25 DE OUTUBRO DE 2021

7ª SESSÃO SOLENE PARA COMEMORAÇÃO DA SEMANA DE CONSCIENTIZAÇÃO DA SÍNDROME PÓS-PÓLIO

 

Presidência: ADALBERTO FREITAS

 

RESUMO

 

1 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Assume a Presidência e abre a sessão. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene para Comemoração da Semana de Conscientização da Síndrome Pós-Pólio, por solicitação deste deputado.

 

2 - VINÍCIUS CAMARINHA

Deputado estadual, atribui valor ao tema objeto desta sessão.

 

3 - VINÍCIUS SCHAEFER

Presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência, do PSDB, tece considerações sobre a defesa dos interesses de pessoas com deficiência.

 

4 - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO

Mestre de cerimônias, anuncia a exibição de vídeo da senadora Mara Gabrilli.

 

5 - CÉLIA LEÃO

Secretária estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência, coloca-se à disposição desta Casa, em nome do Governo do Estado, para defender a causa objeto da solenidade.

 

6 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Faz agradecimentos gerais. Tece considerações a respeito do tema e da iniciativa desta solenidade.

 

7 - ACARY SOUZA BULLE OLIVEIRA

Médico neurologista, discorre acerca de microorganismos, da poliomielite e da importância da vacinação.

 

8 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Enaltece o discurso do Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, a quem agradece.

 

9 - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO

Mestre de cerimônias, anuncia a declamação de poesia, por Arlete Nascimento.

 

10 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Valoriza a história de superação de portadores de poliomielite.

 

11 - ABRAHÃO AUGUSTO JOVIANO QUADROS

Fisioterapeuta, coordenador do Ambulatório de Síndrome Pós-Poliomielite da Universidade de São Paulo, discorre acerca da fisiopatologia da síndrome pós-pólio e a neuroplasticidade cerebral.

 

12 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Elogia o pronunciamento de Abrahão Augusto Joviano Quadros.

 

13 - CÉLIA LEÃO

Secretária estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência, valoriza a apresentação do Dr. Abrahão Augusto Joviano Quadros.

 

14 - ANDREA ROSANA SILVA

Contabilista, presidente da Associação G-14, manifesta-se sobre o terceiro setor e sua relação com a síndrome pós-pólio.

 

15 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Cumprimenta Andrea Rosana Silva pelo discurso.

 

16 - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO

Mestre de cerimônias, lista pessoas presentes nesta solenidade em ambiente virtual.

 

17 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Menciona presença de seu filho, Leandro Freitas, e de Moacir Sarroch.

 

18 - SANDRA TRIPODI

Médica fisiatra, a representar a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente, tece considerações sobre o trabalho da AACD relacionado à poliomielite.

 

19 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Elogia a atividade da AACD.

 

20 - TATIANA MESQUITA

Fisioterapeuta de reabilitação, tece considerações sobre o tratamento neurológico reabilitador.

 

21 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Agradece à Sra. Tatiana Mesquita pelas informações.

 

22 - ROSELI

Enaltece o valor desta solenidade.

 

23 - WAGNER FRACINI

Médico cirurgião, discorre acerca da imunização contra a poliomielite.

 

24 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Agradece ao Dr. Wagner Fracini pelo trabalho exercido na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

 

25 - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO

Mestre de cerimônias, salienta a prevenção à poliomielite, tece agradecimentos gerais e elogia o deputado Adalberto Freitas pelo trabalho de inclusão.

 

26 - PRESIDENTE ADALBERTO FREITAS

Elogia José Francisco Vidotto, faz agradecimentos gerais e coloca-se à disposição de pessoas portadoras de necessidades especiais. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Adalberto Freitas.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sejam bem-vindos a esta sessão solene, que tem a finalidade de comemorar a Semana de Conscientização da Síndrome Pós-Pólio.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pelo YouTube da Rede Alesp e pelo YouTube e Facebook do deputado Adalberto Freitas.

Neste momento passo a palavra para o deputado estadual Adalberto Freitas, para realizar a abertura desta sessão solene.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Boa noite a todos. Sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de leis, deputado Carlão Pignatari, atendendo solicitação deste deputado, com a finalidade de comemorar a Semana de Conscientização da Síndrome Pós-Pólio.

Ouviremos agora uma saudação do líder do Governo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nosso querido deputado Vinícius Camarinha.

 

O SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSB - Pessoal, aqui é o deputado Vinícius Camarinha, líder do Governo. Estou passando aqui para dar um abraço em todos vocês, em especial para o deputado Adalberto Freitas, que está discutindo com vocês um tema superimportante, Síndrome Pós-Pólio.

Isso exige um empenho muito grande. Isso exige uma ação de Saúde pública determinante do nosso governo, da Secretaria de Estado da Saúde, dos municípios, do SUS, num apoio total a essas pessoas.

Eu quero aqui saudar a iniciativa do deputado Adalberto Freitas, de provocar esse debate, de impulsionar esse tema, para que todos nós possamos nos unir no apoio a todos.

Parabéns ao Adalberto Freitas, pelo seu trabalho, e a todos vocês que estão participando dessa reunião. Um grande abraço, e contem conosco aqui na Liderança de Governo. Um grande abraço.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Neste momento, gostaria de nomear as autoridades presentes, a nossa deputada, grande amiga e secretária da Secretaria da Pessoa com Deficiência, do estado, Célia Leão, para fazer uso da palavra. (Pausa.)

Como a deputada está em trânsito, não deve estar conseguindo entrar em contato, vamos passar a palavra ao presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência, do PSDB, Vinícius Schaefer.

 

O SR. VINÍCIUS SCHAEFER - Boa noite a todos. Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer e parabenizar o deputado Adalberto, pelo grande trabalho que ele tem desenvolvido, e também o chefe de Gabinete com deficiências, Dr. Vidotto, também saudá-lo. Parabéns pelo grande trabalho, a participação de todos vocês.

Nós sabemos o grande desafio que nós temos, mas vamos conseguir fazer um trabalho maravilhoso, em dobro do que tem sido até aqui. Parabéns para todos, também o representante da Secretaria da Pessoa com Deficiência, em nome da secretária Silvia Grecco.

Deixo um abraço a todos vocês. Quero agradecer também a todos os projetos que daqui para a frente nós vamos desenvolver, já temos programado. Nós sabemos do grande desafio que nós temos, também para arregaçar as mangas, e ir muito além de tudo que nós temos feito.

Queremos ser um modelo para a cidade de São Paulo, e principalmente também para o Brasil.

Meus parabéns para vocês. Muito obrigado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Gostaria de, neste momento, a nossa grande senadora, a defensora da pessoa com deficiência, Mara Gabrilli. Não pôde estar ao vivo, porque está em Brasília num evento, mas mandou uma gravação, para que pudesse fazer uso da palavra.

Por favor, técnica.

 

A SRA. MARA GABRILLI - É uma honra para mim estar aqui com vocês. Primeiro eu vou me autodescrever, para as pessoas cegas poderem me ver.

Sou uma mulher branca, com cabelos lisos, castanhos claros. Eu estou com uma roupa preta, e apareço da cintura para cima, sentada na cadeira de rodas.

Bom, a gente está vivendo, há quase dois anos, com uma pandemia. E desde o início nos mobilizamos para buscar medidas de proteção às pessoas com deficiência, especialmente para quem necessita de auxílio, de cuidador, no dia a dia. Nos preocupamos com as comorbidades, que deixam alguns grupos ainda mais vulneráveis, como as pessoas com Síndrome de Down, as doenças neuromusculares, com Síndrome Pós-Pólio, os tetras, os paraplégicos, e tantos outros.

E ainda com as pessoas com autismo, de suas famílias enfrentando o isolamento, nas pessoas cegas, nas pessoas cegas que necessitam tocar em tudo, da máscara que dificulta a comunicação dos surdos.

Depois, com a chegada das vacinas, buscamos corrigir o erro imenso do Ministério da Saúde, de utilizar o critério de renda para vacinar as pessoas com deficiência. Foi extremamente discriminatório.

A pólio, por exemplo, que teve períodos dramáticos, de explosão de casos, foi praticamente reduzida com a chegada de uma vacina. Muitas pessoas foram salvas do vírus e das sequelas que causa a pólio.

Mas a gente não pode se esquecer que foi preciso união de esforços, e décadas de campanhas de vacinação, para que chegássemos ao anúncio da Organização Mundial de Saúde, feito somente em 2020, de que o mundo está próximo de alcançar a erradicação global da doença.

Então, faço aqui o meu compromisso com a ciência, o meu compromisso com os pesquisadores, inclusive fundei uma organização com o objetivo principal de fomentar pesquisa para a cura de paralisias. Isso hoje me levou para tantos lugares, inclusive para a política, porque hoje o instituto foi para tantos lugares.

O Instituto Mara Gabrilli trabalha em várias frentes, fomento ao esporte, com vários atletas olímpicos e, ainda, atendendo às famílias de pessoas com deficiência, em situação de vulnerabilidade.

E o que o Instituto fez? Promoveu a primeira pesquisa, junto às pessoas com deficiência, vivendo em meio à pandemia. E a gente teve um triste resultado, de uma central gigante de família passando fome e com necessidade de apoio à saúde mental.

Então, a gente pôde agir de acordo com a necessidade que a gente detectou, fazendo inclusive atendimento online, por todo o Brasil.

A pesquisa de qualidade faz a humanidade dar saltos. A vacina contra a pólio, por exemplo, mudou o mundo, e foi só o começo. A vacina contra a Covid despertou em nós um prazo que a gente nem imaginava ser possível. E hoje vemos a redução das internações e das mortes.

Por isso eu busco sempre defender os recursos para a ciência e para a tecnologia para inovação, para tecnologia assistiva, para as nossas universidades, com seus profissionais tão corajosos, que tanto, mesmo diante de cortes de orçamento, fazem muito. Contem sempre comigo nessa luta.

Vamos dar visibilidade e olhar para o pós-pólio, manter o olhar atento para as necessidades das pessoas que têm a síndrome, e sua qualidade de vida.

Contem comigo, e vamos seguir lutando para termos um Brasil mais humano, mais inclusivo.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sejam todos bem-vindos. Passo a palavra para o deputado estadual Adalberto Freitas, para que seja realizada uma explanação sobre a Semana de Conscientização da Síndrome Pós-Pólio.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Dr. Vidotto, eu gostaria de voltar, agora que a secretária Célia Leão poderá falar, que agora está mais visível. Por gentileza, a senhora está ouvindo, secretária Célia, pode falar?

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - Boa noite, posso.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Com a palavra a secretária das Pessoas com Deficiência, do governo. Por gentileza.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - Muito obrigada, deputado Adalberto Freitas. Uma alegria estar com o senhor nessa nossa reunião. Digo nossa porque é o sentimento, nós queremos estar juntos, numa caminhada que pode fazer a diferença.

Quero desejar aqui a todos uma boa noite, uma boa reunião, e dizer que nós não estamos sozinhos. O governador João Doria e o vice-governador Rodrigo Garcia imprimiram, dra. Carina, uma forma de trabalho pensando as pessoas com deficiência, de forma ampla, aberta e que isso chegue para todas as pessoas das nossas políticas públicas.

Que as políticas públicas, de fato, atendam a necessidade de todos. Então, deputado Adalberto resolve fazer uma sessão solene como essa, exatamente para levantar o tema, para não deixar o tema guardado, esquecido.

Muito pelo contrário, nós temos a obrigação de ter um olhar atento pela saúde, pela vida. A vacina fez milagre, continua fazendo, mas temos que estar atentos.

Mas todos nós envelhecemos. Isso é bom, significa que estamos vivos, mas quando envelhecemos, nosso corpo envelhece também, a nossa mente, intelecto. Isso é natural da vida.

Mas as pessoas que têm algum tipo de deficiência, não estou falando especificamente só pós-pólio, todos os tipos de deficiência, certamente também essas pessoas e seus familiares, cuidadores, a Medicina, têm que ter um olhar mais atento, porque existe um diferencial imenso no envelhecimento de alguém que “tem a qualidade de vida, de mente, audição, visual”, seja o que for, e as outras que têm uma deficiência.

Então, para nós, a Secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência é obrigação. Eu   estou aqui por obrigação. Estou aqui como secretária de estado. Estou aqui, deputado Adalberto Freitas, como alguém que luta por essa causa há mais de quase 40 anos.

 Mas quero aqui dizer também que estou aqui por carinho e por amor a todas as pessoas que têm o mesmo sentimento que o meu, que estão neste momento na sessão solene.

Contem com nosso governo, contem com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Lá a casa é do senhor, o senhor sabe disso. Deputado Adalberto Freitas sabe que lá encontra não só portas abertas, mas os nossos programas de políticas públicas.

O Dr. Vidotto, nós nos conhecemos há muitos anos. Não é de hoje, não só da Assembleia Legislativa, mas de tantos outros eventos. Então, por favor, estamos aqui para o serviço e para servir.

Muito obrigada pelo convite, pelo carinho. Dra. Carina, fico muito estimulada. Quanto mais o tempo passa, quanto mais o tema vem à tona, a sua presença obviamente a presença de todos que estão conosco, mas a sua presença é simbólica no trabalho do dia a dia, na prevenção da Saúde, na prevenção da vida.

Isso de fato, para nós, para nosso governo, para nossa Secretaria, é o que a gente precisa, ter parceiros como todos vocês, e como Dra. Carina.

Deputado Adalberto, continuo aqui. Daqui a pouco tenho que sair para entrar numa outra live, mas só dependo de terminar esta nossa reunião. Mas a nossa Fabiana está presente, que é a gestora de Saúde da Rede Lucy Montoro, e da nossa Secretaria.

Muito obrigada a todos. Agora eu vou encerrar minha fala, para ter o privilégio de poder ouvir os demais. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Eu que agradeço, nossa secretária Célia Leão, que tem desenvolvido um trabalho esplêndido lá no Palácio, com o governador, com essa política, com essa dedicação que ela tem à causa, a experiência que ela tem, tem dado muita segurança nas decisões que são tomadas para tudo novo que fala sobre questões de pessoas com deficiência.

Muito obrigado, secretária Célia, por tudo que a senhora tem feito. Conte sempre com o meu apoio aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - Deputado Adalberto, me permita só acrescentar que a Secretaria está de portas abertas para o seu trabalho. Deputado Adalberto, para quem nos está ouvindo, para quem está participando conosco agora, é alguém ligado diretamente à causa das pessoas com deficiência, alguém que cuida com primor, com atenção, com carinho.

É uma grande figura de vida pública. Eu diria que tem um ditado que serve para você, meu querido Adalberto, que é “a grandeza de um homem está na sua simplicidade”. Então, quanto mais simples, maior o senhor fica. E isso nos dá também, assim como disse a dra. Carina, a certeza de que estamos no caminho certo.

Conte conosco, com as nossas políticas públicas, o que precisar a Secretaria é de todos, na figura do deputado Adalberto.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Muito obrigado à secretária Célia, sempre muito gentil. E ela sempre me surpreende. Eu falo sempre que aprendo muito com ela, e cada vez aprendo mais. É muito bom eu poder estar como deputado, e poder dividir, compartilhar o meu tempo e aprender, com toda a experiência que ela tem, e com as demais pessoas aqui.

Muito obrigado, secretária Célia. Nosso gabinete sempre estará à sua disposição, também.

Também quero agradecer a palavra do Vinícius Schaefer, que me antecedeu aqui nos comentários. Muito obrigado. Tive a honra e a participação de ele vir aqui no nosso gabinete.

Foi esplêndido o nosso encontro. É mais uma pessoa que luta também pela causa, como ninguém. Tem grandes sonhos, tem que ter coragem, tem que ter determinação. E com certeza fará muito pela causa.

Obrigado, Vinícius Schaefer pela sua luta toda.

E também quero agradecer as palavras do nosso líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha, e também da nossa senadora Mara Gabrilli, que é uma pessoa que representa muito bem todas as pessoas com deficiência lá no Senado da República, em Brasília.

Obrigado a todos.

Saúdo todos os participantes e autoridades aqui presentes, todas as pessoas que se interessaram por participar, por estar aqui, agora, na segunda-feira, oito e meia, para participar deste assunto extremamente importante. Esta nossa iniciativa de fazermos esta sessão solene é para reforçarmos a conscientização popular sobre a poliomielite e a síndrome pós-pólio.

O objetivo da conscientização da síndrome pós-pólio é instituído pela Lei nº 17.291, de 2020, de minha autoria. Na realidade, eu, como deputado, fui uma peça que ajudou a transformar isso em lei, mas todo o mérito está aqui para a Andrea Silva, que é da G14, que veio até o nosso gabinete com a ideia de fazer essa... Ela tinha um propósito e veio até nós, colocou a ideia e nós começamos a falar de projetos.

O projeto virou uma lei, a lei virou e aqui estamos hoje em mais um episódio que vai, com certeza, trazer aí para as pessoas que têm deficiência, para as pessoas que sofrem com as questões da poliomielite, da síndrome pós-pólio, um pouco assim de conhecimento para que a gente possa evoluir cada vez mais.

Muito obrigado, Andrea, pela sua participação. Desde o começo estava com a gente e, assim, eu também sou muito de construir. As coisas são do nada; a gente senta, faz a projeto e as coisas dão muito certo. Muito obrigado por tudo.

Também, essa lei tem o objetivo de dar visibilidade à gravidade da síndrome e de contribuir com a sensibilização do tema, espalhando informação sobre a importância da vacinação como prevenção.

Além disso, promover a homogeneização do atendimento no serviço de saúde. O pólio-vírus pode infectar tanto crianças como adultos, porém, é mais provável em crianças até cinco anos de idade. Por isso, é importante que seja realizada a vacinação nessa idade.

A poliomielite e a síndrome pós-pólio não têm cura. De acordo com o Ministério da Saúde, o último caso de poliomielite registrado no Brasil aconteceu em 1989, por isso pouco se ouve falar da doença, ou pouco se ouvia falar da doença até 2015.

Até 2015, a cobertura vacinal brasileira contra a pólio era de acima de 95%, considerada um exemplo para o restante do mundo. Porém, de 2018 a 2020, esse número despencou para 75%, o que gera extrema preocupação.

Por isso, é necessário educar e conscientizar as pessoas a respeito da importância da prevenção. A vacina contra a poliomielite é distribuída gratuitamente na rede pública de Saúde.

Toda ação que incentive a prevenção deve ser fomentada, não apenas no Brasil, mas no mundo, até porque o vírus causador ainda pode ser encontrado em países subdesenvolvidos. Incentive a imunização, uma gotinha que salva a vida.

Quero também aqui parabenizar e registrar a presença da Roseli, que é tradutora/intérprete de Libras, que está aqui ajudando o Vinícius. Muito obrigado, Roseli.

Um grande abraço com o coração, porque eu sei que você faz com muito carinho o seu trabalho. Muito obrigado. Volto a palavra para o nosso mestre de cerimônias, Dr. José Francisco Vidotto. Está sem som, Dr. Vidotto.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Desculpe. Obrigado, deputado. Neste momento, abriremos a palavra para as autoridades presentes se manifestarem. Passamos a palavra para o nosso palestrante, deputado Acary. Vou ler um trechinho do currículo dele, que é muito grande.

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Eu não sabia que ele era deputado, mas...

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - É que estava a relação dos deputados, mas ele estava fora, por isso que eu olhei. (Vozes sobrepostas.)

 

O SR. - Um dia será.

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Quem sabe um dia. Exatamente, quem sabe um dia. É isso aí.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Com certeza.

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Se for, será muito bem-vindo e, com a experiência que ele tem, ajudará muito a Assembleia Legislativa, ou Brasília, quem sabe.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sem dúvida. Dr. Acary é médico pela Universidade Federal de São Paulo, mestre em neurologia e neurociências pela Universidade Federal de São Paulo. Médico com especialização em neurologia, atuando principalmente nos seguintes temas: dor, síndrome pós-poliomielite, antroposofia, músculo e doença neuromuscular. Com a palavra, o Dr. Acary. Minhas sudações. O senhor sabe que o senhor é o meu mestre com carinho.

 

O SR. ACARY SOUZA BULLE OLIVEIRA - Boa noite a todos. Eu peço, por gentileza, eu posso compartilhar a tela, Dr. Vidotto?

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - O senhor fique à vontade, Dr. Acary.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sim, claro. Claro, fique à vontade.

 

O SR. ACARY SOUZA BULLE OLIVEIRA - Chegou para vocês?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Chegou, chegou.

 

O SR. ACARY SOUZA BULLE OLIVEIRA - Muito bem. Então, um agradecimento especial a este momento, este convite maravilhoso que foi feito a mim para falarmos a respeito de poliomielite, e os raros, muito valiosos.

Inicialmente, estamos falando da Semana de Conscientização da Poliomielite, um momento espetacular, maravilhoso. Um agradecimento especial ao deputado Adalberto Freitas, ao Dr. José Francisco Vidotto. A eles, portanto, e com eles, eu faço a saudação a todos os membros que estão presentes nesta Mesa e aos ouvintes também.

Um agradecimento à grande cidade de São Paulo, que tanto bem me acolheu em 1973, à Escola Paulista de Medicina e aos meus mestres, equipe neuromuscular, aos pacientes voluntários e associações, dentre elas, a Associação G14, que tem feito um trabalho maravilhoso, espetacular, especialmente nesse tocante ao aspecto do medo, aos bichinhos que sabemos que existem, mas que nós não vemos.

Esses bichinhos que podem trazer a varíola, esses bichinhos que podem trazer doenças que assustam a todos, não importa a classe social, não importa o nível econômico das pessoas, incluindo-se também até a família real.

Do ponto de vista de família real, houve sempre um medo enorme dessas doenças com esses bichinhos que não aparecem. Por exemplo, a varíola: um assassino invisível, um assassino impetuoso, invencível, que causava bastante mortes e que não fazia, como eu já falei, distinção.

A família real, preocupada com essa condição, trouxe a vacina, e ela trouxe também a preocupação com a vacinação, mas, mesmo com essa preocupação toda, a adesão às campanhas de vacinação era baixa, porque a forma de se fazer vacina não era muito bem conhecida. Essa forma de realizá-la ficou muito mais bem concretizada com os conhecimentos lá da França, de Louis Pasteur.

Depois, conseguimos ter vacinas para várias outras condições clínicas, por exemplo, febre amarela, numa época muito importante para o Brasil, muito importante para a cidade do Rio de Janeiro.

A cidade do Rio de Janeiro, que era conhecida no comecinho do século passado como “túmulo de estrangeiros”, porque lá tinham várias moléstias infecciosas que causavam mortes, dentre elas, a febre amarela, a varíola, o sarampo, a tuberculose e tantas outras.

Mas um momento muito importante que nós tivemos foi em 1918, com a gripe espanhola. A gripe espanhola, que assolou a Europa e a América do Norte, chegou ao Brasil também.

Se não tivéssemos feito um trabalho espetacular e inicial com Oswaldo Cruz, com a melhora da cidade do Rio de Janeiro, com a conscientização de vacina... Mas, mesmo com essa conscientização, grandes revoltas nós tivemos pela incompreensão da vantagem, da necessidade de limparmos a cidade, de fazermos a nossa tarefa e as vacinações preventivas.

A gripe espanhola não foi tão bem controlada na Europa e na América do Norte, levando a mortalidade intensa - até 50 milhões de habitantes, segundo algumas estatísticas -, mas, lá no Rio de Janeiro e em São Paulo, ela conseguiu ser mais bem controlada do que no restante do mundo.

As razões? Os aprendizados. Dentre eles, Carlos Chagas, que trabalhou com Oswaldo Cruz, que trabalhou na França também. Ele aprendeu que havia necessidade, primeiro, de máscaras, distanciamento social e cuidados e relação aos atendimentos - pessoa infectada tinha que ficar isolada.

Assim, na época, qual era a tentativa de se fazer a boa terapia? Era a cartilha, a cartilha contra a gripe. Por exemplo; “Perdigoto, que perigo. Se estás resfriado, amigo, não chegues perto de mim”.

Ou seja, através da cartilha e de música, as pessoas entenderam o real compromisso individual, pessoal e familiar; as pessoas entenderam que as epidemias se espalham.

Hoje, nós já entendemos melhor o que é infectividade; o que é letalidade, ou seja, quantos infectados que apresentam a doença e que morrem. Conhecemos aquele índice chamado “R0”, que significa a facilidade com que o vírus de espalha - o R0 igual a dois, cada doente passa o vírus para mais duas pessoas.

Na gripe espanhola, o R0 chegava até três, ou seja, cada indivíduo passava para três. O sarampo, 12 a 18 indivíduos, por isso, há necessidade de nós fazermos campanhas de vacinação sob uma forma intensa.

Mais recentemente, nós estamos vivendo a tal história da Covid-19, SARS-Cov-2, que se iniciou lá na China, na cidade de Wuhan, na província de Hubei, uma descrição muito bem-feita por Li Wenliang, que veio a falecer com essa enfermidade.

Essa condição, que estava presente na China, depois na Europa, chega ao Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Puxa vida, já quase dois anos de SARS-Cov-2.

É muito interessante que existe uma correlação grande entre a Covid-19 e a poliomielite, daí a importância desta semana de conscientização. Se nós entendermos a história da poliomielite, nós vamos entender o que nós deveríamos fazer em relação à Covid-19, SARS-Cov-2.

A pólio trouxe um medo, uma incerteza em torno de uma pandemia também, e ela tornou-se muito familiar. A pólio não é recente; a pólio é antiga, já presente desde o século XIV a.C., lá no Egito.

Aqui é uma estela egípcia mostrando a clássica atrofia da perna que aparece na poliomielite. A pólio é uma doença das células das medulas na região anterior da medula, no corno anterior, fazendo com que ocorra um comprometimento muscular.

Quando nós temos comprometimento das células do corno anterior, o músculo que é bonitinho, as células musculares que são bonitinhas, como estas, perdem o contato com o neurônio.

Perdendo contato com o neurônio, elas ficam atróficas e, ficando atróficas, elas não morrem: estimulam uma liberação de uma substância que vai trazer o broto do neurônio que não morreu, por exemplo, pelo vírus da pólio.

Assim, tem o processo de reinervação. A melhora funcional acontece, portanto, através de atividade muscular, atividades de fisioterapia. Não há necessidade de se fazer biópsia muscular para ver que tem alteração no neurônio. A eletroneuromiografia é um exame que, quando bem feito, mostra essas alterações, se tem comprometimento das células no corno anterior ou não.

O vírus da pólio é um vírus intestinal. Ele chega, através das veias, até a medula, vai até a região do corno anterior, lá no neurônio, e mata o neurônio. Nós conhecemos essa história muito mais bem definida desde o século XVIII, com descrição muito linda de Underwood. Depois, descrição de outros indivíduos, como por exemplo Charcot, na França.

No comecinho do século XX, a poliomielite se instala de uma forma mais intensa na América do Norte, na Europa e um pouquinho no Brasil também. Alguém era culpado. Sempre o culpado é o outro, nunca somos nós. Os culpados, na época, eram ou a banana, que vinha do Equador, ou o gato vadio, que vadiava de uma casa para a outra, ou o estrangeiro. O estrangeiro era o culpado.

Como não se conseguia identificar uma causa específica ainda, sabia-se que, provavelmente, era um agente pequenininho que a gente não via, esse vírus. Houve uma epidemia fantástica, com várias crianças afetadas, comprometidas e internadas em hospital, e muitas faleciam. Faleciam do quê? Insuficiência respiratória. Havia necessidade, portanto, de se descobrir um mecanismo para dar para essas crianças suporte ventilatório.

A história do ventilador é muito antiga, desde o século XVI, com Paracelso, mas passou-se um hiato muito grande até o desenvolvimento do respirador que nós conhecemos hoje, chamado Bipap. Teve uma fase do Ferdinand Sauerbruch, que, dentro da sua história, vai contando como que ele desenvolveu essa história toda do pulmão.

O pulmão motor de Dräger, depois o pulmão motor que foi desenvolvido na Universidade de Harvard, até que se chega à situação daquele pulmão de pressão negativa, que a pessoa era colocada dentro de um local com pressão negativa e, assim, o pulmão poderia expandir mesmo com a pessoa com uma dificuldade plena de fazer a ventilação espontânea.

Foi criado, portanto, o pulmão de aço, pulmão com pressão negativa. As UTIs ganharam esses pulmões, e o Brasil também. O Brasil teve, no Hospital das Clínicas de São Paulo, alguns pulmões, possibilitando a vida de certas pessoas que teriam morrido se não tivesse a presença desses pulmões.

Dentre essas pessoas que lá viveram, eu destaco duas muito importantes: aqui, esse moço lindo, maravilhoso, que viveu por bastante tempo, falecido recentemente, um desenhista, um artista, fazedor de vídeos; e aqui, Eliana Zagui, maravilhosa artista também, desenhando várias coisas pela boca e escrevendo artigos e livros fantásticos.

Nós tivemos um outro momento muito importante na história da pólio, quando Franklin Delano Roosevelt desenvolveu a poliomielite, com 39 anos de idade.

Ele teve um momento de depressão intensa, foi submetido a um processo de reabilitação num local mais quente dos Estados Unidos, chamado Warm Springs, e lá ele verificou que poderia movimentar as pernas. Foram-lhe colocadas algumas próteses, possibilitando a movimentação.

A esposa dele, Eleanor Roosevelt, se envolveu com várias políticas públicas. Essas políticas públicas é que permitiram, logo depois da segunda grande Guerra Mundial, uma ampliação dos direitos humanos na paz, saúde, crença, progresso, nacionalidade, educação, igualdade, pensamento, autodeterminação, liberdade, expressão, trabalho e vida, tudo isso contemplado nesta Semana de Conscientização da Pólio, por causa da Declaração dos Direitos Humanos pela ONU.

Essas intenções permitiram o vídeo em casa para as crianças que não se movimentavam. Permitiram também o carro adaptado. Permitiram algo muito mais importante, algo chamado “prevenção”. Essa prevenção vem através de uma luta, de uma briga: a Marcha dos Dimes, dez centavos de dólar. Quem arrecadava? A secretária de Franklin Delano Roosevelt.

Esses dez centavos de dólar, somados, permitiram que especialistas, cientistas, desenvolvessem técnicas para dominar o vírus, aquele bichinho que a gente não via. Dessa forma, em 1949, Enders, Thomas Huckle e Frederick Chapman ganham o Prêmio Nobel de Medicina.

Isso foi muito importante, porque, em 1952, houve uma pandemia no mundo em relação à poliomielite, e o Brasil não ficou de fora dessa condição: em 1953, houve uma epidemia semelhante aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro. E ao mesmo tempo, esse moço, Jonas Salk.

Jonas Salk começa a trabalhar de uma forma muito interessante: inativar aquele vírus ligado à poliomielite, e a inativação, quando administrada essa substância em pessoas sadias, ele imaginava que elas poderiam ficar imunes ao vírus selvagem da pólio.

Isso era uma crença, não era uma verdade, mas ele conseguiu convencer a população de que valeria a pena fazer a pesquisa. Vejam só quantas crianças, adolescentes e adultos fizeram fila para serem, entre aspas, “vacinadas”, porque não era vacina conhecida ainda.

Em 12 de abril de 1955, a vacina de Salk é demonstrada na sua eficiência. E dois anos mais tarde, Albert Sabin, fazendo uma forma uma pouco diferente a vacina, em vez de inativar o vírus, ele foi atenuando, atenuando, atenuando até quase inativar, e aquela forma dada sob uma condição de uma gotinha - a gotinha que salva -, possibilitou que, em um período muito curto de tempo e rapidamente, a poliomielite tivesse um número, que era intenso no mundo todo, diminuído de uma forma rápida.

Por exemplo, em 2008, havia países ainda com o vírus selvagem da poliomielite, em 2012, menos países, em 2015, menos países ainda. Mas ainda existem países com o vírus selvagem da pólio. Daí a necessidade da manutenção das campanhas de vacinação contra a poliomielite.

Mais interessante: no Brasil, nós não tivemos aquela obrigatoriedade de se fazer a vacinação, mas houve uma pessoa maravilhosa, espetacular. Desenhista, contador de histórias em um programa infantil da TV Brasília, esse moço chamado Darlan criou o que nós conhecemos hoje como o Zé Gotinha.

É através do Zé Gotinha e da família do Zé Gotinha, o programa nacional de imunização tornou-se um programa de família. E assim as famílias procuravam os postos de saúde, as crianças eram vacinadas e rapidamente aqui no Brasil nós tivemos uma queda bastante acentuada, acentuada, até que chegou em um certo momento em que tivemos um controle da pólio.

Como é que nós sabemos que não tem pólio selvagem? Quando alguém tem uma paralisia flácida, é feita coleta de fezes e uma cultura nessas fezes para vermos se tem vírus da pólio naquela cultura. E desde 1989, nós não temos mais nenhum caso de vírus selvagem.

E o último indivíduo que teve poliomielite aqui no Brasil - foi de março de 89 -, pessoa essa da cidade de Souza, na Paraíba, e que esteve conosco aqui em São Paulo mostrando que ele é o representante do último caso de poliomielite no Brasil.

E na América do Sul, é de 1991 o último caso, da região de Peru, na região de Pichanaki. O último caso é esse moço que esteve aqui conosco também em São Paulo, mostrando-se que ele é o representante do último caso de poliomielite da América do Sul. Mas a pólio não acabou ainda, ainda tem um pouquinho para fazermos com que o mundo fique livre completamente da pólio.

Ou seja, só faltam algumas gotinhas para que nós tenhamos essa pólio completamente controlada. E aqueles indivíduos que tiveram pólio, que sobreviveram, nós podemos falar que são os sobreviventes, são os recuperados, igualzinho o da covid? Mas alguns tiveram algumas sequelas. Mas mesmo com sequelas, essas pessoas se investiram em uma situação de recuperação, atividade física intensa.

Johnny Weissmuller, os mais antigos se lembram do Tarzan, o Tarzan mais famoso de todos; os mais antigos se lembram da “Gazela Negra”, Wilma Rudolph, campeã de 100 metros nas Olimpíadas de Roma, em que aparecerem os corredores de 100 metros, porque a reabilitação, a fisioterapia, a atividade física intensa possibilitava a reinervação. O neurônio sobrevivente brotava em direção às fibras musculares desnervadas. E essas pessoas, assim, ganhavam força muscular.

O vírus da pólio compromete o neurônio, mata o neurônio, assim tem a atrofia muscular, só que o neurônio mais próximo vai dar brotamento para essas fibras que estão atrofiadas, e esse brotamento agora vai fazer uma reparação, uma recuperação funcional. Se sobrarem mais neurônios, recuperação melhor; se tiver poucos neurônios vivos, recuperação pior, que é a atrofia, que é a sequela.

Portanto, a sequela vai ser dependente do grau de comprometimento da pólio. No Parapan-Americano de 2007, no Brasil, 38% da população nossa, atletas representantes do Brasil, tinham em comum a poliomielite.

E essas pessoas estavam enfrentando uma nova condição clínica. Ou seja, acostumadas já a fazerem atividades físicas, uma nova condição chamada “nova fraqueza muscular”.

E essa nova fraqueza não pode ser imputada à sequela, porque as pessoas começaram a perceber que a função motora foi diminuindo de uma forma progressiva, e essa condição foi definida, denominada como Síndrome Pós-Pólio.

Ou seja, a partir de um certo momento em que a sequela estava estabilizada, uma nova fraqueza começava a aparecer. Juntamente com essa nova fraqueza, outros sintomas, como fadiga, dor muscular, dor articular, intolerância ao frio, transtorno de sono, tudo isso relacionado a overuse, ou seja, muita atividade física, muita atividade física, em um certo período de tempo, aquele neurônio que brotou não consegue mais manter todas as fibras musculares que ele reinervou.

E agora essas pessoas com Síndrome Pós-Pólio têm que ser tratadas. Não existe uma medicação específica para elas, porque não existem muitos laboratórios pesquisando medicamentos para pólio, porque a pólio acabou.

Mas o trabalho de recuperação fez-se em uma forma de equipe. E tentamos algumas medicações, mas nenhuma delas trouxe um alívio, uma melhora funcional, exceto uma associação chamada Carnitina mais Piracetam, melhorando um pouco a fadiga, melhorando um pouco a dor muscular que as pessoas apresentam, pesquisas essas relacionadas e realizadas lá na Escola Paulista de Medicina.

E nós tínhamos um outro problema: as pessoas com Síndrome Pós-Pólio não eram reconhecidas pela Classificação Internacional de Doença como uma condição nova, como uma doença nova.

Das 2.032 doenças, não estava a poliomielite lá. Passamos essa informação ao professor doutor Ruy Laurenti, lá da USP, lá de São Paulo, e ele comprou essa ideia dessa condição.

Foi feito um documento que foi apresentado à OMS brilhantemente apresentado por essa dupla chamada Monica Tilli e pela Dra. Heloisa Brunelli Ventura de Núbila, e assim, desde 2009, a pôs-pólio foi reconhecida pela OMS como a nova condição clínica, publicação essa feita nos arquivos de neuropsiquiatria e em vários livros hoje já existem poucas informações relacionadas à Síndrome Pós-Pólio.

Portanto, em uma revisão da história da pós-poliomielite, dizemos que a pólio trouxe para nós um entendimento melhor da fisioterapia, da hidroterapia, da multidisciplinaridade, do respirador que foi criado em pessoa para a poliomielite, que hoje nós nos aproveitamos disso, a UTI foi criada para pessoas com poliomielite, o homecare, os direitos legais, a acessibilidade, o esporte como ascensão social, a união de forças das secretárias municipais de saúde.

Hoje nós estamos presentes aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo entendendo melhor o musculoesquelético - o músculo, use-o bem, se não usar, atrofia, se usar muito, gasta -, conhecemos hoje que a Síndrome Pós-Pólio existe, e mais ainda, vacina, isso é muito importante, é isso que modificou a história da pólio. Se nós não tivéssemos a história da vacinação...

Por exemplo, que estamos vendo com a poliomielite, em 1800, havia 989 milhões de habitantes. Ou seja, de 1500 a 1800 foram 300 anos para a população dobrar. Se fosse na mesma média, nós teríamos dois bilhões de habitantes hoje, mas com a vacina, quase oito bilhões de habitantes. Sem a vacina...

“Ah, a doença em si dá imunidade”. Mas e os problemas que a doença causa? Por exemplo, da varíola. Um terço dos sobreviventes ficava cego. E da poliomielite, vejam só, nós temos a sequela e hoje nós temos a Síndrome Pós-Pólio, que é um custo da doença também, e assim com maior problema para locomoção. E hoje, se não tivéssemos um entendimento melhor com a vacina, quantas pessoas estariam ainda necessitadas de ventilador mecânico?

Por outro lado, se a vitalidade é menor, se a viabilidade é menor, se a longevidade é menor, doenças degenerativas, teríamos menos. Esse seria o ganho positivo. Ou seja, menos Alzheimer, menos câncer, menos ELA, menos Síndrome Pós-Pólio. Mas não tem vantagem nisto.

Nós teríamos uma quarentena praticamente indefinida. Menos viagens internacionais, e os postos estariam fechados ainda com essas doenças infecciosas, pode ter certeza dessa história toda.

Ou seja, nós temos que agradecer às mães, aos pais e aos avós dos pacientes com poliomielite e com Síndrome Pós-Pólio. Esses indivíduos, essas pessoas, essas mulheres foram protagonistas de um novo tempo.

Elas abriram o caminho, elas levaram para nós luz e fizeram com que nós tivéssemos a noção de que podemos ser realmente fortes e enfrentar esse mundo de uma forma digna.

Se nós entendêssemos um pouco melhor a história e nós trouxéssemos essa história da poliomielite para os dias de hoje e não duvidássemos de que o vírus causa problema, não só do ponto de vista de mortalidade, mas de letalidade, mas também relacionado a uma morbidade bastante grande, nós não teríamos essa pandemia hoje tão intensa em relação ao mundo. E como espécie, nós falhamos muito. O sapiens não foi tão sapiens desse jeito.

E uma das razões é que nós não somos de uma forma amigável como Jonas Salk fez. E não é à toa que a semana de conscientização está relacionada à data de nascimento de Jonas Edward Salk. Ele não buscava fama ou fortuna com as descobertas e é citado como tendo dito: “A quem pertence a minha vacina? Ao povo”.

Você pode patentear o sol? Não. Nós, portanto, temos que patentear a vacina contra a covid-19? De jeito nenhum. Ela tinha que ser de graça para todo mundo, o mais rapidamente possível e para os pobres também.

Esse é o recado que eu gostaria de dar nessa semana. E vocês vão ter, com certeza absoluta, um dia espetacular patrocinado pela Assembleia Legislativa de São Paulo através do deputado Adalberto, meu amigo.

Uma boa noite para vocês.

 

O SR. JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - MESTRE DE CERIMÔNIAS - Boa noite, Dr. Acary, muito obrigado. A palavra está com o deputado Adalberto Freitas.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Muito obrigado, Dr. Vidotto, e eu agradeço aí ao Dr. Acary pela fala dele. Dr. Acary sempre me surpreende também.

Toda vez que eu tenho um encontro com ele, a gente fica eternamente grato por apreender um pouco do conhecimento que ele tem, e a essência do conhecimento (Inaudível.) é passa-lo para a frente, passar o conhecimento, e o senhor está fazendo com grande maestria. Toda vez que eu tenho um encontro consigo, eu aprendo muito.

E também fiquei com essa frase aí do Jonas Salks, realmente é tudo. A pessoa não precisa colocar aí... Ele recebeu, conseguiu fazer a vacina e não queria lucro. Isso é importante, não se vê mais no dia de hoje, hoje é tudo dinheiro. E ele, na sabedoria dele, doou para o povo. Isso, com certeza, é um ser humano aí de extrema sensibilidade.

Com certeza, está na história. Ele foi embora, mas nunca o nome dele saíra da história. Parabéns, viu, meu amigo, por mais uma vez estar aqui com a gente, um grande amigo o Dr. Acary, muito obrigado pela gentileza. Dr. Vidotto.

 

O SR. JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, deputado. Vamos só quebrar um pouquinho o protocolo para acalentar os nossos corações com uma poesia de dois minutos da nossa amiga Arlete Nascimento.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, minha amiga Arlete Nascimento, por essas palavras que acalentam, com certeza, os nossos corações. Deputado, o senhor está com a palavra.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Eu fiquei sinceramente emocionado, viu, doutor? É uma história de luta e de superação e essa frase que ela falou (Inaudível.) aqui, já ouvi a Andrea Silva falando isso para mim. É isso aí. Parabéns, viu? Muito obrigado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Muito obrigado, deputado. Agora com a palavra o Dr. Abrahão Augusto Joviano Quadros, que falará sobre fisioterapia neurológica.

Vamos passar um breve currículo do Dr. Abrahão. Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Guarulhos, em 2001. Especialista em Hidroterapia nas Doenças Neuromusculares pela Universidade Federal de São Paulo, também em 2001.

Doutor em Saúde, Doenças do Neurônio Motor, Doenças Neuromusculares pela Universidade Federal de São Paulo, em 2010. Atualmente, é coordenador do Ambulatório de Síndrome Pós-Pólio do Setor de Investigação de Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo. Coordenador do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Adventista de São Paulo. Professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo.

Tem experiência na área de Fisioterapia Neurológica com ênfase em doenças do neurônio motor, doenças neuromusculares, atuando principalmente nos seguintes temas: síndrome pós-pólio, esclerose lateral amiotrófica. Com a palavra o Dr. Abrahão. O senhor tem dez minutos, doutor.

Muito obrigado

 

O SR. ABRAHÃO AUGUSTO JOVIANO QUADROS - Boa noite a todos. Boa noite ao deputado Adalberto, ao meu mestre, Dr. Acary. Foi muito bom ver a secretária Célia Leão aqui conosco. Ao Dr. Vidotto e a Andrea o meu boa noite. Eu gostaria de compartilhar com vocês o que me foi colocado, o Dr. Acary me pediu para falar da fisiopatologia da síndrome pós-pólio.

Ele já brilhantemente apresentou aqui para vocês. Quando se pensa na síndrome pós-pólio, está se falando de uma desordem neurológica que acontece nas pessoas que tiveram história de poliomielite muito tempo depois, uma média de 20 a 30 anos depois, e apresentando um quadro clínico que é ter uma nova fraqueza muscular, fadiga muscular, dor muscular e articular.

E com os estudos se mostra que essa síndrome pós-pólio tem as características de uma doença do neurônio motor, tanto no aspecto clínico como nos achados histológicos. Então as crianças que tiveram a poliomielite tiveram a desnervação e essa desnervação do neurônio foi que levou àquela atrofia muscular, aquela paralisia flácida que deixou essas crianças paralisadas.

Entretanto, existe um mecanismo chamado neuroplasticidade, que é a capacidade que o neurônio motor tem - e aqui nós temos esse neurônio motor vizinho desse neurônio que morreu - de relembrar reinervar aquelas fibras musculares que estavam desnervadas e então fazer um processo de recuperação da funcionalidade, quer seja parcial, quer seja total.

E esse entendimento de que essas crianças que tiveram poliomielite passaram por esse processo de reinervação, fazendo com que o neurônio motor tivesse adotado fibras musculares que estavam desnervadas por aqueles neurônios que morreram pela infecção da pólio trouxe uma informação muito importante para a questão da reabilitação: neurônios que fizeram unidades motoras gigantes, neurônios sobrecarregados.

E isso chamou a atenção e mudou o paradigma da reabilitação. Nós temos aí um documento da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação, que foi escrito em 1994, trazendo esse aspecto de mudança do paradigma para reabilitação. Aquilo que acreditávamos que era o mecanismo antes e agora como vemos como o mecanismo da doença depois.

E dessas pessoas com a poliomielite, com essa formação dessas unidades motoras, então recuperaram parcialmente a sua funcionalidade. Entretanto, graças a esses neurônios que se sobrecarregaram para reinervar novas fibras musculares, dando a possibilidade de recuperação da função.

E quando a gente fala da síndrome pós-pólio, a síndrome pós-pólio são essas unidades motoras gigantes que agora começam a ter dificuldade para funcionar. Então essa hipótese da disfunção da unidade motora gigante é a hipótese mais aceita mundialmente e foi aquela que foi advogada desde lá do início por Charcot.

O Dr. Charcot já dizia que uma pessoa que tivesse uma doença que envolvia o neurônio motor tinha a possibilidade de ter um novo quadro clínico envolvendo o neurônio motor. Depois vieram os grandes pesquisadores da síndrome pós-pólio, que foi o Dalakas, o Halstead e a Dra. Trojan, o Maynard, e aí eles trouxeram agora esse novo entendimento.

E diante desse novo entendimento nós temos dois mecanismos para entendermos a síndrome pós-pólio e assim fazermos o nosso raciocínio clínico para a reabilitação. A primeira é que essas unidades motoras gigantes que agora estão entrando em disfunção, a primeira disfunção é na placa mioneural, aquela junção do nervo que junta na musculatura.

É uma junção que permite com que o nervo mande o comando para que essa musculatura se contraia, que ela funcione. E o que as pesquisas mostraram, principalmente a equipe de pesquisa da Dra. Trojan?

Que essas placas mioneurais ou essas placas motoras estavam com problema de funcionamento, ou seja, elas eram placas motoras pequenas e que ofereciam poucas vesículas de acetilcolina, que é o neurotransmissor que faz o músculo funcionar.

A partir desses estudos de entendimento dessa disfunção da placa mioneural se verificou que essa disfunção acontece anos antes do paciente sentir a fraqueza muscular de fato, de ter um problema de desnervação nesse músculo.

Então o paciente pode sentir peso na musculatura, peso no braço, fadiga, já pela ação dessa disfunção da placa mioneural.

Os estudos então avançaram e se verificou que essas placas mioneurais, apesar de elas serem muitas formando as unidades motoras gigantes, muitas delas tinham deformações: poucas vesículas de acetilcolina e esse axônio distal, que é chamada a última parte do axônio antes de tocar no músculo, atrás da placa mioneural, eles também estavam alterados.

Então vejam, nesse estudo de microscopia eletrônica eles conseguiram verificar todas as deformidades. Então assim, o paciente tem uma unidade motora gigante? Tem, mas nem toda a enervação dessa unidade motora gigante é funcional. Ela já tem problemas por ter má formação por oferecer poucas vesículas de acetilcolina.

E ainda prosseguindo nesses estudos de entender essa fisiopatologia, nós tivemos também um dos últimos estudos, que é da equipe do Dr. Cashman, que eles verificaram que na biópsia muscular, que é essa que está aparecendo nesse quadro aqui com uma imunorreatividade, mostrou que tanto fibras musculares de tamanho normal como fibras musculares de tamanhos menores apresentavam nesse exame a presença de uma célula neuronal chamada célula neuronal de adesão, que é uma célula que permanece na fibra muscular depois que essa fibra é desnervada.

E eles chegaram à conclusão de que num paciente com síndrome pós-pólio essa desnervação é contínua na história desse paciente. E esses exames em especial mostraram nessa fibra de tamanho normal, mas com a presença da (Inaudível.) na sua superfície, que era uma fibra que tinha sido desnervada em pouco tempo quando foi feita a biópsia muscular.

E ainda os estudos mostraram que também no exame de eletroneuromiografia, que o Dr. Acary falou, de que essa porção distal do axônio também apresentava alteração, mostrando então na eletroneuromiografia achados de desnervação na fibra muscular.

E por final, se mostra, se percebe, que o paciente depois que ele tem esses dois mecanismos, que é a disfunção dessa placa mioneural e o segundo mecanismo, que é a desintegração do axônio distal, o resultado é uma musculatura com atrofias musculares distribuídas dentro dos fascículos musculares, e nesse destaque a gente mostra aqui uma fibra muscular de um tipo e outra fita muscular de outro tipo que foram desnervadas.

Então é a chamada desnervação de fibra única, de fibras isoladas dentro do fascículo muscular, que são progressivas com uma progressão lenta, levando a uma fraqueza muscular que os pacientes começam a se queixar e que depois é detectada através do exame de força muscular.

E como foi dito antes, a síndrome pós-pólio passando de uma história de uma criança que teve a poliomielite com um processo de reinervação e agora um novo processo de desnervação, uma desnervação bem caracterizada da fibra muscular do paciente com síndrome pós-pólio. Quem são então esses pacientes com síndrome pós-pólio?

Nós temos aí alguns estudos epidemiológicos mostrando o número de pessoas que vivem no mundo com alguma sequela de poliomielite e não são poucas. Segundo a Organização Mundial de Saúde são em torno de 20 milhões de pessoas com alguma sequela de poliomielite.

E quando a gente fala de síndrome pós-pólio, nós estamos, se pensarmos no estudo, na população em geral, de 24 a 28 por cento. Mas se nós falarmos de um estudo de uma população específica, por exemplo, os estudos que são feitos dentro dos hospitais-escola, dentro dos centros de referência, onde se tem uma população que busca o tratamento, se verifica aí que o percentual de síndrome pós-pólio dessa população sobrevivente de poliomielite é de 60% a 68 por cento.

Aqui no Brasil, o primeiro estudo feito caracterizando essa população foi um estudo do Dr. Acary no ano de 2002, se eu não me engano. É isso, Acary? É 2002, né? Mostrando que 60% das pessoas que estavam atendidas no Departamento de Investigação de Doenças Neuromusculares, 60% dessa população que tinha história de poliomielite tinha síndrome pós-pólio.

Agora se tem uma população de acompanhamento de mais de 1.500 pessoas com a história registrada e verificou-se que o percentual de síndrome pós-pólio nesses indivíduos é de 60% a 68 por cento.

Então nós estamos falando de um alto percentual de pessoas que têm a síndrome pós-pólio, que têm uma fisiopatologia que já é conhecida e que precisam ser entendidas pelos centros de reabilitação para poderem oferecer uma reabilitação adequada para os pacientes.

É isso que tem sido feito na Escola Paulista de Medicina e também se tem tido iniciativas de divulgar essas informações. E para isso foi feito o manual de informação para o profissional da saúde, que hoje é publicado pelo Ministério da Saúde, mostrando o entendimento dessa fisiopatologia para que se possa fazer raciocínios clínicos baseado em evidência e que possam oferecer uma reabilitação mais adequada para os pacientes de síndrome pós-pólio.

E quando se faz uma reabilitação com esses cuidados, nós temos um paciente que tem prazer de fazer a reabilitação e ele está ciente de que não se sente mais esgotado, com mais dor e mais fadiga do que ele já vivencia.

Portanto, eu agradeço a oportunidade de estar aqui. Agradeço ao meu mestre, Dr. Acary. Agradeço a Andrea pelo convite, ao deputado Adalberto Freitas e ao Dr. Vidotto, que está conosco aqui.

Uma boa noite a todos. Muito obrigado pelo convite.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Dr. Abrahão, muito obrigado pelas suas considerações. Agora gostaria de passar a palavra para o deputado Adalberto Freitas para as suas considerações.

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Dr. Abrahão, muito obrigado por estar aqui presente e por abrilhantar aí a participação de todos os ouvintes aqui. Parabéns pelo seu trabalho, pelos seus estudos, pela consideração de estar sempre com a gente aqui. Muito obrigado e será sempre muito bem-vindo. Sinta-se em casa.

O nosso gabinete aqui na Assembleia Legislativa está sempre aberto também. Para quem gosta de cuidar de gente será sempre muito bem-vindo. Muito obrigado e boa noite.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - Deputado Adalberto, eu posso lhe cortar um pouquinho só porque eu vou ter que entrar numa outra “live” que já começou e eu não posso terminar a “live” sem participar?

 

O SR. ADALBERTO FREITAS - PSL - Com toda a certeza.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - Muito obrigada, deputado, amigo. O Adalberto é uma pessoa fantástica, uma pessoa que como eu já disse, que na sua simplicidade é um grande homem, mas eu queria neste momento parabenizar o Dr. Abrahão. Uma verdadeira aula, Dr. Abrahão.

A gente escuta cada detalhe. É como se a gente fosse ter uma prova agora, pegar a caneta e o papel para responder. Certamente não conseguiríamos tirar dez tal é o seu conhecimento e a forma com que o senhor nos ensina. Mais do que falar sobre a pós-pólio, a semana, este evento que o deputado está fazendo, é aprender cada vez mais. E tenha a certeza de que para mim na condição e qualidade de estar na Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência é um aprendizado.

Então parabéns, Dr. Abrahão. Continue sempre conosco, sempre perto, sempre próximo. Não é porque nos sentimos acalentados - isso também - e não é só porque nos sentimos protegidos - isso também - mas mais do que isso: é ter parceiros que passa ano, entra ano e continuam lutando pela vida das pessoas.

Parabéns, Dr. Abrahão. Parabéns, Dr. Acary, que é esse símbolo também. Eu vou me despedir e, por fim, agradecer. Parabéns mesmo aos doutores que fizeram para nós essa explicação, essa explanação, essa verdadeira aula.

A todos que estão presentes, parabéns. Nós temos quase 100 pessoas participando, deputado Adalberto. Parabéns ao trabalho de vocês, fantástico. Nós estamos na secretaria, Vidotto, à disposição de todos, e à disposição de todos os temas também. Muito obrigada.

A Fabiana está presente. Ela continua me representando. Mas daqui a pouco acaba uma reunião que já está no final, e eu preciso participar. Muito obrigada, e com licença. Parabéns, deputado Adalberto. Te aguardo para um café e para um trabalho conjunto. Tchau Acary. Tchau, querido Abrahão.

A todos, muito obrigada.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Obrigada, secretária. Obrigado, deputada Célia Leão, obrigado, secretária. A senhora, sempre lutando por nós, lutando pelos amigos e colegas com deficiência. Muito obrigado, agradeço à senhora, de coração. E dizer só o seguinte: “Tamo junto”.

 

A SRA. CÉLIA LEÃO - Obrigada, querido. Sempre um carinho. Muito obrigada.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Deputada, obrigado pelas palavras. Agora, com a palavra, a senhora Andrea Rosana Silva, que falará sobre terceiro setor e síndrome pós-pólio.

A Andrea é bacharel em Ciências Contábeis, funcionária pública aposentada. Trabalhou 18 anos como agente de fiscalização financeira no Tribunal de Contas de São Paulo. Presidente da Associação G-14, desde 2017, com mandato até 2021. Atua em conjunto com o IFSP, neuromuscular, em parceria com o Instituto Giorgio Nicoli. Com a palavra, nossa amiga e querida companheira, Andrea.

 

A SRA. ANDREA ROSANA SILVA - Eu queria agradecer o convite. Eu cumprimento o deputado Adalberto Freitas. Doutor Vidotto, obrigada pelo carinho, demais autoridades.

Eu também quero agradecer os queridos doutores Acary, Abrahão, a Tatiana Mesquita, queridos parceiros, por estarem aqui comigo nesta noite.

Meu nome é Andrea. Eu tive pólio aos 10 meses. Estou com 53 anos. Tenho a síndrome pós-pólio há, oito anos, diagnosticada. Há quatro, tive que me aposentar. Eu lutei muito para chegar aonde eu cheguei, para ser funcionária do Tribunal de Contas, que eu queria ser.

A síndrome pós-pólio veio para fazer uma transformação na minha vida. Porque, tudo aquilo que eu tinha lutado tanto para conquistar, tudo aquilo que eu tinha enfrentado e superado, eu tive que abrir mão.

 Algumas pessoas já disseram para mim: “Nossa, que beleza, assim se aposentou cedo. Vai curtir a vida”.

Eu falei: “Pois é. Mas quando você se aposenta cedo porque você tem uma doença neuromuscular, não é uma comemoração”.

Eu preferia muito mais estar lá, fazendo o meu trabalho, como eu sempre fiz, da melhor forma possível, retribuindo tudo aquilo que eu investimento, que eu aprendi. E aí, de repente, você precisa abrir mão de tudo isso.

Quando uma pessoa tem síndrome pós-pólio vai ao INSS, diz ao perito que não pode mais trabalhar. E o perito diz para ele que “isso é tudo invenção da sua cabeça, síndrome pós-pólio não existe”.

Ou nega um benefício de tratamento, um benefício de aposentadoria. Ele está dizendo, para essa pessoa que lutou a vida inteira, sem acessibilidade, sem inclusão, que meteu as caras e se tornou um profissional, que ele não tem direito a ter uma velhice tranquila.

A gente está cheio de pessoas, hoje, que não têm atendimento médico, que não têm direito à aposentadoria, que não têm a compreensão do que está acontecendo com a gente.

Mesmo depois do doutor Acary e do doutor Abrahão terem apresentado todos estes trabalhos, mesmo que os livros internacionais existam, mesmo que a história a síndrome pós-pólio esteja na Austrália, na Argentina, nos Estados Unidos, na França. É tudo igual, mas a gente não tem reconhecida a nossa condição.

A vacina chegou tarde para nós. O doutor Acary mostrou. Em 55 já tinha vacina. Em 62 tinha as gotinhas. E só em 89 o Brasil se viu livre da pólio. Como que leva 28 anos?

Nesses 28 anos, 27 mil pessoas tiveram pólio. Está registrado no Ministério da Saúde. E onde nós estamos hoje? Envelhecidos. Nossos pais estão envelhecidos. Eu posso ser essa figura bonita que está aqui hoje.

Já falaram para mim: “Você está tão bem. Como você consegue fazer as coisas?” Eu vou dizer por que estou bem: porque abri mão de trabalhar.

Porque eu só cuido de mim. Porque eu tenho uma pessoa, na minha casa, que me ajuda. Porque, quando eu estou cansada, eu sento no sofá e digo “não vou fazer mais nada”.

Se me cansei, então eu preciso desse tempo de reposição. Como você vai dizer isso para o seu chefe “não posso fazer mais nada; agora, só amanhã”? Ninguém vai aceitar que você faça isso. Às vezes, a sua família não te compreende. Para quem a gente vai dizer essas coisas?

Então nós somos as crianças que não tiveram a vacina, que não teve políticas públicas de inclusão, de acessibilidade. Não havia escola acessível. Nada disso chegou a tempo para nós. Nós éramos as crianças que se tornaram adultas e decidiram pegar o ônibus. Eu acabei com os meus braços porque não tinha ônibus acessível.

A síndrome pós-pólio que está no meu corpo também é culpa do transporte público que eu não tive, acessível, para mim. É culpa da minha faculdade, que não tinha elevador.

Eu subi os degraus da minha faculdade, três andares, todos os dias, durante quatro anos, nos meus braços. Hoje, a dor que eu sinto, é porque não me deram acessibilidade.

Hoje, São Paulo está lindo. Eu pego a minha cadeira de rodas, eu saio, eu consigo entrar no ônibus aqui na esquina da minha casa, eu pego o metrô, tudo acessível. Mas eu tenho 53 anos.

Vivi praticamente 35, 40 sem ter nada disso. Não estou me fazendo de vítima, não. Estou dizendo que, o que eu passo hoje, é responsabilidade de todo mundo também, quando isso não chega.

E dizer para mim que eu não mereço o acolhimento de uma aposentadoria, o acolhimento de ser tratada no sistema público como eu mereço? É muito triste. Não é o meu caso. Eu estou bem. Mas o Brasil é grande. Está cheio de gente por aí que não tem a menor condição de tomar conta de si mesma.

Nossos pais estão velhos. Tem muitas pessoas que têm pólio, e é a única pessoa, o único filho que cuida dessa mãe velha. Ela vai ter 85 ou 90 anos. Ela com síndrome pós-pólio, cuidando de uma pessoa idosa. Por quê? Porque a nossa sociedade não se preocupou com esses 27 mil que estão lá, registrados no Ministério da Saúde.

A gente procura a reabilitação e dizem “você é crônico, nós não tratamos crônicos; os crônicos são crônicos, não tem o que reabilitar” Quem vai cuidar de nós? É de verdade que eu estou com medo. Não por mim, porque eu vou ter. Eu consegui um emprego que me deu segurança financeira. Mas a grande maioria não. Foi por isso que eu me juntei ao doutor Acary.

E com tudo o que eu recebi, tendo possibilidade de ter me formado, uma família que me apoiou, de ter condições de trazer para vocês todas essas demandas, é que hoje eu peço socorro mesmo. Eu encontrei, no deputado Adalberto Freitas, uma pessoa que teve esse olhar carinhoso e disse “então vamos começar o primeiro passo nessa semana de conscientização”.

Fiquei total feliz de ter todos vocês me ouvindo. Porque, até então, nós nos sentíamos invisíveis. Quero agradecer ao Vinícius Camarinha, porque ele esteve com a gente, junto com a Sandra Tripodi. Nós fizemos, na quinta-feira, uma mesa redonda conversando sobre isso. Eles foram tão acolhedores conosco, trouxeram informação.

Eu sei que são essas gotinhas, que o doutor Acary fala que a gente distribui por aí, que a gente sabe que isso cai no coração, cai na mente, deixa de ser algo que ninguém nunca ouviu falar. E eu tenho certeza que isso é transformador. Então eu agradeço muitíssimo, nessa semana de conscientização.

Para nós, ela está desde quinta-feira no ar, com mais de 20 horas de material que está nas páginas da Associação G-14, muita coisa técnica. Eu diria para a Secretaria de Saúde: por favor, usem nosso material, vão lá procurar.

A gente está fazendo isso para vocês terem onde procurar informação. Eu sei que tenho que melhorar o site da Associação G-14. A gente está crescendo.

Eu agradeço todos vocês pelo carinho, por vocês estarem aqui ouvindo a gente. Agradeço à Arlete, que fez aquela poesia linda. Todos nós nos sentimos representados ali.

Porque, quem tem pólio, pode ver as fotos: nós estamos empresa sorrindo, porque a gente não desiste de viver. A gente não desiste. Porque nós somos pessoas que merecemos estar aqui. E vacinem-se, por favor. Vacina salva vidas. Seja da pólio, seja de outra coisa. É isso aí. Muito obrigada, deputado.

Obrigada a todos vocês.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Andrea, muito obrigado. Obrigado a Deus por ter feito com que eu a conhecesse. E conhecesse a fundo o que é a síndrome, que eu não sabia. Mas, deputado, a palavra está com o senhor.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Obrigado, doutor Vidotto. Antes de falar, eu gostaria de passar para o doutor Acary, porque ele quer tecer um comentário. Por gentileza, doutor Acary.

 

O SR. ACARY SOUZA BULLE - Deputado, só palmas para ela.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Também, palmas para ela. Muito obrigado, Andrea. A Andrea é muito carinhosa. Esse jeito dela, simples, de ser a voz dela, sempre muito tranquila, muito firme, determinada.

E isso que nós estamos aqui, como ela falou, é fruto da vontade dela, do esforço dela, do trabalho que ela faz. Por isso que estamos aqui. Com certeza Um dia, na vida dela, ela pensou “vou fazer.” Foi atrás e conseguiu.

Nós somos só um canal para poder chegar ao objetivo. Eu também estou muito feliz por estar aqui. Porque é um sonho, que você sonhou, e nós sonhamos juntos, realizamos juntos.

Muito obrigado, continue assim. Enquanto puder, estaremos juntos para conquistar e construir mais coisas como essas, linda, que partiu de você e todas as pessoas que te cercam.

Muito obrigado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Obrigado, deputado. Como disse a nossa secretária, Célia Leão, estamos com mais de 100 pessoas participando. Gostaria de citar o nome de algumas. André Lima; Sirley; Claudete Cláudia; Cristina; Débora Rodrigues; Ivan Amorim; Francisco Gagliani; Fernandinho do conselho municipal; a Taís, que é da Inclusão na Rua, junto com o Fernandinho; Marcelo David; doutora Fabiana Macedo, gestora da Saúde da Lucy Montoro; André do HC; Leila da AACD; Paulo Vergani; Valneide; Vitória Lee; e o Cadeirante do Apocalipse, nosso amigo Dênis, de Taubaté.

Agora, deputado, passamos a palavra para a doutora Sandra Tripodi, representando a AACD, Associação de Assistência à Criança Deficiência.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Só um minutinho. Antes de passar para ela, queria registrar a presença do meu filho, doutor Leandro Freitas, que está aí. Tem um grande amigo, que eu aprendi a tratar de pessoas, com Saúde.

Deixa eu ver aqui, acabei de ver o nome dele. Moacir Sarroche, que é de uma entidade de Interlagos, que aprendi muito com ele. O senhor também conheceu ele. É outra pessoa que se importa muito com a saúde das pessoas.

Então, seja bem-vindo, doutor, aqui com a gente, doutor Moacir Sarroch. Então, doutor Vidotto, obrigado. Agora dê continuidade, por favor.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Só ler o currículo da doutora Tripodi. Médica fisiatra, possui título de especialista pela Associação de Medicina Física e Reabilitação. Médica fisiatra da Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD. Doutora Sandra, a palavra é da senhora.

 

A SRA. SANDRA TRIPODI - Boa noite a todos. Obrigada pelo convite. Posso apresentar a minha tela, ou a organização tem a aula? (Vozes sobrepostas.)

Viram? Está aparecendo?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sim, doutora.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Sim. Está aparecendo, doutora.

 

A SRA. SANDRA TRIPODI - Ok. Hoje eu trago um pouquinho sobre o modelo de atendimento da AACD, Associação da Criança Deficiente, de como que a gente recebe hoje em dia os pacientes com poliomielite e com a síndrome pós-pólio.

A AACD, Associação de Assistência, ela foi fundada em 1950, pelo doutor Renato da Costa Bonfim, um médico ortopedista, que traz, das suas viagens aos Estados Unidos, um modelo de reabilitação para o tratamento de pessoas com deficiências físicas.

Na época da criação da AACD, o Brasil enfrentava uma epidemia de pólio. Naquele momento, se tornou um centro de referência para o atendimento dessa população.

Então muitas crianças foram atendidas, assim como em outros centros de reabilitação do estado de São Paulo. A AACD cursa com a história, em paralelo, com a evolução dos pacientes com a sequela da pólio, e com a síndrome pós-pólio.

A AACD hoje recebe o paciente pelos convênios médicos, através do Sistema Único de Saúde, e pacientes para tratamento via particular. Pelo Sistema Único de Saúde, o paciente vem encaminhado pelo sistema Siga, das unidades básicas de Saúde e das secretarias de Saúde.

A gente atende pacientes do Brasil todo, de todo o estado de São Paulo. Esse paciente é recebido em uma avaliação inicial, onde o médico fisiatra faz uma avaliação clínica completa desse paciente, um exame físico completo, um exame ortopédico.

Para que o paciente traga a sua principal queixa, para que a gente possa redirecionar ele para um tratamento de reabilitação. Avaliamos também as órteses e a necessidade de troca de órteses e equipamentos, como as muletas, as bengalas, ou até mesmo cadeira de rodas.

Esse paciente, na sequência da consulta inicial, ele é avaliado por toda a equipe de reabilitação. As principais demandas ou queixas que esses pacientes nos trazem, em primeiro lugar, são as queixas dolorosas; em segundo lugar, a necessidade de novas órteses; em terceiro lugar, de novos equipamentos; a necessidade de correção ou de alguma cirurgia ortopédica; necessidade de um novo programa de reabilitação; e a piora funcional.

Esse paciente é recebido pela equipe composta pelo serviço social: a assistente social, que vai orientar sobre os direitos, sobre todas as instruções da própria AACD, a garantia de transporte para que ele venha à reabilitação. Nossa equipe de serviço social auxilia em todos esses processos.

Ele é avaliado pela fisioterapia de solo, pelo fisioterapeuta que faz a reabilitação aquática, pelo fisioterapeuta que faz a terapia respiratória. E comumente esse paciente traz exames já vindos, por exemplo, do Dr. Cari, já com uma polissonografia realizada ou exames de imagem realizados, para que a gente possa dar suporte nessa demanda respiratória.

Ele é avaliado pelo terapeuta ocupacional, pelo fonoaudiólogo, pela equipe de psicologia. E conforme a demanda que o paciente traz para a gente, a necessidade daquele momento, a gente monta um programa de reabilitação para ele.

A determinação da meta de reabilitação é trazida pelo próprio paciente, como eu expliquei para vocês. Então, se a principal queixa é a dor, a gente vai traçar um programa de reabilitação visando à solução daquele quadro doloroso.

Se a queixa principal é uma dor associada a uma nova fraqueza muscular, a gente vai verificar, por exemplo, como que ele pode exercer as suas atividades de uma forma que ele conserve energia.

Usando a descrição que a Andrea falou, no momento de cansaço, ela vai descansar. Então, se ele traz essa demanda, a gente faz essa orientação. Uma piora postural, a gente vai trabalhar com a melhora. Os aspectos emocionais, que interferem muito quando o paciente traz para a gente uma piora do seu quadro clínico. Então, a equipe de psicologia está nesse suporte.

As dificuldades numa adaptação de uma nova órtese, por exemplo. Não é incomum o paciente com a pólio usar a sua órtese durante anos, anos e anos. E essa órtese vai deformando de acordo com o corpo, com a descarga de peso do paciente.

Quando a gente confecciona uma nova órtese, ela está alinhada. Então, a adaptação a essa nova órtese às vezes é difícil. E precisa da gente, precisa da equipe, precisa de um novo programa de reabilitação para uma nova adaptação.

E as questões de pós-operatório ortopédico, que são enquadradas para reabilitação, para recuperar a função nesse pós-operatório. O tempo médio de tratamento é de seis a nove meses; e quando é um pós-operatório ortopédico, o tratamento pode durar até 18 meses.

Após a conclusão do protocolo de tratamento, o paciente recebe alta das terapias, tendo dois retornos médicos, um após seis meses da alta e outro após 12 meses da alta, para revisar se o paciente foi aderente, aderiu a todas as orientações que a gente passou; como está a vivência desse paciente após o término desse programa de reabilitação; e, se ele nos trouxer uma nova demanda, esse paciente pode ser reencaminhado novamente a um novo processo de reabilitação.

O paciente pode voltar a fazer tratamento na AACD, sim, sempre. Respeitando apenas o caminho para chegar à nossa avaliação inicial novamente. Normalmente, o paciente via SUS acaba realizando uma nova via sacra, levando a demanda novamente ao posto de Saúde, o posto de Saúde reencaminhando esse paciente para a gente. E às vezes esse caminho é bem demorado para que ele retorne para a gente. Mas ele sempre é recebido, e sempre é proposto um programa de reabilitação focado na queixa principal do paciente.

Muito obrigada. Eu agradeço em nome da AACD, agradeço em nome de todos os participantes. Tivemos um encontro, na quinta-feira, que foi extremamente produtivo, do qual eu participei também. Estou à disposição sempre para trazer qualquer tipo de assunto em relação a reabilitação.

Um abraço a todos.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Dra. Sandra, muito obrigado pelas palavras, muito obrigado pela participação. Agora passar a palavra para o deputado Adalberto Freitas.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Muito obrigado, Dr. Vidotto. E eu também agradeço imensamente à Dra. Sandra Tripodi, que está representando a AACD.

O trabalho que eles fazem é um trabalho louvável. Eu, sempre que posso, como parlamentar, a gente ajuda um pouco a instituição. Todo ano a gente ajuda, e vamos ajudar novamente esse ano.

E eu tenho experiência passada com a AACD, de quando eu era jovem, tive os meus primeiros filhos. Eu tenho seis filhos. Eu tive dois que tiveram problemas no pé. Eu lembro que precisavam usar umas botinhas ortopédicas, na época.

E eu os levava lá, e era sempre muito bem tratado, com muito carinho, muita atenção. E, depois de um tempo, corrigiu o problema do pezinho de ambos. Mas o que marcou a minha vida era como eles trabalhavam lá, o profissionalismo, e a forma como eles tratavam todas as pessoas, uma dedicação, um carinho.

E eu acredito que é comum nessa vida a gente conhecer pessoas que têm a profissão em que elas colocam amor; a gente vê que a pessoa está ali às vezes nem muito pelo salário, mas para poder estar prestando um serviço para outra pessoa. Isso aí eu trago com muito carinho, a instituição AACD.

Então, parabéns, Sandra, por tudo o que vocês fazem por quem precisa.

Muito obrigado por estarem aqui com a gente.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Obrigado, deputado. Agora abriremos a palavra para a Dra. Tatiana Mesquita, que tem o seu currículo de graduada em fisioterapia pela Universidade São Judas Tadeu em 2002; especialista em hidroterapia, em doenças neuromusculares pela Unifesp em 2003; mestre e doutora em neurologia pela Unifesp e EPM em 2011.

Atualmente, é proprietária da clínica de reabilitação neurológica aquática ENA Homecare. Tem experiência na área de fisioterapia neurológica, atuando principalmente nos seguintes temas: síndrome pós-pólio, fisioterapia aquática, esclerose lateral amiotrófica, sono e distrofia muscular. Dra. Tatiana, a palavra é da senhora.

Está sem som. Dra. Tatiana, abre o som, por favor.

 

A SRA. TATIANA MESQUITA - Alô.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Agora veio.

 

A SRA. TATIANA MESQUITA - Agora sim?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sim, agora está com som e vídeo.

 

A SRA. TATIANA MESQUITA - Agora está?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Está.

 

A SRA. TATIANA MESQUITA - Então, vamos assim. Muito bem. Está melhor? Ótimo. Me ouvem agora?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Perfeito. Está excelente, doutora.

 

A SRA. TATIANA MESQUITA - Então, está ótimo. Boa noite a todos. Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer pelo convite, à Andrea, a todo mundo. Dra. Cari, Dr. Abraão, todo o pessoal, os amigos do G14, com quem convivemos há tantos anos. É uma luta que eu acompanho também há muito tempo e que me deixa muito feliz em mais uma vez participar de um evento com todos eles.

Eu idealizei uma forma de conversa com todos de uma forma bem informal para falar de reabilitação. Falando em slides e muita coisa, parece que a gente transforma a prática da reabilitação em uma teoria. E tudo que eu gostaria de mostrar hoje é uma forma totalmente diferente; é trabalhar com os aspectos práticos dessa reabilitação.

Como um histórico, eu comecei trabalhando com essa reabilitação de síndrome pós-pólio no laboratório de síndrome pós-pólio da Escola Paulista de Medicina; depois, a nossa parceria com o Instituto Giorgio Nicoli, com o G14, com a antiga Abrasp. E trazendo isso hoje diretamente à minha prática clínica.

Então, dessa forma, eu gostaria de elencar aqui alguns dos principais sintomas de todas essas pessoas, de todos os pacientes que eu já avaliei, já orientei; não só eu, como a equipe que sempre trabalhou comigo também sempre fez questão de elencar como as principais orientações.

Então, vamos lá. Quando os pacientes chegam, depois daquela linda aula do Dr. Abraão sobre a fisiopatologia, a explicação de onde entra a equipe multidisciplinar e a reabilitação neurológica em si, a gente então trabalha com queixas muito próprias dos pacientes.

Algumas delas são muito ligadas à parte da ortopedia. Outras já à questão de cansaço. E a gente, então, começa a idealizar esse plano de tratamento, esse plano terapêutico a partir daí.

Então, se a gente pensar, por exemplo, nas dores articulares dos pacientes, a maioria deles chega com dores, por exemplo, nos ombros, dores na coluna lombar. O que isso traz para a gente?

Traz para a gente uma nova informação. Hoje, essa dor nos ombros vem em pessoas que trazem muito o uso de muletas, seja canadense, sejam muletas axilares. E durante todo esse tempo, passando por uma (Ininteligível.) de pólio, uma reabilitação, e hoje é uma síndrome pós-pólio, os músculos já não são os mesmos, as articulações já também não são, os tendões já têm muitas lesões.

Então, chega uma pessoa com todo esse quadro clínico, uma dor muito forte. E além de trazer isso para a reabilitação, para a fisioterapia motora, para a fisioterapia aquática, também temos que lidar com a orientação. Alterar o aditivo de marcha, trabalhar com uma carga menor, trabalhar com alguns períodos de descanso.

Então, por que hoje esse ombro dói? Porque o paciente, conforme começa a ter uma nova fraqueza, também joga mais o peso nos braços, joga o peso para andar com os braços.

E os nossos braços, por mais fortes que sejam, não aguentam toda essa demanda. E com isso acaba por haver uma sobrecarga, e essa sobrecarga é a dor, as artroses, as tendinites, as bursites. E aí a gente leva isso para o nosso tratamento, seja em fisioterapia motora ou fisioterapia aquática; o trabalho para a melhora desse sintoma.

Muito semelhante a isso acontece, por exemplo, com as dores lombares. Dores lombares próprias da parte ortopédica, como por exemplo uma hérnia de disco ou mesmo uma artrose, mas também pela mudança de postura, pela marcha claudicante, por tudo isso a gente também precisa trabalhar o controle de tronco, a própria marcha.

E dessa forma trazer todo um contexto de novos aditivos de marcha, novas órteses se necessário. E tudo isso para trabalhar este novo momento. Também as dores musculares de sobrecarga. Sobrecarga de uso de braço para tocar uma cadeira de rodas.

Também uma fraqueza grande, por exemplo, para a própria deambulação da perna, que foi normalmente o membro menos afetado nessa fase de reabilitação. Tudo isso nos traz, hoje, uma nova perspectiva e uma nova orientação.

Lá atrás, na época da epidemia, a gente tinha, como principal orientação, a carga, trazer então o máximo de carga possível para a plena recuperação do paciente de uma forma muito rápida.

E o mais breve, porque aquela criança tinha uma vida toda pela frente. Hoje, a gente desacelera. Hoje, a gente passa a trabalhar muito mais com o restabelecimento momentâneo e futuro para uma futura velhice com uma qualidade boa, podendo, então, com menos dor, uma fadiga controlada e menos perda de força muscular, ter uma vida mais equilibrada.

Então, a carga tem que ser menor. Os dias de tratamento têm que ser menos, não podem ser dias um seguido do outro, com a carga maior possível. Têm que ser dias alternados, com menos carga e com um pouco mais de repetições, trabalhando um pouco mais com o sintoma que eles mais trazem - a fadiga.

A fadiga vem como uma primeira questão: “eu me sinto cansado, eu não consigo mais levantar durante a manhã; acordo cansado, passo o dia cansado, à noite é pior ainda”. Isso faz com que este sintoma, o cansaço, a fadiga, venha como um primeiro sintoma a trabalharmos.

Como isso? “Puxa, eu tenho dor”. Então, vamos diminuir a dor, vamos trabalhar com um pouco mais de equilíbrio de cargas, e a gente vai chegar à fadiga, trabalhar exercícios com repetições um pouco maiores, mas sem carga.

Trabalhar a função em vez da repetição. “Eu estou com dificuldades de andar”. Então, seja na fisioterapia motora, em solo, seja na fisioterapia aquática, na piscina, a adequação dessa marcha. Isso também é muito importante; trabalhar os músculos corretos, adequar, relaxar.

E trabalhar na forma de um exercício contínuo. Isso é uma possibilidade que a piscina traz para a gente. Um exercício de 50 minutos num ambiente onde a fadiga é muito mais controlável; e também, por exemplo, você consegue manter um exercício mais ou menos estável por um tempo maior. Então, essa é uma das “receitas” - entre aspas - com que a gente consegue trabalhar bem a questão da fadiga.

E a nova fraqueza? A nova fraqueza vem como o sintoma que mais caracteriza a síndrome pós-pólio, mas ela não é tão visível quando o paciente chega e relata todos os seus sintomas, quanto à fadiga, quanto à dor, mas ela está lá e a gente tem que olhar para ela. É ela que está fazendo a perda funcional. É ela.

Quando o paciente diz “Antes eu andava e agora estou na cadeira de rodas; antes eu andava com uma muleta e agora ando com duas; antes eu andava só com uma bengala e agora eu ando com uma muleta”, a gente percebe essa perda funcional e a gente tem que entender que essa fraqueza está em membros já afetados pela pólio, nos mais afetados, nos menos afetados ou nos não afetados.

Aí a gente traça um panorama e esse é de cada paciente. Não é uma receita de bolo. Cada paciente tem, então, a sua sequela, que é assimétrica, tem a sua síndrome pós-pólio, os seus sintomas principais e secundários, e a gente trabalha com cada um olhando para essas particularidades.

A nova fraqueza muscular deve ser olhada, deve ser trabalhada e deve ser, sim, um dos principais pontos a serem verificados pelo fisioterapeuta, mas, muitas vezes, a gente demora para chegar nela, porque a gente precisa trabalhar a dor, porque com dor ninguém faz um exercício de qualidade, depois a fadiga, porque cansado também ninguém faz, e a gente vai chegar à fraqueza muscular como um terceiro ponto, mas não por ser menos importante, mas, sim, porque a gente precisa trabalhar esses outros pontos anteriormente.

Bem resumidamente, esses são pontos de um aprendizado de quase 20 anos que traz para nós, como equipe da fisioterapia, um panorama, uma perspectiva de hoje poder olhar para trás e falar: “Puxa, aquelas pessoas que conheci há quase 20 anos, como elas estão?”.

Graças a Deus, muitos, muitos que conheci há 20 anos hoje estão bem, apesar de, como disse a Andrea, com seus períodos de descanso, com suas alterações em relação à rotina, a trabalho, mas são pessoas que venho acompanhando e que, fazendo sua reabilitação, seja ela uma reabilitação mais intensa ou menos, procuram estar bem. E estão bem.

Então, a gente já sabe que essa receitinha funciona. Essa receitinha trabalha o paciente, não de forma intensiva, porque não é essa a intenção agora, mas traz ao paciente, sim, neste momento, uma manutenção da qualidade de vida e aí é o ponto a que a gente quer chegar.

O que todos nós queremos? Qualidade de vida. E o que é isso? Para cada um é uma qualidade de vida. Para alguns, é poder viajar. Para outros, é poder sair para dançar. Para outros, é poder passear no parque.

Então, para nós, fazer o paciente poder... “Puxa, eu fui ao parque; puxa, eu fui a um passeio, estou dançando em cadeira de rodas”. Isso é maravilhoso, porque muitas dessas pessoas que ouço dizerem esses relatos são pessoas que acompanho há quase vinte anos.

Então, para muitas pessoas que hoje estão chegando às clínicas, aos consultórios, e o maior medo é “eu ando, eu vou parar de andar? Daqui a pouco vou chegar em uma cama?”: não, não necessariamente, mas esse processo de uma nova modalidade de reabilitação tem que ser claro. O processo de que não é a intensidade da reabilitação que traz resultado, mas, sim, a qualidade dela também traz resultado.

Vocês todos que tiveram pólio, que têm uma sequela, e hoje a síndrome pós-pólio ou não, vão fazer parte desse programa e, daqui a 20 anos, vocês vão ver como fazendo uma reabilitação de forma adequada, vocês vão permanecer funcionais, com seus percalços, como disse a Andrea, mas funcionais.

A Andrea, sim, ela é um exemplo, ela é um lindo exemplo de uma pessoa que conheço há quase 20 anos. Tratei, ainda trato, ainda oriento, e aí está a Andrea carregando uma associação junto com grandes parceiros, pessoas maravilhosas. Está aí a Andrea fazendo parte e sendo produtiva. Uma cabeça fantástica.

Termino essa conversa trazendo a importância da fisioterapia motora, da fisioterapia aquática e da fisioterapia respiratória para os pacientes que necessitam dela, que têm alguma sequela respiratória. Se não tiveram na infância e agora têm dificuldade respiratória, procurem a fisioterapia respiratória.

Também a fonoaudiologia para pacientes com dificuldades de fala e deglutição; também o psicólogo, como a Dra. Sandra falou anteriormente, um suporte emocional, porque nada disso é fácil.

Passar por uma nova perda não é fácil. Então, se houver um aperto, uma angústia, uma dificuldade, busque ajuda e sempre a equipe multidisciplinar está preparada para isso. E a terapia ocupacional para quem tiver mais dificuldades na funcionalidade das mãos.

Essa é uma equipe que, resumidamente, ajuda muito a todos vocês que tiveram a vivência da pólio a passar por mais essa vivência. E o que queremos com isso? Uma fadiga controlada, uma dor controlada, identificar o que causa dor, o que aumenta, o que diminui.

Já faz parte de uma grande aprendizagem. Uma qualidade de vida. Uma vida longa, uma vida linda, precisa que tenha qualidade e é isso o que esse programa de reabilitação faz.

Eu agradeço por tudo o que aprendi até hoje no Ambulatório de Investigação de Doenças Neuromusculares, com o Dr. Acary, com o Dr. Abrahão, com toda uma equipe que fez parte daquele momento, quando eu estava lá, e hoje, com a parceria com o G14 e o Instituto Giorgio Nicoli, eu tenho a possibilidade de continuar oferecendo essa reabilitação de qualidade e trazendo ao paciente essa qualidade de vida.

Muito obrigada. Muito obrigada pelo convite e parabéns pelo lindo evento que mais um ano vocês estão propiciando. Estou à disposição para qualquer pergunta que vocês venham a ter.

Muito obrigada.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Obrigado, Dra. Tatiana. Obrigado pelas palavras. Já a conhecemos há muitos anos e sabemos da sua... Está sem áudio, Roseli.

 

A SRA. ROSELI - É, eu abri, mas fechou. Está ouvindo agora?

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Sim, pode falar.

 

A SRA. ROSELI - Eu preciso sair, porque tenho que preparar algumas coisas para amanhã, mas agradeço muito. Tenho muita vontade de continuar participando, mas preciso sair porque tenho algumas coisas para fazer.

Eu agradeço, está bom? Parabéns pela semana de conscientização. É um tema muito importante. Espero que essa luta continue não só no dia de hoje, mas que continuemos sempre, todos os dias, nessa luta, todo mundo junto, porque precisamos mesmo continuar.

A nossa secretaria está de portas abertas. Agradecemos muito o convite e estamos à disposição. Agradecemos ao deputado Adalberto, também ao Dr. Vidotto, ao Dr. Acary e a todas as outras pessoas que estão trabalhando hoje neste encontro e caminhando juntos. Eu agradeço a todos.

Um abraço, boa noite e muito obrigado pela palestra.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Vinícius, muito obrigado, Vinícius. Obrigado, Roseli. A Casa é de vocês, as portas estão sempre abertas para vocês, está bom? Conte com a gente. Muito obrigado pela participação. Boa noite.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Obrigado, Roseli. Obrigado, meu amigo e irmão Vinícius. Estamos juntos na Comissão da Pessoa com Deficiência e é essa a nossa luta, a nossa eterna luta.

Enquanto pudermos lutar, estaremos à frente desse trabalho juntamente com o deputado Adalberto Freitas, que nos dá muita força para que possamos realizar esse trabalho. Deputado, as palavras de consideração pela fala da Dra. Tatiana.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Obrigado, Dra. Tatiana, pelo seu trabalho. Vi que a senhora é uma pessoa de luta também, como a maioria que está aqui. São pessoas que gostam de lutar.

Então, muito obrigado, obrigado por toda a explicação que a senhora deu e parabéns pela sua carreira, pelo seu empenho, sempre trabalhando, sempre à frente, inclusive, com a clínica, para poder ajudar a reabilitação. Muito obrigado e boa noite.

 

A SRA. TATIANA MESQUITA - Boa noite, eu agradeço.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Obrigado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Peço desculpas às pessoas que estão ouvindo, participando. Eu disse que mencionaria o nome de todas, mas temos apenas 20 minutos ainda para a consideração de mais um palestrante, para a consideração do deputado.

Então, as pessoas que estão participando nos perdoem, mas obrigado por essa participação. Muito obrigado por estarem juntos conosco até esta hora.

Agora, para finalizarmos as palavras, ouviremos o Dr. Wagner Fracini. Graduado em medicina pela USP, especialista em cirurgia geral pela USP, especialista em cirurgia digestiva pela USP, pós-graduado em administração hospitalar, pós-graduado em Saúde Pública, pós-graduado em epidemiologia, pós-graduado em administração geral, assessor técnico no gabinete da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Dr. Wagner, a palavra é do senhor.

 

O SR. WAGNER FRACINI - Boa noite a todos. Parabéns, deputado Adalberto Freitas, em nome de quem agradeço o honroso convite de estar aqui dando minha modesta contribuição para o evento desta noite. Felicitações à secretária Célia, à senadora Mara Gabrilli, ao secretário Vinícius e um especial cumprimento ao Dr. Vidotto.

Muito obrigado aos colegas que me antecederam pelos ensinamentos. Eu aprendi muito nesta noite. Um alô especial ao Ivan; grande abraço, Ivan, nosso parceiro de sempre.

Agradecimentos aos assessores, apoiadores, em especial à Nádia, que me ajudou muito. Sem ela eu não conseguiria - viu, deputado Adalberto - fazer a apresentação de hoje. Senhoras e senhores, um grande abraço a todos.

O que me cabe - serei bastante breve - é falar sobre as questões relativas à vacinação. Fica fácil a minha tarefa depois do brilhantismo dos colegas que me antecederam.

Ficou claro para todos nós que o Brasil, há 22 anos, não tem nenhum caso de paralisia. O último caso ocorrido no Brasil foi em 89 e, sem a menor sombra de dúvida, isso se deve ao sucesso, em especial, da campanha criada em 80 por Darlan, a campanha do Zé Gotinha, que todos nós conhecemos.

Por gentileza, Nádia, pode colocar em tela a apresentação.

A grande pergunta em relação à vacinação é por que vacinar. As razões para isso foram sobejamente apresentadas. Precisamos vacinar contra a poliomielite, assim como precisamos vacinar contra inúmeras situações de doenças infectocontagiosas, para salvar vidas, para prevenir complicações, para evitar sequelas e para promover a saúde pública em todos os seus aspectos.

A vacinação é, sem sombra de dúvida, o mais eficiente, eficaz e efetivo método que existe para o enfrentamento das doenças imunopreveníveis, dentre as quais a poliomielite. Podemos passar.

A Organização Mundial da Saúde é muito clara quando diz isso: reconhece a vacinação como uma das intervenções globais mais eficazes para a prevenção de doenças e traz, como consequência econômica, por sua viabilidade e por seu baixo custo, inúmeros benefícios também.

As vacinas evitam as infecções virais ou bacterianas e elas promovem, dentre a população, dentre as comunidades, a possibilidade, inclusive, da erradicação.

Alguns conceitos precisam ser levados em consideração. Vou fazer uma breve consideração sobre a proteção de rebanho, que é uma situação onde, eventualmente, em doenças de baixa letalidade, em países que não dispõem do recurso de vacinação e, nos primórdios dos processos de vacinação, pode-se observar que, a medida que essas pessoas vão adquirindo doenças, ao longo do tempo, desenvolvendo anticorpos e sobrevivendo, vão criando, por assim dizer, um colchão de proteção, de maneira que a taxa de transmissão dos vírus tendem a decrescer.

Evidentemente, esse conceito jamais poderá ser utilizado em doenças de alta letalidade ou risco, como, por exemplo, a Covid-19. No momento atual, em que as vacinas existem, são seguras e estão disponíveis, esse conceito, evidentemente, tende ao desuso.

O conceito de proteção de casulo versus familiar é a ideia de que, se você vacina pessoas de uma família, você protege a criança daquela família. Se você pensar em grandes grupos populacionais, a vacinação desses adultos também pode, em linha geral, levar à proteção das crianças também daquelas comunidades.

O Programa Nacional de Imunização começa em 73 e traz, desde o início, a ideia de erradicar aquelas doenças que, até então, se mostravam importantes do ponto de vista do acometimento de grandes grupos populacionais, como o sarampo, a rubéola e mesmo a poliomielite, como aqui já foi descrito nos aspectos históricos.

Isso evoluiu muito e hoje são 21 doenças que têm, sim, vacinas que podem proteger as pessoas contra elas. Estamos falando aqui de dados do ministério de 2017, ainda não atualizados: 300 milhões de doses aplicadas no país ao custo de 3,9 bilhões de reais, segundo dados do Ministério da Saúde. Pode passar o próximo, por favor.

Aí estão as doenças, as 21 que citei, que são preveníveis por imunização: tuberculose, hepatite B, difteria, tétano, coqueluche, doenças causadas pelo hemófilo B, a poliomielite, a rotavirose, doenças pneumocócicas, doenças meningocócicas, o sarampo, a caxumba, a rubéola, a varicela, hepatite A, febre amarela, influenza - gripe, a raiva humana, o HPV, a cólera, a diarreia dos viajantes, febre tifoide. Para todas essas condições existem vacinas disponíveis no SUS. Próximo. Pode passar, por favor.

Obrigado. Aí estão, em linhas gerais, os quatro grandes objetivos de qualquer programa de imunização, não é diferente para a pólio. Existem as imunizações chamadas individuais, que são as vacinações de rotina e, também, as coletivas, que são as campanhas. O Zé Gotinha é um exemplo de campanha das mais exitosas em todo o mundo.

Contribuir para o controle ou erradicação das doenças imunopreveníveis. O objetivo ideal é sempre a erradicação. Nem sempre isso é possível, pelo menos o controle é desejável e possível.

Diminuir os índices de morbidade e mortalidade dessas doenças e romper a cadeia epidemiológica, em especial da questão da transmissibilidade. Para que isso aconteça não basta que uma cidade ou um estado esteja com boa cobertura, é preciso que o País esteja, que o continente esteja, que o mundo esteja. Essa é a única forma de se garantir realmente o controle de qualquer uma dessas doenças. O próximo, por favor.

A Poliomielite, já foi aqui explicado, é uma infecção viral aguda. A imensa maioria dos casos não tem sintomas, mas isso não significa que não possa ocorrer a transmissão.

Dado que se trata de um vírus intestinal. Ele é eliminado pelas fezes, daí a grande facilidade do contato oral-fecal. A forma paralítica é rara, ela representa cerca de 1% dos casos, com sequelas permanentes. A transmissão eu já comentei. Não há um tratamento específico. O próximo.

Quando se fala em poliomielite há de se falar no vírus selvagem e o vírus derivado de vacina. Se nós olharmos o que aconteceu no mundo no recorte de 2013 a 2020, esse é o padrão de distribuição. Vejam que eu 2013 o mundo teve 416 novos casos, chegou ao menor patamar em 2017 e apresenta novamente, a partir de 18, uma tendência a crescimento. Vamos adiante.

A poliomielite pelo vírus derivado da vacina, fazendo a distinção que o vírus selvagem, por assim dizer, é o vírus presente, vamos dizer, na natureza, e o derivado da vacina são aquelas condições em que pode haver a contaminação a partir do vírus inativado, que é o vírus que existe na gotinha, sofrer determinadas alterações e readquirir o poder infectante.

Se falarmos dessa variedade de vírus, o derivado da vacina, vejam que há uma franca tendência a aumento desde 2015 até o ano 2020. Isso se deve fundamentalmente a questões de saneamento, condições de higiene, enfim, às condições socioeconômicas da população.

Quanto mais água, quanto mais esgoto, quanto melhores forem as condições nutricionais e de higiene de uma população, menos esse fenômeno tende a ocorrer. Próximo.

Aqui, para exemplificar, vejam no mundo onde é que existem esses casos do vírus da poliomielite, onde é que estão presentes. Se pensarmos no vírus selvagem, olhem lá, Paquistão e Afeganistão são as grandes áreas mundiais da ocorrência desses vírus, está em vermelho no mapa.

Em marrom mais escuro, Filipinas e Iêmen são as regiões onde se encontram essa variante chamada V1 do vírus derivado da vacina. Se olharmos para a faixa equatorial do continente africano, são esses pontinhos verdes no mapa da África, vejam que ali estão concentrados basicamente os casos pelo vírus 2, derivado da vacina.

Então esse é o mapa mundial, vamos chamar assim, de áreas de risco importante para a poliomielite. Como a poliomielite, conforme eu disse, é um vírus intestinal, a contagiosidade é extremamente fácil, evidentemente que o restante do mundo corre risco enquanto não houver a absoluta erradicação nos países que estão aí apontados. Próximo.

Pode passar. Já foi aqui comentada a existência da vacina Salk e da Sabin. Aqui de maior importância para nós vamos falar da vacinação com a gotinha. Ela começa aos dois meses de idade, fundamentalmente, com uma dose aos quatro e aos seis, reforço entre 15 e 18 meses e, depois, entre o quarto e o quinto ano de vida.

Então aqui está de uma forma esquemática bastante resumida isso que eu acabo de falar. Muito importante, é fundamental que se mantenham taxas de vacinação adequadas da população. Próximo.

Observem que a grande maioria das vacinas precisa atingir entre 90 e 95% de meta. As colunas em azul se referem ao ano de 2018, as colunas em vermelho, 2019, as colunas em verde, 2020. Notem que com exceção da vacina pentavalente todas as demais, no ano de 2020 em relação a 19 e 18, apresentaram queda.

O que nos interessa agora mais propriamente em relação à pólio, segundo o Ministério da Saúde a queda foi: em 18, 93%; em 19, 86%; em 20, 81% da vacinação. Não atinge a média de 95% em nenhum dos últimos três anos. Isso significa que é muito importante o Brasil ficar atento a essa situação. Podemos passar.

Eu fiz um recorte aqui da zona norte, por eu ter sido até recentemente coordenador de Saúde da região. Vejam que na zona norte não é diferente do restante do município. A pólio lá chega a 79%, então os índices, de fato, variam. Em algumas regiões está abaixo de 75 por cento. Então, como média do País, 81 por cento. Podemos ir adiante.

Sempre a baixa cobertura vacinal é fator altíssimo de risco para ressurgimento de doenças, como aconteceu, por exemplo, com o sarampo em 2019. Algumas doenças têm alta transmissibilidade.

O sarampo, por exemplo, para cada caso que existe é possível que 18 novas pessoas possam se contaminar, daí a importância de algumas vacinas. Trago aqui o exemplo da tríplice viral, altamente eficaz e disponível para conter situações como essa.

Poderemos usar agora, mais atualmente, a questão, como exemplo, da Covid-19. Todos nós estamos acompanhando e observando a importância da vacinação para o controle dessa condição.

Com a poliomielite não é diferente. O objetivo é atingir pelo menos 95% de cobertura vacinal para, de fato, de garantir uma boa condição de enfrentamento e prevenção da poliomielite. Podemos ir adiante.

Agora, através do Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu Art. 14, § 1º, Art. 249, tornou-se obrigatório que os pais ou responsáveis vacinem seus filhos e, se não o fizerem, pode haver aplicação de uma multa de até 20 salários mínimos.

Isso, de certa forma, é um grande avanço na legislação que trata das grandes questões de saúde pública, a responsabilização com uma punição pecuniária. Isso tem sido o início de um longo caminho a ser trilhado para, de fato, mostrar para os pais que eles são sim, pais ou responsáveis, responsáveis sim pelos seus filhos. Adiante.

Evidentemente que para que o programa de imunização atinja suas metas não se trata de uma questão apenas de equipes de Saúde, mas de todas as comunidades. É necessário que o poder público, o poder político, a sociedade civil organizada, todos os entes, em todos os níveis, os entes federais, estaduais e municipais de Saúde, junto às demais secretarias, todos juntos nessa luta e nesse enfrentamento. Podemos ir adiante.

Era isso o que eu tinha a dizer. Tentei ser bem rápido para não cansar vocês.

Muito obrigado, gente.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Dr. Wagner Fracini, muito obrigado pelas suas palavras, pelas suas considerações. Passamos a palavra para o deputado Adalberto Freitas.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Dr. Wagner Fracini, agradeço pela gentileza das palavras, pela aula, com esse currículo maravilhoso, muita experiência. Em tão pouco tempo nos ensinou muita coisa. Muito obrigado. As portas estão sempre abertas, precisando da gente, o que precisar da Assembleia Legislativa conte com o nosso apoio. Muito obrigado pelo o que tem feito pela Saúde na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Leve um abraço ao secretário. Se precisar, estaremos aqui à disposição.

 

O SR. WAGNER FRACINI - Muito obrigado, deputado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JOSÉ FRANCISCO VIDOTTO - Obrigado, deputado. Agradeço a todos que vieram, sobremaneira abrilhantaram o evento, trazendo informações preciosas a respeito do assunto.

Como mestre de cerimônias e vítima de pólio, gostaria de salientar a necessidade da prevenção, como disse o Dr. Fracini, da vacina, pois o melhor meio de cuidar das nossas crianças é com aquela gotinha que salva.

Agradeço sobretudo a Deus, que me deu pais maravilhosos, que me incentivaram a lutar, a não desistir, à esposa esplendorosa com quem estou casado há 45 anos, me dando força, me apoiando em tudo o que eu faço e que me deu dois filhos maravilhosos, seis netos lindos. Posso dizer que, apesar da pólio, da síndrome pós-pólio, eu tenho uma vida saudável, uma vida que eu gosto muito de levar.

Agradeço também ao deputado Adalberto Freitas. Somos amigos há mais de 20 anos e sei da sua luta em prol dos PCDs, tanto que, ao ser eleito, me convidou para ser seu chefe de gabinete, pois queria dar continuidade à sua luta pela inclusão. Não basta falar de inclusão, tem que ter a iniciativa. Foi o que fez o deputado Adalberto Freitas ao nomear o primeiro chefe de gabinete cadeirante de toda a história da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Obrigado, deputado.

Tem a palavra para o encerramento.

 

O SR. PRESIDENTE - ADALBERTO FREITAS - PSL - Sr. Vidotto, agradeço-lhe muito por estar aqui, por estar me incentivando sempre a ter ações como esta. Como o senhor bem falou, a gente se conhece há muito tempo, mas eu igualmente aprendi desde cedo, vendo o seu trabalho, o quanto é importante a dedicação para as pessoas que têm algum mal, que têm alguma deficiência.

Eu aprendi muito com o senhor. Então tudo o que eu sei a respeito eu devo ao senhor, todas as pessoas que eu conheci desse mundo.

Nós vemos, eu mesmo tenho muita lição para aprender, cada dia aprendo mais, eu vejo que são pessoas que poderiam estar agora fazendo qualquer outra coisa, mas estão aqui, são dez e meia.

Então, assim, todos vocês são pessoas vencedoras, vitoriosas, porque jamais entregaram os pontos, jamais perderam a coragem, jamais perderam a fibra, jamais perderam a vontade de viver.

Muito pelo contrário, além de estar aí na vida, no dia a dia, com todas as dificuldades que têm, ainda se prestam a fazer para a sociedade o que muitos não conseguem fazer.

Então eu tenho muita gratidão por o senhor estar comigo, por ter conhecido a Andreia, ter conhecido o Dr. Acary, o Dr. Abrahão hoje, a Fabiana, a Sandra, ou seja, todos os que estão aqui, o Dr. Wagner Fracini. É sempre uma honra para mim poder ver que vocês estão sempre aí, vocês nunca param.

Então a gente se pergunta: o que mais vocês poderão fazer? Eu posso dizer o seguinte, vocês farão muito mais enquanto vocês estiverem, vocês farão muito mais. Nós, que estamos ao lado de vocês, vamos cada vez aprender mais e vamos multiplicar esse trabalho de fazer o bem às pessoas que necessitam.

Então estou muito grato por esta noite. Saio hoje feliz. Agradeço a todos que estão aqui, todos que puderam participar, agradeço a todas as pessoas que têm projetos, a todas as pessoas que, se precisarem de nós, da Assembleia Legislativa, podem contar conosco.

O nosso gabinete aqui na Assembleia é conhecido como o gabinete da inclusão, porque aqui, eu sempre falo, a pessoa aqui sempre terá voz e terá vez, PCDs terão voz e terão vez. Esta é a Casa de vocês.

Então muito obrigado. Agradeço de coração a presença de vocês. E vamos fazer outros, não é Andreia? Não vamos parar neste, vamos cada vez mais, vamos com mais projetos, vamos inventar outras coisas aí. Contem com o meu apoio.

Não posso fazer muito, mas tenho certeza de que quando precisarmos nos unir eu tenho certeza de que a união está aqui, mais de 100 pessoas neste evento, nesta solenidade.

É isso que nos dá força para poder continuar e poder estar sempre inventando mais coisas para levar às pessoas, levar conhecimento, levar coragem, porque o que vocês fazem nos incentiva a fazer cada vez mais.

Então muito obrigado a todos. Que Deus Abençoe a vida de cada um. Agradeço, também, à minha equipe toda, que ajudou a colocar de pé esse projeto. Vamos cada vez mais, certo? Muito obrigado. Tenho certeza de que Deus está nos ajudando e sempre vai ajudar a todos. Muito obrigado.

Esgotado o tempo da presente sessão, a Presidência agradece às autoridades aqui presentes, à minha equipe, aos funcionários do Serviço de Som, da Taquigrafia, do Serviço de Ata, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da Imprensa da Casa, da TV Alesp e das assessorias Policial Militar, bem como a todos os que, com suas presenças, colaboraram para o êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão.

 

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