18 DE OUTUBRO DE 2021
49ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLÃO PIGNATARI,
ADALBERTO FREITAS e CONTE LOPES
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Abre a sessão. Repudia os ataques à
Igreja Católica feitos durante o pronunciamento do deputado Frederico d'Avila, em 14/10. Pede desculpas ao Papa Francisco e a Dom
Orlando, bispo de Aparecida, em nome do Parlamento paulista. Discorre sobre a
liberdade de expressão. Considera a tribuna um lugar de divergência e não de
ódio. Defende o respeito aos líderes religiosos. Comenta a importância da
democracia na sociedade. Cita o recebimento de notas de repúdio de diferentes
entidades. Lê carta aberta publicada pela CNBB. Lembra a aprovação de lei
contra intolerância religiosa nesta Casa.
2 - PAULO LULA FIORILO
Parabeniza o presidente pelo
discurso. Repudia as palavras do deputado Frederico d'Avila,
na última quinta-feira. Lê texto enviado pelo bispo Dom Pedro Stringhini. Cobra responsabilidade com o uso da tribuna.
Cita fala do bispo Dom Arnaldo Carvalheiro. Pede assinaturas para solicitação
de punição ao Conselho de Ética.
3 - JANAINA PASCHOAL
Lamenta o discurso do deputado
Frederico d'Avila. Pede desculpas, como líder da
bancada do PSL, por não ter se pronunciado sobre o assunto antes. Discorre
sobre conversa com o colega sobre o tema. Defende o trabalho do Papa Francisco
em prol da humanidade.
4 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Informa a presença do padre Afonso
Lobato neste Parlamento. Repudia o uso da tribuna para disseminação de
discursos de ódio. Presta solidariedade a todos que foram ofendidos pelo
discurso do deputado Frederico d'Avila. Considera o
pronunciamento como crime de intolerância religiosa. Defende os valores
cristãos. Valoriza o trabalho da CNBB. Cita líderes da entidade.
5 - MARCOS ZERBINI
Reafirma seu respeito pela Igreja
Católica. Clama por punição ao deputado Frederico d'Avila.
Afirma que toda a Igreja foi desrespeitada. Alega crime de intolerância
religiosa. Repudia os discursos ofensivos e inflamados. Pede respeito entre os
pares e autoridades. Critica a demora para compra de vacinas pelo governo
federal.
6 - REINALDO ALGUZ
Parabeniza a Presidência pelo
discurso. Repudia os ataques à Igreja Católica feitos pelo deputado Frederico
d'Avila em seu pronunciamento. Clama pela preservação
do respeito às opiniões divergentes. Discorre sobre o fazer político. Defende a
manutenção da democracia. Tece críticas aos extremismos políticos. Cita fala do
Papa Bento XVI.
7 - ADALBERTO FREITAS
Assume a Presidência.
8 - CONTE LOPES
Critica o uso da tribuna para ataques
pessoais. Alega que o deputado Frederico d'Avila
estava sensibilizado quando fez o discurso. Exibe vídeo de agressão e assalto
ao deputado. Defende o porte de arma. Tece críticas ao uso de câmeras nas
fardas de policiais.
9 - FREDERICO D'AVILA
Pede desculpas pelo discurso feito no
dia 14/10. Cita assalto que sofrera durante o feriado. Considera seu
pronunciamento inapropriado e exagerado. Reafirma respeito à Igreja Católica.
Cita versículo bíblico.
10 - CONTE LOPES
Assume a Presidência.
GRANDE EXPEDIENTE
11 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Discorre sobre o pedido de desculpas
do deputado Frederico d'Avila aos líderes religiosos
da Igreja Católica. Afirma que o deputado também teria proferido ofensas ao PT.
Diz que os católicos foram ofendidos por seu discurso. Relata que o presidente
Jair Bolsonaro teria sido muito bem recebido pela Igreja Católica. Considera o
pronunciamento do deputado como intolerância religiosa. Destaca a importância
dos trabalhos sociais realizados pela CNBB. Convida os demais a assinarem
representação do Conselho de Ética para apurar a conduta do deputado.
12 - GIL DINIZ
Defende o deputado Frederico d'Avila. Diz que o mesmo já se retratou a respeito do
ocorrido. Faz leitura de trecho bíblico. Lamenta que o governador João Doria
não tenha sancionado a lei que prevê o Dia do Nascituro, aprovada nesta Casa.
Garante que votará favoravelmente ao PLC 26/21, caso o deputado Frederico d'Avila continue sofrendo com o que considerou serem ataques.
13 - CORONEL TELHADA
Discorre sobre retratação do deputado
Frederico d'Avila. Mostra-se contrário à
representação na Comissão de Ética em razão do pronunciamento do deputado
citado. Afirma que os deputados deveriam trabalhar em prol da população.
Lamenta a morte do policial militar Bruno Fernando Tunes, do cabo Wallace Lima Valesi, em Ribeirão Preto e do sargento Cláudio Muniz.
Menciona as datas comemorativas do dia.
14 - FREDERICO D'AVILA
Para comunicação, afirma ter visto
policiais militares fazendo a segurança particular da residência do governador
João Doria.
15 - ALTAIR MORAES
Pelo art. 82, reconhece o excesso
cometido pelo deputado Frederico d'Avila em seu
pronunciamento. Afirma que o mesmo já teria se retratado a respeito do assunto.
Diz já ter sofrido intolerância religiosa por outros deputados desta Casa.
16 - GIL DINIZ
Para comunicação, questiona o
deputado Emidio Lula de Souza a respeito do
posicionamento contrário da Igreja Católica sobre procedimentos de interrupção
de gestação.
17 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Pelo art. 82, rebate críticas do
deputado Coronel Telhada. Afirma trabalhar em defesa da população. Relata nunca
ter se posicionado favorável a procedimentos abortivos.
18 - CORONEL TELHADA
Para comunicação, afirma que em
nenhum momento se referiu ao deputado Emidio Lula de
Souza em seu discurso. Questiona a falta de assinaturas para a instauração de
CPI que pretende averiguar os gastos do governo estadual durante a pandemia.
19 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Para comunicação, rebate críticas do
deputado Coronel Telhada. Discorre sobre a necessidade de instalação de CPI
para averiguar a conduta da Prevent Senior durante a pandemia.
20 - PAULO LULA FIORILO
Pelo art. 82, tece críticas ao
pronunciamento do deputado Frederico d'Avila. Diz que
esta Casa precisa reconhecer a gravidade do ocorrido. Afirma que o deputado
citado não teria se desculpado diretamente com os ofendidos por seu discurso.
Solidariza-se com o deputado Frederico d´Avila, que
foi vítima de assalto.
21 - GIL DINIZ
Para comunicação, critica o
pronunciamento do deputado Paulo Lula Fiorilo.
Parabeniza o deputado Frederico d´Avila por ter
reconhecido seu excesso e ter feito nota de desculpas ao povo paulista,
brasileiro e católico.
22 - CORONEL TELHADA
Pelo art. 82, afirma que o deputado
Frederico d´Avila não teve a intenção de ofender os
líderes religiosos. Esclarece que as igrejas deveriam cuidar apenas de assuntos
espirituais e não se envolver em assuntos políticos. Ressalta que o deputado já
veio a público hoje, se desculpar pelas suas palavras. Defende a autonomia dos
deputados em seus pronunciamentos, que devem ser realizados com cuidado. Lê
trecho de carta de desculpas do deputado Frederico d´Avila.
Pede maior cuidado com as palavras ao colega.
23 - TENENTE NASCIMENTO
Para comunicação, esclarece que todos
estamos sujeitos ao erro, como ocorreu com o deputado Frederico d´Avila. Diz que o deputado, apesar do grave erro cometido, veio
a público se desculpar, o que considera uma atitude cristã.
24 - CARLOS GIANNAZI
Pelo art. 82, menciona sua
participação em manifestação, hoje, em frente à Secretaria da Educação, de
servidores do quadro de apoio escolar da rede estadual. Informa serem eles os
responsáveis pelo funcionamento da escola. Lamenta os salários recebidos pela
categoria. Esclarece que o secretário da Educação fechou as portas da
secretaria para os seus próprios servidores e cancelou o encontro para discutir
as reivindicações da categoria. Afirma que irá convocar o secretário para
prestar esclarecimentos nesta Casa.
25 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, lê as principais
reivindicações da pauta dos servidores estaduais do quadro de apoio escolar.
Defende a valorização dos servidores da Educação.
26 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, mostra sua
indignação pelo pronunciamento feito pelo deputado Frederico d´Avila. Considera a agressão ao Papa Francisco, ao bispo de
Aparecida, à CNBB e à teologia da libertação como uma afronta e quebra de
decoro parlamentar. Afirma que irá tomar providências. Discorre sobre as
posições defendidas pelo deputado Frederico d´Avila,
consideradas reacionárias.
27 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão,
por acordo de lideranças.
28 - PRESIDENTE CONTE LOPES
Defere o pedido. Convoca os Srs.
Deputados para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com Ordem do
Dia. Levanta a sessão.
* * *
- Abre a
sessão o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
* * *
O SR.
PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Presente o número regimental de
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos
trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e
recebe o expediente.
Não há como abrir esta sessão de hoje de maneira
diferente. Em nome de todo o Parlamento paulista, como presidente desta Casa,
repudio todo e qualquer uso de palavra que vá além da crítica e que se constitua
em ataques, extrapolando os limites da liberdade de expressão e da imunidade
parlamentar concedida aos representantes públicos eleitos.
Aliás, todo excesso no uso da liberdade de
expressão acaba por agredir esse mesmo direito, pilar fundamental da
democracia, que é consagrada como bem maior da sociedade brasileira.
Para o político, o dom da palavra é um direito
inalienável, mas que encontra limites no respeito pessoal e na própria lei. Não
comporta, portanto, a irresponsabilidade e o crime.
Na tribuna, fala o povo, que, por cultura da
sociedade brasileira, comunga da união e do amor ao próximo, independentemente
do seu credo. A tribuna é ponto de convergência, permitindo opiniões
contrárias, mas jamais a pregação do ódio.
Em nome do Parlamento paulista, eu rogo um pedido
expresso de desculpas ao Papa Francisco e a D. Orlando Brandes, arcebispo de
Aparecida, a quem empregamos nossa incondicional solidariedade. A palavra não é
arma para destruição; ela é um dom, é construção.
Todo deputado estadual tem o dever de representar o
povo, de ouvir as pessoas e de fazer valer o seu compromisso com São Paulo, mas
vir à tribuna, lugar mais importante desta Assembleia, para proferir ofensas é
algo que não pode ser aceito. Em nome do Parlamento paulista, é nosso dever o
reestabelecimento e o respeito, antes de tudo, à democracia.
Peço desculpas também a todos que se
sentiram ofendidos pelas palavras, que não representam a opinião da Assembleia
Legislativa de São Paulo. Acredito que o Parlamento também reconheça seu
excesso, e o espaço permanece livre para eventual retração.
Mais uma vez, digo que o nosso
compromisso é com a verdade, com o cidadão, com respeito e com a coerência, e,
como presidente desta Casa, faço um apelo, para que os extremos entendam, de
uma vez por todas, que a divergência legitima a democracia, mas não justifica a
barbárie.
Muito obrigado a todos.”
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, na
última quinta-feira, dia 14.10, o nobre deputado Frederico d’Avila proferiu em seu discurso palavras sobre o arcebispo
Dom Orlando Brandes, da CNBB, bem como o Papa Francisco. Expressões de que o presidente
discorda totalmente, além de serem antirregimentais.
São líderes religiosos, que precisam ser
respeitados, independentemente das posições políticas existentes. Com isso, esta Presidência, nos termos do Art. 18, Inciso I, da letra
“i”, do Regimento Interno, determina que sejam retiradas das notas
taquigráficas qualquer manifestação que se diga o contrário.
Eu tenho aqui, Sras. Deputadas e Srs.
Deputados, duas notas de repúdio. Uma da Cúria Diocesana de Taubaté, que me foi
entregue pelo nosso sempre deputado Afonso Lobato, e também uma carta aberta, que
eu gostaria de ler a todos, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
“Excelentíssimo Sr. Deputado Estadual
Carlão Pignatari, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
cidadãos e cidadãs brasileiros.
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, nesta Casa Legislativa e diante do povo brasileiro, rejeita fortemente
as abomináveis agressões proferidas pelo deputado estadual Frederico d’Avila, no último dia 14 de outubro, da tribuna da
Assembleia Legislativa do estado de São Paulo.
Com ódio descontrolado, o parlamentar
atacou o Santo Padre, o Papa Francisco, a CNBB, e particularmente o Exmo.
Reverendo Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida. Feriu e comprometeu a
missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias
competentes.
Ao longo de toda nossa história de 69
anos, celebrada no dia em que ocorreu este deplorável fato, a CNBB jamais se
acovardou diante das mais difíceis situações, sempre cumpriu sua missão
merecedora de respeito pela relevância religiosa, moral e social na sociedade
brasileira.
Também jamais compactuou com atitudes
violentas com quem quer que seja. Nunca se deixou intimidar. Agora, diante de
um discurso medíocre e odioso, carente de lucidez, modelo de postura política
abominável, que precisa ser extirpada, e judicialmente corrigida, pelo bem da
democracia brasileira, a CNBB, mais uma vez, levanta sua voz.
A CNBB se ancora, profeticamente, sem
medo de perseguições, no seguinte princípio: a Igreja reivindica sempre a
liberdade a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das
realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum
ou a salvação humana o exigirem.
Defensora e comprometida com o Estado
Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia Casa
Legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais
e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado, em proporção
à sua gravidade - sinal de compromisso inarredável com a construção de uma
sociedade democrática e civilizada.
A CNBB, prontamente comprometida com a
verdade e o bem do povo de Deus, a quem serve, tratará esse assunto grave nos
parâmetros judiciais cabíveis. As ofensas e acusações, proferidas pelo
parlamentar - protagonista desse lastimável espetáculo - serão objeto de sua
interpelação, para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que
salvaguardam a verdade e o bem - de modo exigente nos termos da Lei.
Nesta oportunidade, registramos e reafirmamos o nosso incondicional respeito e o nosso afeto ao Santo Padre, o Papa Francisco, bem como a solidariedade a todos os bispos do Brasil. A CNBB aguarda uma resposta rápida de V. Exa., postura exemplar e inspiradora para todas as casas legislativas, instâncias judiciárias e demais segmentos para que a sociedade brasileira não seja sacrificada e nem prisioneira de mentes medíocres. Em Cristo Jesus, ‘Caminho, Verdade e Vida’, fraternalmente,
Brasília-DF, 16 de outubro de 2021.”
Assinam, em nome da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, Dom Walmor de Oliveira Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, presidente; Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima, vice-presidente.
Assinam também o arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, primeiro vice-presidente; e também assina o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, que é o secretário-geral, Dom Joel Portella Amado.
Temos também uma nota da Opus Dei repudiando as falas aqui proferidas pelo nobre deputado Frederico d’Avila e também dos Arautos do Evangelho.
Então, é uma situação muito ruim. Houve um excesso pelo deputado, que espero que seja, no mínimo, reconhecido por nós. Não é papel desta Assembleia Legislativa de São Paulo fazer ataques a nenhum órgão público, ente ou unidade. A liberdade religiosa, nós temos que respeitá-la, afinal de contas até aprovamos uma lei aqui na Assembleia Legislativa contra a intolerância religiosa.
Oradores inscritos: Dr. Jorge Lula do Carmo. Ausente. Deputado Adalberto Freitas. Abre mão. Deputado Paulo Lula Fiorilo. Deputado Paulo Lula... Eu tinha visto o Paulo Fiorilo. Com a palavra o deputado, por cinco minutos. Deputado Paulo Fiorilo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos acompanha pela Rede Alesp, assessorias, Sr. Presidente, eu acho que a atitude que o senhor tomou hoje é a melhor atitude para o Parlamento.
É inadmissível o que ocorreu aqui na quinta-feira por parte do deputado Frederico d’Avila. Nós não podemos permitir que um deputado se esconda atrás do argumento de que tem a imunidade da palavra para poder fazer o que fez aqui desta tribuna.
O discurso do deputado rebaixa a Assembleia Legislativa, rebaixa cada um de nós, porque não podemos concordar com uma fala absurda, com expressões de baixo calão, com expressões chulas, em um parlamento que deveria valorizar as instituições. Ao fim desta semana, possivelmente, vários deputados foram procurados por padres, bispos, por pessoas que são católicas ou até evangélicas, repudiando o que ocorreu na quinta-feira desta tribuna.
Tive a oportunidade de conversar, por exemplo, com Dom Pedro Stringhini, que é bispo diocesano de Mogi das Cruzes. Ele escreveu um texto, talvez o senhor não tenha recebido. Diz ele: “No dia 12 de outubro de 2021, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, ao celebrar missa no Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, afirmou: ‘Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada; para ser pátria amada, é preciso ser uma república sem mentira, sem fake news, pátria amada sem corrupção e pátria amada com fraternidade’”.
É disso que nós precisamos, de fraternidade. A Igreja, ao longo dos anos, através da CNBB, que foi também vilmente atacada aqui, pregando a fraternidade, pregando a união. Nós não podemos concordar que apenas um pedido de desculpas resolva o problema. Aliás, a nota da CNBB diz isso. A nota da CNBB diz: “Esperamos que esta Assembleia possa tomar medidas à altura do que foi dito nesta tribuna”. Não podemos recuar um passo.
E aí, Sr. Presidente, temos já uma solicitação de Conselho de Ética, porque acho que é o Conselho de Ética desta Casa o responsável por indicar as punições cabíveis neste caso, como em outros, como já o fez.
E queria sugerir que todos aqui que se sentiram ultrajados, que se sentiram humilhados pela fala do deputado, que assinem o pedido para o Conselho de Ética, para que o conselho possa de fato apurar e punir de forma exemplar um parlamentar que utiliza dessa tribuna para fazer ataques desnecessários, que não têm cabimento, a autoridades como, por exemplo, o Papa Francisco, que é chefe de Estado.
Como presidente
da Comissão de Relações Internacionais, fico aqui me perguntando como um chefe
de Estado recebe uma fala como a do deputado nesta tribuna. Nós não podemos
permitir e não podemos retroagir de forma nenhuma. É preciso reconhecer o erro,
mas é preciso que haja punição. Não há reconhecimento de erro, nesse caso, sem
punição.
Queria concluir
aqui, Sr. Presidente: o senhor fez referência à Opus Dei e ao Arautos do
Evangelho. Obrigado, deputado Zerbini. Foram as duas entidades a que o deputado
fez referência. As próprias entidades se solidarizam com aqueles que foram
atacados.
Isso mostra que
a fala do deputado, para além de ser excluída, na sua totalidade, do Diário
Oficial, dos anais desta Casa, é preciso de fato que a gente avance numa
discussão sobre penalidades, neste caso específico, ao deputado Frederico d'Avila, mas para que todos os outros deputados entendam o
papel deste Parlamento, a responsabilidade desta tribuna e da investidura que
cada um tem.
Nós não podemos
passar pelo que nós estamos passando, não só com as críticas, mas
principalmente com a postura. Eu queria citar aqui a fala do Dom Arnaldo
Carvalheiro, bispo de Itapeva: “estamos todos extremamente entristecidos,
porque colocamos a política como expressão máxima de caridade. Somos a Igreja
do pão partilhado e da paz. Liberdade de expressão, ser verdadeiro, falar o que
penso, não dá o direito de faltar com o respeito com as pessoas”.
Acho que é
exatamente isso que ocorreu e que nós não podemos permitir. Por isso, sugiro,
Sr. Presidente, que encaminhe meu discurso à CNBB, ao bispo Dom Pedro Stringhini, ao bispo Dom Arnaldo Carvalheiro.
E termino
fazendo uma sugestão aos deputados e deputadas para que todos os que se
sentiram ultrajados assinem a representação ao Conselho de Ética, para que a
gente possa, de fato, fazer os reparos necessários a essa fala indigna de um
parlamentar nesta tribuna.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Com a palavra,
o deputado Olim. Ausente. Com a palavra, o deputado
Frederico d'Avila. Ausente. Com a palavra, o deputado
Tenente Nascimento. Ausente. Com a apalavra, a deputada Professora Bebel.
Ausente.
Com a palavra, a deputada Leci Brandão. Ausente. Com a palavra, o deputado Ricardo
Mellão. Ausente. Com a palavra, o deputado Coronel Nishikawa.
Ausente. Com a palavra, o deputado Enio Tatto. Ausente. Com a palavra, o deputado Carlos Giannazi.
Ausente. Com a palavra, a deputada professora Janaina Paschoal.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PSL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Cumprimento V. Exa, todos os colegas aqui presentes, as pessoas que nos
acompanham. Bem, eu inicio este pronunciamento
pedindo desculpas.
Desculpas ao Papa,
desculpas à CNBB, desculpas ao arcebispo de Aparecida, desculpas aos católicos,
aos não católicos, a todos os que se sentiram ofendidos e que ficaram
indignados com a fala do meu colega de bancada, deputado Frederico d'Avila.
Não peço
desculpas por ele, porque ele vai pedir desculpas pessoalmente. Já elaborou uma
carta de retratação, acabei de colocar nas redes da liderança, ele vai colocar
nas redes dele. O presidente já se dispôs a ler a carta. O deputado Frederico
está a caminho da Assembleia para fazer esse pronunciamento.
Mas eu peço desculpas
por mim também, porque na quinta-feira eu não estava aqui no plenário, eu
estava acompanhando a audiência pública do Orçamento e eu não tive conhecimento
da dimensão do pronunciamento do colega, porque, se eu tivesse tido, já na
sexta-feira nós teríamos cuidado dessa devida retratação.
Apenas
ontem, quando eu comecei a receber alguns e-mails e ver algumas notícias na
imprensa, foi que eu fui assistir ao pronunciamento do colega e realmente
constatar que, infelizmente, o colega exorbitou, utilizou adjetivos incabíveis,
injustificáveis. Eu telefonei, conversei com o colega - nós falamos
“telefonar”, mas hoje em dia é mensagem.
Eu
enviei mensagem para o colega ontem; era meia-noite, estávamos conversando. Ele
está abalado. Ele reconhece os excessos, reconhece o erro. Me explicou que
tinha sido assaltado, que estava emocionado, que se deixou levar por essa
emoção, por essa revolta e acabou ofendendo quem não tem nada a ver com isso.
Então,
fica aqui o meu pedido de desculpas como líder da bancada, porque na condição
de líder eu gostaria de ter tido conhecimento do teor desse pronunciamento para
poder já na sexta-feira - que eu estava aqui presidindo a sessão na sexta-feira
- ter me manifestado.
Fica
aqui, além do pedido de desculpas ao chefe de uma religião da maior importância
humanística - e o próprio colega Frederico d’Avila
reconhece isso - ao chefe de Estado, o Papa Francisco, fica também aqui o
reconhecimento do trabalho que o Papa fez e faz pela humanidade; trabalho esse
que eu costumo ensinar e debater com os meus alunos.
Tem
um livro que eu trabalho com os meus alunos, esse inclusive recebi de um aluno:
“Corrupção e pecado”, de autoria do Papa Francisco, na época Jorge Bergoglio.
Um livro ainda mais espetacular que eu trabalho com as minhas turmas,
intitulado “Sobre o céu e a terra”, que é um livro decorrente do diálogo entre
Jorge Bergoglio e o rabino Skorka. Então, o colega D’Avila, que é um homem de fé, um homem religioso, errou,
errou. Ele reconhece que errou e acredito que seja um momento difícil,
delicado.
Talvez
um dos momentos mais difíceis que eu atravesso nesta Casa como deputada e
sobretudo como líder da bancada, mas um momento para que nós reflitamos sobre
os ensinamentos do Papa Francisco, sobre a obra dele, que é uma obra de
diálogo, que é uma obra de tolerância, que é uma obra de conciliação. É disso
que o nosso País carece.
É
isso que nós queremos realizar e ensinar nesta Casa, que é uma Casa que
congrega pessoas que pensam, sentem e agem de forma diferente e nós queremos
todos primar por esta urbanidade, por esse respeito.
Então,
fica aqui um pedido de desculpas meu, pessoalmente, como líder da bancada, por
não ter tido acesso a este discurso antes para poder trazer essa palavra, essa
palavra de retratação mesmo diante da Igreja Católica, do Papa, do arcebispo de
Aparecida e da CNBB.
Estamos
à disposição. Foi algo que nos entristeceu muito. O colega está entristecido.
Então fica aqui essa palavra em nome da bancada do PSL, que não é uma bancada
que corrobora com nenhum tipo de intolerância e eu conheço o colega d’Avila e acredito verdadeiramente que ele está sentido, que
ele está arrependido e ele virá pessoalmente trazer essa palavra de desculpas
para todos que foram e se sentiram ofendidos.
Obrigada,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputada, pela sua serenidade, tranquilidade,
deputada Janaina. Com a palavra a deputada Damaris Moura. Ausente. Com a
palavra o deputado Gil Diniz. Ausente. Deputado Major Mecca. Ausente. Deputado
Carlos Cezar. Ausente. Deputado Delegado Olim.
Ausente. Deputado Carlos Giannazi. Ausente. Deputado Emidio
de Souza. Por cinco minutos regimentais, deputado Emidio.
O SR. EMIDIO LULA DE
SOUZA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente,
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha
pela TV Alesp, em primeiro lugar eu queria dizer que
esta tribuna, lugar sagrado do Parlamento, lugar destinado a discutir ideias,
lugar destinado a discutir propostas e soluções, esta tribuna foi profanada, e
desta tribuna se vomitou ódio, principalmente contra quem prega a fraternidade.
Eu queria
saudar a todos os deputados e queria saudar o nosso colega que hoje está aqui mas não pode falar porque já não está no exercício, que
é o deputado Padre Lobato, muito obrigado, que desde que essa questão veio à
tona se posicionou.
Queria
cumprimentar também o presidente da Casa, deputado Carlão Pignatari. Tão logo
falamos, ainda no sábado, ele já se prontificou a tomar as atitudes que
precisam ser tomadas e que já foram, algumas, anunciadas.
Primeiro
prestar toda a solidariedade pessoal, parlamentar. Eu sei que cada um dos
deputados que estão nesta Casa, independente do seu credo, independente do seu
partido, também comungam das nossas ideias e de prestar solidariedade.
Primeiro,
solidariedade ao santo padre, o Papa Francisco. Todos conhecem o bálsamo que
ele significou para a Igreja Católica. Segundo, ao arcebispo de Aparecida, D.
Orlando Brandes, que nada mais fez do que pregar o Evangelho no Dia da Santa
Padroeira, Nossa Senhora Aparecida, dois dias antes do discurso vergonhoso
proferido desta tribuna pelo deputado Frederico d’Avila.
O deputado
precisa saber uma coisa: fazer agressão a quem não pode se defender não é ato
de coragem, é ato de covardia; não é ato cristão, é anticristão, porque a base
do cristianismo é o amor, não é o ódio. Então algo está errado na cabeça desse
deputado.
Quero dizer
também que o centro, o que o D. Orlando falou demais? Externou, como é seu
direito, e seu dever, como líder católico, externou a ideia de que as armas não
resolverão o problema do País; que, portanto, deveria ser uma
pátria amada, e não uma pátria armada.
Olha, se alguém
acha que isso é ofensivo, acho que esse alguém precisa se tratar, é um problema
de opinião. Eu sei que tem gente que defende armas, outros, não. Mas isso se
debate num ambiente tranquilo, civilizado, não num ambiente de ódio, de
expressão odienta, como ele fez aqui.
As palavras do
deputado Frederico d’Avila também significaram um
crime tipificado na lei brasileira, que é o crime de intolerância religiosa. E
esse não será capítulo desta Casa, será capítulo do Judiciário.
Mas o deputado
terá que responder por crime de intolerância religiosa, porque, além de fazer
ofensas pessoais pesadas, cruéis, sabe, desrespeitosas, rebaixadas, além disso,
o deputado ainda propôs, ou pregou, à CNBB, que a CNBB deveria ser extirpada,
porque é um grande câncer que tem que ser extirpado.
Primeiro, ao
falar isso, ele desconhece a história de uma entidade que prestou e presta um
serviço extraordinário ao povo brasileiro, ao povo católico. Para além da
direção atual da CNBB, D. Walmor à frente, é preciso reconhecer, se o deputado
não conhece, talvez ele devesse estudar quem foi D. Helder Câmara, criador da
CNBB; talvez devesse estudar quem foi D. Aloísio Lorscheider,
D. Ivo, D. Luciano Mendes de Almeida.
Talvez devesse
entender que importância teve essa entidade tanto na proteção à democracia
brasileira como em chamar os governos, chamar a sociedade brasileira a ser uma
sociedade menos violenta.
Então eu penso
que se diz que uma entidade como a CNBB tem que ser extirpada, essa entidade
que é a maior representação dos católicos no Brasil, da igreja católica, o que
não é isso senão crime de intolerância religiosa? Para além do que falou do
Papa Francisco, que não é apenas o chefe da Igreja Católica...
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Para concluir, deputado.
O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - É muito mais. Papa Francisco é
líder espiritual da mais alta relevância para a humanidade.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputado Emidio. Com a palavra o deputado Marcos
Zerbini.
O
SR. MARCOS ZERBINI - PSDB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
senhores e senhoras, eu não podia deixar de vir à tribuna hoje, primeiro porque
sou católico, pertenço à igreja católica, não participo, pertenço à igreja
católica.
Sigo o Papa
Francisco, que é o líder da igreja, sigo a CNBB, que representa a igreja aqui
no Brasil, e tenho profundo respeito por D. Orlando, que tem uma história de
vida bonita e brilhante.
Sr. Presidente,
nesses quatro mandatos que eu estou nesta Casa, este é o quarto, eu nunca
assisti a uma legislatura tão agressiva, com tantas ofensas pessoais feitas por
inúmeros parlamentares desta Casa.
Eu, no final da
legislatura passada, fiz um apelo para que o pessoal procurasse limitar suas
críticas às ideias, limitar suas críticas àquilo que o outro pensa e eu
discordo, que eu acho que isso é o cerne da democracia, mas que não se fizesse
ataques pessoais a ninguém, a nenhum deputado aqui, ao governador, ao
presidente.
Sr. Presidente,
a irmã da minha esposa faleceu por Covid com 61 anos
de idade, a poucos dias de tomar a vacina. Se o governo federal não tivesse
demorado como demorou para comprar vacina, se tivesse comprado vacina da
Pfizer, a Coronavac quando foi oferecida para eles,
provavelmente a irmã da minha esposa não estaria morta.
E eu nunca subi
a esta tribuna para dizer que o presidente é assassino. Poderia fazê-lo, mas
não sou eu que defino isso. Quem vai definir isso é a Justiça e a história. E
acho de bom senso que a gente não faça isso com ninguém, que a gente não ataque
e não agrida ninguém, que a gente discuta aqui ideias, que a gente se posicione
contra aquilo que a gente não concorda, mas com profundo respeito por cada
pessoa que está aqui nesta Casa e pelas que não estão também.
Então eu queria
dizer, Sr. Presidente, que a gente não pode simplesmente dizer que vai pedir
desculpa, eu acho que, se o deputado Frederico d’Avila
realmente está arrependido, deveria, como gesto, ir até Aparecida e pedir
pessoalmente desculpas para o cardeal. Mas isso não tira o crime cometido.
Eu não sei quem
propôs o pedido para a Comissão de Ética fazer investigação, parece que foi o
deputado Emidio. Queria dizer, deputado, que assino
contigo esse pedido, não importa de quem seja, não importa a autoria, importa
que se restabeleça nesta Casa o princípio da democracia, o princípio do
respeito às pessoas, o princípio de se discutir política, e não de se fazer ofensas
e ataques pessoais às pessoas.
Além disso, eu
queria ressaltar que não foi só um desrespeito a Dom Orlando, à CNBB, ao Papa
Francisco e a toda a Igreja Católica. Foi um desrespeito a todos os cristãos, a
todos os católicos, que se sentiram ofendidos pela forma baixa com que foi atacado o cardeal, a CNBB e o Papa.
Queria
ainda dizer que foi também um crime contra esta Casa. Porque esta Casa não pode
permitir esse tipo de atitude. Porque isso mancha profundamente a imagem da
própria Casa, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esse crime tem
que ser investigado, e nos órgãos competentes, punido. Porque nós precisamos
restituir a justiça aqui nesta Casa de leis.
Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB -
Muito obrigado, deputado Marcos Zerbini. Com a palavra, deputado Reinaldo Alguz.
O SR. REINALDO ALGUZ -
PV - Obrigado, Sr.
Presidente. A todos que fazem presença aqui: os deputados, a todos que nos
ouvem. E queria, antes de mais nada, parabenizá-lo pelo encaminhamento que V.
Exa., na Presidência desta Casa, está fazendo.
Gostaria
aqui de falar um pouco neste momento que agride toda a sociedade brasileira,
onde nós estamos assistindo à destruição da política. Isso não é política.
Política é diálogo. Por isso, eu quero me dirigir um pouco, em tudo aquilo que
foi dito, em tudo aquilo que foi falado.
A
todos que vieram, o reconhecimento. À Janaina Paschoal, que usou a palavra. Ao
padre Afonso Lobato, se preocupando com toda essa ação. Ao Emidio,
que também já fez. Ao Zerbini, e todos os deputados que aqui estão presentes. E
falar, de uma maneira.
Na
quinta-feira tomei conhecimento dos repreensíveis ataques à hierarquia da
Igreja Católica, aos seus membros, e ao Papa Francisco, proferidos por um
parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A manifestação é
grave em si mesma, mas o que nos preocupa sobremaneira é que esse tipo de
discurso circula em muitas redes sociais, com a aprovação de alguns católicos.
Parece-nos
adequado refletir sobre isso, porque o episódio revela, na verdade, uma
fotografia mais ampla da extrema polarização que nos permeia atualmente. É
sabido que a Igreja Católica é uma família com vínculos sobrenaturais, que se
estende a todos os seus membros, católicos de todos os lugares, de todas as
tendências políticas e de todos os tempos, e que, neste corpo, cada membro tem
o seu papel e a sua importância.
Um
corpo são é aquele em que os diversos membros convivem em harmonia e são
ordenados para um mesmo fim. Embora esse corpo seja dinâmico e, nesse
dinamismo, haja espaço para acomodações, divergências e até choques, o mais
importante é a preservação da sua unidade.
Esse
espaço permite, inclusive, um amplo leque de opiniões em matéria de liberdade,
de consciência, mas é missão de cada pequeno membro desse corpo preservar a sua
unidade. Por isso, embora exista esse espaço para discordância, ele deve sempre
ser presidido pela caridade.
Dentro
da Igreja, em suma, não existe e não pode existir espaço para uma guerra, uma
vez que um corpo e seus membros se agridem uns aos outros em um corpo que está
doente.
Tenho
refletido, com muita preocupação, se esse corpo não estaria acometido de uma
doença autoimune, em que as células de defesa do organismo atacam suas próprias
células saudáveis. Essa resposta de ataque contra o próprio corpo é muito
tentadora, por parecer mais rápida e mais eficiente, mas, ao longo do prazo,
ela é simplesmente mortal.
Portanto,
não existe outra solução senão trabalhar pela unidade. Tenho aprendido, ao
longo dos últimos 25 anos de caminhada, que as divergências já existem em todos
os âmbitos e instituições.
Isso
faz parte da condição humana. Onde há pessoas humanas, que são todas únicas,
irrepreensíveis, e diferentes entre si, há divergências. Entre os diferentes,
não há, nem deve haver guerra, mas complementariedade, e não se constrói a
comunhão sem respeito e diálogo entre os diferentes.
A política,
compreendida como uma alta forma de caridade, existe justamente para apaziguar
esse conflito e construir, a partir da diferença, o bem comum. Essa atitude é
mais trabalhosa, é mais cansativa. Não atrai aplausos, não vai fazer de nós
pessoas famosas nas redes sociais, mas vai preservar a unidade, e o bem do
corpo a qual fazemos parte.
Se existem
agentes que se interessam pela destruição da Igreja, certamente, a eles,
interessa que essa esteja dividida, que a hierarquia esteja em conflito entre
si, e seja atacada pelos leigos.
Com a
aproximação de mais um ano eleitoral, a tendência é que episódios como esse se
repitam, ora provocados por manifestações extremas de direita, ora provocados
por manifestações extremadas de esquerda.
O problema não
é esquerda ou direita. O problema é o extremismo, venha de onde vier. Mais do
que nunca, é preciso relembrar, e trazer, verdadeiramente, ao coração, o
ensinamento de que a política não é um espaço em que os católicos possam se
esquivar de viver a caridade. Pelo contrário, o que eventualmente nos divide é
acidental e passageiro, e o que nos une é essencial e eterno, e o que nos une é
o amor de Cristo.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Adalberto Freitas.
* * *
Em um ano em
que os católicos estarão ainda mais engajados em defesa de seus valores e seus
pontos de vista, essa é, precisamente, uma ocasião ainda mais oportuna para se
viver a caridade, pois, como nos lembra o Papa Bento XVI, a verdade é a
caridade, deve animar a existência inteira dos fiéis leigos, e,
consequentemente, também a sua atividade política, vivida como caridade social.
Nesse mesmo
sentido, gostaria de concluir, lembrando o Papa Francisco, em sua encíclica,
“Fratelli tutti”, quando fala sobre a política melhor.
O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Para concluir, por favor,
deputado.
O SR. REINALDO ALGUZ - PV - Obrigado, presidente, estou
encerrando. Reconhecer todo ser humano como um irmão ou uma irmã, e procurar
uma amizade social que integre a todos não são meras utopias. Exigem a decisão,
e a capacidade de encontrar os percursos eficazes que assegurem a sua real
possibilidade.
Todo e qualquer
esforço nessa linha torna-se um exercício alto da caridade. Por isso, o convite
que nos faz o é, uma vez mais, a revalorização da política, que é uma vocação,
é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum.
Obrigado, Sr. Presidente e aos deputados, pela tolerância,
e me coloco aqui também assinando o compromisso.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Muito
obrigado, deputado. Quero justificar ausência do presidente Carlão Pignatari,
que pediu para eu conduzir os trabalhos por conta da entrevista que ele
precisava dar, sobre esse assunto que está em pauta.
Seguindo a ordem dos oradores aqui no
Pequeno Expediente, chamo o nobre deputado Coronel Telhada. (Pausa.) Nobre
deputado Conte Lopes. O senhor tem os cinco minutos regimentais.
O
SR. CONTE LOPES - PP -
Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, realmente, acompanhando a fala
do deputado Zerbini, nós que ficamos aqui mais de 30 anos, fomos embora,
voltamos, realmente, hoje em dia, nesta Casa, se ataca muito pessoalmente.
Usa-se a tribuna para atacar problemas sexuais, problemas disso, daquilo, é um
negócio de outro mundo.
Vejo até
comumente o deputado, até esquecendo que faz parte de um poder, nobre deputado Emidio de Souza, chegar aqui e falar: “Vou chamar o Ministério
Público”. Bom, espera aí. Então nós não valemos nada? Tudo o que a gente for
fazer tem que chamar o Ministério Público? Então, realmente isso acontece.
O problema que
aconteceu: acredito que o deputado Frederico d’Avila
vai, obviamente, se desculpar pelo que aconteceu aqui nesta Casa, da falha que
ele cometeu. Agora, é um homem que estava, vamos dizer assim, ferido.
Não quero dar
uma de advogado do diabo, não, mas é um homem que estava machucado. Ele tinha
sido agredido - ele, a mulher e os filhos - por bandidos. Então, obviamente, a
pessoa perde um pouco a lógica das coisas, chegando a cometer besteiras,
crimes, erros. Não é crime de falar... Como às vezes as pessoas falam, tem
pessoas religiosas: “Como Deus fez isso comigo?”.
Dá para colocar
aí?
* * *
- É exibido o vídeo.
* * *
Aquele é o
deputado d’Avila sendo agredido, olha, tomando umas
porradas e sendo roubado. A família estava no carro dele. Ele estava com a
família e foi correndo e procurando a polícia para ajudar.
Então, é uma
pessoa que, queiram ou não, no meu modo de ver, na minha humilde opinião,
também se encontrava abalada. E quando falam aquele negócio de pátria armada,
desarmada, aquele negócio todo, obviamente ele acabou falando o que não devia.
Acredito que
ele vá chegar a esta tribuna... Obviamente ele não tem nada contra o Papa,
contra o bispo ou arcebispo, mas eu só queria fazer essa colocação. Queiram ou
não, é uma pessoa que acabava se ser assaltada, tinha sua família ameaçada,
ele, a mulher, os dois filhos, que são criancinhas. Então, é uma situação que a
gente vive também, de total terror. Infelizmente é isso.
Então, sei lá.
Está aí um dos criminosos, que ainda faz isso aí, positivo, bonito, sem
novidades. É a rua de São Paulo que está assim. Infelizmente, se você não tiver
arma para se defender, a polícia hoje em dia também não te defende mais, não
sei o que está acontecendo.
Talvez até seja
por causa das câmeras, que estão no Fantástico, todo mundo elogiando.
Evidentemente, diminuíram as mortes dos bandidos, né? O policial tem medo de
dar um tiro. Na hora que ele der um tiro, ele vai parar na frente de um juiz,
de um promotor, ele atirando no bandido. Ele agredindo.
Quer maior
prova do que essa contra ele? Ele vai pegar seus 30 anos de cadeia e largar a
família a ver navios, sem condição de defesa, não é verdade? Nem sempre,
talvez, a câmera dele vai pegar o bandido atirando nele e ele respondendo.
Então, é só uma
colocação nesse aspecto. Como eu falei, às vezes a pessoa vem à tribuna, vem
revoltada, um xinga o outro, várias ofensas e, no fim, passa. Aliás, tem
deputado xingando de vagabundo, de deputado ladrão, que não presta. Então, acho
que está na hora de a gente também...
Obviamente, o
Frederico d’Avila é responsável pelos seus atos, mas
só estou colocando que foi uma vítima também. Ele acabava de ser atacado, teve
sua família atacada por bandidos e os bandidos estão nas ruas, armados,
agredindo, como ele foi agredido, tomando porrada na frente da mulher e dos
filhos.
Obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Muito
obrigado, deputado Conte Lopes. Seguindo aqui a lista de oradores inscritos no
Pequeno Expediente, chamo à tribuna o nobre deputado Frederico d'Avila. O senhor tem o tempo regimental de cinco minutos,
deputado.
O
SR. FREDERICO D'AVILA - PSL -
Sr. Presidente, deputado Adalberto Freitas, prezados colegas, em especial o
Reinaldo Alguz, que atua junto às comunidades
católicas - infelizmente, o Padre Afonso já deixou este plenário -, e demais
colegas. Eu vou ler aqui um pouco e depois tecerei alguns comentários.
Não poderia
deixar de começar esta carta pedindo desculpas. E aí um friso meu aqui agora:
minhas mais sinceras e profundas desculpas pelos excessos cometidos quando do
meu pronunciamento na tribuna no dia 14 de outubro último, inflamado por
problemas havidos nos dias anteriores.
No próprio dia
12 de outubro, por pouco não fui vítima de homicídio por um assaltante em
frente a esposa e dois filhos pequenos, de cinco e três anos, como bem exibiu
aqui o deputado Conte Lopes.
Estou com as
marcas dos impactos provocados pela arma do meliante aqui no meu peito esquerdo
e aqui na minha barriga, que me agrediu com o cano do revólver e que poderia
ter disparado.
No mesmo dia,
tomei conhecimento do discurso do arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes,
referente à política contra o armamento das pessoas. No dia 13 de manhã,
ocorreu a invasão, depredação e linchamento do prédio da Aprosoja,
entidade da qual eu fui três anos vice-presidente, praticados pelo MST, Via
Campesina, de modo que tais fatos me geraram grande inconformismo.
No dia 16 de
outubro, o bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Vicente
Ferreira, manifestou-se no Twitter chamando o MST para luta, invocando “pátria
livre” e que, para vencer, o primeiro passo seria “fora Bolsonaro”.
Deixo claro que
acredito na fundamental importância da Igreja Católica. E aqui aspas minhas:
não tenho só parentes, familiares e amigos católicos, mas profundo respeito
pela tradicional Igreja Católica Apostólica Romana, que é um pilar único, senão
o maior pilar da sociedade ocidental do nosso mundo.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Conte Lopes.
* * *
Na tribuna da
Assembleia Legislativa, em todas as votações havidas aqui, em especial aquelas
que colocaram a vida e o respeito à vida na sua pauta, coloquei-me
permanentemente em favor das posições da Igreja Católica. Na tribuna da
Assembleia Legislativa, em todas as votações havidas, em especial as que
colocaram em pauta, novamente, a vida.
Meu
pronunciamento, deputado Emidio de Souza - olhando
nos seus olhos e quem viu o seu vídeo -, foi inapropriado, totalmente
exagerado, calcado e aquecido pelo momento que eu ultrapassava, por conta de
lembrar, deputado Reinaldo Alguz, das duas noites de
terror em que minhas crianças acordaram na madrugada por conta do episódio do
assalto. Duas noites de terror, pleno terror.
Foi exagerado,
foi totalmente descabido, infeliz. E eu admito. E não é porque nós estamos em
partidos diferentes e temos ideologias diferentes que eu não vou concordar com
o senhor. Inclusive, nós temos uma boa relação aqui na Casa.
Reitero que me
desculpo - de novo - profundamente do fundo do meu coração, com a maior
sinceridade possível por todos aqueles católicos, não católicos, cristãos e
membros de qualquer outra religião assim como eu, que têm nos católicos grandes
amigos.
E vários amigos
meus me ligaram; para reclamar uns, deputado Gil Diniz, e para me parabenizar
também pelas palavras, porém, dizendo que o conteúdo estava correto e a forma
estava inadequada.
Vou pedir a
tolerância do deputado Conte para finalizar. Lembro, no entanto, que o mesmo
clérigo que fez críticas à política armamentista disse outrora que “a direita é
injusta e violenta”, frase essa que ofendeu a mim e a muitas outras pessoas.
Portanto, minha
manifestação tratou-se, pois, de uma reação às injustas agressões cometidas
contra não só o presidente da República, mas que representa os 57 milhões de
brasileiros que o elegeram e que acreditam nas suas pautas.
Não tive a
intenção de desrespeitar o Papa Francisco enquanto líder religioso nem chefe de
Estado que ele é e, sim por ser - como o maior padre que é - permissivo com
certas pessoas que utilizam do púlpito das igrejas e da batina para fazer
proselitismo político, religioso, ideológico, seja de qualquer natureza.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Para encerrar.
O SR. FREDERICO D'AVILA - PSL - Inserir o Papa em minha fala foi
um erro pelo qual humildemente peço desculpas a todos os católicos do Brasil e
do mundo, pois não considerei a figura espiritual que ele representa e a sua
magnitude.
Por fim, cito o
versículo onde Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes
deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?”.
Jesus respondeu: “Eu digo a você: não até sete, mas até setenta vezes”. Mateus
18:20-21.
Mais uma vez,
deputado Conte, com a sua complacência, eu peço minhas maiores e mais profundas
desculpas e me coloco à disposição desta Egrégia Assembleia Legislativa e
preferia não ter estado aqui no dia 14 de outubro.
Inclusive não
deveria nem ter descido a esta tribuna, dado o estado psíquico abalado em que
eu me encontrava desde o dia 12 por conta de delegacia, criança, ataque ao
prédio da Aprosoja e todos os outros ataques - o
deputado Gil Diniz sabe - que sofremos diuturnamente por conta do nosso apoio
ao presidente Jair Bolsonaro.
Obrigado, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Encerrado o
Pequeno Expediente, passamos ao Grande Expediente.
* * *
- Passa-se ao
GRANDE EXPEDIENTE
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - O primeiro orador
inscrito é o nobre deputado Tenente Nascimento. (Pausa.) Nobre
deputado Frederico d'Avila. (Pausa.) O próximo
deputado é o Conte Lopes. Eu também já me coloquei. Deputado Raul Marcelo.
(Pausa.) Nobre deputada Professora Bebel. (Pausa.) Nobre
deputado Dr. Jorge Lula do Carmo. (Pausa.) Nobre deputado Adalberto
Freitas. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Emidio de Souza, por permuta com o nobre deputado Paulo
Lula Fiorilo. Vossa Excelência tem dez minutos
regimentais, nobre deputado.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu resolvi utilizar mais este tempo porque nos primeiros cinco
minutos do Pequeno Expediente não foi possível aprofundar ao nível que precisa
ser aprofundado.
Depois disso
veio a esta tribuna agora antes de mim o deputado Frederico d'Avila para proferir, pedir desculpas pelo ocorrido,
justificar devido ao seu estado emocional.
Primeiro,
deputado, eu quero dizer o seguinte: ser assaltado, o senhor não é a primeira
vez que é assaltado, muito menos perto da família. Falei que não é o primeiro
deputado a ser assaltado.
O procedimento
para quem é assaltado, para quem é coagido, é procurar a delegacia, a
Secretaria de Segurança Pública ou qualquer autoridade policial para fazer a
sua queixa. Esse é o procedimento que está descrito em lei.
Não se
autoriza, a partir da agressão, que eu me solidarizo com V. Exa., mas não se
autoriza sair agredindo pessoas, muito menos que não é responsável pela
política de Segurança Pública do País.
O que o Papa
Francisco, sentado em Roma, tem a ver com o assalto ocorrido em São Paulo. O
que o bispo de Aparecida, ou o que a entidade CNBB, tem a ver com isso?
Provavelmente não compreender essa questão é que leve as pessoas a tomar esse
tipo de atitude.
Eu quero dizer
aqui o seguinte: o fato ocorrido, a gravidade dele, não é pouca coisa, porque,
no mesmo discurso, o senhor atacou o PT, chamando-o de “organização criminosa”,
atacou o MST.
Talvez fosse
importante dizer que o MST, nesse período de pandemia, atendeu muitos, foi uma
das entidades que mais atenderam e socorreram os pobres. Seria importante
dizer, a tal Aprosoja, essa entidade, quantas pessoas
ela socorreu?
Para quem ela
estendeu a mão? Para ninguém. Milhares de quem foi comprar no supermercado, não
para quem foi se servir. Quem precisava de ajuda, quem não tinha dinheiro para
comprar comida.
Por isso, eu
quero dizer o seguinte, olha o que aconteceu na missa de Aparecida. O bispo, o
Arcebispo, D. Orlando Brandes, fez a sua homilia, e falou do tema segundo os
preceitos da Igreja. A Igreja não defende armamento, e todo mundo sabe disso.
Dizer que um
bispo não pode falar na missa da Padroeira do Brasil o que a Igreja pensa,
sinceramente, nos coloca numa situação que eu não consigo entender o que se
pode neste País, e o que não pode.
Ele não só pode
falar, como ele deve falar, e ele falou, interpretando o pensamento social da
Igreja. Eu digo também que na mesma missa, na mesma missa, o Bolsonaro esteve
presente.
Na mesma missa,
não, no mesmo dia. E não teve qualquer gesto de agressividade da Igreja com
ele, muito embora todo mundo saiba que a Igreja não aceita certas opiniões ou
certas condutas do Bolsonaro.
Foi tão bem
recebido, que até o direito à palavra, à leitura daquele dia, daquela missa,
ele teve direito de fazer, ele foi fazer, foi convidado a fazer. Então quero
dizer que a intolerância religiosa é algo que simplesmente nós não podemos
admitir. Muitas entidades, aqui o presidente Carlão fez referência a algumas
entidades que mandaram documentos.
Mas para cá
mandou documento a Diocese de Taubaté, muitas outras dioceses se manifestaram,
padres se manifestaram, a Associação Nacional de Leigos do Brasil, Conselho
Nacional de Leigos, melhor, o Ceseep. Quantas
congregações, quantos não puderam colocar a sua opinião?
Quero dizer,
deputado, deputado Frederico, que não ficou para ouvir. Muito bem, muito bem,
não só ficou, como está ao lado do presidente. Mas dizer o seguinte, olha, o
senhor pede desculpa e depois fala que o problema é que o Papa é permissivo?
Permissivo com o quê? Permissivo por exigir, pedir que a igreja se pronuncie
sobre os temas sociais? Isso é ser permissivo?
Permissivo? A
Igreja é boa quando ela não trata desses temas? Quando ela não estende a mão
aos pobres? É para isso que ela serve? Não é, deputado. A Igreja tem o seu
trabalho social, a Igreja é solidária com os pobres, sempre foi. Ainda neste
momento, o Papa Francisco abriu o Sínodo, que é um Sínodo de características
democráticas, que vai ouvir as pessoas.
Essa igreja é a
igreja que estende aos pobres, é a igreja que cobra justiça, é a igreja que
defende que os pobres tenham acesso à terra para produzir, é a igreja que exige
que a educação é o que pode mudar o País e exige educação para os pobres. Essa
igreja é permissiva?
Isso
não tem nada a ver com usar o púlpito para defender ideologia. Não se defende
ideologia nenhuma. A igreja não defende partido, a igreja defende princípios. E
esses princípios são o que V. Exa. não entendeu até hoje, por isso a
agressividade.
Eu
queria saber se o senhor comunicou, foi falar com o secretário da Segurança
pelo seu assalto. Deveria. Deveria aproveitar a sua condição de deputado e
fazer isso, não atacar quem não tem nada a ver com isso, atacar quem defende um
país mais justo, quem defende que o Brasil não seja um país tão injusto dessa
forma.
Não
é possível, deputado. Todo o mundo católico se sentiu agredido com as suas
palavras. Não é uma pessoa, não é a pessoa física de D. Orlando, nem a pessoa
física do Papa Francisco, nem o colegiado que compõe a CNBB. Quem se sentiu
agredido foi o mundo católico, foram os devotos de Nossa Senhora Aparecida,
que, dois dias atrás, estavam celebrando o dia da padroeira. Esses se sentiram
agredidos.
Então
eu quero pedir o seguinte, eu acho que é um gesto importante pedir desculpas,
mas nós não podemos pensar em tolerar esse tipo de coisa. Por isso eu quero
convidar a todos os deputados desta Casa a assinar a representação que eu fiz
ao Conselho de Ética, para que essa questão seja apurada, a quebra do decoro
parlamentar.
Porque
tribuna não adianta se esconder atrás da imunidade parlamentar, porque a
imunidade parlamentar é para opiniões, é para debater projetos, é para falar,
defender a ideia que quiser defender, inclusive defender armamento, defender
tudo. Ninguém pode ser punido por isso, mas imunidade não é para agredir
pessoas, imunidade não é para disseminar ódio, imunidade não é para agredir
quem não pode se defender aqui da tribuna.
O
mundo católico é o mundo que é boa parte do nosso País, é parte da nossa
tradição. Aqui, nesta Casa, convivem deputados de todas as religiões. Aqui eu
conheço deputados católicos como eu, conheço muitos deputados evangélicos,
conheço muitos deputados budistas, conheço judeus, acho que até muçulmanos tem
aqui.
Conheço
todo mundo que fica aqui, todo mundo que vem aqui professa a sua religião, sem
jamais um ter partido para agressão para cima do outro. Sem jamais.
Então,
agredir, se o senhor quiser discordar de alguém, discorde do deputado, fale
para ele. Agora, uma instituição que presta o serviço que a CNBB presta, o
espírito católico, que é o espírito da solidariedade, o espírito de quem faz o
trabalho social o tempo todo, que está em tudo quanto é canto do Brasil, a
primeira coisa que se faz é abrir uma igreja, normalmente católica, mas muitas
outras também. Esse é o espírito cristão. E cadê esse espírito?
Então
não podemos falar do MST. Colocá-los como criminosos? Será que o MST é
criminoso, ou criminosa é a política no Brasil, que nunca permitiu que os
pobres tivessem acesso à terra? É o reino do agronegócio, é o reino do
latifúndio.
Deputado,
eu sinto muito, eu considero, mas respeitosamente, eu acho que o senhor deve
mais do que desculpas, o senhor deve explicação para a sociedade brasileira, a
lei brasileira e o Conselho de Ética desta Assembleia, que eu quero pedir que
todos que concordarem assinem conjuntamente comigo essa petição.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP -
O próximo orador inscrito para falar no Grande Expediente é o nobre deputado
Delegado Olim. (Pausa.) Nobre deputado Ricardo
Mellão. (Pausa.) Nobre deputado Coronel Nishikawa.
(Pausa.) Nobre deputado Enio Lula Tatto.
(Pausa.) Nobre deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Nobre deputada Janaina
Paschoal. (Pausa.) Nobre deputada Damaris Moura. (Pausa.) Nobre deputado Gil
Diniz. Vossa Excelência tem o prazo regimental de 10 minutos.
O
SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente. Boa tarde a todos os deputados
presentes no Grande Expediente. Boa tarde a nossos funcionários, assessores,
policiais militares e civis, e que nos acompanham pela Rede Alesp.
Presidente
Conte Lopes, hoje, desta tribuna, é um dia de massacre. É um dia de acabar com
a honra, a dignidade de um homem correto, de um homem sério, que é o deputado
Frederico d’Avila. Que já veio a esta tribuna pedir
desculpa. Falei com ele ontem. Já deu um, dois, três, cinco passos atrás. Mas
não adianta.
Eles não querem
perdão. Eles não querem pedidos de desculpa. Eles querem a cabeça do deputado
Frederico d’Avila. Se possível, numa bandeja. Nunca
vi tantos deputados nesta tribuna no Pequeno Expediente. Nunca vi tantos
deputados presentes para falar sobre a importância da Igreja Católica, do seu
trabalho social, da importância do Papa Francisco, dos nossos valores. Eu, que
sou católico, é incrível.
Se a CNBB, se
as nossas lideranças religiosas gastassem a sua energia, como estão gastando
agora, se os deputados que subiram a tribuna agora, para falar do deputado
Frederico d’Avila, gastassem defendendo a vida, se
colocando contrariamente à ideologia de gênero, a tudo aquilo que o Evangelho
nos ensina, talvez estivéssemos melhor. Mas tem uma passagem que fala sobre
isso. Evangelho de Mateus, capítulo 15, 23 ao 28.
“Ai de vós,
escribas, fariseus e hipócritas. Vós fechais aos homens o reino dos Céus. Vós
fechais e não deixais que entrem os que querem
entrar. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas. Devotais as casas das
viúvas, fingindo fazer longas orações.
Por isso,
sereis castigados com muito mais rigor. Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas. Percorreis mares e terras para fazer um prosélito. E, quando
consegues, fazeis dele um filho do inferno, duas vezes pior que vós mesmos.”
Adiantando. “Ai
de vós, fariseus e hipócritas. Sois semelhantes aos sepulcros caiados. Por
fora, parecem formosos. Mas, por dentro, estão cheios de ossos, de cadáveres e
de toda espécie de podridão. Assim também vós. Por fora, pareceis justos aos
olhos dos homens. Mas, por dento, estais cheios de hipocrisia e iniquidade.”
Eu peço
desculpas a quem se sentiu ofendido. Estive lá em Aparecida, com o presidente
Bolsonaro, e o dom Brandes nos recebeu. Eu respeito o Papa da santa Igreja
Católica, seja ele quem for: Ratzinger, Wojtyla. Bergoglio. Viva a santa Igreja Católica Apostólica
Romana, tão defendida, pelo menos da boca pra fora, por muitos.
Agora, não
levaram em consideração o que foi dito nesta tribuna. O deputado Frederico d’Avila colocou uma imagem. Arma em punho, na cara dele, em
frente da família dele. No outro dia, uma liderança religiosa, colocando a sua
posição, mas fazendo política também. Por que não? Interferindo na nossa
atuação política. Criticando atuações políticas. Por que não? Tem o caso da Aprosoja em invasão, tem tudo o que já foi dito aqui, e o
deputado vem à tribuna e coloca as suas posições.
Repito: veio
aqui, já pediu desculpas, já pediu perdão. Suas sinceras desculpas, mas não
adianta, Fred. Deputado que eu conheço, que eu tenho por amigo, que eu tenho a
honra de chamar de amigo: não adianta V. Exa. pedir
desculpas, ainda que as mais sinceras - que eu tenho certeza de que são, por
conhecê-lo, por conhecer a sua família, Fred, conhecer os seus filhos, conhecer
aqui os seus amigos.
Tenho certeza
de que são, mas querem fazer política, querem fazer politicagem, querem tripudiar.
Ninguém aqui fala de perdão, de arrependimento, de admoestar um irmão que errou
para que não aconteça novamente, porque isso aqui é um grande teatro, onde
esses atores aqui precisam falar para os seus públicos.
Ah, mas como eu
gostaria de que D. Odilo Pedro Scherer - com quem eu estive presente agora, na Marcha pela Vida,
que ele celebrou -, como eu gostaria de que a energia que ele está gastando
nessa questão, que ele gastasse com o governador do estado de São Paulo para
sancionar o Dia do Nascituro, lei que nós aprovamos nesta Casa e está parada,
deputada Janaina, há mais de 20 dias no Palácio dos Bandeirantes e o governador
não vai sancionar. Vai perder o prazo para mandar para esta Casa para ser
promulgada, quem sabe.
Ah, mas como eu gostaria de que alguns deputados religiosos, católicos
assinassem a Frente Parlamentar Católica, que eu propus. Vou conferir agora,
quando subir no meu gabinete aqui, quais desses religiosos, católicos estão
fazendo parte dessa frente parlamentar.
Convidei aqui, dias atrás, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira para
celebrar a memória do Dr. Plinio. Não vi esses parlamentares, nem para falar da
importância da nossa igreja para a cidade de São Paulo, para o estado de São
Paulo.
Então, deputado Coronel Telhada, a gente não sabe o dia de amanhã. A
gente não sabe quando nós aqui vamos escorregar, vamos errar, mas a nossa
certeza é de que terão 15, 20, 30 dedos apontados na nossa cara para nos
acusar, não para nos estender a mão, para nos ajudar.
Eu tenho absoluta certeza de que os deputados que subiram aqui para
destruir a reputação do deputado Frederico d’Avila,
nenhum deles ligou para ele no dia do assalto, no dia em que a família dele
estava fragilizada para prestar, deputado Coronel Telhada, uma solidariedade,
perguntar se ele estava bem, se os filhos precisavam de alguma coisa, mas ai
daquele que subir aqui e, por um acaso, errar.
Deputado
Frederico: que bom, que bom. Vossa Excelência conseguiu colocar vários
religiosos, vários deputados que eu nem sabia que católicos eram, porque
defendem o aborto, defendem a liberação de droga, defendem bandido condenado em
primeira, segunda, terceira instância. Talvez sejam os defensores dos “bons
ladrões”, se é que existem.
É incrível. É
incrível, mas repito aqui: fico feliz que V. Exa. teve a hombridade de subir a
esta tribuna, de olhar nos olhos da nossa população, dos nossos homens e
mulheres de bem - esses, sim, de bem, católicos sinceros que se sentiram
ofendidos - e reconhecer o excesso.
Agora, esses
fariseus, esses sepulcros caiados aqui que te acusam, que querem agora o teu
mandato e dizem... Olha aí, vejam só, são os primeiros que falam sempre: “O
Estado é laico. O Estado é laico”. Agora, querem o quê? A cassação de um
deputado que já reconheceu o seu excesso, que
já reconheceu o seu erro. Mas não, “Conselho de Ética, assinem comigo”.
Só para deixar
registrado aqui para vocês, de casa, não tem nada a ver com a história, mas,
por essa postura covarde de alguns deputados, eu já me posicionei. Isso aqui
vai ser bom para o governo. Isso vai ser bom para o João Doria.
Por essa postura
covarde de alguns parlamentares, para finalizar, presidente, que estão aqui, acabando
com a honra de um amigo, de um pai de família, de um marido, de um homem
honrado, que sempre defendeu nossos valores católicos, que sempre defendeu
irmãos católicos aqui, quando foram atacados pela Rede Globo, está sendo aqui ridicularizado,
está sendo aqui acusado de vários crimes.
O PLC 26, meu voto
era “não”, estava obstruindo. Se o governo precisar do meu voto para aprovar o
PLC 26, vai ter o meu voto, e eu vou estimular cada deputado aqui, que eu
estava tentando convencer de votar contra, vou estimular que vote “sim”. Já que
querem fazer política, a política rasteira, uma política mesquinha, vamos,
vamos, vamos.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Para encerrar.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO - Encerrando, presidente. Vamos fazer
política também, porque esses aqui que não têm moral, não têm moral para
apontar um dedo a quem quer que seja, principalmente a um homem digno, um homem
honrado, que já reconheceu o seu erro, mas, nesta Casa de hipócritas, de
fariseus, não adianta pedir perdão.
Obrigado,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Prosseguindo com os
oradores inscritos no Pequeno Expediente, por permuta com o nobre deputado
Major Mecca, o nobre deputado Coronel Telhada. Vossa Excelência tem o prazo
regimental de dez minutos.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Muito
obrigado, Sr. Presidente.
Cumprimento todos os deputados nesta Casa, todos os funcionários, policiais
militares e policiais civis aqui presentes, a nossa assessoria.
Pois bem, antes de
entrar no assunto, propriamente, que eu falaria aqui nesta tarde - eu farei algumas
menções aqui a policiais que foram mortos, falaria em algumas coisas referentes
a nosso mandato -, eu também quero me pronunciar aqui sobre a fala do deputado Frederico
d’Avila.
Eu não estava em
Plenário, estava em missão externa, mas me passaram o problema. Eu soube também
que o deputado Frederico d’Avila já veio aqui em
Plenário e já colocou suas desculpas.
Eu acho o seguinte.
Eu acho uma hipocrisia a gente ficar fazendo esse barulho todo por causa de uma
fala. A gente não concorda. O deputado Frederico d’Avila
já veio em Plenário, já fez suas desculpas. Eu acho que a gente... Vida normal.
As pessoas que estão aqui dizendo absurdos e querendo Conselho de Ética para o
deputado são as mesmas pessoas que falaram um monte de absurdos com relação a
outras pessoas também.
Então, eu acho que
a gente precisa pesar as nossas posturas aqui, com muita cautela. O próprio
presidente já veio na Casa, apresentou as desculpas em nome da Casa. Realmente,
houve um excesso, que já foi explicado aqui, e pedidas desculpas por parte do
deputado, que eu acho que é da grandeza dele também.
Conheço o deputado Frederico
d’Avila há mais de dez anos, há mais de 15 anos,
praticamente. Eu sei da sua índole, do seu trabalho, da sua honestidade, e sei
também da sua luta contra a hipocrisia e imoralidade. E, talvez, nesse momento,
tenha havido essa exaltação, mas é uma coisa que todos nós estamos sujeitos.
Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra. Simples assim. Quem nunca pecou
aqui, que atire a primeira pedra.
Eu vi deputado
aqui, outro dia, vir falar que o presidente era mentiroso, que ele não tomou
facada porcaria nenhuma, que era uma facada fake. O cara
quase foi para o saco. Os mesmos que estão agora indignados
com a fala do deputado Frederico d’Avila. Sabe
o que é isso aí, gente? É falta de trabalho.
Eu queria essa indignação
toda contra o que o governador de São Paulo está fazendo com a população de São
Paulo. Eu queria essa indignação toda quando nós, do PDO, estivemos lá no Anhembi e verificamos aquela mentira,
aquela pouca vergonha, onde o dinheiro público municipal, estadual e federal
estava sendo gasto a rodo, nenhum deputado se indignou, nenhum deputado
levantou a voz.
Agora,
jogada ideológica, jogada política, vem aqui fazer uma mise-en-scène, querendo
apontar o dedo para o deputado Frederico d’Avila.
Todos sabem que sou evangélico. Tenho o maior respeito por todas as religiões.
O maior respeito. Concordo com o deputado Gil Diniz, que diz que justamente os
mais indignados são os que não assinaram a frente parlamentar que ele está
criando, por causa de ideologia também, porque é o Gil Diniz que está fazendo.
Hipocrisia pura.
Aliás,
bem cara de politicagem mesmo, né? Político é essa cara, hipócrita, né? Fala o
que não faz, pede o que não exemplifica e exige o que ele costuma fazer de
errado para os outros. Ele não quer que façam com ele. É muita hipocrisia para
o meu gosto. Então, não contem comigo nesse circo que estão querendo armar aqui
na Assembleia.
Deputado
Frederico d’Avila, o senhor tem o meu apoio, a minha
amizade e a minha compreensão. Todos nós estamos sujeitos a errar. Aliás, é o
princípio básico do cristianismo: quem erra tem que ser perdoado. Cadê os
cristãos aqui? Cadê os católicos cristãos aqui, que não aceitam o perdão? Por
quê? Porque é o Frederico d’Avila?
Outro
dia uma deputada veio aqui e falou que era “puta”. Todo mundo bateu palma. “Que
bacana, que representação artística.” Aí pode? Aí pode? Aí é bonito?
O SR. EMIDIO LULA DE
SOUZA - PT -
O senhor dá um aparte, deputado?
O SR. CORONEL TELHADA
- PP - Não
tem aparte. É bonito? É bonito? Agora, quando o deputado...
O SR. EMIDIO LULA DE
SOUZA - PT -
Quer perdão e não concede nem aparte, deputado?
O SR. CORONEL TELHADA
- PP - Não
tem aparte no Grande Expediente. Sr. Presidente, por favor, o pessoal não
conhece o Regimento. Não tem... Então não concedo aparte. Não concedo.
O SR. EMIDIO LULA DE
SOUZA - PT -
Está bom, se o senhor não quer dar, obrigado.
O SR. CORONEL TELHADA
- PP - Não
concedo. Então, por favor, estou tentando falar e estão cerceando a palavra
aqui. Por favor. (Fala fora do microfone.) Está rindo por quê? É gozado, é isso
mesmo. Não estou dizendo o nome de ninguém, não estou me referindo a partidos
já para não virem me incomodar e quererem cortar a minha fala.
Essa
hipocrisia, pra mim, já deu. A gente ou está junto ou não está. Para falar mal
quando é de outro partido, nós falamos, e a nossa luta, que é para defender a
população, a gente não faz.
A
gente não faz. (Fala fora do microfone.) Faz o que, meu amigo? Para com isso.
Hipocrisia pura. Hipocrisia pura. Quer enganar o povo, vai lá na sua cidade.
Aqui, não. Para com isso. O senhor não está me respeitando, eu vou deixar de
respeitar o senhor também. Para com isso.
Então,
vejam bem, é hipocrisia pura. Se fosse um deputado da esquerda: “Não, imagina,
aí pode, não tomou facada, é genocida...” Vem com aqueles papos furados de
sempre.
Gente,
pelo amor de Deus, vamos trabalhar pelo povo, que é nossa obrigação. Estamos perdendo
tempo... Eu não vou falar a palavra com o quê, em respeito aos telespectadores
que nos assistem pela Rede Alesp.
O
estado de São Paulo está sendo roubado. O estado de São Paulo está afundando, o
povo está passando fome, o povo está sem emprego e vocês discutindo “abobrinha”
aqui. Vamos tomar vergonha na cara, gente, pelo amor de Deus.
Foi
para isso que vocês foram eleitos? Para ficar discutindo “abobrinha”? Pelo amor
de Deus, gente. Segurança Pública falida, Saúde falida, Educação falida e nós
discutindo o sexo dos anjos. Até quando, eu pergunto? Até quando?
Então,
quero aqui, novamente, colocar o meu apoio ao deputado Frederico d’Avila. Digo novamente: não contem com o meu apoio para esse
circo que estão querendo armar aqui. As desculpas já foram pedidas.
Se
alguém não está contente, que tome as medidas que achar que devem ser tomadas,
o que acho perfeitamente legal também, mas vamos nos concentrar no trabalho,
que nós ganhamos mais, por favor? Vamos tomar vergonha na cara? Por favor.
Pois
bem, deixa eu falar rapidamente de Segurança aqui. Infelizmente, enquanto
discutimos o sexo dos anjos aqui, policiais militares continuam morrendo. É o
caso desse policial militar, um menino. Olha a cara desse menino. Um menino, lá
do 12º Baep. Bruno Fernando Tunes, o soldado Tunes, morreu por essa sociedade que fica defendendo
ladrão, que fica perdendo tempo com besteira.
Está
aí esse menino. Quem está chorando por ele? Ninguém. Morreu por causa de um
acidente de trânsito, lá no interior, do 12o Baep.
Mais uma vítima que não será reconhecida, mais um herói que não será
reconhecido. Ele morreu no dia 12, às 6 horas e 30 minutos, quando entrou em
óbito. O acidente foi no dia nove, no sábado. Ele pertencia ao 12o Baep, soldado Bruno Fernando Tunes.
Também
quero reportar aqui aos senhores o falecimento de um cabo, o bombeiro Wallace
Lima Valesi, que morreu no dia 14 de outubro, vítima
de uma queda quando cortava galhos de árvores numa cidade do interior, mais
exatamente em Ribeirão Preto. O cabo Wallace tinha 13 anos de serviço à Polícia
Militar e deixou esposa e três filhos.
Finalmente,
quero reportar aos senhores o falecimento do sargento Cláudio Muniz, antigo, o
Conte com certeza se lembra dele, o “mata gato”.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Meu motorista.
O SR. CORONEL TELHADA - PP - Foi seu motorista, né? Foi
motorista do Conte na Rota, um grande amigo que nós perdemos também, que morreu
numa situação muito triste, uma doença muito grave. Faleceu. Foi uma grande
perda para nós, veteranos da Polícia Militar.
E finalmente eu
quero dizer aqui, aos amigos, que nós tivemos mais uma lei aprovada, a Lei no
17.425, instituindo, no dia 27 de julho, o Dia Estadual de Combate e Conscientização
do Câncer de Cabeça e Pescoço, justamente uma doença que tem afligido muitas
famílias, inclusive a minha; passamos por um momento muito difícil por causa
dessa doença.
A nossa
pretensão é fazer com que o estado dê atenção a esse problema, que a sociedade
conheça esse problema e que sejam incentivados os órgãos que trabalham contra
essa doença. É importante que nós tenhamos, aqui, essa conscientização para o
combate do câncer de cabeça e pescoço.
E finalmente
quero aqui cumprimentar os municípios aniversariantes. Na sexta-feira, foi o
município de Ilha Solteira. E hoje, dia 18 de outubro de 2021, é o município de
Pontal. Um abraço a todos os amigos e amigas dessas cidades.
E hoje, dia 18
de outubro, é o Dia do Médico, um serviço hiper, super, mega importante, não
valorizado pela sociedade também, e pelas instituições. O Dia do Pintor, também
um trabalho importante na nossa sociedade. Dia do Estivador, superimportante
também. E finalmente o Dia do Securitário. Então, abraço a todos os amigos e
amigas que trabalham nessas profissões.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Pela ordem,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Pela
ordem, nobre deputado Altair Moraes.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Gostaria de
falar pelo Art. 82.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos. Informando que o último
orador inscrito é o deputado Carlos Cezar. (Pausa.)
Então, encerramos o Grande Expediente.
Passamos, então, ao nobre deputado Altair Moraes para falar pelo Art. 82.
O
SR. FREDERICO D'AVILA - PSL - Sr. Presidente, para uma comunicação enquanto o
deputado Altair se dirige, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tem o prazo regimental.
O
SR. FREDERICO D'AVILA - PSL - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu queria só
colocar aqui, mediante as palavras do Coronel Telhada, que logo após eu sofrer
a agressão no dia 12 de outubro, para voltar para casa, tive que passar
defronte a residência do governador do estado.
Coronel Telhada, deputado Conte,
Tenente Nascimento, três policiais na Mesa Diretora. Tinham cinco viaturas da
PM e 10 policiais, não da Casa Militar, mas do 23o Batalhão, fazendo
a segurança patrimonial do governador do estado.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tirou alguma foto a respeito disso? Tem foto? Altair Moraes, com a
palavra.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Sr. Presidente,
só pedindo para colocar meu tempo, por favor. Eu não falei, ele falou antes. Só
para zerar.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Cinco minutos,
Excelência.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - PELO ART. 82 - É que estava correndo aqui. Obrigado, Sr.
Presidente, obrigado a todos. Bom, eu estava ouvindo o discurso de alguns
parlamentares amigos nossos aqui em relação ao pronunciamento do meu amigo
Frederico d'Avila.
Eu quero deixar
claras duas coisas aqui. Primeiro: falei com ele antes, passou do ponto. Passou
do ponto. Temos que ser homens e falar a verdade. Por mais que nos respeitemos,
que nos amemos, acho que ele passou do ponto, sim. Acho que não cabiam algumas
palavras que foram ditas com um líder religioso.
Eu sou contra a
intolerância religiosa, sou contra. Mas o próprio deputado Frederico d'Avila já se mostrou aqui, muitas vezes, a favor da
religiosidade, de líderes religiosos. Tem momentos, amigos, em que a gente fala
coisas que não deveria falar e se arrepende.
Eu vi aqui nesta
tribuna alguns deputados - não vou citar nomes, porque não vem ao caso - me chamando, porque sou pastor evangélico, de xiita,
dizendo - não vou nem entrar no caso - uma série de coisas que não valem a pena,
mas com intolerância religiosa.
E agora a gente
vê um monte de gente querendo cantar de galo aqui e querendo fazer palanque
político em cima de uma palavra do deputado que já se retratou.
O que quer
mais? Crucificar? Vai para a cruz, joga pedra, como a mulher que foi pega em
flagrante em adultério? Quem não tem pecado, irmão, atire a primeira pedra. Quem
nunca falou o que não deveria falar? Qual de vocês?
Qual deputado
aqui já não se arrependeu de algo que falou? Eu já me arrependi de algo que
falei e me arrependo e sou bastante macho, homem, para vir reconhecer o meu
erro, como o Frederico fez. Errar é humano; reconhecer o erro é divino.
Ele deu a cara
e acabou. A gente viu deputado subindo aqui com palavras de baixo calão, gente
fazendo carnaval, batendo palma: “Que coisa maravilhosa”. Eu me escandalizei,
minha família se escandalizou. Agora vem gente: “Porque vamos abrir, fazer não
sei o quê”. Palhaçada, rapaz, palhaçada. Torno a dizer: penso que o meu amigo
Frederico d'Avila passou do ponto, sim.
E quando se
passa do ponto de fala do que não se deve falar tem que se retratar. Ponto
final, acabou. Quer que faça o quê agora? Seja crucificado? Coroa de espinho,
prego na mão? Virou Jesus agora?
Então, quero
dizer para o meu amigo deputado Frederico d'Avila: o
senhor passou do ponto, sim, mas tem meu respeito pela sua atitude de subir
aqui e pedir perdão, coisa que não aconteceu com uma certa deputada que subiu
aqui, falou um monte de porcaria, palavra de baixo calão e nunca se retratou.
Qual foi o dia
que se retratou, Gil Diniz? Nunca. Ninguém quis levar para o Conselho de Ética,
ninguém falou nada, ficou todo mundo caladinho. Não, e se orgulha: “Falei sim,
porque eu falo”. Está bom, pode falar. Agora, você querer cercear a palavra de
um deputado que está em plenário?
No dia em que
eu não tiver coragem de falar a verdade aqui eu renuncio ao meu mandato. E no dia
em que eu falar algo aqui que eu entenda - que eu entenda, não é porque A ou B
ou C apontam o dedo para mim não - que eu não deva falar, eu vou me retratar.
Parabéns ao
deputado Frederico d'Avila, porque se retratou. Torno
a dizer: não concordo com a intolerância religiosa, não concordo com o que ele
disse. Passou, foi excesso, mas foi homem para pedir perdão.
Então, meus
amigos, por favor, não inventem de atirar pedra vocês que têm telhado de vidro.
Deixem de apontar os dedos para os outros se os dedos podem ser apontados para
você.
Muito obrigado
a todos.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Pela ordem,
nobre deputado Emidio de Souza.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Para falar pela
liderança do PT, pelo Art. 82.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos corretos.
O
SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO - Pela ordem, presidente.
Para uma breve comunicação?
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - O nobre
deputado Gil Diniz para uma comunicação.
O
SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO - PARA
COMUNICAÇÃO - Presidente, repito aqui o que disse na tribuna e pergunto aqui ao
nossos pares: se por um acaso um padre, um bispo, um arcebispo ou o próprio Papa,
que se posicionou aqui esses dias, vir aqui pregar, por exemplo, o que está no
nosso Texto Sagrado, que a Igreja Católica não aceita, por exemplo,
determinados comportamentos?
Esses aqui vão
se solidarizar com as nossas lideranças religiosas? Deixo aqui a pergunta para
o deputado Emidio, que sobe aqui à tribuna. O Papa
Francisco, esse que é defendido aqui e tem que ser defendido - o trono de São
Pedro deve ser defendido - se posicionou contrariamente ao aborto dias atrás.
Ele disse, deputado Emidio, que aborto é crime.
Vossa
Excelência, deputado Emidio, concorda com o Papa
Francisco? Vossa Excelência defende o posicionamento do Papa Francisco? Vossa
Excelência aplaude esse posicionamento do Papa Francisco de que aborto é crime
e que nós devemos defender a vida humana desde a sua concepção, assim como a
Santa Igreja Católica defende?
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Com a palavra o
nobre deputado Emidio de Souza pelo prazo
improrrogável de cinco minutos.
O SR. EMIDIO LULA DE
SOUZA - PT
- PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, eu fico muito impressionado
com a capacidade de alguns deputados de desvirtuar o que está sendo debatido e
tentar mudar de assunto.
Veja bem aqui o
pronunciamento do deputado Gil Diniz, o pronunciamento do Coronel Telhada, e
depois até o do deputado Altair Moraes, numa situação menor, mas quer
transformar o algoz em vítima e a vítima em algoz.
Porque não é
possível. Aqui tem gente que gosta de dar lição de moral. Qualquer tema que eu
trago aqui, que as pessoas trazem aqui, falam: “Ah, está politizando”. Esta
Casa é Casa política. Se vocês têm vergonha de ser políticos, eu não tenho. Não
tenho vergonha de ser político. Só que eu sou um político que trabalha. Eu
tenho princípios. Quem não tem, quem não quiser, fazer de conta, dar lição de
moral, sabe?
Veio o Coronel
Telhada aqui falar, “olha, vocês tomem vergonha na cara”. Eu tenho vergonha na
cara, Coronel. Eu tenho. Entendeu? Eu tenho. Se o senhor não tem, o problema é
seu. Eu tenho vergonha. Não preciso da sua opinião para tomar vergonha na cara.
Eu já tomei desde que meu pai me ensinou.
Pois não,
Coronel. Eu não sei quem defende ladrão. Quem defende ladrão? Você já me viu
defendendo ladrão aqui? Defender nada. Não, só não tem princípios. O senhor é
criado naquela técnica de que é só matar, matar, matar, matar, matar, matar.
Mais nada. O senhor não deu uma palavra aqui de solidariedade aqui ao Papa, aos
bispos, arcebispos, a ninguém.
A sua ideia
aqui era o seguinte: “ah, o deputado Frederico d’Avila
está sendo crucificado, nós precisamos criar, nós precisamos melhorar, nós
precisamos perdoar. Cadê o perdão? Cadê o perdão?” Vocês estão tratando aqui
como se as palavras dele tivessem sido um pequeno errinho.
Sabe uma coisa,
chamar um arcebispo, o Papa e a CNBB de antro de pedófilos, de canalha, de
vagabundo, de safado, não é pouca coisa. Não é para passar a mão na cabeça,
não.
Nós temos que
ter correção, sim, no nosso pronunciamento. Aqui pode-se divergir de tudo.
Tudo. Cada um pode dar qualquer posição que tenha aqui. Mas chegar e querer
transformar as vítimas em algozes e o algoz em vítima? Não há desculpa para
isso, simplesmente não há. E aqui vem falar, “eu quero saber a sua posição sobre
aborto”.
Eu devolvo ao
deputado dizendo o seguinte: você já me ouviu falar em defesa do aborto aqui?
Em nenhum momento. Então não vamos querer tirar o foco do assunto hoje. É
agressão sofrida pelo arcebispo de Aparecida, D. Orlando Brandes, por Sua Santidade,
o Papa Francisco, pela CNBB e pelo mundo católico.
Não adianta
falar, “ah, eu sou católico, eu sou católico e acredito no que eu quero, eu
faço o que eu quero”. É claro, católico tem várias tendências, é problema de
cada um, é o comportamento da pessoa com Deus.
Agora, querer
dar lição de moral aqui, querer dizer que aqui não se discute assunto, que não
se preocupa com o povo, fale por você. Fale por você, Coronel Telhada, por mim,
não. Se o senhor não se preocupa, eu me preocupo: eu discuto, faço o que tem
para fazer.
O Gil Diniz
inclusive vem aqui falar, “agora vamos apoiar o PLC 26, que tira direitos de
professores. “Ah, porque eu estou magoadinho.” Se o
senhor não tem opinião sobre as coisas, muda de opinião, o problema é seu,
responda para o seu eleitorado, para os professores de São Paulo. Ninguém
precisa ficar, o deputado pode concordar em um ponto e não concordar em outro.
Eu não vejo qual é a necessidade disso.
Nós estamos
discutindo é uma coisa, o que vocês estão propondo aqui é outra coisa, é a
tentativa de mudar o rumo do debate, sabe? Não adianta querer ficar dando
lição. “Tomem vergonha na cara. Nós não trabalhamos pelo povo?”
Quem não
trabalha que responda por si. Todos os deputados que eu conheço aqui, não
apenas eu, não, todos trabalham por alguma causa, e não precisa ser chamada a
atenção.
Quem tem que me
chamar a atenção é o eleitorado que me elegeu, o eleitorado que me elegeu, o
eleitorado que acompanha o meu trabalho, não outro deputado que tem convicções
diferentes. Que história é essa de que não tem vergonha na cara? Quem não tem
vergonha na cara que assuma, eu tenho vergonha na cara, tenho orgulho de tudo o
que eu sou, de tudo o que eu aprendi, de tudo o que eu defendo.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Pela ordem,
nobre deputado Coronel Telhada.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Para uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Para
comunicação.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT - A minha é pelo Art.
82. Então, enquanto eu subo...
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Pois não. Pode ser,
Sr. Presidente?
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Nobre deputado
seminarista Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Muito obrigado. Eu
sou da Minoria. O senhor vai virar bedel aqui de novo?
O
SR. CORONEL TELHADA - PP - Pode ser comunicação,
Sr. Presidente?
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Nobre deputado
Coronel Telhada para comunicação.
O
SR. CORONEL TELHADA - PP -
PARA COMUNICAÇÃO - Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu quero aqui fazer uma
comunicação respondendo ao deputado Emidio, porque eu
acho interessante o deputado Emidio vir citar o meu
nome.
Eu fiz uma
explanação geral. Não sei, ele até queria incomodar, queria cortar o meu
discurso. E agora fiquei incomodado.
Deputado Emidio, se a carapuça serviu, use-a. Eu não citei o seu
nome em momento algum. Se o senhor está invocado, acho que serviu para o
senhor, entendeu? Aqui nesta Casa é assim, falta vergonha na cara de muita
gente, sim, porque a gente não discute o que deve, deputado.
O nosso
governador está deitando e rolando, e nós não tomamos atitude, nós tentamos
montar uma CPI aqui do Covidão, ninguém assinou,
deputado. Não sei se o senhor assinou ou não. Assinou? Então, muito obrigado.
Mas muita gente do seu partido não assinou, como do meu também, então o pessoal
precisa ter vergonha na cara.
Agora, não sei
por que o senhor ficou nervoso com as minhas palavras, eu não citei o seu nome.
Não sei. Entendeu? Então, meu amigo, se está servindo, use-a, porque uma coisa
que eu não faço, deputado, aprenda uma coisa comigo, é não citar nomes. O
deputado Paulo Fiorilo sabe como que eu faço. Eu
jogo, quem quiser morder, morde. Eu não citei nomes.
Agora, que esta
Casa não tem vergonha na cara, não tem. Que a gente fica perdendo tempo com um
monte de besteira, aliás, como nós estamos perdendo agora. Enquanto isso, o
povo está passando fome, o povo está sem educação, o povo está sem segurança,
tem polícia morrendo todo dia, tem deputado sendo assaltado na rua, tem pessoal
sem escola, deputado, e nós estamos aqui discutindo o sexo dos anjos. É falta
de vergonha na cara isso.
E nós vamos
responder aos nossos eleitores, sim. Todos nós vamos responder, todos nós,
porque a Casa não produz. Esta Casa está inerte desde que nós assumimos aqui,
em 2018, 19 para ser mais próprio. Então nós precisamos tomar vergonha na cara
e produzir alguma coisa útil para o nosso estado, alguma coisa útil para a
nossa sociedade.
Muito obrigado,
Sr. Presidente. Obrigado, Paulo.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Pela ordem,
presidente. Para uma breve comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Pela ordem,
nobre deputado Emidio de Souza.
O
SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT -
PARA COMUNICAÇÃO - Só para dizer que esse tema que nós estamos tratando aqui
hoje é bobageira, é coisa pequena? Ora, só quem não
entende o que é o papel do parlamento. Então, o parlamento aqui virou um lugar
onde se pode agredir pessoas, instituições, chefes de Estado, chefe da igreja
católica, e nada acontece? Acha que isso é bobagem?
Para quem acha
que não está fazendo nada, fica o convite, Coronel Telhada. Eu falo o nome,
porque eu não tenho problema, não preciso ficar com subterfúgio, não. Eu falo.
O senhor está
convidado, amanhã, por exemplo, a Comissão de Direitos Humanos vai fazer uma
audiência às dez da manhã sobre a questão da Cracolândia,
já levantada pela deputada Janaina Paschoal. O senhor está convidado a ir, para
não ficar dizendo depois que aqui não se produz nada, aqui não se faz nada.
Eu não tenho
problema. Enquanto tem muita coisa errada em São Paulo, muita coisa errada no
governo Doria, nós, do PT, temos por prática apoiar as investigações, as CPIs
que são propostas. Eu não tenho problema.
Quem está reclamando
de CPI agora são vocês, que não querem apoiar a CPI da Prevent
Senior. Nós não temos problema nenhum. A Câmara
Federal aprovou, a Câmara Municipal aprovou, mas na Assembleia parece que é um
crime investigar uma empresa que está sob denúncia.
Se ela tem
culpa ou não tem, deixa a investigação acontecer. Qual é o problema? Quem
presta serviço de saúde, quem está a serviço público está sempre sujeito a
investigação.
Todo mundo que
já ocupou cargo público, eu ocupei, e é normal, se a Justiça tem alguma dúvida
sobre o comportamento de alguém, tem realmente que abrir procedimento
investigativo, concluir. Se tiver culpa, processa, se não tiver, não processa.
Ora, dizer que
nós estamos discutindo sexo dos anjos, bobagem, nós não estamos discutindo
bobagem, nós estamos discutindo postura de parlamentar, quebra de decoro
parlamentar. Vergonha que esta Casa está passando frente ao País.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Com a palavra,
nobre deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT -
PELO ART. 82 - Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu vou ser breve. Mas eu queria
recolocar o debate. Porque parece que nós estamos discutindo uma coisa
abstrata, que não aconteceu.
Aliás, é bom
lembrar. Na quinta-feira, quem criou toda essa situação, não fomos nós. Foi o
deputado Frederico d’Avila, que está aqui. Que fez um
discurso histriônico, desta tribuna, atacando a CNBB, o Papa, dom Orlando
Brandes, o PT, o MST.
Aqui foi
crítica para todo lado. Não fui eu que vim fazer isso. Nós precisamos
reconhecer. Hoje o deputado veio aqui, depois da minha fala, e disse. “Eu
queria pedir desculpas.”
Fui ler a nota
do deputado: impressionante. Todos que estão dizendo aqui “ele pediu desculpa”:
ele pediu desculpa para quem? Para o Papa? Porque ele não fala da CNBB, não
fala do dom Orlando. Impressionante.
Vocês querem
defender, defendam. Eu queria ouvir o deputado Frederico dizer assim. “Eu
retiro aqui o que disse sobre a CNBB. Que não é um antro, que não é um câncer
que precisa ser extirpado.” Eu queria ouvir o deputado pedir desculpa para o
dom Orlando. Para dizer assim: “Dom Orlando, desculpa. Eu errei.”. O deputado
não fez isso.
Aliás, sabe
qual foi o discurso dele, de novo? “Reconheço a Igreja Católica Apostólica
Romana.” Para quem é católico, deputado, é clara qual é a posição do senhor.
Não tem dúvida.
O senhor fez
referência aos Arautos do Evangelho. O senhor fez referência a entidades da
Igreja Católica que são conservadoras, em que o ex-governador Alckmin militou e
milita. O senhor sabe disso.
Opus Dei e
Arautos do Evangelho não são entidades em que eu milito. Não são. Eu venho de
outra formação da Igreja Católica.
Agora,
precisamos reconhecer aqui. Não fomos nós que criamos essa situação em que o
presidente da Assembleia tem que pedir desculpas. Ou a gente entende que houve
um erro grave, grave! Eu chego aqui e peço desculpa? Alguém comparou aqui,
agora há pouco, a outras situações de erros graves. E agora, pedir desculpa,
está tudo resolvido?
Nós temos uma
parte da responsabilidade. Eu ouvi o deputado Gil Diniz. “Querem agora a cabeça
do deputado numa bandeja.” Eu vou perguntar. Na quinta-feira, quis o quê, o
deputado Frederico? Xingar quem? Não estou entendendo, deputado.
O senhor, que é
católico, que vem aqui fazer um discurso do catolicismo? Aí vai lá o cara, e
fala assim. “Querem acabar com o deputado.” Espera aí. Fui eu que vim chamar de
canalha, de vagabundo, falar que a CNBB é um antro? Fui eu?
Claro que não.
Agora estamos fazendo um debate porque estamos no Grande Expediente, com a
possibilidade do debate político, porque esta é uma Casa política. Se não for,
me digam, porque estamos no lugar errado. E a casa política é para que a gente
possa criar consensos políticos. Não, guerra política. Não, negacionismo
político. Não, fake news.
Nós precisamos ter a clareza do que nós queremos. O deputado teve a
possibilidade de dizer “errei, CNBB”. E não “errei, Igreja Católica apostólica
Romana”.
Sabe qual é a
diferença? Vou explicar ao senhor, que é católico. Porque a CNBB tem uma
postura clara de defesa dos mais pobres, dos oprimidos. Eu não vou permitir que
o senhor me interrompa. O senhor se recolha à sua insignificância. No seu
quadrado. Seu presidente, ou o deputado Gil respeita o orador, ou acabou o
debate político. Não é possível isso. Aqui a gente não permite isso.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vamos proteger a palavra do
orador. Estou procurando a buzina e não estou achando.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - O senhor buzine daí, que ele vai entender. Nós temos a responsabilidade de
corrigir os erros. Todo mundo erra. Eu vim aqui, eu também errei. Perfeito. O
deputado vem aqui e diz assim. “Retiro o que falei da CNBB. Retiro o que falei
de dom Orlando.” Leia o texto. Leia o texto e o que está entre as linhas do
texto, porque é sobre isso que nós estamos falando.
Por isso eu
acho que é pertinente a instalação do Conselho de Ética, porque o deputado vai
ter condições de deixar claro qual é a sua posição sobre todos esses aspectos.
Aspectos que, no fim, eu que trouxe aqui.
E
vou terminar, deputado, me solidarizando com o senhor. Eu acho que é
inadmissível qualquer indivíduo, independentemente de ser deputado ou não, ser
assaltado, ser violentado. Isso é questão basilar. Nós temos que defender a
vida, e é sobre isso que nós estamos falando, sobre a defesa da vida.
Muito obrigado, Sr.
Presidente.
O SR. CORONEL TELHADA - PP - Pela
ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP -
Pela ordem, nobre deputado Coronel Telhada.
O SR. CORONEL TELHADA - PP - Queria
utilizar a tribuna pelo Art. 82, deputado.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP -
Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.
O SR. GIL DINIZ - SEM PARTIDO -
Pela ordem, Sr. Presidente.
Para uma breve comunicação.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP -
Com anuência do orador, V. Exa. tem o tempo regimental de dois minutos.
O SR. GIL DINIZ - SEM
PARTIDO -
PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, o deputado
Paulo Fiorilo, com toda certeza, consegue incorporar
um personagem dessa tribuna, que é para poucos. Pouquíssimos aqui conseguem
fazer essa... Não falei encenação, porque tem uma conotação, talvez, negativa,
mas o deputado Frederico d’Avila, eu creio que ele
foi muito claro em sua nota.
Eu
não consigo desassociar, quando ele fala, deputado Paulo Fiorilo,
sobre a Igreja Católica, e ele coloca a Igreja Católica de um lado, e a CNBB do
outro, como se fossem entes diferentes.
Talvez
aí a nossa crítica, algumas vezes, mais contundentes, a algumas lideranças da
CNBB, a algumas lideranças, que utilizam o altar de palanque político, para
defendê-los, para abraçá-los, para pedir voto, dentro de suas igrejas.
Então,
a nossa crítica, muitas vezes contundente, é a essas lideranças, e não
generalizando aqui. Agora, é incrível. O deputado foi acusado de generalizar.
Aí, quando ele faz a generalização, pedindo desculpas a todos os católicos, aí
não vale a generalização. Incrível. É incrível, presidente.
Então,
mais uma vez, aqui, parabéns ao deputado Frederico d’Avila,
por ter vindo a esta sessão hoje, a esta tribuna, e ter reconhecido que se
excedeu em vários pontos, por ter feito essa nota pública ao povo de São Paulo,
ao povo brasileiro, e ao povo católico.
Muito obrigado, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP -
Com a palavra agora, na tribuna, o nobre deputado Coronel Telhada, pelo tempo
regimental de cinco minutos.
O SR. CORONEL TELHADA
- PP - PELO ART. 82 -
Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados. Após ouvirmos vários deputados aí nesse
assunto específico, envolvendo o deputado Frederico d’Avila,
eu quero aqui finalizar a minha fala hoje, dizendo sobre esse problema que
aconteceu na Assembleia.
Realmente,
o deputado sabe que extrapolou, falhou nas palavras, onde houve o exagero, e
ofendeu alguns líderes religiosos aqui. Tenho plena certeza de que não houve
essa intenção, de ferir essas pessoas, e, muito menos, de ferir o sentimento
religioso de alguém.
Talvez
levado pelo momento de exaltação pelo qual havia passado, pelos problemas, onde
várias igrejas, não só a católica, mas várias igrejas que também acabam se imiscuindo
em assuntos políticos.
Aliás,
que eu saiba, a igreja é para cuidar de assunto espiritual, para cuidar do
espírito, e não para ficar do púlpito dando opinião política, falando mal do
presidente, falando mal de governador, falando mal de prefeito, falando mal de
deputado.
A
função da igreja não é essa. A função da igreja é cuidar do rebanho espiritual
que a igreja tem. E, talvez, levado por esse momento, o deputado Frederico d’Avila tenha se exaltado, e errado nas suas palavras, mas,
claramente, ele já veio a público hoje.
Do
mesmo lugar onde ele fez essas aclamações, que o deixaram em uma situação bem
difícil, ele veio a público e se desculpou pelas suas palavras. Usando o mesmo
meio, da mesma maneira, na mesma intensidade, e com o mesmo veículo, que é a
Rede Alesp.
Ou
seja, foi feita na mesma intensidade, nem para mais, nem para menos. Como
dissemos aqui, temos assuntos importantíssimos para resolver a nível estadual,
do Governo de São Paulo.
Nós,
deputados, a nossa maior arma é a palavra. Por isso estamos em um parlatório.
Às vezes, pagamos pela palavra, mas, por isso, temos até uma autonomia para
falar, uma liberdade para nos expressarmos aqui, só que precisamos tomar
cuidado com isso.
Quando
queremos cercear um deputado de falar o que ele pensa, é o mais grave erro que
se pode cometer no mundo legislativo, porque, quando ele fala, ele pode errar e
cabe a ele ver se errou ou não, se desculpar ou não. Mas querermos podar a
palavra de uma pessoa é o maior erro que se pode cometer contra um parlamentar.
O deputado
errou, assumiu esse erro, foi chamado à atenção por causa disso. Os deputados
que foram contra sua fala foram bem veementes, bem contundentes em suas falas,
o que é um direito desses deputados também, mas eu entendo que, a partir do
momento de escusas, de desculpas do deputado Frederico d’Avila,
essa sessão, para mim, nesta Casa, já está encerrada. Não contem comigo para
armar um circo aqui. Como eu disse, temos coisas mais importantes para fazer.
O deputado
Frederico d’Avila, na sua carta aberta, que, se não
me engano, ele já pediu a publicação em “Diário Oficial”, consta bem claro aqui
no final da carta: “Não tive a intenção de desrespeitar o Papa Francisco, líder
sacrossanto e chefe de Estado. Minha fala foi no sentido de divergir sobre
ideias e posicionamentos tão só”.
Ele pede
desculpas bem claramente: “Inserir o Papa em minha fala foi um erro pelo qual
humildemente peço desculpas a todos os católicos do Brasil e do mundo, pois não
considerei a figura espiritual que ele representa”. Antes disso, ele fala dos
membros da CNBB também, ele deixa claro que deveria ter evitado até as
críticas.
Então, vejam
bem: a partir disso, o que teremos é mise-en-scène, é falta de assunto nesta
Casa. Temos o PLC 26 para resolver, que é um assunto superimportante.
Temos um outro
circo que está rodando, que é a CPI da Prevent Senior, que é outro circo nesta Casa, ao qual sou
frontalmente contra, porque conheço a Prevent Senior. Minha mãe é associada há mais de dez anos. Como eu
disse desta tribuna, ela tratou de um câncer no cérebro e está sendo tratada.
São mais de 550 mil pessoas que são associadas à Prevent
Senior. As pessoas não estão pensando nisso.
Lá no Senado
Federal foi armado um circo. Aquela CPI foi um circo em que não se chegou a resultado
nenhum. Gastou dinheiro público, só fez mise-en-scène e, infelizmente, o
resultado foi zero. Então, não devemos fazer o mesmo nesta Casa.
Portanto, Sr.
Presidente, só para encerrar: eu deixo aqui mais uma vez o meu alerta ao
deputado Frederico d’Avila, até como um homem mais
velho e um deputado mais antigo, para se acautelar nas palavras, para que não
cometa esse erro novamente.
Aceite isso
como uma orientação de um amigo mais velho, porque podemos falar, podemos
criticar, mas temos que pesar nossas palavras, porque nossas palavras têm peso
e esse peso, às vezes, machuca, ofende e atrapalha a vida das pessoas. Que essa
orientação venha a valer para todos os deputados, inclusive para mim.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. TENENTE NASCIMENTO - SEM PARTIDO - Pela ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Pela ordem,
deputado Tenente Nascimento.
O
SR. TENENTE NASCIMENTO - SEM PARTIDO - Para uma
comunicação?
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tem o prazo regimental.
O
SR. TENENTE NASCIMENTO - SEM PARTIDO - PARA COMUNICAÇÃO - Aproveitando a fala do nosso nobre
deputado colega Coronel Telhada, quero aqui colocar duas coisas: primeiro, o
deputado Frederico d’Avila, ele errou, conforme já se
apresentou aqui. A errar, todos nós estamos sujeitos. A Bíblia é bem clara:
“Quem está de pé, cuide para que não caia”.
Mas maior do
que isso, a atitude dele de chegar, se dirigir à tribuna, onde teve a
hombridade, Frederico, de pedir perdão... E cabe a nós estarmos aqui e avaliarmos
e lhe perdoar.
Deputado
Frederico, aqui está o nosso perdão. O erro foi grave, mas se dirigir à tribuna,
se levantar e ir a público dizer “me perdoe” também é a atitude de um cristão.
E dizendo ainda, Frederico, é essa atitude que nós esperamos de um parlamentar
dentro desta Casa. E eu tenho orgulho de tê-lo como companheiro aqui nesta
Casa.
Eu
queria deixar, então, presidente, a nossa fala. E ao Frederico d'Avila, que realmente teve a hombridade de vir aqui pedir
perdão.
Muito
obrigado, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Ok, nobre
deputado. Pela ordem, nobre deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Queria utilizar a
tribuna, Sr. Presidente, pelo Art. 82.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tem o prazo de cinco minutos.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, acabei de
chegar agora de uma manifestação na frente da Secretaria Estadual de Educação.
Uma manifestação muito numerosa, com centenas de servidoras e servidores do
quadro de apoio escolar da rede estadual.
Pessoas, Sr.
Presidente, que vieram de várias regiões do estado. Foi uma das maiores, talvez
a maior manifestação de todos os tempos desse segmento tão importante da nossa
rede estadual, das nossas escolas públicas.
Esses
servidores e servidoras são responsáveis pelo funcionamento das escolas. Sem
eles, a escola não abre, a escola não funciona; eles cuidam da vida funcional
dos professores, dos prontuários dos alunos.
Tudo passa
necessariamente por esses servidores, que são estratégicos para o funcionamento
das nossas escolas e que são trabalhadores e que são profissionais da Educação.
Estavam ali de
uma forma espontânea; se organizaram através dos seus coletivos. Sr.
Presidente, eu, pela primeira vez na minha vida... Eu sou um militante
histórico já: sempre militei, como professor, como diretor de escola, desde
1980. E na Educação desde 1984. Já participei de muitas manifestações na frente
da Secretaria da Educação.
Primeiro que
hoje nós tivemos um fato inédito: nós tivemos uma grande movimentação dos servidores,
revoltados, indignados com a forma como o secretário Rossieli,
a Secretaria da Educação e o governo Doria vêm tratando os servidores do quadro
de apoio escolar, Sr. Presidente. O salário deles é inferior ao salário mínimo
nacional e ao salário regional do estado de São Paulo.
Uma vergonha,
Sr. Presidente; é uma exploração sem precedentes. Eu digo que é um ataque à
dignidade humana desses servidores e servidoras. No entanto, foi - das que eu
vi, pelo menos - a maior manifestação desse segmento, de todos os tempos.
Mas, ao mesmo
tempo, Sr. Presidente, foi o dia da vergonha por parte da Secretaria da
Educação, deputado Emidio. O secretário Rossieli - Rossieli Pinóquio
Doria também - fechou as portas da secretaria para os seus próprios servidores.
Trancou as portas.
Inicialmente,
disse que um assessor iria receber uma comissão. Inclusive, eu iria participar,
como deputado representando a Assembleia Legislativa. Houve essa intenção no
início.
Mas depois veio
uma notícia contrária, do próprio gabinete do secretário, fechando as portas da
secretaria e cancelando o encontro, que seria uma coisa básica, deputado Emidio.
O movimento ia
entregar esse ofício com as principais reivindicações da categoria. Mas o
secretário fechou as portas na cara dos servidores do quadro de apoio escolar,
que eram centenas, talvez milhares, porque eles queriam debater, queriam
discutir, queriam fazer as reivindicações.
Mas que o
secretário não ia atender, a gente sabe, pois ele não recebe ninguém, Sr.
Presidente. Esse secretário Rossieli Weintraub, Rossilei João Pinóquio
Doria que nós temos.
Agora, nem o
assessor do assessor do assessor para receber uma comissão, para receber a
pauta e levar para o secretário. Nem isso, Sr. Presidente. Desprezo total, que
vergonha.
O dia 18 de
outubro fica marcado como o “Dia da Vergonha”. O Rossieli
fechou a porta da Secretaria da Educação, colocou lá os seus seguranças para
que esses servidores não entrassem para debater, para entregar essa pauta que
eu vou pedir a publicação no Diário Oficial.
Já que ele não
quis receber, eu vou já daqui da tribuna solicitar que
as cópias do meu pronunciamento juntamente com esse ofício com as principais
reivindicações dos servidores sejam entregues ao governador João Doria e ao
próprio secretário da Educação.
Então, é uma
vergonha. Eu entendo, porque isso mostra, representa e ilustra o desprezo, o
ódio que o Rossieli tem pelos seus próprios
servidores, pelos servidores que abrem as escolas estaduais, Sr. Presidente,
que são os responsáveis pelo funcionamento das nossas escolas.
Ele vai ter que
explicar, porque ele fechou a porta também na minha cara, deputado Emidio, um deputado estadual que fiscaliza o Executivo. Eu
fui impedido de entrar. Nem o assessor do assessor do assessor me recebeu pelo
menos para me dar uma explicação, nada. Grades, segurança, é um absurdo.
Então, eu vou
convocá-lo na Comissão de Administração Pública e também na Comissão de
Educação. Ele vai ter que explicar isso. Como que não recebe um movimento que
era uma comissão que ia conversar, entregar, Rossieli?
Que vergonha, Rossieli, fechar a porta na cara dos
servidores da Educação.
Nunca aconteceu
isso, deputado Emidio. Acho que V. Exa. também
participou de várias manifestações. Sempre pelo menos um assessor recebe e
conversa, mas nem isso.
É um desprezo
total aos servidores, mas também, deputado Conte Lopes, V. Exa. que está na Presidência,
à Assembleia Legislativa. Não receber um deputado que está lá tentando
intermediar uma conversa, uma discussão.
Então, tomarei
as providências cabíveis logicamente, aqui acionando as comissões e pedindo a
convocação. E também, Sr. Presidente, quero aqui pedir para que V. Exa.
encaminhe a cópia do meu pronunciamento juntamente com a cópia do ofício...
Sr. Presidente,
eu sei que eu estou extrapolando o meu tempo, mas eu gostaria de continuar na
tribuna agora para uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - Vossa
Excelência tem o prazo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
PARA COMUNICAÇÃO - Eu vou ler, Sr. Presidente, então, só a pauta perigosa dos
servidores do Quadro de Apoio Escolar, que o Rossieli
estava com medo. Olhe o que dizem as principais reivindicações - são muitas -
mas as principais dos nossos servidores do Quadro de Apoio Escolar, Sr.
Presidente.
Evolução
funcional, que eles não têm, que é o básico para qualquer carreira dos
servidores. Cancelamento do PL 26/21, que é esse que nós estamos lutando para
que não seja aprovado, porque isso vai destruir os direitos e a dignidade dos
servidores como um todo.
Nós temos aqui
ainda, Sr. Presidente, aumento do vale-alimentação, que de tão baixo que é o
valor a gente chama de “vale-coxinha” da rede estadual. Nós temos, ainda, aqui,
a revisão do valor do (Inaudível.), direito ao acúmulo de cargos. São os
direitos básicos, elementares, Sr. Presidente.
Valorização
salarial. E aí o secretário está fazendo chantagem, está montando uma
armadilha, jogando os servidores do Quadro de Apoio contra os servidores por
conta desse abono do Fundeb, que é um abono, Sr.
Presidente, obrigatório pela legislação federal.
O Doria não
está fazendo favor nenhum. Está cumprindo o que determina a nova lei do Fundeb. Tem que investir 70% do fundo na valorização dos
profissionais da Educação.
Então, não é favor
nenhum. Só que ele diz que para pagar também esse abono para o Quadro de Apoio
Escolar tem que aprovar o PLC 26, deputado Gil Diniz, deputado Emidio, deputado Conte Lopes.
Ele está
fazendo chantagem - o secretário da Educação - em vídeos, na entrevista agora
na Globo pela manhã, só que nós não vamos cair nessa armadilha. Todo o
funcionalismo público é contra o PLC 26 e nós defendemos a valorização de todos
os profissionais da Educação.
E por fim, Sr.
Presidente, para mais uma comunicação. Eu sei que está encerrando a sessão. Eu
cheguei aqui no final porque fiquei até agora na Secretaria de Educação.
Eu quero
manifestar aqui o meu total repúdio e a minha total indignação com o
pronunciamento feito pelo deputado Frederico d’Avila.
Não tenho nada
pessoalmente contra ele, mas é um absurdo, Sr. Presidente. Que ele assuma as
posições dele, ele é bolsonarista, é da extrema
direita, é uma pessoa que representa o agronegócio, uma pessoa que defende a
monarquia, inclusive. Ele pode ter todos esses posicionamentos.
Agora, agredir,
Sr. Presidente, o Papa Francisco, agredir o bispo de Aparecida, agredir a CNBB,
agredir a teologia da libertação, isso é inconcebível, é uma afronta, é a
quebra total do decoro parlamentar.
Sr. Presidente,
então eu quero manifestar a minha total indignação com esse ato, dizer que nós
vamos tomar providências junto aqui com várias bancadas, porque isso não pode.
O deputado d’Avila tem que, no mínimo, fazer uma retratação, Sr.
Presidente, no mínimo. Mas foi muito grave o que aconteceu: atacar a CNBB,
atacar o bispo de Aparecida, atacar a teologia da libertação, e, sobretudo, o
Papa Francisco, em nome de outras correntes da igreja.
Falou dos
Arautos do Evangelho, falou da Opus Dei. A Opus Dei defendeu o regime fascista
do Franco na Espanha. Olha o que ele defende. E o deputado d’Avila já veio à tribuna polemizar, já veio à tribuna
polemizar, já propôs aqui homenagear o ditador sanguinário, que matou muita
gente no Chile, o Augusto Pinochet, está tentando aprovar aqui uma homenagem ao
também coronel que apoiou a tortura no Brasil, Erasmo Dias. Que vergonha isso.
Acabar com a Ouvidoria, enfim, são várias posições reacionárias.
É inadmissível
o que aconteceu. Nós estamos conversando já com várias bancadas aqui, e as
providências serão tomadas imediatamente.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente,
havendo acordo entre as lideranças, nós solicitamos o levantamento desta
sessão.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PP - É
regimental. As documentações de V. Exa. serão encaminhadas ao governador para
que sejam tomadas as providências necessárias.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta
Presidência, nos termos do Art. 26 da Constituição do Estado adita à Ordem do
Dia os Projetos de lei nºs 570 e 582, de 2021, de
autoria do Sr. Governador.
Adita ainda, cumprindo determinação
constitucional, à Ordem do Dia, os seguintes Projetos de lei vetados: 356, de
2015; 1.352, de 2015; 108, de 2020; e 707, de 2020.
Havendo acordo de líderes, antes de dar
por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de
amanhã, à hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia de quinta-feira,
com os aditamentos ora anunciados.
Está levantada a presente sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 16 horas e 53
minutos.
*
* *