8 DE JUNHO DE 2021
41ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA EM AMBIENTE VIRTUAL
Presidência: ANDRÉ DO PRADO
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - ANDRÉ DO PRADO
Assume a Presidência e abre a sessão. Coloca em discussão o
PL 251/21.
2 - JANAINA PASCHOAL
Discute o PL 251/21.
3 - PROFESSORA BEBEL LULA
Discute o PL 251/21.
4 - DR. JORGE LULA DO CARMO
Discute o PL 251/21.
5 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PL 251/21.
6 - PROFESSORA BEBEL LULA
Para questão de ordem, solicita que a sessão seja suspensa
por 15 minutos para que as discussões sobre este projeto sejam reorganizadas.
7 - VINÍCIUS CAMARINHA
Para comunicação, afirma que a liderança do Governo está
dialogando com todos para buscar um entendimento neste projeto. Solicita ao
presidente a suspensão da sessão por 15 minutos, para que o projeto possa ser
aperfeiçoado.
8 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Suspende a sessão por 15 minutos, por acordo de lideranças às
12h11min; reabrindo-a às 12h27min.
9 - MARINA HELOU
Para questão de ordem, afirma que muitos dos deputados
inscritos não retornaram ainda da suspensão da sessão. Solicita que seja
avisado no grupo dos líderes que a sessão voltou, para que os inscritos possam
continuar a discussão do projeto.
10 - CAIO FRANÇA
Discute o PL 251/21.
11 - ENIO LULA TATTO
Para questão de ordem, informa que estava inscrito para a
discussão, mas estava em reunião com a liderança de sua bancada. Pergunta ao
presidente se deveria se reinscrever novamente ou não.
12 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Pede que o deputado se reinscreva para discutir o projeto.
13 - ENIO LULA TATTO
Diz ser importante solicitar uma nova suspensão para
discussão das bancadas.
14 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Informa que há ainda diversos inscritos na lista de
discussão.
15 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA
Discute o PL 251/21.
16 - MARINA HELOU
Discute o PL 251/21.
17 - MAURICI
Discute o PL 251/21.
18 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Convoca os Srs. Deputados para uma segunda sessão
extraordinária em ambiente virtual, a realizar-se hoje, às 15 horas.
19 - ISA PENNA
Solicita uma verificação de presença.
20 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Informa que há quórum de 38 deputados logados no sistema, não
sendo necessária a verificação de presença.
21 - ISA PENNA
Para questão de ordem, questiona se, na verificação de
presença, os deputados não deveriam ser chamados e se apresentarem ao presidente.
22 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Informa que, de acordo com o ato da Mesa que discorre sobre
as sessões virtuais, foi estabelecido que o login dos deputados no sistema já é
suficiente para a presença.
23 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Discute o PL 251/21.
24 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Responde a questão de ordem da
deputada Isa Penna, lendo trecho do ato da Mesa referente à verificação de
presença. Lembra a realização da segunda sessão extraordinária, a realizar-se
às 15 horas de hoje. Encerra a sessão.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. André do Prado.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Bom dia a todos, Sras. Deputadas e Srs. Deputados. Havendo o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior, e declara aberta a 41ª Sessão Extraordinária em Ambiente Virtual. Ordem do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Proposição em regime de urgência. Discussão e votação do Projeto de lei nº 251, de 2021, de autoria do Sr. Governador, que dispõe sobre a criação de unidades regionais de saneamento básico, com fundamento nos Arts. 2º, Inciso XIV, § 3º; e Inciso VI, Alínea “b”, da Lei nº 11.445, de cinco de janeiro de dois mil e sete.
Em discussão. As Sras. Deputadas e Srs. Deputados que têm interesse em discutir a matéria, queiram se inscrever pelo chat. A primeira inscrita é a nobre deputada Janaina Paschoal. Com a palavra.
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, Sr. Presidente. Cumprimento V.
Exa., e todos os colegas presentes.
Eu acompanhei todas as reuniões, todas as audiências
públicas referentes a esse projeto. Cumprimento o líder do Governo, pela
condução das audiências, pela chamada das audiências.
Cumprimento também o Sr. Secretário Penido, que
participou de todos os encontros, tanto as audiências públicas, como alguns
Colégios de Líderes, e foi muito atencioso, respondendo as dúvidas, e atendendo
todas as demandas. No entanto, eu sigo entendendo que o projeto não é bom.
E, respeitosamente, vou explicar o porquê.
O projeto foi apresentado, primeiramente, como
cumprimento - vamos dizer assim - de um requisito federal, do marco do
saneamento, para que São Paulo, primeiro, pudesse receber verbas para fins de
universalizar tanto a distribuição de água potável como a recolha e o
tratamento do esgoto.
Então, para que São Paulo pudesse receber essas
verbas, seria necessário dividir o estado nas Uraes, que são essas regiões
criadas por esse projeto. Além dessa divisão ser necessária para receber essas
verbas, o projeto foi apresentado com o argumento de que, se o estado de São
Paulo não fizesse essa divisão por conta própria, a União estabeleceria esses
cortes no nosso território.
Então, houve um argumento, primeiro, orçamentário,
financeiro, econômico, e um argumento segundo, vamos dizer assim, de soberania,
ou federativo. Vamos, nós, o estado de São Paulo, fazer a divisão,
conforme os nossos critérios, para que a União não aja, em virtude do não
cumprimento de um requisito, que tem que ser observado até o meio desse ano -
se eu não me engano, 15 de junho.
Aí, nós fomos para as audiências. Apareceram vários
especialistas, de entidades, do Ministério Público, colegas deputados, cada um
com a sua perspectiva, trouxeram as suas colaborações, indicaram
especialistas.
Quando eu levantei o argumento, na verdade, perguntei
de onde é que viria esse tal dinheiro para fazer a universalização do
saneamento, o secretário respondeu que, na verdade, não há previsão de remessa
de verbas federais, não há, e que essa universalização ocorreria por força da
junção de municípios mais potentes, ou seja, mais capazes economicamente, com
municípios mais vulneráveis, e que as obras necessárias para sanear seriam
pagas pela própria prestação de serviço.
Então, assim, deixa eu repetir, para que fique claro.
Quando o PL chegou, em um dos encontros, o argumento era de que nós tínhamos
que cumprir esse requisito, aprovar esse projeto até o meio do ano, fazer a
divisão do território, para receber verbas federais.
Quando eu perguntei que verbas eram essas, de onde é
que elas viriam, quais seriam os critérios para a utilização, o secretário
disse: “não, houve uma má compreensão, não têm verbas federais para serem
enviadas depois da aprovação desse projeto. Na verdade, as obras...”. E todo
mundo sabe que as obras de saneamento são caras. “Serão feitas com o pagamento
do serviço prestado”.
Essa resposta não me convenceu, porque, se fosse
verdade que o pagamento do serviço prestado seria suficiente para universalizar
o saneamento no estado de São Paulo, e aqui eu falo mais de tratamento de
esgoto, até, do que distribuição de água, se fosse suficiente, nós não
precisaríamos nem do projeto, já teria universalizado.
Porque, no estado de São Paulo, inclusive, é sabido
que muitas residências pagam pelo tratamento do esgoto, sem ter o esgoto
tratado. Então, eu não consigo ver potencialidade do pagamento do serviço
garantir a universalização do saneamento. Então, esse é o primeiro ponto.
Segundo ponto. “Ah, nós não queremos que a União
chegue aqui, de maneira arbitrária e divida o nosso território”. O
problema é que o estado, por meio desse projeto, também está dividindo o
território de forma autoritária, porque a verdade é que não há
critérios. Alguns colegas sustentaram, lastreados nos estudos do
Ministério Público, que o critério deveria ser o das bacias hidrográficas.
Outros colegas defenderam a questão geográfica.
Até porque, como se pretende, mediante esse projeto,
garantir - vamos dizer assim - os municípios que são servidos pela Sabesp - e
aqui não tem críticas, todo mundo sabe que eu sou uma defensora da Sabesp - mas
como se pretendeu, mediante esse projeto - vamos dizer assim - garantir o que
já é Sabesp, existem vários focos, de municípios que estão - vamos dizer assim
- na tal da Urae Sudeste, que é atendida
pela Sabesp, criando buracos no mapa da divisão.
Então, de certa maneira, a divisão estadual também foi
arbitrária, porque se preservou o que era Sabesp, e dividiu, entre aspas, o
resto, segundo o secretário, pensando num critério econômico-financeiro, unindo
municípios mais pobres, municípios mais ricos, para que os mais ricos financiassem
os mais pobres, por meio do pagamento do serviço.
Então, os dois argumentos trazidos para a Casa, a meu
ver, não se sustentam. Porque a divisão também é sem critérios geográficos,
hidrográficos, e a divisão feita não possibilita a universalização. Porque, por
mais ricos, entre aspas, que sejam os municípios, eles não terão condições de
bancar as obras que precisarão ser feitas no seu território e nos territórios
dos municípios vizinhos.
Além dessas questões mais palpáveis, tem um problema
aí de sobreposição de autoridades, que eu tenho levantado não só neste PL.
Levantei a questão no PL dos distritos turísticos, provavelmente enfrentaremos
quando debatermos as regiões metropolitanas. O Poder Executivo falha, e eu
posso atribuir a culpa ao Poder Executivo, porque, quando um deputado tenta
fazer, o projeto é barrado, porque se entende que é inconstitucional.
Até a gente, na CCJ, acaba seguindo a orientação,
porque, fatalmente, o projeto não vai ter sucesso. Mas são muitos projetos
que se sobrepõem, divisão do estado em distritos turísticos, divisão do estado
em regiões metropolitanas, em aglomerados, agora em Uraes, criação de uma
série de conselhos, todos sobrepostos. As autoridades as
entidades interfederativas.
Então, fica um limbo de poder. Não se sabe bem quem é
que vai decidir, se são os municípios em conjunto, em um conselho, vamos dizer
assim, se é uma tal entidade interfederativa, que se sobrepõe aos
municípios. Não se sabe qual é a atribuição, a obrigação, as obrigações que o
estado de São Paulo, o Poder Executivo...
Estão me ouvindo, ou cortou?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Estamos
ouvindo, sim, deputada.
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Estão me
ouvindo, presidente?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Sim, estamos
ouvindo bem.
A SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL - Ok, é que
travou para mim, perdão. Obrigada, presidente. Não se sabe quais são as
competências, as atribuições, as obrigações que o estado de São Paulo terá, o
Poder Executivo, nessa universalização do saneamento.
Eu tenho medo de nós aprovarmos esse projeto - não
ficou clara para mim qual a finalidade - e aí, quando chegar 2030, quando
chegar a hora de - vamos dizer assim - prestar contas, dizer: “olha, nós não
temos culpa, nós fizemos a nossa parte, as entidades interfederativas, as
autoridades previstas no Estatuto da Metrópole, no Marco do Saneamento, ou no
PL aprovado pela Assembleia, elas é que não cumpriram o seu papel”.
Então, existem muitos buracos nesse projeto. Eu
perguntei para o secretário, e aqui quero deixar bem claro que, diferentemente
de vários colegas, que são resistentes a esse projeto, todos sabem que eu não
tenho nenhum problema com a iniciativa privada. Eu não tenho nenhuma objeção em
concessões, privatizações, contratações, desde que sejam bem feitas.
Eu perguntei para o secretário, eu falei: “esse
projeto está sendo pensado para fins de concessão, para fins de privatização?”.
Porque alguns colegas levantaram essa tese, de maneira - vamos dizer assim -
crítica. Eu não critico, porque eu acho que a iniciativa privada é que tem
dinheiro para a gente universalizar o saneamento.
O problema é que o projeto nem foi pensado para uma
coisa, nem para outra, porque, quando eu perguntei isso para o secretário, ele
disse: “de maneira nenhuma, doutora, não é nosso objetivo, não é nosso objetivo
privatizar, nem conceder”.
Não sei se ele estava respondendo especificamente
sobre a Sabesp, ou se estava falando no geral. O que ficou muito claro nas
nossas audiências públicas é que ele não existe um dia seguinte a esse
projeto.
Eu fico muito preocupada, toda vez que o Executivo
manda um projeto para a Casa, aparentemente, para cumprir tabela, sem ter um
dia seguinte do projeto, e isso vem acontecendo. Então, assim, às vezes, a
gente vai para a audiência pública, não é para entender o que está escrito. A
gente sabe ler, a gente entende o que tá escrito.
É saber o seguinte: “tudo
bem, em aprovando isso aqui, o que é que o Governo do Estado vai
fazer para implementar?” Então, por exemplo, hoje nós estamos debatendo um
projeto de saneamento.
Chegou hoje, na Casa, um projeto pedindo autorização
para que o Poder Executivo realize empréstimos, da ordem de quase seis bilhões
de reais. São cinco bilhões internamente, e mais uns tantos milhões de dólares
externamente, para infraestrutura, para tecnologia.
Eu fiquei pensando: será que é para obras de
saneamento? E o Estado vai fazer essas obras, independentemente dessas
entidades interfederativas? Eu gostaria de ver o plano, um plano, no
mínimo, de médio prazo, e não apenas um projeto para cumprir - vamos dizer
assim - tabela, cumprir o prazo do Marco do Saneamento, impedir que a União
venha aqui nos dividir.
Está faltando planejamento. Eu venho percebendo isso
em vários projetos, desde o PL 01, que nós autorizamos tantas coisas, e depois
não aconteceu nada. Então, uma dificuldade muito grande de implementação, do
que se manda para esta Casa.
Os projetos precisam se comunicar. Não dá para a gente
aprovar uma divisão do Estado, sem clareza de qual vai ser o dia seguinte,
aí, daqui duas semanas, autorizar um empréstimo de seis bilhões, sem
saber exatamente quanto desse dinheiro vai ser aplicado em
saneamento.
Então, como o governo tem muita... E aí eu não quero,
respeito todos os meus colegas o voto dos meus colegas. Não estou aqui, de
maneira nenhuma, constrangendo ninguém, mas como o governo tem (Inaudível.)
projetos que, no fim, não ficam bons para a população, porque não existe uma
cobrança da qualidade do projeto, da qualidade não só da redação, da qualidade
técnico-jurídica, mas da qualidade de potencialidade de implementação.
Então, eu, realmente, vou obstruir o projeto. Quando o
governo tiver quórum - e eu sei que vai ter quórum - eu vou votar, porque é o
que tem acontecido sempre. Eu, Janaina Paschoal, vou votar contrariamente ao
projeto.
Já manifestei essa minha posição na bancada. Sei que
têm colegas que, em regra, na minha bancada, votam com o governo, e eu sempre
os respeitei, e, como sempre, vou deixar a minha bancada livre, porque é da
minha natureza, e da natureza do próprio grupo, do próprio partido.
Mas esta é a minha posição, pedindo, encarecidamente,
para o bem de São Paulo, que o Poder Executivo cuide, ao mandar projetos para
esta Casa, de já apresentar o que será o dia seguinte à aprovação.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputada Janaina Paschoal. Dando sequência à lista de oradores inscritos para a
discussão, com a palavra o nobre deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr.
Presidente, o senhor me ouve?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Ouço bem, Paulo, mas só que o senhor está sem vídeo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - A minha conexão está oscilando. Eu vou me inscrever, por favor, no final da lista.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Ok, problemas de conexão do deputado Paulo Fiorilo. Vamos dar sequência, então, à lista de oradores inscritos. Com a palavra a nobre deputada Professora Bebel.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Bom dia, Sr. Presidente, deputado...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - André do Prado.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - André do Prado. Desculpe. Então, eu, como professora, também falho nas lembranças de nomes.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Estamos em casa, professora.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Um bom dia para o senhor, um bom dia para
as minhas colegas líderes, deputadas, os meus colegas líderes, deputados.
Enfim, toda a Assembleia Legislativa, os deputados que compõem a Assembleia
Legislativa e todos que nos ouvem e assistem através da TV Alesp. Entendo
que é um espaço muito importante para o debate de todos os projetos de leis.
Eu começo dizendo o seguinte, eu vou começar pelo método de discussão desse projeto de lei. Eu acho que todos nós aqui, por mais divergência que eu possa ter… Este projeto de lei teve debate, nós não podemos dizer que não teve, eu própria indiquei uma debatedora, outros também indicaram, isso teve.
Foram duas, três reuniões, uma em uma semana, e duas... Uma geral, depois uma só com prefeitos e vereadores de municípios que tinham Sabesp, e outros que não eram regidos pelos serviços da Sabesp.
Então, nesse sentido eu não tenho reparos a fazer do ponto de vista do método, talvez do tempo, eu acho que seria... Eu acho que eu tiraria da urgência, faria um debate mais qualificado e profundo, e na Casa, na Casa mesmo, do que significa esse marco regulatório, e se bem implantado pode servir a população.
Nós sabemos perfeitamente que o adoecimento de grande parte da população vem exatamente por não ter um saneamento básico, o esgoto é a céu aberto, então são questões que exigem sim um plano diretor, um planejamento exequível, que tenha diretrizes, metas, estratégias de como chegar a esse todo, porque você está falando do estado de São Paulo na sua totalidade.
Muito embora é importante que a gente diga o seguinte, aqui a gente ainda não instituiu... Por exemplo, não tem no estado de São Paulo um regime de colaboração. Se o artigo 26 da Constituição Federal já fosse colocado em prática, o regime de colaboração daria conta de fazer toda essa engenharia que tem que ser feita para colocar em prática esse marco regulatório.
Eu venho de uma região... Eu tenho a honra de dizer que, primeiro, o prefeito de Piracicaba na época, que era o José Machado, do Partido dos Trabalhadores, ele constitui o chamado consórcio das águas naquela região toda, porque o Rio Piracicaba não estava dando conta de abastecer os habitantes de Piracicaba. Então foi feito esse consórcio das águas. Ali ele construiu a Águas do Mirante, constituiu a própria forma de gestão da água.
Faltou instituir... Tem a tarifa social, mas uma tarifa social... Ele indicou a tarifa social, e nisso ele deixa o governo. Aí essa forma de abastecimento, isso foi seguindo danos e mais danos. Então nós temos coisas do tipo: vai faltar água em um bairro, então desliga a água daquele bairro. Aí quando a água vem, ela vem com uma força que mexe no ponteiro e sobe o valor da água, e isso é má gestão.
Então nós tivemos, eu particularmente tive um embate muito forte e intenso com o ex-prefeito, que era o Dr. Bajas Negri, exatamente porque essa questão da água e do saneamento básico são muito precárias em Piracicaba. Eu estou falando de Piracicaba, que não é qualquer munícipio; considerado desenvolvido, onde tem universidades, avanço tecnológico, enfim, estou falando desse munícipio em questão.
Então, ter um marco regulatório, eu não vou achar ruim, eu só acho que não é ter por ter. A gente tem que ter um marco regulatório para fazer a população ter acesso à uma água potável de qualidade, a ter um saneamento, enfim, e isso tem que...
Embora a ementa do texto trazido para nós diga isso, tem que ter uma universalização do planejamento, eu não acho isso muito possível, sinceramente falando, eu não acho.
Porque cada um com a sua sistemática, cada um com seu jeito, com seu olhar local, então eu sinceramente não acho isso muito possível. Eu acredito que faltam muitas coisas para responder desse texto.
Por exemplo, eu tenho dúvidas com relação ao atendimento da legislação federal, e que os (Inaudível.) tentam garantir sustentabilidade econômica, mas não se percebe nenhuma preocupação com a inclusão social. Os (Inaudível.) apenas parecem atender o interesse de futuras privatizações, e aí eu divirjo da senhora, deputada Janaina.
Porque eu acho que a água, e o saneamento, ela é algo da natureza, ela não vem para ser privatizada, tem serviços, gasta-se, mas é algo que já vem da natureza, eu sou contra a privatização da água.
Eu falo que uma questão central é que a tarifa social é um instrumento importante para atender a população de baixa renda, e mais que isso, para que eles consigam acessar, porque se você garante uma tarifa social, tem saneamento, tem a água, tem o esgoto, nós não vamos precisar gastar com Saúde, muitas doenças vêm da falta de esgoto, de ter uma rede...
Você pega a zona do oeste, Lapa: para o lado de cá, beleza; vai para o fundo, a gente vê de tudo, você vê as fezes na rua, passando ainda. Isso vai dar doença ou não vai? Claro que vai.
Então, precisa, tem que ter esse marco, mas não está muito claro no texto de que forma vai constituir essa implantação desse marco, isso precisa ficar muito mais claro. Por isso que eu acho que o regime de colaboração que nunca nós conseguimos colocar nem na Educação, nem na Saúde, nem nada, sabe? Ele é o ponto de partida para que a gente, com um país na extensão que temos, o estado com a extensão que temos, se não tiver... Os entes federados não caminharem juntos nós não vamos avançar, sinceramente, não vamos.
Você faz um projeto, mas é uma carta de intenção, simples assim. Então, eu acredito que essa é uma questão que nós temos que aprofundar. O outro não valoriza a participação social, é uma coisa que a gente...
Tem os comitês de bacia, por exemplo, que esse de Piracicaba a gente acompanhou muito de perto, contam com importante acumulo técnico. Eu chamei um menininho para falar - um menininho, eu falo, porque a gente não está mais jovem, então você fala “menininho” - ele trabalha nessa, nesse consórcio, não é?
Ele apresentou para nós dados que, talvez, muitos não têm conhecimento da profundidade desse tema. E esse acúmulo na gestão de recursos hídricos, eles são importantes canais da sociedade civil, porque a população só sente isso, ela só sente quando ela abre a torneira e tem água ou quando ela vai para o banheiro e não tem água ou quando não tem sequer o saneamento. Ela só sente isso dessa forma.
Então, esse é um instrumento de mobilização importantíssimo, que chega muito perto da população. Muito perto, é direto, ligado com a população. Por isso eu acho de suma importância, não é qualquer matéria. É uma matéria importantíssima essa. Ela é básica mesmo, por isso o saneamento básico.
A outra questão, o PL não aborda a questão dos resíduos sólidos, não aborda, e drenagem. Não seria importante ir além das questões dos serviços de água e esgoto? Porque os resíduos sólidos também são uma questão que a gente tem que aprofundar. E acho que a gente tem que organizar as consultas públicas através dos comitês de bacias, a gente precisa de mais prazo, portanto.
O governo não poderia negociar, com o apoio de outros governadores, a possibilidade de uma extensão de prazo para regionalização junto ao governo federal? Por que tem que ser 21 de julho desse ano? Eu acho que, com o apoio de outros governadores, eu tenho certeza que o governador poderia ver isso, poderia fazer isso.
Eu acho que essa matéria, ela tem na sua fundamentação legal, no artigo 2º, inciso XV e III, da Lei Federal 11.445, de janeiro de 2007, que trata do novo marco de saneamento básico, 14.026, de 2020, que alterou a Lei Nacional de Saneamento com vistas a facilitar a participação do setor privado. Isso é uma questão que, para nós, é muito difícil.
É importante, também, que, na atual etapa, esse substitutivo, esse PL recebeu um substitutivo dos deputados Paulo Fiorilo e José Américo, 22 emendas foram protocoladas e seria importante entender um pouco do teor das emendas. Tem uma que trata, uma minha, que trata da tarifa social. A outra, e também, claro, a que trata também da gestão democrática, nessa questão também.
A outra é da professora... Não, é minha mesmo, Professora Bebel sou eu, da Monica que coloca como instância executiva composta pelos poderes Executivo e Legislativo. Enfim, a Marina Helou tem emendas, eu acho que vários deputados e deputadas... Luiz Fernando, Campos Machado...
Então, eu acho que a gente poderia, se o líder do Governo nos atender dessa vez, poderia acatar pelo menos algumas emendas, para que a gente possa avançar.
Agora, o central mesmo seria a negociação com os outros governadores para que a gente pudesse ter mais tempo, sim, de aprimorar. Que a questão não é... Esse negócio de ficar cumprindo data, cumprir data, cumprir data, cumprir tabela, isso já está ficando cansativo demais.
Eu acho que a gente quer um pouco ser protagonista nas leis que regem e, sobretudo, quem regem políticas públicas no estado de São Paulo. Isso cansa muito a gente. Acho que eu, por exemplo, eu acho que, nesta legislatura, nós assentamos aqui, já apreciamos o quê? Mais de três ou quatro regimes de urgência. Eu acho que isso, certamente, coloca sob os deputados uma responsabilidade muito difícil.
Eu creio que a minha bancada também deve seguir da forma como tem seguido, nós vamos...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para concluir, deputada.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - ...votar na primeira, na segunda e na segunda, se der quórum, a gente vota "não". Essa é a posição da bancada do Partido dos Trabalhadores.
Muito obrigada, presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputada Professora Bebel. Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo.
O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Cumprimentar V. Exa., Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público da TV Alesp.
Esse é um momento importante para a gente discutir um assunto de tamanha relevância, discutir o saneamento básico, a universalização dele no nosso estado é uma questão de extrema relevância. No entanto, a gente...
Eu acompanhei de perto, participei de duas das três audiências públicas que foram realizadas sob a presidência do líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha, e também participei, ouvi atentamente as explicações do secretário Marcos Penido. Confesso para todas as colegas deputadas e colegas deputados, se a gente só ouvir o secretário, esse projeto é maravilhoso.
Se você só ouvir ele, porque ele explica tudo. Ele explica tudo o que você tem dúvida, ele explica. No entanto, o que ele explica não está no projeto, infelizmente, lamentavelmente. Porque a gente não pode aqui votar um projeto que não está claro, que tem problemas, que falta clareza de como vai funcionar.
Todos nós queremos o direito ao saneamento básico, acesso à água potável, à rede de esgoto, ao tratamento do esgoto. Todos nós queremos a universalização, porque isso é um direito constitucional, inclusive.
Porém, fazer essa divisão que o estado, o governador está propondo, da forma como está apresentada, eu não percebo que isso vai universalizar. Eu imagino, inclusive, que a otimização e o desequilíbrio econômico podem estar muito presentes.
E olha que eu sou um defensor, também, da Sabesp, porque a Sabesp é uma empresa de capital misto, mas é uma empresa de saneamento básico que é muito importante para o nosso estado.
Eu sou radicalmente contra qualquer tentativa de privatização da empresa Sabesp, que é um patrimônio do nosso estado. Mas a gente vê que esse formato que está sendo apresentado...
Como é que a gente tem lá no lote, na unidade um, municípios da Sabesp, por exemplo, do sudeste, um município lá na região do Pontal do nosso estado, no extremo do estado, e um outro município na Baixada Santista?
Apenas exemplificando. Como é que a otimização, o equilíbrio econômico e a comunicação dessa regionalização ou dessa
unidade vai estar funcionando?
Nós sabemos
que cada município tem uma realidade, umas pobres, outras menos pobres, outros
mais ricos, do ponto de vista per capita, e o equilíbrio e a universalização
têm que vir ao encontro de diminuir essa desigualdade, o que nós não
conseguimos visualizar nesse projeto.
Por isso eu acho que a gente tem que
discutir, e trazer esse projeto como regime de urgência acho desnecessário, vou
ao encontro do que falou a deputada, nossa líder, Professora Bebel.
Não é por conta de uma data - que nós temos
aí um limite de 15 de julho, que estabelece a lei federal - que nós temos que
aprovar esse projeto a toque de caixa, sem discutir, sem considerar os
substitutivos, as emendas, tudo porque o governador tem um prazo.
Todo prazo pode ser revisto, especialmente
em uma situação como esta, em que nós estamos falando da universalização e do
esgotamento sanitário, do investimento para o nosso estado, da qualidade de
vida, do saneamento básico das pessoas que moram no nosso estado.
Então, nós não podemos, simplesmente a
pretexto de termos uma data que nos pressiona, ou pressiona o governo, melhor
dizendo, simplesmente a gente aprovar esse projeto a toque de caixa.
Então, as audiências públicas foram
importantes para esclarecer, no entanto, as audiências públicas também têm que
aceitar sugestões para que as emendas sejam absorvidas pelo projeto, porque
senão a gente discute, a oposição faz aqui o seu papel, se inscreve para
discutir e depois simplesmente aprovam o projeto, o governo tem maioria na
Assembleia e aprova o projeto como ele veio.
Da forma como ele foi apresentado, ele
precisa ser bastante melhorado, e se a gente não utilizar o Parlamento, que é o
local adequado de se parlar, de se discutir, de se debater, de se ouvir as
ideias, de se aperfeiçoar os projetos para a gente melhorar a qualidade de vida
dos munícipes, das pessoas, dos moradores do nosso estado, para que serve o
Parlamento?
Então, Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
este não é o primeiro projeto que a gente vê desta maneira. Recentemente
aprovamos um outro projeto aqui - aprovamos não, foi aprovado aqui um outro
projeto -, que é o 723, que também apresentamos várias sugestões, que é aquele
que cria os distritos turísticos.
A gente apresentou várias sugestões, no
entanto nenhuma delas foi absorvida, nenhuma delas foi aceita, então para que
serve o Parlamento? Para que servem as audiências públicas? Para que serve a
discussão no plenário aqui se as boas ideias não podem ser absorvidas para
melhorar o projeto?
Então, é preciso que o governador e o
presidente desta Casa, o líder do Governo trate os deputados e as deputadas com
um pouco mais de respeito, porque senão a gente fica “olha, vamos passar o
tempo, vamos discutir aqui, vamos utilizar os quinze minutos de discussão,
vamos debater, vamos obstruir” e, na verdade, depois o projeto é aprovado de forma muito ruim, da forma como ele veio.
Quando ele vem para o Parlamento é para ser
melhorado, é para ser debatido e melhorado, porque, se fosse para aprovar sem
vir para o Parlamento, não precisava nem estar aqui, não precisava nem de
Parlamento, mas nós estamos em um regime democrático, um regime em que o
Parlamento é o lugar para discutir e aperfeiçoar os nossos projetos.
Por isso, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e
Srs. Deputados, da forma como esse projeto vem, a toque de caixa, para a gente
chegar aqui, discutir, aprovar, votar, é difícil, muito difícil. Como disse a
nossa líder, não dá para a gente votar a favor.
E não é porque nós somos contra tudo, nós
somos contra aquilo que a gente entende que não é bom para o estado, e esse
projeto, da forma como está, não está bom para o estado, não está bom para as
pessoas.
Aí a gente precisa entender como o
governador quer se relacionar com esta Casa, senão fica simples: a gente
discute, a gente simplesmente obstrui e a gente não contribui. O Parlamento não
contribui desta forma, o Parlamento tem que contribuir absorvendo as ideias, os
projetos sendo absorvidos as ideias de cada deputado e cada deputada aqui, que
são inteligentíssimos, inteligentíssimas, que podem e devem contribuir, e
querem contribuir.
Mas o governador e o presidente que conduz
esta Casa infelizmente, lamentavelmente, não entendem assim, e é por isso que a
gente tem divergências. Vamos continuar debatendo, vamos continuar divergindo,
com o objetivo de construir um projeto melhor para o nosso estado, para a
população que tanto espera que a gente um dia chegue à universalização do
saneamento básico.
Tem tantos municípios que não têm
tratamento de rede de esgoto, tem tantas pessoas que moram ainda sem água
potável no nosso estado, infelizmente. E nós não estamos falando do norte do
nosso País, estamos falando do estado mais rico da Federação. Eu mesmo conheço
muitas famílias que ainda não têm rede de água na sua casa, eu conheço inúmeras
famílias, inúmeras comunidades, especialmente na periferia de São Paulo, que
não têm ainda rede de esgoto, quiçá tratamento da rede.
E aí, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nós
temos que nos debruçar nisso. Quando vem um projeto que determina que até 15 de
julho nós temos que aprovar aqui sob pena de a União fazer essa
universalização, essa divisão, a criação dessas organizações, nós não podemos,
simplesmente, por conta da data, aprovar de qualquer jeito e perder a
oportunidade de melhorar o projeto.
Por isso eu disse no início da minha fala:
ouvindo as explicações do secretário Marcos Penido, você votaria a favor, com
certeza, mas você sabe que não é daquele jeito, porque o projeto está aqui,
está com a gente, está disponível aqui. A gente vê que o que é explicado, a
forma como ele explica não está clara nesse projeto, então esse projeto não é
um projeto bom ao nosso ver, ao nosso entender.
E é por isso, Sras. Deputadas e Srs.
Deputados, que nós queremos debater, nós queremos apresentar sugestões,
queremos apresentar emendas, queremos discutir com o líder do Governo para que
ele possa acatar algumas emendas que foram apresentadas, substitutivo que foi
apresentado pelos nossos colegas, senão não tem sentido o Parlamento, perde o
espírito.
Por que a gente tem que ficar aqui só
gastando o nosso tempo e o tempo do Parlamento para a
gente simplesmente deixar correr o tempo e depois ver que o projeto vai ser
aprovado do jeito que está?
Perde o sentido de ser parlamentar, perde o
sentido você poder discutir, querer apresentar sugestões e elas não serem
sequer ouvidas, sequer acatadas, sequer apreciadas, ou, quando são apreciadas,
se compromete que vão absorvê-las, que vão analisá-las, e depois não dá nenhum
retorno.
Infelizmente tem acontecido isso aqui no
nosso Parlamento. Por isso a gente tem que ter o nosso cuidado de apresentar
nossas sugestões para melhorar esse projeto, mas também ter o cuidado e o
respeito do governo, o respeito da direção, para que a gente consiga de fato
contribuir, porque ninguém está aqui para obstruir por obstruir, nenhuma
deputada aqui está querendo ser oposição sistemática.
A nossa oposição é por conta de que nós não concordamos e divergimos de várias
posições deste projeto. Então, este não é o primeiro projeto do qual temos
divergências, este não é o primeiro projeto para o qual a gente apresenta
emendas, apresenta substitutivos. Eles são simplesmente ignorados.
Então,
Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, este projeto precisa ser
melhorado, e nós gostaríamos de votar a favor, mas não da forma como ele está
apresentado, e a gente não tem expectativa, nem a clareza e nem o compromisso
de que as emendas e os substitutivos serão acatados. Por isso, nós iremos votar
provavelmente contrário a este projeto, porque não há como concordar.
Mas,
Sr. Presidente, eu quero, para concluir o meu tempo, falar de um outro assunto
que eu acho também pertinente. Nós estamos vivendo na América Latina, graças a
Deus, um conserto da bobagem que alguns países têm feito.
Aconteceu
na Argentina. Graças a Deus, as pessoas elegeram lá o presidente Alberto
Fernandes, depois de um governo de direita, que prejudicou e muito a vida
daquele povo. Nós tivemos também, na Bolívia, depois de um golpe contra os
bolivianos, a recuperação, e as pessoas acabaram elegendo o Luis
Arce como presidente daquele país.
E
nós estamos também prestes a eleger, no Peru - e estou muito feliz com isso -,
um sindicalista, um esquerdista, contra a extrema direita naquele país, que é
um Fujimori da vida, aquele pessoal que já governou o país, mergulhado em
corrupção. E nós esperamos - para concluir, Sr. Presidente - que no Brasil também
aconteça o mesmo.
As
pessoas podem errar, todos nós podemos errar. Agora, continuar no erro sabendo
o que está acontecendo, aí já é outra coisa, que eu não quero aqui nem citar.
Então, esperamos que, em breve, aqui no nosso País, a gente também tenha a
oportunidade de consertar o erro que as pessoas cometeram na última eleição,
como foi feito nesses países que eu citei aqui, na Argentina, na Bolívia, no
Peru e esperamos que, em 2022, seja no Brasil.
Por
isso, Sr. Presidente, concluo dizendo que nós não vamos votar a favor deste
Projeto nº 251 porque nós discordamos dele da forma como está proposto.
Muito
obrigado, Sr. Presidente, e boa tarde a todos.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Jorge do Carmo. Dando sequência à discussão, o nobre deputado Carlos
Giannazi. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi ausente.
Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra, a deputada Monica da Mandata Ativista. (Pausa.) Deputada Monica também está ausente. Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra, o nobre deputado Paulo Fiorilo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, espero que a minha
conexão se mantenha para que a gente possa discutir este projeto.
Já tivemos aqui a intervenção da Professora Bebel, do
deputado Dr. Jorge, pelo PT, do projeto que cria as unidades regionais de
saneamento básico com vistas à uniformização, do planejamento, da regulação e
da fiscalização dos serviços de abastecimento potável e esgotamento sanitário,
o PL 251, de 2021.
Eu queria começar aqui a minha intervenção dizendo que
este projeto passou por várias audiências, com o secretário Penido, muita gente
participou, representantes da sociedade, parlamentares.
Agora, o que eu queria pedir aqui para que a gente
pudesse avançar? Nós apresentamos substitutivo, apresentamos emendas, e é
preciso que o governo, o líder do Governo, possa sinalizar pelo acolhimento ou
não das emendas para que a gente possa avançar.
A Assembleia Legislativa não pode ser apenas um
cartório para homologar os projetos do governo - o que vem acontecendo nos
últimos projetos. É preciso que a gente avance propondo a aprovação de projetos
com a contribuição do Parlamento.
Nós conseguimos fazer isso no início do ano, no
projeto da vacina, por exemplo, mas nós não conseguimos fazer no projeto do
Turismo, como não conseguimos em outros projetos, o da fiscalização sanitária.
E agora, este projeto, que o governo tem pressa para
aprovar em função da lei federal que estabeleceu prazo para essa regionalização
para até 15 de julho. Então, nós temos aí um mês.
O problema é que nós não temos, por parte do governo,
recebido o sinal verde para as emendas. É esse tipo de coisa que nos preocupa e
nos deixa em uma situação muito ruim, porque existem emendas importantes que
podem contribuir para melhorar o projeto. Aliás, eu acho que era importante...
Nós estamos na Semana do Meio Ambiente, semana
passada, no Mês do Meio Ambiente, e nós estamos vivendo uma crise hídrica que
vai afetar muita gente, que vai afetar por conta do aumento da energia
elétrica, por falta de água - e falta de água, no estado de São Paulo, é um
problema crônico, principalmente nas grandes cidades, como São Paulo, e nas
regiões periféricas.
Então, é preciso que a gente aproveite para fazer um
debate amplo, que possa, de fato, contribuir, e as emendas que foram
apresentadas têm muito desse perfil. A substitutiva assinada por mim, pelo
deputado Maurici - aliás, o deputado Maurici apresentou com coautoria do
deputado José Américo e deste deputado -, apresenta importantes melhorias, como
a criação de sub-regiões que permitem aproveitar melhor a contribuição dos
comitês de bacias hidrográficas.
Ela democratiza as instâncias de participação ao
propor paridade entre Poder Público e representações da sociedade civil e
condiciona a adesão dos municípios à aprovação prévia nas câmaras municipais.
Aliás, eixos que nós apresentamos no projeto de Turismo e que, infelizmente,
mesmo depois do debate, mesmo depois da conversa com o secretário, nós não
tivemos a oportunidade de incorporar emendas nesse sentido.
Queria aqui insistir com o deputado Camarinha.
Deputado Camarinha, são importantes as audiências públicas? Claro que as
audiências são importantes. Agora, mais do que isso, é importante também que as
emendas parlamentares possam ser apreciadas e incorporadas. Por isso, eu queria
fazer um apelo ao deputado Camarinha, com sua sensibilidade.
Foram apresentadas 22 emendas. Emendas que são de
vários partidos, de vários parlamentares. Por que não é possível suspender esse
debate, sentar com aqueles que apresentaram, com as lideranças dos partidos -
no meu caso, com a Professora Bebel, que é a líder da bancada do Partido dos
Trabalhadores - para dialogar sobre emendas que possam ser incorporadas? Isso
ajudaria muito. Isso poderia contribuir para que a gente tenha, por parte da
Assembleia, um projeto melhorado.
Até porque, nos debates, ficou muito claro quais são
os problemas, os limites. Essa história das quatro regiões que foram
apresentadas, áreas que não dialogam umas com as outras, municípios do
interior, é preciso avançar nesse debate.
Agora, para isso, é preciso democratizar, é preciso
envolver as câmaras municipais, é preciso que se coloque esse debate também nas
cidades. É isso que o Partido nos Trabalhadores, no substitutivo do PT,
apresentado pelos deputados Maurici, por mim e pelo José Américo, está
propondo.
Agora, eu queria ouvir o deputado Camarinha, queria
saber se há, por parte dele, interesse em fazer um gesto, até para que a gente não
vote contra apenas para poder marcar uma posição, ou vote no nosso
substitutivo, que também marca uma posição.
Acho que há uma oportunidade única, deputado
Camarinha, líder do Governo. Suspender a sessão, propor um diálogo com as
lideranças e tentar apresentar emendas que possam contribuir com o projeto. Não
é uma situação difícil, não é uma situação impossível. E, neste momento em que
a gente vive uma crise hídrica no estado de São Paulo, talvez pior do que a
gente viveu no governo Alckmin, nós podíamos fazer esse gesto de diálogo e de
democratização do projeto. Isso é uma questão fundamental.
Eu queria dizer mais: primeiro que nós não somos
contra fortalecer a Sabesp, nós somos contra essa ideia que desde o início do
governo Doria vem sendo ventilada, de concessão da Sabesp, o que, aliás, na
minha opinião, é sempre um grande erro, porque é uma área importante, vital,
nesse momento de pandemia principalmente.
Nós estamos, daqui a pouco, chegando a 500 mil óbitos,
e aqui no estado de São Paulo não é diferente. Nós precisamos ter a água como
um bem universal, em que as pessoas possam utilizar. É fundamental que isso
ocorra.
Eu tive a oportunidade ontem de realizar um debate com
três cônsules, o cônsul da Itália, Filippo La Rosa, a cônsul da China, Chen Peijie, e o vice-cônsul da Suécia, Peter Johansson, para
que a gente dialogasse sobre o oeste do Estado, uma região em que os prefeitos,
em especial o prefeito Ed Thomas, falou: "Aqui nós temos muita água e
muita terra, é onde nasce o Estado, é onde é possível pensar o crescimento
econômico ligado à questão da água, que tem grandes rios que banham a região,
Rosana, o Pontal do Paranapanema.".
Então é necessário, e eu vou insistir nessa tese, que
o deputado Camarinha possa sinalizar para que os deputados, para que aqueles
que têm emendas, que apresentaram substitutivo, que dialoguem através das suas
lideranças uma proposta que inclua emendas para melhorar o projeto. Insisto, a
Assembleia Legislativa tem um papel importante, que pode ser o de, de fato,
melhorar projetos enviados pelo governador.
Infelizmente, nos dois últimos nós não vimos isso. Nós
vimos um trator do governo de esgotar a discussão, de votar rapidamente para
que pudesse ter a aprovação do projeto. Por isso eu quero fazer esse apelo.
E queria ouvir o deputado Camarinha, como líder do
Governo, se há a disposição de suspender a sessão e de iniciar um debate sobre
as emendas apresentadas. Eu tenho certeza de que emendas importantes poderiam
ser incorporadas e nós poderíamos sair daqui com um projeto muito melhor do que
o que chegou.
Eu acho que é preciso fazer um registro aqui. Eu já
fiz em outros momentos, mas vou fazer. A Assembleia tem feito muitas audiências
para discutir os projetos, é importante. Agora, é preciso mais do que a discussão
política, é preciso que a gente incorpore emendas, modifique projetos para que
eles saiam melhores do que eles chegaram.
Infelizmente a gente não tem visto isso. A gente tem
visto o quê? O debate, a audiência, o secretário, só que na hora de discutir
com o secretário o que ele toparia incorporar, normalmente esse debate não
existe.
Eu vi como foi com o projeto do Turismo, que nós
discutimos, apresentamos sugestões, propostas e aí termina a conversa, o
secretário não participando do que seria possível incorporar, porque não
interessa.
Então, assim, não precisava ter feito a discussão. Se
for para votar o que veio, não me chame para fazer o debate, não me chame para
audiência, porque não há disposição do governo para fazer gestos.
Eu queria propor, de novo, deputado Camarinha, por
quem eu tenho um respeito muito grande, promover as audiências é parte do
processo democrático, do debate e do diálogo. Agora, mais do que isso, é
preciso incorporar as emendas.
Eu acho que o senhor tem uma oportunidade única de
abrir esse debate, de chamar os parlamentares, porque se o senhor patrocinar
esse debate, não de discussão, mas de incorporação de emendas, apresente quais
são as emendas que o governo toparia incluir, agora, com compromisso, não para
vetar, para, de fato, incorporar e aprovar. É isso que modifica o projeto para
melhor no processo legislativo.
O que nós não podemos permitir mais é que projetos não
só como esse, como outros importantes, o do Turismo muitos prefeitos tinham
interesse que se aprovasse, mesmo sem ter dinheiro, como não tem nesse. E,
infelizmente, o governo não aceitou as emendas, não se dispôs ao diálogo.
Então queria insistir que é possível, eu acho que há
tempo, nós não precisamos votar esse projeto hoje, nós podemos abrir o debate
sobre as emendas, sobre o projeto, e o que o governo de fato estaria disposto a
incorporar nesse projeto.
Eu acho que todo mundo ganha, o governo ganha, o líder
do Governo se mostra aberto ao diálogo e a Assembleia mostra a sua capacidade
de produzir alterações importantes nesse projeto, com todos os riscos e
preocupações que já foram externadas nas várias audiência públicas realizadas
pela Assembleia, com a participação do secretário Penido, que foi em todas, se
esforçou, que esclareceu.
Agora, mais do isso, deputado líder do Governo
Camarinha, nós precisamos que haja uma sinalização do governo para que as
nossas emendas, ou as emendas que o governo entenda que sejam importantes,
possam ser incorporadas.
Eu queria deixar aqui essa sugestão e dizer que nós vamos
brigar para que o projeto desse jeito não seja aprovado, que se vote o nosso
substitutivo apresentado pelos deputados do PT para que a gente possa ter um
projeto melhor do que esse que o governo fez, que, infelizmente, não
democratiza, não se preocupa em nenhum momento em respeitar os municípios e em
entender as dificuldades existentes.
Talvez a gente pudesse terminar a votação desse
projeto com uma contribuição importante neste momento em que discute o meio
ambiente, em que pese todo o negacionismo do governo federal, com um ministro
pendurado por investigações, que permite desmatamento ilegal, venda de madeira,
que não se preocupa em disponibilizar o seu celular, só depois de 19 dias.
Aqui estava na hora de a gente dar um exemplo para o
Estado, para o País e para o mundo da preocupação que a gente tem com a
democratização desse debate, com a possibilidade de ouvir os prefeitos, as
Câmaras Municipais, de democratizar um projeto que pode ser importante e que
pode contribuir muito com o estado de São Paulo e, quem sabe, com recursos para
infraestrutura nessa área tão importante do Saneamento, da água e, também, do
tratamento de esgoto.
Aliás, o que é fundamental neste momento de pandemia,
o que também poderia contribuir muito com a geração de empregos na área
pública, se tivéssemos investimentos importantes que pudessem contribuir com o
Estado e com o País, principalmente com o Estado neste momento de desemprego,
do aumento da miserabilidade.
O Governo do Estado não teve a sensibilidade de
aprovar o auxílio-emergencial que a gente propôs no "Bolsa do Povo",
que na realidade não mudou a vida do povo, e poderia, porque nós poderíamos ter
feito mais um gesto, disponibilizando um recurso, um auxílio-emergencial para
mais de quatro milhões de pessoas no estado de São Paulo, mais de um milhão e
seiscentas mil famílias que poderiam ser beneficiadas.
Até porque o Estado tem recurso, terminou com superávit
de mais de sete bilhões, sendo que metade desses recursos poderia ser utilizada
para abertura de créditos sem nenhum problema, o que poderia ser feito para o
auxílio-emergencial.
Infelizmente, mas infelizmente mesmo, o Governo do
Estado se mostrou insensível à situação de miséria, de pobreza do seu povo.
Infelizmente. É com muita tristeza que eu tenho que reconhecer isso e dizer que
o governo não teve a sensibilidade e a Assembleia não teve a capacidade de
unificar uma maioria para aprovar uma emenda nesse sentido.
É uma pena e eu espero, termino com esse apelo, que o
deputado Camarinha possa sugerir uma reunião com os líderes ainda hoje, ainda
agora de manhã, suspendendo o debate, a discussão, para que a gente possa ter
as emendas incorporadas, ter um projeto melhorado e aí, sim, uma votação mais
tranquila, quem sabe com uma ampla maioria dos deputados.
É isso, Sr. Presidente. Eu não vou usar todo o meu
tempo porque eu espero que o deputado Camarinha se manifeste no chat se há ou
não a possibilidade de uma conversa sobre emendas que melhorem esse projeto,
até porque a Assembleia precisa mostrar a sua capacidade de produção e a sua
preocupação com projetos importantes como esse.
Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras.
Deputadas.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Obrigado, deputado Paulo Fiorilo. Com a palavra o
nobre deputado Barros Munhoz. Porém, deputado Barros, tem uma questão de ordem
da líder do PT, a nossa deputada Professora Bebel. Com a palavra, para questão
de ordem.
A SRA. PROFESSORA BEBEL LULA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Obrigada, Sr. Presidente. Eu gostaria de pedir, Sr. Presidente, uns 15 minutos de suspensão dos trabalhos, enfim, para a gente reorganizar algumas discussões que estão sendo feitas aqui acerca desse PL, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Professora Bebel, deputada, antes, porém, tem uma comunicação do líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha.
O SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - Presidente, o senhor me escuta?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Escuto sim, deputado.
O SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, primeiro, parabéns pelo trabalho de Vossa Excelência. Cumprimentar a todos os colegas, dizer que nós estamos dialogando na busca de um entendimento, presidente.
Queria pedir a anuência de todos os líderes, se possível, como bem disse a nossa líder do PT, Professora Bebel, para suspendemos a sessão por 15 minutos, para ver se conseguimos o entendimento amplo da Casa no acolhimento de emendas, do aperfeiçoamento do projeto, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Então, com anuência do líder do Governo...
O SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - Que V. Exa. consultasse a Casa.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Se algum líder for contra a suspensão por 15 minutos, eu gostaria que se manifestasse no chat. (Pausa.) Não havendo líderes contrários à suspensão, este presidente suspende a sessão por 15 minutos para depois retomarmos.
* * *
- Suspensa às 12 horas e 11 minutos, a sessão é reaberta às 12 horas e 27 minutos, sob a Presidência do Sr. André do Prado.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Este presidente vai dar sequência à lista de oradores inscritos para discussão, enquanto o líder do Governo conversa no grupo de líderes quanto a acatar ou não acatar as emendas propostas pelos deputados.
Então, dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Barros Munhoz. (Pausa.) Deputado Barros Munhoz ausente. Com a palavra o próximo inscrito, deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Enio também ausente.
Com a palavra o nobre deputado José Américo. (Pausa.) Deputado José Américo ausente. Com a palavra o nobre deputado Caio França. (Pausa.) Deputado Caio França.
Tem um pela ordem da deputada Marina Helou, antes de dar sequência ao próximo orador inscrito. Deputada Marina.
A SRA. MARINA HELOU - REDE – PARA QUESTÃO DE ORDEM - Pela ordem, presidente. Obrigada pela palavra. Eu vejo que muitos dos inscritos não conseguiram retornar ainda, eu queria solicitar ao líder do Governo ou a quem estiver aqui para avisar no grupo dos deputados, dos líderes, avisar os parlamentares que a sessão voltou.
Tenho certeza de que as pessoas que estavam inscritas, deputado Caio França, presidente da Comissão do Meio Ambiente, deputado Barros Munhoz, que tem um grande acúmulo na área do saneamento básico aqui no estado de São Paulo, tem uma contribuição importante para dar e talvez não tenha ficado claro que voltamos a sessão, porque quando deu 15 minutos eu voltei aqui e não tinha voltado, e a gente voltou agora.
Talvez não estejam todos com a mesma informação de que abrimos de novo a sessão. Seria importante se a gente puder avisar a todos os parlamentares que estamos aqui de novo. Aproveito a oportunidade para me inscrever, também, na fala.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Caio França. Está com a palavra o deputado Caio França. Presente?
O SR. CAIO FRANÇA - PSB - Oi, presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Caio França.
O SR. CAIO FRANÇA - PSB - Escuta-me?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Estou te ouvindo muito bem. Vossa Excelência tem a palavra, deputado.
O SR. CAIO FRANÇA - PSB - SEM REVISÃO
DO ORADOR - Obrigado, presidente. Também queria cumprimentar a todos os colegas
aqui. Eu acompanhei aqui a fala final da deputada Marina Helou
e, de fato, o meu caso foi esse. Eu vi que a sessão tinha sido suspensa por 15
minutos e não me atentei que já voltaríamos com a lista de inscrições.
Mas vamos lá. Sobre o PL que está sendo debatido, PL
251, eu, embora enalteça a tentativa do governo de fazer algumas audiências
públicas sobre o tema, eu participei de todas elas, inclusive me manifestei,
convidei algumas entidades e pessoas que notoriamente conhecem o tema para
poder participar, eu imagino sempre que uma audiência pública tenha a tarefa
final de melhorar o projeto.
E é isso que eu gostaria de solicitar para que os demais
colegas possam se atentar. Eu tenho uma preocupação que acho que é também uma
preocupação de outros parlamentares. Vamos dar um exemplo da Baixada Santista e
do Vale do Ribeira, presidente. Nesse caso, a Baixada Santista hoje já se
encontra em uma unidade regional de esgoto e água com nove municípios.
Todos os municípios estão com convênios atualizados em
relação à Sabesp, com previsões de investimentos garantidos nesse contrato,
previsões de investimentos de milhões de reais, inclusive com prazos determinados.
A preocupação principal é que se não garantirmos isso
no projeto de lei que nós estamos votando, corre-se o risco de esses
investimentos serem postergados. Então uma região que hoje tem nove municípios
passará a ter 370 municípios em uma mesma unidade regional de esgoto e água,
com realidades totalmente distintas daquela que nós temos hoje na Baixada
Santista.
Na Baixada, por exemplo, tem municípios com 80% de
água e esgoto tratados, Santos tem mais do que isso, tem quase 90%, sendo que
deve chegar à universalização nos próximos cinco anos.
A preocupação é que com o subsídio cruzado que existe,
e é uma realidade atualmente já, as cidades que estão mais organizadas acabarão
pagando o pato para cidades que estão muito atrás nessa questão.
Então é fundamental que a gente possa encontrar um
caminho que consiga fazer um equilíbrio em relação a isso, ou ao menos uma
segurança jurídica dos municípios que já celebraram os seus convênios com a
Sabesp.
Para ir além, presidente, nesse projeto de lei que foi
apresentado, que está tramitando em caráter de urgência na Assembleia
Legislativa, chama-me a atenção como presidente da Comissão do Meio Ambiente.
Não deveríamos ter uma chance de a Comissão do Meio
Ambiente, que tem uma condição mais real de dar um parecer específico sobre
esse assunto, saneamento básico, tratamento de água e esgoto, que é fundamental
na discussão do meio ambiente, não deveríamos ter um relatório final exaurido pela Comissão do Meio Ambiente? Nós não temos isso.
Todos
os projetos que nós
temos aqui na Assembleia, eles tramitam em caráter
de urgência.
Isso dificulta demais o trabalho das comissões permanentes, que é uma
briga muito grande que nós, parlamentares, fazemos para
poder ocupar uma posição importante numa comissão. E aí,
a gente abre mão disso, na medida em que tudo o que vem do Governo tem caráter
de urgência.
Então
eu peço
também
para que o Governo possa refletir a respeito disso. Eu entendo a necessidade de
se fazer uma atualização em relação ao marco regulatório
do saneamento
básico.
Agora, é preciso
esclarecer que a questão envolvendo o marco regulatório
do saneamento
básico,
ele envolve o Brasil nas demais diferenças que nós
temos hoje em relação aos estados.
A
situação de São Paulo, com muito respeito a outros estados, é muito
diferente de outros estados brasileiros, especialmente do nordeste. É muito
diferente. E há uma
perspectiva, porque já foi
falado em relação a isso pelo próprio governador, em relação à privatização
da Sabesp. E como é que
ficaríamos, como é que
fica tudo o que foi investido pelo poder público
na Sabesp?
Não
é novidade
para ninguém,
para quem ocupou o cargo de deputado no mandato passado, acho que vão lembrar
que foi a Sabesp. À época,
o então governador Alckmin, com o vice Márcio
França,
que emprestaram todo o know-how e os equipamentos para a solução da crise hídrica
em outros estados brasileiros - salvo
engano, Pernambuco e Ceará.
E foi a Sabesp que emprestou o know-how para eles.
Como é que
ficaremos com quatro regiões administrativas, sendo que nas atuais regiões
administrativas já nos
faltam funcionários
para manutenção dos equipamentos da Sabesp, para o serviço
de água
e esgoto?
Então
são algumas perguntas que
parecem simples, mas que na prática
não
são
tão simples assim. E os projetos
que vêm
do Governo precisam, no mínimo,
ser melhorados. Se
a gente não tiver condição de melhorar o
projeto, na minha avaliação, fica muito difícil
de conseguir contribuir com essa votação.
Eu tenho aqui comigo uma nota técnica.
Eu não sei se todos receberam, mas de um instituto muito respeitado, que é o
Instituto Água
e Saneamento, e o Instituto Democracia e Sustentabilidade, apresentando diversos equívocos
em relação ao PL nº 251.
Eles tiveram, inclusive,
condição de participar das audiências
públicas,
e esperavam que essa discussão pudesse, que alguma das coisas que eles
apresentaram pudesse ter sido apreciada, ou melhorara, no Projeto, na relatoria que foi apresentada.
Da mesma forma, acho que é de
conhecimento de muitos colegas, que a Promotoria, o Gaema, que é o
Grupo de Atuação Especial em Defesa do Meio Ambiente, assinado por diversos
promotores, que são respeitadíssimos
na área, e que tiveram a chance de participar, assinaram o
manifesto aqui com 38 páginas.
Eu não
sei se todos os colegas tiveram acesso a esse documento, mas eu faço
questão de poder encaminhar depois
por e-mail para todos, porque chegou no nosso e-mail institucional, mas eu não sei se todos conseguiram ter acesso a
eles. Mas também
com diversas críticas
ao Projeto de lei que está tramitando
nesta Casa em caráter de Urgência.
Insisto para uma outra questão
que me preocupa muito: hoje, do jeito que está
o Projeto,
os prefeitos poderão assinar a adesão à Unidade
Regional de Saneamento Básico
de Tratamento Água
e Esgoto, sem consultar as suas câmaras
municipais, sendo que no momento de celebração dos convênios
com a Sabesp, as câmaras
municipais precisam, também,
aprovar.
E, nesse caso, a gente não
vai ouvir as câmaras
municipais? É importante que a gente ouça
as câmaras
municipais, porque a gente sabe muito bem que há
uma pressão muito grande que o
Governo exerce em relação aos prefeitos, porque é uma
única
figura.
Os secretários
têm
contato direto com os prefeitos. É importante que as câmaras
municipais também
possam se valer da sua função, da sua atribuição, de uma concessão que muitas
das vezes já está assinada.
Eu volto a falar do exemplo
aqui das cidades do litoral do estado de São Paulo, que, para muitos, para
muitos, é o
filé mignon
do serviço
de saneamento básico.
Fora a Grande São Paulo aqui, é a
Baixada Santista que mais gera lucro, vamos dizer assim, para a empresa.
Então,
meus amigos, eu gostaria muito de pedir que a gente pudesse ter algumas das
emendas que foram apresentadas, ou se não tem condição de acatar algumas das
emendas, vamos chegar aqui numa emenda aglutinativa, numa emenda de plenário,
a esse respeito, para poder ao menos garantir a
segurança jurídica
clara no Projeto de lei em relação aos municípios
que já estão
assinados com a Sabesp.
Além
disso, uma clareza também
em relação
à quantidade de funcionários
que ficarão
à disposição
nessas novas unidades.
Eu cito aqui um exemplo: a
Baixada Santista está saindo
de nove municípios
para trezentos e setenta. É claro que não tem condição de ter a mesma
quantidade de funcionários
em relação a isso.
E aí,
eu vou citar mais um exemplo, que são as câmaras
municipais: exigir que no Projeto de lei as câmaras
municipais também
possam ser ouvidas e, necessariamente, que esse Projeto de lei, que está
passando pela Assembleia, que
as câmaras
municipais também
tenham que dar o seu veredito, para que a sua cidade
possa aderir ou não
à nova unidade regional de
tratamento de água
de esgoto.
Eu acabei de conversar aqui com
um amigo, o ex-prefeito de Artur Nogueira, e lá,
no interior do estado de São Paulo, na região de Campinas, ali perto de
Limeira, ele me disse que na microrregião dele, a
maioria dos municípios
menores, eles têm
autarquias próprias em relação ao serviço
de água
e esgoto. E aí ficou
a dúvida
aqui em relação a eles: como é que
ficarão esses municípios,
se eles não poderão ter investimentos do Governo do Estado e do Governo Federal
em relação a esse assunto?
A gente apresenta, por diversas
vezes, emendas parlamentares para ampliação desse sistema de água
e esgoto. Não sei se outros colegas já
fizeram,
mas eu já fiz
por algumas vezes. E como é que
ficarão esses municípios?
No Projeto de lei aqui que nós estamos aprovando, a gente
está praticamente
restringindo qualquer investimento público
a esse respeito.
Então
são algumas dúvidas
que, embora algumas delas tenham sido levantadas nas
audiências
públicas,
na prática,
no Projeto de lei, a gente não conseguiu acatar nenhuma delas ainda.
Então eu peço
aqui que os demais líderes,
o líder
do Governo, o meu amigo Vinícius
Camarinha, mas especialmente que o governador João Doria, e que o
vice-governador Rodrigo Garcia, que é quem
de fato tem o poder de decidir a esse respeito, para que eles possam fazer uma
avaliação a esse respeito, e para que seja claro se realmente o intuito principal é passar
todo o serviço
para a inciativa privada.
Que eles possam dizer isso
desde já para
os servidores da Sabesp, para que a gente possa ter noção do que nós
estamos tratando. Eu (Inaudível.)
igual os demais estados. A Sabesp é uma
empresa que é respeitada,
que tem servidores qualificados, que tem pessoas, inclusive ganhou,
recentemente, como uma das melhores empresas públicas
de serviço
de água
e esgoto do mundo.
E a gente não pode, e quem
investiu na Sabesp ao longo do tempo foi o cidadão,
que paga o serviço
de água
e esgoto. É ele que é o
principal detentor de tudo o que acontece na Sabesp.
Então
não
dá para
a gente poder, num Projeto de lei que exige maioria simples, que está
tramitando em caráter
de urgência, num período
de estiagem de água,
tratar de um tema tão importante com uma frieza, e com uma falta de democracia
como nós estamos tendo aqui.
Tudo bem, não quer acatar as 20
emendas que foram apresentadas? Eu compreendo. Mas eu acho que existem algumas
emendas que são minimamente para garantir segurança
jurídica, especialmente para os
municípios
que já assinaram
o convênio
de 30 anos de concessão com a Sabesp.
Para concluir, da minha parte,
presidente, eu não sei quanto tempo me resta, porque nós
não estamos no plenário,
eu não consigo verificar...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO
PRADO - PL - Um minuto e 30 segundos.
O SR. CAIO FRANÇA - PSB -
... com relação ao tempo, eu não marquei quando comecei.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO
PRADO - PL - Deputado Caio França,
um minuto e trinta.
O SR. CAIO FRANÇA - PSB -
Ok. Para concluir, da minha parte, então, presidente, eu insisto que o líder
do Governo, que os líderes
aqui da Casa possam refletir a respeito das emendas e daquelas três sugestões que eu apresentei aqui; mas, especialmente,
claro, que o governador João Doria, o Governo, e que eles possam ser mais
claros em relação ao que eles pretendem efetivamente com essas mudanças,
sendo que nós já temos
unidades regionais de tratamento de água
e esgoto colocadas no atual modelo da Sabesp aqui em São Paulo.
Muito obrigado, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputado Caio França. Com a palavra a deputada
Monica da Mandata Ativista. Antes, porém, tem uma Questão de Ordem do deputado Enio Tatto.
O
SR. ENIO LULA TATTO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Bom dia, Sr.
Presidente. Eu estava inscrito, e nós fomos chamados para uma reunião com o líder, eu
imaginava que iria prorrogar a suspensão dos trabalhos, e fui chamado. O que eu faço? Eu preciso
me inscrever novamente, ou está mantida a minha inscrição?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Não, é para o senhor
se inscrever novamente, deputado Enio Tatto. E a gente deu sequência à sessão porque não houve nenhum outro pedido de
suspensão dos trabalhos. Então, dando sequência agora...
O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Então, quando
ocorre isso, e o líder está se reunindo
com a bancada para discutir alguns assuntos, seria importante que fosse
prorrogada a suspensão, que fosse pedida uma nova
suspensão, não é?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Mas não
ocorreu, deputado Enio Tatto. A gente fica à disposição aqui caso
o líder do
Governo, ou algum outro líder, em acordo com os demais líderes, peça essa suspensão, nós assim o faremos.
Porém, ainda tem uma lista de cinco deputados inscritos,
garante mais de uma hora e meia de discussão
tranquilamente até o fim dessa sessão extraordinária para haver
a discussão, enquanto o líder do Governo, com os demais líderes, possa
fazer a discussão de acatar e aprimorar o projeto aí no grupo de líderes.
Então, dando sequência, com a palavra a deputada Monica da Mandata
Ativista.
A SRA. MONICA DA MANDATA
ATIVISTA - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Bom dia a todos. Bom, se há
uma reunião com a liderança
do Governo já abro
aqui querendo protestar pela participação da bancada do PSOL. Perguntei aqui no
chat, perguntei no microfone, perguntei no grupo de líderes.
A gente tem muito interesse nessa matéria e gostaria de participar.
A Casa parece que tem muito
acordo com Bolsonaro, não é?
Se o PSOL está de
um lado, quer estar do outro, e está excluindo
a gente de um debate quando nós estamos manifestando
interesse de participar. Bom, registrado aqui o protesto,
e seja lá qual
for essa reunião que teve, nós não
estivemos.
Eu sou autora de três
emendas nesse projeto, me reuni com a sociedade civil, com institutos
ambientais, com órgãos técnicos,
participei das audiências
públicas,
e sei que essa matéria
é bastante técnica
e difícil.
Nós estamos debruçados
sobre uma matéria
bastante técnica
e difícil.
O Governo do Estado de São
Paulo está correndo
para cumprir as metas no marco do saneamento
básico
do Governo Federal. Tem até agora,
dia 15, ou 21, de junho para apresentar as novas regionalizações. A
regionalização do saneamento
básico
é o que propõe esse projeto: uma nova
regionalização do Saneamento Básico.
Acontece que saneamento
básico
é muito
mais - mas
isso é essencial
também,
e é uma
coisa que a gente precisa discutir nesse projeto -
do que recursos hídricos,
coleta e tratamento de esgoto.
Saneamento básico também
é drenagem
de água
pluvial, saneamento
básico também
é coleta
e destinação de resíduos.
A gente está
discutindo lixo também,
e esse texto não tem uma linha que fale desses outros setores do saneamento
básico,
deixando uma dúvida
gigantesca: a gente está fazendo
uma nova regionalização dos recursos hídricos?
A gente está
fazendo uma nova regionalização do investimento infraestrutural de
esgotamento? Porque isso não é saneamento
básico.
Isso é Infraestrutura,
isso é esgotamento,
isso é recursos
hídricos.
E o resto do saneamento
básico?
Mas se a gente fosse discutir
recursos hídricos
e esgotamento, isso já é bastante coisa, isso é bastante
importante. A gente não pode deixar de levar em
consideração as questões ambientais e geográficas.
A divisão da água,
por exemplo, que é feita
a partir de um monte de leis aqui na Assembleia
Legislativa, coloca os municípios
de uma região geográfica
compartilhando o mesmo rio, compartilhando o mesmo aquífero,
compartilhando coisas locais.
Eu não entendi por que dentro
dessas quatro regionalizações a gente tem a primeira com 370 municípios,
que vai do Guarujá,
Guarulhos, Euclides da Cunha, no oeste paulista, que é uma
região bastante pobre, pouco desenvolvida. E a gente tem a Região 3 com nove
municípios.
Quais são esses caracteres? Como se desenhou? É para investimento?
Aí a
Janaina traz aqui uma dúvida
se é para
investimento privado. A Secretaria do Meio Ambiente disse que não.
Aí eu
vou questionar como é que
vai se compartilhar a água
a partir dessa não geografia, feito nesse aglomerado de cidades? Essas quatro regionalizações
têm
o primeiro bloco com 370 municípios,
o segundo com 26, o terceiro com nove, o quarto com trinta e seis.
Bom, se a gente vai discutir saneamento
básico,
a gente precisa discutir que tem muita gente sem acesso. Que tenha acesso é importante, e aí acho
muito bem, muito bonitinhas as emendas que o Governo está
se propondo a acatar neste
momento.
São importantes, fala de
campanha de conscientização ao uso de água,
investimento em água
de reuso, etcetera e tal, mas não toca no cerne, no central do projeto.
Nenhuma das emendas acatadas
toca no cerne do problema: que a gente tem um problema de abastecimento
gigantesco; a gente vai enfrentar este ano uma crise de abastecimento sem precedentes, e ano que vem pode colapsar. Vai se estender e vai
se agudizar essa crise. A Sabesp e a Secretaria do Meio Ambiente sabem.
A gente recebeu um alerta dia
27 de maio de crise hídrica
em cinco estados, inclusive Sudeste. A gente está
falando de falta de abastecimento de energia. A gente está
falando que o La Niña, mais o desmatamento da Amazônia,
vai deixar este ano seco.
A gente já
tem sete a cada dez moradores
de favelas da Região Metropolitana de São Paulo sem acesso à água.
E no final do ano não vai chover de novo, e a gente
vai entrar em 2022 numa seca e numa escassez sem precedentes. A gente está
falando de colapso.
Então, se a gente está falando
de hidrografia, a gente também
tem que pensar em geografia, como é que
vai se distribuir essa água
a partir das bacias. Esse é um
ponto importante.
Técnicos
ambientalistas e municípios
continuam reclamando por que o estado de São Paulo não vai aderir, continuar
usando, à regionalização
a partir das bacias hidrográficas
já consolidadas,
inclusive, com política
de participação, como os conselhos de bacias, por exemplo.
Então
esse é um
Projeto muito difícil,
que vem a esta Casa num momento de pressa, para se fazer cumprir o novo marco
do saneamento
básico, que não se justifica economicamente,
tampouco geograficamente, que está excluso,
mas que seria uma grande oportunidade de a gente avançar
em temas urgentes.
Todo mundo quer a
universalização do saneamento
básico.
E todo mundo sabe que saneamento
básico
é uma
infraestrutura caríssima.
Caríssima.
Só há investimento em saneamento
básico no Brasil com dinheiro
público.
Mesmo quando há concessão, mesmo quando
há autarquias, mesmo quando há privatização, o dinheiro pego para construir
infraestrutura em saneamento básico é a partir de
políticas públicas, TACs, BNDES, a juros baixíssimos. Ou seja, o governo
financia 100% das obras de Saneamento Básico.
Construir
tratamento de esgoto no Brasil, coleta e tratamento de esgoto, é a única
política que vai despoluir, por exemplo o rio Tietê e o rio Pinheiros, porque
nada adianta gastar milhões com o rio, tirando garrafa pet do rio, se a gente
não coleta, não trata esgoto. Os rios vão continuar recebendo esgoto in natura.
Então, essa é uma política muito importante, muito importante para o nosso
futuro, para o futuro das pessoas.
A gente vai
ter que discutir aqui, logo, logo, essas indústrias e negócios que a gente não
quer que fechem, por conta da pandemia, como é que a gente vai fazer, para que
elas não fechem por conta do desabastecimento de água.
A gente vai
ter que discutir condições salubres para que as pessoas mais pobres, pretas,
periféricas, tenham acesso a lavar a mão, no tamanho da condição e da crise que
se aproxima, que já chegou aos interiores, que já chegou às favelas.
A grande
maioria das populações do centro urbano ainda não sente, mas está logo ali. O
que dirá o prefeito de Américo Brasiliense, ou de Itu, por exemplo, que estão
em procissão em nossos gabinetes pedindo ajuda para construir poços artesianos,
para vencer a crise de abastecimento, que já está instalada nas cidades, desde
o ano passado.
Então,
tratamento de esgoto, recursos para os municípios produtores de água,
infraestrutura urbana, coleta e tratamento de esgoto, destinação de resíduos
sólidos, partilha de recursos hídricos, tudo isso é saneamento básico, e
nenhuma linha está escrita nesse projeto.
Se não se
justifica e não se explica tecnicamente, aconselho a todos os colegas a não
votarem isso de forma tão apressada.
Volto ao início da minha fala, porque o pessoal tem
grande interesse nessa matéria. Eu tenho contribuições nessa matéria. Sou
autora de três emendas e coautora de um substitutivo que a sociedade civil,
técnicos e ambientalistas podem ajudar.
Prefeituras podem ajudar. Conselhos de bacia
hidrográfica podem ajudar. Saneamento Básico é um tema sério, urgente e
necessário, no estado mais desenvolvido do País. Por isso a gente tem que fazer
isso com seriedade também.
A gente aprovou aqui muitos projetos, sem conhecimento
técnico. De novo eu vou citar a despoluição dos rios, menina dos olhos do
Governo do Estado de São Paulo. Aprovamos aí mais de bilhões de investimentos.
Tecnicamente, é incorreto, improvável, não vai
despoluir o rio a partir de retirar resíduos direto do seu leito da água. A
gente só vai despoluir o rio Pinheiros e o rio Tietê nesse projeto aqui, se
houver viabilização de coleta e tratamento de 100% de esgoto.
É nesse projeto aqui que a gente deveria estar
debruçado, sobre formas de despoluição dos rios, que vão fazer falta para o
abastecimento de água para pessoas e para negócios em setembro.
O projeto está incorreto. O projeto é injustificável,
e restam ainda muitas dúvidas técnicas. Por isso, mesmo com o acolhimento
dessas emendas, que não mudam o centro e o cerne do projeto, nós vamos
continuar na obstrução, e vamos votar contra.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Finalizadas as palavras da deputada Monica, com a palavra agora, para discussão, a deputada Marina Helou.
A SRA. MARINA HELOU - REDE - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, presidente. Quero
cumprimentar todos que já falaram, e todos os deputados presentes,
principalmente o deputado Caio França, presidente da Comissão de Meio Ambiente,
e a deputada Monica Seixas, relatora da subcomissão de Água. Juntos estamos
fazendo um trabalho importante na Comissão do Meio Ambiente.
Tratamos
de temas que são fundamentais, não só para o meio ambiente, mas para nossa
população do Estado. O meio ambiente influencia diretamente na nossa vida.
Entender isso é entender como a gente pode priorizar e fazer uma boa gestão do
meio ambiente, a partir da perspectiva da política pública.
Quero
cumprimentar o líder do Governo, Vinícius Camarinha, que fez um esforço para
que a gente pudesse, em audiências públicas, que já foi um avanço nesse
sentido, que as organizações da sociedade civil puderam falar, com a presença
do secretário Penido, diversas prefeituras foram chamadas e estiveram
presentes.
Mas,
infelizmente, esse esforço não resultou num avanço concreto na qualidade do
projeto de lei que a gente está aqui discutindo, na qualidade das emendas acatadas
pelo governo, na alteração substancial que esse projeto traz.
Saneamento
básico é, com certeza, uma das nossas prioridades absolutas. Saneamento básico,
e o novo marco legal do Saneamento Básico, trazem possibilidades de inovação,
para que a gente possa avançar nessa agenda.
Não
dá para a gente achar que está tudo certo, tendo mais de 35% do esgoto coletado
e não tratado. Não dá para a gente achar que está tudo bem, com o nível de
perda de água que a gente tem.
A
Monica muito bem trouxe e pontuou que vai faltar água para todas as pessoas do
estado, na verdade, para todas as pessoas do Brasil, porque, se a gente não
começar a entender que as coisas são integradas, a gente vai continuar
enxugando gelo na resolução de construção de políticas públicas, seja na
qualidade de acesso à água, vai faltar água para o Brasil, uma potência
hídrica, uma potência florestal.
Enquanto
a gente devasta as nossas florestas, falta água, e a tendência é extremamente
lógica, extremamente prejudicial. A gente não está atuando corretamente nessa
questão, e vai faltar coleta e tratamento, no saneamento básico, se a gente não
olhar de uma forma adequada, com profundidade. Infelizmente, neste momento não
conseguimos avançar nesse tema.
Eu
concordo plenamente com o líder do Governo quando ele diz da importância de
nós, a Casa legislativa, os estados, assumirmos a responsabilidade com a
generalização do nosso estado, propor a melhor forma de avançar nesse tema no
nosso estado, de não delegar ao governo federal, ainda mais esse governo
federal, completamente irresponsável para o meio ambiente, com a vida das
pessoas, um tema tão importante, a regulamentação de um marco legal do saneamento
básico, uma das discussões mais importantes que esta Casa tinha para fazer.
Infelizmente,
o projeto aqui proposto, e a tramitação em urgência, não nos possibilitou fazer
isso. Mas, pior, trouxe um projeto com grandes inseguranças jurídicas, grandes
inseguranças institucionais, que não atendem à necessidade de saneamento básico
no nosso Estado.
Antes
de começar a passar os pontos pelos quais eu acredito que esse projeto não é
adequado, que não pode ser aprovado da forma como está, eu gostaria de
agradecer a algumas instituições, como o Instituto de Água e Saneamento Básico,
o IAS, e o Instituto de Democracia e Sustentabilidade, o IDS, que puseram uma
grande atenção nesse projeto, subsidiaram, fizeram estudos técnicos importantes
a partir do acúmulo que ele já tem, o tema do saneamento básico na sociedade.
Quero
agradecer ao Trata Brasil, que trata e fala do saneamento básico com muita
profundidade, pauta a questão no Brasil há muitos anos, e também é uma
contribuição importante nessa discussão.
E
quero agradecer ao Ministério Público, principalmente ao Gaema,
Grupo de Atuação em Defesa do Meio Ambiente, que também participou das
audiências, deu a contribuição técnica importante, todos eles trazendo uma
preocupação com a aprovação do projeto da forma em que está trazendo pontos
críticos, que a gente não pode seguir com o projeto dessa forma.
Quando
a gente fala em saneamento básico, a gente está falando de quatro serviços. O
abastecimento de água, como a gente já falou, está em situação crítica no
Brasil, crítica no nosso Estado. Vai faltar água, vai encarecer a energia, e
tem que ser discutido com uma profundidade maior. Não dá para ter 35% de perda
de água nos nossos sistemas. Não dá para a gente continuar dessa forma.
O segundo processo é o
esgotamento sanitário, coleta e tratamento de esgoto.
O terceiro, claro, é
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. É intrinsecamente conectado, a
gente precisa entender isso.
E o quarto ponto
importantíssimo é a drenagem urbana e o manejo das águas pluviais.
Quando a gente conecta
essas quatro formas, quatro elementos, a gente tem um bom sistema de tratamento
básico. Quando a gente trata deles isolado, a gente segue insistindo no mesmo
erro de fragmentação.
E esse projeto traz
esse erro mais uma vez ao tratar única e exclusivamente de abastecimento de
água e esgotamento sanitário, não integrando todas as questões como uma única
solução, parte da mesma questão, do mesmo problema.
O segundo ponto
importante que a gente tende a discutir é a forma como esse projeto foi
colocado. A gente não tem acesso à transparência necessária para uma boa
discussão desse tema pelas notas que embasam essa distribuição de regiões
dessas quatro unidades regionais.
O projeto cita, na sua
justificativa, essas notas técnicas. A gente viu a apresentação num PowerPoint
com essa citação, essas notas, mas a gente não tem acesso aos dados. A gente
solicita e não consegue ver, a gente não consegue ter a transparência
necessária para entender a razão pela qual unidades regionais tão díspares e
tão desconectadas com a organização da administração pública no nosso Estado
fazem sentido.
A falta de
transparência é gravíssima, é o segundo ponto que a gente precisa salientar. A
gente entende que o único critério colocado, que é um critério importante, eu
entendo que sim, que é o desempenho econômico-financeiro, ele não pode ser o
único.
Ele tem que ser
conectado com os outros critérios, como por exemplo as unidades regionais já
previstas, regiões metropolitanas, bacias da água do Estado, porque ela vai ser
garantidora que o critério econômico-financeiro se mantenha no futuro. A gente
não pode criar uma coisa tão díspar, tão difícil de acontecer, que ela não vai
se tornar realidade.
Os municípios não vão
aderir, e a gente vai ter uma insegurança jurídica tão grande que vai quebrar
exatamente o critério de desempenho econômico-financeiro, o que, pior do que
isso, faz investimento ser tão caro, de uma forma tão desconectada com o
próprio território, que impede que a gente vá dar um avanço importante e que
esses critérios se mantenham.
Então, esse único
critério não faz o menor sentido dentro dessa lógica que planejamento de
políticas públicas, especialmente no Saneamento Básico, tem que ser mais amplo
e integrado, com mais profundidade.
O terceiro ponto é que
a gente, diretamente dentro dessa região, desconsidera regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas, as unidades de gerenciamento de resíduos, recursos
hídricos, que são tão importantes no nosso Estado, incluindo os comitês e
planos de bacia hidrográficas.
Se a gente está falando
de serviços de prestação de abastecimento de água e coleta de esgoto, como é
que a gente ignora a distribuição no Estado da nossa água, do recurso hídrico e
dos nossos sistemas de administração pública já instalados que são responsáveis
pela gestão dos nossos recursos hídricos de forma territorializada regional?
Quando a gente pensa em
regionalizações completamente desconectadas dos planos regionais já instalados,
a gente cria uma complexidade maior, um custo maior, uma ineficácia gigantesca
e um problema grave de implementação do que está sendo proposto aqui.
Essa distância dos
arranjos territoriais cria inclusive um descompasso com a legislação nacional e
estadual da importância de como isso deve ser gerido. Então, a gente traz essa
desarticulação frente ao Estatuto da Metrópole, que é uma lei federal, frente
aos planos de unidades regionais de comitê de bacias, de articulação dos nossos
recursos hídricos, que já são leis estabelecidas. Então, a gente entende que
existe, sim, uma insegurança jurídica na aprovação do projeto como ele está
hoje.
Tem algumas confusões
importantes dentro desses projetos, dedicadas à gestão de política pública, que
envolvem planejamento, a prestação de controle social e as finalidades das
unidades regionais como dedicadas à prestação de serviço público de Saneamento
Básico.
No próprio texto essas
duas competências importantes das unidades regionais são diferentes e aparecem
de formas diferentes, criando uma confusão jurídica, que é muito grave quando a
gente entende que são coisas diferentes.
Não é a gestão da
política pública, é planejamento, a regulamentação, a prestação, controle
social, acompanhamento que muito bem trouxe o Caio aqui. A gente precisa
acompanhar isso com recursos humanos, entendendo quem vai fazer isso, quem são
as pessoas, quantas pessoas a gente vai ter disponíveis para fazer isso, como
vai funcionar essa gestão da política pública.
Outra questão da
unidade regional é dedicada à prestação de serviços de saneamento básico em si.
Essa confusão de apresentação dos Arts. 1 e 2 traz outra insegurança
importante, que a gente precisa destacar nesse projeto.
Bom, acho que a gente
já falou bastante dessa questão de como a gente pode fazer com municípios que
tenham recursos diferentes, e diferentes estágios de implementação do
saneamento básico que não estão sendo contemplados aqui.
Esse subsídio cruzado
fica comprometido se os municípios não aderirem, porque a gente pensa um
planejamento em que a gente tenha municípios maiores que conseguem ser
lucrativos a ponto de financiarem, subsidiarem os municípios pequenos que não
têm essa possibilidade, e que parece ser interessante, mas ao mesmo tempo a
gente entende que depende da adesão.
Se os municípios
maiores não aderirem, os municípios que são pequenos, ou que são mais
vulneráveis com a população mais pobre não terão como ter acesso a
financiamento por outras formas que não seja aderir ao plano de regionalização
e não alterar o subsídio cruzado dos municípios mais ricos. E a gente sabe que
existem muitos municípios com muita insegurança na adesão.
Então, se a gente pensa
uma forma que depende de adesão dos municípios que pode não funcionar, a gente
coloca em risco todo o ecossistema de pequenos municípios que precisam de
saneamento básico e precisam de estrutura, porque não têm a sustentação
financeira necessária para isso.
Se o objetivo é
universalizar o saneamento básico, essa não é a melhor forma de fazer. Isso é
muito importante de a gente entender. E quero fazer coro aqui com o Caio, que
colocou a importância de envolver o Legislativo Municipal na tomada de decisão.
Hoje, da forma que
está, apenas pela visão do prefeito, também traz risco dentro do próprio
município de questionamentos dos Legislativos Municipais e das Câmaras Municipais,
que é importantíssimo. É uma emenda que foi colocada e não foi simplesmente
atendida.
Quero, então, dizer que
infelizmente, considerando o esforço do líder Camarinha de tentar achar emendas
que ele conseguisse contemplar, de diversas ordens, emendas importantes sobre
reuso da água, campanha de utilização de água de forma adequada, elas não tocam
no cerne do problema, que é a forma como o projeto está tramitando, a
distribuição de regionalização inadequada e desconectada com o território e com
as leis regionais que a gente já tem.
Então, por isso, não
tem como. Infelizmente nós aqui que estamos no campo da construção de um novo
modelo de desenvolvimento no campo da defesa do meio ambiente, no campo do
entendimento do quão essencial é o saneamento básico, não temos como apoiar
esse projeto, e eu vou votar contra ele.
Agradeço toda a
disponibilidade de conversa. Agradeço a contribuição de tantas pessoas da
sociedade civil, mas reitero que infelizmente para a agenda da universalização
do saneamento básico com qualidade, o acesso à água como um direito e da
possibilidade de novos investimentos que facilitem isso acontecer, esse projeto
não atende a necessidade.
Muito obrigada pela
palavra. Devolvo a palavra ao presidente.
O SR. PRESIDENTE -
ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputada Marina Helou. Dando sequência aos inscritos,
o nobre deputado Maurici.
O SR. MAURICI - PT -
Sr. Presidente…
O SR. PRESIDENTE -
ANDRÉ DO PRADO - PL - Pois
não, deputado.
O SR. MAURICI - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, eu não vou me ocupar de repetir o que já foi
observado nas falas pelas colegas, pelos colegas que ocuparam esta tribuna
anteriormente, porque eles já contaram com muita propriedade as insuficiências
do projeto de lei em questão.
Eu, como eles, também
participei de várias das audiências públicas. O secretário Penido, a quem,
aliás, dedico um grande respeito, na minha opinião, é um dos homens públicos,
desse governo, da maior responsabilidade, da maior competência, da maior atenção
conosco, deputados e também prefeitos e vereadores.
Tive a oportunidade de estar lá na
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, para discutir pessoalmente
esse projeto. Eu entendi a questão do limite de prazo para a aprovação desse
projeto de lei, em função do dispositivo federal estabelecer que, se o Estado
não o fizer até o mês que vem, ele ficará sujeito a que seja feito pelo governo
federal, de forma discricionária.
Entendi, também, por que o Governo
do Estado fez a opção pela divisão em quatro unidades regionais, aparentemente
esdrúxulas. Acho que as colegas que antecederam têm razão. O critério foi
basicamente a questão - digamos assim - comercial. Pelo que o secretário Penido
explicou, o subsídio cruzado só pode ser praticado dentro dos limites da
unidade regional.
Então uma delas procurou preservar
os municípios operados pela Sabesp, para que ela pudesse implementar esse
princípio, que é um princípio que nos é caro. E as demais unidades, segundo o
governo, ele teria procurado agrupar municípios de tal forma a garantir o
equilíbrio econômico. Para que, dentro dessas unidades, pudesse ser feito então
o subsídio cruzado.
O projeto não faz menção nem à
questão das águas pluviais ou da drenagem, nem à questão dos resíduos sólidos.
Não menciona isso, o que é um problema, na nossa opinião.
A divisão em quatro unidades
regionais, embora tenha esse critério legal, não dialoga com a questão das
bacias hidrográficas, por exemplo. Nem com as regiões metropolitanas e com os
aglomerados urbanos.
Ali nesse ponto me parece que há
uma insegurança jurídica, apontada por vários órgãos porque, enquanto as
regiões metropolitanas e os aglomerados foram criados por lei complementar, as
unidades regionais se pretendem criar por lei ordinária. Então já teria um
problema que poderia gerar um debate judicial.
A outra preocupação que nos coloca
é a questão da participação dos legislativos municipais e da sociedade civil.
Tanto no momento da adesão, ou não, quanto no planejamento e na gestão das
unidades regionais e dos planos regionais.
Como podemos imaginar que, numa
unidade regional com 200 municípios, o debate dos prefeitos possa considerar as
particularidades municipais ou regionais? É muito difícil que isso aconteça.
Então, olhando para o projeto, e
com pouco tempo que lhe foi colocado para a discussão, o que a gente procurou
fazer foi imaginar uma maneira de garantir a atenção ao prazo legal, de
garantir a possibilidade do subsídio cruzado e da preservação da área gerida
pela Sabesp.
Eu não vejo nenhum problema de
colocar a questão dessa maneira. Há quem discorde disso, mas eu lembro que a
Sabesp é um patrimônio do povo paulista. Então temos que considerar isso
também. Agora, evidente que essa não pode ser a única ótica para a leitura de
um projeto da importância desse.
O meu gabinete acabou preparando
algumas emendas, cinco emendas. Cinco das 22 emendas saíram daqui. Mas também
propusemos um substitutivo. Aí eu queria pedir, aos deputados e deputadas, uma
atenção para o substitutivo que nós apresentamos.
O que, na minha opinião, tem um
mérito. Qual que é o mérito? De atender ao prazo legal, com a criação das
quatro unidades regionais, corrigir algumas questões em relação à adesão dos
municípios.
Nós entendemos que as câmaras
municipais devam participar, corrigir a questão da gestão mais próxima dos
municípios e da discussão com os comitês de bacia, com muito respeito aos
comitês de bacia, com a criação de subunidades regionais, e estabelecer um
prazo maior para que essas unidades, essas subunidades possam ser constituídas.
E que, nesse processo, possam ser
feitas várias audiências públicas, e se aprofundar o debate, para que a gente
possa, de fato, sair com uma legislação que atenda minimamente as necessidades
da questão do saneamento ambiental, do saneamento do estado de São Paulo.
Com todo o respeito aos esforços do
líder, deputado Camarinha, na minha opinião, as emendas que o governo admite
incorporar, claro que são importantes, mas não dizem respeito à estrutura do
projeto. Não têm o condão de corrigir os problemas mais estruturais desse
projeto.
Por isso, se não houver uma
sensibilidade maior do governo, de discutir um pouco mais, e incorporar mais
algumas emendas ao projeto de lei, eu vou defender, junto à minha bancada, que
a gente vote contrariamente a esse projeto.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Antes de dar
sequência ao próximo orador inscrito, nos termos do Art. 100, inciso I, do
Regimento Interno, combinado com o Art. 2o, inciso II, alínea “a”,
do Ato da Mesa nº 16, de 2021, convoco V. Exas. para uma sessão extraordinária
a realizar-se hoje, às 15 horas, em ambiente virtual, com a finalidade de ser
apreciada a seguinte Ordem do Dia.
* * *
- NR - A Ordem do Dia para a 42a Sessão Extraordinária foi publicada no D.O. de 09/06/2021.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Dando
sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra, o deputado José
Américo.
O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Muito obrigado, Sr. Presidente
André do Prado. Queria saudar os Srs. Deputados, minha líder Professora Bebel,
Maurici...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Deputado Zé
Américo, um minutinho, por favor. Me desculpe. É que tem um “pela ordem” da
deputada Isa Penna. Só passar a palavra a ela, se o senhor assim me permitir.
Deputada Isa Penna.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Obrigada, presidente. Obrigado,
deputado. Eu queria, na verdade, pedir verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Deputada Isa
Penna, temos quórum de 38 deputados logados.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Deputada Isa
Penna, esta Presidência entende que temos 38 deputados logados. Então não tem
necessidade da verificação de presença.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Mas a verificação de presença não
é aquela que todo mundo tem que entrar, mostrar a cara e falar que está aqui?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Mas esta
Presidência detectou a presença de 38 participantes, que estão logados agora,
nesse momento, faltando exatamente 10 minutinhos.
A SRA. ISA PENNA - PSOL – PARA QUESTÃO DE ORDEM - Entendi.
Uma dúvida, presidente. Uma dúvida. Verificação de presença nominal não deveria
seguir a mesma ótica da verificação de presença do plenário, que as pessoas
fossem chamadas e se apresentassem?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Deputada Isa
Penna, o ato foi publicado pela Mesa.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Conheço o ato, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - O ato
publicado pela Mesa, já na questão das sessões virtuais, o ato estabelece que
os participantes, estando logados, é suficiente para contar como quórum.
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Então, mas na verdade, salvo
engano, o ato define isso, mas ele não expressa, não define expressamente como
vai ser a verificação de presença nominal. Né?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Sim, mas…
A SRA. ISA PENNA - PSOL - Então, é por seguir a mesma lógica
das verificações de presença, como está no Regimento do Plenário, em tese, os
deputados deveriam… (Vozes sobrepostas.)
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Mas o ato…
(Vozes sobrepostas.) Este presidente detecta que tem a presença. Nesse momento
até aumentou o número de participantes. Então esse ato estabelece isso. Então
eu devolvo a palavra ao nobre deputado José Américo, inscrito para a discussão.
O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Eu queria
saudar novamente todos os deputados presentes, e o Sr. Presidente, André do
Prado.
Quero começar dizendo o seguinte:
acho que houve um esforço da parte do líder Vinícius Camarinha, que eu gostaria
de saudar, por esse projeto, que foram organizadas as audiências públicas com
prefeitos, essas audiências públicas com prefeitos aderentes à Sabesp, com os
prefeitos não aderentes à Sabesp.
Acho que isso foi uma coisa
importante. Houve um esforço para fazer o debate do projeto. Acho que isso é
relevante. Também queria saudar o líder por estar procurando buscar um acordo
com a oposição, pelo menos com o PT, e agora com o PSOL, para buscar um acordo
mínimo em debate e discussão, para ver se a gente anda.
Então acho que isso aí é uma coisa
que deve ser saudada, porque o Parlamento tem que funcionar como uma instância
de crítica, de contribuição e elaboração dos projetos.
Esse marco regulatório do
saneamento básico, que foi definido pela lei federal, lei federal que
estabeleceu para todos os estados fazerem isso até o mês que vem, ele é uma
coisa importante do ponto de vista de que nós vamos ter um marco.
O Brasil é um país que, pela sua
riqueza, pela sua diversidade, pelos seus avanços nos últimos anos, ele deixa
muito a desejar do ponto de vista do saneamento urbano.
Inclusive, se nós formos buscar
comparações, nós vamos ver a Argentina, vamos ver o Uruguai, países do Cone
Sul, que estão muito mais avançados que o Brasil em relação ao saneamento
básico.
Se você for fazer uma comparação do
Brasil com o Brasil, vai pegar a cidade de São Paulo, a cidade mais rica do
Brasil, mais complexa, com uma capacidade industrial muito grande, uma
capacidade humana muito grande.
O saneamento básico na cidade de
São Paulo também deixa muito a desejar. Nós temos, aqui em São Paulo, uma parte
do esgoto de São Paulo não é tratada. Uma parte do esgoto de São Paulo é jogada
nos nossos rios.
Se não estou enganado, porque eu
tratei desse tema há alguns anos atrás, aquela região do Palácio dos
Bandeirantes, o esgoto que sai dali também continua não sendo tratado. É um
negócio assombroso em matéria de defasagem em relação ao saneamento básico.
Muitas prefeituras, uns 10 ou 15
anos atrás, começaram a achar que era uma saída a privatização do esgoto, da
água. O balanço, que algumas prefeituras que eu conheço, fazem hoje, o balanço
que eles fazem é um balanço muito insuficiente. Ou seja, não adiantou muito.
Não adiantou muito.
A questão do saneamento básico tem
que ser tratada, realmente, a partir de um marco regulatório, um plano geral
para o País, de um plano para os estados. Por isso, eu acho positivo, embora
possa divergir da lei geral, que foi aprovada na Câmara Federal. Eu acho que é
um avanço estabelecer uma peça, uma legislação nacional, e depois desdobrar
isso para legislações estaduais. Então eu acho que isso é um avanço.
O substitutivo que nós
apresentamos, eu, o Maurici e o Paulo Fiorilo, que
foi concebido, liderado pelo Maurici, uma pessoa que todos vocês viram que tem
um acúmulo muito grande nessa área, ele cria sub-regiões para aproveitar melhor
o comitê das bacias hidrográficas. Vai além das quatro. Acho que é muito pouco,
e não dá conta de tudo o que o estado de São Paulo tem.
Uma coisa importante, no projeto, é
a democratização das instâncias de participação. Então primeiro você atribui às
câmaras municipais o poder de aprovar os planos regionais e os planos
municipais. E você dá paridade entre o Poder Público e a sociedade civil. Acho
que é outro avanço importante do saneamento básico.
Ele precisa ser tratado de maneira
mais democrática. No Brasil, o saneamento básico foi tratado, até hoje, de
maneira absolutamente centralizada e autoritária. É por isso que a gente está
tão atrasado em relação a isso.
Então essa coisa, das câmaras
municipais participarem da decisão, e a sociedade civil ter uma - digamos
assim, os comitês da sociedade civil - uma paridade com o Poder Público, acho
um avanço muito grande. Espero que a gente consiga que o governo possa
incorporar isso também, porque eu acho que seria um avanço muito grande.
A questão fluvial, das águas dos
rios não ter sido incorporada no projeto, eu acho muito ruim. Porque é uma
coisa que a gente tinha que tentar fazer, de incorporar a questão dos nossos
rios. São Paulo, aliás, precisa ter um avanço muito grande, precisa investir
muito dinheiro.
Ou, talvez, fazer uma
racionalização melhor do saneamento básico, para que a cidade de São Paulo e a
Grande São Paulo consigam superar a tristeza que é, ou a tristeza que foi, a
perda dos nossos rios.
Eu digo perda, porque nós perdemos
o Tamanduateí, perdemos o rio Tietê, pelo menos aqui na região da Grande São
Paulo. Perdemos o córrego do Sapateiro. Perdemos dezenas ou milhares de riachos
e rios que já foram importantes em São Paulo, para a poluição, para o esgoto.
Esses rios viraram todos esgotos,
esgoto a céu aberto. Então, a recuperação fluvial, eu acho que tinha que ser
uma coisa colocada, ainda que a gente saiba que tem que ser a longuíssimo
prazo. Tem quer ser a longuíssimo prazo.
Mas, de todo modo, se nós
conseguirmos tratar os esgotos, se a gente conseguir evitar o esgotamento
clandestino nos rios, a gente vai ajudar a recuperar - digamos assim - a rede
fluvial da cidade de São Paulo, da Grande São Paulo.
E em algumas regiões do interior do
estado os rios também estão poluídos. Nossos grandes rios, não só estão
poluídos, como nossos grandes rios sofrem a exploração hidrelétrica. É o caso
do Paraná, é o caso do rio Grande. A exploração hidrelétrica.
E as concessões feitas, nessas
explorações hidrelétricas, não têm sido cumpridas. Portanto os rios, mesmo
aqueles rios que estão em região selvagem, começam a ficar poluídos por
vegetação que não é apropriada, por peixes que trouxeram de fora.
Então nós temos - digamos assim -
uma verdadeira bagunça. O rio Paraná, por exemplo, na região da hidrelétrica de
Jupiá, no rio Paraná, ele está sendo poluído por algas.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO -
PL - Deputado Zé
Américo, eu vou preservar o tempo de V. Exa. por 6 minutos e 27 segundos para a
sessão extraordinária das 15 horas, haja vista que está encerrada a nossa
sessão extraordinária.
Porém, antes, gostaria de responder
a questão de ordem da deputada Isa Penna, no que tange à questão da presença.
No Ato da Mesa nº 16, de 29 de abril de 2021, no seu Art. 5o,
parágrafo 2o, diz o seguinte.
“O quórum constitucional e
regimental para a abertura dos trabalhos e o início da votação será aferido
pelo presidente, levando-se em consideração os parlamentares conectados no
momento correspondente”.
Então fica respondida a questão de
ordem da deputada Isa Penna. Não havendo mais tempo na presente sessão, está
levantada a presente sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 11 horas e
30 minutos.
* * *