3 DE DEZEMBRO DE 2021

16ª SESSÃO SOLENE DE LANÇAMENTO DO LIVRO MEMORIAL DA VERDADE

 

Presidência: PROFESSORA BEBEL

 

RESUMO

 

1 - PROFESSORA BEBEL

Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene com a finalidade de realizar o "Lançamento do livro Memorial da Verdade", por solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Discorre sobre a importância da publicação para esclarecer a verdade sobre a prisão do ex-presidente Lula. Anuncia a exibição de vídeo sobre o livro Memorial da Verdade e de vídeo do ex-presidente do Uruguai, Sr. José Alberto Mujica Cordano (Pepe Mujica).

 

2 - GILBERTO CARVALHO

Ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República e assessor da Fundação Perseu Abramo, fala acerca da importância do livro Memorial da Verdade. Comenta a atual situação do País. Tece elogios aos governos do PT. Defende a inocência do ex-presidente Lula.

 

3 - LUIZ EDUARDO RODRIGUES GREENHALGH

Advogado, reconhece a relevância do trabalho da deputada Professora Bebel. Faz críticas à Operação Lava Jato e ao ex-juiz Sergio Moro. Discorre sobre a defesa jurídica do ex-presidente Lula, da qual participou.

 

4 - CRISTIANA CORDEIRO

Presidente da Associação de Juízes pela Democracia (AJD), critica a conduta de setores do Judiciário nos processos contra o ex-presidente Lula. Parabeniza pelo lançamento do livro Memorial da Verdade.

 

5 - GILMAR GERALDO MAURO

Membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ressalta a importância do livro Memorial da Verdade para resgatar a verdade sobre a prisão do ex-presidente Lula e a história do povo brasileiro. Tece considerações acerca de lutas políticas e sociais no Brasil e das eleições de 2022.

 

6 - BETE SILVÉRIO

Secretária estadual de Mulheres do PT São Paulo, relembra os momentos que antecederam a prisão do ex-presidente Lula e as mobilizações e atividades em seu apoio, após sua detenção. Comenta sobre as eleições de 2022.

 

7 - LUIZ MARINHO

Presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, ressalta a esperança da vitória nas eleições de 2022 de Lula para a presidência, e de Fernando Haddad para o Governo do Estado.

 

8 - VERA EUNICE DE JESUS

Professora, comenta a exposição artística sobre Carolina Maria de Jesus. Apoia a candidatura do ex-presidente Lula no pleito de 2022.

 

9 - PRESIDENTE PROFESSORA BEBEL

Aborda o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Lula. Considera que ambos foram vítimas de golpe. Destaca a expectativa de sua recondução à presidência do país nas eleições de 2022. Frisa a importância da divulgação do livro Memorial da Verdade para desmistificar as versões contra o ex-presidente Lula. Comenta o apoio dado por ele à Educação no país. Manifesta a esperança de sua volta à Presidência da República. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Professora Bebel.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Senhores e senhoras, sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão tem como finalidade o lançamento do livro “Memorial da Verdade”.

Comunicamos que a presente sessão está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp, pelo Canal Alesp e no YouTube. Portanto, nós estamos estadualmente linkados. Então, isso é muito importante.

Imediatamente, eu vou pedir já - antes de abrir - ao nosso trompetista, maestro Vanderlei, que por favor execute o hino nacional brasileiro. E vamos dar início à nossa importante atividade. Por favor.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, boa noite. Vou pedir licença para tirar a minha máscara, visto que estamos com distanciamento entre vocês e eu; e os meus colegas de Mesa estão com máscara.

Então, a gente faz isto um pouco. E agradecer a presença de entidades, organizações e até pessoas que estão presentes no lançamento deste livro, que é um memorial da verdade.

Por quê? Porque aqui está explicitado todo o processo pelo qual o presidente Lula foi acusado, preso e, ao mesmo tempo, não por obra do divino, por óbvio, mas devido às organizações e movimentos, porque fizeram neste país...

Entidades, enfim; o próprio acampamento Lula Livre repercutiu nacional e internacionalmente. E isso contribuiu muito para que... E claro: os advogados todos que fizeram parte do processo de acompanhamento dessa condenação feita contra o presidente Lula. Está aqui um deles, Luiz Eduardo Greenhalgh.

Eu acredito que tudo isso tem uma contribuição. O lançamento deste livro é muito mais do que o lançamento deste livro, é a expressão da verdade propriamente dita. É a expressão de que o mais importante líder que este país tem - não é que ele teve, mas tem - ficou preso injustamente.

E foi preso exatamente porque teve compromisso com a maioria do povo brasileiro, teve compromisso com o pobre, com o negro, com o indígena, com o estudante, com mulheres, com LGBTQIA+; enfim, com toda a população do país, aquela que mais precisava.

Mas teve compromisso também com o crescimento deste país. O presidente Lula saiu deste país com o crescimento do Produto Interno Bruto de 7,5% e com mais de 80% de aprovação.

Não fosse assim, não estaria com a popularidade reposta novamente, para que ele venha a se tornar novamente presidente da República Federativa do Brasil. Esse é nosso intento também.

E é com essas palavras que eu dou as boas-vindas a vocês, cumprimento meu querido - mais que doutor - amigo Luiz Eduardo Greenhalgh, que mora no meu coração, ele sabe disso, tem força da palavra comigo. Minha querida Bete Silvério, por quem eu tenho muito carinho, sabe disso.

Aqui, do meu lado, o Gilberto Carvalho, essa pessoa doce, e esta pessoa incrível, que é o Gilmar Mauro, que por várias vezes, né, Gilmar, durante o processo de acusação do presidente Lula...

Você um dia, em cima do caminhão, me preparou para a prisão dele. (Inaudível.): “Bebel, vamos nos preparar. O Lula vai ser preso mesmo”, e eu não queria aceitar, porque eu achava que ainda... Você sabe, aquela esperança, né?

Aconteceu que, depois, nós tivemos dois momentos muito tristes, que foram em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos - muitos, eu acho que todos vocês, estiveram lá. A minha entidade institucionalmente esteve, porque levou uma assembleia para lá. Exatamente, coincidiu com o dia da assembleia da Apeoesp, Gilberto, e eu levei a assembleia dos professores para lá.

Fui elogiada e criticada, mas valeu a pena, valeu a pena. Por que valeu a pena? Porque, em nome da democracia, não interessa o feito, não interessa; a democracia tem que prevalecer.

Uma entidade de classe tem que ter claro, também, que ela luta pelos direitos corporativos, ela luta pelos direitos mais gerais e, sobretudo, por ser uma entidade, ela luta pela democracia, que é o que nós vamos ter que fazer o tempo todo, diuturnamente.

Então, tranquilamente, sim, levamos a assembleia da Apeoesp para lá, como outros movimentos foram para lá, para dizer para o presidente Lula que ele não estava sozinho, não estava e não está.

Quando ele termina a fala dele dizendo “Eu estou indo, mas há ‘Lulas’, há vários ‘Lulas’ em cada um de vocês”, é verdade. De fato, isso repercutiu nas nossas vidas. Então, foi um momento triste aquele; depois, um momento de alegria, quando nós voltamos para recepcioná-lo na saída da prisão.

Então, agradeço, de novo, a presença de vocês. Antes, porém, eu preciso colocar um vídeo dele, presidente Lula, falando sobre o livro e, depois, o Pepe Mujica. Tem dois vídeos aí que eu acho que eu deveria abrir com eles.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Mas vocês vão levar o livro para casa. Bom, agora, o Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Nós vamos passar o vídeo dele também.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, vou pedir para, por favor, leia algumas entidades. Enquanto isso, é claro, eu já vou passando a palavra para o Gilberto Carvalho, que é assessor da Fundação Perseu Abramo, ele vai ler algumas entidades, e imediatamente você já faz uso da palavra. Então passo a palavra para ele.

 

O SR. GILBERTO CARVALHO - Minha querida deputado e companheira de luta Professora Bebel, queridos companheiros aqui da mesa, meu companheiro conterrâneo e de muitas lutas Gilmar Mauro, nossa Bete Silvério, e o Luiz Eduardo Greenhalgh, que foi um dos grandes e históricos defensores do companheiro Lula, não de hoje, mas desde as Greves do ABC.

Queridas companheiras e companheiros que se fazem presentes aqui neste momento, agradecendo muito a presença de vocês, eu quero dizer, Bebel, o quanto é importante esta iniciativa que você tomou junto com a sua equipe, de promover o lançamento deste livro nesse momento.

Não se trata apenas do lançamento de um livro; se trata de uma grande campanha que nós estamos chamados a fazer para o restabelecimento de uma verdade. E não é qualquer verdade.

Esse livro, eu quero homenagear aqui o Ricardo Amaral, que é o jornalista que a pedido da presidenta Gleisi, do Partido dos Trabalhadores, fez a reunião dos textos e fez a edição dos textos.

Esse livro surge num momento fundamental da história do nosso País, talvez em um dos momentos históricos mais importantes, em que nós, mais uma vez, decidiremos o futuro do nosso povo.

Esse livro surge em um momento em que as mesmas forças que condenaram injustamente o presidente Lula se articulam neste momento para perpetuar o golpe que deram no povo brasileiro - não na Dilma, não no PT, no povo brasileiro - nos pobres deste País, em 2016, buscando a manutenção desse regime de exploração, desse regime de exclusão, que faz vez o que nós estamos vendo aqui ocorrer com o nosso povo em todo o País.

Uma matéria de um jornal de São Paulo nesses dias é, na verdade, essa matéria a que vou me referir, é uma sentença condenatória da sociedade brasileira, e condenatória desse sistema de exploração e desse governo Bolsonaro, e de todos aqueles que os apoiaram e sustentaram, mesmo aqueles que hoje se apresentam quais Madalenas arrependidas.

Essa matéria dizia, de irmão nossos, que desmaiavam de fome na fila a espera de uma consulta médica onde eles buscavam não remédio, eles buscavam na verdade a comida, porque o mal que os abate não é nenhuma doença, e sim a fome. É disso que se trata nesse momento.

Se nós vamos permitir que esses irmãos nossos continuem a sofrer, a viver essa violência cotidiana, diária, da privação, ou se nós vamos dar um grande grito nesse País, e restaurar a esperança e a dignidade do povo brasileiro. É disso que se trata. Não se trata da figura do Lula, de ele ser inocente; se trata é disso: é de nós retomarmos a esperança, retomarmos um caminho de vitória do povo.

Tudo o que aconteceu com o presidente Lula tem uma lógica, e a grande virtude do companheiro Lula nessa vitória que ele obteve foi exatamente ter clareza do que se tratava, desde o primeiro momento, os processos e a condenação que lhe foi imposta.

Não era a figura do cidadão Lula, era um projeto que deveria ser derrotado, extirpado, aprisionado. Por que esse projeto? Porque esse projeto incomodou os poderosos. Por mais que nós tivéssemos feito um governo de muito diálogo, e eu diria até de excessiva conciliação, onde os pobres ganharam muito e os ricos ganharam mais ainda.

Mas mesmo assim, eles não toleraram um operário metalúrgico e uma mulher conduzindo um processo que de alguma forma procurava dentro do processo de luta de classes fazer com que o polo dos trabalhadores se reforçasse, como que diminuísse o abismo, a distância abissal, que existe entre aqueles que têm tudo nesse País e aqueles que não têm nada.

A nossa ação internacional, a reformulação do Mercosul, a construção da Unasul, da Celac, dos Brics, todas siglas que reúnem países que se articulavam contra o imperialismo, e mais a descoberta do Pré-Sal, e a nossa negativa de entregar a eles o Pré-Sal, de entregar a eles a riqueza do petróleo, foi para eles imperdoável.

E os vassalos, os aliados deles aqui dentro do Brasil, perpetraram com o uso diferenciado do golpe de 64, dessa vez com o uso da toga do Poder Judiciário, perpetraram esse crime: primeiro, do golpe, e depois para perpetuar o golpe, para impedir que o Lula voltasse, o aprisionamento do presidente Lula.

Quando o presidente Lula teve a lucidez de anunciar antes que ele poderia ser preso, quando o presidente Lula se negou a qualquer acordo de ir para casa em prisão domiciliar, quando o presidente Lula não abriu mão um minuto, um milímetro, em ceder a qualquer acusação, reafirmando a sua inocência, é porque ele tinha clareza do que se tratava, e que era preciso enfrentar essa batalha.

Eles usaram de tudo, e usaram sobretudo, além das ferramentas da Justiça, corrompida, além da Justiça parcial do Moro e dos juízes que foram de alguma forma dando seguimento àquela decisão, eles usaram fartamente, vocês sabem, os meios de comunicação para incutir, para botar dentro da cabeça das pessoas, que o Lula era corrompido e que o PT era uma fábrica de corrupção.

E nisso, companheiras e companheiros, eles deram seguimento a uma tradição no Brasil: toda vez que um governo popular, toda vez que um governo defende o povo ele é acusado de corrupção, eles buscam formas de fazer com que o povo oprimido, com que o povo que mais sofre exclusão passe a desconfiar, a não confiar nas suas lideranças e a confiar nas notícias falsas que eles divulgam.

E foi assim que, martelando e martelando, aquela Rede Globo, aqueles dutos, aqueles canos que vazavam dinheiro todo dia, tentando fazer acreditar que nós tínhamos corrompido o sistema brasileiro de governo, que nós tínhamos destruído a Petrobras, o nosso povo foi acreditando, porque uma mentira repetida tantas vezes ganha foro de verdade.

Portanto, a importância do presidente Lula em resistir 580 dias naquela prisão tinha essa lucidez, essa clareza. Se ele abaixasse a cabeça, se ele aceitasse qualquer acordo, ele ia colocar em nós, em todo o povo uma dúvida que não poderia existir, a dúvida sobre a sua inocência.

É verdade também que nós temos que reconhecer o papel da defesa técnica. Depois o Luiz Eduardo vai poder falar melhor, com mais propriedade sobre isso, mas o papel do Dr. Cristiano Zanin, da Dra. Valeska, mas também o papel de Luiz Eduardo Greenhalgh, o papel de Wadih Damous, o papel de um grupo de advogados em torno do movimento prerrogativas, do movimento da seção de juristas brasileiros foi construindo um processo importantíssimo nessa defesa, sobretudo o apelo às cortes internacionais e a vergonha que foi caindo sobre o Judiciário brasileiro foram importantes nesse processo, mas também foram importantes, já mencionei, a coragem do Lula e a sua persistência, a defesa técnica, mas também foi muito importante a nossa militância.

Nunca, na história deste País, como diria o presidente Lula, e talvez da história mundial, um prisioneiro teve durante 580 dias uma vigília que o acompanhou. Lula sempre diz isso, com os olhos marejados muitas vezes, o quanto era importante para ele ouvir aquele "bom dia", "boa tarde", "boa noite, presidente", o quanto eram importantes as caravanas. Muitos de vocês devem ter ido a Curitiba fazer essa defesa.

E pelo Brasil afora, lá em Brasília, toda quarta-feira nos concentrávamos, um grupo chamado, foi chamado "Inoxidáveis", porque fazia sol, fazia chuva, estava lá, gritando, na frente do Supremo. Pelo País todo foram se formando ondas de mobilização, que foram fundamentais nesse processo.

Até que um dia, e o próprio destino nos ajudou, porque aparece esse Walter Delgatti Neto, um hacker que ninguém conhecia, que não tinha nada a ver com a gente e que no fim foi um elemento fundamental para desmascarar, quando ele revela e depois publicado nos jornais, toda a parcialidade, toda a sem-vergonhice, toda a desfaçatez.

Ele consegue demonstrar os diálogos transcritos, põe em evidência, de modo que juntando a teimosia do presidente Lula, a nossa militância, a qualidade da defesa técnica e esse aspecto, desse dado que aparece, tornou-se inevitável que o presidente Lula fosse declarado inocente e o Moro fosse declarado parcial.

Esse livro, de maneira bastante didática, bastante, eu chamo atenção sobretudo para que vocês leiam com carinho o capítulo que fala da questão do "Petrolão", ele desmonta nesse livro a tese de que a Petrobras foi quebrada por nós, ele demonstra que quem quebrou a Petrobras foi o golpe, foi a venda das suas subsidiárias, foi essa política alinhada, do preço do combustível alinhado aos preços internacionais, que está matando, na verdade, o povo brasileiro. Demonstra que a Petrobras não sofreu prejuízo nenhum.

Eu recomendo, particularmente, que vocês levem esse livro e façam desse livro um argumento fundamental para conversa de boteco, para conversa nas igrejas, para conversa nos "zaps" dos grupos familiares, naquele almoço de domingo. É importante, porque o que está em jogo, companheiros, quero insistir, não é tanto o destino do presidente Lula não. Moro volta como candidato agora, de cara lavada, para representar essa terceira via, ao que tudo indica, e esse é o risco que de novo se coloca.

Então a nossa missão em mostrar essa verdade que está nesse livro é fundamental para que a gente possa, de fato, impedir que, mais uma vez, o povo brasileiro seja enganado pela elite, porque Moro é apenas um Bolsonaro um pouquinho mais educado, um pouquinho mais com cara lavada, com bons jeitos, mas é a mesma natureza perversa desse capitalismo que explora, que destrói o direito dos trabalhadores.

Vocês sabem o que aconteceu depois do golpe, eles foram cuidadosamente, cruelmente desmontando um por um os programas sociais que formavam uma rede de proteção ao povo brasileiro.

E eu quero concluir dizendo uma palavra que eu considero muito importante. O Lula possivelmente será candidato, mas não basta ele, nós temos que nos erguer e fazer um grande movimento nacional, um levante nacional a partir do povo, a partir dos comitês populares, para enfrentarmos uma guerra, assim como eles fizeram a guerra do golpe militar e depois fizeram a guerra da guerra jurídica, eles vão agora fazer uma guerra eleitoral.

Não se enganem com pesquisas, não se iludam, a batalha será duríssima e ela só será vencida se nós nos organizarmos, fizermos uma grande rede nacional de comitês populares de defesa da democracia, de defesa dos pobres e defesa dos direitos daqueles que são excluídos.

E se um dia, se Deus quiser, a gente voltar a governar este País teremos que ter sim esses comitês a defender o nosso governo para que nunca mais um golpe sujo como esse, usando que instrumentos sejam, interrompa de novo a sequência de um projeto popular, porque a luta de classes do Brasil não só não acabou, mas cada vez mais ela está perversa.

E se eles têm a qualidade do poder, se eles têm o poder econômico, o poder da mídia, o poder militar, nós temos a quantidade do povo, que precisa dar um salto de qualidade em sua consciência e defender o nosso projeto. Esse é o recado que nós temos que ter muita clareza de enfrentar neste momento.

Então, Bebel, mais uma vez meus cumprimentos, meu reconhecimento por esse ato, que eu espero e que nós estamos tentando multiplicar no Brasil todo e que vai ser, se Deus quiser, fonte de um novo momento que veremos em nosso País.

Muito obrigado. Obrigado a todos vocês. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Eu que agradeço, Gilberto. Eu acho que é isso, é provocar uma grande mobilização no sentido de desmistificar e, mais do que isso, construir resistência para que a gente consiga mudar os rumos deste País, porque está difícil para a população mais pobre, carente, da periferia.

Nós que estamos visitando, está aqui Gigi, tantas outras lideranças populares sabem perfeitamente que a vida está muito difícil com esse governo aí, que não tem nenhum compromisso com a população brasileira.

Eu vou chamar a Vera Eunice de Jesus. Ela é filha da escritora Maria Carolina de Jesus. Todo mundo conhece a história. (Palmas.) Vou chamar para cá. Por favor. E passo a palavra para o Dr. Luiz Greenhalgh, agora com olhar de quem ia toda semana lá para Curitiba. Segunda e terça era sagrado.

Meu querido, é um prazer ter você aqui.

 

O SR. LUIZ EDUARDO RODRIGUES GREENHALGH - Quero cumprimentar a iniciativa da bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, materializada na liderança da nossa companheira Maria Izabel Noronha, a Professora Bebel; quero cumprimentar a Professora Bebel, de público, pela excelência da sua atuação aqui nesta Casa, pela excelência da sua (Inaudível.) neste mandato.

E dizer que não fora esse desempenho, talvez eu nem pudesse estar aqui por causa da minha situação de saúde. Mas eu vim em sua homenagem, em reconhecimento do seu trabalho aqui.

Quero dizer que tenho muito orgulho também de estar ao lado da Beth, no acampamento Lula Livre; do meu companheiro, irmão de muitos anos, Gilberto Carvalho; do meu companheiro, irmão de muitos anos e de muitas lutas no Movimento Sem Terra, Gilmar Mauro.

Vejo no plenário, é muito difícil, hoje, a gente reconhecer as pessoas no plenário por causa dessas máscaras, mas vejo no plenário algumas pessoas, que acho que são importantes a gente mencionar, que têm uma trajetória.

Vejo aqui na minha frente, Bebel, o Paulo Pedrini, companheiro da pastoral, companheiro biógrafo do Dom Paulo Evaristo Arns (Palmas.). Vejo ali atrás o deputado Antonio Mentor, irmão (Palmas.) de um grande companheiro nosso, deputado José Mentor, falecido recentemente.

Vejo também aqui o Rildo, do Movimento Nacional de Direitos Humanos (Palmas.), secretário de Direitos Humanos, e vejo meu companheiro Gegê, que você já falou, Gilberto, e a Bebel também, meu companheiro de tantas e tantas lutas.

Eu tenho obrigação de falar determinadas coisas. Eu vou pedir para vocês a licença poética de me deixar falar dessas coisas. Nesse processo da Lava Jato, nesse caminhar do presidente Lula até Curitiba não foi um, não foram dois, foram muitos advogados e muitas pessoas que atuaram na sua defesa.

A defesa técnica foi dirigida brilhantemente pelos companheiros e colegas Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, mas eu tenho a obrigação de mencionar José Roberto Batok, tenho a obrigação de mencionar Manoel Caetano e Luiz Carlos Rocha (Palmas.); o companheiro Wadih Damous, o companheiro Emidio de Souza, o companheiro Fernando Haddad, advogado; a companheira Gleise Hoffmann, advogada.

Éramos todos nós que assistíamos, durante os 580 dias, o presidente Lula, na condição de advogado. E dentre todos nós, a pessoa que mais faz falta não pôde vir à soltura do nosso companheiro Lula, companheiro Luiz Carlos Sigmaringa Seixas (Palmas.), que foi a pessoa que Lula escolheu para ir junto com ele no avião para Curitiba. Depois ficou doente e veio a falecer, não viu Lula ser solto. Na figura dele, eu cumprimento os advogados que estiveram nessa empreitada.

O Grupo Prerrogativas teve um trabalho excelente. Quero aqui lembrar nesse grupo na pessoa do companheiro Marco Aurélio Carvalho (Palmas.). Associação Brasileira de Juízes pela Democracia, a companheira Tânia e a companheira Carol Proner, e o companheiro Aldo Arantes, ex-deputado federal pelo PCdoB.

Quero dizer também que o Lula foi muito bem assistido por um rapaz, por um menino, que nessa luta e nessa militância tornou-se um dirigente político, nosso companheiro Marco Aurélio Marcola, que é a sombra, hoje, do nosso companheiro Lula, faz a sua agenda. (Palmas.) Aprendeu a avançar na luta lutando.

Quero agradecer também, lembrar o Ricardo Amaral, nosso companheiro jornalista, que deu a redação final do livro que vocês têm em mãos.

Eu agora vou falar um pouco, não sobre o livro. Vou falar algumas coisas que a idade me dá liberdade de falar, o Dieese. O Dieese fez um trabalho de fôlego, mostrando que a Lava Jato produziu muitos prejuízos ao Brasil.

Aquilo que a Lava Jato e a força tarefa diziam que recuperou para a Petrobras 4,4 milhões, bilhões fez com que é nada em relação aos 172 bilhões que a Petrobras perdeu de investimento nesse período da Lava Jato. O Dieese apontou que durante o período da Lava Jato 4,4 milhões de empregos foram fechados por causa da Lava Jato.

O Tesouro Nacional deixou de recolher 4,3 bilhões e 47,4 milhões de impostos, a União Federal deixou de recolher. Então a Lava Jato produziu um prejuízo inestimável ao povo brasileiro.

Um pouco da situação de pobreza e miséria que nós vemos hoje no Brasil se deve a esse tipo de engrandecimento de justiceiros da moral alheia; não a sua própria, mas da moral alheia.

Endeusados pela mídia, o que eu quero dizer em alto e bom som, a mídia preparou, ajudou, incentivou, meteu na cabeça do povo brasileiro que eles eram justiceiros da moralidade e o PT não prestava, e a Dilma não prestava e o Lula não prestava.

Nós temos, companheiros e companheiras, na organização Globo, nove veículos de comunicação da família Marinho. No Grupo Bandeirantes, cinco veículos de comunicação da família Saad.

Das igrejas neopentecostais do Bispo Edir Macedo, tem cinco veículos de comunicação. Do Grupo Folha, tem três veículos de comunicação da família Frias, do grupo do “Estadão”, um veículo da família Mesquita.

A editora Abril, na época, na revista “Veja”, tinha um milhão e meio de leitores da família Cívita. A cada mês, uma capa negativa era dirigida ao presidente Lula. De quatro revistas “Veja”, no mês, uma tinha o rosto do presidente Lula estampado com uma notícia negativa, com o PT estampado com uma notícia negativa.

Fotografias adulteradas, fazendo com que a imagem do presidente Lula fosse distorcida. Desenhos alternados com o escorrimento de gotas de sangue. Mãos aparecendo sujas de dinheiro. Tudo isso se fez uma vez por mês na capa de uma revista de um milhão e meio de leitores contra o presidente Lula.

Há uma entidade reconhecida, registrada no CNPq. Chama-se “manchetômetro”. É uma entidade formada por pessoas que analisam as manchetes dos jornais. Nós pedimos que fizesse a análise das manchetes do “Estado”, da “Folha” e da “Globo”. De 2016 para cá, em março de 2016, 33 manchetes contra o Lula e contra o PT de 44 exemplares.

De maio a setembro de 2017, 20 manchetes negativas. Favoráveis a Lula: nenhuma. De 2015 a 2018, dos 30 editoriais analisados, havia, nesses três jornais, um a cada três dias publicava um editorial contra o Lula e contra o PT. Eram 30 editoriais desfavoráveis por mês. Nos momentos de pico, dos processos da Lava-Jato, a média subia para duas manchetes e dois editoriais por dia.

De 2015 a 2018, de 2.173 editoriais, só 28 foram favoráveis ao Lula e ao PT. No segundo governo da Dilma, no primeiro mês do segundo governo da Dilma, foram 50 matérias negativas. Mas nada se compara ao que fez contra o PT e contra o Lula o Jornal Nacional.

O Jornal Nacional tem 50 milhões de expectadores por dia, 25% da população brasileira assiste o Jornal Nacional todos os dias. E nesse período em que foi avaliado, o Jornal Nacional somou 163.529 segundos de notícias negativas contra o Lula.

Se você dividir isso por 60, você vai ter 45 horas seguidas de notícias negativas contra o Lula nesse período. É como se você passasse dois dias inteiros assistindo a televisão só falando mal do Lula.

E notícias positivas, o Jornal Nacional deu? Deu. Quantos segundos? Três mil, trezentos e setenta e quatro segundos. Quanto que isso dá em horas? Menos que uma hora. Quarenta e cinco dias de notícias contra o PT e contra o Lula, tentando colocar na testa dele a pecha de corrupto. Quarenta e cinco horas e uma hora favorável.

Quanto aumentava na Lava-Jato, nós fizemos um estudo em que houve picos da Lava-Jato. Quando o Lula foi levado pela condução coercitiva, metade do tempo do Jornal Nacional foi dedicado a esse assunto.

Quando ele foi interrogado pelo Sergio Moro, dois terços do Jornal Nacional foi levado por esse assunto. E no dia da prisão, em que ele foi preso, foram três quartos do Jornal Nacional contra o Lula.

Nessa sequência, davam sete dias sem parar nas principais audiências só de matéria negativa. É como se o telespectador passasse uma semana inteira assistindo só notícias negativas contra o presidente Lula. Muito bem. E a defesa? E essa avalanche? E essa situação? Nosso companheiro Lula enfrentou.

Eu fui um dos que disse que ele precisava se exilar, que o melhor para ele era se exilar. E ele disse: “Eu não vou sair daqui. Essa terra é mais minha do que deles. Eu vou enfrentar”. (Palmas.) E quando ele foi preso, eu não era o advogado. Eu fui advogado dele mocinho, quando ainda tinha cabelos, bonito - bonito eu sou até hoje, mas naquela época era mais bonito.

Fui advogado da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, na Lei de Segurança Nacional, em função das greves. Depois fui advogado dele na Lei de Segurança Nacional em um processo em que ele respondeu na auditoria de Manaus, junto com Chico Mendes, Jacó Bittar, José Francisco e João Maia, da Contag.

Nesse caso da Lava-Jato, eu não era o advogado, eu já estava me aposentando, eu já não era mais deputado, eu estava fechando o meu escritório de advocacia. Tive a honra de, no dia seguinte a ele ser preso, receber um bilhete pelas mãos da Gleisi, em que ele dizia: “Estou designando procuração ao meu companheiro Luiz Eduardo Rodrigues Greenhalgh para integrar a defesa”. (Palmas.) E eu fui de novo.

Meus amigos, não vou me esquecer disso. Nunca tinha ido a Curitiba na Polícia Federal. Cheguei na Polícia Federal, entrei naquele prédio, entreguei a minha carteira de advogado e olhei para o lado, na parede. E tinha uma placa escrita: “Esse prédio foi inaugurado pelo Excelentíssimo senhor presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Ministro da Justiça: Márcio Thomaz Bastos. Superintendente da Polícia Federal: Paulo Lacerda”.

Eu já achei uma situação inusitada: visitar o preso na cadeia que ele inaugurou. Aí desceu um rapaz lá de cima, eu fui autorizado a entrar, o rapaz me pediu para que eu o acompanhasse.

Subi ao terceiro andar. Do terceiro andar, um lance de escada. Cheguei em um corredorzinho, tinham dois agentes da Polícia Federal sentados em um sofá assistindo a uma televisãozinha e a pessoa foi lá e bateu na porta do Lula.

“Presidente, visita para o senhor”. E ele lá de dentro: “Quem é?”. Aí o cara olhou para mim, eu falei: “Greenhalgh”. “Greenhalgh”. “Manda entrar”. E ele então abriu a porta e falou: “Por favor, passa”. Segundo, uma coisa inusitada. Nunca vi um carcereiro chamar um preso de presidente. (Palmas.) E foi uma emoção, Gilberto, Bebel. Uma salinha, uma cama, uma mesinha, um armarinho mequetrefe.

Eu, quando vi o Lula, fiquei emocionado, ele também. Eu abracei ele e ele falou para mim: “Greenhalgh, senta aí. Vamos tomar um café”. Tinha uma garrafa térmica. Eu então falei: “Lula, você me colocou na defesa. O que você quer que eu faça?”. Daquele jeito maroto dele: “o que você pode fazer por mim?”.

Eu não estava preparado para essa resposta. Eu fiquei pensando um pouco. Sinceramente. Eu pensei um pouco, tomei um café e falei “Lula, eu acho que eu posso tomar conta dos seus filhos.” (Palmas.) “Eu conheço todos eles, alguns deles me chamam de tio, e eu posso te ajudar nisso, porque aí eu te deixo mais em paz e mais em liberdade para você tratar dos seus processos.”

Olhar marejado, olhou para mim e falou: “não, Greenhalgh, te agradeço. Os meus filhos eu entreguei para o Paulo Okamotto, mas eu vou falar para o Paulo Okamotto que se ele precisar contar com a sua presença, tudo bem. O que eu quero é que você leia os meus processos, mas leia do ponto de vista político, porque eu estou de saco cheio do juridiquês que eu venho assistindo.”

Foi assim mesmo. Eu falei: “está bem”. Ele falou: “eu vou pedir para o Cristiano te dar uma xerox, e você dá uma lida.” Eu li, depois fiz um relatório para ele, e fiquei com ele.

Tinha dias que eu chegava lá, e a gente depois arrumou uma esteira para ele, para ele ficar fazendo ginástica... Ele leu. Aproveitou a prisão. Leu muito o Lula. Leu questões importantes.

Ele leu sobre a fome no mundo, como poucas pessoas eu vi ter o número de livros que ele leu. Ele leu sobre petróleo, como poucas pessoas eu vi ter conhecimento de petróleo.

Leu sobre os movimentos sociais brasileiros. Você chegava lá, de vez em quando, e ele falava da Cabanagem, Revolução Praieira, e você ficava meio assim. Ele falava: “não, tem que ler.” Ele começou a dizer para mim o que eu tinha que ler. (Palmas.)

Às vezes, Gilberto, eu chegava lá e ele estava inconformado. Ele falava: “Greenhalgh, tem dia que eu levanto aqui, acordo aqui, olho aqui, e eu fico falando - o que é que eu estou fazendo aqui?

Por que é que eu estou aqui? - e aquilo me dá uma revolta. E aí eu vou me acalmando. Por quê? Porque eu escuto lá de fora o povo da vigília dizer para mim: ‘bom dia, presidente’.

Na hora do almoço: ‘boa tarde, presidente”. Na hora de deitar: ‘boa noite, presidente’. Então toda vez que eles gritam isso, e me cumprimentam lá fora, eu entendo porque eu estou aqui. Eu estou aqui por causa deles, e eu vou sair daqui, e a primeira coisa que eu vou fazer é atravessar e dar um abraço aos integrantes da vigília.”

E foi o que ele fez. E foi o que ele fez. (Palmas.) Eu conheci o Lula nas greves do ABC, como dirigente sindical. Eu conheci o Lula na Lava-Jato, um estadista, e eu digo a vocês o que eu disse a ele, quando ele saiu: “Lula, eu vou dar tudo que eu tenho de energia para poder ver você subir de novo aquela rampa.” (Palmas.)

Quero falar dos processos. Vou falar do livro agora. Sete são as circunstâncias que eu reputo de maior importância na trajetória das agruras jurídicas que o presidente Lula sofreu. E são sete ligadas à suspensão deste Moro. A primeira, a condução coercitiva.

A condução coercitiva do Lula foi uma ilegalidade do Sergio Moro, porque o código estabelece que você só tem a possibilidade de condução coercitiva quando na terceira vez a pessoa intimada se recusa a comparecer, e ele não tinha preventivação, e o Moro mandou fazer a condução coercitiva.

A negativa de ampla defesa, segundo motivo. A quebra dos sigilos telefônicos. Aquilo que o Gilberto falou é muito... O Sergio Moro, para mim, é um cidadão sonso. Ele é um mau juiz, ele é um juiz perseguidor, ele é um juiz que não tem o equilíbrio para julgar nenhum de nós. Ele é um juiz cujas atitudes são de suspeição, e ele faz as coisas de cabeça pensada.

Ele quebrou o sigilo telefônico do Lula. Ele quebrou o sigilo telefônico dos familiares e dos filhos do Lula. Ele quebrou o sigilo telefônico do escritório de advocacia da defesa do Lula.

Durante um mês, a força-tarefa, o Deltan Dallagnol e o Sergio Moro acompanharam, ao vivo, “em on” todos os telefonemas dos ramais do escritório do Cristiano Zanin. Todas as estratégias de defesa nossas eles sabiam na hora, e eles vacinavam no dia seguinte.

Teve muitas coisas que a gente pensou em fazer, e eles já tinham respondido, porque eles estavam escutando o que a defesa estava fazendo. Que moral tem um homem desse para julgar qualquer um de nós?

Divulgação de conversas obtidas com familiares. Em 16.03.2016, a Dilma, a presidente Dilma tinha convidado o Lula para assumir o Ministério da Casa Civil. O Moro grampeou este telefonema, de uma presidenta, com o antigo presidente.

A presidenta tem foro, prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal, e ele não respeitou isso, e ele divulgou, pela 13ª Vara de Curitiba, esse diálogo, ausentando-se de respeitar o Supremo Tribunal Federal e a Constituição.

Mais ainda, tinha cessado o tempo do grampo telefônico. Esse diálogo aconteceu já na ilegalidade do tempo, e ele, Sergio Moro, divulgou o diálogo, confrontando o Supremo, e confrontando o limite.

Violou competência do Supremo, divulgou diálogos após a cessação das interceptações... Em 2018, um desembargador do Tribunal Regional Federal de Curitiba, Rogério Favreto, mandou soltar o Lula com um habeas corpus. O Sérgio Moro, o impoluto Sérgio Moro, o justiceiro da moral alheia estava fora de Curitiba, estava em Portugal de férias.

Informado pelo superintendente da Polícia Federal, Mauricio Valeixo - que depois ele levou para ser diretor geral da Polícia Federal, quando aceitou o cargo de Ministro da Justiça do Bolsonaro - ele, de Portugal, sem ter jurisdição no caso, mandou desobedecer a ordem de soltura do Lula.

Um juiz de primeira instância, fora do caso, em Portugal, telefona e manda o Tribunal, o policial desautorizar uma ordem do Tribunal, para não cumprir uma ordem do (Inaudível.)

Na questão do triplex, a sentença do triplex como não tinha prova - sentença condenatória do Lula - como não tinha prova ele teceu considerações subjetivas sobre o que se argumentava na defesa "a defesa errou aqui", "a defesa não fez isso", ele criticou a defesa, ele não fundamentou a condenação, e por isso ele não acolheu a suspensão, que depois o Supremo Tribunal Federal ia conceder. 

Em 1 de outubro, de 2018, véspera da eleição... Companheiros e companheiras, eu tenho isso aqui, e eu vou contar, - mais um minuto só, Bebel, por favor - isso aqui é importante.

Quando o Lula foi preso as pesquisas de opinião pública estavam da seguinte forma: Lula 39% - é bom que a gente lembre isso - Lula 39%; Jair Bolsonaro 19%; Marina Silva 8%; Alckmin 6%; Ciro Gomes 5%; Álvaro Dias 3%; João Amoedo 2%; Henrique Meireles 1%; Guilherme Boulos 1%; Cabo Daciolo, do Patriota 1%; Vera, do PSTU 1%; João Goulart Filho, do PPL nada e o Eymael da Democracia Cristã nada e 14% de indecisos. 

Lula tinha, no dia que foi preso, mais que a soma de Jair Bolsonaro, Marina, Alckmin e o Ciro nas pesquisas de opinião. Precisava interditar, precisava não cumprir a ordem de soltura, precisava fazer com que ele não pudesse ser candidato, e isso Sérgio Moro fez, isso a força tarefa cumpriu.

E depois, o que aconteceu? Sérgio Moro ajudou com a interdição que fez ao Lula na eleição de Jair Bolsonaro, e tanto ajudou que foi o primeiro ministro a ser escolhido pelo "Bozo", Ministro da Justiça.

Na véspera da eleição nós pusemos o Haddad e o Haddad estava subindo, na véspera da eleição, em 1 de outubro de 2018, o que fez o impoluto juiz Sérgio Moro? Havia uma delação, uma colaboração, um depoimento de colaboração premiada de Antonio Palocci sem que o Ministério Público pedisse, sem que a força tarefa o pedisse pegou trechos dessa delação e migrou do processo do Palocci para o processo do Lula e mandou juntar, ele, Sérgio Moro.

E pegou isso e divulgou na imprensa as vésperas da eleição. Com esse argumento, com esse gesto, com essa atitude, com esse comportamento ele ajudou mais uma vez o Jair Bolsonaro, tá certo? E depois aceitou o cargo (Inaudível.) de ministro.

Então, eu queria dizer o seguinte: condução coercitiva ilegal, negativa de ampla e defesa ilegal, divulgação de conversas ilegais, grampeamento de telefones ilegal, quebra de imparcialidade na sentença do triplex em função da não aceitação da suspensão. E aí, o que aconteceu, você pode enganar parte do povo todo o tempo, você pode enganar todo o povo parte do tempo, mas você não engana o povo todo o tempo inteiro.

Aí vem um rapaz, hacker, e descobre os diálogos da força tarefa com ele, e se publica na Intercept daquele jornalista Greenwald, e agora a gente está sabendo o que aconteceu. 

E diante das revelações o Supremo Tribunal Federal anulou todos os processos do presidente Lula, e eu digo pra vocês, o que saiu na imprensa, que bastou para anular todos os processos do presidente Lula é um centésimo do que tem de conteúdo e de denúncias dessa "Operação Spoofing".

Eu não... Olha, o que eu estou falando na Assembleia, sendo transmitido para o Brasil inteiro - não sei o alcance dessa televisão - mas eu vou lhes dizer, o tempo vai passar e essa "Operação Spoofing" vai dizer o que é que teve os Estados Unidos a ver com o golpe da Dilma e a prisão do Lula, o que teve a CIA, o FBI, o Departamento de Justiça Americano.

Vai dizer quais foram as relações da força tarefa com o imperialismo americano, o que o Moro fez nos Estados Unidos, vai dizer o que foi a luta que eles fizeram para destruir a Petrobras.

Às vezes eu me pergunto "o que aconteceu com o Lula?"  "qual foi o erro que o Lula cometeu?" "Por que a Petrobras?" A Lava Jato é um posto de gasolina em Brasília, o caso foi parar em Curitiba; Lula mora em São Bernardo e foi preso em Curitiba, o triplex é no Guarujá e foi processado em Curitiba, o sítio em Atibaia foi processado em Curitiba.

Ele adquiriu competência nacional para fazer essa situação, isso não é de graça, isso é por causa do petróleo, isso é por causa da Petrobras, isso é por causa do pré-sal.

Um dia o Lula falou "Mas porque você acha que aconteceu?" "Que erro a gente fez?" e eu falei que a gente fez um erro, você fez um erro, você falou demais no pré-sal, você disse que o pré-sal seria a garantia do futuro da nossa nação (Palmas.) Os americanos olharam e falaram "vamos fazer essa história aqui".

Companheiros e companheiras, peguem esse livro, leiam. Tem muita gente, ainda, que a cabeça está sendo feita pela mídia, está sendo feita pelos adversários. Não, a gente quer que vocês tenham amplo conhecimento do que aconteceu, argumento para discutir desde o bar, até a universidade a inocência de um inocente.

Muito obrigada (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, meu querido amigo Luiz Eduardo, Dr. Luiz Eduardo Greenhalg. Eu acho que a gente se emociona, porque você viveu esses momentos lá em Curitiba, perto, mas a gente viveu aqui fora, e foi muito difícil.

  Eu fui candidata em 2018. Falar do presidente Lula era quase que uma sentença para a gente, e eu não tirei... Aliás, até pouco tempo estava sendo processada porque tinha o rostinho do Lula na minha cédula e o nominho dele ainda.

Não abri mão, não abri mão disso, porque o Lula, enfim, tinha todas as condições. As pesquisas apontavam que ele seria, estaria presidente do Brasil neste momento, e com certeza a nossa situação seria outra.

  Então foi muito gratificante ouvi-lo. Eu acho que muitos aqui se emocionaram como eu, mas eu sou fácil de me emocionar, me emocionei com as suas palavras e a vivência nesse período lá em Curitiba. 

Nós temos uma doutora, a juíza Cristiana Cordeiro, que é presidente da Associação Juízes para a Democracia. O combinado é que ela fale cinco minutos, porque é via Zoom, fica muito difícil muito tempo.

  Então eu pediria e peço para que, enquanto isso, você anuncie as entidades que estão aqui entre nós, todas elas, que tiveram fundamental antes, durante e após a prisão do presidente Lula, e nós temos um papel fundamental nessa conjuntura também. Por favor, Levi, e peço já para ir colocando a juíza.

    

O SR. LEVI - Estão presentes aqui - e o mandato popular da deputada Professora Bebel agradece - Nani Cruz, do Ceprocig. (Palmas.) Adalberto Brito, presidente da Associação de Moradores do Parque de Piracicaba. (Palmas.) Gegê, do Movimento de Moradia do Centro. (Palmas.)

Raimundo Bonfim, da Central dos Movimentos Populares. (Palmas.) Natalina Lourenço, do Feder - Fórum de Educação e Diversidade Étnico-Racial do Estado de São Paulo. (Palmas.) Adalberto Vieira, representando o mandato do deputado federal Alencar Santana. (Palmas.)

Manoel Santos, presidente do PT de Cerquilho. (Palmas.) Eduardo Sallum, vereador do PT de Tatuí. (Palmas.) Nilcea Fleury, presidenta da Fete - Federação dos Trabalhadores em Educação do estado. (Palmas.) João da Cruz, presidente do Centro de Defesa e Cidadania de Itapevi. (Palmas.) Ocupação Gaivotas, ocupaçãoToca e ocupação Itapecerica da Serra. (Palmas.) Comunidade São Francisco - Unidos Venceremos. (Palmas.) Comunidade Cocaia. (Palmas.)

Hector, presidente da Upes - União Paulista dos Estudantes Secundaristas. (Palmas.)  Cleide e Geraldo, da Unas - União de Núcleos e Associações de Moradores. (Palmas.) Juliana, vice-regional da UEE - União Estadual dos Estudantes do Estado de São Paulo. (Palmas.) Paulo Pedrini, biógrafo de Dom Paulo Evaristo Arns. (Palmas.) Deputado Antonio Mentor. (Palmas.) Fláudio Azevedo, da Apeoesp. (Palmas.) E todos os demais que aqui se encontram.

Muito obrigado. (Palmas.)

    

    A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Agradeço. Agora com a palavra a doutora juíza Cristiana Cordeiro. Boa noite, doutora.

 

A SRA. CRISTIANA CORDEIRO - Boa noite. Eu vou ser bem breve, porque o que a gente ouviu aqui à noite, até o momento, foi um Judiciário que a gente tem desgosto de saber que existe e o papel que desempenhou. Eu represento a Associação Juízes para a Democracia.

A associação tem 30 anos de existência, nasceu no estado de São Paulo. Eu estou presidenta dessa associação no biênio 2021-2023 e aceitei esse convite porque AJD sempre se manifestou contrariamente a esse processo de “lawfare” que vitimou não só o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas toda a população brasileira.

Em junho, mais precisamente no dia 8 de junho de 2019, a Associação Juízes para a Democracia esteve em Curitiba e fez uma entrega simbólica de uma carta aberta sobre a prisão política de Lula.

Eu vou tomar a liberdade - sendo muito breve, repito - de ler alguns trechos dessa carta, que demonstram o quanto... Espero que isso seja tranquilizador para quem nos escuta aqui, para as pessoas que estão no plenário, para os movimentos sociais, para todos e todas que estão sofrendo neste momento de vilipêndio do Brasil. Que sirva de um ponto de esperança de que, como se diz, existem juízes em Berlim.

Greenhalgh mencionou aqui a decisão do juiz Rogério Favreto, uma decisão comentada. Rogério é associado à AJD e foi apoiado pela associação na época em que foi duramente criticado. (Palmas.) Então eu passo a fazer a leitura de alguns trechos desta carta.

Por que juízes? Talvez algumas pessoas estranhem o fato de haver uma juíza participando desse momento. É claro que existe uma disposição da Constituição que veda que juízes tenham atividade político-partidária.

Lamentavelmente, nem todos os juízes atentam para essa vedação. Não é à toa que nós temos hoje, no cenário de disputa presidencial, possivelmente um ex-juiz. Ex-juiz e juiz não é para ter esse tipo de protagonismo nem para exercer esse tipo de papel.

“Não é possível que juízes e juízas aceitem uma democracia em que não haja imparcialidade, independência, compromisso com a preservação e a efetividade das leis e princípios jurídicos, tanto dos direitos fundamentais quanto dos direitos humanos”.

Foi nesse espírito que a Associação Juízes para a Democracia esteve em Curitiba e entregou a carta aberta em que manifestava sua irresignação com as violações que vinham sendo praticadas nos processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nessa carta existe a denúncia ao uso abusivo, inconstitucional, ilegal do processo penal para interferir no cenário político, o que acabou a trazendo para nós desde a aprovação do impeachment da presidenta Dilma, que foi um impeachment sem crime de responsabilidade, que trouxe para o Brasil essa crise institucional que continua até os dias de hoje, maltratando a nossa democracia.

  Eu não vou tocar novamente nas diversas violações que foram praticadas durante o processo os processos da operação Lava Jato. Eu só vou falar que a Associação Juízes para a Democracia não podia se negar, negar a sua trajetória histórica e abandonar os seus compromissos democráticos.

A luta incondicional pela democracia é o que justifica a existência de uma associação de juízes para a democracia, não existe redundância nisso. É preciso que haja uma associação de juízes para a democracia, porque há juízes que não são para a democracia, como nós ouvimos aqui ao longo desta noite.

Eu concluo a minha fala com uma mensagem do Papa Francisco aos juízes. O papa disse: “Queridos magistrados, vocês têm um papel essencial. Deixem-me dizer que são também poetas, são poetas sociais quando não têm medo de serem protagonistas na transformação do sistema judicial baseada na coragem, na justiça e na primazia da dignidade da pessoa humana sobre qualquer outro tipo de interesse ou justificativa, acreditando na justiça, acreditando no Judiciário, acreditando que a verdade prevalece”.

A Associação Juízes para a Democracia parabeniza o lançamento do livro “Memorial da Verdade”.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, juíza Dra. Cristiana Cordeiro. Foi uma satisfação tê-la neste evento. Eu vou imediatamente passar a palavra para o Gilmar Mauro.

Depois nós vamos ouvir o Luiz Marinho, que é presidente estadual do Partido dos Trabalhadores. Depois, eu vou passar para a Beth. Estou deixando as mulheres por último, não é, Beth? Não tem problema, nós somos pacientes. Por favor, Gilmar.

 

O SR. GILMAR GERALDO MAURO - A querida deputada Bebel não é deputada só com a bandeira da Educação. Muito pelo contrário, assumiu neste mandato muitas bandeiras diversas e, em particular, da reforma agrária, que nos orgulhamos muito. Inclusive estivemos nesta Casa na terça-feira numa disputa aqui em que a Bebel está nos ajudando enormemente.

E a cumprimento pela iniciativa de lançar este livro aqui hoje. Quero cumprimentar também meu conterrâneo paranaense Gilberto Carvalho, de muitos anos juntos; Beth, por tantas batalhas, tantas lutas; a Dra. Cristiana - não sei se se encontra ainda em tela; Vera, um prazer estar contigo aqui; Dr. Luiz Eduardo Greenhalgh, que já me tirou da cadeia também em Porto Feliz tempinhos atrás.

O Memorial da Verdade lançado, na verdade, eu acho que todos nós sabíamos da mentira desde o começo, né? Para nós não tinha nenhuma novidade aquilo que estava se fazendo com o presidente Lula.

Entretanto, é sempre importante resgatar a verdade. O Gramsci instituiu uma frase que diz: “A verdade é revolucionária”. E resgatar a verdade em relação à prisão do companheiro Lula é fundamental, porque é resgatar a nossa história e a história do povo brasileiro.

É a história de um povo de 400 anos de escravidão e 500 anos no latifúndio. É a história da barbarização; é a história das mortes; é a história de muita gente - inclusive agora -, mais de 600 mil, que perderam a vida e poderia ter sido muito menos. É a história de um povo que padece de fome, desemprego e de miséria, mas é a história de resistência também.

É a história de luta; é a história da Cabanagem sim; é a história das greves; é a história da greve dos professores, Bebel; a história dos sem-terra, dos sem-teto. É a história da esquerda brasileira, do Partido dos Trabalhadores; é a história do nosso povo. A verdade… É importante resgatar essa história, e fruto dessa história e da luta é que o presidente Lula foi para a cadeia.

Na verdade, nós sofremos vários golpes e temos que reconhecer as nossas derrotas. Muitos de nós não achávamos que a Dilma iria cair, que não tinha condições para o golpe; caiu.

Muitos achavam que não daria tempo de incriminar o Lula e colocá-lo na cadeia antes das eleições; eles arrumaram um tempo. Muitos achavam que não passaria a reforma da Previdência; passou.

Muitos achavam que não passaria a reforma trabalhista; passou. Muitos achavam que não passaria a PEC do Congelamento dos Gastos; passou. Ou seja, nós fomos derrotados em várias ações durante esse período. Nós fomos derrotados. Entretanto, é importante reconhecer essas derrotas. Ao resgatar essa história nós não estamos brincando de fazer luta de classes.

Por isso é importante resgatar as derrotas, mas paralelamente às derrotas também nós não deixamos de sair nas ruas e todos aqui sabem, inclusive agora no 7 de setembro, que tinha um monte de gente dizendo para nós não irmos. Não é, Raimundo? Não é, Gegê? “Não, não vamos”. O nosso povo, a nossa militância não é covarde. A nossa militância não nasceu de susto.

A nossa militância enfrentou todos esses anos de luta contra essa classe dominante que manda historicamente neste País. Não à toa fomos para as ruas. É verdade que tem uma direita forte e organizada, com dinheiro e com armas neste País. É verdade, mas é verdade também que tem uma militância que fez e faz essa história e não vai deixar de ir para a rua quando convocada, sem dúvida nenhuma.

Por isso ao presidente Lula é dizer aquilo que o Gilberto falou aqui agora. Tem gente, Bebel, achando que o ano que vem vai ser um passeio. “Vamos ganhar, agora é tudo eleição. Voltou à normalidade”. Pare com isso. Vai ser guerra como sempre foi. A luta de classes não fomos nós que inventamos e nem vai ser nós que vamos acabar com ela.

Sempre foi dureza enfrentar uma eleição e enfrentar as mais diferentes lutas que nós enfrentamos, seja numa ocupação de terra, seja dentro de uma sala de aula. E as eleições do ano que vem terão que ser enfrentadas como se vai para a luta, com uma força enorme, porque não basta só eleger o presidente Lula, é preciso nós subirmos juntos naquela rampa do Palácio para fazer com que ele realmente assuma o governo de novo.

Mais que isso, não basta entrar no Palácio. É preciso o povo organizado para que essas contrarreformas que foram feitas neste País sejam desestruturadas e derrotadas uma a uma, e isso não vai ser um presidente com a caneta na mão que vai fazer. É o presidente com a caneta na mão e é o povo na rua.

Por fim, não tenho nenhuma dúvida que apesar de uma conjuntura difícil, apesar das dificuldades que enfrentamos, nós saímos muito mais fortes e de cabeça erguida e em pé venceremos. Como vencemos essa batalha, venceremos as próximas com certeza. Parabéns, Bebel. Parabéns a todos e todas.

Abraço, presidente Lula.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Gilmar. Sempre é um mérito muito grande estar do seu lado como um militante que é. Em tantos momentos nós estivemos juntos, seja por conta da luta mais geral, que foi contra o golpe, mas também contra a ocupação das escolas.

Fizemos um grande movimento articulado com movimentos sociais para dar sustentação para os estudantes que ocupavam, porque a gente sabia que se a gente não ficasse lá fora na porta da escola o pau comeria dentro da escola, porque, enfim, o governo de plantão - lamento dizer que é o Alckmin - ia fechar 92 escolas.

Essa “estudantada” junto com os professores barrou essa atrocidade que seria fechar 92 escolas no estado de São Paulo, e junto com o MST, MTST, Apeoesp, entidades estudantis todas na frente das escolas. Foi um momento, eu diria, que de muita intensidade de luta. Primeiro, porque durante o golpe em 2015 nós fizemos a segunda maior greve do Magistério paulista: 92 dias nas ruas.

E um dia conversando com o presidente Lula, eu disse: “Presidente, eu estava pensando o seguinte: nesses 92 dias a direita não foi para a rua. Só nós estivemos. Os professores estavam lá toda semana.

Não seria o caso dos outros também?”. Mas foi um arrefecimento geral, de 2015, 2016, até dar o golpe na presidenta Dilma. E depois, o segundo golpe, que foi a prisão do presidente Lula, o arrefecimento do movimento social. Eu entendo que o movimento social da Educação, os estudantes, o MST, outros movimentos, ainda que com dificuldades, sobreviveram.

Mas hoje nós temos condições de irmos para as ruas, dizer “não” e “fora Bolsonaro”. Mais que isso, dizer que nós temos um projeto de país, encarnado, e muito bem engendrado na pessoa do presidente Lula, porque já fez duas gestões. Nós já tivemos essa experiência no Brasil.

Nós precisamos tê-lo de volta para ver o povo sorrir, para ver o povo levantar a cabeça. Porque, da forma como está, desculpe, eu acredito que procurar pessoas… Eu estive, acho que foi na favela… Cadê a loira? Está aí? Está lá, a loira.

Onde você mora, loira. As condições de vida lá são vulneráveis. Passa um córrego ali, um cheiro horrível. Mas vocês não somente querem ficar lá, querem fazer reintegração de posse? Posse do quê? Então nós estamos num momento muito difícil.

E tantas outras favelas que eu tenho estado, e que a gente vê isso. Então é verdade, eu vim para esta Casa achando que eu ia ser a representante dos professores, de forma mais ampliada talvez.

Quando eu acordei, eu estava nas favelas, nos sem-terra. Também estava lutando contra a prisão do presidente Lula, contra o golpe dado na presidenta Dilma. Que esse foi um golpe muito intenso. Toda vez que a gente lembra, a gente sabe que foi muito difícil.

Então, com essas palavras, eu agradeço, em plena sexta-feira, vocês aqui. Olha a importância do presidente Lula nas nossas vidas. Isso tem um papel fundamental. Com esses ilustres, e essas ilustres mulheres, aqui entre nós também.

Isso é para a gente refletir, botar força, e dizer: “Lula presidente em 2022”. E não titubear. Não vai ser um passeio. Mas nós vamos chegar lá. Muito obrigada. (Palmas.)

Passo a palavra para a Beth, e depois para o Marinho. Vou dar uma palavrinha para a Beth. Coitada, olha, imagina. Palavrinha, não; palavra. A Beth, eu encontrei num acampamento.

 

A SRA. BETE SILVÉRIO – Boa noite a todas. Boa noite a todos. Bebel, obrigada pelo convite. Eu estou muito emocionada. Porque, realmente, acho que só falta o Gilberto, você tirar da cadeia.

Eu tinha 15 anos, fui presa fazendo greves. Lembra da CMTC? A gente furava os pneus com o miguelito. Eu fui presa aos 15 anos, e o Greenhalgh foi me tirar. Eu e a Sheila Olala. (Palmas.)

A Sheila engoliu um papelzinho com o nome do advogado Greenhalgh, que era para a Polícia não descobrir. Eu, com 15 anos. Olha a situação. Mas, enfim, estou muito emocionada.

Porque a gente lembra de tudo isso que a gente passou. Eu, na sexta-feira, quando o Lula… Eu não costumo dizer que, no sábado, ele ia se entregar, não. Eu digo que ele se apresentou no sábado. No dia que se entregar, nada: não era culpado. Inocente, se entregar para quê? Então ele foi se apresentar, a convite do escroto do Sergio Moro.

Eu estive rapidamente. Falei com ele. Quando ele entrou na sala, eu chorava. Mas eu chorava, chorava, chorava. Sabe aquele impulso que a gente tem, que as lágrimas não param de cair, que a gente quer parar de chorar, e não consegue?

Ele olhava para mim: “Mas, menina, calma. Eu estou bem. Você tem que estar aqui fora, forte, para organizar as mulheres, para as mulheres ir ainda mais para a luta”. Mas eu não conseguia parar de chorar. Eu falei para ele também: “Não vai não. Se esconde. A gente sai com você daqui de madrugada. Ninguém vai ver.”

Então, porque eu, como secretária municipal de Mulheres do PT, a minha primeira tarefa, em 2018… Fui eleita em 2017, novembro de 2017. Estou entregando o cargo na semana que vem, para uma nova companheira, que foi eleita agora.

A minha primeira tarefa, que o PT me pediu, o partido me pediu, foi organizar as mulheres, com ônibus, para Porto Alegre, em janeiro, quando ia ter a votação do TRF-4. Nós fomos.

O primeiro ônibus a sair daqui de São Paulo, 11 horas da manhã, para ir para Porto Alegre, com 45 mulheres dentro do ônibus, para ir fazer a defesa do presidente Lula em Porto Alegre.

A partir dali, começou a nossa mobilização. Em abril, quando o presidente Lula se apresentou, no outro fim de semana, nós fomos, enquanto Executiva Municipal, enquanto PT municipal, fomos para Curitiba, para a gente ajudar na cozinha comunitária.

Tinha a cozinha do MST. E aí pediram para que a gente, de São Paulo, também coordenasse uma cozinha. Porque era muita gente que estava chegando. Aí a gente, nesse dia, chegamos lá de manhãzinha, um sábado. Já estava pronta uma grande barraca.

A gente levou vários alimentos, de doações, daqui de São Paulo. E aí a gente foi coordenar uma cozinha comunitária. Nós servimos duas horas da tarde. Atrasou bastante o almoço. Mas nunca vou me esquecer: mais de 1.200 almoços. (Palmas.)

Isso porque já tinha a cozinha do MST, que também já estava passando o almoço. Então vocês imaginem quanta gente. Quanta gente chegou nesse sábado lá. Muita gente, muita barraca.

E as pessoas: “Ah, Beth, mas você fala ‘estou em Curitiba’ mas o Lula está lá dentro, preso, o presidente está lá”. Mas, gente, é óbvio que, quando a gente chegava lá… E estive lá quase todos os fins de semana.

Porque a gente organizou várias caravanas. Inclusive, tem gente aqui que deve ter ido comigo, nos ônibus que a gente organizava, mas também com a CMP, com o Movimento de Moradia.

“Mas, Beth, que emoção é essa? O presidente está preso, e parece que vai passear.”

Mas a gente dizia o seguinte: que o Lula estava preso e, claro que, quando a gente chegava, era uma tristeza. Porque, no começo, a gente não conseguia chegar próximo à Polícia Federal. A gente estava mais ali naquelas ruas. Mas a emoção de ver aquelas pessoas chegando, gente, aquela organização! E não tinha só petista lá, não. Não tinha, não.

Várias companheiras daqui de São Paulo: “Não sou petista não, Beth. Mas eu amo Lula. Você me leva na caravana?”. Obviamente que a gente fez de tudo para que muitas companheiras participassem e estivessem lá.

É claro que era ruim chegar lá e vê-lo preso, mas a emoção de ver as pessoas se organizando, querendo ir, querendo estar lá, querendo gritar "bom dia", "boa tarde", "boa noite", era muito grande. Isso deu força para que a gente se organizasse.

Eu, no caso, as mulheres, por ser secretária de mulheres, as mulheres tiveram um papel fundamental nessa luta e na liberdade do presidente Lula. A gente ouvia outras companheiras de outros estados dizendo: "Ah, estou aqui há uma semana, vou ficar aqui mais uma semana, eu quero ficar aqui porque quero gritar 'bom dia', 'boa tarde' e 'boa noite' ao presidente Lula".

Quando a juíza Cristiana falou, nesse dia eu estava lá, quando os Juízes para a Democracia estavam lá. Eu lembro que entrou o juiz Edevaldo. Ele que entrou representando o juiz. Aí eu fui para ele e disse assim: "Doutor, leva a minha bandeira para o Lula assinar?". Eu iria trazer hoje para vocês verem, mas eu tenho tanto medo de alguém catar aquela bandeira que eu a guardo e não sei nem onde ela está. Eu procurei em casa, mas preciso lembrar onde eu guardei.

E aí ele levou, ele pôs dentro do bolso do paletó. Ele falou "Olha, não sei se posso entrar com ela", mas pôs. Aí fiquei naquela ansiedade. Quando ele saiu, ele tirou a bandeira e falou: "Bete, quando eu pus na mesa, a primeira que ele puxou e falou 'Ah, vou assinar'".

Então, gente, foi uma experiência, para mim e para todas as companheiras, muito emocionante, por ver a organização que nós construímos, os movimentos sociais, o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, as ongs, e fazer, estar lá. Tinha uma coordenação maravilhosa, a vigília. Eu não vou falar nomes aqui para não esquecer de ninguém. (Fala fora do microfone.)

É, foi, mas aí a gente... Tudo lá era emocionante. Um dia em que eu estava lá... Olha só a cabeça da pessoa: eu precisava comprar um negócio, estava com cartão e não aceitavam, tinha que ter dinheiro.

Dentro da Polícia Federal tinha um caixa do Banco do Brasil. Aí eu fui lá e falei: "Gente, será que, se eu entrar, eu fico presa lá?". Aí todo mundo: "Bete, para de ser boba".

Mas eu entrei, eu queria entrar lá para ver se eu conseguia subir aquelas escadas correndo. Aí eu entrei, fui ao caixa, olhando... Sabe quando você fica olhando tudo lá dentro, aquela vontade de gritar lá dentro para o presidente saber que a gente estava ali.

Agora, houve dois momentos que foram muito emocionantes. No dia do aniversário do presidente Lula, quando a gente... A gente chegou lá um dia antes, a gente conseguiu levar uns dois, três ônibus nesse dia.

Tinha música, tinha forró, o povo dançando, o povo cantando e a impressão que a gente tinha, a sensação era de que ele iria descer ali, vir ali para cumprimentar a gente.

O povo cantava tão alto, tão alto, que teve uma senhora, ela era de outro estado, eu não me lembro agora, ela chegou perto de mim e disse assim: "Eu acho que ele está dançando forró dentro da cela". Aí eu falei para ela: "Com certeza, com certeza". Então, as pessoas se emocionavam muito.

Teve o Natal também, mas a gente revezou, um grupo foi no Natal e a gente foi no Ano Novo. Gente, o Ano Novo, que emoção. Era assim: “Nós vamos soltar os fogos às onze da noite para ele ouvir, porque se a gente soltar os fogos à meia-noite, vai misturar tudo e ele não vai saber que é do acampamento”. Quando o Fabiano veio tocando para ele, tocando a música "Lula Lá", foi um choro só.

Gente, lotado, milhares de pessoas deixaram de passar o Ano Novo com suas famílias para passar o Ano Novo com o presidente Lula. (Palmas.) Eu fui uma. A gente foi com quatro ônibus nesse dia.

Então, foi muito emocionante. Uma árvore que tinha, o pessoal enfeitou a árvore para as luzinhas piscarem e ele ver que já era Ano Novo. Então, foi uma experiência muito...

Apesar da prisão injusta, foi uma experiência muito boa para o Brasil inteiro, porque o Brasil viu quem era a Lava Jato, quem era Sergio Moro, porque ele foi preso inocente, mas a organização...

Nunca ninguém - eu me arrisco a dizer isso - neste país vai ter uma vigília, se acontecer alguma coisa, como o presidente Lula teve. Ninguém. Ninguém. Só ele consegue e conseguiu reunir tantas pessoas.

Eu concordo com o Gilmar Mauro, quando ele diz que a nossa vida no ano que vem não vai ser fácil, gente. Está todo mundo feliz: "Ah, 50% na pesquisa, 40% na pesquisa!".

Não vai ser fácil, gente. Não vai ser fácil. Nós sofremos muito depois do golpe da Dilma. “O PT acabou, não vai se levantar mais.” Eles não fizeram o golpe de graça, gente.

Vocês acham que, no ano que vem, eles vão entregar para nós de novo a Presidência, fácil assim? Não, é bom a gente se organizar muito, porque o Lula precisa voltar e não basta só o Lula voltar. Nós temos que ter um Congresso forte, um Senado forte.

Estou dizendo isso também por todas as mulheres, por tudo o que perdemos, os nossos direitos, com esse governo genocida. Então, Lula precisa voltar. A gente sabe que ele está firme e forte. Eu queria aproveitar, Bebel, e convidar a todas as companheiras aqui, companheiros também, para, amanhã, irem à Paulista, às 14:30, no Masp.

 Ele não, ele nunca mais, fora Bolsonaro genocida! (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Obrigada, Bete. Hoje já fizemos a convocação, a Apeoesp vai estar lá. Eu vou só aproveitar e colocar o Luiz Marinho para dar uma saudação. Aí a nossa querida fala em seguida. Por favor.

 

O SR. LUIZ MARINHO - Olá, meus companheiros e companheiras. Gostaria muito de estar presencialmente, mas, na impossibilidade, deixo aqui uma saudação a vocês, especialmente à Professora Bebel, nossa querida deputada, líder da nossa bancada na Assembleia Legislativa.

Cumprimento a todos os parlamentares eventualmente presentes, cumprimento os debatedores, companheiros e companheiras que estarão aí dando depoimento, falando, prestigiando essa importante sessão de debates em nome do lançamento do “Memorial da Verdade”.

Todo o debate que nós fizemos, a nossa militância, as atividades do comitê “Lula Livre”, tão importantes para demarcar a conjuntura tão esperançosa que vivemos no dia de hoje.

Meu abraço forte, boa atividade e vamos juntos para tirar o Brasil desse atoleiro sob a liderança do presidente Lula, sem esquecer de São Paulo, com Haddad.

Aquele abraço. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Agora é a Vera. Vera Eunice de Jesus, filha da escritora Carolina de Jesus. Tem uma história linda.

 

A SRA. VERA EUNICE DE JESUS - Boa noite. Rapidinho, pelo adiantado da hora. Primeiro, agradecer essa oportunidade de estar aqui e dizer que, se Carolina estivesse viva hoje, estaria muito feliz, porque o sonho dela era ter um presidente no Brasil que tivesse passado fome. 

  E aproveito para convidar vocês para irem na exposição da Carolina Maria de Jesus Moreira Sales, que, para começar, é toda vermelha. E aí o pessoal fala... Era a cor preferida dela. 

  E, além do que, tem lá duas exposições - a Clarisse Lispector e tem a da Carolina Maria de Jesus. Então, eu tenho observado que, quando você entra na exposição da Clarisse Lispector, você vê uma sociedade bem colocada, gente de posse, é uma escritora que você entra e você já percebe... As pinturas dela, da elite.

  E aí você vai dois andares acima e você vê a da Carolina Maria de Jesus. Povão, carnaval, favela, comunidade. É bem diferente apesar das duas terem sido escritoras na mesma época e eram amigas, mas com uma diferença social muito grande.

  E, não puxando a sardinha para o lado da Carolina, mas a exposição dela está mais bonita. 

Boa noite.

 

A SRA. PRESIDENTE - PROFESSORA BEBEL - PT - Olha, obrigada, Vera. Para nós é uma satisfação tê-la aqui.

  Enfim, pelo adiantado da hora, eu sempre gosto de dar fala para as entidades, mas hoje eu vou pedir para que vocês entendam que é o lançamento deste livro, que é "O Memorial da Verdade".

  Eu acho que nós temos que sair com tarefa daqui. A nossa tarefa, sobretudo... Nós que temos entidades (Inaudível.) subsedes, não precisa ser notadamente da Apeoesp, mas nós nos articulamos com outras entidades. Vamos fazer lançamentos, tanto no centro, como nas periferias. Vamos lançar. 

  Sabe por quê? Porque tem que desmistificar esse show de mentiras que fizeram porque isso é que pode, Bete, dificultar a nossa volta no ano que vem. É o que a Globo fez na cabeça das pessoas. 

  Por quê? Eu, como professora de literatura que sou, eu tive uma disciplina muito interessante que tinha a ver com trabalhar livros didáticos e a metodologia de escolha dos livros didáticos. 

  E aí eu tive que ler um livro que chama "Mentiras que Parecem Verdades" da Maria de Lourdes Nosella, aliás, ex-esposa do Paolo Nosella, professor da UFSCar. E esse livro, então, o que ele alertava? Alertava exatamente que o que os livros didáticos impostos nas escolas públicas faziam com as cabeças das criancinhas. 

  Então, a gente tinha que trabalhar de forma crítica, enfim. Você não necessariamente precisa ter a consciência crítica pronta, mas ao mesmo tempo ter aquele texto e um outro contra texto para fazer o confronto e formar uma posição crítica.

  E essa é a oportunidade. A Globo fez o texto dela. Aqui está o texto real, da vida real. Nesse confronto é que nós vamos tirar a vitória nossa do ano que vem. Por isso que nós temos que, de forma muito didática, trabalhar com o povo e transformar em palavras simples.

  Aqui nós... Não que o povo não saiba ler. Ele não... Na verdade, às vezes não tem o domínio e, em certa medida, até não tem acesso, não teve acesso à escola. Nós vamos ler. Nós vamos desmistificar o que a Globo fez nesses tantos, tantas horas de injustiça para com o presidente Lula, para com o projeto de país que deu certo.

  Quando o Greenhalgh toca no pré-sal... Eu falo com assertividade, Greenhalgh, que vem do fundo do meu coração, quando eu digo "vocês acham mesmo que as elites aceitariam 75% dos royalties do pré-sal para a educação? Que essa elite ia permitir que nós íamos produzir ciência, tecnologia? Que nós íamos produzir aqui dentro e não precisar importar, mas exportar. Mandar para fora os cérebros que seriam formados aqui no Brasil". 

Era isso que estava em jogo. A emancipação, a real soberania nacional, que é o conhecimento, o acesso à ciência, à tecnologia e este país, ele próprio produzir. Porque esse era o sonho e é o sonho do presidente Lula. 

  Foi ele se não que implantou uma universidade na cidade natal, que está acabando essa universidade. Aliás, todas estão acabando por conta da PEC dos tetos. Mas não só. Pela, exatamente, retirada de recursos da educação. 

  Tanto que, em maio de 2019, centenas e milhares de pessoas foram para a rua dizer "não" ao corte de verbas para a educação junto com professores da educação básica e ensino superior. Tamanha é a falta de vergonha de não ter dinheiro para pagar conta de luz nas universidades. 

  É isso que está acontecendo. Então, essa elite não aceita cabeça pensante e nós queremos cabeça pensante. Por isso, o papel nosso é ler esse livro e fazer nucleação deles em bairros, andar com ele debaixo do braço "olha aqui!". 

  Se tem gente que sabe escrever mais fácil, escreve mais fácil e vamos transformar isso aqui no contraponto para vencermos as eleições do ano que vem e trazer um projeto democrático e de reconstrução desse país para que a gente, de fato, tenha soberania nacional.

  Um forte abraço, muito obrigada pela estada de vocês e vou pedir para que vocês levantem os livros para a gente fazer uma fotografia. Isso é simbólico. 

  O lançamento do livro como o nosso autor central. O personagem central não está aqui, então nós vamos... Não está, não porque não queria. Aí! Lula livre, Lula inocente, Lula presidente. Vamos lá? Um forte abraço, um beijo. 

  Chegaram aqui professor Luíz Moreno, coordenador de (Inaudível.) do Iamspe, o coordenador nacional de segurança pública do PT, acho que (Inaudível.) está aí. 

Movimento Policiais Antifascismo, Movimento Nacional dos Direitos Humanos em São Paulo. 

  Um beijo para todos e todas. Boa noite, uma sexta-feira à noite e nós aqui lançando livro. Isso é muito gratificante. Muito obrigada. 

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas.

 

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