31 DE MARÇO DE 2021
4ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA EM AMBIENTE VIRTUAL
Presidência: WELLINGTON MOURA e CARLÃO PIGNATARI
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - WELLINGTON MOURA
Assume a Presidência e abre a sessão. Coloca em discussão o
PR 08/21.
2 - VALERIA BOLSONARO
Discute o PR 08/21.
3 - ADALBERTO FREITAS
Para questão de ordem, afirma que a Casa deve cumprir o que
foi estabelecido pelo Conselho de Ética. Ressalta que o deputado Emidio estava
nas reuniões do Conselho de Ética e não pediu a cassação do deputado Fernando
Cury. Esclarece que o relatório do deputado Wellington Moura foi votado pela
maioria.
4 - PROFESSORA BEBEL LULA
Para questão de ordem, afirma que o deputado Adalberto
Freitas não fez nenhuma questão de ordem, mas sim uma reclamação. Questiona se
não há uma solução alternativa a ser discutida pelos líderes, ao invés da
decisão do Conselho de Ética. Pergunta se não há alguma forma desta Casa se
sair melhor desta discussão.
5 - JANAINA PASCHOAL
Discute o PR 08/21.
6 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Assume a Presidência.
7 - PROFESSORA BEBEL LULA
Para questão de ordem, afirma que a questão de ordem precede
as discussões e deveria ser respondida no mesmo momento. Informa que o deputado
Wellington Moura, quando estava na Presidência, não respondeu sua questão de
ordem. Questiona o presidente sobre o tema.
8 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Diz que, como muitos oradores estavam inscritos para discutir
o projeto, algumas questões de ordem seriam respondidas no mesmo momento e
outras mais tarde.
9 - MÁRCIA LULA LIA
Para questão de ordem, cita o pronunciamento da deputada
Janaina Paschoal. Ressalta que a deputada disse ser direito de todos os
parlamentares aprovarem ou não o parecer da Procuradoria sobre o tema. Lembra
que a inclusão de uma emenda foi negociada e impedida de ser incorporada ao
projeto. Questiona se os deputados poderão votar o parecer ou não.
10 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Esclarece que o parecer foi uma resposta à questão de ordem
do deputado Emidio e que o mesmo não está em votação.
11 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PR 08/21.
12 - WELLINGTON MOURA
Assume a Presidência.
13 - MÁRCIA LULA LIA
Para questão de ordem, reitera sua questão de ordem anterior.
Questiona como o presidente irá proceder em relação ao parecer da Procuradoria,
que não aceitou emendas que os deputados quiseram propor ao projeto. Afirma que
o Plenário deveria decidir esta questão.
14 - PRESIDENTE WELLINGTON MOURA
Informa que o presidente Carlão Pignatari já respondeu esta
questão de ordem.
15 - ISA PENNA
Para questão de ordem, considera imoral que o mesmo deputado
que elaborou o relatório da Comissão de Ética esteja presidindo a sessão.
16 - PROFESSORA BEBEL LULA
Discute o PR 08/21.
17 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Assume a Presidência.
18 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Discute o PR 08/21.
19 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Convoca os Srs. Deputados para uma sessão extraordinária, a
realizar-se hoje dez minutos após o término desta sessão.
20 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Discute o PR 08/21.
21 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Lembra a realização da segunda sessão extraordinária, hoje,
às 15 horas e 20 minutos. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a
sessão o Sr. Wellington Moura.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Havendo o número regimental de Srs.
Deputados e Sras. Deputadas, sob a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.
Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da reunião anterior e declara aberta
a 4ª Sessão Extraordinária em Ambiente Virtual.
* * *
-
Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O
SR. PRESIDENTE - WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Proposição em regime de tramitação
ordinária. Discussão e votação do Projeto de resolução nº 8, de 2021, de
autoria do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Decreta a perda temporária
do exercício do mandato do deputado Fernando Cury pelo prazo de 119 dias. Está
inscrito, para dar continuidade, a deputada Valeria Bolsonaro. Tem o tempo
regimental Vossa Excelência.
A SRA. VALERIA BOLSONARO - SEM PARTIDO -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos. Boa tarde, presidente. Boa tarde a
todos os colegas. Eu queria começar a minha fala primeiro saudando aqui,
fazendo uma saudação ao dia de hoje, 31 de março, o dia em que nós fomos
libertos de coisas muito ruins que queriam fazer.
E gostaria de referenciar à Ordem
do Dia alusiva ao 31 de março de 1964, publicada pelo nosso atual ministro de
Defesa, destacando que: "As Forças Armadas acabaram assumindo a
responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para
reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”.
Então, fico muito feliz com o que o
nosso atual ministro colocou. Saúdo o posicionamento dele e estou muito feliz
com a colocação dele. Outra coisa que eu queria colocar é só para complementar
a fala da deputada Márcia Lia, que ela estava falando que o governo, que
milhões de brasileiros estão na sarjeta com fome, abandonados.
Pois é, estão mesmo e estão por
culpa dos governadores e dos prefeitos que arbitrariamente estão decretando sim
uma ditadura dentro dos estados e dentro dos municípios.
Ditadura essa que a gente não vê
nenhum movimento do Partido dos Trabalhadores para ajudar esses trabalhadores
que estão perdendo os seus empregos sem nenhum direito, porque eles estão sendo
mandados embora sem direito a nada.
As empresas falam: “Recorra à
Justiça, porque nós não temos dinheiro para pagar nenhum benefício”. Eles estão
tendo seus salários achatado e isso não está dentro da lei. Estão sendo
totalmente massacrados, sem trabalho, com fome, jogados na sarjeta e o PT, o
Partido dos Trabalhadores, a Central Única dos Trabalhadores, o grande
sindicato, não mexeu uma palha para ajudar, não fez absolutamente nada, nada.
Mas a gente ficou sabendo
exatamente agora esta semana o porquê eles não se mexem. Por que será que eles
não estão se mexendo? Porque saiu nas redes sociais agora, na televisão, em
todas as mídias, que alguns sindicatos, inclusive a CUT, estão recebendo
dinheiro da onde? Da China.
Gente, se tem uma pessoa bondosa é
o embaixador chinês, uma graça de pessoa, um coração maravilhoso, que está aí
distribuindo dinheiro para a Central Única dos Trabalhadores e outros
sindicatos, que estão aí recebendo dinheiro sob a desculpa de que é para que
esses sindicatos recebam dinheiro para investir na pandemia. Ai, quanta
bondade!
A China é um país de uma bondade
exemplar. Eu estou aqui chocada com a bondade da China e o quanto o Partido dos
Trabalhadores tem ajudado os seus trabalhadores, que a gente está vendo aí
trabalhador apanhando porque quer trabalhar.
Trabalhador que está aí sem
dinheiro para colocar comida na sua mesa, para trazer o pão para os seus filhos
e está apanhando para não poder trabalhar; e o Partido dos Trabalhadores está
deitado em berço esplêndido.
Mas tudo bem, não é essa a
discussão. Vamos à discussão do que nós temos agora para fazer. Aliás, deputada
Márcia Lia, nós sempre tivemos problemas de falta de leitos de UTI; sempre, não
é de hoje. E, inclusive, na época que o seu partido, o PT, resolveu fazer
estádios de futebol, porque afinal de contas, segundo o que o seu grande
ex-presidente falava, uma Copa do Mundo não se faz com hospitais.
Então, está aí. Olhe o resultado.
Tudo bem, a história vem contando e vem mostrando toda a covardia e toda a
safadeza que este partido fez, faz e continuará fazendo. A gente sabe como é
que a coisa funciona e a gente sabe também da hipocrisia que está sendo
colocada agora neste momento, quando nós estamos aqui para votar essa situação.
A senhora esperneou, gritou, falou
que está indignada. Eu também estou indignada. Eu estou indignada porque eu não
tenho a menor simpatia pela deputada Isa Penna. Não tenho, nunca tive. Aliás,
não gosto das colocações dela, não gosto do comportamento.
Já várias vezes tive embates com
ela dentro do plenário, porque não gosto das suas colocações, mas eu sou mulher
e diferente dessa esquerda de vocês, eu não sou hipócrita. Então, eu estou aqui
porque eu acho um absurdo o que foi feito na Comissão de Ética e quem tem que
ser penalizado não é o presidente da Casa, o deputado Carlão Pignatari.
Quem tem que ser penalizado são os
deputados que votaram a favor do que o deputado Wellington Moura colocou, do
voto em separado do deputado Wellington Moura. Esses deputados é que estão
combinados e que resolveram mostrar que a Assembleia Legislativa está de acordo
com o que o deputado Fernando Cury fez.
Não tenho nada pessoal contra o
deputado Fernando Cury. Mal o conheço, mal o cumprimento. Acho que se falei
“oi” e “tchau” uma ou duas vezes foi muito. Não tenho nada contra, mas não
aceito o que ele fez. Um absurdo o que ele fez. E nós, mulheres, temos que
estar contra isso.
Agora não adianta nada a deputada
do PT vir aqui gritar, falar, dizer que entrou porque vai pedir a cassação. Por
que o seu companheiro de partido não pediu a cassação dentro do Conselho de
Ética? Por que ele não fez isso? A senhora não falou com ele, não conversou com
ele? O PT é um partido tão unido: quando um fala todo mundo faz. A senhora não
falou para ele?
Ele não entendeu que o que estava
acontecendo ali precisava de uma medida mais drástica? Assim como o deputado
Giannazi vem aqui fazer palanque. Gente, absurdo o PT e PSOL usarem a
Assembleia Legislativa como palco de palanque político, porque na hora que
tinham que pedir a cassação não fizeram, ficaram em cima do muro. Assim como seus
amigos do PSDB, que “em cima do muro”, segundo consta, é uma tradição que vem
de anos do PSDB.
Mas aqui nós temos de novo a
amostra de que o PT mais uma vez como o PSDB juntinhos agem da mesma forma. Na
hora de decidir não decide, fica em cima do muro, não faz o que tem que fazer.
É um absurdo! Agora fica aí, dá uma pena dessa absurda, uma pena inócua, que
não tem absolutamente nada. Não adianta agora vir fazer escândalo. Devia ter
pedido na hora; o PT estava lá.
O PSOL também estava na Comissão de
Ética, mas não pediu. Ninguém pediu nada; ninguém pediu a cassação. Agora fica
aí fazendo palco político: “Porque tem que ser; porque a Assembleia; porque nós
temos que…”. Quer colocar a culpa no presidente da Casa. Tenha vergonha! É
absurdo!
Não faz nada na hora que tem que
fazer, aí agora vem colocar para que o presidente da Casa tenha que assumir a
responsabilidade. “Tem que suspender porque tem que ter emenda”; tinha que
fazer lá na Comissão de Ética. Não aqui fazer palanque político porque na
Comissão de Ética ninguém falou nada.
Então, agora, infelizmente, uma
situação degradante, uma situação absurda. Eu como mulher me sinto ultrajada de
assistir essa barbaridade que foi o Comitê de Ética. Lógico que eu não quero
colocar tudo no mesmo saco. Eu sei dos deputados que votaram para uma pena um
pouco maior. Sei dos deputados que votaram contra essa pena ridícula e eles eu
parabenizo.
Agora, os outros, os deputados que
votaram com isso, eles estão mancomunados com o que o deputado fez, mostrando
quem realmente é machista, que são os deputados que votaram por uma pena
absurda como essa. Agora parabenizo também o presidente da Casa, que falou que
vai pedir que o suplente assuma, porque só faltava essa.
Só faltava o deputado Fernando Cury
ficar de férias em casa recebendo o salário integral. Era só o que faltava!
Então, gente, eu fico aqui muito indignada com isso tudo. É uma situação
absurda e situação absurda em que a gente vê que o PT, PSOL só falam, só gritam
quando os Bolsonaros é que falam alguma coisa.
Se fosse o Gil que tivesse feito
uma coisa dessa... Se fosse algum dos deputados aqui dos Bolsonaros
que fizesse isso... Estaria massacrado, já estaria fora, já estaria sabe Deus
como, porque aí vocês iam cair de pau. Agora, como não é: “Deixe para lá”, fica
usando o plenário com discurso besta, com discurso palanque de “Eu estou
envergonhada”.
Está envergonhada? Por que o seu
amigo, que era o que foi o relator, não foi lá e pediu o que ele tinha que
fazer? Não fez o que ele tinha que fazer. Então, gente, isso para mim aqui é um
absurdo.
É uma falta de tudo: falta de
vergonha, porque eu sou professora. Eu passei a minha vida inteira ensinando os
meus alunos que a gente tem que ter responsabilidade pelos nossos atos.
A gente tem que falar a verdade. A
gente não tem que ficar se escondendo, jogando a culpa para o outro. A gente
tem que assumir o que a gente faz e eu assumo o que eu faço e o que eu falo,
mas não é o que eu vejo de muitos deputados dentro da Assembleia Legislativa.
São poucos os deputados que
assumem, que vão, que dão a cara para bater. Agora, ficar assistindo PT e PSOL
fazendo palanque hoje porque está cheio de gente assistindo... Hoje está cheio
de gente assistindo e vem fazer palanque que está ultrajado: “Porque nossa,
porque isso, porque aquilo”. Por que não pediu a cassação? Se tivesse o mínimo
de vergonha teria feito, mas não tem.
Então, eu deixo aqui a minha
indignação com os deputados que votaram a favor desta pena absurda, e todos os
homens: deputado Wellington, deputado Adalberto, deputado Olim, deputado Alex e
deputado Estevam. Estou indignada com o posicionamento de vocês de fazer com
que esse deputado tenha uma pena irrisória como essa. É um absurdo!
É um ultraje para nós, mulheres. É
uma falta de respeito. Eu espero que isso nunca aconteça com as mulheres, com
as filhas, sobrinhas, netas de vocês, porque hoje vocês deram para a Assembleia
Legislativa a pecha de machista, de que o homem pode fazer o que ele quer que a
gente passa um paninho, uma enceradeira, e deixa tudo para lá e isso eu não
aceito.
É um absurdo e pode ter certeza de
que nós vamos colocar isso nas redes sociais e mostrar para a população quem
realmente são os machistas, quem realmente está usando a Assembleia Legislativa
de uma situação absurda como essa.
Muito obrigada, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Tenho duas questões de ordem.
Primeiro o deputado Adalberto Freitas, por favor. Deputado Adalberto, abrir o som, por gentileza.
O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Boa tarde, presidente. Eu, como integrante do
Conselho de Ética, quero falar para o presidente, o deputado Wellington, que está assumindo os trabalhos agora,
que eu acho que a Casa tem que cumprir o que fala a norma da Casa.
Se a norma fala que tem que seguir o que o Conselho
de Ética decidiu para colocar para votação, tem que colocar para votação. É
lógico que o pessoal vai espernear, vai querer fazer média, vai querer gritar,
porque está fazendo média desde o Conselho de Ética. Eles gostam de aproveitar
que nem hoje, que tem um palanque.
O pessoal gosta de falar que é contra,
que é não sei o quê, tal, mas o próprio Emídio, o próprio pessoal da
esquerda, do PT, quando o presidente Lula falou que precisava no STF uma mulher
com o grelo duro e que o cara lá de Bagé que exportava viado,
aí ninguém fala nada. Aí para eles é tudo normal, mas agora como é mulher dos
outros, aí eles ficam bravos demais, ficam bravos demais. Então, eles falam que
são defensores, mas não são defensores de nada, entendeu?
E outra coisa, mais uma vez o deputado Emídio
estava lá no Conselho de Ética, foi o relator e não pediu a cassação.
Obviamente, o deputado Wellington, que estava junto nos trabalhos, apresentou
um relatório e foi votado pela maioria e isso tem que ser obedecido e ponto
final. Acho que tem que ir para votação se vai sim ou não e acabou.
As pessoas têm que ficar aí…
Agora querem fazer média. Eu estou vendo aí três, quatro pessoas toda
hora com questão de ordem, toda hora voltando. Isso vai só prorrogando e a
pessoa fica lá na média.
Isso que eu queria falar. Obrigado, presidente.
O SR. PRESIDENTE - WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado. A
próxima questão de ordem é da deputada Professora Bebel, por gentileza.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM
- Primeiro, boa tarde, deputado Wellington Moura. Eu quero dizer o seguinte: quando alguém não
faz questão de ordem a gente é cortado. Com todo respeito ao deputado Adalberto
Freitas, mas ele não fez nenhuma questão de ordem; ele fez reclamações. É essa
a questão. Então, teria que ter feita questão de ordem. Essa é uma questão.
Mas
a questão de ordem que eu ora faço é a seguinte: não há espaço para que os
líderes, as líderes também desta Assembleia possam pensar em uma saída conjunta
que não seja essa aberração de 118 dias, mas o que foi apresentado na Comissão
de Ética e golpeado, deputado Wellington Moura? Isso não tem nenhuma previsão
para que nós possamos mediar e sair um pouco melhor dessa discussão.
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS -
Deputada?
A SRA. PROFESSORA BEBEL
LULA - PT - Acabei de falar.
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS -
Obrigado. Quero passar agora para a deputada Janaina Paschoal para discussão.
(Pausa.) Então, agora para discutir, a deputada Janaina Paschoal, por
gentileza.
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito
obrigada, Sr. Presidente. Cumprimento Vossa Excelência, os colegas presentes,
as pessoas que nos acompanham, cumprimento especial aos advogados que
participam desta sessão exercendo uma prerrogativa constitucional,
entendendo-se prerrogativa como direito e dever.
Eu quero deixar muito claro que,
muito embora eu seja líder do PSL, nesta oportunidade não falo pela bancada. O
caso é polêmico, o caso é complexo, a bancada tem posicionamentos diversos, eu
respeito os posicionamentos da bancada como respeito todos os posicionamentos
que ao longo do trâmite deste processo na Casa foram sendo externados. Então
aqui não fica nenhum tipo de crítica a qualquer colega por sua concepção, por
sua convicção.
Não vou fazer uma análise coletiva,
entendo que toda análise coletiva de mulheres, homens, brancos, negros, hétero,
trans, homo são analises, por princípio, injustas. Também não vou avaliar a
pessoa da deputada Isa ou a pessoa do deputado Cury, vamos analisar
tecnicamente, juridicamente um fato concreto e objetivo, e a normativa que
recai ou pode recair sobre este fato.
Chamo atenção para uma peculiaridade
da sessão de hoje: nós não estamos em uma sessão legislativa, sobre o ponto de
vista naturalístico do termo, não estamos aqui debatendo um projeto de lei;
mesmo um projeto de resolução não é um trabalho legislativo, porque este tal
projeto sendo aprovado se extinguirá neste momento, com a aplicação da pena.
Então, não é bem um processo
legislativo. Hoje, a Casa funciona mais como tribunal do que como Poder
Legislativo, até por isso eu não atendi a imprensa durante esses meses todos,
eu evitei externar a minha posição durante esses meses todos, porque quis observar
e ouvir todas as partes de maneira cautelosa, de maneira serena, como um bom
juiz deve fazer.
Quero deixar bem claro que os
senhores podem buscar todos os meus escritos e pedir para os meus ex-alunos das
minhas aulas, desde sempre estabeleci separação firme entre ilícitos penais e
ilícitos civis.
Entendo e reitero que, para a
caracterização do ilícito penal, são necessários mais elementos, uma situação
de maior reprovabilidade, do que para a caracterização do ilícito civil, seja
um ilícito civil administrativo, seja um ilícito civil propriamente, seja um
ilícito civil político. Estamos tratando, neste momento, de um ilícito civil de
natureza política, mas que também tem roupagem jurídica.
Então, o que eu vou falar aqui,
quero deixar bem claro que não se aplica a quaisquer feitos penais que estejam
em andamento, vou tratar do fato que aconteceu dentro de uma Casa Legislativa,
durante uma sessão da maior importância, votação do Orçamento, aos olhos de
toda a população, no meio do plenário, segundo relatos, por um parlamentar que
estaria, inclusive, sob o efeito de álcool.
Estivesse ou não sob o efeito de
álcool, ainda assim a situação se revelaria grave, porque o atentado não foi
contra uma deputada, o atentado foi contra a respeitabilidade da Casa. Se não
estivesse alcoolizado, deliberadamente agiu de maneira desrespeitosa para com
uma colega, agiu de maneira desrespeitosa para com a Casa.
Se estava alcoolizado, haja vista
que não é uma pessoa que se apresente como dependente, ou seja, não é um doente
alcoolista, desrespeitou a Casa duas vezes ao vir para um trabalho sério,
votação do Orçamento, final de ano, sob o efeito de álcool, e ainda assim agir
de maneira absolutamente incompatível com o decoro que se exige de um
parlamentar.
Para reconstituir a verdade, eu vou
falar e não estou inventando nada, os próprios deputados do PT e do PSOL
falaram sobre isso, que tanto o PSOL quanto o PT, muito embora usem as redes e
a imprensa para alardear que a Casa é machista, que a Casa cerceia, que os
deputados estão contra as mulheres, o PSOL e o PT não aproveitaram, não
utilizaram os momentos processuais cabíveis para pedirem a cassação do deputado
Cury.
O PSOL tem uma cadeira na Comissão
de Ética. O deputado Giannazi criou o discurso de que deveria ceder sua cadeira
para uma mulher e, na verdade, abriu mão de um trabalho importante, de uma
participação importante, porque ele poderia ter defendido a cassação naquela
oportunidade.
Delegou para a deputada Erica, que
também não o fez, porque todos sabem que ela poderia ter preparado um
voto-vista, não preparou, e foi nomeado relator um parlamentar do partido
aliado ao PSOL, deputado Emidio, que, como advogado que é, sabe que poderia e -
digo mais - deveria ter pedido a cassação.
Se era para caminhar para um entendimento,
para um acordo, mais ainda deveria ter pedido a cassação, porque aí o
entendimento seria por uma pena minimamente razoável, suspensão de um ano, que
foi o que propôs o deputado Barros desde o princípio, ou suspensão de seis
meses, que foi o que o deputado Emidio propôs já sabendo que daria margem a uma
revisão.
Então, o PSOL perdeu oportunidade de
pedir a cassação na Comissão de Ética, o PT perdeu a oportunidade de pedir a
cassação na Comissão de Ética, então, na omissão do PSOL e do PT, estou aqui publicamente
pedindo a cassação do deputado Cury e vou mostrar sim que temos sim que
deliberar sobre este pedido no plenário. Quero ler para V. Exas. a Constituição
Federal e a Constituição Estadual.
Na Constituição Federal, artigo 55,
está escrito: "Perderá um mandato o deputado ou senador - inciso II - cujo
procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar".
Aí vem o parágrafo segundo:
"Nos casos dos incisos I, II - que é quebra de decoro - e IV, a perda do
mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal por
maioria absoluta mediante provocação da respectiva mesa ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla defesa".
Bom, por que eu estou lendo este
dispositivo? Vossas
Excelências poderão dizer: “Mas este dispositivo se aplica a senadores e
deputados federais”. Porém, por referência expressa, ele também se aplica aos
deputados estaduais.
E,
como se não bastasse a letra fria da Constituição Federal, a Constituição
Estadual, em seu Art. 16, praticamente replica a previsão, dizendo que perderá
o mandato aquele parlamentar cujo procedimento foi declarado incompatível com o
decoro, e no § 2°, que cabe à Mesa ou a um partido político com representação
no Legislativo, pedir à Assembleia a perda do mandato.
Por
que estou frisando isso aqui? Porque tanto a Constituição Estadual quanto a
Constituição Federal dão competência e legitimidade para partidos políticos com
representação na Casa Legislativa pedirem a cassação de parlamentares por
quebra de decoro.
O
deputado Emidio é advogado. A deputada Márcia Lia é
advogada. Outros tantos colegas são advogados. Está nítido que o PSOL poderia -
e pode -, que o PT poderia - e pode - propor a cassação do deputado Cury para
que o plenário delibere.
Alguém
poderá objetar dizendo: “Mas aqui está escrito provocação da Mesa ou de
partido. E na medida em que a Mesa já fez a sua representação, a sua resolução
propondo uma suspensão parcial, não caberia a provocação do partido”.
Pode
ser até interpretado dessa forma. Depois de uma discussão, pode-se até concluir
por esse caminho. Eu não concordo, porque aqui não está escrito que a
provocação de um exclui a possibilidade da provocação do outro.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
Mas
o fato é que PSOL e PT, que insistem em alardear que todos são machistas, que
todos estão contra a deputada, não utilizaram, além dos caminhos previstos
claramente no Regimento, permissivos claros da Constituição Federal e da
Constituição Estadual.
Estou
falando isso apenas para colocar, de maneira clara, a verdade dos fatos, porque
todos os deputados estão recebendo correntes de e-mail pedindo para pautar este
julgamento, pedindo para cassar o deputado, e os partidos que estão fomentando
essas correntes tentaram e tentam adiar o julgamento, tentaram e tentam fazer a
população crer que eles pediram algo que eles não pediram.
Então,
o mínimo de transparência em uma Casa Legislativa, se deve ter.
A
questão do parecer da procuradoria. Se nós fizermos uma analogia com um
tribunal - e a analogia cabe porque estamos fazendo um julgamento de um ilícito
civil, que, em Direito, pode-se abordar como sendo no auge do administrativo
sancionador -, fôssemos um tribunal judicial ou administrativo, o parecer da
procuradoria serviria para análise, debate e avaliação.
Pensem
no TJ. Tem lá a parte ativa, a parte autora, a parte passiva, a parte que se
defende, e a maior parte dos centros passa pelo Ministério Público exarar um
parecer. Os senhores procuradores da Casa, que são extremamente competentes,
apresentaram um parecer.
Da
mesma maneira que, no TJ, o parecer do Ministério Público não vincula os
magistrados, nesta Casa, o parecer da procuradoria orienta, porém não vincula
os magistrados, que somos nós, deputados, soberanos na decisão de mérito.
Mas,
vou além. Poder-se-ia estabelecer um paralelo não com um processo judicial no
tribunal, mas com um processo de impeachment. Vossas Excelências, se pegarem os
textos que há sobre os processos de impeachment que tratam, ao fim e ao cabo,
da responsabilidade do agente político, V. Exas. constatarão que a primeira
comissão que analisa a denúncia não vincula o plenário. Nem a decisão do
presidente que recebe a denúncia do processo de impeachment vincula o plenário,
nem a comissão processante que é instituída vincula o plenário.
Mesmo
que a denúncia tenha sido recepcionada parcialmente, o plenário pode deliberar
sobre o todo. Mesmo que a comissão processante tenha orientado de uma outra
forma, o plenário pode deliberar sobre o todo, tanto o plenário da Câmara - no
momento em que o processo de impeachment está na Câmara - como o plenário do
Senado - no momento em que o processo de impeachment está no Senado. Toda a
normativa existente para as Casas Legislativas Federais se aplica às Casas
Legislativas Estaduais.
É
inaceitável que os representantes do povo fiquem impedidos de analisar o fato
de maneira ampla e irrestrita, obviamente conferindo aos Srs. Deputados e aos
senhores advogados, a oportunidade de se manifestarem livremente. Quando a
procuradoria da Casa fala que não tem previsão, por isso não pode, se está
pensando unicamente com a mentalidade no Regimento e está escolhendo um
caminho. Não tem previsão, não pode.
Me
filio aqui à dissidência levantada pelo deputado Barros ao sustentar que a
omissão deve ser interpretada de maneira a dar mais poderes aos parlamentares
eleitos pelo povo, e não o contrário.
Mas
ainda que assim não fosse, ainda que o Regimento fosse expresso no sentido de
que nós não poderíamos votar contra o que decidiu a Comissão de Ética, ainda
que fosse expressa, eu pergunto: no arcabouço jurídico vigente no País, no
sistema jurídico vigente, vale mais a Constituição Federal, a Constituição
Estadual ou o Regimento Interno?
Das
normas, o Regimento Interno é o que tem menor valor. Seja ou não jurista kelseniano, ele sabe que o Regimento Interno deve respeitar
as normas maiores, e as normas maiores dizem que o plenário é soberano. E vou
além: sequer precisaríamos de emenda.
Antes
de deliberar “sim” ou “não” sobre a decisão da Comissão de Ética, deveríamos -
não, devemos - deliberar se aceitaremos plenamente o parecer da Procuradoria.
Entendo
firmemente que o Plenário precisa decidir se vai acatar a interpretação da
Procuradoria. Se colocado em discussão... Ou não precisa nem de discussão, mas
em votação diretamente, porque meu intuito não é obstruir, meu intuito não é
atrasar, meu intuito é enfrentar essa discussão e só o faço hoje porque sou
juíza da causa.
Hoje,
antes de deliberar o “sim” ou “não”, precisamos votar se o plenário vai acatar
o parecer da Procuradoria. Se o Plenário acatar o parecer, aí sim vamos votar
“sim” ou “não” à pena de 119 dias. Se o Plenário não acatar o parecer, nós
temos que deliberar a cassação.
Conversando
com colegas de maneira individualizada, eu sinto a frustração, o inconformismo,
a indignação de ter a sua liberdade de voto cerceada. Eu vou respeitar o voto
de todo e qualquer colega.
O
colega que votar para absolver o deputado Cury, eu vou respeitar. O colega que
votar para aplicar 119 dias, eu vou respeitar. O colega que votar para aplicar
180 dias, eu vou respeitar. O colega que votar pela cassação, eu vou respeitar.
O
que nós, como parlamentares, não podemos admitir é ter o nosso direito de
analisar o caso de maneira ampla, na sua integralidade... O discurso de que
estamos amarrados, de que estamos cerceados, esse discurso não se sustenta. Foi
o discurso que tentaram fazer quando pedi o impeachment da presidente Dilma. E
me orgulho muito. Pediria de novo. Tentaram restringir o meu direito de acusar,
tentaram restringir o direito dos parlamentares de votar, mas a verdade é que o
Plenário é soberano.
Aconteceu
uma situação dentro da Casa que, se tivesse acontecido em outro ambiente,
talvez até não se devesse discutir. Não é meu objeto aqui. O que aconteceu
dentro da Casa maculou o nome da Casa e é a Casa que tem que dar a resposta.
Desde
o primeiro ano de direito, sustento que o Poder Legislativo se apequena toda
vez que se socorre do Poder Judiciário, toda vez que não consegue resolver os
seus conflitos.
Mostra
incompetência, mostra incapacidade, mostra imaturidade, mostra inutilidade. O
Poder Legislativo só existe quando os legisladores, sobretudo no momento em que
funcionam como juízes, têm liberdade para deliberar.
Como
se não bastasse, a defesa do deputado... Data venia, tenho muito respeito pelo
Dr. Delmanto, somos colegas de longa data, mas a
defesa do deputado cometeu uma indelicadeza ao dizer que o colega é carinhoso,
é afetuoso, age assim com as colegas, abraça todo mundo.
O
colega é muito discreto. O colega é um colega quieto. Aqui eu preciso dizer a
verdade. Esse colega nunca abraçou ninguém. Então, qual é a mensagem que passa
para a população? Que a Assembleia é uma perdição?
Então,
é necessário, sim, que nós tenhamos liberdade para debater na integralidade a
situação. Entendo firmemente que podemos resolver o caso hoje, de maneira
juridicamente firme, colocando em votação a aceitação do parecer da
Procuradoria.
Dependendo
do que for votado, aí sim seguiríamos para deliberar o “sim” ou o “não”. O que
não posso admitir, como defensora das prerrogativas do Poder Legislativo, é que
sejamos amarrados, é que sejamos cerceados de votar da maneira que entendemos,
que queremos e podemos votar.
Então,
fica aqui a minha manifestação de defesa das prerrogativas dos parlamentares,
porque não gosto de discurso que não se complemente com atos. As pessoas têm
discursado muito, dado muitas entrevistas e feito muitas postagens, mas não
fazem o que precisa ser feito para que as situações se concretizem.
Em
uma situação formal, eu sou, eu fui e estou sendo a única parlamentar que está
pedindo a cassação do deputado Fernando Cury, porque o ato dele quebrou o
decoro, porque o ato dele ultrapassou a questão individual entre os dois
parlamentares.
Foi
um ato que atentou contra a Casa em um dos dias mais importantes do ano
legislativo e, como se não bastasse, a defesa - não digo a defesa, o advogado,
por favor, mas a linha de defesa - também atentou contra a Casa ao querer fazer
crer equivocadamente, inveridicamente, que todas as mulheres dentro desta
Assembleia aceitam serem tocadas.
Essa
é a minha manifestação. Eu antecipo que quero votar se aceitamos ou não o
parecer. Se a votação for feita, votarei para não aceitar o parecer, porque
parecer é parecer, não é decisão. Se parecer fosse decisão, se chamaria
decisão. Parecer é parecer. Então, se for votado, votarei para não acatar e, se
houver a possibilidade de deliberar sobre a cassação, votarei.
Estou
falando de Janaina Paschoal, não é a líder do PSL, porque vou respeitar os meus
colegas. Votarei pela cassação em nome da preservação do Poder Legislativo no
estado de São Paulo.
Muito
obrigada, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB
-
Obrigado, deputada Janaina. Questão de ordem da deputada Professora Bebel e
depois da deputada Márcia Lia. Aí vamos para o próximo orador, que é o deputado
Paulo Fiorilo.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Acho que sou eu, a
próxima. Não? Eu não estou bem certa, deputado.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB
-
Deputada, o próximo a falar é o deputado Paulo Fiorilo. Está no chat. Em
seguida, a deputada Professora Bebel; depois o deputado Sergio Victor, o
deputado Emidio, o deputado José Américo. Mas a senhora tem uma questão de
ordem.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM -
Minha questão de ordem, deputado, é a seguinte: primeiro que questão de ordem,
ela precede.
Estou observando que os senhores estão
respondendo às questões de ordem na hora, de acordo, intercalam uma fala e
outra. Às vezes a questão de ordem é daquele momento e ela precede.
Então, várias questões de ordem que
levantei... Uma sequer o presidente na Mesa, que não era o senhor, presidente,
era o deputado Wellington Moura, não respondeu. Então, eu acho que isso fica
muito frágil do ponto de vista mesmo da nossa atuação parlamentar. E eu sempre
fui, tive muito claro isso, até antes de vir a esta Casa, que questão de ordem
precede.
É isso mesmo, Sr. Presidente?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É, sim, deputada.
Realmente, como tem muitos deputados inscritos, que estão pedindo
insistentemente para falar, nós responderíamos duas questões de ordem, faz um
orador, duas questões de ordem, mas podemos mudar. Aí nós vamos ficar
respondendo questões de ordem, em vez de dar o direito de fala de cada um dos
deputados, deputada.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Mas é o que manda o
exercício parlamentar. Acho que o Regimento prevê isso, então, eu acho que
essas questões de ordem têm que, imediatamente, serem apreciadas, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputada. Eu vou tentar dar, dentro do possível, nós estamos tentando fazer
isso.
Para uma questão de ordem, deputada Márcia
Lia.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - PARA
QUESTÃO DE ORDEM - Sr.
Presidente, eu vou fazer a seguinte questão de ordem: segundo a deputada
Janaina, ela se colocou agora, dizendo que é um direito de todos nós, que o
senhor coloque a discussão, se nós vamos, ou não, aceitar o parecer da
Procuradoria, que proíbe apresentação de emendas, porque, segundo a deputada,
nós temos o poder soberano de deliberar sobre o parecer da Procuradoria.
E pelo que me consta, V.Exa. decidiu sobre
esse parecer. Então, eu gostaria de que V.Exa. respondesse a essa questão de
ordem. Todos nós podemos e devemos, porque, segundo me foi dito pelos meus
pares, foi tentado negociar a inclusão de uma emenda, e foi impedida esta
inclusão.
Portanto, nós precisamos, porque V.Exa.
impediu que esse parecer da Procuradoria fosse submetido a todos os
parlamentares que se encontram nesta sessão, no dia de hoje.
Então, eu gostaria de que o senhor
respondesse se nós vamos ter a oportunidade de discutir o parecer, ou então,
simplesmente, votá-lo, enquanto comunidade soberana que somos.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Márcia
Lia, o parecer foi feito em resposta à questão de ordem formulada pelo deputado
Emidio de Souza e pela deputada ... apenas o Emidio, ou da deputada Isa Penna,
em conjunto? Não me lembro. Não, desculpe, acho que foi só do deputado Emidio
de Souza. O parecer foi esse.
Nós não estamos votando parecer, deputada.
O parecer do presidente aceitou um parecer, achando que isso era norma do
Regimento Interno. Então, foi determinado o rito desse processo.
Para discutir, o deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente. O senhor me ouve?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Ouço bem,
deputado.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, antes de começar minha fala,
acho que tem aqui uma questão importante, que levantou a deputada Márcia Lia,
mas que não acho que deveria ser uma questão de ordem, não deveria ser
respondida pela Mesa.
A
questão apresentada pela deputada Janaina precisa ser submetida ao Plenário, é
a vontade da maioria que decide o encaminhamento, não o parecer orientador de
uma Procuradoria.
Portanto,
eu gostaria de sugerir aqui aos deputados e deputadas, que pudéssemos formular
uma solicitação de votação quanto ao parecer, e que se houver a maioria
favorável, o presidente precisa colocar a votos essa orientação.
Então,
eu queria deixar aqui já como uma sugestão, e entendo que isso segue muito na
linha que a deputada Márcia Lia levantou. Só acho que a gente não deveria ter
como uma questão de ordem, e sim como uma possibilidade de mudança de
procedimento, pela maioria dos deputados desta Casa, até porque, se isso não
ocorrer, o que a deputada Janaina fez referência, que não existe camisa de
força, vai existir, porque o Parlamento só vai ser livre e autônomo, se ele
decidir sobre as suas questões, e não se a Procuradoria, que é uma orientação
pautar a maioria dos deputados.
Então,
eu queria começar com isso, mas eu preciso iniciar aqui a minha intervenção,
retomando uma questão já apresentada aqui por vários outros deputados e
deputadas, a coincidência negativa, histórica, da data de hoje, em que vamos
tratar e votar a punição ao deputado Fernando Cury.
Eu
queria começar com um depoimento. "Enquanto torturavam a gente, foram até
minha casa buscar meus filhos e minha irmã grávida. Nesse momento, eu estava em
uma sala, na parte de cima da operação Bandeirantes, na cadeira do dragão, que
tem braços com fios, sempre nua. Estava bastante machucada e cheia de
hematomas.
Minha
filha com cinco anos, e meu filho com quatro, foram levados até lá, para que me
vissem. E perguntaram por que eu estava azul, e o pai deles verde. Olhei para o
meu corpo e vi o quanto estava roxa pelos hematomas". Contou a militante
Amélia Teles, que ainda milita até hoje pelos direitos e pela democracia.
Eu
queria começar com isso, para dizer que nós não estamos fazendo aqui aquilo que
gostaríamos, de relembrar um passado tão duro, tão nefasto, tão triste. E ver
algumas pessoas valorizando essa parte da história, que nós deveríamos
reescrever, e valorizar aqueles que foram torturados e mortos pela ditadura.
A
segunda coincidência ruim, mas que eu preciso registrar, é que a gente está
encerrando o mês de luta das mulheres, o mês de março. O movimento nacional das
mulheres produziu um manifesto.
Nesse
manifesto, o primeiro parágrafo diz isto: "Neste dia oito de março de
2021, nós, mulheres de todo o Brasil, de todas as raças, etnias, idades,
identidades, orientações sexuais, territórios de tantas nacionalidades que aqui
vivemos, quilombolas, indígenas, nos campos, nas águas, cidades e florestas,
nos mobilizamos no Dia Internacional de Luta das Mulheres, para gritar com
indignação e fúria feminista – fora, Bolsonaro, vacina para toda a população,
Auxílio Emergencial, pelo fim da violência contra as mulheres".
Nós
estamos hoje, no último dia de março, no dia de luta das mulheres, tendo que
tomar uma decisão que pode, ou não, valorizar a luta das mulheres. E vai
depender muito de cada deputado e de cada deputada. Por isso, a nossa
responsabilidade pelo fato que nos traz aqui hoje nesta sessão extraordinária
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Wellington Moura.
* * *
O
caso da deputada Isa Penna é um caso gravíssimo, gravíssimo. E eu queria dizer
aqui que ele é grave porque foi no plenário da Assembleia, mas que poderia ser
em qualquer outro lugar. Não é onde, e onde ele ocorreu, ele é muito mais
grave.
Agora,
ele é grave porque a gente não pode desrespeitar, não pode violentar, não pode
criminalizar, não pode usar e abusar, da forma como nós vimos e estamos
assistindo no Brasil e, infelizmente, na Assembleia Legislativa, naquele dia
fatídico, à noite, na madrugada, para discutir o Orçamento.
Eu
acho que é preciso aqui, que haja uma discussão séria e que, infelizmente, o
deputado Fernando Cury, com quem tenho uma relação de plenário, poderia ter
feito, e não fez: reconhecer o erro. Reconhecer o erro poderia ter sido a sua
primeira grandeza nesse processo, mas não o fez; diminuiu a sua estatura.
Muita
gente falou que o deputado cometeu um erro. Queria discordar: na verdade, ele
cometeu um crime de importunação sexual, e é um
crime que nós não
podemos passar o pano dos argumentos de que, como foi
dito aqui já anteriormente, que é um
deputado carinhoso, que abraça
todo mundo. Eu confesso que eu nunca vi ele abraçar
todo mundo, nunca vi. E nem sei se as deputadas viram ou foram abraçadas.
Eu não vi.
A outra coisa: além
da importunação sexual, a deputada assediada, a deputada Isa, também
passou a ser violentada em todos os processos que se desdobraram. Isso a gente
chama de violência de gênero,
e que nós
precisamos combater. Srs. Deputados e Sras. Deputadas,
o Conselho de Ética
votou, votou um parecer, votou por cinco a quatro.
Aliás,
eu acho que era importante, eu tenho certeza de que depois o deputado Emidio, a
deputada Erica, o deputado Barros, e outros deputados que votaram no relatório assinado
pelo deputado Emidio podem falar, porque os que votaram no deputado Wellington
não falaram até agora
e quem usou da palavra não fez referência
a por que fez a escolha de 119 dias, e não uma punição mais grave.
Aliás, o argumento usado parece que
não teve validade posteriormente, nós vamos tratar disso em
seguida. Mas veja bem, a Comissão de Ética,
por cinco votos, cinco votos, decidiu por uma punição branda num caso
extremamente grave. E essa punição branda nos é trazida
como uma camisa de força.
O que diz o parecer da
Procuradoria? A resposta à Questão
de Ordem apresentada pelo deputado Emidio ao plenário,
devidamente provocado: “Cabe exercer soberanamente a
prerrogativa de aprovar ou não aprovar a proposta de imposição da penalidade,
não dispondo, contudo, da prerrogativa de modificá-la.
E, por essa razão, o Projeto de resolução por meio do qual se propõe a aplicação da sanção não é
passível de emendamento.”
Ora, onde isso, onde o
Parlamento pode ser instruído dessa forma? Onde cinco deputados podem impor a sua vontade aos outros 89 deputados? É
inadmissível que a Assembleia não mude a
orientação da Procuradoria, que eu respeito. Tive o prazer e a oportunidade de
trabalhar com procuradores na CPI das Fake News, sei da qualidade dos procuradores desta Casa.
Agora, são
orientações, orientações que não são
dadas nas CPIs, que não são dadas nas Comissões, mas que
nós
podemos ou não acatá-las. Porque aqui, deputado
presidente Carlão Pignatari, como vários
outros deputados que são prefeitos, aliás,
que já foram prefeitos, sabem que o
seu jurídico, que a sua própria procuradoria, pode
orientar, mas que pode ser contestado, que pode ser, inclusive, mudado o
parecer da Procuradoria. Aliás,
a gente já viu isso em outros casos.
Portanto, me parece que aqui, há que
se discutir a disposição ou não dessa Casa enfrentar o debate de abrir a
possibilidade de emendas ou de substitutivos, para que se decida soberanamente
no plenário.
É essa situação que está colocada.
Mas ao fugirmos dessa situação,
nós
estamos nos escondendo atrás de um parecer, da resposta à Questão
de Ordem. É mais fácil. Como disse um deputado, “vamos votar logo”.
Por que vamos votar logo? Vamos
esgotar o debate. Quem sabe nós possamos aqui fazer com que a
Assembleia saia muito maior do que entrou nesse
processo. Quem sabe aqui a gente tenha a oportunidade, de fato, de aprofundar
essa discussão, e contribuir para que a sociedade perceba a responsabilidade
que tem o maior parlamento do Brasil estadual. Se fizermos isso, sairemos com grandeza desse processo; se não, podemos nos
apequenar. Eu não acho e não acredito que seja essa a vontade da maioria, não
acho.
Aliás, é importante
a gente falar do Conselho de Ética.
No processo no Conselho de Ética,
o deputado Emidio, assim como outros quatro
deputados, construíram um parecer que podia ali
ser a resposta da Assembleia com uma punição mais dura do que essa aprovada no
relatório
do deputado Wellington Moura, aliás,
deputado esse que utilizou o argumento dos funcionários
do gabinete do deputado Fernando Cury para reduzir a
pena, como se isso fosse resolver.
O deputado presidente desta
Casa informou que haverá um suplente, e que o suplente
pode trocar todos os seus funcionários.
Então
qual é o
argumento? Aliás, eu queria ouvir: qual é o
argumento para os 119 dias? Era o argumento dos funcionários?
Era o argumento de que o
deputado era carinhoso e, portanto, não tem que ser punido de forma exemplar?
Essa é a
pergunta. Os cinco deputados precisam responder, porque
ela não está respondida,
e é preciso
deixar claro para a sociedade.
Nós estamos votando uma situação
gravíssima, um crime que foi
cometido, uma importunação sexual. Ou a gente vai achar que está tudo
bem, que se der 119 dias está resolvido?
Então me parece que aqui a primeira questão é resolver
se nós
vamos aceitar a resposta da Procuradoria à Questão
de Ordem do deputado Emidio, e aí,
então, nos submetermos a uma camisa de força que nos levará a um erro fatal.
Um erro fatal, porque, por exemplo, eu não concordo que 119 dias seja a punição
correta. Mas também não
posso votar “não”
para poder dizer que ele não tem que ser punido. Essa punição apresentada pela
Comissão de Ética
não é e não
vai ser a punição possivelmente que a maioria dos deputados desta Casa
gostariam de votar.
Digo, dos deputados e das
deputadas, principalmente daquelas que estão
indignadas com o que aconteceu. Em especial a deputada Isa Penna, por aquilo
que já relatei aqui que vem sofrendo.
Então nós podemos mudar o rumo dessa
história.
Nós
podemos discutir, e eu queria sugerir aqui aos deputados mais antigos que
apresentemos uma resolução para votar se acatamos ou não a resposta à Questão
de Ordem.
A primeira questão.
A segunda: rejeitada a questão
da Procuradoria, nós
apresentamos aqui a emenda ou as emendas para serem
submetidas à vontade da maioria. Aliás, é essa
a essência do Parlamento: a vontade
da maioria tem que se sobrepor, e não da minoria.
A minoria tem que ser
respeitada, tem que ser ouvida, tem que ser preservada; mas ela não pode se sobrepor à maioria.
E o que está acontecendo aqui é isso,
a vontade de cinco deputados está se sobrepondo
à vontade dos outros 89, porque ganhar ou perder, ter maioria ou minoria, é da
disputa política. Agora, impor uma decisão
de minoria é um
erro que esta Assembleia não pode cometer, não pode.
Nós estamos ainda muito longe de
encerrar esse debate. Olhando na lista aqui, possivelmente a gente vai esgotar
esta sessão, vamos esgotar mais uma sessão, talvez mais duas sessões. Agora, não
basta e não
deve ser só para esgotar o tempo de fala
dos deputados que nós
deveremos estar aqui. Nós
deveremos aproveitar para tentar construir a melhor saída.
A deputada Bebel, a deputada
Isa Penna, a deputada Janaina, a deputada Márcia
Lia trouxeram aqui possibilidades para a saída,
de tentar buscar uma alternativa, de questionar o parecer, de propor emenda, de
tentar votar exatamente aquele sentimento que a maioria deve ter, que muitos
aqui já disseram, “ah,
é melhor
votar os 119 do que não votar nada”. Não.
É melhor
votar aquilo que nós entendemos que é o
correto.
Então,
o primeiro desafio é esse,
e acho que aqui a gente pode construir essa saída, não
com uma Questão de Ordem, mas, sim, com a decisão de rejeitar o parecer. Ao
longo desses meses, eu acho que, acho, não, tenho certeza, a Assembleia, no
caso do deputado Cury, sofreu, e vem sofrendo, muito, porque é permanente
o questionamento com relação ao que ocorreu no plenário
desta Casa.
Nós
podemos querer esconder, nós
podemos querer minimizar, mas nós não podemos querer mudar o que
aconteceu naquele final de ano, no ano passado.
Então eu queria deixar aqui aos
deputados e às deputadas esse primeiro
desafio. E o segundo é a
possibilidade de construirmos na Assembleia, como já existe
na iniciativa privada, aliás, referendada em vários
lugares, um compliance, para que a gente tenha de fato clareza dos
procedimentos, para que ninguém
queira dizer, “eu abraço
todo mundo e acho que é normal”.
Eu preciso saber se o outro quer ser abraçado,
se o outro está permitindo ser abraçado.
Agora, é preciso
ter normas claras. O Regimento já tem
suas lacunas. Agora nós não
temos uma norma que poderia contribuir nesse sentido,
evitando que esse tipo de fato ocorresse novamente nesta Assembleia e em outras
Casas. Eu acho que a Assembleia tem a oportunidade de dar o exemplo para o
Estado e para o País de o que de fato deve ser
feito quando fatos como esse ocorrem.
Então acho que o segundo grande
desafio é buscar a construção de medidas de
comportamento, de relacionamento, para evitar, para que não haja dúvidas
daquilo que pode e daquilo que não pode, principalmente no ambiente machista.
Infelizmente, a política
exclui as mulheres da sua participação, e nós precisamos incluí-las.
E incluí-las
no direito de fala, no direito de discordar, no direito de se portar como elas são.
E aí,
por isso, a ideia de que a Assembleia pudesse, ao final desse processo,
construir essas medidas que ajudariam muito a orientar o procedimento numa Casa
como a nossa. Acho até que
o deputado Emidio de Souza chegou a apresentar alguma propositura nessa linha. Eu não me aprofundei, mas acho que pode ser um caminho
importante nesse sentido.
A terceira questão que eu
gostaria de trazer aqui diz respeito à forma
como nós
estamos enfrentando esse debate. Se a Procuradoria nos coloca uma orientação, e
essa orientação nos cerceia de apresentarmos uma
alternativa melhor do que a que está posta,
nós
cometemos um erro de impedir que os deputados possam de fato se manifestar.
Então,
acho que essas três questões
nós
deveríamos aprofundar e buscar uma saída
que ajudasse nesse momento a ter uma solução mais próxima daquilo que a sociedade e
daquilo que a maioria dos deputados e deputadas pensa.
Eu quero concluir aqui a minha
fala lembrando mais duas questões que eu considero que são importantes. Eu vi
deputados e deputadas cobrando a posição do PT, eu já fiz
aqui a minha referência, mas vou ouvir os outros
que participaram da Comissão de Ética.
Mas acho que o PT foi coerente,
porque na Comissão de Ética
o deputado Emidio de Souza buscou construir um acordo, um consenso, ou uma ampla maioria, para que, de fato, o deputado
pudesse ser punido de forma mais dura.
E muita gente cobrando a coerência
do PT, que o PT, “ah, propôs
na Comissão de Ética
a punição de 180 dias e agora tem
deputado defendendo que deveria cassar, por que não defendeu na Comissão de Ética?”
Porque o PT entendeu que era
possível na Comissão de Ética
ter uma punição exemplar, e, ao final do processo, ao final do processo, aquilo
que foi construído
se desconstruiu, de forma equivocada.
E aí,
me parece que qualquer tipo de acordo tentado, articulado no Conselho, deixou
de existir. E, portanto, as posições se zeraram. É o parecer com 119 dias de
suspensão contra outros pareceres, ou contra outras
propostas. Não vejo aí nenhuma
incoerência.
Uma outra questão que foi
apresentada aqui e com a qual eu gostaria de dialogar diz respeito à postura
com que parlamentares bolsonaristas continuam tratando a China. Eu pensei que
com a saída do Ernesto
Araújo a gente teria uma folga,
teria um respiro, de desrespeito a uma outra nação, uma nação que tem uma
importância tão
grande no combate à Covid, na entrega de insumos,
de vacinas. Mas parece que não tem jeito.
É mais fácil
tentar criar um mimimi interno ou externo para poder
aglutinar tropas, para poder lacrar, para poder criar fake news, do que
contribuir nesse momento tão triste de pandemia. Nós tivemos ontem mais um recorde
batido, 3.668 óbitos.
A cada dia mais gente falece.
Aliás, eu queria aproveitar aqui para registrar com pesar o falecimento do
então vereador, ex-secretário,
Jean Madeira, foi secretário de Esportes, foi vereador
comigo, com o deputado José Américo
e com outros deputados aqui desta Casa.
Jean Madeira era jovem, praticava esportes, e foi levado pela Covid, assim como
muitos outros estão sendo levados. Estão sendo levados porque nós demoramos, porque o governo
Bolsonaro, porque o presidente da República,
demorou para assinar contratos para trazer vacinas de outros países
além daquela que vai ser produzida
pela Fiocruz; demorou para aceitar que a vacina era uma alternativa, que ninguém
ia virar jacaré, que não precisava ter medo.
Aliás, ninguém
virou jacaré;
ao contrário, a gente tem percebido que
diminuiu o número de
idosos sendo internados, ou nas UTIs, ou nas enfermarias. Então a gente perdeu
muito tempo, o Brasil perdeu muito tempo, o Brasil está virando
um pária do mundo nessa questão da
Covid, todo mundo preocupado.
A Assembleia Legislativa entrou
num debate importante sobre a questão de ampliar a
compra de vacinas, até porque
aqui no estado de São Paulo a gente também só tem
uma vacina, e o governador insiste em falar que de dez vacinados, nove são com
a vacina do Butantã.
Parabéns,
agora, é insuficiente.
É insuficiente porque nós não
temos um programa de auxílio emergencial do Governo do
Estado e a proposta do Governo Federal é pífia.
Nós
temos visto o desemprego aumentar. É triste, porque até onde
eu vi aqui então a culpa do desemprego parece que é do
PT. A culpa do desemprego é a
falta de políticas públicas
do Governo Federal, dos governos estaduais e dos governos municipais.
A culpa é
do governo Bolsonaro, é do
presidente Bolsonaro, que tem uma prática
equivocada, que trata o País da forma mais equivocada possível.
Esse é o
grande problema.
E nós continuamos numa crise sanitária
gravíssima. Nós estamos com problema de oxigênio
em várias cidades, kit entubação,
porque esse Governo Federal, ao contrário
de se preocupar com kit entubação, se preocupou com kit cloroquina, com kit
hidroxicloroquina. Enquanto isso, as pessoas estão morrendo, indo a óbito, todos os dias a gente está batendo
recorde. A gente vai passar os Estados Unidos na pior
fase do Trump, na fase negacionista.
É esse o governo que nós temos no País, é esse
o governo do Bolsonaro. E o governo Doria ainda demora para tomar as medidas
necessárias. Faz caixa, guarda
dinheiro, quando poderia dispor de recursos para a compra
de mais vacinas, para o pagamento do auxílio
emergencial; mais do que isso, poderia, por exemplo, de fato, ter uma frente de
trabalho efetiva, que pudesse contratar pessoas para poder gerar emprego.
O Governo Federal também
poderia fazer isso para os deputados e
deputadas que têm dúvida. O governo estadual também, o governo municipal
também. Os governos podem e devem ter políticas de mitigar crise. Infelizmente
não têm, e a gente está vendo cada dia mais gente morrendo.
Ao Jean Madeira eu deixo aqui a
minha homenagem, em nome das 315, 317, 320 mil pessoas que vieram a óbito
nesses últimos 13 meses, um número absurdo. E infelizmente, infelizmente, a
gente ainda tem gente contra o isolamento social. Araraquara deu uma demonstração clara de que era possível reduzir
o número de óbitos, a internação em UTIs. Em Araraquara, o prefeito Edinho teve
a coragem de promover um lockdown, o que teve como resposta a ameaça de morte,
uma pessoa dizendo que queria só o mal para furá-lo de baixo a cima.
Esse
é o país que nós vivemos, promovido por um presidente negacionista que prefere
o confronto, que prefere as fake news do que a
Ciência, do que a ajuda aos desempregados, do que o auxílio emergencial de 600
reais, de pessoas que, infelizmente, preferem a morte do que a vida.
E
eu termino, nesse caso específico aqui que nós estamos tratando, é preciso
encarar com a coragem que nós temos, a coragem de ter uma punição exemplar a um
crime que não pode ser relevado. Todos aqueles que estão falando: “Não, tem que
punir, tem que punir”, é verdade, mas tem que punir de verdade, é preciso punir
exemplarmente.
E
construirmos aqui na Assembleia medidas que estabeleçam uma relação muito mais
cordial, sem ultrapassar os limites que são impostos às pessoas.
Cada
pessoa é dona do seu corpo; ela não pode ser violada, independente se foi no
plenário, se é dentro do ônibus, do metrô, no cafezinho, onde quer que seja.
Nós precisamos repudiar veementemente esse tipo de atitude, e dizer que nós não
concordamos com assédio, com a importunação, e nós precisamos punir de forma
verdadeiramente profunda e consequente.
Por
isso eu termino, Sr. Presidente, sugerindo aqui aos líderes, à minha líder, a
Professora Bebel, ao líder da Minoria, aos líderes e às líderes dos partidos
que construam, antes do final do debate, antes do final da discussão essa
possibilidade de votarmos se aceitamos ou não a orientação dada pela
Procuradoria na questão de ordem do deputado Emidio de Souza.
Para
ser preciso, são 318 mil mortes pela Covid, 318 mil mortes pela Covid, e nós
tivemos 362 mortos desaparecidos pela ditadura militar. Então, deixo aqui o meu
respeito e o meu carinho a cada pessoa que perdeu um ente querido, um familiar,
àqueles que sofreram com a ditadura, que foram torturados, que desapareceram, e
que isso não se repita neste País jamais.
Que
a gente possa reescrever a nossa História, e que a gente possa ter a dignidade
de mostrar para os nossos filhos e netos que é possível ter um país
democrático, justo, igualitário, e que esse tipo de comportamento que ocorreu
na Assembleia Legislativa não ocorra mais.
E
que a gente possa, de fato, dizer que as pessoas aprenderam uma lição
importante com um erro cometido no plenário.
Mas
esse erro acaba sendo cometido em vários outros lugares, muitas vezes sem a repercussão
que teve aqui por conta das câmeras de TV. Mas eles continuam existindo, e nós
precisamos combatê-los permanentemente.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Deputada,
uma questão de ordem pela deputada Márcia Lia. Por gentileza. Deputada Márcia.
A SRA. MÁRCIA LULA
LIA - PT - PARA
QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, eu reitero a minha questão de ordem
anterior, porque o deputado Carlão Pignatari não entendeu o raciocínio que foi
efetivado por mim quando eu disse que o plenário, pela explanação da deputada
Janaina, com a qual eu concordo, não é possível que a gente tenha que submeter
uma decisão que deva ser do Plenário a uma única pessoa.
Portanto, eu quero
saber como é que V. Exa. vai proceder em relação ao parecer da Procuradoria
Geral, que sozinha, sozinha perseguiu, junto, provavelmente, com o deputado
Carlão, que não vai aceitar emenda que nós queremos propor, porque nós temos
emendas que devem ser aceitas e acatadas.
Então, o Plenário, como
soberano que é, precisa decidir sobre essa questão levantada pela deputada
Janaina Paschoal.
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Deputada
Márcia, essa questão já foi respondida pelo deputado Carlão Pignatari.
Passo à próxima questão
de ordem da deputada Isa Penna. Por gentileza.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Colegas, em
primeiro lugar, eu sinto, não posso deixar de apontar que na Assembleia
Legislativa quem elaborou o relatório que está sendo votado, está presidindo a
presente sessão.
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Deputada,
é uma questão de ordem que V. Exa. vai fazer?
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Ainda que não seja, ainda que não
fira nenhum dispositivo contrariamente, é imoral. E é por isso, presidente, que
a minha questão de ordem vai no seguinte sentido: deputados, que nós não
podemos…
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Deputada,
questão de ordem é feita ao presidente e não aos deputados.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - É justamente… É
questão de ordem, você me interrompe toda vez…
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Porque
estou tentando ensinar a V. Exa. que a questão de ordem é feita ao presidente,
não aos deputados. Então, peço, por gentileza, com todo o respeito, deputada,
que V. Exa. possa fazer a questão de ordem a este presidente, nesse momento,
por favor.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - (Inaudível.) Por favor, se
controle, respeite a fala de uma colega. No final, você pode dizer…
O SR. PRESIDENTE - WELLINGTON
MOURA - REPUBLICANOS - Deputada,
qual a questão de ordem de V. Exa., por gentileza.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - É. Eu quero pedir, eu quero pedir a
todos…
O SR. PRESIDENTE -
WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - A
conexão da deputada está ruim, está cortando.
Vou passar para o
próximo inscrito, deputada Professora Bebel. Por gentileza, a senhora tem o
tempo regimental.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Eu quero
lamentar… Boa tarde, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, líderes
mulheres, líderes homens, nesta triste sessão que ocorre na Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
Falo triste, porque
neste momento nós poderíamos estar discutindo aqui políticas públicas para as
próprias mulheres, creches, pré-escolas, saúde pública para as mulheres. Nós
poderíamos estar fazendo isso, mas nós estamos fazendo uma outra coisa.
Nós estamos discutindo
conduta parlamentar de deputado. É isso que a gente está fazendo, e que, sim,
conforme foi dito aqui, é decoro. Decoro é exatamente o não cumprimento de um
compromisso parlamentar, antiético. É isso que está em questão.
E nós estamos
discutindo isso por um parlamentar, um parlamentar digrediu
das regras no espaço que é a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e
importunou a parlamentar Isa Penna.
Aliás, Isa, não tome
esse dia… É um dia dolorido para você, é um dia dolorido para nós, mulheres,
porque na medida em que mexe com uma mulher, mexe conosco também, sobretudo
conosco.
É a mesma coisa que eu
imaginar que uma filha minha venha sofrer a mesma coisa. Eu não posso imaginar
Maria Manuela passar pelo mesmo constrangimento, como tantas outras Marias Manuelas, filhas de deputados, deputadas e filhas de homens
e mulheres deste estado de São Paulo. Eu não posso imaginar, porque eu, como
mãe, certamente teria atitudes que eu não gostaria de dizer quais, mas eu acho
que eu não me conformaria.
Portanto, seu
inconformismo, a sua indignação, Isa, é a nossa indignação também. Pode ter
certeza disso, que não tem falácia. Você ouve as vozes, mas você também tem que
admitir, e acho que até por divergência que eu tenho da deputada Janaina, mas
tem voz, tem razão, tem sentimento, porque nós somos movidas por isso.
Nós, mulheres, somos
movidas desta forma. Às vezes, muitas vezes apequenadas, apequenadas porque não
podemos, enfim, transpor as barreiras de um poder instituído, claro, e que
nesse poder instituído nem mesmo direito de ser deputada com…, aliás ser
deputada com direitos iguais, que é respeito, que é direito a ter a fazer sua
questão de ordem por inteiro sem ser sacudida pela voz dura.
E aí eu
também questiono, deputado Wellington, é correto V. Exa. presidir a Mesa? Eu
acho que não. Eu acho que V. Exa. deveria também, como autor de um texto que
não atende a maioria desta Casa, se eximir desse papel de presidir um trabalho
e que o senhor está envolvido nele com uma posição muito ruim, porque
"sim" ou “não” nessa votação, essa questão "sim" ou
"não" antagônica, por assim dizer, é um "sim" ou
"não" absolvendo.
Eu
entendo como absolvição. “Sim” ou "não", nessa votação, é absolvição,
porque o outro parecer, o outro encaminhamento... Eu também, deputada Janaina,
eu sou adepta da cassação, mas não foi dessa forma que transcorreu na comissão.
Aliás,
fomos senão como procuradoras eu, deputada Marina Helou, Márcia Lia, autoras,
inclusive, de um parecer exarado por nós dizendo e pedindo a cassação. Nós
podemos representar e o fizemos, mas prevaleceu a negociação, prevaleceu a
negociação de seis meses. Essa que eu acho não é a melhor, mas foi essa
negociação que prevaleceu.
Nós
fizemos uma audiência pública invadida por machistas, por hackers com cenas
obscenas, com cenas que até agora nós não tivemos nenhuma resposta do que
significou aquela invasão, naquela audiência pública, ou sessão solene, que
ocorreu aqui nesta Casa para que nós pudéssemos colocar em movimento essa
questão do encaminhamento do caso Isa Penna.
Então, sem dúvida
nenhuma é um 31 de março duro para nós, o último dia do mês da mulher, muito
embora eu considere que a mulher tem dia o ano todo. Mas digamos que seja um
mês que homenageia a mulher.
É um dia em que nós
estamos levando uma facada pelas costas. E eu não falo isso da boca para fora,
eu falo de forma verdadeira, de forma real, como eu sinto. É assim que eu falo.
E eu quero dizer o
seguinte: tem uma coisa que foi colocada pela deputada Janaina e que a gente
pratica no nosso sindicato. Dizem que sindicato é tudo bagunçado, que não tem isso.
Não senhor. Tudo o que é maior é soberano. O Plenário é maior que a Comissão de
Ética. O Plenário da Assembleia Legislativa é maior que a Comissão de Ética.
Portanto, deve,
deveria, deve prevalecer, não é deveria, o que sair do Plenário e não da Comissão
de Ética. Comissão de Ética faz o encaminhamento para. Então, por que está nos
colocando aqui em 12 horas de debate, para que "sim" ou
"não", se daqui podem sair posições outras, por que não, emendas de
Plenário com assinaturas de deputados e deputadas em temas difíceis e agros
como esse?
Então, este Plenário é
soberano, sim, e isso me parece não estar… Parece-me, não, isso não tem
importância nenhuma. Como não tem importância nenhuma? É de suma importância
que este Plenário assuma para si a responsabilidade de tomar a melhor decisão,
que é a da maioria dos deputados e deputadas eleitas, porque o poder desta Casa
emana do povo.
Nós fomos eleitas pelo
povo. Portanto, deveria prevalecer o que é maior, o espaço maior de
representação, que é exatamente o Plenário da Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo.
Eu sou mulher,
professora, mãe, e quero dizer que por várias vezes eu subi à tribuna e chamei
a Casa, não a Casa, alguns deputados e deputadas, deputados - aliás nunca fui
desrespeitada nesse sentido por deputadas - de misóginos machistas.
Vocês me ouviram falar
várias vezes, sempre disse: é difícil ser mulher nesta Casa, e é, porque tudo o
que é nosso, uma questão de ordem levantada por um homem é um tom; uma questão
de ordem levantada por uma mulher, o tom é outro. “Vamos lá, olha o tempo, ou
corta, a senhora faz por escrito, a senhora protocola”.
Não, eu acho que não.
Respeito é bom e nós gostamos. Acho que esta Casa tem que tirar para si, tem
que tirar para si aprendizados, e aprendizagens também. E nós, mulheres, temos
que demonstrar.
Como eu ouvi o deputado
Wellington Moura: “eu quero ensinar para a senhora o que é”. O senhor não
ensina nada, deputado Wellington Moura. Ao senhor cabe presidir os trabalhos e
nós fazemos uso da fala da maneira como entendemos que temos que fazer.
Se a deputada, ou eu,
em determinado momento de questão de ordem, mas que não é questão de ordem, eu
cometo esse erro no meu tempo, eu estou cometendo o meu erro, é o meu preço, é
a minha…, é o meu direito e isso tem que estar estabelecido como tal.
Então, essa coisa de
dizer “eu vou, eu estou aqui para ensinar para a senhora o que é”, olha aí, nós
acabamos de ver uma ação machista na Mesa contra a deputada Isa Penna, de novo.
Parece que ela é o
único ícone do ataque. Por quê? Porque ela é afoita? Porque ela é explosiva?
Porque ela é do jeito que ela é, mulher? Por esta razão? Não, porque ela é
deputada, como todos e todas são, como nós todas somos.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
Então, eu vou sempre exigir respeito.
Vocês verão isso o tempo todo. Eu brigo por essa posição. Eu fui formada na
minha casa por uma pessoa muito simples, que é a minha mãe.
Minha mãe tem uma forma de ser simples,
mas ela sempre nos ensinou o seguinte. Você tem que respeitar as pessoas que
têm razão, tem que respeitar, mas, nos seus direitos, não saiam de boca calada.
E ela não estava me deseducando. É porque
minha mãe é uma pessoa simples, e ela nunca deixou barato. Por exemplo, nos
tempos duros, em que professor às vezes puxava o cabelo da gente, ela dizia,
“não, quem corrige minha filha dessa forma sou eu”.
Ela ia brigar na escola, deputada Janaina.
Eu passava vergonha. Eu falava: “Nossa Senhora, porque eu contei para minha
mãe?”. Mas ela ia lá e brigava, quebrava um pau.
Esses dias eu fui para escola também, por
causa da Maria Manuela, só que hoje eu já fui de outra forma, porque minha mãe,
como era simples, ela vai daquela maneira que vai.
Entendeu? Mas isso é imbuída já de uma
emancipação. Isso é bom. Eu me sinto emancipada. É ruim? Incomoda? Dane-se. Não
estou nem aí. Eu penso dessa forma, e eu ajo dessa forma, goste ou não goste.
Como eu sempre disse, eu não estou em
concurso nem de miss, nem de miss simpatia, nada disso. Simplesmente quero ser
mulher. Quero ser mulher com a dimensão de ser mulher, e é isso que a Isa Penna
representa neste momento. Isa, mais uma remissão a você. Eu sei, depreda, a
gente sai depredado. Eu sei o que é ser atacada. Você sai depredada.
O deputado Barros Munhoz se lembra de uma
cena que eu passei na CPI das Universidades, triste. Não vou citar o nome do
deputado, porque não está em questão, mas foi triste o que o deputado fez, e o
senhor me demoveu de uma posição - lembra disso? - que eu queria tomar frente
àquele deputado.
Mas me demoveu porque o senhor, enquanto
homem, me deu razão, e, ao mesmo tempo, me disse: “olha, é muito jovem, não
sabe ainda as coisas da Casa”. Aquela coisa toda. Não porque eu não reconheci o
erro do deputado. Eu reconheci que, exatamente, se tratava de um deputado muito
jovem, e que fez a besteira de, enfim, me apequenar em um espaço que era tão
meu e dele quanto de todos e todas.
Mas eu não nunca... Todas as vezes que eu
me sentir atingida, eu acho que antes de eu vir para esta Casa, deputado Barros,
o senhor sempre me viu levantar, e me levantar com a veemência que tem que ser
levantada. Muitos não gostam muito, falam: “ah, muito brava, muito não sei o
quê”. Não tem problema. Não tem problema nenhum.
Não desrespeitando, a minha forma de ser
nunca pode estar em questão. Por isso que muitos falam assim: “a deputada Isa
Penna é muito isso, é muito aquilo”. É a forma de ser dela. Isso não está em
questão. O que está em questão é o seguinte. No dia 16 de de dezembro de 2020,
a deputada Isa Penna sofreu importunação sexual, ou não?
É isso que está em questão. Ela é o ícone
da mulher naquele momento? Sim, ela é o ícone, nos representa naquele momento.
Ela foi atacada? Foi atacada. É isso que está em questão para mim. Foi. Lamento
muito, deputado Fernando Cury, não tem nenhum reparo pessoal meu em relação ao
senhor, mas o senhor, não é como foi dito aqui.
O senhor não errou, o senhor cometeu um
crime, e um crime muito grande. Não sei se o senhor aceitaria para filha, se é
que o senhor tem filha, ou mesmo a esposa do senhor. É só se colocar no lugar
da deputada Isa Penna, e ver se o senhor quer isso para o senhor. Não, não
quer.
Então, eu acho que o senhor poderia nos
facilitar a vida. Ao invés de nos deixar aqui o dia inteiro debatendo para
resolver o que vai fazer ou o que não vai fazer, o senhor tomasse uma decisão
per se. Para nós, ia ser uma decisão grande, até. Porque eu acho que o senhor
tem o direito como deputado, o senhor recorre, o advogado diz isso, o advogado
diz aquilo, mas só de explicar, o senhor já perdeu a razão.
A gente já perde a razão quando a gente
tem que explicar, quando a gente tem que recorrer a advogado ou advogada. A
gente já perdeu a razão. Está indicando para o senhor que o senhor não está com
a razão.
O seu partido, o Cidadania, o expulsou de
lá, o senhor está sem partido. E a Casa, eu acho que está sendo... Eu acho que
essa comissão que tirou esses 118 dias foi muito conivente.
Por mais que o deputado presidente, Carlão
Pignatari, nos diga que vai ter perda disso e perda daquilo, não é isso que
está em questão para nós. É: “maculou a Casa ou não?”. Claro que maculou. Claro
que sim. Você acha que amanhã os jornais vão postar o quê? “Deputado sai
ileso”. É claro.
O “sim” ou o “não”, nessa situação, ele
sai ileso. Por isso que não está errada a propositura da deputada Janaina, e
reforçada pelo deputado Paulo Fiorilo, e a questão de ordem feita pela deputada
Márcia Lia, e espero que os outros vão cobrando isso, mas o parecer da
Procuradoria que está em questão para nós. Nós teríamos que votar.
Nós temos que votar para poder dizer que
pode ter emenda, como foi dito pelo deputado Barros Munhoz. Pode ter emenda.
Nós fizemos emenda administrativa. Por que não há emenda de cunho disciplinar,
porque ele é, esse é um processo disciplinar... Nós não podemos fazer emenda?
Por que é oito ou oitenta? Essa é a
questão. Quantas vezes nós não intermediamos com emendas? É esse o papel
parlamentar. Talvez o papel do qual nós possamos melhor sair dessa tristeza que
é, neste dia, ficar aí mais de 12 horas tratando de uma questão que poderia ter
sido facilitada por Vossa Excelência.
Eu quero dizer que a luta e a história das
mulheres avançou, e avança, anos a fio, no que diz respeito a ter que lutar
muito. E até neste momento a gente é colocada de uma forma muito menor. O
deputado Paulo Fiorilo fala que a gente poderia sair maior do que entramos
desta sessão. Eu também acho.
Era só acatar o encaminhamento da deputada
Janaina, tornar a decisão soberana. Nós sairemos maiores. Amanhã os jornais vão
dizer: “não, a Assembleia assumiu o seu protagonismo e atacou o direito de
deputadas e deputados fazerem emendas. Essa é a questão.
Eu espero muito que a minha bancada, a
bancada do Partido dos Trabalhadores... Nós não estamos, como eu falo,
confortáveis nem com o “sim” e nem com o “não”, e falo pela bancada.
Nossa posição não é nem “sim”, nem “não”.
Se não é o texto originário, que foi objeto de... Porque ali tinha
representante da deputada Isa Penna, que é a deputada Erica Malunguinho, que,
junto com deputado Emidio, junto com a deputada Maria Lúcia Amary, amarraram um
texto de seis meses.
Por que 118 dias então? De onde saiu essa
tirada do bolso do colete. Eu não concordo. Eu acho que, lamentavelmente, não
era o melhor dos mundos, mas seis meses acho que seria uma pena aí, de acordo,
posto que o próprio deputado já foi expulso do seu partido. Ou eu estou errada?
Ou ele não está sem partido? Então, o partido tomou uma decisão, e a Casa
simplesmente passa a mão na cabeça? Não. Não acho correto.
Eu acho que nós avançamos muito na
Constituição de 88, no marco jurídico da transição democrática, que elencou um
rol de direitos da mulher, que foram lá garantidos. Pautou, inclusive, na
igualdade, sem distinção de qualquer natureza, classificando especificamente a
igualdade de gênero entre homens e mulheres.
Então, isso me parece que até a
Constituição da República Federativa do Brasil lá de 88, que já não é tão jovem
assim, ela já ratificou a igualdade de gênero, e aqui o que a gente vê é a
diferença de gênero entre homens e mulheres.
Reafirmo, a bancada do Partido dos
Trabalhadores não vota nem “A” e nem “B”. Eu acho que temos que insistir nessa
questão apontada pela deputada Janaina, que é exatamente tornar o plenário
soberano, e nós podermos apor emendas. Eu penso dessa forma.
Por último, e não menos importante, eu não
queria transformar este espaço, que é um espaço de reflexão profunda, dolorido
para nós, porque esse tempo eu queria ter para falar muito mais sobre política
pública e um monte de direitos.
Mas dizer que hoje 31 de março, enfim é o
dia que demarca também, é um marco histórico, em que se instaurou a ditadura
militar no Brasil.
Eu não posso comemorar, não tenho como
comemorar. Nós conquistamos a democracia com muito sangue. Choraram Marias e
Clarices, dizia a música cantada por Elis Regina, no sol do Brasil, quando
mulheres e mães queriam saber onde estavam seus filhos, e não encontraram.
Então, também remeto para reflexão nesse
dia, que não pode ser de comemoração, mas um dia que também foi difícil na história
do Brasil.
Termino dizendo, nos meus três minutos que
faltam, que não devemos perder a oportunidade de sair desta sessão, longa que
está sendo, com a melhor decisão, e a melhor decisão é remeter para o Plenário
o direito de, primeiro, se posicionar frente ao
parecer da Procuradoria com o pedido de questão de ordem exarado pelo deputado
Emidio de Souza, e, ao mesmo tempo, nós pudermos, à luz do resultado, aí sim,
ver o que nós vamos votar.
Agora, deixar, esquematicamente, ou de
forma contraditória, “sim” ou “não”, me parece coisa de pingue-pongue, e não é.
São vidas. Uma mulher saiu marcada, mas nós também sairemos marcadas, nesse
triste dia de 31 de março de dois mil e vinte e um.
Agradeço a todos que nos ouviram através
da TV Alesp. Agradeço as Sras. Deputadas e Srs. Deputados, senhoras líderes,
senhores líderes, e dizer que saio desta exposição minha triste, porque, enfim,
a gente não vê outra coisa, senão o mesmo de sempre. Eu acho que a minha
esperança é que um dia a gente mude um pouco essa forma de funcionamento da
Casa, se é que um dia a gente volta, mas, se tiver volta, que a gente volte de
forma diferente, e não da forma como está.
Muito obrigada, e uma boa tarde.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputada
Professora Bebel. Caiu a conexão da deputada Isa Penna. Então, tem uma questão
de ordem... Ah, retirou. Desculpa. Não havia visto. Desculpa, deputada.
Deputado Emidio de Souza.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Bem, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu tenho
acompanhado esta sessão desde o minuto que abriu. Essa questão, como todos
sabem, é uma questão que teve a minha participação direta, porque fui escolhido
relator no Conselho de Ética.
Agradeço muito a indicação da presidenta do
Conselho de Ética, deputada Maria Lúcia Amary, que, aliás merece os
cumprimentos pelo trabalho, pela firmeza que teve na condução daquele momento
mais difícil que o Conselho teve. O resultado todos sabem.
Mas eu queria primeiro, eu acho que é
importante para nós aqui entender o que houve no Conselho de Ética. O que
aconteceu lá? Mesmo porque aqui foram jogadas palavras ao vento, ou acusações,
quase, essa mania de partidarizar, por parte da nossa colega, deputada Janaina,
por outros também, do que aconteceu.
Então, vamos a um relato dos fatos.
Primeiro, do que realmente aconteceu no Conselho de Ética. O Conselho de Ética
procedeu a investigação. Ouviu testemunhas, ouviu deputados, recebeu defesa
prévia, analisou defesa prévia.
Fez o que teria que ser feito, que é
competência dele fazer. Passou com isso... Eu produzi
um relatório propondo seis meses de suspensão do mandato. E por que seis meses?
Todo mundo sabia, e sabe, que a minha
posição original é uma posição pela cassação do mandato, não por punição menor
que isso. Acontece que nós estamos em uma Casa Legislativa, e em uma Casa
Legislativa a gente não faz só o que a gente quer, a gente faz, vamos dizer, o
que se consegue construir para dar um passo.
Eu lamento muito, mas muito mesmo, o meu
querido amigo Campos Machado não poder ter estado presente por um problema de
saúde que eu acompanhei também. Falei com ele por telefone, ele hospitalizado,
e também aproveito para desejar boa recuperação.
Mas, como eu dizia, nós não fazemos, nem
no Conselho de Ética, nem no Plenário da Casa, nem no Colégio de Líderes, nem
nas comissões permanentes, em lugar nenhum, nem no Plenário, nós não fazemos
aquilo que nós queremos fazer. Nem o deputado, sozinho, tem força para impor a medida que precisa ser imposta, ou a proposta que ele quer
viabilizar.
Então
aqui é uma casa de negociação permanente. Então, tão logo eu percebi que a
proposta de cassação não tinha acolhida na maioria dos membros do Conselho, eu
tratei de construir uma maioria que topasse a penalidade máxima que conseguiria
atingir. E a penalidade máxima que se conseguiu atingir foi de 180 dias.
Pois
bem. O que aconteceu? Aconteceu que um deputado, o deputado Estevam Galvão, que
deve ter as suas razões, ele mudou de posição no dia da votação. Ele estava
comprometido com o apoio aos seis meses. Mudou de posição. Respeito, é direito
dele. Mas é isso que aconteceu.
O
resultado que nós poderíamos ter é cinco a quatro a favor dessa medida. E
ainda, se você contar que o deputado Campos Machado também votaria a favor,
você poderia ter tido um relatório de 180 dias por seis a quatro. Mas foi, pela
circunstância, foi cinco a quatro, pelo rompimento de um acordo.
Isso
é o que aconteceu no Conselho de Ética. Então foi vencida a proposta por um
voto, e proposta a pena de 119 dias. O que está claro, evidente por que ela foi
proposta: 119 não é um número cabalístico, encontrado de qualquer forma.
Não.
Foi 119 porque todo mundo sabe: os deputados podem pedir licença não remunerada
para tratamento de saúde ou para cuidar de assuntos particulares por até quatro
meses, sem chamar o suplente, por até 120 dias, preservando o gabinete e sem
chamar o suplente.
Então
colocaram 119 para dizer “o Cury não vai sofrer essa penalidade de perder o
gabinete”. Isso que levou o Conselho de Ética a propor essa medida. Eu louvo
também muito o trabalho do deputado Barros Munhoz, que foi um gigante nessa
questão.
Colaborou,
participou, articulou, se posicionou, saiu comigo do Conselho porque também não
concordou com o resultado. Aquilo foi muito ruim para o Conselho de Ética da
Assembleia. E tomou essa posição.
Então,
o que aconteceu ali foi exatamente isso. Não se trata de impor vontade, não
impor vontade. Aqui você não impõe vontade. Ninguém. Nem eu, nem o presidente
impõe vontade. Nem os líderes impõem vontade. Todo mundo tem que ceder um pouco
para tentar avançar alguma coisa. Sempre. Eu poderia propor. Poderia ter dois
votos, num universo de 10, a cassação. O que viria depois no lugar? Eu não sei.
Provavelmente, nada.
Então,
só para deixar as coisas às claras, para não ficar jogando com as palavras. Eu
acho que nós, parlamentares, temos um papel a cumprir. E a deputada Janaina
também.
Aliás,
fez uma proposta interessante, que eu acho que o Carlão, presidente, deveria
adotar, que é a proposta de colocar a voto nesse plenário, se cabe ou se não
cabe emenda dos parlamentares para esse projeto.
Eu
quero me deter um pouco sobre essa situação para dizer a vocês o seguinte. Eu
não conheço matéria, nesta Casa, votada nesta Casa, que não coubesse emenda
parlamentar. Todas, todas, todas, todas. Do Orçamento a qualquer outra coisa.
Você tem projetos que vai dar nome a uma rodovia, vai dar nome a uma ponte. Não
tem emenda a ser feita nisso.
Mas,
projeto que diga respeito a interesse da sociedade, ele cabe emenda. Ainda mais
quando esse projeto de resolução, que nós estamos a discutir, ele não trata de
coisas externas.
Não
gera despesa. Ele trata de uma coisa interna, com repercussão social imensa.
Repercussão social imensa. Então, por isso que eu acho… Deputado Campos. Eu
ouvi muito a sua argumentação de que estamos amarrados a votar em uma coisa ou
votar em outra.
Eu
acho que nós não estamos amarrados. Nem a decisão, nem o parecer da Procuradoria,
nos amarra a ter que adotá-lo. A Mesa muitas vezes não adotou parecer da
Procuradoria? Por quê?
Porque
tem um tempero que se tem que colocar. É um tempero político. Lógico, ninguém
agrediu o estado de direito. Agora, dizer que parlamentar tem o direito de
apresentar emenda, muda alguma coisa? Não.
Aqui
foi uma vontade política do deputado Carlão, que espero que recue. Espero que
se construa uma nova situação. Não há matéria que se vote aqui, que… Os
deputados, nós, não estamos fadados a dizer só “sim” ou “não”. Não há projeto
onde se diz só “sim” ou “não”, sem emenda. Sem emenda a qualquer proposta que
chegue aqui, qualquer.
Agora,
por exemplo, que está se discutindo o projeto das vacinas, o deputado Paulo
Fiorilo apresentou uma ideia. Ela não foi emendada. Ela foi desfigurada, feito
substitutivo, mudada completamente, acolhidas ideias.
Então
esse é o jogo parlamentar. Tolher os deputados de apresentar emendas para mim é
uma deformação grave da própria atividade parlamentar. O que é a atividade
parlamentar, senão o debate? O debate.
Então
nós poderíamos estar debatendo se houvesse uma emenda, por exemplo, vamos
supor, uma emenda do deputado Barros Munhoz, que propõe seis meses de
suspensão. A Assembleia poderia optar. Os deputados poderiam optar entre seis
meses e quatro meses, 119 dias. Poderiam optar. Poderiam optar pela cassação?
Poderiam.
Agora,
essa oportunidade, pela decisão do presidente, não está sendo concedida aos
deputados. Então nós não estamos sujeitos a um parecer e nem mesmo a decisão,
hoje, do desembargador Francisco Casconi.
Ele
não impede a Assembleia de fazer. Ele só não quis conceder liminar porque
provavelmente é uma matéria que provavelmente ele desconhece, não sabe dos
impactos dele. Por exemplo, disse, ao final da sua decisão, que ele não via
prejuízo em não conceder a liminar.
Mas
como não há prejuízo? Se ele não concede liminar, quando ele for avaliar o
mérito do mandado de segurança, a Assembleia terá feito a punição.
Provavelmente o deputado já terá cumprido a punição.
Quer
dizer, eu não acho que nem a decisão judicial, muito menos o parecer da
Procuradoria, eles não obrigam ninguém a tomar decisão. Eles servem como
suporte, como importância, que pode ser temperada. Ainda mais quando se trata
de uma questão que é de ética, de conduta do parlamentar.
Para
mim, durante esse tempo todo, principalmente durante o período que esse
processo tramitou no Conselho de Ética, ficou muito claro que nós estávamos
diante de um episódio de grave violação da conduta e da ética na Assembleia
Legislativa.
Aqui
muita gente falou “mas ele é bom”. Ele mesmo levou testemunha de mulheres, de
gente que trabalha com ele, dizendo “ele não é assim”, “ele foi um bom menino,
um bom garoto”, o professor dele, que deu aula.
Nós
não estamos julgando a vida pregressa do deputado Fernando Cury. Nós estamos
julgando um fato que foi, como deputado estadual, e que está a manchar o nome
da Assembleia Legislativa. É evidente que está a manchar. Por quê? Porque a
nobre deputada Isa Penna…
Eu
queria cumprimentar muito a deputada. Porque, para quem sofreu a agressão que
sofreu, ela teve um comportamento bastante razoável e ponderado nessa questão.
Ela mesma apoiava uma solução, se não fosse possível a cassação, uma solução
intermediária no Conselho de Ética. Como agora: acabou de expressar a ideia de
que “eu quero a cassação, mas se não for possível, vamos sentar para conversar
o que é possível”.
Eu
nunca vi aqui… Quando todo mundo quer, quando os líderes querem, quando a
maioria dos deputados quer, a Assembleia dá um jeito das coisas acontecerem,
seja projeto de lei...
Nós
construímos um projeto de lei, no início da pandemia, sobre medidas a serem
adotadas, que teve a contribuição de 94 deputados estaduais. Todos. Quer dizer,
tinha medidas ali que falavam “isso é competência do Executivo”. Mas era a
contribuição que nós tínhamos a dar.
Então
eu acho que essas amarras, que se tenta colocar como intransponíveis, elas não
são intransponíveis. O Colégio, se hoje se juntarem os líderes e houver uma
concordância em mudar isso, se muda isso aqui. Basta querer.
A
Assembleia já mudou muitas vezes, em muitas situações menos graves do que essa,
porque estava em jogo o interesse. Então nós não temos o que fazer. Tem coisas
que você coloca na frente. Tem coisa que se apressa.
O
deputado Campos Machado apresentou há poucos dias uma moção em homenagem ao
nosso falecido senador Major Olímpio. É evidente que essa moção tinha que
entrar na frente das outras. Porque ela, se fosse votada nos prazos da
Assembleia, seis meses depois, teria perdido o sentido. Então a Assembleia tem
um olhar político sobre isso.
Nesse
caso, da deputada Isa Penna, que sofreu, aqui se pode dizer que sofreu na
carne, na pele, na alma a agressão que sofreu. Mas ela foi interpretada e é
como uma agressão a todas as mulheres.
Nós
temos 18 deputadas entre os 94 deputados. O que aconteceu com a Isa Penna
poderia acontecer com qualquer um, qualquer uma das deputadas. Então isso não é
uma coisa comum. Não é aceitável. A sociedade brasileira avançou.
Quando
nós estamos julgando aqui, nós estamos quase que dizendo o seguinte: “As
mulheres que sofrem agressão no trem, no ônibus, no metrô, no ambiente de
trabalho, na universidade, dentro de casa, tudo bem. Vamos ter uma
tolerância.”. Não se pode.
A
deputada Janaina é professora de Direito e entende isso. Sou advogado. Outros
aqui são. O Campos é um grande advogado também. Vejam bem. A dosimetria de uma
pena tem que ser totalmente proporcional ao crime cometido. Você não pode punir
uma pessoa que assassina outra com prestação de serviços à comunidade. Você não
pode, com uma pessoa que assalta um banco, ela não pode ser punida com uma pena
de restrição muito pequena. É proporcional ao crime cometido.
O
que está se causando aqui é uma desproporção total. Um crime cometido e está
sendo quase que - como se diz no jargão popular - passado o pano. Passar o pano
para o que aconteceu aqui.
Portanto,
a imagem que nós passamos para a sociedade é a pior possível. É uma imagem de
tolerância com a coisa errada. É a imagem de tolerância com a agressão às
mulheres. Isso não é razoável. Isso não é correto. Isso não está à altura da
grandeza desta Assembleia Legislativa.
A
abertura que a deputada Isa Penna deu, há um tempo atrás, falando dessa
questão, da possibilidade de estar aberta a essa negociação, tem que ser
respondida positivamente.
É
uma oportunidade que a Assembleia tem de falar. E não há o que se dizer que “o
Regimento, no Art. ‘tal’, impede tal coisa”. Não impede. Não impede. Aquilo foi
uma interpretação elástica que a Mesa fez. Ou melhor, o Carlão fez uma
interpretação elástica na parte que interessava.
Aqui
não se proíbe emenda. Mas o parecer da Procuradoria, que eu respeito também,
não há parecer que seja inquestionável. Todo parecer é questionável. O próprio
parecer, na votação do impeachment da presidenta Dilma, que a Janaina foi uma
das proponentes, ele sofreu mudança no final. Por exemplo, os direitos
políticos dela foram preservados. O que não era o natural.
Por
quê? Quando você discute penalidade, você não precisa ser absoluto. Não tem
nada absoluto. Não estamos tratando de uma casa homologatória. Nós não somos
cartório, carimbador.
Nós
somos uma Casa legislativa, que representa mais de 40 milhões de paulistas.
Desses, mais de 22 a 23 milhões são mulheres. Esse tipo de agressão se tornou
uma coisa permanente. Nós não podemos passar o pano para esse tipo de coisa.
Nós
já vivemos um momento que é um momento muito difícil. Tem muitos homens, e eu
sou um deles, que apoia a luta das mulheres. Eu não quero substituir as
mulheres, a luta que elas têm, porque isso é próprio delas.
Mas
os homens podem e devem apoiar a luta pela emancipação das mulheres, muito mais
ainda contra a discriminação e contra a violência, contra o abuso que se comete
contra elas. Eu acho que os homens deveriam se preocupar um pouco mais com
isso. Foi o que eu fiz.
Então
eu não acho, deputada Janaina, que é só você, que “só eu que defendo, a única a
pedir cassação”. Não é, não é. A deputada Isa Penna, com o nosso apoio, com o
apoio da bancada do PT e mais algumas, a deputada Marina Helou, a deputada
Patrícia Bezerra, e outras, apoiaram.
Apresentaram
uma emenda propondo a cassação do mandato. O problema é que essa emenda não
está sendo permitida ser apresentada na apreciação. Então não vamos inverter os
valores, inverter as coisas.
E
muito menos essa coisa “o PT foi omisso”. Omisso no quê? Omisso no quê? Todo
mundo sabe da nossa posição. Eu não queria fazer um relatório para agradar a
mim mesmo. Eu queria fazer um relatório que tivesse efetividade, que algo
pudesse acontecer, mesmo que não fosse aquilo que eu queria.
Não
foi possível. Então eu digo a vocês que eu repito aqui. O parecer da
Procuradoria não obriga a Mesa a nada. A Mesa pode falar “tem isso aqui e isso
aqui, mas nós achamos que vamos deixar os deputados fazer”, que é o comum.
O
comum é deputado apresentar ideia. Uma casa onde os deputados não podem
apresentar ideia, e estão cingidos a dizer “sim” ou “não”, não é uma Casa
legislativa, é um cartório.
Nós
somos uma casa de ideias. Aqui é um debate de ideias, de onde a ideia de um com
a do outro pode produzir um consenso. Pode e deve. Nem aqui e nem em lugar
nenhum. Então eu penso que se trata aqui, acho que o que se buscou foi evitar
que os deputados, no plenário, se expusessem, a ter que tomar uma decisão.
Então
ficou mais confortável para os deputados falarem “eu não tenho o que fazer, eu
gostaria de fazer isso, mas eu não posso, porque veio do Conselho de Ética, eu
não posso mudar”. Ficou confortável para muita gente dizer isso.
Então é hora de a gente reagir, tem tempo,
nós estamos em plena discussão da matéria e nós temos juízo. Nós sabemos
negociar? Sabemos negociar, negociamos tudo aqui, todos os projetos que chegam
aqui são negociáveis. Muitas vezes eu não concordo com nada, mas é o que foi
possível, sabe? Agora, nada realmente não me parece uma coisa razoável.
Deixe-me dizer uma coisa para vocês, o
Conselho de Ética, apesar de ser presidido por uma mulher, a Maria Lúcia Amary,
ela era a única mulher em um total de dez. Eram nove homens e uma mulher.
Eu pergunto a vocês, se esse Conselho
tivesse paridade entre homem e mulher seria igual a decisão? Evidente que não
seria. A decisão seria diferente, provavelmente muito mais favorável a uma pena
mais dura.
Por isso que eu apresentei um projeto de
lei agora prevendo paridade no Conselho de Ética, porque eu acho que é
importante. Se esta Assembleia, ao invés de ter 18 deputadas, tivesse 48, a
metade da Assembleia, provavelmente nós estaríamos em outro patamar de
discussão.
Então, deputada Janaina, eu quero dialogar
com V. Exa. para dizer o seguinte: olha, eu acho que a colaboração que V. Exa.,
estou vendo agora, V. Exa. está até radicalizada, “não, sou a favor da
cassação”, a deputada Valeria Bolsonaro também dizendo a mesma coisa.
Deputada, o único representante do seu
partido, partido que você lidera, no Conselho de Ética, deputado Adalberto
Freitas, não votou na proposta de seis meses, ele votou na proposta de 119
dias, foi um dos articuladores disso.
Então não vamos fazer discurso para a
plateia, vamos ser concretos, vamos dizer o que é, vamos falar do nosso esforço
e vamos trabalhar para melhorar essa proposta. Dá para melhorar? É evidente que
dá para melhorar. Dá para melhorar e dá para melhorar muito, que é o que eu
acho e espero que esta Assembleia ainda faça.
Nós estamos em um período de um alto
simbolismo. Sabe, esse 31 de março, primeiro, discutir o que significa esse
golpe militar na história do País, é uma, eu acho, vergonha hoje a gente ouvir
o ministro da Defesa ainda comemorando, dizendo da importância que teve.
Sufocar a democracia por 21 anos tem importância para quem? Para quem? Para o
País que não foi.
Agora, por que isso é importante também?
Porque agora nós estamos diante de uma nova ameaça, a ameaça feita e praticada
por um presidente, Janaina, do seu partido, que era do seu partido, ele saiu.
Você ficou, ele saiu, mas você foi eleita junto com ele.
Então, talvez, precisasse se dirigir a ele
dizendo o seguinte, estado de sítio, estado de defesa se usa quando o País está
em guerra. Ninguém pode propor estado de defesa por conta de uma calamidade
pública, do qual ele é o principal responsável. Ele é o principal responsável.
Aliás, Campos, Barros, presidente Carlão
Pignatari e todos os líderes, é hora da Assembleia fazer uma manifestação
unitária em defesa da autonomia dos estados, que ele está querendo quebrar.
Entrou com medida no Supremo Tribunal Federal nesse sentido, foi barrado no
Supremo pelo ministro Marco Aurélio e ontem o líder do Governo na Câmara,
deputado Major Vitor Hugo, apresentou uma nova proposta nesse sentido, querendo
dar mais poderes ao Bolsonaro, tirando dos governadores e tirando dos estados.
Ora, se a Assembleia Legislativa não for
capaz de defender a autonomia do estado de São Paulo no momento em que ela
sofre tentativa de agressão, o que ele quer? Ele quer controlar a Polícia
Militar, ele quer controlar, quer tirar isso da autonomia do estado, do
governador, para colocar a serviço dele.
Em minha opinião, Campos, a Assembleia
deveria se manifestar, repudiando esse projeto de lei do deputado Vitor Hugo,
porque a guerra que nós movemos é uma guerra não contra nenhum inimigo externo
e nenhum inimigo interno, nós movemos uma guerra contra o negacionismo, contra
a ideia de que nós estamos em um país e que a vacina não serve, não vai dar
nada.
Sabe, nega-se o direito de a população se
vacinar no tempo certo, nega-se a discutir vacina no tempo, negociar as vacinas
no tempo que deveria se negociar, pelo exemplo do presidente se joga pela
janela a missão de que se deve usar máscara, se deve manter o distanciamento
social. É assim o tempo todo.
Então, se tem uma guerra, é uma guerra
contra esse obscurantismo. O difícil nela é porque quem está na Presidência do
País, ao invés de estimular o povo a se proteger, estimula o povo a se mostrar,
aparecer, desdenhar da pandemia. Desde o começo é assim, continua assim, como
se houvesse uma contradição entre a economia e a doença.
Deputado José Américo, não há economia que
funcione no nosso País enquanto a pandemia não for enfrentada como deve ser. Só
o Bolsonaro que não percebe isso, só ele que perde tempo com ministro, com
general, que pode ter competência para o que quiser, para a Saúde não tem nada.
Esse isolamento que o nosso País teve, que
agora, derrotado no Supremo, derrotado na Câmara Federal, na sua tentativa de
assumir o controle absoluto e isolado internacionalmente, ele pretende reagir
como um bicho acuado. E a reação dele é contra a democracia, é querer mais
poder. Se com o poder que ele tem ele já causou esse estrago, você imagina mais
poder na mão dele.
Então eu acho, e vou propor que a
Assembleia Legislativa de São Paulo se manifeste em defesa da autonomia dos
estados, como está escrito na Federação, em defesa da verdade da Federação, das
regras de uma Federação que subsistiu até aqui. Eu acho que são temas
importantes que nós temos que enfrentar.
Eu queria, por fim, dizer a vocês, a todos
os deputados, pedir que a gente faça um esforço de negociação, que não nos
prendamos a um Regimento e a um Código de Ética, que nem ele impede de ter
emenda. Porque nós estamos nos prendendo aqui à interpretação feita pela
Procuradoria e adotada pelo presidente da Casa. Nós não estamos fadados a ter
que operar com isso.
Será que a nossa criatividade, a nossa
capacidade de negociação não é capaz de produzir algo melhor do que o que está
aqui? Evidente que é capaz. E eu tenho certeza de que se a gente tirar 10 ou 15
minutos de suspensão da sessão nós conseguiremos chegar a um acordo. Não precisa
nem todo mundo, bastam os líderes sentarem e colocarem essa possibilidade. Eu
acho que se tem alguém que poderia não aceitar isso...
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Para concluir,
deputado Emidio.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Concluindo, deputado
Carlão, se tem alguém que poderia, não assim...
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Emidio,
um momentinho. Parece que... Isso. Caiu? Não.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Oi?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - O senhor está me
ouvindo, deputado?
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Estou te ouvindo. E
você?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Encerra,
desculpa. É que tinha ficado...
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Para encerrar, então, se
tem alguém que poderia se insurgir contra uma tentativa de acordo é a própria
deputada Isa. Ela está admitindo essa possibilidade. Não vamos perder essa
oportunidade, para engrandecer e para que a Assembleia saia deste episódio
maior do que entrou.
É isso, senhoras e senhores.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputado Emidio.
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos
termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, combinado com o Art. 2º,
inciso II, alínea “a”, do ato da Mesa nº 12, de 2021, convoco V. Exas para uma
sessão extraordinária a realizar-se hoje, dez minutos após o término desta
sessão, em ambiente virtual, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem
do Dia:
* * *
-
NR - A Ordem do Dia para a 5a Sessão Extraordinária em Ambiente
Virtual foi publicada no D.O. de 01/04/2021.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Esta sessão se
encerra às 15 horas e 10 minutos. Para discutir, o deputado José Américo.
O
SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -
Boa tarde, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, boa tarde, Sr. Presidente. Queria,
antes de mais nada, fazer uma pergunta para o senhor que é a seguinte: dentro
de dez minutos termina, eu vou continuar falando depois, na próxima sessão?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Será preservado o
restante do tempo do nobre deputado.
O
SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Ok, muito obrigado.
Queria, então, saudar o senhor em primeiro lugar e, a partir daí, saudar a
todos os Srs. Deputados e as Sras. Deputadas.
Quero, em primeiro lugar, prestar uma
homenagem aos mortos que nós temos tido na cidade de São Paulo, no estado de
São Paulo e no Brasil pela Covid, na figura do meu amigo e colega de Câmara
Municipal, o pastor Jean Madeira. O pastor Jean Madeira, 44 anos, morreu no dia
de hoje. Ele foi secretário de Esportes, mas não foi secretário de Esportes por
acaso. O Jean Madeira era faixa preta de judô, da Federação Paulista, uma
pessoa voltada ao esporte, uma pessoa saudável e, de repente, a Covid levou até
mesmo ele.
Deixar aqui um abraço para a esposa, para
a filha dele, que estão muito consternadas. Não tem muito o que dizer para as
pessoas que ficaram. É difícil consolar as pessoas que perdem um pai com 44
anos de idade. A filha dele, Amanda, deve ter 17 anos, 18 anos. Então, uma
filha que perde um pai nessa idade é muito triste, uma esposa, também, muito
triste.
Posto isso, quero também dizer que essa
Covid, do jeito que está, matando muita gente, as
autoridades praticamente perderam controle sobre a Covid, enquanto no mundo a
gente tem um refluxo.
Nós temos um refluxo da pandemia. Ontem,
se vocês juntassem Estados Unidos, Espanha, França e vários países da Europa
davam, mais ou menos, 3.200 pessoas, que são as que morreram no Brasil.
Até nos Estados Unidos, onde os
negacionistas têm muita força, até nos Estados Unidos a epidemia está em
refluxo. Por quê? Porque estão vacinando, estão fazendo isolamento social.
E, nos Estados Unidos, que até agora foi
onde mais morreu gente em um único dia, chegou a morrer, lá, por dia, cinco mil
pessoas. O que aconteceu nos Estados Unidos? Mudaram o presidente.
O fato de o Trump ter perdido para o Biden
foi determinante, 100 milhões de pessoas já foram vacinadas, mais 50 em curso,
ou seja, 150 milhões de pessoas vacinadas, quase a metade dos americanos
vacinada. Então, significa que eles estão vacinando todo mundo hoje, mas os
setores mais vulneráveis são praticamente todos vacinados.
Os Estados Unidos são um país complexo,
isso não é feito de maneira uniforme no país como um todo. Você pega Nova
Iorque, todo o setor vulnerável está vacinado, você vai para o Texas, você tem
muita gente vacinada, mas não é o setor vulnerável, porque muita gente não
aceita a vacina etc.
O Brasil tem mais aceitação à vacina do que
os Estados Unidos, mas a mudança do presidente foi determinante. O Trump era
negacionista.
Então, aqui no Brasil, nós temos que
entender que o presidente Bolsonaro, infelizmente - não quero chocar ninguém
aqui que gosta do presidente Bolsonaro, mas goste dele por outros motivos, não
por esse -, ele é um negacionista que fez tudo de errado, não é? Fez tudo de
errado e tentou impedir a vacinação, não comprou a vacina da Pfizer, não
comprou as vacinas que foram oferecidas e o País chegou aonde chegou.
Estimulou o não uso da máscara. Vocês
sabiam que no ministério pegava mal quem chegava de máscara até 20 dias atrás,
até o discurso do Lula? Quando o Lula fez aquele discurso o próprio Bolsonaro
passou a usar a máscara, mas nós sabemos que não é verdade. O negacionismo faz
parte da estrutura mental dele, então ele vai continuar fazendo isso.
O Pazuello, que
mostra um pouco a formação dos militares brasileiros, que eu acho que precisa
ser revista, o Pazuello tudo bem, é uma pessoa
incompetente para a função, mas eu acho que muito do que o Pazuello
fez foi imposição do presidente Bolsonaro. Não foi coisa do Pazuello.
Se deixasse o Pazuello lá eu não sei se ele não teria
feito melhor do que fez, não é? Bom, mas enfim, gente, isso aí é um assunto que
a gente vai ter que aprofundar em algum outro momento.
Eu estava me esquecendo, mas queria saudar
a presença entre nós da minha amiga, colega de Câmara Municipal, a deputada
Patricia Bezerra. Vocês vão conhecer a Patricia Bezerra, é uma mulher, esposa
do nosso Carlos Alberto Bezerra, nosso amigo, uma mulher íntegra, firme,
inteligente, ótima parlamentar. Falei outro dia para a líder do PSDB, falei:
“Olha, vocês trouxeram um grande reforço, que é a Patricia Bezerra, um grande
reforço.”.
Então, Patricia, um superabraço para você.
Estamos felizes em ter você entre nós, você é uma pessoa extremamente coerente,
inteligente, combativa, não é? E é isso aí, vai elevar o nível da Assembleia
Legislativa, com certeza.
Gente, temos aí também o nosso 31 de março
que, para mim, que fui uma pessoa que lutou contra a ditadura, lutei contra a
ditadura na clandestinidade, posso dizer para vocês o que era a ditadura
militar. A ditadura militar brasileira não era só cruel, era uma ditadura que
servia a propósitos internacionais.
A ditadura brasileira era comandada de
Washington e se valeu do que tinha de pior na sociedade brasileira para poder
reprimir a esquerda. A ditadura fez aliança com bandidos, com bicheiros, com
todo tipo de gente ruim que tinha no Brasil para poder impor o seu ponto de vista,
para poder impor seu ponto de vista e a ausência da democracia. Ela não tinha
como defender aquele regime do jeito que estava, não tinha como defender.
No começo tinha algum apoio, mas depois,
com a traição dos seus próprios propósitos a partir de 68... Não estou dizendo
que o regime de 64 era bom, mas, a partir dessa revolução interna, ela perdeu
legitimidade, então teve que se valer de pessoas. Vocês conhecem o capitão
Guimarães, do Rio de Janeiro, o bicheiro, capitão Guimarães? Esse era um homem
importante da ditadura no Rio de Janeiro, em um esquema de repressão, capitão
Guimarães, bicheiro.
Aí você teve Mariel Mariscot,
você teve muita gente que trabalhou em favor da ditadura e que era um bando de
bandidos. Bandidos, milicianos etc. Isso foi a ditadura brasileira que foi,
depois, isolada internacionalmente, foi combatida...
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado
José Américo, está encerrada a presente sessão, lembrando os nobres
parlamentares que, daqui a dez minutos, tem uma terceira e última sessão
extraordinária e o deputado José Américo tem 22 minutos e 8 segundos para
encerrar a sua fala. Até daqui a dez minutos.
Está encerrada a presente sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 15 horas e 10
minutos.
* * *