19 DE NOVEMBRO DE 2021

12ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO AO JORNALISTA JOSÉ TRAJANO

 

Presidência: PAULO LULA FIORILO

 

RESUMO

 

1 - PAULO LULA FIORILO

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene com a finalidade de realizar a "Entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Jornalista José Trajano", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia a exibição de um vídeo sobre a trajetória de José Trajano. Pede um minuto de silêncio em memória das vítimas da Covid-19. Destaca a justeza da homenagem que será feita a José Trajano nesta sessão. Afirma que o jornalista sempre tratou de questões sociais por meio do esporte. Declara que, no momento vivido pelo Brasil, de acirramento das divergências políticas, é importante homenagear José Trajano, cuja trajetória, acrescenta, é marcada pelo respeito e pelo diálogo.

 

2 - MAURICI

Deputado estadual, presta homenagem ao jornalista José Trajano, tanto pela sua atuação como jornalista esportivo quanto por sua defesa da democracia.

 

3 - JOSÉ AMÉRICO LULA

Deputado estadual, rememora o trabalho de José Trajano nas páginas esportivas da "Folha de S. Paulo". Faz homenagem ao jornalista.

 

4 - RENATO GONÇALVES

Vice-presidente da Casa de Portugal, parabeniza o jornalista José Trajano pela homenagem recebida nesta solenidade. Presenteia-o com uma camisa comemorativa do centenário da Portuguesa.

 

5 - DANIELA GREEB

Representante do Instituto de Políticas Relacionais, fala sobre sua amizade com José Trajano. Frisa a justeza da homenagem prestada a ele nesta solenidade.

 

6 - ARLINDO CHINAGLIA

Deputado federal, parabeniza o jornalista José Trajano por sua trajetória e pela homenagem recebida nesta sessão.

 

7 - ALEXANDRE PADILHA

Deputado federal, destaca o papel de José Trajano no jornalismo brasileiro. Parabeniza-o por seu trabalho em vários âmbitos.

 

8 - EDINHO SILVA

Prefeito de Araraquara, considera muito importante a entrega desta homenagem a José Trajano. Declara que o Brasil deve muito ao seu trabalho.

 

9 - GILMAR MAURO

Membro da Coordenação Nacional do MST, enfatiza a justeza de se prestar uma homenagem como esta a José Trajano. Enaltece a luta do jornalista em prol da democracia.

 

10 - JUCA KFOURI

Jornalista e apresentador, afirma que esta homenagem a José Trajano é uma homenagem a todos os jornalistas independentes. Relata episódio que viveu com Trajano durante a Copa de 2006.

 

11 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO

Presta homenagem, com a concessão do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, ao jornalista José Trajano.

 

12 - JOSÉ TRAJANO

Jornalista, apresentador e escritor, agradece pela homenagem recebida. Dedica-a a toda a mídia independente do País. Tece críticas à maneira como o governo federal enfrentou a pandemia de Covid-19. Apoia a candidatura do ex-presidente Lula, no pleito de 2022. Enaltece o trabalho realizado pelo MST, pelo movimento de moradia e pelo padre Júlio Lancellotti. Expressa apoio às reivindicações dos indígenas. Considera que 2022 será um ano difícil. Faz citação de Eduardo Galeano.

 

13 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Paulo Lula Fiorilo.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Senhoras e senhores, boa noite. Sejam todos bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao jornalista José Trajano.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube. Convidamos para a composição desta sessão solene o deputado Maurici.

O sempre deputado Marcos Martins. Quero chamar também o nosso homenageado, jornalista Trajano, apresentador, escritor e hoje o nosso homenageado. Peço uma salva de palmas ao Trajano. (Palmas.)

Quero convidar também para a Mesa Daniela Greeb, do Instituto de Políticas Relacionais. (Palmas.) O prefeito de Araraquara, meu amigo Edinho Silva. (Palmas.) O jornalista Juca Kfouri, jornalista e apresentador. (Palmas.)

Convidar aqui o companheiro Gilmar Mauro, membro da Coordenação Nacional do MST. (Palmas.) Convidar também Renato Gonçalves, vice-presidente da Casa de Portugal. (Palmas.)

O deputado federal Alexandre Padilha. (Palmas.) O também deputado federal Arlindo Chinaglia. (Palmas.) O companheiro Laércio Ribeiro, presidente do PT de São Paulo. (Palmas.)

Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência dispensa a leitura da ata da sessão anterior. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene atende minha solicitação com a finalidade outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao jornalista José Trajano.

Convido todos os presentes para ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Neste momento, convido a todos para assistirem a um vídeo sobre a trajetória do companheiro José Trajano.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT – Então, aqui está um pouco da história, que é uma história longa. Eu queria registrar também a presença do deputado José Américo, que estava fazendo uma turnê pelo interior e chegou ontem.

Trajano, você sabe, essa homenagem foi combinada em março de 2020 e ela foi suspensa pela pandemia. A gente está conseguindo fazer agora, ainda em tempo, e eu queria propor que a gente pudesse fazer um minuto de silêncio em memória das mais de 612 mil vítimas da Covid.

 

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- É respeitado um minuto de silêncio.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Bom, quero saudar a todos e todas que estão conosco nesta data festiva, tanto aqui presencialmente como os que nos assistem pela Rede Alesp.

Inicialmente, cabe informar que, embora as regras de distanciamento estejam mais flexibilizadas, aqui nesta Casa Legislativa optamos por ocupar com precaução os assentos presenciais, de modo que a prioridade aqui em plenário foi para os convidados e convidadas do homenageado.

Estamos aqui nesta sexta-feira, nesta sessão solene, para homenagear com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo não apenas esse grande jornalista esportivo, mas, especialmente, esse grande ser humano, José Trajano, por toda a sua história de vida, profissional e pessoal, sempre ao lado da democracia, da liberdade de expressão e dos direitos sociais, aproximando o esporte da cidadania, olhando o esporte como uma ferramenta de transformação social.

Quando surgiu a oportunidade de homenagear uma personalidade que contribuiu para o desenvolvimento social, cultural e econômico no estado de São Paulo, alguns nomes surgiram.

Mas acreditamos que, nesse momento que vivemos, em que o acirramento social, e muito lembro o fanatismo de algumas disputas esportivas, homenagear uma pessoa da envergadura do José Trajano é resistir a todo tipo de intransigência, violência e hostilidade do Brasil de hoje.

Divergências de opiniões na política e no futebol sempre existiram e existirão. Mas o respeito, esse não pode faltar nunca. Trajano faz jornalismo com respeito. Trajano debate com respeito. Trajano dialoga com respeito. Trajano é um cidadão de respeito.

Parabéns, Trajano. Muito obrigado por aceitar o nosso convite e por essa linda trajetória. Parabéns. Bom, nós vamos então, agora, abrir aqui para a saudação dos deputados e das autoridades presentes.

Queria começar com o deputado Maurici, meu colega de bancada. Maurici, tem um microfone aqui do meu lado esquerdo que eu acho que está funcionando.

Está sim, eu tenho certeza.

 

O SR. MAURICI - PT - Boa noite a todas e a todos. Quero cumprimentar o nosso homenageado, José Trajano, e a você, Paulo Fiorilo, pela oportunidade de me expressar aqui.

O Paulo Fiorilo, que sempre bateu um bolão, hoje fez um golaço. Fez um golaço ao propor essa comenda, essa homenagem a você, Zé. Porque você é uma figura destacada, quase icônica, da crônica esportiva, mas é também um construtor da democracia brasileira.

Então, ao homenageá-lo, o Paulo Fiorilo matou no peito o desejo de todos nós. Colocou a bola no chão e, queria Deus, que a gente saia tocando concentrados, marcação cerrada até metade do ano que vem. Tocando bastante a bola porque, em outubro, com a vitória do presidente Lula, eu espero que todos nós possamos correr para o abraço.

Uma boa noite.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, Maurici. Queria, agora, chamar, então, o deputado José Américo. Porque você merece toda a acentuação. Zé Américo.

 

O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Bom, queria começar saudando todos vocês que vieram aqui nessa noite chuvosa. Queria saudar o José Trajano, nosso querido José Trajano, Rei dos Quinhões. Isso mesmo. O Paulo Fiorilo, parabenizar o Paulo Fiorilo pela iniciativa. Saudar o nosso querido Juca Kfouri que está aqui.

Bem, o Maurici, de maneira muito sintética, falou o que é o Trajano. O Trajano... Eu ainda conheci o Trajano muito jovem na Folha de São Paulo, há muitos anos atrás. O Trajano é uma pessoa transformadora, né? Transformou a edição de esportes da Folha de São Paulo, no final dos anos 70, talvez na edição, página mais lida da Folha.

Porque ali você tinha reportagem, você tinha surpresa, você tinha crítica, você tinha questionamento. E nós estamos falando de 79, gente. Em plena ditadura militar.

O Cláudio Abramo era o secretário de redação da Folha, o Cláudio que trouxe o Trajano, que convidou o Trajano. Aí os mais velhos sabem quem foi o Cláudio Abramo. O Cláudio Abramo foi o grande reformulador... Um dos grandes reformuladores do jornalismo brasileiro, atualização do jornalismo brasileiro.

Morreu muito jovem, então, por isso que muita gente não o conheceu. Ele morreu com 67 anos. Ele adorava o Trajano. Ele tinha uma voz assim, meio esganiçada, não é, Trajano? Ele adorava o Trajano. Sempre elegante, com uma bengala. Ele adorava o Trajano, o talento do Trajano.

O Trajano... Eu, que em muito pouco tempo na profissão como jornalista, tive a oportunidade, tive a sorte de conviver com esse grande jornalista. O Trajano... O esporte era apenas um tema para ele. Não era um jornalismo esportivo propriamente dito.

Além do humor, da crítica e da rebeldia, você tinha ali muita criatividade, um profissionalismo muito grande, um rigor muito grande e uma generosidade, uma integridade fora do comum.

Isso aqui, generoso, apaixonado. Do mesmo jeito que ele é apaixonado pelo América, ele é apaixonado pelas pessoas. Apaixonado pela democracia, apaixonado pelas grandes causas, pelas boas causas. Então, eu fico, me sinto emocionado de estar aqui nessa homenagem ao Trajano, mais do que merecida.

Então, acho que o Trajano é importante porque ele foi se reinventando, não no seu talento, que é enorme. Ele é romancista, ele é jornalista, ele faz um montão de coisas. O talento é enorme. Ele foi se reinventando na forma.

No ESPN ele fez um trabalho sensacional, alguém fez uma menção aqui, acho que o Maurici, e depois inventou, o Trajano, um negócio, um blog, um portal que a gente não consegue deixar de assistir. Que fez muita coisa boa pelo seu espírito criativo, espirito crítico. Sempre com uma linguagem moderna, uma linguagem acessível para todos nós.

Então, quero deixar um abraço aqui para o nosso prefeito Edinho, que está aqui do lado, para você, para o Paulo Fiorilo e para o nosso querido Trajano. Fico mais uma vez emocionado, Trajano, de estar aqui e ver a sua vitalidade. É impressionante; ele continua na frente de todo mundo.

Então, isso que é muito bom, Trajano. Muito legal, muito bem. Você é um dos construtores da democracia deste país, e nós vamos ter agora, se Deus quiser, um resultado, um prêmio para isso, que é a eleição do presidente Lula. Então, um grande abraço para você.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - O Trajano contou que o Zé foi repórter dele. Eu queria, então, dar continuidade chamando agora o Dr. Renato Gonçalves, que é vice-presidente da Casa de Portugal. E parece que trouxe uma camiseta da Lusa.

 

O SR. RENATO GONÇALVES - Boa noite, deputado Paulo Fiorilo. Antes de fazer uma saudação, eu queria quebrar um pouco o protocolo e chamar aqui o mais ilustre torcedor da Portuguesa, certamente o mais jovem neste plenário neste momento, que é o João Pedro. Vou pedir para ele vir aqui. 

Mas Paulo, eu quero te parabenizar, assim como o Maurici e o José Américo fizeram, por essa iniciativa, que eu acho que também triunfa um pouco o trabalho que você vem fazendo aqui na Assembleia.

E em nome da Casa de Portugal e do Centro Cultural 25 de Abril, a gente não se cansa de dizer o quanto a nossa comunidade portuguesa em São Paulo é grata a você e ao seu trabalho.

E quando você nos convidou para esta homenagem ao Trajano, foi com grande emoção e grande alegria que a gente recebeu esse convite. A comunidade portuguesa é uma comunidade apaixonada pelo futebol, como o Trajano. E os portugueses, vamos lembrar, também viveram uma ditadura muito forte, que foi a ditadura salazarista.

E em 25 de abril de 1974, o povo português, junto com os militares de abril, fez a Revolução dos Cravos. Revolução dos Cravos que foi uma inspiração para os combatentes da ditadura no Brasil.

E tenho certeza de que foi uma inspiração para o Juca Kfouri, foi uma inspiração para o nosso homenageado e para todos aqueles que viveram aqueles momentos. Eu era muito jovem. E essa paixão que nós temos pela nossa Portuguesa se assemelha muito à paixão que o Trajano tem pelo Ameriquinha, né Trajano.

Então, a gente também queria te homenagear e dizer do quanto é importante ter uma figura como você, ter uma figura como o Juca Kfouri, que aqui representa uma imprensa livre, uma imprensa que tem um papel central ao lado dos movimentos sociais. Está aqui o nosso companheiro Gilmar Mauro.

Esses parlamentares que aqui estão são pessoas que têm um lado, o lado da democracia; são parlamentares que não se conformam com o estado de coisas e com o destino que o país tomou.

E aqui um prefeito brilhante, nosso grande companheiro Edinho, que faz da sua gestão e da sua trajetória - onde pôde, e continua fazendo - a transformação desse estado de coisas.

De tal forma, Trajano, que você receba aqui, das mãos do João Pedro, a camisa do centenário da Portuguesa, que completou no ano passado 100 anos de existência. A Portuguesinha ainda está viva, respirando por aparelhos, mas a paixão e o amor pela Portuguesinha... (Palmas.) Isso, receba como uma homenagem da comunidade portuguesa.

Obrigado, Trajano.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Bom, estamos aí. Vamos continuar agora, vamos ouvir então a Daniela Greeb. Por favor, com a palavra. (Palmas.)

 

A SRA. DANIELA GREEB - Boa noite a todos, a todas e todes. Eu sou Daniela, do Instituto de Políticas Relacionais, que é uma organização sem fins lucrativos que trabalha com projetos para o desenvolvimento da cidadania, com esse foco em projetos culturais esportivos.

Mas eu não comecei assim; eu comecei como secretária de redação da TVA Esportes, junto com o Trajano e mais meia-dúzia de gente, e que depois passou a ser a ESPN.

Conheci meu marido lá, que é filho do Sérgio de Souza, da revista “Realidade”, da revista “Caros Amigos”. Os caros amigos aqui: Trajano, Juca. Casei lá. E ele se tornou meu padrinho de casamento. E hoje quem é madrinha de casamento dele sou eu, com a Rosana Visiari; eu que apresentei a Rosana para ele.

A partir daí a gente foi ficando com uma amizade muito forte, né, sempre juntos. E o Trajano, onde ele passa... Só pela ESPN - meu marido trabalhou lá 25 anos também -, o legado que ele traz. Aonde ele vai, ele faz um legado; é impressionante. E ele leva todo mundo com ele; sempre leva todo mundo com ele, lembra das coisas e tal.

A gente fez um projeto durante cinco anos, o Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que foram 47 documentários inéditos sobre as histórias de superação dos atletas brasileiros.

O Trajano foi o curador de todo esse projeto que hoje tem e que passou em todas as escolas públicas brasileiras. A gente fez, nas Olimpíadas, uma itinerância pelo Rio de Janeiro todo, desde cinema que a gente montava no caminhão, que vinha todo mundo no morro, na escola.

Então, ele tem essa cabeça, ele cria essas coisas e manda a gente fazer. Sabe como é que é, né? A gente tem que fazer, a gente vai lá, porque ele cria e a gente faz, e é muito bacana.

De todo esse projeto, participou o Juca, participou com a gente. O próprio Sócrates, que estava... Foi, né, naquela semana, participou do almoço com a gente; daquele jeito que ele estava, ele participou da mesa muito com a gente. Foi muito lindo mesmo.

Assim, o Trajano tem uma memória, um coração que, assim... E, por me trazer aqui, saúdo a todos da Mesa também, encouraçando uma presença feminina aqui na Mesa que ele me trouxe aqui. E o que é que é? Eu só agradeço, né? Porque assim, depois de tudo o que a gente passou junto, é um reconhecimento não só dele, mas da gente também.

Então, a gente vai continuar fazendo vários projetos, porque esse projeto foi para o Sesc e olha, ele não parou mais, né, Trajano? A gente foi para todo quanto é lugar do País e, até hoje, todo mundo pode ter acesso a esse projeto, que é memoriadoesporte.org.br.

A gente fez até parceria com o COI, o que, na época, ninguém conseguia fazer, mas a gente consegui fazer, porque era um projeto educacional e a gente conseguiu os direitos de imagem daquela época.

Então, hoje está acessível para todo mundo, todo mundo pode assistir. O Trajano, gente, eu quero mais é que ele crie mais um monte de projetos para a gente fazer junto.

Obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Vamos continuar aqui então. Para a sua saudação, agora, quero chamar o deputado federal Arlindo Chinaglia.

 

O SR. ARLINDO CHINAGLIA - Bem, boa noite. Eu queria cumprimentar, primeiramente, o Paulo Fiorilo pela iniciativa; a presença nossa aqui está vinculada, digamos, à homenagem, que foi você que propiciou, pelo óbvio.

Quero cumprimentar o Zé Trajano e dizer que eu o conheci como milhões: o conhecer, ou seja, à distância, pela TV, especialmente. Além do que já foi comentado, eu também então vou dar aqui de preferência, brevemente, a minha opinião, mesmo à distância, mas evidentemente que todos nós temos curiosidade e a gente procura se informar até onde é possível.

Então, o Trajano é capaz de dar opiniões duras de maneira simpática, exceto para quem está sendo criticado, mas ele tem uma leveza, eu diria, de abordagem, e não é só no futebol, mas também na política - vou chamar de “política” a defesa da democracia, a defesa de valores.

Todos nós aqui sabemos que especialmente o meio futebolístico não propicia, necessariamente, oportunidades para as pessoas, eu diria, se educarem, no sentido mais amplo do termo.

Eu ousaria dizer até de se informarem, dado que é um ambiente de competição, onde o poder econômico fala muito alto e assim por diante. Então, ele criava, na minha opinião, oportunidades para quem quisesse e que prestasse atenção refletir de uma forma diferente sobre a sociedade e, por consequência, sobre a vida.

Quero finalizar dizendo algo que, na minha opinião, é algo, eu diria, insubstituível, porque fazer enfrentamento em qualquer circunstância, não perder a coerência ao longo da vida exige algo que é muito caro para qualquer ser humano.

Eu quero dizer que o Zé Trajano tem muita coragem. Por isso, então, que eu também quero te parabenizar, Zé Trajano, e fazer uma referência, eu diria, à trajetória que a gente viu. Portanto, siga assim que você é muito mais do que, como todos já disseram, um jornalista esportivo.

Parabéns. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, deputado Arlindo. Para a sua saudação, quero chamar agora o deputado federal Alexandre Padilha. (Palmas.)

 

O SR. ALEXANDRE PADILHA - Boa noite, gente. Queria saudar aqui nosso deputado federal Paulo Fiorilo, torcedor do Ferroviária de Araraquara, né, Edinho? Segundo o que ele diz, para não entrar numa contenda grave no estado de São Paulo, viu, Trajano?

Saudar em nome do Edinho, nosso prefeito aqui, torcedor do Ferroviária de Araraquara e do Corinthians, está certo? Juca, Daniela e Trajano. Eu acho que todo mundo já falou muito aqui sobre o seu papel na história, né, Trajano?

Você sempre cita uma frase do Brisolla: “Eu venho de longe”. Você sempre... Quem vem de longe, como o Trajano, tem muita coisa para contar, muita história para contar, mas eu quero fazer um profundo agradecimento a você, Trajano, por uma coisa recente, e eu já te contei isto.

Eu, que fui ministro da Saúde, a gente viveu essa coisa da pandemia com uma intensidade absurda. Todo mundo que está aqui, o minuto de silêncio que nós fizemos, todas as pessoas que perderam entes queridos, perderam amigos.

Nós perdemos um ex-deputado estadual, Carlos Neder, que foi secretário de Saúde, lutador da reforma sanitária, perdemos no meio da pandemia. Estamos aqui com o Edinho, que é um orgulho para todos nós de como Araraquara enfrentou essa pandemia.

E o Trajano produziu duas coisas que particularmente para mim, mas tenho certeza de que para muita gente, fez com que a gente pudesse enfrentar a pandemia com mais energia e com mais amenidade.

Primeiro é o conjunto dos podcasts de que ele faz parte, e que impulsiona ali no pessoal da central três. Uma vez eu falei para o Trajano: toda vez que eu ouço o Pontapé nas redes gravo na segunda à noite.

Às vezes ficava segunda de madrugada, já estava disponível, às vezes, terça de manhã. Eu tinha que ir para Brasília terça-feira de manhã, no meio da pandemia, então era avião, baixava ali e ia dentro do avião ouvindo. E quem nunca ouviu sugiro que passe a ouvir

O Pontapé, O Xadrez Verbal, A Trivela, toda a produção na central três, num projeto que o Trajano abraçou, aquilo que o José Américo estava falando, foi se reformulando inclusive na fórmula, abraçou isso e fez com que a pandemia tivesse, a gente pudesse enfrentar ela melhor.

E a outra é essa produção querida aqui. Estou fazendo dois jabás pra você, viu, Trajano, mas uma da central dele é o podcast; o outro, esse livro, Aqueles Olhos Verdes, que quem não leu, sugiro que leia. Ele estava anunciando no meio da pandemia: vai sair, vai sair, e de repente, saiu.

Eu acho que todo mundo, não é, Juca, devorou contra o Brasil, contra o futebol brasileiro, contra a relação do futebol brasileiro com a Hungria, o futebol húngaro; conta arte, mistura tudo, e é a mistura do que é o nosso País.

Fala do Ameriquinha. Fala pouco da Tijuca, viu, Trajano? Eu achava que ia ter um, eu quero te dizer, Trajano, eu não venho de tão longe, mas eu tenho um pezinho na Tijuca, que é o seguinte: o Juca sabe, a Daniela também, eu nasci no meio da ditadura, com os pais separados pela ditadura.

O meu pai, torturado, teve que sair do País. A minha mãe resolveu ficar, só foi reencontrar meu pai com oito anos de idade. O Juca já gravou um dia eu contando a história de eu gravando com a fita cassete o gol do Basílio para mandar para o meu pai. O meu pai só foi pegar três meses depois.

Durante o período a gente não tinha tranquilidade para morar, minha mãe tinha que sair comigo, fugir da repressão o tempo todo. Ela tinha um irmão que era da Marinha; então ela imaginou que eu ficar na casa do irmão da Marinha, e era por um tempo, a gente iria estar mais seguro.

Adivinha qual era a rua onde morava: Rua Haddock Lobo, número 300, condomínio chamado Chácara da Tijuca, existe até hoje. Durante três, quatro, meses, entre os três e quatro anos de idade eu vivi lá. Talvez eu tenha aprendido a chutar a primeira vez a bola lá na Tijuca, viu, Trajano?

Então parabéns, São Paulo te acolhe cada vez mais, ainda mais com esse ato de hoje. Parabéns e obrigado Paulo Fiorilo por essa noite de todos nós. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Agradecer o Padilha aí pelas palavras, e chamar agora o prefeito da minha cidade, torcedor do meu time, a Ferroviária, o prefeito Edinho Silva, com a palavra. (Palmas.)

 

O SR. EDINHO SILVA - Muito boa noite a todas e todos, dizer que é uma imensa alegria estar aqui. Vim de Araraquara para cá para poder presenciar esse momento, e faria quantas vezes fosse necessário. E vou falar brevemente sobre isso, sobre a importância dessa homenagem ao José Trajano.

Mas antes eu quero fazer uma saudação muito especial ao Paulo Fiorilo, Araraquarense, orgulho da nossa cidade, que nós emprestamos para a Capital, mas é filho de Araraquara, torcedor da gloriosa Ferroviária.

Parabéns, Paulinho, parabéns pela iniciativa, parabéns à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo por conceder essa honraria ao Trajano. Quero saudar o deputado federal Alexandre Padilha, o deputado federal Arlindo Chinaglia, o deputado estadual Maurici, também o José Américo, o ex-deputado Marcos Martins, meu amigo de legislatura quando eu fui deputado nesta Casa, o Laércio Ribeiro, presidente do meu partido aqui na Capital de São Paulo.

Saudar Gilmar Mauro, nossa liderança dos movimentos sociais, e em especia do MST, a Daniela Greeb, parabéns, Daniela, pela fala e pela representatividade; saudar o Renato Gonçalves, agradecer as suas palavras, Renato, muito obrigado, vice-presidente da Casa de Portugal.

Saudar também o meu amigo, por quem tenho uma admiração imensa, por tudo o que ele representa também para o jornalismo brasileiro, para a comunicação brasileira, para os movimentos de cidadania, de construção da democracia, Juca Kfouri.

E, claro, uma saudação muito especial ao José Trajano, aos seus familiares presentes, à Rosana, ao Pedro, à Tati, ao Chico, e dizer, Trajano, para que eu não me estenda, porque muitos já falaram e muitos vão falar.

Eu lhe conheci pessoalmente apresentado pelo Juca e, para mim, foi um momento muito especial lhe conhecer pessoalmente, pela admiração que eu tenho por você há muito tempo. Eu me construí militante político, militante pelo esporte, militante pela democracia primeiro te lendo, depois te assistindo.

Mesmo não sendo um profissional do jornalismo, era nítida a sua capacidade criativa, sua capacidade diretiva, principalmente entendendo que era um canal de esporte quando a ESPN foi criada e se estruturou no Brasil, tudo o que você fez em um canal de TV pago, o que você fez e o que você conseguiu construir de conteúdo, que para o esporte é algo inovador.

Eu estava falando com a Dani aqui por exemplo que eu ficava admirado, "Caravanas do Esporte" era algo assim que era impressionante, como um canal de esporte conseguia mostrar o Brasil, era algo inovador.

Então eu tenho uma admiração imensa por você, um respeito imenso, por esse profissional da comunicação, por esse escritor, mas, principalmente, por esse cidadão brasileiro que é capaz de se posicionar de forma corajosa, nos momentos mais importantes da vida do nosso País, que é capaz, por meio do esporte, que é uma linguagem universal, em um país como o Brasil, principalmente quando se diz futebol, por meio do futebol você é capaz de expressar o seu pensamento, a sua concepção e de conscientizar pessoas por meio, muitas vezes, de um diálogo, de um comentário, pegando o futebol e fazendo do futebol uma metáfora para a vida cotidiana brasileira.

Então, Trajano, eu penso que o Brasil lhe deve e lhe deve muito, por tudo o que você fez, por tudo o que você tem feito e por algo que eu quero encerrar a minha fala aqui, por você nunca ter se dobrado, por você nunca ter cedido, você nunca ter recuado, mesmo quando isso lhe custou, imagino eu, coisas importantes, espaços importantes, talvez reconhecimentos que qualquer outro profissional, no seu lugar, talvez tivesse cedido, mas você não cedeu.

É por isso que hoje esta Casa, talvez em uma homenagem até singela perto de tudo o que você representa, esta Casa lhe confere a maior honraria que ela pode conferir a alguém.

Muito obrigado. Muito boa noite. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Queria agradecer aqui as palavras do prefeito Edinho Silva e chamar agora o companheiro Gilmar Mauro para sua saudação aqui para a gente. Gilmar, com a palavra.

 

O SR. GILMAR MAURO - Caro Paulo, parabéns pela iniciativa e por esta bela homenagem ao nosso querido Trajano. Juca, Dani, Edinho, Padilha, Zé Américo, todos os presentes, para economizar tempo aqui, uma homenagem justa não só pelo viés esportivo, como está sendo destacado aqui e vou destacar.

Além desse viés já dito, de criatividade, de prazer em fazer jornalismo em amplo sentido, destacando o esporte e mais outras áreas, eu quero destacar duas coisas aqui, Trajano.

Primeiro, toda tua trajetória de luta durante o período de ditadura contra a ditadura e de resistência, portanto, e nós te devemos. E agora, neste tempo histórico de resistência contra o fascismo e contra esse período brutal e difícil que nós estamos vivendo.

Você sabe que o cerrado pega fogo de vez em quando. Uso sempre essa metáfora. Uma das funções do cerrado é quebrar a dormência das sementes. Não é o fogo criminoso do agronegócio, não é.

Alguns militantes, Paulo, são árvores do cerrado, são militantes casca grossa, que enfrentam o fogo do tempo histórico, mas, na primeira chuva que der, novas folhas, novas flores e novos frutos nascem. Ajude, continue ajudando a quebrar a dormência das consciências neste País para que um dia nós tenhamos, de fato, uma verdadeira democracia.

O MST assina embaixo desta homenagem a você, querido Trajano. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, companheiro Gilmar Mauro. Agora quero chamar aqui o companheiro Juca Kfouri para sua saudação.

 

O SR. JUCA KFOURI - Olha aqui, boa noite. Falar depois de tanta gente que já falou é um pouco chover no molhado. E o Edinho roubou meu discurso. Aí eu tenho prova, porque eu falei para o repórter aqui da TV Assembleia, antes dele, e eu acho que ele ouviu, porque ele me perguntou o que significava para mim ver um companheiro de profissão receber a homenagem que você tão bem propôs, Fiorilo.

E eu disse: “olha, vamos primeiro deixar muito claro o seguinte, o Trajano é muito mais que meu companheiro de profissão. O Trajano é meio irmão, eu conheço o Trajano há 47 anos, trabalhamos juntos em diversos lugares.”

Mas eu diria que a homenagem que o Fiorilo presta, e que esta Casa presta ao José Trajano, é muito mais do que uma homenagem hoje nesse momento por que passamos no Brasil, é muito mais do que uma homenagem a um jornalista, é homenagem a um resistente, é homenagem a quem não se curvou diante dos poderosos nunca.

É homenagem a quem, como Millôr Fernandes, sempre olhou para o trabalho de um jornalista como o jornalismo fazendo papel de oposição, porque o resto é armazém de secos e molhados. O jornalista que não tem medo de delato, que tem lado, mas que não falseia verdade por ter esse lado.

O Zé Trajano, que provavelmente vai fazer menção a isso, mas se ele não fizer, o vídeo que a gente viu sobre ele deixou isso muito claro, tem o Darcy Ribeiro como uma das suas figuras mais admiradas. E uma frase famosa do Darcy era a de que ele se orgulhava de suas derrotas e teria vergonha de estar junto aos vitoriosos.

Nós, nesse momento, sabemos que estamos perdendo e por quanto estamos perdendo, mas nós sabemos também que nós estamos virando o jogo. Nós sabemos também que provavelmente, em janeiro de 2023, nós estaremos comemorando o recomeço da vida que este país experimentou durante 13, 14 anos, e que foi ceifada da forma como foi ceifada, e que levou figuras até como Zé Trajano, no seu espaço a pagar por não se conformar.

Então, para mim é esse Zé Trajano que você está homenageando, que esta Casa está homenageando. E, para terminar, eu quero só, para não dizer que não falei do jornalista, dizer que Matinas Suzuki, durante tantos anos editor-chefe da “Folha de S.Paulo”, diz que jamais houve um editor de esportes na “Folha” tão criativo como Zé Trajano.

E eu, que estou nessa estrada, não venho tão de longe quanto ele, porque basta olhar e ver que ele é bem mais velho do que eu, mas embora esteja na estrada também já há algum tempo, venha de certa maneira de longe, quero contar para vocês que eu vi Zé Trajano proporcionar das cenas mais inesquecíveis da minha vida profissional.

Acabávamos de cobrir a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, na ESPN, estávamos em Berlim. De repente, Zé Trajano começa derrubar todas as paredes, todas as divisórias da redação que tínhamos no subsolo de um hotel, e sei lá quantos, 40, 50 jornalistas da ESPN sentaram-se no chão com latinhas de cerveja, de boa qualidade, a cerveja alemã é boa, e começaram a cada um a contar o que tinha sido para ele aquela experiência de cobrir uma Copa do Mundo.

E eu me dei conta que durante mais de um mês tínhamos passado, não era a família Scolari, não era a família ESPN, era a família Trajano, que é como alguém disse aqui, quando explode, sai de baixo, sai de baixo.

Agora, sai de baixo, e dez minutos depois esteja com ele no bar tomando uma cerveja como se nada tivesse acontecido. Esse é Zé Trajano, essa figura que eu não vou falar mais, porque eu me comovo e choro.

Um beijo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, Juca.

Bom, nós vamos, então, agora à formalidade da entrega do Colar. O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Foi criado em 2015 e é concedido a pessoas naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social, cultural, econômico de nosso Estado, como forma de prestar-lhes, pública e solenemente, uma justa homenagem.

Homenagear o José Trajano, jornalista carioca, 75 anos, e um dos maiores profissionais da mídia brasileira com longa trajetória nos mais importantes meios de comunicação do país.

Passou pelas principais redações, tanto no meio imprenso quanto nas grandes redes de televisão do Brasil. Começou a carreira no “Jornal do Brasil”, com apenas 16 anos. Trabalhou com diversos veículos, como “Folha de S.Paulo”, TV Globo, “Isto É”, “Placar”, TV Bandeirantes, “O Globo”, a TV Cultura, chefiou os canais da ESPN por 22 anos, participando dos programas mais assistidos da emissora e de transmissões esportivas mundiais, como a cobertura de quatro copas do mundo e quatro olimpíadas.

É autor de quatro livros: “Procurando Mônica”, ‘Tijucamérica”, “Os Beneditinos” e “Aqueles Olhos Verdes”, que o Padilha trouxe aqui para a gente. Atualmente está à frente do portal “Ultrajano”, de conteúdo variado: esporte, política, cultura geral, bate-papos e entrevistas. É também apresentador do programa diário “Papos com Zé Trajano”, da TVT e na Rádio Brasil Atual. É pai de João, Bruno, Marina e Pedro, e avô de Leia, Cássia, Cora e Lu.

Por essa razão, chamamos à frente o homenageado José Trajano, para que seja outorgado com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. A gente vai fazer aqui embaixo, porque daí você vai poder usar a tribuna para falar.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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O SR. JOSÉ TRAJANO - Eu estava curioso para ver esse colar. É bonitão, é chique. Esperar aqui. Boa noite a todos, todas e todes. Já falaram tanto de mim aqui que eu colocar meu currículo agora não precisa mais.

Mas eu quero saudar aqui a presença de todos vocês, da minha mulher, Rosana, e de seus filhos queridos, Chico e a Tati. Meu filho Pedro, que está aqui representando os outros irmãos, o João, a Marina e o Bruno, que moram fora do Brasil. Meus amigos, companheiros de outras redações, essas redações que eu percorri durante muitos e muitos anos.

O Juca já falou, não sei quem falou, não sei se foi o Edinho que falou, alguém falou, o Padilha... Como diz Leonel de Moura Brizola - sempre fui brizolista -, eu venho de longe, decididamente eu venho de longe, porque hoje estão se fazendo 52 anos do milésimo gol do Pelé. Isso passou nas televisões, eu botei no meu programa hoje da TVT.

E tem uma imagem minha correndo atrás do Pelé dentro de campo. Cinquenta e dois anos. Isso que prova que eu decididamente vim de longe. Eu corri atrás do Pelé há 52 anos e agora é o Neymar que corre atrás de mim me processando.

Eu queria dizer que essa homenagem aqui é a primeira homenagem que o Paulo Fiorilo presta. Queria agradecer a todos que se manifestaram, que falaram, é uma relação grande de pessoas.

Vi como o Juca se emocionou, né? Agradeço muito ao Edinho Silva, que já foi citado aqui como um exemplo pela atuação dele lá na sua cidade, Araraquara, para quem eu peço uma salva de palmas. (Palmas.)

Peço uma salva de palmas também para o nosso Padilha, Alexandre Padilha, (Palmas.) que durante a pandemia, dando entrevista, escrevendo, Twitter, blog, orientava muita gente, criticava, apontava os desmandos deste governo, a ausência de uma política para enfrentar a pandemia.

E principalmente para o nosso querido Paulo Fiorilo, que teve a ousadia de propor, é a primeira vez que propõe algo parecido e me dá essa comanda aqui, esse colar.

Eu já havia recebido o título de Cidadão Paulistano, porque eu sou carioca, nasci no Méier, mas fui criado na Tijuca. Mas eu acho que não sou bem o homenageado de hoje.

Eu acho que o homenageado de hoje é a mídia independente deste País. São os resistentes. O trabalho que a mídia independente faz, somando as dezenas, centenas de sites, de blogs, de podcasts, de filmes, essa gente é muito importante.

Foi importante durante a pandemia, foi importante depois do golpe aplicado na presidenta Dilma e vai ser muito mais importante ainda no ano que vem, porque o ano que vem é o ano de eleição, e essa gente já está se preparando com todo o ódio possível. E tem ao lado deles a mídia, a grande mídia.

E através da mídia independente que a gente vai ter condições de reagir, de criar uma barreira, um muro, para que esses Fake News não cheguem como chegaram na eleição de 2018. Mamadeira de piroca, kit não sei o quê...

A Mídia independente é fundamental para que a gente possa, no ano de 2022, levar o presidente Lula de novo à Brasília e (Inaudível.) o novo presidente da República. (Palmas.)

Porque vamos deixar de cinismo, vamos deixar de dizer: “Ai, que ninguém vá a Paris, por favor, no dia da eleição”. Se há um homem que pode enfrentar esse jumento que governa este País, é o presidente Lula. (Palmas.)

Não adianta criar terceira via, quarta via, quinta via. Não tem sentido algum. Para sair, para o que a gente quer deste País, eu quero este País de volta. Eu quero o meu Brasil de volta. Todos nós aqui queremos o Brasil de volta, e o único que vai poder proporcionar isso para gente é o presidente Lula. (Palmas.)

Então, eu vou aproveitar para fazer alguns apelos hoje aqui. Eu vou fazer um apelo primeiro em relação à mídia independente, que eu falei. Que todos nós não deixemos de lado a mídia independente.

Eles precisam de força, precisam de apoio, de contribuição, de divulgação, de compartilhamento. Então esse é o primeiro apelo que eu faço aqui, que a gente não perca de vista o trabalho incansável, corajoso, do pessoal da mídia independente. Eu não vou citar aqui, porque é muita gente. Eu posso me esquecer. É muita gente mesmo, gente corajosa, que tem tenacidade, que enfrenta muita dificuldade.

O segundo apelo que eu vou fazer tem a ver com o Gilmar e o Mauro, que estão aqui -   cadê o Gilmar? -, que é o nosso querido MST, que pouca gente conhece, e fala mal do MST, porque não conhece seu trabalho magnífico, sensacional que é feito pelo MST.

O linguista norte-americano Noam Chomsky, quando conheceu pela primeira vez um assentamento do MST, lá no Rio Grande do Sul, quando veio ao Fórum Mundial, alguns anos atrás, foi levado a um assentamento, ficou tão emocionado com aquele trabalho que disse textualmente que o movimento popular mais importante e excitante que ele viu em toda a vida dele é o movimento MST.

E por que eu estou falando do MST? Porque o país tem 20 milhões de famintos, 20 milhões de pessoas com fome. Esse talvez seja o maior problema nosso, e o MST distribuiu cinco toneladas de alimentos orgânicos e um milhão de marmitas.

E que isso continue, porque não podemos ter um país com 20 milhões de pessoas passando fome e 100 milhões de pessoas com problemas alimentares, para não falar dos subnutridos, e tal.

Então não podemos perder de vista também o trabalho do MST. Que mais de um milhão de marmita sejam entregues, que mais de toneladas de alimentos orgânicos, alimentos produzidos nos assentamentos do MST...

Outro pedido, outro apelo que eu faço aqui, porque, se o MST se preocupa, com justa razão, com a reforma agrária, com o campo, com a terra, é a gente também não perder de vista o trabalho dos Sem-Teto. Porque esses estão em busca da moradia, que é negada a eles, mas eles também... Aliás, saúdo aqui também o querido Guilherme Boulos, que coordena o trabalho do MTS.

Preocupados com a fome, o Movimento Sem-Teto criou as cozinhas solidárias. Então, o apelo que eu faço... Já fiz um apelo de ajuda à mídia independente, ao MST, e aos Sem-Teto.

Também peço que não percam de vista também o trabalho das cozinhas solidárias produzidas... Mais de onze estados recebem as cozinhas solidárias, que é um almoço de graça para as pessoas que estão ali perto?

Até tinha camarão. Tem até essa história do camarão, que nós temos que falar aí. O idiota do “Bananinha” criticou o Wagner Moura comendo camarão. Mal sabe ele que era acarajé, que é camarão seco.

Como se pobre não pudesse comer acarajé. Você come acarajé nas ruas da Bahia. Ele achava que era aquele camarão pistola, não sei o quê. E foi uma doação, de uma dona de um restaurante, que deu 150 marmitas de Acarajé. Então, também gostaria que a gente não perdesse de vista a atuação dos Sem-Teto.

E também que a gente se movimentasse a favor dos indígenas. Porque o Marco Temporal está aí ainda, e não podemos deixar que esse Marco Temporal seja aprovado, porque os indígenas sofrerão muito.

Eles têm direito à Terra Mãe. A terra é deles. Isso está parado lá. Então, nós temos que ficar muito atentos, porque o ano que vem vai ser um ano cheio de ódio, cheio de rivalidade. Esse pessoal é capaz de tudo.

Nós temos que estar muito posicionados, muito fortes, para enfrentar tudo que vai acontecer no ano. Porque eles não vão dar de graça, e a gente também não vai dar de graça.

Dá aqui, nós damos lá. Eu também queria concentrar esse “não perder de vista” no padre Júlio Lancellotti, que aí é uma outra situação dos moradores em situação de rua. Eu sei que tem muita gente que contribui, que faz, ligadas à ONGs ou não, que fazem movimentos de entrega de mantimentos, de agasalhos, mas eu concentro a minha preocupação no padre Júlio Lancellotti.

Que a gente não perca de vista também o trabalho formidável, valente, corajoso do nosso Padre Júlio Lancellotti. Agora tenho que botar os óculos. É um tal de não perder de vista, e o problema da vista.

Eu queria lembrar que amanhã, dia 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. Tem até um texto da Flávia Oliveira, que lembra que um grupo de negros plantou, em Porto Alegre, a semente do Dia da Consciência Negra, que é a data do assassinato, em 1695, de Zumbi dos Palmares, tornando ícone do Quilombo, que,  da Serra da Barriga, de Alagoas, encarnou o sonho, ainda vivo, de liberdade e bem-estar do povo preto.

Essa data foi escolhida. Que nos ouça aqui aquele Sérgio Camargo, aquele cretino. Não tem outra expressão para dizer. Salve Zumbi. Viu, José de Camargo? (Palmas.)

Essa data foi escolhida como contraponto ao 13 de Maio de 1888, efeméride de uma alforria concedida que escondeu resistência e protagonismo negro. Tudo ao contrário do que esse Sérgio Camargo defende.

Lembrar que, amanhã, vai haver uma grande manifestação em várias cidades do Brasil, na data da Consciência Negra. E que eu gostaria de participar, gostaria que quem pudesse participar... Vamos informar pelas redes sociais, Google, não sei o que.

 A gente tem que sair para as ruas, um dos objetivos - eu acho - de 2022, para que a gente consiga colocar o presidente Lula lá em Brasília de novo, é não sair das ruas e não perder de vista tudo isso que eu falei.

Da força da mídia independente; da força dos movimentos sem teto; dos sem-terra; das ações do padre Júlio Lancellotti; e ficar ao lado dos indígenas porque esse governo que está aí, ele é demolidor.

O presidente mesmo já disse quando assumiu, que seria terra arrasada. E nós temos que ficar muito atentos para que ele não arrase de vez, como já arrasou a educação; a cultura; o meio ambiente; a perseguição ao povo negro, aos quilombolas, aos indígenas.

Para terminar, eu sempre gosto de citar uma frase de um dos mestres - não é o Darcy não, que foi citado pelo Juca, Darcy Ribeiro foi dos mestres - é outro, que é o querido Eduardo Galeano, grande escritor Uruguaio. Eu acho que citando o Galeano aqui... Eu acho que dá a dimensão do que eu penso e do que eu pretendo daqui para frente.

E antes de citar o Galeano eu quero cumprimentar mais uma vez o Paulo Fiorilo, que proporcionou essa noite superagradável, esse encontro que era para ter sido muito tempo atrás, foi adiado por causa da pandemia.

E como é legal ver companheiros nossos, amigos, tão louvados aqui, eu acho até que falaram bem demais. Um dos sonhos que eu tenho é um dia ter um programa na televisão, assim, de madrugada, que eu faria exatamente o contrário, levar alguém (Inaudível.) 

Esse cara não vale nada, não paga aluguel, já bateu na mãe, sabe? Porque é tanto confete pra lá e pra cá, todo mundo é legal, todo mundo é sensacional, todo mundo é (Inaudível.) Foi o que aconteceu, mais ou menos, hoje, e eu fiquei muito envaidecido, até envaidecido demais, porque os elogios foram à beça.

Mas, para terminar - e dizendo que nós temos um coquetel ainda, convidando todos para ir - citando Eduardo Galeano, que era também um amante do futebol, fez o "Futebol ao sol e à sombra", que fechava...

Colocava uma placa na porta de casa quando tinha copa do mundo "Fechado para balanço, estou vendo a Copa do Mundo" não queria receber ninguém ou dar entrevista e tal. Pobre Uruguai, que está mal das pernas e talvez nem se classifique para a copa do mundo.

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe nunca de caminhar" (Palmas.)

Para o meu amigo Trajano e para o meu grande craque do futebol Edu... O Zico é irmão dele, ele não é irmão do Zico, o Zico que é irmão dele (Palmas.) Ah, não é do Edu, sabe de quem é essa (Inaudível.) Olha lá, essa é demais. Do mesmo jeito que ele foi na minha casa e eu não acreditei que era ele, apareceu no vídeo aí, não acredito. Eu pensei que era o Edu, é o Lula.

 Obrigado, presidente Lula. Está fazendo um sucesso tremendo, um contraponto ao capitão Corona que está envergonhando o Brasil lá fora, o presidente Lula está nos dando orgulho (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Pessoal, essa homenagem termina aqui. o Trajano já convidou, vai ter um coquetel na saída. E o Trajano deve passar para receber um abraço de todos os amigos, de quem veio.

Bom, esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço as autoridades, a minha equipe, aos funcionários do serviço de som, Taquigrafia, fotografia, ao serviço de atas, ao Cerimonial, à Secretaria Geral Parlamentar, à imprensa da Casa, à TV Alesp, às assessorias Policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o pleno êxito desta solenidade.

Está encerrada essa sessão (Palmas.)

Um grande aplauso aqui ao nosso homenageado.

 

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Encerra-se a sessão às 21 horas e 28 minutos.

 

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