29 DE NOVEMBRO DE 2019
155ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: GILMACI SANTOS
Secretaria: CORONEL TELHADA
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência e abre a sessão. Convoca reuniões
extraordinárias, da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, para exarar
parecer sobre o PLC 80/19, a realizarem-se em: 2/12, às 10 horas; às 10 horas e
30 minutos; e às 11 horas.
2 - CORONEL TELHADA
Saúda os municípios de Mirante do Paranapanema e Promissão,
por seu aniversário na data de hoje, e de Franca, que aniversariou na data de
ontem. Informa ser hoje comemorado o dia do Soldado Desconhecido. Comunica que
hoje pela manhã fora finalizada a operação São Paulo Mais Segura. Menciona
morte de policial, vítima da criminalidade urbana. Discorre acerca do funeral
de Gugu Liberato. Elogia envolvidos, desta Casa, que trabalharam no velório do
apresentador. Homenageia o público que compareceu ao ato fúnebre.
3 - CARLOS GIANNAZI
Critica o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São
Paulo, por comunicado que desclassifica acidentes ocorridos durante o trajeto
de ida e vinda de trabalhadores como acidentes de trabalho. Repudia iniciativas
do governo Doria.
4 - CARLOS GIANNAZI
Valoriza o Dia da Consciência Negra. Afirma que o racismo no
Brasil é estrutural. Critica a nomeação de Sérgio Nascimento Camargo para
presidente da Fundação Zumbi dos Palmares, pela Secretaria de Cultura do
Governo Federal. Assevera que o nomeado compactua com ideais racistas. Frisa a
obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e africana no
Brasil em escolas. Repudia a reforma do funcionalismo público. Informa que em
03/12 deverá haver manifestação contrária à matéria.
5 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
6 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão
ordinária de 02/12, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Lembra sessão solene a
ser realizada hoje, às 20 horas, para "Homenagem à Semana Cultural Gospel
no Estado de São Paulo". Levanta sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Gilmaci Santos.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -Presente o número regimental de Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos
trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e
convida o nobre deputado Coronel Telhada para ler a resenha do expediente.
O SR. CORONEL TELHADA - PP - Sr. Presidente, nós temos aqui um
requerimento do deputado Gil Diniz, requerendo, nos termos regimentais, que se
registre nos anais da Casa voto de congratulações com a população de Álvares
Machado, pelo aniversário do município a ser comemorado no dia 30 de novembro,
portanto, amanhã.
É somente isso, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Muito obrigado, nobre deputado Coronel
Telhada.
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos
termos do disposto no Art. 18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 45,
§ 5º, ambos do Regimento Interno, convoco reunião extraordinária da Comissão de
Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se na segunda-feira, dia 2 de
dezembro de 2019, às 10 horas, no salão nobre da Presidência, com
a finalidade de apreciar o Projeto de lei Complementar nº 80, de 2019.
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos
termos do disposto no Art. 18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 45,
§ 5º, ambos do Regimento Interno, convoco reunião extraordinária da Comissão de
Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se na segunda-feira, dia 2 de
dezembro de 2019, às 10 horas e 30 minutos, no salão nobre da Presidência, com
a finalidade de apreciar o Projeto de lei Complementar nº 80, de 2019.
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos
termos do disposto no Art. 18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 45,
§ 5º, ambos do Regimento Interno, convoco reunião extraordinária da Comissão de
Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se na segunda-feira, dia 2 de
dezembro de 2019, às 11 horas, no salão nobre da Presidência, com
a finalidade de apreciar o Projeto de lei Complementar nº 80, de 2019.
Senhoras
e senhores, passamos agora ao Pequeno Expediente, convidando, para fazer uso da
palavra, o nobre deputado Dr. Jorge Lula do Carmo. (Pausa.) Paulo Lula Fiorilo.
(Pausa.) Carla Morando. (Pausa.) Vinícius Camarinha. (Pausa.) Agente Federal
Danilo Balas. (Pausa.) Frederico d'Avila. (Pausa.) Edmir Chedid. (Pausa.)
Sebastião Santos. (Pausa.)
Deputado
Caio França. (Pausa.) Deputada Janaina Paschoal. (Pausa.) Deputada Professora
Bebel Lula. (Pausa.) Deputado Enio Lula Tatto. (Pausa.) Deputado Douglas
Garcia. (Pausa.) Deputado Castello Branco. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando Lula
da Silva. (Pausa.) Deputado Coronel Telhada. Tem V. Exa. o tempo regimental.
O SR. CORONEL
TELHADA - PP - Sr.
Presidente, Srs. Deputados, assessores e funcionários aqui presentes, todos que
nos assistem pela Rede Alesp, quero saudar também a nossa assessoria policial
militar, na figura do cabo Dalo, e da soldado Raquel.
Quero
começar minha fala hoje saudando os municípios aniversariantes. Ontem, dia 28,
foi Franca. Nós não tivermos aqui a sessão ordinária, tendo em vista o funeral
do Augusto Liberato. Então, na data de ontem, quinta-feira, 28 de novembro, foi
a cidade de Franca. E hoje, sexta-feira, dia 29 de novembro, aniversariam os
municípios de Mirante do Paranapanema e Promissão. Portanto, um grande abraço a
todos os amigos e amigas dessas queridas cidades.
Hoje,
dia 29 de novembro, também é comemorado o Dia do Soldado Desconhecido. Todos os
países têm o túmulo do Soldado Desconhecido, soldados que morreram em guerra e
não tiveram a sua identidade reconhecida, ou porque o corpo estava sem
condições de reconhecimento, ou porque foi enterrado em algum lugar, e o corpo
foi achado depois.
É
uma tradição que em todos os países existe, com o propósito de honrar a memória
dos soldados que perderam as vidas lutando por suas pátrias, mas os corpos não
foram identificados.
Esse
costume começou em 1920, quando um soldado da Primeira Guerra Mundial foi
enterrado na Abadia de Westminster, na Inglaterra, e teve como objetivo
dignificar todos os soldados que deram a sua vida pelo Império britânico.
No
Brasil, nós temos aqui no Rio de Janeiro o Monumento Nacional de Mortos da
Segunda Guerra Mundial, e foi inaugurado em julho de 1960. Lá estão todos os
corpos dos soldados que morreram na Itália, ou em combate na Segunda Guerra Mundial.
Ele contém as urnas de soldados também não identificados, simbolizando o
soldado desconhecido.
Quero também parabenizar aqui, tenho dois tios
fazendo aniversário nesse mês de novembro, o tio Silas, lá de Jundiaí, que fez
70 anos, e o Davi aqui da Lapa, em São Paulo, que fez 80 anos. Um abraço aos
dois.
Hoje,
pelas cinco horas da manhã, nós terminamos mais uma operação “São Paulo Mais
Seguro”. Essa operação foi desenvolvida em todo o estado de São Paulo, e contou
com o número de 18.177 policiais militares, 7.742 viaturas e 11 aeronaves.
Foram abordadas 22.552 pessoas e presas 214 pessoas, um número bem
significativo, por um dia de serviço. Dezenove armas apreendidas e 250 kg de
drogas no geral. Parabéns a nossa Polícia Militar, pelo trabalho que desenvolvem
diariamente.
Infelizmente,
nessa madrugada, morreu mais um policial militar, desta vez no Rio de Janeiro.
É o subtenente Alessandro Groetaers da Silva, de 47 anos. A foto está ruim, mas
foi a única foto que nós conseguimos. Ele estava na residência dele quando, por
volta das duas horas da manhã, dois criminosos invadiram a casa do policial.
Renderam a família, queriam dinheiro, e já avisaram que, se fosse policial,
eles iriam matar.
Diante
disso, ao policial só restou entrar em luta corporal com os indivíduos, mas ele
acabou sendo baleado. Foi socorrido no Hospital Dr. Adalberto da Graça, mas
faleceu. Os marginais fugiram, levando a arma do policial militar.
Esse
subtenente Alessandro Groetaers da Silva estava na Polícia Militar do Rio de
Janeiro desde 95, e deixou esposa e um filho.
Finalmente,
quero encerrar a minha intervenção de hoje, Sr. Presidente, falando do funeral
que nós tivemos aqui, na data de ontem e de hoje, do apresentador Augusto
Liberato, que faleceu vítima de um acidente doméstico lá nos Estados Unidos.
Eu
quero agradecer aqui a muitas pessoas. Em primeiro lugar, ao presidente da
Assembleia, por ter permitido que o velório fosse realizado aqui na Assembleia
Legislativa. Quero agradecer à assessoria policial aqui da Assembleia, na figura
do capitão Fabre, do capitão Conte, do tenente José Antonio, enfim, de todos os
oficiais e praças, que ficaram 24 horas praticamente ininterruptos, dobrando
serviço. Vou pedir para que seja feito um elogio individual a todos os senhores
e senhoras.
Muito
obrigado pelo trabalho que os senhores fizeram, e também aos funcionários da
Casa, à prefeitura, a toda a Polícia Militar também, que trabalharam com o
Corpo de Bombeiros, com viaturas da Rodoviária, para trazer o corpo até aqui,
com viaturas do trânsito, para levar o corpo até, junto com o carro de
Bombeiros, até o Morumbi, com o pessoal do 12º Batalhão, que também prestou um
apoio aqui no reforço de efetivo.
Quero
agradecer também a todo o povo de São Paulo. Milhares de pessoas passaram por
esta Casa, desde ontem, quando foi aberto, ao meio-dia, até hoje, às 10 horas
da manhã, quando foi fechado.
As pessoas
aguentaram mais de quatro horas de fila, debaixo de chuva. À noite, no final da
tarde, deu uma boa esfriada. E o povo permaneceu, fez questão de comparecer e
dar um abraço na família do Gugu.
Então quero, em
nome de toda a família, agradecer a todo esse povo que teve a coragem de
enfrentar as intempéries. Quatro ou três horas de fila, simplesmente para
render a homenagem a esse grande apresentador, Augusto Liberato, que nesse
momento já se encontra sepultado no Cemitério Gethsêmani.
Então, muito
obrigado a todos. Mais uma vez, à Assistência Policial Militar, à Assembleia, à
Polícia Militar, à Prefeitura, a todo o povo de São Paulo. Muito obrigado por
tudo o que fizeram.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Obrigado, Coronel Telhada.
Convidamos agora o nobre deputado
Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
telespectadores da TV Assembleia, boa tarde.
Sr. Presidente,
eu queria dizer que, no último dia 26, o Departamento de Perícias Médicas do
Estado de São Paulo, que nós conhecemos - nós, não; porque os servidores até já
cunharam uma frase, dizendo que o Departamento de Pericias Médicas do Estado de
São Paulo é a “casa dos horrores” - publicou um comunicado.
O comunicado do
Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo é o Comunicado nº 92.
Esse comunicado respalda, na verdade, uma medida provisória que foi publicada
recentemente pelo governo federal, pelo governo Bolsonaro, contra os
trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Fico chocado com a rapidez com que
esse Departamento de Perícias Médicas publicou o comunicado.
É um comunicado
que diz o seguinte: que o acidente no trajeto, quando um servidor público estiver
indo ou voltando do trabalho, se ele sofrer algum tipo de acidente, então esse
acidente não será mais enquadrado como acidente de trabalho. Porque, até ontem,
era. Sempre foi incorporado esse entendimento, pela Justiça do Trabalho, como
um acidente de trabalho. Porque ele estava indo ou voltando, esse trabalhador
ou essa trabalhadora, do seu trabalho.
Agora, que
estamos vivendo um momento histórico muito difícil, onde o capital ataca o
trabalho e a força de trabalho de uma forma selvagem e voraz, jamais vista,
retirando vários direitos dos trabalhadores, o Bolsonaro, a serviço desse
capital, encaminha uma medida provisória para o Congresso Nacional, exatamente
retirando esse benefício, esse direito, esse entendimento. Então, a gente sabe
que ele está a serviço dessa lógica de expropriação dos direitos dos
trabalhadores.
Ele vai
espoliar tudo o que puder dos trabalhadores. Como fez agora, com a taxação do
seguro-desemprego. Então um desempregado está sendo taxado. Quando a nossa luta
tem sido para taxar as grandes fortunas, os ricos, as grandes riquezas, o
Bolsonaro está taxando desempregado. Isso é um absurdo. Congelou o salário
mínimo do Brasil.
Agora, o
Departamento de Perícias Medicas, a “casa dos horrores” do Estado de São Paulo,
que tanto maltrata os servidores naquelas perícias médicas, agora publicou esse
comunicado, rapidamente, punindo os servidores, já reconhecendo rapidamente.
Fico chocado com o governo estadual, do Doria, com os governos do PSDB. Então,
para prejudicar, para retirar direitos dos servidores, ele é muito rápido.
A medida
provisória mal foi publicada, enviada ao Congresso Nacional, e imediatamente o
governo, através do Departamento de Perícias Médicas, já publica um comunicado,
retirando esse enquadramento dos trabalhadores, dos nossos servidores.
Quando é para
cumprir uma lei que beneficia os trabalhadores, ele não cumpre. Por exemplo: a
lei da data-base salarial não é cumprida, a lei da jornada do piso salarial não
é cumprida no estado de São Paulo, a lei federal do piso nacional salarial não
é cumprida, a lei que nós aprovamos aqui, a Lei 15.830, que garante a
diminuição do número de alunos em salas com matrículas de crianças e
adolescentes com algum tipo de deficiência física, mental ou intelectual, essa
lei também não é cumprida no estado de São Paulo. E tantas outras.
O Plano
Estadual de Educação, que é lei estadual, não é cumprida pelo governo estadual,
muito menos o Plano Nacional, que deveria ser cumprido e não é cumprido no
estado de São Paulo.
Agora, quando é
para prejudicar, quando é para afrontar direitos, quando é para afrontar a
dignidade dos trabalhadores do estado de São Paulo o governo é ágil, é rápido.
Por isso que ele publicou esse comunicado.
Lembrando que o
Departamento de Perícias Médicas, Sr. Presidente, que deveria estar na área da
Saúde, está exatamente dentro da Secretaria da Fazenda e do Planejamento, cujo
secretário é o banqueiro Henrique Meirelles, aquele que foi ministro do governo
corrupto do Temer, aquele que está a serviço dos rentistas e dos especuladores
da dívida pública, dos banqueiros nacionais e internacionais.
Ele é o
Secretário da Fazenda, e o Departamento de Perícias Médicas está subordinado à
Secretaria da Fazenda. Isso é um absurdo total.
Fica aqui o
nosso repúdio. Já estamos estudando aqui
medidas para pedir a revogação desse comunicado do Departamento de Perícias
Médicas, que é uma afronta aos trabalhadores e trabalhadoras do Serviço Público
do Estado de São Paulo.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado,
deputado. Chamamos agora, o deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Jorge
Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Roberto Morais. (Pausa.)
Deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Dirceu
Dalben. (Pausa.) Deputado Cezar. (Pausa.) Deputado Sargento Neri. Deputada
Analice Fernandes. (Pausa.) Deputada Delegada Graciela. (Pausa.) Deputada
Márcia Lula Lia. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Daniel José.
(Pausa.) Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Deputada Dra. Damaris Moura. Deputado
Reinaldo Alguz. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Rodrigo
Moraes. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Alex de Madureira.
(Pausa.) Deputado Tenente Nascimento. (Pausa.) Deputado Ed Thomas. Deputada
Leci Brandão. (Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.)
Passamos à lista suplementar. Deputado
Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Coronel Telhada. (Pausa.) Deputado Enio Lula
Tatto. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, o mês de novembro é o mês da consciência
negra. É o mês em que nós temos a comemoração principalmente do dia 20 de
novembro, que é uma homenagem ao grande símbolo de resistência contra a
escravidão, que foi o Zumbi dos Palmares.
Inclusive é
feriado em alguns municípios e em algumas regiões do Brasil. Aqui na Capital,
por exemplo, é feriado. Na cidade de Sorocaba é feriado, inclusive uma lei
aprovada lá pelo nosso deputado do PSOL, Raul Seixas, digo Raul Marcelo, ele
gosta do Raul, ele gosta do Raul Seixas, eu sei, ele toca músicas do Raul
Seixas, o nosso Raul Marcelo que na época era vereador e aprovou essa lei em
Sorocaba, Sr. Presidente.
Eu ajudei a
aprovar aqui quando era vereador em São Paulo, na Câmara Municipal. O fato é
que o Brasil tem um racismo estrutural que atravessa todas as instituições
brasileiras, todos os segmentos da nossa sociedade: a família, a igreja, o
Parlamento, as Forças Armadas, o Judiciário, os sindicatos dos trabalhadores,
os empresariais.
O racismo é
estrutural. Ele atravessa o nosso pensamento por conta dos quase 400 anos de
escravidão. Isso deixou marcas profundas na alma do Brasil e na estrutura de
funcionamento do País.
E a nossa luta
histórica no sentido de superar e erradicar esse racismo estrutural. Por isso
que nós temos comemorações, as datas, nós temos políticas afirmativas, quotas
raciais, no sentido de minimamente tentar fazer uma reparação – não resolve a
situação.
Porque a
situação é muito grave em relação à herança da escravidão ainda na vida do
Brasil. Mas, já é alguma coisa; deveria ser alguma coisa. Mesmo assim, tem
muita resistência de setores da sociedade, que não entendem esse fato
histórico, que produz o racismo estrutural, e que é alimentado no nosso
cotidiano, nos vários segmentos que eu citei aqui.
Agora, nós
estamos perplexos, Sr. Presidente, com a nomeação de uma pessoa para a Fundação
Palmares. A Fundação Palmares é um órgão da Secretaria Nacional de Cultura, do
Minc, do Ministério da Cultura, que foi praticamente extinto – virou acho que
Secretaria da Cultura Nacional –, e dentro tem uma fundação, a Fundação
Palmares.
E, o governo
Bolsonaro, na sua lógica de destruir as instituições, ele nomeou uma pessoa que
eu nem conhecia, um tal de Sérgio Nascimento Camargo, que me parece que é um
jornalista negro, mas que é contra todo tipo de movimentação que eu citei
agora: para erradicar o racismo.
Ele disse que
quer erradicar, que é contra o Dia Nacional da Consciência Negra, é contra o
movimento negro. Disse, tem várias frases, porque toda a imprensa está falando
isso, Sr. Presidente, todos os jornais do Brasil estão no mesmo diapasão,
dizendo que isso é um absurdo.
Porque um homem
negro, uma pessoa negra, para uma fundação importante para combater o racismo,
e essa pessoa faz o contrário: reforça o preconceito racial através das suas
afirmações.
Coisas absurdas
foram ditas por ele, e estão sendo ditas. Tanto é que ele tem um irmão. O irmão
dele foi às redes sociais. Agora, veio a público dizer que é uma vergonha, que
ele tem vergonha do próprio irmão.
Ele é negro,
também, logicamente, e ele critica o irmão, o irmão dele dizendo que ele é um
capitão do mato. É um absurdo, Sr. Presidente. Isso aqui é um escárnio total à
luta contra o racismo, contra a erradicação da discriminação racial, que tem
que ser combatida em todas as áreas.
Nós já
avançamos na Constituição Federal, no Art. 5º. Está lá. O racismo é crime
inafiançável e imprescritível. Nós temos a Lei do Racismo; nós temos também a
própria LDB, na área da Educação, que é a minha área de atuação como professor
e como diretor de escola.
Nós aprovamos,
em 2003, na LDB, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
obrigatoriedade do estudo da cultura afro-brasileira, da História da África, da
história de resistência do povo negro contra a escravidão, contra o racismo.
Hoje, esse é um
conteúdo obrigatório em todas as escolas públicas e privadas do Brasil. Nós
temos avanços do ponto de vista legal. O movimento negro avançando. Nós estamos
avançando na consciência da negritude, da importância do negro na história do
Brasil.
E, sobretudo,
hoje, há um avanço nesse sentido, embora o Brasil continue sendo um País
extremamente racista. Então, Sr. Presidente, eu quero repudiar aqui a nomeação
desse senhor, Sérgio Nascimento Camargo, que, embora seja da raça negra, mas se
coloca contra os negros.
Agora, Paulo
Freire explica isso, Sr. Presidente. Para concluir, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS – V. Exa. tem mais uma inscrição,
então já vamos encerrar aí, se V. Exa. tem mais uma inscrição de cinco minutos.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL – SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado,
Sr. Presidente.
Então, Sr.
Presidente, o Paulo Freire, o grande educador do mundo, não só do Brasil, já
explicava o seguinte: que o oprimido hospeda dentro dele o opressor; e, que
quando a educação não é libertadora, quando a educação não é emancipadora, o
grande sonho do educando, do aluno, é ser o opressor; ele se identifica com o
opressor.
Então, isso
explica, por exemplo, essa figura. Agora, é um absurdo. Ele não pode ser
nomeado nesse cargo, se ele vai militar contra os negros, contra o movimento
negro, contra as conquistas já efetuadas pelo movimento negro, pelo povo negro
no Brasil.
É um
descalabro. Nós, do PSOL, já entramos com medidas judiciais contra a nomeação
dessa pessoa, Sr. Presidente. Isso é um absurdo total. Fica aqui o nosso
protesto e a nossa indignação.
E, para
concluir, Sr. Presidente, o meu pronunciamento de hoje, a minha intervenção de
hoje, não posso deixar aqui também de manifestar a minha indignação com esse
projeto de antirreforma da Previdência do governo Doria que está sendo
debatido.
Não está sendo,
praticamente, debatido aqui na Assembleia Legislativa, porque, infelizmente, o
presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Cauê Macris, a serviço do
governo Doria, sendo até mais realista do que o rei, está atropelando todos os
ritos. Não há debate algum, Sr.
Presidente.
Eles estão
correndo, atropelando aqui o Regimento, chamando comissões do dia para a noite,
sem que haja... Não teve nenhuma Audiência Pública agora. Foi chamada uma só
para segunda-feira, às duas horas da tarde, mas é um absurdo esse rito rápido e
sumário aqui de tramitação de um projeto que deveria ser amplamente debatido,
um projeto perverso, de confisco salarial, que vai prejudicar imensamente os
servidores e servidoras do estado de São Paulo, vai elevar a idade mínima para
a aposentadoria, vai rebaixar os salários, os proventos de quem se aposentar,
vai diminuir quase que pela metade a pensão. Se um professor morre, a pensão
para sua esposa será reduzida a 50 por cento.
É um projeto
nefasto, perverso, pior que aquele aprovado no Congresso Nacional, pior que o
projeto do Bolsonaro. Então, ele é ruim mesmo, Sr. Presidente. Tem vários ataques aos trabalhadores. As emendas
que foram apresentadas, mais de 150 emendas, foram todas rejeitadas na primeira
comissão.
Enfim, eu
queria manifestar o nosso protesto, mas também a nossa luta. Na semana que vem,
terça-feira, haverá uma grande
manifestação aqui na porta da Assembleia Legislativa, não só com os
professores. Estaremos todos lá.
A Apeoesp está
chamando uma grande Assembleia,
mas também nós temos a presença de todas as outras categorias profissionais, de
várias entidades, sindicatos, associações de servidores, fazendo a luta contra
a antirreforma da Previdência, que vai inviabilizar, Sr. Presidente, na verdade, o acesso dos servidores à Previdência,
e as mulheres, as trabalhadoras serão as mais atingidas pela antirreforma do
Doria. Serão altamente penalizadas. É um absurdo o teor dessa reforma.
Porque nós
queremos debater, Sr. Presidente,
a questão da Previdência aqui com o secretário da Fazenda, que não veio ainda
na Assembleia Legislativa. Eles mandam o presidente da São Paulo Previdência,
mas ele tem a limitação dele, técnica, jurídica. Nós queremos debater a questão
da dívida do estado, a dívida pública, a dívida ativa do estado de São
Paulo, que já passa
de 340 bilhões de reais, que não é cobrada.
Nós queremos
debater aqui a política de desoneração, que entrega para o capital privado mais
de 20 bilhões por ano no estado. Nós queremos debater a dívida do estado com a
São Paulo Previdência, o dinheiro que ele deve para a São Paulo Previdência,
que foi aquele dinheiro que foi retirado do nosso antigo Ipesp e não foi
devolvido, Sr. Presidente. Eram
mais de 100 bilhões de reais, me lembro, em 2007, quando houve a primeira
reforma da Previdência estadual, ainda no governo Serra.
Nós queremos
esse dinheiro de volta. Esse dinheiro pertence aos trabalhadores, aos
servidores públicos. Então, não tem dívida da Previdência estadual. Nós já
tivemos reforma da Previdência. Aliás, os trabalhadores do estado de São Paulo
já foram vítimas da reforma da emenda 20, a emenda que foi aprovada em 1998, no
governo Fernando Henrique Cardoso.
Depois foram
vítimas da emenda 41, do governo Lula. Depois foram, antes disso e depois, em
2007, foram vítimas da reforma da Previdência estadual do ex-governador Serra.
Depois nós tivemos mais uma reforma em 2011, do governo Alckmin, que criou a
Previdência complementar, São Paulo Previdência Complementar.
Então, os
servidores já foram punidos, já pagaram a conta do arrocho, Sr. Presidente. Agora vem mais uma
espoliação dos nossos servidores. Nós vamos lutar até o fim, até a vitória
final contra esse projeto de destruição da Previdência estadual.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. CARLOS GIANNAZI – PSOL - Não havendo mais nenhum orador,
e havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento desta sessão.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS –
É regimental, nobre deputado. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo
de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos,
convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental,
sem Ordem do Dia, lembrando-os ainda da sessão solene a realizar-se hoje, às 20
horas, com a finalidade de homenagear a Semana Cultural Gospel no estado de São
Paulo, e da sessão solene a realizar-se segunda-feira, às 10 horas, com a
finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São
Paulo ao coronel PM Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, ao professor
Luiz Carlos Molion e ao Dr. Antônio Ferreira Pinto.
Está levantada a sessão.
* * *
- Levanta-se a
sessão às 14 horas e 59 minutos.
* * *