19 DE NOVEMBRO DE 2021
12ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DO
COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO AO JORNALISTA JOSÉ
TRAJANO
Presidência: PAULO LULA FIORILO
RESUMO
1 - PAULO LULA FIORILO
Assume a Presidência e abre a sessão.
Anuncia a composição da Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocou a
presente sessão solene com a finalidade de realizar a "Entrega do Colar de
Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao Jornalista José
Trajano", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos.
Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
Anuncia a exibição de um vídeo sobre a trajetória de José Trajano. Pede um
minuto de silêncio em memória das vítimas da Covid-19. Destaca a justeza da
homenagem que será feita a José Trajano nesta sessão. Afirma que o jornalista
sempre tratou de questões sociais por meio do esporte. Declara que, no momento
vivido pelo Brasil, de acirramento das divergências políticas, é importante
homenagear José Trajano, cuja trajetória, acrescenta, é marcada pelo respeito e
pelo diálogo.
2 - MAURICI
Deputado estadual, presta homenagem
ao jornalista José Trajano, tanto pela sua atuação como jornalista esportivo
quanto por sua defesa da democracia.
3 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Deputado estadual, rememora o
trabalho de José Trajano nas páginas esportivas da "Folha de S.
Paulo". Faz homenagem ao jornalista.
4 - RENATO GONÇALVES
Vice-presidente da Casa de Portugal, parabeniza
o jornalista José Trajano pela homenagem recebida nesta solenidade.
Presenteia-o com uma camisa comemorativa do centenário da Portuguesa.
5 - DANIELA GREEB
Representante do Instituto de
Políticas Relacionais, fala sobre sua amizade com José Trajano. Frisa a justeza
da homenagem prestada a ele nesta solenidade.
6 - ARLINDO CHINAGLIA
Deputado federal, parabeniza o
jornalista José Trajano por sua trajetória e pela homenagem recebida nesta
sessão.
7 - ALEXANDRE PADILHA
Deputado federal, destaca o papel de
José Trajano no jornalismo brasileiro. Parabeniza-o por seu trabalho em vários
âmbitos.
8 - EDINHO SILVA
Prefeito de Araraquara, considera
muito importante a entrega desta homenagem a José Trajano. Declara que o Brasil
deve muito ao seu trabalho.
9 - GILMAR MAURO
Membro da Coordenação Nacional do
MST, enfatiza a justeza de se prestar uma homenagem como esta a José Trajano.
Enaltece a luta do jornalista em prol da democracia.
10 - JUCA KFOURI
Jornalista e apresentador, afirma que
esta homenagem a José Trajano é uma homenagem a todos os jornalistas
independentes. Relata episódio que viveu com Trajano durante a Copa de 2006.
11 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO
Presta homenagem, com a concessão do
Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, ao jornalista José
Trajano.
12 - JOSÉ TRAJANO
Jornalista, apresentador e escritor,
agradece pela homenagem recebida. Dedica-a a toda a mídia independente do País.
Tece críticas à maneira como o governo federal enfrentou a pandemia de
Covid-19. Apoia a candidatura do ex-presidente Lula, no pleito de 2022.
Enaltece o trabalho realizado pelo MST, pelo movimento de moradia e pelo padre
Júlio Lancellotti. Expressa apoio às reivindicações dos indígenas. Considera
que 2022 será um ano difícil. Faz citação de Eduardo Galeano.
13 - PRESIDENTE PAULO LULA FIORILO
Faz agradecimentos gerais. Encerra a
sessão.
*
* *
- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Paulo
Lula Fiorilo.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Senhoras e
senhores, boa noite. Sejam todos bem-vindos e bem-vindas à Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de
outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao
jornalista José Trajano.
Comunicamos aos presentes
que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo
canal Alesp no YouTube. Convidamos para a composição desta sessão solene o
deputado Maurici.
O sempre deputado Marcos
Martins. Quero chamar também o nosso homenageado, jornalista Trajano,
apresentador, escritor e hoje o nosso homenageado. Peço uma salva de palmas ao
Trajano. (Palmas.)
Quero convidar também
para a Mesa Daniela Greeb, do Instituto de
Políticas Relacionais. (Palmas.) O prefeito de Araraquara, meu amigo Edinho
Silva. (Palmas.) O jornalista Juca Kfouri, jornalista e apresentador. (Palmas.)
Convidar aqui o
companheiro Gilmar Mauro, membro da Coordenação Nacional do MST. (Palmas.)
Convidar também Renato Gonçalves, vice-presidente da Casa de Portugal.
(Palmas.)
O deputado federal
Alexandre Padilha. (Palmas.) O também deputado federal Arlindo Chinaglia.
(Palmas.) O companheiro Laércio Ribeiro, presidente do PT de São Paulo.
(Palmas.)
Sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Nos termos regimentais, esta Presidência
dispensa a leitura da ata da sessão anterior. Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene atende minha solicitação
com a finalidade outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de
São Paulo ao jornalista José Trajano.
Convido todos os
presentes para ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
*
* *
- É executado o
Hino Nacional Brasileiro.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Neste momento, convido a todos para assistirem a um
vídeo sobre a trajetória do companheiro José Trajano.
*
* *
-
É exibido o vídeo.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT – Então, aqui está um pouco da história, que é uma
história longa. Eu queria registrar também a presença do deputado José Américo,
que estava fazendo uma turnê pelo interior e chegou ontem.
Trajano, você
sabe, essa homenagem foi combinada em março de 2020 e ela foi suspensa pela
pandemia. A gente está conseguindo fazer agora, ainda em tempo, e eu queria
propor que a gente pudesse fazer um minuto de silêncio em memória das mais de
612 mil vítimas da Covid.
*
* *
- É respeitado
um minuto de silêncio.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT -
Bom, quero saudar a todos e todas que estão conosco nesta data festiva, tanto
aqui presencialmente como os que nos assistem pela Rede Alesp.
Inicialmente,
cabe informar que, embora as regras de distanciamento estejam mais
flexibilizadas, aqui nesta Casa Legislativa optamos por ocupar com precaução os
assentos presenciais, de modo que a prioridade aqui em plenário foi para os
convidados e convidadas do homenageado.
Estamos aqui
nesta sexta-feira, nesta sessão solene, para homenagear com o Colar de Honra ao
Mérito Legislativo não apenas esse grande jornalista esportivo, mas,
especialmente, esse grande ser humano, José Trajano, por toda a sua história de
vida, profissional e pessoal, sempre ao lado da democracia, da liberdade de
expressão e dos direitos sociais, aproximando o esporte da cidadania, olhando o
esporte como uma ferramenta de transformação social.
Quando surgiu a
oportunidade de homenagear uma personalidade que contribuiu para o desenvolvimento social, cultural e
econômico no estado de São Paulo, alguns nomes surgiram.
Mas acreditamos que, nesse momento que vivemos, em que o acirramento social, e muito lembro o fanatismo de algumas disputas
esportivas, homenagear uma pessoa da envergadura do José Trajano é resistir a
todo tipo de intransigência, violência e hostilidade do
Brasil de hoje.
Divergências de opiniões na política e no futebol sempre
existiram e existirão. Mas o respeito, esse não pode faltar nunca. Trajano faz jornalismo com respeito. Trajano debate com respeito. Trajano dialoga com respeito. Trajano é um cidadão de respeito.
Parabéns, Trajano. Muito obrigado por aceitar o nosso convite
e por essa linda trajetória. Parabéns. Bom, nós vamos então, agora, abrir aqui
para a saudação dos deputados e das autoridades presentes.
Queria começar com o deputado Maurici, meu colega de bancada.
Maurici, tem um microfone aqui do meu lado esquerdo que eu acho que está funcionando.
Está sim, eu tenho certeza.
O SR. MAURICI - PT - Boa noite a todas e a todos. Quero cumprimentar o nosso homenageado, José
Trajano, e a você, Paulo Fiorilo, pela oportunidade de me expressar aqui.
O Paulo Fiorilo, que sempre bateu um bolão, hoje fez um golaço. Fez um golaço ao propor essa comenda,
essa homenagem a você, Zé. Porque você é uma figura destacada, quase icônica,
da crônica esportiva, mas é também um construtor da democracia brasileira.
Então, ao homenageá-lo, o Paulo Fiorilo matou no peito o desejo de todos nós. Colocou a bola no chão e, queria
Deus, que a gente saia tocando concentrados, marcação cerrada até
metade do ano que vem. Tocando bastante a bola porque, em outubro, com a
vitória do presidente Lula, eu espero que todos nós possamos correr para o abraço.
Uma boa noite.
O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT -
Obrigado, Maurici. Queria, agora, chamar, então, o deputado José Américo.
Porque você merece toda a acentuação. Zé
Américo.
O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Bom,
queria começar saudando todos vocês que vieram aqui nessa noite chuvosa. Queria
saudar o José Trajano, nosso querido José Trajano, Rei dos Quinhões. Isso
mesmo. O Paulo Fiorilo, parabenizar o Paulo Fiorilo pela iniciativa. Saudar o nosso querido Juca Kfouri que está aqui.
Bem, o Maurici, de maneira muito sintética, falou o que é o
Trajano. O Trajano... Eu ainda conheci o Trajano muito jovem na Folha
de São Paulo, há muitos
anos atrás. O
Trajano é uma pessoa transformadora, né? Transformou a edição de esportes da
Folha de São Paulo, no final dos anos 70, talvez na edição, página mais lida da
Folha.
Porque ali você tinha reportagem, você tinha surpresa, você tinha crítica, você tinha questionamento. E nós estamos falando de 79, gente. Em plena ditadura militar.
O Cláudio Abramo era o secretário de redação da Folha, o
Cláudio que trouxe o Trajano, que convidou o Trajano. Aí os mais velhos sabem
quem foi o Cláudio Abramo. O Cláudio Abramo foi o grande reformulador... Um dos grandes reformuladores do jornalismo brasileiro,
atualização do jornalismo brasileiro.
Morreu muito jovem, então, por isso que muita gente não o conheceu. Ele morreu com 67 anos. Ele adorava o
Trajano. Ele tinha uma voz assim, meio esganiçada, não é,
Trajano? Ele adorava o Trajano. Sempre elegante, com uma
bengala. Ele adorava o Trajano, o talento do Trajano.
O Trajano... Eu, que em muito pouco tempo na profissão como
jornalista, tive a oportunidade, tive a sorte de conviver com esse grande
jornalista. O Trajano... O esporte era apenas um tema para ele. Não era um
jornalismo esportivo propriamente dito.
Além do humor, da crítica e da rebeldia, você tinha ali muita
criatividade, um profissionalismo muito grande, um rigor muito grande e uma
generosidade, uma integridade fora do comum.
Isso aqui, generoso, apaixonado. Do mesmo jeito que ele é
apaixonado pelo
América, ele é
apaixonado pelas pessoas. Apaixonado pela democracia, apaixonado pelas grandes
causas, pelas boas causas. Então, eu fico, me sinto emocionado de estar aqui
nessa homenagem ao Trajano, mais do que merecida.
Então, acho que o Trajano é importante porque ele foi se
reinventando, não no seu talento, que é enorme. Ele é romancista, ele é jornalista, ele faz um montão de coisas. O
talento é enorme. Ele foi se reinventando na forma.
No ESPN ele fez um trabalho sensacional, alguém fez uma menção aqui, acho que o Maurici, e depois inventou, o Trajano, um negócio, um blog, um portal que a gente não consegue deixar de assistir. Que fez muita coisa boa pelo seu espírito criativo, espirito crítico. Sempre
com uma linguagem moderna, uma linguagem acessível para todos nós.
Então, quero deixar um
abraço aqui para o nosso prefeito Edinho, que está aqui do lado, para você,
para o Paulo Fiorilo e para o nosso querido Trajano. Fico mais uma vez
emocionado, Trajano, de estar aqui e ver a sua vitalidade. É impressionante;
ele continua na frente de todo mundo.
Então,
isso que é muito bom, Trajano. Muito legal, muito bem. Você é um dos
construtores da democracia deste país, e nós vamos ter agora, se Deus quiser,
um resultado, um prêmio para isso, que é a eleição do presidente Lula. Então,
um grande abraço para você.
Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - O Trajano contou que o Zé foi repórter dele. Eu queria,
então, dar continuidade chamando agora o Dr. Renato Gonçalves, que é
vice-presidente da Casa de Portugal. E parece que trouxe uma camiseta da Lusa.
O SR. RENATO GONÇALVES - Boa noite, deputado Paulo Fiorilo. Antes de fazer uma
saudação, eu queria quebrar um pouco o protocolo e chamar aqui o mais ilustre
torcedor da Portuguesa, certamente o mais jovem neste plenário neste momento,
que é o João Pedro. Vou pedir para ele vir aqui.
Mas
Paulo, eu quero te parabenizar, assim como o Maurici e o José Américo fizeram,
por essa iniciativa, que eu acho que também triunfa um pouco o trabalho que
você vem fazendo aqui na Assembleia.
E em nome
da Casa de Portugal e do Centro Cultural 25 de Abril, a gente não se cansa de
dizer o quanto a nossa comunidade portuguesa em São Paulo é grata a você e ao
seu trabalho.
E quando
você nos convidou para esta homenagem ao Trajano, foi com grande emoção e
grande alegria que a gente recebeu esse convite. A comunidade portuguesa é uma
comunidade apaixonada pelo futebol, como o Trajano. E os portugueses, vamos
lembrar, também viveram uma ditadura muito forte, que foi a ditadura
salazarista.
E em 25
de abril de 1974, o povo português, junto com os militares de abril, fez a
Revolução dos Cravos. Revolução dos Cravos que foi uma inspiração para os
combatentes da ditadura no Brasil.
E tenho
certeza de que foi uma inspiração para o Juca Kfouri, foi uma inspiração para o
nosso homenageado e para todos aqueles que viveram aqueles momentos. Eu era
muito jovem. E essa paixão que nós temos pela nossa Portuguesa se assemelha
muito à paixão que o Trajano tem pelo Ameriquinha, né Trajano.
Então, a
gente também queria te homenagear e dizer do quanto é importante ter uma figura
como você, ter uma figura como o Juca Kfouri, que aqui representa uma imprensa
livre, uma imprensa que tem um papel central ao lado dos movimentos sociais.
Está aqui o nosso companheiro Gilmar Mauro.
Esses
parlamentares que aqui estão são pessoas que têm um lado, o lado da democracia;
são parlamentares que não se conformam com o estado de coisas e com o destino
que o país tomou.
E aqui um
prefeito brilhante, nosso grande companheiro Edinho, que faz da sua gestão e da
sua trajetória - onde pôde, e continua fazendo - a transformação desse estado
de coisas.
De tal
forma, Trajano, que você receba aqui, das mãos do João Pedro, a camisa do
centenário da Portuguesa, que completou no ano passado 100 anos de existência.
A Portuguesinha ainda está viva, respirando por aparelhos, mas a paixão e o
amor pela Portuguesinha... (Palmas.) Isso, receba como uma homenagem da
comunidade portuguesa.
Obrigado,
Trajano.
O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Bom, estamos aí. Vamos continuar agora, vamos ouvir então a
Daniela Greeb. Por favor, com a palavra. (Palmas.)
A SRA. DANIELA GREEB -
Boa noite a todos, a todas e todes. Eu sou Daniela, do Instituto de Políticas
Relacionais, que é uma organização sem fins lucrativos que trabalha com
projetos para o desenvolvimento da cidadania, com esse foco em projetos
culturais esportivos.
Mas eu
não comecei assim; eu comecei como secretária de redação da TVA Esportes, junto
com o Trajano e mais meia-dúzia de gente, e que depois passou a ser a ESPN.
Conheci
meu marido lá, que é filho do Sérgio de Souza, da revista “Realidade”, da revista
“Caros Amigos”. Os caros amigos aqui: Trajano, Juca. Casei lá. E ele se tornou
meu padrinho de casamento. E hoje quem é madrinha de casamento dele sou eu, com
a Rosana Visiari; eu que apresentei a Rosana para ele.
A partir daí a gente foi ficando com uma amizade muito forte, né, sempre juntos. E o Trajano, onde ele passa... Só pela ESPN - meu marido trabalhou lá 25 anos também -, o legado que ele traz. Aonde ele vai, ele faz um legado; é impressionante. E ele leva todo mundo com ele; sempre leva todo mundo com ele, lembra das coisas e tal.
A gente fez um
projeto durante cinco anos, o Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que foram
47 documentários inéditos sobre as histórias de superação dos atletas
brasileiros.
O Trajano foi o
curador de todo esse projeto que hoje tem e que passou em todas as escolas
públicas brasileiras. A gente fez, nas Olimpíadas, uma itinerância pelo Rio de
Janeiro todo, desde cinema que a gente montava no caminhão, que vinha todo
mundo no morro, na escola.
Então, ele tem
essa cabeça, ele cria essas coisas e manda a gente fazer. Sabe como é que é,
né? A gente tem que fazer, a gente vai lá, porque ele cria e a gente faz, e é
muito bacana.
De todo esse
projeto, participou o Juca, participou com a gente. O próprio Sócrates, que
estava... Foi, né, naquela semana, participou do almoço com a gente; daquele
jeito que ele estava, ele participou da mesa muito com a gente. Foi muito lindo
mesmo.
Assim, o
Trajano tem uma memória, um coração que, assim... E, por me trazer aqui, saúdo
a todos da Mesa também, encouraçando uma presença feminina aqui na Mesa que ele
me trouxe aqui. E o que é que é? Eu só agradeço, né? Porque assim, depois de
tudo o que a gente passou junto, é um reconhecimento não só dele, mas da gente
também.
Então, a gente
vai continuar fazendo vários projetos, porque esse projeto foi para o Sesc e
olha, ele não parou mais, né, Trajano? A gente foi para todo quanto é lugar do
País e, até hoje, todo mundo pode ter acesso a esse projeto, que é
memoriadoesporte.org.br.
A gente fez até
parceria com o COI, o que, na época, ninguém conseguia fazer, mas a gente
consegui fazer, porque era um projeto educacional e a gente conseguiu os
direitos de imagem daquela época.
Então, hoje
está acessível para todo mundo, todo mundo pode assistir. O Trajano, gente, eu
quero mais é que ele crie mais um monte de projetos para a gente fazer junto.
Obrigada.
(Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Vamos continuar
aqui então. Para a sua saudação, agora, quero chamar o deputado federal Arlindo
Chinaglia.
O SR. ARLINDO
CHINAGLIA - Bem, boa noite. Eu queria
cumprimentar, primeiramente, o Paulo Fiorilo pela iniciativa; a presença nossa
aqui está vinculada, digamos, à homenagem, que foi você que propiciou, pelo
óbvio.
Quero
cumprimentar o Zé Trajano e dizer que eu o conheci como milhões: o conhecer, ou
seja, à distância, pela TV, especialmente. Além do que já foi comentado, eu
também então vou dar aqui de preferência, brevemente, a minha opinião, mesmo à
distância, mas evidentemente que todos nós temos curiosidade e a gente procura
se informar até onde é possível.
Então, o
Trajano é capaz de dar opiniões duras de maneira simpática, exceto para quem
está sendo criticado, mas ele tem uma leveza, eu diria, de abordagem, e não é
só no futebol, mas também na política - vou chamar de “política” a defesa da
democracia, a defesa de valores.
Todos nós aqui
sabemos que especialmente o meio futebolístico não propicia, necessariamente,
oportunidades para as pessoas, eu diria, se educarem, no sentido mais amplo do
termo.
Eu ousaria
dizer até de se informarem, dado que é um ambiente de competição, onde o poder
econômico fala muito alto e assim por diante. Então, ele criava, na minha
opinião, oportunidades para quem quisesse e que prestasse atenção refletir de
uma forma diferente sobre a sociedade e, por consequência, sobre a vida.
Quero finalizar
dizendo algo que, na minha opinião, é algo, eu diria, insubstituível, porque
fazer enfrentamento em qualquer circunstância, não perder a coerência ao longo
da vida exige algo que é muito caro para qualquer ser humano.
Eu quero dizer
que o Zé Trajano tem muita coragem. Por isso, então, que eu também quero te
parabenizar, Zé Trajano, e fazer uma referência, eu diria, à trajetória que a
gente viu. Portanto, siga assim que você é muito mais do que, como todos já
disseram, um jornalista esportivo.
Parabéns.
(Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado,
deputado Arlindo. Para a sua saudação, quero chamar agora o deputado federal
Alexandre Padilha. (Palmas.)
O SR. ALEXANDRE
PADILHA - Boa noite, gente. Queria saudar aqui
nosso deputado federal Paulo Fiorilo, torcedor do Ferroviária de Araraquara,
né, Edinho? Segundo o que ele diz, para não entrar numa contenda grave no
estado de São Paulo, viu, Trajano?
Saudar em nome
do Edinho, nosso prefeito aqui, torcedor do Ferroviária de Araraquara e do
Corinthians, está certo? Juca, Daniela e Trajano. Eu acho que todo mundo já
falou muito aqui sobre o seu papel na história, né, Trajano?
Você sempre
cita uma frase do Brisolla: “Eu venho de longe”. Você sempre... Quem vem de
longe, como o Trajano, tem muita coisa para contar, muita história para contar,
mas eu quero fazer um profundo agradecimento a você, Trajano, por uma coisa
recente, e eu já te contei isto.
Eu, que fui
ministro da Saúde, a gente viveu essa coisa da pandemia com uma intensidade
absurda. Todo mundo que está aqui, o minuto de silêncio que nós fizemos, todas
as pessoas que perderam entes queridos, perderam amigos.
Nós perdemos um
ex-deputado estadual, Carlos Neder, que foi secretário de Saúde, lutador da reforma sanitária, perdemos no meio da pandemia.
Estamos aqui com o Edinho, que é um orgulho para todos nós de
como Araraquara enfrentou essa pandemia.
E o Trajano produziu duas coisas que
particularmente para mim, mas tenho certeza de que para muita gente, fez com
que a gente pudesse enfrentar a pandemia com mais energia e com mais amenidade.
Primeiro é o conjunto dos podcasts de
que ele faz parte, e que impulsiona ali no pessoal da central três. Uma vez eu falei para o Trajano: “toda vez que eu ouço o Pontapé nas redes gravo na segunda à noite”.
Às vezes ficava segunda de madrugada, já estava disponível, às vezes, terça de manhã. Eu tinha que
ir para Brasília terça-feira de manhã, no meio da pandemia, então era avião,
baixava ali e ia dentro do avião ouvindo. E quem nunca ouviu sugiro que passe a
ouvir
O Pontapé, O Xadrez Verbal, A
Trivela, toda a produção na central três, num projeto que o Trajano abraçou, aquilo que o José Américo estava falando, foi se reformulando inclusive na fórmula, abraçou isso e fez com que a pandemia tivesse, a gente
pudesse enfrentar ela melhor.
E a outra é essa produção querida aqui. Estou fazendo dois jabás pra você, viu, Trajano, mas uma da
central dele é o podcast; o outro, esse livro, Aqueles Olhos Verdes, que
quem não leu, sugiro que leia. Ele estava anunciando no meio da pandemia: “vai sair, vai sair”, e de repente, saiu.
Eu acho que todo mundo, não é, Juca, devorou contra o
Brasil, contra o futebol brasileiro, contra a relação do futebol brasileiro com
a Hungria, o futebol húngaro; conta arte, mistura
tudo, e é a mistura do que é o nosso País.
Fala do Ameriquinha. Fala
pouco da Tijuca, viu, Trajano? Eu achava que ia ter um, eu quero te dizer,
Trajano, eu não venho de tão longe, mas eu tenho um pezinho na Tijuca, que é o seguinte: o Juca sabe, a
Daniela também, eu nasci no meio da ditadura, com os pais separados
pela ditadura.
O meu pai, torturado, teve
que sair do País. A minha mãe resolveu
ficar, só foi reencontrar meu pai
com oito anos de idade. O Juca já gravou um dia eu contando
a história de eu gravando com a fita cassete o gol do Basílio para mandar para o meu pai. O meu pai só foi pegar três meses depois.
Durante o período a gente não tinha tranquilidade para morar,
minha mãe tinha que sair comigo, fugir da repressão o tempo todo. Ela tinha um
irmão que era da Marinha; então ela imaginou que eu ficar na casa do irmão da
Marinha, e era por um tempo, a gente iria estar mais seguro.
Adivinha qual era a rua
onde morava: Rua Haddock Lobo, número 300, condomínio chamado Chácara da Tijuca, existe até hoje. Durante três, quatro, meses, entre os três e quatro anos de idade eu vivi lá. Talvez eu tenha aprendido a chutar a primeira vez
a bola lá na Tijuca, viu, Trajano?
Então
parabéns, São Paulo te acolhe cada
vez mais, ainda mais com esse ato de hoje. Parabéns e obrigado Paulo Fiorilo por essa noite de todos nós. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Agradecer o Padilha aí pelas palavras, e chamar agora o prefeito da minha
cidade, torcedor do meu time, a Ferroviária, o prefeito Edinho
Silva, com a palavra. (Palmas.)
O SR. EDINHO SILVA - Muito boa noite a todas e todos, dizer que é uma imensa alegria estar
aqui. Vim de Araraquara para cá para poder presenciar esse
momento, e faria quantas vezes fosse necessário. E vou falar brevemente sobre isso, sobre a importância dessa homenagem ao José Trajano.
Mas antes eu quero fazer
uma saudação muito especial ao Paulo Fiorilo, Araraquarense, orgulho da nossa
cidade, que nós emprestamos para a Capital, mas é filho de Araraquara,
torcedor da gloriosa Ferroviária.
Parabéns, Paulinho, parabéns pela iniciativa, parabéns à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo por
conceder essa honraria ao Trajano. Quero saudar o deputado federal Alexandre
Padilha, o deputado federal Arlindo Chinaglia, o deputado estadual Maurici,
também
o José Américo, o ex-deputado Marcos
Martins, meu amigo de legislatura quando eu fui deputado nesta Casa, o Laércio Ribeiro, presidente
do meu partido aqui na Capital de São Paulo.
Saudar Gilmar Mauro, nossa
liderança dos movimentos sociais,
e em especia do MST, a Daniela Greeb, parabéns, Daniela, pela fala e
pela representatividade; saudar o Renato Gonçalves, agradecer as suas palavras, Renato, muito
obrigado, vice-presidente da Casa de Portugal.
Saudar também o meu amigo, por quem
tenho uma admiração imensa, por tudo o que ele representa também para o jornalismo
brasileiro, para a comunicação brasileira, para os movimentos de cidadania, de
construção da democracia, Juca Kfouri.
E, claro, uma saudação
muito especial ao José Trajano, aos seus familiares presentes, à Rosana, ao Pedro, à Tati, ao Chico, e dizer, Trajano, para que eu
não me estenda, porque muitos já falaram e muitos vão falar.
Eu lhe conheci
pessoalmente apresentado pelo Juca e, para mim, foi um momento muito especial
lhe conhecer pessoalmente, pela admiração que eu tenho por você há muito tempo.
Eu me construí militante político, militante pelo esporte, militante pela
democracia primeiro te lendo, depois te assistindo.
Mesmo não sendo
um profissional do jornalismo, era nítida a sua capacidade criativa, sua
capacidade diretiva, principalmente entendendo que era um canal de esporte
quando a ESPN foi criada e se estruturou no Brasil, tudo o que você fez em um
canal de TV pago, o que você fez e o que você conseguiu construir de conteúdo,
que para o esporte é algo inovador.
Eu estava
falando com a Dani aqui por exemplo que eu ficava admirado, "Caravanas do
Esporte" era algo assim que era impressionante, como um canal de esporte
conseguia mostrar o Brasil, era algo inovador.
Então eu tenho
uma admiração imensa por você, um respeito imenso, por esse profissional da
comunicação, por esse escritor, mas, principalmente, por esse cidadão
brasileiro que é capaz de se posicionar de forma corajosa, nos momentos mais
importantes da vida do nosso País, que é capaz, por meio do esporte, que é uma
linguagem universal, em um país como o Brasil, principalmente quando se diz
futebol, por meio do futebol você é capaz de expressar o seu pensamento, a sua
concepção e de conscientizar pessoas por meio, muitas vezes, de um diálogo, de
um comentário, pegando o futebol e fazendo do futebol uma metáfora para a vida
cotidiana brasileira.
Então, Trajano,
eu penso que o Brasil lhe deve e lhe deve muito, por tudo o que você fez, por
tudo o que você tem feito e por algo que eu quero encerrar a minha fala aqui,
por você nunca ter se dobrado, por você nunca ter cedido, você nunca ter
recuado, mesmo quando isso lhe custou, imagino eu, coisas importantes, espaços
importantes, talvez reconhecimentos que qualquer outro profissional, no seu
lugar, talvez tivesse cedido, mas você não cedeu.
É por isso que
hoje esta Casa, talvez em uma homenagem até singela perto de tudo o que você
representa, esta Casa lhe confere a maior honraria que ela pode conferir a
alguém.
Muito obrigado.
Muito boa noite. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Queria
agradecer aqui as palavras do prefeito Edinho Silva e chamar agora o
companheiro Gilmar Mauro para sua saudação aqui para a gente. Gilmar, com a
palavra.
O SR. GILMAR
MAURO - Caro Paulo, parabéns pela iniciativa e
por esta bela homenagem ao nosso querido Trajano. Juca, Dani, Edinho, Padilha,
Zé Américo, todos os presentes, para economizar tempo aqui, uma homenagem justa
não só pelo viés esportivo, como está sendo destacado aqui e vou destacar.
Além desse viés
já dito, de criatividade, de prazer em fazer jornalismo em amplo sentido,
destacando o esporte e mais outras áreas, eu quero destacar duas coisas aqui,
Trajano.
Primeiro, toda
tua trajetória de luta durante o período de ditadura contra a ditadura e de
resistência, portanto, e nós te devemos. E agora, neste tempo histórico de
resistência contra o fascismo e contra esse período brutal e difícil que nós
estamos vivendo.
Você sabe que o
cerrado pega fogo de vez em quando. Uso sempre essa metáfora. Uma das funções
do cerrado é quebrar a dormência das sementes. Não é o fogo criminoso do
agronegócio, não é.
Alguns
militantes, Paulo, são árvores do cerrado, são militantes casca grossa, que
enfrentam o fogo do tempo histórico, mas, na primeira chuva que der, novas
folhas, novas flores e novos frutos nascem. Ajude, continue ajudando a quebrar
a dormência das consciências neste País para que um dia nós tenhamos, de fato,
uma verdadeira democracia.
O MST assina
embaixo desta homenagem a você, querido Trajano. (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado,
companheiro Gilmar Mauro. Agora quero chamar aqui o companheiro Juca Kfouri
para sua saudação.
O SR. JUCA KFOURI - Olha aqui, boa noite. Falar depois
de tanta gente que já falou é um pouco chover no molhado. E o Edinho roubou meu
discurso. Aí eu tenho prova, porque eu falei para o repórter aqui da TV
Assembleia, antes dele, e eu acho que ele ouviu, porque ele me perguntou o que
significava para mim ver um companheiro de profissão receber a homenagem que
você tão bem propôs, Fiorilo.
E eu disse: “olha, vamos primeiro
deixar muito claro o seguinte, o Trajano é muito mais que meu companheiro de
profissão. O Trajano é meio irmão, eu conheço o Trajano há 47 anos, trabalhamos
juntos em diversos lugares.”
Mas eu diria que a homenagem que o
Fiorilo presta, e que esta Casa presta ao José Trajano, é muito mais do que uma
homenagem hoje nesse momento por que passamos no Brasil, é muito mais do que
uma homenagem a um jornalista, é homenagem a um resistente, é homenagem a quem
não se curvou diante dos poderosos nunca.
É homenagem a quem, como Millôr
Fernandes, sempre olhou para o trabalho de um jornalista como o jornalismo
fazendo papel de oposição, porque o resto é armazém de secos e molhados. O
jornalista que não tem medo de delato, que tem lado, mas que não falseia
verdade por ter esse lado.
O Zé Trajano, que provavelmente vai
fazer menção a isso, mas se ele não fizer, o vídeo que a gente viu sobre ele
deixou isso muito claro, tem o Darcy Ribeiro como uma das suas figuras mais
admiradas. E uma frase famosa do Darcy era a de que ele se orgulhava de suas
derrotas e teria vergonha de estar junto aos vitoriosos.
Nós, nesse momento, sabemos que
estamos perdendo e por quanto estamos perdendo, mas nós sabemos também que nós
estamos virando o jogo. Nós sabemos também que provavelmente, em janeiro de
2023, nós estaremos comemorando o recomeço da vida que este país experimentou
durante 13, 14 anos, e que foi ceifada da forma como foi ceifada, e que levou
figuras até como Zé Trajano, no seu espaço a pagar por não se conformar.
Então, para mim é esse Zé Trajano
que você está homenageando, que esta Casa está homenageando. E, para terminar,
eu quero só, para não dizer que não falei do jornalista, dizer que Matinas
Suzuki, durante tantos anos editor-chefe da “Folha de S.Paulo”, diz que jamais
houve um editor de esportes na “Folha” tão criativo como Zé Trajano.
E eu, que estou nessa estrada, não
venho tão de longe quanto ele, porque basta olhar e ver que ele é bem mais
velho do que eu, mas embora esteja na estrada também já há algum tempo, venha
de certa maneira de longe, quero contar para vocês que eu vi Zé Trajano
proporcionar das cenas mais inesquecíveis da minha vida profissional.
Acabávamos de cobrir a Copa do
Mundo da Alemanha, em 2006, na ESPN, estávamos em Berlim. De repente, Zé
Trajano começa derrubar todas as paredes, todas as divisórias da redação que
tínhamos no subsolo de um hotel, e sei lá quantos, 40, 50 jornalistas da ESPN
sentaram-se no chão com latinhas de cerveja, de boa qualidade, a cerveja alemã
é boa, e começaram a cada um a contar o que tinha sido para ele aquela
experiência de cobrir uma Copa do Mundo.
E eu me dei conta que durante mais
de um mês tínhamos passado, não era a família Scolari, não era a família ESPN,
era a família Trajano, que é como alguém disse aqui, quando explode, sai de
baixo, sai de baixo.
Agora, sai de baixo, e dez minutos
depois esteja com ele no bar tomando uma cerveja como se nada tivesse
acontecido. Esse é Zé Trajano, essa figura que eu não vou falar mais, porque eu
me comovo e choro.
Um beijo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - PAULO LULA
FIORILO - PT -
Obrigado, Juca.
Bom, nós vamos, então, agora à
formalidade da entrega do Colar. O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a
mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo. Foi criado em 2015 e é concedido a pessoas naturais ou jurídicas,
brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares que tenham atuado de maneira a
contribuir para o desenvolvimento social, cultural, econômico de nosso Estado,
como forma de prestar-lhes, pública e solenemente, uma justa homenagem.
Homenagear o José Trajano,
jornalista carioca, 75 anos, e um dos maiores profissionais da mídia brasileira
com longa trajetória nos mais importantes meios de comunicação do país.
Passou pelas principais redações,
tanto no meio imprenso quanto nas grandes redes de televisão do Brasil. Começou
a carreira no “Jornal do Brasil”, com apenas 16 anos. Trabalhou com diversos
veículos, como “Folha de S.Paulo”, TV Globo, “Isto É”, “Placar”, TV
Bandeirantes, “O Globo”, a TV Cultura, chefiou os canais da ESPN por 22 anos,
participando dos programas mais assistidos da emissora e de transmissões
esportivas mundiais, como a cobertura de quatro copas do mundo e quatro
olimpíadas.
É autor de quatro livros:
“Procurando Mônica”, ‘Tijucamérica”, “Os Beneditinos” e “Aqueles Olhos Verdes”,
que o Padilha trouxe aqui para a gente. Atualmente está à frente do portal “Ultrajano”, de conteúdo
variado: esporte, política, cultura geral, bate-papos e entrevistas. É também
apresentador do programa diário “Papos com Zé Trajano”, da TVT e na Rádio
Brasil Atual. É pai de João, Bruno, Marina e Pedro, e avô de Leia, Cássia, Cora
e Lu.
Por essa razão,
chamamos à frente o homenageado José Trajano, para que seja outorgado com o
Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo. A gente vai fazer
aqui embaixo, porque daí você vai poder usar a tribuna para falar.
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
O SR. JOSÉ
TRAJANO - Eu estava curioso para ver esse colar. É
bonitão, é chique. Esperar aqui. Boa noite a todos, todas e todes. Já falaram
tanto de mim aqui que eu colocar meu currículo agora não precisa mais.
Mas eu quero
saudar aqui a presença de todos vocês, da minha mulher, Rosana, e de seus
filhos queridos, Chico e a Tati. Meu filho Pedro, que está aqui representando
os outros irmãos, o João, a Marina e o Bruno, que moram fora do Brasil. Meus
amigos, companheiros de outras redações, essas redações que eu percorri durante
muitos e muitos anos.
O Juca já falou,
não sei quem falou, não sei se foi o Edinho que falou, alguém falou, o
Padilha... Como diz Leonel de Moura Brizola - sempre fui brizolista -, eu venho
de longe, decididamente eu venho de longe, porque hoje estão se fazendo 52 anos
do milésimo gol do Pelé. Isso passou nas televisões, eu botei no meu programa
hoje da TVT.
E tem uma
imagem minha correndo atrás do Pelé dentro de campo. Cinquenta e dois anos.
Isso que prova que eu decididamente vim de longe. Eu corri atrás do Pelé há 52
anos e agora é o Neymar que corre atrás de mim me processando.
Eu queria dizer
que essa homenagem aqui é a primeira homenagem que o Paulo Fiorilo presta.
Queria agradecer a todos que se manifestaram, que falaram, é uma relação grande
de pessoas.
Vi como o Juca
se emocionou, né? Agradeço muito ao Edinho Silva, que já foi citado aqui como
um exemplo pela atuação dele lá na sua cidade, Araraquara, para quem eu peço
uma salva de palmas. (Palmas.)
Peço uma salva
de palmas também para o nosso Padilha, Alexandre Padilha, (Palmas.) que durante
a pandemia, dando entrevista, escrevendo, Twitter, blog, orientava muita gente,
criticava, apontava os desmandos deste governo, a ausência de uma política para
enfrentar a pandemia.
E
principalmente para o nosso querido Paulo Fiorilo, que teve a ousadia de
propor, é a primeira vez que propõe algo parecido e me dá essa comanda aqui,
esse colar.
Eu já havia
recebido o título de Cidadão Paulistano, porque eu sou carioca, nasci no Méier,
mas fui criado na Tijuca. Mas eu acho que não sou bem o homenageado de hoje.
Eu acho que o
homenageado de hoje é a mídia independente deste País. São os resistentes. O
trabalho que a mídia independente faz, somando as dezenas, centenas de sites,
de blogs, de podcasts, de filmes, essa gente é muito importante.
Foi importante
durante a pandemia, foi importante depois do golpe aplicado na presidenta Dilma
e vai ser muito mais importante ainda no ano que vem, porque o ano que vem é o
ano de eleição, e essa gente já está se preparando com todo o ódio possível. E
tem ao lado deles a mídia, a grande mídia.
E através da
mídia independente que a gente vai ter condições de reagir, de criar uma
barreira, um muro, para que esses Fake News não cheguem como chegaram na
eleição de 2018. Mamadeira de piroca, kit não sei o quê...
A Mídia
independente é fundamental para que a gente possa, no ano de 2022, levar o
presidente Lula de novo à Brasília e (Inaudível.) o novo presidente da
República. (Palmas.)
Porque vamos
deixar de cinismo, vamos deixar de dizer: “Ai, que ninguém vá a Paris, por
favor, no dia da eleição”. Se há um homem que pode enfrentar esse jumento que
governa este País, é o presidente Lula. (Palmas.)
Não adianta
criar terceira via, quarta via, quinta via. Não tem sentido algum. Para sair,
para o que a gente quer deste País, eu quero este País de volta. Eu quero o meu
Brasil de volta. Todos nós aqui queremos o Brasil de volta, e o único que vai
poder proporcionar isso para gente é o presidente Lula. (Palmas.)
Então, eu vou
aproveitar para fazer alguns apelos hoje aqui. Eu vou fazer um apelo primeiro
em relação à mídia independente, que eu falei. Que todos nós não deixemos de
lado a mídia independente.
Eles precisam
de força, precisam de apoio, de contribuição, de divulgação, de
compartilhamento. Então esse é o primeiro apelo que eu faço aqui, que a gente
não perca de vista o trabalho incansável, corajoso, do pessoal da mídia
independente. Eu não vou citar aqui, porque é muita gente. Eu posso me
esquecer. É muita gente mesmo, gente corajosa, que tem tenacidade, que enfrenta
muita dificuldade.
O segundo apelo
que eu vou fazer tem a ver com o Gilmar e o Mauro, que estão aqui - cadê o Gilmar? -, que é o nosso querido MST,
que pouca gente conhece, e fala mal do MST, porque não conhece seu trabalho
magnífico, sensacional que é feito pelo MST.
O linguista
norte-americano Noam Chomsky, quando conheceu pela primeira vez um assentamento
do MST, lá no Rio Grande do Sul, quando veio ao Fórum Mundial, alguns anos
atrás, foi levado a um assentamento, ficou tão emocionado com aquele trabalho
que disse textualmente que o movimento popular mais importante e excitante que
ele viu em toda a vida dele é o movimento MST.
E por que eu
estou falando do MST? Porque o país tem 20 milhões de famintos, 20 milhões de
pessoas com fome. Esse talvez seja o maior problema nosso, e o MST distribuiu
cinco toneladas de alimentos orgânicos e um milhão de marmitas.
E que isso
continue, porque não podemos ter um país com 20 milhões de pessoas passando
fome e 100 milhões de pessoas com problemas alimentares, para não falar dos
subnutridos, e tal.
Então não
podemos perder de vista também o trabalho do MST. Que mais de um milhão de
marmita sejam entregues, que mais de toneladas de alimentos orgânicos, alimentos
produzidos nos assentamentos do MST...
Outro pedido,
outro apelo que eu faço aqui, porque, se o MST se preocupa, com justa razão,
com a reforma agrária, com o campo, com a terra, é a gente também não perder de
vista o trabalho dos Sem-Teto. Porque esses estão em busca da moradia, que é
negada a eles, mas eles também... Aliás, saúdo aqui também o querido Guilherme
Boulos, que coordena o trabalho do MTS.
Preocupados com
a fome, o Movimento Sem-Teto criou as cozinhas solidárias. Então, o apelo que
eu faço... Já fiz um apelo de ajuda à mídia independente, ao MST, e aos
Sem-Teto.
Também peço que
não percam de vista também o trabalho das cozinhas solidárias produzidas...
Mais de onze estados recebem as cozinhas solidárias, que é um almoço de graça
para as pessoas que estão ali perto?
Até tinha
camarão. Tem até essa história do camarão, que nós temos que falar aí. O idiota
do “Bananinha” criticou o Wagner Moura comendo camarão. Mal sabe ele que era
acarajé, que é camarão seco.
Como se pobre
não pudesse comer acarajé. Você come acarajé nas ruas da Bahia. Ele achava que
era aquele camarão pistola, não sei o quê. E foi uma doação, de uma dona de um
restaurante, que deu 150 marmitas de Acarajé. Então, também gostaria que a gente
não perdesse de vista a atuação dos Sem-Teto.
E também que a
gente se movimentasse a favor dos indígenas. Porque o Marco Temporal está aí
ainda, e não podemos deixar que esse Marco Temporal seja aprovado, porque os
indígenas sofrerão muito.
Eles têm
direito à Terra Mãe. A terra é deles. Isso está parado lá. Então, nós temos que
ficar muito atentos, porque o ano que vem vai ser um ano cheio de ódio, cheio
de rivalidade. Esse pessoal é capaz de tudo.
Nós temos que
estar muito posicionados, muito fortes, para enfrentar tudo que vai acontecer
no ano. Porque eles não vão dar de graça, e a gente também não vai dar de
graça.
Dá aqui, nós
damos lá. Eu também queria concentrar esse “não perder de vista” no padre Júlio
Lancellotti, que aí é uma outra situação dos moradores em situação de rua. Eu
sei que tem muita gente que contribui, que faz, ligadas à ONGs ou não, que
fazem movimentos de entrega de mantimentos, de agasalhos, mas eu concentro a
minha preocupação no padre Júlio Lancellotti.
Que a gente não
perca de vista também o trabalho formidável, valente, corajoso do nosso Padre
Júlio Lancellotti. Agora tenho que botar os óculos. É um tal de não perder de
vista, e o problema da vista.
Eu queria
lembrar que amanhã, dia 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. Tem até
um texto da Flávia Oliveira, que lembra que um grupo de negros plantou, em
Porto Alegre, a semente do Dia da Consciência Negra, que é a data do
assassinato, em 1695, de Zumbi dos Palmares, tornando ícone do Quilombo,
que, da Serra da Barriga, de Alagoas,
encarnou o sonho, ainda vivo, de liberdade e bem-estar do povo preto.
Essa data foi
escolhida. Que nos ouça aqui aquele Sérgio Camargo, aquele cretino. Não tem
outra expressão para dizer. Salve Zumbi. Viu, José de Camargo? (Palmas.)
Essa data foi
escolhida como contraponto ao 13 de Maio de 1888, efeméride de uma alforria
concedida que escondeu resistência e protagonismo negro. Tudo ao contrário do
que esse Sérgio Camargo defende.
Lembrar que,
amanhã, vai haver uma grande manifestação em várias cidades do Brasil, na data
da Consciência Negra. E que eu gostaria de participar, gostaria que quem
pudesse participar... Vamos informar pelas redes sociais, Google, não sei o
que.
A gente tem que sair para as ruas, um dos
objetivos - eu acho - de 2022, para que a gente consiga colocar o presidente
Lula lá em Brasília de novo, é não sair das ruas e não perder de vista tudo
isso que eu falei.
Da força da
mídia independente; da força dos movimentos sem teto; dos sem-terra; das ações
do padre Júlio Lancellotti; e ficar ao lado dos indígenas porque esse governo
que está aí, ele é demolidor.
O presidente
mesmo já disse quando assumiu, que seria terra arrasada. E nós temos que ficar
muito atentos para que ele não arrase de vez, como já arrasou a educação; a
cultura; o meio ambiente; a perseguição ao povo negro, aos quilombolas, aos
indígenas.
Para terminar,
eu sempre gosto de citar uma frase de um dos mestres - não é o Darcy não, que
foi citado pelo Juca, Darcy Ribeiro foi dos mestres - é outro, que é o querido
Eduardo Galeano, grande escritor Uruguaio. Eu acho que citando o Galeano
aqui... Eu acho que dá a dimensão do que eu penso e do que eu pretendo daqui
para frente.
E antes de
citar o Galeano eu quero cumprimentar mais uma vez o Paulo Fiorilo, que
proporcionou essa noite superagradável, esse encontro que era para ter sido
muito tempo atrás, foi adiado por causa da pandemia.
E como é legal
ver companheiros nossos, amigos, tão louvados aqui, eu acho até que falaram bem
demais. Um dos sonhos que eu tenho é um dia ter um programa na televisão,
assim, de madrugada, que eu faria exatamente o contrário, levar alguém
(Inaudível.)
Esse cara não
vale nada, não paga aluguel, já bateu na mãe, sabe? Porque é tanto confete pra
lá e pra cá, todo mundo é legal, todo mundo é sensacional, todo mundo é
(Inaudível.) Foi o que aconteceu, mais ou menos, hoje, e eu fiquei muito
envaidecido, até envaidecido demais, porque os elogios foram à beça.
Mas, para
terminar - e dizendo que nós temos um coquetel ainda, convidando todos para ir
- citando Eduardo Galeano, que era também um amante do futebol, fez o
"Futebol ao sol e à sombra", que fechava...
Colocava uma
placa na porta de casa quando tinha copa do mundo "Fechado para balanço,
estou vendo a Copa do Mundo" não queria receber ninguém ou dar entrevista
e tal. Pobre Uruguai, que está mal das pernas e talvez nem se classifique para
a copa do mundo.
"A utopia
está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe,
jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não
deixe nunca de caminhar" (Palmas.)
Para o meu
amigo Trajano e para o meu grande craque do futebol Edu... O Zico é irmão dele,
ele não é irmão do Zico, o Zico que é irmão dele (Palmas.) Ah, não é do Edu,
sabe de quem é essa (Inaudível.) Olha lá, essa é demais. Do mesmo jeito que ele
foi na minha casa e eu não acreditei que era ele, apareceu no vídeo aí, não
acredito. Eu pensei que era o Edu, é o Lula.
Obrigado, presidente Lula. Está fazendo um
sucesso tremendo, um contraponto ao capitão Corona que está envergonhando o
Brasil lá fora, o presidente Lula está nos dando orgulho (Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE - PAULO LULA FIORILO - PT - Pessoal, essa
homenagem termina aqui. o Trajano já convidou, vai ter um coquetel na saída. E
o Trajano deve passar para receber um abraço de todos os amigos, de quem veio.
Bom, esgotado o
objeto da presente sessão, eu agradeço as autoridades, a minha equipe, aos
funcionários do serviço de som, Taquigrafia, fotografia, ao serviço de atas, ao
Cerimonial, à Secretaria Geral Parlamentar, à imprensa da Casa, à TV Alesp, às
assessorias Policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com as suas
presenças, colaboraram para o pleno êxito desta solenidade.
Está encerrada
essa sessão (Palmas.)
Um grande
aplauso aqui ao nosso homenageado.
*
* *
Encerra-se a
sessão às 21 horas e 28 minutos.
*
* *