21 DE JUNHO DE 2022
22ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CARLÃO PIGNATARI e DIRCEU DALBEN
Secretaria: ALDO DEMARCHI, DIRCEU DALBEN, CORONEL NISHIKAWA e
TENENTE NASCIMENTO
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Abre a sessão.
2 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita uma verificação de presença.
3 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de
presença, que interrompe quando constatado quórum. Coloca em discussão o PL
148/22.
4 - MÁRCIA LULA LIA
Discute o PL 148/22.
5 - DIRCEU DALBEN
Assume a Presidência.
6 - PROFESSORA BEBEL
Solicita uma verificação de presença.
7 - PRESIDENTE DIRCEU DALBEN
Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de
presença, que interrompe quando constatado quórum.
8 - CORONEL NISHIKAWA
Para comunicação, faz pronunciamento.
9 - PRESIDENTE DIRCEU DALBEN
Dá boas-vindas aos visitantes anunciados pelo deputado
Coronel Nishikawa.
10 - PROFESSORA BEBEL
Para comunicação, faz pronunciamento.
11 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PL 148/22.
12 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita uma verificação de presença.
13 - PRESIDENTE DIRCEU DALBEN
Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de
presença, que interrompe quando constatado quórum.
14 - ALEX DE MADUREIRA
Para comunicação, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE DIRCEU DALBEN
Presta solidariedade às vítimas de ataque em ônibus de
Piracicaba.
16 - VINÍCIUS CAMARINHA
Informa que há acordo entre as lideranças para dar o PL
148/22 por discutido por uma hora. Solicita o levantamento da sessão, por
acordo de lideranças.
17 - PRESIDENTE DIRCEU DALBEN
Defere o pedido. Levanta a sessão.
*
* *
-
Abre a sessão o Sr. Carlão Pignatari.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI -
PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e
Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta
Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Ordem
do Dia.
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* *
-
Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Apenas para fazer
uma retificação. Na hora em que eu levantei a sessão anterior, eu convoquei,
sem ordem do dia, a sessão ordinária. Em vez de eu chamar para quarta-feira,
para amanhã, eu convoquei para segunda-feira. Então, para retificar, não é
segunda, é quarta-feira. Não sei por que foi feito isso.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Proposição em
regime de urgência, discussão e votação.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente, para
pedir uma verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. Vou
aproveitar que está aqui a Bebel, Professora Bebel. Só para ler aqui, já está
aqui. (Vozes fora do microfone.)
Vou chamar o Teonilio
Barba. (Vozes fora do microfone.) Não pode ser assim. (Vozes fora do
microfone.)
Convocamos o deputado
Aldo Demarchi para fazer a chamada. E o Dirceu
Dalben. Você canta aí, Aldo? Você quer...
*
* *
- Verificação de presença.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Havendo o número
regimental, para discutir contra a deputada Márcia Lia.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Muito boa tarde a todos os deputados
e deputadas que se encontram nesta Casa neste momento. O que nos traz aqui é o
debate do Projeto de lei nº 148, de 2022, um projeto de lei que nós não temos
acordo nele.
Portanto,
a bancada do Partido dos Trabalhadores pretende conversar com o governo para
que a gente possa melhorar esse projeto de lei. Havendo perspectiva de melhora,
nós podemos até entrar em consenso. O que é que eu gostaria de considerar em
primeiro lugar?
Eu
quero considerar que nós temos, na previsão da Constituição Federal, a
possibilidade que dentro de uma política “lato sensu” de delegação a questão da
possibilidade da delegação dos serviços, e a legislação ordinária nossa também
prevê a concessão, autorização e a permissão.
Cada
uma dessas modalidades de delegação tem as suas peculiaridades e essas
peculiaridades se diferenciam umas das outras. No modelo da concessão - e aí eu
quero chamar a atenção da deputada Janaina Paschoal - nós temos três tipos de
modalidade de delegação de serviços públicos: a concessão, a permissão e a
autorização.
E
no nosso entendimento jurídico, o que se propõe no PL 148 é uma autorização
completamente desfigurada daquilo que estabelece a nossa legislação, daquilo
que estabelece a doutrina do Direito Administrativo, daquilo que estabelecem
todas as leis ordinárias que rezam o assunto.
No
que tange à concessão dos serviços públicos, ela é regida por uma lei
específica que é a Lei nº 8.987, de 1995, onde o contrato administrativo é o
meio através do qual o Poder Público transfere, após procedimento licitatório
na modalidade concorrência, a prestação de um serviço público a um particular.
A
permissão é um ato administrativo discricionário que permite o exercício de
certa atividade pelo particular ou o uso privativo de um bem público. E nós
temos também a modalidade autorização. O que é a autorização? A autorização do
serviço público não está prevista no Art. 175, da Constituição Federal.
Portanto,
não está disciplinada na Lei 8.987, de 1995. Por quê? Porque no Art. 21, da
Constituição Federal, fala que compete à União explorar diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão os serviços de telecomunicação.
Depois
fala: “Explorar mediante autorização, concessão e permissão...”. E fala no Art.
223, da Constituição Federal, que compete ao Poder Executivo outorgar e renovar
concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de
sons e de imagem.
Nos
casos em que o serviço seja prestado a um grupo restrito de usuários, não é o
caso de transporte coletivo de pessoas, não é o caso de transporte coletivo de
bens, não é o caso que está aqui proposto no Projeto de lei nº 148.
Nós
temos várias restrições a esse Projeto de lei porque, primeiramente, ele é
inconstitucional. Segundo, a descrição de que a
autorização não se adequa à forma como ela foi proposta no PL nº 148. Portanto,
é inconstitucional.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Dirceu Dalben.
* * *
Nessa
perspectiva, em sendo aprovado esse Projeto de lei, nós vamos arguir a
inconstitucionalidade desse Projeto de lei, porque ele é visivelmente
inconstitucional.
Outras
questões precisam ser colocadas à luz do que estabelece esse Projeto de lei.
Quero fazer algumas considerações a esse respeito. A nova lei desonerará as atuais
concessionárias federais de obrigações decorrentes da concessão. Portanto,
poderão ser feitas por meio de única e exclusivamente autorização.
A
nova lei deixa em aberto a possibilidade de que o sistema metroviário - isso é
grave, isso é muito grave - que o sistema metroviário da região metropolitana
do estado de São Paulo, sob responsabilidade da Companhia do Metrô, sob
responsabilidade da CPTM, como também a estrada de ferro de Campos do Jordão, o
VLT da Baixada Santista e também que é de responsabilidade da extinta Empresa
Metropolitana de Transportes Urbanos, cuja extinção já foi autorizada por esta
Casa, bem como trens intercidades e o ferroanel
possam ser destinados para operação pela iniciativa privada por simples
autorização.
Não
é mais necessária a abertura de um processo de licitação, deputada. Por simples
autorização, que é um ato administrativo precário, nós podemos estar em vias de
ter todo esse sistema de transporte público urbano sendo destinado por uma mera
autorização, por um mero ato administrativo que não se enquadra a esse tipo de
prestação de serviço.
O
sistema ferroviário paulista será integrado pelas ferrovias e por trechos de
ferrovias existentes, e também por ferrovias ou trechos de ferrovias planejadas
de cargas e passageiros.
A
nova lei deixa brecha para que as empresas autorizadas por esse ato precário
possam explorar a infraestrutura ou prestar serviços, e que elas possam vender
bens - olha só, para que se venda um bem público precisa de autorização
legislativa desta Casa.
Por
meio desse PL nº 148, nós vamos permitir que bens que são afetos ao que é de
consenso, ao que é de propriedade de todos nós, sejam simplesmente vendidos por
uma empresa privada que obteve essa autorização do poder público, do poder
público concedente. Então nós não temos acordo nessa questão.
A
nova lei também prevê a criação de uma entidade autorregulatória
pelos operadores, mas apenas faz menção a uma entidade regulatória sem que haja
na lei federal e no Projeto de lei qualquer disposição que trate da entidade
regulatória. Só fala que pode criar uma entidade regulatória. E essa entidade
regulatória, ela...
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para
fazer um pedido de verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - O pedido de V. Exa. é regimental. Convido os nobres deputados Aldo Demarchi e Coronel Nishikawa para que façam a contagem dos
deputados, verificação de presença. O senhor lê e o outro anota. Tem uma lista
aí sobrando? Por gentileza, Coronel.
* * *
-
É iniciada a chamada.
* * *
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA - Constatado
quórum regimental, devolvo a palavra à oradora, deputada Márcia Lia, pelo tempo
que ainda lhe resta.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Bom, continuando aqui na minha
explanação, essa nova lei, essa nova proposta previa a criação de uma entidade autorregulatória pelos operadores, mas apenas faz menção a
uma entidade regulatória sem que haja, na lei federal, olhe só, e no projeto de
lei, qualquer disposição que trate dessa entidade regulatória.
Outra
questão é que essa nova lei vai permitir que, às atuais concessionárias cujas
concessões tenham sido contratadas de acordo com o atual arcabouço legal, ou
seja, através das concessões por processo licitatório, seja possibilitada a
migração para um novo regime jurídico de autorização, caso se sintam
prejudicadas, para que a companhia do Metrô e a CPTM possam lá adiante, por
exemplo, outorgar, por simples autorização, a concessão de linhas do sistema metroferroviário da Região Metropolitana de São Paulo ainda
não concedidas, por entender que estão sendo prejudicadas ante a operação das
linhas já concedidas para o setor privado.
Essa
previsão pode ser uma porteira desconhecida, porque não há regulamentação.
Então, hoje, você faz um processo de concessão; amanhã, mediante uma
autorização, você desfaz aquele processo de concessão e volta para fazer um
processo de autorização. É algo inadmissível.
Também,
essa nova proposta de lei subtrai totalmente do poder público o poder e a autoridade
de regular, de regulamentar e de fiscalizar os serviços que sejam de interesse
público. A autorização prevê vigência mínima de 25 anos e vigência máxima de 99
anos.
É
um absurdo. Essa proposta é vergonhosa, ela é absurda. Ela não tem fundamento na
legislação, na Constituição Federal, nem na Lei nº 9.497, de 95, portanto,
estão legislando muito além daquilo que a Constituição permite e daquilo que a
legislação ordinária permite. Então, essa lei é visivelmente, flagrantemente
ilegal e inconstitucional.
Nós
queremos aqui fazer uma colocação das nossas preocupações, porque, amanhã, todo
o sistema metroviário de São Paulo pode, por simples ato administrativo
precário, que é a autorização, ser entregue à iniciativa privada sem critério.
Essa
proposta do PL 148, deputado Giannazi, é uma carta, uma verdadeira carta
assinada em branco que nós estamos entregando para o governador do estado de
São Paulo.
Portanto,
com a nossa bancada não tem acordo, nós não vamos concordar com esse projeto de
lei. Nós vamos propor, conforme foi combinado com a deputada Analice; vamos
fazer aí proposituras também ao líder do Governo, para que a gente possa
retirar a autorização.
Nós
entendemos que a autorização não se enquadra no caso de concessão, no caso de
permissão de uso de bens públicos, porque ela não atende aos requisitos
estabelecidos na legislação.
Queremos
dizer que também queremos especificar na lei que as companhias do Metrô, CPTM,
a companhia de trens de Campos do Jordão, nada disso será submetido a processo
dessa natureza, porque nós não concordamos.
Nós
entendemos que esse projeto de lei é absurdo e é algo inimaginável do ponto de
vista legal e do ponto de vista da facilidade que é entregar os bens públicos,
deputada Adriana Borgo, entregar os bens públicos para que sejam explorados
pela iniciativa privada sem critérios, sem nenhum critério.
A
gente é a favor de que tenha um sistema ferroviário eficiente, a gente é a
favor de que tenha um sistema ferroviário que atenda às necessidades econômicas
do estado de São Paulo, que possa dar sustentação ao suporte de cargas. Nós não
somos contrários a isso.
Nós
somos contrários, deputado Gilmaci, à forma como isso se coloca nesse projeto
de lei. Esse projeto de lei é absurdamente ilegal, inconstitucional, ele é um
ato discricionário, um ato precário, um ato que não tem absolutamente
fundamentação para que a gente possa permitir que esse projeto de lei seja
aprovado por esta Casa.
Então
nós queremos discutir melhor esse projeto de lei. Viemos para o debate, viemos
para colocar todas essas questões, porque achamos que é imprescindível que a
gente se debruce sobre esse projeto de lei para que a gente possa melhorá-lo e
não entregar a concessão, que seria a modalidade correta, através de um
processo licitatório, das nossas ferrovias para interesses privados.
A
gente bem sabe, não é deputado Giannazi, a quem serve esses interesses
privados. Muito bem nós sabemos quem é que vai lucrar com todo esse absurdo que
é a modalidade de delegação por autorização.
Nós
não concordamos, nós vamos à Justiça se necessário for porque nós entendemos
que não se adequa aos termos constitucionais e, também, à lei ordinária
infraconstitucional.
Dessa
forma, a bancada do Partido dos Trabalhadores fará obstrução. Nós estaremos
aqui para dizer que não vamos aprovar o PL 148 e que, na eventualidade de esse
projeto ser aprovado da forma como ele se encontra, ele será contestado pela
sua ilegalidade e pela irresponsabilidade de quem está propondo esse tipo de
concessão, autorização e permissão de bens públicos, que tem sim que passar por
esta Casa para que possam ser, inclusive, vendidos.
Muito
obrigada, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Enquanto o
próximo orador vai à tribuna, deputado Paulo Fiorilo, para comunicação, é regimental,
tem até dois minutos o deputado Coronel Nishikawa.
O
SR. CORONEL NISHIKAWA - PL - PARA COMUNICAÇÃO -
Apenas para anunciar a presença do prefeito da minha cidade natal, Vera Cruz,
Rodolfo Davoli, e de seu vice-prefeito.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Parabenizar e
agradecer a visita do prefeito Rodolfo e vice-prefeito. Sejam bem-vindos.
Com a palavra o orador,
deputado Paulo Fiorilo.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente. Com anuência do orador, eu gostaria de fazer uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Com anuência do
orador, a senhora tem até dois minutos, deputada.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Muito
obrigada, Sr. Presidente.
Eu quero aqui lamentar e
me solidarizar com as famílias de três pessoas que foram mortas em um ônibus
municipal em Piracicaba, duramente esfaqueadas. Por óbvio, a gente vai ver os
motivos, mas seja qual for o motivo, eu acredito que aquela cidade, Piracicaba,
está tendo muitas dificuldades, seja no trato com os servidores públicos, seja
na Segurança Pública, porque isso é difícil e tem que ter mais investimento em
Segurança Pública e também nos transportes, porque me parece que os transportes
estão carentes.
Vamos discutir o que
vamos fazer com essas coisas acontecendo lamentavelmente. Então quero deixar
minha solidariedade às famílias, repudiar o atacante e esperar que sejam
tomadas as devidas decisões com relação ao fato.
Muito obrigada, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Muito obrigado,
Professora Bebel, deputada. Com a palavra o orador Paulo Fiorilo, deputado.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha pela rede Alesp e aqui presencialmente, eu queria
colocar duas questões que parece que precedem todo esse debate do Projeto de
lei 148, de 2022.
Sr.
Presidente, nós estamos, teoricamente, a duas semanas da conclusão dos
trabalhos legislativos. Óbvio que se não aprovarmos a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, que é o projeto mais importante do primeiro semestre, aquele que
orienta a elaboração do orçamento, possivelmente nós entraríamos em julho para
esse debate.
E
há uma pressa excessiva, por parte do governador Rodrigo Garcia, para aprovar o
PL 148, de 2022. O que muito estranha. Primeiro, porque nós estamos num período
pré-eleitoral.
Nós
ainda não temos clareza, em que pese eu tenha certeza de quem governará este
estado a partir do dia 1º de janeiro. E o governador se apressa a enviar,
deputado Dr. Jorge do Carmo, da Comissão de Transportes e Infraestrutura daqui
da Assembleia, um projeto que versa sobre as ferrovias de carga e passageiros.
Aliás,
podia perguntar. A situação do transporte de passageiros do estado é um absurdo
de calamidade, de desorganização, de quebra, de paralisação das linhas. E, se
eu olhar o estado, hoje, as linhas férreas são utilizadas para o transporte de
carga, na sua maioria. Em um ou outro caso ainda existe o transporte turístico,
que tem sido incentivado em algumas regiões, tem sido valorizado.
Mas
não há, por parte, nem do governo federal, nem do governo estadual, um
interesse de revitalização das linhas férreas para o transporte de passageiros.
Eu sou jovem, mas sei que aqui alguns deputados, como o deputado Zerbini, por
exemplo, deve ter viajado muito de trem, da Capital para o interior. (Voz fora
do microfone.) Não, não. De experiente e de ter conhecido esse transporte de
passageiros. Isso! Quando criança, com os pais.
Eu
também tive essa oportunidade, com a minha mãe, de viajar de Araraquara a
Americana. Hoje não existe mais essa possibilidade. Não existe. O que a gente
tem é o transporte de cargas que corta o Estado, que corta o País. E que,
infelizmente, a gente não tem a possibilidade da exploração do transporte de
passageiros pelos trilhos, que foram tão importantes no século passado. Mas que
na Europa, por exemplo, continuam sendo fundamentais.
Hoje
nós vamos para um país da Europa e, ou utilizamos o metrô, ou utilizamos os
trens, de alta velocidade e de média velocidade. Eu tenho certeza que, aqui,
muitos dos deputados e muitas das deputadas já fizeram algum tipo de viagem nesse
tipo de transporte, com qualidade, pontualidade, limpeza e, principalmente, com
preço acessível.
Tenho
certeza que a deputada Marina Helou já deve ter vivido essa experiência no
transporte de passageiros na Europa. Eu também. Aliás, insisto nisso. Acho que
é uma alternativa viável. Sustentável e viável.
Mas
que, infelizmente, nem o governo federal e nem o governo estadual olham para
essa questão tão importante e fundamental. Aliás, é o contrário. O que a gente
tem assistido, ao longo dos anos, é o incentivo ao transporte rodoviário. A
gente sabe o custo desse transporte e o que faz mal ao meio ambiente, com a
queima de combustível.
O
governador, com a pressa que lhe é peculiar, quer, goela abaixo, aprovar o
projeto. É impressionante. Parece que isso é um vício que o governador atual
traz do governador anterior. Porque o Doria é isso. Aliás, é importante a gente
refletir sobre os projetos que o governo Doria trouxe para esta Casa e aprovou
de forma açodada, sem o debate, sem o aprofundamento.
Hoje,
no Pequeno Expediente, citei, por exemplo, a extinção da autarquia Sucen, que
ocorreu em 2020. Nós estamos em 2022. O projeto foi gestado em 2019. E os
servidores da Sucen foram, agora, para a Secretaria de Saúde e, na hora de
receber os salários, não receberam.
Duzentos
e dezessete deles estão sem salário. Porque houve um problema de comunicação,
houve um problema sei lá do quê, de estrutura do RH. Agora, é inadmissível um
projeto aprovado em 2020, que teve sua prorrogação da extinção por duas vezes,
180 dias, não ser exequível, e as pessoas não receberem salário
Esse
projeto, o 148, de 2022, dispõe sobre o Subsistema Ferroviário do Estado de São
Paulo - SFE/SP -, a organização do transporte ferroviário de cargas e de
passageiros - e aqui o pulo do gato - e o uso da infraestrutura ferroviária e
os tipos de outorga para a exploração indireta de ferrovias no âmbito do estado
de São Paulo, entre outras providências.
Extrai-se
que a modalidade eleita para a delegação do serviço público foi a autorização,
conforme a gente vai relatar aqui ao longo do texto do projeto de lei. Aliás,
eu queria só perguntar se o projeto já está disponível aqui, pois eu gostaria
muito de poder usá-lo, até porque eu acho que é importante a gente resgatar o
roteiro desse projeto.
O
Projeto no 148, de 2022 - que dispõe, então, sobre o Subsistema
Ferroviário do Estado de São Paulo, a organização do transporte ferroviário de
cargas e passageiros, o uso da infraestrutura ferroviária e os tipos de outorga
para a exploração indireta de ferrovias no âmbito do estado de São Paulo, e dá
outras providências -, é datado, ainda pelo ex-governador e ex-candidato a
presidente da república João Doria, no dia 28 de março de 2022.
Talvez
aqui já haja a primeira explicação. O projeto já vem contaminado pela pressa
que o deputado Alex de Madureira expõe todos os dias aqui, com a sua verve, com
o seu interesse.
Nós
não podemos fazer de um projeto desta envergadura, deputado Alex de Madureira,
nenhuma medida tão rápida que não possa ser discutida e debatida. Não podemos.
É um erro, mais um erro. Por isso, eu disse que talvez a origem do erro comece
aqui, com quem manda o projeto para a Casa, o então governador João Doria.
O
projeto foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 29 de março. No dia
quatro de abril, prazo regimental para apresentação de emendas de pauta, foram
apresentadas 52 emendas.
No
dia cinco de abril, foi distribuído para a CCJR, Comissão de Constituição,
Justiça e Redação; e no dia 11 de abril, comunicado o vencimento do prazo. No
dia 12 de maio, esgotado o prazo previsto no Art. 26, parágrafo único, da
Constituição do Estado; e no dia 12 de maio, pronto para a Ordem do Dia.
Reparem
só: esse projeto não passou, deputado Nishikawa, por um congresso de comissões.
Primeiro porque os congressos não deram quórum; segundo porque possivelmente um
projeto dessa envergadura mereceria um amplo debate.
Teve
uma audiência pública, é verdade. Eu não pude participar, mas a deputada líder
da bancada, Márcia Lia, participou; deputada Bebel também participou; deputado
Dr. Jorge do Carmo... Outros deputados da bancada do PT participaram. Eu não
pude, porque tinha uma atividade que me impedia de estar presente.
Eu
apresentei emendas, a bancada do PT apresentou emendas, o deputado Emidio
apresentou emendas, a deputada Márcia apresentou emendas, a deputada Bebel
apresentou emendas.
E,
infelizmente, parece que não teve, por parte do Governo, da liderança do
Governo, nenhuma sensibilidade de abrir um debate sobre as emendas
apresentadas. Nenhuma. Deputado Barros Munhoz, que é um decano nesta Casa, sabe
da importância de se debater um projeto desta importância com mais prazo e
menos rapidez. Há o risco de errar, sempre, quando a gente faz isso.
Eu
dei o exemplo da Sucen. O senhor deve ter acompanhado aqui: uma empresa extinta
em 2020, que teve a prorrogação de 180 dias por duas vezes. Ao final do prazo,
os funcionários são transferidos para a Saúde. E agora, no dia do pagamento,
não recebem o salário; e não recebem porque havia contradições na folha que era
gerada pela Sucen e na folha que agora é gerada pela Saúde.
Eu
me pergunto: como é possível isso, depois de três anos? Três. Porque quem
decidiu extinguir, não decidiu em 2020. Decidiu em 2019, porque esse projeto é
um dos primeiros que o então governador Doria encaminhou a esta Casa. Nós não
podemos permitir isso; nós não podemos dar de barato que nós vamos aqui aprovar
rapidamente, por vários motivos.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA - É
regimental. Convido o deputado
Tenente Nascimento, junto com o deputado Aldo, para fazer a chamada dos nobres deputados. Fica preservado o horário
do orador, deputado Paulo Fiorilo.
O SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - Sr. Presidente, eu queria fazer uma comunicação bem rápida, até o
Tenente Nascimento sentar aí.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA - Neste
momento ainda não cabe. Assim que oportuno, V. Exa. tem a palavra. Não temos
sessão no momento, temos que fazer a contagem. O deputado Tenente Nascimento
faz a chamada e o deputado Aldo anota a presença.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA - Quórum
suficiente. Continua a sessão. Com a palavra o orador, deputado Paulo Fiorilo,
pelo tempo ainda restante. Antes, para uma comunicação, o deputado Alex de
Madureira.
O SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Obrigado, Sr. Presidente. Só lamentar aqui, Sr. Presidente...
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não precisa da anuência do orador, Sr. Presidente?
O SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - Enquanto o senhor estava se
dirigindo, deputado Paulo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Mas agora eu cheguei, porque eu nunca
vi um negócio desse.
O SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - O seu tempo está garantido, deputado
Paulo. O senhor quer mandar mais do que o presidente, Sr. Paulo?
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não, mas não é por isso. É porque
procedimentalmente, regimentalmente, o presidente precisa me consultar. Se o
senhor não lê o regimento...
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA -
Com a palavra... Alex de Madureira, só um minutinho, por favor. Não vamos criar
confusão.
Assim
que o deputado Paulo Fiorilo concluir, eu passo a palavra ao senhor. Realmente
precisava da anuência do deputado.
O SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - O senhor pode me dar só um aparte,
deputado Paulo?
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Infelizmente não poderei. E eu peço
que o senhor se recolha aí nesse seu quadrado.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA -
Com a palavra o orador. Por favor, deputado. A palavra é sua, vai começar a
contar o tempo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Primeiro, eu queria agradecer ao
senhor, mais uma vez, pela correta posição regimental. É inadmissível que o
deputado não entenda que há um regimento nesta Casa, que pode tudo. Não pode
tudo.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA -
É por isso mesmo que esta Presidência deu ao senhor a palavra e, após a sua
palavra, a comunicação. Desculpe pela falha desta Presidência interina. Eu sou
novo ainda, vou aprender.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - O senhor tem toda a experiência
necessária para conduzir esta sessão.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA -
Muito obrigado, deputado. Com a palavra.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Eu queria então, Sr. Presidente,
retomar aqui o debate, aproveitar aqui, inclusive, para fazer um registro.
Estava na verificação de presença dialogando com o deputado Jorge do Carmo e
ele me disse, pasmem, que nem o secretário esteve presente na audiência pública
e nem o DER. Nenhum dos dois. Então, assim, que audiência pública é essa? Não podemos
considerar.
Então,
o debate açodado, depois a ausência dos responsáveis, e nós vamos votar? Não,
por favor. E queria insistir com o líder do Governo, deputado Vinícius
Camarinha, para que pudesse ter a sensibilidade que lhe é característica e que
não se vote esse projeto neste semestre.
Quem
sabe possamos votá-lo após a eleição, até porque fica muito mais fácil, mais
tranquilo. Nós vamos saber qual é o quadro, qual é o cenário, quem ganhou e
quem não ganhou.
Aí
sim a gente toma uma decisão, até porque nós estamos perdendo a oportunidade de
fazer um debate ímpar com relação ao transporte de trilhos, que todo mundo
insiste que gostaria de fazer, mas aqui não. Aqui a gente vota açodadamente.
Eu
falava aqui ao deputado Zerbini que, quando jovem, quando criança, teve a
oportunidade, assim como outros deputados, de conhecer o sistema de trens.
Tenho certeza de que o deputado Conte Lopes, a deputada Márcia Lia, não sei o
deputado Barba, tiveram a oportunidade de andar, de vivenciar essa experiência
em um vagão, em uma cabine de trem.
É
triste, porque não tem mais. Agora é carga, carga, carga. Lá em Araraquara, a
Márcia Lia sabe, é de lá, tem a Rumo, que ainda corta a cidade. Espero que a
gente um dia viva uma situação diferente e não tenha a Rumo cortando a cidade.
Mesmo
nas regiões mais longínquas, em que nós viajávamos, por exemplo, para o Mato
Grosso de trem. Eu sou da época, deputado Zerbini, para não ter nenhum
problema, eu viajei a Aquidauana e uma parte da viagem fiz de trem, o que me
orgulha muito, porque eu tive essa experiência que meu filho não terá, exceto
caso ele vá a algum país que ainda tenha a prioridade do trem, que é um sistema
de transporte ecologicamente correto, que pode ajudar aqueles que precisam se
locomover de forma mais barata.
Infelizmente
aqui não. A deputada Marta também, tenho certeza, deve ter tido essa
experiência. Se não conheceu, deputada Marta, vale a pena saber a importância
que têm os trilhos, que desenvolveram o interior.
O
deputado Barros deve saber melhor do que eu, foram os trilhos das ferrovias que
levaram o desenvolvimento para as cidades distantes da Capital. Se lá atrás a
gente teve as Bandeiras, que fizeram o que fizeram, a gente teve nos trilhos a
oportunidade e a possibilidade de ampliar essa relação entre o interior e o
estado de São Paulo, não só do ponto de vista econômico, mas do ponto de vista
social.
Por
isso, deputado Camarinha, o meu tempo se vai, eu queria deixar aqui esse
pedido, até porque nós temos duas semanas e eu vou insistir, nessas duas
semanas nós deveremos nos dedicar a duas coisas.
Primeiro,
o governo pagar as emendas impositivas, porque não é possível. Dia dois acaba o
prazo. Se algum deputado ou deputada aqui já recebeu emenda impositiva me
contem, porque eu não recebi.
E
dois, vamos deixar...
O SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - Terminou...
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Não acabou o meu tempo. Sr.
Presidente, será que não tem um regimento interno para a gente dar para o
deputado Alex? Não terminou o tempo, o senhor está me interrompendo.
O SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN -
CIDADANIA -
Para concluir, orador.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Eu vou concluir porque o deputado me
interrompeu, faltavam 11 segundos.
Eu
queria propor ao deputado Camarinha que se empenhe para pagar as emendas, para
terminar aquilo que está devendo, porque é inacreditável um governo com tanto
dinheiro não poder pagar aquilo que é compromisso constitucional.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Com a palavra a
deputada Márcia Lia, mas, antes, para uma comunicação, o deputado Alex de
Madureira.
O
SR. ALEX DE MADUREIRA - PL - PARA COMUNICAÇÃO -
Obrigado, Sr. Presidente. Só para lamentar aqui, eu sei que já foi dada essa notícia,
mas tivemos agora em Piracicaba um atentado, infelizmente, em um ônibus, no
perímetro urbano da cidade, no centro da cidade, na Av. Armando Salles, onde
três pessoas foram covardemente assassinadas dentro do transporte urbano, do
ônibus urbano, e mais três pessoas foram feridas.
Então, é só para lamentar
mesmo essas famílias que perderam seus entes queridos. A Polícia Militar
trabalhou muito rápido. Parabenizo a Polícia Militar, que retirou o indivíduo
de dentro do ônibus, inclusive, em uma ação muito rápida.
Então, é para lamentar
realmente e parabenizar o serviço da Polícia Militar, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Com anuência do
presidente da Mesa, deputado Carlos Pignatari, a Alesp, a Assembleia
Legislativa também se solidariza com as famílias e com a cidade. Infelizmente,
a esse nível de violência todos os municípios estão passíveis. A gente precisa
mesmo de muita fé em Deus, buscar Deus e, cada vez mais, as autoridades agirem
para evitar isso.
O
SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSDB - Pela ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Com a palavra a
deputada Márcia Lia. Abre mão? Líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha
com a palavra.
O
SR. VINÍCIUS CAMARINHA - PSDB - Sr. Presidente, é uma
satisfação ver V. Exa. presidindo a Casa. Queria dizer que nós construímos um
acordo com todos os líderes presentes.
Eu não sei se não
consultei algum líder que chegou agora na Casa e eu queria que, se houvesse
algum óbice, que se manifestasse, mas o acordo trata de darmos por discutida
uma hora do Projeto 148 e levantarmos a presente sessão, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DIRCEU DALBEN - CIDADANIA - Então, havendo
acordo de todos os partidos, de todas as lideranças, dá-se por discutida uma
hora do projeto e está levantada a sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às
18 horas e 07 minutos.
*
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