5 DE OUTUBRO DE 2020

41ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CAUÊ MACRIS

 

Secretaria: CARLÃO PIGNATARI e MILTON LEITE FILHO

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Abre a sessão. Coloca em discussão o PL 529/20.

 

2 - TEONILIO BARBA LULA

Para questão de ordem, indaga se está pendente o requerimento de encerramento da discussão do PL 529/20, cuja votação, na semana passada, não atingiu quórum.

 

3 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Acolhe a questão de ordem, para respondê-la oportunamente.

 

4 - AGENTE FEDERAL DANILO BALAS

Discute o PL 529/20 (aparteado pelo deputado Carlos Giannazi).

 

5 - CAMPOS MACHADO

Solicita uma verificação de presença.

 

6 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.

 

7 - TEONILIO BARBA LULA

Para questão de ordem, faz questionamento sobre a admissibilidade do PL 529/20, que considera inconstitucional.

 

8 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Recebe a questão de ordem, para respondê-la oportunamente.

 

9 - ED THOMAS

Discute o PL 529/20.

 

10 - DOUGLAS GARCIA

Discute o PL 529/20.

 

11 - CORONEL TELHADA

Discute o PL 529/20 (aparteado pelo deputado Carlão Pignatari).

 

12 - MAJOR MECCA

Discute o PL 529/20.

 

13 - PAULO LULA FIORILO

Para questão de ordem, pede à Presidência que solicite aos deputados o uso de máscara.

 

14 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Pede aos parlamentares que permaneçam de máscara em plenário.

 

15 - PROFESSORA BEBEL LULA

Para questão de ordem, indaga se a tramitação do PL 529/20 não estaria ferindo o Regimento Interno desta Casa por, a seu ver, a propositura ser inconstitucional.

 

16 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Acolhe a questão de ordem, para respondê-la oportunamente.

 

17 - ARTHUR DO VAL

Discute o PL 529/20.

 

18 - CAIO FRANÇA

Para questão de ordem, cobra da Presidência resposta, ainda nesta sessão, a questões de ordem acerca do requerimento de encerramento da discussão do PL 529/20.

 

19 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Afirma que responderá às questões de ordem em momento oportuno.

 

20 - ADRIANA BORGO

Discute o PL 529/20 (aparteada pelo deputado Coronel Telhada).

 

21 - CAMPOS MACHADO

Discute o PL 529/20 (aparteado pelo deputado Arthur do Val).

 

22 - TEONILIO BARBA LULA

Solicita verificação de presença.

 

23 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Indefere o pedido, ante a evidência de quórum.

 

24 - RICARDO MELLÃO

Para questão de ordem, indaga a respeito de previsão do Regimento, segundo a qual a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento tem a atribuição de analisar proposituras que alterem despesas ou receitas do Poder Público, o que não ocorreu em relação ao PL 529/20.

 

25 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Acolhe a questão de ordem, para respondê-la oportunamente. Orienta os parlamentares quanto à apresentação de questões de ordem.

 

26 - LETICIA AGUIAR

Discute o PL 529/20.

 

27 - GIL DINIZ

Para reclamação, reitera indagações acerca do requerimento de encerramento da discussão do PL 529/20. Cobra resposta do presidente, ainda nesta sessão, a questões de ordem sobre o assunto.

 

28 - SARGENTO NERI

Discute o PL 529/20 (aparteado pelos deputados Campos Machado, Teonilio Barba Lula e Paulo Lula Fiorilo).

 

29 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Solicita aos deputadleticios que usem máscara no plenário.

 

30 - ITAMAR BORGES

Para questão de ordem, indaga se é regimental a apresentação de diversas questões de ordem sobre o mesmo tema e baseadas no mesmo artigo.

 

31 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Acolhe a questão de ordem, para respondê-la oportunamente.

 

32 - MONICA DA BANCADA ATIVISTA

Discute o PL 529/20.

 

33 - PRESIDENTE CAUÊ MACRIS

Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Cauê Macris.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior. 

Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

                                                 ORDEM DO DIA

                                                                

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O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para discutir o Projeto de lei no 529, de 2020, deputado Danilo Balas. Tem a palavra V. Exa. para discutir contra o projeto.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Para uma questão de ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não. Qual é a questão de ordem de V. Exa., deputado Barba?

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - É sobre a última sessão, da semana passada. Ficaram 47 votos, não tem voto suficiente para dar quórum. Não teve quórum.

Então, queria saber, presidente, como é que ficou aquele pedido de encerramento de votação do líder do Governo, deputado Carlão Pignatari, que, no meu entendimento, está pendente.

Eu não sei se é esse o mesmo entendimento de Vossa Excelência. Porque ali foi feito um requerimento. Então, eu quero saber se aquele requerimento, após não atingir o quórum, na quarta-feira da semana passada, e entrando na madrugada da quinta-feira, se é ele que nós vamos ainda debater daqui a pouco ou se é outro requerimento.

Então, essa é a minha questão de ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vou responder no momento oportuno, deputado Teonilio Barba.

Passo a palavra, para discutir contra, ao deputado Danilo Balas.

 

O SR. AGENTE FEDERAL DANILO BALAS - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Senhoras e senhores, boa noite; senhores parlamentares, presidente, todos os servidores desta Casa e você, cidadão de casa, que nos acompanha, também, pelo YouTube. Sou um deputado de primeiro mandato. Quando cheguei a esta Casa, logo no início, recebemos, de autoria do governador do estado, o Projeto de lei no 01, de 2019.

Pois bem, da mesma forma como infelizmente o 529 está sendo colocado aqui para esta Casa de Leis, de forma a tratorar os trabalhos, para lembrar o Projeto de lei no 01, de 2019, que tratava da extinção, também, de algumas empresas. Lembro aqui a Codasp, a Dersa, a Emplasa, por exemplo, entre outras. Infelizmente, o governo tratorou, e essas empresas foram extintas, ocorreu a desestatização.

Retornando para o Projeto de lei no 529, hoje vou abordar duas empresas que o governador quer extinguir. A primeira delas é o Oncocentro, uma instituição que faz um excelente trabalho aqui no centro de São Paulo.

A Fundação Oncocentro foi fundada em 1974, tem 46 anos. A fundação tem apenas 87 funcionários, são 87 servidores dedicados a atuar no apoio àquelas pessoas que tiveram câncer de pescoço e cabeça.

O faturamento anual é de 3.800.000 reais; e o superavit por ano é de mais de meio milhão de reais. Então, senhoras e senhores, o governador disse que essa empresa, o Oncocentro, dá prejuízo; porém, analisando os valores, as tabelas de gastos e o dinheiro que entra no Oncocentro, verificamos que ela é superavitária em mais de meio milhão de reais.

O Oncocentro - a anterior, por gentileza - utiliza apenas 0,05% do Orçamento da Secretaria da Saúde. Então, senhores, nem 0,1% da Secretaria é repassado para o Oncocentro. Então, é uma mentira isso de que essa instituição dá prejuízo. Fiz a visita ao Oncocentro: “não deixa a Fosp fechar; a luta contra o câncer precisa de todos”. Pode passar à próxima. Só de exames de detecção do câncer, foram mais de 280 mil exames.

O Oncocentro também tem curso de técnicos em citologia, formação de 231 citotécnicos, e ocorreu a capacitação de 1.000 médicos e enfermeiros para a detecção precoce do câncer uterino e do câncer de mama.

Então, olha o trabalho que essa instituição faz para o povo de São Paulo, da Grande São Paulo e do interior. E infelizmente o governador quer acabar com o Oncocentro.

Olha lá, próximo. Aqui, são os servidores que atuam na instituição. Próximo: também, análise através de microscópios. Próximo: o trabalho de reabilitação de pacientes mutilados, confecção de próteses para pacientes com câncer na cabeça e pescoço.

E eles têm disfunções na fala, mastigação e deglutição, ou seja, funções básicas de sobrevivência de um cidadão. Desempenho de funções básicas e retomada do convívio social.

Senhoras e senhores, temos também o apoio psicológico a esses pacientes. Imaginem aquele paciente que tem o globo ocular totalmente retirado por um câncer nos olhos, ou então no céu da boca.

Essa pessoa precisa de atendimento psicológico, e muitas vezes, até por vergonha, ela deixa o trabalho, ela para de frequentar algumas reuniões e festas, até de família. E o Oncocentro, esses profissionais conseguem trazer esses pacientes para o convívio social.

Aqui, nós temos alguns exemplos de próteses; percebam a perfeição. Prótese de olhos, de boca, céu da boca, orelha. Os olhos, para vocês terem uma ideia, caros deputados, são feitos à mão; cada íris, cada toque, ali, é feito paciente por paciente.

Os senhores que, alguns não sabem, não existe uma face... A face da direita não é igual à da esquerda, e esse servidor do Oncocentro tem que trabalhar até a parte de bilateralidade, para que a pessoa não fique disforme.

Próximo. Este é um paciente, senhor Reginaldo, que autorizou a veiculação dessa imagem, autorizou por escrito. Ele teve um câncer no céu da boca, perdeu metade da arcada dentária.

Ele é um dos pacientes atendidos na instituição Oncocentro. Pode passar. Foram mais de 5.400 consultas, 641 próteses. A estrutura: seis consultórios odontológicos, laboratório de próteses e também uma sala de raio-x.

Próximo: demais dados para a gente finalizar a parte do Oncocentro. As estatísticas sobre o câncer e a base estadual de dados hospitalares sobre o câncer são feitas pelo Oncocentro: 74 hospitais enviam dados à fundação, e esses registros passam de um milhão de tumores.

Então, há uma base de dados lá para estudos anteriores e futuros estudos com o câncer de pacientes aqui do estado de São Paulo. E também serve de residência aos profissionais da Faculdade de Medicina da USP.

Próximo. Esta é uma frase que os servidores utilizam: “Nós somos poucos, 87 funcionários, mas fazemos muito pelo nosso estado, pelos pacientes e pelo Brasil”. Por enquanto, eu...

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, deputado Danilo Balas. Um aparte.

 

O SR. AGENTE FEDERAL DANILO BALAS - PSL - Com certeza, Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Primeiro, parabenizá-lo pela sua intervenção, pela sua defesa do Oncocentro. Vossa Excelência foi lá, constatou e viu a seriedade do trabalho, como outros deputados foram, vários. Eu estava falando: Douglas Garcia foi, Janaina foi, eu fui, vários deputados foram até o Oncentro.

Extinguir o Oncocentro, deputado Danilo Balas, é um crime de lesa-humanidade. Vossa Excelência colocou muito bem: isso quase não tem custo nenhum para o estado. É insignificante o investimento do estado no Oncocentro, no Orçamento de 260 bilhões.

Mesmo que houvesse, é obrigação do estado, porque o Oncocentro faz parte do Sistema Único de Saúde. O SUS tem que ser financiado pelo estado, pelo poder público, pelo governo federal.

Então, repito: a extinção do Onconcentro é um crime de lesa-humanidade. E eu quero ver qual vai ser o deputado ou a deputada que vai deixar a sua digital na destruição do Oncocentro.

E, só para concluir, deputado Danilo Balas, para não ocupar muito o seu tempo, dizer também que as outras fundações também, as outras instituições, a gente é totalmente contra a extinção.

Por exemplo, o Itesp. O Itesp, nós temos quatro manifestações contrárias. Duas promotorias do Ministério Público - nós já apresentamos aqui os documentos - se colocaram contra a extinção do Itesp.

Tem um manifesto dos procuradores do estado de São Paulo, inclusive muitos deles assumiram o cargo de procurador-geral, e eles estão se colocando contra, encaminharam um manifesto para todos os deputados.

Por fim, para concluir, deputado Danilo Balas, tem também uma manifestação de ex-secretários de Justiça e Cidadania, do próprio PSDB. Tem umas seis, sete assinaturas desses ex-secretários também, que assinaram um documento contra a extinção do Itesp.

É um absurdo o que está acontecendo aqui na Assembleia Legislativa. Sem contar que tem as suspeitas de compra de votos, de emendas; já tem CPI sendo assinada, já tem representação no Ministério Público. Essa votação tem que ser interrompida imediatamente.

Muito obrigado, deputado Danilo Balas.

 

O SR. AGENTE FEDERAL DANILO BALAS - PSL - Obrigado a V. Exa. pela participação. Falaremos agora, rapidamente, sobre a Sucen - Superintendência de Controle de Epidemias. Os senhores que nos acompanham em casa, vocês sabem o que é a Sucen? O que a população e a Saúde Pública perderão caso esse projeto nefasto do governador seja aprovado? Vamos lá, próximo.

Como disse, Sucen é a Superintendência de Controle de Endemias, de Epidemias, e ela tem 50 anos. É uma autarquia vinculada à Secretaria da Saúde e é responsável pelo controle de doenças transmitidas por vetores e hospedeiros.

Pode passar. Sucen é responsável por pesquisas e atividades importantes no avanço científico e tecnológico, e atua de forma articulada com órgãos que participam do SUS.

Então, vejam a importância da Sucen. Para quem acha que a Sucen só combate a dengue... Alguns setores do governo até passaram, de forma muito equivocada, para parte da imprensa, que a Sucen só trabalhava para extinguir a dengue no nosso País, no nosso estado de São Paulo. Trago aqui o trabalho que é feito pela Sucen.

Vamos lá: as doenças de controle - malária, doença de chagas, esquistossomose, leishmaniose, dengue, febre amarela e chicungunha. Então, são sete ramos de atuação da Sucen para combater doenças aqui no estado de São Paulo, doenças que, muitas vezes, estão matando nossos irmãos, familiares aí.

O suporte técnico e treinamentos de todos os servidores do interior são realizados pela Sucen, também com pesquisas de campo e monitoramento de espécies, como o molusco, além de exames laboratoriais. 

 

 O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos Machado.

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Consultando o Regimento, eu verifico que eu tenho motivo, razão e alicerce para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Convido o deputado Carlão Pignatari, que já está ao meu lado, e o deputado Milton Leite Filho, para auxiliarem esta Presidência nessa verificação de presença.

 

* * *

 

- É iniciada a verificação de presença.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra ao orador na tribuna. 

 

O SR. AGENTE FEDERAL DANILO BALAS - PSL - Senhoras e senhores, todos os que nos acompanham pela TV Alesp, vamos dar continuidade à importância da Sucen para o nosso estado de São Paulo. Pode passar ao próximo.

A Sucen faz um trabalho importantíssimo, muitas vezes invisível aqui no estado de São Paulo. É difícil nós visualizarmos o trabalho dos servidores da Sucen, porque eles estão em vários municípios, atuando sem que nós os acompanhemos.

São servidores dedicados nos 645 municípios do estado de São Paulo. Pode passar. A Sucen possui 10 regionais: além da Região Metropolitana de São Paulo, temos São Vicente, Taubaté, Sorocaba - que é a minha região de atuação -, Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente e Marília. Próximo.

Os funcionários, todos, trabalham em regime de CLT. Então, não tem nenhuma vantagem, como diz o governo, que quer tirar privilégios, e apenas 44 funcionários são efetivos, são estáveis. Pode passar, próximo. Aqui, algumas fotos de servidores atuando, da Sucen. Pode passar. Eles estão colhendo amostras para efetuarem os estudos.

Mais uma foto lá da atuação deles, pode passar. Colheita de moluscos e animais para a... Agora, para esta foto. Eu gostaria de saber se alguém do Palácio do Governo vai fazer o que esse servidor da Sucen faz, se o governador vai mandar alguém para fazer isso aí, subindo em árvore, fazendo o rapel para atuar em prol do estado de São Paulo. Eu tenho minhas dúvidas.

E os municípios não têm condições de absorver todo esse trabalho feito pela Sucen. Pode passar. Olha lá: mais uma vez, será que o governador vai pedir para alguém lá do Palácio subir na árvore para fazer esse trabalho do servidor da Sucen? Com certeza, não, certo? Pode passar. Pode passar também. Mais uma vez, pode passar. Terminou?

Senhoras e senhores, então falamos hoje da importância do Oncocentro e também da Sucen, duas das 10 instituições que o governador quer extinguir aqui no estado de São Paulo. Infelizmente, eu não acharia que, como deputado, veria isso - só para concluir, presidente - de um governador, infelizmente, mandando esse projeto aqui para a nossa Casa de leis.

Muito obrigado, Sr. Presidente; muito obrigado, Srs. Deputados. 

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Questão de ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Antes da questão de ordem de V. Exa., convido o deputado Ed Thomas para subir à tribuna. 

Vossa Excelência tem o tempo, e peço que se atenha ao tempo regimental de três minutos. Tem a palavra, deputado Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Preparado para isso, Sr. Presidente. 

Senhor Presidente, formulo a presente questão de ordem com a finalidade de obter de Vossa Excelência esclarecimentos acerca da aplicação do disposto no Art. 135, incisos I e VIII, do Regimento Interno, em relação à admissibilidade do Projeto de Lei no 529, de 2020, de autoria do Sr. Governador, e que estabelece medidas voltadas ao ajuste fiscal e ao equilíbrio das contas públicas e dá providências correlatas.

O Regimento Interno estabelece em seu Art. 135 as situações que impedem a admissão das proposições nas hipóteses de inconstitucionalidade - I - e quando a proposição não estiver devidamente redigida - VIII.

Atropelando o processo legislativo, e atentando contra a competência do legislativo, há manifestas violações ao princípio da legalidade, ao prever a extinção das empresas e entidades, mas não define quais órgãos assumirão as funções, ficando claro que a matéria será destinada ao decreto mesmo não sendo matéria regulamentar, e portanto, fere o princípio da legalidade. 

Como se lê de seus termos, a proposição, em efetivo, busca obter um cheque em branco para o Poder Executivo quanto ao destino dos serviços de saúde e dos bens públicos a eles vinculados.

Deduzida dessa forma, o PL 529-2020, ofende frontalmente a Constituição Federal - Art. 24, inciso XII -, assim como o PLC 791-1995 - Código de Saúde do Estado de São Paulo -, Arts. 12, II, “b”, 20 e 24.

Definido na Constituição Federal como derivado de lei, o poder de definição do destino das atribuições da Furp, do Fosp e da Sucen é do Poder Legislativo Estadual, e não pode ser delegado ao Poder Executivo.

Acresçam-se a esse primeiro, embora decisivo, óbice à apreciação da proposição nos termos constantes do PL 529-2020, as disposições do PLC 791-1995 - Código de Saúde do Estado de São Paulo -, cujos Arts. 12, II, “b”, 20 e 24 corroboram a necessidade de decisão legislativa e a impossibilidade de delegação dessa competência constitucional, na medida em que a proposição encaminhada pelo governador pretende remodelar os especificados setores da saúde em aparente ofensa às bases do SUS que impõem a “descentralização das ações e dos serviços de saúde” - Art. 12, II e 24 - e a participação do setor privado em caráter tão somente complementar - Art. 20, parágrafo 1o.

Tendo em vista que a extinção da FURP inverte a ordem de entrada apenas complementar do setor privado nas atividades... Por isso, Sr. Presidente... As suas disposições, ou ainda a adoção das medidas necessárias ao exato cumprimento do Regimento Interno desta Casa.

Encaminho ao senhor.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo a questão de ordem de V. Exa. e responderei no momento oportuno.

Com a palavra, o deputado Ed Thomas.

 

O SR. ED THOMAS - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Cumprimentar todos e todas, aqueles que nos assistem pela Rede Alesp. E continuamos aqui na obstrução do Projeto 529, já explorado, comentado, discutido. A gente não consegue compreender tamanha maldade.

Olha, a gente discursar sobre o errado, sobre aquilo que vai impactar a vida das pessoas, me coloca a pensar que eu fui colocado neste mandato, que é o quarto, não para tirar direito das pessoas, mas para fazer acréscimo na vida das pessoas, para que elas tenham oportunidade com prosperidade. E esse projeto tira tudo isso.

O bom é que o estado de São Paulo já sabe o que está acontecendo nesta Casa, já sabe o impacto desse projeto na vida de cada um. É um projeto que tira de onde não tem e coloca onde não cabe. Creio ser esse o entendimento mais simples. Por quê? Ficamos nos perguntando. Porque os caixas do estado diminuíram, estão vazios.

Mas este estado, São Paulo, é o mais rico do País. E nós vivemos, neste instante, uma notícia tão triste para todos os segmentos; todos serão impactados, todos serão machucados, mais do que estão. Quando a gente pensa na retomada do vírus que ainda não foi embora e que pode demorar, mas que há uma esperança de as pessoas poderem recomeçar, poderem se levantar, se reerguer e enfrentar tudo de frente, vem o 529.

O impacto é desde o pãozinho nosso de cada dia até o nosso teto na construção civil, passa por todos os segmentos, deixando um rastro que vai furar o bolso das pessoas com tanta dificuldade, onde as pessoas estão procurando um caminho, se enchendo de esperança, e aí tudo pode mudar. O projeto, a cada ponto e a cada vírgula, é um susto.

Foi uma misturança tão grande que até aqueles mais experientes que estão aqui, que se atêm, que se debruçam na leitura, não conseguem assimilar ou, quando assimilam... É um projeto de muitas páginas, e tudo é feito assim: tudo dentro de um tacho só, tudo. A gente usa este espaço na Assembleia Legislativa para discussão, para obstrução, para votar “não”.

Na minha região, a mais distante, o que temos de produção é grandioso, desde hortifruti granjeiro, bacia leiteira de pequenos empreendedores da terra - e é muito difícil permanecer na terra.

Neste instante, há um sofrimento por causa da demora da chuva, que vai demorar um pouco mais, mas, mais do que isso, quando ficam sabendo que não terão mais o acompanhamento que foi colocado para eles, para aqueles que estão na terra - são mais de sete mil famílias...

Olha, agora, se passar o projeto, é cada um que se vire. Nossa Secretaria da Agricultura tem um orçamento pífio, sempre foi assim: uma desvalorização da agricultura do estado de São Paulo que chega a nos envergonhar.

Eu costumo acreditar que há dois seres mais perto de Deus: primeiro é a criança e depois é o agricultor, é daí que vem o nosso sustento. É difícil explicar para eles por que está acontecendo isso e por que vai impactar tanto, se eles produzem para a gente comer, mas é além disso. É você ser levado a um outro local para que sua prótese, dado a doença que te acometeu e levou um pedaço de carne, mas não levou a alma, o espírito, não levou a fé.

E aí diz que tem deficit. Deficit em Saúde se cobre, o lucro é a cura, o lucro é o bem-estar, é o dinheiro bem gasto daquele imposto pago, daquele suor do trabalho que volta para a população. O lucro é esse, o lucro de uma Sucen é cuidar em um momento tão difícil, gente que se aprimorou e que cuida da gente, que precisava de mais investimento e passa a não existir mais. Cada um que se vire.

O sonho da casa própria, chegar em um banco para fazer um financiamento, “ah, seu nome está negativado”. Sem tempo, é só assim, não tem empréstimo, não tem nada. E o 1% desse ICMS da CDHU, para onde vai? Para alguns amigos. E o sonho daquele que em uma prestação pequena transforma sua vida tão grande? Isso não importa mais, não importa. É muita maldade para todas estas páginas.

Srs. Deputados e Sras. Deputadas, no interior não há indústrias como este grande centro que é São Paulo. A nossa indústria é o comércio que fechou, de quarentena para noventena. Nós estamos esperando dentro do arco-íris criado no estado de São Paulo aquela cor que vai favorecer e melhorar a vida das pessoas. Quando se começa a retomar, veio o 529. Ele não pode passar, ele não pode prosperar.

Então, eu faço um apelo a todos aqueles: analisem o impacto de tudo isso na vida das pessoas, a cobrança que cada um de nós vai receber nas ruas e na nossa base. A consciência aqui continua realmente tranquila para dizer “não” e dizer “sim” para um estado que pode ser maior, valorizando aqueles que trabalham, aqueles que produzem; eles não são culpados disso, não são.

Encerro e quero passar parte do meu tempo ao deputado Douglas Garcia, parabenizando a reportagem que ontem a gente viu na televisão, no Fantástico, embora outros canais já tivessem feito: “O roubo na pandemia”.

Tem muita coisa para acontecer, tem muita gente que vai ter que responder e pagar por toda esta tragédia que não foi só do vírus, mas de um vírus chamado “corrupção”. Pela ordem, Sr. Presidente, eu gostaria de passar o tempo...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É regimental, o tempo remanescente de V. Exa. é de cinco minutos e 16 segundos, contabilizando enquanto o deputado Douglas se dirige à tribuna.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PTB - SEM REVISÃO DO ORADOR -Agradeço ao deputado Ed Thomas pelo tempo remanescente.

Sr. Presidente, eu subo a esta tribuna para falar algumas verdades, algumas verdades a respeito da tramitação desse PL, porque não apenas temos essas denúncias, esses murmúrios relacionados à questão das emendas parlamentares, estas denúncias que, infelizmente, correm no corredor desta Casa, de que o Governo do Estado estaria dando 30 milhões de reais em emendas àqueles que votassem “sim” a este projeto, como também temos muita hipocrisia nesse processo legislativo, Sr. Presidente.

A deputada Janaina Paschoal tinha feito uma emenda que retirava algumas empresas, estas empresas que, infelizmente, estão agora para serem extintas e são essenciais para o estado de São Paulo, mas nós temos a bancada do PSOL e a bancada do PT que não querem assinar.

Portanto, é aqui, começando pelos próprios líderes, que é uma orientação da própria deputada Monica, do próprio deputado Barba, não querem assinar. Não passam de hipócritas. Isso daqui tem que ficar explícito para todos aqueles que estão nos assistindo neste momento.

É hipocrisia por parte da bancada do PT e por parte da bancada do PSOL. A todos aqueles que estão lá fora agora, se matando e fazendo barulho por causa deste projeto: é graças à deputada Monica, graças ao deputado Barba, graças a esses deputados - a senhora me respeite que ainda estou falando - que, ao invés de se posicionarem contra, assinando a emenda da deputada Janaina Paschoal, preferem ficar nesse campo de confronto, de não virem para frente, de não virem para cima derrubar esse projeto.

Vossa Excelência prefere trabalhar como fiscal de máscara da Assembleia Legislativa. Vossa Excelência, cosplay de Vanessa da Mata, prefere criar simplesmente esse cargo de fiscal de máscara aqui da Assembleia Legislativa para não servir para absolutamente nada relacionado à obstrução desse projeto de lei.

Portanto, Sr. Presidente, é inadmissível. Outra coisa que é inadmissível é que a deputada Monica e a deputada Isa quebram o decoro o tempo inteiro nesta Casa, e V. Exa. diz que irá apresentar, em um momento oportuno, uma resolução à nossa questão de ordem, mas nunca apresenta. Como, por exemplo, quando a deputada Isa Penna veio aqui a esta tribuna e elogiou, fez uma homenagem a um terrorista.

Devesse, V. Exa., ter tirado a palavra dela naquele momento, porque é inadmissível deputadas como a deputada Monica, a deputada Isa Penna, homenageando terroristas no plenário desta Assembleia Legislativa. Se tivesse eu aqui, Sr. Presidente, citado, por exemplo, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o meu mandato seria cassado, e V. Exa. se silenciou quando o PSOL estava defendendo terroristas aqui no plenário desta Assembleia Legislativa.

Portanto, Sr. Presidente, eu subo a esta tribuna para anunciar a todos aqueles que estão agora lá fora neste momento nos assistindo que isto daqui não passa de pura encenação, não passa de puro teatro, uma vez que a bancada do PT e a bancada do PSOL se negam a assinar a emenda de plenário da deputada Janaina Paschoal, que retiraria essas empresas.

Ou seja, estão apoiando o desemprego no estado de São Paulo, estão apoiando o desemprego de trabalhadores; estão enganando você, trabalhador que está assistindo aqui neste momento. É inadmissível o que está acontecendo aqui neste momento. Não admito hipocrisia, não admitimos hipocrisia, não passam de hipócritas, Sr. Presidente.

É inadmissível os Srs. Deputados escutarem esses discursos aqui em cima como se estivesse tudo tranquilo, como se estivesse tudo na mais verdadeira paz, quando não está. Esses deputados estão comungados em fazer com que esse projeto seja aprovado na sua íntegra, esta é a realidade. Se estivessem preocupados com a população do estado de São Paulo, teriam assinado essa emenda...

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - Peço um aparte.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PTB - Por gentileza, não lhe concedo um aparte.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - A gente quer salvar todas, você só quer salvar quatro, é isso?

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PTB - Sr. Presidente, por gentileza, respeite meu tempo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - O microfone, por favor. Ele não concedeu o aparte.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - PTB - Vossa Excelência precisa entender que esta Casa tem um Regimento Interno e nós precisamos respeitar o Regimento Interno. Eu estou com a palavra. É inadmissível o que está acontecendo nesta Assembleia. Esses deputados estão favoráveis ao governo, uma vez que não assinam a emenda da deputada Janaina Paschoal.

Estivessem junto do povo, iam arrancar essas empresas, que agora ficarão desempregados. Esses trabalhadores estão acreditando no discurso dos senhores, e eu espero que os senhores subam a esta tribuna e digam a verdade. Para concluir, Sr. Presidente. Eu espero que os senhores subam a esta tribuna e digam a verdade para a população, que eles estão sendo enganados.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Próximo inscrito, Coronel Telhada para falar contra o projeto.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, eu venho à tribuna falar contra o projeto 529. Os senhores e senhoras sabem que desde o início eu me coloquei contra o projeto 529.

Inclusive, quando a Casa tentou retornar ao sistema online, eu fui um dos que mais batalhou para que nós ficássemos no sistema presencial, porque tenho certeza de que, se estivéssemos no sistema online, esse projeto já teria passado há muito tempo tranquilamente e teria atropelado todos os deputados. Então, minha postura aqui sempre foi contra o Projeto 529.

Verdade seja dita, eu quero aqui dizer que o deputado Carlão Pignatari trabalhou bem quando mandou aqui para a gente o substitutivo, atendeu muitos deputados, muito obrigado ao deputado Carlão, mas algumas coisas que ficaram em aberto me fazem trabalhar contra o Projeto 529. Mas, verdade seja dita, V. Exa. atendeu muitos deputados aqui, muito obrigado.

Pois bem, falando dos meus pontos contra aqui. Aqui no primeiro artigo, ele já fala na extinção de alguns órgãos: Fundação Parque Zoológico de São Paulo, 62 anos de existência; Fundação do Remédio Popular Chopin Tavares de Lima - Furp, 52 anos de existência; Fundação Oncocentro de São Paulo, 46 anos de existência; CDHU, 45 anos de existência; EMTU de São Paulo, 43 anos de existência.

Depois, ele fala da extinção de algumas superintendências: a Sucen, 50 anos; o Imesc, 50 anos; a Daesp, 50 anos; o Itesp, 21 anos, e por aí vai. Sobre o Oncocentro, acho que o deputado Danilo Balas foi muito feliz quando fez sua apresentação e mostrou a realidade daquele Oncocentro, que trata principalmente do câncer de cabeça e pescoço.

Eu não sei se algum de vocês já teve isso na família, mas eu tive. A minha esposa teve um câncer no canal lacrimal e trouxe grande aflição à família. Mas, graças a Deus - eu digo graças a Deus porque foi um milagre o que aconteceu com a minha esposa - e pelo fato de a gente, nesta situação de deputado, conhecer muitas pessoas, conseguimos alguns contatos. Ela foi muito bem atendida no A.C. Camargo, um atendimento maravilhoso.

A minha esposa, no final, fez as operações, ficou com uma pequena sequela, mas poderia ter ficado em uma situação muito grave. Muitos deputados aqui apoiaram a minha situação, o Barba foi um desses deputados que me acompanhou, né, Barba? Barba, estou falando com você. Estou falando da situação de quando você acompanhou o câncer da minha esposa, queria até agradecer publicamente pelo apoio que você me deu naquela época.

O Barba foi um dos deputados que acompanhou aquela situação e sabe da gravidade de quem tem alguém na família com câncer de cabeça e pescoço. Eu sei de pessoas, a gente vai no hospital A.C. Camargo e vê pessoas totalmente deformadas, pessoas que, graças a Deus, conseguem atendimento.

Essas pessoas que estão sendo atendidas pelo Oncocentro são pessoas que tiveram sorte, porque uma grande maioria não consegue, e nós estamos destruindo umas das poucas chances que essas pessoas têm.

Essas empresas têm problemas? Têm, mas a culpa do problema dessas empresas é do próprio governo, não é da empresa. Por exemplo, há seis meses, nós do grupo Parlamentares em Defesa do Orçamento - PDO estivemos na Furp - sei que outros deputados estiveram lá também - e conhecemos a imensidão daquela fundação. A fundação Furp existe, para os senhores terem uma ideia, há exatos 52 anos.

Foi colocado um diretor na Furp pelo governo de São Paulo com a missão de destruir a Furp. A missão dele foi esta: “vai lá destruir a Furp”. E a primeira desculpa é a seguinte: “a Furp não dá lucro para o estado”. Mas, que eu sabia, fundação não é para dar lucro para o estado, é para atender a população.

A segunda desculpa: “faz vinte anos que a empresa não tem nenhuma melhora”. Portanto, está bem claro que faz 20 anos que o governo de São Paulo não faz nenhum investimento na Furp. Está certo?

Há mais de 20 anos nenhum funcionário é contratado. Estivemos visitando aquela imensidão, laboratórios de primeiro mundo, profissionais de qualidade e nem condições de fazer álcool em gel eles tinham, porque o governo não dava condições para eles.

E pasmem, sabem o que é pior, Sras. Deputadas e Srs. Deputados? Quando estivemos visitando a Furp, fomos informados - está aqui a deputada Adriana Borgo comigo, o deputado Neri, Leticia Aguiar, Marcio Nakashima - pelos funcionários da Furp que em abril, portanto há seis meses, já havia cinco grandes multinacionais, cinco grandes laboratórios internacionais para conhecerem a área, para adquirirem a área.

Ou seja, já estava vendida a Furp, alguém já está na parada aí, alguém está ganhando dinheiro, alguém está fazendo negócio da China e muito bem-feito, porque alguém vai ganhar muito dinheiro. Quem vai perder?

O povo de São Paulo, porque quem precisa da Furp é o povo de São Paulo, quem precisa do Oncocentro é o povo de São Paulo, quem vai lá na Fundação do Parque Zoológico é o povo de São Paulo, quem vai precisar de CDHU é o povo de São Paulo.

Nós, deputados, eu queria lembrar bem a todos os senhores e senhoras, pelo amor de Deus, sem apontar o dedo a ninguém aqui, que não é do meu feitio, sem citar nomes ou outras coisas, eu queria lembrar a todos os senhores: nós, 94 deputados aqui nesta Casa, fomos eleitos pelo povo de São Paulo para trabalhar pelo povo de São Paulo; não fomos eleitos pelo governo A, B ou C de qualquer partido.

Eu me assusto quando vejo deputados aqui não tomando nem providência, achando “ah, vamos vender, não vale nada”. Eu me assusto com isso porque todos nós fomos eleitos para defender o povo, e é justamente isto que estou deixando de ver aqui.

Muitos deputados, até... Eu não vou citar nomes, seria muito leviano da minha parte, mas, enfim, deputados que teriam obrigação até funcional de cuidar do povo virarem as costas para o povo neste momento me causa grande constrangimento.

Eu queria pedir aos Srs. Deputados aqui que colocassem a mão na consciência e verificassem isso. Não bastasse isto, aqui na página dez do substitutivo, fala novamente sobre o imposto, sobre o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos, o famoso ITCMD, que antigamente era cobrado 4% somente em causa de morte natural, não é isso, Janaina?

Eu não sou advogado, desculpem, não sou um jurista renomado; sou um policial, gosto de catar ladrão e mandar ladrão pro saco e todo mundo sabe disto. Não sou jurista, não sou advogado para vir aqui discutir, mas a grande realidade é que o ITCMD aqui cobrava 4% em cima de uma situação só, e agora está sendo ampliado e vai ser cobrado em cima de tudo, até em cara que se divorcia.

Cuidado você que está a fim de se divorciar e está nos assistindo neste momento, que você vai tomar uma paulada. Aí o pessoal vem aqui e fala que não vai ter aumento e imposto. Como não? Isso é aumento de imposto, isso é criação de imposto. Como é que não vai ter aumento de imposto? Infelizmente, vai ter aumento de imposto sim. Não bastasse isso, na página 14 se fala em IPVA. O projeto original trazia uma série de malvadezas, aqui...

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Um aparte de 30 segundos.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Pois não, deputado. Com todo prazer.

 

O SR. CARLÃO PIGNATARI - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Está falando sobre o Imposto de Causa Mortis, é só de quem morre, não pode cobrar em divórcio. Acho que houve um equívoco na fala do senhor.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, Sr. Deputado, mas a realidade é que está sendo feito isso, infelizmente. Eu também acho que não pode, que deveria ser mantido como está, mas na realidade está sendo aumentado e criado imposto para o povo de São Paulo.

Aqui na parte de IPVA estava sendo feita uma malvadeza terrível em cima dos deficientes físicos. O substitutivo dá uma aliviada, mas ainda continua uma série de problemas.

Eu estava vendo aqui, por exemplo, o Art. 13, § 2º, nº 2, fala o seguinte: os condutores deverão comprovar residência na mesma cidade do beneficiário. Ou seja, se de repente um autista, um deficiente, a pessoa que for o tutor dele ou responsável por ele for um avô e morar em casa diferente, ele já não pode comprar.

Está se criando uma série de problemas para os deficientes físicos adquirirem seus veículos, uma série de problemas, uma série de imposições que antigamente não havia, e eu vejo isso como mais dificuldade para quem tem deficiência física.

Também na página 16, quando se fala no ICMS, se fala na criação de novos itens percentuais. Aqui, é aumento de imposto. Quando se fala no Iamspe, o Iamspe é aquele hospital do servidor público, logo na página dois, se fala o seguinte... Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo - Iamspe, o § 1º do item 5 fala o seguinte: “ao contribuinte que fizer a inscrição de beneficiário, será acrescida a contribuição de 0,5% ou 1% por beneficiário, incide conforme tabela”.

Ou seja, os policiais civis, funcionários públicos em geral, terão aumento sim no Iamspe de 0,5% e 1 por cento. Já estão sem aumento há um baita de um tempão, não vou falar muito tempo porque é muito tempo. Não têm aumento de salário, perderam uma série de vantagens e ainda vão ter aumento na porcentagem do Iamspe. Ou seja, aumento de imposto sim. Isso tudo nós estamos fazendo pelo cidadão de São Paulo e pelo funcionalismo.

Na página 31 aqui, ficou uma palavra que pode causar um problema muito sério à Polícia Militar. Diz o seguinte aqui no Capítulo XV, Art. 26-A: “O militar do Estado, transferido para a reserva a pedido, poderá ser designado para exercer, especificamente, funções administrativas, técnicas ou especializadas nas organizações policial-militares enquanto não atingir a idade-limite de permanência na reserva”, que é de 70 anos.

Ou seja, estamos sem concurso, temos vários candidatos aprovados em concursos para a Polícia Civil, a Polícia Militar, a Polícia Técnico-Científica, para a Secretaria de Administração Penitenciária. Esses concursados, esses aprovados não estão sendo chamados para tomar posse. Está sendo empurrado com a barriga. O efetivo está diminuindo: Polícia Militar, Polícia Civil, da SAP.

Esse artigo permite, se chegar num número bem baixo de efetivo, que o governador chame para a ativa todos os policiais da reserva que não tenham completado 70 anos. Simplesmente isso. Vamos supor que, no ano que vem, o efetivo da PM caia de maneira drástica.

Esse artigo permite que todos os policiais da reserva, oficiais e praças, sejam chamados ao serviço ativo. E aí os senhores vêm falar que não está se prejudicando a família policial, a família do cidadão? Todo mundo está sendo prejudicado nesse artigo.

Finalmente, acho que todos os senhores que leram o substitutivo notaram que nas páginas 35, 37 e 40 nós temos uma relação de 89 imóveis colocados à venda, 89 imóveis. Duvido que algum de nós saiba onde estão esses 89, se realmente é necessário. Ou seja, foi colocado numa baciada, e é o que estamos assinando: 89 imóveis do estado sendo… Quantos aqui são dispensáveis? Não sei. Por isso que não vou assinar, não vou votar nesse projeto. Ok?

Então, quero deixar bem clara a minha contrariedade a esse projeto. Quero dizer aos Srs. Deputados que pensem bem no que estão fazendo, porque é o povo de São Paulo, o mesmo povo que votou nos senhores, que está esperando dos senhores uma resposta nesse momento.

É o povo que vai ter reajuste de impostos. É o povo que vai ter aumento de impostos, que vai perder uma série de fundações que trabalhavam pelo povo. Depois que estiverem extintas, não adianta ficar chorando, porque já foi.

Queria dizer aos senhores que nos acompanham pela rede social: procurem conhecer melhor o processo de votação da Casa. É muita gente xingando os deputados que estão trabalhando pelo bem do povo, mas as pessoas não conhecem o processo de votação e ficam dizendo absurdos. Então a realidade é uma só: estamos trabalhando contra esse projeto, que considero um projeto de grande prejuízo para a população do estado de São Paulo.

É por isso que eu estou trabalhando contra esse projeto. É por isso que eu solicito, eu peço aos deputados que já votaram “sim”, ou que tenham intenção na aprovação desse projeto, que repensem com calma, por favor.

E ao presidente também: que a gente vá com calma nesse projeto, porque é um projeto muito pesado. É um projeto de muita responsabilidade. É um projeto que trará muito problema futuro para a população de São Paulo. Não quero deixar o meu nome nessa tristeza que traremos ao povo de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Próximo inscrito, Major Mecca. Tem a palavra V. Exa. para falar contra o projeto.

 

O SR. MAJOR MECCA - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Senhoras e senhores, vocês que estão atrás da tela, nos assistindo pela Rede Alesp e pelas redes sociais, que na semana passada ultrapassou mais de 2 mil famílias acompanhando os nossos trabalhos. Hoje os números não estão diferentes.

Para vocês, o governador João Doria quer que vocês, trabalhadores, cidadãos de bem do estado de São Paulo, arquem com a conta da farra do “Covidão”. Você, por favor, não quebre a televisão. Não arremesse o notebook, não jogue. Ouça até o final. Não arremesse o aparelho na parede, mas essa é a verdade. Ele quer que você, cidadão de bem, arque com a conta da farra do “Covidão”.

Aqueles mais de 62 milhões, que foram gastos no hospital de campanha do Ibirapuera, que durou cinco meses, fazendo-se uma conta por volta de 20 mil reais por paciente, ele quer que você assuma a conta dos contratos terceirizados de hospitais.

Como do Hospital Geral de Guaianases, que nós visitamos em fiscalização, um contrato de 30 milhões por um período de 6 meses onde, na primeira visita que fiz, nem álcool gel tinha nos recipientes dos andares do hospital. Nem álcool gel nos recipientes tinha, deputado Ricardo Madalena, que nos acompanha aqui.

Havia, no mês de março, um contêiner pintado, escrito “Governo do Estado de São Paulo”. O contêiner custou 53 mil reais de locação ali no pátio do Hospital Geral de Guaianases. Quando eu retornei, no mês de agosto, setembro, o contêiner ainda se encontrava fechado, inativado, sem receber ninguém.

Adentrando ao hospital, os dois elevadores, que se encontravam quebrados no início do ano, ainda se encontravam quebrados até agora, o mês de setembro, funcionando um único elevador para subir o paciente, enfermo, descer o cadáver, subir e descer alimento e visitas. Mas tem um contrato de 30 milhões…

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente, uma questão de ordem. Mas o senhor vai entender que não tem a ver com a questão.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Preservado o tempo do Major Mecca. Qual é a questão de ordem?

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, na última sessão, por mais de uma vez, observei deputados sem máscaras. Tem uma orientação da própria Casa, uma lei que nós votamos. Acho que é absurdo esse tipo de atitude no plenário, um plenário de risco, porque todo mundo sabe, não tem ventilação, tudo fechado. E deputados sem máscaras, ó. Então, eu queria sugerir que a Mesa possa orientar, com todas as palavras, o deputado Gil, colocar que não é desse jeito.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Perfeito. Peço aos deputados que, por favor, utilizem a máscara conforme as regras da Casa e a lei mandam. Deputado Mecca, devolvo a palavra a Vossa Excelência.

 

O SR. MAJOR MECCA - PSL - Obrigado, presidente. Dando continuidade ao raciocínio, um único elevador. Os outros dois, o ano inteiro quebrado. E um contrato de 30 milhões. O mesmo elevador que sobe o doente desce o cadáver e sobe o alimento também.

Continuando a fiscalização, um quarto, no terceiro ou quarto andar, que não me lembro, com mais de 20 respiradores encostados. Olha que o respirador é para qualquer idade. É só mudar a programação. Continuando a fiscalização, há duas semanas atrás, mandam 24 mil aventais de última hora para o hospital. Não tinha nem lugar para enfiar tanto avental.

Aí, como eu, deputado, representante do povo, explico para o povo da zona leste, Guaianases, São Mateus, Jardim Robru, que voto “sim” para o aumento de impostos? Ele pergunta: “Deputado, e essa dinheirama que está sendo gasta?”. Será que o desequilíbrio não é por conta do desleixo e do descaso com o imposto do povo de São Paulo? Como que eu explico isso para ele?

Como que eu explico para os nossos policiais do estado de São Paulo que foram gastos em uma compra, através de uma representante chinesa chamada Illec, 68 milhões para comprar 17 milhões de máscaras? E o policial que está de serviço aqui, como todos os policiais do estado de São Paulo, compra a máscara com dinheiro do próprio bolso. Sessenta e oito milhões.

Inclusive o Ministério Público de Contas requisitou explicações dessa compra milionária por parte do Governo do Estado de São Paulo. No entanto, agora, através do Projeto de lei 529, o que o governo quer é que nós, deputados, que as Sras. Deputadas e Srs. Deputados avalizem que toda essa conta, todo esse desequilíbrio seja pago pelo povo.

A aqueles parlamentares que a gente encontra nas confraternizações com policiais, em festas nos quartéis por São Paulo, que batem nas costas dos policiais e falam “sou seu amigo, estou trabalhando por você”, saibam que os policiais, bem como os cidadãos de bem, estão de olho nos senhores.

Porque, como foi falado agora há pouco aqui, pelo deputado Coronel Telhada: a nossa missão é representar a vontade do povo do estado de São Paulo, e não trazer aqui a vontade do governador.

Eu digo isso porque os próprios deputados que estão apoiando, a base do Governo, não encontram uma explicação para justificar o seu voto junto com o Governo. Não encontram. Eis o motivo pelo qual não sobem aqui para explicar o seu voto, o que seria justo.

E nada mais nada menos que a obrigação de um deputado dizer ao povo de São Paulo o porquê de um projeto de lei tão complexo, com tantos detalhes e peculiaridades, que todos aqui, todos, ninguém consegue explicar até o momento. Explicar para o povo por que está votando “sim” e por que está apoiando o governo no aumento de impostos.

Imagina você, soldado da Polícia Militar. Os nossos irmãos que estão na rua, onde morreram mais de 90, esse ano, da ativa. Vocês, que tiveram o pagamento do terço de férias suspenso, tiveram suspensa a antecipação de 50% do décimo terceiro. Você, que a esposa perdeu o emprego porque o governo, com a “hashtag” #ficatodomundoemcasa, faliu inúmeras empresas em São Paulo. Faliu inúmeras empresas, inúmeros policiais que a esposa e o filho estão desempregados agora.

Como eu explico para esses operadores de Segurança Pública que o imposto vai aumentar? Os senhores vão gastar mais no supermercado para comprar o arroz, o feijão, a carne, o franguinho, o ovo, o remédio da mãe, da avó idosa. Vocês vão gastar mais. Como eu explico? Como nós explicamos para o povo de São Paulo?

Como vou explicar que estive na Furp, na Fundação para o Remédio Popular, durante uma crise sanitária, e a fábrica de remédios está parada? Porque desde janeiro de 2019 foi nomeado, para a Presidência daquela fundação, um senhor presidente da Lide Master, proprietário de duas locadoras de veículos em São Paulo. Os funcionários dizem que desde março não aparece lá. O governador nunca esteve lá. Durante uma pandemia, nunca visitou a sua farmácia no estado de São Paulo, que fornece remédios ao SUS.

Eu me deparei, no armazém, com 1 milhão e 500 mil comprimidos de anti-inflamatório diclofenaco vencidos, fabricados em janeiro de 2018. Venceu em janeiro de 2020. Isso é um crime. O diclofenaco, um anti-inflamatório como esse, encontra-se na caixa de remédios de toda mãe de família.

Sabem aquelas farmácias populares em São Paulo? O Coronel Telhada deve se lembrar de uma farmácia ali na rua Javoraú, outra na Petrônio Portella, outra na avenida João Paulo. Fecharam todas. Fecharam as farmácias populares. Mas o remédio vai aumentar. O valor do remédio vai aumentar.

Continuando a minha fiscalização, com o que me deparo dentro do armazém da Furp? Quarenta e cinco mil kits de sacos de cadáveres, 45 mil kits. Esse material é biodegradável, isso foi em meados de setembro.

Esse material venceu no dia 1o de outubro. No armazém da Secretaria Estadual de Saúde, aqui no Centro, na Tenente Pena, mais 12 mil nas mesmas condições. Cinquenta e sete mil kits de saco de cadáveres para vencer depois de 15 dias. Dia 1o de outubro agora, de 2020.

Nossa equipe entrou no site, no Portal da Transparência, para procurar a aquisição desse material, quanto custou. Localizamos a compra de 4 mil e 900 kits. Esses 4 mil e 900 kits custaram 2 milhões e quatrocentos. Agora, por 57 mil, você tem que multiplicar isso por dez. Uma compra milionária. Uma compra milionária. Dinheiro não aceita descaso, vai embora mesmo, não adianta.

O povo, que já não aguenta mais pagar imposto, o empresário... Pode aumentar o imposto como quiser. Enquanto a gestão for irresponsável dessa forma, não há dinheiro que dê conta.

O ralo está extremamente largo. E nós, deputados aqui nesta Casa, vamos permitir que se aumente impostos sobre o povo do estado de São Paulo? Nós não podemos fazer isso. Não podemos fazer isso.

Repito às senhoras e senhores que estão nos assistindo, que nessa hora passa de mais de mil e 500 famílias nos assistindo e acompanhando, e nos acompanham pelas redes sociais.

Porque as nossas falas na Assembleia Legislativa, hoje, percorrem o estado e percorrem o País. De todos nós. A fala e o posicionamento de todos nós. Nós devemos explicação ao povo, porque nós representamos aqui o povo de São Paulo.

Para concluir, presidente, não é possível que o governo envie um projeto de lei para esta Casa e subtraia dos deputados a oportunidade da discussão, da construção. Todos nós sabemos que isso não é feito de um dia para o outro num projeto de lei como esse. Isso fere a democracia, a liberdade das instituições, a independência dos poderes.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputado Mecca.

 

O SR. MAJOR MECCA - PSL - Concluindo. Coloquem a mão na consciência. O nosso povo não merece isso. Não votem esse Projeto 529, extremamente nefasto ao povo do nosso Estado.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Questão de ordem?

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Já convido o deputado Arthur do Val para poder se postar na tribuna. Só peço a V Exa., deputada Professora Bebel: se puder se ater ao tempo de três minutos, eu agradeço. Tem a palavra Vossa Excelência.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Obrigada, Sr. Presidente.

“Sr. Presidente, formulo a presente questão de ordem com a finalidade de obter de V. Exa. esclarecimentos acerca da aplicação do Art. 135, I, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que não está sendo seguido neste momento em que se discute o PL 529/2020, de autoria de S. Exa., o Governador do Estado de São Paulo. Passo a explicar e desenvolver o questionamento que ora formulo:

O Art. 135, I do Regimento Interno vai assim redigido: ‘Artigo 135 - Não se admitirão proposições:

I- Manifestamente inconstitucionais’.

O Regimento trata então como proposição o PL 529/2020, que é manifestamente inconstitucional. Sobre o papel de V. Exa. nesta questão, para que não reste qualquer dúvida, há que se invocar o Art. 18, II ‘b’ do mesmo Regimento Interno da Alesp.

‘Artigo 18 - São atribuições do Presidente, além de outras expressas neste Regimento, ou que decorram da natureza de suas funções ou prerrogativas:

II - quanto às proposições:

b) deixar de aceitar qualquer proposição, denúncia ou representação que não atenda às exigências regimentais ou constitucionais, cabendo recurso à Comissão de Constituição, Justiça e Redação’.

É então nítido que o primeiro juízo de admissibilidade das proposituras cabe a V.  Exa., Sr. Presidente, que deve recusar qualquer uma que seja inconstitucional, como é, justamente, o PL 529/2020, que fere de morte as Constituições Federal e do estado de São Paulo.

A Comissão de Constituição, Justiça e Redação possui apenas competência recursal quando o assunto é admissibilidade das proposituras. Vossa Excelência, Sr. Presidente, está permitindo que o PL 529/2020 tramite normalmente na Alesp, ainda que seja flagrantemente inconstitucional e que fira ditame sagrado, que é o de que o Estado, ao legislar, tem que observar o princípio do bem-estar social, matéria constitucional, além de ferir o princípio constitucional da autonomia universitária.

De início, em seu preâmbulo, a nossa Carta Magna, em sua positivação de diversas normas próprias de um Estado de bem-estar social, estabelece: ‘Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a   liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil’.

Dessa forma, o estado de São Paulo, ao longo dos anos, instituiu diversas entidades da administração pública direta e indireta, com o propósito de atender os princípios constitucionais que traduzem o bem-estar social.

Ocorre que o PL 529/2020 acaba violando os princípios constitucionais que impõe o bem-estar social como princípio ao extinguir autarquias e fundações voltadas para essa finalidade do Estado. Também, o Projeto de lei 529/2020 fere de morte a autonomia universitária estabelecida no Art. 207 da Constituição Federal de 1988 e o Art. 254 da Constituição Estadual.

‘Art. 207 (Constituição Federal). As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.’

‘Artigo 254 (Constituição Estadual) - A autonomia da universidade será exercida, respeitando, nos termos do seu estatuto, a necessária democratização do ensino e a responsabilidade pública da instituição, observados os seguintes princípios’.

Nossa Lei Maior e a Constituição Paulista se preocuparam em definir o conteúdo da autonomia das universidades, que abrange ‘a autonomia didático-científica’ e a ‘autonomia administrativa e financeira’. Dessa forma, o PL 529/2020, ao prever recolhimento das reservas financeiras das universidades, fere de morte os artigos das nossas leis maiores.

O   termo ‘superavit   financeiro’, mencionado no Art. 14, refere-se a recursos repassados pelo Estado, mas não gastos pelas instituições, e este, o PL pretende que o governo se aproprie dele.

Face a tudo o que se narrou, considerando que a tramitação do PL 529/2020 está se dando com franca inobservância do Art. 135, I do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com base nos Arts. 260 e seguintes do mesmo diploma legal, suscito a presente questão de ordem, indagando a V. Exa. sobre a necessidade da aplicação do dispositivo regimental contido no Art. 18, II, ‘b’, com a suspensão do trâmite da propositura sobre a qual se deita a presente questão de ordem, para garantir que não seja nulo todo o esforço da Assembleia até o momento, porque a lei que advier do PL 529/2020, na improvável hipótese de ser aprovada, será no todo inconstitucional, porque em sua gênese não observou o Regimento da Casa.

Sala das Sessões, em 1o de outubro de 2020.”

Essa é a minha questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo e no momento oportuno responderei a Vossa Excelência.

Com a palavra o deputado Arthur.

 

O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite pessoal. Hoje eu prometo que é sem confusão, de verdade. Acho que não precisa falar muito mais sobre o projeto em si.

Bastante gente... Acho que só o número de pessoas inscritas que vêm aqui falar contra o projeto, e nenhuma a favor, mostra que o projeto é claramente uma afronta a qualquer tipo de representatividade positiva que você queira passar da porta para fora, não é?

Então, vou aproveitar este tempinho para fazer uma reflexão aqui com todo mundo, principalmente para os indecisos, até aproveitando que o Nishikawa está aí. Decidiu, Nishikawa? Está pensando ainda? Está na dúvida ainda? O que é isso? É uma abstenção? Abstenção você não está nem para lá e nem para cá, cara, está dando quórum para o governo.

Mas o que acontece? Peço uma reflexão para os deputados aqui. Pessoal, antes, se você pegar, não estou falando muito tempo atrás, se pegar dez anos atrás, você fazia uma votação aqui e essa votação ficava esquecida.

Nunca, nunca, ninguém ia se lembrar de uma votação que você fez, em um ano par principalmente, porque todo mundo estava falando de eleição municipal, de outras coisas etc.

Hoje é diferente, hoje a gente tem que lembrar que é o seguinte: quantos discursos - nós estamos, hoje, em 2020 - de 2016 ainda são lembrados? Se a gente pegar, por exemplo, o partido da Marina, da Marina Silva, quão caro foi para ela aquela posição em cima do muro em relação ao impeachment da Dilma?

Não sei se todo mundo lembra aqui. Não sabia se ia votar a favor do impeachment da Dilma, se era contra, se ficava para a esquerda, se ficava mais para a direita, e pagou o preço.

Então, eu peço para deputados como o nosso amigo Coronel Nishikawa, como o pessoal do Republicanos, para pensar bem, avaliar bem o voto, porque isso vai cobrar o preço. Isso aqui não é uma reforma claramente boa, como, por exemplo, a reforma da Previdência, que o pessoal enche as galerias e tal, mas não é o nosso público.

Eu, por exemplo, sou liberal. Você pode encher aqui com um milhão de sindicalistas, eles não me tiram um voto. Se você pega, por exemplo, o Olim. O Olim, claramente, é um cara da lei, é um cara da polícia. Não adianta você trazer um esquerdista aqui desconstruído, ele não vai tirar voto do Olim.

Agora, esse projeto, pessoal, esse projeto... Não entendi, mas tudo bem. Esse projeto é o seguinte, ele é claramente muito ruim. Para todo mundo. Não tem uma pessoa que fale “putz, cara, olha, ainda bem que você votou ‘sim’ nesse projeto”, “pô, cara, tem uma justificativa para você votar ‘sim’”.

Então, eu vou pedir encarecidamente. Não adianta falar “olhe para o povo”, “olhe para a população”, porque, vamos ser sinceros aqui, o deputado que está votando, hoje, a favor desse projeto...

E quando eu digo a favor eu digo votar “sim”, votar “abstenção” e votar “não” antes do quórum. Então vou deixar claro aqui, qualquer deputado que queira votar esse projeto sabe que é um projeto indefensável. Esse projeto vai cobrar o preço.

Hoje, gente, a rede social é muito mais forte do que a gente pensa. Eu tive 478 mil votos e não vou dizer para vocês que eu sou o SSS, suor, saliva e sapato. Eu não fiz isso. Eu fui eleito só pelas redes sociais. Eu tenho outros amigos aqui que também foram assim. Outros de quem eu até discordo.

Você pega, por exemplo, o Gil, o próprio Douglas. Tiveram votações expressivas e não são pessoas que estão há 30 anos nas ruas, conversando com as pessoas e entregando panfletos.

A rede social, hoje, elege deputados e tira deputados da Casa. Ela tira deputados da Casa. Então, eu peço de novo que, em vez de vocês olharem para a população, olharem para o povo... Vamos fazer um exercício bem egoísta aqui? Vamos olhar só para o seu próprio eleitorado?

Gostaria de pedir uma atenção, por exemplo, para aquele deputado que está pensando em votar “abstenção”. E aí eu incluo o nosso amigo Nishikawa, o próprio... Quem mais ia votar “abstenção”? O Coimbra, que é um cara gente boa, cara. Gente boa de verdade, é um cara com quem eu conto, eu gosto dele.

Poxa, pessoal, será que esse voto não vai fazer jus na hora que vier outro cara ser mais bolsonarista do que você? Porque vocês sabem que disputam o voto bolsonarista. Nishikawa, pense bem, imagine na hora em que você for pedir voto para um cara que vai falar: “Você está com o Bolsonaro?”. Não é assim que muito do eleitorado de vocês fala?

Eu estou apaixonado pelo seu voto, cara. Seu voto “abstenção” está fazendo a diferença. Eu estou apaixonado pelo seu voto porque o seu voto, escuta, seu voto vai aumentar imposto no remédio da vovó. Já falei isso. Você vai votar “abstenção”? Você vai fazer exatamente igual à Marina Silva fez e pagou o preço. Você está fazendo exatamente isso.

Quando você for lá pedir voto para o cara, o cara fala: “Mas você está com o Bolsonaro mesmo? Por que você ajudou o Doria, então, num projeto assim, assim e assado?”.

Porque todos os bolsonaristas estão batendo nesse voto. Todos. Todos. Todo mundo que está verdadeiramente com o Bolsonaro, e eu não sou um deles, não estou falando que eu sou, eu não estou com o Bolsonaro, todo mundo sabe aqui. Se você pegar o Gil Diniz, o Douglas Garcia, o pessoal que está verdadeiramente com o Bolsonaro está contra esse projeto.

Por isso, inclusive, fica até esquisita a posição do Republicanos. Eu pergunto, aqui, aos amigos do Republicanos: não foi hoje lá o Celso... Gil, seu presidente foi dar abraço no Celso Russomano.

Todo mundo sabe que o Celso Russomano manobra o Republicanos do jeito que ele bem entender, tanto que ele não tem nem apoio dentro do próprio partido para sair para prefeito e ele é o candidato.

Está todo mundo com esse fardo nas costas, está todo mundo “não, o Russomano é bom para caramba”. Chega lá no debate e até eu, que sou novato, primeira vez em um debate, pergunto uma coisa simples para o cara, “qual o seu plano diretor 2021?”, “então, veja, o botijão de gás, veja a...”. Cara, está difícil para vocês. Está difícil para vocês, cara.

Eu peço, por exemplo, ao Altair Moraes. O Altair Moraes é um cara que tem ideias próprias. Ele vem aqui, ele põe o projeto dele, ele briga pelo projeto dele, insistiu para todo mundo dar quórum para o projeto dele.

Eu pergunto: “Altair, vale esse preço, bicho, você apoiar lá um cara tal?”. E, agora, não sei como está a posição de cada um, eu não sei, por exemplo, o seu voto. De agora votar “sim” para o Doria? Não é uma coisa meio esquisita? Porque o cara fala: “Eu não estou entendendo, ou o Russomano e o Republicanos é Bolsonaro, ou é Doria”.

Porque a divisão está bem clara aqui. Vamos ser bem claros aqui. Quem são os dois deputados mais bolsonaristas da Casa? Gil Diniz e Douglas Garcia. Alguém apoia mais o Bolsonaro que esses dois?

Alguém discorda disso de mim? Os dois estão batendo muito nesse projeto. Eu realmente gostaria de saber como um deputado consegue estar com o Bolsonaro e ajudar o Doria em um projeto claramente ruim para todo mundo.

Vamos lá, pessoal, de novo. Eu quero que a gente entenda bem a questão aqui. A questão não é mais a reforma da Previdência. “Ah, a reforma da Previdência dá treta, tem a imprensa aqui, que nunca tem”. “Ah, meu Deus, tem sindicalista na porta, tem manifestação e não sei o quê”. Cada um ali tem o seu eleitorado. Ninguém perde ou ganha voto dependendo do seu voto aqui, porque está muito claramente definido o público.

Agora, vamos lá. Aumentar imposto em remédio, eu vou repetir, aumentar imposto em remédio é popular para quem? Eu realmente quero saber. É popular para quem?

Gente, o tempo passa assim, ó, 2022 está logo ali. Nós vamos ter, e todo mundo conhece, o Republicanos não tem força suficiente para lançar um presidente próprio, vocês dependem de outras pessoas, vocês são ganchos de outras figuras. Vocês sabem disso.

Vocês vão se enganchar em quem para pedir voto? No bolsonarismo de novo? Aí vai ter gente querendo ser mais bolsonarista do que vocês, falando: “Olha, em 2020, ele votou a favor do Doria, assim e assado.”. E aí, como vai ser?

Eu vi deputado, por exemplo, Tenente Coimbra, que é um cara gente boa, vou repetir, é um cara gente boa, ele assinou o impeachment do Doria. Portanto, se queimou com o maior partido da Casa, em termos de influência, se queimou com o presidente, com todo mundo. Por quê?

Porque ele escolheu estar ao lado do eleitorado bolsonarista. E agora? Agora tirou o gancho para falar não. Vocês estão dando uma de Joice e vão pagar o preço. Vocês sabem disso. Na hora em que a internet estralar em 2022, que o debate está cada vez mais virtual e menos fisiológico, vocês vão pagar o preço.

Você quer ver outro exemplo disso? Vamos pegar o Geraldo Alckmin. Qual foi o tamanho da âncora do Geraldo Alckmin para puxar tanto deputado do PSDB para baixo? O PSDB derreteu. E eu não vou entrar aqui em questão ideológica, eu peço até desculpa para a Carla, para a Damaris, que são duas pessoas de quem eu gosto pessoalmente, entendo a atuação parlamentar. Eu não consigo deixar de dizer que o PSDB continua sendo um lixo, e não por causa de vocês, porque o partido é um lixo mesmo.

Agora, assim, eu realmente queria saber: na hora de pedir voto, vocês colocaram a foto do Alckmin lá? Mas o cara tinha o maior tempo de TV, o cara tinha maior coligação. Porque se sabe que hoje isso não conta mais. Não adianta você levar uma emenda para a sua casa, para a sua cidade.

Detalhe que o Doria não é cumpridor de palavra. Todo mundo sabe aqui que eles vão embarrigar a emenda de vocês até não poder mais. Vocês estão sendo trouxas. Quem está fazendo isso por emenda está sendo otário e quem está fazendo por cargo, também, porque vocês têm dois anos de cargo.

É bom que aproveitem bem, porque, em 2022, se você não fizer sentido, se a sua candidatura não parar em pé, se a sua campanha não tiver base dos últimos quatro anos diante de suas votações, você vai pagar o preço.

Por que eu estou falando isso? Não é porque eu sou bonzão não, porque vai ter um meme do “Mamãe Falei” lá expondo a cara de vocês. Não é isso. É porque outro cara vai querer o seu eleitorado e vai mostrar que você foi incoerente, que vocês estão sendo incoerentes. Vocês sabem disso.

Por isso que o Nishikawa fica tão incomodado quando eu falo disso. Nishikawa, o senhor sabe, o senhor sabe que o seu voto “abstenção” vai custar caro, mais caro que qualquer emenda que o Doria pode lhe dar, mais caro que qualquer cargo que ele um dia possa lhe prometer. Vai custar caro porque vai custar a sua eleição.

Se você falar assim: “nossa, eu tenho 300 mil votos de um público que me ama, eu tenho ‘Nishikawa minions’”, beleza, você está tranquilão. Não é o seu caso. Você me desculpa, mas não é o seu caso. Você vai perder a sua eleição, cara.

Você vai votar “abstenção” aqui, você não vai nem ajudar o governador, que fala “esse está comigo até debaixo de chuva”, como é o caso de deputados do PSDB, e você também não vai estar contra ele. A pior opção é votar “abstenção” ou votar “não”.

Até o Marcio Nakashima desistiu no dia, porque, enquanto estava ali quietinho, beleza. A hora em que mete o celular e fala “você vai entrar em ‘live’, todo mundo vai ver o seu voto”, daqui dois anos essa “live” não some.

Antes - pessoal, vamos ser sinceros aqui -, para você saber da vida de um parlamentar, vamos pegar a vida do Enéas, por exemplo. Independentemente de você gostar ou não do Enéas, como você fazia para saber da vida do Enéas? Você dependia do “Fantástico” passar reportagem sobre ele, você dependia de ele dar entrevista no Jô Soares para você conhecer um pouco da vida do cara. Hoje, o cara já morreu. Se você for pesquisar o Enéas, você tem a vida do Enéas aqui, em um clique da internet.

Você imagina o cara que estará disputando o seu eleitor, se ele não vai expor um cartaz gigante, se ele não vai ficar patrocinando meme com a sua cara, com o voto que você deu hoje. Esse voto vai custar caro. Detalhe, digo mais ainda, porque isso já aconteceu comigo.

Uma vez eu fui a Brasília, vou até lembrar o Gil Diniz aqui, eu fui a Brasília, eu fui tentar fazer a CPI da Lava Toga. Sonhador, eu sei. Otário, mesmo. Não consegui. Por causa de um voto, passou um projeto a que eu sou contra, que é a do aumento dos precatórios. Esse projeto é caro para mim, porque eu sou empreendedor, eu sei como é você ter precatório a receber.

O Gil Diniz fez questão de ir lá mostrar, porque ele sabe que “aqui eu vou ter que justificar”. Ainda bem que eu não estava coçando o saco, desculpa a expressão. Ainda bem que eu estava em Brasília fazendo algo muito, muito importante, porque, se eu estivesse em casa, isso ia me custar muito caro.

Esse projeto é a mesma coisa aqui. Nós não estamos falando de uma ampla vantagem. Se você falar “quem é o Nishikawa em um voto de, sei lá, 60 a...?”, beleza, está tranquilo. É paixão. Eu estou apaixonado. O seu voto “abstenção” me estralou no olho.

A hora em que eu vi, falei “abstenção, o cara teve coragem de votar ‘abstenção’”, porque ou tem que ser muito covarde ou muito corajoso. Eu estou achando que o senhor é muito corajoso, porque o senhor vai pagar caro por esse voto. Eu estou falando.

Então, o que eu estou falando é o seguinte: esse voto faz toda a diferença. Toda a diferença. Isso vai fazer toda a diferença. É o que eu estou falando, esse projeto não é atropelo, nesse projeto você não está falando de 60 a duas “abstenções”, quatro “não” e o resto de falta. Você não está falando disso. Nós estamos contando os votos nos dedos. A Monica, do PSOL, está contando os votos no dedo.

Vai custar caro. Eu estou avisando aqui numa boa. Não sou eu que vou disputar o seu eleitorado. Eu não ganho um voto do senhor. Só que você pode ter certeza de que vai ter um cara fazendo “arminha” aqui, falando “Nishikawa estava com o Doria na hora de fazer o que realmente interessa”. Você pode ter certeza absoluta de que vai ter alguém que vai se lembrar disso. Você pode ter certeza.

E é o que eu estou falando, não vai precisar de entrevista na grande mídia para lembrar isso, vai estar no Instagram, vai estar no Facebook, vai estar no YouTube, vai estar em tudo quanto é lugar. Eu peço que os deputados reflitam. Não é por conta das redes do Arthur, é por causa das redes dos seus concorrentes. Pensem nos seus concorrentes em 2022. Esses caras vão fazer esse voto custar caro.

Vocês não são como o Barros Munhoz, como o Campos Machado, como pessoal do DEM, o Milton Leite Filho, que já têm o seu eleitorado ali, fiel. Vocês não são assim. Vocês vão perder a eleição em 2022. Eu não sou ninguém para dar conselho aqui para deputado, mas, se eu pudesse dar um conselho, eu pensaria muito bem, porque a eleição de 2022 está em jogo, e isso aqui vai ser definitivo. Tudo bem?

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A próxima inscrita é a deputada Adriana Borgo.

 

O SR. CAIO FRANÇA - PSB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Presidente, eu sei que outros colegas já falaram a esse respeito. Não sei se o meu tempo está na tela, presidente, só para eu poder me organizar. Outros colegas já falaram a esse respeito...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Só um minutinho, deputado. Adriana Borgo, Vossa Excelência...

 

A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Concedido.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não, não, eu quero que V. Exa., só para dar encaminhamento à tribuna.

Pois não, deputado Caio.

 

O SR. CAIO FRANÇA - PSB - Presidente, a respeito dos requerimentos de encerramento de discussão que nós protocolamos com as devidas assinaturas, V. Exa. ficou de responder uma questão de ordem.

Se V. Exa. não responder a questão de ordem durante esta sessão, ela perde o objeto. Então eu gostaria que V. Exa. pudesse responder essa questão de ordem antes de a gente concluir esta sessão, porque senão perde o objeto desta sessão e, por esse motivo, praticamente inexiste a importância da sua resposta.

Então eu gostaria de pedir à V. Exa. que pudesse, junto com o jurídico da Casa, já que o tema do nosso requerimento é em decorrência dessa discussão, eu gostaria que V. Exa. pudesse respondê-la antes do término da sessão, porque senão, de fato, ela perde o objeto, e todo o nosso esforço de ter conseguido as assinaturas necessárias, que V. Exa. sabe que não é fácil de conversar com outras bancadas, acaba se perdendo.

Então eu gostaria de saber se é possível que V. Exa. possa responder efetivamente a questão de ordem antes do término desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vou responder em momento oportuno. Com a palavra a deputada Adriana Borgo.

 

O SR. GIL DINIZ – SEM PARTIDO - Para reclamação, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não, neste momento eu vou passar a palavra à deputada Adriana Borgo.

 

O SR. GIL DINIZ – SEM PARTIDO - Presidente, o Regimento é claro aqui...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Neste momento eu vou passar a palavra à deputada Adriana Borgo.

 

O SR. GIL DINIZ – SEM PARTIDO - Presidente, o uso da palavra, no caso desse artigo do Regimento...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputada Adriana, tem a palavra Vossa Excelência.

 

A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite a todos. Eu só queria fazer uma questão de justiça aqui, deputado Arthur. Deputado Arthur. Deputado. Deputado Arthur, só corrigindo aqui que o PR tem uma deputada de verdade, uma mulher, a única mulher, e ela está votando “não”, está aqui presente nas sessões para dizer não ao 529.

Então ela é uma mulher de garra, que faz a diferença. Queria que ela fosse do meu partido, mas, infelizmente, ela não é ainda. Então, só para fazer uma questão de justiça com ela.

Bom, eu ia contar a segunda parte da minha historinha de vida, mas eu vou deixar os meus colegas, o deputado Campos Machado falar sobre o 529.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra o deputado Campos Machado. Tem a palavra...

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Sra. Deputada, antes eu queria pedir um aparte à Vossa Excelência.

 

A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Não, Cauê, eu não terminei ainda. Porque ele pediu a palavra, estava desligado.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PSDB - Estava desligado aqui, Sr. Presidente. Eu queria só um aparte, pode ser? Desculpa, deputado Campos.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Pois não.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR -Sr. Presidente, só... Muito obrigado, deputada Adriana Borgo. Quando das minhas palavras, eu falei que o governo estava criando e aumentando impostos, principalmente quando eu falei do ITCMD, do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos.

O deputado Carlão Pignatari, lógico, líder do Governo, disse que eu estava equivocado, que eu não sabia do que estava falando, mas eu só queria dizer a todos os deputados aqui que no próprio substitutivo, no Art. 22, número um, fala: ficam acrescentados com a redação que se segue.

Número dois: na doação, ou seja, aumentará, haverá cobrança de impostos.

Letra “c”: na data do trânsito em julgado ou da lavratura de escritura pública de partilha ou da adjudicação decorrente de inventário, separação judicial, divórcio ou dissolução de união estável em relação aos excedentes de meação ou quinhão que beneficiaria uma das partes.

Letra “d”: na data do trânsito em julgado, nos casos de alteração de regimes de bens.

Ou seja, é verdade, o governo está aumentando impostos, o governo está criando impostos, porque antes o ITCMD era cobrado só em causa mortis, agora é como eu disse, até em separação judicial será cobrado 4% de todo o paulista ou de toda a documentação que for feita aqui em São Paulo.

Então é verdade sim. O governo está, através do Projeto 529, aumentando e criando impostos para todos os cidadãos de São Paulo. Essa é a grande verdade que não quer calar, doa a quem doer.

Contra o Projeto 529. Obrigado, Sra. Deputada.

 

A SRA. ADRIANA BORGO - PROS - Passo a palavra ao deputado Campos Machado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra o deputado Campos Machado, pelo tempo remanescente da deputada Adriana Borgo.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu, quando chego a esta Casa, não vejo na porta mais Assembleia Legislativa de São Paulo, eu vejo Teatro Maria Della Costa. Esta Casa está ficando...

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Eu quero fazer um requerimento de verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu conto 24 deputados neste momento, deputado Barba. Tem a palavra o deputado Campos Machado.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Meu tempo está contando? Eu gostaria de pedir aos Srs. Deputados que não precisa... Atenção! Tenham pelo menos educação para ouvir quem está na tribuna.

 

* * *

 

- O Sr. Presidente faz soar a campainha.

 

* * *

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Espere um pouco, Sr. Presidente. Eu não posso falar assim, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Deputado Campos, V. Exa. tem o tempo. Tem a palavra.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Sr. Presidente, eu nunca... Assim não dá. Sr. Presidente, desconte do meu tempo. Por favor, eu não posso continuar assim. Isso não é justo comigo. Não é justo, presidente. Não é justo.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A palavra está com o deputado Campos Machado. Infelizmente, eu não tenho como controlar a fala dos deputados.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Mas eu nem comecei a falar ainda.

 

O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - Eu vou pedir, por favor, para o Campos, se ele puder me dar um aparte. Aproveitar o microfone aqui. É um minutinho.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - (Inaudível.)

 

O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Eu cruzei com o Adalberto Freitas aqui, agora, e eu perguntei para ele: “Adalberto, o senhor realmente vai ajudar o Doria?”.

Ele falou: “Olha, só vou dar uma ideia para você que eu não sou otário”. Eu não vou repetir as palavras dele daqui.

Então, eu gostaria de dar a oportunidade, aqui, na frente de todo mundo, já que o Adalberto, que era meu amigo até a semana passada, agora não é mais, eu fiquei surpreso, fui para dar a mão para ele, pediu até para eu cuidar da minha vida.

Adalberto, seja corajoso, né? Eu não estou falando que o senhor é, mas não seja covarde e use o microfone para falar o que o senhor falou para mim ali em privado, por favor. Fique à vontade aqui. (Pausa.) Oi? Não entendi, não entendi, Adalberto. Ficou sem palavras, Adalberto? Que isso, Adalberto. Vou guardar esse vídeo aqui.

Perdão, Campos, só uma coisinha: quando o Adalberto for acelerar com o mito, falar que é bolsonarista, eu discordo desse cara aqui, olha, e eu discordo, cadê o Gil Diniz, daquele cara ali.

Esse cara aqui está votando “não” e batendo no projeto do Doria, aquele cara ali está votando “não” e está batendo no projeto do Doria. Aquele cara ali, olha, chamado Adalberto Freitas, se diz bolsonarista, mas vai ser o voto de minerva para aprovar o projeto do Doria. E eu estou dando a chance aqui para ele pegar o microfone e justificar para todo mundo o porquê de o senhor estar fazendo isso.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - O meu tempo correndo, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência deu um aparte ao deputado Arthur, deputado Campos.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Eu nunca vi uma coisa dessas.

 

O SR. ARTHUR DO VAL - PATRIOTA - Desculpa, Campos. Obrigado pelo aparte.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - É um teatro, é uma vergonha o que está acontecendo aqui. E eu quero, rapidamente, contar uma história, vou citar Leonardo Boff. A águia e a galinha. A diferença entre a águia e a galinha. A águia é uma grande ave, voa nas alturas, lá nas montanhas, só pensa alto. E as galinhas ciscam pelo chão, voam baixo. Esta Assembleia é de galinhas? Esta não é uma Assembleia de águias, é uma Assembleia de galinhas. Eu tenho vergonha.

Eu me senti hoje, aliás, na sexta-feira, quando fiz o requerimento pedindo que fosse feita investigação do Ministério Público, deputado Danilo. Eu fiquei triste comigo, eu fiquei com vergonha de mim ao ler a “Folha”, ao ler o “Painel” dizer que deputados da base do governo tinham dois preços: 30 milhões de emendas se votassem “sim” e 20 milhões se votassem “não”, para dar número.

Eu fiquei imaginando, meu caro deputado Barros Munhoz, será que é isso que nós sonhamos há 30 anos, deputado Barros Munhoz? Ver uma Assembleia desse jeito, no chão, em forma de galinhas? Aqui ninguém pensa alto. Nós estamos votando um projeto; o mundo é contra. Quem é a favor desse projeto? Tudo é contra. Sai no jornal: “PL 59: Saúde em alto risco”, contra. Pegue um parecer do Ministério Público de Prudente, contra; de São Paulo, contra.

Quem é a favor desse projeto a não ser os apaniguados? Eu conheço deputados desta Casa. Faço questão de mencionar o deputado Barros Munhoz, corajoso, destemido, ex-secretário e ex-ministro, o maior especialista em Itesp. Ele não quer nem mais ser candidato. Eu sinto o que está na alma do deputado Barros Munhoz, e nós aqui como se fosse um jardim de infância.

E o relator especial, como é que ele conseguiu examinar 600 emendas? É um brincalhão? É um canastrão? Uma peça teatral de quinta categoria. Será que existe alguém aqui nesta Casa, desta cidade, deste Estado, deste País, que acredita que em menos de 24 horas alguém possa ter examinado 600 emendas? Não, mentira. Como dói no meu coração; como machuca minha alma.

Eu amo esta Assembleia. Estou aqui há 30 anos, mas estou envergonhado. Sr. Presidente, pelo menos peça silêncio no plenário e resguarde meu tempo, Sr. Presidente. Pare meu tempo, presidente. Não é possível.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência tem a palavra, deputado Campos. Eu sempre peço para os deputados poderem…

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Deputado Cauê Macris, eu lhe respeito muito. Os ventos machucam as flores, mas gostam delas. Você me machuca, deputado Cauê Macris, lhe falta de vez em quando tirocínio, autoridade. Vossa Excelência permite que este plenário cometa um crime de lesa-pátria.

Eu quero indagar: vá lá na portaria do Palácio dos Bandeirantes e veja quem é que esteve lá nos últimos 20 dias, 15 dias, verifique. Fazendo o quê? Deputado Luiz Fernando, dizia um velho poeta: “Tudo, menos o ridículo”. Nós estamos sendo ridículos. Nós estamos sendo artistas de quinta categoria.

Nós estamos sendo répteis navegando pelo chão. Nós estamos sendo fracos. Nós não passamos de galinhas diante das águias. Infelizmente, esta Assembleia está escrevendo a sua história no livro da covardia. Aí diz um deputado: “Eu tenho que atender a minha base”. Mas não venda a sua consciência.

O que o homem tem de maior na sua vida? É a sua consciência. O seu respeito é olhar no espelho, olhar nos seus olhos e perguntar: “Eu sou homem?”. Chegar em casa, abraçar a sua esposa, os seus filhos e não ter vergonha, porque nós estamos envergonhando a Assembleia, que tinha que ser a âncora moral da Casa, meu caro Major Mecca. Esta Casa tem que ser a âncora moral e não tem sido.

É vergonhoso o momento em que vivemos. Deputados que eu pensei que fossem corajosos, que fossem independentes, andam de cabeça baixa, recolhidos, encolhidos e, quando vêm aqui à tribuna, não têm o que falar, não têm o que dizer.

E eu desafio qualquer deputado a vir aqui para defender o projeto, com exceção do líder do Governo, porque o relator especial, com o devido respeito que ele possa merecer, a peça que ele escreveu tinha que ser atirada no lixo moral.

É triste, deputado Danilo Balas. É triste, mas é verdade. Nós estamos na iminência de cometer um crime contra esta Casa e contra o Estado. Eu só não choro porque não sou canastrão, porque as lágrimas estão dentro de mim, de tristeza, de ver deputados machões, bravos, violentos, mas que de quando em quando vestem saias.

Eu quero aproveitar para saudar - para terminar, Sr. Presidente - a deputada Erica, que falou aqui em teatro. Isso mesmo, deputada Erica. É um teatro cujos atores são canastrões, falsos, mentirosos, enganadores.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputado Campos.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - Para terminar, Sr. Presidente, eu saio desta tribuna profundamente envergonhado com colegas que eu acreditava piamente que acima de tudo falavam mais alto com o coração, que acima de tudo lhes gritava na alma a dignidade. Me desculpe, a Assembleia hoje é o teatro Maria Della Costa.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - A próxima inscrita é a deputada Leticia. Peço que ela já se dirija à tribuna.

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Para uma questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência tem três minutos para formular a questão de ordem de Vossa Excelência.

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, apresentamos a V. Exa., nos termos do Art. 65 do Regimento Interno, a presente questão de ordem sobre a aplicação do disposto na alínea "a" do inciso III do Art. 196 do Regimento Interno desta Assembleia.

O Regimento Interno desta Casa dispõe, no seu Art. 31, § 2º, que compete à Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento: "opinar sobre proposições e assuntos, inclusive os da competência de outras comissões, que concorram para aumentar ou diminuir assim a despesa como a receita pública; sobre a atividade financeira do Estado; sobre fixação de subsídios e ajuda de custo dos deputados, do governador e vice-governador; sobre projeto de lei orçamentária, em especial os que disponham sobre o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Anual, bem como os projetos referentes à abertura de crédito; compete, ainda, fiscalizar a execução orçamentária e emitir parecer sobre comunicação do Tribunal de Contas referente à ilegalidade de despesas decorrentes de contrato; bem como opinar sobre a organização ou reorganização de repartições da administração direta ou indireta aplicadas a esses fins."

Portanto, qualquer projeto de lei que altere despesas ou receitas precisa ser impreterivelmente passado pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento desta Casa. Esse é o caso do Projeto de lei nº 529, de 2020, o qual tem por objeto adotar medidas administrativas e tributárias que visem atenuar os efeitos fiscais decorrentes do aumento de despesa pública recente.

Por que a não passagem do projeto de lei tem o condão de nulificar o processo de tramitação? Porque somente na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento poderiam ser analisados e discutidos ponto a ponto com os parlamentares desta Casa e o secretário de Fazenda e Planejamento do governo.

A título de exemplo, vamos enunciar aqui alguns dispositivos controversos. Capítulos de impostos (ICMS, ITCMD e IPVA): Existem dúvidas jurídicas sobre a possibilidade de manejo das alíquotas por decreto, em virtude do disposto no Art. 150, I, da CF.

Além disso, existem dúvidas se o governo pode alterar "benefícios fiscais, por meio de atos infralegais”, já que o Art. 156, S6º da Constituição e o Art. 178 do Código Tributário Nacional dispõem que somente por meio de lei se pode manejar benefícios fiscais. Alteração de despesas obrigatórias e renúncias fiscais.

A Constituição Federal, no Art. 113 do ADCT, estabelece que a proposição legislativa que crie ou altere despesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser acompanhada de estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro. Vale dizer que esse dispositivo se aplica aos estados.

Nesse sentido, confira-se trecho da decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinando a aplicação do referido dispositivo para o estado de Rondônia, e aqui cita: "A Emenda Constitucional nº 95, de 2016, por meio da nova redação do Art. 113 do ADCT, estabeleceu requisito adicional para a validade formal de leis que criem despesa ou concedam benefícios fiscais, requisitos esse que, por expressar a medida…

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Para concluir, deputado Mellão. Por favor, eu gostaria da conclusão da questão de ordem de Vossa Excelência.

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Estou só...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não, não, conclusão.

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Ok. Diante do exposto, este parlamentar formula a seguinte questão de ordem: Com fundamento no Art. 113 do Ato das Disposições Constitucionais e Transitórias da Constituição Federal e no Art. 31, § 2º, do Regimento Interno desta Casa, é válida a tramitação do Projeto de Lei nº 529, de 2020, sem a apresentação de estimativas orçamentárias e oitiva das autoridades públicas na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento?".

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu gostaria de pedir aos deputados que não faz o menor sentido questões de ordem do tamanho que estão sendo feitas. Esta Presidência começará a indeferir, porque não tem necessidade de fundamentação...

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Sr. Presidente, mas é o embasamento.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não existe necessidade de fundamentação. Questão de ordem é única e exclusivamente direta sobre qual afronta do artigo que está sendo cometida em relação ao Regimento Interno. Vamos deixar claro.

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Perfeito. Foi citado, embasado.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Não tem embasamento. Na questão de ordem não cabe embasamento. Esse é o ponto que eu queria mencionar. Para os próximos itens, que seja direto e objetivo em relação à questão de ordem, perfeito?

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Perfeito.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Recebo a questão de ordem de V. Exa. e, no momento oportuno, responderei. Com a palavra a deputada Leticia.

 

A SRA. LETICIA AGUIAR - PSL - Obrigada, Sr. Presidente. Boa noite a todos os colegas aqui presentes, aos funcionários desta Casa e a quem nos acompanha pela Rede Alesp e nas redes sociais.

Vou falar sobre a importância, relevância e o impacto do projeto 529/20, que foi enviado pelo Governo do Estado de São Paulo para esta Casa agora no mês de agosto. Na semana passada nós tivemos vários embates à respeito desse projeto. Deputados favoráveis e contrários, de diversos partidos, se uniram para fazer a obstrução desse projeto.

Fui uma das que fez obstrução a esse projeto. Entendo que nós poderíamos ter construído essa propositura de uma maneira que não impactasse tanto a vida das pessoas. O governador João Doria enviou esse projeto para cá sem avaliar os impactos.

Em que pese eu ser bastante favorável a conceder para a iniciativa privada aquilo que não está mais funcionando no Estado. A maneira como esse projeto foi enviado, de fato, virou um pacote de maldade do governador João Doria.

O 529/20 é um projeto extenso, com muitas páginas - acredito que mais de 60 ou 70 páginas -, com palavras e detalhes subliminares, o que nos causa a sensação de algo capcioso. Como deputada eleita pela população, não me sinto confortável em votar um projeto construído dessa maneira.

Apresentei 22 emendas a este projeto. Na semana passada, nós fizemos um trabalho grande de obstrução para não dar quórum, evitando que deputados favoráveis ajudassem a aprovar esse projeto. Conseguimos algo muito diferente do que tem acontecido nos últimos anos, principalmente, nesta Assembleia Legislativa. Eu estou em meu primeiro mandato.

O governo percebeu que não tem mais a força de antigamente, ou que achava ter. De fato, a base do governo não é aquela. O governador João Doria se sentia confortável para enviar os projetos. Nós vencemos o governo na semana passada, por causa da obstrução.

Foi difícil e desafiador, mas foi possível vencer. E, hoje, segunda-feira, houve a convocação de duas sessões extraordinárias. Nós continuamos fazendo esse papel de obstrução, para que o projeto não evolua nem seja aprovado. Esse é o pacote da maldade do governador João Doria.

Vou apresentar aos senhores algumas das emendas que apresentei ao projeto. Nenhuma emenda foi acatada. Foram mais de 600 emendas. O deputado Coronel Telhada está me recordando essa informação.

O governador João Doria: egocêntrico, vaidoso, ditador como é, acha ser o dono de São Paulo. Ele acredita que o Estado de São Paulo é propriedade dele. Não é, governador. Ele acha que pode, simplesmente, desprezar os deputados, que foram eleitos pela população para representar e defender a população paulista.

Eu apresentei 22 emendas dentro dessas 600, que demais deputados apresentaram. Nenhuma foi acatada.  Observe como o governador João Doria não se importa com esta Casa e com estes deputados que representam o povo.

Quero destacar algumas emendas:

A emenda nº 459, que apresentei, suprime o inciso IV do Art. 2º: “A Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo José Gomes da Silva – Itesp”, desenvolve trabalhos essenciais de regularização fundiária, com mais de 45 mil títulos entregues, 78 mil imóveis em regularização e assistência técnica a pequenos agricultores.

Hoje, só no Vale do Paraíba, litoral norte e Serra da Mantiqueira, a Fundação Itesp desenvolve trabalho nos municípios de Arapeí, São José do Barreiro, Bertioga, São Bento do Sapucaí, Jacareí, Areias, Queluz, Campos do Jordão, Cruzeiro, Bananal, Potim, São Sebastião, Paraibuna, Tremembé, Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Cunha, envolvendo mais de 6.000 imóveis.

A Fundação Itesp, como órgão de assessoramento do Conselho de Patrimônio Imobiliário e da Procuradoria-Geral do Estado, tem um papel importante para a economia dos recursos públicos e na defesa do patrimônio imobiliário estadual, ou seja, a economia de bilhões aos cofres públicos em razão dos trabalhos técnicos do Parque Estadual Serra do Mar.

Trata-se, portanto, de um órgão altamente especializado cujas atribuições não se resumem àquelas desenvolvidas pela Secretaria de Habitação e Cultura, como querem fazer crer as argumentações apresentadas pelo Governo do Estado de São Paulo. Esse é um exemplo. Li para os senhores parte da justificativa da emenda que apresentei em defesa da Fundação Itesp.

Outra entidade que foi amplamente falada pelos parlamentares é a Fundação Oncocentro. Também apresentei uma emenda: “Suprima-se o inciso III do Art. 1º do Projeto de lei nº 529, de 2020”.  

Minha justificativa: “A Fundação Oncocentro atende os pacientes que mais precisam de acolhimento: os diagnosticados com câncer. Acreditamos que não existe motivo para a extinção dessa importante fundação, uma vez que ela gera lucro importante para a população paulista, cuidando, acolhendo e orientando os pacientes de forma digna, eficaz e eficiente, salvando vidas.

Estamos falando da extinção de uma entidade que, somente em 2018, realizou mais de 247.000 testes de papanicolau, 13.700 biópsias, dentre outros serviços oferecidos, como as próteses faciais”. Alguém ainda duvida que a Fundação Oncocentro é produtiva?”

É importante destacar a quem está nos assistindo, talvez você não saiba, nem todos conseguem acompanhar todos os detalhes que envolvem os projetos de lei e é, por isso, que nós estamos te representando.

 A Fundação Oncocentro fica localizada na rua Oscar Freire. Para quem é da capital de São Paulo, sabe que essa é uma rua extremamente nobre. Sabendo disso, fica uma dúvida no ar: será que pode existir uma especulação imobiliária por causa desse prédio?

Nós estamos no Outubro Rosa. Tantos monumentos com a cor rosa, divulgação do Governo do Estado para a prevenção da saúde da mulher e o combate ao câncer. O governador apresentou um projeto de lei à extinção de uma fundação que cuida de pacientes com câncer. É uma demagogia, hipocrisia.

Nós não iremos aceitar, governador, entenda. O que estiver ao meu alcance, para que a gente possa combater esse tipo de atitude do senhor, será feito. O senhor pode ter certeza.

Gostaria de destacar um programa muito bom do Governo do Estado: o Programa Mulheres de Peito. Estamos falando das carretas que vão até as cidades para fazer o trabalho preventivo, o exame de mama, que é o câncer que mais mata mulheres.

Nós sabemos que, quando os exames preventivos são feitos, e o câncer detectado no início, a possibilidade da mulher ser salva é muito grande. Esse é um belíssimo projeto. E, adivinhem os senhores: o projeto está parado.

Não está indo para as cidades por causa da pandemia. Não é o governador que fala em salvar vidas? Salva vidas, mas tira a oportunidade de mulheres serem salvas por meio do trabalho da carreta da mamografia? Hipocrisia, senhores. Hipocrisia do governador João Doria.

Falando, ainda, de Saúde, algo que deve ser prioridade de todo gestor público. Sou integrante do grupo Parlamentares em Defesa do Orçamento - PDO.  Ao lado dos deputados: Sargento Neri, Coronel Telhada, Adriana Borgo e Márcio Nakashima, visitei a Furp, a Fundação para o Remédio Popular.

Fomos conhecer e entender como funciona a logística e o funcionamento daquela fundação, que fabrica remédio para as pessoas que utilizam o SUS e precisam de medicamentos aos quais elas não têm acesso ou não podem pagar.

Apresentei uma emenda para: “Suprima-se o inciso II do Art. 1º do Projeto de lei nº 529, de 2020”. Minha justificativa: “Não existe motivo que justifique a extinção da Fundação para o Remédio Popular, uma vez que a instituição presta relevantes serviços à população paulista, produzindo medicamentos que servem eficazmente os programas de distribuição de remédio a quem não tem condições para comprar”.

Estou convencida de que a Furp não deve ser extinta. Nós fomos lá conhecer. É um trabalho sério - não é, deputado Sargento Neri? -, que precisava, na verdade, de investimentos, de atenção do Governo do Estado para que a fundação possa atender mais pessoas carentes, vulneráveis e que precisam ter acesso ao remédio popular. Estou convencida de que a Furp não deve ser extinta.

Não se trata apenas de concorrer com medicamentos que também são produzidos pela iniciativa privada. Mas, pela possibilidade que ela oferece de subsidiar e atender as pessoas que mais necessitam do atendimento pelo Poder Público. Caso o Governo do Estado acabe com as atividades da Furp, centenas de milhares de pessoas, que realmente precisam, ficarão desamparadas e à mercê da concorrência, que é salutar para quem tem condições de pagar.

O governo do Estado não pode, nem deve, ser omisso com os mais carentes. Esse projeto, o grande pacote de maldade do governador João Doria, na verdade, é um reflexo dele próprio. É uma pessoa que não pensa nos outros.

Ele visualiza apenas os próprios interesses ou dos parceiros de negócios dele. Esse é o “modus operandi” do governador João Doria. Não é possível confiar. Ele demonstrou diversas vezes que não tem palavra. Fala uma coisa e faz outra, enrola, engana.

A população está atenta. O governador João Doria está sendo conhecido nacionalmente de maneira negativa. O nome dele que está circulando por todo o Brasil. Seria uma pré-campanha à presidência da República? Registro nessa tribuna o nosso questionamento.

Dentre tantas outras emendas que apresentei, quero destacar, além da questão do aumento de impostos. Isso nos preocupa muito. O contribuinte não aguenta mais ser lesado pelos cofres públicos. Pedi para suprimir o inciso II do Art. 18, com a seguinte justificativa:

“No momento atual em que vivemos, não me parece ser adequado retirar valores destinados para atender às necessidades da área da Saúde. Entendo que o Hospital Santa Teresa, localizado em Ribeirão Preto, onde eu estive neste final de semana, presta importantes serviços aos moradores da localidade, motivo pelo qual apresento esta emenda, visando a manutenção do fundo especial de despesa da entidade”.

Sabem o que o governador faz com essas emendas que nós apresentamos? Simplesmente, ignora. Governador, nesta Assembleia Legislativa existem deputados que merecem respeito, porque foram eleitos pelo voto. Preste atenção, governador: o Estado de São Paulo não lhe pertence. Ele pertence à população de São Paulo. E, nós seguiremos em defesa do povo.

Obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Próximo inscrito, deputado Sargento Neri. Peço que já vá à tribuna, por favor.

Pois não, deputado…

 

O SR. GIL DINIZ – PSL - PARA RECLAMAÇÃO - Presidente, o Art. 264 fala das reclamações. O artigo é muito claro, Sr. Presidente. Em qualquer fase da sessão, poderá ser usada a palavra para a reclamação. O uso da palavra, nesse artigo, destina-se, exclusivamente, à reclamação quanto à inobservância de expressa disposição regimental.

Nós já fizemos diversas questões de ordem, inclusive por escrito, colocando sobre o encerramento da discussão. Vossa Excelência já pontuou que vai responder oportunamente.

O deputado Caio França colocou aqui. Depois que a discussão foi encerrada, o nosso requerimento, que é regimental, vai perder o seu valor. O Regimento, presidente, não está sendo observado como deveria ser.

Nós já fizemos dezenas de questões de ordem aqui tentando fazer a observância que vocês, deputados, aprovaram, e nós não estamos conseguindo, Sr. Presidente. Inclusive colocaram o tempo de questão de ordem.

Não é questão de ordem, é reclamação. Agora, como que nós vamos fazer? Vamos encerrar essa discussão hoje? O senhor vai responder quando? O senhor tem 60 dias para responder, porém o nosso requerimento vai cair por terra quando não tiver mais orador para se inscrever.

Então, eu deixo aqui registrado pelo microfone que nós vamos tomar as medidas cabíveis judicialmente, mais uma vez, infelizmente, porque o Regimento da Casa mais uma vez não é observado mesmo com todos os deputados chamando a atenção de V. Exa. para responder essa questão de ordem, que é pontual.

Nós já votamos esse requerimento, o requerimento está adiado, o requerimento está por ser votado. Nós apresentamos um novo requerimento, Sr. Presidente, para ser colocado.

Então, se V. Exa. puder responder a esses deputados o motivo por que o senhor aceitou o requerimento do governo de pronto e colocou em votação esse requerimento e por que o senhor não está aceitando o nosso requerimento nesse momento, já que é regimental e tem as 32 assinaturas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Com a palavra o deputado Sargento Neri.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Boa noite, presidente, boa noite, demais deputados, boa noite à Polícia Militar, na pessoa do soldado Thiago, boa noite à população que nos assiste.

Quero deixar bem claro, até vou chamar a atenção do meu amigo Barba, que o PDO sempre se colocou contra esse projeto por dois motivos: primeiro, pela perda patrimonial que o Estado vai ter, e segundo, pelo aumento de impostos.

Então, o PDO, na minha pessoa, que sou líder do PDO, sempre se colocou. E eu quero deixar bem claro para a população que não é só empresário e voto, não. Nós entramos com dois mandados de segurança com pedido de liminar.

Perdemos o primeiro, entramos com o segundo, V. Exa. é testemunha disso. Não desistimos, entramos com agravo regimental, pedimos uma audiência com o desembargador, o Claudio Godoy.

Aditamos esse agravo, e saiu o despacho do desembargador. Ele não deu a liminar, infelizmente, que é o que nós queríamos, mas ele colocou, por ora, “manter a decisão agravada, mas, conforme se adiantou, sem privar o plenário da possibilidade de seu reexame de forma ainda útil pelo que se determina a imediata intimação do presidente da Alesp com urgência para manifestação em 48 horas, desde logo cientificando-se a Procuradoria de Justiça, estando tornando para pronta remessa à Mesa”.

O que quer dizer isso? Que ele recepcionou o agravo do PDO, porque foi um belo trabalho da parte jurídica dos nossos advogados, porque ele poderia ter…

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente, uma questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Eu vou pedir para V. Exa., até para pelo orador... É uma questão de máscara novamente?

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - É que isso aqui é brincadeira, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - É difícil. É a quinta vez que V. Exa. …

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Se continuar assim, é difícil. O senhor sabe que a Assembleia…

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vossa Excelência tem razão, é a quinta vez que V. Exa. vem à tribuna. Peço aos deputados: é obrigatória a utilização de máscara dentro do recinto. Caso algum de vocês não queira utilizar a máscara, por favor, dirija-se ao seu gabinete ou a algum recinto em que não tenha outros deputados. Perfeito?

Devolvo a palavra ao deputado Sargento Neri.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Obrigado, presidente. Então, Campos Machado, meu amigo, você é um conhecedor. Você sabe que para o desembargador aceitar um agravo, como nesse caso, é porque foi muito bem-feito, foi muito bem fundamentado.

É claro que a liminar às vezes é temerária para um desembargador conceder logo de cara. Então, o presidente da Casa será intimado pelo Tribunal e terá 48 horas para realmente fazer a defesa. Depois, provavelmente, sobe para o plenário do Tribunal para julgamento dos desembargadores.

Pois não, Campos.

 

O SR. CAMPOS MACHADO - PTB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Vossa Excelência tem toda razão. Minha preocupação, desde o início, é que o colegiado do TJ pode anular a votação desse projeto. Eu venho dizendo isso. Em quatro mandados de segurança, diz o relator: “vamos analisar, pela complexidade do caso, pelo colegiado”. Então, nós temos que esperar a decisão.

Esse agravo regimental que eu li está muito bem-feito. Ele deixou implícito, o relator, que ele quer examinar com contexto de 25 membros do Supremo. Olhem o perigo que nós corremos, votar esse projeto e o projeto ser anulado.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - E para você ver, deputado Campos Machado, eu quero parabenizar os advogados do PDO, que o Coronel Telhada sabe, Leticia Aguiar sabe, é sob a minha supervisão. Nós fizemos um trabalho incansável na madrugada para não perder o prazo desse agravo. E a Dra. Janaina sabe, advogado é assim mesmo, trabalha de madrugada, de manhã, à tarde, à noite, não pode perder prazo.

Mas nós fizemos com carinho, porque nós acreditávamos no nosso trabalho. E foi aceito esse agravo, e agora poderá colocar no colegiado do Tribunal para julgamento.

E eu quero deixar bem claro para a população porque o PDO está trabalhando, Coronel Telhada, seja aqui no plenário, seja no gabinete, seja com os advogados, pensando numa forma jurídica de barrar esse projeto. Então, nós somos contra.

Agora eu quero chamar a atenção, porque o PDO vem fazendo alguns trabalhos de fiscalização: cota, contratos, gastos orçamentários do governo, e nós encontramos várias irregularidades. Claro que todas, mas todas as irregularidades foram enviadas ao Ministério Público, ao Ministério Público Federal, à Procuradoria da República, ao Tribunal de Contas.

Mas desde o início, eu tenho um projeto de resolução - quero aproveitar que estão todos os deputados aqui - que pede para criar a comissão parlamentar de inquérito. Eu só tenho 19 assinaturas, Coronel Telhada. Fora o grupo PDO, assinou a Dra. Janaina, assinou o Gil Diniz e mais alguns.

E aí eu pergunto: "Barba, vamos debater aqui. O PT pode nos apoiar nisso, Barba, nesse projeto de resolução?". Porque nós podemos montar a CPI dos gastos da Covid, que é o que nós precisamos. Nós precisamos encontrar e fechar essa torneira ou, pelo menos, estancar o vazamento.

O microfone está fechado, presidente.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente, eu quero pedir um aparte ao orador.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - É sobre a resolução?

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Sobre a resolução.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Fique à vontade.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Deputado Neri, o senhor tinha falado comigo da resolução, já faz algum tempo. Eu havia lhe pedido que você me mandasse a resolução, porque eu não vou assinar uma resolução sem a avaliação dela. Eu fiz uma avaliação jurídica dela, e nós vamos assinar. Toda a bancada do PT vai assinar.

Toda vez aqui, deputado Neri, que eu cobrei aqui o PDO na semana passada, eu não ataquei o PDO. Eu cobrei porque o PDO disse que estaria junto conosco no debate, e o senhor me respondeu dali de cima.

Eu só disse, eu falei de um deputado do PDO, que ele me respondeu, numa fala, no Pequeno Expediente ou no Grande Expediente, botou um vídeo e disse que eu tenho cargos no governo.

Foi o bombeiro Nishikawa, e eu quero que o bombeiro Nishikawa suba nesta tribuna e leia quantos cargos o PT tem no governo Executivo do estado de São Paulo, porque, se tem alguém aqui que é oposição a esse governador, somos nós da oposição.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Não, vamos falar da resolução.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Estou falando da resolução, mas também respondendo que você me fez uma provocação em relação ao PDO. Então, eu respeito muito os deputados do PDO.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Obrigado.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - E, no dia que eu cobrei aqui, o Coronel Telhada estava presente, eu não ataquei ninguém. Fiz a cobrança. Então, está faltando o pessoal do PDO se inscrever para nos ajudar a debater. Segundo a Mesa estava me informando ali, acho que 40 deputados se inscreveram para poder debater esse projeto.

O projeto é tão ruim, mas tão ruim, Sargento Neri, que conseguiu juntar a nós, juntar com o PDO, juntar com parte do PSL, juntar com o Arthur do Val, o Patriota. O projeto é tão ruim, é tão ruim que conseguiu juntar várias tendências diferentes. E nós fizemos todas as denúncias aqui, todas aquelas que eu achei que eram importantes fazer. E eu fui fazendo aqui, e sempre farei. Está bom, deputado Sargento Neri?

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Bom, temos um compromisso, Coronel Telhada, que o PT vai assinar o projeto de resolução para abrir a CPI. Então, obrigado à bancada do PT. E é o que eu esperava, que o PT sempre está trabalhando para deixar as coisas mais claras, principalmente no que tange às contas do governo.

Então, obrigado, Barba, pelo apoio ao PDO. E pode ter certeza de que o PDO, o Campos já assinou, o PDO vai continuar na tribuna, obstruindo. Nós vamos obstruir, seja judicialmente, ou aqui em plenário.

O deputado quer um aparte?

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Por favor, deputado Sargento Neri, se o senhor puder me conceder.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Até porque o senhor é meu companheiro de CPI. 

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Aprendo muito com o senhor na CPI. Sargento Neri, eu preciso aqui aproveitar este aparte e fazer duas observações, já que o senhor falou da questão do Orçamento do Governo do Estado.

Primeiro, eu queria chamar a atenção aqui dos deputados por uma coisa muito estranha - aliás, duas - que está acontecendo nesse debate do 529. Repare só, Sargento Neri, o governador deu uma entrevista falando sobre o projeto e escreveu, na mensagem para esta Assembleia, no projeto de lei orçamentária do ano que vem, o seguinte texto:

"No entanto, para 2021, as informações disponíveis apontam para um quadro ainda restritivo. O recolhimento esperado para o ICMS somará 149,1 bilhões, para fazer frente ao atendimento de necessidades de financiamento em patamar acrescido, por força do elevado aumento das despesas públicas exigidas neste ano.

Além disso, estarão ausentes os ingressos não recorrentes oriundos dos citados apoios da União aos entes federados, sendo que a recuperação da atividade econômica deverá ocorrer ainda de forma sustentada, com velocidade ainda lenta, insuficiente para propiciar ganhos para as rendas estaduais.

A conjunção de todos esses fatores indica um descompasso entre receitas e despesas, projetando um potencial deficit orçamentário da ordem de 8,2 bilhões para o exercício de 2021".

Isso aqui quem escreveu foi o governador. O que disse o secretário, quando veio à Comissão de Finanças, presidida pelo deputado Wellington Moura? Que o deficit orçamentário é de 10,4 bilhões. Deputado Neri, em quem eu acredito? No governador ou no secretário, que dá uma diferença de dois bilhões?

Pior, sabe o que faz o governador na peça orçamentária? Corta recurso da Educação, da Saúde e da Assistência. No caso da Saúde, o corte, se comparado com o Orçamento deste ano, é de um bilhão. Sargento Neri, é inadmissível a quantidade de incoerências que esse projeto traz.

E eu não tenho tempo, mas eu queria dizer uma outra coisa, que o governador disse uma outra coisa, que não está escrito em nenhum lugar do projeto, e diz o seguinte, que "a questão dos cortes no ICMS tem validade só para dois anos". Eu não vi isso escrito em nenhum lugar. O governador diz e desdiz, como se esta Assembleia não existisse. É inadmissível.

Muito obrigado.

 

O SR. SARGENTO NERI - AVANTE - Eu queria falar ao nosso deputado Ed Thomas, que faz parte do PDO, se pode levar lá para o final do estado, Ed, como você sempre fala, "estou no final do estado", lá no começo, está começando o estado.

Então, leve lá para o começo do estado, à sua cidade de Presidente Prudente, que você faz parte de um grupo que realmente luta contra esse projeto, a favor da população.

E você, sendo morador de Presidente Prudente, nato daquela região, que protege aquela região e aquela cidade, pode dizer que, juridicamente, está brigando com esse projeto, porque o seu grupo, o grupo de que você faz parte, está lutando incansavelmente.

Parece uma besteira para alguns deputados, mas a Dra. Janaina sabe o que é trabalhar uma peça de agravo, o quanto tem que estudar, quantas horas se passam, às vezes madrugadas, para você formular o pensamento, para montar uma tese.

Então, você pode falar, Ed Thomas, lá em Presidente Prudente, e bater no peito, que o seu grupo PDO está trabalhando a favor da população, e levar essa mensagem lá para sua cidade e também para a região, que o PDO jamais vai desistir desse trabalho, seja judicialmente, ou aqui em plenário.

Porque o Barba, apesar de o Barba cobrar, tivemos vários oradores do PDO aqui. Teve o Coronel Telhada, o próprio Ed Thomas, a deputada Leticia Aguiar. Então, a maioria dos deputados esteve aqui.

Então, nós estamos fazendo nosso trabalho de oposição a esse projeto, com certeza, com o apoio do PT, do PSOL, da esquerda. A Bebel me ligou hoje à tarde, para a gente conversar, para realmente fazer esse trabalho contra o projeto. E continuaremos a fazer. Não vamos descansar.

Eu torço muito e tenho fé no trabalho jurídico que nós fizemos, porque foi trabalhado, Campos. Então, foi costurado, foi estudado. Então, eu tenho uma grande esperança de esse agravo ser julgado. Espero eu que seja julgado ainda até a quarta-feira, que tem a possibilidade de ser. Então, eu peço à população que realmente acredite no trabalho do PDO.

Obrigado, Sr. Presidente. Obrigado a todos.

 

A SRA. MARINA HELOU - REDE - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Já convido a deputada Marina. Por favor, se puder já ir à tribuna. Questão de ordem do deputado Itamar Borges.

 

O SR. ITAMAR BORGES - MDB - Presidente, eu gostaria de ...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Espere só um minutinho, deputado Itamar.

 

A SRA. MARINA HELOU - REDE - Presidente, eu gostaria de passar a minha palavra à deputada Monica.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Tem a palavra a deputada Monica. Eu peço para ir à tribuna.

 

O SR. ITAMAR BORGES - MDB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Presidente, apenas uma questão de ordem. Eu tenho visto aqui, repetidas questões de ordem do mesmo artigo do Regimento, e do mesmo tema. Eu pergunto a V. Exa. se isso é regimental, além de fazer um pouco de abuso da inteligência dos nobres colegas.

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Vou responder oportunamente a questão de ordem de V. Exa., e passo a palavra para a deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA BANCADA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Ah, bom.  Eu achei que ele ia ter resposta agora, e eu já ia falar "ah, para o Itamar tem resposta".

A gente está perguntando 10 vezes a mesma coisa, porque a gente não foi respondida nenhuma vez. No caso, a gente está votando agora, não é? A gente precisa entender o rito de votação, sobre o qual a gente está debruçada, porque o Regimento deveria ser o mesmo para todo mundo aqui.

Colegas, para quem assiste de casa, vou tentar, nestes minutos que me restam, explicar o que deve acontecer nos próximos dias. Hoje, o Cauê deu uma grande demonstração de inteligência.

Desgastou, mas a gente também não está com preguiça, a gente não esteve com preguiça. Para a gente, é diferente a disposição que a gente está para combater. E tentou encerrar a lista de inscrição, retirando o pedido de encerramento de debate do Carlão, fazendo a gente ficar aqui debatendo.

Tudo bem, a gente vai ficar aqui hoje, a gente vai ficar amanhã. A gente vai ficar aqui quantos dias forem necessários. Sabem por quê? Eu, que aprendi o dever de casa, que fiz a lição de casa, acompanhando como é que o Carlão fez, neste um ano e meio, também fui de gabinete em gabinete, coloquei os parceiros de gabinete em gabinete, e a gente fez a nossa lista de chamada.

Se não tiver nenhuma traição, se não tiver nenhuma traição... Mas o que está acontecendo aqui é como o senhor disse, cumprindo a sua profecia: as pessoas estão tendo dor de barriga e estão faltando. O senhor tem, no máximo, 47 votos. O senhor, com a base do governo hoje, não tem quórum para tirar esse projeto daqui.

Então, resta à gente resistir. A gente não tem preguiça. Resistir, ficar aqui, discursando, falando, não dando quórum, armando técnica de obstrução, é o que a gente fez no último ano e meio.

Esse projeto é tão ruim, e vocês estão tão desajustados, porque olhe quem nós somos agora. O Douglas Garcia esqueceu até como xingar. Foi me xingar e me chamou de Vanessa da Mata; me faz elogios na tribuna agora, Douglas?

É assim que a gente está agora. Quero dizer para vocês que estão assistindo que a gente queria ter força para salvar toda as empresas e todos os trabalhos...

 

O SR. PRESIDENTE - CAUÊ MACRIS - PSDB - Desculpe lhe interromper, 12 minutos e 47 segundos é o tempo remanescente de Vossa Excelência.

Esgotado o tempo da sessão, está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão à zero hora e 10 minutos.

 

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