21 DE OUTUBRO DE 2019
45ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO GOVERNADOR FRANCO MONTORO
Presidência: CAUÊ MACRIS e CARLA MORANDO
RESUMO
1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Abre a sessão.
2 - SÍLVIA GARCIA
Mestre de cerimônias, anuncia a composição da Mesa.
3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Informa que convocara a presente sessão solene, em
"Homenagem ao Governador Franco Montoro", por solicitação da deputada
Carla Morando. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional
Brasileiro".
4 - CARLA MORANDO
Assume a Presidência. Enaltece Franco Montoro, o qual,
afirma, estava à frente de seu tempo. Faz breve histórico da trajetória
política do homenageado, destacando seu período como governador de São Paulo e
sua participação na fundação do PSDB. Ressalta o enfoque dado por Montoro à
defesa dos direitos da mulher.
5 - BRUNO ARAÚJO
Presidente nacional do PSDB, menciona políticos importantes
de Pernambuco, seu estado de origem. Frisa a justeza desta homenagem prestada a
Franco Montoro, a quem qualifica de grande estadista. Lembra o papel de Montoro
na redemocratização do Brasil. Entrega à deputada Carla Morando a ata de
constituição do PSDB.
6 - DRA. DAMARIS MOURA
Deputada estadual, afirma que Franco Montoro serve de
inspiração a todos os que atuam na política. Cita frase do homenageado, acerca
do direito e da justiça.
7 - ORLANDO MORANDO
Prefeito de São Bernardo do Campo, expressa sua alegria por
participar desta solenidade. Considera Franco Montoro um exemplo de homem
público. Cita os ideais do PSDB. Elogia o governo estadual de São Paulo,
comandado pelo partido. Tece críticas aos governos do PT. Reflete sobre a
situação do País.
8 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS
Fala sobre sua atuação na presidência da Assembleia
Legislativa. Lembra que Franco Montoro foi, também, presidente deste
Parlamento. Informa que o homenageado foi responsável pela ida de seu pai, o
deputado federal Vanderlei Macris, para o PSDB. Aponta a necessidade de atrair
os jovens para a política. Afirma que na vida pública, Franco Montoro foi
exemplar.
9 - GERALDO ALCKMIN
Ex-governador do estado de São Paulo, declara que Franco
Montoro foi um democrata e modelo de homem público. Narra episódio de sua
trajetória política, o qual, a seu ver, demonstra o respeito de Montoro pela
justiça. Menciona ideias do homenageado, que julga visionárias.
10 - PRESIDENTE CARLA MORANDO
Anuncia a exibição de mensagem, em vídeo, do senador José
Serra; e de vídeo sobre Franco Montoro. Homenageia a filha de Franco Montoro,
Sra. Mônica Montoro, com a entrega de flores. Presta homenagem a Franco
Montoro, com a entrega de uma placa à sua família, representada pelo Sr.
Ricardo Montoro, vice-presidente da Cohab.
11 - RICARDO MONTORO
Vice-presidente da Cohab e filho de Franco Montoro, faz breve
resumo da vida de seu pai. Menciona a luta de Montoro contra a corrupção.
Comenta que seu pai foi o primeiro governador eleito diretamente, depois do fim
da ditadura. Elenca medidas de seu governo, a seu ver, avançadas para seu tempo.
Destaca o papel de liderança de Montoro no movimento pelas Diretas Já. Agradece
pela homenagem.
12 - JOÃO DORIA
Governador do estado de São Paulo, ressalta a amizade
existente entre sua família e a de Montoro. Relata diversos episódios
envolvendo o homenageado. Diz que seu pai ingressou na política a convite de
Franco Montoro, cujas qualidades democráticas enaltece. Discorre sobre a
campanha de Montoro para o governo paulista, da qual participou. Avalia que
Franco Montoro foi um dos maiores nomes de toda a história da política
brasileira.
13 - PRESIDENTE CARLA MORANDO
Declara seu orgulho por fazer parte do PSDB. Faz
agradecimentos gerais. Encerra a sessão.
*
* *
-
Abre a sessão o Sr. Presidente Cauê Macris.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍLVIA GARCIA – Comunicamos aos
presentes que esta sessão solene está sendo transmitida neste exato momento, ao
vivo, pela Rede Alesp, e será retransmitida pela Rede Alesp neste sábado, dia
26 de outubro, às 9 horas da noite, pela Net, canal 7; pela TV Vivo, canal 9; e pela TV Digital, canal
61.2.
Neste momento, peço a atenção de vocês
para anunciarmos a nossa composição da mesa desta noite. Por favor, chamo,
neste momento, o deputado estadual Cauê Macris, presidente da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
Para compor a Mesa, também chamo agora
o senhor João Doria, governador do Estado de São Paulo. Também chamo, para
fazer parte da Mesa, nesta noite, o senhor governador de 2001 a 2006, e de 2011
a 2018, o senhor Geraldo Alckmin. (Palmas.)
Para fazer parte desta Mesa, chamo
agora a deputada Carla Morando, ela, que é líder do PSDB aqui na Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo; chamo, neste momento, o senhor Bruno
Araújo, ele, que é presidente nacional do Partido da Social Democracia do Brasil.
Neste momento, convido também para
compor a Mesa, o senhor Ricardo Montoro,
representando a família Montoro nesta noite. Por favor, chamo também, neste
momento, o senhor Orlando Morando, prefeito da cidade de São Bernardo do Campo.
(Palmas.)
Na extensão da Mesa, eu gostaria de
anunciar as presenças do deputado estadual Marcos Zerbini; também está conosco
o professor doutor Vahan Agopyan, ele, que é o magnífico reitor da USP; Rubens
Rizek, secretário municipal de Justiça, representando o prefeito Bruno Covas;
também está conosco, nesta noite, Paulo Dimas Mascaretti, ele, que é secretário da Justiça e Cidadania;
também conosco, Gustavo Junqueira, secretário da Agricultura e Abastecimento;
secretário Rossieli Soares da Silva, da Educação.
Também, na extensão da Mesa, José
Carlos Dias, ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso; o senhor
José Gregori, ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso; senhor
José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela; Alexsandro Peixe Campos, diretor-presidente
da Cohab; Evandro Losacco, vice-presidente do Diretório Estadual de São Paulo
do PSDB; deputada Damaris, e também o vereador Fabio Riva.
Neste momento, com a palavra, o nosso
excelentíssimo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado
Cauê Macris.
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Boa noite a
todas, boa noite a todos. É um prazer muito grande recebê-los aqui na nossa
Casa, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura
da Ata da sessão anterior.
Srs. Deputados, Srs. Deputados, minhas
senhoras, meus senhores, esta sessão solene foi convocada por este presidente,
a pedido da deputada Carla Morando, líder do PSDB na Assembleia Legislativa de
São Paulo, com a finalidade de homenagear o governador Franco Montoro.
Eu gostaria de convidar a todos para
que, em posição de respeito, possamos ouvir o Hino Nacional Brasileiro,
executado pela Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência
do subtenente Eliseu.
*
* *
- É executado o Hino Nacional
Brasileiro.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Em nome da
Assembleia Legislativa, esta Presidência agradece à Banda da Polícia Militar do
nosso estado de São Paulo. Eu gostaria - quebrando o nosso protocolo -,
regimentalmente, toda sessão solene, com a Presidência de quem preside a
Assembleia Legislativa, obrigatoriamente o Presidente precisa dirigir os nossos
trabalhos.
Mas, com certeza, afinal, a justa
homenagem promovida pela deputada Carla Morando, acho que neste momento lhe dá
o direito de poder presidir a esta sessão solene. Então eu gostaria, neste
momento, de convidar a deputada Carla Morando que sente-se na função de
presidente da nossa sessão solene e possa conduzir o nosso trabalho essa noite.
*
* *
- Assume a Presidência a Sra. Carla
Morando.
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Boa noite a
todos e a todas. Eu gostaria de começar agradecendo a presença dos deputados
Marco Zerbini; Itamar Borges; deputada Damaris Moura; ex-deputado, e sempre
deputado, Roberto Massafera.
Familiares: Eugenio Montoro, filho; o
André Montoro, que é o neto; o Fernando Montoro, filho; Mônica Montoro, filha;
Guilherme Montoro, neto. Muito obrigada por estarem aqui presentes.
Doutor Vahan Agopyan, nosso reitor da
USP; senhor Rubens Rizek, secretário
municipal de Justiça, representando o nosso prefeito Bruno Covas,
impossibilitado de estar presente por um problema de saúde; doutor Paulo Dimas,
secretário de estado da Justiça; Rossieli Soares, nosso secretário de Educação;
Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento; José Carlos Dias,
ministro da Justiça entre 1999 e 2000, do governo Fernando Henrique Cardoso;
José Gregori, ministro da Justiça entre 2000 e 2001; Alexsandro Campos,
diretor-presidente da Cohab; José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio
Vilela; Evandro Losacco, vice-presidente estadual do PSDB; Fabio Riva, vereador. Família Montoro,
também, o Eugenio Montoro.
Eu gostaria também de agradecer a
presença da Mesa: o nosso governador João Doria; eu, Carla Morando; Doutor
Geraldo Alckmin, muito obrigada, nosso governador também, de 2001 a 2006 e de
2011 a 2018; Bruno Araújo, nosso presidente nacional do PSDB; Ricardo Montoro,
filho do governador Franco Montoro e vice-presidente da Cohab; Orlando Morando,
meu marido, prefeito de São Bernardo do Campo, e o nosso presidente, Cauê
Macris.
Muito obrigado a todos e também a todas
as autoridades aqui presentes.
É com muita alegria que dou início a
esta noite tão especial. André Franco Montoro, jurista e um dos mais
importantes nomes da política brasileira. Uma figura que, com certeza, motivou
muitos de nós, políticos, a ingressar na vida pública, visando sempre o bem e o
melhor para a população.
Vereador, deputado estadual e federal,
ministro do Trabalho e da Previdência Social, senador, governador de São Paulo,
marido de Lucy Montoro e pai de sete filhos: Maria Lúcia, André Franco Montoro
Filho, Eugenio Augusto, Paulo Guilherme, José Ricardo, Mônica e Fernando. Um
homem que, acima de tudo, sempre lutou contra a corrupção e a injustiça.
Eleito governador de São Paulo entre
1983 e 1987, foi um dos articuladores do comício Diretas Já, no Vale do
Anhangabaú, em 1984. Com a redemocratização, discordou, junto a outros
intelectuais do rumo em que o seu partido de atuação, o PMDB, estava atuando.
Deixou o partido e acabou criando o
PSDB, ao lado do ex-governador Mário Covas, e do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Um defensor da mulher, do
negro e das atividades sociais, foi Franco Montoro que planejou e desenvolveu,
há 34 anos, a primeira Delegacia da Mulher, no centro de São Paulo. Sempre o
governador pensava à frente do seu tempo.
Desenvolveu a delegacia
na época em que os homens agrediam e matavam as mulheres em defesa da honra, um
período em que as leis de proteção às mulheres não eram eficazes, e os
agressores, completamente impunes. Mas foi Franco Montoro que deu o primeiro
passo em defesa a nós, mulheres.
Tenho muita alegria de
saber que esses passos estão sendo seguidos hoje pelo nosso atual governador de
São Paulo, João Doria, que, em 10 meses de mandato, a segurança das mulheres
tem sido uma das prioridades na sua administração.
Atualmente temos 10 delegacias
24 horas, e preparadas para atender as mulheres também com um aplicativo que,
em apenas um toque, um policial aparece para nos proteger, em menos de 15
minutos.
Franco Montoro foi um
político que tinha como meta a descentralização. A sua ideia era colocar o
governo mais perto do povo, tornando o processo mais eficiente e democrático.
E hoje estamos aqui nesta
sessão solene para homenagear um homem que, mesmo após 20 anos de sua morte, em
16/07/1999, deixa saudade, admiração e orgulho para São Paulo e para todo o
Brasil, um político com visões futuras e princípios modernos.
Tenho muito orgulho de
fazer parte de um partido fundado por Franco Montoro. Viva André Franco
Montoro! (Palmas.)
Agora, passo a palavra
para o nosso presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo. Pode, por favor, até a
tribuna.
O
SR. BRUNO ARAÚJO – Cara deputada, Sra. Presidente desta
sessão, deputada Carla, que de forma muito elegante, teve a Presidência
ocupada, por cessão do Presidente Cauê Macris que, tão jovem, se consolidou
como um dos grandes quadros hoje, não só da política de São Paulo, mas do País.
Quero cumprimentar essa
presença, que mostra o grau com que os governadores de São Paulo devotam o
respeito a essa Casa e a esse momento. O governador João Doria tem sido uma
presença constante na Assembleia Legislativa; e o nosso sempre governador,
grande homem público brasileiro, Geraldo Alckmin; quero cumprimentar a todos os
familiares do governador Montoro; todos os senhores deputados; deputadas; todos
que participam deste evento.
Ocupando essa tribuna da
Assembleia de São Paulo, eu me lembro, caro amigo senador José Aníbal, há mais
de 20 anos, ocupando pela primeira vez a tribuna do meu estado - Assembleia
Legislativa de Pernambuco - a mesma tribuna em que discursava o defensor da
Abolição da Escravatura, Joaquim Nabuco.
O mesmo pernambucano que,
em seguida, já na República, é escolhido para ser embaixador, mesmo sendo
monarquista, sendo embaixador do Brasil nos Estados Unidos, um dos grandes
estadistas deste País.
A mesma tribuna que,
décadas depois, viu fazer o seu discurso de posse, como governador de
Pernambuco, nesses tempos estranhos em relação a ataques à Imprensa, o nosso
ex-governador e homem ícone da Imprensa brasileira, Barbosa Lima Sobrinho.
Ocupei a mesma tribuna em que passaram tantos importantes deputados estaduais,
que tiveram passagem tão importante neste País.
Assim foi o ex-deputado
Miguel Arraes; assim foi o ex-deputado estadual Marco Maciel, ou, se quisermos
ver de forma mais presente hoje, o ex-deputado estadual Eduardo Campos.
Eu digo isso para dizer
da referência, da importância de entender como compreendi a vida pública a
partir da tribuna das casas legislativas estaduais. E daí por que a importância
ser da própria Assembleia Legislativa de São Paulo, pela iniciativa da deputada
Carla, essa tão justa homenagem.
E para quem é de fora de
São Paulo, eu fico muitas vezes imaginando um jovem que vem lá do interior do
Acre, ou que sai do sul do País, ou do meu Nordeste, que pousa em Guarulhos
para tomar um destino pelo mundo. E pousa no aeroporto - um dos mais
importantes do mundo -, André Franco Montoro, e talvez não conheça o que
significou a passagem desse estadista entre nós.
O governador de São
Paulo, que em 82 ajuda a consolidar e abrir o momento da redemocratização do
País. Foi Montoro que, no comício das Diretas, o primeiro deles, em 25 de
janeiro de 82, convenceu homens como Fernando Henrique Cardoso, Ulysses
Guimarães, que aquele movimento tinha que seguir em frente. Na eleição de 82,
junto com Tancredo Neves, começavam a construir um novo processo de alternativa
para o processo de redemocratização brasileira.
André Franco Montoro que,
como disse a deputada Carla, com a visão de abrir a primeira Delegacia da
Mulher, que continua sendo priorizada pelos governos do PSDB, assim foi pelo
governador Geraldo Alckmin, e agora, de forma intensa, pelo governador João
Doria.
Mas o mesmo Franco
Montoro, que, em 82, logo em 83, cria uma das primeiras secretarias de Meio
Ambiente do País; ou o primeiro Conselho de Defesa, primeiro Conselho de Defesa
da Pessoa com Deficiência; ações importantes que consolidaram em André Franco
Montoro, mais do que o governador de São Paulo, ou mais do que alguém que
ajudou a construir o processo da redemocratização brasileira, mas o homem que
nasceu para servir ao Estado.
Estadista na essência da
palavra, André Franco Montoro foi um presente do Estado de São Paulo à
democracia brasileira. E é em um evento como este, com muita honra, que hoje
presido o partido que teve, na articulação de homens como Montoro que, aliás, o
líder não só exerce sua liderança, como projeta o futuro.
É o mesmo governador
Franco Montoro que tinha no seu secretariado, como secretário de Transporte,
Mario Covas; ou que tinha no Planejamento, o futuro governador também, José
Serra ou na Fazenda, João Saad.
E, mais ainda, já no
governo, na mesma sequência, muitos dos que ajudaram a construir este Estado, a
exemplo da administração do governador Geraldo Alckmin, que teve na Secretaria
de Planejamento - no governo Covas e de Geraldo Alckmin -, o secretário André
Franco Montoro Filho, que começou os primeiros movimentos de disciplina fiscal
efetiva, que passou, inclusive, a ajudar no modelo da Lei de Responsabilidade
Fiscal, neste País. Portanto, eu tenho muita honra em presidir um partido que
foi fundado por homens dessa dimensão.
Eu ia pedir licença, eu
trouxe, cara deputada Carla Morando, uma importante lembrança para nós, que vou
passar a suas mãos, pedir licença a todo o Parlamento, para que possa ser
afixada na liderança do PSDB. Acho que todo cidadão tem sua certidão de
nascimento, e as instituições também têm a sua certidão de nascimento.
Eu vou pedir licença a
Ricardo Franco Montoro, para passar às mãos da deputada Carla a Ata de
Constituição do PSDB que, com todas as assinaturas que honraram a constituição
deste partido, é importante registrar que a assinatura de número um, em
respeito a todos que à época compreendiam a sua importância histórica, a
assinatura de número um, a filiação de número um do PSDB, é do ex-governador
André Franco Motoro, hoje homenageado por todos os senhores.
Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE – CARLA MORANDO – PSDB - Gostaria de fazer
mais alguns agradecimentos: Antônio Carlos Maluf, nosso secretário-chefe da
Casa Civil, algumas pessoas também, personalidades da cidade de São Bernardo do
Campo: o Arouca, presidente SBCPrev; o vereador de São Bernardo, Pery Cartola;
o Ary de Oliveira; o pastor Zezinho Soares; o secretário de Esportes, Alex
Mognon; o secretário de Assistência Social de São Bernardo do Campo, Carlos
Romero; a Secretaria de Cidadania, Assuntos Jurídicos e Pessoa com Deficiência
de São Bernardo do Campo, Dr. José Carlos Gil Fonseca; e o secretário de Meio
Ambiente e Proteção Animal de São Bernardo do Campo, José Carlos Pagliuca;
também gostaria de registrar a presença e o agradecimento ao Dr. Renato Kim,
tesoureiro da Associação Paulista do Ministério Público. Muito obrigada.
Agora, gostaria de passar a palavra à
nossa deputada Damaris. Tem a palavra, por favor, Damaris Moura. (Palmas.)
Gostaria também de registrar a
presença, o agradecimento, pela presença do Cyro Laurenza, presidente da
Conpresp.
A
SRA. DRA. DAMARIS MOURA - PHS - Boa noite a todos.
Quero pedir licença para cumprimentar essa Mesa tão ilustre, e vou fazê-lo na
pessoa da minha companheira de Parlamento, a deputada Carla Morando, proponente
desta sessão solene tão significativa que homenageia um homem público que,
certamente, continuará inspirando a todos nós, que hoje estamos ingressando na
vida pública.
Quero fazer só um registro, a minha
convivência com André Franco Montoro não foi próxima, mas tenho um registro a
respeito desse grande homem público: eu vinha do interior da Bahia e, quando
cheguei em São Paulo pela primeira vez, cheguei exatamente no dia em que
faleceu André Franco Montoro, recordo-me de que vi a notícia e, um tempo
depois...
Especialmente agora, em que buscamos
cada vez nos inspirar em homens públicos dessa envergadura, como os que temos
hoje nesta Mesa ilustre: o governador Geraldo Alckmin, o nosso governador João
Doria, são homens públicos que seguem nos inspirando e queremos continuar sendo
inspirados por homens que tiveram coragem de se desincumbir de seu mister com
honra, com qualidade, com competência, com honestidade.
E quero deixar só uma frase de André
Franco Montoro, eu era uma recém-formada aluna do curso de direito e, portanto,
essa frase dele significa muito para nós, operadores do direito. Ele disse que
“o nosso dever é lutar pelo direito, mas, no dia em que encontrarmos o direito
em conflito com a justiça, lutemos pela justiça”.
Eu cumprimento a toda a família que
assiste esta homenagem; cumprimento, mais uma vez, a deputada Carla Morando por
esta iniciativa tão significativa de propor, nesta noite, esta sessão solene em
homenagem a esse grande homem, e eu estou certa disso, André Franco Montoro.
Muito obrigada. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Continuando,
gostaria também de agradecer a presença do nosso Fred Guidoni, prefeito de
Campos do Jordão. Muito obrigado, Fred, por estar aqui, mais um do PSDB.
(Palmas.)
Também o Pedrinho Botaro, presidente da
Câmara Municipal de Santo André, muito obrigado pela presença.
Agora, com a palavra, o meu marido,
Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo. (Palmas.)
O
SR. ORLANDO MORANDO - Boa noite a todos
vocês.
Confesso que pensei bastante em
recusar, mas, Cauê, não vou negar a saudade que me deu de voltar a esta
tribuna. Estou há quase três anos governando São Bernardo do Campo e aqui,
nesta Casa, confesso que não sei se fiz bons discursos, mas sempre falei aquilo
que pensava, dentro de meus ideais e, muitos deles, mesmo sem conhecer Franco
Montoro, vejo em sua história o reflexo que trago para minha vida pública.
Então, para mim, é uma grande alegria
dividir este momento com a família, principalmente, que é com quem ele teve,
além da vida pública, uma passagem de muito amor e muito carinho; ao lado do
governador Geraldo Alckmin; ao lado do nosso querido governador João Doria, que
tem sido uma grande transformação no modelo da vida pública, sem perder os
ideais, mas inovando, que acho que é uma particularidade que todos nós, que
exercemos cargos executivos, temos que ter essa obrigação.
Os conceitos não precisam ser
alterados. Os modelos, sim. O governador João Doria tem feito isso e confesso,
governador, que tem ido muito bem. Estivemos, na semana passada, inaugurando um
sonho - do qual eu não conseguia imaginar que São Bernardo do Campo fosse ser o
piloto - de pôr no mesmo espaço as polícias integradas. Foi o primeiro COI e
olha que está indo muito bem, depois de uma semana funcionando, é um sucesso.
Quero cumprimentar o nosso deputado
Cauê Macris. Eu achei que o Cauê tivesse sido o presidente mais jovem da
Assembleia e ele, com bastante tristeza, falou: “Não, foi o Rodrigo”. Está
vendo que o Rodrigo já virou vice-governador, então, está no caminho; quero
saudar nosso querido presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo.
Uma saudação especial à minha esposa
Carla, que teve essa iniciativa junto com os demais colegas. Fico muito
honrado, porque mostra um bom princípio dela, sobre o que ela pensa do PSDB. Eu
não obriguei a Carla a ir para o meu partido. Primeiro, foi um baita desafio
convencê-la a ser candidata, depois, dei a liberdade.
Falei: “Carla, tem diversos partidos, é
importante estar em um que estará com o governador João Doria, que é quem vamos
apoiar e quem vamos eleger”. Ela falou: “Não tenho nenhum motivo para não ser
candidata pelo PSDB, porque vejo no partido ideais que vejo para minha vida
pública de assistir, de poder servir”.
Então, hoje, voltar a esta tribuna e
resgatar a história de Franco Montoro, a biografia do Franco Montoro não
precisa de nenhum discurso que seja feito para ela. A biografia dele é uma
construção perfeita de tudo aquilo que a sociedade espera dos homens públicos.
Infelizmente, o país foi duramente
manchado com a passagem da esquerda no plano maior, que faz mal a todos nós até
hoje, porque a vida do homem público tem uma história antes do PT no governo e
depois do PT no governo.
A sociedade acaba colocando, por vezes,
todos no mesmo lugar, e não são. As pessoas não são iguais, os governantes não
são iguais. O PSDB vai há 30 anos de governo em São Paulo porque faz um governo
para as pessoas, faz um governo para as pessoas mais humildes.
Hoje, sou prefeito. Quem governa tem
que governar para todos, mas a benevolência tem que ser para o povo mais
sofrido: é quem usa “Bom Prato”; é quem usa hospital público; é quem anda de
metrô, é quem anda de trem. É para essas pessoas que nossos olhares devem estar
mais voltados e, é óbvio, que para isso que existe governo. Senão, não haveria
necessidade.
Governar para todos é uma obrigação,
cada um tem a sua particularidade. Mas, essa é a essência que o PSDB fez em
governo com Franco Montoro; fez com Mário Covas em São Paulo, um dos mais
destemidos, um dos mais brilhantes homens públicos, eu era vereador e tive a
oportunidade de conhecê-lo. Não foi diferente com Geraldo; não foi diferente com Serra e, hoje, anda em
uma velocidade ainda maior com o governador João Doria.
Fico feliz em ver aqui tantos quadros
da importância que tem o PSDB de São Paulo e, ao mesmo tempo, triste pela
frustração. Eu ouvi aqui alguns, que serviram o Brasil como ministros, deram
uma brilhante contribuição.
E hoje o PSDB tem quadros primorosos
que fazem falta ao País, e não é apenas neste governo. Já faz falta ao nosso
país há muito tempo. É muito triste conviver em um país que mantém uma recessão
técnica por cinco anos, e mais um ano perdido; é horrível você ver as
dificuldades das pessoas e não ver uma luz no fundo do túnel.
Eu governo São Bernardo do Campo com um
Orçamento de 2016. Um país estagnado, um país parado por falta de ter um grande
líder, porque se tivéssemos um grande líder, já teríamos tirado esse país da
recessão e a vida das pessoas estaria mudando. Eu convivo, aqueles que já foram
prefeitos, - o cargo de prefeito, acho que é um dos mais próximos - sente
muitas alegrias e muitas tristezas: pai de família que está há cinco anos sem
conseguir um único emprego.
Isso é fruto de uma política vencida,
com que o país não pode continuar convivendo. Que esta data em que estamos
homenageando Franco Montoro, um brilhante homem público, sirva também para que
possamos fazer uma boa reflexão, deixar as vaidades, que são um componente de
todo homem público.
Homem público que disser que não tem
vaidade ou mente ou está no lugar errado. A vaidade é um componente que tem que
ser controlado, tem que ser administrado. E, principalmente, que a sua
veemência possa estar à disposição das pessoas.
Eu acredito veementemente que o PSDB
voltará a governar o País, porque o nosso País não é um estúdio de televisão. O
nosso País não vai ser resolvido com arma e com falsos discursos. O nosso País
voltará a crescer quando tivermos pessoas preparadas. E eu acredito que João
Doria voltará a trazer a marca do PSDB para o nosso País. Viva Franco Montoro.
Parabéns a todos vocês. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Gostaria também
de agradecer ao Dr. Arlindo José Negrão Vaz, delegado de polícia da Alesp,
representando o delegado-geral e também a todos os policiais aqui presentes.
Agora, passo a palavra ao nosso
presidente Cauê Macris.
O
SR. CAUÊ MACRIS - PSDB - Boa noite a todas, boa
noite a todos. Confesso que falar dessa tribuna, já estou um pouco
desacostumado. Afinal, ocupo essa cadeira de presidente da Assembleia
Legislativa há três anos.
Então, me lembro, governador Geraldo
Alckmin, que a última que vez em que subi nessa tribuna foi para defender
projetos quando líder do Governo era, de interesse do nosso governo do estado
de São Paulo. Então, um pouco desacostumado.
Mas, para mim, sempre é uma honra e um
privilégio. Afinal, Parlamento, para mim, representa muito; afinal, é o ponto
mais próximo da população. É onde você tem todas as correntes de pensamento,
desde a extrema esquerda até a extrema direita.
E confesso que nos dias atuais o que
nós mais temos são os extremismos, seja do lado direito ou do lado esquerdo. E
o meu papel, que eu tenho tido aqui, como presidente da Assembleia Legislativa,
é pacificador. Essa tem sido a minha atividade, deputada Carla Morando, no dia
a dia das atividades desse plenário.
E uma cadeira que - eu tenho orgulho de
dizer, com muita tranquilidade - grandes homens públicos tiveram oportunidade
de ocupar. Nós tivemos 47 presidentes de Assembleia Legislativa na história,
desde o Estado Novo, no nosso estado de São Paulo. E uma das pessoas, uma das
figuras que ocuparam essa cadeira de presidente da Assembleia Legislativa, nos
anos de 1955 a 1957, foi André Franco Montoro, que presidiu esse Parlamento do
nosso estado.
Para mim, tão jovem, que iniciei minha
trajetória como presidente da Assembleia Legislativa com 33 anos, Orlando...
Perdi por dois anos para o Rodrigo Garcia, mas brinco com ele que já fui duas
vezes e, na história de São Paulo, só eu e o deputado Barros Munhoz tivemos
oportunidade de ocupar.
Mas o André Franco Montoro, que não
tive oportunidade de conhecer pessoalmente, faz parte da minha história de
vida. Afinal, foi o André Franco Montoro que convenceu o meu pai, então
deputado estadual, governador João Doria, nessa Casa de Leis, a mudar de
partido.
Meu pai era militante do MDB na época,
e o Montoro convidou, junto com grandes outros nomes da política, como Mário
Covas, Geraldo Alckmin, a poder ser um, Bruno Araújo, desses 104 membros que
assinaram a lista de fundação do PSDB.
Eu tenho muito orgulho porque eu nasci
dentro dessa construção da formatação do PSDB. Eu entrei no PSDB a convite da
Lila Covas, para um programa que chamava Tucaninho, um programa que foi
fundado, nos primórdios, para a gente convencer os nossos jovens a entrar, com
a participação efetiva de pessoas que são grandes figuras.
E, cá entre nós, gente, hoje nós
estamos vivendo um momento muito difícil da vida pública, um momento onde a
sociedade criminaliza a nossa atividade. Isso é uma coisa que nos preocupa
muito, porque a gente vê cada vez menos os jovens ingressando na vida pública.
E uma das coisas que eu tenho falado, e
falo em casa, convencendo a minha esposa, muitas vezes explicando para os meus
filhos o porquê não vou para casa cedo para poder dar banho, para poder ajudar
a trocar ou para poder colocá-los para dormir: é porque nós temos uma grande
tarefa para aquelas pessoas que são vocacionadas.
A política é uma vocação. A política,
quando você gosta do que você faz, meu caro Zerbini, você muitas vezes abre mão
de conceitos pessoais, como a nossa família, como as pessoas de que a gente
gosta, as pessoas com que a gente convive no dia a dia. E esse foi André Franco
Montoro.
Nós vemos tantas pessoas, Ricardo,
aqui, da família, que sabem que muitas vezes o pai não estava presente no dia a
dia para puxar a sua orelha quando era mais jovem. Eu passei por isso: eu tenho
um pai, Vanderlei Macris, que muitos de vocês conhecem, que muitas vezes não
estava presente no dia a dia da atividade familiar para cuidar ou estar
conosco. Mas estava presente no dia da construção do que a gente espera para o
nosso País, porque isso é fazer política.
É trabalhar para melhorar a vida das
pessoas, é ver a construção, muitas vezes na política econômica, sim, do País,
mas se preocupando também com o toque pessoal e com o toque social. Quantas
vezes eu vi o governador Geraldo Alckmin se preocupando com as Fatecs, as
Etecs, o “Bom Prato”, a política fiscal do estado de maneira equilibrada.
O governador João Doria lançando um
programa fantástico, que eu vi essa semana, que é o “Vale do Futuro”, pensando
no futuro daqueles que mais precisam, que é a região mais pobre do nosso
estado. Governadores como José Serra, como Franco Montoro, que deram a nossa
direção, gente. Pois política, quando bem-feita e feita de maneira coerente,
vale a pena, sim.
Nós temos uma responsabilidade com o
nosso País. Estamos, sim, passando um momento, fora do governo federal, ditando
as regras do nosso país. Mas eu tenho certeza de que, mesmo com as
dificuldades, o nosso País só não quebrou por conta de grandes homens públicos
que, ao longo do tempo, estabeleceram a luta para nós termos o direito de voto;
estabeleceram a luta para termos o direito de se candidatar; estabeleceram,
Bruno Araújo, ações concretas para que o país pudesse ter o equilíbrio fiscal,
como a nossa Lei de Responsabilidade Fiscal; e tantas outras ações.
Então, eu acho que hoje, Carla, você
acertou em cheio, como nossa líder do PSDB, em fazer essa justa homenagem a
esse homem que nós temos, sim, que lembrar todo dia. Uma pessoa vocacionada,
que dedicou a sua vida a mudar a vida das pessoas e, principalmente, a vida
daqueles que mais precisam.
Muito obrigado e parabéns, Carla
Morando. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Agora,
continuando, quero passar a palavra para o nosso governador Geraldo Alckmin.
(Palmas.)
O
SR. GERALDO ALCKMIN - Boa noite a todas e a
todos. Quero cumprimentar a presidente Carla Morando; presidente Cauê Macris;
governador João Doria; Orlando Morando, prefeito de São Bernardo; Bruno Araújo,
presidente do nosso partido; Ricardo Montoro, saudando aqui a família - o Eugênio,
a Mônica, o Fernando, o Andrezinho. Saudar aqui os ministros, José Carlos Dias,
José Gregori, nossos parlamentares todos, amigas e amigos.
Acho que lembrar do Franco Montoro - e
quero cumprimentá-la, Carla, pela iniciativa dessa homenagem - é lembrar do
democrata. O Montoro era um democrata, na acepção da palavra. Lutou contra a
ditadura, denunciando a ditadura com coragem, com altivez, com coerência.
Lançou, aqui em São Paulo, no dia do
aniversário da cidade, 25 de janeiro - Eugênio e Ricardo participaram do
governo -, o comício pelas Diretas, que até quem estava perto do Montoro não
acreditava muito. “Nossa, dia de feriado.” E aquilo ajudou a mobilizar o Brasil
e levou... A emenda das Diretas não foi aprovada, mas levou à eleição do
Tancredo Neves e à redemocratização do Brasil.
O Montoro era um professor de direito,
deputada Dra. Damaris. Eu me lembro que, quando eu fui candidato em 2002, eu
fui impugnado. Disseram: “Olha, ele não pode ser candidato, porque ele
substituiu o Mário Covas e, no outro mandato, durante um fim de semana, uma
semana em que o Covas viajou, ele assumiu o governo.
Então, não pode ser candidato.” Aí, eu
abro a “Folha de S. Paulo”, e tinha um artigo cujo título era: “É Proibida a
Entrada de Cães.” E um professor de direito, que eu não conhecia, defendia a
minha candidatura.
E ele defendia citando uma aula do
professor de direito André Franco Montoro, que dava o seguinte exemplo: numa
estação de trem, tem uma placa: “É proibida a entrada de cães.” Aí, o guarda
está lá para fazer cumprir a norma. Vem uma pessoa, um usuário, com um urso; e
o guarda: “Não pode entrar”. E aí vem um outro com um cão guia, um cego com o
cão guia.
O guarda: “Pode passar.” Então, diz o
professor André Franco Montoro, “O guarda cumpriu a lei, a regra, a norma de
forma absoluta, porque é preciso ver a gênese, a origem da lei, o que motivou o
legislador. Se não pode entrar o cão é para não prejudicar quem está no trem.
Imagine o urso? E o cão guia não é para prejudicar ninguém.” Esse é o professor
de direito a que você tão bem se referiu: o homem da Justiça.
O Montoro gostava de citar Alceu
Amoroso Lima, seu amigo da democracia cristã, Tristão de Athayde, que dizia que
a vida só vale a pena ser vivida se for pela liberdade e pela justiça. Montoro
foi um homem extremamente coerente.
Aliás, com lastro na cristandade.
Gostava de lembrar o padre Lebret - que tem o nome daquela rua do palácio, que
desce ali para o estádio do Morumbi - que dizia que “na política nós devemos
ser um zé ninguém a serviço de uma grande causa”.
Montoro transpirava espírito público. O
Montoro era um visionário à frente do seu tempo. Quando ninguém falava em
descentralização, era o governo da ditadura de Brasília centralizador, ele
pregava o seu tripé de candidato a governador, descentralização, participação,
geração de emprego, participação, sociedade civil, criou os conselhos todos de
segurança, das mulheres, dos jovens, dos negros.
Está aqui um grande secretário, que foi
o Zé Grégori, do governo Montoro. O Montoro da integração latino-americana.
Quando ninguém falava em Mercosul, Montoro já tinha criado o Ilam.
Ele dava um exemplo, Malufinho, de que
aqui em São Paulo houve um congresso de democratas cristãos em 1957, governo do
Juscelino. Juscelino tinha encomendado um porta-aviões, o Minas Gerais. Nesse
Congresso Democracia Cristã, um delegado brasileiro criticou o governo,
dizendo: “Olha, o País tem tantas necessidades, tantos problemas, comprar uma
arma de guerra? Isso não é prioridade.”
Levantou um delegado da Argentina e
falou: “Olha, e como o Brasil encomendou o porta-aviões, a Argentina já o fez,
com compromisso de que fosse entregue antes.” Levantou um senador do Chile e
falou: “Olha, o Brasil ter porta-aviões não tem problema, mas a Argentina ter
porta-aviões... o Chile já vai encomendar o seu porta-aviões.”
Levanta um senador peruano e diz: “O
principal jornal do Peru já estampou na primeira página: ‘Alerta, peruanos, o
Chile poderá ter o seu porta-aviões’.” Dizia o Franco Montoro: “Só faltava a
Bolívia encomendar um porta-aviões para o lago de Titicaca.” Países de costas,
de costas com enorme animosidade.
E ele já pregava a integração
latino-americana. A argentina é hoje o terceiro parceiro comercial brasileiro e
o principal na venda de manufaturas. Vendemos carros, vendemos peças, vendemos
produtos de manufatura para a Argentina.
Franco Montoro que dava exemplo nas
pequenas coisas. Ele era governador, era deputado federal e não queria cansar o
Mário Covas, incomodar o Mário Covas. Então, ele me ligava. Eu dizia: “Olha, se
o Montoro ligar não deixe ele esperando, me passe imediatamente.” Era
vice-governador.
Um dia eu estava num telefonema e ele
esperou um minuto, Paulo Dimas. Aí eu atendo e ele fala: “Geraldo, eu fiquei
esperando aqui no telefone e tocou uma música americana. Como é que pode? Tem
que por o Sampa de Caetano, temos que valorizar a cultura brasileira.” Eu saí
daquele telefonema e encontrei o Mário Covas, nossa, quase demitiu a Casa
Militar inteira, não é? Mas era dos pequenos detalhes. O Montoro da esperança,
Andrezinho.
Quando fundamos o PSDB, Bruno, poucos
acreditavam; nós saímos de tudo. Ele que fez o slogan, “longe das benesses do
poder e perto do pulsar das ruas nasce a Social Democracia Brasileira”. Era
como loucos que pularam do trapézio sem rede de proteção. Chegamos em Cruzeiro,
tarde da noite, duas horas de atraso, tinha três pessoas na câmara para nos
receber.
Éramos seis para fazer discurso:
Montoro, Covas, Fernando Henrique, Serra, eu, João Bastos. “Ah, só o Montoro
fala.” E ele, então, foi à tribuna com três assistindo e um dormindo. Ele olhou
para o que dormia e dizia “e é um entusiasmo de vocês que nos motiva, nos
estimula”. Esse era o Montoro. (Palmas.) O homem da esperança, da esperança.
Finalmente, o Montoro fazia aniversário
no dia da Queda da Bastilha, 14 de julho. Aí liguei, José Pian, para o Montoro
para lhe dar um abraço. Ele falou: “Geraldo, eu estou indo para o México para
discutir o controle dos capitais voláteis, mas eu quando voltar, eu quero
conversar sobre a hidrovia Tietê-Paraná.”
Esse era o Montoro. Permanentemente a
serviço das pessoas, do bem comum. O homem simples, o último da fila e o
primeiro a defender a cidadania. Parlamentarista convicto.
Saudades de Franco Montoro.
Pensar em Montoro, é pensar na grande
política. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍILVIA GARCIA - Agora, nós
vamos assistir a um breve vídeo do governador José Serra, que não pôde estar
presente, mas mandou um vídeo para falar algumas palavrinhas.
*
* *
-
É exibido o vídeo.
*
* *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍILVIA
GARCIA - Com certeza a gente vai estar sentindo ele presente aqui. Muito
obrigado ao senador José Serra.
Agora, também quero passar um outro
vídeo feito ao nosso governador Franco Montoro.
*
* *
- É exibido o vídeo.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍILVIA GARCIA - Deputada Carla
Morando, nossa presidente nesta noite, eu peço a licença da senhora para
quebrar um pouquinho o nosso roteiro aqui, para que a senhora faça uma
homenagem à filha de Franco Montoro, nosso governador, a Sra. Mônica Montoro.
Por favor.
*
* *
- É feita a homenagem.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍLVIA GARCIA - Neste momento eu
chamo, por favor, a nossa presidente desta sessão, a deputada Carla Morando,
para fazer uma homenagem ao governador Franco Montoro, com a entrega de uma
placa ao seu filho, Ricardo Montoro, em nome de toda a família.
Por favor, deputada.
*
* *
- É entregue a placa.
*
* *
A SRA.
MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍLVIA GARCIA - Neste momento eu peço para que ocupe
a tribuna o senhor Ricardo Montoro.
O
SR. RICARDO MONTORO - Boa noite a todos e a todas, Mesa
ilustre, governador Joao Doria. Estive com o prefeito Bruno Covas há pouco, e
ele está realmente sendo medicado, não podendo comparecer. Carla Morando, muito
obrigado pela iniciativa.
Bruno Araújo, Morando,
todos os demais presentes, é muito difícil falar depois que tantas pessoas
ilustres já falaram. Um pouco daquilo que eu tinha pensado em falar já foi
falado, então eu vou ter que repetir algumas coisas, mas eu começo dizendo que
o Montoro nasceu em 1916, no dia 14 de julho, Dia Nacional da França, da tomada
da Bastilha. É por isso que os meus avós deram o nome, ao Montoro, de André
Franco - o Montoro era sobrenome -, em homenagem à França.
Nós fomos muito unidos,
muito amigos do João Doria, da família do João Doria, e todo ano, um que era
meio o dono de algumas terras lá em Descansópolis, o Perroir, fazia questão de
brindar com o Montoro, e sempre o João Doria estava presente no 14 de Juillet,
porque ele tinha uma casa ao lado da nossa e sempre conviveu muito bem com a
nossa família.
O Montoro formou-se em
direito e filosofia. Na Faculdade de Filosofia conheceu Dona Lucy. Teve sete
filhos: Maria Lúcia, casada com Pedro; o André, casado com a Gilda; o Eugênio,
casado com a Maria Amália; o saudoso Paulo Montoro, que teve como companheiro
por mais de 40 anos o nosso querido Kelley; o Fernando, casado com a Lúcia;
Mônica; e eu, também casado com outra Lúcia.
Em 1950 - este é um detalhe
que poucas pessoas sabem - ele foi eleito vereador depois de uma consulta à
Democracia Cristã de todo o mundo, em que se combinou, Geraldo, que os
católicos deveriam participar da política - não só participar da vida
religiosa, deviam participar ativamente da política. E ele foi escolhido para
ser candidato a vereador. Não queria, mas foi realmente escolhido e foi
vereador.
No primeiro dia, existia
um acordo entre todos, um acordo lícito, um acordo bem feito, um acordo de
eleger o presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Entretanto, apesar de
combinado, teve um determinado vereador que acintosamente assinava cheques
comprando os votos para o adversário. Ele acabou tornando-se o presidente da
Câmara, esse corrupto que eu não quero citar o nome, mas muitos de vocês sabem
de quem se trata.
Imediatamente, o Montoro
renunciou ao cargo. O pessoal não acreditava que o Montoro ia renunciar. Teve
férias e, na hora da volta, ele confirmou sua renúncia em protesto contra a
bandalheira, desde aquele tempo. Foi eleito, depois, presidente da Assembleia.
Foi eleito deputado estadual em 55 e, no primeiro dia de seu mandato, ele foi
eleito presidente da Assembleia, desta Casa ilustre, contra o então governador
Jânio Quadros.
Conseguiu a eleição
posteriormente para deputado federal e para senador. É importante dizer que, em
1970, ele foi eleito senador, praticamente o único senador que era de oposição.
Tinha mais três que eram do Rio de Janeiro, mas que eram um composto com o
governo, e assim ele foi o único. Logo depois, em 74, foi quando o PSDB
disparou e elegeu 16 dos 20 senadores.
Em 82, ele foi o primeiro
governador eleito por eleições diretas depois da ditadura, uma eleição
maravilhosa e um governo também maravilhoso. Já foi muito citado aqui, mas eu
faço questão de citar também a criação de todos os conselhos. Era a
participação efetiva da população nas decisões do governo: Conselho da mulher,
Conselho do negro, Conselho de todo tipo, os Consegs - Conselhos de Segurança
-, etc.
Foi o primeiro criador da
Secretaria de Meio Ambiente do Brasil. Está aqui o Zé Pedro, inclusive, que foi
o primeiro secretário do Meio Ambiente. Hoje não há município que não tenha ao
menos um departamento ou um secretário de Meio Ambiente nomeado ou eleito para
cuidar justamente do meio ambiente.
Também já foi dito aqui,
mas merece ser repetido, que ele foi o primeiro a lançar a Delegacia de Defesa
da Mulher. A delegada Rose foi a primeira delegada da mulher. E a
descentralização, o fortalecimento dos municípios, ou seja, a participação dos
municípios.
Ele dizia sempre, e o
Geraldo já repetiu várias vezes, que ele dizia: “Ninguém mora na União, ninguém
mora no estado. A gente mora no município, e é essa célula, esse município que
deve ser fortalecido”, e realmente foi essa a expectativa do governo Montoro.
E ele fez política sim,
ele fez política e sem dúvida nenhuma foi o grande líder do movimento das
Diretas Já. Existe um pouco de discussão a respeito disso, mas eu tenho
absoluta certeza, assim como os companheiros e secretários que estão aqui
presentes sabem o quão corajoso foi Montoro em convocar para o dia 25 de
janeiro de 84 o comício das Diretas Já.
Dentro do Palácio, o
Serra, o Zé Gregori, o Zé Carlos, eu não me lembro exatamente... Existia um
pouco de ceticismo com relação à convocação das Diretas Já, porque poderia
parecer uma afronta ao governo federal, e isso justificaria uma intervenção do
estado, e voltaríamos a um retrocesso democrático também. Ele dizia: “Não, eu
estou no meu direito de defender uma emenda parlamentar”, que era a Emenda
Dante de Oliveira - que restituía a eleição direta para presidente da
República.
Também já foi falado
aqui, e inclusive saiu no filme, uma famosa frase do Osmar Santos, nosso
querido Osmar Santos, que foi o animador do comício das Diretas na Praça da Sé,
que dizia: “Temos 100 mil, 200 mil, 400 mil pessoas” E o Montoro, quando pôde
falar, falou: “O Osmar está errado. Aqui estão presentes 130 milhões de almas
brasileiras.”
E ele conseguiu fazer com
que o movimento se multiplicasse em todas as capitais do Brasil, em várias
cidades inclusive, e as Diretas Já foram um movimento vitorioso que derrubou a
ditadura sem derramamento de sangue, com eleições diretas, e elegemos o
Tancredo Neves.
Depois, vocês conhecem
toda a história. O Montoro sempre se preocupou, efetivamente, com o interesse
público. Ele dizia, João, que seu secretariado era um ministério. Inclusive com
nomes como Mário Covas, que começou nos Transportes, depois virou prefeito de
São Paulo.
Evidentemente que eu vou esquecer, mas
eu lembro do Paulo Renato, do Serra, do Bresser, do Clóvis Carvalho, do Gusmão,
do Caio Pompeu de Toledo, do Almino Afonso, do Chopin Tavares de Lima, Zé
Carlos Dias, Zé Gregório, que estão aqui presentes e outros tantos. Ele chamava
isso de ministério, e foi exatamente com esse secretariado que ele conseguiu
mudar a imagem de São Paulo, conseguiu mudar a imagem da vida pública.
Eu fico muito satisfeito, e, em nome da
família, agradeço profundamente à Carla Morando pela iniciativa, cumprimento
todos da Mesa, particularmente o João Doria e o Geraldo Alckmin, e agradeço a
presença de todos.
Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - SÍLVIA GARCIA - Neste momento,
eu peço para se dirigir à tribuna o nosso governador João Doria.
Com a palavra, governador.
O
SR. JOÃO DORIA - Amigas e amigos, boa noite. Boa
noite, deputado Cauê Macris. Parabéns pelo seu gesto, a sua delicadeza de
dedicar à Carla Morando a presidência desta Mesa. É uma oportunidade tão
bonita, tão especial, em uma iniciativa que ela teve de homenagear André Franco
Montoro.
Querido e bom amigo Geraldo Alckmin,
ex-governador do estado de São Paulo, fundador do PSDB, viveu essa história. A
Carla já me disse que vai fazer uma cópia dessa homenagem que ela recebeu do
Bruno Araújo, para que o governador possa ter a assinatura dele. É a sétima
nesse documento que aí está.
Queria também registrar o meu abraço ao
Orlando Morando, meu querido e bom amigo, prefeito de São Bernardo do Campo,
combativo prefeito de São Bernardo do Campo, ex-deputado, ex-líder nesta Casa.
Também ao Bruno Araújo, jovem presidente nacional do PSDB. Obrigado por estar
aqui, Bruno. Obrigado pelo seu discurso brilhante, entusiasmante.
Também a você, Rico Montoro, como eu
chamo sempre, Dr. Rico, meu amigo de longa data. Ainda vou me referir a você e
à família. Damaris, com a sua sensibilidade como parlamentar, como mulher, como
adventista, fez um breve e lindo discurso aqui. Ainda selecionou uma frase
linda de André Franco Montoro. Em seu nome, cumprimento todos os demais deputados
e deputadas que estão aqui presentes, assim como membros do legislativo.
Queria tomar a liberdade de fazer
homenagem aqui à família de André Franco Montoro, começando pela Malu. Eu não
vejo a Malu aqui esta noite, creio que ela não esteja presente, mas daqui vai
um beijo muito carinhoso à Malu, minha amiga. Todos são muito meus amigos.
Ao Andrezinho, que aqui está, André
Franco Montoro Filho; ao Eugênio Montoro, que está aqui também presente -
sempre lembrando as suas respectivas esposas; ao Ricardo, para mim sempre o
Rico, ou Dr. Rico, como eu o chamo já, há mais de 40 anos; Fernando e Lúcia,
Fernando, que eu chamo de Ferdinando Montoro, foi meu colega em uma viagem
longa que fizemos à Itália. Vivemos juntos durante quase um ano em Roma, na
Itália.
A você Mônica, minha amiga, querida
também de tantos anos. A homenagem do Paulinho, fiquei muito sensibilizado
também pela lembrança do Paulo. Ele certamente estaria aqui feliz, estaria
ajudando na organização, certamente, porque ele era sempre muito preciso, e
gostava das coisas organizadas.
Uma homenagem também muito especial à
dona Lucy. Sinto falta da dona Lucy. Sei que ela estaria aqui hoje também muito
feliz e satisfeita, Lúcia, pela homenagem ao seu marido. Era uma simbiose
expressiva, Geraldo, de marido e mulher, Lucy e André, André e Lucy. Era um
caso de amor, um caso de amor eterno entre os dois. Eu vivenciei isso durante
décadas, seja em São Paulo, seja em Campos do Jordão, seja no Palácio dos
Bandeirantes.
Também aos netos, netas, sobrinhos,
amigos e admiradores que estão aqui, e aqueles que também têm e guardam
parentesco direto, Verinha, com André Franco Montoro.
Eu tenho razões, também, de sobra para
uma grata lembrança. Primeiro porque o ingresso do meu pai na vida pública se
deveu, Zé Gregório, a André Franco Montoro, que, ainda deputado estadual,
presidente do PDC aqui em São Paulo, Partido Democrata Cristão, Eugênio,
convidou meu pai para disputar uma candidatura de deputado federal.
Meu pai, como bom baiano, entusiasta da
vida política, embora estivesse no setor privado, foi convencido pelo seu pai,
Rico, e aceitou, mas disse: “Pela Bahia.” E o Montoro - o Montoro que me contou
essa história -: “Mas como, Doria? Não tem nem PDC na Bahia, não tem nada, o
PDC está aqui, não temos nada na Bahia.” Ele falou: “Não tem problema, nós
abrimos lá o diretório do PDC na Bahia, e vamos fazer lá.”
O Montoro, que não precisava de uma
vírgula para entusiasmá-lo, uma das figuras mais otimistas que eu já conheci na
vida, topou na hora. “Então, Doria, saia pela Bahia.” Ele foi, disputou e
venceu em 1962, e se elegeu deputado federal, depois cassado pelo golpe
militar, em 1º de abril de 1964, mas o ingresso do meu pai na vida pública se
deveu à inspiração, ao desejo e ao convite de André Franco Montoro. Olha como as
nossas vidas se uniram muito precocemente.
Depois, ao longo de toda a nossa
existência... Eu quero lembrar que, durante o exílio do meu pai, Mônica, o seu
pai foi das poucas pessoas que visitou o meu pai no exílio, porque havia um
estigma de que todos os políticos, intelectuais, cassados pelo golpe de 64.
Qualquer convívio seria um contágio e um risco de ser flagrado, fotografado
pelo SNI, e ser classificado também como comunista, como subversivo.
Então, era um afastamento. Todos,
naquele primeiro lote - estamos falando de 1964 -, eram proscritos,
completamente. Montoro não, Geraldo. Foi várias vezes. Meu pai ficou exilado na
França, em Paris, e todas as vezes, Andrezinho, que seu pai esteve em Paris,
ele visitava meu pai, e era carinhoso com meu pai.
Me lembro, inclusive, uma que sofri um
atropelamento em Paris, estava no hospital, e, para minha surpresa, quem lá foi
me visitar? Seu pai, André Franco Montoro, e ainda brincou: “Você atropelou
quem, João Doria?”
Porque o Montoro tinha, além de
otimismo, um bom humor, sempre. O Montoro era uma pessoa bem-humorada, de bem
com a vida, feliz. Ele tinha uma essência interior, Fernando, que fazia dele
uma pessoa sempre alegre, sempre feliz, e o otimista, conforme essa história
que o Geraldo contou aqui, daquele comício... Onde foi mesmo, Gerado? Em
Cruzeiro. E eram onze horas, dez e tanto da noite. Essa é uma história
clássica, e absolutamente real do Montoro.
Mas era sempre, Carla, muito solidário
com seus amigos, e muito verdadeiro nas suas manifestações. Pelas mãos do
Montoro, também, eu comecei a minha vida pública, sem estar na vida pública,
porque, a convite dele, fiz o que seria a campanha para o governo de São Paulo.
Se não me engano foi 1970. É isso,
Rico? Para senador. Porque era para governador... Não, foi senador, e depois a
seguinte que seria para governador, mas aí, mais um Ato Institucional,
criaram-se os governadores biônicos. O Zé Carlos Dias, que acaba de sair,
conhece bem essa história.
O Montoro, muito contrariado,
evidentemente, como democrata que era, ele falou: “Então saio ao Senado.” E
saiu, e fez uma campanha brilhante ao Senado, fez uma votação recorde naquela
época. Se não me engano, mais de sete milhões e meio de votos. Foi o senador
mais votado da história da República, e me lembro bem que o grupo que fazia,
Cyro Laurenza, a campanha do Montoro, era um grupo de seis pessoas, além da
família. Aliás, nem seis, eram cinco, na Rua Bela Cintra nº 1533. Era uma
casinha pequenininha, estreitinha.
Tinha a secretária do Dr. André. Como
se chamava? Lembra-se, era uma senhora? Dona Zara, e os filhos, me lembro,
talvez mais dois assessores, eu e você. Você, Fernando, Mônica. A família
sempre muito solidária ao Dr. André, fazendo naquela pequena casinha da Rua
Bela Cintra nº 1533 a campanha dele para o Senado, e tempos depois, a campanha
para o governo de São Paulo.
Aí já mais estruturado, e me lembra um
fato aqui que tem um pouco a acrescentar, porque o Geraldo contou praticamente
tudo, o Rico também.
Mas um fato importante, que é a Rua
Madre Teodora na composição daquilo que foi um exemplo para mim, como candidato
à prefeitura de São Paulo, e, depois, ao governo de São Paulo. Ali fez o grupo
de estudos da Madre Teodora, conhecida como Sorbonne, que era comandado por
exatamente por Chopin Tavares de Lima, que você, com muita justiça, lembrou.
Zé Gregório estava lá nesse grupo.
Todos os nomes, aliás, que você citou, frequentaram a Madre Teodora, a
Sorbonne, preparando o programa de governo. O programa de governo era muito
interessante, porque o Montoro sempre foi um democrata, e participativo. Aquilo
que ele pregava, ele era.
Bastava você chegar e entrar na casa da
Madre Teodora, que, passando por alguma sala, se ele estivesse ali, ele mandava
entrar. “Não, mas eu só vim fazer uma entrega, vim entregar aqui um sanduíche.”
“Não, senta aí.” Mandava sentar. A pessoa sentava, e ele participava, e fazia
daquilo um incremento de informações, fosse quem fosse, intelectual, não
intelectual, um entregador, um office-boy.
O Montoro mandava sentar e participava,
e aquilo sempre deixava a todos muito felizes, pela forma participativa com que
o Montoro geria o programa de campanha, que depois levou à
extraordinária vitória. A vitória do Montoro em 1982 foi emblemática para o
Brasil.
O Eugênio coordenava a parte financeira da
campanha; o Ricardo coordenava uma parte significativa de mobilização da
campanha; e nós, numa pequena casa ali na Av. Brigadeiro Luís Antônio,
coordenávamos a comunicação da campanha que levou o Montoro a se eleger
governador de São Paulo.
E o Montoro já usava ali essa famosa frase que hoje
nós todos utilizamos na prática do municipalismo, onde ele defendia, para se
eleger governador, que as pessoas não viviam no estado, não viviam na União,
viviam no Município.
Foi naquela campanha que ele propagou isso com
aquele livrinho laranja, e ele queria que fosse o livro laranja daquela
fotografia que vocês viram aqui - acho que foi a terceira fotografia - com este
movimento das mãos.
Mônica, o seu pai adorava essa foto, tanto que era
a foto de todos os impressos, os cartazes, os cartezetes. Ele não admitia,
lembra-se disso? “Essa é a foto.” Não tinha outra foto que não essa, porque ele
entendia que representava muito a figura dele e a cor de laranja. Por que o
laranja? A terra, Geraldo, a terra.
O Montoro era com os pés na terra e ele queria que
a cor de laranja fosse sempre a cor da democracia que ele defendia com as
pessoas da terra, e com austeridade e com eficiência, que sempre foram marcas
de André Franco Montoro. E eu me lembro também do Montoro-móvel, que aquela
época, imagine, não tinha telefone celular, não tinha nada.
Tudo era muito difícil e o Montoro-móvel era uma
van. Era o único - eu diria - instrumento um pouco mais moderno da campanha,
porque tinha poucos recursos. Muito pouco dinheiro, muita vontade, como diz o
Geraldo Alckmin. Muita sola de sapato, mas dinheiro pouquíssimo naquilo. Mas
tinha vontade e não faltava. E entusiasmo então, tinha de sobra.
Aqui um acréscimo também de informação. Tinha um
produto que não podia faltar no Montoro-móvel. Você lembra qual era? Bananas.
Montoro adorava bananas. Então tinha que ter sempre uma reserva, Fernando, de
bananas, porque ele adorava. Porque eram viagens enormes, longas, e o Montoro
não queria parar. Ele: “Toca, toca, toca!” Sempre muito entusiasmado, Zerbini,
ele queria chegar no destino.
Então não se parava para comer carne, comer nada,
sanduíche. Era banana e distribuía banana para todo mundo no Montoro-móvel. E
também aquela pregação dele dos três. Ele fazia assim sempre para lembrar:
descentralização, participação e geração de empregos. O Montoro tinha uma
capacidade que o Geraldo lembrou muito: antecipava muito o seu tempo. O Montoro
fazia marketing político numa época em que não existia praticamente marketing
político.
Ele era intuitivamente um homem de marketing, além
de um brilhante político. Porque ele simbolizava, ao fazer assim, a lembrança
prática e rápida de “descentralização, participação e geração de empregos”. E
aquilo foi ele que criou. Não foi nenhum homem. Nem tinha naquela época homens
de marketing naquele tempo.
E das Diretas Já - já caminhando aqui para
finalizar a minha intervenção -, eu me lembro que seu pai, Rico, me convidou um
dia para ir - isso era dezembro, acho que em torno de 14, 15 de dezembro, pouco
antes do meu aniversário... Convidou a mim e Jorge da Cunha Lima, que eu sinto,
aliás, o Jorginho não estar aqui, porque foi muito próximo do seu pai. O Jorge,
espero que esteja bem de saúde.
Mas ele convidou a mim e ao Jorge da Cunha Lima
para o gabinete lá no Palácio dos Bandeirantes e disse: “Vamos fazer um grande
comício para as Diretas Já!” E, de fato, foi o seu pai o grande artífice, o
grande articulador, o grande inspirador. Não há dúvida nessa história. Quem prega
algo diferente desconhece a história ou deliberadamente quer ser injusto com a
história de André Franco Montoro.
Porque a ideia foi dele. Ele teve a iniciativa, ele
foi o mentor. E aí ele disse a mim e ao Jorge da Cunha Lima: “Vocês vão
preparar um comício.” Eu falei: “Está bom, Dr. André. Vamos preparar.” “...Para
25 de janeiro.” Eu falei: “Dr. André, não dá.” Aí até o Jorge da Cunha Lima...
Ele já tinha barba. Ele coçava a barba assim,
Andrezinho, e dizendo: “Não dá. Tem um mês, não dá para fazer o comício. E em
25 de janeiro não vai ter ninguém. Aonde, Montoro, você quer fazer o comício?”
“Na Praça da Sé.” “Mas na Praça da Sé, com ainda ditadura militar? Menos de um
mês para fazer. Tem Natal, tem Ano Novo.”
O Montoro, otimista: “Não, 25 de janeiro!” E chamou
o Roberto Gusmão, que era, se eu não me engano, chefe da Casa Civil naquele
momento. É isso, não é, Eugênio? E chamou o Gusmão. Ou era de governo? Enfim,
ele era secretário. Ele chamou.
Eu me lembro perfeitamente da imagem do Gusmão entrando
no gabinete do Montoro e também assustado, porque o Montoro nem com ele tinha
compartilhado essa ideia e compartilhou ali na hora.
E não adiantaram os argumentos nem meus e muito
menos do Jorge Cunha Lima e do próprio Roberto Gusmão de que não era uma data
adequada. Era e acabou. E ele determinou que seria 25 de janeiro. E, mais uma
vez, seu pai estava certo. Era a data correta. Era a data emblemática e era na
Praça da Sé mesmo que tinha que ocorrer aquele comício que nós organizamos.
Montamos o palco, organizamos o som, mobilizamos.
Todas as forças democráticas do País estavam ali:
Lula, Leonel Brizola, Tancredo Neves, todas as grandes figuras, Ulysses
Guimarães. Todas as grandes figuras da política brasileira estavam ali. E eu me
lembro, inclusive, quando eu ponderei ao seu pai - contando um pouco de
história, mas já finalizando - que ele gostava muito do Osmar Santos.
Ele convidou o Osmar Santos. Ele adorava o Osmar, a
voz, o entusiasmo, mas ele me disse nesta conversa no Palácio dos Bandeirantes:
“Nós precisamos de uma mulher. Não é possível fazer um evento desses sem a
presença de uma mulher.”
E eu na hora lembrei da Christiane Torloni, que era
muito minha amiga, e a Torloni estava no auge, no auge, no auge do seu sucesso.
Continua sendo uma grande atriz e continua com um enorme prestígio.
Ele falou: “Fale com ela, fale com ela. Ligue já!”
Eu falei: “Não tenho nem o telefone dela aqui, governador. Eu vou para casa,
ligo para ela. Se eu não puder ligar hoje, ligarei amanhã.” E convidei a
Christiane Torloni, ela topou e passou a ser a musa das Diretas junto com o
Osmar Santos.
E depois eu ainda tive a ousadia de sugerir ao seu
pai, Fernando, que pudéssemos convidar - e ele autorizou - a Fafá de Belém, que
passou a ser a voz das Diretas por conta do Hino Nacional que ela cantava,
começando exatamente no 25 de janeiro de 1984, na Praça da Sé, onde nós
reunimos não as 130 mil pessoas, mas os 130 milhões de brasileiros, que seu pai
respondeu aos marchantes naquela mesma noite no discurso, e ele foi o último a
discursar naquela noite.
Portanto, uma gratíssima lembrança. Eu tive esse
privilégio de conviver com o Montoro até os seus últimos dias. Fico feliz, fico
emocionado e quero dizer para vocês que o Montoro faz falta, muita falta. O
Montoro ainda podia estar conosco. Foi cedo, mas deixou uma família
maravilhosa.
Deixou filhos, netos, uma história brilhante e
ajudou a escrever não só a história do PSDB, Bruno Araújo, não só a história da
política em São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele ajudou a escrever o melhor da
democracia da história da democracia brasileira.
O Brasil deve muito a André Franco Montoro, um dos
maiores nomes que a política brasileira já teve em todos os tempos. Viva André
Franco Montoro!
Muito obrigado. Boa noite. (Palmas.)
A SRA. MESTRE
DE CERIMÔNIAS - SÍLVIA GARCIA - Com a palavra agora a nossa
deputada Carla Morando.
A SRA.
PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Bom, para finalizar é só dizer
que sempre eu tenho um orgulho enorme em fazer parte do PSDB e isso só melhora
e só aumenta. Muito obrigada a todos.
Esgotado o objeto da presente sessão, a Presidência
agradece às autoridades, à minha equipe, aos funcionários do Som, da
Taquigrafia, de Atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da
Imprensa da Casa, da TV Alesp e das Assessorias Policiais Militar e Civil, bem
como a todos que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta
solenidade.
Esta sessão está encerrada e convidamos a todos
para um coquetel que será servido no Salão dos Espelhos.
Boa noite a todos. (Palmas.)
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- Encerra-se
a sessão às 21 horas e 50 minutos.
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