18 DE MAIO DE 2022
13ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CARLÃO PIGNATARI
Secretaria: PAULO LULA FIORILO, ROBERTO MORAIS, GIL DINIZ,
ADALBERTO FREITAS e GILMACI SANTOS
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - GIL DINIZ
Solicita verificação de presença.
3 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum. Coloca o PR
3/22 em votação nominal.
4 - GIL DINIZ
Encaminha a votação do PR 3/22, em nome do PL.
5 - PAULO LULA FIORILO
Encaminha a votação do PR 3/22, em nome da Minoria.
6 - GIL DINIZ
Solicita verificação de presença.
7 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
8 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA
Encaminha a votação do PR 3/22, em nome do PSOL.
9 - GIL DINIZ
Solicita verificação de presença.
10 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
11 - BARROS MUNHOZ
Encaminha a votação do PR 3/22, em nome do PSDB.
12 - WELLINGTON MOURA
Para comunicação, faz pronunciamento.
13 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - GIL DINIZ
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
15 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Anota o pedido.
16 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, faz pronunciamento.
17 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Desconvoca a segunda sessão extraordinária, que seria
realizada dez minutos após o término desta sessão. Pede desculpas à deputada
Monica da Mandata Ativista pela fala do deputado Wellington Moura. Informa que
o projeto será novamente pautado na próxima terça-feira. Pede que os deputados
compareçam à sessão e que votem “sim”, “não” ou “abstenção”. Defere o pedido do
deputado Gil Diniz e levanta a sessão.
*
* *
-
Abre a sessão o Sr. Carlão Pignatari.
*
* *
O SR. PRESIDENTE -
CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Presente o número
regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Ordem
do Dia.
*
* *
-
Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Proposição em
Regime de Tramitação Ordinária.
Votação adiada do Projeto de Resolução
nº 03, de 2022, de autoria do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Decreta a
perda temporária do exercício do mandato do deputado Frederico d’Avila.
Em votação...
O
SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem,
presidente. Uma verificação de presença, presidente, por gentileza.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental.
Deputado Paulo Fiorilo e deputado Roberto Morais.
*
* *
- Verificação
de presença.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Havendo
quórum regimental, em votação.
O
SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Em votação
nominal... É isso ou não?
O
SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Em votação
nominal o projeto...
O
SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não.
O
SR. GIL DINIZ - PL - Para encaminhar pela
bancada do PL.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental.
O SR. GIL DINIZ - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR -
Obrigado, presidente. Presidente, o Frederico perguntou se posso dar um aparte
para ele. É regimental? Meu boa tarde a todos os deputados presentes nesta
sessão extraordinária, nessa tarde fria na cidade de São Paulo.
Mais um
deputado que passa pelo Conselho de Ética. O Conselho de Ética tem sido
bastante acionado nesta Legislatura. Hoje é o deputado Frederico d’Avila. E por
que o deputado Frederico d’Avila esteve no Conselho de Ética, deputado Cezar?
Por usar esta tribuna, deputado Conte Lopes.
Vejam vocês a
que ponto que nós estamos chegando, da relativização da imunidade parlamentar.
O deputado é inviolável, segundo a nossa Constituição. Parece que mudaram esse
artigo da Constituição. Podem colocar uma vírgula ali, talvez. O deputado é
inviolável, “vírgula”, se ele for bolsonarista, esse artigo não vale para ele,
Conte.
Porque é
inadmissível que o deputado esteja sendo julgado, nesse momento, por usar a
tribuna, deputado Campos Machado, professor de política, e ser punido por
falar, por parlar. A essência do parlamento é, justamente, ter as suas
posições, ter as suas convicções. E serem contundentes, se necessário for.
No caso do
deputado Frederico d’Avila, meu amigo, ele veio aqui à tribuna, e da mesma
tribuna onde ele ofendeu, ele pediu desculpas. Do espaço sagrado, que o povo de
São Paulo, com o seu voto, com a sua decisão na urna, pôs o deputado, esta
tribuna, este microfone, do mesmo local onde foi feita a ofensa, do mesmo local
ele pediu desculpas.
Alguns podem
dizer “não era a desculpa que nós gostaríamos”. Podemos discutir isso. Mas, a
partir do momento que um deputado pode perder, ainda que temporariamente, o seu
mandato, pelo uso da tribuna, aí tudo foi relativizado. E qualquer dos
deputados aqui podem ser punidos, num futuro não tão distante.
Formaremos uma
maioria de ocasião e vamos perseguir os nossos adversários, os nossos
opositores. Colocamos em posições estratégicas, no Conselho de Ética, aliados
nossos. E perseguimos ali, tentando punir, calar os adversários.
Ora, o Conselho
de Ética não pode servir de um instrumento, ainda que não seja o objetivo da
punição votada no Conselho de Ética. Mas não pode ser um lugar onde a maioria
faz calar a minoria. Amanhã, senhores, a vítima pode ser um de nós. Pode ser
qualquer um de nós.
Eu sei que
alguns católicos se sentiram vilipendiados. Ficaram magoados, chateados. Mas eu
tenho absolutamente convicção que não se trata da maioria dos católicos, nem dos
sacerdotes, nem dos bispos, quiçá do Santo Padre, o papa Francisco, Jorge Mario
Bergoglio, arcebispo da Argentina, Buenos Aires.
Tenho certeza
de que não. Mas pela primeira vez, senhores, eu vi bispos da Santa Igreja
Católica, Igreja onde eu confesso a minha fé, instituição, deputado Zerbini,
onde fui criado, fiz catequese, a minha primeira comunhão, fiz o crisma; antes,
fiz ali a perseverança; me casei...
E pela
primeira, durante o mandato, eu vi bispos nos corredores da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo. Ora, eu gostaria que a mesma energia gasta
por nossos pastores que guiam o rebanho na Igreja Católica tivessem sido
colocadas, aqui no Parlamento, para derrubar o veto ao meu projeto de lei, que
foi votado pelos parlamentares e aprovado por unanimidade, quando o governador
fechou as nossas igrejas, quando o povo católico, o povo cristão foi
vilipendiado na sua fé, e nem o nosso Deus nós pudemos ali cultuar em nossos
templos.
Não fizeram
isso, senhores. Nós articulamos aqui em plenário, e graças à articulação, vejam
vocês, da bancada evangélica e de deputados como o deputado Frederico d'Avila,
nós derrubamos o veto do governador João Doria/Rodrigo Garcia.
E derrubamos o
veto do Sr. Governador, algo histórico aqui nesta Assembleia. Um projeto que
falava de liberdade religiosa, em que eu não vi padres, bispos e a Sé se
manifestarem, nem com uma nota de apoio, senhores.
Mas, para vir
aqui pedir a cabeça de um deputado, que subiu aqui no dia subsequente e pediu
as suas escusas, aí sim dizem que se sentiram ofendidos, que se sentiram
vilipendiados em sua fé. Falei com o Frederico d'Avila, como eu disse a
vocês, que ele, naquele discurso, inflamado como estava, passou de um limite
razoável. Eu entendo, como católico, que não houve ali uma generalização, como
tentam impor ao deputado.
Tanto que ao
final do seu discurso ele cita duas organizações católicas que têm em seus
quadros sacerdotes, padres, bispos; e elogia o trabalho desses. Ou seja, não há
a generalização. Então, senhores, o que nós estamos fazendo aqui? Nós estamos
punindo. Alguns querem punir, simplesmente, um adversário político.
Não importa o
que se diz; importa quem diz. E a vítima da vez é o deputado Frederico d'Avila.
Eu peço aos senhores, principalmente aos deputados que, assim como eu, entendem
que é uma punição injusta, que usem as ferramentas regimentais para obstruir,
Douglas, esta sessão, como por exemplo esvaziar o plenário, Mecca, para que nós
possamos pedir uma verificação de presença.
Nós precisamos
esvaziar o plenário, senão não há meios. Nós precisamos, para manter o quórum,
Frederico d'Avila, Fred, de 24 deputados. Façam as contas, senhores. Façam
as contas.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Gil.
O SR. GIL DINIZ - PL - Posso terminar, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Lógico. Trinta segundos.
O SR. GIL DINIZ - PL - Trinta segundos, presidente.
Então, eu peço aqui aos deputados que se atentem às ferramentas regimentais, e
usem o Regimento, e a todos os pares, hoje é um amigo que está ali para ser
punido, mas amanhã pode ser qualquer um de nós, desde que se forme uma maioria
de ocasião, para perseguir e silenciar a minoria.
Então, peço,
senhores, que revejam essa posição, que nós possamos aqui não condenar um
deputado a essa pena, já que ele, utilizando da tribuna, da sua prerrogativa, e
no dia posterior, da mesma tribuna onde houve ofensa, houve o pedido de
desculpas.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não,
deputado.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Para indicar o
deputado Paulo Fiorilo para encaminhar pela liderança da Minoria.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental.
Para falar pela liderança da Minoria, autorizado pelo líder, Jorge do Carmo, o
deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, eu ouvi aqui atentamente o discurso do deputado Gil Diniz, e é
interessante, porque ontem esta Casa cassou o mandato do deputado Arthur do Val
pelas palavras.
Mas eu vou ser
interrompido, Sr. Presidente?
Agora já virou bedel de novo? Pelas palavras. Um áudio vazado, sexista,
machista, misógino, que levou aqui à cassação do deputado, com votos da
direita, da extrema-direita, e aqui nós fizemos um discurso dizendo que está na
hora de a Assembleia parar com essa prática de vir aqui e, em nome da liberdade
de expressão, xingar os outros. Nós não podemos permitir isso.
O que nós vimos
aqui foi o deputado Frederico d’Avila, independente se é amigo, se não é amigo,
xingar a CNBB, xingar bispo, xingar papa, e depois pedir desculpas e dizer
assim: “ah, eu aqui quero pedir desculpas para a igreja, para aqueles que se
sentiram ofendidos, e, em especial, quero dizer que sou defensor do Arautos,
defensor da Opus Dei, da TFP, de tudo que é de direita”.
Nós precisamos
salvar aqui este Parlamento, e a punição que está sendo proposta ao deputado
Frederico d’Avila é uma punição de suspensão. Nós não estamos cassando o
mandato. É educativo, porque nós podemos, inclusive, mostrar para a sociedade
que esta Assembleia está mudando de postura, que os deputados aqui estão com
outra lógica.
Porque, se
xingaram o papa, quem que garante que amanhã não vamos ter um religioso
evangélico...
O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, Sr. Presidente. Não tem quórum,
presidente. Uma verificação de presença, por gentileza. Não tem quórum.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. Deputado Gil Diniz,
para marcar, e o deputado Adalberto Freitas para convidar os deputados para que venham ao plenário.
* * *
- Verificação
de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Constatado o quórum, devolvo a
palavra ao deputado por 8 minutos e 19 segundos. Deputado Paulo Fiorilo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, Sr. Presidente.
Bom, como eu
dizia aqui, o problema não é ser amigo ou inimigo, bolsonarista ou não
bolsonarista. Não existe uma decisão...
Sr. Presidente,
eu estou achando uma coisa estranha.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Conte Lopes, por favor,
nós temos um orador na tribuna. Se o senhor quiser falar, fale aqui. Não? Então
o senhor me desculpe, mas por favor, temos um orador na tribuna, deputado.
Está bom,
obrigado, deputado Conte.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não tem pressa, deputado Conte.
Fique tranquilo, vamos ter ainda 130 dias.
Sr. Presidente,
então aqui não é uma questão de ser amigo ou inimigo, de ser bolsonarista ou
não bolsonarista. O deputado Frederico d’Avila, por mais de uma vez, utilizou
da tribuna pra proferir palavras inadequadas. Nesse caso específico da CNBB, do
papa e do bispo de Aparecida, o deputado pede meias desculpas.
Podia ter tido
a coragem de dizer: “Eu errei, quero pedir desculpas à CNBB, quero pedir
desculpas ao bispo”. Ao papa ele pediu, mas por que ele não pede para a CNBB?
Por uma questão ideológica, posição dele, mas foi ele que xingou.
Nós temos que
dar aqui o exemplo, não podemos mais permitir isso. Aqui é um espaço para o
debate político. Nós podemos divergir. O deputado Zerbini veio aqui e disse,
nós somos vereadores.
Eu fui vereador
com o Conte Lopes, com o Zerbini, com a Marta Costa, com o Zé Américo, com o
Coronel Telhada. Nós fizemos grandes debates, nós tivemos posições divergentes.
Aliás, com o
Conte menos, porque o Conte era da base do Haddad, então não tinha discussão,
mas com o Zerbini não. (Vozes fora do microfone.)
De novo, Sr.
Presidente. Assim fica difícil. Eu não consigo entender por que o deputado
Conte Lopes está me interrompendo toda hora. Deputado Conte Lopes, o senhor
pode falar, mas não me interromper. O senhor é regimentalista. Sr. Presidente,
não vai dar. Acho que o senhor vai ter que reprimir o deputado Conte Lopes.
Deputado Conte
Lopes, aqui a gente tem normas, regras. É assim que funciona o Parlamento,
senão ele não funciona. Eu ouço e o senhor depois fala, o senhor fala e eu ouço.
Agora o senhor quer falar.
Por que não
discutimos na Câmara? Porque o senhor era da base do governo. Eu posso fazer o
quê? Mudar a história eu não posso. Eu tenho que contá-la. E contá-la com a
verdade. O senhor votou os projetos do Haddad.
Bom, agora nós
estamos discutindo outra coisa. Estamos discutindo Regimento, postura. Nós não
podemos permitir, deputado Conte, o senhor que é um regimentalista, que a gente
rasgue a Constituição. Aliás, o senhor me emprestou a Constituição para eu
debater aqui.
A Constituição
de 1988, depois aqui de 1990, ela não é uma constituição atualizada para o
debate atual. Sabe por quê? Porque nós elegemos parlamentares que são
lacradores, que preferem a disputa e a briga ao debate. Essa é a grande
diferença.
Agora, nós, que
somos regimentalistas, que entendemos a importância do parlamento, não podemos
permitir o retrocesso. E a punição de ontem foi um exemplo, mas não podemos
parar na punição de ontem, porque hoje temos outro caso para enfrentar.
Aliás, esta
Assembleia precisa resolver logo, porque senão não é possível a gente aqui
ficar fazendo debate sobre cassação, sobre punição. Nós precisamos votar
projeto de lei dos deputados que, aliás, eu já propus aqui, vou propor de novo,
nós deveríamos ter construído um acordo de apresentar projetos que o governador
pudesse sancionar.
Aqui é assim, a
gente apresenta projeto e o governador veta. Qual é o papel do parlamentar?
Votar os projetos do governador? Não. Do governador Rodrigo/Doria? Não. É votar
projetos de deputados e ter sanção. Eu não lembro se o Zerbini, mas o Conte
possivelmente acompanhou.
Nós tínhamos
uma prática, vamos apresentar projetos que tenham sanção. Faz o acordo. Aí você
escolhe. Quer sanção? Quero. Não quer? Apresenta um outro e vai ter veto.
Aqui não, aqui
a prática é veto. Nós precisamos sair dessa pauta negativa. Ontem aqui vários
deputados disseram: “É com tristeza que a gente tem que enfrentar esse debate e
votar pela cassação de um deputado”.
Quem é que
gosta de cassar deputado? Quem é que gosta de punir deputado? Ninguém. Ninguém.
Agora, a prática dos deputados bolsonaristas é essa, de lacrar, de fazer a
disputa na bala. Nós não queremos isso. Nós queremos a disputa democrática. Sr.
Presidente, de novo; assim não dá. Parece que o Regimento só serve para a
esquerda; para a direita não tem Regimento. Impressionante!
Aqui nós temos
que avançar. Temos uma oportunidade hoje. Podíamos encerrar este debate, votar,
aprovar, rejeitar, mas pronto, terminar este processo, porque nós precisamos
avançar. Não dá mais. Ontem a gente já enfrentou um baita de um desgaste. A
pauta é negativa para nós, deputados.
Por que nós
vamos continuar insistindo na pauta negativa? Por que nós não podemos aprovar
projetos importantes que possam fazer o debate com a sociedade num momento tão
difícil da sociedade em que a gente tem desemprego, tem a alta do custo de
vida?
Então está na
hora, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, de avançarmos, de
sairmos desta pauta negativa. E aí eu espero que todos os deputados e deputadas
se pautem pelo debate político, porque aí acabou, a gente não tem mais esse
risco. A gente precisa terminar aqui, deputado Campos, com o farfalhar das
folhas secas. Esse é o grande problema.
É deputado que
vem aqui para lacrar, para xingar. Nós precisamos fazer o debate da política.
Eu divirjo do deputado Gil. Agora, eu não vou propor uma agressão, eu não vou
xingar o deputado Gil; eu vou dialogar. Esse é o diálogo necessário. Está
difícil, deputado Gil, o senhor ouvir, né? O senhor perdeu a prática de ouvir.
O senhor gosta
só de falar. O senhor está estudando o Regimento, avançou, cresceu. Agora, dá
para o senhor regimentalmente me ouvir? Porque depois o senhor já falou e eu
ouvi.
Então eu queria
concluir aqui, Sr. Presidente, independente da postura do deputado Gil de
persistir em interromper, o que não é regimental, dizendo que nós podemos dar
um passo a mais. Demos ontem um passo importante, um passo relevante.
Cassamos um
deputado que teve um áudio vazado sexista, machista, misógino e que foi punido
com 73 votos. Nenhum voto favorável, nenhum. Alguns deputados não participaram,
mas a gente teve uma maioria absoluta para cassar o deputado e agora a gente
pode terminar esse processo.
Um processo que
começou há meses, que teve aqui a visita de dom Pedro Stringhini para dialogar
com a Presidência, para colocar a preocupação. Se a gente avançar eu acho que a
gente termina um processo e conclui, deputado Conte, que não é regimentalista
mais, pelo menos quando eu estou na tribuna, para poder concluir esse debate.
Aliás, eu falei
aqui para o deputado Alex de Madureira, que eu acho que não está mais no
plenário: e na hora que começarem a xingar os bispos da Igreja Evangélica? Vai
poder? Claro que não. Nós vivemos em um País em que a gente tem que se pautar
pela democracia, pelas regras do jogo.
Agora, aqui
não. Vem um e xinga, vem outro e xinga como se fosse normal. Aliás, disse isso
ao deputado Cauê, à época em que era presidente, que nós precisávamos colocar
um freio de arrumação, porque senão a gente ia continuar nessa situação, o que
é desagradável para todo mundo. Eu prefiro aqui o debate de ideias, divergir do
ponto de vista da política, mas não desse jeito.
Então com todo
o respeito a todos os deputados e deputadas, está na hora da Assembleia
concluir esse processo votando a decisão do Conselho de Ética. Aprovando ou
rejeitando, não importa, mas nós precisamos terminar e concluir esse processo o
mais rápido possível.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental.
Pois não, deputada Monica Seixas.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Gostaria de
encaminhar pela bancada do PSOL.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental
para encaminhar por dez minutos pela bancada do PSOL.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Antes de descer aqui eu estava
conversando com um estudante de Direito e estava contando da ineficiência que
considero desta Casa e do quanto a gente está discutindo o negacionismo para
além da Saúde, mas também em todas as esferas da ciência, inclusive na
formulação da política pública.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Monica, nós temos que
nos ater ao tema, por favor.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Claro, claro, presidente. Eu vou
me ater ao tema; eu tenho apreço ao Regimento Interno. Só quero demarcar aqui
que ontem, quando eu fiz uma questão de ordem, eu nem concluí a minha primeira
frase ainda dizendo que estava tendo transfobia e fugindo do tema.
O presidente em
exercício mandou cortar o meu microfone e disse que ia me retirar do plenário
depois de ter dito “Graças a Deus” ao final da fala da Isa Penna, que estava
discursando aqui sobre as violências cotidianas sofridas.
Só quero que
note que a água que bate em Francisco tem que bater em Chico, tá? O que eu ia
dizer é que a gente está há semanas debruçados sobre um projeto de punição a um
parlamentar que historicamente descumpre o Regimento e que incorre em decoro
parlamentar, enquanto as outras comissões não têm quórum.
Hoje de manhã,
em um congresso de comissões, não teve quórum. A gente, há tempos, não tem
matéria de relevância à população, que está em sofrimento porque a gente está
aqui.
Eu vou contar o
que vai acontecer: eles vão derrubar o quórum hoje, e não tem pessoas aqui o
suficiente para votar o processo de cassação de um deputado que veio aqui e
quis fazer homenagem a Pinochet, exibiu fotos de cadáveres da ditadura, dizendo
para nós, parlamentares de esquerda, que esse seria o nosso futuro se
dependesse deles - isso se chama ameaça de morte -, que fez um card meu...
O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Eu estou falando.
O SR. GIL DINIZ - PL - Presidente, o quórum da
presente sessão caiu, e eu peço aqui regimentalmente uma verificação de
presença, ainda que tenha orador na tribuna.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. Vou convidar o
deputado Gilmaci Santos e o deputado Gil Diniz para que nos auxiliem. O
deputado Gilmaci canta os nomes, e o deputado Gilmaci anota os nomes.
* * *
- Verificação
de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Com quórum regimental, devolvo a
palavra para a deputada Monica, por sete minutos e 59 segundos.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Vou retomar.
O deputado que
hoje deveria ter seu mandato suspenso por três meses por quebra de decoro
parlamentar, por ter dito que setores da Igreja Católica são formados por
pedófilos, e além de recorrer no crime de imputar outro crime que não pode
provar e de discriminação religiosa, que é crime, ele tem um longo histórico
que começa com a tentativa de homenagem a Pinochet, ditador, assassino, que
passa pela exibição de cadáveres mortos pela ditadura no Brasil e ameaça a
outros parlamentares de posicionamento político diferente do dele, que já
perdeu na Justiça e vai ter que indenizar a mim e ao meu partido por ter
distribuído em internet um CAD em que me chama de traficante e que, por fim,
sem controle nenhum dessa Casa, veio a esta tribuna ofender aqueles que ele
discorda religiosamente.
Bom, enquanto a
extrema direita faz malabarismo aí para proteger a liberdade de opressão e de
violência dos seus, esta Casa fica completamente parada. Criar fatos políticos,
tentar derrubar quórum é fichinha perto do malabarismo que a gente assiste aqui
cotidianamente para perpetuar violências.
Eu ia dizer
ontem que estava denunciando aqui, por questão de ordem, a transfobia, na fala
do Douglas Garcia, e as agressões sofridas cotidianamente pelas parlamentares
mulheres, quando a Presidência disse que eu atrapalhava a ordem, que ia me
retirar do plenário.
E na sequência,
eu fui chamada de louca por um colega que eu não vou dizer o nome. Hoje é Dia
da Luta Antimanicomial. Eu quero dizer que eles não serão punidos. A gente
assistiu ontem à punição do Arthur, e a gente tem que comemorar, porque é uma
luta fruto das mulheres que estão dizendo que a violência contra si não são
menos violências e não serão toleradas, mas infelizmente Arthur não é a
exceção, Arthur é a regra, é como se sentem esses senhores vestidos de terno
cinza, donos do poder, acima do direito das outras pessoas e que podem ofender,
violentar e humilhar mulheres dentro e fora da guerra.
Hoje, Dia da
Luta Antimanicomial, quero dizer que as mulheres são historicamente chamadas de
louca por lutar, que é o que eu estava fazendo ontem, com o agravante de eu ter
assumido recentemente o meu adoecimento mental e todo mundo saber que eu sofro
de ansiedade generalizada e depressão, e que a muito custo estou aqui de pé
sendo assistida por muitos médicos.
No dia de hoje,
quero dizer que louco é esse sistema que preserva as coisas como são, que paga
fartos salários e gasta milhões nessas cadeiras de couro...
O SR. GIL DINIZ - PL - Presidente, o que tem a ver com o
tema, presidente? O que tem a ver isso com o tema, presidente?
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Quando o senhor estiver inscrito
para falar na tribuna... Tem a ver com o tema, Gil, assim como ontem, você está
fazendo malabarismo, porque é conivente com a quebra de decoro do seu colega,
porque recorre a crimes recorrentes e semelhantes e quer para si o direito de
ser esse ser agressivo.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Monica e deputado Gil
Diniz. Segura o tempo, deputada Monica. Deputada Monica, por favor. Por favor,
vamos terminar a colocação sobre o tema. É uma sessão especial, de 12 horas;
nós temos que falar... Deputado Gil, por favor, por favor. Eu só gostaria de
que a deputada Monica se ativesse ao tema e deixasse muito...
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Eu gostaria de ver...
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Muito claro, deputada Monica,
quando a senhora fala “este presidente”. Eu não pedi, em momento algum, para a
senhora parar de falar e que ia retirá-la do plenário.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Foi o Wellington Moura,
presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Então, diga o nome, porque senão
fica muito ruim, muito ruim.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Foi o Wellington Moura, que, no
momento, era o presidente da sessão.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - O vice-presidente, então, o
vice-presidente da Assembleia.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Nesse momento, era presidente da
sessão.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tá bom. Então, por favor, a
senhora, na hora em que for falar, a senhora fale quem foi, porque eu nunca fiz
isso e não farei isso.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Muito obrigada, presidente. Seria
importante me deixar falar, também, e concluir a minha fala. Muito obrigada.
Louco é este
sistema, que preserva as coisas como estão e que continua mantendo esses
senhores certos do poder e da impunidade. A luta que eu vi ontem, travada aqui
para defender o Arthur, é a luta que se impõe agora.
Falar da quebra
de decoro do Frederico d’Avila e que ele não pode discorrer em crimes nesta
tribuna, que o “button” de deputado não nos dá o direito de recorrer a crime.
O que aconteceu
aqui, e que acontece aqui sucessivamente, é crime; ameaça a todos que sentem
que querem estar no direito de fazer o mesmo. É por isso que a minha presença e
a minha fala ofendem tanto.
É por isso que
tem muito mais energia voltada à minha presença e à minha fala do que àqueles
que atentam contra o povo, que recorrem aqui em transfobia, machismo, racismo e
discriminação religiosa.
Bispos da
Igreja Católica, que são diferentes da minha orientação religiosa, disseram que
“Pátria amada não é pátria armada”, numa explícita revolta contra a violência
generalizada imposta à população.
Acho que a
frase é bastante religiosa, assim como é política, e foi contra isso que se
revoltou o Frederico d’Avila, que veio a esta tribuna revidar e chamá-los de pedófilos.
Todos, todos
que hoje se movimentam para protegê-los, todos que hoje recorrem à violência
parecida querem para si o direito de cometer os mesmos crimes, que, no limite,
é impedir a liberdade religiosa das pessoas.
Então, pela
luta antimanicomial, pela luta das mulheres, pela luta pela liberdade
religiosa, pela luta do direito de ser e existir, esta Casa deveria, hoje,
estar envergonhada de protelar, por mais uma semana, essa pauta. Semana que
vem, eu quero ver quantos colocarão energia aqui para votar, porque hoje,
infelizmente, não vai votar.
Quando eu
assisto à sessão, está todo mundo escrevendo: “Vota o PDL 22, vota o PDL 22,
vota o PDL 22”. Quero dizer às servidoras e servidores, aos aposentados e
pensionistas que queria muito estar discutindo o PDL, mas os colegas não
deixam.
Os colegas
estão protelando e emperrando a pauta, porque querem proteger o direito de ser
criminoso daqueles que sobem à tribuna para serem preconceituosos e
discriminatórios com a religião alheia.
O
SR. MARCOS ZERBINI - PSDB - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigada,
deputada Monica. Pois não, deputado Marcos Zerbini.
O
SR. MARCOS ZERBINI - PSDB - Vou indicar o deputado
Barros Munhoz para encaminhar pela bancada do PSDB.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental.
Para falar por dez minutos, o deputado Barros Munhoz, para falar pela bancada
do PSDB.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Peço para
retificar a informação: o deputado Wellington Moura não está aqui para se
defender, mas, ontem, enquanto ele dirigia os trabalhos, ele não ameaçou
retirar a deputada Monica, ele apenas convidou para que a deputada fosse
retirada caso ela continuasse, infelizmente, a desorganizar a sessão da forma
como ela estava fazendo.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Qual é a
diferença?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Só estou aqui
reafirmando a verdade, porque, talvez, o problema psicológico da deputada
Monica tenha afetado a memória dela.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Qual é a
diferença? Qual é a diferença?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tá bom.
Obrigado, deputado Douglas. Está justificado. Obrigado, deputada Monica.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Obrigado.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Vai para o
Conselho de Ética por conta disso também, viu? Discriminação por conta do
adoecimento das pessoas também é crime e está na hora de findar as suas
posturas criminosas.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - A senhora que
acabou de afirmar que a senhora tem problema psicológico. A senhora acabou de
afirmar, então, eu só estou dizendo que, talvez, isso tenha afetado a sua
memória.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Isso não (Vozes
sobrepostas.).
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Gil e
deputada Monica, por favor. Nós temos um orador no plenário, por favor. Não,
desculpe, deputado Gil. É que é só você que me dá problema, Gil, eu já
acostumei. Então, pela força do hábito...
Mas me desculpem, deputado Gil,
deputado Douglas e deputada Monica. A palavra está com o deputado Barros
Munhoz.
O
SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Sr.
Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, colaboradores da Assembleia
Legislativa, senhores e senhoras que nos honram com sua presença aqui nas
galerias, queridos telespectadores da TV Assembleia, é um dia muito difícil
para mim, porque eu entendo, como pouca gente desta Casa, não por ser mais
inteligente do que qualquer um dos deputados daqui, mas por ter uma longa
experiência de seis mandatos, iniciados em 1987, quando da elaboração da
Constituição de São Paulo, em 1989.
Tenho por todos
os deputados desta Casa respeito, consideração, apreço. Divirjo frontalmente do
deputado Conte Lopes neste tema em debate, mas tenho por ele uma admiração
muito grande, um respeito muito grande. É um homem íntegro, é um homem
corajoso, é um homem que defende as suas ideias. Quem age assim, sempre merece
respeito.
Eu fui
internado com uma bactéria dentro do coração, doença chamada de endocardite, em
2009. E alguém disse a outrem, no meu quarto, e eu ouvi: “Só 5% das pessoas que
têm isso se salvam”. Deus quis que eu fosse salvo, eu fui salvo, mas fiquei 60
dias no hospital, sofrendo como sofre quem fica em um leito hospitalar de um
hospital no nosso País.
E assumiu a
Presidência da Assembleia, em meu lugar, o deputado Conte Lopes. Que dignidade,
que exemplo de cidadão. Não tomou uma decisão sem falar comigo. Eu falava:
“Conte, você tem toda a minha confiança, você não precisa discutir comigo, me
consultar, vá em frente”. “Não, o presidente é você. Enquanto você estiver aí,
eu faço as suas vezes.”
Eu falo isso
para dizer como eu estou me sentindo neste momento. Eu vivi isso, eu enxergo a
Assembleia Legislativa de São Paulo dessa forma. E aqui eu vejo um jogo armado
que envergonha a todos nós. Por favor, vamos ler a carta aberta do deputado
Felipe d’Avila - Frederico d’Avila, desculpa -, quando aqui disse que pediu
desculpas.
Carta aberta.
“Não tive a intenção de desrespeitar o papa Francisco, líder sacrossanto e
chefe de Estado, minha fala foi no sentido de divergir sobre ideias e
posicionamentos”. De quem? Do papa. “Tão só”. Só isso. Eu discordo, o papa é do
PSDB, eu sou do PSL, agora do União Brasil, então eu discordo do papa. É isso
que está dito aí. Tão só, mais nada, só uma divergência política.
Onde está o
pedido de desculpas para o papa aqui? Em lugar algum. Não pediu desculpas para
o papa. Então vamos ver a quem foi pedido desculpa. Por favor, tem outro
trecho, não tem? Não tem. Sabe por que não tem? Porque ele não pediu desculpas
a mais ninguém.
Eu gostaria que
fosse posta a fita do que o deputado Frederico d’Avila falou. Por favor. Vamos
ouvi-lo.
* * *
- É exibido
vídeo.
* * *
Eu
nunca ouvi na minha vida, já longa, de 77 anos, tanta ofensa, tanta humilhação.
Nunca vi isso. Setenta e sete anos de vida, 46 de vida pública, disputando
mandatos, eleições renhidas, embates férreos, nunca vi isso, tanta ofensa,
tanta agressão, tanto xingamento.
E
o que nós estamos fazendo aqui? Esse teatro. Vamos fechar o Conselho de Ética,
presidente. Encerra. Proponho, aqui, o meu voto a favor. Me sinto hoje um
palhaço aqui, porque eu votei no Conselho de Ética.
Eu
ia votar pela absolvição do Frederico d’Avila. Fui alertado: ele não pediu
desculpa alguma, para ninguém. Tem um trecho onde ele fala. Ele fala de tudo,
que ele pediu desculpas aos católicos.
Ele pediu
desculpas aos católicos do mundo e do Brasil. Só não pediu ao papa, ao bispo
dom Orlando, e aos outros que ele ofendeu, e à CNBB. Chamou essas pessoas de
pedófilos.
Será que todo
mundo aqui sabe o que é pedófilo, ou não? Minha gente, meu caro presidente, o
senhor tem conduzido esta Casa com muita sabedoria, com pulso, com firmeza. Eu
lhe faço um apelo: não convoque mais reunião para tratar desse problema que
está envergonhando a Assembleia de São Paulo.
Eu estou com
vergonha de sair na rua, e falar que sou deputado desta Legislatura. Tenho
muito orgulho de ser político no Brasil, e não vou desistir de ser, porque
quero ver o Brasil mudar.
Não quero ver
mais isso, esse jogo de cena, que todo mundo sabe o que vai dar. Vocês querem,
eu enumero, um por um, quem está a favor, quem está contra. E digo o motivo de
estar a favor, ou de estar contra. Não me desafiem.
Não me
desafiem, que faço isso. Sou meio louco, sou de Itapira. Não me desafiem.
Então, minha gente, procurando conter a revolta, eu quero terminar com um
apelo, presidente: esquecer tudo isso. Eu preparei uma representação, ao
Conselho de Ética, sobre as ofensas que eu senti.
Estou nesta
Casa, repito, há seis mandatos. Nunca passei por isso. Assim como sempre
respeitei, sempre fui respeitado por todos os parlamentares desta Casa. Então,
quero lhe fazer um apelo, Sr. Presidente.
Não convoque mais esta Assembleia para essa discussão. A menos que todos os 94 deputados tenham a coragem, a hombridade, a dignidade de vir aqui, e dar o seu voto, como alguns estão fazendo aqui, de peito aberto.
O
SR. WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - PARA
COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu acompanhei um pouco da fala da deputada Monica
da Mandata Ativista.
Quero dizer a ela que, ontem, no
momento que eu estava presidindo a sessão, ela estava importunando o plenário.
Ela, que é uma pessoa que se diz muito regimentalista, acho que ela tem que
olhar o Art. 18 do Regimento Interno, que diz assim: “São atribuições do
Presidente, além de outras expressas neste Regimento.
I – quanto às sessões da Assembleia:
j) convidar a deputada ou o deputado
para retirar-se do recinto do Plenário, quando perturbar a ordem;”
É o que V. Exa. faz, sempre, várias
vezes. Mas, no momento que eu estiver ali, [Expressão suprimida.],
porque não vou permitir que V. Exa. perturbe a ordem desta Assembleia.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA -
PSOL - Não
vai calar a minha boca. Não vai calar a minha boca.
O
SR. WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Vou, sim. Vou.
Se eu estiver de presidente, eu vou. (Vozes sobrepostas.) Porque V. Exa.
perturba a ordem, como está perturbando agora, como perturba. Espera a sua
hora. Espere o seu momento.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Desliga o
microfone da deputada Monica até terminar essa comunicação. Agora a senhora
pode falar. Depois que ele terminar de falar, a senhora fale. Aqui, bater boca,
a senhora não vai. Bater boca, a senhora não vai. Não sou machista.
A senhora tem que ter respeito pelas
pessoas. Só isso. A senhora não tem direito de falar agora. A senhora conhece o
Regimento? Não? Então a senhora não pode falar. A palavra está com o deputado.
O
SR. WELLINGTON MOURA - REPUBLICANOS - Ela tem que
ler essa parte, Sr. Presidente. Então, digo novamente. Convido V. Exa. a se
retirar do plenário. Vou convidar todas as vezes, quando V. Exa. quiser
perturbar a paz de qualquer deputado, ou a fala de qualquer deputado. Então,
machista, não. É respeito, que V. Exa. não tem aos deputados. A senhora merece,
aqui, vai ter respeito. Comigo, vai ter.
[Expressão suprimida.].
Muito obrigado, Sr. Presidente.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL -
Agora eu posso?
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Eu não sei. A
senhora quer o quê?
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Uma
comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, é
regimental uma comunicação, deputada.
A
SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - PARA
COMUNICAÇÃO - Obrigada, presidente. Primeiro: fica explícito aqui que o Douglas
recorrentemente incorre em fake news. Eu disse que ele me disse que ia me retirar
do plenário. E o Douglas disse que não. Ter alguma doença emocional é muito
diferente de ser desonesto. Fake news não passarão.
Segundo: estava acontecendo um caso de
transfobia e fala fora do tema, motivo pelo qual os senhores me perseguiram
hoje - ou tentaram - o dia inteiro. Eu pedi uma questão de ordem, e é
regimental.
O trabalho do presidente é colocar
ordem. Se o senhor faz vistas grossas a crime, eu não sou obrigada. Tem muito
mais atenção - repito - ao meu grito contra o machismo do que às violências e
crimes cotidianos que acontecem nessa tribuna.
Sabe por quê? Porque os senhores são
todos iguais. E eu volto a dizer o que eu disse ontem: não passarão. E não vão
calar a minha voz, porque eu fui eleita.
O
SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não,
deputado Gil Diniz.
O
SR. GIL DINIZ - PL - Havendo acordo entre
as lideranças, como foi acordado, presidente, entre as lideranças, pedir o
levantamento da presente sessão extraordinária.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Se houver
acordo de todos os líderes...
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Sim, há acordo.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Antes, porém...
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Queria só fazer uma
comunicação antes do levantamento da sessão. Só uma rápida comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sim, se for
uma...
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Eu
queria repudiar veementemente a fala do deputado Wellington Moura, Sr. Presidente.
Inacreditável que um deputado venha aqui ao microfone, na Assembleia
Legislativa, dizer que vai colocar cabresto na fala da deputada Monica Seixas.
Isso aí é execrável, inadmissível,
deputado... Cadê o deputado? Acho que ele não está mais aqui. Onde está ele?
Deputado Wellington Moura, V. Exa. tem que no mínimo se retratar. Deputado
Carlão Pignatari, presidente...
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pode terminar,
e nós vamos encerrar depois dessa fala.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Foi um comportamento
execrável...
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não, não,
deputado Douglas, por favor. Por favor, deputado Douglas, me ajude.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Machista e covarde,
porque fala isso com a mulher. Colocar cabresto, Sr. Presidente. Nem V. Exa.
pode permitir que um deputado diga isso. Colocar cabresto na fala de uma
parlamentar eleita com voto popular. Isso é um absurdo total; é vergonhoso.
Isso queima ainda mais a imagem da
Assembleia Legislativa de São Paulo. Então, queria que ele se retratasse; que
ele tivesse a hombridade de fazer uma retratação pública por esse comportamento
machista, deplorável e execrável.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputado.
O
SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr.
Presidente. Trinta segundos.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não, por favor.
Está encerrado o pela ordem. Por acordo de lideranças, já está suspensa. Só quero
pedir desculpa à deputada Monica Seixas e pedir que se retire dos Anais desta
Casa a palavra “cabresto” ou “tapa-boca”, enfim. Me desculpa, deputada Monica.
Não é esse o pensamento da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Dizer às deputadas e deputados que
estamos desconvocando a segunda sessão extraordinária, e esse projeto será
pautado na próxima terça-feira. Vamos pedir anuência aos deputados: eu acho que
as pessoas...
O deputado Barros falou uma coisa que é
muito séria aqui: as pessoas têm que vir aqui e votar “sim”, “não” ou
“abstenção”. Ficar escondido nos gabinetes e não querer aparecer é muito ruim
para qualquer um dos deputados.
As pessoas têm que vir aqui. Votem
“não”, votem “sim” ou votem “abstenção”. Não é possível. Têm o direito de
obstruir; a obstrução faz parte do Regimento. As pessoas podem concordar...
As pessoas que estão votando não
concordam com o que o deputado Frederico d'Avila fez aqui. E não é
possível isso na Assembleia Legislativa de São Paulo. Vocês me desculpem. Você
chamar alguém de canalha, de safado - isso não é possível na Assembleia
Legislativa de São Paulo. Me desculpem, isso não é possível.
Então, quero pedir a todos que, para a
próxima terça-feira, nós iremos pautar novamente esse projeto. Não terá Colégio
de Líderes na segunda, não será necessário. Então, na próxima terça, que a
gente faça isso; ou talvez não votaremos mais, mas eu acho que nós temos que
votar “sim”, votar “não”, votar “abstenção”. As pessoas não estão vindo, estão
fugindo. Isso não é possível mais aqui.
Eu acho isso inadmissível, qualquer
homem público que não venha em uma sessão para tomar uma decisão tão
importante, mesmo que venha aqui para votar contra o Conselho de Ética,
deputado Maurici.
Não há problema. Mas que venha aqui.
Venha aqui e diga assim: “eu sou contra o que o Conselho de Ética definiu.”
Pronto, mas não façam... Isso é muito ruim.
Novamente pedir à deputada Monica
desculpa, e dizer que está levantada a presente sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 17 horas e 50 minutos.
*
* *