15 DE OUTUBRO DE 2021

5ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO DIA DAS PROFESSORAS E DOS PROFESSORES

 

Presidência: PROFESSORA BEBEL

 

RESUMO

1 - PROFESSORA BEBEL

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão para Homenagem ao Dia das Professoras e dos Professores, a pedido desta deputada. Destaca a relevância da citada categoria profissional. Critica a falta de investimento dos governantes, nesta seara.

 

2 - MAURICI

Deputado estadual, tece considerações sobre o exercício do magistério.

 

3 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Reitera união em torno do combate ao PLC 26/21.

 

4 - PAULO LULA FIORILO

Deputado estadual, compara o ensino a um exercício de imortalidade.

 

5 - PROFESSORA BEBEL

Anuncia a exibição de vídeo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em homenagem aos professores.

 

6 - MARÍLIA DE SANTIS

Diretora da EMEF Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, discorre acerca do seu trabalho na Educação, em Heliópolis, e dificuldades vivenciadas pela categoria.

 

7 - BRAZ NOGUEIRA

Professor, rebate ofensas públicas a professores. Reflete acerca da atividade educativa do projeto Bairro Educador, em Heliópolis.

 

8 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Anuncia a entrega de homenagens a serem feitas após cada discurso.

 

9 - JOÃO MARCOS

Representante da Associação de Funcionários de Escolas do Estado de São Paulo, valoriza a atividade de profissionais da Educação. Defende o combate a mazelas que afetam o setor.

 

10 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Lembra entrega do Prêmio Inezita Barroso. Anuncia a apresentação cultural do compositor e violeiro Filpo Ribeiro.

 

11 - LEANDRO

Celebra a importância da categoria ora homenageada. Lembra Paulo Freire.

 

12 - VOMER ALDEMO

Cita expoentes na seara educacional. Clama pela valorização da categoria.

 

13 - NICEIA

Manifesta orgulho pela sua história na Educação.

 

14 - NATALINA

Secretária da Igualdade Racial na CUT, tece considerações sobre o valor de professores e da Educação.

 

15 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Defende a população negra e a liberdade religiosa.

 

16 - ROSAURA

Cita fala de Paulo Freire sobre a capacidade da Educação, de transformar a sociedade.

 

17 - CLEIDE

Representante da Unas, destaca a importância desta solenidade para o fortalecimento da categoria.

 

18 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Reflete sobre o hábito da leitura.

 

19 - ÂNGELA FERREIRA

Professora e contadora de histórias, participante do projeto Baú de Histórias, da Apeoesp, na Rádio Heliópolis e na Rádio Zumm, de Santo André, com inspiração no PL 348/20, recita poema de sua autoria em homenagem à Educação.

 

20 - FÁBIO

Representante da Apeoesp, tece considerações sobre a defesa da valorização da Educação.

 

21 - HÉCTOR BATISTA

Presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, destaca a importância dos professores e de seus direitos.

 

22 - DAVI ROCHA

Estudante da EMEF Gonzaguinha, tece considerações sobre o valor dos profissionais do magistério.

 

23 - LECI BRANDÃO

Deputada estadual, elogia o compromisso da deputada Professora Bebel com a Educação. Canta o samba "Anjos da Guarda", de sua autoria.

 

24 - LÍGIA

Discorre sobre movimento em torno da defesa da Educação.

 

25 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Destaca a importância da militância, nas ruas, a favor da transformação social e contra medidas políticas de desvalorização da categoria. Anuncia a exibição de vídeo da professora Ana Maria Saul. Lembra a memória do professor João Felício, ex-presidente da Apeoesp.

 

26 - ROBERTO FRANKLIN LEÃO

Defende a valorização da categoria educacional.

 

27 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Narra experiência com o professor João Felício e sua trajetória profissional.

 

28 - TAINÁ WILLY

Ressalta a presença de estudantes nesta solenidade. Destaca professores da Educação pública.

 

29 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Anuncia a exibição de vídeo do professor e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad.

 

30 - JOÃO CHARLES

Representante do Fórum das Seis, critica o governo federal. Valoriza a Educação.

 

31 - JOSÉ LUIZ MORENO

Discorre acerca de sua atividade no Iamspe.

 

32 - JÚLIA

Representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, critica o presidente Jair Bolsonaro. Comenta a atividade da comunidade escolar durante a pandemia, a favor da Educação.

 

33 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Tece considerações a respeito da relevância da vacinação e do retorno seguro dos alunos à sala de aula.

 

34 - WALTER ALVES

Membro da Executiva da Fapesp e presidente do Sinpro Santos, discorre sobre a entidade que representa. Comenta a iniciativa desta solenidade. Critica o governo federal.

 

35 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Anuncia a exibição de vídeo do professor Cesar Callegari, sociólogo e ex-secretário da Educação Básica do MEC e secretário municipal de São Paulo.

 

36 - SARA ISABEL

Representante da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, manifesta posição contrária ao retorno das atividades escolares em sua totalidade. Lê e comenta carta em elogio a professores e à Educação.

 

37 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Valoriza Paulo Freire e o compromisso com a vida. Comenta sua escolha pelo magistério.

 

38 - WILSON

Professor universitário, discorre acerca do protagonismo da Educação. Lista e cumprimenta presentes na sessão, pelo apoio ao mandato da deputada Professora Bebel.

 

39 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Comenta presença em Aparecida do Norte, no dia 12/10. Valoriza a fé. Ratifica compromisso com a melhoria da vida dos profissionais do magistério. Faz agradecimentos gerais. Cita fala de Gandhi. Encerra a sessão.

 

Parte inferior do formulário

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Professora Bebel.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Eu gostaria de chamar para a mesa Roberto Franklin de Leão, por favor. (Palmas.) João Marcos, representando a Afuse. (Palmas.) Volmer Aldemo. (Palmas.) Também vou chamar o Fábio, representando a Apeoesp, e o Leandro, Afeesp. (Palmas.)

Tem mais alguma entidade que eu não chamei? (Vozes fora do microfone.) Tá, mas é que a gente vai fazer no estilo que a gente fez na outra, a gente vai passando as palavras por entidade, um sai, outro... Entendeu? É isso. Vou pedir para ir pondo as cadeiras ali atrás, que a minha assessoria faça isso, por favor.

Pergunto para a rede Alesp se já está no ar. Não? Ok.

Bom dia a todos e todas que estão presentes nesta sessão solene, no dia 15 de outubro de 2021. Senhoras e senhores, bom dia. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Esta sessão solene tem a finalidade de homenagear o Dia dos Professores e das Professoras. Comunicamos aos presentes que esta sessão está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal no YouTube.

Eu, primeiro, vou abrir por três minutos para as entidades, entre dois vídeos. A cada duas falas eu vou passar um vídeo para a gente poder dar conta até o final. Antes, porém, quero fazer a minha exposição, a minha alegria de estar aqui no dia de hoje, então vou usar a tribuna. Com licença. (Pausa.)

Meus colegas, minhas colegas, eu saí de casa hoje, Leão, Fábio, Leandro, João Marcos, também o querido Levy, que está comigo nos trabalhos, eu cumprimento até toda a equipe que me ajudou a organizar este evento, eu saí de casa hoje pensando, eu sempre falei tanto da vida dos professores, sobre os professores, dos professores, o que eu vou dizer?

Eu quero dizer para vocês que se eu tivesse que escolher novamente uma profissão, com todas as dificuldades por que nós passamos e estamos passando, eu escolheria novamente ser professora. É a mais importante categoria, é a categoria que merece todo o respeito. (Palmas.)

Eu me emociono por nós, eu me emociono porque os governantes, meus queridos e as minhas queridas, não tem nenhum apreço por essa categoria. Por que é que os governantes muito pouco fazem por ela? Eu me pergunto e fico dizendo o seguinte: “Meu Deus do céu, o que foi de errado o que esta categoria fez, se não foi formá-lo para ser governador, para ser tudo?”.

Ele não foi formado para ser, mas chegou ao cargo de governador para que, de que forma, chegou ao cargo de deputado como, chegou ao cargo, seja de que cargo for, passou pela mão de professores. (Palmas.)

Isso me dói. Dói ter que subir a esta tribuna e o professor ser tratado, foi usado esse termo, professor, como vagabundo. Nós não somos, nós sabemos disso. Nós temos direitos que estão querendo arrebatar agora através do PLC 26. Nós não vamos deixar, nós vamos lutar a cada momento.

Cada uma das batalhas nesta vida, cada momento meu, cada minuto meu é dedicado à luta dos professores do ensino oficial do estado de São Paulo e dos educadores de forma geral, porque aqui não há diferença entre, é claro, há uma especificidade em cada um dos segmentos nas escolas, mas todos somos senão, e acima de tudo, educadores, com toda a honra.

Um forte abraço. Sejam bem-vindos todos e todas e muito obrigada. (Palmas.) Vamos celebrar, porque é uma homenagem mesmo. Nós muito pouco temos o que comemorar, mas celebrar.

Eu estou vendo o (Inaudível.) sentado no meu cantinho, que é o meu cantinho quando estou como deputada. Você se sentou aí, muito bem, quem sabe você se senta aí um dia, se Deus quiser. Um beijo, muito obrigada. (Palmas.)

Eu tenho dois deputados que chegaram e vão dar uma saudação para nós, que é o companheiro Maurici, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Já passo imediatamente a palavra para ele. E também o Paulo Fiorilo. Paulo é professor também. (Palmas.) Está aqui entre nós. Paulinho, a gente invadiu o plenário, mas hoje era o dia deles e eu deixei, tudo bem? Vou pedir para alguém pôr uma cadeira para o Paulinho, porque escutar de pé é duro. Difícil, aliás.

Maurici, querido, com a palavra, por favor.

 

O SR. MAURICI - PT - Bom dia, Bebel. Quero cumprimentar a minha companheira de partido e de bancada. E, ao cumprimentá-la, cumprimentar todos os professores e professoras que estão aqui nesta audiência pública, em que nós comemoramos o Dia da Professora, o Dia do Professor.

Carlos Drummond de Andrade tem um poema que em um trecho ele diz que “lutar com palavras é a luta mais vã, entanto lutamos mal rompe a manhã”.

Eu, quando ouço esse poema, esse trecho em especial, me recordo da atividade que todos os dias professores e professoras fazem em todo o País, em todo o mundo, que é preparar nossos meninos e meninas não apenas para o mercado de trabalho, mas para formar cidadãos e cidadãs, tendo claro que a educação é a ferramenta mais eficaz de transformação das desigualdades econômicas e sociais e da conscientização de que toda vida importa e que é fundamental nós termos respeito por seres humanos e por todos os seres vivos deste planeta, que coabitam conosco, que nós não somos uma ilha.

Mais do que isso, a nossa ideia de espécie hegemônica no planeta tem nos levado à destruição. Por isso, eu fico muito feliz de participar, Bebel, desta homenagem. Meus parabéns a todas e todos vocês.

Um grande abraço. Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Muito obrigada, Maurici. É uma honra tê-lo ao meu lado. Dizer para você que para mim foi uma grata surpresa.

Digo mais ainda, acho que hoje, mais do que nunca, nós estamos unidos, nós temos o PLC 26, interessantemente a gente sente esse olhar até de outras categorias para com os professores e os servidores públicos do estado de São Paulo. Isso é muito importante, quando a gente tenta tocar. Acho que estamos sendo tocados.

Eu queria que você ficasse, porque tem um vídeo importante para nós logo em seguida. Paulinho, por favor, querido.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Bom dia a todos e a todas. Bem-vindos, bem-vindas. Saudar aqui a minha líder, a minha professora, a minha dirigente Professora Bebel e, em nome dela, todos os que compõem a mesa. Saudar também o meu colega Maurici, meu companheiro de bancada. Maurici começou com uma citação e me impôs fazer outra.

Eu vou fazer do Rubem Alves, eu citei para os alunos do Heliópolis, porque para mim o Rubem Alves é uma referência da Educação, na formação, no debate político, mesmo que tenhamos algumas divergências. Ele tem um texto que diz assim, ensinar é um exercício de imortalidade, de alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais.

Acho que dentro de cada um de nós que somos educadores, educadoras, está sempre a utopia, o sonho de transformar esta sociedade a partir de uma sala de aula, a partir dos alunos, das alunas, a partir da possibilidade de a gente transformar.

Transformar é uma coisa que é feita de forma mútua, conjunta, nunca individual. A transformação faz parte do nosso dia a dia e a gente precisa ter a sensibilidade de perceber como ela nos toca, como ela nos transforma.

Então eu queria deixar um abraço fraterno, carinhoso a cada educador, a cada educadora, aqueles que persistem na luta. Eu aprendi, Bebel, com o pessoal da moradia, uma palavra de ordem que me é muito cara.

Eles dizem assim, quem não luta está morto. Nós continuamos vivos e lutando, porque acreditamos que é possível mudar esta sociedade, é possível mudar essa lógica do negacionismo, do acirramento de posições para uma sociedade muito mais fraterna, justa e digna.

Um abraço a todos e parabéns. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Paulinho. Também tenho a honra de estar ao seu lado na Assembleia Legislativa, primeira gestão nossa. Do trio, não é? Nós somos novatos, embora muito bem vividos, mas novatos aqui na Assembleia.

Agora esse aqui foi prefeito duas vezes, enfim, tem aí toda uma trajetória. O Paulinho também já foi do Legislativo municipal, também está contribuindo, os dois contribuindo muito aqui com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Eu vou passar um vídeo. Abstraiam de vocês a questão partidária. Às vezes vocês vão dizer: por que ela escolheu esse vídeo? Porque é o vídeo mais verdadeiro. Todos os vídeos são verdadeiros, mas esse é de quem não é professor, mas fala com clareza da importância da educação e do professor na vida de cada um, cada uma de nós.

Por favor, coloque o vídeo do presidente Lula, para mim, por favor.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bom, eu vou agora então, eu vou ter que começar um momento, que é o momento, depois eu volto às entidades, mas eu convidei, eu tenho muito carinho com uma comunidade, aliás eles gostam que a gente fale que é a favela de Heliópolis, que tem um projeto, Leão, que chama Bairro Cidadão.

E eles têm um projeto educacional espetacular. Eu fiquei pensando: quem vai palestrar, quem vai palestrar, vai palestrar quem não só, não tiro a importância de quem estuda, de quem faz análise, nada disso, mas eu acho que dar evidência àquilo que vira evidências depois, que são as pesquisas científicas, acho que é muito importante.

Por isso, Marília, venha dar sua aula para nós, por favor. (Palmas.)

É uma satisfação muito grande tê-la aqui (Palmas.) enfim.

 

A SRA. MARÍLIA DE SANTIS - Bom dia a todas, a todos. É um enorme prazer estar aqui com vocês. Meu nome é Marília De Santis. Eu sou diretora de escola da rede municipal, sou diretora da Emef Gonzaguinha, no Heliópolis, que fica no coração de Heliópolis.

Estou aqui com os meus companheiros da Unas, uma associação de moradores fantástica (Palmas.) que faz um trabalho excepcional no território já há 40, mais de 40 anos.

Estou aqui também, vou pedir a permissão aqui para a Professora Bebel para dividir a minha fala com um mestre querido, que foi um diretor de escola que me ensinou muitas coisas sobre educação, que é o professor Braz Nogueira.

E estou muito feliz por poder estar aqui hoje na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com professores e estudantes da minha escola, que estão entrando aqui hoje pela primeira vez: Davi, Samuel, estudantes do 8º ano, que estão encantados com a possibilidade de estar numa Assembleia Legislativa entendendo um pouco mais como funciona o mundo.

A gente tem feito algumas assembleias na nossa escola. A gente tem buscado tomar decisões de modo que as crianças possam participar dessas decisões, porque eles têm saberes, eles têm condições de exercer cidadania, eles não estão sendo preparados, eles já são cidadãos. Então estar aqui hoje é muito especial para a gente.

Então eu agradeço muito, Professora Bebel, uma inspiração para a gente também, sempre companheira da nossa comunidade, nas nossas lutas, apesar de hoje ser um dia muito difícil para o funcionalismo público.

Essa levada de retirada de direitos que a gente vem sempre tendo que enfrentar, a gente não perde a esperança, a gente não perde a fé, a gente não perde o nosso foco na construção de um bairro educador, na construção de uma cidade educadora, de uma nação educadora.

Não acreditamos que exista outro caminho para o desenvolvimento da sociedade. Ou a gente investe com atenção, carinho e cuidado, de verdade, não são só palavras, todos os dias nessa luta de uma educação pública, popular e de qualidade, ou a gente não vai sair desse buraco.

Então eu agradeço demais essa homenagem, agradeço demais a possibilidade de estar aqui com vocês, hoje, e gostaria muito de compartilhar aqui no espaço com o Professor Braz Nogueira.

Obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Marília.

Braz, a palavra é com você agora. Por favor.

 

O SR. BRAZ NOGUEIRA - É uma alegria muito grande estar aqui. Professora Bebel, se a gente tivesse esses reconhecimentos, se isso fosse uma prática da nossa sociedade a Educação desse país funcionaria.

Eu antes quero fazer aqui um desabafo, que a Bebel já falou. O nosso vereador Fernando Holiday falou que o funcionalismo, os professores são vagabundos. Depois eu penso um pouco no presidente da República que nós temos, e eu me pergunto: a Educação desse país funciona? Através dela nós nos tornamos cidadãos e cidadãs? Nós aprendemos a votar?

Essa é uma pergunta que dói, dói principalmente porque ali em Heliópolis eu cheguei para ser diretor da escola Campos Sales, em 95. Já tinha uma luta, já tinha várias forças educativas na comunidade, e uma das forças educativas era a Unas.

O João Miranda era o presidente e a Genésia que começou a organizar o povo, e surgiram comissões de moradores. Então o João acabou entrando na luta por causa da Genésia. E o que a Genésia buscava? Ela buscava unir as pessoas, desenvolver uma consciência comunitária.

Eu cheguei lá em 95. Percebendo que existia essa força, eu tentei me colocar junto com essa gente. E a atuação da escola que eu era diretor foi para além dos muros da escola.

Então a Unas, a presidente, hoje, é a Cleide, que está aqui. A Unas e o Campos Sales deram início a um movimento que nós chamamos de Bairro Educador. São várias escolas da região que foram contaminadas por essa ideia do Bairro Educador.

E hoje nós temos uma escola aqui, a Escola Gonzaguinha, cuja diretora é a Marília, alunos e professores dessa escola. E o nosso compromisso, junto com a Unas e outras escolas, é tentar unir todas as entidades de Heliópolis, e junto, cada vez mais forte, exigir que o Poder Público faça a parte dele, e que Heliópolis seja um espaço de vida para todo mundo que nasce.

Eu, esse Bairro Educador é a razão da minha vida. Só que eu gostaria de dizer que, para o que sonhamos, nós estamos apenas no começo, porque nós vamos ter que articular, nós vamos ter que ter uma consciência coletiva, que só restará ao Poder Público fazer aquilo de que as pessoas necessitam.

E nós não estamos pensando só em Heliópolis não. A gente está pensando na cidade de São Paulo. A gente está pensando no estado. A gente está pensando no Brasil, quiçá no mundo. A Educação transforma, e nós em Heliópolis estamos percebendo na prática que a transformação social se dá realmente pela Educação.

A gente está trabalhando para que cada um libere o educador que há dentro dele. Dentro da escola, há educadores. Só que eles vão se sentir bem, tranquilos, quando se unirem aos outros educadores da comunidade, que são os alunos, os pais dos alunos, as lideranças comunitárias. e a escola vai virar uma comunidade, parte de uma comunidade maior. E eu torço para que isso ocorra em todo o Brasil.

E parabéns, professores. Eu faço as minhas palavras as palavras do Lula, quando mostrou que realmente o professor, a professora, são grandes neste País, só que a gente tem que construir uma realidade para ser grande na prática. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Braz. É sempre uma satisfação ouvi-lo e também ter você aqui nesta solenidade. Para nós, é uma honra, muito obrigado.

Eu vou passar agora a palavra para o João Marcos, porque eu estou naquela de rodar a mesa, porque assim, a mesa é rolante hoje, de novo. Parece esteira, né? Vai rolando e vai...

Passo a palavra para ele, depois... Eu acho que é até importante, eu vou pedir para a assessoria já pegar as homenagens e a gente já vai entregando as homenagens à medida de que termina de falar, a gente ganha tempo, para não fazer de novo tudo que fizemos. Na outra, deu certo, mas é isso. Com a palavra, você, João Marcos.

João Marcos é da Afuse, que é a Associação de Funcionários de Escolas do Estado de São Paulo, está conosco nesta luta. Nós somos coirmãos ou irmãos, entidades irmãs, né? Por isso eu fiz questão de destacar que funcionários de escolas e professores somos todos educadores. O ambiente escolar é, em si, educador.

Por favor, João Marcos.

 

O SR. JOÃO MARCOS - Bom dia. Obrigado, Bebel, e parabéns para cada professor de qualquer canto deste estado, deste País, porque a gente sabe que quando entra na escola, a gente lembra lá do primeiro professor, dos que marcaram a vida da gente, né? Hoje, com 55 anos, não terminei o ensino superior ainda por falta de oportunidade, um pouco igual o Lula disse, preguiça.

Mas eu lembro da minha professora que me alfabetizou, cartilha (Inaudível.), professora Carmen Ruth, essa marcou minha vida, me ensinou a escrever, me ensinou a ler. Meus professores de 5º a 8º ano, professor Nelson, que é do PT, já foi vereador em Poá, me ensinou muito geografia, enfim. Professora Maria Aparecida Aranha, professora que de fato me ensinou a escrever, que descolou o mundo.

E alguns professores tiveram passagem marcante, né? Professora Maria Lúcia, de português, lá da escola Maria Aparecida Ferreira, em Poá, onde fiz meu ensino médio, onde tive o prazer de conhecer o campo político e ser o primeiro presidente do grêmio daquela escola, que eu lembro que a gente causou uma grande revolução. A gente fazia da nossa escola o nosso espaço.

A comunidade é o nosso lazer, onde de sábado a gente ia com os professores que, de fato, acreditavam na educação passavam o dia com a gente praticando esporte, ensinando alguma coisa, a gente limpava a escola, limpava a caixa d’água, a gente se sentia dono da escola. E hoje a escola carece disso, de gente que acredite de fato que a Educação pode e transforma as pessoas.

Que a escola tem que ser um espaço de gestão democrática, que a escola tem que ser um espaço de aprendizado diário, que o aluno não aprende só dentro da sala de aula. O aluno aprende na hora que ele entre no portão da escola até ele sair da última aula às 23h, porque nós, funcionários, educamos também. Somos educadores - não temos a formação, mas somos educadores.

Somos grandes psicólogos, tratamos dos alunos no pátio, cuidamos da nossa comunidade, conhecemos os problemas da comunidade. E nós temos a maior joia na nossa mão hoje, que são os nossos alunos, que cada professor que está em cada sala de aula hoje luta por uma questão simples: educação pública e de qualidade.

Como diz aqui o Braz, que me antecedeu aqui, de Heliópolis, que o reconhecimento do professor, o reconhecimento da Educação tem que ser valorizado, tem que ser reconhecido, com gestão democrática, com investimento de fato em Educação, investimento em pessoas.

Não o que acontece hoje dentro desta Casa, onde vem apontando um PLC 26, que nós estamos em uma luta ferrenha aqui diária para brigar para a população ter um serviço de qualidade.

Prova que nós não estamos discutindo nem reajuste salarial. Estão aqui todas as entidades participando, não pusemos na pauta salarial, que deveria estar. Nós estamos discutindo a melhoria da qualidade de ensino que São Paulo merece, porque não dá para o maior estado da Federação pagar o pior salário do Brasil para um funcionário de escola, onde a gente hoje recebe um abono para chegar ao salário mínimo.

Como tem muita gente, não quero me alongar, mas vamos parafrasear, porque tem um pedaço da história de Paulo Freire que, para mim, diz muito do que é educar: “É preciso esperançar.

É preciso ter esperança do verbo esperançar, porque a gente que tem esperança do verbo esperar, esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir, esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outro para fazer um outro mundo, um mundo melhor”.

Isso nós estamos fazendo no dia a dia, cada professor, cada funcionário de qualquer canto deste estado, deste País, deste mundo, que a gente está acreditando que a Educação vai e pode transformar as pessoas.

Uma salva de palmas para cada professor, cada professora deste estado (Palmas.), e vamos à luta. Vamos derrubar e vamos construir no próximo projeto para São Paulo. Um grande projeto para a Educação, um grande projeto construído pela classe trabalhadora e pelos trabalhadores em Educação, pela comunidade escolar, uma escola de fato que me represente, uma escola de fato que represente os alunos que estão aqui, que esse espaço é nosso, e nós não vamos abrir mão da Educação nunca. Muito obrigado, um abraço e um beijo no coração de todo mundo. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bom, agora vou chamar um cantor. Veja bem, eu tive a honra de presidir os trabalhos do Prêmio Inezita Barroso, e ali é que você vê quantos artistas populares de cantigas, de músicas sertanejas, são produzidas no interior deste estado de São Paulo.

Eu e a Karen, na Comissão de Educação - porque ela me ajuda lá, ela me assessora na Comissão de Educação, me assessorou até o momento em que fui presidenta - nós então criamos todos critérios para não deixar ninguém de fora, porque a gente tinha dó.

Corta esse, tira aquele por quê? Qual é a razão? A gente fez, acho, um dos eventos que, assim, foi muito democrático, ainda tiramos resolução, sabe, para ampliar o número de premiados.

E aí eu estou chamando então o compositor e violeiro Filpo Ribeiro, um dos premiados, está aqui entre nós. Então, por favor, Filpo, que, em homenagem ao Dia dos Professores, os professores cantarão uma música de sua autoria e de Marcos Alma. “Vazão” chama a música. E interpretará “Cio da Terra”, de Milton Nascimento. (Palmas.)

 

O SR. FILPO RIBEIRO - Bom dia. Agora sim. Parabenizar todas as professoras, professores, os estudantes. Eu venho de uma família de professoras: minha mãe, minha tia, minha prima, minhas tias, né? E muito da minha formação também como artista eu devo aos professores e às professoras e a elas. Então, estender essa homenagem e celebrar e lutar, né? Estamos em um momento delicado.

 

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- É feita a apresentação.

 

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O SR. FILPO RIBEIRO - Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Muito bom, muito bom, Filpo. Muito obrigada também. Ele vai interpretar a outra, “Cio da Terra”? Ok.

 

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- É feita a apresentação.

 

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Nós estamos esperando mais, mas agradeço o Filpo, e me sinto honrada de ter, enfim, participado de um processo de seleção de cantores de música sertaneja. Tanto artista importante que a gente tem no interior, na Capital, na Grande São Paulo. Parabéns, Filpo. Muito obrigada, e obrigada pela homenagem.

Bem, eu vou passar a palavra agora... Vou chamar a Niceia e passar para o Leandro. Três minutinhos, Leandro, para a gente dar uma acelerada? Tudo bem? Você fala no microfone, e a Niceia vem para o seu lugar. Isso. Depois você já homenageia Vomer.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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O SR. LEANDRO - Oi. Bom dia a todos, bom dia a todas. Quero cumprimentar aqui a professora Bebel, pela iniciativa desta solenidade, para, como ela mesmo disse, celebrar o Dia dos Professores e das Professoras. Em nome da Bebel, porque ela está deputada estadual, está presidente da Apeoesp, mas ela é professora.

A carreira que ela escolheu, e que ela brilhantemente desempenha um brilhante papel aqui nesta Casa, representando toda a categoria e toda a Educação paulista, como também a vida e a história dela dentro da Apeoesp, o Sindicato dos Professores, uma categoria extremamente importante em todo o estado de São Paulo.

Nós tivemos um momento na sociedade mundial, com essa pandemia, que mostrou... Minha vó dizia, “é dar um tapa de luva de pelica”. Mostrou para toda a sociedade mundial a importância e o papel da escola e dos professores na vida dos estudantes, e na vida da sociedade mundial.

Nós estamos lutando, resistindo. Os professores se tornaram um laço de resistência na sociedade brasileira, com tanta desvalorização, e até, às vezes por parte de parcela da população, e a pandemia fez mostrar isso, essa importância do cotidiano das escolas.

Como a professora aqui citou, temos aqui jovens estudantes que, pela primeira vez, têm a oportunidade de estar nesta Casa, que é a Casa do Povo, através desta brilhante solenidade que a Bebel tem feito.

Nós, lá no Fórum Estadual de Educação, fizemos, estamos organizando a Conferência Nacional Popular de Educação em todo o estado de São Paulo, em todo o Brasil, em homenagem ao centenário daquele que nada mais é do que um grande mestre professor, que nos ensinou - não é, João Marcos? - que resistir é importante, e que, nessa troca com esses jovens estudantes, a gente aprende, e troca com vocês essas experiências.

A gente vai aprender junto e crescer junto, que é o nosso querido Paulo Freire. Viva Paulo Freire, viva a Educação, viva os professores e professoras. Parabéns, Bebel.

 

 A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Já aproveita e homenageia o Vomer, por favor.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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 Você vai ser homenageado. E a Nicéia homenageia o Leandro. Bom, eu vou já imediatamente pedir para fazer uso da palavra o Vomer. Por favor, Vomer. É que você vai também homenagear alguém.

 

O SR. VOMER ADELMO - Bom dia colegas, professores presentes e convidados. Está tão difícil o momento que para falar nós temos que falar tudo que foi falado. É interessante, estava contando na mesa.

Ninguém combinou fala, mas uma coisa foi alinhavando à outra. Foi falada em celebração do dia, e ela é necessária, sim, tanto equilíbrio emocional é mexido. Porque o que nos resta é este dia de comemoração, porque todos os outros são de luta, que passa a ser talvez uma comemoração também, porque sabemos lutar.

O Lula falou de arte. Me lembrou Pullias e Young, “A arte no Magistério”, meu livro de cabeceira, livro de dois norte-americanos. Os que representaram o município (Inaudível.) foram muito felizes, porque colocaram as agruras do momento.

Então, eu não tenho muito o que completar, a não ser pedir licença, rapidamente, para dizer o que nós colocamos no site da Udemo hoje. A Udemo é o Sindicato dos Especialistas em Educação do Estado de São Paulo.

Hoje, eu sou diretor de escola há 31 anos, e há 20 anos como professor. Portanto, estou na rede pública estadual há 51 anos, e nós estamos retirando dos bagos do trigo uma boa massa, para poder fazer um pão um pouco menos ácido e envenenado, dos “bolsodorias” da vida.

Começamos assim hoje. “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências dos jovens e preparar os homens do futuro”.

Sabem quem disse isso? Dom Pedro II. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Cora Coralina. “A gente se forma como educador permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”, que já foi falado aqui. Paulo Freire.

Ter uma honra é ser professor, é um privilégio. O Magistério é uma atividade essencial em qualquer país, sociedade ou comunidade. Duro mesmo é ser professor da rede pública estadual, e, acrescento, da municipal, e, acrescento, das federais, das universidades. Especialmente em São Paulo, onde um mentiroso e hipócrita assume o governo, e faz tudo aquilo contra o que ele havia falado na campanha política.

E aos que são desta Casa, tomara que os deputados estejam ouvindo. Mormente aqueles que dizem que nós temos privilégios, saibam que vocês deveriam ser um pouco mais humildes, e voltar para escola para aprender uma frase do Sócrates, de cinco séculos antes de Cristo. “Só sei que nada sei”.

Porque nem o projeto vocês conseguem ler, e não tem argumento que nos passem, para que aceite as suas ideias. Mas, para ir na mídia e nas redes sociais, colocam situações bastante intoleráveis para quem não conhece a realidade.

Convido a qualquer um desses deputados que fazem essa defesa que vá 15 minutos em um órgão público, qualquer que seja, que vá numa escola da periferia, que vá a um centro de Saúde, e lá você vai ver o privilégio.

Que vá nessas situações da Polícia Militar, onde eles estão praticando seu serviço. Vai lá ver quais são os privilégios, e tenho certeza que a coisa poderia vingar melhor.

Um abraço a todos. Feliz dia dos professores. Eu me sinto muito feliz, e repito, houve um pequeno desequilíbrio emocional, mas aquele de arrepiar, de felicidade de poder repetir o que foi dito aqui. “Se eu puder voltar, voltarei como professor”.

Muito obrigado.

 

 A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Obrigada, Homer. Peço para você, então, Niceia, você fazer uso da palavra. E você, Homer, entrega o dela. É isso.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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Está certinho. não esqueceu não. Tem a Marília e o Braz, que eu quero entregar junto com a Cleide, que eu vou chamar a Cleide. E para vir para a Mesa, eu chamo a Cleide e a Rosaura. Por favor.

A Rosaura é da Fase, presidente, e você vai dar uma descidinha. É assim, a gente está fazendo esteira rolante aqui, até por conta dos protocolos, senão a gente punha mais cadeira aqui, trazendo para frente, não precisava ficar tão distante. Vamos mostrar que a gente tem responsabilidade com a vida também. Rosaura. (Palmas.)

Vou chamar a Natalina, ali no canto, junto com a Cleide. Por favor. Bom, acho que equilibrou a Mesa agora. Por favor, Niceia. Três minutos, para a gente concluir aí o nosso...

 

A SRA. NICEIA - Bom dia a todos e todas. Me remetendo ao passado, que o Vomer citou aqui, se vocês me permitem, eu queria lembrar do meu pai. Meu pai não teve Ensino Médio.

Era um barbeiro, muito simples. Fez bem rapidinho seu curso primário, mas fez de tudo para que as suas duas filhas fossem professoras. Minha mãe era professora.

Então, a gente tem, assim, muito orgulho da história da gente, e esse orgulho, quero falar para vocês. Vocês não foram obrigados a serem professores, foram? Cada um é porque escolheu a profissão que chamou a sua atenção para a necessidade da continuidade da vida, da continuidade daquele prazer de ensinar, de educar, de ajudar.

Muitos começaram em casa, com seus irmãos, outros na rua, com seus companheiros de brincadeiras, e companheiras. Mas o que importa é que hoje estamos aqui, às nossas custas, ao nosso merecimento, à nossa luta, que não termina, não pára. É hoje, amanhã, semana que vem, é uma PEC, é um PL, é deputado xingando a gente. Seja o que for.

Nós estamos aqui porque nós acreditamos no que nós fazemos. Eu quero aqui também aproveitar para parabenizar a Bebel, porque a gente vinha aqui como simples participantes do Magistério lutar pela nossa categoria. E hoje ela muito nos honra, ocupando essa cadeira de deputada, e tanto está fazendo pela gente.

Quero agradecer a você, Braz... Você não se lembra de mim, mas alguns anos atrás, um professor nosso, muito querido, que já se foi, está ao lado do Pai... Teve um surto e sumiu de São Paulo.

E uma das regiões que diziam que ele estaria era lá na sua região, e eu fui na sua escola e você tinha um mapa, - coisa que ninguém tinha - mas você tinha um mapa de Heliópolis e acionou rapidamente a comunidade, e aí soubemos que ele não estava lá, e isso nos ganhou tempo para achá-lo em outro lugar.

Isso é educação, isso é caminho, certo? Isso nos dá aquele orgulho de saber que não importa que o governador não nos ouça... Quer dizer, importa sim, porque nós cobramos. Mas, eu quero dizer que eu não me importo com a opinião pessoal do governador, do secretário da Educação, eu me importo com isso, Braz... Eu me importo com o Juvenal, que faz um trabalho fantástico em Marília. E todos vocês, que fazem um trabalho fantástico de formiguinha, de um a um.

Então, o nosso dia é merecedor sim de comemoração. A nossa luta vai continuar, ontem, hoje e sempre. Mas nós somos professores e professoras porque nós escolhemos. Era só isso, um grande abraço a todos e todas. (Palmas)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Nicéia. Eu vou passar a palavra para a Natalina e que vai passar a placa Rosaura.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. NATALINA - Obrigada, deputada Professora Bebel, pelo convite de estar aqui. Quero parabenizar a cada uma e cada um que estão aqui. Os representantes dos movimentos sociais, porque educar é uma ação que acontece em todos os espaços, né?

E sei de muitos educadores que podem não ter passado pela academia, mas que são educadores também. E me junto a eles, neste dia, e eles se juntam a nós também neste dia. 

Tenho muito orgulho de ser uma professora, e... Deputada, quem criou o Dia do professor foi a primeira deputada negra, Antonieta de Barros, que criou o Dia do professor, está certo? (Palmas.) E é muito bom ter também, hoje, uma deputada neste Ato Solene. Eu sei que eu tenho que ser muito rápida, muito já foi dito aqui, então não quero me repetir. 

Quero dizer que a educação sempre foi o principal caminho para a transformação social. E se vivemos em uma conjuntura que cada vez mais evidencia os homofóbicos, os machistas e os racistas...

Também vivemos nesta conjuntura entendendo que o papel do professor, do educador e da educação é cada vez mais importante, presente na condução da transformação de uma sociedade justa, igualitária e includente. 

Então, muito obrigada. Salve Paulo Feire, e a todas e todos os educadores que estão pelas ruas e pelas escolas deste País.

Obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, querida Natalina. Natalina é do Feder, é também secretária da igualdade racial na Central Única dos Trabalhadores.

E nesse momento em que o racismo reverbera por todo mundo, e falar em racismo estrutural é uma conscientização, mas a gente tem que, cada vez mais, como educadoras e educadores que somos, ter isso como pauta.

 É impossível, um país ainda não aceitar a sua identidade, que é uma identidade negra, formada por esse povo e que... Enfim, ontem saiu no Diário Oficial, fiquei muito feliz com a moção de aplausos e repúdio ao mesmo tempo.

Eu tive que fazer as duas coisas, por conta da intolerância religiosa... Um pai de santo em Piracicaba, companheiro Ronaldo Almeida. E porque essa religião é perseguida? Ela é perseguida porque tem a sua matriz africana, até nisso é uma forma de demonstrar o racismo.

Então, nós temos que nos indignar, lutar e fazer valer todos os direitos. Porque se vidas negras importam, todos os nossos direitos para todos aqueles que são discriminados... Eles importam para nós todos, porque somos educadores e temos esse compromisso no ato de educar.

Muito obrigada, Natalina. Você é a representação clara do que isso significa. Muito obrigada. 

Eu vou passar agora a palavra para a Rosaura. Depois o Fábio vai entregar a placa para a Natalina. Pois não, Rosaura?

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. ROSAURA - Bom dia, meus colegas de profissão. Queria agradecer, inicialmente, a nossa querida Professora Bebel, pela iniciativa dessa sensível homenagem, e citar o nosso mestre, que quanto mais a gente citar ainda vai ser pouco neste ano do seu centenário.

Nosso mestre Paulo Freire, que entre tudo que ele já disse... Ele dizia que a escola sozinha não muda a realidade. E por que ele dizia isso? Porque é preciso sim, que a escola esteja com um estreito vínculo com a comunidade em que ela está inserida, mas também é necessário que políticas intersetoriais apoiem o que acontece dentro da escola, para que a gente possa reduzir de verdade as desigualdades educacionais, e construirmos uma sociedade mais justa e mais solidária. 

Mas, se Paulo Freire dizia que a escola sozinha não muda a realidade, ele também afirmava que sem ela tampouco a realidade muda, e é com este intuito e com este princípio que nós do sindicato Apase homenageamos todos os nossos colegas de profissão.

Porque um princípio que nos é caro, é o do quadro do Magistério, então não importa em que cargo da carreira estejamos, a nossa base, a nossa formação é a formação docente. Somos todos e todas professores e professoras.

Então, meus colegas, com a lembrança singela que a gente, hoje, homenageia a mulher e a professora - deputada hoje - Bebel. Sintam-se carinhosamente homenageados, homenageadas e abraçados nesse nosso dia. Feliz Dias dos Professores.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - A Rosaura vai homenagear o Fábio, que é vice-presidente. Eu estando aqui ele fica presidente da Apeoesp. Obrigada Rosaura, obrigada Fábio. Eu que agradeço Rosaura é sempre uma satisfação. Outra entidade que eu sempre digo que é como irmão ou irmã... Irmã, porque a gente... 

Eu agora vou passar a palavra para a Cleide. A Cleide tem um vínculo com a Unas e com o bairro educador Heliópolis. Que satisfação Cleide, ter você aqui, com uma história linda de luta, de vida e de educadora também, porque... Enfim, toda a sua ação é uma ação educadora. Parabéns, Cleide. (Palmas.)

 

A SRA. CLEIDE - Obrigada Bebel. Primeiro, acho que agradecer mesmo, por você propiciar hoje um dia tão emocionante, um dia que tanto me fortalece. Acho que estar aqui em um momento tão difícil que estamos passando, que a gente vem passando no nosso país, nas nossas favelas, nas comunidades, enfim.

E estar aqui hoje, na parte da manhã, e a gente ver pessoas tão comprometidas, falas tão necessárias quando a gente fala de um País que é necessário virar nação. Um País que é necessário ter cidadania.

Mas, enfim, agradecer muitíssimo as coordenadoras e educadoras que estão aqui, de creches, de Ccas, do Mova. Agradecer imensamente a Braz, Marília.

Braz, a educação eu aprendi... quer dizer, estou aprendendo, eu acho que isso que é lindo da educação, a gente aprende a todo momento. E os professores, acho que foi falado toda a admiração que a gente tem pelas professoras e professores.

Eu aprendi que duas coisas que levei para a minha vida, que levo para a minha vida, estou levando para a minha vida. Que é, primeiro eu tive uma professora que me ensinou a entender, e a sentir e a ver que pobreza não é doença e nem é algum tipo de peste que você vai morrer com isso.

Que pobreza é uma situação que os estados criam, de exclusão e de sofrimento das pessoas. E aí, ela me ensinou a entender que juntas e juntos a gente pode superar, e pode acolher e ter solidariedade um com o outro.

Uma outra coisa que eu aprendi com o Braz, é quebrar os muros. Os muros físicos e os muros que nos colocam aqui dentro, culturalmente. E esses são muito mais difíceis. Aquele a gente quebra com a marreta, que é difícil, às vezes a gente precisa pedir autorização. Mas, o muro mesmo que a gente precisa quebrar, a gente não tem que pedir autorização, esse eu aprendi com a educação, quebrar esses muros visíveis e invisíveis.

E terceiro, eu aprendi com essa organização da qual a gente faz parte, que é a Unas, me ensinou a ser cidadã. E hoje, Heliópolis... Amanhã a gente vai ter uma atividade Freiriana, em homenagem a Paulo Freire, esse nosso grande patrono, e o Lula você me fez ver hoje o Lula, sabe? Me tocou muito.

Mas, enfim, eu só queria dizer que a gente escreveu uma frase naquele nosso território, onde é o nosso bairro educador, onde a gente tem a fortaleza e essa frase é: "Educação transforma." Então, é isso. 

Nunca, nunca nós vamos desistir, e sempre resistir. Porque é pela educação que nós vamos transformar esse País e tornar uma nação e tornar um povo com civilização, com civilidade, com dignidade.  E principalmente hoje, Bebel, eu saio fortalecida para continuar a minha luta dizendo que nesse país todos e todas tem que ser iguais.

Obrigada, de coração.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Cleide. Vou pedir para você ficar um pouquinho, espera aí. Chamar a Marília. Marília vai ser homenageada por você, que homenageará o Braz. Chamar a juventude do PT, a Ligia Toneto e o Hector Batista.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, eu deixei uma cadeira vazia e vou chamar... Antes de dar continuidade, eu quero dizer que, durante a pandemia, eu fiquei muito instigada e provocada a mostrar que tinha como ensinar alguma coisa, Lígia, Héctor.

Tinha como ensinar, fosse por televisão, por rádio. Eu me lembro que eu assistia a novelas, ouvia, aliás, novelas através do rádio e imaginava os personagens. Quando eu fiz letras, por isso tenho... Eu fiz letras. Eu, de certa maneira, a gente estudou muito o hábito, como criar o hábito da leitura, né?

Lembrei que a minha mãe era uma grande, ela é uma grande contadora de histórias. Ela criava um suspense, Leão, que era o seguinte: ela não contava o final. Se quisessem saber, ela pegava uma pessoa que era calva - ela chamava de careca mesmo, mas a gente sabe que é calvo - e falava assim.

Por exemplo, o Braz, que é calvo: “se vocês quiserem saber o resultado da história, vai lá e dá um beijo na careca do Braz”, ou na calvície do Braz. Então a gente ficava com aquela coisa de querer saber que história era essa que a minha mãe tinha contado. Então ela bordava e contava.

Neste período da pandemia, então, nós... Eu tenho um projeto de lei na Casa que é o 348. Nós então fizemos um projeto que se chama projeto “Baú de histórias”, da Apeoesp. O bairro Heliópolis, bairro educador Heliópolis, nos cedeu a rádio para contar essas histórias, e a Rádio Zummm, de Santo André, também nos ofereceu, nos deu.

Eu queria, para dar uma pincelada nisso... Eu gostaria até que fosse mais aprofundado, mas pretendo fazer isso num momento mais propício do ponto de vista de não misturar homenagem com tanto conteúdo.

Eu convidarei então a professora e contadora de histórias Ângela Ferreira. Por favor, Ângela, venha nos prestigiar e falar um pouco desse lindo projeto. (Palmas.) Pode falar daqui, é até um lugar ao lado Fábio, desse lindo projeto que contribuiu, no momento da pandemia, para que as crianças tivessem uma outra forma de aprender. Não é possível que só tivesse um jeito, né? Tem outras formas de como aprender. Por favor.

 

A SRA. ÂNGELA FERREIRA - Bom dia a todos e todas. Sou a professora Ângela Ferreira, da rede estadual de São Paulo. Antes de qualquer coisa, em homenagem ao Dia das Professoras e dos Professores, eu quero recitar um poema de minha autoria. O poema é denominado “Mensageiro divino”.

“Ao professor dedico parte da minha história, que, com dedicação ao ofício, de maneira aguerrida, partilhou seu conhecimento. Possibilitou que, pelas frestas da exclusão, raios de sol aquecessem a esperança - esperança de crescer, de ser, viver. Viver oportunidades aparentemente restritas, impossíveis.

Fecundou a semente em solo árido com a convicção de que o jardim floresceria, e floresceu, deixando certo que outros com a mesma determinação se encarregariam de disseminar, independente das intempéries, a palavra de fé em si, de jamais esmorecer e de lutar pela equidade.”

Eu quero agradecer à professora deputada Bebel pelo Projeto 348, de 2020, de incentivo à leitura pelas rádios Zummm e Heliópolis, do qual eu fui uma das contadoras de história.

Fiz parte no ano de 2020. E dizer que esse projeto reverberou de maneira positiva tanto junto aos docentes, principalmente com as famílias e com os estudantes, que solicitaram a sua continuidade. E é isso que esperamos, que continue.

Agradeço às autoridades que aqui estão e aos convidados. Parabenizo todos os professores e professoras não só nesta data, mas todos os dias com que levam o seu ofício com zelo e empenho e tratam essa profissão.

E, como disse o nosso grande Paulo Freire, nosso patrono, “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Viva Paulo Freire. Gratidão e saúde a todos. (Palmas.)

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Como o olhar, naquele momento e sempre, professor tem olhar para o aluno. Esse negócio de colocar aluno versus professor, professor versus aluno, isso não existe. Um não... Não tem razão de ser Educação se não tiver professor e aluno, estudante.

Então eu vou pedir para que a Lígia homenageie a professora Ângela, e a professora Ângela vai homenagear o estudante Héctor, por favor. Cadê o fotógrafo? Já está a postos? Já. Enquanto isso, para se preparar para a fala, acho que o Fábio vai fazer a fala agora.

 

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- São feitas as homenagens.

 

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A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Por favor, Fábio.

 

O SR. FÁBIO - Bom dia a todas, bom dia a todos. Eu quero iniciar falando da alegria e da honra de usar esta tribuna em nome da Apeoesp. Se eu o faço em nome da Apeoesp, é porque todos nós temos um sonho concretizado, porque a nossa presidenta, Professora Bebel, hoje ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.) Como é bom ter uma professora que conhece a realidade da escola pública.

Então eu fico muito feliz de ter essa honra concedida, inclusive aqui com os meus companheiros e companheiras de direção de conselho e tudo mais, principalmente nesta data, dia 15 de outubro, Dia da Professora, Dia do Professor. A profissão mais importante, porque, sem ela, não teria mais nenhuma profissão.

Já foi dito, mas eu registro a nossa luta incansável, por ter governos que desrespeitam não só os professores, mas que desrespeitam toda a comunidade escolar, não honram a educação do Brasil. Gente como Bolsonaro, como seus ministros da Educação, como Doria, como prefeitos que não valorizam nem quem está na ativa, nem os aposentados e aposentadas que estiveram nessa rede por 30, 40, 50 anos e que ganharam o confisco feito pelo Doria, que a nossa luta vai e deve reverter.

Então hoje é um dia de celebração, hoje é um dia de luta, hoje é um dia da gente, porque nós somos aqueles e aquelas que, de cabeça erguida, têm orgulho de ser professora, de ser professora; que, de cabeça erguida, quando entram na sala de aula - mesmo com uma hora-aula de 11 reais -, olham para o aluno e, como nos ensinou Paulo Freire, dizem: “Eu vou transformar, porque vocês vão transformar esta sociedade numa sociedade melhor, mais inclusiva, mais democrática”.

Estes ventos terríveis que nós vivemos com a Educação e com os professores passarão.

Então, para encerrar, como também nos ensinou Paulo Freire, nós vamos esperançar, porque eles não nos vencerão. Nós somos centenas, milhares e milhões, porque nós vivemos na nossa luta, no nosso trabalho, mas vivemos com os nossos alunos, com os pais, e todos nós lutamos por uma escola pública, gratuita, laica, e nunca vamos desistir dessa luta.

Parabéns professores; parabéns, professoras. Parabéns, Bebel, por esta manhã maravilhosa. (Palmas.)

 

  A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Fábio. Só avisar à Rede Alesp que aqui não está sendo coberto. O que que aconteceu? Está passando o jornal neste momento. Agora voltou, muito obrigada.

  Eu vou chamar, anunciar uma companheira. Ela é a cantora, ela é parlamentar desta Casa. Ela é uma pessoa que, enfim, supera os partidos políticos. Ela conseguiu hoje ter uma condição de suprapartidária, até porque a Leci tem uma característica, primeiro a humildade - mais que a humildade, a sabedoria. Eu gostaria que a Leci adentrasse este plenário com muitas salvas de palma, por favor. (Palmas.)

  Leci. Conosco, Leci. Ela não está aqui ainda? Então o Héctor faz a fala enquanto isso, por favor.

 

  O SR. HÉCTOR BATISTA - Boa tarde a cada um e a cada uma que participa desta sessão solene hoje. Queria começar agradecendo, em nome da Professora Bebel, a cada professor e cada professora que todos os dias se dedica a ensinar para os estudantes um pouquinho mais sobre tudo aquilo que a gente precisa aprender. 

  Meu nome é Héctor Batista. Atualmente sou presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas e quero ser professor de geografia. É muito importante estar aqui neste dia porque só anos 58 atrás começou a ser comemorado, mas deve ser lembrado todos os dias, porque eu consigo lembrar de cada professor e de cada professora que me ajudou a conseguir compreender um pouco mais sobre a importância da nossa luta, mas também sobre tudo o que a gente vive.

  Como um jovem negro que... Como, neste último ano, muitos jovens, principalmente jovens negros, tiveram seu acesso à Educação negado, o seu acesso à Educação tirado por conta da falta de amparo do governo federal diante das políticas públicas, nós sabemos que nós só continuamos e não desistimos da Educação porque os nossos professores estavam todos os dias se dedicando a conseguir fazer com que nós não desistíssemos da escola e não desistíssemos do nosso futuro, que vem através da Educação.

  Os professores que estavam aqui quando nós ocupamos esta Casa pela CPI da merenda são os professores que hoje também travam as lutas aqui contra o desmonte da Educação, contra o desmonte dos direitos.

Eu queria dizer que todos vocês podem contar com os estudantes, com a União Paulista dos Estudantes Secundaristas, com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas para estarem lado a lado, porque a nossa história caminha lado a lado há muito tempo, e assim vai continuar sendo. (Palmas.)

Então, muito obrigado a cada um e a cada uma e feliz Dia dos Professores e das Professoras.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Agradeço ao Héctor. Estão aqui entre nós também os estudantes da Emef Gonzaguinha. Davi Rocha, cadê o Davi? Levanta, Davi. Vamos lançar uma salva de palmas. (Palmas.) Samuel Vieira. (Palmas.) Teresinha Pinto, professora. (Palmas.) Muito bom.

Então um dos menininhos vai fazer uma fala aqui, pode ser? Menininho porque é carinhoso, viu? Eu ainda me sinto na sala de aula. Depois eu vou pedir para o Héctor descer para eu deixar essa vaga aqui para a Leci. À hora que ele entrar ela senta aqui do meu lado.

 

O SR. DAVI ROCHA - Bom dia. Eu queria falar aqui sobre o Dia dos Professores, que é um dia muito importante, porque sem os professores não teria nenhum profissional. Qualquer um que trabalha profissionalmente hoje em dia já passou por um professor.

Então tudo que temos que fazer é agradecer a eles por passar todos os dias o conhecimento que eles têm para nós.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Não tem problema, Davi. Você representou e foi muito carinhosa a sua fala, muito importante, do coração. Bem, eu vou ter a honra agora de chamar uma colega deputada estadual, negra, mulher de luta.

E ela que sempre esteve nas nossas atividades, fez uma música para nós e ela vai cantar essa música para nós. A nossa querida, amada, Leci Brandão.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Eu peço licença a você para cumprimentar todas as pessoas que estão aí e eu não poderia chegar aqui, cantar e não falar absolutamente nada sobre essa pessoa, essa cidadã, que está aqui nesta Casa fazendo um trabalho, um exercício de mandato que nos honra, que nos deixa feliz e esperançosos em continuar sempre a nossa luta, porque eu conheci Bebel muito antes de chegar aqui a esta Casa - nos trabalhos, nas lutas, nas questões sociais, enfim.

Mas eu sempre observei uma coisa, Bebel, que você continua tendo coerência. Você é uma pessoa que tem compromisso, porque você sempre foi uma guerreira pela Educação fora daqui em todas as lutas deste País. E quando você chegou a esta Casa - eu já estava aqui -, eu fiquei observando como você tem a identificação plena.

Você quando nasceu e, aliás, todos os professores que estão aqui, quando nasceram, já nasceram com a definição que Deus dá, que é o compromisso com o ensino, o compromisso com a entrega do conhecimento. E é por isso que a gente no dia que viu o professor sendo espancado na rua, numa ação de reivindicação salarial, a música foi feita naquele momento.

Deus é tão bom que deu letra e música tudo junto. E foi quando a gente disse o seguinte: “Professores / Protetores das crianças do meu País / Eu queria, gostaria / De um discurso bem mais feliz/ Porque tudo é Educação / É matéria de todo o tempo / Ensinem aqueles que pensam que sabem de tudo / A entregar o conhecimento”, que é isso que vocês fazem, entregam o conhecimento.

E a gente tem essa identidade com a Educação porque eu tenho muito orgulho de ter morado em escola pública. Eu sou filha de uma servente de escola, que agora está nos braços de Deus e, no mesmo lugar que eu varri as salas, limpava, era o lugar que eu também estudava; estudei na Escola Equador.

Eu sei o nome das minhas professoras do primário todas: Edgar Dina Vianna Moreira, Marina Nunes de Oliveira e Isabel Mota. E foi no primário, na escola pública, que eu aprendi tudo o que eu sei, porque eu acho que a nossa sabedoria vem da mãe, vem do pai, que é a nossa identidade; é o nosso raio-x.

Por isso eu tenho muito, muito, muito respeito por quem nasceu para ensinar e este País precisa cada vez mais de vocês, que são corajosos, que não têm nenhum tipo de preconceito. Professor e professora acolhem qualquer um; estão ali para proteger.

E que aquelas pessoas que dentro desta Casa querem um projeto horroroso, que é o Escola Sem Partido, elas têm que entender que o Brasil está mudando e vocês é que vão fazer a transformação deste País. Muito obrigado. Esse aqui é o Andrezinho, André Pinheiro, que é o nosso músico nosso. (Palmas.)

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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Muito obrigada. (Palmas.) Obrigado, Andrezinho. Muito obrigada. Deus abençoe vocês, proteja e dê cada vez mais saúde, muita saúde, para todos nós. Bebel, obrigada por tudo. Obrigada por tudo que você me ensina nesta Casa. Eu sempre estou aprendendo, aprendendo com você principalmente. Viva a Educação! (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Leci, eu agradeço de coração. Eu já havia feito referências a você e quero dizer que estar com você nesta Casa é um privilégio. Não são poucos; todos os deputados têm esse reconhecimento. Hoje, você não é a deputada de um partido.

Você é a deputada da Casa, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Forte abraço, obrigado, Leci. Bem, eu não sei se a Leci quer ficar um pouco entre nós. Eu vou pedir para que a Lígia (Inaudível.) O Hector acabou de fazer a fala, agora a Lígia. Por favor, Lígia, com a palavra.

Eu tenho mais pessoas aqui para chamar, mas depois nós vamos ouvir a Ana Maria Saul, nossa querida Ana Maria Saul, que, enfim, não pôde estar, mas fez uma gravação. Depois tem o querido Fernando Haddad também, que foi um importante ministro da Educação deste País e tem muita propriedade para falar de Educação. Por favor, querida Lígia.

 

A SRA. LÍGIA - Bom dia a todas e todos. Queria em nome da nossa deputada Bebel, líder da bancada do PT, saudar todos que estão na Mesa e que passaram por esta Mesa hoje nessa homenagem tão bonita.

Mas em nome da Professora Bebel cumprimentar todas e todos professores aqui presentes e também fora daqui, que lutam e trabalham todo dia pela Educação, para transformar nossa Educação num movimento, como uma coisa que se aprende, se aplica e transfere e que é feita da troca.

Sabe, Bebel, meus pais são professores e para mim este dia sempre foi muito emocionante, porque eles sempre me ensinaram que a educação era a coisa mais importante que a gente podia ter na vida, porque era o que criava para a gente pensamento crítico e dava para a gente condição de fazer as próprias escolhas e pensar em nossos próprios caminhos.

E ontem eu estava junto com o Haddad numa agenda muito bonita lá no Instituto Federal de São Roque e ele fez uma fala que me emocionou muito, gente. Ele contou que em 1909 teve a fundação do primeiro instituto de ensino federal no Brasil e que até o governo Lula, em quase 100 anos de que tinha sido fundado o primeiro, tinham sido criados só 140 institutos de ensino federais no País e que em 13 anos dos governos Lula e Dilma, no final disso, tinham 647.

Em menos de 20 anos, que seria um quinto do que esses 100 anos que tinham passado, tinha sido feito muito mais que o dobro pela Educação neste País, como o presidente Lula lembrou a gente hoje aqui numa homenagem muito emocionante.

E eu acho que neste dia de hoje é importante a gente refletir que a gente vive hoje o resultado de uma tragédia, da gente ter um genocida na Presidência da República, quando a gente podia ter um professor que estivesse defendendo a Educação.

Mas por outro lado é só porque a gente tem muito professor; é só porque a gente tem muito estudante; é só porque a gente tem muita gente que todos os dias se dedica pela luta pela Educação que a gente tem cada vez mais uma massa crítica maior, quantitativamente, e melhor, qualitativamente, com condição não só de retomar este País, mas de reconstruir e transformar. Então por isso queria cumprimentar todos os professores e professoras que a cada dia fazem essa linda luta pela Educação.

Muito obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Lígia. Sempre uma satisfação ouvi-la. Jovem e está numa trajetória linda com os demais, o Hector, enfim, os futuros universitários, o Ivan.

Dizer para vocês que este País vai caminhar no rumo certo, mas nós vamos ter que fazer muita luta de rua, porque esta também e este espaço também é um espaço de ensinamento e de aprendizagem.

Nas ruas, a militância estar em contato com o exercício da democracia participativa com certeza e eu tenho certeza… Eu sempre falo que nós estamos no momento em que só ter a democracia representativa, eu acho que isso já eu diria que é uma coisa do passado. Hoje, não. Hoje, a população quer mais.

Ela quer a representativa, mas ela também quer a democracia representativa através do quê? Do sindicato, movimento estudantil, movimentos populares, sociais, quem não é organizado, quem estiver organizado. Então nós estamos no momento de ter…

Não é que a gente não tenha verticalização de representação. A gente tem, mas a horizontalidade também é importante porque você amplia bandeiras e amplia horizontes, né? Abre avenidas para que a gente consiga lutar por um Brasil melhor, por um estado melhor, por um município melhor.

  Então, com certeza, este momento é um momento de mobilização, é um momento de participação, em que pese nós estarmos fazendo uma celebração, uma homenagem, mas não podemos dizer "estamos festejando". Eu acho que a gente está lembrando. 

  Nós estamos sacudindo os governos para dizer "escuta, os professores existem, a educação existe, viu? Vocês precisam parar. Vocês só lembram da educação quando é para demitir professores, quando é para tirar salário, quando é para taxar aposentados que já pagaram pelas suas aposentadorias.

Vocês só lembram desta forma, mas não lembram nunca quando é para valorizar esta importante categoria que forma, repito, os demais profissionais.". É isto. 

  Eu vou... Antes de passar... O Leão está aqui de molho desde que chegou, coitado. Mas eu fiz isso com o Romão da outra vez. Quem está comigo na Mesa sabe disso. O Romão ficou de molho comigo até o final porque se eu deixo, eu fico sem um companheiro aqui que tem trajetória, história. Eu não abro mão da presença. 

  O Fabinho ficou um tempo, foi para lá. Todo mundo ficou um pouquinho. E aqui, o Leão, por toda a trajetória dele. 

  Antes, eu vou pôr a Ana Maria Saul e depois você, Leão. Por favor, o vídeo da Ana Maria Saul. 

 

* * *

 

-É exibido o vídeo.

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - Bom, essa é a nossa querida Ana Maria Saul. Enfim, sempre aí fortalecendo a educação e os ensinamentos. 

Agora, conosco, fará uso da palavra, primeiro eu vou pedir para a Lígia ser homenageada... O que falou na tribuna não é o Davi. Foi o Davi que falou, não? Davi, então, quem vai homenageá-la é o Samuel. 

  Samuel, você vai homenagear a Lígia e a Lígia vai te homenagear. Ok? Vem aqui. 

  Bom, eu, então, chamo para fazer uso da palavra o meu querido Roberto de Franklin Leão. O Leão tem uma trajetória na Apeoesp... E aproveito esse momento, também para homenagear um outro companheiro que foi em 2020, se não estaria conosco, o professor João Felício. Uma história, uma trajetória na vida sindical, na vida educacional, sobretudo.

  Aliás, nós estamos lutando por direitos que ele inscreveu. Ele lutou para que, enfim, mexer no artigo 64... Todos aqueles direitos. É o que nós estamos fazendo neste momento. E, uma forma de homenagear o João, é lutar e não deixar acontecer. Espernear.

Então, Leão, eu homenageio você. A gente também faz uma homenagem póstuma ao João. 

  Com a palavra, você, pela trajetória, não só aqui na Apeoesp, na Cut, na CNTE, na IAU, na IE. Então, é um peso pesado lá na tribuna. Nós estamos com grande representação da educação estadual, que já foi, nacional e internacional. Aplausos para o Leão. 

  Por favor, Leão.


            O SR. ROBERTO FRANKLIN LEÃO - Bom dia, companheiras. Bom dia, companheiros. Bom dia, companheira Bebel. Deputada, companheira de luta que tem honrado a votação expressiva que obteve, lutando, nesta Casa, por aquilo que ela sempre fez nas ruas, nas escolas, nas praças.

Defendendo a educação pública e defendendo a valorização dos profissionais da educação, dos trabalhadores da educação.

Quero saudar a Bebel pelo seu desempenho muito bom, excelente mesmo, dentro da Assembleia Legislativa, mostrando toda a garra, toda a dedicação que sempre teve, não temendo cara feia e enfrentando os desafios que se apresentam quando se é mulher em uma câmara que já mostrou que é muito machista, quando se representa os desejos da população, que precisa e que necessita de educação de qualidade.

Parabéns, Bebel, pelo seu trabalho na Assembleia e por ter nos convidado para participar desta reunião, deste ato que é muito importante para todos nós. 

Companheiras e companheiros, muito se falou de Paulo Freire aqui. Ele foi citado por quase todas as pessoas que fizeram uso da palavra. Eu quero dizer que é muito bom que assim seja. 

É fundamental que não deixemos o legado de Paulo Freire de lado. É muito bom que reafirmemos sempre que nós acreditamos naquilo que Paulo Freire escreveu, naquilo que Paulo Freira praticou.

Que não vamos nos intimidar com as ameaças que estão sendo feitas por este nefasto governo que hoje ocupa, infelicita, este país. 

Nós defendemos a escola da Paulo Freire porque a escola de Paulo Freire é a escola libertadora, não é a escola adestradora. Não é a escola que querem nos impor com projetos como "Escola Sem Partido", como escola militarizada, como ensino médio que só reduz as possibilidades de crescimento enquanto cidadãos e cidadãs dos nossos alunos. 

Escola pública é um direito de cidadania. Cidadania se adquire no momento em que se vem ao mundo e essa cidadania precisa ser respeitada. Essa cidadania precisa ser entendida com algo que as pessoas têm direito e essas pessoas precisam lutar para que ela seja efetiva.

  Mas eu quero citar um grande poeta da música brasileira, o homem que disse o seguinte "viver e não ter a vergonha de ser feliz; cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz". 

Este poeta, Luiz Gonzaga Júnior, dá nome, é o patrono desta escola lá de Heliópolis, dirigida pela professora Marília, que traz um grande exemplo do que é uma escola, do que é a escola que Paulo Freire e nós sonhamos. 

A escola que se articula com a comunidade, a escola que é do povo, a escola que é da população. Não é a escola do governo. É a escola nossa. É a escola do trabalhador, da trabalhadora, do menino, da menina, daqueles que tem a vida dura, difícil. 

E este exemplo, professora Marília, é um exemplo que precisa ser mostrado para todo o estado, é um exemplo que precisa ficar muito bem visto para que as pessoas saibam que é possível, sim, uma escola pública de qualidade social, uma escola pública que liberte de verdade e não essa escola pública que, na verdade, está querendo se impor por um processo que aniquila as possibilidades de crescimento de cada cidadão e cada cidadã que estão ocupando os bancos das escolas. 

Quero - não vou me alongar - e quero dizer o seguinte; companheiras e companheiros professores, trabalhadores da educação, nós temos dado mostra nesses anos todos que somos uma categoria organizada, que somos uma categoria que não perdeu a capacidade de se indignar com... Apesar de todos os ataques que tem sofrido.

Somos uma categoria que não luta apenas pelo lado coorporativo, ainda que seja fundamental que tenhamos perspectiva de carreira, que tenhamos salários decentes e que, diga-se de passagem, o estado de São Paulo, o mais rico da federação para repetir algo que já foi dito muitas vezes aqui, não paga o piso salarial profissional que foi uma conquista dos trabalhadores da educação deste país, dos professores. 

Ainda hoje, infelizmente, só pagam os professores, mas que é uma luta da CNTE. É uma luta de todos os trabalhadores para que seja estendido a todos aqueles que atuam na educação. 

Quero dizer para vocês - nós temos muito o que fazer. E se quisermos continuar honrando o legado de Paulo Freire, nós temos que enfrentar essa luta de frente. Nós temos que dormir e acordar na Assembleia Legislativa para impedir o ataque ao estado de São Paulo que está sendo perpetrado por este governador que está lá, hoje, no Palácio.

PLC 26 é o fim do estado, assim como a PEC 32, que nós estamos lutando em Brasília, é o fim do estado brasileiro. É a privatização total da educação, da saúde e de todas aquelas políticas públicas tão essenciais à vida do nosso povo. 

Companheiras e companheiros, parabéns. Façamos do nosso dia um momento de reflexão e um momento de reorganizarmos nossas energias e lembrarmos que o grande exemplo para os nossos alunos é mostrarmos a eles como se luta pelos nossos direitos. 

É dizermos a eles que o mundo é assim, não é porque Deus quis. O mundo é assim porque os homens e mulheres o fizeram assim. É isso que nós precisamos continuar dizendo, ainda que tentem nos intimidar, ainda que tentem fazer com que engulamos a escola militarizada.

Educação, escola pública não é local onde alunos e alunas sejam obrigados a ter um comportamento padrão. Quem quiser estudar em escola militar, vá para a escola militar. Opte por isso, mas a sociedade não pode se submeter a um modelo militar de organização.

Um grande abraço. Viva o trabalhador da educação. Viva a educação pública. Parabéns, companheira Bebel, mais uma vez, pelo seu trabalho brilhante aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Um abraço a todos. 

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - Obrigada, Leão. Sempre uma satisfação tê-lo aqui comigo, você sabe disso.

Te dou, com certeza você pode. A idade vai permitindo tudo para nós, Leão.

 

O SR. ROBERTO FRANKLIN LEÃO - A idade tem suas desvantagens, mas também tem suas vantagens. Eu queria só falar um pouquinho, rapidamente. 

A Bebel fez menção a um grande companheiro que ela está homenageando hoje e que eu tive a honra de ser chamado para falar no momento em que ela fazia essa homenagem, que é o companheiro João Felício, que foi presidente de Apeoesp. 

Um grande sindicalista, um grande professor, um homem que engrandeceu a nossa categoria. Eu tive a honra de ter sido seu vice-presidente na Apeoesp e queria também fazer a minha homenagem a esse grande amigo, a esse grande companheiro que foi o João Felício.

  Bebel, parabéns pela homenagem. Obrigado. 

 

  A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - E, para terminar, dizer que eu fui... Vou usar convencida, mas na verdade a gente acaba sendo cooptada nas assembleias da Apeoesp.

No dia, eu era bem jovem, eu estava na assembleia, eu não achava nada... Não que eu não achava nada, eu olhava todos que falavam, falavam de um jeito que não era vivido, vivenciado.

  Mas o João Felício, ele tocava. Porque ele falava verdadeiramente aquilo que eu achava. Não o que eu achava, o que eu sentia. Por exemplo, você pegava... Eu cito uns companheiros nossos, Valéria (Inaudível.), que delicia que deve ter sido militar ao lado dele. O Mauro Puerro. Do outro lado nós temos outros também, para não citar nome e não ficar indelicado. 

  Mas o João, quando ele só usou uma frase para nos demover que foi o seguinte - chamando atenção que se a gente entrasse de uma vez na secretaria, ele usou o termo "vai virar uma bagatela".

  Eu falei "que diabo é isso, Cristo? O que é bagatela?". Bom, eu falei "ele está certo". E me deu aquele insight e falei "eu quero ser da Apeoesp, eu quero participar do conselho, eu quero ser militante.".

  Então, eu tive... Falei isso para ele várias vezes “você fala, mas eu fui formada na sua escola.”. A transformação é essa. Nunca vai ficar igual, quem vier depois de mim vai fazer, vai ser o que é, não tem jeito. E é assim, ainda bem que seja assim. 

  Mas, de qualquer maneira, este foi o grande professor, sindicalista João Felício. Eu costumo dizer que ele era o equilibrista, porque ele vinha lá da escola do Cedom, da zona norte.

Mas era equilibrista das palavras também e demovia a gente, às vezes, de posições; e a gente não queria aceitar, fazia assim com a cabeça, não tinha jeito. Mas ele demovia, ele era muito firme, verdadeiro e duro, mas também condescendente quando era convencido.

Ele dizia: “se convencido for, acato a maioria”. Isso é grandeza. Onde ele estiver, salve, João Felício. Muito obrigada por tudo. (Palmas.)

Eu vou chamar a Tainá. Tainá, eu pensei aqui numa representação estudantil; mas em todo caso não é por isso que a gente vai deixar de dar a fala. Depois da Tainá, eu quero chamar um professor universitário que esteve comigo na CPI das Universidades. Saímos muito fortes daquela CPI. Eu e a minha Lecizinha do meu lado; éramos só nós duas que... Tinha o nosso querido Barros Munhoz, mas ele acabou fechando com o texto do governo. E eu e a Leci fizemos voto em separado.

Não, querido, você vai falar, senta aí. Então, que bom ter estado. Depois você faz uso da palavra. Para colocar a importância de uma luta muito grande que a gente faz, eu vou chamar o Moreno também, Moreno, porque a luta pelo Iamspe é nossa, e é importante que a saúde dos professores também seja celebrada no dia de hoje. Ele estava querendo escapar de mim para ir perto da Lúcia, mas vai desculpar.

Vamos lá, Tainá, por favor; com a palavra, você. E aí você já imediatamente homenageia o João. E tem a Júlia do Mab; está aí a Júlia? Eu quero que você fale também, Júlia, porque não deixar o Mab falar nessa seca que está acontecendo, na falta de energia elétrica... Eu acho que seria no entender de que a Educação tem tudo a ver com isso também.

Por favor, Tainá. Três minutos.

 

A SRA. TAINÁ WILLY - Três minutos, bem célere. Bom dia a todas e todos. Eu me chamo Tainá Willy, sou presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, a entidade que representa os universitários do nosso estado. E hoje é muito importante a presença dos estudantes também aqui nesta sessão solene, porque nós seremos os futuros educadores.

E estar presente aqui com educadores tão importantes, inspiradores, freirianos e lutadores é revitalizante, porque a luta pela Educação é uma das mais árduas no Brasil. Defender a Educação é uma luta cotidiana no Brasil. E os professores estão todos os dias na linha de frente, em todas as instâncias.

Mas eu dedico aqui uma homenagem especial aos professores da Educação Pública, porque os professores da Educação Pública se dispõem a dialogar com os jovens trabalhadores, a dialogar com os jovens em maior vulnerabilidade social.

E a partir disso depositar sonhos, depositar sonhos coletivos, belos sonhos, na cabeça e no coração de cada estudante, para que a gente possa, sim, a partir da Educação, transformar as pessoas. E as pessoas, então, transformarem o mundo.

Então, é uma fala bem célere, porque também temos mais pessoas aqui para trazer a sua contribuição, para homenagear esse dia, que é tão importante. Mas eu queria dizer uma frase do Paulo Freire em que ele diz que o educador se eterniza em cada um que ele educa.

E de fato muitos professores foram fundamentais para que eu estivesse aqui, mas para que todos estivessem aqui e para que a gente possa ter mais força e beleza na vida, para lutar. Beleza para enxergar propósito na luta.

Então, eu deixo aqui essa homenagem à professora e deputada Bebel e a todos que são educadores e estão aqui presentes. E dizer que nós, como futuros professores, nos inspiramos em cada um que passou aqui nesta tribuna e que está aqui hoje, e em muitos outros que não puderam estar presentes, mas que também são tão importantes quanto.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Muito obrigada, Tainá. Agora você vai homenagear o João, que já está subindo... João Charles, por favor. Fazer a “falinha”... Fala de três minutos. “Falinha” não, porque dá impressão de que a gente não valoriza a fala. São falas importantes.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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E chamo a Júlia para a Mesa. Moreno... Júlia e Moreno. E depois tem a Sara, que é da Uncme. Está aí, né? É importante; nós temos que ter a representação. Uncme é União Nacional dos Conselheiros Municipais. Nós temos que estar muito unidos nessa luta que a gente está fazendo. E essa representação é muito importante.

A gente já está indo para os “finalmentes”. Só que a gente tem um vídeo, antes, do Fernando Haddad. Antes da sua fala, João, se você me permitir, eu quero colocar o vídeo do Fernando Haddad, por favor.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - A gente tem uma réplica do Haddad no plenário, que é o Leandro. Vou chamar agora, então, o João. Olha, eu te homenageei lá. Ele falou que é professor universitário.

 

O SR. JOÃO CHARLES - Bem, queria saudar a todas e todos que estão presentes aqui. E queria saudar também a iniciativa desta sessão solene, do mandato da deputada Bebel.

E dizer que ela é uma das poucas deputadas, assim como a deputada Leci e outros poucos deputados, que honram o seu mandato e o colocam a serviço das lutas do povo paulista e brasileiro. (Palmas.)

Eu estou falando aqui em nome do Fórum das Seis, que congrega os sindicatos de servidores técnico-administrativos, docentes e representações estudantis das três universidades públicas paulistas e do Centro Paula Souza.

E não poderia deixar de mencionar aqui que nós temos um presidente da república que fez o que foi possível para atrasar o envio de vacinas, a compra de vacinas para o Brasil.

Isso envolto numa atmosfera, denunciada pela CPI da Pandemia, que implica situações de indícios de corrupção, de pessoas lucrando com o fato de que o povo brasileiro não estava sendo vacinado ainda e que o processo de vacinação estava sendo retardado.

Nós temos um ministro da Fazenda que lucrou, com a miséria do povo brasileiro, dezenas de milhões de dólares num paraíso fiscal no exterior. Do mesmo modo, o presidente do Banco Central.

E dentro desse processo, mais recentemente, todos vimos na imprensa uma mulher brasileira, mãe, que foi presa por ter roubado comida para os seus filhos no valor astronômico de 22 reais.

Essa mulher ficou presa, ela teve um julgamento em primeira instância e em segunda instância que a considerou um perigo para o povo brasileiro; e só foi revertido esse processo no tribunal superior.

Ou seja, tem algo de errado neste país, e tem algo de errado que nós professores temos o compromisso de mudar. E temos a condição de fazer isso.

Queria lembrar também que os nossos dirigentes - os nossos governadores, os nossos prefeitos, a presidência da república - em geral só se lembram dos professores quando eles querem nos confiscar direitos, quando eles querem diminuir nosso salário. E aí eu me lembro de uma fala que diz o seguinte: eles não são incompetentes, os nossos governadores; isso é projeto, é projeto político.

Qual é o projeto político? É diminuir a condição do professor, é evitar que a gente consiga produzir uma educação de fato, como está acontecendo em Heliópolis neste momento, em que não se conformam apenas com a situação de resistir, mas estão produzindo um avanço real no seu território.

E é um avanço real que os torna também tão perigosos ou mais perigosos do que essa mulher que roubou a comida para os seus filhos, porque estão ensinando o povo brasileiro a ter consciência crítica, a não ser subserviente às autoridades que nós temos neste momento.

E mais do que isto, nós precisamos fazer mais um movimento: de ensinar o povo a não votar nos canalhas que, uma vez eleitos, nos reduzem àquilo que nós somos neste momento. (Palmas.) E é por isso que, mais do que nunca, a figura da professora, a figura do professor deve ser valorizada neste país, porque é através da Educação...

Porque sem ela a gente não conseguiria isto: esta mudança, que todos nós desejamos, para um país que tenha igualdade, que tenha menos diferenças entre as pessoas; onde as pessoas sejam tratadas com dignidade e não tenha brasileiro que morra de fome, não tenha aposentado que viva na miséria.

Por isso é que nós precisamos do professor. Então, salve os professores brasileiros, salve as professoras brasileiras. Abaixo Bolsonaro, abaixo Doria. E viva Paulo Freire. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bom, eu tenho mais três falas e a gente vai para o encerramento, citando outras que nós... Eu tenho José Luiz Moreno, por favor. Você já foi homenageado, homenageou. João, vem homenagear para mim o Moreno, por favor. E depois a Sara, que está aqui entre nós.

Vou pedir para cada um que vai falando ir dando espaço para que a entidade apareça na Mesa. A Sara, que é da Uncme, está aqui; pode subir também. E a Júlia, do Mab. Eu acho que você que é do projeto de leitura... Mas eu vou pedir para a Tainá, se ela não se importar. Não, eu vou te dar, espera aí.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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O SR. JOSÉ LUIZ MORENO - Boa tarde a todos e a todas, aos professores e trabalhadores da Educação. Vou fazer uma história do Iamspe bem interessante. Desde o ano 2000, na primeira reunião em que eu estive no Iamspe, que foi com a Professora Bebel, que era a diretora, e também com o Carlão, saudoso Carlão.

Nisso, vendo toda a história, a saúde no nosso estado, eu sempre estava participando dos coletivos. Nessa parte toda do Iamspe, eu estou contando esta história porque, no ano de 2005, o nosso saudoso professor Carlão, que era presidente na época, me chamou e falou assim: “Olha, eu gostaria que você fosse a frente da nossa Saúde”.

Eu falei: “Mas eu não tenho experiência”; “Não, não é questão de experiência. Eu gostaria que você estivesse junto com os outros militantes da Saúde, estivesse somando cada vez mais”.

Eu peguei esse (Inaudível.) e levei adiante. Cheguei na coordenação; da coordenação, fui para a vice-presidência e, hoje, eu sou coordenador lá da CCM capital, tomando conta do hospital, também em geral, de tudo.

No começo da pandemia, eu fui convidado ao Conep, em Brasília, que era por aqui, porque eu sou coordenador do Conselho de Ética do hospital, aonde passam todas as situações, tudo de oncologia e demais especialidades que existem hoje.

Eu acho que o Iamspe é isso aí: é uma luta de todos que estão aqui e também, como se diz, “A educação transforma”, e transforma sim, de todas as maneiras possíveis.

Obrigado e parabéns, viu, para os professores. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Moreno. Vou chamar a Sara Camila Fernandes, que representa o Movimento dos Atingidos por Barragens. A Júlia Camila.

 

A SRA. JÚLIA - Júlia, sou eu.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Aí, tem... Moreno, você já... Já (Inaudível.). Então, homenageia a Júlia para mim e a Júlia homenageia, depois, a Sara. Aí, temos o professor Walter, que é da Fepesp e do Sinpro.

É isso, Walter? Claro que eu não poderia deixar de falar. É escola privada, lutou conosco nesta pandemia, né? Enfim, uma satisfação tê-lo neste evento também. Por favor, Sara, pode falar. Três minutinhos, aí já estamos acabando. Sara, pode sentar ali, Sara.

 

A SRA. JÚLIA - Boa tarde a todos. Meu nome é Júlia, eu sou do Movimento dos Atingidos por Barragens aqui do estado de São Paulo. Queria, primeiramente, né: Fora, Bolsonaro. Já iniciar a fala de forma auspiciosa. (Palmas.)

Queria agradecer o espaço hoje concedido pela deputada Professora Bebel, neste momento onde as homenagens se tornam ainda mais significativas, onde cada dia é um dia a mais que a gente consegue sobreviver no Brasil.

Este dia do professor e da professora é muito emblemático num momento onde a gente está passando pela pandemia e os professores e professoras serviram como salva-vidas de muitas crianças e de muitos jovens aí por todo o Brasil. Como a Bebel mencionou, a gente é um movimento social que luta pela água e pela energia como um direito, um direito humano, um direito básico.

Nesta pandemia, a gente viu como a desigualdade de acesso a esse direito afeta diretamente, também, o nosso acesso a outros direitos, como a saúde e a educação. Quantas crianças, aí no estudo a distância, não tinham nem internet - muitas, milhões, nem energia elétrica - para continuar seus estudos?

Foram as educadoras e educadores que viajavam, que imprimiam, tiravam cópias para conseguir continuar com os seus alunos, continuar apoiando os seus alunos na busca pelo conhecimento.

Quando milhões de crianças e suas famílias e comunidades escolares tiveram que lutar para conseguir continuar acessando a merenda escolar, diminuindo a sua carga no orçamento da família, foram ali os funcionários da comunidade escolar, as merendeiras, o pessoal da limpeza que continuaram trabalhando, que continuaram se arriscando na pandemia para garantir que essas crianças e esses jovens continuassem e pudessem se fortalecer e continuar estudando.

Então, a Professora Bebel é uma companheira muito valiosa para a luta do MAB aqui no estado de São Paulo, porque ela entende que a educação também é um direito básico, como vocês, os professores, professoras e estudantes que estão aqui.

Nesta luta pelos direitos, os nossos direitos como cidadãos brasileiros, que a nossa Constituição, depois de muita luta, conseguiu refletir, a gente tem que se unir para garantir que eles se concretizarão e que eles vão construir e embasar cada vez mais o futuro e o projeto de País que a gente tem.

É muito emocionante ver o Lula, o Haddad falando aqui, porque eu fui a primeira pessoa da minha família que pôde ir para a universidade, graças ao ProUni. (Palmas.) Depois de mim, a minha irmã também conseguiu estudar, graças ao Fies.

Então, essas oportunidades que esses governos trouxeram possibilitaram que a gente vislumbrasse um futuro possível, e é um futuro que, a cada dia que passa, a gente tem que continuar lutando por essa educação, pelo acesso à educação e pelo acesso a condições de vida que nos proporcionem poder desfrutar da oportunidade de acessar a educação.

Então, moradia, acesso a uma alimentação soberana e saudável, o acesso á água e à energia para avançar no conhecimento. Isso tudo é graças à luta dos professores, que, além de nos ensinarem na sala de aula, nos ensinam todo dia na resistência, na luta por condições dignas e respeitosas de trabalho.

Então, eu deixo aqui a minha homenagem, em nome do MAB, a todos os educadores e educadoras do Brasil, do estado de São Paulo, a todos os estudantes que estão aí apoiando os seus educadores e a toda a comunidade escolar, para que, daqui a dez anos, a gente volte aqui nesta data e venhamos, cada vez mais, ouvir histórias como a da professora e da escola lá em Heliópolis, onde já é uma escola em que a gente vislumbra um futuro, um futuro democrático e um futuro mais feliz.

Então, muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, agora, eu vou chamar o professor Walter e vou fechar com uma mulher. Então, o Walter Alves é membro da executiva da Fepesp e presidente do Sinpro Santos.

Eu tive a honra de, junto com o professor Celso Napolitano... Aliás, adoro, super tenho uma relação muito boa com ele, do ponto de vista mesmo de ação política.

Nós lutamos muito neste período, não contra a volta às aulas, porque nós somos “aqueles que não querem que os estudantes...”. A gente não quer que os estudantes morram e que a família deles morra.

É isso que nós (Inaudível.). Nós fizemos uma luta pela vida. Faria tantas vezes quanto fosse necessário para garantir que tivesse a vacinação dos profissionais da Educação, e nós conseguimos, para depois ter uma volta segura às aulas.

Não tem futuro se não tiver vida. Por isso, quem falou que houve um atraso na vacinação, sim, houve. O Brasil foi o que mais demorou para vacinar a sua população. Batemos o recorde: graças aos profissionais da Saúde, graças à estrutura do SUS, que ia ser privatizada, nós conseguimos a marca de 100 milhões de vacinados com segunda dose, ou dose única. Então, isso não é pouca coisa. Isso é trabalho de quem acreditou na vida. Muito obrigada. Passo agora para você, Walter.

 

O SR. WALTER ALVES - Obrigado, Professora Bebel. Bom dia, professoras, professores, todos aqueles ligados à comunidade educacional do nosso estado, em especial da cidade de São Paulo.

Nós estamos aqui representando a Federação dos Professores do Estado de São Paulo, uma entidade que agrega cerca de 25 sindicatos em todo o estado de São Paulo, representando cerca de 80% dos professores do ensino privado em nosso estado, desde a educação infantil até o ensino superior.

Infelizmente, o professor Celso não pôde estar presente, Professora Bebel, mas, em meu nome e em nome dele, eu trago aqui um forte abraço e parabenizo a iniciativa por este ato de solenidade aqui na Alesp, que é a Casa do povo.

Professora Bebel, professor João, nós estamos, as escolas e as universidades estão cercadas. Cercadas pelo obscurantismo, pelo terraplanismo, pela anticiência, pela antipolítica.

Estamos cercados pelos valores comerciais, econômicos dos grandes agrupamentos financeiros, que querem tomar conta de nossas escolas e das nossas universidades.

Chegando aqui, eu fiquei pensando assim: “Eu vou falar em nome e vou dizer que as nossas escolas e as nossas universidades são as últimas trincheiras”. Aí eu pensei: “Não, escola e universidade não são trincheiras”. As escolas e as universidades querem derrubar muros, querem construir pontes.

As universidades e as nossas escolas têm, no seu interior, a ciência, o conhecimento, o espaço de fala, onde nós queremos ouvir, nós queremos discutir, nós queremos planejar, nós queremos obter um País melhor.

Como nós vamos enfrentar esse cerco? Não é com armas. Nós vamos enfrentar esse cerco com o coração, com muita esperança, tendo, em uma mão, um giz e tendo, em outra mão, um livro. É assim que nós vamos enfrentar esse cerco. É assim que as entidades as quais eu represento...

Mesmo estando enfrentando o avanço do poder econômico transformando a educação em mercadoria, nós nunca podemos perder de vista a luta que nós temos que travar com a educação pública, de qualidade e inclusiva, porque é nisso que nós acreditamos, porque é lá que está a nossa razão de ser, que são esses jovens que estão aqui, que são aquelas crianças que sorriem.

É com esses instrumentos que nós vamos enfrentar esse cerco. Então, para encerrar, eu não gostaria de encerrar com uma tristeza, porque o dia dos professores, para mim, professor de história de ensino médio, sempre foi um momento de reflexão, mas também de muita alegria, em que eu buscava as lembranças da sala de aula.

Já estou aposentado e estou na militância sindical, e eu vou encerrar dizendo uma coisa que eu ouvia sempre de um aluno que foi muito marcante em toda a minha história na sala de aula, quando ele dizia para mim assim: “Professor, obrigado. Amanhã, tem mais”.

Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Antes da Sara, eu ainda tenho o vídeo - não posso cometer a indelicadeza de não passar - que é do sociólogo e professor Cesar Callegari. O Cesar foi meu companheiro no Conselho Nacional de Educação e é muito importante que a gente ouça as palavras dele. Por favor, Cesar Callegari.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Chamo a Sara. Por favor, Sara, da Uncme, que é a União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação. (Palmas.)

 

A SRA. SARA ISABEL - Boa tarde a todos e a todas que estão presentes aqui. Eu sou a professora Sara Isabel. Eu represento a Uncme - São Paulo na diretoria da Uncme, na presença do professor Milton Herrera, que manda um abraço a todos. A Uncme - São Paulo quer informar a todos que, ontem, soltamos uma nota em que somos contra o retorno 100%, neste momento. (Palmas.)

Não é tempo, ainda, de colocar os nossos estudantes em risco, principalmente os que só tomaram a primeira dose da vacina. Então, a Uncme se manifestou ontem, através de uma nota pública.

Eu trouxe para compartilhar com vocês, fechando, e parece que tudo corrobora. Complementando as palavras da Júlia, eu recebi uma carta da minha sobrinha e eu queria compartilhar com vocês.

É uma menina que acabou de sair da universidade, que estava casada, que perdeu o marido na pandemia, mas que, ainda assim, teve tempo de ter um olhar para os professores.

“Em algum momento da vida, lemos ou ouvimos, em algum lugar, que, se não fossem os professores, os mestres, não seríamos ninguém. De fato, não seríamos, mas até ontem não sabíamos o valor de um ensinamento e precisamos de uma pandemia mundial para descobrirmos o quanto é valioso ensinar.

Quando toda uma população precisou desenvolver um pouquinho do seu lado didático para que os filhos acompanhassem suas aulas online, descobrimos que um grande mestre não abre um livro dentro de uma sala de aula, e apenas dita palavras.

Descobrimos que para ensinar é preciso se doar, se dedicar, é preciso ter paciência, é preciso ter dom.

Nesses dois (Inaudível.) anos, mais do nunca, os professores fizeram das tripas o coração, para que os seus estudantes não perdessem conteúdos e conhecimentos, não ficassem, como diriam todos, no prejuízo.

Vimos professores acompanhando o que o governo propunha, e doando muito mais do que podiam para que o ensino remoto funcionasse, tentando passar para seus estudantes que a educação sempre vence e sempre vencerá. E tem vencido apesar de todas as dificuldades encontradas.

A vocês, grandes mestres, pessoas dotadas de um excepcional saber, competência e talento, seja em qualquer área, nas ciências, nas exatas ou na arte, nossos parabéns e nossa profunda gratidão.

Vocês são seres humanos incríveis que deveriam ocupar o lugar de honra na sociedade, por compartilharem o saber, o dom, o amor de vocês, sem olhar a quem, rompendo fronteiras.

Se o futuro de uma nação são as crianças, está mais do que na hora de valorizarmos quem as ensina, quem as prepara. Educar sempre foi e sempre será uma missão.

A maior riqueza do ser humano é o conhecimento que ele adquire. E, como diria Paulo Freire, eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso. Amo as gentes, amo o mundo, e é porque amo as pessoas e amo o mundo que brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.

A Uncme São Paulo deseja a todos um feliz Dia dos Professores. (Palmas.) Continuamos na luta. Fora, Bolsonaro, chega.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Sara. É sempre uma satisfação ter as diversas representações e segmentos. A Educação é assim, ela não é, como dizia Paulo Freire, vovô viu a uva.

Mas é o contexto que deve orientar o ato de educar. Por isso, ele sofreu muito, porque com isso se politiza, e politizar não é pecado. Pecado é armar a população, tirar vidas, é não ter compromisso com vidas.

Isso é pecado, isso não está certo. Mas politizar, tornar consciente e deixar que cada um faça a sua escolha, esse é o caminho correto, que é a pluralidade de ideias, de posições, que nos permite, como cidadãos e cidadãs, que somos, abrir uma fronteira e lutar a cada momento por tudo aquilo que nós acreditamos.

Por isso me tornei professora. Eu me tornei professora porque eu acreditava. Não faria sentido para mim um escritório, como a minha irmã quis, desviou o meu caminho, professora no ensino médio, que eu ia fazer magistério, falou, mãe, tenho que estudar contabilidade para arrumar emprego logo.

Minha mãe falou, então todas as duas vão estudar contabilidade. Eu falei, mãe, mas eu não quero. Eu quer ir fazer lá o Sud Mennucci, que é a escola primária. Eu queria começar já como professora primária.

Mas como a gente não tinha dinheiro, minha mãe falou, não, todas as duas vão para o mesmo lugar, porque uma olha a outra, porque ainda tinha essa questão da moralidade.

Como é que iria uma sozinha sem a outra para não ter como contar? Tinha que ter. Eis que a minha danada da minha irmã mais velha ela casou-se no segundo ano de contabilidade, e eu tive que ir até o final da contabilidade, para depois fazer a minha escolha, que foi fazer letras.

Então era um sonho meu ser professora, eu dava aula para eu sozinha, meus irmãos tinham que ser meus alunos, e se não quisessem eu punha um monte de tijolo, cada um tinha um nome, eu falava com os tijolos.

Mas é isso, é um pouco disso. Quem sonha sonha da forma como pode. Eu sonhei, eu consegui ir dar aulas. Eu costumo dizer, falava sempre para os estudantes: vocês entram na minha casa o tempo todo. Eu não, professora, eu não estive lá.

Eu falei: Eu não levo prova? Eu não levo os trabalhos de vocês? Toda hora lá eu pego e vejo, João não sei o que, 'Roberto não sei o que, e a gente vê a cara de quem? De quem na hora que você está corrigindo você está vendo, o rostinho de cada um.

Eu tomava muito cuidado para não ler nome quando eu dava prova dissertativas, porque se não você muda o critério, dependendo de quem está sendo. Eu falei, eu não vou ler nome, então lia, corrigia um pacote de provas assim.

Passava domingos, às vezes. Mas isso era um envolvimento, as pessoas não têm ideia de o que é o ato, de o que é ser um educador, um professor. Eu tenho muita vontade de voltar para as salas de aulas.

Se tiver oportunidade eu quero voltar, ainda que eu esteja com bengala eu quero voltar, porque é um revigorar o tempo todo. Dizem que a gente sai. Hoje é verdade, por conta da falta de condições de trabalho.

De fato, o professor se adoece, fica com problema na voz, LER, tendinite, estresse, e tudo o mais. Mas quando eu comecei, eram salas numerosas, mas também me lembro que eu entrava nas salas de aula, eu esquecia do problema.

O problema era quando eu saía da sala de aula. Aí vinha tudo. Então era uma energização muito forte. E o mais lindo é quando eu preparava uma aula de acordo com os scripts, e a aula não virava do jeito que eu tinha preparado.

Eu chegava, já estava feita a roda. Eu falei, ué, mas quem mandou fazer a roda?” “Nós, professora. Hoje é dia de debates, porque eu dava debate. Então, mas era a forma de eu fazer. Então tá, então vai ser o debate em cima do texto que nós trabalhamos.

Sim, em cima do texto. Então vamos reler, e ali ficava. Então acho que foram os melhores momentos da minha vida. E hoje criminalizam muito os professores que têm experiência, Marília.

Dizem que ex-professor não podem ser valorizados. Por isso, não, quem tem experiência agregou muito conhecimento, e isso não pode ser criminalizado como se fosse o antigo. Não é o antigo.

A cada momento, nas salas de aula, a gente reinventa. Você reaprende, você, ontem eu estava até conversando com um deputado, falou, Professora, mas eu não sou favorável a esse negócio de por igual aluno com professor.

Eu falei, não é isso. Até o aluno sabe que não é isso, que nós vivemos mais que ele, e que tem uma questão geracional. Eles sabem disso. O que nós não podemos é tratá-los a chibatadas.

Isso não dá certo. Ou no castigo, como escola cívico-militar. O próprio nome dizer vico-militardelimita os muros da escola. Escola não é para ter adjetivo. A escola tem que ser pública, de qualidade, plural, e para todos. Essa é a escola que tem que ser, a escola dos sonhos, popular, no dizer da Marília. Um pouco disso.

Vou pedir para o Wilson também proferir palavras, Wilson, e ao mesmo tempo dizer as representações que estão aqui. Mas diga alguma coisa, esteja à vontade, para eu ler o ato de encerramento desta sessão.

 

O SR. WILSON - Boa tarde a todas e a todos. Bom, Bebel, primeiro parabenizá-la pela organização desse evento.

Eu me sinto muito orgulhoso de fazer parte da sua assessoria, e me sinto também contemplado como professor, que sou, também, professor universitário, e também me sinto homenageado na data de hoje, nesse dia tão importante, que é o dia do professor, esse momento de reflexão tão importante sobre o significado da educação e sobre o protagonismo que esse profissional exerce na formação de tantas e tantas gerações.

Com isso eu quero registrar aqui a presença de pessoas que são muito importantes para a atuação parlamentar do mandato popular da Professora Bebel: o José Geraldo Pinto, da Unas, a Maria Lúcia de Almeida, também da Unas (Palmas.), a Terezinha Satec, da Unas (Palmas.), também da Unas, a Priscila do Amaral (Palmas.), a Vera Lúcia, ainda da Unas (Palmas.), os companheiros da Apeoesp, Maria Lúcia de Almeida (Palmas.), Zenaide Onório (Palmas.), Flau de Azevedo (Palmas.), a Ana Cristina do Nascimento, da Uncme (Palmas.), o Ismael de Jesus Morales, diretor da Pase  (Palmas.), a Vanessa Laureano da Silva Santos, diretora da creche da Unas Frei Sérgio (Palmas.), Tiago Fainer, presidente da Uesp-Piracicaba (Palmas.), professor Valmir Siqueira, coordenador nacional do coletivo LGBT da CUT, diretor da Apeoesp (Palmas.), e o Darlécio Victor, presidente do Professorado Católico (Palmas.).

Obrigado, Bebel. Parabéns por esse belíssimo evento.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, antes de ler eu tive a oportunidade de estar, no último 12 de outubro, em Aparecida do Norte. Eu sou católica, eu também tenho que dar uma banhada no meu espírito, porque ninguém aguenta tanta militância e tanta porrada sem nos apegarmos.

Mas fiquei muito contemplada com a palavra do cardeal, quando ele diz: tria amada não é tria armada. (Palmas.) Não pode ter um governo sem plantar o amor. Não pode plantar o ódio, não pode ter fake news.

Eu acho que serviu muito bem para o cidadão que esteve, eu acho que ele tem o direito de ir onde ele quer. Eu acho que as igrejas têm que estar abertas para quem quer que seja, para que religião for.

Mas no momento ali, em Aparecida do Norte, em que você vê pessoas tão pobres vindo de locais tão distantes, enfim. Não condizia com o momento pelo qual passa o País: fome, miserabilidade absoluta, desemprego e mais de 600 mil mortes.

Isso, por si só, fala por que não era o momento de o presidente da República estar em Aparecida do Norte. Ali é quem está buscando a esperança. Numa fila chorava, chorava, uma senhora dizendo, fiz promessa para Nossa Senhora de Aparecida me curar de Covid, e ela me curou. Vale, gente.

A fé é alguma coisa que se eu não acreditar em alguma coisa, eu também não vou aguentar. E para mim, até eu conversei com um jovem fotógrafo que estava comigo, o Guga, eu disse, Guga, o que me deixa forte aqui é saber que todos vêm em nome do bem: ou quer melhorar alguma coisa, ou quer saúde para a família, quer, enfim, arrumar emprego.

Então ali é um conjunto de energias positivas, e você se sente bem porque você também está buscando alguma coisa. Eu busco incessantemente e verdadeiramente, sim, melhoria na Saúde da minha família, de uma irmã que sofre, foi acometida por um câncer de mama.

Eu busco incessantemente, será por tantas outras coisas, mas eu busco incessantemente, desde que me tornei militante de sindicato, a melhoria dos professores do estado de São Paulo. (Palmas.)

E nós vamos ter de conseguir. Não é possível que só os grandiosos vençam. Gandhi já falava isso: o que me deixa mais tranquilo é que um dia os tiranos cairão, e vão cair. (Palmas.)

Antes, porém, eu tenho que ler o termo de encerramento, que é o seguinte: esgotado o objetivo da presente sessão, eu agradeço às autoridades aqui presentes, à minha equipe, aos funcionários, ao Serviço do Som, que brilhantemente trabalharam, da Taquigrafia, da fotografia, do Serviço de Ata, do Cerimonial, da Secretaria-Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, muito obrigada, da TV Alesp, das assessorias policiais, militar e civil, bem como todos os que, com suas presenças, colaboraram para o pleno êxito dessa solenidade.

Está encerrada esta sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 13 horas e 28 minutos.

 

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