6 DE JUNHO DE 2022
13ª SESSÃO SOLENE PARA CELEBRAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DE 40 ANOS
DO CENTRO ECUMÊNICO DE SERVIÇOS À EVANGELIZAÇÃO E EDUCAÇÃO POPULAR
RESUMO
1 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Assume a Presidência e abre a sessão. Anuncia a composição da
Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene para
"Celebração do Aniversário de 40 Anos do Centro Ecumênico de Serviços à
Evangelização e Educação Popular (Ceseep)", por solicitação deste
deputado, na direção dos trabalhos. Convida o público a ouvir, de pé, o
"Hino Nacional Brasileiro". Elogia os trabalhos realizados pelo
Ceseep em quatro décadas. Enaltece a ação ecumênica. Destaca a trajetória de Dom
Paulo Evaristo Arns, ex-arcebispo de São Paulo.
2 - JULIANA CARDOSO
Vereadora da Câmara Municipal de São
Paulo, faz
pronunciamento.
3 - CRISTIANE CAPELETTI PEREIRA
Pastora da Igreja Metodista e vice-presidente do Conselho
Latino Americano de Igrejas, faz pronunciamento.
4 - MAURÍCIO MORAES
Mestre de cerimônias, anuncia apresentação
da dupla musical Maria de Jesus e Neusinha.
5 - ANDRÉ ALCÂNTARA
Representante dos voluntários do
Curso de Verão do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação
Popular (Ceseep), faz pronunciamento.
6 - JAIR ALVES
Pastor evangélico, faz pronunciamento.
7 - MAURÍCIO MORAES
Mestre de cerimônias, anuncia
apresentação da dupla musical Maria de Jesus e Neusinha.
Padre da
Igreja Católica e coordenador geral do Centro
Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), faz pronunciamento.
9 - WAGNER LOPES SANCHEZ
Presidente do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e
Educação Popular (Ceseep), faz pronunciamento.
10 - PRESIDENTE EMIDIO LULA DE SOUZA
Faz agradecimentos gerais.
11 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA
Assume a Presidência. Tece comentários sobre o Centro
Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep).
12 - MAURÍCIO MORAES
Mestre de cerimônias, anuncia a exibição
de vídeo institucional do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e
Educação Popular (Ceseep).
13 - PRESIDENTE MONICA DA MANDATA ATIVISTA
Faz agradecimentos gerais. Anuncia a apresentação da dupla
musical Maria de Jesus e Neusinha. Encerra a sessão.
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* *
- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Emidio Lula de Souza.
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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - Senhoras
e senhores, boa noite. Sejam todos bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo.
Esta sessão
solene tem a finalidade de celebrar o aniversário dos 40 anos do Ceseep, o
Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação popular. Comunicamos
aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV
Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.
E a fim de dar
início à sessão de hoje, eu gostaria de convidar os integrantes da Mesa para
tomarem assento. Primeiramente, o deputado estadual Emidio de Souza, proponente
desta sessão. (Palmas.) Emidio, que também é presidente da Comissão de Direitos
Humanos aqui na Assembleia Legislativa. Queria convidar também a vereadora
Juliana Cardoso, representando a Câmara Municipal de São Paulo. (Palmas.)
Também Wagner
Lopes Sanchez, presidente do Ceseep. (Palmas.) Também o padre José Oscar
Beozzo, coordenador-geral do Ceseep. (Palmas.) E por fim, o pastor Jair Alves,
representante do segmento evangélico e coordenador estadual setorial
inter-religioso do Partido dos Trabalhadores em São Paulo. (Palmas.)
Passo agora ao
deputado Emidio para fazer a abertura oficial.
O SR. PRESIDENTE - EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Sob
a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta
Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene
atende a uma solicitação minha com a finalidade de celebrar o aniversário de 40
anos do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular, o
nosso Ceseep.
Convido todos
os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro
executado pela banda do Corpo Musical da Polícia Militar do estado de São
Paulo.
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- É entoado o
Hino Nacional Brasileiro.
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* *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - E
assim agradecemos à banda do Corpo Musical da Polícia Militar regida pelo
maestro, primeiro sargento da PM, Jesiel.
E agora passo a
palavra ao solicitante desta sessão, deputado estadual Emidio de Souza, para
que possa fazer as suas considerações.
O SR. PRESIDENTE - EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Boa
noite a todos, boa noite a todas. Eu quero primeiro cumprimentar o primeiro
sargento, PM Jesiel, maestro da banda do Corpo Musical da Polícia Militar.
Quero cumprimentar a minha querida amiga, companheira, vereadora Juliana
Cardoso, vereadora da Capital.
Quero
cumprimentar o ex-deputado Marco Aurélio de Souza, meu amigo, meu companheiro e
atualmente coordenador do Ceseep, também ex-prefeito de Jacareí. Cumprimentar
também o meu amigo ex-deputado federal, estadual e ex-prefeito de São José dos
Campos, Carlinhos Almeida. O Wagner Lopes Sanchez, presidente do Ceseep.
Obrigado, Wagner. A reverenda Cristiane Capeletti Pereira, vice-presidente do
Conselho Latino-americano de Igrejas.
Nosso estimado
padre José Oscar Beozzo, coordenador-geral do Ceseep. O pastor Jair Alves,
coordenador estadual do setor inter-religioso do PT. Solange Vicentini,
assistente de projetos da CDD Católicas “Pelo Direito de Decidir”. O André
Alcântara, representando os Voluntários do Curso de Verão. E eu cumprimento
também as cantoras aqui, a Maria de Jesus e a Neusinha.
Nesse 06 de
junho, em que celebramos aqui nesta Casa, a Casa do Povo de São Paulo, os 40
anos do Ceseep, eu queria, nesta noite especial, dizer que para mim é uma
alegria reencontrar amigos, encontrar pessoas, mas principalmente celebrar o
trabalho dessa instituição extraordinária e o serviço que ela presta.
Nesta noite
especial em que nós comemoramos os 40 anos do Ceseep, nós celebramos suas
quatro décadas dedicadas ao diálogo ecumênico e fraterno entre as igrejas
cristãs e o seu compromisso com a justiça social. Por isso, nesta noite, eu
queria falar de dois homens: de Paulo e de Francisco.
De Paulo, eu me
refiro a dom Paulo Evaristo Arns, cardeal metropolitano da igreja de São Paulo,
farol da igreja na luta contra a ditadura e na busca incessante por justiça
social. Uma referência na luta pelos direitos humanos na qual eu sempre
militei.
E o Ceseep é a
concretização desse ideal de dom Paulo, de uma construção ecumênica e evangélica,
que o Ceseep toma parte por meio de seus cursos de formação, que já atingiram
milhares de pessoas em diferentes países do mundo, mas sobretudo em nossa
sofrida América Latina.
Dom Paulo tinha
o ecumenismo e a justiça social como valores da fé. Após a morte do jornalista
Vladimir Herzog em uma cela do DOI-Codi aqui bem perto, na rua Tutoia, dom
Paulo juntou sua voz à do rabino Henry Sobel e do pastor presbiteriano Jaime
Wright para denunciar um dos mais emblemáticos casos de tortura e morte na ditadura.
Com o pastor
Wright, dom Paulo escreveu, mais tarde, o “Dossiê Brasil: tortura nunca mais”,
que ajudou a denunciar os horrores cometidos nos porões do regime militar.
Dom Paulo
mostrou que nós, seres humanos, sempre podemos achar pontos em comum, mesmo
quando estamos entre pessoas diferentes. Que podemos construir o bem comum
quando a gente se dispõe a encarar, juntos, grandes desafios. Desafios
necessários para a nossa humanidade.
O Brasil e o
mundo são muito diferentes daquele de 40 anos atrás. Mas os desafios não são
menores. A tolerância religiosa se torna uma pauta cada vez mais necessária,
toda vez que uma casa de religião de matriz africana é violada no Brasil.
Esta tribuna, por
exemplo, foi de onde partiram agressões criminosas contra a Igreja Católica, ao
papa Francisco, à CNBB e ao bispo de Aparecida, dom Orlando Brandes.
Além disso,
infelizmente, vivemos um tempo de instrumentalização política do nome de Deus,
para projetos de morte. Não é compatível com os valores cristãos uma agenda de
liberalização total das armas. Mais que se dizer cristão, é preciso ter amor ao
próximo e amor à vida.
É por isso que,
nessa noite de celebração dos 40 anos do Ceseep, eu lembro de Francisco, de São
Francisco de Assis, que pregava justiça social e a justiça ambiental, muito
tempo antes dessas agendas ganharem esse nome.
Em tempos de
emergência climática, a questão ambiental tornou-se central em nosso mundo. Até
porque os mais afetados pelas mudanças climáticas serão, justamente, os mais
pobres do mundo.
Aí também entra
a missão franciscana. Essa missão, que é o amor ao próximo, é também uma missão
de natureza ecumênica, de acharem interesses comuns entre tantas nações
diferentes, com o objetivo de cuidar do planeta, local onde todos nós
habitamos.
De buscar uma
agenda comum para reverter a fome, a carestia, a desigualdade que,
infelizmente, já são parte do nosso mundo, e que foram reforçadas pela pandemia
da Covid-19.
O Brasil padece
de uma grave crise social. E não podemos, simplesmente, ignorar a pobreza
extrema que se alastra por todas as cidades do País. Por isso, o diálogo poucas
vezes se mostrou tão necessário, nesses nossos dias convulsionados pela
radicalidade política.
Daí a importância
do Ceseep, entidade a qual o padre Beozzo tem conduzido de forma brilhante,
honrando a memória de dom Paulo e os ensinamentos de Sua Santidade, o papa, e
de São Francisco. Nessa noite de celebração, eu quero dar os meus parabéns e
desejar vida longa a essa instituição.
Eu quero também
celebrar a memória de dom Paulo e de São Francisco. É com as palavras desse
último que eu fecho essa minha fala. Que eles sejam sempre a referência para o
Ceseep. Assim eu lembro a Oração de São Francisco, que diz:
“Onde houver
ódio, que eu leve o amor.
Onde houver
ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver
discórdia, que eu leve a união.”
Viva os 40 anos
do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular. Vida
longa ao Ceseep.
Muito obrigado,
e boa noite. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES
- Na sequência, passamos a fala à vereadora Juliana Cardoso, representando a
Câmara Municipal de São Paulo. Pedimos a todos, se possível, brevidade nas
falas.
A SRA. JULIANA CARDOSO - Olá, boa noite
a todos, todas e todes, público que nos assiste também na TV Assembleia. São 40
anos de Ceseep. Para mim, que venho das comunidades eclesiais de base, da
Igreja Católica, teve uma importância e uma formação muito grandes.
Foi desses
cursos, dessa formação, dessas comunidades que a gente sempre pensava em fazer
a transformação social, a chegada das políticas públicas para uma sociedade,
uma comunidade, onde, muitas vezes, em Sapopemba, não se tinha nem o transporte
público.
Foi pelo Ceseep
e por outras tantas caminhadas que, hoje, fazem a minha formação política.
Minha formação política, enquanto militante de Direitos Humanos, enquanto
mulher, enquanto vereadora da cidade de São Paulo.
O Emidio coloca
aqui uma frase que também acontece lá na Câmara. Muito desrespeito, às vezes,
na questão da religião católica, com pautas que só são vinculadas ao ódio, ao
preconceito, à falta de perspectiva, de enxergar que as políticas públicas são
para ter um olhar para a nossa sociedade.
Então, quero
cumprimentar a todos e todas que fizeram parte dessa história, fizeram parte da
minha história de vida, da minha formação, e que a gente realmente tenha vida
longa.
Para esses
tempos que a gente está vivendo, os cursos do Ceseep é o que traz a chama, o
que traz a luz, o que traz a esperança. Um dos pontos que dom Luciano Mendes
falava muito, ali na nossa pastoral, era que, se você acender uma luz na vida
de uma criança, essa criança será a luz da sua vida.
Isso fez parte
também de uma relação muito importante dessa formação do Ceseep. Se a gente é
esperança, se a gente é chama, se a gente é brasa, a gente vai tendo força e
organização popular para esses tempos tão difíceis de a gente viver, e a gente
fazer transformações sociais na vida das pessoas.
Eu tenho
esperança de que, no próximo outubro, a gente possa fazer diferença para a
classe trabalhadora e para as mulheres. Depende muito de nós, depende da
política, e depende da organização popular.
Eu acho que o
Ceseep fez e faz essa parte muito bem, como sempre fez. Então, muitíssimo
obrigada pela oportunidade de fala, pelo convite. Eu já tinha um compromisso
antes de receber o convite de vir aqui, mas eu fiz questão de passar um
pouquinho mais tarde a minha atividade, para poder vir dar parabéns para o
Ceseep e para o Emidio.
E vida longa a
todos nós. Porque os tempos de luta que estamos vivendo estão precisando de
muita coragem, força e fé.
Obrigada.
(Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES -
Gostaria também de chamar à tribuna a pastora Cristiane Capeletti Pereira, da
Igreja Metodista, vice-presidente do Conselho Latino Americano de Igrejas.
(Palmas.)
A SRA. CRISTIANE CAPELETTI PEREIRA
- Boa noite a todos e todas, Exmo. Deputado Emidio, senhores e senhoras aqui
presentes. A minha saudação, com o amor, a paz e a justiça, Daquele que é e
deve continuar a ser o fundamento do Ceseep, Jesus Cristo. A todos e todas nós,
que esta paz, este amor e esta justiça permaneçam conosco.
Falo aqui as
palavras de parabenização ao Ceseep, em nome da Igreja Metodista, e em nome do
CLAI, Conselho Latino Americano de Igrejas. Eu cito palavras do Evangelho de
Lucas, em seu capítulo 19, versos 47 e 48.
“Todos os dias
Ele (Jesus) ensinava no Templo. Mas os chefes dos sacerdotes, os mestres da Lei
e os líderes do povo procuravam matá-lo. Todavia, não conseguiam encontrar uma
forma de fazê-lo, porque todo o povo estava fascinado pelas suas palavras.”
Porque o Ceseep
tem fascinado o povo com as suas palavras - através, especialmente, da educação
popular -, é que nós estamos aqui hoje. Então, os nossos parabéns. Que Deus
continue abençoando a toda a equipe.
E a palavra de
estímulo, que é também a nossa oração, como entidades fraternas ao Ceseep. O
verso 47 diz que as autoridades da época tentavam matar Jesus. E aqui já foi dito,
e não vou repetir, dos tempos difíceis em que nós vivemos.
Então, que o
espírito santo de Deus possa fortalecer a toda a equipe do Ceseep, dando
resistência e resiliência para que vocês continuem a fascinar o povo com as
palavras de Cristo Jesus.
Que Deus os
abençoe. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - E agora eu convido as Sras. Maria de Jesus e
Neusinha, que farão a apresentação da música “Coração Civil”, de Milton
Nascimento. (Palmas.)
*
* *
- É feita a
apresentação musical.
*
* *
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - Obrigado à Maria de Jesus e à Neuzinha. Dando
seguimento aqui, eu gostaria de registrar a presença - e agradecer também pela
presença - do padre José Bison, que é segundo vice-presidente do Conic, o
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.
E na sequência
eu gostaria de convidar à tribuna o Sr. André Alcântara, representante dos voluntários
do Curso de Verão Ceseep.
O SR. ANDRÉ ALCÂNTARA - Boa noite a
todos, a todas e a todes. Trouxe o meu cancioneiro do Curso de Verão, pensando
em ter vários poemas e letras aqui para declamar. Reviver o Curso de Verão. Mas
eu preparei também uma fala.
Agradecer por
este momento, representando a todes. É difícil estar aqui, neste momento mágico
de 40 anos. O Ceseep tem mais idade, dois a mais do que eu; então, sou também
filho do Ceseep. Somos filhos do Ceseep, como há muitos aqui, alguns amigos que
eu vejo aqui também. E alguns que estão escutando a gente, né.
No convite que
me fizeram, agraciado, eu pensei: “o que eu vou escrever? Vou escrever coisas
que eu aprendi no Ceseep também, como parte da minha formação pessoal,
profissional, de vida, de fé”.
E eu pensei
nisso, em escrever algumas letras, algumas palavras que possam recordar aquilo
que eu aprendi. Não é um texto taxativo, óbvio, mas traz algumas experiências,
alguns sabores que a gente experimentou no Curso de Verão.
Tudo o que
acontece na vida tem um momento e um destino, né. Coisas que eu aprendi... Ou
por que eu fui ou por que foi bom - ou é ou será - o Curso de Verão para mim.
Enfim, aprendi
a ser mais humano e divino. A ser mais humano e divino com saber ouvir o outro,
olhando nos olhos; com saber falar, expressando melhor aquilo que o meu corpo
sente, o que meu pensamento sente, minha fé, minha razão.
Aprendi a ser
mais humano e divino com as pessoas com deficiência. Fazer (Ininteligível.)
aqui do Roberto... Com cada fala que nos fez chorar, nos fez humanos, nos fez
rir. As pessoas com deficiência que estiveram no Curso de Verão e mostraram o
quanto nós é que somos os deficientes - os que somos considerados capazes.
Também aprendi
a ser mais humano e divino com o fazer coletivo: grupos menores, grupos
maiores, tendas, oficinas, espações de criação, espaços de reflexão.
Aprendi a ser
mais humano e divino com dividir as tarefas e sonhos. Com um sonhar junto, com
o divergir sem oprimir. Aprendi a ser mais humano e divino, no Curso de Verão,
com o cuidar.
Uma coisa eu
aprendi: cuidar do outro é cuidar de mim; cuidar de mim é cuidar do outro.
Aprendi a ser mais humano e divino com o tempo que temos, e como o utilizamos.
Aprendi a ser
mais humano e divino com a diversidade, o ecumenismo e o diálogo
inter-religioso: o Deus que está em mim saúda o Deus que está em você, e o dos
que estão na tela vendo a gente.
Aprendi também
a ser mais humano e divino com o profano e o sagrado; com gente que vem de
longe e gente que está bem perto, mas que sabe abraçar e sonhar e sorrir.
Aprendi a ser
mais humano e divino com o tocar com respeito e afeto. Aprendi que o meu lado
feminino não fere o meu lado masculino. Aprendi que sou um branco de alma
preta. “Canta aí, nego nagô, Mariana chama”.
Aprendi que o
nordeste, de onde vêm meus antepassados, não é seco. Seco é o coração do
latifundiário, daquele que acumula propriedade, daquele que não traz vida para
o nosso povo.
Aprendi a
cuidar da Mãe Terra, mais do que apenas um dia ou uma semana, mas para a vida
toda, pois do pó vim e ao pó voltarei. Que o meio ambiente merece da gente o
cuidado, que nós somos o ambiente. Aprendi a ser mais humano, pois a vida é
feita de cores, é feita de sons, pensamentos, sentimentos e vidas.
Aprendi com o
amor de verão, com o amor de toda a vida. Aprendi com o amor dos amigos, da
amizade, daqueles que estão ainda com a gente, dos que partiram, fazer memórias
para amigos muito especiais, que carrego eles na minha caminhada, o Júnior, o
padre Júnior e a Cristina, que fizeram parte da minha tenda, e tantos outros,
Sr. João, tantos outros que deram um pouquinho de si nesse grande mutirão que é
o curso de verão.
Como diz aquele
velho ditado, gente simples fazendo coisas pequenas em lugares pouco
importantes conseguem mudanças extraordinárias. Esse provérbio africano, a
gente viveu, vive e viverá em todas as edições do curso de verão. Bem-vindos ao
curso de verão. Muito obrigado ao Ceseep, aos 40 anos.
Meus parabéns,
padre Beozzo, obrigado, Emidio, pelo momento, pela homenagem, grata homenagem
nesta Casa, que às vezes a gente vê de longe, tão formal, e o curso de verão é
tão informal.
Como falar com tanta
emoção, com tanto sentido na vida? Como dar vida também a essa vida do nosso
povo nesse espaço, que também é sagrado? Que nossos corpos levem sempre esse sagrado
nos espaços que nós estivermos.
Então, agradeço.
Muito obrigado
a quem está acompanhando a gente, Cecília, minhas flores, a Jasmim e a Violeta,
papai ama vocês, e minha esposa, a Gorete.
Muito obrigado
a todos.
Seguimos nas
homenagens, na festividade. A vida é linda.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - E
agora eu convido o pastor Jair Alves à tribuna, para que possamos ouvi-lo.
O SR. JAIR ALVES - Boa noite. Uma
boa-noite a todas e a todos. Deputado Emidio, boa noite. Eu sou do setorial inter-religioso.
É um setorial de uma agremiação político-partidária no estado de São Paulo, e
cheguei aqui nessa condição, deputado Emidio, por conta de que é muito difícil
trabalhar com questões de universalidade e questões locais.
Um partido
representa uma parcela da sociedade. Não é? Entretanto, eu sou pastor
evangélico, e sempre me preocupei com a evangelização. Na década de 80, em
1981, eu estava em um seminário metodista, tentando, desesperado por
evangelizar, e eu fui aprender evangelização no Ceseep.
O Ceseep é uma escola
de evangelização, mas, quando eu fui para o Ceseep, eu aprendi que era possível
evangelizar em meio ecumênico, e eu fiquei espantado com aquilo.
Comecei a ler
bastante, estudar, fiquei encantado. Em 1985, 86, comecei a frequentar os
cursos do Ceseep, e fiquei encantado que pudesse evangelizar em meio até
inter-religioso. “Evangelizar em meio inter-religioso, como é que pode? Da
parte cristã, como é que pode evangelizar em meio inter-religioso?”.
Eu fiquei com
isso. “Isso é fantástico. Se se for possível é fantástico”. Então, eu queria
parabenizar o Ceseep. Por quê? Porque venho aprofundando esta difícil
composição entre religião e política, entre ideais universalistas, e obrigatoriamente
você ter que ser parte para poder entender o todo.
É muito difícil.
Não é só dialético, é quase que antagônico, são impossíveis certas coisas, mas
é neste ambiente do Ceseep que é o melhor lugar que eu achei para trabalhar
essas terríveis contradições que existem na luta social e política, e também na
luta das igrejas.
Eu queria
deixar aqui um pensamento para o Ceseep. Lembrar de Evangelho, já que a pastora
Cristiane, minha colega metodista, lembrou do Evangelho, eu queria lembrar do
Evangelho também.
Os escritos do
Evangelho - se eu não estou enganado. Viu, pastora? - foram escritos a partir
de 40, 50 anos... Depois da morte de Cristo é que foi feita essa memória. “Ah,
vamos lembrar daquele tempo”.
Eu estou
pensando aqui do início da década de 80. O PT foi fundado em 1980, e em 81... O
Ceseep é um ano mais novo que o PT, enquanto instituição, claro. Mas foi nessa
época, poucos anos antes dessa onda da redemocratização, que veio com as “Diretas
Já” em 85, é que foi fundado o Ceseep.
O Ceseep
colaborou enormemente para que nós chegássemos no momento em que a evangelização
agora é que é assumida pela cúpula eclesiástica da Igreja Católica Apostólica
Romana, muito importante aqui, muito forte no Ceseep. Com o Papa Francisco,
somente agora é que se reconhece que é possível uma evangelização respeitosa em
meio ecumênico, em meio inter-religioso.
O papa
Francisco é o primeiro que eu sei, que eu soube... Soube no Ceseep, o Marcelo
Barros que disse isso, e eu aprendo, que é possível evangelizar em meio inter-religioso.
Parabéns para o
Ceseep.
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - E
agora nós vamos prestigiar a canção “Amigo Sul-Americano”, de Lula Barbosa e
Miriam Mirah, nas vozes de Maria de Jesus e Neuzinha. A Neusinha que, aliás, está
fazendo aniversário na data de hoje. Parabéns.
A SRA. NEUSINHA - Para vocês
ficarem felizes, eu já tenho 61 anos.
* * *
- É feita a apresentação
musical.
* * *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - Obrigado, Maria de Jesus e Neusinha. Agora eu queria chamar
a Solange Vicentini, que é do CDD - grupo Católicas pelo Direito de Decidir. Por
favor. Acho que ela não está. Bem, então passo a palavra agora ao padre José
Oscar Beozzo, que é o coordenador-geral do Ceseep, por favor.
O SR. JOSÉ OSCAR
BEOZZO -
Boa noite a cada um e cada uma de vocês e aos que estão acompanhando também de
longe. Eu não vou falar o “excelentíssimo deputado”; é o amigo Emidio, irmão da
gente, que planejou esta sessão que permite reconhecer no rosto de cada um de
vocês, e de você também, essa construção coletiva com um monte de tijolinhos
que foram sendo trazidos para este projeto de educação popular libertadora,
comprometida com os mais pobres e os mais necessitados.
Você, que está na área de direitos humanos, essa é uma dor
que a gente carrega, mas também um compromisso de dizer: “é por aí que passa a
humanização”. Eu estou no Ceseep desde que se sonhou o Ceseep, em 78, mas a
gente não conseguia tocar para a frente, mas desde 82. Então são 40 anos.
Eu queria dar uma rápida pincelada do contexto em que pôde
brotar o Ceseep. Eu acho que um primeiro contexto é o fato de que havia na
África, na Ásia e em algumas partes da América Latina a consciência de que a
gente não devia entrar nessa guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética,
que dividia o mundo.
Por isso, teve os países não-alinhados, 77, dizendo: “a
nossa guerra não é um contra o outro, a nossa guerra é contra a fome, o
analfabetismo, as doenças, tudo aquilo que destrói a vida dos nossos povos.
Então esse horizonte está por detrás como conjuntura. Dentro
das igrejas, o horizonte que trouxe, rasgou um caminho de esperança foi o Movimento
Ecumênico. Lá longe, na Conferência de Edimburgo, em 1910, e em 48 a criação do
Conselho Mundial de Igrejas, como que dizendo que a gente não pode caminhar
divididos, nós temos que dar um testemunho de superação das nossas divisões
como um imperativo do próprio Cristo - que todos sejam um.
Então esse é um horizonte importante, mas também, a partir
de 61, com a entrada na 3ª Conferência Geral, de muitas igrejas da África, da
Ásia sobretudo, foi mudando a agenda do Conselho, que era muito norte-americana
e europeia, para introduzir, dentro dessa agenda, o grito dos pobres, o clamor
dessas grandes multidões desassistidas.
A pregação de Jesus é uma pregação de fraternidade, de amor,
de acudir samaritanamente aqueles que estão necessitados. E aí eu vou dizer que
começa a haver uma convergência entre o Conselho Mundial de Igrejas, o Movimento
Ecumênico e a Igreja Católica, com o Papa João XXIII. Ele diz: “Eu vou convocar
um concílio pela unidade dos cristãos e para que a Igreja se renove à luz do
Evangelho.
Então o Concílio trouxe alguns marcos importantes. Um é o decreto
da unidade dos cristãos, o Unitatis Redintegratio. Em novembro de 64, no apagar das luzes
do Concílio, a declaração sobre as igrejas não cristãs - judaísmo, islamismo -,
dizendo: “Nós reconhecemos vocês um lugar, uma revelação de Deus. Nós
respeitamos e queremos caminhar juntos naquilo que pode construir a humanidade
de modo mais humano”.
E a Gaudium et Spes, a Igreja no mundo de hoje, o lugar da Igreja
no mundo e para a salvação do mundo. Mas aqui na América Latina a gente trouxe
uma interpelação muito profunda em Medellín: “De que mundo nós estamos falando?”.
O lugar da Igreja não é em um mundo qualquer, é no mundo dos pobres, dos
necessitados, para transformar essa situação. Essa é a mudança.
E, no campo evangélico, em 66, o Conselho Mundial de Igrejas
convocou uma conferência mundial para tratar justamente da justiça, da paz, a
partir da interpelação que vinha dos povos do terceiro mundo.
Isso foi ratificado em 68, na Conferência de Uppsala.
Sessenta e oito é o ano de Medellín, e se criou na América Latina a Isal, o movimento
Igreja e Sociedade na América Latina.
E daí vieram as pessoas que ajudaram a fundar o Ceseep: o
Jether Pereira Ramalho; o Julio de Santa Ana; o Zwinglio Mota Dias, da IPU; o bispo Paulo Ayres,
da igreja Metodista; o bispo Sumio Takatsu, da igreja Anglicana, e que se
somaram ao grupo de bispos que vinha desde o Concílio e formou o grupo Igreja
dos Pobres.
Ali dentro estava Dom Helder, com muita chama, com muito
empenho, e foi o grupo que fez um pacto 15 dias antes de terminar o Concílio,
nas Catacumbas de Santa Domitila, por uma igreja servidora e pobre.
Esse grupo continuou na América Latina e acabou caindo nas
mãos de um grupo chamado Emaús, que se reúne desde 74, quando Dom Paulo acolheu
esse grupo. No ano anterior eles tinham sido presos, cerca de 50 bispos
assessores, lá em Riobamba, no Equador.
Foram levados presos para Quito, eram bispos de todo o
continente e também da área hispânica dos Estados Unidos. Aí eles viram que não
dava para se reunir em um país pequenininho, em um aeroporto em que a sala era
menor do que esta daqui, e controlado com a presença da CIA. Eles pediram para
Dom Paulo, e Dom Paulo falou: “Pode vir para São Paulo”.
E esses bispos, que a gente passou acompanhar, é
que pediram também, que queriam um centro formação a que pudessem enviar os
seus agentes de pastoral, padres, religiosos.
O nosso grupo
era ecumênico, então juntou o nosso grupo, O Ecumenismo, o dos bispos, que era
o latino-americano, o Samuel Ruiz, de Chiapas, o Sergio Méndez Arceo, de
Cuernavaca, no México, o bispo Leonidas Proaño, no Equador. Então foi esse
grupo que forçou um pouco a barra dizendo: “Nós precisamos de um espaço de
formação comprometido com o povo, libertador”.
E aí o Ceseep
nasce em 82, na sala do cardeal Arns. A assembleia de formação do Ceseep
aconteceu lá no escritório do Dom Paulo Evaristo Arns. Ele acompanhou e deu
algumas recomendações.
Naquele momento
a gente dizia: “Como é que vai ser a relação entre o centro e as várias igrejas
que estavam presentes?” E ele falou assim, olha: “É importante que vocês sejam
uma entidade civil.
É um momento
difícil dentro das igrejas, e vocês precisam ter autonomia, ter comunhão,
trabalhar juntos; mas, com autonomia, não estar subordinado a nenhuma igreja, a
nenhuma outra instituição”.
Eu acho que
isso foi fundamental para dar ao Ceseep toda a liberdade. Eu não quero me
estender, mas eu diria assim, que esse primeiro momento, como fazer um centro
de formação, que conteúdos, o que era importante naquele momento?
E a gente fez
um grande encontro no Rio de Janeiro, onde estava o Isedet, de Buenos Aires,
que é a grande instituição de formação das igrejas protestantes na América do
Sul, com Migo Sbolino, o Diego de Medellín, do Chile, um outro centro
importante, com Sérgio Torres, o Instituto Bartolomé de las Casas, de Lima, com
Gustavo Gutierrez, o Sinep, de Bogotá, com Jorge Julio, o Centro Gumilla, de
Caracas, com Pedro Trigo, o Departamento Ecumênico de Investigacion, o DEI, da
Costa Rica, o Pablo Richard, o Franz Rick Lammert, a Elza Tâmis, o Centro
Ecumênico Fray Antonio Valdivieso, o CAV, de Manágua, o Centro Antonio
Montesinos, o CAM, do México e mais tarde também o Centro Martin Luther King,
de Cuba.
Com esse grupo
a gente discutiu todos os aspectos, durante uma semana, de como devia ser o
programa, os conteúdos, os compromissos, e quais eram as interrogações aqui na
América Latina.
E daí nasceu o
curso latino-americano de agentes de pastoral, como se chamava, de quatro
meses. Mas logo a gente viu que havia muita gente que vinha e que se sentia um
pouco incomodada na teologia, na Bíblia, mas muito entusiasmado das ciências
sociais, do compromisso social e político.
Ali a gente
decidiu começar um curso para militantes, aqueles leigos e leigas que estavam
nos movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, e que queriam, desde a
perspectiva cristã, ter um compromisso de fé, mas também de transformação
social.
Nesse mesmo
ano, o professor Wanderley, que depois foi reitor da PUC, falou, “Vocês têm um
curso muito bom, muito sério. Mas quem pode ficar fora de casa quatro meses?
Tem família, tem trabalho. Vocês têm que achar um jeito de oferecer um curso
rápido para os setores populares, massivo, encontrar a metodologia, o caminho”.
Daí nasceu o
curso de verão. No primeiro ano, tinha três mil inscrições. A gente não sabia o
que fazer, tivemos que dispensar duas mil, e entramos no Tuca todo queimado,
sem cadeira, sem nada, todo mundo sentado no chão, e a gente fez o primeiro
curso de verão.
No segundo
aconteceu a mesma coisa, tinha mais de três mil inscrições. A gente voltou para
o Tuca, cada um trazia um travesseiro, uma almofada para sentar, mas aí o Corpo
de Bombeiros interditou.
Era fio puxado
assim, e não tinha condições. Então a gente foi o ano seguinte para a Igreja
Santo Domingos, depois voltamos para o Tuca, menorzinho, que não podia ter
tanta gente.
Mas esse curso
foi construído, e aqui acho que tem uma marca essencial, todo ele em mutirão.
Em vez de discutir com esses centros e esses luminares da teologia da economia,
quem construiu o curso de verão foi, durante um ano e meio, gente da periferia
de São Paulo que vinham se reunir, às vezes, 100, 120 pessoas, dizendo como é
que tinha que ser o curso.
Era uma
balbúrdia tanta sugestão, mas no fim a gente foi dizendo, “Tudo bem. É isso?
Mas você pode fazer alguma coisa?” E foram se formando as equipes. Então é um
curso que nasceu da base da militância, do pessoal das periferias, um pouco
diferente do curso de formação pastoral latino-americano.
Então eu queria
dizer que tem essa marca a mais no curso de verão, que é o mutirão, é a
gratuidade, as pessoas que vieram aqui cantar, o André, todos esses que fazem
parte desse grande mutirão de formação.
Eu queria
agradecer essa construção coletiva e dizer que a gente está empenhado em
repensar como enfrentar esses novos tempos com a mesma garra, com o mesmo
compromisso e com a mesma vontade de oferecer aos grupos menos capacitados,
oferecer uma formação de qualidade.
Eu só queria
dizer, no curso de verão já passaram 283 assessores e assessoras do que há de
melhor nas universidades brasileiras, no movimento popular, construindo juntos
esse caminho de formação popular, ecumênico, latino-americano e comprometido
com a libertação.
Muito obrigado
a todos vocês. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES -
Gostaria de informar que após o encerramento oficial da sessão de hoje, ainda a
gente vai ter aqui a apresentação de um vídeo institucional e mais uma
apresentação musical. Mas, antes de a gente partir para o encerramento, eu
gostaria de passar a palavra rapidamente ao Sr. Wagner Lopes Sanchez, que é o
presidente do Ceseep, para ouvirmos as suas palavras, por favor.
O SR. WAGNER LOPES SANCHEZ - Deputado
Emidio de Souza, pastora Cristiane, pastor Jair, querido padre Beozzo, boa
noite a todas e todos, amigos, amigas do Ceseep, de longa história, de longa
caminhada.
Em primeiro
lugar eu queria agradecer, em nome da diretoria do Ceseep, da equipe executiva
do Ceseep, dos associados e associadas do Ceseep, dos voluntários e
voluntárias, aqui nós temos o André e outros aí também que mostram um desses
segmentos que ajudam a construir o Ceseep.
Quero agradecer
por essa iniciativa, deputado. Para nós é uma honra e é um orgulho. Eu queria
lembrar Paulo Freire, que foi desde o início uma daquelas pessoas que inspirou
o Ceseep e que continua inspirando pelo Brasil afora, pela América Latina afora,
e outros lugares também, o trabalho de educação popular.
Paulo Freire disse,
algumas vezes, duas coisas: primeiro, que a educação é um ato de amor e,
segundo, que a verdadeira educação tem que permitir as pessoas libertarem-se das
condições de opressão para que elas possam ser mais autônomas, mais humanas e
mais felizes.
Nesses
40 anos do Ceseep, o Ceseep procurou seguir à risca essas intuições. O Ceseep
tem consciência disso e fez isso a partir de três dimensões, de três, vamos
dizer assim, marcas da nossa identidade.
Quem
passou pelo Ceseep sabe que nós sempre falamos dessas marcas: ecumenicidade, no
sentido mais amplo, não só das igrejas cristãs, mas também do diálogo
inter-religioso com as religiões; latino-americanidade e abertura também à África.
Nos
últimos o Ceseep tem tido a presença, em alguns de seus cursos, de pessoas do
continente africano. E uma outra marca é educação popular. Todos os cursos do
Ceseep, quando são organizados, são organizados tendo em conta que o curso tem
que seguir a metodologia da educação popular e que o curso tem que servir às
pessoas na apropriação desse jeito diferente de fazer educação.
Essas
três marcas do Ceseep forjaram seu compromisso com a formação teológica, com a
evangelização, com a educação popular de pessoas das igrejas cristãs, também de
religiões.
De
alguns anos para cá, já muitos anos o Ceseep tem tido, nos seus cursos, pessoas
de outras religiões. Tem, inclusive, no seu quadro de associados e associadas,
pessoas de outras religiões.
Então,
o Ceseep tem servido à formação dessas pessoas, a maioria lideranças das
igrejas, das religiões e também do movimento social, do movimento popular. Pelos
cursos do Ceseep, nesses 40 anos, já passaram mais de 15 mil pessoas. E eu digo
que isso não é pouca coisa.
Na
América Latina, talvez nós sejamos o centro que mais atendeu, que mais teve em
seus cursos pessoas, todas elas pessoas de igrejas diferentes, pessoas de
religiões diferentes, do movimento social, e pessoas que voltaram para suas
comunidades, para os seus trabalhos para multiplicar aquilo que aprenderam nos nossos
cursos, tanto do ponto de vista da reflexão teológica, da reflexão sociológica
como também do ponto de vista da experiência de vida.
O
Ceseep não trabalha apenas com a questão, com a dimensão intelectual, mas
trabalha também com a vivência. Muitos dos cursos Ceseep têm uma experiência de
vida comunitária.
A
maioria dessas pessoas são pessoas que foram impactadas pelos cursos do Ceseep.
Quem trabalhou no Ceseep sabe que isso é verdade. Muita gente diz que foi
impactada, que mudou seu modo de ver as coisas participando dos cursos do Ceseep.
Hoje,
ao celebrar 40 anos, o Ceseep renova o compromisso de continuar sendo um espaço
de formação, de reflexão teológica a partir dos mais e das mais vulneráveis, a
partir do respeito à diversidade das igrejas e das religiões, e de dedicação à educação
popular.
Nesses
40 anos, muitas pessoas contribuíram para que o Ceseep seja o que é, e acho que
a gente pode lembrar, eu lembro aqui de uma pessoa em especial, Júlio de
Santana, que durante muitos anos trabalhou com o padre Beozzo na coordenação do
Ceseep, mas lembro também outras pessoas que trabalharam inclusive na equipe
executiva. Pepita está aqui, tem outras, outras pessoas estão aí.
Durante
muitos anos essas pessoas contribuíram para o Ceseep ser o que ele é hoje. Eu
lembro também as assessoras, assessores, voluntárias, voluntários, sobretudo do
curso de verão. O Ceseep não seria o que é sem a contribuição generosa de cada
um e de cada uma dessas pessoas.
Para
finalizar, eu gostaria de dizer que nestes tempos que nós estamos vivendo de
tanta intolerância, de tantos fundamentalismos e de tantos discursos de ódio, o
Ceseep quer continuar servindo à causa ecumênica e à causa inter-religiosa,
tendo como horizonte um tempo novo de cuidado com a vida, de respeito à
diversidade, um tempo de justiça, de igualdade e paz.
Muito
obrigado. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - Obrigado. E passo
agora a palavra para o deputado estadual Emidio de Souza para fazer o
encerramento oficial, mas lembrando que mesmo após o encerramento oficial nós
vamos ainda ter uma apresentação musical. Então peço a todos que se mantenham
no recinto.
O
SR. PRESIDENTE - EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Bem, antes do
encerramento, eu vi chegar aqui a deputada Monica Seixas. Eu convido você para
vir para cá, Monica, uma rápida... (Palmas.) Providencie alguma cadeira para a deputada,
eu não sei se tem. Então alguém troca.
Eu
queria também agradecer a presença do Januário Figueiredo, coordenador adjunto
do Setorial Nacional Inter-religioso do PT; Rolf Schünemann, coordenador
do Portal Luteranos na Igreja Evangélica de Confissão Luterana, no Brasil, que
foi presidente do Ceseep, lembra-me aqui o padre Beozzo; o Rafael Martins,
missionário do Sime, em São Paulo; Nuno Coelho, representando o deputado
federal Vicentinho; o Thiago, representando a deputada estadual Professora
Bebel.
Agradecer
também todas as instituições, entidades representadas pelos aqui presentes. Também
queria agradecer ao pessoal da assessoria do meu gabinete, que colaborou muito
para esse evento; a Paz Church Paraisópolis e Taboão da Serra, Christian
Lepelettier, Douglas Correia dos Reis, Dalila Gonçalves, Enilda Alecrim,
Associação Cantareira, o padre Cilto José, a Jussara, a Terezinha, e todos
vocês.
Eu queria,
rapidamente, dizer que é uma noite memorável, e eu agradeço muito a
oportunidade de estar com vocês aqui, conviver com vocês nesse dia. (Palmas.)
Passa-me pela memória também, esse período que foi criado o Ceseep, Wagner, é
um período que eu tenho muito fresco na memória, porque era o início de uma
militância social que eu também comecei nas comunidades de base, nas pastorais.
Me lembro,
Monica e padre Beozzo, que a primeira vez em que eu tive contato com algo de
formação foi na Pastoral de Direitos Humanos, em que uma animadora juntava um
grupo de jovens e, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a gente lia
artigo por artigo e refletia sobre aquele artigo na realidade brasileira.
Daí, não
paramos mais. Foi o tempo todo desse jeito e eu me lembro do que era a
efervescência, me lembro da visita do papa em 80, no Morumbi, e lembro do
discurso do Waldemar Rossi como me lembro de tanta coisa importante que nós
fizemos - o nascimento do MST, em 84-85; o nascimento da CUT, em 83.
Tanta coisa
importante que aconteceu naquele período, e você tinha momentos de reflexão de
formação política. Eu participei dos cursos de verão, algum. Participei de
muita coisa no Sedes Sapientiae também, que eu não sei se ainda tem, mas o
Sedes era um local, também, de muita reflexão. Tinha outro lugar que tinha os
chamados “Encontros de realidade brasileira”, que você também ali participava.
A Monica deve
estar olhando para mim e falando: “Nossa, vocês são muito antigos”, mas é a
nossa vida, é a nossa história e eu tenho orgulho de cada momento que nós
vivemos assim.
Eu acho que
viver, portanto, celebrar os 40 anos do Ceseep, é celebrar 40 anos de uma luta
de um povo que despertou para a consciência, despertou para saber o que era a
América Latina, despertou para saber o que é o mundo, nunca se conformou com a exploração,
sabe?
Essa luta
fomentou e virou... Vamos dizer, se transformou em milhares e milhares de
militantes, de pessoas que, a partir da base cristã, souberam fazer a luta
política, a luta social, a luta sindical, sabe, que levou este País até aqui, a
reconquistar a democracia e resistir aos que querem acabar com a democracia
hoje.
Então, muito
obrigado a todos vocês. Eu queria pedir licença, porque eu tenho que sair para
um compromisso ainda e, no meu lugar, eu queria aproveitar para encerrar, Monica,
aí você fica, assume o meu lugar para encerrar. Ainda tem um vídeo, você fala;
tem um vídeo. Chegou atrasada e vai coordenar a Mesa, tá bom?
Boa noite.
(Palmas.)
* * *
- Assume a Presidência a Sra. Monica da Mandata
Ativista.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE - MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Eu
cheguei atrasada e constrangida, porque eu vim saudá-los e cumprimentá-los e,
por minha causa, tirei alguém da Mesa. Então, eu quero começar pedindo desculpa
e dizer: vida longa ao Ceseep.
Agradecer ao
Emidio, mais uma grande atividade feita, já é a segunda em que a gente se
encontra. Falar que não te acho antigo; te respeito como meu mais velho e que
abre caminhos e portas para que a gente tenha atividades como esta e que abra
esta Casa, finalmente, ao povo e àqueles que constroem a luta pela cidadania
todos os dias. Obrigada, viu, Emidio?
Bom, rapidinho,
eu só queria falar rapidinho. Eu sou Monica Seixas, sou deputada estadual. Fiz
questão de vir saudá-los quando soube da atividade do Emidio, tenho um grande
apreço pelo trabalho e luta de vocês.
Sou de tradição
evangélica, sou filha de família evangélica, sou militante do Movimento
Antirracista e sou cristã, cristã daquelas que crê no Jesus negro da periferia
de Belém; Jesus que foi morto e torturado na cruz; Jesus, aquele que liderou o
seu povo por uma revolta popular pela liberdade; Jesus que levou o povo sentido
a mais amor, a mais justiça e a mais democracia.
Cada vez que a
gente se une pela fé no outro, a fé na comunidade, a gente faz jus ao legado de
Jesus. É por isso que eu vim aqui saudá-los e agradecer pelos anos de
existência, luta, combate e formação. Não vou mais tomar a atividade.
Obrigada a
todos e todas. (Palmas.) Agora, um vídeo, né?
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - MAURÍCIO MORAES - Sim.
Então agora, na sequência, a gente vai ter a apresentação do vídeo e, por fim,
a apresentação musical. Então, eu peço que se coloque o vídeo, por favor.
*
* *
- É exibido o
vídeo.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE - MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL -
Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, ao Emidio,
que organizou este ato solene, a todos que compuseram a Mesa, à equipe do
Emidio pela organização, aos funcionários do serviço de som, de taquigrafia, de
fotografia, ao serviço de Ata, ao Cerimonial, à Secretaria Geral Parlamentar, à
imprensa da Casa, à TV Alesp - sempre com a gente a TV Alesp -, à Assessoria
Policial, bem como a todos que, com sua presença, colaboraram para o pleno
êxito desta solenidade.
Agradeço também
ao Estado laico, que nos protege e nos permite fazer política todos os dias.
Para encerrar mesmo, agora eu vou reconvidar a Maria de Jesus e a Neusinha para
tocarem e cantarem mais uma.
Obrigada,
gente.
Boa noite.
*
* *
- É feita a
apresentação musical.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 20 horas e 53 minutos.
*
* *