http://www.al.sp.gov.br/web/images/LogoDTT.gif

23 DE ABRIL DE 2020

7ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA EM AMBIENTE VIRTUAL

 

Presidência: CAUÊ MACRIS

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Coloca em discussão o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

2 - ADALBERTO FREITAS

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

3 - BETH LULA SAHÃO

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

4 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa que hoje teriam duas sessões extraordinárias para deliberação do requerimento de urgência. Esclarece que, se todos os deputados utilizarem o tempo regimental de 15 minutos, não será possível votar a urgência ao projeto ainda hoje. Pede que, se possível, os deputados não usem o tempo total da discussão para que o requerimento possa ser votado ainda hoje.

 

5 - LUIZ FERNANDO LULA DA SILVA

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

6 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Esclarece que o determinado no projeto pode ser feito em caráter provisório e que isto já foi discutido com a Procuradoria da Casa.

 

7 - LECI BRANDÃO

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

8 - PAULO LULA FIORILO

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

9 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Esclarece que neste momento não haverá demissão de terceiros na Casa. Diz que esta determinação já foi dada.

 

10 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

11 - CORONEL TELHADA

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

12 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa ao deputado Coronel Telhada que sua assessoria estava equivocada em relação aos números apresentados e que deveriam entrar em contato com a equipe da Casa. Esclarece que nenhum salário será diminuído em mais de 20 por cento.

 

13 - JANAINA PASCHOAL

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

14 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa a deputada de que os 70% seriam sobre o valor total. Discorre sobre a composição do salário dos comissionados, formado por quatro gratificações e não somente a Gratificação Especial de Desempenho. Diz que não está mexendo com os cargos concursados. Ressalta que o salário dos comissionados é determinado por projeto de resolução e que são cargos transitórios. Esclarece que tudo foi discutido com a Procuradoria da Casa.

 

15 - BRUNO GANEM

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa aos deputados que a sessão será encerrada em meia hora e que teriam uma segunda sessão extraordinária para votar o requerimento de urgência. Esclarece que gostaria de votar o requerimento ainda hoje e não deixar para uma nova sessão extraordinária amanhã. Pede que os deputados se atentem à discussão do requerimento de urgência somente. Solicita que o projeto seja discutido na própria sessão de discussão do mesmo.

 

17 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

18 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa aos Srs. Deputados que esta Casa não paga para nenhum servidor acima do teto constitucional. Lê artigo 10 do projeto de resolução a ser discutido.

 

19 - TEONILIO BARBA LULA

Para questão de ordem, questiona a constitucionalidade de itens do projeto. Pergunta à Presidência como será feita a assinatura de emendas ao projeto.

 

20 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Informa que as questões de ordem serão respondidas em momento oportuno.

 

21 - PROFESSORA BEBEL LULA

Discute o requerimento de urgência ao PR 13/20.

 

22 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Lembra a realização da próxima sessão extraordinária, a ter início às 17 horas e 10 minutos. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

                                                                  

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Discussão e votação do requerimento de autoria da Mesa Diretora, que seja dada tramitação de regime de urgência ao Projeto de resolução nº 13/2020, que dispõe sobre a redução do subsídio dos deputados estaduais e outras medidas administrativas emergenciais de combate à pandemia do coronavírus na Assembleia Legislativa.

A partir deste momento estão abertas as possibilidades para os deputados fazerem as inscrições para discutir o requerimento de urgência.

Para discutir, o primeiro inscrito, o nobre deputado Adalberto Freitas. Nobre deputado Adalberto Freitas, tem a palavra Vossa Excelência.

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Boa tarde, presidente. Obrigado. Cumprimento a todos, o presidente e os demais colegas que estão nos assistindo, o pessoal que está nos acompanhando pela Rede Alesp e as pessoas que estão interessadas no nosso trabalho.

Primeiro, presidente, eu gostaria de lamentar toda essa polêmica que foi gerada desde ontem, a forma como foi feita, essa situação toda que ninguém estava sabendo de nada e acabou que muita gente discutiu aqui. Foi uma saia justa para nós, parlamentares, que acabamos recebendo o projeto de uma forma já pronta.

Então eu gostaria de apenas colocar... Eu sou a favor realmente que a gente neste momento possa cooperar e ajudar a resolver essa questão da pandemia, mas não poderia deixar de registrar que nós poderíamos ter bem clara a informação, por parte do governo, quanto que o governo já tem hoje.

Se nós vamos passar essa ideia do governo de receber mais valores para poder usar nessa crise do coronavírus: quanto que o governo já recebeu? Nós sabemos que o Governo Federal já liberou muito dinheiro para o Governo do Estado, já perdoou algumas dívidas, então nós precisamos saber, realmente, quanto que ele tem de fundo, já guardado, para utilizar e onde ele está usando.

Nós temos uma comissão que vai começar, a partir de amanhã, a atuar, inclusive eu faço parte. Agradeço aos colegas que me escolheram para poder fazer parte, mas eu acredito que nós deveríamos tomar a decisão em cima de dados. Quanto que o governo tem disponível para poder gastar e aonde vai ser gasto esse valor?

Então, eu não vou usar os meus 15 minutos, vou deixar para os outros colegas também falarem, mas eu gostaria de deixar bem claro: valor de salário de funcionários comissionados não pode ser mexido. Nós temos que arrumar uma outra forma de acertar isso daí. Ontem, eu conversei também, fiz questão de ligar para o deputado Barba, logo que terminaram os debates.

Falei ao deputado Barba que estou junto com ele. Eu considero que quem ganha mais, quem tem alguns milhões guardados na conta, tem que colocar mais, tem que pagar mais e as pessoas que não têm o valor, têm que pagar menos.

Nós temos que acertar isso daí. Então, o deputado Barba está de parabéns pelo que falou ontem, tem o meu apoio e o apoio de outras pessoas também. E acho que nós temos que conversar mais.

Eu sei que nós falaremos hoje sobre a urgência do projeto, mas temos que conversar mais, explicar mais e eu gostaria, presidente, que recebêssemos os relatórios do governo de quanto o governo já recebeu de dinheiro e quanto que ele tem lá para saber…

Porque senão, daqui a pouco, ele só recebe, recebe, recebe e não ficamos sabendo de nada? Então temos que saber exatamente o que está acontecendo nas contas do governo. Era isso que eu tinha para falar.

Não quero me prolongar muito, sei que tem muita gente para falar. Então, muito obrigado pela palavra e estamos aqui à disposição do que precisar.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Obrigado, deputado Adalberto. A próxima inscrita é a deputada Beth Sahão. Tem a palavra Vossa Excelência, deputada Beth.

 

A SRA. BETH LULA SAHÃO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde a Vossa Excelência. Boa tarde, Rodrigo, que estou vendo aí do seu lado; todas as deputadas e deputados que estão nesta nossa mais uma sessão virtual, a todos os internautas.

Esse projeto a gente sabe da importância que significa para todos nós. Também trazemos a nossa contribuição para incrementar ainda mais aos recursos destinados ao combate do coronavírus. Agora, tem vários aspectos que precisam ser observados na elaboração desse projeto.

O primeiro deles é que nem todos os deputados são iguais. Há deputados que têm um tipo de rendimento, de outras atividades suas, enfim, e há deputados que também precisam dos seus subsídios para poderem sobreviver.

Então a nossa bancada deve apresentar uma emenda nesse sentido de escalonamento desses descontos. O que nós entendemos é baseado inclusive no rendimento do imposto de renda de cada um, o que é interessante.

Na medida em que a pessoa tem um patrimônio maior, ela pode contribuir com um percentual maior. Com relação ao desconto também, aquilo que vai ser destinado do fundo de reserva da Assembleia, lembramos que esse fundo foi apontado há poucos dias por um dos nossos deputados.

O deputado Emidio levantou isso para nós, da existência desse fundo, da quantidade que havia de recursos nesse fundo, o que também é importante. Do mesmo modo, entendemos que uma parcela da verba de gabinete também será destinada para isso, com a qual concordamos.

Agora, Sr. Presidente, aquilo que a gente não pode concordar é exatamente o desconto de servidores, sobre o salário de servidores. Não importa se esses servidores estão na condição de comissionados, de cargos em comissão.

Muitos dos servidores são arrimo de família; eles fazem a manutenção das suas casas, das suas famílias; tem muitos servidores. Nem todos servidores estão numa faixa salarial elevada. Muito pelo contrário, uma boa parte ainda está numa faixa salarial menor. E fazer esse corte linear como o projeto propõe sobre o salário dos servidores é uma insensatez, por quê?

Você cortar sobre o salário bruto... Então você vai pegar os provimentos; você vai pegar às vezes servidores que têm função gratificada. E mais, o projeto atinge ainda o ticket alimentação. Quer dizer, isso a gente sabe que a maior parte desses servidores comem na Assembleia, nos restaurantes que tem no entorno, com esse ticket.

É um importante reforço para poder abrandar as despesas com o orçamento doméstico que todos eles têm, com as responsabilidades que todos eles têm, de modo que eu não vejo necessidade nenhuma de estender esse desconto para o salário dos servidores.

Da mesma forma que é uma baita de uma injustiça você dizer o seguinte: “Olha, nós vamos descontar dos servidores que têm já o direito de receber a sua licença-prêmio”. Gente, a pessoa se programa.

Ela fica cinco anos se programando para ver quanto que ela vai receber de licença-prêmio, para ver o que ela vai fazer; se ela vai fazer uma pintura na casa, se ela vai comprar um bem; se ela vai trocar seu carro; se ela vai fazer uma viagem de lazer a que ela tem direito. Agora, chegar depois que as pessoas se programaram, se planejaram e falar: “Você não vai ter direito a esse recurso”.

Esse é um direito assegurado. “Você não vai ter direito a receber a sua licença-prêmio em dinheiro. Você vai ter que tirar em descanso”. Ora, faça-me o favor. Aí é muita injustiça, até porque - eu não tenho esse levantamento - mas se a Assembleia fizer o levantamento dos servidores que têm direito a receber a licença-prêmio em dinheiro, não deve ser nenhuma grande quantia.

Então o projeto é importante. Eu peço que... O desconto no nosso salário vai ser do ponto de vista mais simbólico até do que do ponto de vista do somatório desse desconto, porque o somatório desse desconto não vai necessariamente representar grandes coisas, mas é importante e me parece que no Colégio de Líderes ontem isso foi uma unanimidade.

Ou seja, quase todos os deputados que estavam ali representando seus partidos concordaram com esse desconto, com o qual também eu concordo. Agora, tem itens, tem artigos no projeto que precisam ser revistos.

Tem artigos no projeto que precisam ou ser retirados ou serem substituídos; ou serem incrementados através de emendas que nós estamos preparando, embora agora como o presidente disse, não é a fase de colocar emendas, mas elas precisam estar postas. E tem mais uma coisa. Nós temos votado, como fizemos há semanas, por exemplo, nos fundos.

Nós votamos nos fundos, só que vão para o Tesouro esses recursos. Nós temos que saber qual é a real contribuição que nós estamos fazendo. Para onde que está indo esse dinheiro? Onde que vai ser gasto?

Nós queremos saber qual a direção disso e temos o direito inclusive de apontarmos: “Olha, nós gostaríamos que os 300 milhões - caso chegue a essa cifra - que forem economizados sejam gastos nisso, nisso e nisso”. Nós temos várias propostas enquanto bancada que nós vamos apresentar, porque senão a gente fica no escuro.

E sem colocar aqui qualquer desconfiança, mas a nossa função, entre outros papéis, é também fiscalizar o gasto do Executivo. Não importa se nós estamos vivendo um momento de calamidade pública ou não. A calamidade pública já dá uma autonomia e uma liberdade para poder se gastar os recursos de uma forma a deixar de lado todas as burocracias de licitações, disso e daquilo.

Mas, pelo menos, eu acho que a Assembleia e os 94 deputados e deputadas desta Casa precisam fiscalizar e saber onde que está sendo gasto. Isso é importantíssimo. Qualquer recurso hoje é bem-vindo; nós sabemos disso. O estado vai perder receita? Vai perder receita. O país vai perder receita, não tem jeito.

Todas as demonstrações dos economistas têm apresentado que vai haver uma queda na arrecadação; é indiscutível isso. Agora, há setores que precisam receber esses recursos com muito mais urgência, com muito mais emergência do que outros.

Então nós precisamos dar ao governo esse direcionamento: “Olha, nós vamos aqui economizar isso, mas nós precisamos investir, por exemplo, na distribuição maior de cestas básicas, que não tem atingido às vezes a todos. Por exemplo, na compra de equipamentos de proteção individual para os trabalhadores na área da Saúde”.

O governo tem que abrir mão de determinadas coisas que ele ainda não abriu. É nítido que a renda de uma boa parte da população do estado de São Paulo caiu. Caiu de forma vertiginosa, sobretudo para aqueles que já foram dispensados das empresas em que trabalham, dispensados do comércio em que trabalham. Daqueles autônomos que não têm como fazer renda, que não têm como fazer dinheiro, porque não têm nem para quem vender mais; dos setores mais vulnerabilizados; da diarista que a contratante não chama mais o serviço dela.

Não é todo mundo que deixa a pessoa em casa e continua pagando salário. A gente sabe que isso, infelizmente, não é uma realidade. Então nós precisamos fazer com que esses recursos sejam voltados para esse tipo de segmento. Nós apresentamos na Assembleia um conjunto de propostas que nenhuma outra bancada apresentou.

Foi o mais completo possível. Abarcamos todos os segmentos, todas as áreas, das mais vulnerabilizadas, do setor produtivo, dos servidores, dos trabalhadores, enfim, dos moradores em situação de rua, em todos aqueles, e nós precisamos fazer com que esses recursos possam…

Primeiro, que esse programa seja aprovado, seja debatido na Casa, seja debatido com o governo, seja adotado pelo governo. E ao mesmo tempo nós também temos que dizer que os recursos que nós estamos de uma forma bastante sistemática votando aqui na Casa, que a gente tenha o direito - porque é nosso dever e é nosso direito - de indicarmos para onde ele será gasto.

A gente concorda com o desconto sobre o nosso salário. Não tem problema nenhum. Quer dizer, a gente concorda com o desconto da verba de gabinete também. A gente não concorda com os descontos dos servidores e a gente não concorda que não haja toda a transparência possível na destinação desses recursos, porque o momento é difícil.

Vocês veem que hoje mesmo caiu o percentual de isolamento social no estado, vem caindo muito. de certo modo um pouco de... Talvez as pessoas desleixaram um pouquinho porque veem que o crescimento da letalidade não está atingindo um número tão elevado, mas não custa a gente lembrar que os especialistas em Saúde, que a ciência tem dito o seguinte para nós: “Nós não chegamos ainda ao nosso pico. Nós não chegamos ainda na nossa pior situação”.

Portanto, a situação deverá se agravar ainda mais. A gente sabe que os recursos são sempre insuficientes, mas nós também podemos dizer da importância de se investir em determinadas áreas. Eu quero aqui fazer também um parêntese sobre a questão do aumento da violência sobre a mulher e que uma parte dos recursos também já poderia ser também destinada a isso.

Eu acho que a violência urbana, não temos talvez os números exatos, mas certamente deve ter diminuído, só que a violência doméstica... E todos os números apontam para isso. No domingo mesmo, foi divulgado o aumento da violência doméstica, sobretudo sobre a mulher, no estado de São Paulo. Ela aumentou em 42 por cento. É um número bastante expressivo, bastante significativo, e não é só da mulher.

É a violência sobre a mulher e a violência também sobre a criança e sobre o adolescente. Nesse sentido, é importante que haja recursos destinados a esse enfrentamento, destinados a esse combate, porque a gente vê muita fragilidade nisso. Acho que poderiam ser aumentadas não só as patrulhas.

Nesse sentido, a própria Assembleia votou um projeto desse, que é a Patrulha Maria da Penha. Colocá-la definitivamente em prática, mas mais do que isso, criar instrumentos como aplicativos que possam ser acionado pelas mulheres que estão vivendo momentos às vezes de desespero e não têm a quem pedir socorro.

Isso é fundamental, porque às vezes a gente pensa muito só na parte de saúde. A parte de saúde é fundamental. Temos que provê-la de todos os recursos necessários, mas temos que pensar em outras áreas também. Temos que pensar na fome que vai aumentando a cada dia. Temos que pensar nas nossas crianças que precisam receber alimentação, na população em situação de rua, no setor produtivo. Todos eles precisam de recursos.

Então, este momento é um momento que nós temos que ter responsabilidade para podermos apontar para o governo que aquilo que nós estamos fazendo, para muitos poderá ser inclusive um grande sacrifício.

Eu vi ontem no nosso grupo muitas pessoas dizendo que elas vão ter que se virar até para poder abrir mão dos seus salários, mas vão votar certamente favoravelmente. Mas que esses recursos então possam estar à disposição de setores que de fato estão precisando muito. Todo mundo precisa, mas tem setores que precisam mais do que os outros.

Por ora é isso, Sr. Presidente.

Obrigada por enquanto e um abraço a todos os colegas que estão acompanhando e estão presentes na sessão.

 

 O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Obrigado, deputada Beth. Antes de chamar o próximo inscrito, só fazer uma divisão com cada um dos colegas. Nós temos duas sessões extraordinárias propostas para votar o requerimento de urgência.

No que pese cada um ter o direito de falar os 15 minutos durante o tempo previsto de discussão, se todo mundo utilizar os 15 minutos poderiam falar 20 deputados. Se falarem só 20 deputados, provavelmente nós não conseguiremos votar essa urgência no dia de hoje se todos usarem todo o tempo, precisando a gente convocar outra sessão para a votação da urgência desse importante projeto.

Então faço um apelo aqui aos parlamentares que se puderem sintetizar as suas falas para dar tempo de todo mundo falar, para que a gente consiga ainda hoje deliberar a respeito desse requerimento, perfeito?

Mas é um direito, é claro, repito aqui, de cada um usar os seus 15 minutos. Regimentalmente, cada um pode usar de maneira muito tranquila. O próximo inscrito é o deputado Luiz Fernando. Tem a palavra Vossa Excelência, deputado Luiz Fernando.

 

O SR. LUIZ FERNANDO LULA DA SILVA - PT - Sr. Presidente, quero saudá-lo, o Rodrigo, que está ao seu lado. Quero saudar todas as deputadas em nome da deputada Leci Brandão e da deputada Edna.

Quero saudar todas as colegas deputadas. Quero saudar todos os deputados na figura do André do Prado e do meu querido Estevam Galvão. Queria saudar todos os companheiros e companheiras.

Sr. Presidente, salvo melhor juízo - e eu queria ouvir a SGP, sobretudo a Procuradoria da Casa - no nosso entendimento, a rigor tem um vício inicial, porque para fixar os subsídios, salvo melhor juízo, você precisa de um projeto de lei que determina os subsídios, e só para alterar qualquer coisa nele, teria que ser um outro projeto de lei.

Nós temos o entendimento que um projeto de resolução não pode alterar a lei. Ele não pode se sobrepor a uma lei. Eu queria pedir ao nobre presidente, mas já quero também pedir à SGP que avalie essa nossa colocação para ver se procede, porque se assim for, já está totalmente errado, teríamos que retomar isso através de um PL e de alguns projetos de resolução.

Essa lógica de mexermos no subsídio é uma lógica muito controversa, polêmica. (Inaudível.) e apresentou uma proposta nesse sentido. Eu apresentei o Projeto de lei nº 143, de 2020, do dia 24 de março, propondo a redução para esse enfrentamento, numa lógica de que o Legislativo iria também cortar na sua carne, dando um sinal para a sociedade, num gesto para a sociedade. E a minha proposta foi extremamente superior à proposta que ora analisamos.

Foi de 50% no corte do salário de todos os deputados. Depois da nossa, aí vieram outras propostas de outros parlamentares, até que culminou com essa proposta da Mesa. Como disse a nobre deputada e querida Beth Sahão, eu apoio demais essa medida. Entendo que ela é oportuna no sentido, sobretudo, da sinalização, e sem contar que isso terá um efeito cascata interessante.

A própria Câmara Municipal de São Paulo ontem mesmo apresentou um projeto nos mesmos patamares que a Assembleia apresentou. E eu acho, quero dizer e trazer o meu apoio à iniciativa, até porque nós também propusemos essa medida lá atrás antes de outros deputados também apresentarem.

Eu também apresentei no dia 26 de março, aí sim um projeto de resolução. Primeiro, eu apresentei um projeto de lei, porque eu entendo que para mexer em subsídio de deputado, só através de projeto de lei. E todos que eu consultei também têm esse entendimento. E todos que eu consultei disseram que a propositura está equivocada.

Nós podemos através de projetos de resolução trabalhar uma série de assuntos, mas no subsídio de deputado teríamos que discutir através de projeto de lei. E eu apresentei um projeto de resolução, é o nº 10/2020; o atual é o treze.

A minha proposta precede a esta, que também pode inclusive ter norteado essa proposta. Ela pretende diminuir as verbas de gabinete. Nós entendemos que é correto por vários motivos. Primeiro, que nós precisamos neste momento de pandemia e no momento que nós estamos trabalhando em casa, nós temos que fazer algumas economias, temos que diminuir.

Existem deputados que batem nessa lógica, Sr. Presidente, porque eles trabalham pela internet; eles não precisam nem de funcionário. São “youtubers” e por ali eles trabalham. Agora, nós sabemos o quanto é importante essa verba de gabinete dos deputados que efetivamente estão ali na periferia, estão nas suas bases viajando. E como todos os deputados, a maioria deles, a quase totalidade, faz e usa.

Tem gente que fala: “Eu não usei nada”. Não usou porque… Você trabalhou? E que tipo de trabalho você exerce? Só usar a tribuna? Talvez você não vai precisar da verba de gabinete. Mas eu também propus no dia 26 de março um projeto de resolução alterando essa questão. Quero parabenizar a Mesa por esta proposta de levar à frente a questão, de dar um exemplo à Assembleia e sair na frente desse debate.

A maior Assembleia que tem no Brasil; o segundo maior Legislativo no país. Eu acho que ao passar isso aqui na Assembleia Legislativa isso vai estourar nas outras Assembleias Legislativas do país. Quem sabe chega à Câmara Federal, ao Senado Federal. Agora, gostaria muito, Sr. Presidente, e dentro da nossa bancada nós tivemos um debate profundo sobre a temática.

Agora, o Poder mais caro neste país, que é o Poder Judiciário, onde tem salários da ordem de mais de 100 mil reais, de mais de 150 mil reais; basta acessar o Portal da Transparência. Ali sim nós podemos ter resultados objetivos, seja pelo número de desembargadores, seja pelo número de penduricalhos.

Enfim, eu acho que pode até sensibilizar ali o Ministério Público para que possa também ter ações nesse sentido. Então eu parabenizo a Mesa, ao presidente, ao 1º secretário Enio Tatto e também ao 2º secretário, o Milton Leite Filho.

Agora, Sr. Presidente, eu queria dialogar com os meus pares. A nossa assessoria, os servidores públicos dos gabinetes, muitos deles, talvez até grande maioria deles, trabalhem tanto quanto o deputado, alguns até mais do que o deputado, e nós mexermos no salário de funcionário...

Assim como expressou a deputada Beth Sahão, assim como nós falamos ontem no grupo de deputados, nós somos radicalmente contra. E eu queria apelar aos nobres deputados que a gente…

Por mais que o deputado Cauê gostasse de aprovar hoje a urgência, a Mesa quisesse aprovar hoje o regime de urgência, eu queria pedir para que todos falássemos, porque que nós precisamos sensibilizar a Mesa a, nesse quesito mudar, esse projeto.

Primeiro, que eu acho que tem que ser mudado pela forma. Apresentaram um projeto de resolução, quando na minha opinião teria que ser um projeto de lei. Segundo, esta parte caberia no projeto de resolução, que é a questão do salário dos nossos assessores. O vale-refeição, vale-alimentação, isso é salário, é direito.

Os nossos assessores estão gastando mais do que gastavam, porque eles estão dentro de casa com as suas famílias respeitando a quarentena que o governador determinou. Portanto, os custos da casa deles aumentam e nós vamos diminuir o salário deles? Eu sou contra. Queria pedir o apoiamento de todas as deputadas e todos os deputados.

Quanto a nós fazermos o sacrifício, eu fecho em copas com a Mesa e a minha proposta é maior. E a proposta que o Partido dos Trabalhadores tem para esse projeto é mais ousada do que a Mesa colocou. Nós entendemos - e acho que todos nós vamos falar sobre a temática - que isso tinha que ser escalonado.

Quem ganha até R$ 1.000.000,00, dá 30 por cento. Quem ganha de R$ 1.000.001,00 a R$ 2.000.000,00, que tem um patrimônio, que ele possa fazer um esforço muito maior. Eu creio que eu mude a minha faixa e que eu deva pessoalmente contribuir mais, mas eu acho que isso sim é fazermos uma ação.

Quem pode mais, paga um pouco mais. Quem pode menos, paga um pouco menos. Quero dizer que tem gente que qualquer desconto vai ser pesado. Eu até proponho que a maioria desconte mais, mas tem alguns deputados que têm uma necessidade muito grande, vai ter um corte violento. Qualquer mexida... Até porque cada um de nós, a gente se organiza em cima daquilo que cada um de nós recebe e toda vez que vem um corte isso altera.

Eu, particularmente, tenho também feito isso. Não precisava dizer, mas vou dizer. Quando eu apresentei a proposta, já no meu salário, 50% dele, que eu propus que a gente pudesse encaminhar, eu já fiz uma doação em cestas básicas.

O nosso mandato tem feito um trabalho legal, como a maioria dos mandatos aqui tem feito. Então, assim, quero dizer a cada um de vocês e pedir apoio de cada deputada e cada deputado que nós não permitamos isso ser levado à frente. Nenhum desconto de salário de funcionário, nenhum desconto de vale-alimentação, de vale-refeição.

Como disse a deputada Beth Sahão, questiono muito também a questão da licença-prêmio. Isso é um direito. É funcionário que está há cinco anos no mesmo cargo. Portanto, é a minoria dos gabinetes da Assembleia que teriam funcionários nessas condições.

Eu diria o seguinte. Tudo bem, podemos até dizer que, neste período, não vão receber as suas licenças-prêmio. Agora, o cara já fez, já garantiu, já tem direito. E a gente chegar, agora, e dizer que não vai remunerá-lo por esse direito que ele conquistou? Eu acho que é mexer em direito dos nossos funcionários.

Eu, diferentemente de alguns deputados, que defendem que o problema do nosso país são os servidores públicos, eu, particularmente, tenho muita gratidão aos funcionários, muito respeito. Porque eles é que tocam o nosso estado. E os nossos funcionários é que tocam os nossos gabinetes.

Vou dizer o seguinte. O meu mandato, me reelegi graças à qualidade da minha assessoria e o trabalho, que muitos deles trabalharam muito mais do que eu. Eu chegar, agora, e aprovar um projeto que mexa no salário do servidor do meu gabinete? Sou radicalmente contra.

Eu queria pedir aos nobres deputados e nobres deputadas que a gente comece a derrubar essa lógica. Não deixar prosperar. Nenhum salário, nenhum centavo a menos para os funcionários do nosso gabinete. Acho que o nosso sacrifício é válido. Estamos passando o fundo. Aprovamos muitas coisas para o governador. Agora estamos fazendo um gesto muito importante: parte do fundo, parte dos salários, parte da nossa verba de gabinete e os cortes de contrato que a Mesa pretende realizar na Assembleia.

Só que eu queria chamar a atenção dos nobres pares a respeito desses cortes de contrato. Temos que pedir ao presidente que não corte empregos. Que não corte empregos. O contrato de informática, desse, aquele, aqueles outros sistemas, acho legal. Agora, por exemplo, vamos jogar na rua, por uma economia ínfima, aquelas pessoas que limpam os banheiros da Assembleia, que limpam os corredores.

Então temos que tomar cuidado nesses cortes. Eu queria pedir, ao nosso 1o secretário e 2o secretário da Mesa, muita parcimônia nesses cortes. Onde tiver emprego, não podemos fazer o que o governador Doria fez, ao cortar vários serviços na Educação. Jogou um monte de gente na rua. E, ao mesmo tempo, tinha um discurso de dizer ao empresariado: “Empresariado, não demitam; empresariado, não demitam, mas eu vou demitir”.

Então, quero te pedir, presidente Cauê, pedir ao meu 1o secretário, Enio Tatto; ao nosso 2o secretário, Milton Leite: parcimônia. Que não desempreguemos ninguém. E que, por conta desses cortes de contrato, que serão pequenos, não podemos deixar, sobretudo, o pessoal da limpeza, que está na Casa, desempregado.

Por último, eu queria me somar a vários deputados. Não é só à deputada Beth Sahão, não. O grupo nosso, de deputados, já tem um debate sobre qual é o destino desse dinheiro.

Concordo: em “off”, o deputado Estevam Galvão falava da dificuldade de jogar no caixa único essas receitas. Vamos apresentar uma emenda. A deputada Bebel e o deputado Emidio estavam discutindo essa emenda. Por que o governador resolveu distribuir o vale merenda para uma pequena parcela dos nossos estudantes da escola pública.

Olha o quanto seria vantajoso se todo esse recurso de 300 milhões fosse destinado para dar merenda para aqueles a quem foi negada. Entendo que teríamos um alcance muito grande. Diferentemente de jogar no fundo único do Governo do Estado.

Nós, da bancada do PT, tentamos ali atrás, quando se discutia a questão dos fundos, a criação de um fundo. Por quê? Porque a fiscalização seria eficiente. Mas o líder do Governo não quis a criação desse fundo. Acho que o governo não aceitava.

E agora, tudo o que acontecer, vai afetar o caixa do governo. Eu queria pedir aos nobres deputados, porque podemos, agora, aprimorar esse projeto. Tirar aquilo que é injusto. Podemos até aumentar a proposta do PT: que deputados que ganhem mais, paguem mais.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Luiz Fernando, vou pedir para concluir. Já passou um minuto do seu tempo, deputado Luiz Fernando.

 

O SR. LUIZ FERNANDO LULA DA SILVA - PT - Deputado que tem um patrimônio maior, que ele possa ajudar um pouco mais.

Eu queria agradecer o Sr. Presidente e agradecer os nobres pares. E queria pedir, Rodrigo, nosso diretor da SGP, que cheque essa informação. Porque não podemos estar aprovando algo que seja ilegal.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só para posicionar. Não existe nenhuma ilegalidade. A fixação por lei é coisa permanente. Pela resolução, que tem força de lei, podemos, em caráter transitório, fazer. Essa discussão já foi feita com a Procuradoria da Casa. Estamos todos bem embasados quanto ao que foi proposto.

Outra coisa. Vou ter que ser bem rigoroso no tempo, gente. Já são 15 minutos. Pedir se os deputados conseguem falar menos de 15 minutos. É um direito falarem quinze. Mas, nos 15 minutos, vou ser bem rigoroso com os 15 minutos. Perfeito?

Próxima inscrita é a deputada Leci Brandão.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, queridos deputados e deputadas, salve São Jorge. Hoje é dia de São Jorge, 23 de abril, que é Ogum nas religiões de matriz africana. Quero mandar um abraço para todos eles. Que São Jorge possa proteger o planeta. Porque, do jeito que as coisas estão, estão muito ruins. Mas isso vai passar. E São Jorge há de nos proteger, todas e todos.

Sr. Presidente, eu queria parabenizar a minha amiga, Beth Sahão, pela sua fala. Porque concordo em gênero, número e grau. Acho que V. Exa. conseguiu explicitar tudo o que a gente tem pensado. Aliás, tive a oportunidade de conversar com os deputados do Partido dos Trabalhadores ontem, por telefone.

E disse que estaria ao lado, também, da posição do Partido dos Trabalhadores. Aliás, sou uma pessoa que sempre estive ao lado dos trabalhadores durante a minha vida. Sempre.

Sempre estive ao lado dos trabalhadores. E não seria diferente agora. Deixar de lado a importância dos trabalhadores da Assembleia? A gente não pode mudar. Não pode mudar o perfil, não pode mudar o caráter. A questão de fazer diferenças, entre quem ganha mais pagar mais, e quem ganha menos pagar menos, acho que é justo. A gente sempre lutou pela questão da justiça e da igualdade.

Sei que há também uma preocupação de monitoramento. O governo tem um serviço que vai monitorando a questão do isolamento social. Eu só queria pedir para que focasse também aquela zona que é da cor vermelha. Que apareceram as cores: verde, amarelo e vermelho. O pessoal que tem mais vulnerabilidade é o pessoal da zona vermelha. Olhem bem para eles, porque são as pessoas que estão passando realmente por muita necessidade.

Continuo parabenizando os líderes que estão fazendo as suas ações de forma voluntária. Muita gente se virando, pedindo parcerias para poder levar comida, levar marmita e dar álcool gel. Porque é muito complicado.

Dizem que o dinheiro está chegando. Chegou dinheiro do governo federal. Tem dinheiro daqui, dali e acolá. Mas ainda tem muita gente passando por problemas, inclusive, de alimentação. Tem gente com fome. A gente não pode admitir um negócio desses.

Quando se fala na fiscalização, acho que a Assembleia tem todo o direito, sim, de fiscalizar esse dinheiro que vai para o Tesouro. Porque tem que ter transparência. Afinal de contas, esse Poder é um poder que tem a prerrogativa de fiscalizar todas as coisas do Executivo.

Quero também dizer que os trabalhadores da Cultura não são vagabundos. Porque existem pessoas que estão falando: “Por que está dando recurso para a Cultura?”. Tem muito trabalhador e trabalhadora da Cultura que está passando necessidade. E a gente também não pode cruzar os braços diante deles. São pessoas que dão alegria, trazem o lazer, trazem uma coisa muito boa para o coração das pessoas. Principalmente nesse momento.

Não posso deixar de registrar, infelizmente, que ontem faleceu a nossa querida doutora Theodosina Ribeiro. Foi a primeira negra da Câmara dos Vereadores. E foi a primeira negra nesta Assembleia Legislativa, nos anos setenta. Doutora Theodosina Ribeiro, que até nos proporcionou fazer a Medalha Theodosina. Todas as mulheres que receberam essa medalha devem estar muito felizes porque conheceram a doutora Theodosina. Ela sempre esteve aqui em todas as edições desse prêmio.

Quero terminar, seguindo o conselho do presidente, para não tomar todo o tempo. Dizer que a Assembleia não está fazendo um favor a ninguém, absolutamente. A Assembleia está cumprindo a sua obrigação. Estamos cumprindo a nossa missão de poder ter uma atitude, uma iniciativa para poder ajudar a combater essa coisa que não gosto nem de dizer o nome, que é a Covid-19.

Mas nossas condolências à família da doutora Theodosina. Nossas condolências a todas essas famílias que estão perdendo os seus entes queridos e não podem nem ter a oportunidade de velá-los. Não pode ter nenhum tipo de aglomeração. E pedir a Deus por todas as iniciativas. Ninguém está fazendo sacrifício. Ajudar é uma coisa de solidariedade, é uma coisa muito importante.

Que a gente possa, rapidamente, sair dessa situação. Que a gente possa, brevemente, olhar as pessoas, cumprimentar as pessoas, abraçar as pessoas, agradecer as pessoas, agradecer a Deus. Porque, quem está conseguindo passar por esse momento, tem que agradecer muito, bastante.

Mais uma vez, quero concluir pedindo a São Jorge que nos proteja muito. Porque a gente está precisando que a luta de São Jorge, a espada dele, possa nos proteger, possa cortar tudo isso que está acontecendo de ruim.

Quero parabenizar, para terminar, o Partido dos Trabalhadores pelo seu posicionamento. Eu, Leci Brandão da Silva, do PCdoB, estou ao lado do Partido dos Trabalhadores nessa iniciativa e nesse posicionamento.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Parabéns, deputada Leci, por auxiliar na condução mais célere do trabalho, e ceder o seu tempo.

Deputado Paulo Fiorilo, tem a palavra V. Exa., para discutir o regime de urgência.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, aqueles que nos acompanham nesse debate. Eu, antes de iniciar aqui a discussão sobre a Urgência, eu gostaria de ler um manifesto que está sendo divulgado, dos jornalistas.

“Jornalistas em todo o país vêm sendo pressionados desde 13 de abril por anúncios de cortes de até 70% em suas jornadas de trabalho e salários.

A ofensiva das empresas de mídia toma como base a Medida Provisória nº 936, de primeiro de abril. A categoria tenta negociar por meio dos sindicatos, mas a ameaça está colocada.

Houve anúncios de cortes de jornada e salários nas redações das maiores empresas jornalísticas do país nos últimos dias.

A ameaça acontece justamente no momento em que a população brasileira mais precisa de informação de qualidade sobre a pandemia de coronavírus e de seus efeitos. Reduzir horas de trabalho e salários de jornalistas significa reduzir a capacidade da sociedade de se informar adequadamente, abrindo espaço ainda maior para a disseminação de fake news.

As consequências dessa precarização em um momento tão crítico podem ser fatais para a saúde pública, para a economia e para a própria democracia. O trabalho dos jornalistas é serviço essencial.

A realidade por trás das câmeras e das páginas de jornal e revista que você lê é que, desde a eclosão da pandemia do coronavírus, estamos submetidos a uma carga de trabalho estendida para dar conta de levar ao público os mais diferentes ângulos e serviços de informação. A nossa rotina nesse último mês tem sido assumir riscos de saúde e empenhar recursos próprios para manter um trabalho com a qualidade e a velocidade que a população precisa e merece. Agimos assim porque fazer jornalismo é a nossa missão.

Conclamamos você a se unir neste movimento pela valorização dos jornalistas. Queremos manter o jornalismo na ativa e com força total nesse momento tão crítico para o Brasil e o mundo. Use suas redes sociais para exigir que as empresas de mídia recuem dos cortes porque, nesse momento, mais do que nunca, informação é questão de vida ou morte.”

Assinam a Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. É uma campanha pela valorização dos jornalistas. Por que eu começo com a leitura desse texto? Porque a Assembleia está propondo fazer um gesto para o estado. É um gesto importante, necessário. Economizando, repassando mais de 300 milhões para o combate ao coronavírus.

Sr. Presidente, nós, aqui, ao longo desses últimos meses, discutimos projetos importantes nesse sentido. A questão do fundo, da liberação de fundos, a questão da calamidade pública. O Partido dos Trabalhadores, ao longo desses debates, sempre disse que era necessário que se criasse instrumentos de fiscalização, controle e transparência.

Infelizmente perdemos o debate. Na última discussão sobre fundos, como disse o deputado Estevam a mim, há pouco tempo, poderíamos ter criado um fundo para que a gente pudesse controlar melhor o uso do dinheiro público.

Infelizmente, falta muita transparência. Falta transparência nos dados de Saúde. Falta transparência no uso dos recursos públicos. Isso, não podemos permitir. Pior: quando discutimos fundos, uma das preocupações era a de que os terceirizados do estado não fossem demitidos.

Para atender, inclusive, a um pedido do governador: “Empresários, não demitam os seus funcionários”. Mas o governador procurou outro caminho. Ao cortar contratos, funcionários da Educação foram demitidos.

Temos que evitar isso. Aqui na Assembleia não pode ser diferente. Primeiro, a necessidade de controle dos recursos. Segundo: na impossibilidade, devemos buscar saídas para que, na redução de contratos, não haja a demissão dos trabalhadores terceirizados, que são os mais frágeis nessa cadeia que está colocada, de cortes.

Sobre a proposta da Mesa, Sr. Presidente, Srs. Deputados. Sras. Deputadas. Uma das questões que levantamos, na discussão de calamidade pública, era quanto ao prazo A proposta da Mesa é muito vaga, subjetiva.

Ela precisava trabalhar com objetividade. O prazo da calamidade é 31 de dezembro. Os seus efeitos, nenhum de nós saberemos dizer, porque não temos ainda todas as informações, não sabemos as consequências. Portanto, é preciso que se discuta com mais objetividade.

Segunda questão. Sobre a questão dos deputados. O deputado Luiz Fernando e a deputada Beth já trouxeram essa discussão. Quero apenas reforçar. É preciso que haja uma diferenciação. Não podemos comparar deputados como sendo todos iguais. Existem deputados que têm uma condição melhor, que têm, inclusive, outras rendas. Mas não vamos tratar de rendas. Podemos tratar de declaração de patrimônio.

O PT vem defendendo, ao longo dos anos, a tributação das grandes fortunas. A ideia é que a gente possa diferenciar as contribuições, fazendo com que haja uma progressividade na contribuição dos deputados. Já que há uma decisão da Assembleia que se contribua com 30%, que a gente possa fazer com que essa escala vá até 50%. Diferenciando, a partir da declaração pública, a taxação de 30 a 50 por cento.

A segunda questão que eu queria trazer aqui diz respeito aos trabalhadores. Há também uma dúvida se é através desse instrumento que podemos mexer no salário dos comissionados ou daqueles que serão afetados por essa medida. O Partido dos Trabalhadores decidiu se posicionar contrário à redução dos trabalhadores. Podemos buscar outras fontes alternativas.

Eu e o deputado José Américo apresentamos um projeto de lei que pode aumentar a arrecadação do estado em até 3 bilhões. Não estou falando de 320 milhões de reais. Estou falando de 3 bilhões. Aliás, se o governo do PSDB tivesse feito isso na crise de 2015, talvez a gente estivesse num outro patamar de arrecadação do estado, evitando que pudéssemos cortar de trabalhadores.

É a história de aumentar a alíquota do ITCMD, que é o imposto de transmissão de herança, de bens, aumentando, inclusive, a isenção. Hoje a isenção gira em torno de 86 mil. A gente está propondo 200 mil. A alíquota, que é constitucional, aumentar de 4 a 8%, também escalonada. Fazendo com que quem vai transmitir mais herança, mais bens, possam contribuir num valor maior do que existe hoje.

A terceira questão, já colocada aqui, é a questão da transparência e do controle do uso dos recursos. Até porque, como eu já disse, infelizmente o estado não trabalhou, como outros estados, para dar mais transparência no controle, no acompanhamento.

Aliás, acho até que a comissão aprovada pela Assembleia já deveria, assim que terminadas as indicações, promover a primeira reunião e apresentar um balanço aos deputados da Alesp, como têm sido gastos os recursos do Governo do Estado, as transferências do governo federal.

O governo federal tem feito transferências aos municípios. Isso é público. Basta uma consulta ao site do governo federal. Podemos ter acesso aos recursos que já foram transferidos. A mesma coisa precisa o Governo do Estado. Ele precisa dar mais transparência aos recursos que estão sendo destinados.

Essa medida apresentada pela Mesa, que deve ser votada em breve, e espero que não seja no afogadilho, que a gente possa melhorar a proposta, que a gente possa tirar aqueles que mais precisam nesse momento. Assim como li o texto dos jornalistas, não podemos precarizar e prejudicar os que mais precisam, tanto os terceirizados como os trabalhadores da Alesp.

Mas espero, Sr. Presidente, membros da Mesa, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, que a gente possa arrastar, para esse debate, não só o Legislativo estadual. Outros legislativos já começam a fazer isso. Santo André já fez. São Bernardo já fez. Fez redução de 10% no salário dos comissionados. A Câmara de São Paulo está discutindo a possibilidade da redução de recursos, baseada no espelho da Assembleia Legislativa.

Agora, precisamos também trazer à baila o debate do Executivo e do Judiciário. Porque, se o Legislativo vai dar uma contribuição, o Judiciário e o Executivo também têm que dar a sua contribuição. Podemos falar dos cargos de secretários, de adjuntos, de chefes de gabinete do Executivo.

E podemos falar dos 2.548 magistrados do TJ de São Paulo. Vou dar um dado importante. Só no mês de janeiro de 2020, com o pagamento de vantagens pessoais e eventuais, subsídios, indenizações e gratificações, o montante chegou a 39,5 milhões. Não estou falando de salário dos magistrados.

Estou falando daquilo que as pessoas chamam de penduricalhos. Se a gente pudesse comparar com o gasto do governador Doria, ele propôs gastar 33 milhões para pagar 55 reais - míseros 55 reais, outros estados estão pagando 100 - aos alunos da rede pública estadual.

Com esses 39,5 milhões, a gente poderia dobrar os 55 reais dos alunos da rede pública estadual que estão no CadÚnico ou abaixo da linha da miséria. Essa seria uma medida extremamente importante.

Eu queria aproveitar para avançar. Como não tenho relógio na tela, não sei quanto tempo tenho. Mas eu queria trazer outras duas questões que considero essenciais nesse momento. Ao longo dos debates sobre os projetos de lei, uma das questões que sempre colocamos foi a necessidade da proteção dos mais frágeis nessa sociedade.

Pasmem, os senhores e as senhoras. A CDHU, que tem vários apartamentos, que ela recebe um valor da prestação, ela não se dispôs, nesse período da pandemia, a suspender os pagamentos.

Estamos falando de uma situação gravíssima, de pessoas que não têm mais remuneração. Elas não têm mais empregos. São diaristas, pessoas que trabalham como ambulantes, que fazem bico. Nesse momento de isolamento social eles não têm recursos.

A CDHU tem se negado a suspender temporariamente o pagamento dessa parcela que é devida. Ninguém aqui discute se ela é ou não devida. O que a gente está propondo é que ela possa ser suspensa nesse momento de crise.

A segunda questão, a deputada Beth Sahão já levantou, mas quero reforçar. O Ministério Público mostra dados claríssimos do aumento da violência doméstica. Mais de 50% na questão das prisões e dos pedidos de proteção.

Portanto, talvez, uma forma justa e necessária fosse um gesto dessa Assembleia, de certa forma, direcionar recursos ao combate à violência doméstica. Quem sabe, também, a outras áreas que tenham uma necessidade muito grande.

Com certeza estaremos usando os recursos da Assembleia de uma forma digna, justa, que possa beneficiar os que mais precisam. Infelizmente, se não estabelecermos mecanismos que possam controlar os recursos, onde eles serão gastos, se não pudermos indicar quais são as áreas necessárias, todo esse esforço, de novo, será em vão. Por isso entendo que devemos promover um debate amplo. Inclusive, sobre a urgência ou não.

Para que a gente possa, ao longo do debate sobre a urgência - e, ainda, não sobre o conteúdo do projeto - construir propostas que serão incorporadas ao projeto pelo relator, que melhorem esses aspectos que a bancada do PT, os deputados, ao longo dessas últimas horas, vêm apresentando. Tanto no grupo de deputados como, tenho certeza, que no Colégio de Líderes.

E, agora, no debate que será feito, da urgência. E depois, do projeto. Por isso acho que deveríamos ter muito cuidado para que a gente possa fazer um debate com qualidade, profundidade. E, diferente dos projetos do governador Doria, esse projeto, que é da Assembleia, que envolve os 94 deputados, que têm corresponsabilidade, que ele possa ser um projeto de qualidade, que ele possa mostrar que é possível ter transparência.

Que a gente pode aprovar um fundo e, a partir desse fundo, poderemos fiscalizar com mais facilidade. Que o dinheiro será, de fato, utilizado naquelas áreas e regiões onde os deputados entendem a importância e a necessidade, para combater esse vírus tão nefasto, nessa guerra invisível, e perigosa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Obrigado, deputado Paulo Fiorilo. Antes de chamar o próximo inscrito, para que não pare, como o deputado Luiz Fernando e o deputado Paulo Fiorilo já fizeram referência aos funcionários terceirizados da Assembleia Legislativa.

Só para deixar claro aqui - inclusive, muito bem alertado na reunião que fizemos na Mesa, da definição desse projeto pelo deputado Enio Tatto - que não vamos, ainda mais num momento desse, de muita gente passando fome, de muita gente perdendo os seus empregos, de muita gente perdendo os seus salários, a Assembleia não vai reduzir nenhum contrato que gere demissões.

Então, só para deixar claro aqui. Faço essa referência porque é justa com o deputado Enio Tatto que, na reunião relembrou de maneira muito correta isso. A determinação para a administração da Casa já foi dada: que não teremos nenhuma demissão de funcionários terceirizados dentro de reduções contratuais possíveis.

Próximos inscrito, deputado Teonilio Barba. Tem a palavra Vossa Excelência.

Deputado Barba, V. Exa. precisa ativar o som do seu computador. Aqui já foi liberado. Agora só falta a sua ativação. Agora sim, temos som. Tem a palavra Vossa Excelência.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Saudar todas as deputadas e deputados nesta mais uma assembleia de trabalho remoto. Desejar, a todos nós, um bom trabalho.

Diferentemente de alguns companheiros que iniciaram saudando a Mesa, não: quero iniciar o meu debate criticando a Mesa Diretora sobre o tema da construção desse projeto. Foi uma construção de três pessoas. De três deputados eleitos popularmente, no processo de regime democrático. Têm a responsabilidade de dirigir a Mesa da Casa e de apresentar propostas. Mas temos uma visão. Isso apareceu muito ontem.

Quem não sabe se apareceu ou não, é só acompanhar o grupo dos 94 deputados na Alesp, onde tem muita crítica. Ontem teve várias críticas sobre como a Mesa conduziu o processo.

Esse processo poderia andar mais rápido se tivessem construído em dois Colégios de Líderes, a proposta com os Colégios de Líderes, para que cada líder levasse com a sua bancada e amarrasse. E também a gente encerrasse numa votação mais rápida, com mais eficiência, com mais eficácia. Quero fazer essa crítica. O meu companheiro Enio Tatto faz parte da Mesa. Discutimos durante o período todo a questão das reclamações sobre a proposta de resolução. Essa é a primeira coisa que eu queria abordar.

A segunda coisa. O projeto traz e tenta trazer… Ele tem uma boa intenção, mas tem alguns nós no meio que precisamos desatar. E aí quero convocar todos os deputados, que lá no plenário não prestam muita atenção no debate, mas aqui ficam mais concentrados. Quem tem a capacidade de mudar agora a proposta de resolução da Mesa são os deputados, os 94 deputados.

O presidente deixou isso claro ontem no Colégio de Líderes. Ele falou: “Estou apresentando aqui. Aqui não haverá alteração. Estou aqui, ouvindo vocês. Depois vou anunciar para a imprensa. Mas aqui não haverá alteração. A alteração será na Assembleia, na hora que formos discutir o conteúdo do projeto, o mérito do projeto”. Aí cabe aos deputados propor as mais possíveis alterações.

Nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, fechamos questão. Vamos apresentar uma emenda. Qualquer deputada e deputado que quiser assinar a emenda, subscrever a emenda, para nós não tem problema nenhum.

Pode virar uma emenda dos 94 deputados se os 94 deputados toparem. Que é a emenda que trata do Art. 1o. Vamos propor uma emenda que é reduzir 30%, a partir do 30%, conforme a renda patrimonial declarada em 2019.

Então a proposta, já vou adiantar, para todos os deputados. Deputados que declararam, conquistaram, ganharam uma receita até 1 milhão de reais que paguem 30 por cento. De 1 milhão e 1 real até 2 milhões de reais, 35 por cento. De 2 milhões e 1 real até 3 milhões de reais, que paguem 40%. De três milhões e 1 real até 4 milhões de reais, que paguem 45 por cento. De 4 milhões e 1 real para frente, que paguem 50 por cento. Achamos que é uma maneira de tratar. Que tem deputados que a receita dele, realmente, é só o salário de deputado.

Tenho uma receita, fora do salário de deputado, que é a minha receita de aposentado, de 41 anos de trabalho no setor privado. Então, tem lá. Ganho próximo do teto. É uma receita. Nem todos os deputados têm essa receita. Então é por isso que estamos propondo. Também, nesse debate, não podemos esquecer que é inconstitucional… O desconto tem que ser feito, a redução tem que ser feita sobre o salário líquido do deputado.

Porque em qualquer situação você olha a questão da Previdência, que é descontada, e a questão da pensão alimentícia. Tem vários deputados que pagam pensão alimentícia e eles não podem sofrer essa penalidade. E outros que têm o SPPrev, e outros que não têm. Tem que ter essa variável, tem que olhar para essa questão dos deputados que pagam a pensão alimentícia.

Na questão da antecipação, de devolver os 7% - que daria 84 milhões - para o governo, nós não temos problema. A Assembleia Legislativa normalmente economiza. Está fazendo uma estimativa de sete, mas pode ser que, no final, seja um pouco mais. Não temos problema.

Na questão dos 70% do fundo, não temos problema. O texto é muito claro, o texto diz que tem que ir para a conta do Tesouro, para disciplinar junto com aqueles outros fundos.

Lendo o texto aqui, presidente, deputados e deputadas, nós vamos... Eu já falei do artigo do qual vamos propor alteração e há três artigos dos quais vamos propor a exclusão total.

O primeiro é o Art. 5º, que trata da redução do salário dos nossos comissionados, do funcionalismo público comissionado. Tem gente dizendo: “Olha, ninguém aqui ganha menos do que cinco mil reais”.

Gente, eu ganhei salário mínimo, ganhei mil reais, ganhei dois mil reais e, no meu melhor salário no setor privado, ganhei em torno de seis mil reais. Eu sei o que é viver com seis mil reais, a luta, a labuta que você faz para organizar o seu orçamento.

E olha que seis mil reais, no mercado, é um salário razoável, um salário bom. Poucos trabalhadores no Brasil, dos 33 milhões de trabalhadores com carteira assinada, poucos conseguem ganhar essa renda.

Mais ou menos quatro ou cinco milhões chegam a essa renda. E tem gente achando que isso... “Pode reduzir, porque o nosso pessoal ganha cinco mil reais. Então vamos reduzir mil reais.” Isso mexe de maneira drástica no orçamento dos nossos comissionados.

E não é sobre o salário padrão, é sobre o salário e todos os benefícios, dos quais os deputados têm conhecimento. Tem o vale, o auxílio-alimentação, que é pago em dinheiro na conta do nosso comissionado, que é próximo de 600 reais. E tem um ticket, que é o vale-refeição, que é próximo de mil reais, mais ou menos mil reais, que também sofreria a mesma redução de 20 por cento.

E aí algum deputado fez a conta, não lembro se foi o Telhada ou quem foi. Na soma total, quando se pega benefício por benefício, a média da redução é próxima de 30 a 35 por cento. Então, vamos propor a exclusão. Somos contrários. Essa luta é histórica do Partido dos Trabalhadores, contrário à redução do funcionalismo público.

Vocês querem discutir os conselheiros do Tribunal de Contas, os desembargadores? Querem discutir os procuradores do Ministério Público, querem discutir o secretariado do João Doria? Nós topamos discutir, porque são trabalhadores diferenciados, em uma situação diferenciada, que ganham altos salários, com exceção talvez do secretariado, mas o restante, os desembargadores do Tribunal de Justiça, o Ministério Público, esse pessoal ganha salários de 60, 70 ou 80 mil reais por mês.

E vamos propor também a supressão, a exclusão total do Art. 6º, que fala exatamente do auxílio-alimentação. Quer reduzir 20% sobre esses mais ou menos 600 reais que citei. Vamos propor no texto... Não é hoje, eu sei que hoje estamos discutindo só a urgência, o requerimento, mas é para começar a distribuir a informação por todos os deputados. Não sei se todos os deputados leram a proposta de resolução. Então, trata-se disso.

E o Art. 7º, que trata exatamente da suspensão do pagamento da licença-prêmio. É uma conquista, uma conquista que foi... Ao longo de vários anos, quando os trabalhadores ganhavam menos, foram-se criando outras condições para recompor o salário. E normalmente o trabalhador sabe quando vai vencer a licença-prêmio, ele sabe quando vai adquirir o direito e começa a se organizar para, no momento de receber aquilo, entrar na conta, no seu orçamento.

Ora, vejam bem: o estado de São Paulo, o governador João Doria, que deve desculpas ao povo brasileiro, porque apoiou o Bolsonaro e o Bolsonaro tem lhe atacado agora, ele não apresentou nenhuma proposta de redução de salário.

Ele apresentou um decreto que não passa pelo crivo da Assembleia. Nós não discutiremos esse decreto dele na Assembleia. Não lembro agora o número do decreto, mas adota duas medidas restritivas, preservando a Polícia Militar e preservando a área da Saúde.

Quais são essas duas medidas? Uma trata de não pagar a antecipação do 13º. Vão pagar lá na sua data legal, novembro e dezembro. E a outra trata do terço pecuniário que o funcionalismo público também recebia adiantado.

O que é o terço pecuniário? Não é o terço constitucional das férias. Todo trabalhador adquire o vencimento de férias, do gozo de 30 dias, ele acaba vendendo 10 dias, que se transformam em abono pecuniário. Ele descansa menos dias e recebe.

Então, os trabalhadores do funcionalismo público acabam pedindo a antecipação disso para poderem antecipar suas contas, zerar suas contas. E lá, quando ele vai descansar, ele recebe só os 20 dias de férias dele.

Então, são as duas medidas que o João Doria adotou. E a Assembleia quer... É boa a intenção da Assembleia de mostrar um gesto para a sociedade. Querer reduzir custos é importante, mas a Assembleia quer mexer em conquistas dos trabalhadores.

Eu vejo a deputada Valeria Bolsonaro preocupada, com o dedo no rosto, porque é professora na área da Educação. Talvez ela tenha passado por esses salários que citei, de dois mil reais. E a Professora Bebel que, depois de 30 anos de aula, que vai ganhar dois mil e 400 reais. E por aí vai. São vários trabalhadores nessa condição.

Então, quero conclamar os deputados. O Cauê foi muito claro: “Olha, a proposta da Mesa é essa. Quem muda são vocês”. Se nós realmente cumprirmos a nossa tarefa, nós mudaremos esse item. Esses três itens, nós temos que retirá-los do texto, excluí-los do texto.

Então, na questão da redução do custo de gabinete em 30%, a Folha quer falar comigo. Tem deputados que falam: “O deputado Barba é o que mais gastou na Assembleia”. Eu gasto porque está lá, é rigorosamente fiscalizado pela Casa, mas nós fizemos um estudo e entendemos que é importante fazer e é possível reduzir em um terço.

Se quiser discutir, pode até reduzir um pouquinho mais, talvez 35 ou até 40 por cento. É possível fazer, neste momento. Então, estamos dentro desse debate, se caminhar para isso.

Quero fazer uma ressalva aqui, chamar a atenção de todos os deputados e da Mesa Diretora. Na questão da redução do salário dos funcionários, dos nossos comissionados, se quiserem discutir, o caminho correto que a Mesa tem que fazer, a Mesa tem que abrir mão da sua arrogância de não querer receber o sindicato, o Sindalesp, de não querer discutir com eles.

O caminho correto? Isolem esse item, tirem-no daqui e vão lá discutir com o sindicato esse item que diz respeito à redução em 20% dos salários e benefícios. Vai discutir com o sindicato e o sindicato leva para uma assembleia dos nossos comissionados e pode até ser aprovado, se nós quisermos ajudar.

Eu me comprometo a discutir com o sindicato. A minha relação com o sindicato é muito forte. Eu já disse isso ao presidente, já disse ao Enio Tatto. Não consegui dizer ao Milton Leite, mas estou dizendo agora, neste momento, neste debate.

Como estou avançando para o final do meu tempo, resta-me mais um minuto, estou controlando o meu tempo, eu queria deixar registrada essa nossa posição. Estou aberto à negociação para ajudar a construir esse projeto. Espero que os deputados avaliem com carinho essa proposta da redução progressiva dos salários dos deputados conforme o patrimônio.

Quem quiser assinar as emendas... Estou preparando cinco ou seis emendas, mas acho que a exclusão desses três itens é importante e a alteração desse primeiro item,  para nós, é importante. A do último item, que seria a redução dos contratos em até 40%, o presidente respondeu ontem no Colégio de Líderes que isso não seria usado para fazer demissão, então, para mim, está resolvido. Estamos abordando isso também no nosso tema.

E a questão da transparência.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Aqui, a parte dos 47 milhões e 600 já vai para a conta do Tesouro e a outra parte tem que ficar sob a fiscalização daquela comissão de seis deputados e das respectivas comissões permanentes da Casa.

Obrigado, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Obrigado. O próximo inscrito é o deputado Coronel Telhada. Vossa Excelência tem a palavra.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Alô, presidente, está me ouvindo?

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeitamente, deputado Telhada. Tem a palavra.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - SEM REVISÃO DO ORADOR - Ok, Sr. Presidente. Boa tarde aos demais deputados.

Eu queria também fazer alguns comentários sobre esse projeto de resolução, tendo em vista que nós ficamos sabendo disso aí... Até conversei com V. Exa., já me desculpei pessoalmente. A situação de que ficamos sabendo disso de uma maneira um pouco indigesta, ficamos sabendo disso pela imprensa. Isso incomodou bastante a todos os deputados e é uma coisa que não pode acontecer nesta Casa, mas, enfim, vamos falar sobre o projeto de resolução.

Outra coisa que eu queria falar, Sr. Presidente, é que muitos dos deputados que me antecederam falaram da fiscalização. Eu queria dar ciência aos Srs. Deputados de que hoje começamos aqui um grupo independente, o grupo Parlamentares Defensores do Orçamento, que nós chamamos de PDO, que vai ser presidido pelo deputado Sargento Neri.

A princípio, está composto por Sargento Neri, Coronel Telhada, Coronel Nishikawa, Adriana Borgo, Gil Diniz, Marcio Nakashima, Tenente Coimbra, Leticia Aguiar e Edna Macedo.

É um grupo que estamos estudando para ajudar na fiscalização, inclusive in loco. Ele vai ser dividido em três partes: vai ter um grupo de fiscalização externa, que fará o comparecimento aos locais para poder realmente ver o uso dos equipamentos, dos EPIs, a compra de material, leitos utilizados e tudo o mais que tiver relação com a Covid-19.

Também um grupo de fiscalização de contas e gastos. É uma coisa interessante, todos os deputados têm interesse nisso. E, finalmente, um grupo jurídico, em que trabalharemos na parte legal desses gastos, para ajudar no controle dessa fiscalização. Aliás, essa é uma das funções básicas do deputado: fiscalizar o Executivo.

Então, parabéns aos Srs. Deputados que estão participando e queria convidar os demais deputados que tiverem interesse também, para que entrassem em contato com o deputado Sargento Neri para se inscrever no grupo. Quanto mais deputados, quanto mais multipartidário for o grupo, melhor para todos.

Pois bem, senhores, eu queria aqui conversar sobre o Projeto de resolução nº 13, de 2020. Não sei se todos os senhores tiveram a oportunidade de ler o projeto, de sentar e ler o projeto.

Eu disse que me incomodou muito essa situação da imprensa, porque ficou uma situação em que o deputado que não votar no projeto é o deputado que não quer desconto no salário, é o deputado que não quer perder dinheiro. E essa não é a realidade.

Tenho certeza de que todos os deputados já estão ajudando diretamente muitas pessoas, entidades, não só com cesta básica, com compra de equipamentos. Tenho certeza de que todos os deputados estão fazendo isso. Então, o problema nosso não é o desconto do salário do deputado.

Eu estava observando aqui, depois vou falar da minha emenda. Temos aqui, a partir do Capítulo IV do Projeto de resolução, temos o Art. 5º, com § 1º e § 2º, o Art. 6º e o Art. 7º. Esses três artigos eu acho um absurdo, eu acho que vão de encontro a todos os ganhos que os trabalhadores conseguiram ao longo da história aqui no Brasil.

Ele tem uma peninha que não sei se os senhores observaram. Ele fala em reduzir na proporção de 20% a remuneração de servidores ocupantes de cargos de provimento em comissão. Quem lê isso fala: “Não, é só 20 por cento”.

E isso não é verdade, porque depois, no § 1º, ele fala também que vão ser reduzidos 20% das gratificações legislativas e de representação. Depois, no nº 3, ele também fala que vão ser descontados 20% da gratificação especial de desempenho.

Então, não é só 20% em cima do salário. É 20% em cima de cada coisa. Se nós olharmos o Art. 6º, fica reduzido também, mais 20%, o valor nominal pago a título de vale-refeição. Ou seja, mais 20% em cima do vale-refeição. E aqui também não fala que temos o ticket de alimentação também, que vai ter 20 por cento.

Eu estive fazendo uma conta aqui, Srs. Deputados, por cima, com a minha assessora jurídica. Só no salário dela - ela não recebe GED -, ela vai ter um desconto de 30 por cento. Então, esse desconto de 20% em cima do salário dos funcionários não é uma realidade. Aqui, teremos muito mais do que 30%, chegando, em alguns casos com GED, a 35 ou 40 por cento.

Então, sou favorável a não haver nenhum desconto nos salários dos nossos funcionários. Por quê? Porque não é justo isso, neste momento. Se nós, deputados que vamos votar esse projeto de resolução, votarmos “sim”, nós somos voluntários para que seja descontada do nosso salário a referida porcentagem.

Mas não é justo que seja descontado do salário dos funcionários. Eles não estão sendo voluntários. Eles estão sendo obrigados. E isso, no meu entendimento, vai de encontro ao direito do trabalhador, ao direito do cidadão.

No Capítulo III, quando ele fala da medida de redução de despesas administrativas, ele fala em 30% de desconto em cima da verba de gabinete, que é o Auxílio - Encargos Gerais de Gabinete, que eu acho que poderíamos aumentar. Por que 30 por cento? Estamos com o gabinete operando a pouco vapor.

A Casa está parada, estamos sem muitas obrigações externas, sem muitas obrigações de gabinete. Entendo que esse valor a ser reduzido da verba de gabinete poderia ser aumentado. E, com isso, evitarmos prejudicar mais ainda os nossos funcionários. Então, sou favorável.

Eu ia até perguntar onde está o Sindalesp, mas o deputado Barba, há pouco, já falou que o Sindalesp está tentando alguma coisa. Acho que é importante o Sindalesp, neste momento, se manifestar, se colocar junto aos nossos funcionários comissionados, porque quero deixar uma coisa bem clara: os funcionários que são de carreira, que não são comissionados, e que estão achando que vão ficar tranquilos, podem tirar o cavalinho da chuva.

Se nós votarmos isso aqui, para que haja uma redução no salário do funcionalismo, mesmo assessoria aqui da Assembleia Legislativa, eu, Coronel Telhada, entendo que estamos abrindo um baita de um portão, abrindo uma baita oportunidade para que, futuramente, seja feito um congelamento em todos os salários do funcionalismo.

É isso que o pessoal está querendo. Quer oportunidade melhor para congelar o salário do funcionalismo do que este momento? Então, entendo que não podemos fazer isso. Acho que temos que rever esse projeto de resolução.

Estou apresentando uma emenda, apresentamos hoje uma emenda por volta das 13 horas. Não tenho o número dela ainda porque vai ser publicada em “Diário Oficial”, mas eu queria dar ciência aos Srs. Deputados para que nos apoiassem e prestassem atenção no que está sendo dito aqui, para que a gente possa corrigir as falhas desse projeto e fazer, sim, uma coisa justa e, ao mesmo tempo, fazer um sacrifício em prol dessa situação de pandemia que estamos enfrentando no estado de São Paulo e em todo o mundo, praticamente.

Pois bem, aqui na minha emenda, eu digo o seguinte: eu peço para que sejam alterados o Art. 1º e o caput do Art. 3º; para suprimir os Art. 5º, 6º e 7º; e incluir, quando couber, novo artigo ao Projeto de Resolução nº 13, renumerando-se os demais.

O que acontece aqui? O Art. 1º, quando fala do desconto dos deputados, que vai ser de 30 por cento. Já que os deputados estão querendo tanto se sacrificar assim, já que um monte de gente se predispôs... “Não, vamos descontar o salário dos deputados, deputado ganha muito bem, vamos fazer um sacrifício.”

Já que é assim, como eu acho que devemos poupar os nossos funcionários, eu entendo que devemos então aumentar a alíquota de desconto dos deputados. Eu, na minha proposta, coloco o seguinte: para que esse valor de redução do salário dos deputados seja de 40 por cento.

Já que todo mundo está tão a fim de ajudar, já que todo mundo é voluntário, em vez de 30, vamos descontar 40% dos valores. Acho que nós somos voluntários para isso. Os nossos funcionários, não.

Outra coisa que coloco aqui, no Art. 3º, quando ele fala da verba de gabinete, eu coloco e proponho o seguinte: “Enquanto perdurar a situação de calamidade pública no estado de São Paulo, mencionada no Art. 1º, será reduzido em 50% o Auxílio de Encargos Gerais de Gabinete.” Por quê? Estamos aumentando um pouco o desconto dos deputados, aumentando a verba de gabinete e poderemos poupar, neste caso, os nossos funcionários. Acho que é a coisa mais democrática e mais justa a se fazer neste momento.

E outra coisa, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que notamos aqui no projeto de resolução é que não tem nenhum artigo tratando do final de tudo isso. Pelo que notamos aqui neste projeto de resolução, quando houver o término da pandemia, teoricamente, vamos ter que fazer outra reunião, outro projeto, alguma coisa, para retornar à situação antiga. Ou seja, 100% dos salários.

Então, acho que tem que ser inserido neste projeto um item dizendo o seguinte: “Após revogação do Decreto nº 64.879/20,” - que é o da calamidade pública - “os percentuais reduzidos voltarão para 100 por cento”. Ou seja, aqui mesmo já deixar claro que, terminado o estado de calamidade, automaticamente os salários, as verbas de gabinete e tudo o que foi reduzido retornarão à sua situação normal.

Então, essa é a minha proposta. Eu gostaria que fosse analisada com muita atenção, porque, digo mais uma vez, o valor a ser reduzido do salário dos funcionários não vai ser de 20 por cento. Não é uma realidade. É necessário a gente prestar muita atenção nisso.

Ontem, eu vi no grupo dos deputados a proposta do projeto da Câmara dos Vereadores de São Paulo. Estão propondo o desconto de 20%, mas é de uma maneira simples, 20% do total. Simples. Aqui, do jeito que está, não será 20 por cento.

Em Caieiras, para os senhores terem uma ideia, o prefeito fez uma proposta, o prefeito e os vereadores: prefeito e vereadores, 30%; secretários, 15%; e os assessores, 10 por cento. Achei muito mais justo do que essa situação que é apresentada no momento.

Então, fica aqui a minha proposta para que não haja a redução dos salários dos funcionários dos gabinetes. Além de injusta, é um portão aberto para o congelamento dos salários de todo o funcionalismo.

Vamos nos atentar a isso para depois não chorarmos. Já votamos esse projeto da calamidade e eu já me arrependi, porque votamos com uma intenção e estamos vendo agora dinheiro sendo gasto a rodo. Isso está preocupando todo mundo aqui. Tenho certeza de que todos os deputados estão preocupados com isso.

Vão falar o seguinte: se os deputados deram exemplo e cortaram os salários dos funcionários deles, porque nós, do governo, não vamos dar o exemplo também e reduzir o salário ou congelar o salário do funcionalismo? Olha a pegadinha aí.

Acho que, pelo princípio da equidade, que é um princípio legal, e o princípio da irredutibilidade dos salários, que é verba alimentar, que tem na CLT, que tem na lei do trabalhador, acho que deve ser aplicado também aos nossos assessores parlamentares, que são comissionados. Acho que esse princípio da equidade não deve ser desprezado.

E eu pergunto mais aos Srs. Deputados: na situação atual, o nosso funcionário é obrigado a cumprir 40 horas semanais. Se vamos descontar 20% - que seja - do salário deles, então eles vão trabalhar 20% a menos também, que seriam menos oito horas semanais? É isso?

Ou vamos descontar os salários e eles vão continuar trabalhando a mesma coisa? Esse é o nosso princípio de justiça, dos deputados? Eu acho que não. Acho que tem que ser analisado também. Vai ser descontado salário dos funcionários? Vai ser mantido o mesmo horário de trabalho? É outra coisa que temos que analisar aqui também.

E, finalmente, eu queria perguntar a todos os senhores e senhoras: todos nós temos dívidas, temos pagamentos, temos obrigações. O nosso funcionário também tem. Temos funcionários que estão pagando empréstimos, pagando plano imobiliário, pagando veículos, contas com os filhos, enfim, cada um tem a sua conta para pagar. Já tinham um planejamento próprio para pagar.

E agora nós simplesmente vamos cortar o salário do pessoal e dane-se? É assim que vai ser a situação? Ou seja, é o pessoal que trabalha conosco, que nos apoia, que nos ajuda, que nos é leal. Vai simplesmente ser cortado o salário deles porque nós achamos por bem fazer isso? Então, senhores, é uma irresponsabilidade muito grande.

Como eu disse a todos no começo, vai ficar uma pecha muito grande se a gente votar. “Não, eles não querem gastar, não querem cortar os salários dos deputados.” Ao contrário. Até proponho que seja aumentado o valor do desconto no salário do deputado e na verba de gabinete, mas solicito, mais uma vez, peço o apoio e o entendimento dos demais deputados para que não seja alterado o salário do nosso assessor comissionado.

Acho que é uma questão de princípio, de justiça, de lealdade e de equidade com as outras profissões, afinal de contas, o nosso assessor comissionado é tão trabalhador como qualquer outro trabalhador.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, Srs. Deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes de passar ao próximo inscrito, só para deixar claro, deputado Telhada: existe um equívoco grande da sua assessoria.

Peço, se possível, que você peça para a sua assessoria conversar com a equipe administrativa da Casa, porque a redução proposta é de 20% sobre o total. O que precisa é se discriminar a composição do salário.

Então, nenhum salário será diminuído além dos 20 por cento. Estou afirmando isso aqui, como presidente da Casa que fez a proposta. É só para dizer que existe um equívoco da sua equipe. Por favor, procure a equipe da Casa para essa orientação.

A próxima inscrita é a deputada Janaina Paschoal. Vossa Excelência tem a palavra.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, Sr. Presidente. Cumprimento V. Exa. e todos os colegas que nos acompanham.

Tenho aqui algumas considerações a fazer com relação ao projeto de resolução. Independentemente dessas considerações, quero parabenizar a Mesa. Entendo que a Assembleia vive um momento histórico, porque nós crescemos ouvindo dizer que os políticos nunca fazem nada em prol da população, nunca cortam na própria carne e, hoje - na verdade, desde que esse debate se iniciou -, a Assembleia dá um exemplo para o País inteiro, para as demais assembleias, para as câmaras de vereadores e para o próprio Congresso Nacional. Então, eu inicio parabenizando a Mesa.

Divirjo dos colegas que entendem que não foi uma atitude democrática, porque muitas das propostas que estão contempladas nessa resolução foram feitas pelos próprios colegas, desde que essa crise se iniciou, seja por meio de projetos de lei, seja por meio de projetos de resolução.

Então, a Mesa, a meu ver, atendeu ao desejo, ao pleito dos colegas. Se, infelizmente, alguns colegas o fizeram apenas por fazer, apenas para dizer que fizeram, mas acharam que não iria acontecer, aí é outra história. Então, meus parabéns à Mesa, aos três deputados que compõem a Mesa e à Assembleia Legislativa.

Já antecipo que vou votar a favor da urgência, mas provavelmente vou apresentar uma emenda, Sr. Presidente, e gostaria de explicar. No início de abril apresentei um projeto de resolução que recebeu o número 11, de 2020. Nesse projeto, proponho que a redução de salário dos deputados seja de 50 por cento.

Então, todos os colegas que querem elevar a porcentagem de desconto dos deputados terão o meu apoio. Eu não vou brigar por isso, vou votar a favor dos 30, mas, se houver um consenso para que seja mais, eu apoio esse consenso.

Nesse mesmo Projeto de resolução nº 11, eu sugeri que destinássemos entre 50% e 95% do fundo da Assembleia para o combate ao coronavírus. O projeto da Mesa fala em 70%, então, em termos de porcentagem, o que eu queria ficou contemplado.

Mas, Excelência, me preocupou um pouco a palavra “remanescente”: “Serão destinados 70% do remanescente do fundo da Assembleia.” Fiquei um pouco em dúvida do que isso significa. O fundo, se não estou equivocada, tem 68 milhões de reais. Existem algumas licitações em curso e uma eu venho criticando desde o ano passado, que é a dos 30 milhões da publicidade.

Então, os 70% do remanescente são 70% de 68 milhões descontados os 30 milhões? Ou essa licitação será cancelada ou suspensa para que trabalhemos com 70% dos 68 milhões? Então, fica aqui o pleito e eu pretendo colocar isso por meio de emenda, para que essa palavra “remanescente” seja retirada.

Com relação à verba de gabinete, nessa minha Proposta de resolução nº 11, eu tinha sugerido que o deputado tivesse a liberdade de destinar, inclusive, 100% da verba de gabinete, indicando para onde.

Eu voto favoravelmente a essa redução de 30%, mas pretendo acrescentar, por meio de emenda, um parágrafo dizendo que aquele colega - e eu no meio, obviamente - que queira destinar mais do que esses 30% tenha um caminho jurídico para tanto, tenha poder para tanto e possa, inclusive, indicar para onde: para aquelas cidades que estão com maiores problemas, com maiores carências, que sejam mais vulneráveis.

Eventualmente, para Santas Casas, para hospitais individualizados, para ações de, vamos dizer assim, socorro às populações mais vulneráveis, não só sob o ponto de vista de saúde, mas também de suas necessidades de sobrevivência.

Com relação aos funcionários, Excelência, eu tenho uma ponderação a fazer. Sinto que é uma preocupação de vários colegas dos mais diversos partidos, a de nós cortarmos os salários dos funcionários.

E eu temo também, muito embora eu concorde com a Procuradoria no sentido de que essa matéria toda pode ser regulada por meio de resolução, eu me preocupo em evitar a judicialização.

Então, eu insisto na proposta que fiz no Projeto de resolução nº 11/20. O que diz essa proposta? Que os salários dos funcionários ficam preservados, mas que todas as GEDs, ou seja, aquelas gratificações especiais de desempenho, sejam interrompidas nesse período de pandemia, tanto no que concerne ao pagamento daquelas que já estão...

Estou com um pouco de dificuldade para falar, estou com um pouco de falta de ar. Peço desculpas. Tanto daquelas GEDs que já foram atribuídas, que haja uma suspensão dos pagamentos, como, neste período de pandemia, de calamidade pública, que não possa ser feita nenhuma atribuição de GEDs.

Eu sei que a economia que se alcançará com essa proposta que estou fazendo é menor. No entanto, Excelência, as GEDs são criação e competência da Mesa. Já houve questionamentos do Ministério Público em torno das GEDs, é uma matéria controversa. Eu não vislumbro potencial de judicialização se retirarmos as GEDs vigentes e impedirmos a atribuição de novas GEDs neste período.

Por outro lado, se houver corte nos salários, talvez tenhamos que enfrentar uma discussão judicial, o que poderia até prejudicar o destino dos recursos em uma situação de emergência, como é a que vivenciamos.

Vou dar um exemplo. Por exemplo, em meu gabinete, hoje estou com seis assessores. Três deles ganham seis mil reais. Então, para esses assessores, o desconto de 20% vai fazer uma diferença significativa.

Eu não trabalho com GEDs, porque tenho uma objeção jurídica, ideológica e política com esse expediente, mas respeito os colegas que trabalham. Mas eu tenho conhecimento de que tem assessores que ganham 15 mil, que é o salário mais alto, e ainda têm GEDs.

Não são poucos os funcionários que acabam ganhando mais do que os próprios deputados, o que a meu ver até fere o teto constitucional, tanto federal quanto estadual. Então, parece-me um caminho pelo qual conseguiremos ser justos e diminuiremos o risco de judicialização, qual seja, no lugar de reduzir os salários, retirar as GEDs.

Eu aproveito esse período, Excelência, para dizer que ontem protocolizamos, o deputado Arthur do Val e eu, um projeto de lei, o Projeto nº 266, de 2020, determinando a imediata redução de todos os salários, pensões e aposentadorias aos tetos constitucionais, tanto nos termos do Art. 37 da Constituição Federal, como do Art. 115 da Constituição Estadual.

Sabemos que, infelizmente, há pessoas ganhando 50 mil, 60 mil, 100 mil reais de dinheiro público, o que é inconstitucional, ilegal e imoral, quaisquer que sejam os adjetivos que se pretenda dar, em qualquer situação, sobretudo numa situação de pandemia. Então, é um projeto para o qual eu peço apoio dos colegas. Acho que ninguém é favorável a pagamento acima do teto constitucional.

E nesse mesmo projeto, por força de várias denúncias que eu venho recebendo, Excelência, nós estamos pedindo para a Casa oficializar uma autorização para que profissionais de Saúde, profissionais de Segurança Pública, profissionais da Assistência Social, profissionais que trabalham com a parte funerária, a Secretaria de Saúde e hospitais estejam autorizados a receber doações.

Por quê? Porque eu tenho conhecimento de empresas, ativistas e grupos que conseguem fazer compras ou conseguem doações de máscaras de proteção, de aventais, até mesmo de respiradores. E os profissionais de Saúde não estão podendo receber essas doações. A Secretaria de Saúde tem a preocupação de zelar pela segurança dos profissionais. Então, quer exigir a qualidade das máscaras.

Porém, Excelência, na falta de uma máscara - se não estou equivocada, a N95 e a FF2 também, que são as melhores -, é melhor que o funcionário tenha uma máscara de pano, uma máscara até feita por costureira do que ficar sem nada. Então, sem exigir que o Estado dê o melhor para seus funcionários, eu entendo que deveria haver essa autorização, para que as instituições não fiquem temerosas em receber.

Aproveito esse espaço precioso, também, para dizer que recebi algumas denúncias, não são de ilicitude, mas de algo que me parece inadequado. Algumas prefeituras estão distribuindo máscaras típicas, dessas que os médicos, os enfermeiros têm que utilizar no enfrentamento da Covid, para a população como um todo. Eu peço encarecidamente que as autoridades não procedam dessa forma.

A população pode receber máscaras em doação? Acho até que deve. Mas as máscaras de pano, as máscaras mais simples, essas cirúrgicas são suficientes para a população em geral. Essas máscaras específicas para o enfrentamento da Covid são preciosas para os profissionais de Saúde, especialmente.

Se na cidade em que essas distribuições estão sendo feitas, as equipes médicas já estão protegidas, poxa vida, faz um contato com a cidade ao lado, disponibiliza esse material para outros hospitais.

Eu tenho informações de que no estado de São Paulo, nas UBSs, tem profissional que não tem o equipamento adequado. Então, vamos tentar utilizar os poucos recursos que há de maneira mais inteligente, de maneira mais racional. Então fica aqui um pedido.

Para o projeto que o deputado Camarinha está encabeçando, eu sugeri - e senti que vários colegas aqui compactuam com essa proposta - que nós também destinemos uma parte do fundo do TJ para o enfrentamento da pandemia de coronavírus. Eu sei que existe um argumento de que apenas o TJ teria competência, ou seja, competência originária, para abrir mão desse fundo.

A deputada da Rede, deputada Alessandra, chegou a propor também que de maneira - vamos dizer assim - voluntária, o TJ abrisse mão desse fundo; e o TCE também, o Ministério Público também. Mas eu entendo que diante da necessidade posta, diante da calamidade pública declarada, calamidade pública de natureza mundial, o Poder Legislativo tem, sim, força para destinar, ainda que parcialmente, os outros fundos para o enfrentamento da pandemia.

Então, ficam aqui essas minhas considerações, insistindo no meu entendimento de que os recursos já destinados para o Poder Executivo, seja do Poder Executivo Federal, seja dos fundos que nós liberamos aqui, numa votação também histórica; que esses recursos sejam primordialmente investidos nos hospitais que já existem, nos equipamentos que já há, porque aí será investimento que permanecerá, e não nos hospitais de campanha.

Não estou diminuindo a importância dos hospitais de campanha, mas eu tenho muito medo de que a visibilidade que eles têm, que os empregos que eles geram, que a mídia que eles geram acabem tendo um peso muito grande na hora de decidir reformar um hospital, abrir leitos num hospital que existe, seja em São Paulo, seja na Grande São Paulo, seja no interior, no litoral, e investir num hospital de campanha.

Então, são essas as minhas considerações, Sr. Presidente. Pontos de divergência, mas que não tiram o brilho do trabalho da Mesa, que é um trabalho democrático, baseado nas propostas de vários colegas, inclusive nas minhas. E eu quero muito que esta Casa, no período mais breve possível, possa dar exemplo para todo o País e quiçá até para o mundo. Está bom?

Muito obrigada pelo tempo. Peço desculpas pela dificuldade. Saúde para todos, que é disso que a gente precisa.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Obrigado, deputada Janaina. Antes de passar ao próximo inscrito, eu vou tomar a liberdade, dentro de algumas dúvidas que são importantes para esclarecer até o encaminhamento da discussão, para deixar tudo sempre muito claro.

Deputada Janaina, primeiro em relação ao fundo de despesas: 70% do valor total. Nós temos 68 milhões. Apoio a sua iniciativa para ficar claro no texto, não tem problema nenhum. Mas a iniciativa é para o valor total. Se V. Exa. puder apresentar, no momento oportuno, a emenda, tranquilo, porque essa é a intenção - 70% do valor total.

E segundo, em relação às gratificações: nós não temos, na Casa, só gratificação especial de desempenho, a chamada GED, nós temos também... E a composição do salário de um assessor comissionado se dá da seguinte maneira: 1 - salário mais gratificação de representação - essa é uma gratificação; 2 - gratificação legislativa - essa é outra gratificação; 3 - possivelmente, gratificação especial de desempenho - não é para todos, mas possivelmente; 4 - gratificação de chefe de gabinete dos parlamentares.

Então, nós temos quatro tipos de gratificações da Casa. Então, só para deixar esse esclarecimento. Não é só a gratificação especial de desempenho; existem outras gratificações incorporadas no vencimento dos assessores de cada um dos parlamentares.

E, por fim, fazer o registro de que nós não estamos mexendo com os cargos concursados, porque não temos competência para isso, para fazer. Não se pode mexer com o salário de cargo concursado. O salário de um cargo comissionado é atribuído por projeto de resolução. Da mesma maneira como você pode atribuir o valor fixo, você pode alterar este valor por um projeto de resolução.

Então, não existe nenhum processo de ilegalidade sobre este tema, porque é um cargo transitório, não é um cargo de maneira - como posso dizer? - permanente; é um cargo transitório. Muda-se o deputado, muda-se o cargo; ou o próprio parlamentar pode trocar o cargo. Por isso, o projeto de resolução pode, de maneira transitória... Ou melhor, por projeto de resolução, fazer alteração nesses valores.

Como a composição do valor recebido por um assessor é feita em até quatro itens - salário, gratificação de representação, gratificação legislativa, gratificação especial de desempenho e gratificação de chefe de gabinete -, nós detalhamos os 20% totais sobre todos os índices. Então, só para ficar também essa dúvida; tudo foi muito bem elaborado, discutido com a Procuradoria, discutido com a parte administrativa da Casa.

Então, não existe problema quanto ao processo de legalidade. O problema que pode existir é quanto ao mérito do fato. E aí, por isso que eu falo, nós apresentamos a nossa proposta, cada parlamentar faz a sua reflexão e possível mudança que achar conveniente neste momento.

Próximo inscrito: deputado Bruno Ganem.

 

O SR. BRUNO GANEM - PODE - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos. Bom, eu quero falar aqui em relação a duas emendas que eu estou apresentando. Entendo que a iniciativa da Casa é uma iniciativa importante, é uma resposta que a sociedade estava nos cobrando. Já tinha diversas iniciativas, diversos projetos que iam nessa linha. E claro que a gente fica feliz que a coisa caminhou.

Com relação às emendas que eu apresento, elas vão primeiro no seguinte sentido: a gente entende que o recurso precisa chegar rapidamente para quem necessita. No caso, como a escolha do projeto é um recurso que vai para o Estado, ele acaba trabalhando, esse recurso...

Ou mesmo que a emenda do meu amigo, Marcio da Farmácia, passe - e eu apoio -, em que a gente teria aí a condição de enviar esse recurso, por exemplo, para hospitais, especificamente; óbvio, para ações relativas ao coronavírus.

Mas se os deputados puderem participar da gestão desse recurso no seguinte sentido: de poder mandar para os hospitais, para os locais, realmente, onde a gente mesmo vai acompanhar, cobrar, fiscalizar de perto, eu entendo que a gente ganha eficiência.

Mas independentemente de ser uma gestão do Estado, de ser uma gestão, vamos dizer assim, indiretamente nossa, eu entendo que esse recurso tem que chegar rápido. É uma questão de salvar vidas. Não adianta a gente dar o recurso depois que o problema já acabou. Nesse sentido, a proposta que eu faço é que a gente seja mais contundente e seja mais rápido nessa resposta.

Então, qual é a lógica? Primeiro, o recurso é necessário à medida que existe a crise. Então, eu associo a questão do recurso à crise. Especificamente, a gente está propondo o seguinte: enquanto existir... Aí a gente criou um parâmetro de comparação. E enquanto esta crise estiver numa fase mais forte, que cada deputado tenha um corte, vamos dizer assim, um repasse de salário que não seja de 30%, seja de 60 por cento.

E que esses 60% de corte possam ocorrer exatamente no período de crise. Ao invés de ser até dezembro, pode ser menos ou pode ser mais. A gente coloca que ele pode passar para 2021, desde que a crise permaneça em 2021. É óbvio que a gente torce para que essa crise acabe o quanto antes.

E fazendo, vamos dizer assim, essa explosão, essa ação rápida, utilizando os recursos provenientes da Assembleia, fazendo esse recurso chegar rapidamente aonde precisa, eu acredito que esse recurso vai ser mais efetivo.

É lógico que, por exemplo, se a gente envia 30%, um valor menor, porém lá na frente, ele chega fora do tempo. Eventualmente, se você pega esse recurso e dá de uma vez agora, mesmo que o valor total seja maior - porque, como eu disse, pode passar para o ano que vem a crise, infelizmente -, mesmo que o montante que a gente vai pagar no final seja maior, eu entendo que a sociedade está no seu mando para esse desafio. E a gente não pode, realmente, não corresponder.

É óbvio que a resposta que nós já estamos dando se diferencia de muitas Casas Legislativas. Aliás, nós estamos liderando muitas Casas Legislativas. A partir da iniciativa da nossa Casa, várias outras Casas estão se mexendo. Então, acho que o primeiro passo já foi muito positivo.

Em que pese... E quero registrar aqui que houve um problema, a meu ver, de comunicação. Acho que o anúncio poderia ter sido feito de maneira diferente, porque os deputados da Casa já estavam individualmente se movimentando nessa direção. Então, era um consenso, praticamente.

Prova disso é o que todos estão dizendo aqui. Ou seja, muita gente já estava se movimentando nessa direção. Perfeito, estamos dando essa... Saímos na frente. E graças ao nosso gesto, várias outras Casas Legislativas farão o mesmo, tenho certeza disso.

E o que eu peço: que a resposta seja rápida. Sessenta por cento de desconto no salário, desde já e enquanto durar a crise. Se forem quatro meses, um contexto; se for um ano, não importa. Mas que a gente possa dar uma resposta à altura dessa crise.

E com relação à verba de gabinete, eu entendo o seguinte: seguindo a mesma lógica, que a resposta também seja uma resposta muito mais forte, que o corte não seja de 30%, e sim que o corte seja de 70 por cento. Eu acredito que nós temos condições de fazer isso, sim. Não vai ser um processo, vamos dizer assim, que não vai exigir ajustes. De repente, um gabinete tem uma configuração, tem outra, vai ter que reduzir custos.

Isso é um esforço que a gente é capaz de fazer. Porque a sociedade inteira está fazendo esforço. É um evento ímpar na história. Então, a gente precisa de um grau de esforço à altura. Eu tenho certeza de que daqui a 10, 20, 30, 40 anos, quando talvez os nossos netos, filhos, enfim, perguntarem sobre isso, eu quero me lembrar dessa data como eu participando, fazendo um esforço tão grande quanto a dona Joana, o seu José, que têm um comércio e estão passando uma dificuldade enorme.

E eu, como deputado, já estou, mas quero que nós também entremos, no mínimo, no mesmo nível que a sociedade está fazendo de esforço. Essa eu entendo que é uma obrigação nossa. A gente tem que realmente viver a dor que a sociedade está vivendo, sentir o sacrifício. Se a sociedade faz sacrifício, a gente tem que no mínimo fazer um sacrifício igual.

E olha que isso, é lógico que é muito difícil. Porque o sacrifício que as pessoas, principalmente aquelas pessoas mais pobres, estão fazendo é um sacrifício brutal. Pessoas perdendo seus empregos, perdendo a renda, perdendo seus estabelecimentos comerciais, que com muito, muito esforço construíram ao longo da vida; passando fome.

Aliás, entrando nesse ponto, eu queria colocar aqui que, independentemente de passar ou não a emenda do líder do Podemos, Marcio da Farmácia - que, como eu disse, eu apoio, para que a gente possa ter gerência de para onde vai esse recurso -, ainda que não passe, eu espero realmente que se criem mecanismos para que, se a gente não decidir para onde vai esse dinheiro, para que pelo menos a gente possa saber com bastante detalhe para onde ele foi, para que a gente possa fiscalizar e garantir que ele seja bem aproveitado.

A gente não quer, de forma alguma, que esse dinheiro caia, vamos dizer assim, num bolo enorme do Estado e vire uma coisa diluída, um esforço que a gente não tem no coração a certeza de que está lá na ponta, salvando vidas, seja no hospital, seja na questão social, em relação a cestas básicas etc.

Eu acho que essa é uma questão com que todos têm essa preocupação. Até porque eu tenho certeza de que, senão todos, praticamente todos os deputados já estavam fazendo as suas ações, com os seus recursos, antes mesmo dessa iniciativa.

Mas essa iniciativa é muito importante, porque como nós estamos num ano eleitoral - e, inclusive, vários juristas estão alertando em relação a isso -, a população cobra uma resposta, só que a gente não pode dar essa resposta, na prática.

Ou seja, quem está doando o seu salário não pode divulgar que está doando seu salário, pelo menos na visão desses advogados, em legislação eleitoral, sob pena de, em muitos casos, entrar em crime de compra de voto, de favorecimento individual etc. Uma situação que tem sutilezas.

E o remédio certo para isso é a lei, que é o que a gente está fazendo aqui, nós estamos usando o remédio correto. Até porque, quando se faz a lei para que o recurso... De fato, não faz sentido os deputados receberem 100% do salário enquanto a sociedade está recebendo 0%, perdendo emprego, fechando os seus negócios; que se a gente vai dar uma resposta, que a gente possa dar uma resposta de uma maneira pública, de uma maneira legalmente estruturada.

E nesse sentido, claro, a gente está muito feliz que a Assembleia esteja dando esse passo tão importante, institucional, legal, que nos dá a tranquilidade de colaborar com a sociedade e, ao mesmo tempo, dar transparência.

Ou seja, falar: nós estamos colaborando, sim, da maneira tal. Ou seja, votamos o projeto e, assim, o recurso está chegando e está colaborando, de uma maneira linear, todos os deputados unidos no enfrentamento da questão do coronavírus.

Sem diferenças partidárias, ideológicas, até porque, realmente, é óbvio que se tem algo que une todas as ideias de todos os deputados de todos os partidos é o bem da população, é o bem estar das pessoas. Então, as pessoas precisam efetivamente de condições de ter uma saúde digna ou o mais próximo disso, porque a gente sabe que a condição se deteriora a cada dia, e está sendo um grande desafio promover dignidade para as pessoas.

A gente vive na possibilidade de um colapso do sistema de Saúde. E na outra ponta, a questão econômica, que a gente também não pode associar simplesmente aos empresários. Não é isso. A questão econômica é o dinheiro chegar no bolso do trabalhador, para que o trabalhador possa comprar seu alimento, possa pagar sua conta, possa também ter a sua dignidade no âmbito da sua economia doméstica.

Então, é nesse sentido que eu faço a minha fala. Peço o apoio dos Srs. Deputados para que a gente não corte por 30 por cento. Para que a gente corte por 60% enquanto durar essa crise: 60% da nossa remuneração e 70% da verba de gabinete. Eu sei que cada um vai ter a sua dificuldade, mas cada cidadão do nosso País, aliás cada cidadão do nosso planeta está passando por uma dificuldade. A gente tem que dar o exemplo.

Um grande abraço a todos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Antes de chamar o próximo inscrito, eu queria fazer um apelo a todos os parlamentares. Nós temos mais meia hora para encerrar essa sessão, depois teremos uma segunda extraordinária de mais duas horas e meia. Nós estamos votando o regime de urgência, e não fazendo o debate do projeto de resolução.

Então, só para fazer esse registro, senão nós não conseguiremos deliberar o regime de urgência no dia de hoje. Nós teremos que passar para amanhã. É um direito, todos os parlamentares podem falar. Regimentalmente, não tem o que fazer.

Mas eu faço esse apelo para que a gente consiga deliberar hoje ainda. Se cada parlamentar conseguir abrir mão de uma parte do seu tempo, para que todos consigam utilizar da palavra, nós conseguiríamos, desta maneira, fazer essa deliberação do regime de urgência, e não do projeto.

Então, a gente se ater à discussão do regime de urgência e, claro, no momento da discussão do projeto, aí sim, todos utilizarem aí e conseguirem fazer as suas falas sobre o projeto de resolução. É apenas um apelo que eu faço aos parlamentares.

A próxima inscrita é a deputada Monica. Tem a palavra V. Exa. para discutir o regime de urgência do Projeto de resolução nº 13, de 2020.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todas, a todos. Queria saudar todos nesse momento e dizer que o presidente, infelizmente... A gente gostaria de ter construído isso a muitas mãos, como a gente tem feito e tem entregado... Nós da oposição temos entregado todas as condições para que o Governo do Estado de São Paulo acesse todas as ferramentas e orçamento possíveis para enfrentar a crise.

Mas nesse projeto não aconteceu assim. Ele chega aqui para uma votação em regime de urgência, a gente ficou sabendo da votação desse projeto pela imprensa. Então, não nos deu o tempo necessário para construir a muitas mãos.

Primeiro, eu quero dizer que o PSOL é favorável a qualquer corte de salário nos próprios deputados. A gente sempre combateu os privilégios. A gente também é favorável ao debate sobre quem recebe acima do teto e sobre o teto de pagamento do estado de São Paulo. Mas cortar na própria carne é uma frase sempre de primeira pessoa, que a gente só pode dizer de si mesmo.

E a gente não pode confundir os trabalhadores do gabinete, os trabalhadores comissionados da Assembleia Legislativa, com nós mesmos. Eu, pelo menos, não acesso nenhum recurso dos trabalhadores do meu gabinete. Muitos deles são a pilastra, agora, a coluna estrutural das suas famílias, num momento de tão alto desemprego, num momento em que o recurso sumiu e que as famílias estão obrigadas ao confinamento.

E o confinamento, o desemprego e a crise econômica estão fazendo o mundo inteiro ter que discutir tanto a proteção da saúde das pessoas quanto ao vírus, quanto a proteção social das pessoas com acesso a renda. É um momento em que o mundo está discutindo como preservar salários, como manter salários.

E mais uma vez: eu não estou falando do meu salário. A Bancada Ativista já fechou questão de que nós somos favoráveis, inclusive, a um corte mais rigoroso do salário dos deputados, da verba de gabinete e de qualquer outro supérfluo.

Mas no gabinete tem estagiário, inclusive uma estagiária da Brasilândia, que é a área onde há mais mortos na cidade de São Paulo, que ganha um salário mínimo mais o vale refeição. E o corte do vale refeição vai fazer muita falta para a família dela.

E assim por diante. Outras tantas mulheres, mães solo que trabalham nos gabinetes e sustentam as suas casas. Vinte por cento na horizontal para todos os trabalhadores não é um corte na própria carne, é um corte na carne dos outros. E a gente precisa; uma coisa que a gente ainda não fez no estado de São Paulo é discutir proteção de renda dos trabalhadores.

Eu li também - começo a me preocupar, porque a gente começa, a gente se informa aqui pela imprensa - que a Assembleia Legislativa pretende apresentar aqui um projeto que permita a flexibilização e o corte de servidores públicos de outras autarquias, empresas públicas, dos comissionados da Casa.

Então, eu quero fechar posição aqui: se hoje a gente está colaborando menos com o rigor do tempo, para acelerar o tempo do debate, é porque a gente não teve o debate proporcionado antes. Então, o PSOL se posiciona contra a inclusão dos trabalhadores nesse momento de corte.

Há outros tantos cortes que a gente pode fazer. Citei aqui: mais profundamente nos salários, nas verbas de gabinete, o fundo especial, os contratos, pois a gente ainda não esmiuçou os contratos que a Assembleia Legislativa tem. Tem vários deputados aqui levantando o recente contrato para publicidade; tem um contrato grande também para prestação de serviços em informática.

A gente pode rever supérfluos e privilégios nesse momento, mas não achar que todo trabalhador tem que pagar a conta da crise. Inclusive, sinto muita falta, aqui da Assembleia Legislativa, que a gente entregue para a população de fato uma ação contínua e consistente no enfrentamento à crise. A gente tem baixo rendimento aqui na Assembleia Legislativa. A gente vota e debate pouco, a gente tem pouca participação nas decisões do Executivo.

Quando a gente aprovou aqui o decreto de calamidade pública, eu disse que nós seríamos favoráveis ao decreto de calamidade pública, mas eu era contrária ao número de parlamentares que iam compor o Comitê de Fiscalização. Três é pouco. A gente também não discutiu nenhuma alternativa de proteção de renda e de assistência social aqui.

Isso para não falar das deficiências na Saúde. A solução para a merenda das pessoas, de acesso de todos os estudantes, é completamente insuficiente. E se a gente não começar a discutir aqui proteção de renda, acesso a dinheiro e seguridade social no estado de São Paulo, as pessoas que não morrerem ou que não tiverem a sua saúde fatalmente atingida pela ameaça do coronavírus vão ter a sua vida fatalmente atingida pela fome, pela escassez.

Então, a gente tem que avançar aqui no debate do corte de salários para ajudar no financiamento do Executivo, mas a gente tem que respeitar também o Poder Legislativo como um Poder Legislativo, que está formulando e que precisa também auxiliar o governador João Doria, que ainda não pensou em assistência social. E as pessoas vão precisar comer durante o período de crise.

Só para vocês terem uma ideia, o meu gabinete fez um levantamento de como foi a arrecadação no mês passado. Em março, o estado de São Paulo ainda não tinha sido atingido pela crise. A principal fonte de arrecadação do Estado é o ICMS; tem outros impostos, como IPTU, IPVA, em que se concentra o recebimento no primeiro trimestre. Eu não quero dar uma aula para os colegas deputados, mas para quem está assistindo.

E não houve... O governo não foi afetado no mês de março. Muito pelo contrário: no mês de março de 2020, a gente fechou com uma arrecadação um bilhão maior se comparado com o período de março de 2019. Isso quer dizer que a gente está confortável? Claro que não. Com a falta de consumo das pessoas e de circulação, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Produtos e Mercadorias deve cair. Isso é uma projeção óbvia.

Mas também a gente está recebendo ajuda e debates do governo federal. A gente aqui, agora, está isento de pagar a dívida com a União. Teve uma suplementação de um bi no orçamento. Para além disso, para a gente ter acesso à arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias, a gente precisa garantir que os que consomem continuem consumindo.

Por isso, é importante a gente proteger a renda de quem ganha três, quatro, dois, um salário mínimo, porque é a renda que vai manter o mercadinho de pé, que vai manter aquele restaurante que vende por aplicativo de pé, que vai manter as farmácias de bairro de pé.

Porque quando a gente corta renda dessas pessoas que consomem imediatamente, a gente está aprofundando a crise: a crise do consumo, a crise de renda, a crise de arrecadação.

A gente precisa discutir quem está acumulando, quem está em condições de guardar dinheiro na poupança, quem não usa tudo para economia direta. Por isso que a gente concorda em discutir quem ganha próximo ao teto, o teto, acima do teto, prioritariamente.

Mas discutir horizontalmente todos os trabalhadores, sejam eles trabalhadores efetivos, sejam eles comissionados, sejam eles servidores públicos, a gente não concorda. E também terminar com essa falsa divisão de que os nossos trabalhadores não são trabalhadores. São trabalhadores como todos os outros.

Queria aproveitar também o espaço do meu tempo para falar de uma manifestação que aconteceu hoje em frente ao Hospital Universitário aqui na Capital. Os trabalhadores das OSs estão denunciando sistematicamente que estão sendo responsabilizados por comprarem os seus próprios EPIs. Os trabalhadores do Hospital Universitário estão dizendo que estão recebendo uma máscara para um plantão de seis horas e duas máscaras para um plantão de 12 horas.

Já são 20 profissionais do HU contaminados; já são 12 mortos entre os profissionais de Saúde na capital. E há uma escassez generalizada de falta de material de proteção individual. Então, a gente precisa discutir aqui acesso a orçamento, mas a gente precisa discutir produção de equipamento de proteção individual para os profissionais da Saúde e para a gente, porque vai faltar.

E para isso a bancada do PSOL já protocolou um projeto de reconversão industrial. O Governo do Estado de São Paulo precisa chamar a indústria, precisa chamar os polos tecnológicos, precisa chamar as universidades, precisa chamar os sindicatos e começar a garantir que a indústria paulista comece a produzir os insumos para a Saúde.

Isso também vai proteger renda, isso também vai proteger salário e isso vai proteger os trabalhadores que estão na linha de frente, sendo jogados à morte porque a gente não começou a se mexer ainda, apesar da nossa capacidade. Nós somos o Estado mais desenvolvido do País. Apesar da nossa capacidade de produção, nós não estamos produzindo para atender prioritariamente o SUS e os trabalhadores da Saúde.

Então, eu quero demarcar aqui: hoje, infelizmente, trabalhadores da Saúde do Hospital Universitário, o HU, deixaram seus postos de trabalho para pedir testes a todos os trabalhadores da Saúde, que estão diariamente, que podem não apresentar sintomas e são vetores, e que estão sem material de proteção individual. E para dar um alerta para a gente, porque se a gente não cuidar de quem está cuidando da vida, o colapso fica cada vez mais próximo.

Por fim, presidente, faço um apelo aqui para que a gente consiga retirar esse projeto de pauta, para que consiga devolver para os deputados, para que a gente consiga fazer cortes justos dentro do acordo que a gente tem colocado aqui.

A gente tem trabalhado em conjunto, a gente tem superado os desafios de diálogo para dar condições para o Governo do Estado de São Paulo trabalhar, mas eu também quero ter condições de trabalhar. Também venho fazer um apelo aqui pela ausência de uma agenda do Poder Legislativo para deliberar centenas de iniciativas que os deputados têm tido.

O meu gabinete produziu como nunca nas últimas semanas: tem proteção aos indígenas, tem proteção às mulheres travestis, tem proteção às mulheres, tem debate sobre a produção de comida, tem debate sobre a proteção dos trabalhadores da Saúde, tudo parado, porque a Assembleia Legislativa neste momento está com dificuldade de estabelecer uma agenda independente que auxilie o Poder Executivo a trabalhar neste momento.

Então eu faço um apelo ao bom senso para que a gente retome o bom diálogo com que a gente vinha conduzindo os trabalhos. Para terminar de uma vez, quero relembrar - a Leci lembrou aqui - a morte da Dra. Theodosina, uma mulher negra, a primeira negra entre nós a sentar nas cadeiras de couro do plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nós fomos quatro mulheres negras na história - primeiro Theodosina, depois Leci, depois eu e Erica Malunguinho - a ocupar este lugar. Ela nos deixou ontem, aos 90 anos de idade. Queria pedir à Mesa que lembrasse Theodosina agora e que a gente fizesse um breve momento de silêncio em memória da sua vida e dos serviços prestados ao estado de São Paulo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Monica, a seu pedido, no início da segunda sessão extraordinária, faremos um minuto de silêncio em memória à nossa deputada Theodosina.

Quero só fazer um registro que eu acho importante: a Assembleia Legislativa não paga para nenhum servidor qualquer valor acima do teto constitucional, que é estabelecido pelo salário do deputado.

Então, só para deixar isso muito claro, porque eu já vi que existem algumas polêmicas em relação ao teto. Podem existir em outros lugares, mas na Assembleia não se paga acima do valor do teto.

A resolução, pelo Art. 10, exclui, para efeito do cargo concursado, a diminuição do valor momentâneo do valor do deputado. Então não se aplicará, para efeito de teto, a diminuição dos 30% do valor do concursado, então não altera o valor do cargo concursado.

No Art. 10, fica claro o seguinte: aplica-se a norma dessas resoluções em caráter emergencial transitório para economia de despesas públicas visando o enfrentamento do coronavírus, não suspendendo a eficácia, no que couber, da correspondente legislação permanente, resguardada a incidência das normas da Constituição da República, tais como Art. 29, inciso IV, Art. 35, inciso IX.

Está claro aqui que não atinge o teto constitucional do servidor público do Legislativo, até porque seria inconstitucional se o fizesse.

Existe um pedido por questão de ordem antes de passar ao próximo inscrito, do deputado Barba. Deputado Barba, qual é a questão de ordem de Vossa Excelência? Tem a palavra o deputado Teonilio Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT -  PARA QUESTÃO DE ORDEM - Presidente, obrigado. A minha questão de ordem são duas questões. Uma é que na minha fala eu disse - e gostaria que o senhor me respondesse depois se é constitucional ou não - que, em termos de constitucionalidade, qualquer salário, quem paga pensão alimentícia e/ou desconto da Previdência é obrigado a ser retirado para não sofrer incidência sobre isso. Esta é uma questão.

A outra questão, presidente, como já faz duas semanas que a gente não se reúne, é sobre como será o processo das assinaturas de emendas coletivas, se vai ser só o líder encaminhando a partir do momento que estiver aberto para a entrega de emendas.

Era sobre isso, muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Respondo já em seguida. Vou passar para o próximo inscrito e já respondo em seguida as questões de Vossa Excelência. O próximo inscrito é a Professora Bebel. Tem a palavra Vossa Excelência.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Bem, boa tarde, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Boa tarde, Professora Bebel. O som de V. Exa, não sei se é a internet... Vamos ver agora. Agora sim.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, todos que nos assistem em casa através da TV Alesp, é sempre uma satisfação muito grande, e é muito importante inclusive que os cidadãos e cidadãs nos acompanhem.

Hoje, é claro, aparentemente há uma discussão interna, porque nós estamos discutindo um ato da Mesa que envolve o funcionamento e enfim o encaminhamento dos trabalhos da Assembleia no que diz respeito aos subsídios recebidos pelos deputados, bem como aos salários dos comissionados.

Não se fala aqui de concursados, mas dos comissionados, que são aqueles funcionários.... Eu, por exemplo, eu, deputada Bebel, eleita, chamo para trabalhar no meu gabinete esses funcionários. É disso que nós estamos tratando.

No debate... Veja bem, a bancada do Partido dos Trabalhadores, com muita tranquilidade, fez um debate de oito horas. Você fala: “Puxa, mas oito horas para debater questões assim?”. Bom, mas são questões que têm a ver primeiro com a conjuntura político-econômica, com a questão sanitária - que é o coronavírus -, e com a questão da vida sobretudo. Eu acho que a vida está sobre um tripé: a existência, a saúde e salário e renda.

Bom, quanto à questão dos deputados, eu vou cumprimentar os deputados que compõem a Mesa, deputado Cauê Macris, deputado Milton Leite e meu querido deputado Enio Tatto. Até quero ver se ele quer fazer parte desta minha fala. Se ele quiser, eu vou dar um tempo para ele falar neste tempo que eu tenho de 15 minutos inclusive.

Assim cumprimentando, eu quero dizer o seguinte: a gente já discutiu entre nós a nossa forma de entrar nessa discussão da crise, de como... Começamos com o nosso plano emergencial, com diretrizes, um plano que procurou acoplar todas as questões. Se não respondeu, pelo menos indicou, pelo menos indicar indicou.

Eu quero chamar a atenção para o seguinte: as pessoas estão falando em licença-prêmio. O próprio nome “licença-prêmio”... As pessoas falam: “Poxa, mas é um prêmio, uma licença, o que é isso?”.

Vocês sabem o que significa licença-prêmio? Licença-prêmio é aquele servidor, aquele funcionário que trabalhou cinco anos interruptamente sem ter faltas. Portanto, ele tem direito à licença-prêmio, mas é com pecúnia.

Então, ele não vai perder a licença-prêmio, ele vai perder o direito de transformar em dinheiro essa licença, o que faz uma diferença na vida do funcionário. Às vezes ele vai comprar uma casa, ele não tem um carro, ele precisa, sei lá...

Nesta crise econômica, antes até do coronavírus... Então a licença-prêmio é isso. A licença-prêmio não é uma benevolência, é a dedicação de um funcionário que ficou cinco anos sem faltar. Essa é a licença-prêmio, que precisa ser entendida dessa forma.

Por isso, quando nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, fizemos a discussão, a gente fez a discussão do seguinte: a gente topa escalonar e inclusive fazer a discussão do subsídio dos deputados escalonado. Também tem que ser justo, porque os 30% que me pegam não são os mesmos 30% que pegam outro deputado.

Você fala: “Mas por que, deputada? O outro trabalhou mais”. Não. O outro pode ter salários maiores que o meu, então faz uma diferença, tem diferença. Então por isso escalonar, mas a gente não está propondo escalonar para baixar dos 30, a gente faz o contrário, pegando dos 30 e chegando até 50%. É uma belíssima proposta, uma proposta que, para mim, acho que dá perfeitamente para abrir mão de mexer com os funcionários comissionados.

Verba de gabinete? Perfeito, não estamos gastando. Nós já não gastávamos, eu já não gastava, e não vamos gastar. Então vai dar para fazer uma bela enxugada, né? Nós não estamos gastando água, não estamos gastando luz, não estamos gastando com telefonia na Alesp, então tudo isso é uma forma de enxugar e, com isso, deixar fora os funcionários comissionados.

Eu tenho isso talvez como princípio por ser parte dos servidores públicos. Eu não quero sonhar que está na cabeça do governador Doria, por exemplo, cortar os salários dos servidores públicos do estado de São Paulo, porque não vai dar para ele falar assim: “Eu vou cortar da Educação, mas não vou cortar....”. Vai ter que ter um jeito de cortar.

Agora, sobretudo, ele está precisando dos servidores públicos, porque esse coronavírus, a Covid-19, veio para dizer o seguinte: na hora da encrenca, a iniciativa privada não dá conta, quem dá conta é o Estado, e o Estado tem que entrar com tudo, inclusive ajudando a iniciativa privada. Não vou nem polemizar com isso, porque eu sou favorável a que tenha emprego, que a sociedade possa comer, que a sociedade possa, de certa maneira, sobreviver.

Eu quero chamar a atenção para o seguinte: nesse enxugamento todo, eu fiz uma polêmica já quando foi aprovado aquele dinheiro de fundos para ser destinado para alguns fins, foi referente à alimentação dos estudantes.

Veja bem, nós temos três milhões e 700 mil, e só 700 mil estão recebendo o ticket de 55 reais. Os três milhões estão fora, mas, em tempos normais, eles não iriam receber? Não ia ter que dar comida para todo mundo? Porque é calculado 1,90 per capita, o que dá os 55 reais que o governador - aliás, a equipe econômica - transformou no vale alimentação.

Quer dizer então que em tempos normais esses não comem então? Vão ser só 700 mil? Isso é um contrassenso. Isso é, no mínimo, segurança alimentar para os alunos e alunas das escolas públicas deste estado. Não fazer isso é no mínimo tentar enxugar, e daí vem para a Alesp fazer enxugamento também.

Eu não vou discutir, eu já disse que tenho total acordo com a emenda que a nossa bancada vai apresentar, está certo? Tenho total acordo, de 30 a 50%, de acordo com o imposto de renda de 2019. Acho perfeito, está perfeita a proposta, e nós vamos apresentar essa proposta porque entendemos que ela dá conta inclusive de cobrir, em alguns casos, essa questão dos comissionados.

Peço, Srs. Deputados e Sras. Deputadas... É regime de urgência, mas regime de urgência não quer dizer não debater. Pelo contrário, quando você coloca em urgência algo, a urgência em si tem que nos levar a algumas discussões, né?

Por exemplo, as gratificações. Também sobre elas todas vai... (Inaudível.) Todas as demais também 20%, quer dizer, é algo que não poderia ter essa volatilidade, não poderia ser volátil assim.

Eu não tenho tanta segurança, deputado Cauê Macris, presidente, porque, veja bem, no início desta legislatura, o procurador derrubou o formato de composição dos gabinetes, ou não? Não era legal? Não estava dentro da legalidade?

A Mesa não poderia ter decidido que poderiam ser 32 cargos? Lembram disso? Aí imediatamente teve que diminuir para 20, meio que dispensar doze. Eu lembro que houve uma correria por todos os gabinetes. Eu achava mais justa essa forma de composição dos gabinetes.

Então, eu não tenho tanta certeza se os funcionários comissionados, diante de um tempo de serviço, se isso não caracteriza um vínculo e que por isso ele tenha direito, sim, a recorrer. Eu acho que o direito é um pouco disso, a questão da interpretação dele, de certa maneira...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Professora Bebel, preservado o tempo de V. Exa... Vossa Excelência tem três minutos e 20 segundos, mas encerrou o tempo da sessão, então eu vou ter que encerrar esta sessão. Daqui 10 minutos eu devolvo o tempo a V. Exa. para concluir a sua sala. Perfeito?

Então, esgotado o tempo da presente sessão, lembro os deputados que em 10 minutos abriremos a segunda sessão extraordinária.

Está levantada a sessão.

 

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 17 horas.

 

* * *