15 DE OUTUBRO DE 2021
5ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO DIA
DAS PROFESSORAS E DOS PROFESSORES
Presidência: PROFESSORA BEBEL
RESUMO
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- Assume a
Presidência e abre a sessão a Sra. Professora Bebel.
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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT -
Eu gostaria de chamar para a mesa Roberto Franklin de Leão, por favor.
(Palmas.) João Marcos, representando a Afuse. (Palmas.) Volmer Aldemo.
(Palmas.) Também vou chamar o Fábio, representando a Apeoesp, e o Leandro,
Afeesp. (Palmas.)
Tem mais alguma
entidade que eu não chamei? (Vozes fora do microfone.) Tá, mas é que a gente
vai fazer no estilo que a gente fez na outra, a gente vai passando as palavras
por entidade, um sai, outro... Entendeu? É isso. Vou pedir para ir pondo as
cadeiras ali atrás, que a minha assessoria faça isso, por favor.
Pergunto para a
rede Alesp se já está no ar. Não? Ok.
Bom dia a todos
e todas que estão presentes nesta sessão solene, no dia 15 de outubro de 2021.
Senhoras e senhores, bom dia. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo.
Esta sessão
solene tem a finalidade de homenagear o Dia dos Professores e das Professoras.
Comunicamos aos presentes que esta sessão está sendo transmitida ao vivo pela
TV Alesp e pelo canal no YouTube.
Eu, primeiro,
vou abrir por três minutos para as entidades, entre dois vídeos. A cada duas
falas eu vou passar um vídeo para a gente poder dar conta até o final. Antes,
porém, quero fazer a minha exposição, a minha alegria de estar aqui no dia de
hoje, então vou usar a tribuna. Com licença. (Pausa.)
Meus colegas,
minhas colegas, eu saí de casa hoje, Leão, Fábio, Leandro, João Marcos, também
o querido Levy, que está comigo nos trabalhos, eu cumprimento até toda a equipe
que me ajudou a organizar este evento, eu saí de casa hoje pensando, eu sempre
falei tanto da vida dos professores, sobre os professores, dos professores, o
que eu vou dizer?
Eu quero dizer
para vocês que se eu tivesse que escolher novamente uma profissão, com todas as
dificuldades por que nós passamos e estamos passando, eu escolheria novamente
ser professora. É a mais importante categoria, é a categoria que merece todo o
respeito. (Palmas.)
Eu me emociono
por nós, eu me emociono porque os governantes, meus queridos e as minhas
queridas, não tem nenhum apreço por essa categoria. Por que é que os
governantes muito pouco fazem por ela? Eu me pergunto e fico dizendo o
seguinte: “Meu Deus do céu, o que foi de errado o que esta categoria fez, se
não foi formá-lo para ser governador, para ser tudo?”.
Ele não foi
formado para ser, mas chegou ao cargo de governador para que, de que forma,
chegou ao cargo de deputado como, chegou ao cargo, seja de que cargo for,
passou pela mão de professores. (Palmas.)
Isso me dói.
Dói ter que subir a esta tribuna e o professor ser tratado, foi usado esse
termo, professor, como vagabundo. Nós não somos, nós sabemos disso. Nós temos
direitos que estão querendo arrebatar agora através do PLC 26. Nós não vamos
deixar, nós vamos lutar a cada momento.
Cada uma das
batalhas nesta vida, cada momento meu, cada minuto meu é dedicado à luta dos
professores do ensino oficial do estado de São Paulo e dos educadores de forma
geral, porque aqui não há diferença entre, é claro, há uma especificidade em
cada um dos segmentos nas escolas, mas todos somos senão, e acima de tudo,
educadores, com toda a honra.
Um forte
abraço. Sejam bem-vindos todos e todas e muito obrigada. (Palmas.) Vamos
celebrar, porque é uma homenagem mesmo. Nós muito pouco temos o que comemorar,
mas celebrar.
Eu estou vendo
o (Inaudível.) sentado no meu cantinho, que é o meu cantinho quando estou como
deputada. Você se sentou aí, muito bem, quem sabe você se senta aí um dia, se
Deus quiser. Um beijo, muito obrigada. (Palmas.)
Eu tenho dois
deputados que chegaram e vão dar uma saudação para nós, que é o companheiro
Maurici, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo. (Palmas.)
Já passo
imediatamente a palavra para ele. E também o Paulo Fiorilo. Paulo é professor
também. (Palmas.) Está aqui entre nós. Paulinho, a gente invadiu o plenário,
mas hoje era o dia deles e eu deixei, tudo bem? Vou pedir para alguém pôr uma
cadeira para o Paulinho, porque escutar de pé é duro. Difícil, aliás.
Maurici,
querido, com a palavra, por favor.
O SR. MAURICI - PT - Bom dia,
Bebel. Quero cumprimentar a minha companheira de partido e de bancada. E, ao
cumprimentá-la, cumprimentar todos os professores e professoras que estão aqui
nesta audiência pública, em que nós comemoramos o Dia da Professora, o Dia do
Professor.
Carlos Drummond
de Andrade tem um poema que em um trecho ele diz que “lutar com palavras é a
luta mais vã, entanto lutamos mal rompe a manhã”.
Eu, quando ouço
esse poema, esse trecho em especial, me recordo da atividade que todos os dias
professores e professoras fazem em todo o País, em todo o mundo, que é preparar
nossos meninos e meninas não apenas para o mercado de trabalho, mas para formar
cidadãos e cidadãs, tendo claro que a educação é a ferramenta mais eficaz de
transformação das desigualdades econômicas e sociais e da conscientização de
que toda vida importa e que é fundamental nós termos respeito por seres humanos
e por todos os seres vivos deste planeta, que coabitam conosco, que nós não
somos uma ilha.
Mais do que
isso, a nossa ideia de espécie hegemônica no planeta tem nos levado à
destruição. Por isso, eu fico muito feliz de participar, Bebel, desta
homenagem. Meus parabéns a todas e todos vocês.
Um grande
abraço. Obrigado. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT -
Muito obrigada, Maurici. É uma honra tê-lo ao meu lado. Dizer para você que
para mim foi uma grata surpresa.
Digo mais
ainda, acho que hoje, mais do que nunca, nós estamos unidos, nós temos o PLC
26, interessantemente a gente sente esse olhar até de outras categorias para
com os professores e os servidores públicos do estado de São Paulo. Isso é
muito importante, quando a gente tenta tocar. Acho que estamos sendo tocados.
Eu queria que
você ficasse, porque tem um vídeo importante para nós logo em seguida.
Paulinho, por favor, querido.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Bom
dia a todos e a todas. Bem-vindos, bem-vindas. Saudar aqui a minha líder, a
minha professora, a minha dirigente Professora Bebel e, em nome dela, todos os
que compõem a mesa. Saudar também o meu colega Maurici, meu companheiro de
bancada. Maurici começou com uma citação e me impôs fazer outra.
Eu vou fazer do
Rubem Alves, eu citei para os alunos do Heliópolis, porque para mim o Rubem
Alves é uma referência da Educação, na formação, no debate político, mesmo que
tenhamos algumas divergências. Ele tem um texto que diz assim, ensinar é um
exercício de imortalidade, de alguma forma continuamos a viver naqueles cujos
olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim,
não morre jamais.
Acho que dentro
de cada um de nós que somos educadores, educadoras, está sempre a utopia, o
sonho de transformar esta sociedade a partir de uma sala de aula, a partir dos
alunos, das alunas, a partir da possibilidade de a gente transformar.
Transformar é
uma coisa que é feita de forma mútua, conjunta, nunca individual. A
transformação faz parte do nosso dia a dia e a gente precisa ter a
sensibilidade de perceber como ela nos toca, como ela nos transforma.
Então eu queria
deixar um abraço fraterno, carinhoso a cada educador, a cada educadora, aqueles
que persistem na luta. Eu aprendi, Bebel, com o pessoal da moradia, uma palavra
de ordem que me é muito cara.
Eles dizem
assim, quem não luta está morto. Nós continuamos vivos e lutando, porque
acreditamos que é possível mudar esta sociedade, é possível mudar essa lógica
do negacionismo, do acirramento de posições para uma sociedade muito mais
fraterna, justa e digna.
Um abraço a
todos e parabéns. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT -
Obrigada, Paulinho. Também tenho a honra de estar ao seu lado na Assembleia
Legislativa, primeira gestão nossa. Do trio, não é? Nós somos novatos, embora
muito bem vividos, mas novatos aqui na Assembleia.
Agora esse aqui
foi prefeito duas vezes, enfim, tem aí toda uma trajetória. O Paulinho também
já foi do Legislativo municipal, também está contribuindo, os dois contribuindo
muito aqui com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Eu vou passar
um vídeo. Abstraiam de vocês a questão partidária. Às vezes vocês vão dizer:
por que ela escolheu esse vídeo? Porque é o vídeo mais verdadeiro. Todos os
vídeos são verdadeiros, mas esse é de quem não é professor, mas fala com
clareza da importância da educação e do professor na vida de cada um, cada uma
de nós.
Por favor,
coloque o vídeo do presidente Lula, para mim, por favor.
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- É exibido o
vídeo.
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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bom,
eu vou agora então, eu vou ter que começar um momento, que é o momento, depois
eu volto às entidades, mas eu convidei, eu tenho muito carinho com uma comunidade,
aliás eles gostam que a gente fale que é a favela de Heliópolis, que tem um
projeto, Leão, que chama Bairro Cidadão.
E eles têm um
projeto educacional espetacular. Eu fiquei pensando: quem vai palestrar, quem
vai palestrar, vai palestrar quem não só, não tiro a importância de quem
estuda, de quem faz análise, nada disso, mas eu acho que dar evidência àquilo
que vira evidências depois, que são as pesquisas científicas, acho que é muito
importante.
Por isso,
Marília, venha dar sua aula para nós, por favor. (Palmas.)
É uma
satisfação muito grande tê-la aqui (Palmas.) enfim.
A SRA. MARÍLIA DE SANTIS - Bom
dia a todas, a todos. É um enorme prazer estar aqui com vocês. Meu nome é
Marília De Santis. Eu sou diretora de escola da rede municipal, sou diretora da
Emef Gonzaguinha, no Heliópolis, que fica no coração de Heliópolis.
Estou aqui com
os meus companheiros da Unas, uma associação de moradores fantástica (Palmas.)
que faz um trabalho excepcional no território já há 40, mais de 40 anos.
Estou aqui
também, vou pedir a permissão aqui para a Professora Bebel para dividir a minha
fala com um mestre querido, que foi um diretor de escola que me ensinou muitas
coisas sobre educação, que é o professor Braz Nogueira.
E estou muito
feliz por poder estar aqui hoje na Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo com professores e estudantes da minha escola, que estão entrando aqui
hoje pela primeira vez: Davi, Samuel, estudantes do 8º ano, que estão
encantados com a possibilidade de estar numa Assembleia Legislativa entendendo
um pouco mais como funciona o mundo.
A gente tem
feito algumas assembleias na nossa escola. A gente tem buscado tomar decisões
de modo que as crianças possam participar dessas decisões, porque eles têm
saberes, eles têm condições de exercer cidadania, eles não estão sendo
preparados, eles já são cidadãos. Então estar aqui hoje é muito especial para a
gente.
Então eu
agradeço muito, Professora Bebel, uma inspiração para a gente também, sempre
companheira da nossa comunidade, nas nossas lutas, apesar de hoje ser um dia
muito difícil para o funcionalismo público.
Essa levada de
retirada de direitos que a gente vem sempre tendo que enfrentar, a gente não
perde a esperança, a gente não perde a fé, a gente não perde o nosso foco na
construção de um bairro educador, na construção de uma cidade educadora, de uma
nação educadora.
Não acreditamos
que exista outro caminho para o desenvolvimento da sociedade. Ou a gente
investe com atenção, carinho e cuidado, de verdade, não são só palavras, todos
os dias nessa luta de uma educação pública, popular e de qualidade, ou a gente
não vai sair desse buraco.
Então eu
agradeço demais essa homenagem, agradeço demais a possibilidade de estar aqui
com vocês, hoje, e gostaria muito de compartilhar aqui no espaço com o
Professor Braz Nogueira.
Obrigada.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
Marília.
Braz, a palavra
é com você agora. Por favor.
O SR. BRAZ NOGUEIRA - É uma alegria
muito grande estar aqui. Professora Bebel, se a gente tivesse esses
reconhecimentos, se isso fosse uma prática da nossa sociedade a Educação desse
país funcionaria.
Eu antes quero
fazer aqui um desabafo, que a Bebel já falou. O nosso vereador Fernando Holiday
falou que o funcionalismo, os professores são vagabundos. Depois eu penso um
pouco no presidente da República que nós temos, e eu me pergunto: a Educação
desse país funciona? Através dela nós nos tornamos cidadãos e cidadãs? Nós
aprendemos a votar?
Essa é uma
pergunta que dói, dói principalmente porque ali em Heliópolis eu cheguei para
ser diretor da escola Campos Sales, em 95. Já tinha uma luta, já tinha várias
forças educativas na comunidade, e uma das forças educativas era a Unas.
O João Miranda era
o presidente e a Genésia que começou a organizar o povo, e surgiram comissões
de moradores. Então o João acabou entrando na luta por causa da Genésia. E o
que a Genésia buscava? Ela buscava unir as pessoas, desenvolver uma consciência
comunitária.
Eu cheguei lá
em 95. Percebendo que existia essa força, eu tentei me colocar junto com essa
gente. E a atuação da escola que eu era diretor foi para além dos muros da
escola.
Então a Unas, a
presidente, hoje, é a Cleide, que está aqui. A Unas e o Campos Sales deram
início a um movimento que nós chamamos de Bairro Educador. São várias escolas
da região que foram contaminadas por essa ideia do Bairro Educador.
E hoje nós
temos uma escola aqui, a Escola Gonzaguinha, cuja diretora é a Marília, alunos
e professores dessa escola. E o nosso compromisso, junto com a Unas e outras
escolas, é tentar unir todas as entidades de Heliópolis, e junto, cada vez mais
forte, exigir que o Poder Público faça a parte dele, e que Heliópolis seja um
espaço de vida para todo mundo que nasce.
Eu, esse Bairro
Educador é a razão da minha vida. Só que eu gostaria de dizer que, para o que
sonhamos, nós estamos apenas no começo, porque nós vamos ter que articular, nós
vamos ter que ter uma consciência coletiva, que só restará ao Poder Público
fazer aquilo de que as pessoas necessitam.
E nós não
estamos pensando só em Heliópolis não. A gente está pensando na cidade de São
Paulo. A gente está pensando no estado. A gente está pensando no Brasil, quiçá
no mundo. A Educação transforma, e nós em Heliópolis estamos percebendo na
prática que a transformação social se dá realmente pela Educação.
A gente está
trabalhando para que cada um libere o educador que há dentro dele. Dentro da
escola, há educadores. Só que eles vão se sentir bem, tranquilos, quando se
unirem aos outros educadores da comunidade, que são os alunos, os pais dos
alunos, as lideranças comunitárias. e a escola vai virar uma comunidade, parte
de uma comunidade maior. E eu torço para que isso ocorra em todo o Brasil.
E parabéns, professores.
Eu faço as minhas palavras as palavras do Lula, quando mostrou que realmente o
professor, a professora, são grandes neste País, só que a gente tem que
construir uma realidade para ser grande na prática. (Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
Braz. É sempre uma satisfação ouvi-lo e também ter você aqui nesta solenidade.
Para nós, é uma honra, muito obrigado.
Eu vou passar
agora a palavra para o João Marcos, porque eu estou naquela de rodar a mesa,
porque assim, a mesa é rolante hoje, de novo. Parece esteira, né? Vai rolando e
vai...
Passo a palavra
para ele, depois... Eu acho que é até importante, eu vou pedir para a
assessoria já pegar as homenagens e a gente já vai entregando as homenagens à
medida de que termina de falar, a gente ganha tempo, para não fazer de novo
tudo que fizemos. Na outra, deu certo, mas é isso. Com a palavra, você, João
Marcos.
João Marcos é
da Afuse, que é a Associação de Funcionários de Escolas do Estado de São Paulo,
está conosco nesta luta. Nós somos coirmãos ou irmãos, entidades irmãs, né? Por
isso eu fiz questão de destacar que funcionários de escolas e professores somos
todos educadores. O ambiente escolar é, em si, educador.
Por favor, João
Marcos.
O SR. JOÃO MARCOS - Bom dia.
Obrigado, Bebel, e parabéns para cada professor de qualquer canto deste estado,
deste País, porque a gente sabe que quando entra na escola, a gente lembra lá
do primeiro professor, dos que marcaram a vida da gente, né? Hoje, com 55 anos,
não terminei o ensino superior ainda por falta de oportunidade, um pouco igual
o Lula disse, preguiça.
Mas eu lembro
da minha professora que me alfabetizou, cartilha (Inaudível.), professora
Carmen Ruth, essa marcou minha vida, me ensinou a escrever, me ensinou a ler.
Meus professores de 5º a 8º ano, professor Nelson, que é do PT, já foi vereador
em Poá, me ensinou muito geografia, enfim. Professora Maria Aparecida Aranha,
professora que de fato me ensinou a escrever, que descolou o mundo.
E alguns professores
tiveram passagem marcante, né? Professora Maria Lúcia, de português, lá da
escola Maria Aparecida Ferreira, em Poá, onde fiz meu ensino médio, onde tive o
prazer de conhecer o campo político e ser o primeiro presidente do grêmio
daquela escola, que eu lembro que a gente causou uma grande revolução. A gente
fazia da nossa escola o nosso espaço.
A comunidade é
o nosso lazer, onde de sábado a gente ia com os professores que, de fato,
acreditavam na educação passavam o dia com a gente praticando esporte,
ensinando alguma coisa, a gente limpava a escola, limpava a caixa d’água, a
gente se sentia dono da escola. E hoje a escola carece disso, de gente que
acredite de fato que a Educação pode e transforma as pessoas.
Que a escola
tem que ser um espaço de gestão democrática, que a escola tem que ser um espaço
de aprendizado diário, que o aluno não aprende só dentro da sala de aula. O
aluno aprende na hora que ele entre no portão da escola até ele sair da última
aula às 23h, porque nós, funcionários, educamos também. Somos educadores - não
temos a formação, mas somos educadores.
Somos grandes
psicólogos, tratamos dos alunos no pátio, cuidamos da nossa comunidade,
conhecemos os problemas da comunidade. E nós temos a maior joia na nossa mão
hoje, que são os nossos alunos, que cada professor que está em cada sala de
aula hoje luta por uma questão simples: educação pública e de qualidade.
Como diz aqui o
Braz, que me antecedeu aqui, de Heliópolis, que o reconhecimento do professor,
o reconhecimento da Educação tem que ser valorizado, tem que ser reconhecido,
com gestão democrática, com investimento de fato em Educação, investimento em
pessoas.
Não o que
acontece hoje dentro desta Casa, onde vem apontando um PLC 26, que nós estamos
em uma luta ferrenha aqui diária para brigar para a população ter um serviço de
qualidade.
Prova que nós
não estamos discutindo nem reajuste salarial. Estão aqui todas as entidades
participando, não pusemos na pauta salarial, que deveria estar. Nós estamos
discutindo a melhoria da qualidade de ensino que São Paulo merece, porque não
dá para o maior estado da Federação pagar o pior salário do Brasil para um
funcionário de escola, onde a gente hoje recebe um abono para chegar ao salário
mínimo.
Como tem muita
gente, não quero me alongar, mas vamos parafrasear, porque tem um pedaço da
história de Paulo Freire que, para mim, diz muito do que é educar: “É preciso
esperançar.
É preciso ter
esperança do verbo esperançar, porque a gente que tem esperança do verbo
esperar, esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é
construir, esperançar é não desistir, esperançar é levar adiante, esperançar é
juntar-se com outro para fazer um outro mundo, um mundo melhor”.
Isso nós
estamos fazendo no dia a dia, cada professor, cada funcionário de qualquer
canto deste estado, deste País, deste mundo, que a gente está acreditando que a
Educação vai e pode transformar as pessoas.
Uma salva de
palmas para cada professor, cada professora deste estado (Palmas.), e vamos à
luta. Vamos derrubar e vamos construir no próximo projeto para São Paulo. Um
grande projeto para a Educação, um grande projeto construído pela classe
trabalhadora e pelos trabalhadores em Educação, pela comunidade escolar, uma
escola de fato que me represente, uma escola de fato que represente os alunos
que estão aqui, que esse espaço é nosso, e nós não vamos abrir mão da Educação
nunca. Muito obrigado, um abraço e um beijo no coração de todo mundo. (Palmas.)
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* *
- É entregue a
homenagem.
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* *
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bom,
agora vou chamar um cantor. Veja bem, eu tive a honra de presidir os trabalhos
do Prêmio Inezita Barroso, e ali é que você vê quantos artistas populares de
cantigas, de músicas sertanejas, são produzidas no interior deste estado de São
Paulo.
Eu e a Karen,
na Comissão de Educação - porque ela me ajuda lá, ela me assessora na Comissão
de Educação, me assessorou até o momento em que fui presidenta - nós então
criamos todos critérios para não deixar ninguém de fora, porque a gente tinha
dó.
Corta esse,
tira aquele por quê? Qual é a razão? A gente fez, acho, um dos eventos que,
assim, foi muito democrático, ainda tiramos resolução, sabe, para ampliar o
número de premiados.
E aí eu estou
chamando então o compositor e violeiro Filpo Ribeiro, um dos premiados, está
aqui entre nós. Então, por favor, Filpo, que, em homenagem ao Dia dos
Professores, os professores cantarão uma música de sua autoria e de Marcos
Alma. “Vazão” chama a música. E interpretará “Cio da Terra”, de Milton
Nascimento. (Palmas.)
O SR. FILPO RIBEIRO - Bom dia. Agora
sim. Parabenizar todas as professoras, professores, os estudantes. Eu venho de
uma família de professoras: minha mãe, minha tia, minha prima, minhas tias, né?
E muito da minha formação também como artista eu devo aos professores e às
professoras e a elas. Então, estender essa homenagem e celebrar e lutar, né?
Estamos em um momento delicado.
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- É feita a
apresentação.
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O SR. FILPO RIBEIRO - Obrigado.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Muito
bom, muito bom, Filpo. Muito obrigada também. Ele vai interpretar a outra, “Cio
da Terra”? Ok.
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* *
- É feita a
apresentação.
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* *
Nós estamos
esperando mais, mas agradeço o Filpo, e me sinto honrada de ter, enfim,
participado de um processo de seleção de cantores de música sertaneja. Tanto
artista importante que a gente tem no interior, na Capital, na Grande São
Paulo. Parabéns, Filpo. Muito obrigada, e obrigada pela homenagem.
Bem, eu vou
passar a palavra agora... Vou chamar a Niceia e passar para o Leandro. Três
minutinhos, Leandro, para a gente dar uma acelerada? Tudo bem? Você fala no
microfone, e a Niceia vem para o seu lugar. Isso. Depois você já homenageia
Vomer.
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- É entregue a homenagem.
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* *
O SR. LEANDRO - Oi. Bom dia a
todos, bom dia a todas. Quero cumprimentar aqui a professora Bebel, pela
iniciativa desta solenidade, para, como ela mesmo disse, celebrar o Dia dos
Professores e das Professoras. Em nome da Bebel, porque ela está deputada estadual,
está presidente da Apeoesp, mas ela é professora.
A carreira que
ela escolheu, e que ela brilhantemente desempenha um brilhante papel aqui nesta
Casa, representando toda a categoria e toda a Educação paulista, como também a
vida e a história dela dentro da Apeoesp, o Sindicato dos Professores, uma
categoria extremamente importante em todo o estado de São Paulo.
Nós tivemos um
momento na sociedade mundial, com essa pandemia, que mostrou... Minha vó dizia,
“é dar um tapa de luva de pelica”. Mostrou para toda a sociedade mundial a
importância e o papel da escola e dos professores na vida dos estudantes, e na
vida da sociedade mundial.
Nós estamos
lutando, resistindo. Os professores se tornaram um laço de resistência na
sociedade brasileira, com tanta desvalorização, e até, às vezes por parte de
parcela da população, e a pandemia fez mostrar isso, essa importância do
cotidiano das escolas.
Como a
professora aqui citou, temos aqui jovens estudantes que, pela primeira vez, têm
a oportunidade de estar nesta Casa, que é a Casa do Povo, através desta
brilhante solenidade que a Bebel tem feito.
Nós, lá no
Fórum Estadual de Educação, fizemos, estamos organizando a Conferência Nacional
Popular de Educação em todo o estado de São Paulo, em todo o Brasil, em
homenagem ao centenário daquele que nada mais é do que um grande mestre
professor, que nos ensinou - não é, João Marcos? - que resistir é importante, e
que, nessa troca com esses jovens estudantes, a gente aprende, e troca com
vocês essas experiências.
A gente vai
aprender junto e crescer junto, que é o nosso querido Paulo Freire. Viva Paulo
Freire, viva a Educação, viva os professores e professoras. Parabéns, Bebel.
A SRA. PRESIDENTE -
PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Já aproveita e
homenageia o Vomer, por favor.
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- É entregue a homenagem.
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Você vai ser homenageado. E a Nicéia
homenageia o Leandro. Bom, eu vou já imediatamente pedir para fazer uso da
palavra o Vomer. Por favor, Vomer. É que você vai também homenagear alguém.
O SR. VOMER ADELMO - Bom dia
colegas, professores presentes e convidados. Está tão difícil o momento que
para falar nós temos que falar tudo que foi falado. É interessante, estava
contando na mesa.
Ninguém
combinou fala, mas uma coisa foi alinhavando à outra. Foi falada em celebração
do dia, e ela é necessária, sim, tanto equilíbrio emocional é mexido. Porque o
que nos resta é este dia de comemoração, porque todos os outros são de luta,
que passa a ser talvez uma comemoração também, porque sabemos lutar.
O Lula falou de
arte. Me lembrou Pullias e Young, “A arte no Magistério”, meu livro de
cabeceira, livro de dois norte-americanos. Os que representaram o município
(Inaudível.) foram muito felizes, porque colocaram as agruras do momento.
Então, eu não
tenho muito o que completar, a não ser pedir licença, rapidamente, para dizer o
que nós colocamos no site da Udemo hoje. A Udemo é o Sindicato dos
Especialistas em Educação do Estado de São Paulo.
Hoje, eu sou
diretor de escola há 31 anos, e há 20 anos como professor. Portanto, estou na
rede pública estadual há 51 anos, e nós estamos retirando dos bagos do trigo
uma boa massa, para poder fazer um pão um pouco menos ácido e envenenado, dos
“bolsodorias” da vida.
Começamos assim
hoje. “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão
maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências dos jovens e preparar os
homens do futuro”.
Sabem quem
disse isso? Dom Pedro II. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o
que ensina”. Cora Coralina. “A gente se forma como educador permanentemente, na
prática e na reflexão sobre a prática”, que já foi falado aqui. Paulo Freire.
Ter uma honra é
ser professor, é um privilégio. O Magistério é uma atividade essencial em
qualquer país, sociedade ou comunidade. Duro mesmo é ser professor da rede
pública estadual, e, acrescento, da municipal, e, acrescento, das federais, das
universidades. Especialmente em São Paulo, onde um mentiroso e hipócrita assume
o governo, e faz tudo aquilo contra o que ele havia falado na campanha
política.
E aos que são
desta Casa, tomara que os deputados estejam ouvindo. Mormente aqueles que dizem
que nós temos privilégios, saibam que vocês deveriam ser um pouco mais
humildes, e voltar para escola para aprender uma frase do Sócrates, de cinco
séculos antes de Cristo. “Só sei que nada sei”.
Porque nem o
projeto vocês conseguem ler, e não tem argumento que nos passem, para que
aceite as suas ideias. Mas, para ir na mídia e nas redes sociais, colocam
situações bastante intoleráveis para quem não conhece a realidade.
Convido a
qualquer um desses deputados que fazem essa defesa que vá 15 minutos em um
órgão público, qualquer que seja, que vá numa escola da periferia, que vá a um
centro de Saúde, e lá você vai ver o privilégio.
Que vá nessas
situações da Polícia Militar, onde eles estão praticando seu serviço. Vai lá
ver quais são os privilégios, e tenho certeza que a coisa poderia vingar
melhor.
Um abraço a
todos. Feliz dia dos professores. Eu me sinto muito feliz, e repito, houve um
pequeno desequilíbrio emocional, mas aquele de arrepiar, de felicidade de poder
repetir o que foi dito aqui. “Se eu puder voltar, voltarei como professor”.
Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE -
PROFESSORA BEBEL LULA - PT - Obrigada, Homer. Peço
para você, então, Niceia, você fazer uso da palavra. E você, Homer, entrega o
dela. É isso.
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- É entregue a homenagem.
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Está certinho.
não esqueceu não. Tem a Marília e o Braz, que eu quero entregar junto com a
Cleide, que eu vou chamar a Cleide. E para vir para a Mesa, eu chamo a Cleide e
a Rosaura. Por favor.
A Rosaura é da
Fase, presidente, e você vai dar uma descidinha. É assim, a gente está fazendo
esteira rolante aqui, até por conta dos protocolos, senão a gente punha mais
cadeira aqui, trazendo para frente, não precisava ficar tão distante. Vamos
mostrar que a gente tem responsabilidade com a vida também. Rosaura. (Palmas.)
Vou chamar a
Natalina, ali no canto, junto com a Cleide. Por favor. Bom, acho que equilibrou
a Mesa agora. Por favor, Niceia. Três minutos, para a gente concluir aí o
nosso...
A SRA. NICEIA - Bom dia a
todos e todas. Me remetendo ao passado, que o Vomer citou aqui, se vocês me
permitem, eu queria lembrar do meu pai. Meu pai não teve Ensino Médio.
Era um
barbeiro, muito simples. Fez bem rapidinho seu curso primário, mas fez de tudo
para que as suas duas filhas fossem professoras. Minha mãe era professora.
Então, a gente
tem, assim, muito orgulho da história da gente, e esse orgulho, quero falar
para vocês. Vocês não foram obrigados a serem professores, foram? Cada um é
porque escolheu a profissão que chamou a sua atenção para a necessidade da continuidade
da vida, da continuidade daquele prazer de ensinar, de educar, de ajudar.
Muitos
começaram em casa, com seus irmãos, outros na rua, com seus companheiros de
brincadeiras, e companheiras. Mas o que importa é que hoje estamos aqui, às
nossas custas, ao nosso merecimento, à nossa luta, que não termina, não pára. É
hoje, amanhã, semana que vem, é uma PEC, é um PL, é deputado xingando a gente.
Seja o que for.
Nós estamos
aqui porque nós acreditamos no que nós fazemos. Eu quero aqui também aproveitar
para parabenizar a Bebel, porque a gente vinha aqui como simples participantes
do Magistério lutar pela nossa categoria. E hoje ela muito nos honra, ocupando
essa cadeira de deputada, e tanto está fazendo pela gente.
Quero agradecer a você, Braz... Você não se lembra de mim, mas alguns anos atrás, um professor nosso, muito querido, que já se foi, está ao lado do Pai... Teve um surto e sumiu de São Paulo.
E uma das regiões que diziam que ele estaria era lá na sua região, e eu fui na sua escola e você tinha um mapa, - coisa que ninguém tinha - mas você tinha um mapa de Heliópolis e acionou rapidamente a comunidade, e aí soubemos que ele não estava lá, e isso nos ganhou tempo para achá-lo em outro lugar.
Isso é educação, isso é caminho, certo? Isso nos dá aquele orgulho de saber que não importa que o governador não nos ouça... Quer dizer, importa sim, porque nós cobramos. Mas, eu quero dizer que eu não me importo com a opinião pessoal do governador, do secretário da Educação, eu me importo com isso, Braz... Eu me importo com o Juvenal, que faz um trabalho fantástico em Marília. E todos vocês, que fazem um trabalho fantástico de formiguinha, de um a um.
Então, o nosso dia é merecedor sim de comemoração. A nossa luta vai continuar, ontem, hoje e sempre. Mas nós somos professores e professoras porque nós escolhemos. Era só isso, um grande abraço a todos e todas. (Palmas)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Nicéia. Eu vou passar a palavra para a Natalina e que vai passar a placa Rosaura.
* * *
- É entregue a homenagem.
* * *
A SRA. NATALINA - Obrigada, deputada Professora Bebel, pelo convite de estar aqui. Quero parabenizar a cada uma e cada um que estão aqui. Os representantes dos movimentos sociais, porque educar é uma ação que acontece em todos os espaços, né?
E sei de muitos educadores que podem não ter passado pela academia, mas que são educadores também. E me junto a eles, neste dia, e eles se juntam a nós também neste dia.
Tenho muito orgulho de ser uma professora, e... Deputada, quem criou o Dia do professor foi a primeira deputada negra, Antonieta de Barros, que criou o Dia do professor, está certo? (Palmas.) E é muito bom ter também, hoje, uma deputada neste Ato Solene. Eu sei que eu tenho que ser muito rápida, muito já foi dito aqui, então não quero me repetir.
Quero dizer que a educação sempre foi o principal caminho para a transformação social. E se vivemos em uma conjuntura que cada vez mais evidencia os homofóbicos, os machistas e os racistas...
Também vivemos nesta conjuntura entendendo que o papel do professor, do educador e da educação é cada vez mais importante, presente na condução da transformação de uma sociedade justa, igualitária e includente.
Então, muito obrigada. Salve Paulo Feire, e a todas e todos os educadores que estão pelas ruas e pelas escolas deste País.
Obrigada.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, querida Natalina. Natalina é do Feder, é também secretária da igualdade racial na Central Única dos Trabalhadores.
E nesse momento em que o racismo reverbera por todo mundo, e falar em racismo estrutural é uma conscientização, mas a gente tem que, cada vez mais, como educadoras e educadores que somos, ter isso como pauta.
É impossível, um país ainda não aceitar a sua identidade, que é uma identidade negra, formada por esse povo e que... Enfim, ontem saiu no Diário Oficial, fiquei muito feliz com a moção de aplausos e repúdio ao mesmo tempo.
Eu tive que fazer as duas coisas, por conta da intolerância religiosa... Um pai de santo em Piracicaba, companheiro Ronaldo Almeida. E porque essa religião é perseguida? Ela é perseguida porque tem a sua matriz africana, até nisso é uma forma de demonstrar o racismo.
Então, nós temos que nos indignar, lutar e fazer valer todos os direitos. Porque se vidas negras importam, todos os nossos direitos para todos aqueles que são discriminados... Eles importam para nós todos, porque somos educadores e temos esse compromisso no ato de educar.
Muito obrigada, Natalina. Você é a representação clara do que isso significa. Muito obrigada.
Eu vou passar agora a palavra para a Rosaura. Depois o Fábio vai entregar a placa para a Natalina. Pois não, Rosaura?
* * *
- É entregue a homenagem.
* * *
A SRA. ROSAURA - Bom dia, meus colegas de profissão. Queria agradecer, inicialmente, a nossa querida Professora Bebel, pela iniciativa dessa sensível homenagem, e citar o nosso mestre, que quanto mais a gente citar ainda vai ser pouco neste ano do seu centenário.
Nosso mestre Paulo Freire, que entre tudo que ele já disse... Ele dizia que a escola sozinha não muda a realidade. E por que ele dizia isso? Porque é preciso sim, que a escola esteja com um estreito vínculo com a comunidade em que ela está inserida, mas também é necessário que políticas intersetoriais apoiem o que acontece dentro da escola, para que a gente possa reduzir de verdade as desigualdades educacionais, e construirmos uma sociedade mais justa e mais solidária.
Mas, se Paulo Freire dizia que a escola sozinha não muda a realidade, ele também afirmava que sem ela tampouco a realidade muda, e é com este intuito e com este princípio que nós do sindicato Apase homenageamos todos os nossos colegas de profissão.
Porque um princípio que nos é caro, é o do quadro do Magistério, então não importa em que cargo da carreira estejamos, a nossa base, a nossa formação é a formação docente. Somos todos e todas professores e professoras.
Então, meus colegas, com a lembrança singela que a gente, hoje, homenageia a mulher e a professora - deputada hoje - Bebel. Sintam-se carinhosamente homenageados, homenageadas e abraçados nesse nosso dia. Feliz Dias dos Professores.
* * *
- É entregue a homenagem.
* * *
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - A Rosaura vai homenagear o Fábio, que é vice-presidente. Eu estando aqui ele fica presidente da Apeoesp. Obrigada Rosaura, obrigada Fábio. Eu que agradeço Rosaura é sempre uma satisfação. Outra entidade que eu sempre digo que é como irmão ou irmã... Irmã, porque a gente...
Eu agora vou passar a palavra para a Cleide. A Cleide tem um vínculo com a Unas e com o bairro educador Heliópolis. Que satisfação Cleide, ter você aqui, com uma história linda de luta, de vida e de educadora também, porque... Enfim, toda a sua ação é uma ação educadora. Parabéns, Cleide. (Palmas.)
A SRA. CLEIDE - Obrigada Bebel. Primeiro, acho que agradecer mesmo, por você propiciar hoje um dia tão emocionante, um dia que tanto me fortalece. Acho que estar aqui em um momento tão difícil que estamos passando, que a gente vem passando no nosso país, nas nossas favelas, nas comunidades, enfim.
E estar aqui hoje, na parte da manhã, e a gente ver pessoas tão comprometidas, falas tão necessárias quando a gente fala de um País que é necessário virar nação. Um País que é necessário ter cidadania.
Mas, enfim, agradecer muitíssimo as coordenadoras e educadoras que estão aqui, de creches, de Ccas, do Mova. Agradecer imensamente a Braz, Marília.
Braz, a educação eu aprendi... quer dizer, estou aprendendo, eu acho que isso que é lindo da educação, a gente aprende a todo momento. E os professores, acho que foi falado toda a admiração que a gente tem pelas professoras e professores.
Eu aprendi que duas coisas que levei para a minha vida, que levo para a minha vida, estou levando para a minha vida. Que é, primeiro eu tive uma professora que me ensinou a entender, e a sentir e a ver que pobreza não é doença e nem é algum tipo de peste que você vai morrer com isso.
Que pobreza é uma situação que os estados criam, de exclusão e de sofrimento das pessoas. E aí, ela me ensinou a entender que juntas e juntos a gente pode superar, e pode acolher e ter solidariedade um com o outro.
Uma outra coisa que eu aprendi com o Braz, é quebrar os muros. Os muros físicos e os muros que nos colocam aqui dentro, culturalmente. E esses são muito mais difíceis. Aquele a gente quebra com a marreta, que é difícil, às vezes a gente precisa pedir autorização. Mas, o muro mesmo que a gente precisa quebrar, a gente não tem que pedir autorização, esse eu aprendi com a educação, quebrar esses muros visíveis e invisíveis.
E terceiro, eu aprendi com essa organização da qual a gente faz parte, que é a Unas, me ensinou a ser cidadã. E hoje, Heliópolis... Amanhã a gente vai ter uma atividade Freiriana, em homenagem a Paulo Freire, esse nosso grande patrono, e o Lula você me fez ver hoje o Lula, sabe? Me tocou muito.
Mas, enfim, eu só queria dizer que a gente escreveu uma frase naquele nosso território, onde é o nosso bairro educador, onde a gente tem a fortaleza e essa frase é: "Educação transforma." Então, é isso.
Nunca, nunca nós vamos desistir, e sempre resistir. Porque é pela educação que nós vamos transformar esse País e tornar uma nação e tornar um povo com civilização, com civilidade, com dignidade. E principalmente hoje, Bebel, eu saio fortalecida para continuar a minha luta dizendo que nesse país todos e todas tem que ser iguais.
Obrigada, de coração.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Cleide. Vou pedir para você ficar um pouquinho, espera aí. Chamar a Marília. Marília vai ser homenageada por você, que homenageará o Braz. Chamar a juventude do PT, a Ligia Toneto e o Hector Batista.
* * *
- É entregue a homenagem.
* * *
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, eu deixei uma cadeira vazia e vou chamar... Antes de dar continuidade, eu quero dizer que, durante a pandemia, eu fiquei muito instigada e provocada a mostrar que tinha como ensinar alguma coisa, Lígia, Héctor.
Tinha como ensinar, fosse por televisão, por rádio. Eu me lembro que eu assistia a novelas, ouvia, aliás, novelas através do rádio e imaginava os personagens. Quando eu fiz letras, por isso tenho... Eu fiz letras. Eu, de certa maneira, a gente estudou muito o hábito, como criar o hábito da leitura, né?
Lembrei que a
minha mãe era uma grande, ela é uma grande contadora de histórias. Ela criava
um suspense, Leão, que era o seguinte: ela não contava o final. Se quisessem
saber, ela pegava uma pessoa que era calva - ela chamava de careca mesmo, mas a
gente sabe que é calvo - e falava assim.
Por exemplo, o
Braz, que é calvo: “se vocês quiserem saber o resultado da história, vai lá e
dá um beijo na careca do Braz”, ou na calvície do Braz. Então a gente ficava
com aquela coisa de querer saber que história era essa que a minha mãe tinha
contado. Então ela bordava e contava.
Neste período
da pandemia, então, nós... Eu tenho um projeto de lei na Casa que é o 348. Nós
então fizemos um projeto que se chama projeto “Baú de histórias”, da Apeoesp. O
bairro Heliópolis, bairro educador Heliópolis, nos cedeu a rádio para contar
essas histórias, e a Rádio Zummm, de Santo André, também nos ofereceu, nos deu.
Eu queria, para
dar uma pincelada nisso... Eu gostaria até que fosse mais aprofundado, mas
pretendo fazer isso num momento mais propício do ponto de vista de não misturar
homenagem com tanto conteúdo.
Eu convidarei
então a professora e contadora de histórias Ângela Ferreira. Por favor, Ângela,
venha nos prestigiar e falar um pouco desse lindo projeto. (Palmas.) Pode falar
daqui, é até um lugar ao lado Fábio, desse lindo projeto que contribuiu, no
momento da pandemia, para que as crianças tivessem uma outra forma de aprender.
Não é possível que só tivesse um jeito, né? Tem outras formas de como aprender.
Por favor.
A SRA. ÂNGELA FERREIRA - Bom dia a
todos e todas. Sou a professora Ângela Ferreira, da rede estadual de São Paulo.
Antes de qualquer coisa, em homenagem ao Dia das Professoras e dos Professores,
eu quero recitar um poema de minha autoria. O poema é denominado “Mensageiro
divino”.
“Ao professor
dedico parte da minha história, que, com dedicação ao ofício, de maneira
aguerrida, partilhou seu conhecimento. Possibilitou que, pelas frestas da
exclusão, raios de sol aquecessem a esperança - esperança de crescer, de ser,
viver. Viver oportunidades aparentemente restritas, impossíveis.
Fecundou a
semente em solo árido com a convicção de que o jardim floresceria, e floresceu,
deixando certo que outros com a mesma determinação se encarregariam de
disseminar, independente das intempéries, a palavra de fé em si, de jamais
esmorecer e de lutar pela equidade.”
Eu quero
agradecer à professora deputada Bebel pelo Projeto 348, de 2020, de incentivo à
leitura pelas rádios Zummm e Heliópolis, do qual eu fui uma das contadoras de
história.
Fiz parte no
ano de 2020. E dizer que esse projeto reverberou de maneira positiva tanto
junto aos docentes, principalmente com as famílias e com os estudantes, que
solicitaram a sua continuidade. E é isso que esperamos, que continue.
Agradeço às
autoridades que aqui estão e aos convidados. Parabenizo todos os professores e
professoras não só nesta data, mas todos os dias com que levam o seu ofício com
zelo e empenho e tratam essa profissão.
E, como disse o
nosso grande Paulo Freire, nosso patrono, “se a educação sozinha não transforma
a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Viva Paulo Freire. Gratidão e
saúde a todos. (Palmas.)
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT -
Como o olhar, naquele momento e sempre, professor tem olhar para o aluno. Esse
negócio de colocar aluno versus professor, professor versus aluno, isso não
existe. Um não... Não tem razão de ser Educação se não tiver professor e aluno,
estudante.
Então eu vou
pedir para que a Lígia homenageie a professora Ângela, e a professora Ângela
vai homenagear o estudante Héctor, por favor. Cadê o fotógrafo? Já está a
postos? Já. Enquanto isso, para se preparar para a fala, acho que o Fábio vai
fazer a fala agora.
*
* *
- São feitas as
homenagens.
*
* *
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT -
Por favor, Fábio.
O SR. FÁBIO - Bom dia a
todas, bom dia a todos. Eu quero iniciar falando da alegria e da honra de usar
esta tribuna em nome da Apeoesp. Se eu o faço em nome da Apeoesp, é porque
todos nós temos um sonho concretizado, porque a nossa presidenta, Professora
Bebel, hoje ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
(Palmas.) Como é bom ter uma professora que conhece a realidade da escola
pública.
Então eu fico
muito feliz de ter essa honra concedida, inclusive aqui com os meus
companheiros e companheiras de direção de conselho e tudo mais, principalmente
nesta data, dia 15 de outubro, Dia da Professora, Dia do Professor. A profissão
mais importante, porque, sem ela, não teria mais nenhuma profissão.
Já foi dito,
mas eu registro a nossa luta incansável, por ter governos que desrespeitam não
só os professores, mas que desrespeitam toda a comunidade escolar, não honram a
educação do Brasil. Gente como Bolsonaro, como seus ministros da Educação, como
Doria, como prefeitos que não valorizam nem quem está na ativa, nem os
aposentados e aposentadas que estiveram nessa rede por 30, 40, 50 anos e que
ganharam o confisco feito pelo Doria, que a nossa luta vai e deve reverter.
Então hoje é um
dia de celebração, hoje é um dia de luta, hoje é um dia da gente, porque nós
somos aqueles e aquelas que, de cabeça erguida, têm orgulho de ser professora,
de ser professora; que, de cabeça erguida, quando entram na sala de aula -
mesmo com uma hora-aula de 11 reais -, olham para o aluno e, como nos ensinou
Paulo Freire, dizem: “Eu vou transformar, porque vocês vão transformar esta
sociedade numa sociedade melhor, mais inclusiva, mais democrática”.
Estes ventos
terríveis que nós vivemos com a Educação e com os professores passarão.
Então, para
encerrar, como também nos ensinou Paulo Freire, nós vamos esperançar, porque
eles não nos vencerão. Nós somos centenas, milhares e milhões, porque nós
vivemos na nossa luta, no nosso trabalho, mas vivemos com os nossos alunos, com
os pais, e todos nós lutamos por uma escola pública, gratuita, laica, e nunca
vamos desistir dessa luta.
Parabéns
professores; parabéns, professoras. Parabéns, Bebel, por esta manhã
maravilhosa. (Palmas.)
A SRA.
PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Fábio. Só avisar à Rede Alesp que aqui
não está sendo coberto. O que que aconteceu? Está passando o jornal neste
momento. Agora voltou, muito obrigada.
Eu vou chamar, anunciar uma companheira. Ela é
a cantora, ela é parlamentar desta Casa. Ela é uma pessoa que, enfim, supera os
partidos políticos. Ela conseguiu hoje ter uma condição de suprapartidária, até
porque a Leci tem uma característica, primeiro a humildade - mais que a
humildade, a sabedoria. Eu gostaria que a Leci adentrasse este plenário com
muitas salvas de palma, por favor. (Palmas.)
Leci. Conosco, Leci. Ela não está aqui ainda?
Então o Héctor faz a fala enquanto isso, por favor.
O SR. HÉCTOR BATISTA
- Boa tarde a cada um e a cada uma que participa desta sessão solene hoje.
Queria começar agradecendo, em nome da Professora Bebel, a cada professor e
cada professora que todos os dias se dedica a ensinar para os estudantes um
pouquinho mais sobre tudo aquilo que a gente precisa aprender.
Meu nome é Héctor Batista. Atualmente sou
presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas e quero ser professor
de geografia. É muito importante estar aqui neste dia porque só anos 58 atrás
começou a ser comemorado, mas deve ser lembrado todos os dias, porque eu
consigo lembrar de cada professor e de cada professora que me ajudou a
conseguir compreender um pouco mais sobre a importância da nossa luta, mas
também sobre tudo o que a gente vive.
Como um jovem negro que... Como, neste último
ano, muitos jovens, principalmente jovens negros, tiveram seu acesso à Educação
negado, o seu acesso à Educação tirado por conta da falta de amparo do governo
federal diante das políticas públicas, nós sabemos que nós só continuamos e não
desistimos da Educação porque os nossos professores estavam todos os dias se
dedicando a conseguir fazer com que nós não desistíssemos da escola e não
desistíssemos do nosso futuro, que vem através da Educação.
Os professores que estavam aqui quando nós
ocupamos esta Casa pela CPI da merenda são os professores que hoje também
travam as lutas aqui contra o desmonte da Educação, contra o desmonte dos
direitos.
Eu queria dizer
que todos vocês podem contar com os estudantes, com a União Paulista dos
Estudantes Secundaristas, com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
para estarem lado a lado, porque a nossa história caminha lado a lado há muito
tempo, e assim vai continuar sendo. (Palmas.)
Então, muito
obrigado a cada um e a cada uma e feliz Dia dos Professores e das Professoras.
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT -
Agradeço ao Héctor. Estão aqui entre nós também os estudantes da Emef
Gonzaguinha. Davi Rocha, cadê o Davi? Levanta, Davi. Vamos lançar uma salva de
palmas. (Palmas.) Samuel Vieira. (Palmas.) Teresinha Pinto, professora.
(Palmas.) Muito bom.
Então um dos
menininhos vai fazer uma fala aqui, pode ser? Menininho porque é carinhoso,
viu? Eu ainda me sinto na sala de aula. Depois eu vou pedir para o Héctor descer para eu deixar essa vaga
aqui para a Leci. À hora que ele entrar ela senta aqui do meu lado.
O
SR. DAVI ROCHA -
Bom dia. Eu queria falar aqui sobre o Dia dos Professores, que é um dia muito
importante, porque sem os professores não teria nenhum profissional. Qualquer
um que trabalha profissionalmente hoje em dia já passou por um professor.
Então
tudo que temos que fazer é agradecer a eles por passar todos os dias o
conhecimento que eles têm para nós.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Não tem problema, Davi. Você representou e foi muito
carinhosa a sua fala, muito importante, do coração. Bem, eu vou ter a honra
agora de chamar uma colega deputada estadual, negra, mulher de luta.
E
ela que sempre esteve nas nossas atividades, fez uma música para nós e ela vai
cantar essa música para nós. A nossa querida, amada, Leci Brandão.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
Eu peço licença a você para cumprimentar todas as pessoas que estão aí e eu não
poderia chegar aqui, cantar e não falar absolutamente nada sobre essa pessoa,
essa cidadã, que está aqui nesta Casa fazendo um trabalho, um exercício de
mandato que nos honra, que nos deixa feliz e esperançosos em continuar sempre a
nossa luta, porque eu conheci Bebel muito antes de chegar aqui a esta Casa -
nos trabalhos, nas lutas, nas questões sociais, enfim.
Mas
eu sempre observei uma coisa, Bebel, que você continua tendo coerência. Você é
uma pessoa que tem compromisso, porque você sempre foi uma guerreira pela
Educação fora daqui em todas as lutas deste País. E quando você chegou a esta
Casa - eu já estava aqui -, eu fiquei observando como você tem a identificação
plena.
Você
quando nasceu e, aliás, todos os professores que estão aqui, quando nasceram,
já nasceram com a definição que Deus dá, que é o compromisso com o ensino, o
compromisso com a entrega do conhecimento. E é por isso que a gente no dia que
viu o professor sendo espancado na rua, numa ação de reivindicação salarial, a
música foi feita naquele momento.
Deus
é tão bom que deu letra e música tudo junto. E foi quando a gente disse o
seguinte: “Professores / Protetores das crianças do meu País / Eu queria,
gostaria / De um discurso bem mais feliz/ Porque tudo é Educação / É matéria de
todo o tempo / Ensinem aqueles que pensam que sabem de tudo / A entregar o
conhecimento”, que é isso que vocês fazem, entregam o conhecimento.
E
a gente tem essa identidade com a Educação porque eu tenho muito orgulho de ter
morado em escola pública. Eu sou filha de uma servente de escola, que agora
está nos braços de Deus e, no mesmo lugar que eu varri as salas, limpava, era o
lugar que eu também estudava; estudei na Escola Equador.
Eu
sei o nome das minhas professoras do primário todas: Edgar Dina Vianna Moreira,
Marina Nunes de Oliveira e Isabel Mota. E foi no primário, na escola pública,
que eu aprendi tudo o que eu sei, porque eu acho que a nossa sabedoria vem da mãe,
vem do pai, que é a nossa identidade; é o nosso raio-x.
Por
isso eu tenho muito, muito, muito respeito por quem nasceu para ensinar e este
País precisa cada vez mais de vocês, que são corajosos, que não têm nenhum tipo
de preconceito. Professor e professora acolhem qualquer um; estão ali para
proteger.
E
que aquelas pessoas que dentro desta Casa querem um projeto horroroso, que é o
Escola Sem Partido, elas têm que entender que o Brasil está mudando e vocês é
que vão fazer a transformação deste País. Muito obrigado. Esse aqui é o
Andrezinho, André Pinheiro, que é o nosso músico nosso. (Palmas.)
*
* *
-
É feita a apresentação musical.
*
* *
Muito
obrigada. (Palmas.) Obrigado, Andrezinho. Muito obrigada. Deus abençoe vocês,
proteja e dê cada vez mais saúde, muita saúde, para todos nós. Bebel, obrigada
por tudo. Obrigada por tudo que você me ensina nesta Casa. Eu sempre estou
aprendendo, aprendendo com você principalmente. Viva a Educação! (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Leci, eu agradeço de coração. Eu já havia feito
referências a você e quero dizer que estar com você nesta Casa é um
privilégio. Não são poucos; todos os deputados têm esse reconhecimento. Hoje,
você não é a deputada de um partido.
Você
é a deputada da Casa, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Forte
abraço, obrigado, Leci. Bem, eu não sei se a Leci quer ficar um pouco entre
nós. Eu vou pedir para que a Lígia (Inaudível.) O Hector acabou de fazer a
fala, agora a Lígia. Por favor, Lígia, com a palavra.
Eu
tenho mais pessoas aqui para chamar, mas depois nós vamos ouvir a Ana Maria
Saul, nossa querida Ana Maria Saul, que, enfim, não pôde estar, mas fez uma
gravação. Depois tem o querido Fernando Haddad também, que foi um importante
ministro da Educação deste País e tem muita propriedade para falar de Educação.
Por favor, querida Lígia.
A
SRA. LÍGIA - Bom
dia a todas e todos. Queria em nome da nossa deputada Bebel, líder da bancada
do PT, saudar todos que estão na Mesa e que passaram por esta Mesa hoje nessa
homenagem tão bonita.
Mas
em nome da Professora Bebel cumprimentar todas e todos professores aqui
presentes e também fora daqui, que lutam e trabalham todo dia pela Educação,
para transformar nossa Educação num movimento, como uma coisa que se aprende,
se aplica e transfere e que é feita da troca.
Sabe,
Bebel, meus pais são professores e para mim este dia sempre foi muito
emocionante, porque eles sempre me ensinaram que a educação era a coisa mais
importante que a gente podia ter na vida, porque era o que criava para a gente
pensamento crítico e dava para a gente condição de fazer as próprias escolhas e
pensar em nossos próprios caminhos.
E
ontem eu estava junto com o Haddad numa agenda muito bonita lá no Instituto
Federal de São Roque e ele fez uma fala que me emocionou muito, gente. Ele
contou que em 1909 teve a fundação do primeiro instituto de ensino federal no
Brasil e que até o governo Lula, em quase 100 anos de que tinha sido fundado o
primeiro, tinham sido criados só 140 institutos de ensino federais no País e
que em 13 anos dos governos Lula e Dilma, no final disso, tinham 647.
Em
menos de 20 anos, que seria um quinto do que esses 100 anos que tinham passado,
tinha sido feito muito mais que o dobro pela Educação neste País, como o
presidente Lula lembrou a gente hoje aqui numa homenagem muito emocionante.
E
eu acho que neste dia de hoje é importante a gente refletir que a gente vive
hoje o resultado de uma tragédia, da gente ter um genocida na Presidência da
República, quando a gente podia ter um professor que estivesse defendendo a
Educação.
Mas
por outro lado é só porque a gente tem muito professor; é só porque a gente tem
muito estudante; é só porque a gente tem muita gente que todos os dias se
dedica pela luta pela Educação que a gente tem cada vez mais uma massa crítica
maior, quantitativamente, e melhor, qualitativamente, com condição não só de
retomar este País, mas de reconstruir e transformar. Então por isso queria
cumprimentar todos os professores e professoras que a cada dia fazem essa linda
luta pela Educação.
Muito
obrigada.
A
SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Lígia. Sempre uma satisfação ouvi-la. Jovem
e está numa trajetória linda com os demais, o Hector, enfim, os futuros universitários,
o Ivan.
Dizer
para vocês que este País vai caminhar no rumo certo, mas nós vamos ter que
fazer muita luta de rua, porque esta também e este espaço também é um espaço de
ensinamento e de aprendizagem.
Nas
ruas, a militância estar em contato com o exercício da democracia participativa
com certeza e eu tenho certeza… Eu sempre falo que nós estamos no momento em
que só ter a democracia representativa, eu acho que isso já eu diria que é uma
coisa do passado. Hoje, não. Hoje, a população quer mais.
Ela
quer a representativa, mas ela também quer a democracia representativa através
do quê? Do sindicato, movimento estudantil, movimentos populares, sociais, quem
não é organizado, quem estiver organizado. Então nós estamos no momento de ter…
Não é que a gente não tenha verticalização de representação. A gente tem, mas a horizontalidade também é importante porque você amplia bandeiras e amplia horizontes, né? Abre avenidas para que a gente consiga lutar por um Brasil melhor, por um estado melhor, por um município melhor.
Então, com certeza, este momento é um momento de mobilização, é um momento de participação, em que pese nós estarmos fazendo uma celebração, uma homenagem, mas não podemos dizer "estamos festejando". Eu acho que a gente está lembrando.
Nós estamos sacudindo os governos para dizer "escuta, os professores existem, a educação existe, viu? Vocês precisam parar. Vocês só lembram da educação quando é para demitir professores, quando é para tirar salário, quando é para taxar aposentados que já pagaram pelas suas aposentadorias.
Vocês só lembram desta forma, mas não lembram nunca quando é para valorizar esta importante categoria que forma, repito, os demais profissionais.". É isto.
Eu vou... Antes de passar... O Leão está aqui de molho desde que chegou, coitado. Mas eu fiz isso com o Romão da outra vez. Quem está comigo na Mesa sabe disso. O Romão ficou de molho comigo até o final porque se eu deixo, eu fico sem um companheiro aqui que tem trajetória, história. Eu não abro mão da presença.
O Fabinho ficou um tempo, foi para lá. Todo mundo ficou um pouquinho. E aqui, o Leão, por toda a trajetória dele.
Antes, eu vou pôr a Ana Maria Saul e depois você, Leão. Por favor, o vídeo da Ana Maria Saul.
* * *
-É exibido o vídeo.
* * *
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - Bom, essa é a nossa querida Ana Maria Saul. Enfim, sempre aí fortalecendo a educação e os ensinamentos.
Agora, conosco, fará uso da palavra, primeiro eu vou pedir para a Lígia ser homenageada... O que falou na tribuna não é o Davi. Foi o Davi que falou, não? Davi, então, quem vai homenageá-la é o Samuel.
Samuel, você vai homenagear a Lígia e a Lígia vai te homenagear. Ok? Vem aqui.
Bom, eu, então, chamo para fazer uso da palavra o meu querido Roberto de Franklin Leão. O Leão tem uma trajetória na Apeoesp... E aproveito esse momento, também para homenagear um outro companheiro que foi em 2020, se não estaria conosco, o professor João Felício. Uma história, uma trajetória na vida sindical, na vida educacional, sobretudo.
Aliás, nós estamos lutando por direitos que ele inscreveu. Ele lutou para que, enfim, mexer no artigo 64... Todos aqueles direitos. É o que nós estamos fazendo neste momento. E, uma forma de homenagear o João, é lutar e não deixar acontecer. Espernear.
Então, Leão, eu homenageio você. A gente também faz uma homenagem póstuma ao João.
Com a palavra, você, pela trajetória, não só aqui na Apeoesp, na Cut, na CNTE, na IAU, na IE. Então, é um peso pesado lá na tribuna. Nós estamos com grande representação da educação estadual, que já foi, nacional e internacional. Aplausos para o Leão.
Por favor, Leão.
O SR. ROBERTO FRANKLIN LEÃO
- Bom dia, companheiras. Bom dia, companheiros. Bom dia, companheira Bebel.
Deputada, companheira de luta que tem honrado a votação expressiva que obteve,
lutando, nesta Casa, por aquilo que ela sempre fez nas ruas, nas escolas, nas
praças.
Defendendo a educação pública e defendendo a valorização dos profissionais da educação, dos trabalhadores da educação.
Quero saudar a Bebel pelo seu desempenho muito bom, excelente mesmo, dentro da Assembleia Legislativa, mostrando toda a garra, toda a dedicação que sempre teve, não temendo cara feia e enfrentando os desafios que se apresentam quando se é mulher em uma câmara que já mostrou que é muito machista, quando se representa os desejos da população, que precisa e que necessita de educação de qualidade.
Parabéns, Bebel, pelo seu trabalho na Assembleia e por ter nos convidado para participar desta reunião, deste ato que é muito importante para todos nós.
Companheiras e companheiros, muito se falou de Paulo Freire aqui. Ele foi citado por quase todas as pessoas que fizeram uso da palavra. Eu quero dizer que é muito bom que assim seja.
É fundamental que não deixemos o legado de Paulo Freire de lado. É muito bom que reafirmemos sempre que nós acreditamos naquilo que Paulo Freire escreveu, naquilo que Paulo Freira praticou.
Que não vamos nos intimidar com as ameaças que estão sendo feitas por este nefasto governo que hoje ocupa, infelicita, este país.
Nós defendemos a escola da Paulo Freire porque a escola de Paulo Freire é a escola libertadora, não é a escola adestradora. Não é a escola que querem nos impor com projetos como "Escola Sem Partido", como escola militarizada, como ensino médio que só reduz as possibilidades de crescimento enquanto cidadãos e cidadãs dos nossos alunos.
Escola pública é um direito de cidadania. Cidadania se adquire no momento em que se vem ao mundo e essa cidadania precisa ser respeitada. Essa cidadania precisa ser entendida com algo que as pessoas têm direito e essas pessoas precisam lutar para que ela seja efetiva.
Mas eu quero citar um grande poeta da música brasileira, o homem que disse o seguinte "viver e não ter a vergonha de ser feliz; cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz".
Este poeta, Luiz Gonzaga Júnior, dá nome, é o patrono desta escola lá de Heliópolis, dirigida pela professora Marília, que traz um grande exemplo do que é uma escola, do que é a escola que Paulo Freire e nós sonhamos.
A escola que se articula com a comunidade, a escola que é do povo, a escola que é da população. Não é a escola do governo. É a escola nossa. É a escola do trabalhador, da trabalhadora, do menino, da menina, daqueles que tem a vida dura, difícil.
E este exemplo, professora Marília, é um exemplo que precisa ser mostrado para todo o estado, é um exemplo que precisa ficar muito bem visto para que as pessoas saibam que é possível, sim, uma escola pública de qualidade social, uma escola pública que liberte de verdade e não essa escola pública que, na verdade, está querendo se impor por um processo que aniquila as possibilidades de crescimento de cada cidadão e cada cidadã que estão ocupando os bancos das escolas.
Quero - não vou me alongar - e quero dizer o seguinte; companheiras e companheiros professores, trabalhadores da educação, nós temos dado mostra nesses anos todos que somos uma categoria organizada, que somos uma categoria que não perdeu a capacidade de se indignar com... Apesar de todos os ataques que tem sofrido.
Somos uma categoria que não luta apenas pelo lado coorporativo, ainda que seja fundamental que tenhamos perspectiva de carreira, que tenhamos salários decentes e que, diga-se de passagem, o estado de São Paulo, o mais rico da federação para repetir algo que já foi dito muitas vezes aqui, não paga o piso salarial profissional que foi uma conquista dos trabalhadores da educação deste país, dos professores.
Ainda hoje, infelizmente, só pagam os professores, mas que é uma luta da CNTE. É uma luta de todos os trabalhadores para que seja estendido a todos aqueles que atuam na educação.
Quero dizer para vocês - nós temos muito o que fazer. E se quisermos continuar honrando o legado de Paulo Freire, nós temos que enfrentar essa luta de frente. Nós temos que dormir e acordar na Assembleia Legislativa para impedir o ataque ao estado de São Paulo que está sendo perpetrado por este governador que está lá, hoje, no Palácio.
PLC 26 é o fim do estado, assim como a PEC 32, que nós estamos lutando em Brasília, é o fim do estado brasileiro. É a privatização total da educação, da saúde e de todas aquelas políticas públicas tão essenciais à vida do nosso povo.
Companheiras e companheiros, parabéns. Façamos do nosso dia um momento de reflexão e um momento de reorganizarmos nossas energias e lembrarmos que o grande exemplo para os nossos alunos é mostrarmos a eles como se luta pelos nossos direitos.
É dizermos a eles que o mundo é assim, não é porque Deus quis. O mundo é assim porque os homens e mulheres o fizeram assim. É isso que nós precisamos continuar dizendo, ainda que tentem nos intimidar, ainda que tentem fazer com que engulamos a escola militarizada.
Educação, escola pública não é local onde alunos e alunas sejam obrigados a ter um comportamento padrão. Quem quiser estudar em escola militar, vá para a escola militar. Opte por isso, mas a sociedade não pode se submeter a um modelo militar de organização.
Um grande abraço. Viva o trabalhador da educação. Viva a educação pública. Parabéns, companheira Bebel, mais uma vez, pelo seu trabalho brilhante aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Um abraço a todos.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - Obrigada, Leão. Sempre uma satisfação tê-lo aqui comigo, você sabe disso.
Te dou, com certeza você pode. A idade vai permitindo tudo para nós, Leão.
O SR. ROBERTO FRANKLIN LEÃO - A idade tem suas desvantagens, mas também tem suas vantagens. Eu queria só falar um pouquinho, rapidamente.
A Bebel fez menção a um grande companheiro que ela está homenageando hoje e que eu tive a honra de ser chamado para falar no momento em que ela fazia essa homenagem, que é o companheiro João Felício, que foi presidente de Apeoesp.
Um grande sindicalista, um grande professor, um homem que engrandeceu a nossa categoria. Eu tive a honra de ter sido seu vice-presidente na Apeoesp e queria também fazer a minha homenagem a esse grande amigo, a esse grande companheiro que foi o João Felício.
Bebel, parabéns pela homenagem. Obrigado.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - E, para terminar, dizer que eu fui... Vou usar convencida, mas na verdade a gente acaba sendo cooptada nas assembleias da Apeoesp.
No dia, eu era bem jovem, eu estava na assembleia, eu não achava nada... Não que eu não achava nada, eu olhava todos que falavam, falavam de um jeito que não era vivido, vivenciado.
Mas o João Felício, ele tocava. Porque ele falava verdadeiramente aquilo que eu achava. Não o que eu achava, o que eu sentia. Por exemplo, você pegava... Eu cito uns companheiros nossos, Valéria (Inaudível.), que delicia que deve ter sido militar ao lado dele. O Mauro Puerro. Do outro lado nós temos outros também, para não citar nome e não ficar indelicado.
Mas o João, quando ele só usou uma frase para nos demover que foi o seguinte - chamando atenção que se a gente entrasse de uma vez na secretaria, ele usou o termo "vai virar uma bagatela".
Eu falei "que diabo é isso, Cristo? O que é bagatela?". Bom, eu falei "ele está certo". E me deu aquele insight e falei "eu quero ser da Apeoesp, eu quero participar do conselho, eu quero ser militante.".
Então, eu tive... Falei isso para ele várias vezes “você fala, mas eu fui formada na sua escola.”. A transformação é essa. Nunca vai ficar igual, quem vier depois de mim vai fazer, vai ser o que é, não tem jeito. E é assim, ainda bem que seja assim.
Mas, de qualquer maneira, este foi o grande professor, sindicalista João Felício. Eu costumo dizer que ele era o equilibrista, porque ele vinha lá da escola do Cedom, da zona norte.
Mas era equilibrista das palavras também e demovia a gente, às vezes, de posições; e a gente não queria aceitar, fazia assim com a cabeça, não tinha jeito. Mas ele demovia, ele era muito firme, verdadeiro e duro, mas também condescendente quando era convencido.
Ele dizia: “se convencido for, acato a maioria”. Isso é grandeza. Onde ele estiver, salve, João Felício. Muito obrigada por tudo. (Palmas.)
Eu vou chamar a
Tainá. Tainá, eu pensei aqui numa representação estudantil; mas em todo caso
não é por isso que a gente vai deixar de dar a fala. Depois da Tainá, eu quero
chamar um professor universitário que esteve comigo na CPI das Universidades.
Saímos muito fortes daquela CPI. Eu e a minha Lecizinha do meu lado; éramos só
nós duas que... Tinha o nosso querido Barros Munhoz, mas ele acabou fechando
com o texto do governo. E eu e a Leci fizemos voto em separado.
Não, querido,
você vai falar, senta aí. Então, que bom ter estado. Depois você faz uso da
palavra. Para colocar a importância de uma luta muito grande que a gente faz,
eu vou chamar o Moreno também, Moreno, porque a luta pelo Iamspe é nossa, e é
importante que a saúde dos professores também seja celebrada no dia de hoje.
Ele estava querendo escapar de mim para ir perto da Lúcia, mas vai desculpar.
Vamos lá,
Tainá, por favor; com a palavra, você. E aí você já imediatamente homenageia o
João. E tem a Júlia do Mab; está aí a Júlia? Eu quero que você fale também,
Júlia, porque não deixar o Mab falar nessa seca que está acontecendo, na falta
de energia elétrica... Eu acho que seria no entender de que a Educação tem tudo
a ver com isso também.
Por favor,
Tainá. Três minutos.
A SRA. TAINÁ WILLY - Três minutos,
bem célere. Bom dia a todas e todos. Eu me chamo Tainá Willy, sou presidente da
União Estadual dos Estudantes de São Paulo, a entidade que representa os
universitários do nosso estado. E hoje é muito importante a presença dos
estudantes também aqui nesta sessão solene, porque nós seremos os futuros
educadores.
E estar
presente aqui com educadores tão importantes, inspiradores, freirianos e
lutadores é revitalizante, porque a luta pela Educação é uma das mais árduas no
Brasil. Defender a Educação é uma luta cotidiana no Brasil. E os professores
estão todos os dias na linha de frente, em todas as instâncias.
Mas eu dedico
aqui uma homenagem especial aos professores da Educação Pública, porque os
professores da Educação Pública se dispõem a dialogar com os jovens
trabalhadores, a dialogar com os jovens em maior vulnerabilidade social.
E a partir
disso depositar sonhos, depositar sonhos coletivos, belos sonhos, na cabeça e
no coração de cada estudante, para que a gente possa, sim, a partir da
Educação, transformar as pessoas. E as pessoas, então, transformarem o mundo.
Então, é uma
fala bem célere, porque também temos mais pessoas aqui para trazer a sua
contribuição, para homenagear esse dia, que é tão importante. Mas eu queria
dizer uma frase do Paulo Freire em que ele diz que o educador se eterniza em
cada um que ele educa.
E de fato
muitos professores foram fundamentais para que eu estivesse aqui, mas para que
todos estivessem aqui e para que a gente possa ter mais força e beleza na vida,
para lutar. Beleza para enxergar propósito na luta.
Então, eu deixo
aqui essa homenagem à professora e deputada Bebel e a todos que são educadores
e estão aqui presentes. E dizer que nós, como futuros professores, nos
inspiramos em cada um que passou aqui nesta tribuna e que está aqui hoje, e em
muitos outros que não puderam estar presentes, mas que também são tão
importantes quanto.
Muito obrigada.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT -
Muito obrigada, Tainá. Agora você vai homenagear o João, que já está subindo...
João Charles, por favor. Fazer a “falinha”... Fala de três minutos. “Falinha”
não, porque dá impressão de que a gente não valoriza a fala. São falas
importantes.
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
E chamo a Júlia
para a Mesa. Moreno... Júlia e Moreno. E depois tem a Sara, que é da Uncme.
Está aí, né? É importante; nós temos que ter a representação. Uncme é União
Nacional dos Conselheiros Municipais. Nós temos que estar muito unidos nessa
luta que a gente está fazendo. E essa representação é muito importante.
A gente já está
indo para os “finalmentes”. Só que a gente tem um vídeo, antes, do Fernando
Haddad. Antes da sua fala, João, se você me permitir, eu quero colocar o vídeo
do Fernando Haddad, por favor.
*
* *
- É exibido o
vídeo.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT -
A gente tem uma réplica do Haddad no plenário, que é o Leandro. Vou chamar
agora, então, o João. Olha, eu te homenageei lá. Ele falou que é professor
universitário.
O SR. JOÃO CHARLES - Bem, queria
saudar a todas e todos que estão presentes aqui. E queria saudar também a
iniciativa desta sessão solene, do mandato da deputada Bebel.
E dizer que ela
é uma das poucas deputadas, assim como a deputada Leci e outros poucos
deputados, que honram o seu mandato e o colocam a serviço das lutas do povo
paulista e brasileiro. (Palmas.)
Eu estou
falando aqui em nome do Fórum das Seis, que congrega os sindicatos de
servidores técnico-administrativos, docentes e representações estudantis das
três universidades públicas paulistas e do Centro Paula Souza.
E não poderia deixar
de mencionar aqui que nós temos um presidente da república que fez o que foi
possível para atrasar o envio de vacinas, a compra de vacinas para o Brasil.
Isso envolto
numa atmosfera, denunciada pela CPI da Pandemia, que implica situações de
indícios de corrupção, de pessoas lucrando com o fato de que o povo brasileiro
não estava sendo vacinado ainda e que o processo de vacinação estava sendo
retardado.
Nós temos um
ministro da Fazenda que lucrou, com a miséria do povo brasileiro, dezenas de
milhões de dólares num paraíso fiscal no exterior. Do mesmo modo, o presidente
do Banco Central.
E dentro desse
processo, mais recentemente, todos vimos na imprensa uma mulher brasileira,
mãe, que foi presa por ter roubado comida para os seus filhos no valor astronômico
de 22 reais.
Essa mulher
ficou presa, ela teve um julgamento em primeira instância e em segunda
instância que a considerou um perigo para o povo brasileiro; e só foi revertido
esse processo no tribunal superior.
Ou seja, tem
algo de errado neste país, e tem algo de errado que nós professores temos o
compromisso de mudar. E temos a condição de fazer isso.
Queria lembrar
também que os nossos dirigentes - os nossos governadores, os nossos prefeitos,
a presidência da república - em geral só se lembram dos professores quando eles
querem nos confiscar direitos, quando eles querem diminuir nosso salário. E aí
eu me lembro de uma fala que diz o seguinte: eles não são incompetentes, os
nossos governadores; isso é projeto, é projeto político.
Qual é o projeto
político? É diminuir a condição do professor, é evitar que a gente consiga
produzir uma educação de fato, como está acontecendo em Heliópolis neste
momento, em que não se conformam apenas com a situação de resistir, mas estão
produzindo um avanço real no seu território.
E é um avanço
real que os torna também tão perigosos ou mais perigosos do que essa mulher que
roubou a comida para os seus filhos, porque estão ensinando o povo brasileiro a
ter consciência crítica, a não ser subserviente às autoridades que nós temos
neste momento.
E mais do que
isto, nós precisamos fazer mais um movimento: de ensinar o povo a não votar nos
canalhas que, uma vez eleitos, nos reduzem àquilo que nós somos neste momento.
(Palmas.) E é por isso que, mais do que nunca, a figura da professora, a figura
do professor deve ser valorizada neste país, porque é através da Educação...
Porque sem ela
a gente não conseguiria isto: esta mudança, que todos nós desejamos, para um
país que tenha igualdade, que tenha menos diferenças entre as pessoas; onde as
pessoas sejam tratadas com dignidade e não tenha brasileiro que morra de fome,
não tenha aposentado que viva na miséria.
Por isso é que
nós precisamos do professor. Então, salve os professores brasileiros, salve as
professoras brasileiras. Abaixo Bolsonaro, abaixo Doria. E viva Paulo Freire.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT -
Bom, eu tenho mais três falas e a gente vai para o encerramento, citando outras
que nós... Eu tenho José Luiz Moreno, por favor. Você já foi homenageado,
homenageou. João, vem homenagear para mim o Moreno, por favor. E depois a Sara,
que está aqui entre nós.
Vou pedir para
cada um que vai falando ir dando espaço para que a entidade apareça na Mesa. A
Sara, que é da Uncme, está aqui; pode subir também. E a Júlia, do Mab. Eu acho
que você que é do projeto de leitura... Mas eu vou pedir para a Tainá, se ela
não se importar. Não, eu vou te dar, espera aí.
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
O SR. JOSÉ LUIZ MORENO - Boa tarde a
todos e a todas, aos professores e trabalhadores da Educação. Vou fazer uma
história do Iamspe bem interessante. Desde o ano 2000, na primeira reunião em
que eu estive no Iamspe, que foi com a Professora Bebel, que era a diretora, e
também com o Carlão, saudoso Carlão.
Nisso, vendo
toda a história, a saúde no nosso estado, eu sempre estava participando dos
coletivos. Nessa parte toda do Iamspe, eu estou contando esta história porque,
no ano de 2005, o nosso saudoso professor Carlão, que era presidente na época,
me chamou e falou assim: “Olha, eu gostaria que você fosse a frente da nossa
Saúde”.
Eu falei: “Mas
eu não tenho experiência”; “Não, não é questão de experiência. Eu gostaria que
você estivesse junto com os outros militantes da Saúde, estivesse somando cada
vez mais”.
Eu peguei esse
(Inaudível.) e levei adiante. Cheguei na coordenação; da coordenação, fui para
a vice-presidência e, hoje, eu sou coordenador lá da CCM capital, tomando conta
do hospital, também em geral, de tudo.
No começo da
pandemia, eu fui convidado ao Conep, em Brasília, que era por aqui, porque eu
sou coordenador do Conselho de Ética do hospital, aonde passam todas as
situações, tudo de oncologia e demais especialidades que existem hoje.
Eu acho que o
Iamspe é isso aí: é uma luta de todos que estão aqui e também, como se diz, “A
educação transforma”, e transforma sim, de todas as maneiras possíveis.
Obrigado e
parabéns, viu, para os professores. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada,
Moreno. Vou chamar a Sara Camila Fernandes, que representa o Movimento dos
Atingidos por Barragens. A Júlia Camila.
A SRA. JÚLIA -
Júlia, sou eu.
A SRA.
PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Aí, tem...
Moreno, você já... Já (Inaudível.). Então, homenageia a Júlia para mim e a
Júlia homenageia, depois, a Sara. Aí, temos o professor Walter, que é da Fepesp
e do Sinpro.
É isso, Walter?
Claro que eu não poderia deixar de falar. É escola privada, lutou conosco nesta
pandemia, né? Enfim, uma satisfação tê-lo neste evento também. Por favor, Sara,
pode falar. Três minutinhos, aí já estamos acabando. Sara, pode sentar ali,
Sara.
A SRA. JÚLIA - Boa
tarde a todos. Meu nome é Júlia, eu sou do Movimento dos Atingidos por
Barragens aqui do estado de São Paulo. Queria, primeiramente, né: Fora,
Bolsonaro. Já iniciar a fala de forma auspiciosa. (Palmas.)
Queria
agradecer o espaço hoje concedido pela deputada Professora Bebel, neste momento
onde as homenagens se tornam ainda mais significativas, onde cada dia é um dia
a mais que a gente consegue sobreviver no Brasil.
Este dia do
professor e da professora é muito emblemático num momento onde a gente está
passando pela pandemia e os professores e professoras serviram como salva-vidas
de muitas crianças e de muitos jovens aí por todo o Brasil. Como a Bebel
mencionou, a gente é um movimento social que luta pela água e pela energia como
um direito, um direito humano, um direito básico.
Nesta pandemia,
a gente viu como a desigualdade de acesso a esse direito afeta diretamente,
também, o nosso acesso a outros direitos, como a saúde e a educação. Quantas
crianças, aí no estudo a distância, não tinham nem internet - muitas, milhões,
nem energia elétrica - para continuar seus estudos?
Foram as
educadoras e educadores que viajavam, que imprimiam, tiravam cópias para
conseguir continuar com os seus alunos, continuar apoiando os seus alunos na
busca pelo conhecimento.
Quando milhões
de crianças e suas famílias e comunidades escolares tiveram que lutar para
conseguir continuar acessando a merenda escolar, diminuindo a sua carga no
orçamento da família, foram ali os funcionários da comunidade escolar, as
merendeiras, o pessoal da limpeza que continuaram trabalhando, que continuaram
se arriscando na pandemia para garantir que essas crianças e esses jovens
continuassem e pudessem se fortalecer e continuar estudando.
Então, a
Professora Bebel é uma companheira muito valiosa para a luta do MAB aqui no
estado de São Paulo, porque ela entende que a educação também é um direito
básico, como vocês, os professores, professoras e estudantes que estão aqui.
Nesta luta
pelos direitos, os nossos direitos como cidadãos brasileiros, que a nossa
Constituição, depois de muita luta, conseguiu refletir, a gente tem que se unir
para garantir que eles se concretizarão e que eles vão construir e embasar cada
vez mais o futuro e o projeto de País que a gente tem.
É muito
emocionante ver o Lula, o Haddad falando aqui, porque eu fui a primeira pessoa
da minha família que pôde ir para a universidade, graças ao ProUni. (Palmas.)
Depois de mim, a minha irmã também conseguiu estudar, graças ao Fies.
Então, essas
oportunidades que esses governos trouxeram possibilitaram que a gente
vislumbrasse um futuro possível, e é um futuro que, a cada dia que passa, a
gente tem que continuar lutando por essa educação, pelo acesso à educação e
pelo acesso a condições de vida que nos proporcionem poder desfrutar da
oportunidade de acessar a educação.
Então, moradia,
acesso a uma alimentação soberana e saudável, o acesso á água e à energia para
avançar no conhecimento. Isso tudo é graças à luta dos professores, que, além
de nos ensinarem na sala de aula, nos ensinam todo dia na resistência, na luta
por condições dignas e respeitosas de trabalho.
Então, eu deixo
aqui a minha homenagem, em nome do MAB, a todos os educadores e educadoras do
Brasil, do estado de São Paulo, a todos os estudantes que estão aí apoiando os
seus educadores e a toda a comunidade escolar, para que, daqui a dez anos, a
gente volte aqui nesta data e venhamos, cada vez mais, ouvir histórias como a
da professora e da escola lá em Heliópolis, onde já é uma escola em que a gente
vislumbra um futuro, um futuro democrático e um futuro mais feliz.
Então, muito
obrigada. (Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, agora, eu
vou chamar o professor Walter e vou fechar com uma mulher. Então, o Walter
Alves é membro da executiva da Fepesp e presidente do Sinpro Santos.
Eu tive a honra
de, junto com o professor Celso Napolitano... Aliás, adoro, super tenho uma
relação muito boa com ele, do ponto de vista mesmo de ação política.
Nós lutamos
muito neste período, não contra a volta às aulas, porque nós somos “aqueles que
não querem que os estudantes...”. A gente não quer que os estudantes morram e
que a família deles morra.
É isso que nós
(Inaudível.). Nós fizemos uma luta pela vida. Faria tantas vezes quanto fosse
necessário para garantir que tivesse a vacinação dos profissionais da Educação,
e nós conseguimos, para depois ter uma volta segura às aulas.
Não tem futuro
se não tiver vida. Por isso, quem falou que houve um atraso na vacinação, sim,
houve. O Brasil foi o que mais demorou para vacinar a sua população. Batemos o
recorde: graças aos profissionais da Saúde, graças à estrutura do SUS, que ia
ser privatizada, nós conseguimos a marca de 100 milhões de vacinados com
segunda dose, ou dose única. Então, isso não é pouca coisa. Isso é trabalho de
quem acreditou na vida. Muito obrigada. Passo agora para você, Walter.
O SR. WALTER
ALVES - Obrigado, Professora Bebel. Bom dia,
professoras, professores, todos aqueles ligados à comunidade educacional do
nosso estado, em especial da cidade de São Paulo.
Nós estamos
aqui representando a Federação dos Professores do Estado de São Paulo, uma
entidade que agrega cerca de 25 sindicatos em todo o estado de São Paulo,
representando cerca de 80% dos professores do ensino privado em nosso estado,
desde a educação infantil até o ensino superior.
Infelizmente, o
professor Celso não pôde estar presente, Professora Bebel, mas, em meu nome e
em nome dele, eu trago aqui um forte abraço e parabenizo a iniciativa por este
ato de solenidade aqui na Alesp, que é a Casa do povo.
Professora
Bebel, professor João, nós estamos, as escolas e as universidades estão
cercadas. Cercadas pelo obscurantismo, pelo terraplanismo, pela anticiência,
pela antipolítica.
Estamos
cercados pelos valores comerciais, econômicos dos grandes agrupamentos
financeiros, que querem tomar conta de nossas escolas e das nossas
universidades.
Chegando aqui,
eu fiquei pensando assim: “Eu vou falar em nome e vou dizer que as nossas
escolas e as nossas universidades são as últimas trincheiras”. Aí eu pensei:
“Não, escola e universidade não são trincheiras”. As escolas e as universidades
querem derrubar muros, querem construir pontes.
As
universidades e as nossas escolas têm, no seu interior, a ciência, o
conhecimento, o espaço de fala, onde nós queremos ouvir, nós queremos discutir,
nós queremos planejar, nós queremos obter um País melhor.
Como nós vamos
enfrentar esse cerco? Não é com armas. Nós vamos enfrentar esse cerco com o
coração, com muita esperança, tendo, em uma mão, um giz e tendo, em outra mão,
um livro. É assim que nós vamos enfrentar esse cerco. É assim que as entidades
as quais eu represento...
Mesmo estando
enfrentando o avanço do poder econômico transformando a educação em mercadoria,
nós nunca podemos perder de vista a luta que nós temos que travar com a
educação pública, de qualidade e inclusiva, porque é nisso que nós acreditamos,
porque é lá que está a nossa razão de ser, que são esses jovens que estão aqui,
que são aquelas crianças que sorriem.
É com esses
instrumentos que nós vamos enfrentar esse cerco. Então, para encerrar, eu não
gostaria de encerrar com uma tristeza, porque o dia dos professores, para mim,
professor de história de ensino médio, sempre foi um momento de reflexão, mas
também de muita alegria, em que eu buscava as lembranças da sala de aula.
Já estou
aposentado e estou na militância sindical, e eu vou encerrar dizendo uma coisa
que eu ouvia sempre de um aluno que foi muito marcante em toda a minha história
na sala de aula, quando ele dizia para mim assim: “Professor, obrigado. Amanhã,
tem mais”.
Obrigado.
(Palmas.)
A SRA.
PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Antes da Sara,
eu ainda tenho o vídeo - não posso cometer a indelicadeza de não passar - que é
do sociólogo e professor Cesar Callegari. O Cesar foi meu companheiro no
Conselho Nacional de Educação e é muito importante que a gente ouça as palavras
dele. Por favor, Cesar Callegari.
*
* *
- É exibido o
vídeo.
*
* *
Chamo a Sara.
Por favor, Sara, da Uncme, que é a União Nacional dos Conselhos Municipais de
Educação. (Palmas.)
A SRA. SARA
ISABEL - Boa tarde a todos e a todas que estão
presentes aqui. Eu sou a professora Sara Isabel. Eu represento a Uncme - São
Paulo na diretoria da Uncme, na presença do professor Milton Herrera, que manda
um abraço a todos. A Uncme - São Paulo quer informar a todos que, ontem,
soltamos uma nota em que somos contra o retorno 100%, neste momento. (Palmas.)
Não é tempo,
ainda, de colocar os nossos estudantes em risco, principalmente os que só
tomaram a primeira dose da vacina. Então, a Uncme se manifestou ontem, através
de uma nota pública.
Eu trouxe para
compartilhar com vocês, fechando, e parece que tudo corrobora. Complementando
as palavras da Júlia, eu recebi uma carta da minha sobrinha e eu queria
compartilhar com vocês.
É uma menina
que acabou de sair da universidade, que estava casada, que perdeu o marido na pandemia,
mas que, ainda assim, teve tempo de ter um olhar para os professores.
“Em algum
momento da vida, lemos ou ouvimos, em algum lugar, que, se não fossem os
professores, os mestres, não seríamos ninguém. De fato, não seríamos, mas até
ontem não sabíamos o valor de um ensinamento e precisamos de uma pandemia
mundial para descobrirmos o quanto é valioso ensinar.
Quando toda uma
população precisou desenvolver um pouquinho do seu lado didático para que os
filhos acompanhassem suas aulas online, descobrimos que um grande mestre não
abre um livro dentro de uma sala de aula, e apenas dita palavras.
Descobrimos que para ensinar é preciso se doar,
se dedicar, é preciso ter paciência, é preciso
ter dom.
Nesses dois (Inaudível.) anos, mais do nunca, os professores fizeram das
tripas o coração, para que os seus estudantes não perdessem conteúdos e conhecimentos, não ficassem, como
diriam todos, no prejuízo.
Vimos professores acompanhando o que o governo propunha, e doando muito
mais do que podiam para que o ensino remoto funcionasse, tentando passar para
seus estudantes que a educação sempre vence e sempre vencerá. E tem vencido apesar de todas as
dificuldades encontradas.
A
vocês, grandes mestres, pessoas dotadas de um excepcional saber, competência e talento, seja em qualquer área, nas ciências, nas exatas ou na arte, nossos parabéns e nossa profunda gratidão.
Vocês são seres humanos incríveis que deveriam ocupar o lugar de
honra na sociedade, por compartilharem o saber, o dom, o amor de vocês, sem olhar a quem, rompendo fronteiras.
Se o
futuro de uma nação são as crianças, está mais do que na hora de valorizarmos quem
as ensina, quem as prepara. Educar sempre foi e sempre será uma missão.
A
maior riqueza do ser humano é o conhecimento que ele adquire. E, como diria Paulo
Freire, eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso. Amo as gentes,
amo o mundo, e é porque amo as pessoas e amo o mundo que
brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.”
A Uncme São Paulo deseja a todos um feliz Dia dos
Professores. (Palmas.) Continuamos na luta. Fora, Bolsonaro, chega.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Sara. É sempre uma
satisfação ter as diversas representações e segmentos. A Educação é assim, ela não é, como dizia
Paulo Freire, “vovô viu a uva”.
Mas é o contexto que deve orientar o ato de educar. Por isso,
ele sofreu muito, porque com isso se politiza, e politizar não é pecado. Pecado é armar a população, tirar vidas, é não ter compromisso com vidas.
Isso
é pecado, isso não está
certo. Mas politizar, tornar consciente
e deixar que cada um faça a sua escolha, esse é o caminho correto, que é a pluralidade de ideias, de posições, que nos permite,
como cidadãos e cidadãs, que somos, abrir uma fronteira e lutar a cada momento
por tudo aquilo que nós acreditamos.
Por
isso me tornei professora. Eu me tornei professora porque eu acreditava. Não
faria sentido para mim um escritório, como a minha irmã quis, desviou o meu caminho, professora
no ensino médio, que eu ia fazer magistério, falou, “mãe, tenho que estudar contabilidade para
arrumar emprego logo”.
Minha
mãe falou, “então todas as duas vão estudar contabilidade”. Eu
falei, “mãe, mas eu não quero. Eu quer ir fazer lá o Sud Mennucci”, que é a escola primária. Eu queria começar já como professora primária.
Mas
como a gente não tinha dinheiro, minha mãe falou, “não, todas as duas vão para o mesmo
lugar, porque uma olha a outra”, porque ainda tinha essa questão da moralidade.
Como
é que iria uma sozinha sem a outra para não ter como
contar? Tinha que ter. Eis que a minha danada da minha irmã mais velha ela casou-se no segundo ano de contabilidade, e eu tive que ir
até o final da contabilidade, para depois
fazer a minha escolha, que foi fazer letras.
Então
era um sonho meu ser professora, eu dava aula para eu sozinha, meus irmãos
tinham que ser meus alunos, e se não quisessem eu punha um monte de tijolo,
cada um tinha um nome, eu falava com os tijolos.
Mas é isso, é um pouco disso. Quem sonha sonha da forma como pode. Eu
sonhei, eu consegui ir dar aulas. Eu costumo dizer, falava sempre para os
estudantes: “vocês entram na minha casa o tempo todo”. “Eu não, professora, eu não estive lá.”
Eu falei: “Eu não levo prova? Eu não levo os trabalhos de
vocês? Toda hora lá eu pego e vejo, ‘João não sei o que’, 'Roberto não sei o que’, e a gente vê a cara de quem? De quem na hora que você está corrigindo você está vendo, o rostinho de cada um”.
Eu
tomava muito cuidado para não ler nome quando eu dava prova dissertativas,
porque se não
você muda o critério, dependendo de quem está sendo. Eu falei, “eu não vou ler nome”, então lia, corrigia um pacote de
provas assim.
Passava
domingos, às vezes. Mas isso era um envolvimento,
as pessoas não têm ideia de o que é o ato, de o que é ser um educador, um professor. Eu tenho muita vontade de
voltar para as salas de aulas.
Se
tiver oportunidade eu quero voltar, ainda que eu esteja com bengala eu quero
voltar, porque é um revigorar o tempo todo. Dizem que a
gente sai. Hoje é verdade, por conta da falta de condições
de trabalho.
De
fato, o professor se adoece, fica com problema na voz, LER, tendinite,
estresse, e tudo o mais. Mas quando eu comecei, eram salas numerosas, mas também me lembro que eu entrava nas salas de aula, eu esquecia
do problema.
O
problema era quando eu saía da sala de aula. Aí vinha tudo. Então era uma energização muito forte. E o mais lindo é quando eu preparava uma aula de acordo com os scripts, e
a aula não virava do jeito que eu tinha preparado.
Eu
chegava, já estava feita a roda. Eu falei, “ué, mas quem mandou fazer a roda?” “Nós, professora. Hoje é dia de debates”, porque eu dava debate. Então, mas era a forma de eu
fazer. “Então tá, então vai ser o debate em cima do
texto que nós trabalhamos.
Sim,
em cima do texto. Então vamos reler, e ali ficava.” Então acho que foram os melhores momentos
da minha vida. E hoje criminalizam muito os professores que têm experiência, Marília.
Dizem
que ex-professor não podem ser valorizados. Por isso, não, quem tem experiência agregou muito conhecimento, e isso não pode ser criminalizado como se
fosse o antigo. Não é o antigo.
A
cada momento, nas salas de aula, a gente reinventa. Você reaprende, você, ontem eu estava até conversando com um deputado, falou, “Professora, mas eu não sou favorável a esse negócio
de por igual aluno com professor”.
Eu falei, “não é isso”. Até o aluno sabe que não é isso, que nós vivemos mais que ele, e que tem uma questão geracional.
Eles sabem disso. O que nós não podemos é tratá-los a chibatadas.
Isso
não dá certo. Ou no castigo, como escola cívico-militar. O próprio nome dizer “cívico-militar” já delimita os muros da escola. Escola não é para ter
adjetivo. A escola tem que ser pública, de qualidade, plural, e para
todos. Essa é a escola que tem que ser, a escola dos
sonhos, popular, no dizer da Marília. Um pouco disso.
Vou
pedir para o Wilson também proferir palavras, Wilson, e ao mesmo tempo dizer as representações que estão aqui. Mas diga alguma coisa, esteja à vontade, para eu ler o ato de encerramento desta sessão.
O SR. WILSON - Boa tarde a todas e a todos. Bom, Bebel, primeiro parabenizá-la pela organização desse evento.
Eu
me sinto muito orgulhoso de fazer parte da sua assessoria, e me sinto também contemplado como professor, que sou, também, professor universitário, e também me sinto homenageado na data de hoje, nesse dia tão
importante, que é o dia do professor, esse momento de
reflexão tão importante sobre o significado da educação e sobre o protagonismo que
esse profissional exerce na formação de tantas e tantas gerações.
Com
isso eu quero registrar aqui a presença de pessoas que são muito importantes
para a atuação parlamentar do mandato popular da Professora Bebel: o José Geraldo Pinto, da Unas, a Maria Lúcia de Almeida, também da Unas (Palmas.), a Terezinha Satec, da Unas (Palmas.), também da Unas, a Priscila do Amaral (Palmas.), a Vera Lúcia, ainda da Unas (Palmas.), os companheiros da Apeoesp, Maria Lúcia de Almeida (Palmas.), Zenaide Onório (Palmas.), Flau de Azevedo
(Palmas.), a Ana Cristina do Nascimento, da Uncme (Palmas.), o Ismael de Jesus
Morales, diretor da Pase (Palmas.), a
Vanessa Laureano da Silva Santos, diretora da creche da Unas Frei Sérgio (Palmas.), Tiago Fainer, presidente da
Uesp-Piracicaba (Palmas.), professor Valmir Siqueira, coordenador nacional do
coletivo LGBT da CUT, diretor da Apeoesp (Palmas.), e o Darlécio Victor, presidente do Professorado Católico (Palmas.).
Obrigado,
Bebel. Parabéns por esse belíssimo evento.
A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, antes de ler eu tive a
oportunidade de estar, no último 12 de outubro, em Aparecida do
Norte. Eu sou católica,
eu também tenho que dar uma banhada no meu espírito, porque ninguém aguenta tanta militância e tanta porrada sem nos apegarmos.
Mas
fiquei muito contemplada com a palavra do cardeal, quando ele diz: “pátria amada não é pátria armada”.
(Palmas.) Não pode ter um governo sem plantar o amor. Não pode plantar o ódio, não pode ter fake news.
Eu
acho que serviu muito bem para o cidadão que esteve, eu acho que ele tem o
direito de ir onde ele quer. Eu acho que as igrejas têm que estar abertas para quem quer que seja, para que religião for.
Mas
no momento ali, em Aparecida do Norte, em que você
vê pessoas tão
pobres vindo de locais tão distantes, enfim. Não condizia com o momento pelo
qual passa o País: fome, miserabilidade absoluta,
desemprego e mais de 600 mil mortes.
Isso,
por si só, fala por que não era o momento de o
presidente da República estar em Aparecida do Norte. Ali é quem está buscando a esperança. Numa
fila chorava, chorava, uma senhora dizendo, “fiz promessa para Nossa Senhora de
Aparecida me curar de Covid, e ela me curou”. Vale, gente.
A fé é alguma coisa que se eu não acreditar
em alguma coisa, eu também não vou aguentar. E para mim, até eu conversei com um jovem fotógrafo que estava comigo, o Guga, eu
disse, “Guga, o que me deixa forte aqui é saber que todos vêm em nome do bem: ou quer melhorar alguma coisa, ou quer saúde para a família, quer, enfim, arrumar emprego.”
Então ali é um conjunto de energias positivas, e você se sente bem porque você também está buscando alguma coisa. Eu busco
incessantemente e verdadeiramente, sim, melhoria na Saúde da minha família, de uma irmã que sofre, foi acometida por um câncer de mama.
Eu
busco incessantemente, será por tantas outras coisas, mas eu busco
incessantemente, desde que me tornei militante de sindicato, a melhoria dos
professores do estado de São Paulo. (Palmas.)
E nós vamos ter de conseguir. Não é possível que só os grandiosos vençam. Gandhi já falava isso: “o que me deixa mais tranquilo é que um dia os tiranos cairão”, e vão cair. (Palmas.)
Antes,
porém, eu tenho que ler o termo de
encerramento, que é o seguinte:
esgotado o objetivo da presente sessão, eu agradeço
às autoridades
aqui presentes, à minha equipe, aos funcionários, ao Serviço do Som, que brilhantemente
trabalharam, da Taquigrafia, da fotografia, do Serviço de Ata, do Cerimonial, da Secretaria-Geral Parlamentar, da Imprensa da
Casa, muito obrigada, da TV Alesp, das assessorias policiais, militar e civil,
bem como todos os que, com suas presenças, colaboraram para o pleno êxito dessa solenidade.
Está encerrada esta sessão.
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Encerra-se a sessão às 13 horas e 28 minutos.
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