28 DE JUNHO DE 2022

28ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

 

Presidência: CARLÃO PIGNATARI, GILMACI SANTOS, PROFESSOR KENNY, SERGIO VICTOR e TENENTE NASCIMENTO

 

Secretaria: RICARDO MADALENA, DELEGADO OLIM, GIL DINIZ, DOUGLAS GARCIA, PROFESSOR KENNY, RICARDO MELLÃO, CARLA MORANDO e ITAMAR BORGES

 

RESUMO

 

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Abre a sessão. Coloca em discussão o PL 277/22.

 

2 - ENIO LULA TATTO

Discute o PL 277/22.

 

3 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita uma verificação de presença.

 

4 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.

 

5 - FREDERICO D'AVILA

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

6 - TEONILIO BARBA LULA

Discute o PL 277/22.

 

7 - GILMACI SANTOS

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

8 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA

Discute o PL 277/22.

 

9 - GILMACI SANTOS

Assume a Presidência.

 

10 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita uma verificação de presença.

 

11 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.

 

12 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita uma verificação de presença.

 

13 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de presença.

 

14 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Assume a Presidência. Interrompe a verificação de presença, quando constatado quórum.

 

15 - ISA PENNA

Discute o PL 277/22.

 

16 - MÁRCIA LULA LIA

Solicita uma verificação de presença.

 

17 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.

 

18 - PROFESSOR KENNY

Assume a Presidência.

 

19 - MAURICI

Discute o PL 277/22.

 

20 - PRESIDENTE PROFESSOR KENNY

Encerra a discussão e coloca em votação o PL 277/22, salvo emenda.

 

21 - MÁRCIA LULA LIA

Encaminha a votação do PL 277/22, salvo emenda, em nome do PT.

 

22 - SERGIO VICTOR

Assume a Presidência.

 

23 - ISA PENNA

Solicita uma verificação de presença.

 

24 - PRESIDENTE SERGIO VICTOR

Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de presença, que interrompe quando constatado quórum.

 

25 - PROFESSORA BEBEL

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

 

26 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Assume a Presidência. Acolhe a questão de ordem da deputada Professora Bebel, para respondê-la oportunamente.

 

27 - DOUGLAS GARCIA

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

28 - ISA PENNA

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

 

29 - FREDERICO D'AVILA

Encaminha a votação do PL 277/22, salvo emenda, em nome do PL.

 

30 - MÁRCIA LULA LIA

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

 

31 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Determina a retirada, das notas taquigráficas, de termos usados pelo deputado Frederico d'Avila.

 

32 - TEONILIO BARBA LULA

Encaminha a votação do PL 277/22, salvo emenda, em nome da Minoria.

 

33 - PAULO LULA FIORILO

Encaminha a votação do PL 277/22, salvo emenda, em nome da Minoria.

 

34 - MÁRCIA LULA LIA

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

 

35 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Afirma que uma questão de ordem de teor similar já foi apresentada pela deputada Professora Bebel. Convoca uma sessão extraordinária para 29/06, a ter início às 16 horas e 30 minutos. Convoca, para o dia 29/06, às 11 horas, reuniões conjuntas das Comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Finanças, Orçamento e Planejamento; e das Comissões de Constituição, Justiça e Redação, de Assuntos Metropolitanos e Municipais e de Finanças, Orçamento e Planejamento.

 

36 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA

Encaminha a votação do PL 277/22, salvo emenda, em nome do PSOL.

 

37 - TENENTE NASCIMENTO

Assume a Presidência.

 

38 - ISA PENNA

Solicita uma verificação de presença.

 

39 - PRESIDENTE TENENTE NASCIMENTO

Defere o pedido. Determina que seja feita a verificação de presença.

 

40 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Assume a Presidência. Interrompe a verificação de presença, quando constatado quórum.

 

41 - CARLOS GIANNAZI

Encaminha a votação do PL 277/22, salvo emenda, em nome do PSOL.

 

42 - PRESIDENTE CARLÃO PIGNATARI

Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. Carlão Pignatari.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

                                                                

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O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Proposição em regime de urgência. Discussão e votação adiada - Projeto de lei nº 277, de 2022, de autoria dos deputados Vinícius Camarinha, Carla Morando, Mauro Bragato, Itamar Borges, Sebastião Santos, Reinaldo Alguz, Fernando Cury, Campos Machado, Coronel Telhada e Jorge Wilson Xerife do Consumidor, que cria o Programa Estadual de Regularização de Terras. Parecer nº 371, de 2022. Para discutir contra, o deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas e público que nos assiste. Cumprimento de forma especial os nossos amigos do MST, dos outros movimentos de sem-terra e todas as associações que estão nos acompanhando aqui de forma guerreira para a gente impedir a aprovação desse famigerado Projeto de Lei nº 277. 

Concordo com os deputados que subiram à tribuna aqui que é um absurdo, no encerramento do semestre, colocar um projeto como este, que defende os grileiros, que inviabiliza as terras que poderiam ir para os pequenos produtores, para os acampados, para o pessoal dos movimentos sem-terra. 

Isso aqui acho que é uma divisão e a gente percebe aqui uma confissão do que vai acontecer. Vocês viram que quem subiu aqui na tribuna foram os deputados do PT para discutir contra, deputados do PSOL. 

A Isa Penna do PCdoB já está inscrita, a Monica do PSOL também deve estar inscrita já e você não vê nenhum deputado dos demais partidos subirem na tribuna, mas não é para votar contra nem a favor.

Eles têm vergonha de subir aqui na tribuna e é impressionante. A gente vai acompanhando nos bastidores o desenrolar do processo desde a semana passada, em que apenas quatro deputados assinaram esse Projeto nº 277. 

E aí vai se desenrolando, vai passando o tempo. Começa a ter os coautores e aos poucos vão aumentando os coautores. E tem gente que está até fazendo oposição para ser coautor ou autor do projeto. 

Então alguma coisa estranha tem nesse projeto. Esse projeto vai balizar muito bem de que lado que está cada deputado desta Casa. Esse é o momento que a gente vai ver uma aliança que elegeu Doria aqui em São Paulo. É só olhar os partidos políticos aí. Na hora que sair a votação, vocês vão ver a relação, e a gente vai dar publicidade a isso. 

Vão se unir os bolsonaristas com o Doria, mais uma vez. Aqui no Estado, nós vamos ter eleição, vocês vão ver que estarão do mesmo lado os defensores do Tarcísio, bolsonarista, e do pessoal do Rodrigo Garcia. Ou seja, eles vão se juntar mais uma vez.

Se juntarão mais uma vez os favoráveis à concentração de renda, à concentração de terras, em favor do latifúndio, contra os pequenos produtores, contra os movimentos pela reforma agrária. Então vai delimitar mais uma vez, e a gente vai ficar sabendo de que lado eles estão. 

Essas terras, que poderiam ser muito bem administradas pelo Itesp, Instituto de Terras do Estado de São Paulo, para o bem da reforma agrária, para colocar na mão dos pequenos produtores, para produzir o produto básico, que é o que interessa para chegar na mesa do trabalhador: arroz, feijão, mandioca, frutas, legumes. 

Mas não. Esse projeto vem totalmente ao contrário disso. Ele vem concentrar renda, concentrar terras, porque quem vai regularizar isso e quem vai comprar são aqueles que já têm terra, são os grandes fazendeiros. 

Nenhum outro produtor que não tem terra, ou tem uma pequena quantidade de terra, pequeno produtor, não vai adquirir essas terras, vai aumentar mais ainda a concentração de terra na mão dos mesmos. 

Essas terras vão ser para produzir o quê? Vão ser para produzir mais uma vez produtos do agronegócio para exportar, para mandar para fora, encarecer cada vez mais os produtos que chegam na mesa do trabalhador. 

Essa é a grande realidade, e é isso que está posto nesse projeto. A gente está parabenizando toda hora aqui, muitos deputados já falaram isso, do grande fato, do ato que teve essa semana em Andradina. Foi a inauguração de uma fábrica de laticínios do MST, que a gente fica muito orgulhoso. Vai ser o momento de a gente comparar quanto que o MST ou quanto que essa fábrica vai pagar por litro de leite para quem produz, para quem tem o seu gado, e quanto que uma fábrica dos capitalistas atuais paga. Então vai ser a hora de a gente confrontar.

A gente vai confrontar quanto custa um quilo de queijo tirado da fábrica do MST e das demais fábricas; quanto vai custar um iogurte, quanto vai custar um requeijão. A gente vai fazer essa comparação. É por isso que é importantíssimo, deputada Bebel, isso que aconteceu em Andradina. 

A gente vai conseguir fazer essa comparação. Isso me faz lembrar do grande êxito e de uma conquista enorme do MST no Rio Grande do Sul, que se tornou um dos maiores produtores de arroz orgânico não só do Rio Grande do Sul ou do Brasil, mas da América Latina como um todo. 

E esse projeto, que não é desses quatro deputados. Esses quatro deputados assinaram. O Gil Diniz está doido para assinar, provavelmente vai assinar. Está se segurando, mas ele é bolsonarista, no final ele vai assinar, com certeza, e vai votar favorável, assim como todos os demais bolsonaristas.

Isso aqui que nós estamos discutindo se trata da viabilidade dos produtos na mesa dos trabalhadores, e do preço dos alimentos. E aí, deputado Barba, eu tenho uma relação aqui dos produtos, quanto custava quando o PT administrava o Brasil e quanto custa quando o Bolsonaro e o PSDB administram o estado de São Paulo e o Brasil. 

Um pote de margarina, na época do PT, custava 2,48 reais. Hoje, 9,49. Isso aqui já faz 15 dias, já deve estar defasado. Teve 281% de aumento. Um quilo de queijo, na época do PT, custava 14 reais. Hoje você vai comprar em qualquer lugar custa 45,99 ou mais, 207% de aumento. 207% de aumento. 

Um litro de óleo, deputado Barba, óleo de soja, e nós somos os maiores exportadores de soja, a gente exporta para o mundo todo. Quando a dona de casa, quando as famílias vão a um supermercado, a uma quitanda, na época do PT pagava 3,17 reais. 

Hoje está pagando 11,49 reais. Um litro de soja, não estou pegando de outros produtos, justamente de soja, porque é um item do agronegócio e a gente manda para fora e paga isso. 

Um quilo de tomate, na nossa época, na época do Lula, custava 4,18 reais. Hoje um quilo de tomate está custando 12,49 reais, 151% de aumento. 

Com detalhe, deputado Roque Barbiere, você está sabendo que a pessoa vai à feira, vai ao supermercado, não está mais comprando um quilo de tomate. Ele pede “me dá um tomate, me dá dois tomates, me dá três tomates ou quatro tomates”, porque não compra mais por quilo, de tanto que está caro. 

Você pega um quilo de cenoura, custava 1,62. Agora virou item de luxo, custa 7,48 reais, 360% de aumento no preço da cenoura com esse governo, não dá para acreditar. Tem muitos itens aqui. 

O peito de frango é uma coisa que se produz tanto no Brasil. Eu sou da região do Paraná, que tem os aviários lá, as cooperativas que produzem tanto, mas tudo para exportação, ao ponto que na época que o PT governava o país, Sr. Presidente, custava 6 reais o quilo. Hoje está custando 16,99, 143% de aumento. 

É isso que a população está sentindo. O deputado Zé Américo aqui falando do problema do preço da gasolina e explicou por que a gasolina está tão cara: por causa da dolarização do preço. 

Por que a gente tem que seguir e reajustar de acordo com o cotação do dólar, sendo que a gente produz petróleo, principalmente depois do Pré-sal, aqui no Brasil. Mas o preço da gasolina de 2008 custava 2,49 reais. Em 2011, custava 2,67 reais. De 2008 a 2011, a gasolina, no período do PT, subiu 7,2% em três anos. 

Se você pegar 2019, a gasolina custava 4,30; agora, em 2022, 7,22. Aliás, já está defasado, porque aqui não estão os 14% que foram dados de aumento, que foi a última cacetada que deram no povo brasileiro, com reajuste da gasolina.

Sessenta e oito por cento de aumento na gasolina. Todo mundo sabe que o diesel aumentou mais ainda e já está passando o preço da gasolina. Isso é não um governo, é um desgoverno, é isso o que sobrou para a população do Brasil e do estado de São Paulo na dobrada Doria e Bolsonaro, que neste projeto está se repetindo, porque vocês vão verificar que esses dois vão se juntar novamente nesse Projeto 277.

Por quê? Porque mexe com os ricos, dá mais dinheiro para os ricos, dá mais terras para os ricos e dificulta mais a relação entre aqueles que mais precisam, aqueles que querem produzir para a população como um todo. Por isso a gente não pode, em hipótese alguma, votar favorável a esse Projeto 277, deputada Bebel.

Esse projeto é tão ruim que a bancada do Partido dos Trabalhadores, em todos os projetos, faz uma discussão, conversa com os movimentos sociais e apresenta emendas para tentar melhorar o projeto, já que não dá para impedir, a gente tenta...

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para pedir uma verificação de presença, que não tem 24 deputados.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. Chamo o deputado Ricardo Madalena e o deputado Delegado Olim.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Havendo número regimental, devolvo a palavra ao deputado Enio Tatto, para falar por 43 segundos restantes.

 

O SR. ENIO LULA TATTO - PT - Sr. Presidente, desculpa, mas acho que houve um erro. Tinha dois minutos para falar ainda, tenho 43 segundos agora? Deve ter tido algum erro aí.

Finalizando, eu queria colocar que a gente vota totalmente contra. Eu estava falando que a bancada do Partido dos Trabalhadores não apresentou, deputada, nossa líder, Márcia Lia, nós não apresentamos nem uma emenda a esse projeto. Sabe por quê? Porque não cabe emenda, porque ele é ruim no todo. Não pode ter uma emenda para corrigir qualquer coisa. 

Por quê? Porque tem que votar “não” na sua integridade, tem que derrubar. Porque esse projeto favorece os ricos, quem tem terra, o latifúndio, o agronegócio. E não, a população que precisa de comida, os pequenos produtores, o Movimento Sem Terra. 

Enfim, aqueles que querem trabalhar na terra. Portanto, a bancada do Partido dos Trabalhadores vai votar “não”, e obstruir para derrotar o Projeto 277, que é o projeto do latifúndio no estado de São Paulo. 

Grande abraço a vocês. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado. Para falar contra, deputado Teonilio Barba. Com a palavra, o nobre deputado Teonilio Barba.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Eu vivi a vida inteira na lavoura, desde criança, vendo o meu pai cultivar grãos, tirar leite. Eu estou impressionado, vendo o PT defender que o povo consuma margarina, que é só produzida por grandes multinacionais, não leva leite, é um veneno para a saúde, e prejudica toda a cadeia do leite.

Então a gente vê que o pessoal não sabe nada de agricultura, nada de pecuária, nada do que é proveniente do campo. Estou aqui, assim como o senhor, que é pecuarista, estou aqui para ver o PT defender Unilever, multinacional que fabrica margarina. Margarina é parafina de prancha de surf. Aquilo lá faz mal para a saúde. É um crime a gente defender margarina para a população. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado. Com a palavra, deputado Teonilio Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, companheiros e companheiras do MST. Aliás, esse ano faz 30 anos daquela marcha do Pontal, de cinco dias. Eu caminhei o último dia, que foi de Santo Anastácio a Presidente Prudente, com vocês, há 30 anos atrás, já nessa luta pela reforma agrária.

Nos causa muita estranheza esse projeto, que é do agronegócio, ser apresentado agora, a três ou quatro meses do período eleitoral, das nossas eleições gerais aqui no País, no estado de São Paulo.

O João Doria, que era o candidato a presidente do PSDB, foi um dos governadores que fez mais maldade para o funcionalismo público do estado de São Paulo. Juntamente com Rodrigo Garcia, formaram a chapa Rodrigo/Doria e Bolsodoria.

Com certeza, deve estar tremendo de medo deste projeto, que esses deputados estão apresentando hoje, neste plenário. Quando nós derrubamos o Art. 4º, do 410, e, numa negociação onde vocês participaram, o Delvechio estava aqui, o doutor Rafael estava aqui, nós conversamos várias vezes para conseguir resolver aquele projeto. Ali já estava embutida a intenção da grilagem de terra, nesta Assembleia.

O que está sendo engraçado é que, há umas quatro semanas atrás, eu vi, nesta tribuna, o Major Mecca dizendo que nós, do PT, estávamos junto com o PSDB, com o governo Rodrigo Garcia. O que nós estamos percebendo é que toda a bancada do PL está sendo emparedada pelo PSDB, para votar a favor do projeto.

O Gil Diniz está relutando. Mas eu quero ver os bolsonaristas e os tarcisistas, que é o caso do Major Mecca, nessa labuta para aprovar o PL 277. Mas não é só você. É quase toda a bancada do PL, e mais outros deputados.

Tem deputado que está viciado a votar contra para dar o quórum. Todo deputado que, antes dos 48 votos, votar “não”, é para ajudar o governo a fazer o quórum de 48 votos. E o engraçado é que, até agora, a base governista... Nem os autores e coautores do projeto subiram aqui para defender o projeto.

Eu acho que o deputado Frederico d'Avila vai acabar se inscrevendo para defender, porque ele é um cara do agronegócio. Você vai defender, porque você é do agronegócio.

O Barros Munhoz também é ligado ao agronegócio. O Itamar Borges... É estranho: na volta do Itamar Borges para cá, deixa a secretaria... É o projeto... Lembra do projeto da Ambev, em 2018? Sempre no ano da eleição, aparece um projeto estranho nesta Casa. E esse é muito estranho.

O deputado Enio estava dando aqui... Nós não vamos falar de margarina; nós não somos defensores da Unilever. Mas vamos conferir: a gente ia à feira no domingo... Por volta de meio-dia, você chegava à feira, estava lá assim: “baixou o preço da banana; a dúzia baixou de seis reais para quatro e cinquenta”.

Hoje você vai à feira ao meio-dia - Frederico d'Avila, você que é um deputado do agronegócio -, e aumentou o preço da banana. É de uma banana. A dúzia de banana está custando 15 reais. Uma banana custa mais de um real.

Eu estou provocando. Ainda bem que o Frederico d'Avila está se inscrevendo ali; ele vai falar. Ele vai ter que subir aqui para defender o projeto; e eu acredito que ele suba, porque ele tem coragem.

Porque os deputados proponentes - Vinícius Camarinha, Carla Morando, Itamar Borges e outros que assinaram - não tiveram coragem de subir até agora para defender o tal do projeto.

Quando o presidente Lula foi governo, ele - vocês sabem disso - investiu bilhões e bilhões na agricultura familiar, porque quem abastece a nossa mesa... Setenta por cento dos produtos alimentícios que chegam à nossa mesa são produzidos pela agricultura familiar, pelo pequeno produtor, pelas unidades familiares.

São elas que produzem os alimentos que chegam à nossa mesa. Porque o agronegócio cuida das nossas exportações, e cuida muito bem. E foi muito beneficiado no governo do presidente Lula. Ele investiu no agronegócio também.

Agora, o que está me causando estranheza no projeto é que ele chegou aqui à Casa e está circulando com uma velocidade tão rápida. Uma coisa que poderia deixar para votar depois das eleições estranhamente aparece agora.

Gente, nós vimos aqui na Casa, nessa atual legislatura, projetos de 30 milhões de emenda para poder aprovar a danada da reforma da Previdência feita no estado; a danada da reforma administrativa; da minirreforma, do 529. E deputados que votavam “sim” tinham 30 milhões de emenda para 2021 e 2022, e deputados que votavam “não”, para dar o quórum, tinham 20.

Eu não sei, é estranho esse projeto. Parece que está seguindo o mesmo caminho esse jabuti, que nós chamamos, lá no 410, de “jabuti do Bragato”. Deputado Mauro Bragato que, aliás, é daquela região prudentina.

Deputado que eu respeito muito, foi presidente da Comissão de Finanças. Deputado democrata. Me estranhou muito quando apresentou esse artigo no 410. E agora esse projeto volta. Volta para legalizar a grilagem de terra.

Tem deputados que não voltarão a esta Casa, e não é porque vão disputar para federal, não; não voltarão porque o povo está acompanhando este debate. O povo está acompanhando este debate.

Tem uma série de deputados aí que foram carregados pela votação expressiva da deputada Janaina, dois milhões e sessenta e dois mil votos, não sei como ela vai se comportar nesse projeto, se ela vai estar ajudando a obstruir ou não. Até agora não ajudou, porque não saiu nenhuma vez do plenário.

Eu estou provocando, que é para ver se os deputados que são favoráveis ao projeto sobem aqui para defender o projeto. Se quer fazer maldade com o povo, suba e diga por que é a favor do projeto, que é pela legalização de terras griladas, de terras devolutas, cujo pontal é onde mais se encontra gente que grilou terra e terras devolutas, terras que têm que estar na mão do Estado para fazer assentamento, para assentar as famílias, para a produção, para abastecer as nossas mesas de alimento.

Nós somos, deputado Barros Munhoz, o maior exportador de café do mundo. Quanto está um quilo de café, a depender da marca? Cinquenta reais está um quilo de café. Somos o maior exportador de carne bovina do mundo.

Quanto está custando um quilo de acém? Nós somos o terceiro maior exportador de todas as carnes do mundo - suína, caprina, bovina, as aves. Quanto nós estamos pagando no quilo de pé de frango, ou pescoço de frango, ou no quilo de osso?

Jamais imaginei que eu ia ver o quilo do osso mexer no preço da inflação, nos índices da inflação. O osso - que era retirado dos açougues para poder fazer fertilizantes para serem utilizados na agricultura, ou você pagava 20 centavos o quilo - hoje custa sete reais, porque tem gente fazendo sopa de ossos para poder sobreviver.

Então o agronegócio para nós tem uma importância, para exportar para o mundo, para trazer divisas, mas não dá para permitir que um projeto desse que vem aqui para legalizar as terras griladas, seja aprovado nesta Casa.

A vida das trabalhadoras e dos trabalhadores do campo e da cidade está cada vez mais sendo esfolada por esse governo do Jair Bolsonaro, e agora nessa dobrada com o Rodrigo Garcia, mas o mais importante é a dobrada do PL e do PSDB nesse projeto.

A bancada do PL tem aqui 17 deputados, a bancada do PSDB tem 13 deputados. Só aí já dá 30 deputados. Eu acho que vocês têm que fiscalizar e acompanhar bem. Nós vamos depois, na hora de votar o projeto, tirar o espelho da votação e mandar para vocês, para que vocês divulguem, se esse projeto for aprovado, quem são os deputados que votaram a favor.

A Carla Morando é da minha cidade, lá de São Bernardo. Ela não tem coragem de andar na cidade e defender esse projeto. Não tem coragem. Ela vai andar no Paço Municipal; na periferia ela não tem coragem de falar e defender esse projeto.

Não sei como é que vai votar o deputado Thiago Auricchio, que é lá de São Caetano, meu vizinho. Provavelmente é governista, deve estar já emparedado pelo governo.

Como vai votar o deputado bombeiro Nishikawa, Coronel Nishikawa, bombeiro de carreira, função importante, profissão importante. Nós vimos os heróis de Brumadinho, não é, Nishikawa? O quanto sofreram para tirar aquelas pessoas que foram soterradas. Como é que vai votar o Marcio da Farmácia? Com certeza é governista.

Então nós temos que olhar e acompanhar. Ontem o pessoal falou: “Olha, não pode ficar denunciando deputado”. Deputado que votar contra os trabalhadores e as trabalhadoras, contra o povo do campo, tem que ser denunciado.

Tem que ser denunciado daqui da tribuna, nas nossas páginas, em qualquer lugar. É isso que nós temos que fazer. São sete anos nesta Casa, quase oito anos que nós subimos aqui. Vocês viram que até agora só falou a bancada de oposição.

Eu queria ver o Gilmaci subir na tribuna para defender esse projeto, porque ele é tarcisista agora. O Gilmaci agora não é mais governista, é tarcisista. Eu estou provocando porque o Gilmaci é presidente da Comissão de Finanças, uma comissão importante, um deputado importante.

Queria ver o líder do Governo, deputado Vinícius Camarinha, que é o proponente, subir aqui na tribuna, para defender. Eu quero ver eles irem nos assentamentos defender que esse projeto está correto.

Eles não vão subir. Vai esgotar aqui toda a nossa bancada falando, depois nós vamos para os encaminhamentos, depois nós vamos para a votação, e nós vamos ver o tamanho do que vai ser essa votação.  

E o deputado Gil Diniz, que está resistindo falou: “Barba, a situação está difícil aqui. Eu estou sendo emparedado também. A vida não está fácil. A mão do governo é pesada”. Não é, Gilmaci? Sabe disso, foi governista muito tempo. E nesse projeto me parece que vocês vão estar ali igual gêmeos siameses, PR, PSDB e PL, trigêmeos, para garantir os 48 votos.

Eu quero ver o deputado Major Mecca, daqui da tribuna, atacar o governador Rodrigo Garcia.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Teonilio Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - Obrigado, presidente. Vamos votar contra esse projeto. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Para falar contra, a deputada Monica Seixas.

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Presidente, só uma comunicação, um minuto.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Rapidamente.

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, só para dizer para o deputado Barba, a quem eu respeito muito, que...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - O Teonilio Barba é o investigador, quer saber o voto de cada um.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Deputado Teonilio Barba, V. Exa. que sabe do respeito que tenho por V. Exa., mas só dizer o seguinte. Assim como tem que ser denunciados os deputados que vão votar favoráveis, então têm que ser denunciados também os que vão votar contra, porque nós temos aqui a minoria pedindo para não votar.

Só que no nosso gabinete nós recebemos às vezes centenas de pessoas que nos escrevem, que mandam e-mail, pessoas do campo, que eu visito, sim. Está ali o pessoal do campo de Euclides da Cunha, que sabe que eu estou visitando. Visito assentamento, e as pessoas que pedem para votar aqui, que são a maioria, e não a minoria.

Então, vamos denunciar também aqueles que vão votar contra, para a maioria, e acho que é o correto.

Obrigado, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado. Com a palavra deputada Monica Seixas.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, presidente. Presidente, eu vou pedir licença aqui 30 segundos para fugir do tema. É que hoje é dia 28 de junho, e é Dia Internacional de Orgulho LGBTQIA+. (Manifestação nas galerias.)

Eu quero saudar essa comunidade. Uma comunidade mesmo, de letras extensas, porque tem o objetivo de incluir toda uma diversidade, formar uma comunidade de afeto, de segurança, de cuidado e de liberdade, e hoje peguei esse boné aqui emprestado, porque ele simboliza não só que a gente vai debater e votar, mas na data de hoje saudar também os LGBTs do Movimento dos Sem Teto, e agradecer o empréstimo do boné, e saudar todos os LBBTs e as LGBTs de luta.

Bom, hoje a gente está discutindo um projeto que tem um nome bonito, e que pode confundir as pessoas. Ele trata... E na ementa está escrito que ele é um Programa Estadual de Regularização de Terras. Olha que bonito. Olha que sonho, não é mesmo? Regularização de terras, um programa de distribuição de terras. Tanta gente lutando por terra, em um País em que discutir terra tem tudo a ver com discutir morte, sangue e racismo fundiário.

Vamos resgatar a história da terra do Brasil, porque essa daqui é mais uma edição, mais uma reedição de uma história de racismo fundiário. Bom, até cerca de 1850, todas as terras brasileiras pertenciam ao Império Brasileiro. Depois disso, surgiu a Lei de Terras. A Lei de Terras. A Lei de Terras tratava que ia ter a terra não só quem tivesse a posse, que significa estar nela, produzir nela, mas quem pudesse comprar.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Gilmaci Santos.

 

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Só que tem um detalhe, se você fosse preto você não podia, porque nós estávamos às vésperas do fim da escravidão. Depois disso foram se sofisticando muitos outros regramentos que fazem com que o Brasil, hoje, esteja imerso em uma disputa sangrenta por terra, que ignora que hoje mulheres são a maioria entre as pessoas em insegurança alimentar e sem teto.

Um estado que destruiu e extinguiu a CDHU, que ignora o patrimônio indígena, os territórios quilombolas do estado de São Paulo, que não fez um centímetro de reforma agrária, que não tem um programa popular de habitação, vai instituir, com esse nome bonito, o comércio de terras públicas.

Um comércio para fazendeiros, a partir de 20 Ufesps, 30 reais cada Ufesp, 600 reais. Olha que bonito. Quem nos dera ter um programa habitacional que desse casa para as pessoas e financiamento público para que as pessoas pudessem acessar casa a partir de 600 reais.

Mas é para a população em situação de vulnerabilidade esse programa? É para dar teto para as pessoas em situação de vulnerabilidade esse programa? Não. Esse programa é para favorecer o cultivo de cana.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente, para pedir verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Ok, é regimental o pedido de Vossa Excelência. Já está aqui o deputado Gil Diniz e o deputado Carlos Giannazi. Carlos Giannazi também aqui presente, poderia ajudar na verificação de presença, deputado. O senhor já está aqui, Carlos Giannazi. Então está bom. Deputado Douglas, por favor.

Deputado Carlos Giannazi está, mas não está presente.

 

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- Verificação de presença.

 

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O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado. Constatado o quórum regimental, devolvemos a palavra à deputada na tribuna, por favor. Constatado o quórum regimental.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Então, assim como a Lei de Terras regulamentou a entrega de terras do Brasil aos senhores latifundiários, ignorando territórios indígenas, ignorando o povo escravizado, logo em sequência... Porque tudo é cota neste País.

O que tem neste País é cotista ingrato, porque logo em sequência se colocou as cotas para os imigrantes que vieram trabalhar nas fazendas, para que pudessem comprar terras. Para os negros e indígenas, nada.

Agora, vem mais uma reedição dessa Lei de Terras, que inclusive revoga uma lei de terras que está vigente no estado de São Paulo, que prevê um mínimo de arrecadação e de distribuição de terras através do Itesp, o Instituto de Terras do Estado de São Paulo, esse instituto que o governador João Doria quis extinguir e que a gente teve que dar uma batalha para que ele permanecesse, para entregar pela bagatela de cerca de 600 reais por mês, em uma baita doação de terras públicas para grileiros.

Terras que a gente não sabe se são área de preservação ambiental, que a gente não sabe, em um estado que não reconhece os seus territórios indígenas, se são áreas de comunidades tradicionais, que a gente não reconhece área de comunidade quilombola, cessão e comercialização de terra favorecendo o desmatamento e o aprofundamento do racismo fundiário.

Dizem - dizem! - que querem doar terra. Eles sempre deram terras. Deram terras para os senhores fazendeiros latifundiários. Difícil é produzir justiça social e ambiental em um parlamento que governa de costas para o povo. É simples dizer que, nesta Legislatura, a gente pouco produziu do que vai de interesse à população mais pobre do estado de São Paulo.

Veja, eu falei: mais de 50% das pessoas que não têm comida no prato ou teto sobre a cabeça são mulheres. Uma casa que transmitiu um assédio e diz que não é machista precisa produzir legislação que beneficie essas mulheres que estão em situação de insegurança alimentar, mas não.

Uma Casa que produziu e transmitiu um caso grave de racismo e diz que não é racista precisa parar de ignorar que negros e negras são a maioria entre a população sem-teto.

E ao invés de extinguir a CDHU e criar um belíssimo programa de doação de terra pública para fazendeiro por 600 conto por mês, criar um programa de distribuição justa e igualitária para negros que ainda não tiveram acesso a terras neste País, mas não.

Resolvem ignorar e propositadamente continuar sucessivamente a criar cotas que sempre beneficiam os de cima e depois se comportam aqui como verdadeiros porta-vozes da ingratidão, da cotização eterna de tudo para os de cima.

A gente está falando de um projeto que viola direitos humanos, que viola direitos ambientais, que ignora que o estado de São Paulo está sem água na torneira, que ignora que as pessoas estão com fome.

Porque não tem nenhuma linha aqui no Projeto de lei nº 277, de 2020 que tenha uma previsão legal a que se destinarão as terras doadas. Porque pelo valor, pelo Governo do Estado de São Paulo podem todas virar produção de cana e podem todas não contribuir em nada com a produção de alimento. Podem. Não existe na lei nenhum regramento para que se destinará a terra.

Podem todas continuar contribuindo para que mais agrotóxico continue a contaminar a nossa água. Podem todas soterrar áreas de nascentes e mananciais e continuar a contribuir para a escassez de água na torneira do estado de São Paulo.

Então o projeto bonito chamado Programa Estadual de Regularização de Terras não regulariza o direito de ser, de viver, de morar e de comer dos de baixo.

É só mais um projeto que passa às pressas, aqui, para doar terra pública para latifundiário. Se houvesse a intenção de gerar renda, produção de comida, proteção de manancial, estaria no regramento do projeto da lei, mas não tem nenhuma palavra sobre isso.

Mais grave, vou repetir: ele revoga a Lei de Terras do estado de São Paulo, de 1985, que não era boa, não passava nem perto de ser boa, mas que tinha o mais próximo possível de distribuição de terras ao controle do Itesp, esse instituto, de novo, que ao depender do Governo do Estado de São Paulo já nem mais existiria, já nem mais estaria atuando. E aí a gente não sabe quantas são as terras devolutas.

O que é terra devoluta? A gente fala de termos que as pessoas às vezes não entendem. O que é terra devoluta? O que é grilagem de terra? Do que ela está falando? Mas ela está usando um boné do MST... E a minha saudação a todos os movimentos de moradia, seja na terra ou seja no campo.

Ela não quer doação de terra e etc.? De novo, repetindo: grilagem de terra se trata de fraudar documentação para dizer que tem a posse de uma terra que não é sua. Uma tática antiga usada no Brasil que lá nos primórdios da documentação tratava mesmo de colocar papel numa gaveta com grilos para dar cara de envelhecido.

Aí se apelidou a prática de envelhecer documento, dizer que é dono de uma terra que é pública. O que é terra pública? Terra pública é terra do Estado, é a terra do governo, que pode ser terra indígena, porque não se descobriu o Brasil. Existia um povo aqui.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Nós temos aqui de novo o deputado Douglas, o deputado Olim para que possam nos ajudar, nos auxiliar na verificação de presença.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.

 

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- Verificação de presença.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra à deputada Monica Seixas por quatro minutos e 15 segundos.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Eu ficaria feliz se as terras brasileiras fossem divididas igual a minha fala: toda picadinha, bem distribuída, para geral entender o que está acontecendo. Mas bora lá. Quando a gente fala de grilagem de terra, então, é ocupar uma terra que não é sua e fraudar a documentação para fingir que é, e daí já diz que é acesso.

Quando a gente fala de terra pública ou terra devoluta pode ser o quê? Pode ser qualquer coisa. Em um país que não demarcou território indígena, que não tem leis de preservação ambiental que seja valendo, que seja boa e que de fato preserve o meio-ambiente, que não fez reforma agrária, que produz sistematicamente um racismo fundiário, até porque agora para acessar, cada vez mais, para acessar compra de imóveis e terrenos, você precisa de financiamento de banco. Não é todo mundo que acessa financiamento de banco.

E mais: a política ainda autorizou que o banco possa tomar a sua casa agora. Você está lá pagando milhões de parcela. Enfim, nesse cenário, o que vai se fazer é a doação. Fala-se entre 500 mil hectares ou um milhão de hectares.

A galera aí do Itesp diz para mim: opção um ou dois? Os 500 mil ou um milhão de hectares? Um milhão de hectares. Cerca de um milhão de hectares então que o Governo do Estado de São Paulo pode disponibilizar à doação dos produtores ruralistas de cana do estado de São Paulo.

É mais um ataque produzido às pressas. Esse projeto acabou de chegar, já está aqui no plenário em votação, sem que a gente consiga discutir profundamente a magnitude de o que significa um milhão de hectares de terras públicas que poderão ser vendidos a partir da aprovação dessa lei.

Enquanto isso, a Assembleia Legislativa não dá a mesma urgência a projetos de lei de combate à fome, combate à escassez de água, de combate à violência doméstica e à violência contra a mulher e de mitigação da violência racista e estrutural que combate a maioria da população, que é mulher negra, neste Estado.

Quando a gente fala de negacionismo, isso aqui também é um pouco, porque é ignorar a realidade, é ignorar a evidência, é ignorar o número. E, não, não. Quem vota contra um projeto que não regulamenta quem é que vai receber de presente áreas que podem ser de preservação ambiental ou que podem ser da reforma agrária popular, não é porque a gente tem algo contra os pobres municípios do Pontal do Paranapanema, diga-se de passagem, região com o menor índice de desenvolvimento humano do estado de São Paulo.

Não é que a gente tem algo contra. Muito pelo contrário, é porque a gente sabe que lá no Pontal do Paranapanema é justamente onde agora se acentua a disputa violenta por terra.

É lá justamente onde a população carece de toda e qualquer política pública, lá onde precisa de construção, de aparelhos públicos de saúde, de educação, de acesso à cidadania, de sonho de futuro, como escolas e universidades.

E para debater a situação do menor índice de desenvolvimento humano do estado de São Paulo, a gente precisa de debates maduros e de fôlego, e não de doar terra pública para os de cima, para os fazendeiros continuarem a abrir latifúndios, derrubarem mata e violentarem a reforma agrária popular, uma disputa que recentemente eu estive por lá, eu visitei diversos municípios da região.

Tenho muito carinho também pela FNL, companheiros aguerridos que constroem a luta cotidiana com a gente, inclusive por conta de conflitos por causa de terra. E é por isso que eu digo...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputada. Para concluir, deputada.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Para concluir. Para resolver o conflito de uma disputa de terra que é marcada por sangue, a gente precisa fazer política pública com responsabilidade, e não de um dia para o outro com um projeto que não traz os detalhes dessa doação de terra, como é o 277.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputada Monica Seixas. (Manifestação nas galerias.)

Para falar contra, deputada Isa Penna.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

A deputada Isa Penna...

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Eu queria trocar com o deputado Emidio. Passar a palavra para ele.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sim.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Mas não é abrir mão, presidente. Ela vai falar no meu lugar daqui a dois oradores.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, deputada Isa. Por favor.

É regimental a cessão do tempo da deputada Isa para o deputado Emidio de Souza.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - O tempo dela fica garantido para depois?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Se ela e o senhor estiverem aqui, sim. O senhor tem que estar aqui para passar para ela.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Presidente, eu já estou pedindo para falar agora exatamente porque não posso estar aqui.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Se o senhor não estiver, o senhor não pode passar o seu tempo.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Mas não pode perguntar agora?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não, não há permuta. Só na sua vez.

 

O SR. EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Então mantenha a palavra da deputada Isa.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Ok. Obrigado, deputado Emidio.

Com a palavra a deputada Isa Penna.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Olá. Primeiro eu queria dizer bem-vindos a cada militante do MST que está aqui presente. Vocês são bem-vindos aqui e nós temos o maior respeito (Manifestação nas galerias.) pela luta de vocês, meu máximo respeito, minha máxima admiração e minha máxima gratidão.

Ao contrário do que muito se diz, a luta contra a privatização de terras é uma luta primária. Para vocês terem uma ideia, a Inglaterra, a França, todos os países que a gente gosta de ver e usar como parâmetro, já fizeram, parcialmente, pelo menos, a sua reforma agrária. No Brasil, contudo, 1% dos proprietários de terra é dono de...

Presidente, eu queria pedir, por favor, presidente, eu queria pedir, por favor, para você pedir atenção do plenário.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, deputada Isa Penna. Temos oradores na tribuna, gostaria de pedir atenção dos nobres deputados e deputadas.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Obrigada, presidente. Obrigada, presidente.

Um por cento dos proprietários de terra é dono de 45% das terras rurais no Brasil. Isso é herança de um sistema escravocrata, coronelista. Isso é herança da colonização.

Nós somos um País que foi colonizado, que escravizou a maior parte da sua população, e hoje essa concentração de terra é reflexo disso. Nós estamos aqui hoje debatendo um projeto de lei estadual, mas essa não é uma questão só pertinente ao estado de São Paulo.

Eu, como deputada, preciso dizer, como deputada e advogada, trabalhei já com regularização fundiária, de terras, que esse projeto de lei é inconstitucional. Vejam, a propriedade privada no Brasil não é livre e irrestrita. O direito de ser proprietário de terras significa também o dever de as transformar em algo útil e produtivo para a sociedade. Está lá escrito na função social da propriedade.

Portanto, esse projeto de lei que autoriza terceiros a venderem terras que pertencem ao Estado, isso aumenta essa própria concentração de renda, isso é uma reprodução desse sistema colonial, racista e nojento.

É por isso que hoje, aqui, enquanto nós estamos falando sobre um projeto de lei, nós também evocamos a presença de irmã Dorothy, nós evocamos a presença de Bruno e Dom, nós evocamos a presença de Chico Mendes, porque nós estamos falando e discutindo contra o agronegócio.

Não, o agronegócio não cumpre função social nenhuma no País que não sustentar uma velha elite, porque tem a nova elite, aqueles que enriqueceram das novas formas de reprodução do capital, e tem a velha elite no Brasil, aquela elite que ainda fica chateada porque tem pessoas pobres pegando avião, aquela elite que o ministro da Economia, Paulo Guedes, fala que ter iPhone, hoje, no Brasil, é uma coisa normal, todo mundo tem um ou dois iPhones no Brasil. Nós estamos vivendo em outro planeta que esse ministro da Economia.

O que a gente vê hoje no campo é, sem dúvida nenhuma, um massacre, porque longe dos centros urbanos, onde a gente consegue ter menos visibilidade, é onde os piores crimes, assassinatos de indígenas, assassinatos de ativistas são cometidos. É disso, deputados e deputadas, que se trata esse projeto de lei hoje.

É de uma disputa sobre os rumos da economia do País no próximo período, se nós devemos investir na qualificação da mão de obra ou se nós devemos investir na monocultura, que, para quem não sabe, são os grandes produtores de terra, que não produzem a comida que vai para a mesa das pessoas, produzem a soja, que alimenta o boi, que, inclusive, é causa desse desmatamento, do aquecimento global que nós vemos hoje.

Então o combate ao PL 277 é um princípio da nossa mandata, porque diz respeito a uma mudança civilizatória. Como eu disse aqui, países que já fizeram a reforma agrária não são países comunistas. A Inglaterra, até a última vez que eu verifiquei, não era um país...

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. Chamo o deputado Kenny e o deputado Delegado Olim para auxiliarem na verificação de presença, que é regimental.

 

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- Verificação de presença.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Havendo número regimental, devolvo a palavra à deputada Isa Penna.

 

 A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Obrigada, presidente. Eu queria lembrar, também, de um companheiro que, em 2019...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Isa, um momentinho só. Eu gostaria de pedir para as pessoas - nós temos uma oradora na tribuna - que, por favor, façam silêncio no plenário. Pois não, deputada Isa.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Obrigada, presidente. Eu queria lembrar aqui também Luiz Ferreira da Costa, de Valinhos, interior de São Paulo, morto em 2019. Eu estive lá no ato que foi feito, na caminhada que foi feita depois. Presente, presente. (Manifestação nas Galerias.) Presente, companheiros. Presente. (Manifestação nas Galerias.)

Queria lembrar o quão cruel é essa luta e o quão antiga ela é. O Brasil ainda não passou por revoluções democráticas básicas. Revoluções de alteração de sistema. Reformas básicas, reformas democráticas, avanços civilizatórios. É disso que se trata. A reforma agrária não é coisa de comunista. Ela já foi feita em países liberais.

Mas aqui no Brasil, a verdade é que não existe liberalismo. Os falsos liberais que estão sentados aqui - e que votarão hoje a favor desse projeto - estão na verdade se colocando a favor de um massacre que acontece no Brasil profundo, que acontece longe das capitais urbanas. A gente vê isso com a grilagem, a gente vê isso com os garimpeiros, a gente ouve relatos de torturas, de meninas sendo estupradas no campo, nas florestas.

Então, os deputados aqui que dizem que querem a paz, que querem combater o sistema, que querem melhorar a vida do povo, como exatamente vocês querem fazer isso se nem mesmo o projeto que vocês vão votar aqui hoje vocês não têm nem o estofo, o conteúdo para subir aqui e defender?

Não são vocês que querem também o bem do povo? Não é o que se diz que não há mais diferença entre direita e esquerda? Pois é a esquerda que está subindo aqui para defender os direitos desse povo. E eu quero saber quem vai votar hoje a favor, cadê? Por que têm tanta vergonha de votar algo e defender isso que vocês vão votar?

Eu quero dizer aqui que uma distribuição de terras, assim como uma distribuição de renda no Brasil, é mais do que urgente: ela é inevitável. O sistema como funcionou até hoje, o mundo não comporta mais esse sistema. A natureza não comporta mais esse sistema.

Não comporta mais um sistema baseado somente no lucro, assim como a humanidade não comporta mais um sistema baseado somente na concentração. A exclusão da maioria e a concentração de poder, de dinheiro, de terra, de influência, de visibilidade e de poder nas mãos de 1 por cento. Vou repetir aqui: 1% dos proprietários de terra são donos de 45% das áreas rurais do Brasil. Isso é um absurdo.

E o Projeto de lei nº 277 vai aprofundar esse absurdo que é. E nós vamos judicializar esse projeto, porque ele vai de encontro a tudo que está escrito sobre a função social da propriedade na Constituição. E depois isso também sobre o que veio dizer a lei de usucapião, os regulamentos infraconstitucionais, enfim.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Professor Kenny.

 

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Esse projeto é um atraso, ele é um cheque em branco, ele é a reafirmação dos coronéis. Esses coronéis que, aliás, hoje um passarinho verde veio aqui me contar que estão muito chateados comigo, estão bravos, estão meio irritados. Parece que eu tenho falado demais. Será que eu leio um poema agora, deputado?

O que eu quero dizer é que essa lógica está expressa nas polícias. Os policiais praças aqui sabem a diferença que é ser praça e ser coronel. Assim como o proprietário de terra, o trabalhador do campo, sabe a diferença que é ser um coronel, e ser abusado por ele, ser torturado por ele. O mecanismo de servidão não acabou no Brasil. Existem pessoas escravas, hoje, por conta de dívidas feitas com donos de terra.

É óbvio que não é possível generalizar. Não são todos assim. Mas é importante que se diga que essa ainda é a realidade do trabalhador do campo no Brasil. Quem hoje alimenta as famílias brasileiras é a Agricultura familiar.

Já tem dados falando sobre isso. Portanto, apesar do dinheiro que o agronegócio tem, o dinheiro que o agronegócio investe nas campanhas de tantos deputados aqui presentes hoje.

Aí a gente vê: o coronelismo está em tudo, e está também na política. Nós, ou nos enxergamos como iguais, nesse sistema, como oprimidos por esse sistema coronelista. Eu, como mulher, vocês como praças, as pessoas como pobres, as pessoas como negras. De onde vem o racismo, senão do coronelismo brasileiro, na História do nosso País?

Vocês serão derrotados. O povo nunca falhou. (Manifestação nas galerias.) Na história da humanidade, o povo sempre se levantou. Os mais espertos, aqueles que sobrevivem, são aqueles que abraçam as mudanças. Todos aqueles que resistiram às mudanças foram vencidos e atropelados pela História.

A Alesp, no dia de hoje, vai tomar uma decisão muito importante. Como disse o deputado Barba, nós vamos mandar, depois, o espelho de quem votou hoje, e espalhar, pelo interior de São Paulo. (Manifestação nas galerias.)

De todos aqueles deputados que votaram pelo aumento da concentração de renda, pelo aumento da desigualdade, pelo aumento da concentração de terras, pelo aumento do abuso de abuso de poder que existe, dessa “elitezinha”, que tem um belo exemplo aqui.

Dessa “elitezinha” aristocrática, que vive olhando para o próprio umbigo, que não nos enxerga como seres humanos. Ou, pelo menos, não tão seres humanos quanto eles. Que não pisa na rua, que não sabe a beleza que é poder ser livre, andar de cabeça erguida na rua.

Que não sabe quão lindo é o nosso povo, porque só falta até limitar a circulação de ar. Se pudesse, não dividia nem o ar com quem está fora do condomínio fechado dele. É aquele cara que só anda de jatinho, para lá e para cá.

E aí ele fala: “Pobre? Existe pobre no Brasil? Todo mundo tem iPhone no Brasil. Isso daí, quem está falando é a esquerda. É mais uma falácia da esquerda”. Não, essa é a verdade, e a maioria se impõe. A História foi feita disso.

Não é culpa minha. Vocês podem matar um, podem matar dois, podem matar três. Mas essa é a História. Não é culpa de um indivíduo ou de outro. Por isso, senhores representantes do agronegócio - viu, Fred? - serão atropelados pela História.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - PROFESSOR KENNY - PP - Para falar contra o projeto, o excelentíssimo deputado Maurici.

 

O SR. MAURICI - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que me vê aqui e que me assiste pela TV Alesp. O Parlamento tem uma lógica, e todos nós, todas nós a conhecemos. Prova disso é que o presidente, quando me chamou para discutir o projeto, disse que eu ia discutir contra.

Quando eu me inscrevi ali, eu não me inscrevi para discutir contra. Mas o presidente conhece os deputados e deputadas, sabe quais são os compromissos que trouxeram cada um e cada uma até esta Casa, sabe da trajetória de cada um e cada uma de nós, sabe das ideias que cada um de nós e cada uma de nós defende.

E por isso o presidente, seguindo a lógica do Parlamento, disse: “para discutir contra, o deputado Maurici”. E essa lógica do Parlamento, que todos conhecemos, se reflete no dia de hoje de forma muito cristalina, de forma muito límpida. Não é comum deputados e deputadas, neste número, estarem aqui a esta hora da noite. Mas hoje estão.

E por que estão? Porque o governo tem interesse em votar e aprovar esse projeto, que, como a deputada Monica já lembrou, diz ali, olha: “Alesp debate regularização de terras”. Mas na verdade não estamos debatendo regularização de terras.

Estamos debatendo a possibilidade de que terras públicas, que eram ocupadas ou que são hoje ocupadas por assentados, possam ser vendidas, a um custo muito barato, módico, de ocasião, para as mãos do latifúndio.

Por isso que a bancada do PT, a bancada do PSOL e a bancada do PCdoB estão aqui. Não é isso, deputada Isa Penna? E de vez em quando a gente pede verificação de presença. Por quê? Porque precisa ter 24 deputados e deputadas aqui no plenário.

Se não tiver, a sessão se encerra, e o projeto não será votado hoje. É por isso que cada um e cada uma de nós, da oposição, estamos aqui falando. Nos inscrevemos e estamos discutindo contra - não é verdade? - o projeto, por 15 minutos. Porque nós usamos todo o nosso tempo de 15 minutos, que o Regimento nos permite, para discutir contra esse projeto.

Porque se cada um de nós usar os 15 minutos que o Regimento nos permite para discutirmos contra, ainda que a gente repita os mesmos argumentos, ainda que a gente repita, talvez, as mesmas frases, as mesmas expressões, a gente usa os 15 minutos que o Regimento nos permite para discutir contra, na esperança...

Às vezes, até, a gente provoca um deputado que possa vir aqui discutir a favor. Mas que use os seus 15 minutos também, para que a gente esgote o tempo da sessão, de duas horas e meia, e depois a discussão avance para uma outra sessão, até que atinja o máximo de três sessões - não é isso? - no mesmo dia, e que a gente vote amanhã.

Ou na esperança de que algum deputado ou deputada tenha que sair da sessão, e aí baixe o quórum para abaixo de 24 deputados e deputadas. E então não haja presença de deputados e deputadas o suficiente para fazer a votação hoje, e a gente possa postergar.

Na verdade, nós estamos aqui usando o que o Regimento nos permite, a nosso favor. E, no nosso entendimento, a favor da sociedade brasileira. Não apenas dos mais vulneráveis, não apenas dos assentados e assentadas, não apenas daqueles que precisam de comida nas mesas todos os dias, mas também em defesa de toda a sociedade brasileira. Então, nós estamos aqui debatendo contra, porque é o nosso entendimento.

E por que nós somos contra, por que estamos debatendo contra? Primeiro é bom dizer por que nós temos a certeza de que se trata de um expediente para passar, de forma módica, de forma de ocasião, a custo baixo, terras públicas que hoje são ocupadas por assentados e assentadas para o latifúndio, para o agronegócio.

Nós acreditamos que seja isso que está acontecendo, porque meses atrás nós já discutimos esse mesmo projeto aqui; só que naquele momento não havia correlação de forças suficiente para que fosse aprovado na forma que o governo queria, na forma que uma emenda que o deputado Mauro Bragato apresentou permitia que fosse feita.

Naquele momento, havia uma divisão muito clara aqui no Parlamento. Não era só a esquerda de um lado, base governista e direita de outro. Naquele momento havia um racha.

Naquele momento, por exemplo, seria impossível que deputados como o deputado Gil Diniz, deputados como o Major Mecca, deputados como o deputado Douglas Garcia e outros deputados, não viessem aqui ocupar os seus 15 minutos, e, portanto, desgastar o governo, e, portanto, prolongar o debate para além de duas, três sessões.

Então, naquele momento foi feito um acordo, e naquele acordo se retirou aquele jabuti, ou a pequena tartaruga, pequeno cágado, como disse o deputado José Américo, e o projeto passou daquele jeito que foi possível.

Hoje, nós voltamos a discutir o mesmo projeto, e aí é onde nós vamos nos apegar para discutir judicialmente, porque não era possível fazer esse debate duas vezes, do mesmo tema, da mesma propositura, neste momento aqui.

Bem, mas é só por isso que nós somos contra? Não, nós estamos discutindo contra também pelo fato de que o Brasil é um país rico. O Brasil é um país que, pela sua posição no globo terrestre, posição longitudinal, ele tem várias latitudes.

Entre os cinco, seis maiores países em território do mundo, ele é o único nessa posição. Os demais têm uma posição latitudinal e, portanto, eles têm, na prática, duas estações no mesmo ano.

O fato de o Brasil ter essa posição no Globo nos permite ter várias safras no mesmo ano do mesmo produto. Isso nos dá uma vantagem competitiva em termos de Agricultura em relação aos demais países do mundo fantástica.

É só isso que me leva a dizer que o Brasil é um país rico? Não, não é só isso. A mesma situação geográfica e geológica - o Brasil é um dos países de terreno mais antigo do planeta - permite com que a gente tenha o subsolo bastante rico e bastante variado, bastante diversificado, o que nos permite também, nos possibilita ter muitas riquezas minerais.

O Brasil tem muitos rios, e, além de ter muitos rios, tem o maior aquífero do mundo, que é o Aquífero Guarani. Então, nós somos um país rico em água doce também.

E como se não bastasse, juntando todos esses fatores, o Brasil também tem uma diversidade biológica, tanto vegetal quanto animal, que nos traz um potencial enorme de riqueza. Particularmente, nos garante um patrimônio, um potencial para o próximo século, para as próximas décadas que virão, muito superior aos demais países do mundo.

O problema do Brasil, portanto, não é riqueza, não é pobreza. O problema do Brasil é desigualdade social e econômica. Esse é o nosso problema. Há números que indicam que, no Brasil de hoje, cinco pessoas - cinco, contando em uma mão, escondendo a outra, ainda, um, dois, três, quatro, cinco pessoas - têm, de riqueza, de renda, de patrimônio, o mesmo que outras 100 milhões de pessoas juntas têm. Isso é a expressão da desigualdade.

O Brasil é um país, hoje, onde 70% dos trabalhadores e trabalhadoras recebem menos de um salário mínimo e meio por mês. Ou seja, se você excluir as 33 milhões de pessoas do Brasil hoje que passam fome, estão desempregadas, nós temos 30 milhões de pessoas com renda menor, com renda inferior a um salário mínimo e meio, para cada um dos cinco bilionários, que concentram nas suas mãos, e agora nas duas mãos, a mesma coisa de riqueza que outras 100 milhões de pessoas dispõem.

Então, o Brasil é um país cujo principal problema, eu não tenho dúvida disso, é a concentração de renda, e isso é o que nos diferencia aqui no plenário, diferencia aqueles que, desde a Revolução Francesa, ocupam os lugares à direita do plenário, daqueles que ocupam os lugares à esquerda.

Muito bem, esse projeto, que nós viemos aqui usar os nossos 15 minutos regimentais para discutir contra, é um projeto que trabalha na direção de concentrar ainda mais a riqueza, ainda mais a renda e, nesse caso, em forma de terra.

Terra que é um bem de produção desde que o mundo é mundo, desde que o homem se estabeleceu na face da terra, desde que o homem se tornou agricultor a terra é o principal meio de produção. E esse projeto faz concentrar terra. Novamente.

E, ao concentrar terra, favorece a monocultura, como já foi dito aqui pelas deputadas que me antecederam, não é de se espantar que essas áreas que hoje produzem alimentos passem a produzir cana de açúcar. E produzir cana de açúcar para quê? Para abastecer o mercado externo.

E vejam a crueldade, a crueldade é que, para abastecer o mercado externo, eu não tenho nada, em princípio, em uma sociedade capitalista, contra o agronegócio, mas o fato é que ele é muito nocivo porque, entre outras coisas, ele faz com que o governo atual tenha uma política de manter o dólar alto para que essas pessoas - os cinco bilionários - que produzem em real possam vender o seu produto ao mercado externo em dólar e, portanto, faturar mais dinheiro.

Qual a contrapartida disso? A contrapartida disso, por exemplo, é que a gasolina, que é comprada em dólar, fique cada vez mais alta. Ou seja, a situação é evidente de um governo federal e de um governo estadual que trabalham pela concentração de renda na mão dos mais ricos, na mão de poucas pessoas. E nisso o governo Doria e o governo Bolsonaro são muito parecidos.

Eu, Professora Bebel, tinha dúvidas no início. No início, quando o governador Doria se preocupou com a questão da vacina, por exemplo, eu falava: “Nossa, esse governador parece que tem uma sensibilidade maior, ele é diferente do presidente da República”.

Hoje não, hoje eu já me convenço de que o deputado Luiz Fernando, que me perdoa a ausência, tem toda a razão. A única diferença entre o presidente e o governador à época era a largura das calças. Um usava mais apertadas, o outro as usava mais largas. Essa era a diferença.

E, quando alguém diz, “o novo governador”, como eu já ouvi hoje aqui, ouço todos os dias, na verdade não é o novo governador, porque dizer “o novo governador” parece que é uma coisa nova, mas não é. É o atual governador, porque a política é a mesma.

A política desse governador e a daquele que o antecedia é a mesma política, e é uma política que joga na direção de concentrar riqueza nas mãos de poucos, de diminuir a oferta de serviços públicos.

E serviços públicos interessam à maioria da população. É um governo que não tem nenhuma preocupação social, cuja única preocupação é proteger os mais ricos, é proteger aqueles que concentram riqueza.

Deputada Márcia Lia? Não? Então, isso de novo me remete ao fato de que nós temos que discutir contra esse projeto. Quem defende que as pessoas sejam menos desiguais neste País tem que ser contra esse projeto, e é por isso, deputada Márcia Lia, que nós estamos aqui usando todos os nossos 15 minutos regimentais para debater contra, debater contra o projeto.

Agora, tem uma máxima do direito que diz que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, e é por isso que as forças que, hoje, têm uma correlação favorável nesta Casa e que, portanto, ditam as regras e a maneira da Casa funcionar, não poderão se beneficiar de ter conspurcado o Regimento da Casa fazendo votar, na mesma legislatura, com poucos meses de diferença, a mesma matéria, apenas porque não tinha uma correlação de forças favorável naquele momento para fazê-la passar.

Desculpe abusar da paciência de todos e todas, mas nós somos contrários a esse projeto.

Muito obrigado, Srs. Deputados, Sras. Deputadas.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para encaminhar pela bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE - PROFESSOR KENNY - PP - Só um instante, deputada. Para falar contra, o deputado Emidio. Ausente. Não havendo oradores inscritos, está encerrada a discussão.

Em votação o projeto, salvo emendas.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Para encaminhar, Sr. Presidente, pela bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE - PROFESSOR KENNY - PP - É regimental, deputada. Vossa Excelência tem a palavra.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Novamente, estamos aqui para discutir o PL 277. Eu fiquei ouvindo todas as falas que me antecederam nesta Casa e, de todas as falas que ouvi, fiquei pensando durante algum tempo qual seria a razão, deputados e deputadas, de o governador Rodrigo Garcia não ser o proponente deste projeto de lei.

Por que o governador Rodrigo Garcia não quis se submeter ao desgaste de propor a reforma agrária para os ricos, a reforma agrária para aqueles que têm, como disse a deputada Isa Penna, aqueles da elite, da “elitezinha” que têm aí os grandes latifúndios que foram tomados do estado de São Paulo e tomados do estado brasileiro?

Não teve nenhum, mas nenhum deputado proponente deste projeto, ou alguém que o defenda e vai votar favorável a este projeto, que tivesse a coragem de vir aqui defendê-lo.

Por que será que esse povo todo, esse monte de deputado não veio aqui defender um projeto de lei que foi proposto, como eu já disse, de forma inconstitucional, com invasão de competência?

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Sergio Victor.

 

* * *

 

Competência que, no nosso entendimento, no entendimento do nosso jurídico, dos nossos procuradores, é inconstitucional, porque há flagrante inversão de papéis, flagrante invasão de competências, quando o Legislativo se coloca à frente de uma competência que é originária do Executivo.

Alguém me disse no meio dessa conversa nesses últimos dias: “Não, deputada, mas a competência é concorrente”. Não é! Não é! Esse projeto de lei nasce morto, ele é natimorto, porque ele vai ser declarado inconstitucional, não só pela sua inconstitucionalidade, mas também pela sua falta de sensibilidade social.

Eu tenho claro, mas muito claro, que aqueles que não defendem a reforma agrária, como é o caso do nosso governador, que disse claramente, de uma forma transparente... A sua fala é muito clara, quando ele diz que não acredita na reforma agrária, que não deu certo a reforma agrária no Brasil.

Eu trouxe aqui muitos exemplos, quando fiz minha primeira fala, de que temos hoje 450 mil famílias assentadas produzindo alimentos. O maior produtor de alimentos orgânicos do Brasil é o MST. (Palmas.)

O maior produtor de alimentos sem agrotóxicos é o MST. Trabalhadores com suas mãos cheias de calos de tanto trabalhar e que defendem a família e a dignidade das suas famílias.

A gente tem muito orgulho de vocês. Vocês podem ter certeza que nós temos muito orgulho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto e Sem Terra também, por quê?

Porque vocês lutam pela dignidade dos trabalhadores e das trabalhadoras e nós queremos sempre estar defendendo a luta de vocês, porque nós entendemos que, como disse a deputada Isa também - Isa me permita citá-la - a reforma agrária não foi feita só em países como o Brasil. Ela foi feita na Europa, ela foi feita em outros países muito mais desenvolvidos que o Brasil.

E, aliás, ela foi uma das razões pelas quais esses países se desenvolveram com a desenvoltura que se desenvolveram. E o Brasil caminha na contramão da História. Enquanto os países de primeiro...

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Pela ordem.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Pois não.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Para pedir verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - SERGIO VICTOR - NOVO - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Gostaria de convidar o deputado Ricardo Mellão e a deputada Carla Morando para seguir com a verificação de presença.

 

O SR. RICARDO MELLÃO - NOVO - Pela ordem, presidente. Verifica o quórum visual?

 

O SR. PRESIDENTE - SERGIO VICTOR - NOVO - É verificado o quórum visual. Devolvo a palavra à oradora, deputada Márcia Lia.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Então voltando à minha fala aqui, são hoje 450.000 famílias assentadas produzindo alimentos no Brasil, 1.900 associações comunitárias, 160 cooperativas. E nós tivemos o prazer de estar na última semana lá em Andradina na sexta-feira e inaugurar a Coapar, a Cooperativa de Leite da região de Andradina.

Um empreendimento incrível que foi um sonho realizado pelos trabalhadores do MST. Parabéns pela usina. Parabéns pelo laticínio. Parabéns pela luta que nós fazemos juntos. E também são 120 agroindústrias que produzem alimentos para o campo e para a cidade. É dessa reforma agrária que nós estamos falando.

É dessa reforma agrária que muitos aqui não têm a coragem de defender, que muitos vão votar pela entrega, pela doação das grandes fazendas, dos grandes latifúndios grilados lá no Pontal do Paranapanema; e esse PL 277 aumenta a fome do povo.

São 33 milhões de pessoas passando fome e ao invés da gente dividir terras para produzir alimentos, a gente vai dividir terras, como já foi dito aqui, para plantar, como fazem as empresas que plantam eucalipto e destroem o meio ambiente, acabam com o meio ambiente, plantam eucalipto em cima dos mananciais de água sem nenhum cuidado; aqueles que plantam soja achando que a soja é a solução de todos os problemas do povo brasileiro.

E nós estamos vendo o desastre, nós estamos vendo o povo a cada dia com mais problemas de saúde, porque nós estamos destruindo o meio ambiente. Porque nós estamos fazendo com que a cana-de-açúcar para fazer commodities ocupe o estado de São Paulo em sua grande maioria, acabando com a qualidade do solo, acabando com a qualidade da água, jogando veneno para que as pessoas possam consumir, matando hortas, matando animais e nos matando também, os seres humanos.

Então eu quero dizer para vocês que nós vamos lutar, que nós vamos enfrentar e que, se Deus quiser, nós não teremos a quantidade de votos necessários para que esse projeto de lei seja aprovado nesta noite.

E que aqueles deputados que aprovarem esse projeto de lei terão sim os seus nomes estampados para que todas as pessoas que defendem o ser humano, que defendem a vida, que defendem a produção de alimentos saudáveis, que defendem a não grilagem, que defendem um Brasil soberano, um Brasil com muito mais justiça social, um Brasil fraterno, um Brasil onde o povo brasileiro possa se alimentar, onde o povo brasileiro possa ter a sua casa, onde o povo brasileiro possa ter educação de qualidade, saúde de qualidade, e que também possa ter um financiamento, um financiamento justo para a produção de alimento.

O Orçamento do estado de São Paulo para a Agricultura, que outrora chegou a ser de 4%, hoje é 0,3 por cento. É uma vergonha o Orçamento da agricultura no estado de São Paulo, é uma vergonha. É uma vergonha. É uma vergonha.

Eu vou terminar a minha fala perguntando mais uma vez: por que será que o governador Rodrigo Garcia não quis pôr a mão nesse Projeto de lei? Se alguém tiver alguma suspeita, por favor, converse comigo.

Muito obrigada.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Questão de Ordem, presidente. Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - SERGIO VICTOR - NOVO - Tem a palavra o deputado Gil Diniz.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Para indicar o deputado Frederico d’Avila para encaminhar pela bancada do PL.

 

O SR. PRESIDENTE - SERGIO VICTOR - NOVO - É regimental o pedido de V. Exa. para encaminhar pela bancada do PL, deputado Frederico d’Avila.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr. Presidente. Vossa Excelência me concede uma comunicação?

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Questão de Ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - SERGIO VICTOR - NOVO - Questão de Ordem da Professora Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Eu formulo esta Questão de Ordem nos seguintes termos, veja bem. Nós tivemos já esse debate em dezembro, conforme já expus aqui, com o teor, enfim, com audiências públicas.

Percebo que o tema é exatamente o mesmo que foi tratado no 410, aliás, intrínseco no 410 tinha o Art. 4º, que versava sobre este PL. É o mesmo PL. Quer dizer, o Art. 4º é tal e qual o PL que está hoje em votação aqui.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.

 

* * *

 

Então, entendo que dois temas no mesmo tempo, no mesmo ano, aliás, um tema no mesmo ano, ele não poderia estar sendo debatido novamente, e nem ser transformado em PL, Sr. Presidente.

Então, a Questão de Ordem que ora formulo é a seguinte: não seria inconstitucional? Isso aqui não vai virar, poderá haver uma judicialização? No meu entender, sim, porque uma matéria debatida duas vezes é inconstitucional.

Então essa é a Questão de Ordem que ora formulo para Vossa Excelência.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Será respondido.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Pela ordem, Sr. Presidente, para uma brevíssima comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, deputado.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Muito obrigado. Sr. Presidente, apenas para deixar o meu protesto com relação à rede social YouTube, que neste momento, infelizmente, os trabalhos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo não estão sendo transmitidos no YouTube, uma vez que foi bloqueado por parte dessa rede social de forma absolutamente injusta, Sr. Presidente.

Havia notificado a primeira vez em um ato solene feito pelo deputado Douglas Garcia com relação à obrigatoriedade das vacinas. E eu recebi uma notificação, a Assembleia Legislativa recebeu uma notificação para que o canal do YouTube não passasse mais conteúdos relacionados à questão da vacina.

Porém, Sr. Presidente, o documentário que foi reproduzido ontem aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo nem sequer cita a palavra “vacina” ou “antivacina”.

Então, a forma com que o YouTube simplesmente bloqueou todo o conteúdo da Rede Alesp, transmissão, ou qualquer outra coisa, foi de uma maneira ditatorial, nojenta, censuradora perante o Legislativo paulista, retirando do Legislativo paulista a possibilidade de comunicar a população.

Inclusive, Sr. Presidente, eu entrei com requerimento aqui na Comissão dos Direitos do Consumidor para que os representantes do YouTube venham aqui na Assembleia Legislativa explicar o porquê que eles estão trabalhando com tamanha censura diante desse atentado à democracia, que é tentar silenciar a opinião alheia, principalmente dos parlamentares desta Casa de Leis.

Então eu conto com os deputados que fazem parte dessa comissão para que a gente aprove esse requerimento e derrube todo tipo de censura que está acontecendo nessa Assembleia Legislativa. O documentário que foi reproduzido aqui, “Lockdown, o Terror”, nada tem a ver com antivacina, tem a ver com direito à liberdade, tem a ver com direito à população, tem a ver com respeito à população paulista.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Douglas Garcia.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Que o YouTube não teve e que eu espero que essa Assembleia Legislativa tome providências contra isso.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Questão de ordem, presidente. Presidente, questão de ordem. Essa Casa não tem o laudo que precisa para o funcionamento. Todo mundo sabe disso, a gente sabe que essa Casa não tem o laudo que precisa para garantir a segurança...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não é verdade, não é verdade.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Dos deputados. É questão de ordem, é verdade, sim.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não é verdade.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Claro que é verdade. Então cadê o laudo, presidente?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, eu gostaria de (Inaudível.).

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Cadê o laudo, presidente?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - A senhora peça por escrito. Pode cortar o microfone.

Com a palavra o deputado Frederico d'Avila.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Sr. Presidente, olha, é uma coisa inacreditável que eu ouvi aqui hoje, um verdadeiro show de baboseira. (Manifestação nas galerias.) Tem gente...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputado Frederico, um momentinho, por favor.

Eu gostaria, por favor, vocês são sempre bem-vindos aqui na Assembleia, desde que tenham respeito com o Regimento. Por favor.

Eu já ouvi de um sábio político, deputado Frederico, que cada um escuta por onde quer.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Então as pessoas estão aí.

Com a palavra o deputado Frederico d'Avila.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não tem pela ordem agora. Tem um orador. Não tem pela ordem. A senhora não vai tumultuar.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Essa Casa está funcionando de forma irregular, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Entre na justiça e questione, deputada. É um direito que a senhora tem.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Vou entrar, presidente. Vocês vão perder esse PL. O 277 não vai passar.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, deputada.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Pela ordem, presidente. 

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, corte o microfone. Por favor. Tem um orador na tribuna, eu gostaria que o orador continuasse com sua fala.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Tem gente aqui que não sabe diferenciar um pente de um rastelo, uma enxada de um enxadão. Tem gente aqui que se soltar na quiçaça aqui...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, coronel. Por favor.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Não, liberdade de manifestação.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, desligar o microfone de aparte. Por favor.

Eu gostaria de pedir silêncio aos nossos espectadores. É um prazer recebê-los, mas tem que respeitar o Regimento Interno e não pode haver manifestação, enquanto tiver orador.

Por favor.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Estão todos [Expressão suprimida.], [Expressão suprimida.].

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Tem gente aqui que se soltar na quiçaça, precisa tomar Loratadina, de tanta alergia que vai pegar. Não é possível para uma pessoa que é produtor rural, uma hora dessa ainda está no lote, está trabalhando, está puxando com a enxada, está recolhendo galinha. Não está aqui na Assembleia fazendo tumulto.

Eu tenho que explicar um monte de questão aqui para o deputado. Aumenta um pouquinho para mim, Machado? Explicar um monte de questão aqui para o deputado Barba, porque ele falou aqui por que a banana subiu.

É muito fácil, deputado Barba. Eu explico para o senhor por que a banana subiu. Porque o 529, que o senhor falou que existe uma dobradinha aqui do PL com o PSDB, na verdade dobradinha tradicional aqui é PT e PSDB, porque como o senhor deu uma boa aula de Regimento aqui, o PT ajudou o PSDB votando "não" e dando quórum para o 529, que o senhor João Doria aumentou todos os fertilizantes, insumos, caixa de ovo, o cloreto de potássio.

Deu quórum, deu quórum, deram quórum, deram quórum, deram quórum, sim. Deram quórum, deram quórum, deram quórum, votaram "não". Aí depois, aí depois...

Opa! Fica com a [Expressão suprimida.]  aí.

Aí depois o ICMS incidiu sobre todos os insumos utilizados na produção da banana, deputado Gilmaci, inclusive a caixaria da banana, inclusive as embalagens da banana.

Aí, essas semanas que passaram, por incrível que pareça, eu vou dar mais uma explicação para o deputado Barba por que aumentou não só a banana, mas o feijão, o arroz, tudo o que o senhor puder imaginar.

Por quê? Porque o PT votou contra o... a diminuição do ICMS dos combustíveis, tanto na Câmara quanto no Senado Federal, contra, contra. O PT votou contra a diminuição do ICMS. Mais uma explicação: em março de 2020, um barril de petróleo estava cotado na Bolsa de Londres a 34 dólares; hoje está a 111 dólares. Então isso é um fenômeno mundial.

O assentado de verdade quer produzir, ele precisa de crédito, ele precisa ser o dono da terra, deputado Douglas Garcia, porque sendo o dono da terra ele tem segurança para investir na área dele, no terreno dele. Ele pode, deputado Major Mecca, ir ao banco e pedir um financiamento, pedir um custeio, pedir um seguro rural, pedir um seguro de safra.

Quem é dono, cuida. Está na Bíblia, deputado Gil Diniz. Está na Bíblia: quem é dono cuida. Então é muito simples explicar essas questões que foram colocadas aqui.

Agora, foi um ataque generalizado à produção de cana. Quem é o maior produtor de cana da América Central? É Cuba. A maior produtora de cana na América Central é Cuba. Qual é o problema? Lá pode plantar, e aqui não pode? Esse é o problema?

Opa, [Expressão suprimida.]. Não o Major Mecca, não. [Expressão suprimida.].

O que nós vemos aqui? Em 2015, o feijão, Major Mecca, chegou a 16 reais o quilo, e não foi culpa - agora vou até tirar a culpa da Dilma - da Dilma, apesar de ela ser presidente da República.

Foi culpa da geada, que matou toda a produção de feijão de São Paulo, Paraná e parte de Santa Catarina. A produção de feijão foi dizimada pela geada de 2015, aí o feijão chegou a 16 reais o quilo.

Agora, é inacreditável que a gente esteja vendo vários partidos aqui trabalhando contra o desenvolvimento de uma certa região do estado e de outras regiões que também têm problemas fundiários.

E vocês viram aqui - não é, deputado Gil Diniz? -, o presidente Bolsonaro já fala isso há muitos anos na Câmara dos Deputados, que o direito de propriedade para esse pessoal não existe. Eles relativizam a todo momento o direito de propriedade. (Manifestações nas galerias.)

Então o direito de propriedade que eles têm é no DCE da universidade, onde eles ficam fumando maconha. Lá eles têm direito de propriedade. Agora, sobre a propriedade rural, aí já não pode.

Eles chegaram ao cúmulo de falar que o agronegócio não gera emprego. Como que não gera emprego se o responsável pela balança comercial positiva do nosso Brasil... Se não fosse o agronegócio, nós, durante a pandemia, estaríamos negativos na balança comercial.

Eu tive que ouvir da deputada Isa Penna dois termos novos que eu nunca ouvi, “produtor de terra” e “desmatação”. Eu nunca ouvi isso. Você já ouviu “produtor de terra” e “desmatação”? O único produtor de terra que eu conheço é Deus. Ele fez, está feito. Agora, produtor de terra? Nunca vi. (Manifestações nas galerias.)

Ouvi dizer aqui que o Pontal de Paranapanema vai ser dominado por monoculturas. Qual é o problema de você ter grandes culturas no Pontal? Potencial hídrico gigante, na beira do rio, terra que, se for irrigada, vai produzir muito para o nosso estado e para o nosso Brasil. É uma região assolada pela seca. É inacreditável. Como pode uma coisa dessas? É um horror.

Agora, você pega uma região daquelas, totalmente tumultuada por essas questões aí, esse horror, aí, na hora que nós chegamos no limite, ali na porta de entrada de resolver o problema, chega esse pessoal falando.

Agora podia mudar o nome, deputado Maurici. É “Partido da Unilever”, que agora defende a margarina. O PT agora defende o consumo de margarina. “Partido da Unilever”, muito bom.

A deputada Isa Penna falou que tem dois tipos de coronel, Mecca: tem o coronel de terras e o coronel da Polícia Militar, que vive no luxo. Coronel da polícia vive no luxo. Você, Coronel Telhada, vive todo mundo no luxo. Então disse que vocês e nós somos a mesma coisa.

Aí você veja o seguinte: o PT, reclamando de custo de cesta básica, votando contra ao ICMS dos combustíveis. Vejam só, uma coisa dessa: precisou passar Fernando Henrique I, Fernando Henrique II, Lula I, Lula II, Dilma I, Dilma um e meio, Michel Temer, e não dá a quantidade de título que o presidente Bolsonaro deu durante o seu governo. São 360 mil títulos até agora. Nós vamos chegar no final do ano com 480 mil títulos, podendo chegar até a quinhentos.

Então, na verdade, o que acontece? A hora que terminar essa situação, a hora que nós votarmos esse projeto, essas pessoas serão libertas. A deputada Isa falou tanto de escravidão aqui. Nós vamos “desescravizar” essas populações do Pontal. Elas não vão mais depender de MST, de PT, de PCdoB, e o diabo a quatro.

Nós vamos libertar essas populações, dar crédito, dar seguro rural, dar acesso às tecnologias, à extensão rural, ao financiamento rural. Coisas que, hoje, são inacessíveis para quem é produtor rural de verdade.

Então eu queria cumprimentar todos os prefeitos do Pontal que estão aqui. Não só do Pontal, como de outras regiões, se aqui estiverem. E dizer que a luta de vocês é mais do que justa.

Esse projeto poderia ser muito melhor. A retirada do Art. 4º, para mim, não foi muito bem estudada. Porque ali você poderia ter uma questão muito melhor. Agora, eu queria saber onde que é o balcão de doação de terra. Porque eu também quero me inscrever lá. Nunca me deram nada. Quero ir lá, para ver onde é que vai doar a terra.

Diz que é PL da grilagem. O pessoal está instalado lá desde 1890, 1900, 1910. Como é que pode? Doação de terra para quem? Para onde? Se a pessoa quer vender, vende. Se quer comprar, compra. Qual é o problema? Pessoal aqui não gosta de falar em direito de propriedade.

Então é tanta coisa que a gente tem que falar aqui. É inacreditável a quantidade de abobrinha que falaram aqui. Inclusive, defendendo o consumo de alimento processado.

Então, esse pessoal aí tem que ir procurar um lote para carpir. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Obrigado, deputado Frederico d’Avila.

Tem uma questão de ordem que a deputada Márcia Lia quer fazer. (Manifestação nas galerias.) Um momento, por favor. Pois não, deputada Márcia Lia. Márcia Lia quer uma questão de ordem.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Quero fazer uma questão de ordem, pedir para Vossa Excelência. (Manifestação nas galerias.) Companheirada, vamos acalmar aqui.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pessoal, por favor. Deputada Márcia Lia.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Quero solicitar, a V. Exa., que sejam retiradas todas as vezes que o deputado Frederico d’Avila se referiu à Meca. Porque isso é um preconceito religioso.

Ele reitera o que ele fez aqui, falando mal do papa, falando mal dos bispos, falando mal dos padres, falando mal da Igreja Católica. Agora ele vem com essa retórica de “chega, vai para lá, Meca”.

Nós não vamos aceitar.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PL - Era o Major Mecca.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - O senhor não faça gracinha não, que não estou aqui para palhaçada.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Márcia Lia, vou pedir para que retire, das notas taquigráficas, a palavra Meca, toda vez que foi falada.

Pois não, deputado Jorge do Carmo. Pela ordem, deputado Jorge do Carmo.

 

O SR. DR. JORGE LULA DO CARMO - PT - Pela liderança da Minoria, vou indicar o deputado Teonilio Barba, para dividir o tempo com o deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental. O tempo, quem controla é o orador. Então, com a palavra, o deputado Teonilio Barba.

 

O SR. TEONILIO BARBA LULA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente Carlão Pignatari, por favor, melhore o microfone aqui, por favor. Obrigado. Sr. Presidente, só voltei a esta tribuna por duas mentiras contadas pelo deputado Frederico d’Avila.

Quem vendeu, quem rifou o Projeto 529 foi seu partido, na época liderado pela deputada Janaina Paschoal. Rachou o 529 e fez uma negociação para tirar quatro empresas, e com isso vocês deram quórum para o governador atingir e aprovar o 529. (Manifestação nas galerias.)

Então, eu estou vindo a esta tribuna porque você mentiu descaradamente, deputado Frederico d'Avila. Primeira mentira que você falou desta tribuna. (Manifestação nas galerias.)

Segunda mentira que você falou é que a base do PT, lá em Brasília, votou contra o ICMS. É só vocês entrarem no site e verem como votou; a bancada do PT votou a favor da redução do ICMS lá em Brasília.

O deputado Frederico d'Avila é assim: ele sobe à tribuna e tenta descaracterizar as pessoas. Agora, deputado, eu sei por que o preço da banana está caro. O nosso modal de transporte, no país, é todo sobre rodas.

Nós praticamente, Sargento Neri, não temos transporte sobre ferrovias nem embarcação fluvial. E, por ser todo sobre rodas... O petróleo está caro. Está caro porque nós pagamos, na verdade, o lucro de 800 mil acionistas da Petrobras. É por isso que está dolarizado o preço do petróleo.

E aí nós pagamos caro aqui no Brasil. E quem é que fez isso? O golpista do Temer, e o genocida do Bolsonaro deu continuidade a esse processo de dolarização dos combustíveis. Portanto, toda vez que sobem os combustíveis, sobe o custo de vida do povo brasileiro. E segundo: é a legalização da grilagem de terras, sim. Aliás, tem parte das terras que já estão griladas, e eles só vão legalizar, agora, para os grandes latifundiários.

E olha que na minha fala aqui eu tive cuidado de falar do agronegócio e da importância que o agronegócio tem para a nossa exportação aqui no país. Agora, o que vocês querem é dar um cheque em branco aos herdeiros da chibata, os herdeiros de um processo escravocrata, e com isso vocês legalizarem a grilagem de terra. Portanto, eu afirmo aqui desta tribuna e vou provar para vocês que o deputado Frederico d'Avila mentiu em relação ao 529.

Só teve uma batalha aqui contra o 529 porque eu era o líder, junto com a Professora Bebel; e lideramos a oposição. E vários deputados ficaram conosco. O que me surpreendeu é que, no segundo dia em que o 529 chegou a esta Casa, já tinha uma proposta da deputada Janaina para poder fazer a negociação cujo resultado final tirou quatro empresas, retirou a questão do imposto “causa mortis”. Foi esse o grande debate que nós fizemos aqui nesta Casa.

Então, quem rifou foi, àquela época ainda, deputado Frederico d'Avila, um partido chamado PSL, que era o seu partido, o partido da deputada Janaina, o partido do Mecca e de vários deputados. Embora o Mecca tenha ficado conosco, votando e fazendo oposição até o final. Passo o restante do meu tempo para o deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Só, senhor presidente, a deputada Márcia Lia solicitou a retirada da expressão “Meca”, pronunciada pelo deputado Frederico.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Eu já pedi para retirar.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Mas eu gostaria de que o senhor também pedisse para retirar da sua fala, porque o senhor fez também referência à “Meca”. Depois o senhor vai ouvir. Eu estava aqui e prestei atenção.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não, não, não. Eu disse: “cada um ouve por onde quer”. Só.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Mas se tiver, eu queria só sugerir isso.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não fui eu.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Perfeito. Eu queria só concluir aqui, para continuar na linha do deputado Barba com relação às inverdades pronunciadas pelo deputado Frederico d'Avila.

O PT, deputado Frederico d'Avila, não deu 48 votos; quem deu 48 votos foi a bancada do Bolsonaro, que aliás fez aliança com o Doria. É essa a verdade. Se não fosse o voto da deputada Janaina, não tinha 48, e depois de 48 o PT votou contra. Portanto, nós não contribuímos com essa farsa que o senhor veio trazer aqui.

Outra coisa que eu ouvi indignado. Eu queria perguntar para o deputado Frederico d’Avila se ele cuida das galinhas às 21 horas. Queria só saber disso, porque eu nunca vi... (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Eu não tenho galinha. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente, Sr. Presidente.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Ele me perguntou, eu preciso responder. Ele me perguntou da galinha. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, deputado Paulo. Para o tempo aí. Parou já. Não pode. Tira o microfone.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente, isso não pode.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não pode.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Eu quero que restituam o meu tempo, primeiro porque o deputado Frederico não conhece o Regimento; segundo porque vem com inverdades. O deputado Frederico não deve nunca ter cuidado de galinha, nem de frango, nem do agronegócio.

O deputado Frederico gosta é de ir ao programa do Silvio Santos ver o Lula atrás dele. Esse é o deputado Frederico. Ele vem aqui falar mal da CNBB, do papa, dos bispos.

Esse é o deputado Frederico, que não conhece nem um pouco da Agricultura. Aliás, o que ele sabe é criar fake news desde o início do seu mandato. (Manifestação nas galerias.)

Terceira questão: o que tem a ver alhos com bugalhos? Comparar Cuba, onde se planta cana, com o estado de São Paulo, com as terras devolutas. Eu não consegui entender. Eu não consegui entender.

Se Cuba tem uma opção de plantar cana, o problema é a opção de Cuba. Agora aqui não, aqui não, aqui não. Nós não queremos terras devolutas para fazendeiros, essa é a questão. Terras devolutas têm que ser de quem luta, de quem está na terra.

Sr. Presidente, nós aqui hoje não podemos cometer esse erro de aprovar essa aberração. Já falamos isso mais de uma vez. Como encaminhamento, nós precisamos restabelecer a verdade.

Aliás, verdade aqui que o deputado Barba já recolocou em duas ou três questões, verdade aqui que nós já recolocamos com relação à discussão feita em vários projetos em que o PSL se aliou ao PSDB.

Nós não podemos permitir que mentiras sejam ditas sem que se rebatam, porque é inadmissível, inadmissível. Nós podemos fazer debates políticos, discordar, mas não podemos faltar com a verdade.

Faltar com a verdade não. Nós podemos pegar os documentos, olhar o que foi feito, o que não foi feito, quem votou e quem não votou, agora não mentir. Mentir não pode. Mentir é o último dos últimos aqui neste plenário.

Portanto, nós aqui estamos encaminhando contrários a esse projeto de lei, contrários a esse projeto de lei, porque nós entendemos que a terra devoluta não pode, não deve e não tem que ser de fazendeiro.

É isso, essa é a discussão que nós estamos colocando. (Manifestação nas galerias.) E se a região é uma região que tem grandes rios, que tem uma riqueza hídrica importante, que se utilize para a agricultura familiar, que não se dê aos fazendeiros. Esse é o debate que está colocado aqui, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, eu queria só lembrar outra coisa: há um provocador na galeria que é preciso que se tome providências, porque vai ter problema daqui a pouco. Nós não podemos permitir isso aqui.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Questão de ordem, Sr. Presidente. Não é isso não. É que o pessoal de lá, esse bando de mal-educado, está vindo atacar a galera que está vindo apoiar o projeto.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, eles já saíram. Eles foram embora do plenário já.

 

O SR. DOUGLAS GARCIA - REPUBLICANOS - Está entendendo? Essa galera do MST aí, que é um bando de ignorante, está vindo atacar aqui (Vozes sobrepostas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Por favor, deputado Douglas, por favor.

 

O SR. PAULO LULA FIORILO - PT - Sr. Presidente, assim é difícil. Então aqui é preciso recolocar a verdade. (Voz fora do microfone.) Eu já pedi para restabelecer meu tempo.

Aqui nós não podemos compactuar com esse tipo de coisa. Ou nós aqui tratamos do debate político, daquilo que é real, verdadeiro, e não do que se criou aqui com firulas, com brincadeiras, com deboche.

Este plenário não pode permitir deboche de deputados contra deputados e contra deputadas, é inadmissível. Se quiser fazer gracinha, faça no programa do Silvio Santos, mas não aqui, porque aqui não é um programa de auditório. (Manifestação nas galerias.)

Sr. Presidente, eu quero concluir a minha fala dizendo que nós temos a oportunidade de utilizar as terras devolutas para quem luta. Esse é o lema do MST, esse é o lema do PT, dos partidos que estão aqui nesta luta contra o 277, contra esse jabuti que vai beneficiar os fazendeiros, os grandes proprietários de terra, o que é inadmissível.

 Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Sr. Presidente, pela ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, deputada Márcia Lia.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Eu quero fazer uma questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Vamos lá, deputada Márcia Lia. (Manifestação nas galerias.)

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, formulo a presente questão de ordem com a finalidade de obter de V. Exa. esclarecimentos acerca da aplicação do disposto no Art. 135, Inciso I, do Regimento Interno, em relação à admissibilidade do Projeto de lei nº 277, de 2022, apresentado pelos deputados Carla Morando, do PSDB e Vinícius Camarinha, do PSDB, que versa sobre a autorização à Fazenda do Estado de São Paulo a transigir e a celebrar acordos, judicial ou administrativamente, para fins de alienação de terras públicas do Estado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Márcia Lia, isso já foi feito, essa questão de ordem, pela deputada Professora Bebel.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Não, não foi não.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Foi feita pela Professora Bebel.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Não.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Ela fez pela Professora Bebel, sim. É a mesma questão de ordem da Professora Bebel.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Não é a mesma questão.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Tem alguma outra questão de ordem? Porque essa já foi feita pela deputada Professora Bebel.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Não, é essa questão de ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Já foi feita pela Professora Bebel. Já foi feita.

 

A SRA. MÁRCIA LULA LIA - PT - Não é a mesma, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É a mesma. Não havendo mais encaminhamentos...

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não havendo mais...

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não, deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Se estiver encerrada aqui a questão de ordem. Está encerrada?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Não havendo mais...

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Pela ordem.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Pois não.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Quero encaminhar pela bancada do PSOL.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - É regimental o encaminhamento, pela bancada do PSOL, da deputada Monica da Bancada Ativista. É regimental, pode deixar a deputada...

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Deputada Márcia, desculpe, viu, ter puxado microfone. Nessas horas, se a gente não corre, atropelam. Desculpe mesmo, viu? Eu acho bastante ruim ter que recorrer...

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Deputada Monica.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Estou usando o meu tempo.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - No momento... Não, nunca vou interromper a senhora. Só quero fazer uma convocação. Tá bom? Não, está parado o tempo. Por favor, retorne os dez minutos. Não tem nenhum problema isso.

Nos termos do Art. 100, Inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma sessão extraordinária a realizar-se amanhã, às 16 horas e 30 minutos, ou dez minutos após o término da sessão ordinária, em cumprimento ao interstício mínimo previsto no § 3º do Art. 100 do Regimento Interno, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia:

 

* * *

 

- NR - A Ordem do Dia para a 29ª Sessão Extraordinária foi publicada no D.O. de 29/06/2022.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do disposto no Art. 18, Inciso III, Alínea “d”, combinado com o Art. 68, ambos do Regimento Interno, convoco reunião conjunta das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor; Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se amanhã, às onze horas, em ambiente virtual, com a finalidade de apreciar o Projeto de lei nº 197, de 2021, de autoria do deputado Rodrigo Moraes.

Nos termos do Art. 18, Inciso III, Alínea “d”, combinado com o Art. 68, ambos do Regimento Interno, convoco reunião conjunta das comissões de Constituição, Justiça e Redação; Assuntos Metropolitanos e Municipais; Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se amanhã, também às onze horas, em ambiente virtual, com a finalidade de apreciar o Projeto de lei nº 99, de 2022, de autoria do deputado Luiz Fernando.

Devolvo a palavra, seus dez minutos recompostos, à deputada Monica Seixas, para um encaminhamento pela bancada do PSOL.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada. Bom, a gente vai terminando aqui os últimos dispositivos que a gente tem de obstrução dessa matéria, mas, infelizmente, vocês acabaram de ouvir que o presidente já chamou para amanhã mais uma sessão, para tentar votar e aprovar esse projeto na tarde de amanhã.

A gente vai voltar para cá, vai tentar obstruir, mas é importante que todos e todas... É importante mobilizar, importante que todos e todas estejam mobilizados. É importante também que a imprensa entenda o que está acontecendo. Às nove e 42 deve terminar o tempo desta sessão. Nove e quarenta, perdão, porque começou às sete e dez.

Esta sessão deve terminar, o tempo desta sessão, e, infelizmente, já houve uma convocação para amanhã, para demonstrar que há pressa para passar isso aqui. O projeto chegou ontem, não regula muita coisa, e querem, porque querem, porque querem, atravessar e passar esse projeto a todo custo.

E a gente vai aqui segurando, e a gente vai aqui tentando fazer com que esse Estado tenha uma distribuição mais igualitária de comida, de acesso à terra, de recursos, inclusive governamentais.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Tenente Nascimento.

 

* * *

 

A gente sabe o mapa dos recursos, por exemplo, falando da região do Pontal do Paranapanema, Isa, o nosso mandato, analisando a situação do desenvolvimento de lá, e por ser uma terra em que tem muito assentamento, a gente mandou recursos para maquinário, para fazer a terra cumprir a sua função social e produzir comida. E é difícil para caramba implementar as nossas emendas. Não sei se é difícil para a senhora também.

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Muito. Coincidência.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - O recurso não chega, não sai, a gente quer distribuir, não vai, aí a gente briga. O recurso que eu destinei no primeiro ano não saiu até aqui, mas eu acho que não é para todo mundo que funciona assim, viu? Para a base do governo, o recurso vai que vai, chega, faz... As coisas não são bem distribuídas.

Por fim, como eu vou dividir o meu tempo com o Carlos Giannazi, que também quer dar uma palavrinha aqui sobre isso, eu só quero dizer que a gente passou por uma CPI das Fake News aqui na Assembleia Legislativa.

O deputado Paulo Fiorilo estava lá com a gente, inclusive foi muito atuante, foi presidida pelo deputado Caio França. A gente recebeu aqui as empresas - porque são empresas, né? - de redes sociais, muitas delas envolvendo políticas duras de combate a um verdadeiro mal no Brasil, que são as fake news.

A gente está sabendo que o YouTube derrubou o canal da TV Alesp, uma empresa privada, e aí a liberdade de a empresa privada transmitir dentro do seu conteúdo o que ela quiser e julgar, o YouTube tem políticas duras de combate à desinformação contra vacinação e outras tantas coisas.

E aí o que demonstra, eu acredito, é que está difícil distinguir o que é negacionismo, o que é discurso de ódio e o que é política e politicagem aqui nesta tribuna, que é uma coisa que a gente vem falando há três anos.

Está duro ouvir os discursos que acontecem nesta tribuna, está duro consumir o conteúdo produzido aqui nesta Assembleia Legislativa por alguns parlamentares. Nos últimos anos, todo mundo aqui tem sido vítima de discurso de ódio, de difamação, de desinformação, então eu acho que dá para entender a decisão do YouTube.

Infelizmente ela prejudica as pessoas que de mais longe não conseguem acompanhar. E deveria ser transparente esta Casa. Inclusive, outra coisa que eu gostaria de que fosse transmitida pelas redes sociais, pelo YouTube, pelos canais, é o Colégio de Líderes.

Acho que já passou da hora de o Colégio de Líderes ser transmitido ao vivo, porque é no Colégio de Líderes que os líderes partidários vão lá e dizem se concordam ou não concordam com a matéria que vai ser pautada, se vai fazer obstrução fake ou se vai fazer obstrução real, se vai dar quórum, mas vai votar “não” no final, quais são os limites da negociação dos seus interesses em cada projeto.

Ouras casas legislativas, como a Câmara Municipal, já transmitem ao vivo o Colégio de Líderes, aqui é uma reunião fechada e eu acho que se tem alguma coisa, quando o Youtube nos permitir voltar para lá, que deveria ser transmitida, com certeza...

 

A SRA. ISA PENNA - PCdoB - Pela ordem, para pedir verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - TENENTE NASCIMENTO - REPUBLICANOS - É regimental. Quero convocar aqui a deputada Carla Morando, juntamente com o deputado Itamar Borges, para que possamos fazer a verificação.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlão Pignatari.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Havendo quórum regimental, devolvo a palavra, para encaminhamento, à deputada Monica Seixas, pelo tempo remanescente de cinco minutos e oito segundos. (Fala fora do microfone.) O tempo da deputada Monica. Solta o tempo da deputada Monica. Até as nove e quarenta nós temos sessão.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Então, nesses últimos dois minutos de sessão e meus últimos cinco minutos, eu passo para o deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR -Obrigado, deputada Monica Seixas, nossa líder do PSOL.

Olha, é inacreditável que a Assembleia Legislativa de São Paulo esteja neste momento votando um projeto de lei que faz reforma agrária para os ricos. É um projeto de lei que legaliza a grilagem no estado de São Paulo. Um absurdo total. É incompreensível isso.

Eu não sei quais são os interesses que estão por trás deste projeto. Não sei porque a pressa. Este projeto foi apresentado há alguns dias, praticamente. Passou rapidamente por um congresso de comissões e está sendo votado no dia de hoje, quando, na verdade, temos outras prioridades.

Vossa Excelência, deputado Carlão Pignatari, chamou a pauta e eu não vi o PDL 22. Esse sim é prioridade. Tem 50 deputados e deputadas de vários partidos que já assinaram o requerimento para que ele seja pautado e ele já está em regime de urgência, ele já foi aprovado em todas as comissões.

Aliás, foi aprovado duas vezes não só o PDL como também a própria emenda que foi apresentada pelo governo.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLÃO PIGNATARI - PSDB - Esgotado o tempo, está encerrada a presente sessão. Amanhã com o tempo remanescente de três minutos e 26 segundos o deputado Carlos Giannazi. Está convocada a próxima sessão. Lembrando às deputadas e deputados que tem congresso de comissões, que são projetos de deputados, às 11 horas da manhã, por favor.

 

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 21 horas e 40 minutos.

 

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- É inserida questão de ordem não lida em plenário.

 

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Questão de Ordem

Sr. Presidente Deputado Carlão Pignatari,

Venho nos termos do artigo 260 e seguintes do Regimento Interno, formular a presente questão de ordem ao senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Deputado Carlão Pignatari-PSDB.

Visando obter de Vossa Excelência esclarecimentos acerca da aplicação correta do disposto no artigo 153, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em virtude da impossibilidade de apresentação de nova propositura legislativa que anteriormente já fora apresentada, discutida e rejeitada na mesma sessão legislativa.

Da impossibilidade de Apresentar Matéria Rejeitada.

O Regimento Interno da Assembleia Legislativa de São Paulo, em seu artigo 153,na esteira do disposto no artigo 29 da Constituição do Estado de São Paulo, dispõe:

“Artigo 153 A matéria constante de projeto de lei rejeitado não poderá ser renovada na mesma sessão legislativa, a não ser mediante proposta da maioria absoluta dos membros da Assembleia.”

É sediço que sessão legislativa corresponde a cada ano que compõe a legislatura e é sinônimo de ano legislativo.

No curso deste exercício, ou seja, na mesma sessão legislativa a Assembleia Legislativa apreciou a presente matéria legislativa quando da recepção, debate e votação do Projeto de Lei 410/2021 de autoria do Governador do Estado, em especial através da Emenda do Parecer 736/2021 ofertada regimentalmente pelo Deputado Mauro Bragato ao PL 410 na condição de Relator Especial, em substituição à Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Emenda essa que contém o mesmo teor do contido no escopo do Projeto de Lei 277/2022, ora sob questionamento.

O Projeto de Lei 410/2021 e a Emenda a ele apresentada tiveram seu momento legislativo totalizado, não sendo admitida ao corpo do Projeto, então transformado na Lei 17.517/2022 pela Assembleia Legislativa na presente sessão legislativa.

Contudo, nesta mesma sessão legislativa, a mesma matéria volta a ser inconstitucionalmente submetida ao Poder Legislativo através do Projeto de Lei 277/2022, agora de autoria dos Deputados Vinicius Camarinha, Mauro Bragato, Itamar Borges e pela Deputada Carla Morando, sem que se tenha observado o disposto no artigo 67 da Constituição da República e o artigo 153 do Regimento Interno desta Casa de Leis.

Deve por certo prevalecer, com eficácia, os termos do artigo 153 da VIII Consolidação do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e artigo 29 da Constituição do Estado, que homenageiam a ressalva da iniciativa exclusiva em detrimento do placet por maioria dos integrantes do poder Legislativo estadual, para, na mesma Sessão Legislativa, dar-se trânsito a Projeto de Lei cuja matéria já fora tema de apreciação legislativa, frente ao disposto no artigo 67 da Constituição da República e diante dos reiterados pronunciamentos do Supremo Tribunal Federal, que tem enfatizado a tese segundo a qual os Estados Membros estão sujeitos à observância das linhas básicas do modelo federal do processo legislativo.

Significativo a respeito o Ven. Acórdão inserto na RTJ, vol. 146, p. 388, na ADINn.° 216 (Medida Liminar) de que foi relator o Eminente Min. Celso de Mello, cuja ementa guarda o seguinte teor:

Ação Direta de inconstitucionalidade n.216 PB é Medida Liminar) (Tribunal Pleno)

Relator pão Acórdão: O Sr. Min. Celso de Mello

Requerente: Governador do Estado da Paraíba

Requerida. Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba

Ação Direta de Inconstitucionalidade. Constituição Estadual.

Processo legislativo. A questão da observância compulsória, ou não, de seus princípios, pelos Estados-membros. Nova concepção de federalismo consagrada na Constituição de 1988. Perfil da Federação brasileira. Extensão do poder constituinte dos Estados-membros. Relevo Jurídico no tema. Suspensão liminar deferida.

O perfil da Federação brasileira, redefinido pela Constituição de 1988, embora aclamado por atribuir maior grau de autonomia aos Estados-membros, e visto com reserva por alguns doutrinadores, que consideram persistir no Brasil um federalismo ainda afetado por excessiva centralfz6lÇão espacial do Poder em torno da União Federal.

Se é certo que a nova Carta Política contempla um elenco menos abrangente de princípios constitucionais sensíveis, a denotar, com isso, a expansão de poderes jurídicos na esfera das coletividades autônomas locais, o mesmo não se pode afirmar quanto aos princípios federais extensíveis e aos princípios constitucionais estabelecidos, os quais, embora disseminados pelo texto constitucional, posto que não é tópica a sua localização, configuram acervo expressivo de limitações dessa autonomia local, cuja identificação - até mesmo pelos efeitos restrivos que deles decorrem - impõem-se realizar.

A questão da necessária observância, ou não, pelos Estados-membros, das normas e princípios inerentes ao processo legislativo, provoca a discussão sobre o alcance do poder jurídico da União Federal de impor, ou não, às demais pessoas estatais que integram a estrutura da Federação, o respeito incondicional a padrões heterônomos por ela própria instituídos como factores de compulsói ia aplicação.

Esse tema, que se revela essencial à organização político-administrativa do Estado brasileiro, ainda não foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal. Da resolução dessa questão central emergirá a definição do modelo de Federação aser efetivamente observado nas práticas institucionais.

Enquanto não sobrevier esse pronunciamento, impõe-se, como medida de cautela, a suspensão liminar de preceitos inscritos em Constituições Estaduais, que não haja observado os padrões jurídicos federais, de extração constitucional, concernentes ao processo legislativo.

Observe-se que, sem embargo de deixar para definição ulterior o deslínde do controle abstrato do preceptivo questionado ante a Constituição Federal, concedida foi a liminar, tendo a Suprema Corte, em decisão recente ADIn n.°- 1.434-0 (Rel. Ministro Celso de Mello), dada à tese contornos definitivos.

‘É preciso enfatizar que o modelo estruturador do processo legislativo, tal como delineado em Sciis aspectos fundamentais pela Carta da República, impõe-se, enquanto padrão normativo de compulsório atendimento, à observância incondicional dos Estados-membros. - (RTJ 146/388, Rel. p/ o acórdão Min. Celso de Mello)

Ocorre que em questão de ordem verbal apresentei ao Deputado Carlão Pignatari, que preside por ora a Assembleia Legislativa, questionamento referente ao fato de o Projeto de Lei 277/2022 tratar da mesma matéria contida no escopo do debate do Projeto 410/2021, que se transformou na Lei 17.517/2022 pela Assembleia Legislativa.

Agredindo frontalmente a regra que prevista no artigo 153 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Isto posto, através desta questão de ordem regimental, requeremos a manifestação de Vossa Excelência no sentido de posicionar-se pela legalidade ou ilegalidade do ato praticado de colocar em discussão e votação Projeto de Lei que contenha matéria já discutida e rejeitada pela ALESP, hoje imposta pelo Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo que ora a preside, e como tal, deveria ser o mais dedicado guardião das normas contidas no Regimento Interno do Parlamento paulista.

São Paulo, 28 de junho de 2022.

Professora Bebel - PT

 

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- É inserida questão de ordem não lida em plenário.

 

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Questão de Ordem

Senhor Presidente, formulo a presente questão de ordem, com a finalidade de obter de Vossa Excelência esclarecimentos acerca da aplicação do disposto no artigo 135 incisos I  do Regimento Interno em relação à admissibilidade do Projeto de Lei 277 de 12 de maio de 2022, apresentado pelos deputados Carla Morando (PSDB) e Vinícius Camarinha (PSDB), que versa sobre a autorização à Fazenda do Estado de São Paulo a transigir e a celebrar acordos, judicialmente ou administrativamente, para fins de alienação de terras públicas do Estado.

Cumpre ressaltar, de plano, que o dispositivo atacado possui vício instransponível que o macula de inconstitucionalidade formal.

Como se sabe, a competência dos Estados, em se tratando de matéria fundiária, é ampla e advém de permissivo constitucional que lhes assegura a autonomia para legislar sobre assuntos de interesse local, para promover adequado ordenamento territorial, e, ainda, para executar a política de desenvolvimento urbano e rural, de acordo com as diretrizes fixadas pela União, no exercício de suplementar a legislação federal e a estadual, consoante o disposto nos artigos 30, incisos I, II e VIII, e 182, ambos da Constituição Federal.

Embora o Estado seja dotado de autonomia política e administrativa, dentro do sistema federativo, esta autonomia não tem caráter absoluto. Limita-se ao âmbito pré-fixado pelo ente estrutural e hierarquicamente superior, isto é, a Constituição Federal.

O dispositivo em exame, PL 277/2022, ofende a separação do exercício das funções estatais, desta forma, os membros do Poder Legislativo ingressaram na esfera de competência do Poder Executivo. Isso porque, não pode o Poder Legislativo estadual determinar os meios e as formas que o Poder Executivo deve implementar sobre os procedimentos de regularização fundiária.

Pela natureza e pelos requisitos que o sistema constitucional estabelece para a elaboração da legislação fundiária, é lícito afirmar que ela demanda planejamento administrativo. E o planejamento na ocupação e uso do solo urbano e rural é algo que só o Poder Executivo é habilitado, estrutural e tecnicamente, a fazer.

Considerando que, em regra geral, ao Poder Legislativo cabe legislar, e ao Poder Executivo cabe administrar, é lícito concluir que o ato legislativo que invade a esfera da gestão administrativa - que envolve atos de planejamento, estabelecimento de diretrizes e a realização propriamente dita do que foi estabelecido na fase do planejamento (realização de atos administrativos concretos) – é inconstitucional, por violar a regra da separação de poderes.

No caso, tendo em vista que a iniciativa legislativa partiu de deputados estaduais, chega-se à conclusão de que o Poder Legislativo estadual violou a regra que exige independência e harmonia entre os poderes, invadindo a esfera das atribuições do Poder Executivo estadual.

Em face de tais circunstâncias, considerando que o Projeto de Lei n.° 277 de 2022, não atende aos pressupostos de admissibilidade estabelecidos pelo artigo 135, incisos I do Regimento Interno e com base nos artigos 260 e seguintes do mesmo diploma legal, suscitamos a presente Questão de Ordem, indagando a Vossa Excelência sobre a necessidade da aplicação do dispositivo regimental, que não admite a tramitação manifestamente inconstitucional e das proposições contrárias às suas disposições, ou ainda a adoção das medidas necessárias ao exato cumprimento do Regimento Interno desta Casa.

São Paulo, 28 de junho de 2022

Deputada Márcia Lia

 

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