentro, ele também tem que sinalizar para o futuro, tem que inovar, tem que enfrentar novos desafios.

Para que daqui a 120 anos a gente olhe para trás e veja, realmente, que não foi uma instituição que ficou satisfeita, acomodada em fazer com toda excelência com que vem sempre fazendo, mas também, soube fazer a leitura da realidade atual, do momento atual, e fazer a leitura daquilo que está para acontecer, como o Jefferson apontou muito bem no discurso dele.

Acho que, nesse sentido, é bastante alinhado com o que a gente pensa na secretaria. O Jefferson sabe disso, pois a gente tem conversado bastante. E é bastante alinhado também com o que o governo central pensa. Por exemplo: ontem à tarde, estive em uma cerimônia no Palácio, ligada à área do Turismo, mas o governador falou em três pontos centrais para o governo dele que se encaixam exatamente nesta homenagem ao IPT.

Vocês são tudo isso: ele disse, por exemplo, que, no governo dele, uma das metas é sempre ser ousado, pensar grande. Ele fala muito nisso nos discursos dele. A transformação que vocês estão fazendo no IPT é de um olhar bastante ousado para o horizonte, para o futuro. Ele estimula muito as pessoas a pensarem diferente, não pensarem só as mesmas coisas. Não adianta só melhorar aquilo que a gente está fazendo, tem que pensar diferente, pensar em diferentes formas de fazer a mesma coisa.

Isso é inovação, acho que isso está - como o Jefferson demonstrou - na raiz da criação do IPT. E a terceira coisa que ele falou no discurso de ontem que cabe também muito bem aqui, é ser transformador. Então, tem que deixar um legado de coisas novas que transformaram a vida das pessoas. Acho que isso vocês também fazem muito bem.

Então, fico satisfeito em ver todos esses desenvolvimentos recentes do IPT: o IPT Open, que o Jefferson mencionou. É pegar todo esse cenário que ele está descrevendo, de distrito de inovação, envolvendo o campus da maior universidade da América Latina, mais o ambiente do IPT, dos institutos de pesquisa, que não é só o IPT -  mas o IPT, o Butantã, tudo aquilo que tem ali do lado de cá do rio -, e as coisas que já estão instaladas também do outro lado do rio.

Vocês já devem ter ouvido falar no Projeto Citi, que envolve a integração de todas essas áreas em um grande distrito de inovação, que se espera que seja um distrito de inovação de classe mundial. Não vamos nem falar se vai ser o maior, o menor, se vai ser o Vale do Silício brasileiro, mas vai ser um distrito de inovação potente e, do ponto de vista de estratégia, o Governo de São Paulo resolveu iniciar esse grande projeto exatamente pelo IPT.

Então, para quem esteve nos 120 anos de comemoração do IPT internamente, o governador disse que aquilo era a ponta de lança de uma ideia, de um projeto muito maior. Acho que vocês têm a competência, vocês têm o currículo, vocês têm a história que justifica isso e acho que estamos bastante confiantes de que essa definição de começar, do lado de cá, usando toda a capacitação, o capital humano que há dentro do IPT, usando a tradição do IPT, eu acho que ela nos dá segurança de que vamos conseguir viabilizar esse projeto.

Para finalizar, queria cumprimentar a todos os “IPTanos”, as “IPTanas”, a direção do IPT, cumprimentar a deputada por essa frente. Esperamos, realmente, continuar com apoio permanente para essas iniciativas e tenho certeza de que daqui a algumas décadas vamos comemorar o IPT, não só o IPT como vocês veem hoje, mas o IPT muito mais conectado com os movimentos da sociedade, com esses movimentos de inovação, com as necessidades que o mundo moderno, o mundo pela frente, vai nos exigir.

Então, queria agradecer novamente o convite. Foi um prazer triplo participar dessa sessão.

Parabéns, IPT.

Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - BETH LULA SAHÃO - PT - Muito obrigada pelas palavras, Dr. Américo, sempre bem-vindo. É importante também a gente ouvir aquilo que pensa o governo nesse momento todo.

Queria também destacar aqui a presença do Marcelo Ros, da Framecad Brazil; do Mario Leite Pereira Filho, do IPT; do William Pinto, membro do Conselho de Administração do IPT; do Fúlvio. Não, desculpe-me, acho que eu li aqueles que não estavam.

O Marcelo está; o Fúlvio Vittorino também está, que é diretor do Centro Tecnológico do Ambiente Construído do IPT; o Edson Joaquim dos Santos, da Associação de Docentes da Unicamp - ADunicamp; o Paulo Cesar Centoducatte, da Associação de Docentes da Unicamp, também da ADunicamp; o João Augusto de Moura, analista econômico financeiro do IPT; o Eduardo Quitete, presidente do Comitê de Conduta e Integridade do IPT. Se, por ventura, alguém não fez o protocolo e gostaria de ser anunciado, pode enviar aqui para a Mesa, que a gente fala. Agradeço a presença de todos.

Agora, nós vamos ouvir a fala da nossa querida Ros Mari Zenha, presidente do Conselho de Representantes dos Profissionais do IPT e representante dos profissionais no Conselho de Administração.

 

A SRA. ROS MARI ZENHA - Bom dia a todos e a todas. Eu gostaria de, inicialmente, cumprimentar a deputada Beth Sahão, os parlamentares que devem estar nos assistindo neste momento e que compõem a Frente Parlamentar Suprapartidária em Defesa das Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão do Estado de São Paulo, e os demais parlamentares desta Casa de Leis.

Quero cumprimentar o Dr. Sakamoto, representando aqui a nossa secretária e o governador do estado de São Paulo, pela sua presença; o nosso diretor presidente, Dr. Jefferson de Oliveira Gomes; os profissionais do IPT aqui presentes - partes dos quais, ex-colegas do IPT -, que o Dr. Jefferson, inclusive, cumprimentou em nome da nossa colega Regina Bueno, e que também, junto conosco, ajudaram, deputada, a fazer a história do IPT.

Eu cumprimento também os profissionais de outras instituições que estão aqui presentes, que foram nominados pela deputada, que têm sido parceiros do IPT no enfrentamento de inúmeros desafios da nossa sociedade: a exemplo do Ministério Público do Estado de São Paulo; a Caixa Econômica Federal; as secretarias estaduais aqui presentes; a SBPC; a ADunicamp; a Adunesp e tantos outros.

Os colegas do Movimento Água Branca, Instituto Rogacionista, que serão nossos parceiros futuros em projetos que estamos desenvolvendo no IPT e que estão aqui conosco, neste momento, confraternizando nesta oportunidade. Cumprimento o nosso sindicato também, o SINTPq, na pessoa do seu presidente, nosso colega Régis Carvalho, pelo compromisso que sempre teve, da defesa da missão do nosso instituto.

Srs. Telespectadores, Srs. Deputados, agradecemos à Assembleia Legislativa de São Paulo que, em 17 de dezembro de 1975, autorizou o Governo do Estado de São Paulo a criar o IPT, na modalidade jurídica atual, quando a instituição contava já com 76 anos de sua criação, como disse o Dr. Jefferson. Analisando a linha do tempo de existência do IPT, nós nos damos conta do quanto ele foi decisivo para que o nosso estado assumisse uma posição de liderança no País.

Os senhores podem ter visto isso pelo pequeno filminho que foi passado, mostrando um pouco dessa trajetória de 120 anos do IPT. Alcançar, como disse a deputada Beth, 120 anos de existência já traduz, em si, uma grandiosidade que muito nos orgulha.

Atingir tal perenidade, com tantas contribuições proporcionadas ao estado de São Paulo e ao Brasil, nos honra muito mais. Um singelo exemplo, deputado, nós podemos dar aos Srs. Deputados que nos assistem. Naquela parede que tem na entrada do Hall principal da Alesp, os senhores vão ver várias fotos que foram cedidas pelo IPT e um texto muito bonito, redigido pelos profissionais do IPT, na época em que era presidente desta Casa o deputado Sidney Beraldo, e quando esta Casa comemorou a Revolução Constitucionalista de 32.

O IPT foi suporte tecnológico importante durante a Revolução Constitucionalista de 32 e, naquelas fotos, os senhores vão poder ver toda a capacitação que foi colocada a serviço de São Paulo: nos próprios capacetes, que foram fundidos pela primeira vez com uma liga desenvolvida pelo IPT, na Rua Guaicurus, lá na Lapa; as balas que foram usadas na Revolução e outras contribuições importantes que foram dadas pelo instituto.

Isso se encontra hoje aqui exposto, inclusive, na Casa de Leis. O IPT, que hoje é uma empresa pública da administração indireta, ele conquistou esse reconhecimento da sociedade, como disse o nosso diretor-presidente, o Dr. Sakamoto e a deputada, transformando conhecimento em riqueza. Com a sua atuação voltada ao crescimento econômico, à geração de trabalho e renda, políticas públicas mais eficientes, à excelência e, principalmente, à idoneidade na prestação de serviços ao estado e à sociedade.

Homenagear o IPT, deputada Beth, é também homenagear o sistema paulista de ciência, tecnologia e inovação, como bem frisou o Dr. Sakamoto. Nós pertencemos a esse sistema, que hoje é integrado pelas universidades federais, universidades estaduais paulistas e os 19 institutos de pesquisa, que são ligados à administração direta do estado de São Paulo. E que desenvolvem, assim como nós do IPT, pesquisas fundamentais e aplicadas às necessidades sociais em diversas áreas, oferecendo bens e serviços à comunidade, além de aperfeiçoamento de recursos humanos.

Sabemos, deputada, que infelizmente as políticas públicas por vezes formuladas e postas em prática pelo Executivo e pelo Legislativo acabam deixando de levar em conta o conhecimento científico e tecnológico. Isso é uma pena. E é, ainda, um grande desafio que nós não superamos. Nem a Casa de Leis nem nós do sistema de ciência e tecnologia.

E, por outro lado, nesse momento, o apoio à ciência, à tecnologia e à inovação em nosso país vem sendo relegado a um segundo plano, na contramão da história, porque todos sabemos que é o Estado, tanto em países capitalistas quanto em países socialistas, que assume os maiores riscos e conquista os maiores avanços na área de ciência, tecnologia e inovação, dadas as incertezas, os prazos longos, os custos elevados e os fracassos inerentes ao avanço do desenvolvimento nessa área.

No Brasil, senhores deputados e telespectadores que nos assistem, 95% da pesquisa é desenvolvida dentro de instituições públicas. Noventa e cinco por cento!

 O progresso da ciência depende de financiamento, e nosso desafio, enquanto profissionais da área, como disseram os colegas que me antecederam, é sermos capazes de demonstrar a essa Casa de Leis e à sociedade quais são os benefícios das pesquisas para as pessoas que oferecem os recursos que nos mantêm. Esses recursos vêm do contribuinte; nós temos que prestar contas a ele daquilo que fazemos e daquilo para que servimos.

A sociedade civil e as instâncias de governo têm reiteradamente questionado, deputada, sobre a nossa importância, para aumentar o impacto social, econômico e científico-intelectual de nossa atuação. E é o que estamos fazendo hoje aqui, comemorando os 120 anos de IPT: nós estamos prestando contas da história desse instituto e de tudo o que o sistema de ciência e tecnologia tem feito durante essa semana em que houve a primeira Mostra de Ciências aqui na Casa de Leis. Uma pequena amostra, logicamente, de tudo o que esse sistema produz.

Enfim, nós temos efetivamente, enquanto sistema paulista de ciência, tecnologia e inovação, um enorme potencial para contribuir com o equacionamento de diversos problemas críticos, como os citados pelo Dr. Jefferson, que a sociedade paulista e brasileira tem enfrentado nas últimas décadas.

E Dr. Sakamoto, nós temos feito isso sob a ótica do desenvolvimento sustentável, da inclusão social, respeitando a Agenda 2030 da ONU e a mesma agenda que dá orientação à propositura do Plano Pluriestratégico Anual 2020-2023 enviado pelo Governo do Estado de São Paulo à Assembleia Legislativa e hoje em análise nesta Casa.

Enfim, consideramos que, passados os 120 anos, precisamos, mais do que nunca, reforçar a natureza do caráter público da ação do IPT e ter o Governo do Estado de São Paulo e a sociedade paulista como parceiros que incumbam o Instituto de Estudos e Pesquisas Tecnológicas cujos resultados lhes são necessários.

Nosso desafio tem sido apresentar respostas rápidas e tecnicamente consistentes às demandas que emergem, ou já presentes, e que pressionam a gestão pública. Estamos irremediavelmente ligados às necessidades da sociedade. É ela que nos conduz, deputada, e é ela que nos motiva. Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - BETH LULA SAHÃO - PT - Muito obrigado, Ros Mari, pelas suas brilhantes palavras, como sempre.

Eu queria perguntar se mais algumas pessoas gostariam de se manifestar, em especial o Régis, do SINTPq. Está aí? Então, ocupe a tribuna.

 

O SR. RÉGIS CARVALHO - Bom dia a todas e a todos. Está fugindo um pouco aqui do que estava previsto. Eu não estava inscrito para falar. Mas eu acho que eu vou ocupar um pouco esse espaço, primeiro para agradecer esse momento, Beth. É fundamental que o IPT possa ser reconhecido na sua plenitude. E esse espaço que você está nos proporcionando é fundamental. Os 120 anos do IPT... Ele se fez e se faz por tudo isso que foi falado. Mas principalmente por cada uma e por cada um de vocês que aqui estão e passaram pela instituição.

Sem vocês, o IPT não seria o que é. E não será o que ainda vai ser. Sinceramente, espero que o Governo do Estado de São Paulo vá na contramão do governo federal. Que o Governo do Estão de São Paulo saia de um discurso para uma prática da valorização da pesquisa, da ciência, da tecnologia e da inovação. Tenho absoluta certeza e convicção que o IPT pode ser e será, para o estado de São Paulo, um grande alavancador de tudo o que o estado precisa, mas precisamos ser reconhecidos e valorizados.

Nós somos o IPT. E o IPT somos nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Muito obrigada ao Régis. Muito obrigada. Eu queria perguntar se alguém mais gostaria de fazer uso da palavra. Neder, você gostaria de falar alguma coisa? Não? Acho sempre importante... A Ros Mari e todos destacaram aspectos importantíssimos do IPT. Desde o nosso diretor-presidente, Dr. Jefferson, passando pelo Dr. Américo, representando a secretaria e, também, a Ros Mari.

E eu tenho visto, observado esses dias, na Comissão de Ciência e Tecnologia,  nós recebemos o presidente da Fapesp e, em seguida, recebemos o reitor da USP; posteriormente, o reitor da Unicamp e agora, anteontem, o reitor da Unesp. Todos eles fizeram uma belíssima apresentação sobre - resumidamente, evidentemente - sobre os trabalhos das respectivas instituições que eles estão à frente. A gente percebe que tem uma produção fantástica em benefício do conjunto da sociedade.

É esse o papel também: a inovação, acompanhada da implementação de políticas públicas que possam beneficiar o conjunto da população. Muitas vezes acho, Ros Mari, que às vezes isso fica um pouco escondido da opinião pública. Aí vencem as narrativas que colocam essas instituições contra. No discurso da contramão, como bem colocou o Régis, de que são pouco operantes, de que são poucos produtivos pela despesa que isso representa, pelos gastos que isso representa.

É preciso enfrentar e combater essa narrativa. Porque ela é perigosa. Porque ela pode nos levar à destruição da pesquisa, da ciência, da inovação tecnológica, de tudo aquilo que compete para a nossa soberania, para o nosso crescimento enquanto nação, para o nosso desenvolvimento, para a nossa inclusão, como você tão bem colocou na sua fala. Então penso que trabalhos como esse, acho que a Assembleia tem um papel importante.

A Assembleia não pode ser esse quadrado, esse retângulo (falei que não sou muito boa nessa área) e que fique fechada em si. Ela precisa se abrir. A feira que conseguimos promover aqui, tivemos sete institutos que vieram fazer as suas apresentações.

Descobri, por exemplo, que o Instituto Dante Pazzanese pode fazer convênios com os municípios e salvar vidas. Porque ele pode emitir um diagnóstico rápido, via digital, usando das novas tecnologias. É importantíssimo para os municípios que, muitas vezes, não têm condições de dar esse atendimento aos seus munícipes. Então, tem coisas que são muito valorosas e que ficam escondidas.

A Assembleia precisa também proporcionar isso: fazer com que as pessoas conheçam o que está acontecendo nessas instituições. Qual é a importância que elas têm, qual é o significado que elas têm. Sessões solenes como essa vão além de, claro, cumprimentar e parabenizar a todos vocês que estão na ativa, aqueles que já estão na inatividade, e mesmo aqueles que já se foram, porque 120 anos representam muito tempo.

Mas é também despertar a sociedade paulista para que ela possa ser defensora, ao lado de vocês, desses projetos e dessas instituições, ela não pode ficar alheia. O Governo do Estado precisa como brilhantemente, em poucas palavras, colocou o Régis, valorizar. E eu acredito e tenho convicção que vocês vão valorizar sim esses institutos, vamos preservá-los, vamos fazer os investimentos necessários.

O PPA acabou de chegar aqui. Estamos destrinchando o PPA. Vamos fazer emendas importantes, isoladamente, no meu mandato. Mas a minha bancada também está preparando um conjunto de emendas para que a gente possa fortalecer essas instituições. Sem investimentos fica muito difícil a gente trabalhar. Os investimentos são primordiais. Agora, acompanhando os investimentos, a gente precisa ter também prioridade nas gestões.

Como o senhor colocou que o Governo do Estado está empenhado e imbuído em trazer a ousadia e trazer a inovação, nada melhor que fortalecer e preservar uma instituição tão importante quanto o IPT.

Muito obrigada a todos pela participação. Salve ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Parabéns a todos. Muito obrigada.

Está encerrada esta sessão. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 38 minutos.

 

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