28 DE JUNHO DE 2022
27ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: CARLÃO PIGNATARI, ITAMAR BORGES, ANDRÉ DO PRADO
e CARLA MORANDO
Secretaria: DELEGADO OLIM, SARGENTO NERI, CARLOS CEZAR, DOUGLAS
GARCIA, ALTAIR MORAES, CARLA MORANDO, VINÍCIUS CAMARINHA, LÉO OLIVEIRA, TENENTE
NASCIMENTO, RICARDO MADALENA e MARIA LÚCIA AMARY
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Abre a sessão.
2 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita verificação de presença.
3 - CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum. Coloca em
discussão o PL 277/22.
4 - MÁRCIA LULA LIA
Discute o PL 277/22.
5 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Solicita à plateia o comportamento regimental.
6 - EDNA MACEDO
Para comunicação, faz pronunciamento.
7 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Endossa o pronunciamento da deputada Edna Macedo.
8 - DR. JORGE LULA DO CARMO
Discute o PL 277/22.
9 - PAULO LULA FIORILO
Discute o PL 277/22.
10 - ITAMAR BORGES
Assume a Presidência.
11 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita verificação de presença.
12 - PRESIDENTE ITAMAR BORGES
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
13 - CARLOS CEZAR
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - PRESIDENTE ITAMAR BORGES
Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Cezar.
15 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Assume a Presidência.
16 - CARLOS GIANNAZI
Discute o PL 277/22.
17 - ANDRÉ DO PRADO
Assume a Presidência.
18 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita verificação de presença.
19 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
20 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Assume a Presidência.
21 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita verificação de presença.
22 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Indefere o pedido, ante a constatação visual de quórum.
23 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA
Solicita verificação de presença.
24 - CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
25 - JOSÉ AMÉRICO LULA
Discute o PL 277/22.
26 - ANDRÉ DO PRADO
Assume a Presidência.
27 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita verificação de presença.
28 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
29 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Assume a Presidência. Anuncia a visita de ex-prefeito de
Tanabi.
30 - PROFESSORA BEBEL
Discute o PL 277/22.
31 - DR. JORGE LULA DO CARMO
Solicita verificação de presença.
32 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum. Convoca
sessão extraordinária a ser realizada hoje, dez minutos após o término desta
sessão. Tece esclarecimentos sobre a Ordem do Dia da referida sessão
extraordinária.
33 - ENIO LULA TATTO
Para questão de ordem, faz pronunciamento.
34 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI
Dá resposta negativa à questão de ordem.
35 - CARLA MORANDO
Assume a Presidência.
36 - MÁRCIA LULA LIA
Solicita verificação de presença.
37 - PRESIDENTE CARLA MORANDO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.
38 - GILMACI SANTOS
Para comunicação, faz pronunciamento.
39 - PRESIDENTE CARLA MORANDO
Encerra a sessão.
*
* *
- Abre a sessão o Sr. Carlão Pignatari.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Ordem do Dia.
*
* *
- Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
* *
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não,
deputada.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Para pedir uma
verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental.
Gostaria de pedir para o deputado Delegado Olim e para o deputado Sargento
Neri, dois policiais, para ficar bem correta a anotação aqui. Um policial
militar e um policial civil.
*
* *
- Verificação de presença.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deu quórum.
Constatado o quórum regimental, discussão e votação adiada do Projeto de lei no
277, de 2022, de autoria dos deputados Vinícius Camarinha, Carla Morando, Mauro
Bragato, Itamar Borges, Sebastião Santos, Reinaldo Alguz, Fernando Cury e
Campos Machado.
Para discutir contra, a deputada Márcia
Lia.
A
SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT -
Muito boa tarde a todos os que se encontram aqui neste plenário. Muito boa
tarde aos deputados e deputadas. Muito boa tarde às pessoas que nos assistem
pela TV Alesp. Eu quero conversar com vocês, hoje, sobre o que está acontecendo
aqui na Casa Legislativa, na Casa do Povo.
Hoje nós
estamos fazendo a reforma agrária para os ricos. A reforma agrária que está
contida nesse Projeto de lei no 277 é a reforma agrária para os
milionários, para os grileiros de terras devolutas. E nós vamos obstruir e
votar contra esse projeto porque nós entendemos que esse projeto é extremamente
danoso para o estado de São Paulo.
Eu quero
começar minha fala questionando uma fala do Sr. Governador Rodrigo Garcia, que
é a seguinte... Pergunto a vocês: a reforma agrária acabou? Diante de projetos
como esse 277, a gente pergunta por que esses deputados que colocaram o 277 têm
insistido em regularizar as terras devolutas do estado de São Paulo para grileiros.
São terras boas
para produção de alimentos e que poderiam servir à instalação de novos
assentamentos rurais, já que nós temos milhares de pessoas querendo produzir,
pessoas que estão à beira das estradas, pessoas que precisam de terra para dar
dignidade à sua família.
No Brasil,
hoje, temos 90 mil famílias vivendo em lonas e aguardando novos assentamentos
rurais. E neste exato momento, estamos debatendo aqui na Assembleia Legislativa
de São Paulo mais um projeto de lei que beneficia os grileiros do estado de São
Paulo. Recordo que conseguimos retirar a proposta enxertada no PL 410, de 2021,
que previa exatamente a mesma coisa, ou seja, beneficiar os grileiros.
Então, qual é a
urgência e a necessidade de se regularizar a situação dos grileiros? - perguntamos.
Talvez não sejam uma coincidência esses constantes ataques à reforma agrária.
Recentemente,
em visita ao Pontal do Paranapanema, o governador Rodrigo Garcia disse,
literalmente: “gente, eu vou dizer para vocês no que eu acredito, mas não é uma
opinião solta, é algo com base em dados: a reforma agrária não deu certo no
Brasil, não deu certo aqui no estado de São Paulo e não deu certo no Pontal. E,
se depender de mim, acabou”. Palavras do governador Rodrigo Garcia.
Se depender
dele, a reforma agrária acabou. Uma fala dessas explica muitos dos projetos que
chegam à Assembleia Legislativa, feito lobos em pele de cordeiro. O PSDB, a
partir do governo João Doria, trabalha para acabar com a reforma agrária.
Por quê? Porque
acredita apenas no agronegócio das grandes extensões de terras para produzir
commodities, pouco se incomodando com a produção dos alimentos que vão à mesa
do nosso povo e matam a fome do povo paulista.
Não fosse isso,
o ITESP não viveria sob ataque, ataques constantes do Governo do Estado de São
Paulo, para extingui-lo, ou para enfraquecê-lo, retirando o orçamento do Itesp.
Também não
estariam em vias de acabar com as Casas de Agricultura, não teriam muitas sido
fechadas. A assistência técnica aos pequenos produtores também não teria acabado,
como acabou. Os assentamentos não estariam entregues à própria sorte.
Fala como essa
do Sr. Governador, que teve a coragem de mandar a real, explica tudo. Para o
PSDB, a reforma agrária não dá certo, mas para os ricos dá. Para os ricos dá,
ponto.
Garcia
finalmente foi didático sobre o que o partido dele pensa e como age. Fala como
essa do governador... Eu me lembro, inclusive, de números sobre a reforma
agrária no Brasil. São dados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o
MST, o maior movimento de organização dos trabalhadores do campo.
São 450 mil
famílias assentadas no Brasil, fortalecendo a agricultura familiar. São 1.900
associações comunitárias. São 160 cooperativas. São 120 agroindústrias que
produzem alimentos para o campo e para a cidade.
A agricultura
familiar que se pratica nos assentamentos rurais responde hoje por 70% dos
alimentos que chegam à nossa mesa. Repito, 70% dos alimentos que chegam à nossa
mesa advêm da agricultura familiar. (Manifestação nas galerias.)
É impossível
afirmar que a reforma agrária não deu certo no Brasil. A reforma agrária deu
certo, e nesta semana nós inauguramos um laticínio na cidade de Andradina, onde
mais de mil famílias vão poder entregar a sua produção de leite naquela região
tão rica e tão pobre ao mesmo tempo do estado de São Paulo.
Impossível
afirmar que não deu certo, e, apesar dos governos tucanos em São Paulo, os
assentamentos resistem, e seguem ajudando a alimentar a nossa população.
Quero dizer
para vocês, companheiros e companheiras, que esse projeto de lei, PL 277, é
inconstitucional, deputada Edna. Ele é inconstitucional. Há uma inversão de
papéis aqui quando, na verdade, o Executivo...
E ele deveria
ter tido a coragem de pedir, mas ele não acredita nem na reforma agrária dos
ricos. Nós estamos diante de um projeto de lei que os deputados apresentaram,
extrapolando as suas competências constitucionais, extravasando, invadindo
competência.
Eles estão
apresentando um projeto de lei para, pasmem, criar o Programa Estadual de Regularização
de Terras, que autoriza a Fazenda do Estado de São Paulo a transigir e a
celebrar acordos judiciais e extrajudiciais, para fins de alienação.
Nós estamos
dando um cheque em branco para o governo de São Paulo entregar aos grandes
grileiros, àqueles que invadiram terras, ocuparam as terras do estado de São
Paulo, grilando grandes propriedades de terra, para que essas pessoas tenham,
ao custo, pasmem, de 10%, tão somente, do valor da terra nua.
Nós discordamos
terminantemente que esse projeto de lei seja aprovado, e eu quero chamar
atenção dos nossos deputados, porque, não tenho dúvidas, se aprovado for esse
projeto nesta Casa - e aí os autores podem prestar bastante atenção - nós
vamos, deputado Enio Tatto, a bancada do Partido dos Trabalhadores vai
ingressar com uma ação de inconstitucionalidade, para anular essa decisão que
está sendo tomada nesta Casa, no dia de hoje.
Isso, caso eles
consigam aprovar, porque nós vamos resistir, nós não vamos aceitar a aprovação
desse projeto de lei e nós vamos enfrentar com toda a capacidade, com toda a
disposição, com toda a coragem, com toda resistência e luta desta bancada
aguerrida, que é a minha bancada, a bancada do Partido dos Trabalhadores.
Se depender de
nós, se depender da bancada do PSOL, se depender da bancada do PCdoB, esse
projeto de lei não vai passar porque nós não aceitamos grilagem de terras
regularizada. Os grandes latifundiários que entreguem as terras devolutas do
estado de São Paulo, para que o Governo possa fazer a reforma agrária.
E aí, eu quero
chamar a atenção, eu quero chamar a atenção dos companheiros e companheiras dos
movimentos de trabalhadores, porque tem muito lobo em pele de cordeiro, que vai
nos assentamentos, bate a mão nas costas da gente e depois vem apresentar esse
tipo de projeto de lei aqui para impedir que a reforma dê dignidade para as
famílias dos assentados, para as famílias dos acampados, para as famílias
daqueles que precisam de um pedacinho de terra para produzir, para produzir
alimentos.
Porque hoje,
companheirada, 33 milhões de brasileiros passam fome. Hoje, 19 milhões de
brasileiros estão desempregados. Hoje, nós temos muita gente que levanta de
manhã e não tem uma canequinha de arroz para colocar na panela, para dar
alimento para os seus filhos.
E aí, as
pessoas discordam daquilo que a gente acha que tem que ser. A gente acha que
terra devoluta, terra do povo, tem que ser dividida para o povo produzir, para
o povo trazer alimentos.
E quero dizer
mais, nesse período de pandemia que nós vivemos no estado de São Paulo e no
Brasil, não foram os governos que alimentaram a população carente, a população
pobre, a população das favelas; foram as cooperativas de assentados, foram os
trabalhadores rurais, foram aqueles que conhecem a palavra e o seu sentido. A
palavra solidariedade, a palavra dividir o bem, a palavra entregar parte
daquilo que você tem.
E foi nesse
contexto que o MST e todos aqueles que trabalham na perspectiva de uma
sociedade mais justa, mais fraterna, mais humana, mais solidária. Uma sociedade
onde todos tenham direito a se alimentar, todos tenham direito a uma casa,
todos tenham direito à Saúde de qualidade, à educação de qualidade.
Mas o que nós
estamos vendo pelo estado de São Paulo afora? O que nós estamos vendo? Nós
estamos vendo o nosso povo cada dia mais pobre, nós estamos vendo o nosso povo
passando necessidade. E eu estive, semana passada, em um município onde um
vereador me contou que lá naquela cidade chegaram três ambulâncias.
E ele disse
para mim: “Deputada, nós não temos doentes para três ambulâncias, mas eles
estão entregando carros, ambulância, estão entregando um monte de máquinas,
estão abrindo os cofres do Governo do Estado de São Paulo, porque há muito
dinheiro lá”.
E ao invés de
pegar esse dinheiro para melhorar a condição de plantio do nosso povo, de fazer
com que o Feap funcione de verdade, de fazer com que a gente tenha subsídios
para poder produzir alimentos, o que a gente está vendo é um monte de dinheiro
sendo distribuído para campanha eleitoral.
É isso que nós
estamos vendo no estado de São Paulo, e nós não podemos concordar com mais esse
momento grave, esse momento onde o Pontal do Paranapanema será entregue,
inteirinho, para aqueles que outrora ocuparam ilegalmente terras.
E mais, quero
dizer para vocês que nós já temos várias decisões na justiça reconhecendo que
alguns cartórios de registro de imóveis haviam destinado as terras paras esses
grileiros, e agora a justiça está voltando à 1850. E olhando que aquelas
terras, que foram entregues através de escritura pública, são terras do estado,
são terras da União, são terras devolutas.
E nós vamos
buscar, em cada um desses terrenos, em cada uma dessas fazendas que foram
entregues, nós vamos buscar a origem, nós vamos querer discutir a origem dessas
terras. Quem é, de fato, que em 1850 era o proprietário dessas terras que estão
sendo entregues.
E eu tenho
certeza, companheiros e companheiras, que nós vamos lograr muito sucesso,
porque esse projeto é inconstitucional, esse projeto invade competência, esse
projeto é uma aberração do ponto de vista social, do ponto de vista da
regularização fundiária, e esse projeto não haverá de ser vitorioso no dia de
hoje.
Portanto, vamos
à luta, resistindo e resistindo.
Reforma agrária
já! (Manifestação nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputada Márcia Lia.
A
SRA. EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Pela ordem,
Sr. Presidente. (Manifestação nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Eu gostaria...
(Manifestação nas galerias.)
Por favor, eu gostaria de pedir
silêncio no plenário. (Manifestação nas galerias.)
Por favor, por favor. (Manifestação nas
galerias.)
Vocês são bem-vindos na Assembleia, eu
só gostaria de pedir silêncio para a plateia, por favor. Para a gente ter
respeito.
A
SRA. EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr.
Presidente, para uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental,
deputada.
A
SRA. EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - PARA
COMUNICAÇÃO - Eu quero dar as boas-vindas à Força Jovem Universal da região de
Perus, que está com uma visita monitorada aqui no plenário. Que Deus abençoe a
todos vocês, muito obrigada pela visita aqui no nosso Parlamento. (Manifestação
nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa de São Paulo.
Para falar contra, deputado Jorge do
Carmo. Dr. Jorge do Carmo.
O
SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR -
Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público da TV Alesp,
policiais aqui presentes, nossa assessoria, inicialmente eu quero saudar todo o
Movimento dos Trabalhadores sem Terra que estão neste plenário, que estão na
galeria, e dizer para vocês da nossa luta incansável aqui para defender a luta
dos trabalhadores e das trabalhadoras do Movimento Sem Terra rural.
Sr. Presidente,
antes de falar do famigerado PL 277, de 2022, eu peço licença e data venia a V.
Exas. para eu falar de uma outra questão que é tão nociva quanto, deputado
Enio.
Veja bem, nós
estamos vivenciando um momento de retirada de direitos. Um período, né? Não um
momento, um período de retirada de direitos. Então, cada projeto que é
discutido, seja no Congresso Nacional, seja na Assembleia Legislativa ou em
diversas câmaras municipais do estado de São Paulo e do Brasil, a gente vê a
atrocidade que esses governos, governos que não têm nenhum compromisso com a
sociedade, que não têm nenhum compromisso com o social, fazem.
Vejam bem, tem
uma lei federal, a Lei 8.009, de 29 de março de 1990. Essa lei é a chamada lei
do direito, aquela garantia do imóvel de família. Uma família tem um imóvel e
esse imóvel é impenhorável nos termos da Lei 8.009, de 29 de março de 1990.
Isso é uma garantia, deputadas e deputados, uma garantia que foi concedida para
aquela família que, a duras penas, com muita dificuldade, consegue o seu
imóvel, que é denominado bem de família.
Pois bem, olha
só o que o Congresso Nacional aprovou recentemente. O PL 4.188, de 2021,
aprovou recentemente que... A lei diz, a Lei 8.009 diz: “A impenhorabilidade é
oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária,
trabalhista ou de outra natureza, salvo motivo de:
V - para
execução de hipoteca sobre imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou
pela entidade familiar.”
Ou seja, essa é
uma garantia de família que está desde 1990 assegurada à nossa sociedade.
O PL 4.188 diz:
“A Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990, passa a vigorar com as seguintes
alterações. Art. 3º. Para execução do imóvel oferecido em garantia real,
independentemente da obrigação garantida ou da destinação dos recursos obtidos,
mesmo quando a dívida for de terceiro”. Isto é, nada mais, nada menos do que a
retirada da garantia do bem de família.
Esse Projeto nº
4.188, de 2021, foi aprovado recentemente no Congresso Nacional e agora está no
Senado. Esperamos que ele não seja aprovado no Senado ou que haja alteração
para que ele volte para a Câmara Federal. Vejam bem, essa é a toada do governo
federal e do governo estadual, aqui no governo Bolsodoria.
Pois bem, agora
vamos entrar, Sras. e Srs. Deputados, no PL 277, de 2022. Eu dizia ao deputado
líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha, que, lendo a ementa do PL 277 -
“dispõe sobre a criação de programa estadual de regularização de terras, nos
casos em que especifica” -, lendo só a ementa, dá até vontade, senhoras e
senhores, de dizer que é um baita de um projeto de lei.
Regulariza as
terras! Quem não quer regularizar terras? É a nossa luta. A nossa luta na
militância. A luta dos trabalhadores e trabalhadoras sem-terra sempre foi para
regularizar, para produzir, para ter alimentos saudáveis, alimentos mais
baratos, valorização dos trabalhadores.
A reforma
agrária na essência, como defendemos, que é o direito de ocupar e destinar as
terras devolutas para um fim social, para que a gente dê a função social da
propriedade, para que possamos garantir a distribuição daquilo que é público,
daquilo que é nosso por direito, daquilo que é dos trabalhadores por direito,
que a gente possa garantir essas terras para os trabalhadores e trabalhadoras.
Mas esse
governo, um governo que pega voto da população pobre, digamos assim - pobre, eu
digo, nós, trabalhadores e trabalhadoras -, ele governa para os ricos. Quando a
gente vê o PL 277, de 2022, é o PL da Grilagem, é o PL para regularizar a
grilagem de terras no nosso estado.
É aquele que
garante para os fazendeiros, para os grileiros, para aqueles que são os
exploradores dos trabalhadores, que garante para esses a terra a preço quase
vil, de banana, digamos assim, por 10% do valor da terra nua, para garantir que
as pessoas possam ser donas dessas terras, em detrimento dos trabalhadores e
trabalhadoras do Movimento Sem Terra, em detrimento da sociedade.
E aqui eu quero
saudar o saudoso governador André Franco Montoro, que teve a grandeza, a
sensibilidade de aprovar a lei, quando era governador, para garantir o acesso à
terra aos trabalhadores.
Hoje, nós vemos
um governo que, ao invés de incluir os trabalhadores, ele os exclui. Ele
beneficia poucos, governa para poucos. E aí não podemos concordar. Não podemos
concordar com um projeto que chega aqui a toque de caixa, quase no apagar das
luzes, começando o recesso agora no mês de julho, por direito, e os deputados e
deputadas, por quem tenho profundo respeito, apresentam um projeto...
E são livres
para apresentar projeto, é legítimo, mas apresentam um projeto - deputado
Vinícius Camarinha, líder do Governo, do PSDB; Carla Morando, deputada do PSDB;
deputado Mauro Bragato e deputado Itamar Borges, do MDB, por quem eu tenho
profundo respeito, apresentam um projeto que nós já debatemos aqui, esse jabuti
no PL 410, quando incansavelmente, exaustivamente, nós conversamos, combinamos
e votamos a favor do PL 410 com a condição...
E foi retirado
lá o Art. 4º, que a gente chamava de jabuti ou de artigo da grilagem e,
infelizmente, nós fizemos isso por acreditar que estavam tratando com seriedade
este Parlamento, mas não. Lá vem o golpe.
Lá nós
retiramos para, em tese, quererem enganar a gente e enganar os trabalhadores e
agora apresentaram um projeto para regulamentar, para regularizar o chamado
Programa de Regularização de Terra no estado de São Paulo. Pois, Sr.
Presidente, nós não podemos ser complacentes, ser passivos com esse tipo de político.
A gente já
discutiu hoje esse projeto no congresso de comissões e nós fomos enfáticos. Não
dá para concordar com um programa que tem por objetivo a exclusão. Não dá para
a gente aqui homologar a grilagem de terra no estado de São Paulo, aumentar a
fome, como está dizendo aqui.
Quando a gente
aprova um projeto desse, nós estamos beneficiando aqueles que produzem para o
Agronegócio e não aqueles que produzem alimento saudável, alimento sem
agrotóxico, alimento mais barato, com valorização dos trabalhadores e
trabalhadoras sem-terra.
Isso é
inadmissível e nós aqui da bancada do Partido dos Trabalhadores e este
deputado, na condição de líder da Minoria, certamente estamos conversando com
os deputados e deputadas do PSOL, deputados do PCdoB, para que a gente não
concorde e nem sequer garanta quórum para que esse projeto seja aprovado.
Porque garantir
quórum ou votar “sim” - e até votar “não”, porque votar “não” garante o quórum
para que esse projeto seja aprovado aqui - é dizer não aos trabalhadores e nós
jamais vamos dizer não aos trabalhadores, ao movimento social.
Eu que sou do
movimento social, que sempre fiz a defesa, sempre fiz a luta, sempre valorizei,
não seria hoje agora nem aqui que nossa bancada e nem as deputadas e deputados
que têm algum compromisso com os trabalhadores vão votar “sim” a esse projeto.
Por isso, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, às vezes... Nós estamos no ano eleitoral, as pessoas
têm que se lembrar. Lembrem-se do golpe. O PL 410, que foi aprovado aqui, nós
confiamos, deputada Professora Bebel, que estavam tratando com seriedade e
votamos “sim”.
Votamos “sim”
porque o tal do Art. 4º foi retirado, mas o que está se fazendo hoje aqui é
exatamente o contrário. É exatamente a regularização da grilagem de terras no
estado de São Paulo. E a nossa bancada, os nossos deputados e deputadas, jamais
vão concordar com esse tipo de projeto, que é nocivo para a sociedade.
Não dá para
transigir, não dá para negociar quando os direitos dos trabalhadores é que
estão na mesa. Com direitos não se negocia, não se transige. Com direitos a
gente exige.
Em tempos em
que a gente tem perdido tantos direitos; em tempos em que os governos
fascistas, os governos que não têm nenhuma sensibilidade têm retirado direito
da Previdência, têm retirado direito trabalhista, têm retirado diversos
direitos, têm congelado recurso para a Educação e para a Saúde por 20 anos e
para os movimentos sociais, nós temos que valorizar e estar do lado dos
movimentos sociais. Por isso nós não vamos jamais aqui transigir com os
direitos dos trabalhadores.
Cada
companheira e companheiro que lá está no Pontal do Paranapanema, está no
interior deste Estado e que está lá trabalhando... Em muitos governos que
governam este Estado há anos e anos nós vemos exatamente o contrário.
Eles não
valorizam, não fortalecem, não dão a menor condição para que os trabalhadores
possam ter uma vida digna, ter um trabalho decente e fazer aquilo que eles mais
querem, que é produzir, criar sua família e estar lá lado a lado, produzindo,
ajudando, para que a gente tenha um Brasil, uma cidade e um estado melhor.
Por
isso, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, o PT, o Partido dos Trabalhadores,
partido de que tenho o maior orgulho de pertencer e de estar deputado, não vai
jamais negociar direitos dos trabalhadores. Não abriremos mão disso. Quando a
gente tiver que discutir esse projeto aqui por uma, duas, três, quatro, seis
horas, nós vamos fazer, porque isso é regimental.
Nós estamos
fazendo a obstrução, nós estamos fazendo a discussão. Quando vocês virem a gente
pedir verificação de presença, é porque a gente está exercendo um direito
regimental aqui na Casa de dizer: “nós não vamos abrir mão e nem vamos simplesmente
dar o aval e dizer que esta Casa não é homologadora de projetos que venham em
desencontro, contra os direitos das pessoas, dos trabalhadores e das
trabalhadoras”.
Por isso,
companheiras e companheiros, tenho aqui em nós, tenho certeza de que nós jamais
vamos defender grilagem. Jamais vamos defender. Cada deputado é deputado do
Partido dos Trabalhadores, e os deputados de esquerda aqui têm compromisso,
compromisso com a sociedade, compromisso para que tenhamos um estado melhor,
compromisso para que tenhamos uma região do interior de São Paulo que venha a
produzir, produzir e trazer melhorias para eles, trabalhadores, e para a
sociedade.
Eu já defendi
um projeto que chamava Campo Cidade. Campo Cidade era o projeto que o homem do
campo, os trabalhadores do campo, produziam e produzem alimentos saudáveis e
mais baratos, para garantir para os trabalhadores e trabalhadoras aqui da
cidade essa condição, porque o atravessador é aquele que ganha dinheiro sem
produzir.
Enquanto os
trabalhadores produzem lá e vendem barato para o atravessador, nós, o homem da
cidade e a pessoa que está aqui em São Paulo ou na região metropolitana, na
região urbana, paga um preço alto, e muitas vezes por um produto que já chega
sem muita qualidade, porque a distância e o atravessador acabam fazendo com que
o produto perca a qualidade e aumente o preço.
Por isso, Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, senhores trabalhadores e trabalhadoras, nós vamos
aqui votar contrário a esse projeto porque não defendemos grilagem para o
estado de São Paulo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Para falar
contra, o deputado Paulo Fiorilo. Ausente. Por favor. Deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO LULA FIORILO - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
público que nos acompanha nas galerias, assessoria das bancadas e quem nos
acompanha pela Rede Alesp, nós voltamos aqui para discutir o jabuti.
Para quem
conhece. (Vozes fora do microfone.) Não, jabuti, jabuti. O jabuti surgiu no
Projeto nº 410. Ali foi feito um amplo debate mostrando que não era possível
aceitar aquela emenda proposta pelo deputado Bragato.
Depois de um
exaustivo debate em que a líder da bancada à época, deputada Bebel, conduziu e
fez com que o governo entendesse que era preciso retirar o jabuti, agora, o
deputado Camarinha, o deputado Bragato, Carla Morando, agora mais dois
deputados, assinaram o jabuti de novo.
Eu não consigo
entender, já disse isso aqui. Primeiro, colocar um jabuti dessa forma, que nós
consideramos inconstitucional, porque eles estão fazendo aquilo que o governo
deveria fazer, não conseguiu e agora apresenta como projeto de lei.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Itamar Borges.
* * *
É inadmissível
que a gente tenha nesta Assembleia a capacidade de retroagir como se nada
tivesse ocorrido. Nada, deputado Barba, nada. Nós não podemos permitir isso.
Aprovar esse projeto significa o retrocesso a avanços e propostas que foram
feitas
por Montoro e
Covas, que possibilitou assentamentos e a produção do pequeno agricultor. O que
estão querendo fazer é entregar as terras para os fazendeiros, na contramão de
tudo que o mundo tem feito. Nós precisamos valorizar a pequena propriedade, não
as grandes propriedades. O agronegócio já tem o seu negócio.
Agora, o que o
Estado deveria fazer é fortalecer o pequeno agricultor familiar, que é aquele que
produz para quem precisa, para quem quer comer, não para vender para fora para
gerar commodities. Nós queremos comida no prato, e infelizmente o que nós
estamos vendo, ao longo desses últimos meses, é a piora da situação das pessoas
mais pobres.
Aqui no estado
de São Paulo, para além desse projeto de lei assinado pelos deputados e
deputadas, nós temos outras questões colocadas que são escandalosas. Eu já
disse aqui e vou repetir: o Governo do Estado criou o Bolsa do Povo para ajudar
as crianças em escola integral e os pais. Tinha 300 milhões.
Até agora,
junho, pagou 8 por cento. Tem dinheiro, tem muito dinheiro, mas pagou 8 por
cento. E por outro lado, reparem só, vai devolver mais de 300 milhões para os
empresários como uma forma de compensação de ICMS, e está festejando. Eu nunca
vi isso. Festeja dinheiro para empresário e não dá dinheiro para quem precisa.
Esse projeto é
um escândalo, porque nós vamos dar de novo terras para fazendeiros, quando nós
deveríamos estar incentivando o pequeno produtor. E para isso, o Estado tem
condições, tem instrumentos, tem recurso e poderia fazer. Não faz, não faz.
Vou dar outro
exemplo, importante e necessário: ao longo dos anos, o Estado deixou de
investir na questão das estradas vicinais. Agora a eleição se aproxima, abriu
os cofres e gasta milhões, milhões. Qual é o problema? Uma parte sem
licitações. É incrível o governo.
Com tanto
dinheiro, está usando uma parte desses recursos para contratar empresas sem
licitações. Nós não podemos permitir isso. Isso é um outro escândalo
gravíssimo, e agora estamos aqui discutindo jabuti que resolveram colocar na
sala. O Projeto 410, que foi aqui amplamente debatido...
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para
pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Verificação de presença é
regimental.
Eu quero
convidar aqui o deputado Carlos Cezar e o deputado Douglas Garcia para que
possam nos auxiliar aqui na verificação de presença.
* * *
- Verificação
de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Constatado quórum, devolvo a
palavra para o deputado Paulo Fiorilo.
O SR. CARLOS CEZAR - PL - Sr. Presidente, com anuência do...
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Pois não.
O SR. CARLOS CEZAR - PL – PARA COMUNICAÇÃO -
Com anuência do orador.
Apenas para
reconhecer a presença aqui do vereador da cidade de Ribeirão Branco, vereador
Alessandro Teixeira, que nos honra com a presença aqui, mais os líderes Adriano
e também o Claudinei, da cidade de Ribeirão Branco que visitam a Assembleia
Legislativa no dia de hoje.
Apenas isso,
Sr. Presidente.
Sejam
bem-vindos.
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado. Bem-vindos os
vereadores, prefeitas, prefeitos que também já foram anunciados pelo nosso
presidente, Carlão Pignatari.
Com a palavra o
deputado Paulo Fiorilo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Obrigado, deputado Itamar Borges.
Bom, como eu
dizia, a gente tem visto aqui o Estado cometer uma série de irregularidades.
Agora a gente tem aqui o Projeto 2.772, de 2020, que propõe a criação do
Programa Estadual de Regularização de Terras.
Como eu disse,
a gente ainda tem nesse projeto, além do deputado Vinícius Camarinha, a
deputada Carla Morando, o deputado Mauro Bragato, o deputado Itamar Borges e
coautoria do deputado Reinaldo Alguz e Sebastião Santos.
Parece que aqui
há interesse grande em fazer com que esse jabuti continue na sala. Até para a
gente poder entender o interesse, a quem interessa esse projeto, essa é a
proposta que entrega as terras públicas devolutas para os fazendeiros
possuidores, por valores simbólicos e parcelados. Encerra, na prática, a
possibilidade de criação de assentamentos estaduais.
Como eu disse,
nós estamos na contramão daquilo que o Estado deveria estar fazendo, que é
valorizar a pequena propriedade para produção de alimentos, para produção
daquilo que é consumido pelo os que mais precisam.
A gente tem uma
situação hoje, no País, de 30 milhões de pessoas que passam fome. Ou nós
mudamos essa lógica e investimos nos assentamentos, nos pequenos produtores
rurais, ou nós vamos continuar alimentando, ou melhor, não alimentando os que
mais precisam.
Agora nós
estamos diante de um projeto que já foi motivo de um amplo debate, a partir de
uma emenda do deputado Mauro Bragato, que é autor, coautor desse projeto, que
nos traz uma preocupação muito grande, porque ocorreu da forma mais precipitada
possível.
Não houve um
debate, não houve uma discussão. De repente, o projeto ganha urgência, o
governo quer aprovar de qualquer forma. É uma coisa impressionante, o esforço
que o governo está fazendo. Nós não podemos permitir que isso ocorra.
Nós estamos
chegando ao final do primeiro semestre. O projeto mais importante que nós
deveríamos estar discutindo aqui é a Lei de Diretrizes Orçamentárias, é aquilo
que orienta o governo na elaboração do próximo orçamento, mas não, a prioridade
do governo é o 277, não é a LDO.
Deputado
Giannazi sabe, conheceu muito bem ao longo desses anos a importância que tem
uma lei de diretrizes orçamentária. Para o governo deixou de ter importância. O
que tem importância é entregar as terras que poderiam ser utilizadas para
assentamento para os fazendeiros.
E eu vejo aqui
o esforço hercúleo do líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha, para
tentar angariar os 48 votos para aprovar essa proposta. Já disse aqui a líder
da bancada do Partido dos Trabalhadores, deputada Márcia Lia, já disse aqui o
deputado Jorge do Carmo: a bancada do PT vai judicializar essa proposta de lei,
esse projeto de lei.
Por quê? Porque
nós entendemos que ele é inconstitucional, ele fere os princípios do trâmite de
um projeto de lei, até porque já foi apresentado a esta Assembleia, foi
retirado e agora nós temos uma iniciativa de parlamentares, e não do Poder
Executivo.
É inadmissível
que esta Assembleia avance com um projeto de lei dessa envergadura, que, aliás,
de envergadura não tem nada, tem a entrega de terras devolutas aos fazendeiros.
Nós podemos
mudar essa lógica, nós podemos incentivar, insistir que o governo olhe para os
para os pequenos produtores, para os assentados, para valorizar. Já que não há
valorização por parte do governo federal, o Governo do Estado podia fazer esse
contraponto. Não o faz.
Aliás, a gente
tem feito um debate persistente, fiz com o então secretário Itamar Borges, fiz
com o secretário anterior, a possibilidade de aquisição da produção do pequeno
produtor para a Educação, para a Saúde, para o Sistema Carcerário. É possível,
existem recursos.
Infelizmente,
há burocracia, há um entrave, há uma dificuldade enorme para que a gente possa
valorizar aqueles que mais precisam, aqueles que estão no campo, aqueles que
estão produzindo para poder chegar comida no prato das pessoas nas grandes
cidades.
Nós não podemos
permitir que um projeto como esse avance na Assembleia e seja aprovado. Vamos
continuar na nossa obstrução, nós vamos continuar fazendo debate, apresentando
as dificuldades, mas, mais do que isso, nós vamos mostrar que esse governo tem
lado, o lado dos fazendeiros, o lado daqueles que mais têm na sociedade.
Esse é o corte
e o recorte do Governo do Estado, do governo Rodrigo Garcia, que não é
diferente do governo Doria, é a continuidade do governo Doria, com uma outra
pintura. Se o Doria não saía do Palácio, o Rodrigo viaja pelo interior o tempo
todo, em busca de amealhar apoio dos prefeitos.
Esse é o
governo do Rodrigo, que ganha prefeitos, distribuindo recursos para obras
eleitoreiras. E faz um gesto para os fazendeiros. Talvez, pensando como é que
ele pode dialogar ainda mais com o Agronegócio. O que, na nossa opinião, é um
erro grave, gravíssimo.
O PL que foi
apresentado aqui, o 410, que trouxe a emenda jabuti do deputado Mauro Bragato,
foi debatido exaustivamente. Nós fizemos reuniões com o MST. Nós fizemos
reunião com sindicato, nós fizemos reunião com todos os segmentos. Mesmo assim,
é preciso reconhecer que, apesar da retirada do jabuti, ainda não era o projeto
que nós gostaríamos e que nós queríamos aprovar nesta Assembleia. Não era.
A bancada do PT
deixou isso claro. Havia discordâncias de fundo, de conteúdo, de um projeto que
não ajudaria aqueles que mais precisam. No caso, dos assentados, e daqueles que
poderiam e que devem ser assentados.
Quem conhece a
região do Pontal sabe a quantidade de ocupações que existem naquela região, que
aguardam desfechos favoráveis, para que possam ter um pedaço de terra, para que
possam produzir.
Eu estive no
Pontal recentemente. Vi em Rosana, vi na região do entorno dos outros
assentamentos, pessoas que necessitam de terra. Ocuparam para poder produzir. E
não têm, por parte do Governo do Estado, absolutamente nenhum olhar, nenhum
incentivo. Não tem absolutamente nenhum interesse.
E agora a Assembleia
Legislativa tem que enfrentar, de novo, o debate do 277, que é o jabuti que foi
colocado no 410 e que, infelizmente, não há, por parte do Governo, a
sensibilidade de deixar esse projeto para o ano que vem, ou para o próximo
semestre.
Talvez porque
eles tenham interesse em fazer gestos para aqueles que ganharão mais com esse
projeto. Nós precisamos mostrar essa situação, essa dificuldade, e apresentar
aquilo que poderia, de fato, ajudar os que mais precisam.
Um governo que
tem muito dinheiro em caixa, que poderia destinar uma parte desses recursos
para incentivar a reforma agrária, para dar título para os que têm as suas
propriedades, não faz isso.
Prefere
distribuir recursos com outro viés, com outro recorte, para o público que ele
quer ganhar: para os prefeitos, para as cidades. Quando poderia tratar os
recursos públicos de outra forma.
Como eu disse,
a forma de justificar, ou a falta de licitação, ou o não pagamento da Bolsa do
Povo, é dizer assim: “Os deputados gostam de criticar obras que ajudam a
população”.
Deputados foram
eleitos para fiscalizar o Orçamento do Estado, e verificar se o governo está
gastando corretamente, ou não. Neste caso, não está. No caso do Bolsa do Povo,
não está. E, no caso do investimento nas regiões, também não está.
Por isso nós
estamos aqui, insistindo e tentando, quem sabe, sensibilizar os deputados e
deputadas, para que a gente não vote o projeto nesse semestre. Que ele possa
continuar a ser debatido.
A bancada do
Partido dos Trabalhadores apresentou uma emenda para discussão, hoje, no
Congresso de Comissões. A emenda não foi aprovada. Contou com os votos dos
deputados e deputadas do Partido dos Trabalhadores, mas não foi aprovada. O
que, na minha opinião, mostra a insensibilidade desse Governo.
Mostra a sua
postura de entreguismo de terras públicas, que poderiam ser utilizadas para os
assentamentos, para a produção da agricultura familiar e, com certeza, do
incentivo à distribuição dessa produção, o que é a questão mais importante
nesse momento.
Nós precisamos
dar comida para o povo que mais precisa. Infelizmente, o que nós estamos vendo
é o Governo do Estado dando terra para quem não precisa.
O deputado Gil
Diniz, que tem acompanhado esse debate, sabe do que nós estamos falando, e da
dificuldade de mostrar o que esse Governo do Estado tem feito no Estado para
tentar conquistar apoios para a disputa eleitoral. O que, na minha opinião, é
um erro. De novo, é um erro grave, gravíssimo. Por isso nós estamos insistindo.
Nós temos que
ganhar a consciência de alguns deputados que entendem a importância de rejeitar
esse PL 277, de abrir um amplo debate, trazer os movimentos, trazer o pessoal
do campo, para fazer o diálogo necessário.
Infelizmente,
esta Assembleia não tem esse tipo de comportamento e não tem canais de diálogo.
Quando realiza audiência pública, faz da forma mais complicada. A gente tem
acompanhado o caso do PETAR: os moradores foram participar, de forma virtual,
numa região que não tem conectividade, não tem capacidade de internet. Como se
isso tivesse valor, como se tivesse dado a eles a condição de entregar o PETAR
para uma concessão internacional.
Eu tenho
ainda...
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Paulo Fiorilo.
Já terminou o seu tempo.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Eu tenho ainda um segundo. Queria
terminar dizendo não ao 277. Eu estava olhando aqui o meu cronômetro...
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Paulo Fiorilo:
0,6 segundos, deputado. Então, está diferente o seu do meu aqui, mas não tem
problema.
O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Nós precisamos sincronizar os
cronômetros.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor,
deputado. Para falar contra, o deputado Carlos Giannazi. (Manifestação nas
galerias.)
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
público aqui presente, telespectador da TV Assembleia, quero saudar aqui os nossos
colegas companheiros do MST, do movimento em defesa da terra, em defesa da
reforma agrária, da agricultura familiar, participando desta sessão importante.
(Manifestação nas galerias.)
Nossos colegas
do Itesp também. Muito obrigado pela presença de vocês.
E dizer que nós
estamos extremamente chocados, porque é inacreditável que a Assembleia
Legislativa, no apagar das luzes do segundo semestre, tenha colocado na pauta
um projeto como esse.
Um projeto, na
verdade, que é requentado, porque já tentaram aprovar essa proposta no PL 410,
aquele projeto, também, dos assentamentos, que nós, inclusive, votamos contra
aqui na Assembleia Legislativa. É um projeto que tinha uma emenda: a quarta
emenda tratava desse mesmo tema.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. André do Prado.
* * *
Mas eles, não
contentes, voltaram com o projeto. O projeto foi aprovado a toque de caixa no
congresso de comissões, e está sendo pautado aqui. Só que é um absurdo,
primeiro porque nós estamos com 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil.
Nós temos mais de 120 milhões de pessoas, no Brasil, com insegurança alimentar.
E o governo, em vez de canalizar essas terras, que são nossas...
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para
pedir verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa
Excelência. Solicito que a deputada Carla Morando, aqui ao meu lado, juntamente
com o deputado Altair Moraes, procedam à verificação de presença.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado o quórum, devolvo a
palavra ao nobre deputado Carlos Giannazi.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, de volta à
tribuna no dia de hoje, eu queria... Na verdade, todo esse debate que nós estamos
fazendo aqui, esse debate requentado, porque nós já fizemos à exaustão e
rejeitamos essa proposta na aprovação do PL 410. Então nós estamos fazendo aqui
um debate requentado, mas todo esse debate...
Para quem
quiser entender bem o que está acontecendo, eu queria ler aquela frase que
vocês colocaram: “PL 277, a reforma agrária para os ricos”. Reforma agrária
para os ricos, essa é a mais perfeita tradução do PL 277.
Ao invés de o
governo canalizar, disponibilizar essas terras para a reforma agrária, para a
produção agrícola, para a agricultura familiar, para os assentamentos, ele
distribui, ele vai garantir o quê? Uma grilagem dessas terras para os grandes
latifundiários, os grandes fazendeiros.
Gente, isso é
inadmissível, que a Assembleia Legislativa se comporte dessa maneira, e
autorize, aprove um projeto como esse. É inacreditável. Com 33 milhões de
pessoas passando fome no Brasil, com 120 milhões de pessoas com insegurança
alimentar. É ir na contramão de tudo que existe. Sem contar que São Paulo tem
uma alta concentração fundiária.
Enfim, isso é
um verdadeiro absurdo. Não sei como que esse projeto veio parar na pauta, e
como que ele foi pautado. Isso é inadmissível. Eu queria dizer que nós temos
outros projetos importantes para serem votados, projetos que já deveriam ter
sido pautados, inclusive.
Eu me refiro
aqui, por exemplo - e já quero anunciar, aproveitando a presença do deputado
Carlão Pignatari, que é o presidente da Assembleia Legislativa - que o nosso
PDL 22, esse sim é a grande prioridade na Assembleia Legislativa, e digo o
porquê.
Primeiro porque
a Assembleia Legislativa aprovou uma reforma da Previdência que está agora
confiscando as aposentadorias e as pensões de milhares de pessoas que não
conseguem mais sobreviver, não conseguem mais comprar o remédio, o alimento,
fazer o tratamento médico, sustentar as suas famílias. A situação é grave, é de
calamidade pública, entre os aposentados e pensionistas, Sr. Presidente, Srs. Deputados.
O nosso PDL 22,
que foi o primeiro a ser protocolado em 2020, logo que o decreto foi publicado,
foi aprovado em todas as comissões no ano de 2020, ele veio ao plenário no dia
16 de dezembro.
No momento da
sua aprovação, ele foi interceptado por uma emenda de plenário, patrocinada
pelo governo. Essa emenda rodou todas as comissões novamente. Ela foi obstruída
várias vezes, houve boicote, sabotagem, para que o PDL ficasse obstruído.
Mas, enfim,
depois de uma ampla mobilização dos aposentados e pensionistas em todo o
Estado, essa emenda foi aprovada, a emenda do governo. O atual presidente da
Assembleia Legislativa, na época, era o líder do Governo. Então, é uma emenda
do governo.
A emenda foi
aprovada, o PDL voltou, o PDL está pronto para ser votado novamente, e está em
regime de urgência. Então, não existe mais nenhum óbice, nenhum obstáculo para
que ele seja aprovado, e nós já temos aqui.
Quero anunciar
que nós estamos protocolando hoje aqui um requerimento, que não é meu, só. É um
requerimento assinado por 50 deputados e deputadas da Assembleia Legislativa, a
maioria da Assembleia Legislativa assina o requerimento, pedindo para que o PDL
do deputado Carlão Pignatari seja pautado.
Nós vamos
protocolar esse pedido hoje ainda. Quem tiver interesse ainda em assinar, nós
estamos ainda recolhendo assinaturas para que ele seja pautado, e a Assembleia
Legislativa faça justiça, faça uma reparação desse gravíssimo erro cometido com
a reforma da Previdência.
A Assembleia Legislativa hoje tem
instrumento pronto para resolver essa situação, que é o nosso PDL 22. Repito
que hoje ele não é mais só meu, ele já é coletivo, tem mais de 50 deputados
aqui. Alguns não assinaram ainda porque não chegaram aqui a tempo, mas querem
assinar.
Então, são mais
de 50 assinaturas, 50 deputados e deputadas estão pedindo ao presidente da
Assembleia Legislativa, o deputado Carlão Pignatari, para que paute o PDL 22,
que tem parecer favorável em todas as comissões. A própria emenda de plenário
também foi aprovada, com parecer favorável de todas as comissões. O pedido está
aqui, e é por maioria simples.
É uma votação
fácil, porque, dos 94 deputados, nós só precisamos de 48 no plenário, e de
apenas 25 votos, 25 deputados votando a favor. Aí a gente revoga o confisco das
aposentadorias. Há quem diga: “Mas tem uma questão econômica”. Não tem questão
econômica, porque nós estamos aprovando um orçamento agora, na LDO, uma
previsão de 300 bilhões, não milhões, bilhões de reais.
Nós fizemos os
cálculos, estudos com técnicos e economistas, deputado Carlão Pignatari, o que
o estado vai deixar de “arrecadar” são apenas dois bilhões, milhões não,
bilhões, por ano, sendo que são 300 bilhões. E nessa previsão orçamentária da
LDO, o estado de São Paulo vai disponibilizar 60 bilhões de reais em isenções
fiscais para os grandes grupos econômicos do estado de São Paulo sem nenhuma
transparência. Não há transparência.
Houve aqui uma
tentativa de implantação de uma CPI para fazer a investigação desse tema, não
deu certo, ela foi, na verdade, sabotada, foi boicotada. Acho que o deputado
Paulo Fiorilo, que se especializou nisso, entrou com uma ação junto com o
deputado Barba, acho que pela bancada do PT, pedindo transparência nessas isenções
fiscais.
Então fica
aqui, deputado Carlão Pignatari, o nosso pedido oficial. Quando falo nosso não
é mais meu, é um pedido de 50 deputados e deputadas de vários partidos. É um
pedido suprapartidário.
A maioria da
Assembleia Legislativa está pedindo para que V. Exa. paute amanhã o PDL 22. Não
precisa mais de congresso de comissões, de nada. Está prontinho para ser
votado, é só chamar em uma sessão extraordinária amanhã, pode ser a primeira ou
a segunda, Sr. Presidente, porque isso não vai afetar a economia do estado de
São Paulo.
O estado de São
Paulo é o estado mais rico da América Latina, lembrando que há três semanas o
estado de Sergipe aprovou o fim do confisco. A Assembleia Legislativa de
Sergipe, deputado Barba, aprovou. E lá o orçamento é pequeno, estado pobre. O
estado lá tem 12 bilhões apenas de orçamento. O estado não quebrou, o estado
está funcionando, não teve quebra do estado.
Mas antes
disso, no ano passado, o estado de Alagoas, que tem quase o mesmo orçamento de
Sergipe, um estado pobre do nordeste, também, em sua Assembleia Legislativa,
acabou com o confisco das aposentadorias. Qual o problema? Não é econômico.
O
Rodrigo/Doria, enquanto ele não acabar com esse confisco, eu vou chamar esse
governo de Rodrigo/Doria até o final, porque ele está colocando em prática a
mesma política do Doria, não tem separação aí entre Rodrigo Garcia e Doria.
Enfim, o estado
de Alagoas, que é um estado pobre do Nordeste, revogou há um ano e o estado não
quebrou, o estado está funcionando muito bem. Inclusive o estado aumentou a sua
arrecadação. O estado de Sergipe também.
Outros estados
nem fizeram esse confisco das aposentadorias e pensões, como o estado do Ceará
fez reforma previdenciária, mas não taxou os aposentados e pensionistas. Dei
aqui só três exemplos para mostrar que é possível. Agora o estado mais rico da
Federação não pode continuar confiscando dois bilhões de reais por ano de
aposentados e pensionistas que ganham um salário mínimo; acima de um salário
mínimo.
Deputado Enio
Tatto, V. Exa. tem acompanhado esse debate na Comissão de Orçamento. Esse valor
que eu citei aqui é um valor aproximado, de dois bilhões de reais, mas uma boa
parte desse valor é constituído pelos que ganham menos, por pessoas que ganham
abaixo de três mil reais.
Essas pessoas
estão tendo um confisco de 12, quem ganha acima de três mil reais de 14 e,
acima do teto, de 16 por cento. Digo isso porque são 500, 600 mil pessoas nessa
situação, fazendo um apelo à Assembleia Legislativa e agora a Vossa Excelência.
Alguns
deputados, mas sobretudo o Rodrigo/Doria, governador do Estado, recentemente
interceptado em Ribeirão Preto por uma servidora da Cetege, do Judiciário,
aposentada. Ela pediu para ele...
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente, para
pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Nós temos quórum visual. Tem sim,
senhor. Vocês vão sair? Eu não sabia que vocês iam sair. Eles estão vendo o
futuro.
Devolvo a palavra
ao deputado Carlos Giannazi.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, deputada.
A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Agora eu peço uma verificação de
presença.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Agora a senhora fez corretamente,
deputada Monica. Verificação de presença. Para fazer a chamada, a deputada
Carla Morando e o deputado Vinícius Camarinha.
* * *
- Verificação
de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI
- PSDB - Com o quórum regimental,
devolvo a palavra ao deputado Carlos Giannazi por 2 minutos e 24 segundos.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Então, só para concluir a minha intervenção, senhor
Presidente, eu queria, então, renovar o apelo à V. Exa. para que o PDL, enfim,
seja pautado.
Porque é um
projeto que já passou por todas as comissões, tem parecer favorável, a emenda
tem parecer favorável - que era a emenda da obstrução.
Ele voltou, ele
está em condições de ser votado desde 2020, ele tem o apoio aqui de, pelo
menos, 50 deputados e deputadas que assinaram o requerimento para que ele seja
pautado. Não há nenhum obstáculo econômico para que ele não seja aprovado e a
gente possa revogar o confisco.
Então, não dá
para entender como que o PL 277, que foi protocolado ontem - esse PL da Reforma
Agrária para os ricos da grilagem - é votado imediatamente e o projeto que vai
beneficiar, que vai fazer justiça com os aposentados e pensionistas fica dois
anos sendo obstruído e quando ele tem condições de ser votado, do ponto de
vista regimental, ele não entra em votação porque depende só da vontade do
Presidente Carlão Pignatari.
Então, eu faço
esse apelo à V. Exa. para que paute o projeto, senhor Presidente, porque, caso
contrário, isso vai desmoralizar o processo legislativo. Se você tem a maioria
da Assembleia Legislativa defendendo que ele seja pautado.
Se vai ser
aprovado ou não, é outra coisa, mas pelo menos ele tem que ser pautado e
debatido e é isso que nós queremos que V. Exa. faça na data de amanhã ou
quinta-feira, enfim.
Que a gente
possa encerrar o semestre legislativo antes da votação da LDO aprovando o nosso
PDL 22, que acaba definitivamente com o confisco das aposentadorias e pensões.
E, olha, nós
vamos votar contra e obstruir o PL 277, o PL da reforma agrária para os ricos.
Nós queremos terras para os assentamentos...
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI
- PSDB - Obrigado, deputado Carlos
Giannazi.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - ...para a reforma agrária e para a agricultura familiar.
Muito obrigado,
senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB
- Obrigado, deputado Carlos Giannazi.
Para falar contra, o deputado José
Américo.
O
SR. BARROS
MUNHOZ- PSDB - Para uma
comunicação, senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB
- Pois não, deputado.
O
SR. BARROS
MUNHOZ - PSDB - Alguém deixou
cair o seu distintivo ali. O distintivo da Assembleia.
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB
- Se alguém perdeu um bottom da Assembleia Legislativa, está aqui com o
deputado Barros Munhoz.
Ausente o deputado Zé Américo? Presente
o deputado Zé Américo.
O
SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Estou aqui presente, Sr. Presidente. Queria saudar
todos os Srs. Deputados, Sras. Deputadas, Sr. Presidente, Srs. leitores do
Diário Oficial, como se dizia antigamente, telespectadores da TV Assembleia,
senhores presentes aqui na nossa plateia. Quero dizer que nós estamos num
momento muito importante da Assembleia, porque estamos diante de um projeto que
eu digo para vocês...
Meu querido
amigo Carlos Giannazi, alguns meses atrás se você dissesse que alguém iria
apresentar um projeto dessa natureza, eu não acreditaria. Precisou de muita
desfaçatez - essa é a palavra - para um grupo de deputados se unir para
apresentar um projeto desse tipo, que beneficia diretamente os latifundiários
do estado de São Paulo, que não precisam de mais terra.
Quem precisa de
terra são aqueles que têm que produzir, que precisam de terra para produzir
alimentos. Não só agricultura familiar, mas a agricultura até extensiva, desde
que produza alimento; esses precisam de terra.
O estado de São
Paulo foi tomado por uma vigorosa sanha de ocupação de terra com
cana-de-açúcar. Aqui nós não temos o frenesi da soja, mas temos da
cana-de-açúcar.
Se a gene for
refletir um pouco sobre a cana-de-açúcar nós vamos ver o seguinte: a
cana-de-açúcar veio disfarçada como se fosse um produto - a produção do etanol
- de uma energia limpa, uma energia pouco poluente, que substituiria o petróleo,
porque nós não tínhamos petróleo naquela época, a época do Proálcool, que o
Giannazi se lembra bem, substituiria o petróleo.
No entanto, o
que nós estamos vendo no estado de São Paulo não é nada disso. A cana polui.
Ela per si polui, estraga as terras, além de ocupar terras fertilíssimas,
talvez as terras mais férteis do Brasil, para produzir etanol.
E se nós
formos, Giannazi, um dia desses - eu acho que mais para frente a gente pode
fazer esse debate... Eu me pergunto: o Brasil precisa de uma produção de etanol
do tamanho que nós temos hoje? Será que o Brasil precisa?
O Brasil é um
dos maiores produtores de petróleo das Américas. O Brasil vai exportar este ano
um bilhão e 300 milhões de barris diários de petróleo. Diante de tudo isso será
que ele precisa de tanto etanol? Estou falando do etanol por causa da
cana-de-açúcar.
Precisa de
tanta cana-de-açúcar, tanta terra ocupada pela cana-de-açúcar? Eu acho que não.
Isso aí é quando o Brasil não tinha, quando a gente não tinha talvez tanto
conhecimento sobre o etanol e também não tínhamos condições de produzir
petróleo. Então o etanol era uma salvação. Hoje nós misturamos 27% na gasolina
e eu me pergunto: será que não pode produzir menos e a gente colocar menos
etanol na gasolina? Nós temos petróleo.
O Brasil
diferentemente do que pensa o nosso governador, que saiu correndo para
comemorar que baixou o ICMS do Estado, abriu mão do ICMS do Estado que ia
servir para a Educação, Saúde etc., em nome de baixar o preço da gasolina... Eu
queria que ele ligasse para mim. Eu explico para você, Rodrigo, como é que
baixa o preço da gasolina.
Você não sabia?
O preço da gasolina se baixa sabe como? Desdolarizando a gasolina e o óleo
diesel. Hoje o Brasil importa só 7% da gasolina que consome. Eu vou repetir: só
7%, e apenas 22% do óleo diesel que consome. Por que tem que ser totalmente
dolarizado o preço desses produtos?
A dolarização,
Barba, é tão descarada que você paga na bomba sabe o quê? Até a taxa de
importação, quando não houve importação. A maior parte do que você vai consumir
não é importado.
Quem usa
gasolina não está importando nada. Rodrigo, você sabe qual é o problema? É
porque vocês não querem atingir os interesses dos acionistas da Petrobras, que
vão ter esse ano um lucro monumental, que deveria ser do povo brasileiro.
O lucro desse
ano da Petrobras vai ser 200 bilhões de reais. Vai para quem? Sessenta bilhões
para a Petrobras. Poderia ir 50 bilhões apenas para os acionistas, porque o
mínimo é 25 por cento.
Não, mas vai
dar tudo para os acionistas. Ou seja, quase 200 bilhões vão para os acionistas
de mão beijada. Sequer a defesa do patrimônio da Petrobras, que se diz tanto
que vai fazer, vão fazer.
Rodrigo, você
está ajudando, não só atrapalhando o estado de São Paulo, que está repassando
dinheiro e nós estamos perdendo dinheiro, como você está fazendo uma medida que
é inócua. O dólar vai subir e não vai adiantar nada, Rodrigo. Não vai adiantar
nada, a gasolina vai voltar a ter o mesmo preço.
Então você
devia, você, que em um discurso outro dia disse que ia impedir que o dinheiro
de São Paulo fosse todo para a União, Rodrigo. Não fala uma coisa dessas,
Rodrigo. Se fosse o Doria, até acredito, mas você, não.
Você, na
primeira oportunidade, saiu como campeão do entreguismo do estado de São Paulo.
Tem estado que está resistindo. Não porque concorde comigo, mas que está
dizendo: “A União tem que compensar o dinheiro” e não está compensando.
Mas eu queria
falar sobre a questão das terras, que é o projeto em tela, desse grupo de
deputados. Eu acho que vocês tinham que pôr a mão na cabeça e ver o seguinte: o
estado de São Paulo precisa voltar a ser o celeiro do Brasil, o grande produtor
de alimentos.
Mas, para isso,
não só é importante que as terras sejam disponibilizadas para os agricultores
paulistas, mas que também haja financiamento, também que haja apoio. Esses
últimos quatro anos foram anos muito difíceis para o agricultor de alimentos,
para o pessoal de assentamentos.
Foram anos
muito difíceis. Não teve financiamento, não teve apoio, não teve crédito especial,
não teve crédito para implemento agrícola, não teve nada. E quando chega no
final do ano,- a nossa Márcia Lia sabe muito bem disso - o que eles fizeram:
mancomunados com o Incra, o Incra caindo aos pedaços, que o próprio dirigente
do Incra dizia, “eu não tenho dinheiro para isso”, o estado de São Paulo, eu
acho que pela mão do Rodrigo, porque eu não acredito que o Doria tenha feito
isso - gente, eu vou começar a defender o Doria daqui a pouco, vou começar. Eu
sei, eu sei, eu vou me moderar, se não vou começar a defender o Doria.
Então o Rodrigo
inventou uma história de fazer parceria com os assentamentos. Eles foram
procurar os assentamentos para fazer parceria, ou seja, arrendar a terra dos
assentamentos.
Ou seja, esse
projeto, essa parceria, entre aspas, foi escoteira, foi a vanguarda desse
projeto que os deputados estão apresentando. Uma coisa está ligada à outra, que
é a coisa de arrendar a terra dos assentados.
Ora, gente,
isso é um sacrilégio, isso é um pecado. É um pecado mortal vocês, deputados,
apresentarem um negócio desse, para tentar. Primeiro que vocês queriam pegar a
terra deles.
Agora, vocês
estão trabalhando as terras devolutas do Estado para os grileiros, aqueles que
tornaram o estado de São Paulo famoso pela grilagem. Para quem não sabe o que é
grilagem, os paulistas iam, pegavam um cartório lá fechado, punham lá uma
escritura com um embrulho de grilos, e os grilos davam o envelhecimento.
Paulistas descobriram isso lá no Pontal do Paranapanema.
É um absurdo o
Pontal do Paranapanema, que só existe conflito no Pontal do Paranapanema porque
a Justiça de São Paulo é uma Justiça suspeita. Os juízes deram ganho de causa
muitas vezes sabe como? Em nome da defesa das benfeitorias, porque os
fazendeiros não conseguem provar que são donos da terra.
Então eles
entram com ação para defender as benfeitorias e os juízes acabam dando ganho de
causa para eles, ou pelo menos ganho provisório, e retiraram tantas e tantas
famílias que foram retiradas.
Hoje a situação
é diferente, mas esse projeto quer legalizar isso. Esse projeto quer, na
verdade, atravessar e resolver o problema dos latifundiários, que têm tanta
terra e querem mais.
Então eu acho o
seguinte: vocês, deputados, nossos amigos, eu acho que vocês deviam retirar
esse projeto. Esse projeto, infelizmente, ou, esse projeto, moralmente, é um
projeto discutível.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. André do Prado.
* * *
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para
pedir verificação de presença.
O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Com licença, senhores, já volto.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa
Excelência. Solicito ao deputado Léo Oliveira juntamente com o deputado Tenente
Nascimento para fazerem a primeira chamada de verificação de presença.
* * *
- Verificação
de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum necessário,
devolvo a palavra ao nobre deputado José Américo.
O SR. JOSÉ AMÉRICO LULA - PT - Boa tarde, senhores e senhoras por
essas e mais aquelas. Então vamos retomar nossa fala.
Bom, então,
gente, estava dizendo o seguinte: o estado de São Paulo, até a chamada Lei da
Terra de 1850, até 1850, com a Lei da Terra, o estado de São Paulo era uma
terra de ninguém, era um mundo sem nada, sem eira nem beira.
Algumas figuras
ligadas ao imperador D. Pedro II, algumas figuras que tinham proeminência na
burguesia paulista acabaram recebendo, por relações políticas, terras no estado
de São Paulo.
Apesar disso,
dessa distribuição, que foi feita da pior maneira possível e que é responsável
por uma concentração altíssima da propriedade no estado de São Paulo, apesar
disso algumas áreas, poucas áreas, permaneceram devolutas, diferentemente da
maioria dos estados brasileiros, dos estados do Brasil central, onde a maior
quantidade não são as terras distribuídas, mas, sim, as terras devolutas.
O que
permaneceu na mão do Estado foram transformadas em fazendas, como a Fazenda da
Companhia Inglesa, como outras fazendas que foram alugadas para o capital
internacional, praticamente sem o Estado receber qualquer remuneração. Isso
depois acabou sendo vendido na bacia das almas, por esses próprios ocupantes
iniciais.
Agora nós vemos
uma situação em que um grupo de deputados quer aprovar uma lei que vai
viabilizar a posse por parte dos grileiros, dos grandes proprietários ou dos
ex-grileiros e hoje proprietários daquilo que restou das áreas devolutas do
estado de São Paulo e que estão no Pontal, estão na Alta Noroeste, na Alta Sorocabana,
mas são poucas as áreas que restaram. No entanto, mesmo assim, eles querem
colocar a mão nisso.
Já houve esse
primeiro movimento, que independe da lei e que foi uma tentativa do Incra e do
Governo do Estado de São Paulo de alugar, arrendar a terra dos assentados,
primeiro movimento, e agora se completa com esse movimento de maior fôlego, que
é esse movimento para aprovar essa lei, que, na verdade, tem como objetivo
atender os grandes fazendeiros, basicamente o grande negócio.
Quero dizer aos
colegas, amigos do PSDB, que o agronegócio não vai vir para o Rodrigo Garcia. O
agronegócio no estado de São Paulo já tem dono, é bolsonarista. Eu sei que
também o partido de vocês, talvez, esteja infiltrado por essa gente, por
bolsonaristas, mas, de todo modo, o agronegócio é bolsonarista.
Não adianta o
Rodrigo querer colocar aquele chapéu. Outro dia ele colocou o chapéu, viu, Dr.
Jorge? Como ele é uma pessoa fina, de cabeça pequena, ele colocou um chapelão
que ficava uma coisa ridícula. Parecia mexicano de comédia brasileira, de
pornochanchada brasileira nos anos 60. Isso, Cantinflas. O Cantinflas era mais
bem arrumado, mas enfim, aquela coisa ridícula, Barros Munhoz.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlão Pignatari.
* * *
Ele se
apresentava como se fosse enganar os caras do agronegócio. Os caras do
agronegócio estão todos fechados com o Bolsonaro. Não adianta querer aprovar
essa lei, que não vai adiantar nada.
Eles vão se
beneficiar disso daí e vão votar no Bolsonaro, porque o Bolsonaro oferece para eles
muito mais condição, muitos mais privilégios do que o PSDB em frangalhos pode
oferecer hoje para qualquer setor social.
Eu não quero
extrapolar o meu tempo, quero apenas deixar o meu abraço a todos vocês e pedir
para que esse projeto seja rejeitado.
Obrigado, Sr.
Presidente. (Manifestação nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado,
deputado José Américo. Professora Bebel, para discursar contra.
Quero cumprimentar o ex-prefeito de
Tanabi. Seja sempre muito bem-vindo, Dr. José Francisco, ex-prefeito da cidade
de Tanabi, terra natal do governador de São Paulo, do novo governador de São
Paulo, Rodrigo.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente. Cumprimento também a Mesa de
trabalhos, assim como cumprimento os assessores à minha esquerda, à minha
direita, Srs. e Sras. Deputadas, público presente, aguerrido, do MST, do
acampamento “Marielle Vive”, porque lutam arduamente, desde a apresentação do
PL 410.
Tem uma longa
história de lá para cá. Nós começamos esse enfrentamento não por fazer o
enfrentamento, fazendo a análise de mérito desta questão, do que significava o
410 com o Art. 4º, inserido pelo deputado Mauro Bragato. De forma respeitosa,
nós a intitulamos de “emenda jabuti”, porque aprovar no pacote todo aquilo, de
fato, não tinha como acontecer naquele momento.
Esta Casa se
tornou um espaço intenso de grandes conversas, com audiências públicas, enfim,
para que a gente construísse e saísse daquela contradição entre reforma agrária
e instituição da grilarem de forma a conversar até com quem queria que votasse
do jeito que estava.
E nós colocamos
todos na mesa, conversamos, e aí o governo retira o Art. 4. Retirou e agora
volta na forma de PL. Isso é algo que eu chamo a atenção, que é o seguinte: é
injusto. Eu não preciso dizer... Aliás, todos os meus companheiros e
companheiras que fizeram uso da palavra aqui já explicaram.
Mas no momento
em que o Brasil entra no mapa da fome, instituir a grilagem em terras públicas
e mudando o objeto...
O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Pela ordem, presidente. Pela
ordem, deputada. Pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. Gostaria de chamar o
deputado líder do Partido Liberal, deputado Ricardo Madalena. O deputado
Nascimento já está aqui para fazer a nossa chamada dos nossos deputados.
* * *
- Verificação
de presença.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Havendo quórum regimental, devolvo
a palavra à deputada Professora Bebel. Antes, porém, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, nos termos do Art. 100, Inciso I, do Regimento Interno, convoco V.
Exas. para uma segunda extraordinária a realizar-se hoje, dez minutos após o
término da primeira sessão extraordinária, com a finalidade de ser apreciada a
seguinte Ordem do Dia.
* * *
- NR - A Ordem do Dia para a 28a Sessão
Extraordinária foi publicada no D.O. de 29/06/2022.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Apenas para falar para os
deputados, esse é um projeto de resolução da Mesa onde nós estamos acertando as
férias dos funcionários da Assembleia. Teve um ato, na minha opinião, errôneo.
Quem não completasse um ano, não teria direito a férias proporcionais. Então se
houver objeção...
O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não.
O SR. ENIO LULA TATTO - PT – PARA QUESTÃO DE ORDEM - Como está se tratando de um projeto de
resolução para resolver esse problema aí das férias dos funcionários, não dá
para incluir - e acho que é unanimidade de todos os partidos aqui, de todos os
líderes - para derrubar essa questão de que os deputados que não são de uma
comissão não possam entrar on-line para participar? Eu acho que é unanimidade
nesta Casa de fazer um adendo e tentar derrubar isso, porque...
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não é possível entrar na pauta
mais.
O SR. ENIO LULA TATTO - PT - E como resolve isso, Sr.
Presidente?
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tem que fazer um outro projeto de
resolução e correr a pauta, que são os períodos regimentais.
O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Então, procura, na Mesa, discutir
isso. Porque acho que é um pedido de todos os deputados desta Casa.
O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Enio. Esse
projeto de resolução, eu gostaria que os deputados lessem bem. Porque o
funcionário, efetivo ou comissionado, se você demitir, deputada Janaina, um funcionário
seu que tem 10 meses, ele não recebe as férias proporcionais dos 10 meses. E
todo os outros trabalhadores recebem.
Então essa é a
correção que nós estamos fazendo nesse projeto de resolução. Apenas isso que é
a correção que está sendo feita.
Pois não,
deputada Professora Bebel, desculpa.
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Dando então continuidade ao que
eu estava dizendo. Quando passou dezembro, janeiro, retiramos o Art. 4º. E
agora volta, na forma de PL.
Eu acho que tem
uma reflexão que tem que ser feita, que é a seguinte: foi aprovado o PL 410.
Cadê o PL que vai, na verdade, implementar o que foi aprovado no 410? Sequer
foi feito isso. Mal aprovou, já meteu outro PL, que é o 277, que para eles é o
que mais interessa. Interessa a quem? Aos fazendeiros.
Quero chamar a
atenção para um fato. A questão é a seguinte: o assentado que não conseguir
pagar, o assentado que tiver que deixar as terras, e são terras públicas, vai
lá um, que não tem nada a ver com reforma agrária, não tem nada a ver com assentamento...
Portanto, produção de alimentos, que coloca comida na mesa de todos os
brasileiros e brasileiras, é quem?
São os
trabalhadores rurais, os assentados, aqueles que fazem disso a sua luta
cotidiana, e garantem a comida na mesa de todos os brasileiros e brasileiras.
Isso não tem validade. Que tristeza, que lamentável é isso. Como dói na gente
assistir uma ganância. Poxa, o cara já tem dinheiro, vá comprar terra onde
quiser mas deixa a terra do assentamento para produção! (Manifestação nas
galerias.)
Porque muda, na
verdade, o objeto, a causa. Qual é a causa? Produção de alimento. Mas agora
não. Agora é o quê? Não está bom a riqueza que está na mão. Tem que aglomerar
mais riqueza. Isso chama-se ganância. Essa ganância é uma violência que vai
acontecer com os trabalhadores do campo.
Nós estivemos
na inauguração de uma cooperativa de laticínios, lá em Andradina. É de tirar o
chapéu. Eu convido a muitos empresários a irem aprender com o MST como fazer
uma gestão, uma autogestão. (Manifestação nas galerias.) Não sabem fazer. Não
sabem, precisam de muito dinheiro, e arrancar terra dos assentados, quando
poderiam...
Espera aí, nós
tivemos o Franco Montoro. Não é nem do meu partido. Mas, este sim, por mais que
fosse ele, instituiu uma lei que, de fato, agradou os assentamentos e os
assentados, e instituiu reforma agrária. É de reforma agrária que nós
precisamos. É disso que este País precisa.
Este País não
quer mais conviver com isso que está acontecendo. A gente espera que o povo
brasileiro seja respeitado. Respeitar é respeitar os assentados. Que, seja pelo
MST, seja pelos trabalhadores rurais, tenham um trabalho marcado e demarcado.
Eu,
tristemente, em novembro ou dezembro... Em dezembro, estive em Gália. Eu fico
assustada, porque é uma terra já regularizada, de vários assentados. Estava lá
o prefeito de Jaú, não deixando os assentados entrar na terra, que já está
regularizada, deputado Enio Tatto. Já foi encaminhada, já está devidamente
delimitada. E nós tivemos que fazer um enfrentamento lá.
* * *
- Assume a
Presidência a Sra. Carla Morando.
* * *
Então, eu fico
preocupada com isso, deputado Jorge do Carmo. Me dirijo à nossa bancada, que
está aqui, e à deputada Monica Seixas. Eu fico preocupada. Por quê? A gente
está vendo violência de todas as ordens; a gente viu morte de trabalhadores
rurais agora, recentemente. Se isso se instaurar - e eu sei como é que a
ganância funciona no Pontal, de lá para a frente, na forma de conflito -, nós
vamos ter conflitos.
E esses
conflitos vão ter muito, muito ataque sobre os assentamentos e sobre os
trabalhadores rurais. Nós não podemos permitir. Esse 277 é a negação de um
direito fundamental, que é a comida; o direito a ter um espaço para trabalhar,
à moradia. São direitos fundamentais. E o tempo todo estar trazendo essas
pautas tristes para cá... Por que não traz pauta para melhorar a situação dos
serviços públicos no estado de São Paulo?
Por que não
traz pauta, também, para melhorar escolas do campo, para melhorar a situação
dos assentados? Por que não pensa, junto com os assentados, numa forma de
gestão? E eles já têm uma autogestão. Mas não: o que se quer, na verdade, é uma
intervenção nessas terras, que são, repito, públicas. E que vão se tornar
privadas. Isso é inaceitável, não dá.
A minha bancada
está convicta, razão pela qual eu tenho orgulho de dela fazer parte. Eu tenho
orgulho de fazer parte, assim como tem sensibilidade... Espero que os demais
deputados, deputada Márcia Lia, tenham sensibilidade para votar contra esse PL,
ou que o Governo tenha a mesma sensibilidade de retirar da pauta. Retira da
pauta, porque tem outras coisas mais importantes para a gente votar.
(Manifestação nas galerias.)
Tem a Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Nós temos que garantir escola pública de qualidade
para os filhos e filhas da classe trabalhadora. Tem pauta; não falta.
A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sra. Presidenta. Para
pedir uma verificação de presença.
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Com licença. Volto já.
A SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - É regimental. Chamar o deputado
Tenente Nascimento e a deputada Maria Lúcia para fazer parte.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
A SRA. CARLA MORANDO - PSDB - Constado o quórum, devolvo a
palavra à deputada professora Bebel.
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Bem, eu recomeço dizendo o
seguinte: pauta não falta, tem pauta aí a dar com pau e pauta para fazer
justiça social. Eu chamo a atenção que, por exemplo: Nós temos uma pauta
central, e eu quero chamar a atenção não de um deputado, dois deputados, mas de
toda esta Casa.
Tem uma
injustiça que foi feita com os aposentados e pensionistas. Eu tenho PDL, o
deputado Giannazi tem PDL, o deputado Danilo Balas tem, a deputada Delegada
Graciela tem, todos nós temos PDLs, são cinco PDLs.
Gente, lógico
que o governo poderia resolver esse imbróglio e revogar o decreto que desconta
o confisco dos aposentados e pensionistas, dar a oportunidade para que esta
Casa... Porque disso eu tenho certeza, deputada Damaris, a Casa tem acordo com
não cobrar o confisco de aposentados e pensionistas. Eu não estou nem
defendendo o meu, que é o PDL 39, eu acho que abrir mão, a grandeza nossa é ter
um projeto de lei que atenda a isso.
Então, me
dirigindo agora aqui aos assentados, ao MST, que está aqui presente, com muita
luta, para dizer para vocês o seguinte, não falta pauta, tem pauta. O problema
é que a pauta mais importante é como fazer para tornar mais pobre a população
do estado de São Paulo. Não basta o que foi feito em termos de retirada de
direito, não basta. Tem que fazer mais, tem que sangrar. (Manifestações nas galerias.)
O exemplo foi
dado, lamentavelmente me parece que o governador não aprendeu, porque o
governador anterior enfiou goela abaixo vários projetos de lei e PLCs de forma
a retirar direitos.
E a gente
dizia, na minha condição, hoje afastada da Apeoesp, a gente dizia “fora Doria”.
E não é que virou o “fora Doria” sobre todos os aspectos? Não fomos nós, foi o
fora para nós, fora do próprio partido dele, fora do páreo eleitoral.
Não acho que vá
ser diferente agora, eu acho que isso vai contribuir para demonstrar que o
atual governador é o mesmo doriano. Não há dúvidas disso, não tem como entender
o que o leva a trazer de volta uma pauta que, na minha opinião, estava
resolvida, deputado Jorge do Carmo. Estava resolvida.
Não, a pauta
volta. E volta agora assumida pelo líder da bancada, Vinícius Camarinha,
deputada Carla Morando, o deputado Itamar Borges e, enfim, o deputado Mauro
Bragato, que era o autor da emenda. E isso para quê? Para mostrar o seguinte,
nós vamos fazer o serviço por inteiro.
Não ao PL 277!
Contra a grilagem, pela justiça no campo, para que todos os assentados tenham o
direito ao seu pedaço de terra para nela ficar, porque essas terras são
públicas e já são dos assentados, que já agregaram valores a elas na medida em
que prepararam as terras, em que cercaram, em que, enfim...
Então, da nossa
parte, votaremos contra. Vamos obstruir e pedir para que o governo retire da
pauta esse PL e coloque na pauta o que tem que ser votado, que é a Lei de
Diretrizes Orçamentária, para poder dar conta do orçamento do próximo ano.
Com isso eu
aplaudo todos vocês que estão aqui e podem contar com o nosso voto contrário,
só que a gente não vai votar o “não” para dar quórum, porque tem deputado aqui
que vai votar “não” para dar quórum. O nosso “não” vai ser bem depois, que é
para não dar quórum para o governo conseguir fazer essa injustiça com o campo.
Forte abraço e
muito obrigada. (Manifestações nas galerias.)
O
SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS – PARA
COMUNICAÇÃO - Pela ordem, Sra. Presidente. (Manifestações nas galerias.)
Sra. Presidente, só para anunciar
aqui... (Manifestações nas galerias.)
A
SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Por favor, por
favor. Vamos ouvir o nosso colega, por favor.
O
SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Só para
anunciar aqui e agradecer a presença dos vereadores e da vice-prefeita - o
vereador Dedê, a Leia, o Ednei e a vice-prefeita Leninha - da cidade de
Euclides da Cunha Paulista. É um prazer receber vocês aqui. Sejam bem-vindos.
(Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - CARLA MORANDO - PSDB - Esgotado o
tempo da presente sessão, lembro a todos os deputados que a próxima sessão se
inicia em dez minutos.
Obrigada.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 19 horas.
*
* *