21 DE SETEMBRO DE 2021
2ª SESSÃO SOLENE DE ASSINATURA DO TERMO DE ADESÃO À CAMPANHA
"SINAL VERMELHO CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA"
Presidência: CARLÃO PIGNATARI
RESUMO
1 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Abre a sessão.
2 - MARINA TEIXEIRA
Mestre de cerimônias, informa que a Presidência efetiva
convocara a presente sessão solene para a “Assinatura do Termo de Adesão à
Campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica” - Lançamento da 2ª Edição
da Pesquisa JUS Barômetro, realizada pela Apamagis e pelo Ipespe, sobre
Violência contra a Mulher. Anuncia a composição da Mesa e demais autoridades
presentes.
3 - VANESSA MATEUS
Juíza presidente da Apamagis - Associação Paulista de Magistrados,
faz apresentação do resultado da pesquisa JUS Barômetro, realizada pela
Apamagis e pelo Ipespe, sobre violência contra a mulher.
4 - MARINA TEIXEIRA
Mestre de cerimônias, anuncia a exibição do vídeo da campanha
"Sinal Vermelho Contra a Violência", produzido pela AMB - Associação
dos Magistrados Brasileiros.
5 - ANA CLAUDIA CUTAIT
Presidente do CMEC - Conselho da Mulher Empreendedora e da
Cultura da Associação Comercial do Estado de São Paulo e da Federação das
Associações Comerciais do Estado de São Paulo, faz agradecimentos gerais.
Discorre a respeito do CMEC e do seu envolvimento com o tema da presente
solenidade.
6 - MARIA DOMITILA MANSSUR
Juíza diretora da AMB Mulheres, uma das idealizadoras da
campanha, a representar a AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros, faz
agradecimentos gerais. Tece considerações cobre a campanha objeto desta
solenidade.
7 - DRA. DAMARIS MOURA
Deputada estadual, faz agradecimentos gerais. Destaca a
relevância do combate à violência contra a mulher.
8 - MARINA TEIXEIRA
Mestre de cerimônias, anuncia a Assinatura do Termo de Adesão
à Campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica.
9 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Faz agradecimentos gerais. Discorre acerca da importância do
combate à violência contra a mulher. Encerra a sessão.
*
* *
- Abre a sessão o Sr. Carlão Pignatari.
*
* *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MARINA TEIXEIRA - Muito
bom dia a todos e todas. Sejam muito bem-vindos a esta cerimônia. Para darmos
início a esta cerimônia, convidamos para compor a Mesa: o deputado Carlão
Pignatari, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
(Palmas.) A juíza Vanessa Mateus, presidente da Apamagis - Associação Paulista
dos Magistrados. (Palmas.)
A juíza Maria
Domitila Manssur, diretora da AMB Mulheres e uma das idealizadoras da campanha,
representando a AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros. (Palmas.) A Sra.
Ana Claudia Cutait, presidente do CMEC - Conselho da Mulher Empreendedora e da
Cultura da Associação Comercial do Estado de São Paulo e da Federação das
Associações Comerciais do Estado de São Paulo. (Palmas.)
A Sra. Ana
Claudia Carletto, secretária municipal da Justiça e Cidadania. (Palmas.) A
deputada estadual Damaris Moura, presidente da Comissão de Defesa e dos
Direitos das Mulheres na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e da
Frente Parlamentar de Combate ao Abuso e Violência Domésticos, representando
todas as deputadas estaduais. (Palmas.)
Registramos e
agradecemos as presenças da juíza Carissa Tauk, diretora da Apamagis, Fádua
Ramos Rachid Sleiman, vice-presidente da Simec, Maria Iracema Valadão,
coordenadora das sedes distritais do Conselho da Mulher; Tatiane Cruz,
coordenadora distrital do Conselho da Mulher; Sylvia Caruso, vereadora de José
Bonifácio. Também temos Gabriel Henrique, da Secretaria de Desenvolvimento
Social representando a secretária Célia Parnes; Denise Mariano Iaduri, da Associação
Comercial de São Paulo; Dominique Célia Ferreira Lima, da Facesp; Patricia
Andeka Polo, representando o deputado Oliveira.
No dia de hoje,
teremos a assinatura do termo de adesão à campanha “Sinal Vermelho contra a
Violência Doméstica”, idealizado pelo Conselho Nacional de Justiça e pela
Associação dos Magistrados Brasileiros. Com a parceria da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo, da Associação Paulista de Magistrados - a
Apamagis -, da Federação da Associação Comercial do Estado de São Paulo -
Facesp - e do Conselho da Mulher Empreendedora da Cultura, em benefício das
mulheres vítimas da violência doméstica e familiar no Brasil.
Essa data marca
também o lançamento da segunda pesquisa JUSBarômetro, realizado pela Apamagis e
pelo Ipespe, Instituto de Pesquisa Social, Política e Econômica, sobre a
violência doméstica. Para falarmos um pouco mais sobre o tema e apresentar o
resultado da pesquisa, chamamos para o seu pronunciamento a juíza Vanessa
Mateus, presidente da Apamagis. (Palmas.)
A SRA. VANESSA MATEUS - Bom dia a
todos. Eu vou pedir licença ao presidente para falar sem a máscara, porque eu
estou aqui longe de todo mundo, porque fica mais fácil para ser compreendida.
Queria
cumprimentar o deputado Carlão Pignatari por sediar o lançamento dessa nossa
pesquisa, dessa pesquisa JUS Barômetro, que é uma pesquisa que a Apamagis vem
desenvolvendo junto com o Ipespe para ouvir a sociedade paulista e ter uma
percepção da sociedade paulista sobre o sistema de justiça.
A primeira
edição dessa pesquisa foi sobre a imagem dos magistrados, foi sobre a imagem do
sistema de justiça e o que poderia ser melhorado para a população, e agora a
segunda edição dessa pesquisa foi para ouvir as mulheres sobre a percepção da
violência doméstica.
E nada mais adequado
do que a gente lançar uma pesquisa que ouve a população paulista do que na Casa
da população paulista, na Casa do Povo paulista. Então, agradeço a
sensibilidade do deputado Carlão Pignatari em nos sediar este encontro.
Quero
cumprimentar a Domitila, minha amiga de longa data, há mais de 15 anos, que é a
secretária de políticas para mulheres da MB, é a conselheira da Apamagis, é a
idealizadora da campanha que a gente lança aqui e faz adesão da Alesp aqui hoje.
Sem ela, a campanha sequer teria nascido. É uma pessoa importantíssima nesse
combate à violência doméstica.
A Ana Claudia
Cutait, pelo contrário, é uma amiga muito mais recente. Eu a conheci por conta
deste evento e é uma mulher absolutamente realizadora. Eu tenho certeza de que
a adesão do Semec, da Associação Comercial e da Facesp vai dar um passo gigante
na ampliação dessa campanha dos canais de denúncia aqui no estado de São Paulo.
A capilaridade que a Associação Comercial tem de chegar em cada canto do
estado, a cada lugar em que essas mulheres se encontram, vai ser um passo
importantíssimo comparado à adesão do governo do estado e agora da Assembleia
Legislativa.
Queria
cumprimentar também a secretária de Justiça, muito obrigada por prestigiar o
nosso evento. É importantíssima a adesão de todos os órgãos públicos a esta
campanha para que a gente faça chegar ao conhecimento da população. E a gente
vai ver, inclusive, nos números da pesquisa, o quanto o conhecimento e a
comunicação são importantes.
Queria
agradecer à Clarissa Tauk, minha que está aqui, que nos ajuda demais da
divulgação da campanha; aos meus colegas que eu vi aqui, a Viviana Gerardi,
presidente da AASP, o Augusto, o Gustavo, delegado, e se estiver faltando
alguém, depois eu menciono, porque às vezes eu não identifico com a máscara.
E queria
cumprimentar os deputados que aqui estão: a deputada Carla Morando, o Tenente
Nascimento, Gilmaci Santos, Leticia Aguiar, Professor Walter Vicioni, Coronel
Nishikawa, Estevam Galvão, Marina Helou, Janaina Paschoal, Delegada Graciela,
Valeria Bolsonaro, Delegado Olim e a deputada Damaris Moura, que compõe a mesa
conosco e tem se destacado nessa luta contra a violência doméstica.
Passo então a
falar sobre a pesquisa JUSBarômetro. Como eu vou falar sobre alguns números, eu
pedi que esses dados fossem apresentados em um telão para que fique mais fácil
de acompanhar.
Essa pesquisa
foi realizada agora no final de agosto com mil mulheres paulistas, com todas as
faixas etárias - desde as mais jovens às idosas -, todas as faixas de renda -
foi distribuído igualmente entre as faixas de renda -, Capital, Grande São
Paulo e Interior, então todos os cantos do estado estão representados.
E ela usa uma
técnica projetiva chamada “Third Party”. Essa técnica consiste em fazer
referência à terceira pessoa, porque a gente percebe que, quando a gente
pergunta de experiência própria, de percepção própria, às vezes esses dados são
mascarados por um não desejo de se expor.
Quando a gente
transfere isso para uma terceira pessoa, você conhece alguém ou você já ouviu
falar, a gente traz à tona dados muito mais reais e muito mais fidedignos.
Então foi essa
a ideia, a técnica utilizada nessa entrevista. E a entrevista de pesquisadores
também foi formada apenas por mulheres, justamente para facilitar esse diálogo
e essa troca de impressões e de sentimento. Então eu já passo para o gráfico 1.
Qual é o tema
que mais preocupam as mulheres no estado de São Paulo? Por incrível que pareça,
a gente está em um momento de pandemia, a gente está em um momento de inflação
- estou vendo a Raquel, querida aqui -, em um momento de inflação, em um
momento de dificuldade, em um momento em que a economia sofreu muito por conta
da pandemia, e o problema que mais aflige as mulheres paulistas, de longe, é a
violência contra a mulher dentro da sua própria casa. Essa é a primeira
resposta para 54% das entrevistas.
E como as
respostas eram múltiplas, elas podiam dar mais de uma alternativa, se a gente
pegar o número de mulheres que mencionaram a violência dentro de casa, esse
número passa para 69%.
Então, essa é a
maior preocupação, de longe, da mulher no estado de São Paulo. A gente percebe
que o emprego, geração de renda, vem em um longínquo segundo lugar, com 8% de
primeira resposta.
Cuidados com a
saúde, sete por cento; seria esperado até um número maior por conta da questão
da pandemia. E a violência fora de casa, que é um problema que sempre assombrou
o Brasil de forma geral, um problema com a segurança, entre as mulheres, ela
vem em um longínquo quarto lugar. Ela perde muito para o medo que elas têm na
própria casa.
Quando a gente
passa para o gráfico 2, sobre a percepção do aumento da violência... Aliás,
essa pesquisa toda é marcada por números em primeiro lugar muito distantes,
então ela evidencia... São resultados muito consolidados, sem qualquer tipo de
dúvida para a margem de erro, tanto que a gente tem no segundo gráfico a
percepção sobre o aumento da violência doméstica.
Ele é de 88% e
aumenta para 91% entre as mulheres com mais de 60 anos; 91% entre as mulheres
com nível superior; 91% com a renda até dois salários mínimos e 91% no interior
paulista. É curioso que a sensação de aumento da violência doméstica é maior, a
percepção é maior no interior de São Paulo do que na própria Capital.
Quando a gente
pergunta para as mulheres se elas conhecem alguém que foi vítima de violência
doméstica... E aí, nesse gráfico 4... Ah, não, pulei o gráfico 3. Deixa eu
voltar para o gráfico 3, porque ele é importante.
Quais os
lugares em que a situação de violência contra as mulheres é mais frequente?
Aqui a gente tem um gráfico de primeira resposta. As respostas também podiam
ser múltiplas. A gente tem, de primeira resposta: 66% acreditam que a maior
parte da violência contra as mulheres acontece dentro de casa, ganhando em
disparado da violência que acontece na rua, da percepção da violência na rua.
Isso é muito curioso. As mulheres têm muito mais medo de sofrer violência
dentro de sua própria casa.
E aí a gente
vai para o gráfico 4. No gráfico 4, a gente perguntou quantas mulheres
conheciam outras mulheres - ou a si própria - que já sofreram efetivamente
violência.
Nas perguntas
que a gente utilizou, a gente não utilizou os nomes dos delitos, os nomes
técnicos. A gente não utilizou “lesão corporal”, “injúria”, “calúnia”,
“difamação”, “ameaça”. A gente usou “xingamento”, “chute”, “batida”, que são
expressões mais conhecidas e mais facilmente identificadas pelas mulheres.
A gente tem 52%
de mulheres que conhecem efetivamente alguém, ou que já sofreram efetivamente,
nos últimos 12 meses, ou seja, um período curto, violência verbal, xingamentos,
insultos, humilhações.
Isso é mais da
metade da população e esse número aumenta e chama muito a atenção: entre as
mulheres negras, 57%, e entre mulheres jovens, de 18 a 24 anos, 54% conhece
alguém ou já sofreu efetivamente.
Então, isso nos
mostra que é um problema. A gente tem um problema estrutural na sociedade, a
gente tem um problema que decorre de uma estrutura, de um machismo, de uma
sensação de propriedade, e que vem se repetindo na geração mais jovem, tanto
que a maioria das mulheres que relatou o conhecimento da violência próxima de
si foram mulheres entre 18 e 24 anos de idade, o que nos causa muita
preocupação.
Ameaças, 43%
das mulheres; perseguição, 38%; agressão física efetivamente, 38%, ou seja,
praticamente metade das mulheres já sofreram ou conhecem alguém que sofreu, no
seu círculo próximo, violência doméstica nos últimos 12 meses.
E aí, para
essas mulheres que conhecem alguém, que testemunharam uma agressão, foi
perguntado quem foi o agressor. Vocês vão ver que as respostas são superiores a
100% porque também são múltiplas, podem ser vários relatos de violência: 63%
cônjuge, companheiro ou namorado; 48% ex-cônjuge, ex-companheiro ou
ex-namorado, ficando absolutamente distante de pessoas conhecidas, que é o
terceiro lugar, com 14 por cento.
Então, fica
muito evidente que os casos de violência doméstica decorrem do relacionamento
afetivo, do relacionamento íntimo, daquela não aceitação ao término do relacionamento,
não aceitação da separação, não aceitação ao rompimento por vontade própria.
O local mais
comum das violências relatadas, infelizmente, a gente confirma um dado
estatístico que é... As estatísticas oficiais dizem que 76,4% dos casos de
violência praticados contra a mulher ocorrem dentro de casa.
Esse número é
absolutamente confirmado nessa pesquisa. Entre as mulheres que relataram ter
sofrido violência ou conhecendo alguém que sofreu violência, 77% mencionou que
a violência foi dentro de casa, ou seja, a casa é o ambiente mais perigoso,
efetivamente, para as mulheres.
E esse número,
ele é condizente com aquele primeiro que a gente falou, de qual a sua impressão
sobre a violência doméstica: 66% tinham a impressão de que a violência era em
casa e, aqui, 77% das que efetivamente conhecem os casos de violência, ela
aconteceu dentro de casa.
E aqui eu acho
importante dizer que essa pesquisa... Os dados estatísticos oficiais nós temos.
Nós temos os dados da violência doméstica, nós sabemos quantos são os
feminicídios, nós temos os registros. Embora os registros sejam subnotificados,
nós temos os registros dos casos de ameaça, de violência física, verbal ou
psicológica.
O que essa
pesquisa queria não eram os dados da violência. O grande problema é que a gente
discute a violência doméstica nas cúpulas, na cúpula da Justiça, do Executivo,
do Legislativo; a gente discute a violência doméstica nas estatísticas, quando
a gente discute Segurança Pública.
A gente discute
critérios objetivos. O que a gente quis demonstrar aqui não foi isso. Essas
estatísticas a gente tem, são oficiais e nunca houve a pretensão de
substituí-las com as pesquisas. A pretensão da pesquisa foi ouvir a mulher e
saber qual é o medo que a assola, qual é o medo que a aflige, o que ela quer no
combate a essa violência doméstica. Qual é a dificuldade que ela tem?
Então, a gente
discute muitos casos de subnotificação, mas a gente precisa ouvir essas
mulheres para saber o motivo dessa subnotificação, para saber o que falta, para
saber onde é que estamos errando, para saber por que, embora...
A gente tem
hoje uma imprensa absolutamente dedicada a esse assunto da violência doméstica,
a gente tem o Poder Executivo, o Legislativo, as polícias, tanto a militar
quanto a civil, e a gente não consegue diminuir esses números.
Então, o que é
que nos falta? A gente entendeu que era importante ouvir a mulher, ouvir a
vítima, para saber para onde a gente pode caminhar. E aí a gente tem o gráfico
7, que fala sobre a percepção sobre as vítimas procurarem ajuda.
Não procuraram
ajuda 42% das mulheres que relataram sofrer violência doméstica, ou conhecem
alguém que sofreu. Ou seja, é quase metade. Para a gente ter uma ideia da
subnotificação dos casos de violência doméstica. A gente hoje já lida com
números estarrecedores. Esses números podem quase dobrar se a gente acabar com
a subnotificação.
Dessas que
procuraram ajuda, só 29% procuraram ajuda dos órgãos oficiais, que é igual ao
número de pessoas que procurou ajuda de vizinhos e parentes. Quase igual, 24
por cento.
Isso gera, o
Instituto Maria da Penha fala da espiral do silêncio. A mulher silencia, isso
gera uma não punição ao agressor, e gera a prática de um novo caso de
violência, porque ele não foi punido. Aí ela silencia porque ela tem medo, que
gera novos casos de violência. Então, a subnotificação, eu acho que hoje é um
dos principais problemas a serem focados.
No gráfico
oito, qual foi o motivo? Vocês vão ver que 73% não denunciam por medo. Medo de
forma geral. Algumas relataram medo do próprio companheiro, medo de represália,
medo de não ser atendida, medo de não dar em nada.
Mas 73%, ou
seja, absoluta maioria das mulheres, não denuncia por medo. Seguida de vergonha, para não se expor.
Porque, por incrível que pareça, violência doméstica ainda gera na vítima o
sentimento de vergonha, como se ela fosse culpada. Por conta dessa vergonha,
elas não denunciam.
A dependência
financeira, que a maior parte das pessoas acham que é o principal argumento
para que uma mulher não rompa o ciclo de violência, vem num terceiro lugar, com
apenas 19% das mulheres que conhecem efetivamente um caso.
E os órgãos?
Quem foi acionado quando as mulheres pedem ajuda? A gente tem as DDMs, as
delegacias da mulher, que nossos colegas, a Raquel Kobayashi e o Gustavo
Mesquita, não nos deixam mentir: hoje, uma das vitrines da Polícia Civil são as
DDMs.
É o primeiro
lugar em que uma mulher pensa quando vai procurar um órgão oficial para
denunciar a violência doméstica. Então as DDMs são de longe o órgão mais
procurado.
Mas, nos 55%,
ela empata com amigos, vizinhos e familiares, 56 por cento. Que a gente não
poderia permitir que empatasse. A gente precisava que essas mulheres fossem ao
órgão oficial, para nos ajudar com estatísticas e políticas de prevenção.
A gente
perguntou também qual seria a medida mais adequada para o agressor. A gente tem
59% de mulheres que entendem que a prisão é mais adequada ao agressor. Depois,
de longe, medida protetiva, 10%. E participação em grupos de reeducação, que é
importantíssimo para a gente evitar a revitimização, apenas 9 por cento.
A gente
compreende esse número, dos 59%, embora a violência mais frequente, nessa
pesquisa, tenha sido xingamento, que não gera prisão. A gente consegue
justificar esse número tão alto com a sensação de insegurança que as mulheres
sentem, e desejam esse afastamento.
Por fim, a
parte que nos diz respeito, diz respeito ao Poder Judiciário: o que nós podemos
fazer, dado esse cenário todo?
Pergunta que
foi feita: qual é a contribuição da Lei Maria da Penha? 59% entende que a Lei
Maria da Penha é uma lei que ajuda no combate à violência. Vejam que coisa
curiosa. Nossa lei é uma das mais importantes do mundo, uma das três mais
avançadas. Ela prevê a parte de repressão.
Ela prevê a
parte de prevenção, de atendimento integral. É uma lei excelente. Ela perde,
talvez, para as leis do Chile e da Espanha, que são duas leis, também de
combate à violência doméstica, excelentes.
Infelizmente,
somos países com índice de violência doméstica altíssimo. Tanto Espanha, como
Brasil, como Chile. Nossa lei é ótima. O legislador fez um excelente trabalho.
Mas ainda há muito a ser feito.
Para finalizar:
qual a avaliação da assistência e proteção oferecidas pelo Judiciário? A gente
tem um número positivo muito maior entre os usuários do que entre os não
usuários.
Qual o
conhecimento das ações do Judiciário contra a violência de gênero? Esse é um
dos motivos pelos quais a gente está aqui hoje. O Judiciário tem uma ações que
visam envolver a sociedade civil, envolver os órgãos públicos, mas
principalmente a sociedade civil no combate à violência doméstica.
Enquanto a
violência doméstica era um assunto que ficava privado, enquanto vigorava aquela
frase que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, a gente não tinha
como lutar contra isso. Hoje a gente tem a sociedade civil se envolvendo neste
problema.
Uma das
campanhas que foi muito capaz de envolver a sociedade civil foi a campanha
Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica, sobre a qual a Domitila vai falar
hoje, e a qual hoje eu tenho a adesão do Carlão Pignatari e da Claudia Cutait.
O que para nós é uma alegria.
É uma campanha
idealizada pela AMB e pelo CNJ, e que pelo menos 70% das mulheres já ouviu
falar: conhece bem ou já ouviu falar da campanha Sinal Vermelho Contra a
Violência doméstica.
Os outros
projetos são pouco conhecidos. Pouco ou relativamente conhecidos. Chegam em 30
ou 33 por cento. O que nos faz crer que a gente precisa melhorar demais a
comunicação. Porque esses projetos são importantes.
A gente tem o
Projeto Fênix, que também foi idealizado pela nossa Domitila, um projeto
maravilhoso de recuperação das mulheres que sofrem marcas da violência, e é
conhecido por menos de um terço da população.
A gente precisa
que isso seja conhecido pela população. Entre os que conhecem todos esses
projetos, muito bem avaliados, chama a atenção o Sinal Vermelho, com 70% de
aprovação, ótimo e bom. Mas todos os demais projetos são bem avaliados.
Encerro com o
meu último gráfico, que é o gráfico 16. Quais são os pontos importantes para
serem melhorados no funcionamento do sistema de Justiça de São Paulo?
Os dois
primeiros. Melhorar o atendimento às mulheres, ter mais empatia e
sensibilidade. E melhorar a capacitação dos policiais para esses casos. Eles me
parecem muito semelhantes.
Ou seja, as
mulheres precisam ser acolhidas, não podem ter medo e não podem ter vergonha de
chegar a uma delegacia. Isso é muito natural se a gente pensar que é o primeiro
lugar a ser procurado, quando a gente pensa que 55% recorre à DDM.
Então esperar
um melhor atendimento por parte do policial é reflexo natural de ser um
policial a pessoa que elas primeiro vão procurar quando sofrem a violência.
Ampliar o
número de delegacias da mulher. A gente vê que as mulheres depositam a sua confiança
na Polícia. Informar e melhorar a comunicação com as vítimas. Aumentar a
capacidade de atendimento e defensorias em convênio com o OAB. Essa vai para o
meu amigo Augusto e para a minha amiga Viviane Girardi. Então é um lugar em que
as mulheres se sentem acolhidas também, e que precisa da ampliação.
De resto,
reduzir custas, atendimento judiciário, instalações, “et cetera”. Enfim, eu
encerro aqui. Acho que eu extrapolei, inclusive, o tempo que eu me propus a
falar, mas é porque eu me empolgo ao relatar esses dados.
Peço desculpas
por ter tomado muito tempo, e acredito que nós estamos dispostos a cumprir o
nosso papel na sociedade. O envolvimento da sociedade civil e dos órgãos
públicos é absolutamente importante, para a gente continuar a fazer esse trabalho
que a imprensa tem feito, que é dar visibilidade, jogar holofotes, jogar luzes
sobre esse problema, para que ele não fique mais nas sombras.
Eu agradeço o
tempo que me ouviram. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERMIMÔNIAS - MARINA TEIXEIRA - Muito
obrigada, presidente, pelas palavras, e por compartilhar conosco tão
importantes números. Nós queremos fazer uma correção aqui. Nós temos conosco na
Mesa a Sra. Ana Claudia Carleto, secretária municipal de Direitos Humanos e
Cidadania do estado de São
Paulo.
Neste momento,
nós exibiremos o vídeo da campanha “Sinal Vermelho contra a Violência
Doméstica”, produzido pela Associação dos Magistrados Brasileiros.
*
* *
- É exibido o vídeo.
*
* *
Registramos
também a presença dos deputados estaduais e deputadas Carla Morando, Tenente
Nascimento, Gilmaci Santos, Leticia Aguiar, Professor Walter Vicioni, Coronel
Nishikawa, Estevam Galvão, Marina Helou, Janaina Paschoal, Delegada Graciela,
Valeria Bolsonaro, Delegado Olim, Damaris Moura, Mauro Bragato, Dirceu Dalben,
Murilo Félix.
Convidamos
agora a senhora Claudia Cutait, presidente da CMEC, Conselho da Mulher
Empreendedora da Cultura, e da Associação Comercial do Estado de São Paulo e Federações
para fazer uso da palavra.
A SRA. ANA CLAUDIA CUTAIT - Vou
pedir licença para tirar a máscara, porque a gente fala melhor.
Bom dia a
todos, é um prazer enorme estar aqui. Eu queria cumprimentar o presidente,
Carlão Pignatari, e em nome dele, eu queria cumprimentar todos os deputados presentes, todas as
autoridades presentes.
Presidente, é
um prazer enorme ter sido... O CMEC, o Conselho da Mulher Empreendedora e da
Cultura, da Fasesp, ter sido convidado para assinar este termo de cooperação, e
participar desta campanha tão importante. Muito obrigada pelo convite.
Eu queria
cumprimentar a Domitila Mansur e a Vanessa Mateus, por ter nos incluído neste
projeto, que é uma honra muito grande para o CMEC fazer parte, e poder divulgar
este projeto para todas as nossas 420 associações comerciais do estado. Eu
queria cumprimentar a deputada Damaris, e, em nome da deputada, cumprimentar
todas as mulheres deputadas, parlamentares, e autoridades mulheres aqui
presentes.
E queria
cumprimentar minha querida amiga, e xará, Ana Cláudia Carletto, que é a nossa
secretária de Direitos Humanos do município de São Paulo. Em nome dela,
cumprimentar todas as autoridades, do município, da cidade de São Paulo presentes.
Bom, gente, é
um prazer enorme estar fazendo parte desta parceria. O Conselho da Mulher
Empreendera e da Cultura, da Fasesp, que é a Federação das Associações
Comerciais do Estado de São
Paulo, que aqui está minha vice-presidente, a Fádua Sleiman, que além de
vice-presidente do conselho, é vice-presidente da Associação
Comercial de Mogi das Cruzes.
Aqui está a
minha coordenadora das distritais da cidade de São Paulo, Iracema Valadão, a
Tatiane Cruz, que também é minha coordenadora, e todas as nossas participantes
do Conselho da Mulher, que estão presentes. A Claudia Luna, que é da OAB,
mulher, que também é uma advogada, presidente da Comissão da Mulher Advogada,
da OAB-SP, que
também é incansável no combate à violência contra as mulheres.
O CMEC, na
verdade, ele está aqui representando as 420 associações comerciais do estado de
São Paulo, e, através do nosso
comércio, que é um trabalho voluntário que eu faço, e faço com muita honra e
muito prazer, nós vamos mobilizar todo o nosso comércio do estado de São Paulo,
essa é uma promessa minha, presidente do conselho, para que a gente encampe
essa campanha em todo o estado de São Paulo, em todas as nossas associações
comerciais. É muito importante a nossa rede, nós temos uma capilaridade enorme
no estado.
Nós chegamos à ponta do estado de São Paulo. Então, com
certeza, não só as nossas mulheres participantes do Conselho da Mulher, mas os
homens, que são os comerciantes, que são grande parte dos presidentes das
associações comerciais do estado, que são homens, que estão envolvidos nesta
campanha, estão imbuídos nesta campanha, para que a gente consiga acionar e
atingir todo o comércio do estado de São Paulo.
Eu agradeço
muito, é um prazer enorme. Eu sou brasiliense, sou uma mulher nascida em
Brasília, trabalhei no Senado 34 anos da minha vida. Hoje faço esse trabalho
voluntário através das associações comerciais, e digo para vocês: é uma honra
enorme, Vanessa, Domitila, presidente Carlão, todos os presentes aqui, o CMEC
poder participar dessa ação, e ajudar a diminuir a violência.
Eu digo sempre
que a mulher só sai de uma situação vulnerável se ela conseguir gerar renda, se
ela conseguir empreender. Esse é o nosso foco: estimular o empreendedorismo
feminino, estimular a mulher a empreender, a se formalizar, a montar um
negócio, a fazer o que ela gosta. Com isso, ela gera renda, ela levanta a
autoestima, e ela sai de uma situação vulnerável, sim.
Então contem
com o CMEC, contem com a Facesp, para que a gente possa realmente aumentar a
divulgação dessa campanha no estado, e fazer com que as mulheres realmente
saiam dessa situação de violência que elas sofrem.
Muito obrigada.
(Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MARINA TEIXEIRA -
Muito obrigada, Sra. Ana. Neste momento ouviremos as palavras da juíza Maria
Domitila Manssur, diretora da AMB Mulher e uma das idealizadoras da campanha,
representando a AMB, Associação dos Magistrados do Brasil.
A SRA. MARIA DOMITILA MANSSUR
- Bom dia. Acompanhando a minha presidente, Vanessa Mateus, eu peço permissão
para falar sem a máscara. Cumprimento o presidente Carlos Pignatari, na sua
pessoa, presidente, cumprimento também todos os parlamentares, todas as
parlamentares, também na pessoa da deputada Damaris. Cumprimento o Poder
Executivo na pessoa da secretária Ana Claudia Carletto, cumprimento a sociedade
civil na pessoa da presidente Ana Claudia Badra Cutait, cumprimento os senhores
e senhoras advogados e advogadas presentes na pessoa da Dra. Claudia Luna.
Não posso
deixar de cumprimentar a Academia, na pessoa da advogada professora deputada
estadual Janaina Paschoal; todos e todas presentes, promotor de Justiça,
defensores públicos, parlamentares, sociedade civil. Deixo aqui um cumprimento
afetuoso da presidente da AMB, Associação dos Magistrados Brasileiros, Renata
Gil, que não pôde estar presente, está em Brasília. A nossa pauta é bastante
extensa, mas estamos todos e todas aí em trabalho constante por todos e todas
nós.
E aqui, claro,
não posso deixar de cumprimentar a Dra. Raquel Gallinati, trabalho excepcional
à frente da Polícia Civil. A Polícia Militar também sempre parceira, essencial
ao desenvolvimento da nossa Campanha Sinal Vermelho, aliás, a primeira parceira
da nossa campanha.
A Campanha
Sinal Vermelho teve início na pandemia. Nós percebemos que as mulheres estavam
em situação de extrema vulnerabilidade próxima dos seus agressores, e sem um
canal de denúncia. Nós pensamos: onde essas mulheres poderiam se aproximar de
nós, do sistema de Justiça e também da rede de proteção.
Pensamos nas
farmácias, claro, não foi uma ideia inédita, porque esta ação já estava sendo
desenvolvida em outros países, como na França, Argentina. Em contato com outros
juízes, especialmente com uma juíza da Índia, nós tivemos a ideia do sinal
vermelho.
Usam na Índia o
red dot na mão, e nós transportamos, trouxemos, para o Brasil essa ideia, e
chegamos ao sinal vermelho na palma da mão, uma ideia muito simples, pensada
por mim, pela Renata Gil, juíza, presidente da AMB, pela conselheira Maria
Cristiana Ziouva, do CNJ.
Essa ideia é
uma ideia muito simples, como nós, brasileiros e brasileiras, somos. Essa
ideia, hoje, é um símbolo nacional, é uma lei federal. E como disse a nossa
presidente Vanessa Mateus, e aqui já cumprimentando novamente, Vanessa, que
além de ser minha amiga há muitos anos, a primeira juíza à frente de uma vara
especializada de violência doméstica e familiar, atendendo a um convite de um
grande magistrado, o Dr. Eduardo, presidente, à época, da sessão criminal do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aceitou o convite dele, e foi a
primeira juíza à frente de uma unidade especial de violência doméstico-familiar
contra a mulher.
Parabéns,
Vanessa, pela coragem dessa pesquisa, porque essa pesquisa apresenta o juiz e a
juíza à sociedade, e não só o juiz e a juíza à sociedade, mas apresenta o
resultado do nosso trabalho, o resultado de um esforço contínuo de horas de
trabalho, de empenho e de como nós queremos ser avaliados. É claro que nós
queremos ser avaliados positivamente, mas é fato que as mulheres têm muito medo
de se aproximar do sistema de Justiça.
E como a
Vanessa disse, eu até anotei aqui, as mulheres têm medo de não dar em nada um
processo iniciado após a notícia de violência. E essa violência pode ser de
várias formas, não só violência física, bem apresentada aqui pelas nossas
personagens, que trazem histórias reais, que muito nos emocionaram: a história
da mulher que, em uma rodovia, pediu auxílio, e ela já vinha sendo monitorada,
a mulher que noticiou na farmácia um episódio de violência da qual a filha era
a vítima, da mulher que contou com o auxílio dos vizinhos.
Todas essas
histórias são histórias conhecidas nossas, e são histórias verdadeiras. E o que
nos comove, e que nos deixou tristes como juízes e juízas, é que essas mulheres
deixam de acessar o sistema de Justiça porque elas têm medo de não dar em nada,
e também, elas, além de não saberem acessar o sistema de Justiça, têm muita
vergonha, têm muito medo, têm receio de serem recriminadas pela nossa
sociedade, e, infelizmente, se sentem muito tristes por verem um relacionamento
não ter tido o êxito esperado.
Eu, como juíza
há 23 anos, e eu, como dizia ao início da nossa solenidade, estou me tornando
extremamente repetitiva, até penso que a professora Janaina já deva ter me
ouvido falar isso, aprende a não julgar. Nós não podemos julgar a vítima de
violência, a mulher vítima de violência, porque são sentimentos extremamente
contraditórios. E a nós, como seres humanos, devemos apenas estar presentes.
A nossa
campanha é uma campanha de solidariedade, de responsabilidade social. Eu
cumprimento esta Casa Parlamentar pela aprovação recente da Lei que compele os
condomínios a notícia dos episódios de violência, recentemente sancionada.
É uma
movimentação que vai reduzir os índices de violência com certeza. Eu compareço
aqui em nome do Poder Judiciário para agradecer, para nos colocar à disposição
para um movimento conjunto de enfrentamento à violência, um movimento do Poder
Judiciário, do Poder Executivo, do Poder Legislativo, da Academia, da sociedade
civil.
Essa parceria
com a Associação Comercial é extremamente importante, porque as mulheres, além de
empreendedoras, encontram no comércio um parceiro, portas abertas para a
denúncia da violência, como nós encontramos, em primeiro momento, as farmácias
como grandes parceiros. Eu não quero me alongar. Eu tinha vários itens para
abordar, espero ser convidada em outras oportunidades.
Como dizia a
deputada Damaris, nesta Casa tramitam vários projetos de lei de extrema
importância para as mulheres, as pessoas vulneráveis. E a sensibilidade dos
senhores e das senhoras vai alterar o panorama do nosso Brasil. Eu agradeço
muito. Aqui eu gostaria de cumprimentar o deputado Estevam. Fui juíza em Suzano
e também recebi várias lições dele, inclusive a de sempre me aproximar do Poder
Legislativo. Gostaria de cumprimentá-lo efusivamente.
E por fim eu
gostaria de dizer que não há mulher que não conheça uma mulher vítima de
violência doméstica. E por isso, com esse pensamento, gostaria de encerrar as
minhas palavras deixando um grande abraço, com bastante sinceridade e com meu
agradecimento sincero por esta adesão.
Muito
obrigada. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MARINA TEIXEIRA - Obrigada,
doutora. Convidamos agora, para o seu pronunciamento, a deputada estadual Dra.
Damaris Moura, representando todas as mulheres da Casa.
A
SRA. DRA. DAMARIS MOURA - PSDB - Bom dia a todos. Eu quero
cumprimentar o nosso presidente, Carlão Pignatari, cumprimentar esta Mesa
ilustre, para economizarmos tempo. Eu quero saudar as minhas colegas deputadas.
É uma honra poder representá-las aqui num dia que é tão solene. E eu o
considero solene e urgente.
Nós estamos aqui, sinceramente, muito
impressionados, primeiro com esta pesquisa. Nós já conhecíamos tantos números,
mas eles reforçam, ainda mais, a urgência, a importância, a relevância de mais
um equipamento de defesa das nossas mulheres e acessível a todas.
E nós estamos aqui torcendo para que ele
se amplie, que seja cada vez mais visível e para que as mulheres que estão, de
forma tão dolorosa, dentro das suas próprias casas, sofrendo em silêncio,
possam acessar mais um equipamento de defesa e de proteção dos seus direitos.
Eu quero finalizar, presidente Carlão,
cumprimentando Vossa Excelência. A rapidez com a qual o senhor adere, por meio
da Assembleia Legislativa, à campanha “Sinal Vermelho Contra a Violência
Doméstica Contra a Mulher” é o exemplo para este país.
Eu não tenho conhecimento - me perdoem se
estou fazendo uma afirmação que não corresponde aos fatos - de uma Assembleia
Legislativa, neste país, que tão rapidamente, presidente, tenha aderido a esta
campanha, que é transformadora e que vai salvar vidas, nós estamos convictos
disso.
Portanto, parabenizar estas mulheres tão
incríveis que estão aqui à Mesa. Eu queria nominá-las, para encerrar. Quero
cumprimentar a juíza Vanessa; a querida juíza Maria Domitila; a querida Ana
Claudia, que faz um trabalho tão extraordinário através da Associação
Comercial; minha querida amiga secretária de Direitos Humanos, Claudia
Carletto; todas as deputadas; todas as mulheres aqui presentes; os meus
queridos colegas deputados, que estão aqui numa demonstração de apoio a uma
luta que é das mulheres. Cada autoridade civil, religiosa, cidadãos e cidadãs
que nos acompanham pela Rede Alesp e que também estão presentes aqui. A
imprensa, que é tão importante para divulgar esta campanha.
Então, presidente, fica aqui minha
homenagem, meu reconhecimento, meu entusiasmo e minha gratidão à Assembleia
Legislativa de São Paulo na sua pessoa, que adere hoje, num dia histórico, a
uma campanha que salva vidas e que pode, sim - e vai -, salvar milhares das
nossas mulheres. Parabéns a todos.
Muito obrigada. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MARINA TEIXEIRA - Muito
obrigada, deputada. Gostaria de convidar a Mesa para se pôr aqui abaixo, para
nós fazermos a assinatura do termo.
Vamos ao tão
esperado momento em que teremos a assinatura do termo, em conjunto, de adesão à
campanha “Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica”, celebrado entre a
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e o Conselho da Mulher
Empreendedora e da Cultura, a Federação das Associações Comerciais do Estado de
São Paulo, por intermédio da Apamagis.
Os representantes, em um ato voluntário de
responsabilidade social, manifestam a sua adesão à campanha “Sinal Vermelho
Contra a Violência Doméstica”, realizada pelo Conselho Nacional de Justiça em
parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros, em benefício das
mulheres vítimas da violência doméstica e familiar no Brasil, especialmente
durante o período de isolamento em meio à pandemia de Covid-19.
Assina o referido termo o deputado Carlão
Pignatari, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
(Palmas.) A senhora Ana Claudia Cutait, presidente da CMEC e da Facesp.
(Palmas.) E a juíza Vanessa Mateus também já fez a sua assinatura. A Dra.
Vanessa Mateus. A Dra. Maria Domitila Manssur também fez a sua assinatura.
Após registrarmos a foto desse momento tão
importante, eu convido os componentes da Mesa para se posicionarem à Mesa
novamente. (Palmas.) Na oportunidade em que todos já retomam, eu convido, para
as suas considerações e encerramento desta cerimônia, para o seu
pronunciamento, o deputado Carlão Pignatari,
presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB -
Bom dia a todos. Dizer que é um prazer para a Assembleia Legislativa de São
Paulo recebê-los, todos aqui hoje nesta manhã, na assinatura de uma parceria,
uma parceria para melhorar a vida de mulheres, de violência no nosso estado.
Mas eu quero
cumprimentar a deputada Damaris Moura, presidente da Comissão de Defesa dos
Direitos da Mulher e coordenadora da Frente Parlamentar de Combate ao Abuso e à
Violência Doméstica, representando todas as deputadas e os deputados que se
fazem presentes.
Quero
cumprimentar a Dra. Vanessa, que é presidente da Associação Paulista dos
Magistrados; Dra. Domitila Mansur, diretora da AMB e, também, da Apamagis e uma
das idealizadoras desse importante projeto, não só para São Paulo, mas para o
Brasil todo; Sra. Ana Claudia Badra Cutait, presidente do CMEC, Conselho da
Mulher Empreendedora e da Cultura, da Associação Comercial do Estado de São
Paulo; minha querida amiga Claudia Carletto, nossa secretária municipal de
Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo; Carolina Rogel, defensora
pública, que está aqui representando o Dr. Florisbaldo; Viviane Girardi,
presidente da Associação Paulista de Advogados de São Paulo; Raquel, presidente
do Sindesp, Sindicato dos Delegados de Polícia; Dr. Augusto Guilherme Barbosa,
presidente da Apadep, Associação Paulista dos Defensores Públicos; meu amigo
Gustavo, presidente da Adpesp, Associação dos Delegados; Mônica,
vice-presidente da Apesp; os representantes do sistema de Justiça, diretoria da
Facesp e da Apamagis, que se fazem presentes; a Mari Rosiane de Souza,
inspetora da Divisão Regional da Defesa da Mulher, representando a Elza
Paulina, secretária municipal de Segurança Pública; Andreia de Souza,
secretária-adjunta de Cultura do município, representante da nossa secretária
Aline Torres.
Cumprimentar
todas as senhoras e os senhores que hoje se fazem presentes e dizer que a
Assembleia Legislativa, eu vejo quando fala em nome do presidente, não, acho
que a Assembleia Legislativa de São Paulo tem um prazer enorme em firmar um
termo de adesão em defesa de uma causa tão importante para São Paulo e para o
Brasil.
Nós queremos,
juntos com a Associação Comercial, primeiro, quando nós estivemos juntos com a
Dra. Domitila, a Vanessa, a Ana Cláudia, nós fizemos contato para que a gente
pudesse difundir isso não só para as associações comerciais, para os
magistrados, para as promotoras e os promotores públicos de São Paulo, para os
defensores públicos, mas também para as nossas prefeitas e prefeitos do estado
de São Paulo.
Cumprimentar
aqui a Márcia Adriano, prefeita de Meridiano, minha querida amiga representando
aqui as nossas prefeitas de São Paulo, prefeitas e prefeitos de São Paulo, e
dizer, Dra. Vanessa, que pode contar com a Assembleia Legislativa.
A gente vem
fazendo pautas, nós temos aqui vários projetos, como a Maria da Penha, que é do
deputado Nascimento, como o dossiê da mulher, que é da deputada Isa Penna, que
eu vou pautar agora no plenário, esta semana, como alguns projetos de vários
deputados desta Casa que já vêm tentando justificar que o parlamento paulista
está do lado das mulheres de São Paulo.
A senhora pode
sempre contar, sempre, com a Assembleia Legislativa. Eu não tenho nenhuma
dúvida de que a Assembleia Legislativa em todo o momento, em qualquer momento
estará aqui em defesa das mulheres.
Quando a gente
vê esse material publicitário que a CNJ, que a AMB, junto com a Apamagis, junto
com vários órgãos de Justiça do Brasil, que você tem ali um sinal vermelho na
mão, não é pare, é um sinal de socorro, de súplica para que alguém ajude, que
essa pessoa está sendo violentada, não só com violência, mas com palavras, todo
tipo de violência.
Eu vejo que
quando nós falamos sobre violência, tem uma pesquisa agora do mês de junho do
Datafolha que no primeiro mês da pandemia 480 mulheres estavam sendo agredidas
por hora no Brasil.
É um absurdo, é
uma coisa fora de propósito. E a pandemia aflorou e aumentou muito essa
situação em todos os lares. Quando eu vi essa pesquisa do Datafolha, agora hoje
com a pesquisa que a Dra. Vanessa apresentou, que quase 60% dos casos eram
dentro das próprias residências pelos seus maridos, pelos seus namorados, pelos
ex-maridos, pelos ex-namorados, pelos seus padrastos, é um absurdo e a gente
tem que mostrar todo dia indignação, porque nós juntos podemos mudar essa
história.
Eu fico muito
triste quando a pesquisa, que você vê que as mulheres se sentem constrangidas
de fazer a reclamação nos locais ideais, na DDM, ou no Ministério Público, ou
no Judiciário, ou na Polícia Civil, ou na Polícia Militar. Elas se sentem
desprotegidas para fazer esse tipo de denúncia, o que teria que ser o inverso.
Teria que ser o inverso para que a gente possa cada vez mais colocar, a
violência não é bom para nada e para ninguém, muito menos para as nossas
mulheres. É inadmissível e imperdoável um ato como esse.
Eu me sinto
muito honrado de hoje ser o presidente deste parlamento paulista, que é o maior
parlamento da América Latina, e de fazer parceria com essas entidades de
extrema importância para que a gente possa, juntos, construir um caminho e uma
divulgação cada vez maior.
Nós temos que
levar isso às pessoas. Nós vamos fazer agora em São José do Rio Preto, se Deus
quiser, no mês de maio, junto com as magistradas e os magistrados de lá, com as
delegadas e os delegados de lá, com as associações comerciais, com as nossas
prefeitas e prefeitos da região uma divulgação muito maior.
Acho que nós
temos que falar, nós não podemos ter vergonha nem medo de falar sobre isso
todos os dias, em todos os momentos, em todos os lugares. Isso é de extrema
importância para a divulgação de um problema terrível que assola não só o
Brasil, mas também o mundo.
E isso preocupa
não a mim, acho que preocupa a sociedade brasileira e para isso acho que nós
precisamos de ajuda. Acho que essa união de esforços de todas essas entidades
para que a gente possa resolver ou pelo menos minimizar o que não é justo, nós
temos que acabar, nós temos que dar um basta a qualquer tipo de violência, em
qualquer gênero, em qualquer situação das nossas vidas.
Então,
parabéns. Acho que parabéns a vocês, essas mulheres que estão hoje aqui, que
são as nossas idealizadoras. São as pessoas que procuraram o Parlamento de São
Paulo, para que, juntos, a gente pudesse arrumar uma saída, que é divulgação.
Nós vamos
colocar toda a parte de divulgação da Assembleia Legislativa, fazer um esforço
enorme. Canal de comunicação, YouTube,
as nossas redes sociais, a nossa TV Alesp, para que a gente possa divulgar e
passar, cada vez mais, essas informações, não só da sua pesquisa, se você puder
deixar para a gente, para a gente divulgar nos nossos canais, nos nossos
telejornais, de todas as maneiras, e dizer o seguinte: pode contar com a
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Ela está aqui para fazer a
diferença e mudar a história dessa tragédia que vem passando não só no Brasil,
mas no mundo todo.
Obrigado, bom
dia a todos vocês. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MARINA TEIXEIRA - Obrigada,
presidente. Comunicamos que a íntegra da pesquisa JUS Barômetro sobre a
violência contra a mulher está disponível no site da Apamagis, para download, e
a versão impressa pode ser retirada na saída do plenário, junto com os cartazes
da campanha “Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica”.
Encerramos
neste momento esta cerimônia. O atendimento à imprensa será no auditório
Teotônio Vilela, no primeiro andar.
Muito obrigada
a todos. Tenham um excelente dia.
*
* *
- Encerra-se a
sessão.
*
* *