7 DE JUNHO DE 2022

53ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: EDNA MACEDO e MAJOR MECCA

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDNA MACEDO

Assume a Presidência e abre a sessão. Cumprimenta os alunos presentes na Casa.

 

2 - MAJOR MECCA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

3 - CORONEL TELHADA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

4 - MAJOR MECCA

Assume a Presidência.

 

5 - LECI BRANDÃO

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

6 - MAURICI

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

7 - CORONEL TELHADA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

8 - MAURICI

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

9 - CORONEL TELHADA

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

10 - CORONEL TELHADA

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

11 - PRESIDENTE MAJOR MECCA

Comenta a situação da Cracolândia. Defere o pedido do deputado Coronel Telhada e convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 08/06, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Lembra a realização da sessão extraordinária, a realizar-se hoje, às 16h30min. Levanta a sessão.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Edna Macedo.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Antes de chamar os oradores inscritos, eu gostaria de saudar os alunos da Escola Municipal de Educação Fundamental Professor Jorge Americano, do bairro Chácara Santa Maria, Capão Redondo, cidade de São Paulo. Sejam todos muito bem-vindos. A Casa é de vocês.

Passemos aos oradores inscritos no Pequeno Expediente. Com a palavra o nobre deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Castello Branco. (Pausa.) Com a palavra o deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Major Mecca. Tem V. Exa. o tempo regimental.

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sra. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, todos que nos acompanham pela TV Alesp, alunos da Escola Municipal lá de Capão Redondo. Deixem colocar meus óculos, deixem eu ver se consigo ver o que está escrito. Nossa, estes meus óculos são para perto... O que está escrito? (Vozes fora do microfone.)

Isso tem todo o nosso apoio. Realmente, o que o Governo do Estado de São Paulo fez em relação às alíquotas previdenciárias foi um confisco, foi um roubo, e tem o nosso apoio aqui nessa Casa Legislativa. Eu já fiz uma manifestação aqui da tribuna recentemente, como nós sempre fazemos.

A Assembleia Legislativa é a Casa do povo. Quando o povo clama por alterações, modificações na legislação, nós temos que ouvir esse clamor da população do estado de São Paulo.

No caso em tela, as faixas estão abertas aqui na galeria da Assembleia Legislativa em relação ao decreto do Sr. João Agripino Doria, que elevou a alíquota previdenciária dos aposentados, dos funcionários públicos do estado de São Paulo.

Durante a pandemia, nós acompanhamos panos brancos nas sacadas dos apartamentos, agradecendo aos enfermeiros, aos técnicos de enfermagem, aos médicos, aos policiais, que não fizeram home office e permaneceram na linha de frente, defendendo a população de São Paulo. Nós precisamos agora materializar esse agradecimento, essa valorização e reconhecimento a esses profissionais através de leis aqui nesta Casa.

 Infelizmente, hoje a lei previdenciária prejudica os nossos aposentados, aquelas pessoas que prestaram um bom serviço ao povo do estado de São Paulo e hoje mal recebem para comprar seus remédios, mal recebem para ter o seu sustento e daqueles que estão em seus lares. Nós precisamos fazer justiça a essas pessoas aqui no plenário da Assembleia Legislativa, trazendo ao plenário a votação do PDL 22.

 Fica aqui o nosso apelo ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Carlão Pignatari. Presidente, traga a esse plenário a apreciação e votação dos deputados desta Casa conforme a vontade do povo do nosso Estado: a votação do PDL 22.

Uma das dificuldades, meus jovens que estão aqui nesta galeria, que nós temos no estado de São Paulo hoje, é a vontade política, que nós não encontramos, em ajudar as pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade.

Não há vontade política em se atender o clamor dessas pessoas. Pergunte a esses jovens lá no Campo Limpo, extremo Sul da cidade de São Paulo, do Capão Redondo, do Jardim Ângela, lá na Zona Leste, no Jardim Robru, lá na Zona Norte, no Jardim Damasceno, lá na Zona Oeste, no Jardim Helena. Porque eu conheço a periferia de São Paulo, que sempre foi abandonada pelo serviço público.

Pergunte se há um centro esportivo, cultural, que abra um espaço, deputada Leci, para que o jovem conheça a cultura, a música, para que ele possa ter um espaço, para que ele possa conhecer a música que ele quiser, seja funk, samba, sertanejo, mas que ele tenha acesso a um cinema, a um teatro. Nós não temos isso nas periferias de São Paulo.

Nós não temos, ao menos, nos hospitais públicos, atendimento digno aos nossos trabalhadores, para que um trabalhador mais humilde, para que um frentista, um porteiro, que está lá no seu condomínio, quando ele tem alguém da família doente, ele possa ter um atendimento médico digno ao trabalho que ele presta ao povo de seu estado. Não tem.

E a mesma coisa na Segurança Pública, com os policiais. Os operadores de Segurança Pública em São Paulo abandonados pelo Governo do Estado.

Muito obrigado pela tolerância no tempo, presidente. A gente retorna para dar continuidade. Muito obrigado. Esta Casa é do povo, e precisa ser, literalmente. Porque, infelizmente, hoje, não é.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Com a palavra a nobre deputada Janaina Paschoal. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Carla Morando. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Coronel Nishikawa. (Pausa.) Nobre deputado Gil Diniz. (Pausa.) Nobre deputado Jorge Lula do Carmo. (Pausa.) Nobre deputado Coronel Telhada. Tem V. Exa. o tempo regimental.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Sra. Presidente Edna Macedo, Sras. Deputadas e Srs. Deputados aqui presentes, assessores e funcionários, nossas policiais e nossos policiais militares, obrigado pelo trabalho das senhoras e dos senhores, público aqui presente, sejam bem-vindos, e a todos que nos assistem pela Rede Alesp.

Eu quero começar a minha fala aqui de hoje, Sra. Presidente, dizendo da nossa visita ao nosso amigo, o delegado Dr. Nico, que hoje é o DGP, é o delegado-geral de Polícia.

Nós estivemos no gabinete dele ontem, onde nós fomos parabenizá-lo pelo serviço que ele vem prestando à frente da Polícia Civil, um serviço de muita atuação e muita transparência. Tem feito a diferença no comando da Polícia Civil.

Então, um abraço ao amigo, Dr. Nico, e, em nome do investigador Paulo, que chegou aqui agora também, saúdo a todos demais policiais civis. A Polícia Militar ontem divulgou alguns números das ações ocorridas nesse primeiro semestre de 2022. Então, só para vocês terem uma ideia, isso aqui...

No estado de São Paulo foram 7,8 milhões de chamadas no “190”, 53 toneladas de drogas apreendidas, 47 mil pessoas presas, 2.800 armas apreendidas - quase três mil armas - e 16.600 veículos apreendidos, veículos recuperados, que foram produto de roubo ou de furto. Esses são alguns números da Polícia Militar.

Também ontem a Polícia Militar, os patrulheiros do 49 BPM/I, Batalhão de Polícia Militar do Interior, lá em Jundiaí, eles tiveram uma excelente ocorrência, onde salvaram a vida de uma menina de 17 dias, a pequena Maitê.

Eles estavam no patrulhamento na cidade de Jundiaí e foram solicitados por uma mulher desesperada pedindo socorro, pois a filha havia se engasgado com leite materno e estava desfalecida. De imediato, os policiais fizeram a manobra de Heimlich e a bebê voltou a respirar.

Então, parabéns a esses dois policiais que salvaram a vida dessa criança de 17 dias. São ações normais do dia a dia da polícia, mas que muitas vezes não chegam ao conhecimento da população, esse trabalho maravilhoso que a nossa Polícia Militar executa, a Polícia Civil, as Guardas Municipais, enfim, todos os homens e mulheres da nossa Segurança Pública.

Também uma ocorrência aqui, nesse caso do Tático Ostensivo Rodoviário, do TOR, lá em Jundiaí também: o pessoal do TOR, eles estavam em patrulhamento e prenderam dois criminosos dentro de um veículo na tarde de domingo da Rodovia dos Bandeirantes.

Durante essa vistoria, foi apreendido o valor de 887 mil reais em dinheiro em espécie. Os indivíduos abordados foram encaminhados à Polícia Federal de Campinas. Então, não só drogas, como muito dinheiro é apreendido diariamente pela Polícia Militar. A polícia tem agido forte e trabalhado, apesar do salário irrisório, apesar da pouca consideração do Governo do Estado com a polícia.

Tenho feito apelos diários ao nosso governador Rodrigo Garcia para que olhe com mais carinho para as polícias. Não faça o mesmo que o seu antecessor, o famigerado Doria, fez com a Segurança Pública e com todo o funcionalismo.

Ele simplesmente arrebentou o estado de São Paulo. Então, governador Rodrigo Garcia, olhe com carinho o seu funcionalismo, porque somos nós que fazemos o estado de São Paulo funcionar.

Não só em São Paulo temos tido problemas, mas também ontem em Pernambuco tivemos a morte de um jovem policial militar de 35 anos de idade, o soldado Adriano Raimundo da Silva, em uma ocorrência com outros dois policiais militares.

Eles estavam perseguindo duas mulheres que estavam em uma moto fazendo manobras perigosíssimas, colocando em risco a vida dos transeuntes, e, na tentativa de abordar essas mulheres na motocicleta, a motocicleta do soldado Adriano acabou batendo em uma van que cruzou o caminho dele. Ele foi socorrido, pois isso foi no sábado, e infelizmente ontem ele veio a falecer.

As duas mulheres foram detidas e conduzidas à delegacia de Santo Antão, também na Zona da Mata, em Pernambuco, mas, como sempre, a gente sabe, elas vão responder em liberdade.

Ou seja, por causa dessas duas mulheres que estavam cometendo uma infração gravíssima, esse menino, esse policial militar morreu, mas elas já estão em liberdade, porque o que interessa a vida de um cidadão, o que interessa a vida de um policial militar? Nada.

Então, a realidade é essa. A vida nossa, a vida do trabalhador a cada dia vale menos, não só em ocorrências policiais, em crimes, mas em acidentes de trânsito. Vemos ainda pessoas dirigindo embriagadas, pessoas cometendo absurdos no trânsito e isso tem gerado muitas mortes e ninguém tem feito nada. “Tudo como antes na terra de Abrantes.” Ninguém muda. Continua a mesma pouca vergonha no Brasil.

Quero saudar os alunos que vieram nos visitar hoje. E sobre o PDL 22, esse confisco, contem conosco, viu? Estamos fazendo um apelo diário ao nosso presidente para que dê atenção ao PDL 22, para que venha à votação neste plenário.

Já passou da hora. Eu não sei porque os deputados estão com medo de votar esse PDL. Se a maioria for “não”, votem “não”, mas tenham a coragem de vir aqui e colocar o seu voto na mesa. É uma coisa absurda. Contem com o nosso apoio e tenham a certeza de que estamos à disposição dos senhores e das senhoras.

E também, mais uma vez, ontem um deputado esteve aqui e até se posicionou contra a minha postura da internação compulsória dos drogados da Cracolândia. Eu vou repetir: é a única solução para resolvermos o problema da Cracolândia.

E nós temos, repito mais uma vez, a Fazenda São Roque, em Franco da Rocha, abandonada, sendo dilapidada, com inúmeros funcionários precisando trabalhar e com espaço disponível que não está sendo aproveitado.

Eu falo mais uma vez: creio que é uma situação de especulação imobiliária, onde estão querendo se desfazer daquele belo local que poderia servir de tratamento para pessoas com problemas de dependência química, mas não, estão pensando em outras atividades mais lucrativas, diga-se de passagem.

Então, a população sofre, as pessoas continuam nas ruas e se tivéssemos essa internação compulsória com certeza teríamos a criação de muitos trabalhos também; muitas pessoas poderiam trabalhar e sustentar suas famílias. Basta querer.

O que a gente nota, como foi dito aqui, é a má vontade das pessoas do Executivo; é a má vontade de alguns deputados, de vereadores, que não querem trabalhar pela população, querem trabalhar em causa própria.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Major Mecca.

 

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E agora, na época de campanha, todo mundo vem aqui pagar uma de gatinho, fazer que está do lado da população, mas nós acompanhamos nesses últimos sete anos e vemos que a história não é bem assim não.

É só acompanhar a vida de cada um e nós sabemos que nós aqui lutamos pelo direito do cidadão. Nós queremos o cidadão de bem privilegiado, guardado e valorizado. Essa é a nossa intenção. Então continuaremos a trabalhar diariamente por causa disso.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Desculpe-me pelo tempo excedido.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Dando sequência à lista de oradores inscritos neste Pequeno Expediente, chamo o deputado Tenente Nascimento. (Pausa.) Deputada Leci Brandão, tem V. Exa. o tempo regimental para uso da tribuna.

 

A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Exmo. Sr. Presidente Major Mecca, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste pela nossa TV Alesp, meus queridos companheiros que estão aí com suas faixas falando sobre o PDL 22, que há tanto tempo está sendo discutido nesta Casa...

O deputado Carlos Giannazi, que é uma das pessoas que teve a iniciativa desse PDL, sabe da nossa posição. E também comunicamos que somos sempre a favor da votação desse PDL, mas não entendemos realmente - como disse agora o Coronel Telhada e também o Major Mecca - o porquê que isso aí não vai para frente, não progride.

É lamentável. É lamentável mesmo porque num momento em que a imprensa tem falado constantemente sobre a questão da Casa, que a Casa está parada - a Assembleia Legislativa tem sido muito criticada por causa dos interesses próprios e não os interesses do povo -, a gente tenha que ficar batendo nessa tecla todos os dias.

A gente precisa que a população do estado de São Paulo olhe com bastante atenção para quem está interessado em que a Casa ande, para quem está interessado em que nada progrida aqui. Isso é fundamental. Todas as pessoas que foram eleitas pelo povo de forma democrática têm uma missão aqui dentro, que é a de atender as solicitações, os anseios do povo do estado de São Paulo.

Por isso eu até agradeço, porque a turma que estava aí antes já levantou, já foi embora, mas agradeço a presença dos senhores aí. Muito obrigada e continuem lutando, porque é só assim que a gente consegue colocar a democracia em ordem, porque democracia é isso aí.

É a gente respeitar todo e qualquer parlamentar que se coloca aqui para falar de coisas sérias, para defender o que ele tem obrigação de defender. Não estamos fazendo favor a quem quer que seja.

Eu quero aproveitar para parabenizar os jornalistas, porque hoje é o Dia da Liberdade de Imprensa. E a gente fica observando o quanto vários jornalistas têm sido ameaçados e são constantemente criticados porque colocam assuntos que nem sempre interessam para o “desgoverno”; e eles colocam esses assuntos nas suas revistas, nos seus jornais, enfim.

E queria mandar o meu abraço fraterno e o meu cumprimento pela liberdade de imprensa. Sem liberdade de imprensa, a gente não pode exercer a democracia. E termino, Sr. Presidente, dizendo que eu gostaria de que hoje nós pudéssemos resolver o problema na sessão ordinária que vai acontecer mais tarde, porque precisamos resolver esse problema.

Afinal de contas, tem uma questão séria para ser decidida nesta Casa e eu não sei por que na hora dessa votação não há quórum. Eu acho que é uma vergonha para a Casa. É uma vergonha para a Assembleia Legislativa não darem quórum para determinados assuntos.

Eu sei o que é isso porque quando a gente fez aqui o projeto de lei que acabou não se tornando lei, que era a questão do despejo, eu passei por esse processo. Não tinha ninguém aqui no plenário para poder dar uma votação que pudesse pelo menos ter uma vitória.

E não era uma vitória minha, era uma vitória do povo. Mas um dia essas coisas vão mudar. A gente espera sinceramente que mude a consciência das pessoas, que as pessoas entendam que tudo pode se resolver, depende da boa vontade. Muito obrigada a todos. Fiquem com Deus.

Obrigada, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado, deputada Leci Brandão. Dando sequência à lista de oradores inscritos, chamo a deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputada Valeria Bolsonaro. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputada Leticia Aguiar. (Pausa.) Deputado Adalberto Freitas. (Pausa.) Pela lista suplementar, deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado Castello Branco. (Pausa.)

Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Deputado Sargento Neri. (Pausa.) Deputado Maurici. Tem V. Exa. o tempo regimental para o uso da tribuna.

 

O SR. MAURICI - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que aqui nos acompanha, eu vim aqui à tribuna hoje, estive aqui ontem, e eu queria hoje fazer basicamente duas ações.

A primeira é resgatar a minha fala ontem a respeito da posição do governo estadual e do governo federal em relação às áreas que sofreram deslizamento em Franco da Rocha nas últimas chuvas.

Eu disse aqui, quero reafirmar, que, nem o governo estadual, nem o governo federal, colocou um real sequer na recomposição da área que deslizou na acomodação das pessoas que ficaram desabrigadas ou daquelas que por força da necessidade de demolir suas casas deverão ser abrigadas. É verdade, sim, que o Governo do Estado destinou dois milhões de reais para a limpeza da área. Mas limpar a área não é suficiente.

É necessário mais do que isso. É necessário investimentos em habitação social e contenção de encostas e áreas de risco, em contenção de áreas de alagamento em Franco da Rocha, em Francisco Morato, no Embu das Artes, no Taboão da Serra, em toda a periferia da Grande São Paulo e na própria Capital.

E o governo precisa acordar para isso. Mas quero também reafirmar minha posição de que eu sou contra o encarceramento de população que precisa de tratamento de saúde.

Quero repudiar a declaração do Coronel Telhada, deputado Coronel Telhada, meu colega deputado, pessoa que eu respeito muito. Mas quero dizer o seguinte: eu não tenho nada contra a posição dele com relação a encarcerar as pessoas, embora eu ache incorreto. Se ele quiser defender essa posição, que a defenda. Agora, que ele encontre um outro lugar para encarcerar essa população, porque Franco da Rocha, não.

Não é verdade que isso vai contribuir para o desenvolvimento daquela região. Não é verdade que quem defende a duplicação da Tancredo Neves e da Máximo Gorki está trabalhando com especulação imobiliária. Isso não é verdade.

Eu recomendo ao colega que, se quiser, dialogue mais de perto. Pode ser comigo, pode ser com o prefeito de qualquer uma daquelas cidades, pode ser com os amigos comuns que nós temos lá. Mas, por favor, não cometa a leviandade de prejudicar aquela região onde o senhor teve quatro mil votos em função de uma posição completamente descabida.

Falta informação na sua outra palavra aqui, Coronel Telhada, me desculpe. O senhor sugeriu que levasse para o Juqueri, manicômio judiciário que já não existe faz décadas, o senhor sabe disso.

Ou seja, o senhor manifestou uma completa desinformação. Quero crer que seja só desinformação, e não descaso e má-fé com a população do meu município. Eu não tenho monopólio de votos, mas a cidade onde eu nasci, onde eu cresci, onde moram as pessoas com as quais eu aprendi a conviver e a gostar.

Acho um absurdo o senhor vir aqui falar que alguém está pagando de gatinho. Ninguém está pagando de gatinho, e nem de tigrão.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado, deputado. Dando sequência à lista suplementar do Pequeno Expediente, deputado Coronel Telhada. Tem V. Exa. o tempo regimental para uso da tribuna.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Retorno a essa tribuna após as palavras do prezado deputado Maurici, que ontem já veio à tribuna aqui e não sei por que está preocupado com meu número de votos em Franco da Rocha. Achei interessante isso, deputado Maurici.

Vossa Excelência é um parlamentar muito conhecido, aliás foi prefeito na região, conhece muito bem a região, tem um trabalho forte na região, respeitado, aliás, e não sei por que está preocupado com meus votos, estou incomodando as pessoas, eu não entendo por quê. O senhor veio aqui e me chamou de mentiroso, leviano.

Eu jamais me referi a V.Exa. dessa maneira, jamais o faria. Não, fez, fez: falou “é mentira”, o senhor está nervoso, o senhor falou agora, “falou tal coisa, é mentira, falou tal coisa, é mentira, está sendo leviano”.

Deputado, eu jamais falei com V.Exa. dessa maneira. Aliás, respeito muito e admiro o seu trabalho. Causa-me estranheza essa postura, e se o senhor não concorda com meu ponto de vista, é um direito de V.Exa., mas vá um dia na Cracolândia, passe uma noite lá, como eu passei dois anos.

O senhor vai ver lá mulheres de 70 anos e meninas de 10 anos se prostituindo por 10 reais, um negócio feio. E o senhor vai ver muitas ONGs lá mantidas por pessoas que eu não sei quais são os interesses, mas que, no meu entendimento, lucram com aquela desgraça, porque fazem questão que essas pessoas continuem na rua. Aliás, há mais de 30 anos e nenhum problema é dado a isso.

E eu, diariamente, aliás há anos venho a essa tribuna dizer da internação compulsória. Afirmo isso, não há outra solução. Qualquer outra solução é enxugar gelo. Não existe; a única solução que existe para a Cracolândia é internação compulsória. E o único lugar disponível hoje, sim, é o Juqueri, que não existe. Vamos retomar, porque aquela área é maravilhosa. Vamos reformar aquela área. Por que não?

O senhor aqui outro dia veio falar da Fazenda São Roque, que o senhor sabe que está sendo dilapidada, um trabalho que foi reformado. O senhor sabe. O senhor fez, inclusive, indicação ao governo pedindo providência, como eu fiz também.

Nós fomos procurados pelos funcionários da Casa, no sentido de que não sabem para onde vão, porque está havendo um desmanche, um desmonte no local. E é um local que teria condições de tratar de pessoas que precisam ser tratadas. Tem funcionários, tem local, tem condições, e outra, criaria outras... abriria novas frentes de trabalho, que é necessário para todo mundo.

Então não entendo por que o senhor está me colocando contra Franco da Rocha, que aliás é um lugar que eu considero muito, e aliás estou pensando numa solução ótima para todos: para quem está na rua largado, para quem for trabalhar com essas pessoas e para as famílias dessas pessoas. Eu não sei por que a exaltação do senhor com referência a minha pessoa. Eu não estou entendendo.

A minha pretensão aqui jamais é trazer problema para isso, e o senhor sabe disso. Jamais traria problema para ninguém. A minha pretensão é achar uma solução para pessoas que estão morrendo na rua, pessoas que estão abandonadas pelo serviço público.

Ontem o prefeito fez aí uma declaração. Ótimo, o prefeito está preocupado, espero que o governador também esteja. E, sim, eu entendo como aquele local sendo um local adequado, nós temos lá. O senhor sabe das condições ótimas de se restabelecer.

Vai gastar dinheiro? Vai, mas vamos investir, gente, qual o problema nisso? Nós investimos em cada absurdo no estado de São Paulo. O que nós vimos ser jogado fora pelo governo Doria durante essa pandemia. Na área de Saúde, é assustador. Nós teríamos condições de ter feito um local maravilhoso para tratamento de pessoas.

Agora, se Franco da Rocha não quer, Caieiras não quer, Catanduva não quer, Rio Preto não quer, vamos deixar as pessoas na rua então. É isso. Pode ser no meu bairro, Freguesia do Ó. Mas que é isso, deputado, estou estranhando o senhor, deputado, o senhor falar comigo assim, para eu levar para minha casa.

Mas o que é isso, deputado? O que é isso, deputado? Não é do feitio de V.Exa. essa postura, está me causando estranheza, de verdade, de verdade. Causa-me estranheza essa condução do nosso diálogo aqui. Causa-me estranheza.

Se na Freguesia do Ó houver um local adequado, clamarei para que se leve para um local adequado onde essas pessoas sejam tratadas. E se o senhor tiver uma solução melhor, por favor, apresente, mas não venha aqui, por favor, me chamar de mentiroso, porque eu não sou.

Sou um homem de 60 anos, avô de quatro netos, eu não sou mentiroso, e não sou leviano. O senhor pode até não concordar com a minha postura. É um direito que lhe cabe, mas meça as palavras, porque eu jamais falei com V.Exa. e jamais falarei com outro deputado assim.

E quando eu falei pagar de gatinho, vou falar uma verdade, não pensei no senhor, porque eu conheço o seu trabalho. Mas o senhor sabe que têm pessoas que não vêm aqui nunca e chega nessa época, correm atrás de voto. Eu não estou falando do senhor, o senhor sabe disso, que eu não penso assim de Vossa Excelência. Já lhe disse isso.

Agora, causa-me estranheza, em público, essa postura de V. Exa. com relação à minha pessoa. Já o fez ontem, eu não citei nomes, jamais citaria nomes, mas me chamar de mentiroso? Leviano? E entender que eu estou querendo prejudicar uma região? Não é do meu feitio isso.

Tenha certeza de que a minha postura e conduta aqui é achar uma solução para esse problema que praticamente há mais de quatro décadas fere o nosso Estado. Milhares de pessoas morreram nas ruas, eu vi isso, eu vi.

Eu conduzi pessoas para o distrito, eu conduzi pessoas para o pronto-socorro, eu fiz o diabo naquela área lá. Mas é uma situação que só a internação compulsória vai resolver.

Muito obrigado, desculpe o tempo excedente, Sr. Presidente.

 

O SR. MAURICI - PT - Uma comunicação, Sr. Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Tem uma comunicação, deputado Maurici.

 

O SR. MAURICI - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Eu quero primeiro dizer o seguinte: uma pessoa leviana não é uma pessoa necessariamente mentirosa, é uma pessoa que não mede os seus argumentos. Eu acho que o colega deputado Coronel Telhada não mediu os seus argumentos ao fazer o pronunciamento que fez. Jamais o chamaria de mentiroso.

Ser mentiroso é um problema de caráter, e o Coronel não tem problema de caráter. Pode ter algum problema com o léxico, não entendeu o significado das palavras e aí fez uma confusão aqui que eu acho que é inoportuna.

Agora, de novo, Coronel: eu lamento muito, mas muito mesmo, que o senhor não tenha conhecimento do que é a Fazenda São Roque, do que são os 280 alqueires de área que têm lá, do que é o Hospital do Juqueri e do que está sendo feito lá.

O senhor poderia consultar os inúmeros amigos que o senhor tem lá. Aliás, eu não estou preocupado com os seus votos não. Eu só faço votos que eles cresçam. O único voto que eu não posso fazer ao seu favor é o meu. Mas os demais todos, eu farei com prazer. O que eu estranho é que o senhor tem tantos amigos naquele lugar que poderia se informar melhor.

Se o senhor soubesse, por exemplo, que boa parte dessa área que o senhor se refere do Hospital do Juqueri não é mais o Hospital do Juqueri; é o Parque Estadual do Juqueri. Boa parte dela é um conjunto arquitetônico que está sendo restaurado. Uma outra parte é colocada para projetos habitacionais.

Se o senhor se referia aos estabelecimentos penais, por exemplo, ao antigo manicômio judiciário, onde está hoje o regime semiaberto, pode ser. Agora, qual a solução? O que faz com quem está lá no semiaberto? Transfere para onde?

E quero te fazer um apelo, que já fiz ontem aqui: se o senhor puder somar à preocupação efetiva com os funcionários que estão lá na Fazenda São Roque, vai nos ajudar a pressionar o Governo do Estado para que declare a sua intenção de transferi-los.

Porque se ele fizer isso, vai permitir que aqueles servidores possam se defender da ação do Governo do Estado. Quanto à utilização da área, de novo, o que eu já disse ontem, Coronel: em vez da gente dar sugestões sobre aquilo que a gente não conhece direito, para resolver um problema que aquela comunidade nem tem a ver com isso, ouvir a comunidade local me parece muito mais útil. E eu apelo ao senhor, com o seu bom senso, que faça isso.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Pela ordem, Sr. Presidente. Uma comunicação?

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Para uma comunicação, deputado Coronel Telhada.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - PARA COMUNICAÇÃO - Pois não. Só queria informar ao deputado Maurici que realmente eu tenho sido procurado pelos funcionários.

Já fiz essa solicitação ao governador quanto à solução aos funcionários que estão apavorados com a situação, porque há um desmonte no local, e isso nos traz não só preocupação, como uma certa dúvida de quais são as intenções para o local.

Continuo afirmando, deputado, apesar do ponto de vista do senhor ser contrário - o que é normal, faz parte da democracia nós não concordarmos - que lá seria um local adequado.

Eu preciso achar uma solução, porque eu sou cobrado todo dia. Aliás, desde 2008, quanto ao problema da Cracolândia, eu venho batendo na mesma tecla: internação compulsória e nós precisamos de um local para tratamento.

O senhor falou que eu poderia levar até minha casa. Se eu tivesse uma casa do tamanho de Juqueri, eu levaria. Mas eu não tenho. A minha casa é pequena, deputado, a minha casa mal comporta a minha família.

Eu não vou falar o mesmo para o senhor, porque eu acho que seria falta de educação da minha parte fazer isso. Mas aqui eu estou procurando e preciso de parceiros sim, nós retomarmos aquela área que o senhor falou que era do semiaberto.

Ótimo, podemos ampliar aquilo, podemos melhorar aquilo, podemos reformar aquilo que estava em um estado de abandono terrível. Aliás, uma área de Ramos de Azevedo, já que eu não conheço a área, né?

Mas é uma área de Ramos de Azevedo, uma área que, infelizmente, foi usada ao longo dos anos para os problemas psicológicos, mas hoje nós temos um novo problema que se chama Cracolândia.

A pessoa dominada por um vício. Precisa de uma solução. Nós temos que achar essa solução. Aliás, não é só de São Paulo. Em São Paulo, nós temos viciados de todos os municípios e de todos os estados. Então, não é um problema de São Paulo.

E confirmo que se de repente nós tivéssemos lá a retomada desses serviços, com certeza seriam abertas as novas frentes de trabalho, que ajudariam a população local. Então, eu tenho bastante informações do local também; é que nossas informações são de pessoas que pensam diferente.

Então, o senhor não pode - repito mais uma vez - me acusar de disléxico nem de que eu não estou entendendo as palavras...

 

O SR. MAURICI - PT - O senhor de novo não entendeu o léxico...

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Léxico, perdão. O senhor não entendeu o léxico... Mas o senhor me chamou de mentiroso. Tenho certeza de que nem com intenção. Não vou aqui brigar aqui com o senhor, porque eu não sou disso. Mas o senhor falou essas palavras, falou que eu sou leviano quando digo essas coisas.

No meu entendimento, leviano é uma palavra pesada. Eu lembro que quando eu era vereador uma vez... (Vozes sobrepostas.) Não, deixe-me só comentar. Eu era vereador aqui em São Paulo, e um vereador, em debate com uma vereadora do PT, falou que ela estava sendo leviana nas palavras dela. Ela entrou com uma representação na Comissão de Ética, dizendo que ela estava sendo comparada a uma prostituta.

Então, o senhor vê como essas palavras, dependendo da entonação, são acatadas. Então, uma palavra um pouco pesada para o nosso debate.

Então, deputado, eu respeito o seu ponto de vista, digo mais uma vez. Mantenho o meu ponto de vista. Vou continuar batendo nessa tecla da internação compulsória, da reforma do Juqueri, porque eu acho que é uma coisa que se perdeu desnecessariamente ao longo dos anos, e que a retomada ajudaria muito não só a região... Eu entendo que muitas famílias seriam salvas.

Tem pessoas, neste momento... Agora são 10 para as três, e tem gente abandonada nas ruas neste momento, clamando por um socorro, que este Estado não dá. Nós concordamos nisso. O Estado não dá, muitas vezes por falta de um local adequado. E nós precisamos achar esse local.

No meu entendimento, hoje, dia sete de junho, o melhor local seria a retomada dessa empresa, para que nós tentássemos salvar mais vidas.

Muito obrigado, deputado.

 

O SR. MAURICI - PT - A população de Franco da Rocha agradece.

 

O SR. CORONEL TELHADA - PP - Obrigado. Após conversarmos aqui, solicito de V. Exa. que sejam levantados os presentes trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado, Srs. Deputados. Todos nós sabemos que o problema da Cracolândia, que na verdade, hoje, na cidade e no estado de São Paulo, são as Cracolândias, né... Eu também trabalhei na área do 13o Batalhão, fui coordenador operacional.

E nós sabemos o desespero das famílias, em que permanecem pais e mães perambulando ao redor do fluxo, esperando o momento em que o filho saia de lá de dentro para que eles possam convencê-lo a voltar para casa.

E aqueles viciados entregues às mãos de traficantes, e a polícia se desdobrando para tentar ajudar essas pessoas, e não consegue, porque o problema não é somente de Segurança Pública. E nós esperamos que o governo do estado de São Paulo e a cidade de São Paulo tomem atitudes para resolver esse problema.

Eu também concordo que a internação compulsória, deputado Coronel Telhada, é a única alternativa, porque a pessoa que está lá, dependente das drogas, perde totalmente a capacidade de avaliação de cenário e de dignidade. Então, nós temos que fazer isso para a salvação deles.

Muito obrigado a todos. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia, lembrando-os, ainda, da sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos. Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 48 minutos.

 

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