12 DE NOVEMBRO DE 2019
61ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CAUÊ MACRIS, CEZAR e RICARDO MELLÃO
Secretaria: DELEGADA GRACIELA e BARROS MUNHOZ
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Abre a sessão. Coloca em discussão o PLC 77/19.
2 - PROFESSORA BEBEL LULA
Discute o PLC 77/19.
3 - CAMPOS MACHADO
Discute o PLC 77/19.
4 - DR. JORGE LULA DO CARMO
Para comunicação, informa que na próxima quinta-feira deve
ser lançada frente parlamentar em defesa das linhas 11, Coral; e 12, Safira, da
CPTM.
5 - CARLOS GIANNAZI
Discute o PLC 77/19.
6 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA
Discute o PLC 77/19.
7 - BETH LULA SAHÃO
Para comunicação, comenta exposição da Fosp - Fundação Oncocentro
de São Paulo - em andamento nesta Casa.
8 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PLC 77/19 (aparteado pela deputada Adriana Borgo).
9 - ENIO LULA TATTO
Discute o PLC 77/19 (aparteado pelo deputado Teonilio Barba
Lula).
10 - MÁRCIA LULA LIA
Discute o PLC 77/19.
11 - CEZAR
Assume a Presidência.
12 - TEONILIO BARBA LULA
Solicita verificação de presença.
13 - PRESIDENTE CEZAR
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, interrompida quando constatado quórum.
14 - MAJOR MECCA
Discute o PLC 77/19 (aparteado pelo deputado Campos Machado).
15 - RICARDO MELLÃO
Assume a Presidência.
16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Assume a Presidência. Encerra a discussão e coloca em votação
o PLC 77/19, salvo mensagem aditiva e emenda.
17 - SARGENTO NERI
Encaminha a votação do PLC 77/19, em nome do Avante.
18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Coloca em votação e declara aprovado o PLC 77/19, salvo
mensagem aditiva e emendas. Coloca em votação e declara aprovada a mensagem
aditiva com parecer favorável do Congresso de Comissões. Coloca em votação e
declara rejeitadas as emendas 1 a 5, com pareceres contrários do Congresso de
Comissões.
19 - TEONILIO BARBA LULA
Declara voto favorável às emendas 1 a 5, em nome do PT.
20 - GIL DINIZ
Declara voto favorável à emenda apresentada pelo PSL.
21 - SARGENTO NERI
Declara voto favorável às emendas 1 a 5.
22 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Dá conhecimento de emenda ao PLC 78/19, que retorna às
Comissões, ficando adiada sua apreciação. Dá conhecimento de emendas ao PLC
79/19, que retorna às Comissões, ficando adiada sua apreciação. Convoca os Srs.
Deputados para sessão extraordinária a ser realizada hoje, 10 minutos após o
término desta sessão. Adita a Ordem do Dia da sessão ordinária do dia 13/11.
Encerra a sessão.
*
* *
-
Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Aberta a sessão
extraordinária, presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs.
Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. Esta Presidência
dispensa a leitura da ata da sessão anterior. Ordem do Dia.
*
* *
- Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
* *
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Primeiro,
fazer uma pergunta para a Mesa. Eu posso fazer um pedido de inversão de pauta
de maneira oral?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não pode, deputado.
Só de maneira escrita.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Não pode? Só de
maneira escrita?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - E eu já dei o
comando de Item nº 1, então, não cabe, inclusive, nem mais inversão da pauta.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Ok.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Item nº 1.
Discussão e votação do Projeto de lei Complementar nº 77, de 2019.
Para falar a favor, a nobre deputada Professora
Bebel.
A
SRA. PROFESSORA
BEBEL LULA - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, todos os componentes da Mesa,
assessores, cumprimento os assessores que estão sentados à minha esquerda, os
assessores e assessoras que estão à minha direita, cumprimento os Srs.
Deputados e Sras. Deputadas, cumprimento todo o público presente, que está aqui
nesta Casa, de forma muito forte e valente.
Quero dizer
também que estão aqui, e tive oportunidade, por conta aí de alguns
mal-entendidos, ou alguns desgostos, de conversar com essa categoria linda, que
eu represento há um bom tempo, que deixarei aí, para alegria de muitos da Casa,
a Presidência, em maio de 2020 ainda, não vou deixar já, não.
Mas converso
com vocês muito bem. Né? E fui muito bem compreendida quando expliquei para
vocês que a luta aqui é uma luta um pouco diferente da nossa. Ela não é tão
informal, ela é formal, eivada de formalidades, e nós, como bem informados somos,
sabemos conviver, sabemos levar essa discussão, mas eu estou inscrita para
falar desse PL citado pelo presidente, com relação à gratuidade jurídica aos
policiais.
Eu quero dizer
que eu não me oponho. Eu acho que tem que aprimorar, Sargento Neri. Não basta
ter uma assistência jurídica, por exemplo, que, sei lá, não tem a formação
específica para o jurídico administrativo, que é muito difícil. Né? Eu
considero, por exemplo, que o nosso departamento jurídico da Apeoesp é um
departamento que acumulou muito disso, e tem uma especificidade no direito
administrativo que é diferente do direito em geral.
Tem especificidade
de estatuto, tem especificidade da lei, que criou determinados direitos e que,
por conseguinte, acaba, de certa maneira, se não for bem defendido, o policial,
ou a policial, acaba não sendo bem atendida. Então, eu acredito que é
necessário aprimorar a forma desse atendimento jurídico. Não é uma questão só
de dar. É a forma como dar.
Quero
aproveitar para dizer também de um outro assunto, que é sobre a reforma da Previdência,
que vai atacar os servidores públicos. Eu, até conversando um pouco com o deputado
Sargento Neri... Sob a ótica dele, ele entende que os militares não serão
atingidos por essa reforma, mas eu afirmo que os professores e o funcionalismo
público em geral serão atingidos sim.
Por que que
serão atingidos? Porque muda a idade mínima, porque muda o tempo de
contribuição, aumenta essa alíquota, que é uma vergonha. Nós temos o menor
salário, piso salarial profissional nacional. Nós temos abaixo, ganhamos
abaixo. Imaginem perder três por cento. Nós pagamos 11 e vamos perder mais três
por cento com a contribuição previdenciária.
Sabemos do
histórico. Desde a criação da Previdência, em 2007, a 1.010/2007, sabemos
perfeitamente que foi criada a São Paulo Previdência. Tem um sistema
previdenciário. O problema é que os Srs. Governadores não depositaram a
cota-parte que lhes é devida. Por exemplo: nós, 11 por cento. No caso, o
patrão, que é o governo, teria que ser 22 por cento. É claro, dá rombo na
Previdência. Não rombo por nós. Pagávamos seis por cento até a Reforma da
Previdência. Passamos a pagar 11 por cento.
Então, isso deu
caixa de duas formas. Uma forma é que nós pusemos o dinheiro e o governo não
colocou a cota-parte dele. Se tivesse colocado, não tinha estrangulamento.
Acredito que não tenha, porque, na verdade, todo esse tempo, se pagou os
inativos com o dinheiro do Fundeb, que é o Fundo de Desenvolvimento da Educação
Básica, que é para ser aplicado em manutenção e desenvolvimento do ensino. Isso
é um sequestro daquilo que a gente chama de investimento direto na Educação.
Não houve o
cumprimento do governo, como também não houve no caso das universidades
paulistas, de pagar as aposentadorias daquelas três universidades, cuja CPI
teve seu final na terça-feira passada, com voto contrário em separado meu, lido
por uma hora. E debati os pontos que eu entendi que eram ruins para as três
universidades.
Mas voltando à
Reforma da Previdência, o que acho mais lamentável é que, o tempo todo, nós
estamos acertando ajuste fiscal do estado, seja aqui no estado de São Paulo,
seja com os trabalhadores do Brasil, do Estado Brasileiro. A Reforma da Previdência
do Estado brasileiro como um todo vai somar um trilhão de reais, que o
presidente Jair Bolsonaro terá como economia.
Ora, economia
em cima de trabalhador é fácil. Como diz o companheiro Zeca Dirceu: “Para nós,
trabalhadores, viram uns tigrões”. E para os fornecedores internacionais são
todos mansinhos. É tapinha nas costas, é beijinho. E nós apanhamos aqui. Todo
mundo vira tigrão. Viramos os grandes algozes da política malfeita, da política
pública mal implantada no Estado brasileiro. E não podemos admitir isso.
Aqui no estado
de São Paulo não é diferente. Não é diferente. Há quanto tempo já estamos sem
reajuste? O último foi em 2018, de sete por cento. A gente vinha em uma
escalada de três anos com zero de reajuste. Já chegamos a ganhar, neste estado,
59%, até 2010, 59% acima do piso salarial profissional nacional. Fruto de uma
luta nossa. Nós conseguimos um plano de reposição em quatro anos, que a gente
considera como uma conquista.
Fomos pedir
outro plano de reposição calcado na meta 17 do Plano Estadual de Educação,
aprovado por esta Casa, e o que aconteceu? Até hoje a meta não é atendida e o
que acontece, na verdade, é que o Professor Educação Básica 1, por 40 horas
semanais, ganha abaixo do piso salarial nacional, e o Básica 2, ligeiramente,
dois por cento acima do piso salarial profissional nacional.
É uma reforma
da Previdência que não dá para aceitar. Pelo menos, senhores e senhoras,
houvesse uma mesa ampla de negociação, mas nada. Solta aí o projeto de lei e a
gente não discute. Eu lamento.
Por exemplo,
semana passada nós já sofremos um confisco. Através da 899, né? Agora, em vez
de recebermos o que é de direito, 30 mil reais, vamos receber 11 mil reais e,
no bolso, 7.400 reais. Quer dizer, é confisco em cima de confisco.
Fiquei sabendo,
também, pela mesa diretora do Iamspe, que querem aumentar mais 1%, em vez de
ser 2% de contribuição, deputado Enio Tatto, que é o que contribuímos. E, de
novo, o governo deveria contribuir com seus 2%, não contribui, mas quer ampliar
mais 1% para nós pagarmos.
Então, o que
vai sobrar de dinheiro para nós? Não vai sobrar nada. E aí esse monstro dessa
reforma da Previdência, que vem sem nenhum debate, sem nenhuma mesa de
negociação. Eu acho que o bom negociador tem que propor uma mesa de negociação.
Não sou eu que tem que ir lá com proposta. Quem está dentro do estado é que tem
que dizer: “Olha, nós temos que conversar dessa forma, daquela forma, assim,
assado”, para as partes entenderem.
Eu me lembro
que em 2007, junto com a 1010, nós aprovamos a estabilidade daqueles
servidores, professores, que tinham aulas até junho de 2007. Foi uma grande
vitória que essa categoria teve face a tanta precarização dos serviços
públicos. E nós reconhecemos quando é vitória.
Mas agora,
quando é só derrota, derrota, derrota, aí não tem como. Aí, deputado Cauê
Macris, eu não sei o que foi feito para o senhor, também não vi, mas registro
aqui, com muita tranquilidade, se tem uma categoria - o senhor já sentou conosco
- que é fácil de negociar, é esta. A dos professores do estado de São Paulo.
É uma categoria
fácil de se negociar, é uma categoria que, se tiver alguma coisa, você vai
conversar e eles atendem. E eu entendi que eles atenderam, tanto que, agora,
manifestam-se apenas através de aplausos. Combinamos que o que não gostarem,
ficam em silêncio. E que possam aplaudir pelo menos o que eles gostam. É o
mínimo que pode sobrar para eles nesta Casa, senão amordaça muito a gente ter
que só mexer mão. Nós sabemos bater palmas. Só peço isso ao senhor e agradeço
esse entendimento.
Da nossa parte
o senhor vai ter o compromisso - e eu estou perante eles aqui - do total
respeito. Do compromisso de respeito, porque nós respeitamos as instituições
democraticamente eleitas.
Quando
expliquei que votaria no senhor eles entenderam que deveria votar no senhor.
Entenderam. Então, é uma questão de também entender um pouco. Pedir para o
senhor isso. Eu não tenho nenhum problema de me arrastar até lá e pedir
comedimento, pedir um pouco de entendimento, mas é ruim que policiais tirem
professores da galeria. Para mim pega mal. Eu amo muito essa categoria, eu sou
oriunda dela.
Entendo também
o senhor como presidente. Eu presido a entidade. Eu também não gosto de ser
afrontada com palavras. Mas eu também não vi, deputado. Então, tem lá o nosso
compromisso. Fica esse compromisso, por favor, de que, da nossa parte, sempre
que viermos a esta Casa, será com o mais puro compromisso de respeito e
respeito aos deputados também.
O que não
gostar, ficamos em silêncio, o que a gente gostar, a gente aplaude. E pedir
para o senhor, antes de pautar a previdência... Eu sei que o senhor tem... O
líder é o Carlão, não é? É a ele que eu devo me dirigir, mas também o senhor é
um líder. Carlão, antes de pautar a previdência, vamos fazer uma mesa, explicar,
sabe? Isso faz bem. Isso abre, oxigena. Isso dá canal. Isso não cria ódio.
Não digo ódio, mas deixa
à vontade para a gente poder também... Entendeu? Não tem como. Se você bota e
vota, como é que nós vamos fazer? A não ser vir aqui e dizer: “Contra, contra,
contra”. Perfeito?
Então, gostaria de sair
com esse compromisso de que a gente tenha uma mesa ampla, que não são só
professores, mas tem outros servidores envolvidos na previdência que gostariam
de fazer parte dessa mesa.
Um forte abraço, muito
obrigada. Obrigada pela presença de vocês. Muito respeito também e tenham
certeza de que esta Casa tem respeito com vocês também.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ
MACRIS - PSDB - Para falar contra, o nobre deputado Campos
Machado.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB -
Meu caro presidente, deputado Cauê Macris, deputado Enio Tatto, eu estava
revendo alguns jornais, aí eu vi um: “Doria encolhe promessa, anuncia reajuste
de cinco por cento e frustra policiais em São Paulo”. Aí eu fico imaginando
onde o Sr. João Agripino quer chegar. Eu confesso, deputado Sargento Neri, que
eu fiquei pasmo, preocupado, deputado Major Mecca.
Aí qual é a única
autoridade deste Estado que tem condições de dizer se o aumento pode ser
quatro, cinco, seis, dez, 12 ou 13 ou seja o que for? O secretário da Fazenda
Henrique Meirelles.
Então, eu fiz um
requerimento dirigido ao presidente desta Casa, que é imparcial, o deputado
Cauê Macris, solicitando que ele convide o secretário da Fazenda, minha cara
deputada Leci Brandão, para que venha ao Colégio de Líderes e explique
tecnicamente por que é que ele sugeriu ao Sr. Governador João Agripino cinco
por cento de reajuste para os policiais.
Eu sou contra algumas
pessoas que dizem: “É melhor pegar cinco do que não pegar nada”. É por isso que
esta Casa vive de mãos mendigando, só dizendo amém. Aí vem deputados da Casa
aqui e dizem: “Olha, eu acho que os deputados têm que concordar, porque se não
concordarem, não recebem nada, nem cinco por cento”. Mas eu fico indagando:
Será que esta Casa aqui é uma Casa de cordeiros? Será que esta Casa é uma Casa
de dizer amém a todo mundo?
É impossível que o nosso
presidente Cauê Macris não atenda a nossa solicitação, o nosso pedido para que
o Dr. Henrique Meirelles... É o homem do dinheiro. É quem sabe o que entra e o
que sai do governo. Ele vai ter que vir aqui a esta Casa. Se é verdade que o
Poder Legislativo, embora, deputado José Américo, em baixa por causa dos
deputados que dizem que nós temos que fazer “amém”.
Não queira vir a esta
Casa só explicar esse reajuste, deputado Barros Munhoz. Quero que o Secretário
nos convença de que não é possível um aumento maior. Eu acho que ele não teria
coragem de afirmar isso aqui, porque os comentários que existem são de que
houve aumento da arrecadação e não queda.
Nós vamos,
então, analisar. O que não pode, o que nós não podemos concordar... Ai, quanta
conversa paralela, meu Deus do céu. Eu fico imaginando que... E eu quero que
preserve o meu tempo. Vossa Excelência preservou o tempo da Sra. Paschoal; por
que não preserva o meu?
A verdade é que
o presidente, o deputado Cauê, quando se trata da minha pessoa, é parcial; tem
uma parcialidade absoluta. Ele suspende os trabalhos aqui do plenário e leva os
trabalhos lá para os congressos de comissões para adiantar, para acelerar esses
projetos.
Mas eu tenho
certeza absoluta, se eu conheço a trajetória de vida do presidente Cauê Macris,
de que ele vai deferir esse pedido. E cada um de nós vai tomar conhecimento da
situação do caixa do governo, para saber se ele pode pagar mais ou pagar menos,
deputada Márcia Lia. O que nós estamos fazendo aqui, o que é? Digam, Srs.
Deputados, o que uma deputada acabou de falar em plenário - é melhor dizer amém
e começar a bater palma. Para que discutir o projeto de reajuste?
Será que o
secretário Meirelles vai se recusar a vir aqui, deputado Gil Diniz? Na opinião
de V. Exa., deputado Gil Diniz, o senhor acha que o homem que tem a chave do
cofre vai se recusar a vir a esta Casa para explicar para todos nós o porquê do
aumento super singelo? Mais esmola do que aumento. Ele virá, sim. E aí, eu
quero saber: eu não sei qual o critério que o deputado Cauê Macris vai adotar -
se vai colocar esse requerimento para discutir no Colégio de Líderes ou vai
liminarmente indeferir o pedido desse simples deputado.
Saiba, deputado
Cauê Macris, que V. Exa. tem a oportunidade de fazer história, de escrever a
história. Nossa Senhora do céu, eu tenho impressão... Sr. Presidente, não tem
dois cafés aqui na Assembleia? Tem dois cafés. Em vez de ficar aqui, vão aqui
no café conversar ou no café de cima. O que não pode é atrapalhar os deputados
aqui na tribuna.
Eu estou
trazendo um assunto seríssimo, que é esse aumento pequeno, de cinco por cento,
que, se o governo provar que não tem mais condições, a gente tem que ficar
quieto. Mas tem que vir aqui provar. Aí eu fico imaginando: qual vai ser a
decisão do presidente Cauê Macris? Se conheço a sua história, se conheço a sua
trajetória, se sei do seu caminho, se sei dos seus sonhos, o presidente Cauê
Macris vai deferir e vai solicitar ao Dr. Henrique Meirelles, meu caro amigo
Major Mecca, vai solicitar que ele compareça aqui na Assembleia e diga o motivo por que o aumento foi tão insignificante.
Não dá para ser como algumas deputadas que dizem o
quê? Que nós podemos retirar o pouco que tem. A seguir esse conselho, para que
serve esta Casa? Quer dizer que tudo que vem lá do Morumbi é que é verdade, tem
que ser aceito, que nós temos que cair de joelhos e agradecer o que veio? Não.
Segundo o ex-Presidente do Tribunal de Justiça,
Desembargador Dr. Renato Nalini, um homem consagrado, presidente da Academia de
Letras, me manda uma carta dizendo o seguinte: “deputado Campos Machado, o
maior dos poderes é o Legislativo. É ele quem dita as regras, ele que
estabelece as leis, é ele que deve reger, é esse poder que tem que ser o
maestro”.
Mas nós não; nós nem fazemos parte da banda; nós só
batemos palma. Eu tenho certeza, por exemplo, a deputada Adriana Borgo, embora
o deputado Carlão Pignatari tenha pedido desculpas para ela, porque ele foi
muito correto em pedir desculpas, mas o que ela expressou é o seu conhecimento,
a sua vivência no meio militar.
Ela sabe, como dona de casa, o sacrifício que é manter
a família, manter a dignidade dos seus filhos. Ela sabe quanto custa escola. Ao
invés disso, a nossa Casa caminha como se fosse um bando de cordeiros, aprovar
de cabeça baixa esse aumento.
Sabe, deputado Major Mecca, diz um velho poeta
“silenciar, quando se deveria protestar, transforma os homens em covardes”.
Temos que protestar. A única maneira que nós temos é protestar, deputado Barba.
E não podemos, deputado?
Há de se inferir das palavras da deputada que me
antecedeu há pouco, de que ou isso ou nada, eu convidaria a todos a ir naquele
cantinho ali, apresenta a renúncia; nós não somos deputados, nós somos
cordeiros; é ali, oh. Não estamos atacando o lobo. E lá vem a fábula, deputado
Giannazi: “quem poupa o lobo mata as ovelhas”. É isso que está ocorrendo; nós
não temos coragem de reagir.
E aqui pouco importa ver a mensagem de 5%, nós somos
obrigados a quê? A pedir aos pastores, aos evangélicos aqui da Casa que façam
orações agradecendo aos céus esse aumento? E não adianta fazer gráfico, não;
não adianta. Não fui eu que prometi na campanha que a nossa Polícia Civil e a
Polícia Militar iam ter os maiores salários do País. Não fui eu, deputado
Conte. Eu não fiz
promessa nenhuma. Eu estou só lendo, está escrito aqui que frustrou os
policiais.
Agora, quem não
é policial, quem é advogado, quem é médico, quem é empresário, quem é
comerciante, não está preocupado com nada mesmo. Os delegados é que estão
preocupados. O Dr. Olim está preocupado. O Major Mecca, o Dr. Danilo, Gil
Diniz, deputado Freitas, o deputado Coimbra. São gente, são pessoas, que amam a
Polícia Militar e a Polícia Civil, e que não podem aceitar de joelhos essa
mensagem do governador.
Mas, que mais
não seja, que pelo menos isso, presidente Cauê Macris: faça o convite ao Dr.
Meirelles. Ele tem, deputado André do Prado, meu amigo, meu irmão. Eu só estou
pedindo para que o presidente atenda o meu requerimento e convide o Dr.
Meirelles.
Aí, ele vem
aqui e diz, deputado Danilo: “As contas são assim, assim, assim. Não foi
possível cumprir a promessa do governador”. Mas, ele tem que falar. Não adianta
deixar tudo por conta do pobre Carlão Pignatari, ou do presidente Cauê Macris,
que eu sinto o compromisso dele. Ele é um dos melhores amigos do nosso
governador João Agripino. É um dos melhores amigos dele. No que ele puder, ele
ajuda o governador.
Eu acho até
bonita a lealdade. Eu tenho lealdade a Geraldo Alckmin. Porque eu não tenho o
espírito de traidor. Eu nunca traí ninguém. Para mim, palavra dada é flecha
lançada. Eu não volto nessa minha luta aqui. Eu vou perder de pé. Mas, não
posso aceitar que fique como se fosse uma manada de cordeiros.
E, nós todos,
quietinhos, irmos para casa sem dizer nada. Deputado Sargento, eu sei que o senhor
é um guerreiro. Eu não estou exagerando em nada. Eu estou fazendo um simples
pedido: traga a esta Casa o Dr. Meirelles, para que nós tomemos conhecimento de
como realmente está a caixa do governo.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Para falar a
favor do projeto, nobre deputado Carlos Giannazi.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO – PT – Pela ordem,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Pela ordem,
deputado Jorge do Carmo.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO – PT – Fazer uma
comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Tem a
palavra V. Exa. enquanto o orador vai à tribuna.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO – PT – PARA
COMUNICAÇÃO – Sr. Presidente, quero aproveitar este momento, esses dois minutos
aqui de comunicação, para falar que todos nós sabemos que o transporte sobre
trilho no nosso Estado, especialmente os da CPTM, precisam, e muito, de obras
de infraestrutura, modernização e acessibilidade.
E, com esse espírito, este deputado, e,
com a anuência de diversos colegas aqui desta Egrégia Casa, sugeriu a criação
de uma frente parlamentar em defesa da melhoria, modernização e segurança das
linhas 11 – Coral e 12 – Safira, que ligam a Luz até a região do Alto Tietê,
passando pela zona leste da cidade de São Paulo.
E, nesse sentido, o lançamento dessa
frente parlamentar está marcado para esta quinta-feira, dia 14, às 9:30 da
manhã, no auditório Teotônio Vilela.
Então, quero comunicar e convidar os
nobres pares para, estando nesta Casa, na parte da manhã, passe lá no auditório
Teotônio Vilela para prestigiar e para que a gente, juntos, possamos cuidar
dessa questão, que é tão importante para a nossa cidade e o nosso Estado.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Tem a
palavra o deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
– SEM REVISÃO DO ORADOR – Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
público presente, telespectador da TV Assembleia, mais uma vez saudar os
servidores públicos de várias categorias profissionais. E que muitos vieram até
do interior paulista, da Baixada Santista, da Grande São Paulo e aqui da
Capital. Participaram dos trabalhos da Assembleia Legislativa, e se manifestando contrariamente
ao confisco salarial, à reforma da Previdência do Doria.
Mas eu gostaria
de entrar nesse debate do projeto que nós estamos discutindo. Na verdade, no
debate sobre os três projetos apresentados pelo governador Doria, em relação
aos servidores da Segurança Pública, já de cara, dizer que o Doria
enganou pelo menos duas ou três vezes os servidores da Segurança Pública,
deputado Enio Tatto.
Primeiro anunciando
que os servidores da Segurança Pública do estado de São Paulo teriam os
melhores salários do Brasil. Aí ele manda um projeto, encaminha um projeto de
lei de apenas 5% de reposição salarial. É o primeiro golpe contra os servidores
da Segurança Pública.
Em seguida, ele
apresenta um projeto de reforma da Previdência, antes mesmo da promulgação - ele
anuncia, pelo menos - do projeto no Congresso Nacional, da reforma federal, que
foi, infelizmente, aprovada recentemente pela Câmara dos Deputados, e depois
pelo Senado Federal.
Essa reforma,
esse projeto de confisco salarial, vai retirar já 3% dos 5% que ele vai
conceder agora num desses projetos que nós vamos debater aqui no plenário.
Então, já são 2%, não mais 5%, e, para piorar a situação, pelo menos um
segmento dos servidores públicos - eu me refiro aqui à Polícia Civil e aos
servidores do Sistema Prisional - terão ainda 1% a menos, por conta de um outro
anúncio feito pela Superintendência do Iamspe, porque haverá aumento da
contribuição para o Iamspe, de 2% para três por cento.
Ou seja, nos
próximos dias os servidores, na prática, terão apenas 1% de reposição das
perdas inflacionárias. Então, temos essa triste notícia para os servidores da
Segurança Pública. Foram enganados, deputado Mecca, deputado Neri. Foram
enganados, porque, vejam bem, um por cento. A gente vai tirar 3% da reforma da
Previdência, mais 1% do Iamspe, então, não vai ter reajuste nenhum, nem
reposição das perdas inflacionárias para os servidores da Segurança Pública.
Esse é o Doria.
Nós conhecemos o Doria há muito tempo, principalmente do seu desgoverno na
Prefeitura de São Paulo. No pouco tempo que ele ficou na Prefeitura de São
Paulo, ele atacou ferozmente os servidores da Prefeitura de São Paulo. Atacou a
Educação, atacou vários segmentos e, sobretudo, na área da prestação de
serviços públicos.
Então, o Doria não
tem palavra. E isso está provado agora, nesses projetos que ele vem encaminhando
aqui para a Assembleia Legislativa, e não estendeu esse reajuste para as outras
categorias profissionais. O magistério, por exemplo, que está sem a reposição
das perdas inflacionárias. Não foi cumprida a lei da data-base salarial, que
venceu no dia primeiro de março.
O governo, ao
menos, paga o que ele deve para o magistério estadual, os 10,15% que foram
ganhos na Justiça, e que depois foram interceptados pelo Alckmin no Supremo
Tribunal Federal, porque o estado de São Paulo, o estado mais rico da Federação,
não paga o piso nacional salarial, que é muito baixo.
O piso nacional
salarial é de R$ 2.557,00, por 40 horas semanais. É um piso insignificante para
o magistério. Mesmo assim, o estado de São Paulo, que tem o maior Orçamento do Brasil,
dos estados, não paga nem o piso nacional salarial. Ele está 12% a menos do
piso.
Então, é um
absurdo total o que nós estamos acompanhando aqui no estado de São
Paulo. Afronta a data-base
salarial, a lei estadual que nós aprovamos no plenário da Assembleia
Legislativa, lei que não é respeitada.
Afronta ao Art.
37 da Constituição Federal, que obriga os estados, os municípios e a União a
fazerem, no mínimo, uma reposição das perdas inflacionárias. Isso não vem
acontecendo no estado de São Paulo também.
Então, são
vários ataques aos servidores, do ponto de vista salarial. As carreiras estão
sendo destruídas sistematicamente, há muitas carreiras sendo destruídas,
desvalorização salarial, desvalorização funcional, os trabalhadores dos
serviços públicos do estado de São Paulo trabalhando em condições extremamente
precarizadas. Esse é o quadro do funcionalismo público no estado de São Paulo.
Logicamente que
tudo isso está dentro de um contexto ainda maior. Como se não bastassem os
ataques do Doria aos servidores, estamos também sendo atacados pelo governo
federal, pelo governo Bolsonaro, pelo Paulo Guedes, ministro da Economia, que
já apresentou as PECs destruindo a prestação de serviços públicos no Brasil,
atacando os servidores. Vamos ter o fim da estabilidade no emprego.
Praticamente, a
proposta de inviabilizar vários concursos públicos, a redução de várias
carreiras. Parece que uma das propostas é reduzir o número de carreiras dos
servidores públicos, de 300 para 20 ou 30 carreiras. Redução da jornada de
trabalho com redução salarial. São as propostas que o Paulo Guedes vem
apresentando.
E outras mais
graves ainda, como, por exemplo, uma proposta de alterar a Constituição
Federal, alterar o Art. 6º, que fala sobre os direitos sociais, como a
Educação, a moradia, a Saúde, a alimentação. São direitos sociais garantidos
pelo Art. 6º. Ele vai incluir um parágrafo através de uma PEC dizendo que esses
direitos só serão garantidos se houver o direito do equilíbrio fiscal. Leia-se:
direito do equilíbrio fiscal é o direito dos banqueiros, dos rentistas, dos
especuladores.
O primeiro, o
grande direito, é o direito da dívida pública, do pagamento de juros da dívida
pública brasileira, que enriquece esses especuladores, esses rentistas,
banqueiros nacionais e internacionais. Em primeiro lugar, os banqueiros.
Depois, os direitos sociais. É isso que ele apresenta na sua PEC, que altera o
Art. 6º da Constituição Federal. Um verdadeiro absurdo. Então, são vários
ataques vindos também do governo federal.
Hoje mesmo é um
dia de luto para todos nós, porque o Congresso Nacional está promulgando a
reforma da Previdência, que vai inviabilizar a aposentadoria para milhões de
trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. Vai ser mais difícil se aposentar no
Brasil. Haverá agora o aumento da idade mínima para as mulheres, para os
homens, haverá o aumento do tempo de contribuição.
Uma pessoa,
agora, nessa reforma do Bolsonaro, só vai ter direito à aposentadoria integral
se, além da idade mínima, ela também completar 40 anos de contribuição. Não é
de trabalho, é de contribuição. O fato de uma pessoa trabalhar não significa
que ela esteja contribuindo, ainda mais hoje, com a precarização dos contratos
de trabalho, com a “uberização”.
Dificilmente a
pessoa vai conseguir ter até carteira assinada e contribuir com a Previdência
Social. Ela vai trabalhar muito, não vai conseguir contribuir e não vai
conseguir mais se aposentar. Essa é a proposta. Foi o projeto do Bolsonaro de
reforma da Previdência aprovado. E a lei está sendo promulgada hoje pelo
Congresso Nacional. Isso vai refletir em todo o Brasil e reflete também aqui em
São Paulo.
Então, é um
momento difícil, de vários ataques aos servidores, além de outras propostas
também, sobre as quais vamos aprofundar o debate. O Paulo Guedes apresenta a
proposta de acabar com a... Ele quer desvincular do Orçamento as despesas
obrigatórias com Saúde, com Educação.
Ele aprofunda
esse processo, que já começou com o Fernando Henrique Cardoso, com a DRU, com a
desvinculação das receitas da União, quando o Fernando Henrique ainda era ministro
da Economia do Itamar Franco. Começou lá, depois ele consolidou essa proposta
de DRU já em 95, e a DRU foi sendo renovada pelos sucessivos governos, até os
dias de hoje.
Hoje ela retira mais de
30% do orçamento da Saúde e da Seguridade Social e tirou, durante muitos anos,
20% do orçamento da Educação. Tudo isso era um roubo, era um assalto ao dinheiro
dessas três áreas - Educação, Saúde e Seguridade Social -, e esse dinheiro era
transferido e é transferido para, repito, pagamento de juros da dívida pública.
Mas, como se não bastasse
a DRU, o governo Temer, também nessa mesma toada, nesse mesmo diapasão, aprovou
a Emenda 95, congelando os investimentos sociais por 20 anos, inviabilizando, por
exemplo, na área em que nós atuamos, que é a Educação pública, o Plano Nacional
de Educação. Inviabilizaram, com a Emenda 95, todos os planos estaduais de Educação
e todos os planos municipais.
No Plano Nacional, por
exemplo, nós aprovamos, na Meta nº 20, um investimento de 10% do PIB em Educação
pública. Essa meta está totalmente inviabilizada com a Emenda 95 e será mais inviabilizada
agora, se essa proposta do Paulo Guedes e do Bolsonaro, de acabar com a
vinculação obrigatória, for aprovada, ou de juntar os dois orçamentos - Educação
e Saúde.
Então, essas alterações
são contra a Educação, contra a Saúde, contra o direito à Educação - no nosso
caso, à Educação. É também contra o SUS, contra o Sistema Único de Saúde. Eu
fico imaginando: se o SUS já é subfinanciado... A legislação do SUS é a melhor,
uma das melhores do mundo, do ponto de vista de universalizar o acesso à Saúde.
Todo aquele esqueleto
jurídico do SUS é o melhor possível, porém ele é subfinanciado. Eu fico
imaginando agora sem a vinculação obrigatória, sem dinheiro. Cada governador
vai investir quanto quiser, cada prefeito e mesmo o governo federal... Aí é que
vai ser o caos, e a população vai ser a mais prejudicada.
Na Educação também: hoje os estados são
obrigados a investir no mínimo 25% do orçamento em Educação, ou o que constar
nas suas respectivas constituições estaduais - na nossa, é de 30 por cento. Os
municípios também têm que investir 25%, a União tem que investir 18%, são os
investimentos obrigatórios.
Na proposta do Bolsonaro,
isso vai ser alterado, ou acabando com essa vinculação obrigatória, ou juntando
os dois orçamentos, para que os governantes de plantão possam jogar, transferindo
o dinheiro da Educação para a Saúde e da Saúde para a Educação. Então é isto
que está em curso no Brasil: um desmonte do estado brasileiro, um desmonte de
todos os direitos sociais, um desmonte da Constituição Federal de 88.
A Constituição de 88, a
Constituição Cidadã está sendo totalmente destruída no Brasil, e a população vai
pagar caro por isso, porque ela vai perder praticamente todos os direitos
conquistados até aqui. A escola pública será mais precarizada ainda; o Sistema
Único de Saúde, a Saúde pública será duramente atacada; a Seguridade Social...
Então todos esses projetos vêm nessa direção.
Aqui em São Paulo, o Doria,
que é mais realista do que o rei - é o Bolsodoria -, também intensifica esse processo
anunciando uma proposta de reforma da Previdência sem que a PEC paralela tenha
sido votada ainda. Só hoje foi promulgada a reforma da Previdência, mas ele já
se antecipou anunciando que faria, sim, o confisco, aumentando para 14%. O
secretário dele da Fazenda veio outro dia em uma das comissões de que eu
participei e só falava da reforma da Previdência, achava que era o ministro.
Então é isso, nós somos a
favor do projeto que está sendo debatido agora. Ele poderia ter sido melhorado,
nós conversamos, a deputada Adriana Borgo falou muito bem sobre isso, deu aqui
as orientações, mas não conseguimos apresentar a emenda a tempo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Neste momento,
passo a palavra à deputada Monica, para falar contra o projeto.
A
SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - A gente está votando aqui hoje, por
imposição e pressa do governo, mais um pacote que diz respeito ao funcionalismo
público, porque é assim que o pessoal encara os trabalhadores da Segurança
Pública. São trabalhadores e servidores públicos estaduais.
Mas, antes de
mais nada, eu também queria falar da proposta da reforma da Previdência,
anunciada pelo governador João Doria essa semana, que ainda não chegou na Casa,
mas a expectativa é de que sejam dois textos, um que aumenta em sete anos o
tempo de contribuição das mulheres e cinco para homens. E que aumenta, também,
a alíquota de contribuição, de 11 para 14 por cento.
A gente já sabe
que João Doria é inimigo dos servidores públicos, é inimigo do funcionalismo
público e que não tem nenhum apreço pelo serviço público. Inclusive, ele tem
sido muito transparente e muito fiel ao seu programa de governo, em que
prometeu enxugar esse estado de São Paulo a zero de serviço público.
E o serviço
público, na ponta, é o atendimento à população, principalmente a mais carente.
É Educação, é escola, é a segurança que a gente ainda não conhece como pública,
é o posto de saúde, é o atendimento médico, é a distribuição de renda, é a distribuição
de bem-estar.
Então, a gente
vai votar aqui, à revelia, às pressas, no final do ano, junto com o Orçamento.
E eu já devo anunciar aqui para a base do Governo que não vai ser simples. Eu
acho que o governador João Doria está muito confortável em achar que é
possível, que vai passar aqui, enviado goela abaixo, reforma da Previdência
junto com o Orçamento, junto com o plano plurianual, junto com uma proposta de
aumento vergonhosa para os trabalhadores da Segurança Pública.
Eu acho que
está na hora de a gente erguer a cabeça aqui nesta Casa e perguntar qual é o
nosso papel. Para que fomos eleitos? Para que estamos aqui nesta Casa? Se o
governador pudesse governar sozinho, segundo a sua própria ideia, cabeça,
cultura, religião, valores etc., nós ainda estaríamos em uma monarquia. Mas
isso não é uma monarquia e o governador João Doria não é rei. A sua vontade não
deve ser soberana.
Inclusive, o
nosso papel aqui é adicionar fatores, dados, pontos de vista e melhorar as
proposituras para garantir a maior pluralidade na tramitação dos projetos aqui
nesta Casa. E é o que, infelizmente, eu não vejo acontecer aqui na Assembleia
Legislativa. Desde que eu cheguei, em uma eleição em que muito se falou de
renovação política, de novas práticas, de transparência e participação popular,
de fazer política com as pessoas.
O que eu mais
escuto desde que eu cheguei aqui é que essa é a vontade do governo e que não há
nada que nós possamos fazer. Ou, se nós tentamos fazer alguma coisa, nós
estamos atrapalhando o ritmo da Casa. Qual é o ritmo da Casa se nós não somos
parte dela?
Não é possível
que a gente aceite goela abaixo votações concomitantes de tamanha importância
como são o plano plurianual, o Orçamento e a suporta reforma da Previdência,
que ainda não chegou, mas o governador mantém na imprensa que vai mandar goela
abaixo para esta Casa essa semana.
Entrando um
pouco no assunto em pauta, também quando eu me elegi, eu tive a percepção de
que a extrema direita, que hoje, infelizmente, governa o país, se elegeu
colocando nas pessoas um medo. Um medo de que nós estamos na iminência de uma
guerra, um medo de que nossa vida corre risco, um medo de que a gente tem
constantemente uma arma apontada na nossa cabeça.
A falta de
debate sobre segurança - e o Brasil não conhece Segurança Pública. O Brasil não
conhece Segurança Pública porque, se fosse pública, seria das pessoas, e as
pessoas não têm o direito mais essencial assegurado por políticas de estado,
que é a vida.
A nossa Segurança Pública
não é voltada para a proteção de vida das pessoas. Tanto é que a média é de oito
por cento dos crimes contra as vidas, dos assassinatos, que são resolvidos pela
polícia. A maior parte da população negra que está encarcerada hoje é por
tráfico de drogas e assalto.
Vale lembrar que a constituição
das polícias como elas são e os primeiros códigos penais brasileiros têm a ver
com a proteção da propriedade privada. A política de estado de segurança até
hoje segue essa regra. Ela existe para proteger a propriedade privada.
Em um país tão desigual a
gente deve saber que apenas uma minoria que é beneficiada por esse tipo de
política, enquanto uma maioria não tem nada, e para a limpeza social daquilo
que as elites não querem ver. Por isso uma política tão sanguinária contra as
drogas - que eu defendo e já debati aqui com o Campos Machado que deveria ser
uma política de Saúde e não de Segurança Pública.
Durante a ditadura
militar, a gente substituiu o papel da Polícia Civil de inteligência, de
pesquisa, por um maior corpo ostensivo. A Polícia Militar que nós temos hoje é
resultado disso. A gente militarizou e, com todo o respeito aos trabalhadores
da Segurança Pública, a gente deve saber que a nossa polícia tem formação
militar, portanto, para a guerra.
Ela não tem uma formação
para a resolução de conflitos. Ela não tem uma formação para a proteção de
vidas. Ela não tem uma formação para a comunidade e isso precisa mudar. Se a
gente insiste nesse modelo, a gente insiste num projeto que torna o Brasil um
dos países que tem número de guerra de morte de civis e policiais.
Nós somos um país com uma
alta letalidade policial, mas nós somos o país que mais mata agentes policiais
no mundo e a gente está falando de baixa patente.
A gente está falando de
policiais que ganham R$ 2.800,00, que o governador João Doria prometeu durante
a campanha que precisa valorizar e eu concordo. Se eu pudesse aqui da Assembleia
Legislativa... E quando eu me elegi - é isso que eu ia falar - tomei a decisão
de me debruçar sobre a Segurança Pública e ajudar a elaborar um projeto,
encaminhar para um projeto de preservação de vidas, que era isso a que deveria
se ater a Segurança Pública desde o início.
Mas quando o governador João
Doria promete a valorização dos policiais, eu entendo que é necessária a valorização
de todos os servidores. Todos os trabalhadores públicos que trabalham na
organização da coisa pública e que, no estado de São Paulo, são humilhados com
salários acachapantes que não dão conta de pagar os custos da sua vida.
Um policial militar que
ganha R$ 2.800,00, que não tem direitos garantidos para si, que é violentado
durante a sua formação, que em caso de descumprimento - tem também a rigorosa
diferença entre os de baixa patente e os da patente de cima - podem ser presos
porque o seu superior acredita que deve disciplinar dessa forma.
Que só recebe violência,
que não tem assistência jurídica, quem não tem assistência médica, que não tem
assistência psicológica, que não tem salário para pagar as contas da casa para
proteger sua esposa e seus filhos, seus companheiros que moram na mesma favela
onde são obrigados a operar como força repressiva do estado, vão receber aqui
do Governo do Estado de São Paulo cinco por cento de aumento.
Isso é para lembrar as
propostas do governador João Doria. Ele prometeu retirar a Polícia Militar do
lugar de mais mal paga do país. Para fazer esse feito, ele deveria oferecer
aqui minimamente um aumento de 50% para os trabalhadores de Segurança Pública.
Cinco por cento é uma vergonha. Mas é importante falar disso, porque, como a
gente viu aqui hoje, servidores sendo colocados contra servidores.
Porque ao mesmo tempo em que
ele ataca e não cumpre as promessas que fez aos senhores policiais, mas usou a
base repressiva do estado para fazer campanha; ao mesmo tempo em que ele ataca o
resto do funcionalismo público com uma reforma da Previdência, coloca servidor
contra servidor, contra os seus direitos.
Nós estamos assistindo
sistematicamente isso se formar e ao mesmo tempo que esta Casa não deve aceitar
os desmandos do governador João Doria, porque não deve ser assim. Ele não é rei
e não deve reinar absoluto sobre esta Assembleia Legislativa. É uma vergonha
que a gente não esteja organizado para apontar diferenças, para melhorar
projetos, para contribuir. O funcionalismo público também deve ficar atento. E
os policiais, eu também faço apelo: meu mandato, o mandato do PSOL, da Bancada
Ativista está à disposição.
Amanhã, a gente
tem uma audiência pública aqui na Casa para discutir a saúde mental dos
trabalhadores da Segurança Pública, porque a gente acha que é um passo
importante para garantir para eles melhor qualidade de vida e sobrevida, pois a
gente sabe que, pelo menos na Polícia Civil, o que mais mata é a saúde mental.
Os policiais civis estão morrendo mais por suicídio do que em combate. E também
para diminuir a violência na rua.
Mas a gente
precisa alertar os servidores todos de que, mais uma vez, vão usar a força
repressiva do estado contra servidores públicos que também estão lutando pelos
direitos de todos os outros servidores públicos. E é isso que são no final:
policiais militares, policiais civis, delegados, trabalhadores da Fundação
Casa, professores, enfermeiros, médicos - servidores públicos.
Servidores
públicos que, no governo do João Doria, não têm importância; servidores
públicos que, no governo do João Doria, não deveriam existir, porque quando um
governador diz que para ele o modelo ideal é o estado mínimo, a gente está
falando de um estado sem serviço. E, portanto, um estado sem servidor; e,
portanto, um estado que não distribui bem-estar e não cuida das pessoas.
Nós estamos
obstruindo, aqui, muito atentos, ouvindo os deputados que pensam diferente da
gente, que vêm de uma construção diferente da gente, que têm um acúmulo
diferente da gente, porque a gente acha que é muito importante envolver os
trabalhadores nas decisões que serão tomadas sobre a sua rotina de trabalho.
Nesse momento,
é muito importante toda a categoria de servidores estar junta, unida; é
importante que a gente consiga garantir aqui que essa audácia... E eu considero
o envio da reforma da Previdência do João Doria à Assembleia Legislativa, antes de terminar a tramitação no Congresso
Nacional, uma sinalização, para a extrema direita, de que ele pode ser essa
figura no futuro. Sabemos que João Doria ainda está em campanha - quer dizer,
já está em campanha -, que gostaria de ter concorrido à presidência.
Não conseguiu por disputas internas do PSDB, mas não
desiste. Está, inclusive, abrigando boa parte da extrema direita dissidente da
bagunça que é o PSL no partido, já armando o PSDB como uma alternativa à
extrema direita e assumindo, inclusive, a sua pauta. E, se a burguesia acha que
o maior pacto social da história desse país, que é a Previdência que a gente
tem, é um incômodo; que garantir a vida dos mais velhos, garantir uma pensão
justa, garantir uma velhice segura, com direito a pagar as contas, é uma
afronta...
E as escolhas econômicas são, antes de mais nada,
políticas. A gente poderia estar discutindo, aqui, corte nos subsídios a empresas,
nos incentivos fiscais; a gente poderia, aqui, estar abrindo e prestando conta
dos incentivos fiscais, mas não. A gente quer dizer que o maior pacto social da
história desse país, que é a Previdência, é o grande problema das contas
públicas, porque a gente não tem apreço às vidas. Tanto protegê-las na sua
velhice, quanto protegê-las no dia a dia, na sua ida e na sua volta para casa.
O Brasil - vou reafirmar - não conhece, não se debruça
e não gostaria de desenvolver uma Segurança de fato pública, que tenha como
princípio garantir a vida de todas e todos como o direito mais fundamental e
inviolável. A gente está diante de uma elite que está medindo forças e
apresentando uma para outra quem é que pode ser mais eficiente num plano brutal
de retirada de direitos.
E, aqui na Assembleia, o Doria tem sido muito
eficiente, tem conseguido aprovar os projetos de maneira muito rápida, sem
nenhuma - ou quase nenhuma - objeção, porque a base do Governo, aqui na Casa, e
esse Parlamento têm se responsabilizado por garantir a facilitação de um
projeto de eliminação do estado de São Paulo. A gente deve chegar ao final
desses anos, se continuar tudo nesse ritmo... E eu faço um apelo para que não;
a gente tem muitos debates bombas encavalados nesse final de ano.
Mas, se continuar nesse ritmo, a gente deve chegar ao
final desses quatro anos sem nenhum ou quase nenhum serviço público ou servidor público com seu
direito garantido e assegurado. E servidores públicos, mais uma vez eu vou
repetir, são todos: da Segurança Pública, da escola, do hospital, os
administrativos. É muito importante que nós estejamos juntos nesse momento
contra os ataques do governador João Doria.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a
favor do projeto, nobre deputado Paulo Fiorilo.
A
SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra
V. Exa. enquanto o deputado Paulo Fiorilo se dirige à tribuna.
A
SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - PARA COMUNICAÇÃO -
Apenas para dizer que hoje foi inaugurada aqui na Casa uma exposição da
Fundação Oncocentro, ali no mezanino, com os trabalhos que eles realizam, pelo
menos uma rápida síntese dos trabalhos que eles realizam. Então, a gente
aproveita essa oportunidade para que todas as deputadas e deputados possam
passar por ali, até para valorizar os trabalhadores, para valorizar os
pacientes que recebem os serviços daquela importante fundação.
Está ali na Assembleia. Acho que essas
práticas que a Casa tem disponibilizado nos últimos tempos ajudam, porque faz
com que essas entidades se tornem mais conhecidas e, ao mesmo tempo, aproxima a
população para que ela conheça trabalhos que muitas vezes ela tem absoluto
desconhecimento.
Portanto, fica aqui para todos saberem
que a exposição segue a semana toda. E seria importante, Sr. Presidente,
inclusive V. Exa. dar uma passadinha por lá para dar uma prestigiada na
exposição.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Passaremos lá,
deputada Beth.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT – SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente,
Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectadores da TV
Alesp, assessoria das bancadas, eu me
inscrevi para falar a favor do Projeto de lei nº 77/2019, que altera dispositivos
da Lei nº 452, de 2 de outubro de 1974, que institui a
Caixa Beneficente da Polícia Militar, estabelece os regimes de pensão e
assistência médico-hospitalar e odontológica e dá outras providências.
Mas o projeto,
na realidade, trata apenas e tão somente, da questão da assistência jurídica,
que é o que eu vou aqui apresentar aos nobres pares.
O Artigo 1º, os
dispositivos diante indicados da Lei nº 452, de 2 de outubro, passam a vigorar
com a seguinte redação: aí ele vai no § 2º “A CBPM prestará assistência
jurídica nos termos dessa lei”.
E aí o capito
do Art. 35. Art. 35 - “A CBPM prestará
assistência jurídica gratuita para a defesa dos policiais militares por atos
praticados em razão do exercício de suas funções na forma que dispuser o
regulamento”. (Nota do redator.)
Agora vamos ao
que é o projeto, a Lei nº 452, o que diz lá o Art.2º. Lei 452 de 2 de outubro
de 1974 - Art. 1º, § 2º - “A Caixa Beneficente da Polícia Militar do Estado de
São Paulo, CBPM, prestará aos seus contribuintes assistência jurídica nos
termos dessa lei.” Reparem que a lei de 74 já diz isso.
Qual é a
alteração? “... gratuita para defesa dos
policiais militares por atos praticados em razão do exercício de suas funções”.
A lei de 74 já diz de “prestação de assistência jurídica”. E aí, dialogando com
a deputada Adriana, nós descobrimos qual é o problema. E aí eu queria dialogar
com os policiais militares, mas para isso eu queria ouvir a deputada Adriana,
que acumulou nessa área qual é o grande problema que o projeto não trata. E aí
eu queria conceder um aparte à senhora, deputada.
A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR -
Deputado, na verdade, essa obrigatoriedade já é antiga, como o senhor disse, de
setenta e quatro. Qual é a dificuldade do policial militar? As excludentes
exatas desse projeto é o que mais condena o policial. Ou seja, ele não precisa
de um advogado penal. Isso aí a Promotoria dá. Ele não precisa.
Ele precisa de
um especialista, na verdade, que saiba do administrativo. E isso a CBPM, como
ela vai cadastrar, se nós temos pouquíssimos na área, e que não vão se submeter
a receber uma miséria que a CBPM vai pagar, sendo que ele ganha bem com
processos particulares?
Ou seja, o
policial vai continuar sendo desprotegido. Isso é uma farsa, é uma mentira.
Então, de nada adianta isso para a gente.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT – Muito obrigado, deputada. Eu
acho que trouxe aqui um pouco de luz a um projeto que poderia resolver o
problema dos policiais, que poderia ajudar os policiais, se tivesse feito do
jeito que precisa ser feito.
E,
infelizmente, o que está escrito aqui não resolve.
A SRA. ADRIANA BORGO – PROS – Não resolve. E mais: nós temos
que, a gente fica entre a cruz e a espada. Para quem não tem nada, como diz a
deputada Janaina, é uma grande coisa.
Mas, na
verdade, nada de nada continua sendo nada. E os policiais vivem nesse engodo,
ficam sendo mandados embora, demitidos pelo administrativo. Eles são
absolvidos. Nós temos aqui na Casa, deputado, um grupo chamado Cinza
Bandeirantes.
Ontem, lotaram
aqui a galeria do Kubitscheck policiais demitidos injustamente sendo absolvidos
em todas as esferas. Por quê? Porque não adianta, mesmo com especialistas, você
ter o melhor advogado administrativo porque o regulamento da polícia se
sobrepõe.
Então, não
adianta vir com um projetinho desse se a gente não mudar o regulamento da
Polícia, o Estatuto da Polícia. Isso daí é mentira, mas já existe. Mas, isso
aí, o texto, precisava ser aprimorado.
Eu não sou
contra o projeto, mas eu acho que precisava ser com mais calma. Para que tanta
pressa? Ficou até agora sem nada, vamos conversar, vamos ouvir, vamos
contribuir para esse projeto. É só isso que nós queríamos: que tivéssemos tempo
para poder fazer um projeto que quando o Executivo mandasse para cá fosse
completo.
Pelo menos,
menos falso, menos mentiroso.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT – Obrigado, deputada. Mas, se a
senhora quiser continuar no microfone de aparte, eu vou continuar. E, quem
sabe, a senhora vai poder me ajudar. Até porque eu me inscrevi para defender o
projeto.
Bom, primeiro,
a senhora está dizendo que nada de nada é exatamente nada. Então, eu fico
impressionado, porque muitas vezes as pessoas querem transformar o nada numa
coisa impressionante.
Desde os cinco
por cento até uma medida como essa, que não resolve nada dos policiais.
Então, aqui,
mais uma vez, me parece que o governador pautou a questão da Segurança porque
deve estar olhando pesquisas, olhando para a situação dele nesse momento tão
delicado.
E, por isso,
precisa dar uma resposta. E quando dá a resposta, dá uma resposta incompleta,
dá uma resposta que não resolve o problema dos policiais.
Aqui nós
tínhamos que construir uma emenda que dissesse exatamente isso que a senhora
trouxe. É preciso ter profissionais que defendam os policiais na área
administrativa, e não desta forma, genérica, que não resolverá o problema dos
policiais.
E a senhora
propõe uma coisa importante: por que nós não podemos ter um pouquinho mais de
tempo, de parcimônia? É a mesma coisa os cinco por cento. “Ah, cinco por cento.
Quem votar contra está votando contra os policiais.” Que estranho esse
discurso.
Quem votar
contra está votando contra um absurdo, uma barbárie, de cinco por cento.
Depois, aqui, nós vamos fazer o debate dos cinco por cento. Eu queria ouvir os
deputados defendendo aqui os cinco por cento, com qual argumento.
Sabe por quê? O
impacto dos cinco por cento não chega a um bilhão. Quando nós damos dezessete
bilhões para empresários só de ICMS, mais quatro bilhões do IPVA. Então, os
policiais não merecem uma discussão maior? Quem sabe nós não pudéssemos aqui
incorporar emendas com aumento escalonado.
Quem sabe aqui
no projeto a gente não pudesse fazer uma emenda para poder garantir minimamente
a defesa desses policiais?
Então, eu
queria, deputada Adriana, que a senhora pudesse dizer aqui para a gente qual
podia ser a saída. Por exemplo, não vamos votar esse projeto. Vamos tentar
construir uma saída. E, aqui, não tem absolutamente nada que não possa ser
resolvido com uma conversa.
Por que a
pressa, a correria? Então, eu queria deixar aqui para a senhora que pudesse
formular uma proposta. Quem sabe, a gente não pudesse convencer os deputados
que um ou dois dias a mais não vai mudar a vida das pessoas, mas vai mudar a dos
policiais, que precisam tanto.
A SRA. ADRIANA BORGO – PROS – Com certeza. Os nossos policiais
são extensão do estado. Quando um policial é demitido, como está acontecendo,
com 25 anos, 27 anos, 28 anos, um policial que estava ontem aqui na nossa audiência
pública, no mesmo dia em que ele se aposentaria, nós temos a certeza de que há uma
manobra muito forte por trás disso, e que, na verdade, a intenção de ajudar é,
pelo menos, escura. Não há uma clareza, porque se a gente quer ajudar, a gente
vai ouvir quem entende.
Como o deputado
Carlão falou que eu não entendo de Segurança Pública, talvez seja porque eu não
tenha nunca vestido uma farda, mas eu lavei muitas fardas, e é a família que
fica de joelhos, é a família que sabe quanto é que custa passar necessidade, é
a família que troca o marido policial morto, defendendo a sociedade, por uma
bandeira gelada.
Somos nós,
familiares. É a esposa que entrega um policial menino, um marido menino, para
servir na instituição e recebe um policial já cansado, estressado, com
problemas mentais, porque a Polícia transforma.
Ninguém foi
feito para matar. Todo mundo foi feito para amar, para a vida, e o policial tem
frações de segundos para definir isso. O que é vida, o que é viver, o que é
morrer, o que é matar, e se proteger.
Aí, quando ele
precisa de apoio, quando ele precisa ser defendido com bons profissionais, ele
não tem, porque ele tem que vender a casa, o carro, se enfiar em empréstimo,
porque ele é absolvido em todas as esferas, mas o administrativo, a
Constituição Estadual, que dá o poder para o comandante da Polícia Militar
decidir a demissão do policial é maior do que a Constituição Federal, é maior
do que os poderes que são constituídos para julgar.
Então, isso é um absurdo. Tem coisas mais
importantes que nós temos que rever. Isso aí é secundário, porque o policial
sabe que conta com a Promotoria. O policial sabe que, se ele precisar, ele tem
que ter um especialista. Coloca direito aí no texto, aí nós estaremos fazendo a
Justiça correta, e, sim, beneficiando os nossos policiais. Isso aí é um engodo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, deputada. Vou dizer que
eu fiquei aqui emocionado com o depoimento da senhora, até porque a senhora
falou de marido, mas a gente podia dizer quantas mães não entregaram os seus
filhos para Polícia Militar, e vão receber em troca um filho com muitas
dificuldades.
Ou a gente aqui
encara esse debate com seriedade e coloca o dedo na ferida, ou nós vamos aprovar
um projeto que nem um paliativo é. Será que o governador está querendo
apresentar projetos para poder dizer que fez, que aprovou, que mudou, enquanto
não vai mudar a vida dos policiais?
Esse é o grande
debate que nós devíamos estar fazendo aqui. Tanto para os maridos, como para os
filhos, como para os irmãos de policiais. A senhora não vestiu a farda, mas eu
tenho certeza de que a senhora deve saber muito mais do que muitos que defendem
um projeto como esse, e não têm um conhecimento de causa.
Então, eu acho,
deputada Adriana, que a senhora vai poder contar com o esforço da bancada do PT,
do PSOL, do PCdoB, e de outros partidos que têm essa preocupação. Aqui nós
temos vários policiais. Alguns estão na reserva, a maioria deles, porque foram
eleitos, mas que sabem o que significa estar na rua. Estou vendo aqui o Major
Mecca, que tem feito aqui discursos muito eloquentes contra o governador,
contra o reajuste de cinco por cento.
Acho até que o
Major Mecca poderia dar uma contribuição importante neste debate, porque viveu
o dia a dia, e outros que defendem os policiais, e outros que dialogam com os
policiais. Eu estou vendo aqui o deputado Gil Diniz. Tem sido um defensor da
Polícia, tem dialogado a melhoria de batalhões, em especial 38º, que fica lá em
São Mateus.
Agora, nós precisamos
também melhorar a defesa deles, porque não adianta absolutamente nada se não
dermos uma possibilidade de defesa digna, correta, capaz, porque paliativo não vai
mudar a vida de ninguém. Ao contrário, vai só servir de discurso fácil e barato
para o governador.
Nós já sabemos,
o governador tem um projeto político. Quer ser presidente da República. Aliás, trabalha
todo dia com esse projeto político, mesmo quando diz que foi eleito para
governar. E agora é hora de governar. É só olhar as atitudes do governador, os
projetos do governador, a forma como se posiciona, a disputa com o presidente
da República.
É permanente.
Ele está olhando para a próxima eleição para presidente da República. É um
direito dele? É. Só que qual é o problema? O estado paga o pato. Paga caro. Os
policiais pagam caro. As mulheres dos policiais pagam caro. As mães dos
policiais pagam caro. Até quando? Até quando nós vamos viver dessa hipocrisia, de
um projeto que é um paliativo? Ou melhor, que não precisava estar na pauta. A
gente podia estar discutindo outras coisas mais importantes. Acho que a senhora
concorda com isso.
A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Concordo com isso. O meu voto,
nesse caso, como a gente não tem nada... Nós perdemos o prazo para uma emenda.
Na verdade, a gente comeu uma pequena bola, então tenho que votar favorável,
mas já deixo aqui de antemão que sou contra os cinco por cento e não é pelos
cinco por cento, porque é capaz de, ainda, o governo jogar nas nossas costas o
ônus dos cinco por cento, se, por acaso, a maioria votar contra.
Mas cinco por
cento não vale a vida e o sacrifício de nossos policiais. Para um policial como
meu esposo, da reserva, significa 82 reais. Oitenta e dois sem o desconto da Previdência.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Se a senhora pudesse dizer de
quanto vai ser o desconto da Previdência... Se o projeto for aprovado, de 11
para 14, ele vai ter um desconto de quanto? De 60 reais?
A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Sessenta e dois reais.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - É, ele vai ter um desconto de 62
reais e um aumento de 82 reais. Vai ter um aumento de 20 reais. Vinte reais
deve ser um aumento muito grande, não é?
A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Pois é. Quanto é que custa um
remédio? Quanto é que custa qualquer coisa hoje? Eu brinco bastante que não dá
nem para levar os netos no McDonald’s no dia do pagamento, porque não dá para
pagar para todo mundo.
Então, para
quem deu a vida, anos e anos de dedicação à sociedade... Quando a gente fala do
policial, a gente pensa que essa bonificação, por exemplo, que ele vai colocar,
que ele está aumentando, é para todo mundo, mas não é. Os batalhões são
sorteados.
Não é mensal,
que todo mundo vai receber aquilo. É sorteio. Esse batalhão teve a
produtividade, eu pago para esse. Aquele teve, pago para aquele. Os outros,
não. Então, é mentira achar que vai ter um aumento real mensal fixo, porque não
é fixo, esse bônus. E quando você aposenta, você não leva isso.
Então, é uma
maneira de segurar a tropa. É uma maneira de dizer para os ativos: “Olha, está
aí, está bom para você, fica na sua, te dei Dejem, delegada, dois bicos
oficiais para você se matar, não ter tempo de se politizar e aprender o que
está acontecendo aqui dentro”. Entendeu? Esse é o papel do governo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Muito obrigado, deputada.
A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Obrigada ao senhor.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Tenho impressão de que hoje a
gente pôde fazer um debate de alto nível com uma pessoa que tem muito a
contribuir nesse debate.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar
contra o projeto, o nobre deputado Enio Tatto.
O
SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr.
Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, me
inscrevi para falar contra, mas, mais uma vez, lembro que a bancada do Partido
dos Trabalhadores sempre votou a favor dos projetos relativos ao funcionalismo.
Antes de
iniciar minha fala sobre o projeto, Sr. Presidente, deputado Cauê Macris,
deputado Carlão Pignatari, quero desejar toda a sorte do mundo e melhoras ao
prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Que Deus ilumine os médicos e ele também,
para que melhore o mais rápido possível e possa terminar o exercício de seu
mandato.
O prefeito
Bruno Covas foi deputado conosco aqui. Tive o prazer de ser deputado, durante
quatro anos, com ele. Foi presidente da Comissão de Finanças e Orçamento e
contribuiu bastante com esta Casa desde quando era assessor da bancada do PSDB.
Então, melhoras, Bruno!
Hoje é um dia
muito feliz para nós. Na sexta-feira, tivemos o presidente Lula, nosso grande
líder, o maior líder de todos os tempos deste país, para nós do PT e para a
grande maioria do povo brasileiro, solto.
A decisão do
Supremo Tribunal Federal é uma decisão que temos que respeitar, pois foi tomada
com base na Constituição. Não tem discussão. É isso. Se quiserem mudar a
Constituição, que convoquem uma constituinte e que mudem, já que falamos de uma
cláusula pétrea.
E, Professora
Bebel, deputados, como é gostoso a gente ver um líder que, no dia em que foi
preso, foi carregado pelo povo. Ele se entregou e em nenhum momento, nos 580
dias em que esteve preso, passou pessimismo para a população brasileira, em
especial para os militantes, para os simpatizantes do Partido dos
Trabalhadores.
Ele trazia
sempre energia para a gente. Quando a gente usava a tribuna para falar dele,
fazíamos com muito orgulho, por se tratar da defesa de um preso político, de um
líder preso injustamente. E nada melhor do que um dia após o outro para a
verdade se revelar.
Eu imagino que
logo devam sair pesquisas mostrando que Lula saiu maior da prisão do que quando
entrou. Se ele tinha uma popularidade que amedrontava seus adversários na época
do golpe, do impeachment da Dilma, porque ele liderava as pesquisas e ganharia as
eleições no primeiro turno, podemos ter certeza que, depois da prisão dos 580
dias, as próximas pesquisas vão mostrar que ele está mais popular ainda.
A população
brasileira o quer de volta para conduzir este País, porque não apareceu nenhum
líder como ele para dar rumo, com projeto, para o Brasil. Ele vai trazer
felicidade, principalmente para as pessoas mais necessitadas, com a geração de
emprego e renda.
Os projetos que
apareceram foram os de tirar direitos dos trabalhadores, com a precarização do
trabalho, aumento da economia informal e aprofundamento do desemprego.
Será que as
pessoas que estão na rua vendendo bala, vendendo doce, vendendo água, vendendo
refrigerante, vendendo pano de prato estão felizes? Elas têm alguma segurança?
Isso é contado como emprego? Como uma alternativa de sobrevivência das pessoas?
É dessa forma que está o Brasil.
Então, é muito
bom para toda a população brasileira ver o Lula livre, voltando a conversar com
o povo, a preparar viagens pelo País para falar de perspectivas, de saídas para
o quadro atual.
A gente vê que
é normal, quando chegamos a qualquer lugar e perguntamos qual foi o melhor
presidente de todos os tempos que tivemos no Brasil ouvir a resposta: Lula.
Quando sua vida melhorou? Quando você foi mais feliz? As pessoas vão falar:
“Foi nos anos do Lula como presidente”.
Disso a gente
não tem dúvida. Até os ricos ganharam dinheiro. Os banqueiros ganharam
dinheiro, os fazendeiros ganharam dinheiro com Lula. O Lula distribuiu renda e
fez com que o povo que mais precisava melhorasse as condições de vida.
Então, a nossa
felicidade é muito grande, porque a gente tem esse grande líder que vai
mobilizar a população brasileira, vai conversar com os demais partidos do campo
democrático, para a gente ter uma saída deste estado de miséria em que nos
encontramos.
Nenhum líder no
Brasil teve ou tem a capacidade do presidente Lula de aglutinar forças
políticas, por isso temos esperanças de que o Brasil vá melhorar e, muito, com
Lula.
Sobre os
projetos, queria falar dos três. Foi muito boa a participação da deputada
Adriana aqui, fazendo um bate-papo com o deputado Paulo Fiorilo. O governador
Doria prometeu na campanha eleitoral melhorar o salário do funcionalismo
público, em especial da área da Segurança Pública. Prometeu que ao final de seu
mandato os servidores teriam o maior ou um dos maiores salários do Brasil.
Estamos vendo que isso foi apenas discurso, que na prática não vai acontecer.
Vou dar um dado aqui - e
eu estava conversando com o deputado Neri sobre isso - em fevereiro, ele deu
quatro por cento de reajuste para a categoria. Em fevereiro do ano passado,
deputado Conte Lopes. A inflação de fevereiro do ano passado para setembro
deste ano é de 6,3% e o governador propõe 5%. No período de 2013 até 2018,
fiquei sabendo agora, não houve reposição da inflação.
Então, há uma defasagem
de mais 30% nos salários somente nesses anos recentes.
Esse projeto vai entrar
em vigor, se aprovado, em janeiro. Até lá teremos, pelo menos, mais meio por
cento de inflação. Mas o que me assusta são as pessoas subirem na tribuna e
fazerem uma narrativa aqui e colocar o seguinte - a deputada Janaina colocou
aqui - que o deputado que votar contra esse projeto está votando contra a
categoria, contra os policiais; que é melhor cinco do que nada.
Esse discurso, gente, é
tudo que o governador Doria quer. É um discurso adesista. É um discurso dos
ficam de cabeça baixa, de joelhos. É como dizer que se a proposta de aumento
fosse de 1% seria bom, afinal 1% é mais do que zero.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - O
senhor me permite um aparte, deputado Enio Tatto?
O
SR. ENIO LULA TATTO - PT -
Pois não, deputado Barba.
O
SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - COM
ASSENTIMENTO DO ORADOR - Só para alertar a todos os deputados, inclusive a
deputada Janaina, que o aumento de 5% não será aplicado este ano. Será aplicado
só a partir de janeiro de 2020. Então, nós temos um tempo de debate - talvez
tenha passado despercebida essa parte - para tentar melhorar e tentar recuperar
uma parte disso.
Talvez a senhora não
tenha percebido essa... Ou talvez tenha percebido, mas preocupada em não ter
nada - é melhor ter cinco - é que talvez tenha feito essa fala. Mas o aumento
divulgado pelo João Doria, publicado em toda a imprensa paulista, é que só será
aplicado a partir de janeiro de 2020.
De março de 2018 até
agora, a perda é de 6,03 por cento. Se o governador tivesse aplicado a partir
do dia que ele publicou e falar: “Vamos publicar; vale a partir desse mês.
Vamos pelo menos repor a perda porque o passado não é meu”, mas aplicasse
6,03%, que é a perda realizada de março até agora. Só para dar essa
contribuição. Obrigado pelo aparte.
O
SR. ENIO LULA TATTO - PT - Obrigado,
deputado Barba. Isso é muito complicado, sabe por quê? Porque a gente acaba aceitando as coisas do governador. Vamos ser
só carimbadores dos projetos do governador? “Ah, mas não adianta fazer emendas,
que é inconstitucional. Você não pode, vão ser derrubadas”. É desse jeito que
funciona o Parlamento? É aceitando? É ficando quieto?
Aqui nesta Casa já
chegaram projetos que foram questionados, levando o governador a retirá-los
para depois enviar outros melhorados. Professora Bebel, houve projetos enviados
que foram debatidos e alterados pela oposição. O Parlamento é isso.
É um espaço para a gente
debater, conversar, mudar para propostas para melhor. Caso contrário, não
precisaria ter a Assembleia Legislativa. E, mais: abre-se um precedente enorme
quando aceitamos aprovar um projeto dessa forma, deputada Janaina.
Sabe por quê? Porque, se
a mensagem para a área da Segurança for aceita como está, o governador vai
confiar que a Assembleia continuará aprovando o que envia sem debate, sem
audiências públicas, sem diálogo.
E, nessa
narrativa de que é melhor um, dois, três, quatro ou cinco do que nada, ele vai
falar o seguinte: “opa, lá está tranquilo; por que vou mandar aumento maior
para os professores se o da Segurança Pública foi aprovado com facilidade? Por
que vou mandar um projeto dando aumento maior para a área da Saúde se a
aprovação do da Segurança foi tranquila?”. É isso que vai acontecer.
Então, a gente
precisa tomar muito cuidado, porque, se não reagirmos, se não criarmos
dificuldade para o governador, ele vai se acostumar a mandar projetos da forma
que ele quer, sem ouvir a população, sem ouvir as categorias representativas. E
a Assembleia Legislativa não vai fazer debate algum.
Tem outra coisa
que me espanta: onde estão os deputados da área de Segurança Pública para subir
nesta tribuna e debater a proposta? É uma unanimidade dentro da área de
Segurança Pública que é o reajuste é baixo. E vocês não vão se pronunciar, não
vão subir na tribuna?
O lugar de
questionar, de reivindicar, de melhorar a qualidade de vida de todos nós e das
categorias da Segurança Pública, da área da Segurança Pública, é aqui nesta
tribuna. Não é ir lá conchavar com o governador sozinho, conseguir algumas
migalhas particulares e deixar o restante da categoria abandonada.
Não há risco de
redução do percentual de cinco por cento. Não se vai aprovar menos do que isso.
Todo mundo aqui é favorável ao aumento, à melhora desse percentual. Então,
vamos brigar por essa melhora.
Então, é isso,
Sr. Presidente. A bancada do PT, através do nosso líder, protocolou aqui
emendas propondo reajuste maior, e a gente espera o apoio dos deputados, para
aumentar os salários área de Segurança Pública aqui no estado de São Paulo.
Era isso, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para falar a
favor do projeto, nobre deputada Márcia Lia.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT
- Muito boa noite a todos e a todas. O que nos traz
aqui para fazer esse diálogo é o momento difícil que nós estamos vivendo nessa
Assembleia Legislativa, com esse debate muito truncado em relação aos policiais
militares, policiais civis, Polícia Técnico-Científica, todos aqueles que
integram o corpo de servidores, de funcionários da Segurança Pública do estado
de São Paulo.
Não é segredo para ninguém, deputado Barba, que nos
mais de 25 anos do governo do PSDB o que se fez, tanto da área da Educação, quanto na área da
Segurança Pública, e todas as carreiras que envolvem o funcionalismo público
estadual foi a desvalorização, foi o desprestígio que essas carreiras,
especialmente a de Segurança Pública, sofreram com os baixos salários, com as
deficientes condições de trabalho e com as dificuldades todas que os servidores
têm enfrentado.
Hoje, eu não
tenho dúvidas, deputado Agente Federal Danilo Balas, eu não tenho dúvida de que
se não fossem as prefeituras estarem muitas vezes pagando aluguéis, resolvendo
problemas dos bombeiros, dos policiais, pagando alimentação, pagando
combustível e muitas vezes pagando, inclusive, o conserto de veículos que
quebram demais por conta da idade da frota.
Tudo isso as
prefeituras têm mantido a duras penas. As pessoas que trabalham, ou como que
trabalharam no Estado como delegados, como juízes, como servidores da área da
Educação, sabem muito bem das condições péssimas oferecidas ao longo desses 25
anos de governo de PSDB
E agora chegam
aqui vários projetos de lei, esse específico, que nós estamos discutindo, que é
o Projeto de lei Complementar nº 77, ele propõe alteração na Lei 452, de 2 de
outubro de 74, no que toca especificamente à prestação de assistência judiciária
gratuita ao policial militar contribuinte da Caixa Beneficente da Polícia
Militar.
Como foi bem
explanado pelos meus antecessores aqui neste plenário, a deputada Adriana Borgo
colocou muito bem todas as dificuldades pelas quais passam as famílias dos
policiais militares, dos policiais civis, enfim, a gente sabe que isso aqui
resolve muito pouco a situação que hoje dificulta demais a vida desses
policiais. Lá no Colégio de Líderes, inclusive, a deputada Adriana e outros
deputados, se posicionaram na perspectiva de que a gente pudesse melhorar esse
projeto de lei.
Há uma questão,
e a deputada Adriana coloca muito bem essa questão, que é a necessidade do
esclarecimento de que essa assistência jurídica tem que ser feita por advogados
que tenham condições de trabalhar os processos administrativos. Por várias
razões; e a deputada Adriana sabe muito bem quais são.
Uma delas,
deputada, eu vou relatar para as pessoas que nos assistem aqui, é que processos
administrativos, com legislação específica, que é o caso da Polícia Militar,
que é o caso dos servidores, ela tem as suas peculiaridades.
São detalhes
que só advogados especialíssimos, aqueles que devoram a legislação específica,
têm condição, de fato, de saber onde pegam as pequenas peninhas de um processo
dessa natureza, para poder defender, de verdade, aqueles que, muitas vezes, são
injustamente afastados da Polícia Militar, exonerados, e sofrem consequências
graves.
A deputada
Adriana estava me contando de uma situação de um policial. Eu não vou falar
quantos anos ela me disse, porque senão podem descobrir quem é que foi
demitido, deputado Jorge do Carmo, foi exonerado da sua função depois de mais
de 20 anos de trabalho, porque, inadvertidamente, ele abriu uma geladeira e
comeu um pedaço de doce.
Dá para
acreditar nisso? A pessoa expõe a sua vida rotineiramente, porque a gente sabe
que todas as vezes em que um policial entra num veículo e sai para cumprir a
sua tarefa, ele está expondo a sua vida a risco.
Ele sai e sua
família fica agoniada, com o coração apertado, porque sabe que ele pode sofrer
uma emboscada; que, nas periferias, muitas vezes, no confronto, infelizmente, o
jovem, principalmente o jovem negro, se vê à mercê de policiais que, às vezes,
são violentos.
Esses, sim, têm
que sofrer as consequências da penalidade administrativa, da penalidade
criminal, da penalidade civil, ser afastado, ser exonerado – óbvio que dentro
do devido processo legal, e óbvio que garantindo a ampla defesa, garantindo o
contraditório, garantindo todas as garantias constitucionais, que estão
inseridas na Constituição e na legislação infraconstitucional.
Então, essa
situação, esse projeto de lei, poderia, sim, ter sido melhorado. Porque lá no
Colégio de Líderes nós conversamos a respeito da possibilidade de que nós
apresentássemos algumas alternativas para melhorar o projeto de lei.
Mas a gente
sabe que não há interesse. A gente sabe que não há interesse. E, hoje, no
estado de São Paulo, o salário dos policiais é o segundo salário de baixo para
cima, é o segundo salário, o pior salário, que se paga para a Polícia.
E, não é só
isso. Não é só isso. Muitas vezes, a Polícia Civil não tem o instrumental
necessário. Eu me lembro da época em que meu marido era médico legista. E
quando eles tinham que providenciar, por exemplo, uma exumação, que é algo
extremamente agressivo, tanto do ponto de vista psicológico, quanto do ponto de
vista social, quando do ponto de vista da situação que se apresenta, você ter
que desenterrar um cadáver para fazer exame de corpo de delito, se os médicos e
toda a equipe pretendia não sentir aquele odor fétido, desagradável, eles
tinham que, do próprio bolso, comprar os equipamentos de proteção, porque a
Polícia não dava equipamento de proteção.
Quantas e
quantas vezes eu vi. Porque tem um outro detalhe para os médicos legistas:
muitas vezes, tem um médico legista para atender uma população no entorno da
cidade que atinge muitos municípios.
E, muitas
vezes, o policial tinha que sair da sua cidade de origem para ir a longínquas
outras localidades para poder fazer o atendimento necessário para que houvesse
uma boa instrução do processo criminal.
E tudo isso vem
sendo, ao longo dos últimos 20 e poucos anos, 25, 26 anos, piorado, a cada dia
mais piorado, a cada dia mais piorado.
Eu me lembro
muito bem, na campanha, o que foi prometido para os policiais, e por isso que
muitos policiais acreditaram e votaram no João Agripino, como diz o deputado
Campos Machado... Votaram acreditando, deputado Campos Machado, que tinha
chegado a hora de eles terem, de fato.
Eu não digo
aumento real, não. Eu digo que eles tinham acreditado que eles iam conseguir
recuperar parte das perdas salariais, que ao longo desses anos foram
infringidas a eles.
Isso não é o
que está se configurando. Aliás, diga-se de passagem, muitas das promessas de
campanha não estão sendo cumpridas, como, por exemplo, as delegacias 24 horas.
Nós tivemos um projeto da deputada Beth Sahão, que foi aprovado nesta Casa,
para que nós tivéssemos as delegacias da mulher 24 horas.
Foi promessa de
campanha do João Agripino, e ele não cumpriu a promessa. Pelo contrário, vetou
o projeto de lei da deputada Beth Sahão, e nós precisamos derrubar esse veto,
deputada. Precisamos, porque as mulheres estão sofrendo. Aumentou
consideravelmente o feminicídio no estado de São Paulo.
Os índices são
alarmantes, e a nossa Polícia Técnica, a nossa Polícia Civil, a nossa Polícia
Militar, não têm conseguido cumprir, da forma como gostariam, como deveriam e
como poderiam, porque não têm motivação, muitas vezes, porque expõem sua vida a
risco, porque têm tantas dificuldades, e, quando chega na hora de vir um
projeto para garantir a assistência jurídica aos beneficiários da caixa
beneficente da Polícia Militar, chega aqui um projeto de lei que não atende
aquilo que deveria estar atendendo, qual seja, de que os advogados fossem
advogados especialistas em cuidar de processos administrativos.
A gente não
pode colocar o advogado tributarista, por exemplo, para cuidar de processos de
natureza administrativa. A gente não pode aceitar que um criminalista, aquele
que só faz crime, tenha condições, porque ele não conhece as nuances, as
verdadeiras nuances que podem levar, reconduzir, reintegrar uma pessoa que,
injustamente, diga-se de passagem... Porque aqueles que não estão sendo
penalizados de forma injusta têm que responder óbvio. Tem que ter a defesa...
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Cauê Macris.
* * *
O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Eu entendo que este debate é
muito importante, e eu constato que não tem 24 deputados no plenário. Eu quero
pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE -
CEZAR - PSDB -
É regimental. Eu convido a Delegada Graciela e o deputado Barros Munhoz, por
favor, para nos auxiliarem na verificação de presença.
* * *
- É iniciada a chamada.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CEZAR - PSDB - Constatado o quórum, devolvo a
palavra à deputada Márcia Lia. A Presidência agradece à deputada doutora
Graciela.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Bom, nos trinta segundos que me
restam, quero reforçar o que vinha dizendo, no sentido de que a gente vai votar
favoravelmente a esse projeto, porque também não tem sentido nós votarmos
contrariamente a um benefício.
Porém, fica
ressalvado que esse benefício não contempla de fato a necessidade real do
policial, que precisa de uma assessoria jurídica, mas precisa de uma assessoria
jurídica que tenha condições técnicas de poder fazer a defesa da forma como a
defesa deve ser feita: ampla, geral, uma defesa de fato que atenda aos
interesses dos policiais.
De qualquer forma, a
gente vai votar favoravelmente a esse projeto, porque não conseguimos
melhorá-lo, porque não há diálogo muitas vezes para a gente poder fazer... Nós
tentamos, mas não conseguimos apresentar emendas de plenário a esse projeto de
lei. Então é isso, registro a posição da bancada do Partido dos Trabalhadores.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE - CEZAR
- PSDB - Para falar contra, o deputado Major Mecca.
O
SR. MAJOR MECCA - PSL – SEM
REVISÃO DO ORADOR - Senhor meu Deus, senhoras e senhores deputados, até onde
vai o desrespeito de um homem? Até onde vai o descaso do governador João Doria com
os policiais militares, com os policiais civis, com os policiais
técnico-científicos, com os agentes de segurança penitenciária, com os agentes
socioeducativos?
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Ricardo Mellão.
* * *
Talvez para os senhores não
represente nada na grande roda de bate-papo. Está-se falando em um reajuste
salarial de homens e mulheres que estão morrendo, mas são números. Vamos
continuar no café, vamos continuar no nosso bate-papo, à vontade, dando risada,
afinal de contas, eles são somente números.
O que são homens e
mulheres que enfrentam o crime organizado no estado de São Paulo, o Primeiro
Comando da Capital? O que representa uma categoria dessa? Nada, não representa
nada. Policial é executado na porta de casa, com vários tiros de fuzil. Vamos
fazer um churrasco, vamos tomar cerveja, jogar bola.
Os senhores fazem ideia
da expectativa de homens e mulheres durante uma campanha eleitoral em que um
candidato faz uma promessa que nós colocamos em telão por inúmeras vezes? Uma
promessa de que o reajuste salarial seria no início do ano, no início do ano de
2019. Por conta disso, após a vitória do governador João Doria, instalou-se uma
expectativa muito grande no seio de todos esses integrantes das polícias de São
Paulo.
Eu ouvi de muitos
policiais ativos e veteranos sabe o quê? “Chefe, com a graça de Deus, eu
acredito que agora eu vou conseguir parar de fazer o bico, vou poder descansar
um pouquinho mais, vou poder conviver um pouquinho mais com a minha esposa, com
meus filhos, com meus netos”. Essa expectativa se arrastou até agora, dia 30 de
outubro.
Nós já tínhamos aquela desconfiança
de que nada aconteceria. Nós tínhamos já a desconfiança de que se tratava de
uma mentira, mas a esperança é a última que morre.
É o que eu fiz
no anúncio do governador, no Palácio dos Bandeirantes. Eu fui até lá, me sentei
na primeira fileira, que era a fileira destinada aos deputados e fiz questão de
me sentar de frente ao governador. Bem de frente com ele para poder olhar nos
olhos dele. Sabe para quê? Porque eu iria aplaudi-lo. Porque, como a esperança
é a última que morre, eu pensei, o governador vai anunciar um reajuste salarial
de, ao menos, dois dígitos. Dessa vez sem nos enrolar, dessa vez sem nos
ludibriar.
Acreditamos que
ele colocaria a mão na consciência e, junto com sua equipe econômica,
demonstraria disposição política em ajudar homens e mulheres que estão dando a
sua vida por São Paulo. Eis a decepção que tive quando do anúncio de 5% de
reajuste salarial.
Até mesmo
porque você faz uma análise do cenário e fala, não é possível que será montado
todo um dispositivo, todo um aparato junto a jornalistas, várias autoridades do
estado para anunciar 5%, né? Vai ser um anúncio que realmente atrairá os
integrantes das forças policiais, levantará a autoestima e tirará esses homens
e mulheres da miséria. Da miséria que eles vivem, da dificuldade que estão
atravessando.
Dificuldade
essa que o governo se faz não perceber. Percebe porque são homens inteligentes.
Não usam a inteligência para a prática do bem, mas sabem o que atravessa essa
categoria, a categoria dos professores do estado de São Paulo.
Eu vou dizer
aos senhores, aqui, em breves palavras, vou fazer uma explanação do que é a
vida de um soldado da Polícia Militar. Ele entra de serviço às seis horas da
manhã. Ele sai da casa dele entre três ou quatro horas da manhã para chegar a
tempo no serviço.
Ele já precisa
fazer esse deslocamento fardado para poder ter gratuidade na condução. Então,
ele já tem que sair da casa dele extremamente atento a sua segurança, aos 360
graus, porque ele já é um alvo, ele já está de serviço. A partir das três,
quatro horas da manhã que ele sai da casa dele.
Às seis horas
da manhã, ele assume o turno na rádio patrulha. Normalmente com 4, 5
ocorrências pendentes. E carregando um equipamento de proteção individual que
pesa, aproximadamente, 11 a 12 quilos. Ele inicia um turno de 12 horas até as
dezoito. Se ele, após o meio dia, se deparar com uma situação de flagrante
delito e ele for apresentar, no momento em que ele for apresentar esse
flagrante na delegacia, esse flagrante dura, em média, dez horas. Por qual
motivo? Por conta do sucateamento da Polícia Civil.
Hoje, um
delegado acumula plantões em delegacias porque não tem delegado em número
suficiente. Não tem equipe de investigadores e escrivães, então a lavratura de
um flagrante, por muitas vezes, se estende por oito, dez horas.
O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR -
Deputado Mecca, eu não poderia, em hipótese alguma, deixar de, nesta noite,
cumprimentá-lo pela sua coragem e por um fato importante: o senhor conhece a
Polícia Militar. O senhor sabe o que está falando. O senhor já viveu os
problemas.
O
SR. MAJOR MECCA - PSL -
Sim, por constatação.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Então
o senhor não está fazendo indagações, nada. O senhor está definindo a vida de
um policial militar. Eu ouvindo, sabendo da sua ênfase e quanto o senhor ama a
Polícia Militar, eu não tenho a menor condição de não vir aqui para prestar
homenagem. Parabéns, coronel.
O
SR. MAJOR MECCA - PSL -
Muito obrigado, Excelência.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - É
assim que se constrói um Legislativo forte e não como querem alguns, um
Legislativo de cordeiros.
O
SR. MAJOR MECCA - PSL - Muito obrigado. Então dando continuidade,
esse policial vai sair do seu turno de serviço por volta de 22, 23 horas. Ele
já saiu da casa dele às quatro da manhã. Ele vai voltar para casa. Ele chega na
casa dele por volta de duas, três horas da manhã.
Vai descansar por volta
de três, quatro horas, porque às seis horas da manhã do dia de folga e da
recuperação orgânica desse homem, ele vai para o bico para complementar a sua
renda e colocar o alimento na mesa para a sua família. Se ele não o fizer, ele
não sustenta a família, não paga as suas contas, porque o soldado ganha R$
2.800,00 e ele precisa pagar aluguel. Ele precisa pagar água, luz.
Ele precisa pagar uma
assistência médica porque ele não tem para a família porque o Estado não o
contempla. Esse homem vai puxar mais 12 horas escoltando carga, gás carbônico
no rosto ou mais 12 horas na frente de um supermercado, de um posto de
gasolina, fazendo segurança numa casa de câmbio.
E esse homem entra num
nível de stress físico, psicológico e até espiritual, a um ponto que nos leva a
nós termos hoje em São Paulo este ano 22 suicídios somente na Polícia Militar.
Um número de separações conjugais enorme e fora do comum, porque esse homem é
altamente estressado. Começa a ter dificuldades de diálogo dentro de casa pelo
alto nível de estresse que ele atravessa. Eis que o homem perde a família numa
separação conjugal.
A família, que é a nossa
estrutura, é a base de um homem, de uma mulher, esse homem perde e ele trabalha
com uma arma na cintura. Ao que é submetido esse profissional de polícia em São
Paulo! Aí ele assiste a uma promessa de campanha onde ele acredita naquele
discurso bonito, num discurso bem feito que a polícia de São Paulo será a
segunda mais bem paga do País.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Cauê Macris.
* * *
Aí nós fazemos uma conta
simples. Para que a polícia de São Paulo ocupe esse patamar, nós precisaremos
por volta de 78% de aumento para ocupar o segundo lugar. Aí o governador
anuncia 5% de aumento, de reajuste salarial, o que não contempla ao menos a recomposição
inflacionária.
O que dizer para esses
homens e mulheres que fazem a segurança do povo paulista, que derramam o seu
suor, seu sangue, sacrificam a sua vida para defender o povo de São Paulo? O
que nós falamos a eles nesse momento? Voto contra ou a favor? Aqui na Casa, nós
apresentamos emendas que já foram rejeitadas.
Nós apresentamos ao menos
que fosse recomposta a inflação do último governo, dos últimos quatro anos,
mais esse aqui, que dá por volta de 24 por cento. Aí vêm os especialistas de plantão...
Para nós, para a nossa categoria, para o cidadão de bem, nunca nada dá certo,
nunca nada é possível. Não seremos contemplados na nossa recomposição
inflacionária.
Fizemos uma
emenda; vamos ajudar, então, os nossos veteranos, pois fazer bico com 60, 70
anos de idade, com uma arma na cinta, fazendo segurança, é injusto, é
massacrante. Então, vamos pegar bonificação por resultados e vamos estender
também aos veteranos e pensionistas, tal como é feito com os agentes fiscais de
renda em São Paulo, em que a participação nos resultados atinge também os
aposentados e as pensionistas. Não. Não há vontade política, não há disposição
em estender a mão a essa categoria que sofre e que está passando por grandes e
imensas necessidades.
Os senhores
pensam que quem arruma uma viatura hoje quando essa viatura sofre uma avaria?
Quem conserta essa viatura é o policial, que vai no QSA, no amigo dono de
oficina mecânica, e conserta a viatura e a coloca para rodar novamente.
Quando o
policial se envolve em ocorrência de gravidade, como já aconteceu comigo, nós
fazemos uma vaquinha e pagamos o advogado. E nós não esperamos esse engodo que
foi dito aqui, que até o presente momento eu não entendi qual será a
assistência jurídica prestada a nós policiais.
Eu me coloco na
situação pela qual eu já passei: troquei tiro com integrantes do Primeiro
Comando da Capital. Você chega num depoimento...
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputado Mecca.
O SR.
MAJOR MECCA - PSL - Para concluir, Sr. Presidente. Você chega num
depoimento em juízo, o criminoso do PCC está acompanhado de no mínimo cinco
advogados, e o policial está acompanhado de quem? Até hoje, nosso Senhor Jesus
Cristo, que está no céu, que o acompanha e o protege, porque do estado ele não
tem apoio.
O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Mecca, V. Exa. já passou
um minuto e meio. Preciso que V. Exa. conclua a sua fala.
O SR.
MAJOR MECCA - PSL - Já está mais que concluída, Sr. Presidente. Os senhores
não nos respeitam.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra,
para falar contra, o nobre deputado Jorge do Carmo.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Vou retirar,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não havendo
mais oradores inscritos, está encerrada a discussão. Em votação o projeto salvo
emenda aditiva e emendas.
O
SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Sr. Presidente, para
encaminhar pelo Avante.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa
Excelência tem a palavra.
O
SR. SARGENTO NERI - AVANTE -
Boa noite, presidente, boa noite aos demais deputados, a todos os presentes. Eu
vou fazer um relato do que vem acontecendo com a Polícia Militar desde 93,
Coronel Telhada. Em 1993, no governo Fleury, foi colocada a Lei no
731, que arrebentava com o salário dos praças.
E o governo
havia feito um acordo com o oficialato, que daria ao oficialato um salário
igual ao do Ministério Público, e o oficialato abriu mão do posto imediato.
Exatamente: Fleury traiu o oficialato.
Nós, praças,
ficamos com um salário muito baixo. Mas, em 2013 - e eu acho justo, até porque
o oficialato foi traído -, retomaram o posto imediato. E foram promovidos todos
os oficiais da reserva de 2003 até 2011. Mas a classe de praça, com a imposição
da Lei 731, ficou com o salário defasado.
Pois bem, em
2013, o governador Geraldo Alckmin deu 22% para a Polícia Civil, merecidamente,
e deu 6% para a Polícia Militar, quebrando uma paridade muito antiga entre as
polícias, colocando uma diferença de 16% de aumento salarial entre uma polícia
e outra.
Em 2018, o
governo deu quatro porcento. Se pegar todos esses anos, Campos Machado, nós não
tivemos a reposição da inflação.
Eu fiz uma
emenda de plenário, e peço o apoio de todos os deputados, para corrigir uma
injustiça que é o que a PEC 02 vem pedindo, que é o pessoal da COM. Eu estou
pedindo para que diminua a diferença de salário de 2º a 1º tenente sem 15% e dê
o reflexo até soldado. Com isso, nós poderíamos fazer com que o que foi causado
pela Lei 731 fosse corrigido.
Mas para
terminar a fala, até porque vai terminar o tempo, eu quero parabenizar V. Exa.
porque fez um requerimento solicitando a presença do ministro e amanhã ele
estará aqui para nos esclarecer de onde ele tirou esses cinco por cento.
Parabéns.
Obrigado por estar junto conosco nessa luta, você que é um grande amigo. E eu
espero que ele mostre, tecnicamente, o porquê desses cinco por cento, até
porque o Estado tem condições de melhorar isso daí. E o que nós queremos,
governador?
A oportunidade
de negociar com ele para aumentar esse percentual. E esse limite, que ele
consiga pelo menos corrigir ou repor, pelo menos, três anos da inflação,
Campos. Se ele fizer isso eu já estou feliz; pelo menos três anos para melhorar
esse aumento salarial.
Obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em votação o
projeto salvo mensagem aditiva e emendas. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem...
(Fala fora do microfone.) Projeto de lei nº 77, deputado Campos, conforme combinado
com todos os líderes aqui.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Um minutinho só. Esse acordo que nós fizemos, deputado?
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – Sim, senhor.
O
SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Ai, meu Deus do céu. Vai,
está bom.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB – As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de
acordo queiram conservar-se como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
Em
votação mensagem aditiva com parecer favorável do Congresso de Comissões. As Sras.
Deputadas e os Srs. Deputados que estiverem de acordo queiram conservar-se como
se encontram. (Pausa.) Aprovado.
Em
votação as Emendas de 1 a 5, com parecer contrário do Congresso de Comissões.
As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que forem contrários queiram
conservar-se como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.
O SR. TEONILIO BARBA LULA -
PT - Pela
ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Barba.
O SR. TEONILIO BARBA LULA -
PT - Para
declarar apoio às emendas apresentadas ao projeto.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a declaração de voto de Vossa
Excelência.
O SR. GIL DINIZ - PSL - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Gil Diniz.
O SR. GIL DINIZ - PSL - Para registrar o nosso apoio
à emenda a bancada do PSL.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a posição de Vossa Excelência.
O SR. TEONILIO BARBA LULA -
PT - E a
posição de apoio da bancada do PT.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a declaração de Vossa Excelência.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Barba.
O SR. SARGENTO NERI - AVANTE
- Pela
ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pela ordem, deputado Sargento Neri.
O SR. SARGENTO NERI - AVANTE
- Para
apoiar as emendas apresentadas ao projeto.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Está registrada a declaração de Vossa Excelência.
Item
2 - Discussão e votação do Projeto de lei Complementar nº 78/2019. Há sobre a
mesa uma emenda de plenário com número regimental de assinaturas, nos termos do
Art. 175, inciso II, do Regimento Interno, motivo pelo qual o projeto retorna
às comissões.
Item
3 - Em votação o Projeto de lei Complementar nº 79/2019. Há sobre a mesa
emendas de plenário com número regimental de assinatura, nos termos do Art.
175, inciso II, do Regimento Interno, motivo pelo qual o projeto retorna às
comissões.
Convocação
- Sras. Deputadas e os Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, do
Regimento Interno, convoco Vossas Excelências para uma segunda sessão
extraordinária, a realizar-se hoje, dez minutos após o término da 1ª sessão
extraordinária, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:
Projeto de lei Complementar nº 66/2019; Projeto de lei Complementar nº 76/2019.
Antes de dar por esgotada a presente sessão, esta Presidência adita à Ordem do
Dia de amanhã, com os projetos de lei nº 1241/2015 e 15012/2015. Está esgotado
o objeto da sessão.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 21 horas e 34 minutos.
*
* *