24 DE JUNHO DE 2022

63ª SESSÃO ORDINÁRIA

 

Presidência: JANAINA PASCHOAL e FREDERICO D'AVILA

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - JANAINA PASCHOAL

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

3 - FREDERICO D'AVILA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

4 - GIL DINIZ

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

5 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

6 - FREDERICO D'AVILA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

7 - FREDERICO D'AVILA

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

8 - GIL DINIZ

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

9 - PRESIDENTE JANAINA PASCHOAL

Endossa o pronunciamento do deputado Gil Diniz. Manifesta solidariedade ao parlamentar. Discorre sobre a legislação a respeito do aborto, no Brasil.

 

10 - FREDERICO D'AVILA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

11 - GIL DINIZ

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

12 - FREDERICO D'AVILA

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

13 - GIL DINIZ

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

14 - FREDERICO D'AVILA

Assume a Presidência.

 

GRANDE EXPEDIENTE

15 - JANAINA PASCHOAL

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

16 - GIL DINIZ

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

17 - PRESIDENTE FREDERICO D'AVILA

Anota o pedido. Endossa o discurso da deputada Janaina Paschoal.

 

18 - GIL DINIZ

Para comunicação, faz pronunciamento.

 

19 - PRESIDENTE FREDERICO D'AVILA

Defere o pedido do deputado Gil Diniz. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 27/06, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Janaina Paschoal.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o Expediente.

Imediatamente, dou por aberto o Pequeno Expediente, chamando a lista dos oradores inscritos. Chamo à tribuna o nobre deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Castello Branco. (Pausa.) Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, eu quero, primeiramente, manifestar a minha crítica e a minha contrariedade ao editorial publicado hoje pela “Folha de S. Paulo”, apoiando o editorial, se posicionando a favor de um projeto de lei que está tramitando na Câmara Municipal de São Paulo, PL 573, de 2021.

É de uma vereadora do Partido Novo, que privatiza, terceiriza a gestão escolar, abrindo espaço, inclusive, para a contratação de professores sem concurso público, ou seja, fora da rede pública de ensino.

Essa gestão, que será feita por uma organização social de caráter privado, vai receber recursos públicos da Educação, do maior orçamento da Prefeitura de São Paulo, comprometendo inclusive...

Já há denúncias e há o debate em torno do comprometimento do recebimento das verbas do Fundeb, porque o Fundeb não pode financiar nenhum tipo de instituição privada.

A partir do momento que o dinheiro é transferido para uma organização social de caráter privado, para o terceiro setor, então nós temos aí parece que um sério risco de comprometer o recebimento das verbas do Fundeb, tão importante para o financiamento da educação básica no Brasil. Olha só a gravidade da situação.

Mas não é só isso. Esse projeto de lei também autoriza, por exemplo, que essa gestão privada dessa organização elabore o currículo e o projeto pedagógico da escola. Ou seja, atropelando, desrespeitando a gestão democrática da escola pública, que é um princípio consagrado na Constituição Federal, na LDB, na Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional.

Então, quero discordar veementemente desse editorial da “Folha de S. Paulo”, que dá apoio a esse tipo de projeto privatizante que terceiriza a educação e caminha na mesma direção...

Esse projeto fortalece ainda mais, sobretudo o que nós já conhecemos na cidade de São Paulo e em várias outras regiões do Estado e de todo o Brasil, as famosas máfias das creches.

Aqui em São Paulo, há uma investigação da Polícia Civil, do Ministério Público e até mesmo a Polícia Federal investiga a máfia das creches em São Paulo, porque são mais de duas mil creches conveniadas recebendo quase quatro bilhões de reais. Tem um interesse econômico pesado.

Quatro bilhões de reais é um orçamento significativo que é canalizado, que é entregue para esses convênios, para essas organizações, sendo que a rede direta tem apenas 300 creches.

O que deveria ser uma exceção, que é o convênio, virou regra geral. Duas mil escolas conveniadas, quatro bilhões de reais, e do outro lado apenas 300 creches da rede direta, olha só.

Agora, que isso é já grave, que isso favorece, tem favorecido na cidade de São Paulo a máfia das creches, que todo mundo acompanhou pela grande imprensa essas denúncias, que apareceram com muita força sobretudo na última eleição municipal. Enfim. E querem agora transferir esse tipo de problema para o ensino fundamental e médio para a cidade de São Paulo.

Então quero aqui discordar do editorial, criticar veementemente, como já fiz aqui na tribuna, o Projeto de lei nº 573, que acho que é da vereadora do Partido Novo, Cris Monteiro, e nós estamos em luta. Já foi apresentado um parecer contrário na Comissão de Educação. O parecer contrário é do vereador Celso Giannazi - inclusive o meu irmão -, que apresentou o parecer contrário na Comissão de Educação.

E nós estamos lá com a nossa bancada de oposição fazendo a obstrução para que esse projeto não seja votado, porque, na nossa visão, ele é inconstitucional, ele afronta o direito à educação, afronta sobretudo o princípio constitucional da gestão democrática da escola pública.

É um projeto que representa uma excrecência do ponto de vista da educação pública. Ele vai na contramão do que nós defendemos, do que defende o Plano Nacional de Educação.

Era isso.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Nós agradecemos, Sr. Deputado. E sigo aqui com a lista dos oradores inscritos no Pequeno Expediente chamando à tribuna o nobre deputado Coronel Nishikawa. (Pausa.) Deputado Tenente Nascimento. (Pausa.) Janaina Paschoal na Presidência, não farei uso da palavra. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.)

Deputado Coronel Telhada. (Pausa.) Deputada Adriana Borgo. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Adalberto Freitas. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Sargento Neri. (Pausa.)

Termino a lista principal dos oradores inscritos no Pequeno Expediente e abro a lista suplementar, chamando à tribuna o deputado Coronel Telhada. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Frederico d’Avila. Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PL - Sra. Presidente deputada Janaina Paschoal, prezados colegas.

Venho hoje, nesta tribuna, dizer que, no dia de ontem, estivemos na cidade de Capivari, com o pré-candidato, Tarcísio Gomes de Freitas, deputado Mecca, e deputada Valeria Bolsonaro, que foi nossa anfitriã na região. E, não diferente dos outros eventos, foi um verdadeiro sucesso, muita gente.

Começamos a agenda na parte da manhã. Depois visitamos indústrias, empresários. Estivemos também na Guarda Municipal de Capivari, que tem um projeto de combate às drogas nas escolas, muito interessante. Inclusive, com o uso de cães. E terminamos a agenda numa grande reunião na cidade de Capivari, ontem.

Então a nossa pré-campanha, com o ministro Tarcísio, está indo de vento em popa. Já apontou em segundo lugar nas pesquisas. Se Deus quiser, ao que tudo indica, teremos uma vitória alvissareira no primeiro turno das eleições, se Deus quiser.

Mas, o que eu venho hoje dizer, diz respeito ao meu setor. Nesta semana, nós tivemos a notícia de que a presidente da Sociedade Rural Brasileira, entidade à qual pertenci por mais de 20 anos, e da qual me desfilei no ano de 2020, a presidente participou de um jantar - pasmem! - de poucas pessoas e muitos banqueiros. Porque banqueiro gosta muito de juro alto e câmbio apreciado, como era na época do presidente Lula e da presidente Dilma.

Mas aí, a presidente da Sociedade Rural Brasileira foi, sem consultar o Conselho daquela entidade. Foi um verdadeiro massacre nas redes sociais, grupos ligados ao setor produtivo, ao agro, ter uma pessoa representando uma entidade centenária como a Sociedade Rural Brasileira, participar de um convescote, de um rega-bofe, junto de um candidato que tem o apoio do MST, do Guilherme Boulos, do MTST! Aí foi um verdadeiro escarcéu. Aí soltaram uma nota.

“A Sociedade Rural Brasileira vem a público declarar que esta instituição não apoia nenhum candidato ou partido político. Portanto, é uma inverdade a notícia publicada nesta quinta-feira, dia 23 de junho, de que a entidade apoia o candidato de oposição.”

A senhora, que é uma jurista, e a interpretação de texto é uma matéria muito importante na leitura de todo conteúdo jurídico. Olha só o paradoxo.

“A Sociedade Rural Brasileira vem a público declarar que esta instituição não apoia nenhum candidato ou partido político. Portanto, é uma inverdade a notícia publicada nesta quinta-feira, dia 23 de junho, de que a entidade apoia o candidato de oposição.”

Se ela está dizendo que tem um candidato de oposição, tem outro. Agora, quem é o de oposição? Eu não sei. Pelo jeito, é o presidente Jair Bolsonaro. Porque, se ela está dizendo que foi jantar com o Lula, e aí diz que o candidato é de oposição, e diz que a entidade não é política, e diz que tem um candidato de oposição! Aí continua.

“Há 103 anos, a Sociedade Rural Brasileira vem liderando importantes pautas, influenciando decisões em diferentes autarquias públicas, por meio de diálogo, mesmo com interlocutores contrários à nossa bandeira.”

É inacreditável que alguém homologou esse tipo de texto. Deve ter sido feito por algum estagiário. Não tem a menor concatenação de ideias lógicas nesse texto aqui. A versão da notícia é diferente dos fatos.

“Neste encontro, defendemos o nosso Código Florestal, o marco temporal das terras indígenas, o direito de propriedade e o livre comércio.”

Bom, era só o que faltava - defender algo diferente disso, né. Reivindicações que estão em documento que está sendo entregue pela Sociedade Rural Brasileira a todos os candidatos. Ótimo.

Pelo menos é isso que nós esperávamos, né. É que nem se nós por acaso víssemos o professor Giannazi fazer um documento contra os professores. Então, a gente não esperava nada diferente disso.

“Reforçamos, ainda, que esta gestão apoia as decisões do governo federal em relação a pautas do agronegócio, como o Código Florestal, implantação do CAR e regularização fundiária.

A presidente da Sociedade Rural Brasileira esteve, inclusive, junto ao presidente da República na entrega de títulos em Marabá”. Bom, até aí, estar junto do presidente na entrega de títulos... O que tem a ver? A gente espera que esteja mesmo; a gente espera que uma entidade ligada ao setor produtivo esteja mesmo numa entrega de títulos.

“E a missão comercial da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.” Ok. “O governo do presidente Jair Bolsonaro deu segurança jurídica aos produtores rurais, e reconhecemos a sua contribuição para o agronegócio.” Bom, não tenho dúvida.

Eu não conheço, deputado Gil Diniz, nenhum produtor rural - eu quero que se apresente - que não vota no presidente Bolsonaro. A não ser aqueles que não são produtores rurais, aqueles que são produtores rurais de fantasia. Ou aqueles outros, que nós sabemos, de outros estados aí, que ganharam muito dinheiro na época do PT, não por serem produtores rurais, mas por outros motivos.

Por fim, “a Sociedade Rural Brasileira, uma entidade de política institucional...”. No começo, ela disse que não apoia partido político nem um candidato. Aí no último parágrafo ela diz que é uma entidade política institucional, “que tem escrito a história do agronegócio. Nosso partido é o agro, e vamos continuar exercendo esse diálogo em defesa do produtor rural.”

Bom, é totalmente antagônico, não dá para entender o que quiseram dizer com isso aqui. Foi uma vergonha a presidente da Sociedade Rural Brasileira participar de um convescote, de um rega-bofe, de um jantar com o ex-presidente Lula, que defende o MST, tem o apoio do MST, do MTST e de todos aqueles que praticam o esbulho possessório, invasão de terras e depredação.

Portanto, Sra. Presidente, eu mais uma vez reitero aqui que está ficando pior: uma entidade como a SRB, que teve Flávio Telles de Menezes como presidente... Aqui quero já cumprimentar e dizer que o tenho em alta conta.

E tantos outros grandes nomes, como o falecido Luiz Hafers, João Sampaio, Cesário Ramalho. Ter, agora, que emitir uma nota que piorou ainda mais a situação, que já era horrível. Então, fica aqui o meu repúdio total a sentar à mesa com qualquer tipo de entidade ou movimento terrorista.

Obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Nós agradecemos, Sr. Deputado. Seguindo aqui com a lista dos oradores inscritos de forma suplementar, chamo à tribuna o nobre deputado Gil Diniz, que terá o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente, deputada Janaina Paschoal, que preside os nossos trabalhos no Pequeno Expediente. Boa tarde aos deputados presentes aqui, deputado Carlos Giannazi, deputado Frederico d'Avila. Boa tarde a todos os assessores, a nossos policiais militares e civis, ao público aqui na galeria e a quem nos assiste pela Rede Alesp.

Presidente, hoje confesso uma certa dificuldade de subir aqui à tribuna para tratar desse assunto, assunto que está repercutindo nacionalmente: a questão do aborto, principalmente esse último caso, deputado Frederico d'Avila, de repercussão nacional e internacional, em Santa Catarina. Nos venderam, deputada Janaina Paschoal, um crime de estupro de uma criança e tudo mais.

E acharam absurdas as posições da magistrada, que fazia algumas questões, deputado Frederico d'Avila, àquela criança de 11 anos que estava gestante. E em nenhum momento a reportagem do “Intercept”, deputada Janaina Paschoal, falava quem era o algoz, quem era o criminoso que tinha violentado aquela criança, principalmente porque esse caso estava em segredo de Justiça.

E foram vazadas partes desse processo, a meu entender, no entender de muitos, propositadamente, para causar uma comoção pública, para que o desfecho desse caso fosse o assassinato brutal e cruel do algoz? Não. Do estuprador, do abusador, como eles venderam? Não, mas daquela vida em formação, que já tinha cerca de sete meses, deputada Janaina Paschoal.

E agora chegam algumas informações de que, na verdade, não se tratou de violência sexual, um estupro em si. Vários contatos lá em Santa Catarina estão me reportando, deputado Frederico d'Avila, que se tratava de um menino de 13 anos, na época com 12, que é filho do padrasto da menina. Viviam sob o mesmo teto. Não foi um estupro, por mais que a nossa legislação fale, verse sobre isso.

E a minha indignação é justamente porque todos ali são vítimas, deputada Janaina Paschoal. Essa criança de 13 anos, esse menino; essa menina, coitada, olha a vida dela, devastada, deputado Carlos Giannazi, com esse processo.

E a única solução que encontraram neste momento de comoção, mas sobretudo de dor e sofrimento para essa criança, foi o assassinato cruel e brutal, repito, do nascituro, desse ser humano em formação ali no ventre dessa pobre menina, dessa pequena menina, que disse, deputada Janaina, à juíza, que já sentia o feto chutar, que conseguiria permanecer ali com aquela gestação por mais uma, duas, três semanas que fossem.

E a minha dor aqui é porque ontem assassinaram esse nascituro, assassinaram essa vida, deputado Frederico d'Avila, sem remorso nenhum por parte dessas pessoas. Tem uma nota do MPF, tem grupos abortistas demoníacos.

As posições, deputada Janaina Paschoal, a maneira que abordam uma situação como essa. Repito aqui: todos ali, todas essas crianças ali, são vítimas, mas uma dessas vidas foi ceifada ontem.

Queria me estender aqui no tempo um pouco mais, deputada Janaina Paschoal, para passar um vídeo aqui para mostrar - é chocante o vídeo - para você, que nos acompanha de casa, como que funciona um aborto nesse caso, nessa questão. Lembrando: um aborto em uma criança de 11 anos, que poderia ali, de alguma maneira - a medicina está avançadíssima - ter tido essa outra vida.

Eu gostaria de que colocassem aqui esse vídeo, por gentileza, só para demonstrar como que foi feito o procedimento do aborto. 

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

É de uma violência tremenda contra essa menina, contra esse ser humano em formação ali, agora assassinado.

Então, o meu repudio aqui a esses que defendem e promovem essa cultura de morte. Esse sim é um genocídio silencioso que está acontecendo neste momento no nosso País. Mas eu retorno, respeitando aqui os próximos oradores, eu retorno aqui à tribuna para continuar tratando sobre esse tema tão delicado aqui para São Paulo e para todo o Brasil.

Muito obrigado, Sra. Presidente, pela tolerância.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Nós agradecemos, Sr. Deputado. Eu sigo aqui com a lista dos oradores inscritos chamando à tribuna o Sr. Deputado Carlos Giannazi, que terá o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, deputada Janaina Paschoal, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, ontem nós aprovamos uma PEC importante, fruto de uma ampla mobilização dos servidores do sistema prisional, a PEC 2, que instituiu, que legalizou, na verdade, a Polícia Penal no estado de São Paulo.

Nós estamos já nos aproximando praticamente do final do semestre e acho que talvez na semana que vem nós possamos votar a LDO e, enfim, a Alesp entra em recesso.

E eu fiquei surpreso com a pressa que o governo está tendo, a base do governo, a movimentação na Casa para votar dois projetos estranhos, para não dizer outra coisa. Um da privataria tucana, o projeto que privatiza as ferrovias, o sistema ferroviário do estado de São Paulo, e o outro que contempla a grilagem de terras no nosso estado, beneficiando os grandes latifundiários, os grandes proprietários.

Então, uma movimentação aqui na Assembleia Legislativa, quando, na verdade, nós temos outros projetos prioritários parados, e importantes, para serem votados, principalmente projetos de deputadas e deputados.

Eu quero me referir a um deles, que para nós é uma grande prioridade, que é o PDL 22, que acaba com o confisco das aposentadorias e pensões. É um projeto que tem um grande consenso aqui já na Assembleia Legislativa.

Não é o projeto em si, mas é a causa, pela derrubada do confisco, do roubo, do assalto que está sendo praticado pelo governo estadual, através do Decreto nº 65.021 que foi editado pelo Doria em meados de 2020, no auge da pandemia.

Esse decreto tem praticamente destruído a vida de milhares de pessoas no nosso estado, que estão tendo as suas aposentadorias e pensões confiscadas. Pessoas com dificuldade de sobrevivência, ainda mais nessa crise econômica, com desemprego em massa, com inflação, o preço da gasolina, a alimentação.

Enfim, as pessoas não conseguem mais fazer um tratamento médico, comprar os remédios, comprar o alimento, sustentar as suas famílias, porque esse confisco faz uma diferença enorme.

Então, essa é uma prioridade para nós aqui na Assembleia Legislativa. A Assembleia Legislativa não pode fechar as suas portas sem votar o PDL 22, que já tem parecer favorável, já passou por todas as comissões duas vezes.

Ele passou pelas comissões e já está pronto para ser votado, em regime de urgência, inclusive. As condições objetivas, do ponto de vista legislativo, já estão todas dadas, basta o presidente da Casa pautá-lo. Só falta isso.

Então, não há mais nenhum empecilho legal, legislativo, e nem econômico, porque nós estamos analisando o impacto econômico, e eu queria rapidamente mostrar que não há impacto econômico nenhum, na verdade. Até porque essa contribuição não existia até 2020.

Esse aporte que entrou a mais com o confisco, ele não existia até a publicação do decreto. Isso significa aproximadamente, no máximo, dois bilhões de reais, mas o Orçamento do estado de São Paulo previsto para 2023 já vai superar os 300 bilhões de reais, sendo que o governo também prevê uma desoneração fiscal para os grandes grupos econômicos de quase 60 bilhões de reais. É o que está na LDO de 2023: 60 bilhões, não milhões, bilhões de reais.

Então, olha só, para os aposentados nada, para os aposentados confisco, roubo, assalto nas aposentadorias e pensões, e para o setor privado, os grandes grupos econômicos, tudo, 60 bilhões. Então 2 bilhões de confisco e 60 bilhões de graça para os grandes grupos econômicos. E muitos deles têm isenções fiscais.

Tem ainda uma outra questão que nós debatemos exaustivamente, que é a questão da dívida ativa do estado de São Paulo. Eu peguei aqui a dívida atualizada na PGE e estou chocado. Tem aqui as grandes empresas, peguei as dez maiores devedoras da dívida pública ativa do estado de São Paulo e são 26 bilhões de reais que elas devem.

Por exemplo - só para concluir, Sra. Presidente - a TIM, por exemplo, deve 2 bilhões e 600 milhões de reais para os cofres públicos. Ela deu calote no estado de São Paulo. Está lá na dívida ativa do estado de São Paulo. Essa outra empresa, Refinaria de Petróleos Manguinhos deve 4 bilhões e 800 milhões de reais. Olha só.

E assim vai, essa indústria farmacêutica “Drogão Super” deve 3 bilhões e 600 milhões de reais. Não dá, é uma covardia sem precedentes o que o governo Rodrigo/Doria está fazendo com nossos aposentados e pensionistas, confiscando aposentadorias e pensões de um lado e beneficiando grandes grupos econômicos do outro.

Então faço, para concluir, primeiro um agradecimento a todos os deputados e deputadas que estão assinando o nosso requerimento para pautar o projeto, que já está pronto para ser votado.

A deputada Janaina assinou, tem apoiado, o deputado Frederico d’Avila, o deputado Gil Diniz. Enfim, são vários, já tem 50 deputados que assinam o nosso requerimento para que o projeto venha ao plenário.

E muitos outros da base governista também gostariam de assinar, falam “Giannazi, eu gostaria de assinar, porém não posso, porque sou da base do governo, mas se entrar em votação eu voto a favor”.

Enfim, é isso. Temos que acabar com esse confisco criminoso das aposentadorias e pensões do estado de São Paulo e o instrumento está dado aqui, a Assembleia Legislativa pode corrigir essa grande injustiça votando, na semana que vem, o nosso PDL 22.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Nós agradecemos, Sr. Deputado. Seguindo com a lista dos oradores inscritos, chamo à tribuna o nobre deputado Frederico d’Avila, que terá o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PL - Sra. Presidente, prezados colegas, volto a esta tribuna para denunciar, mais uma vez, o descaso do governo do estado para com a região sudoeste do estado de São Paulo, a região de Itapeva.

É impressionante o descaso que o governo do estado tem para com essa região que foi uma das que, na campanha do, graças a Deus, ex-governador, não vou nem citar o nome, onde ele mais fez promessas significativas de obras que ali nunca aconteceram.

No último dia 21, terça-feira, um gravíssimo acidente, mais um gravíssimo acidente na SP 258, a Rodovia Francisco Alves Negrão, que ficou interditada. Interditada, deputado Gil Diniz.

É a única via principal entre Capão Bonito e Itararé e vai para o estado do Paraná, entrando ali pela região dos Campos Gerais, indo para Ponta Grossa. Ou seja, é a única alternativa à BR 116.

E, para quem não sabe, para quem não conhece a região, a pista é extremamente movimentada, a SP 258, principalmente nesse trecho que estou falando. E todos os trevos, professora Janaina, todos os trevos, inclusive o de Itapeva, que é uma cidade de 100 mil habitantes, são em nível. Em nível. Então, a senhora imagine só um trevo em nível no trecho urbano no distrito industrial de Itapeva...

Inclusive, é um trevo muito mal feito, porque a curva é muito fechada ali em cima. Um trevo em nível, fora os outros trevos, principalmente o que entra para Bom Sucesso, Itararé, o da Areia Branca, o da Capal, ali em Buri, trevos em nível, onde atravessam carretas de sete eixos, nove eixos.

Na hora do rush da tarde, entre cinco e meia e sete horas da noite, quando muitas pessoas trafegam por ali, que trabalham em outras cidades e se deslocam por ali, que estão voltando para suas casas, esses trevos ficam congestionados e, por vezes, a pessoa é obrigada a parar no acostamento para ter tempo de atravessar o trevo.

E mais um acidente de proporções gravíssimas, eu não tenho aqui quantas vítimas foram, mas, mais uma vez, leva a óbito pessoas da nossa região. Nossa região é tratada como de quinta classe.

Não é nem terceira classe, é quinta classe. Os paulistas de lá parecem menos paulistas. Os pagadores de impostos de lá parecem menos contribuintes. É o descaso do governo estadual para com a nossa região.

A SP-258 é uma promessa de campanha do ex-governador, que a gente sabe que tudo prometeu e nada fez, mas que está custando e já custou muitas vidas de pessoas que trafegaram por aquela estrada e ainda trafegam lá diuturnamente.

Um grande amigo meu tem uma filha que faz veterinária na cidade de Itapeva. Ele alugou um apartamento para ela lá, porque o receio dele é ela pegar a estrada diariamente. São praticamente 60 quilômetros entre Capão Bonito e Itapeva, para ela pegar duas vezes por dia, 60 para ir e 60 para voltar da faculdade naquela estrada perigosíssima.

E normalmente os acidentes acontecem com veículos de passeio colidindo com caminhões, carretas e, por vezes, até ônibus. Teve um caso - não nessa rodovia, mas na estrada de Itaberá - onde crianças vieram a falecer em um ônibus escolar há questão de um ano e meio.

Então, é inacreditável que fiquemos até hoje na promessa e essa estrada SP-258 e todas as suas ramificações estejam no estado em que se encontram. A conservação da 258, a bem da verdade, ela é boa, só que ela não comporta mais, com pista única, com mão única, o trânsito que ali existe.

Eu queria dizer que, se Deus quiser, deputado Gil Diniz e deputada Janaina, uma vez eleito, o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas, que é um homem da infraestrutura - e essa estrada já é concessionada -, nós vamos conquistar a tão sonhada duplicação, porque no estado do Paraná, onde a estrada de continuação é a PR-151, ela já vem sendo duplicada pelo governador Ratinho e, para a vergonha de São Paulo, vai chegar primeiro na divisa do estado de São Paulo do que o estado de São Paulo, que é o estado mais rico da Nação.

Obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Nós agradecemos, Sr. Deputado. Chamo novamente à tribuna o nobre deputado Gil Diniz, que terá o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PL - Sra. Presidente, uma comunicação, com anuência do orador?

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - É regimental.

 

O SR. FREDERICO D’AVILA - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Olha, em relação ao que disse o deputado Gil Diniz em sua fala anterior, eu queria aqui fazer uma citação de Chesterton, dizendo o seguinte, que “o demônio, quando se apresenta, não vem vestindo capa vermelha, chifres, tridente e olhos flamejantes. Ele vem defendendo o aborto”.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, deputado Frederico d’Avila, por essa citação do grande Chesterton. Obrigado, presidente, por me dar o tempo regimental para o uso da palavra. Presidente, retorno aqui a esta tribuna para continuar falando sobre esse caso que me abala muito. Eu tenho certeza que abala milhões de pessoas pelo País.

Queria contar uma história para vocês, relatar para vocês uma história de uma jovem pobre, que ali, em meados da década de 80, engravidou, deputada Janaina Paschoal, e teve um aborto espontâneo. Tinha ali seus 20, 21 anos. Depois ela engravidou novamente, deputado Frederico d'Avila, e essa gestação graças a Deus deu certo.

E a sua filhinha nasceu dia 17 de agosto de 1985. Por essas coisas da vida, no dia em que essa criancinha faria três meses de idade, deputada Janaina Paschoal, em 17 de novembro, esse neném começa a passar mal pela madrugada. Seus pais desesperados procuram um médico, não tem.

Conseguem chegar numa clínica pela manhã, mas, infelizmente aquela bebê morre nos braços da sua mãe no dia em que completaria três meses. E por essas coisas da vida, aquela mãe ficou sob julgamento. Muitos diziam que aquela criança não foi bem tratada e tudo mais, mas eu tenho certeza de que foi muito bem tratada dentro da possibilidade daquela mãe.

É engraçado que um ano depois, deputado Frederico, em agosto do outro ano, de 1986, no dia 29 de agosto de 1986, essa mãe teve um outro filho e é este aqui que vos fala, este aqui que está nesta tribuna. Mas quantos, deputado Frederico d'Avila, hoje não incentivariam a minha mãe a me abortar, deputada Janaina?

Quantos não falariam para ela: “Você é pobre, você já perdeu uma filha no sertão de Pernambuco, sem médico, sem possibilidades.”? Quantos não ofereceriam um remédio abortivo para ela assassinar a minha vida, deputado Frederico, hoje? Graças a Deus a dona Nena, mulher nordestina forte, junto com o meu pai, levou ali a gravidez e um ano depois eu nasci e estou aqui.

E eu falo isso por que, deputada Janaina Paschoal? Abri uma página aqui no Twitter, que tem várias como essa: Dra. Gabrielle Oliveira, telefone (12) 98232-7659, equipe da Dra. Lavínia Toledo. Olhe as últimas publicações dela aqui: “Aceitamos cartões”. Está vendendo Cytotec, está ensinando a abortar, aborto seguro, segundo ela. E ela fala aqui há dois dias atrás: “Eu ofereço um aborto seguro. Seja dona de você e tome suas decisões”.

E está aqui um bando de remédios para assassinar vidas humanas no útero materno. Pode ter certeza de que esses demônios que andam por aí, que usam esse caso que eu citei na minha última fala, querem chegar nesse ponto aqui de poder matar bebês de sete, oito, nove meses ainda no útero.

Há países, deputado Frederico d'Avila, que hoje já falam sobre aborto pós-parto. Quem tem o poder sobre a vida? Quem tem esse direito de decidir qual vida humana aqui neste plenário tem mais direito ou não? A vida da minha irmã não tinha mais dignidade do que a minha vida e vice-versa. A vida do meu filho Natan, de 13 anos, não tem mais dignidade do que a vida e vice-versa. A vida do meu filho Natan, de 13 anos, não tem mais dignidade do que a vida do meu filho Davi, de 11 anos, ou da vida que não chegou a vingar porque minha esposa perdeu por um aborto espontâneo.

Então, senhores, eu faço esse relato aqui hoje, estou neste Parlamento, tenho a honra de ser deputado estadual por São Paulo, que não é o estado em que eu nasci. Mas posso trabalhar na Frente Parlamentar em Defesa da Vida, deputada Janaina, em que V. Exa. esteve presente, faz parte, é membro, o deputado Frederico também, de defender a vida humana desde a sua concepção, trabalhar por isso.

Nós temos aqui na Assembleia várias ações para evitar o aborto, principalmente esse tipo aqui, que é mais do que criminoso, e é explícito.

As nossas autoridades precisam aqui se manifestar. Já denunciei uma, duas, três vezes, mas cada vez aparecem mais perfis como esses aqui que eu acabei de falar para vocês. Então Deus me deu a honra de estar aqui neste Parlamento neste dia repudiando esse crime brutal e cruel que é o assassinato de uma vida humana em formação, seja lá qual for essa vida.

Enquanto Deus me der força para estar aqui, aqui estaremos travando essa batalha, que é uma batalha, deputada Janaina Paschoal, pela vida, a vida humana, primeiro direito fundamental de qualquer ser humano aqui.

Só mudando rapidamente de assunto, hoje, salvo engano, é dia de São João. Com os meus amigos católicos celebramos na Igreja o Dia de São João Batista, Dia do Sagrado Coração de Jesus, também.

E a boa notícia que vem infelizmente não é do Brasil, é dos Estados Unidos. A suprema corte americana suspendeu uma decisão que vigorava aí por cerca de 49 anos, quase 50 anos, que permitia ali justamente essa chaga que é o aborto.

Então que nosso senhor Jesus Cristo, que a virgem Maria, mãe, possa nos dar forças, nos abençoar, para travar esse combate aqui contra essas forças do mal que querem a todo custo ceifar as nossas vidas.

Por enquanto são essas vidas de seres inocentes, que não têm como se proteger. Que nós consigamos protegê-las, porque todos aqueles, eu acho que o Reagan falava isso, Fred, todos aqueles que defendem o aborto tiveram a chance de nascer. Todos. É engraçado, então combatemos essa cultura de morte. Que sempre possamos escolher pelas duas vidas humanas.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Nós agradecemos, Sr. Deputado. Receba a minha solidariedade pelas perdas da sua irmãzinha, do seu irmão mais velho, também do bebê que o senhor aguardava com a sua esposa. Receba a minha solidariedade. Eu entendo que nós não podemos de maneira nenhuma banalizar o aborto, a interrupção da gravidez.

Nós temos uma legislação bastante ponderada. Entendo que manter essa legislação é o melhor caminho, nós contemplamos, vamos dizer assim, situações extremas, mas nós não permitimos a banalização, como alguns buscam.

Então receba a minha solidariedade. Entendo que a reversão do caso Roe versus Wade foi um avanço, sim. Foi um avanço. Tenho muita preocupação com algumas teorias que incrivelmente vêm do mundo desenvolvido, se é assim que se pode dizer, de contemplar o assim chamado aborto tardio, ou pós-nascimento.

Realmente, é uma situação que se equipara a um homicídio. É um homicídio, ainda que por omissão. Infelizmente, eu li muitos textos acadêmicos nesse sentido. Tive a oportunidade de, em um simpósio internacional, dizer que se essas práticas são pregadas no mundo desenvolvido, eu fico feliz de estar em um país, vamos dizer assim, sob essa perspectiva não desenvolvido, porque entendo que a vida deve ser preservada.

Até acho que a abordagem de V.Exa. para esse caso concreto, a respeito do qual eu tenho evitado me manifestar, uma abordagem humanista, porque temos três crianças envolvidas.

Também não quero que uma criança, um adolescente de 13 anos seja tratado como um estuprador. Independentemente das questões jurídicas envolvidas, o caso é complexo, mas temos que tomar cuidado para não criminalizar um adolescente de 13 anos, não neste contexto.

Então são três vítimas, na verdade. A abordagem de V.Exa. foi a adequada.

Indago se algum colega quer fazer... Ah, sim, perdão. Deputado Frederico d'Avila, nosso último inscrito.

Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - Sra. Presidente, volto aqui a esta tribuna mais uma vez, e dentro desse tema comentado pela senhora e pelo deputado Gil Diniz, é impressionante que esse pessoal que nós vemos aqui defendendo o aborto é o mesmo que defende quando algumas comunidades indígenas, que nós vemos lá, que a Dra. Damaris nos apresentou em várias ocasiões, que enterram os seus nascituros.

Não são nem nascituros, é o que o deputado Gil falou, eles fazem o aborto pós-parto. Então quando nascem gêmeos, quando nascem com algum tipo de deficiência física eles vão lá, enterram uma daquelas crianças recém-nascidas.

Então, por um lado, para uma determinada cultura aquilo é natural porque faz parte da cultura, e por outro lado é um escândalo verdadeiro, é um caso de saúde, e a imprensa, muito alinhada com aqueles que defendem essa pauta, inventou, como bem disse o deputado Gil Diniz, que a menina de 11 anos, é uma criança, foi estuprada, e na verdade não houve violência sexual nenhuma, pelo contrário.

Como bem disse o deputado Gil Diniz, eu não sabia, até ele colocar aqui, as duas crianças viviam sob o mesmo teto. Então, é impressionante. E essas pessoas que defendem esse tipo de pauta foram as mesmas, que durante essa semana, foram lá vilipendiar, depredar o Movimento às Bandeiras, aqui ao lado da Assembleia Legislativa.

Então levaram ditos indígenas, que eu não sei se eram indígenas de verdade ou se eram pessoas fantasiadas, como nós já cansamos de ver lá em Brasília, pessoas que se fantasiam do lado de fora com cocares, colares indígenas, penas, etc. para fazer pressão lá nas comissões da Câmara dos Deputados, nós tivemos aqui algumas pessoas que foram até ao movimento do empurra, mais conhecido como movimento do empurra, Monumento às Bandeiras, para fazer uma conclamação à Justiça pelos dois assassinados lá na Floresta Amazônica, no estado do Amazonas, e que nós temos aqui justamente a informação que chegou para todos nós, é que a morte de ambos foi mandada, comandada, encomendada pelo narcotráfico, que também esse mesmo pessoal que defende o narcotráfico, que defende a liberação das drogas, desculpe, é o que defende o aborto e é o que defende essas outras questões chamando esses assassinatos, esses abortos pós-parto, como disse o deputado Gil Diniz, que a Dra. Damaris, ministra Damares cansou de nos apresentar, aonde indígenas eram enterrados, crianças indígenas eram enterradas, são enterradas vivas em algumas aldeias lá do Mato Grosso, Pará e no norte do Brasil.

Então, esse pessoal vive de um eterno paradoxo, ou seja, não existe lógica no que eles defendem. Por um lado, eles defendem a descriminalização da droga, porque dizem que não é assim que se combate a criminalidade ao narcotráfico.

Por outro lado, dizem que “tem que usar máscara, porque se pegar o vírus vai morrer”. Do outro lado defendem o aborto, porque dizem que “meu corpo, minhas regras”. Por outro lado, aceitam que matem uma criança enterrada como algumas tribos indígenas.

Vem aqui depredar, destruir, vilipendiar um monumento histórico aos bandeirantes que construíram São Paulo. Queria aqui saudar a memória de todos os bandeirantes que construíram São Paulo: Borba Gato, Fernão Dias Paes Leme, Raposo Tavares, Domingos Jorge Velho.

Qual mais? Anhanguera. Enfim, todos os grandes bandeirantes que abriram o interior do estado de São Paulo e também Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. Nós devemos reverência aos bandeirantes.

Então, Sra. Presidente, fica aqui esse meu registro contra esse paradoxismo que existe na turma da esquerda que defende essas barbaridades. Para finalizar aqui, eu queria dizer que fiquei muito satisfeito ontem. Inclusive, encontrei a professora Janaina Paschoal lá no evento da revista “Oeste”, que inaugurou seu podcast no dia de ontem, com o Silvio Navarro, a Branca Nunes, Augusto Nunes.

Enfim, todo o time lá, o Jaime Leal, todos aqueles que fazem a revista “Oeste”, que levam a realidade como ela é, não a realidade daqueles que estão, na sua maioria, ocupando os postos do jornalismo brasileiro, que querem transmitir para a sociedade, como um todo, uma realidade que eles querem e não a realidade que a gente encontra nas ruas, haja vista a recepção que teve o presidente Jair Bolsonaro ontem, lá em Caruaru e também em Campina Grande, nas festas juninas tradicionais do nordeste.

Obrigado, Sra. Presidente.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Pois não.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Presidente, para uma breve comunicação.

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - É regimental.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, só reiterando a fala do deputado Frederico d’Avila, que lembrou da ministra Damares, relembrar aqui quando ela foi humilhada, Fred. Falava sobre... Humilhada pela esquerda, por esses grupos progressistas que, inclusive, defendem o aborto.

Ela falava sobre a sexualização precoce, que ela combatia a sexualização precoce. É o que nós combatemos também; faço coro à nossa ministra, sempre ministra, aqui também. Ela dizia sobre vídeos no TikTok e nas redes sociais, o acesso livre aí às redes sociais, e fizeram uma chacota com ela, deputada Janaina Paschoal, como se ela estivesse falando o maior absurdo.

Então, é justamente esse pessoal que primeiro sexualiza as nossas crianças, aflora aí essas questões, vão para a sala de aula pregar, justamente, isso. O funk está aí, letras que falam abertamente sobre sexo para a criança.

Quando alguns se colocam contra aqui, dizendo, justamente, onde isso vai dar, onde isso vai chegar - crimes como esse de que nós falamos aqui, de aborto - nós somos ridicularizados, tachados, nós somos colocados como se fôssemos radicais.

Se ser radical é defender a vida humana desde a sua concepção, se defender que crianças sejam crianças e vivam como crianças, e adolescentes como adolescentes, é ser radical, nós somos radicais, sim, porque não é justo, não é justo que estimulem a sexualidade precoce - como no caso dessas duas crianças aí, na época, uma de 12 e uma de 10, hoje com 13 e uma com 11 - e o final dessa história seja trágico, como esse que nós vimos na data de ontem.

 

O SR. FREDERICO D'AVILA - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Só pela ordem, Sra. Presidente, para convidar a senhora, o deputado Gil Diniz e todos aqueles que quiserem estar conosco: dia 14 de julho, estará aqui no Brasil a presidente da Hungria.

Lá, é um país parlamentarista, então, a chefe de estado, a presidente da Hungria, estará conosco. A cônsul, a Zsuzsanna László, estava ontem conosco, inclusive, lá na “Oeste”, também me ligou no final de semana para avisar.

Ela vai vir justamente, deputado Gil Diniz e deputada Janaina, falar aqui. O local ainda está para ser confirmado; uma palestra sobre políticas de família. Na Hungria, são um verdadeiro sucesso as políticas de família, porque traduzem aquilo que a sociedade deseja e não o que a mídia, a esquerda e certos grupos defendem, que são uma minoria.

Então, ela vai vir falar sobre as políticas de família e eu queria aqui render minhas homenagens à ministra da Justiça da Hungria, a Dra. Judit Varga, que é uma jovem, mais ou menos da minha idade - da nossa idade, não é, professora Janaina? E que implementou essas políticas de família, essas leis de família.

Inclusive dizem respeito a exatamente o que o deputado Gil Diniz falou agora, proíbem de forma bastante contundente qualquer tipo de doutrinação sexual entre zero e dezoito anos de idade em estabelecimentos de ensino e também em publicações, enfim, programas de televisão dirigidos a essa faixa etária, porque isso é uma coisa que não diz respeito ao estado ficar regrando, incentivando ou desincentivando determinado comportamento. Isso é uma coisa da família, de valores familiares, valores morais, religiosos, que cada um tem.

Então eu queria aqui render minha homenagem a Dra. Judit Varga, que é a ministra de Justiça, e ao primeiro-ministro Viktor Órban, que foi reeleito recentemente, pela quarta vez, fazendo exatamente o que ele se propôs a fazer desde a sua primeira eleição.

Obrigado, Sra. Presidente.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente. Minha última comunicação?

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Eu só pediria para o deputado Frederico d’Avila assumir a Presidência, porque eu gostaria de fazer uso da palavra.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Concede-me uma comunicação, presidente?

 

A SRA. PRESIDENTE - JANAINA PASCHOAL - PRTB - Pois não. Perdão.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, só para dar ciência à Assembleia Legislativa de São Paulo sobre a nota da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, assinada por dom Ricardo Hoepers, bispo do Rio Grande do Sul.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Frederico d’Avila.

 

* * *

 

A nota começa assim, seu título: “A favor da vida humana”. “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, através de sua Comissão Episcopal e Pastoral para a Vida e a Família, reitera a sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana desde a sua concepção até a morte natural.

Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam justificar e impor o aborto no Brasil. Mais uma vez, infelizmente, veio à tona outro caso dramático de uma criança que estava gestando um bebê com idade gestacional de 29 semanas.

Solidarizamo-nos com as famílias envolvidas com nossas preces e nosso respeito à dignidade da vida de todos os envolvidos, especialmente dessas crianças em questão. De maneira especial, toca-nos profundamente a situação dessa criança que, na sua mais tenra idade, passa por todos esses traumas e pressões, e todas as crianças que, por uma vida sexual precoce ou porque são violentadas, perdem a sua infância.

Como proteger essa criança e tantas outras que passam pela mesma situação? Neste caso, não bastam só palavras, mas uma tomada de consciência da responsabilidade de todos sobre a proteção e salvaguarda dos mais pequeninos.

Reafirmamos que o direito à vida é incondicional, deve ser respeitado e defendido em qualquer etapa ou condição em que se encontra a pessoa humana. O direito à vida permanece na sua totalidade para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e para aquela que ainda não nasceu.

Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas é de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir a ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início. Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso.

Lembramos com veemência que são imorais leis que imponham aos profissionais da Saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto. Cabe a todos nós recordar que há o preceito legal: a previsão contida no Art. 7º, da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), onde consta a obrigação de que toda e qualquer instituição tem o dever de efetivar políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso de nossas crianças.

Estas e outras normativas legais, tais como a Lei 12.842/2013, asseguram o livre exercício da medicina e garantem que o paciente receba a melhor atenção da parte daqueles que têm o dever de cuidar do direito à saúde e à vida. Entendemos que o Ministério da Saúde definiu uma resposta a esses casos na forma técnica: “Atenção técnica para a prevenção, avaliação e conduta nos casos de abortamento de 2022”. E essa, por sua vez, com seus protocolos, deveria ser seguida e respeitada.

Nessa semana em que acontece o 10º Encontro Mundial das Famílias com o tema “Amor Família: vocação e caminho de santidade”, queremos nos unir às famílias do mundo inteiro, mas especialmente às famílias que tiveram suas crianças afetadas pelo trauma da violência sexual e do abortamento, para que possam ser consoladas e fortalecidas na fé, acreditando na vida, cuidando e protegendo dos seus filhos, mas, de modo especial, os mais vulneráveis.

Confiamos à Maria, mãe de Jesus, todas as crianças pedindo a benção de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros”. Assina aqui a nota dom Ricardo. Meus parabéns a dom Ricardo, bispo do Rio Grande do Sul. Gostaria de que mandassem as notas taquigráficas deste pronunciamento para dom Ricardo e para a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família.

É desse tipo de bispo que nós precisamos na Igreja para defender a nossa fé, a nossa vida, a nossa Igreja, e principalmente os mais vulneráveis, principalmente aqueles que estão por nascer.

Muito obrigado, deputado Frederico d’Avila.

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D’AVILA - PL - Obrigado, deputado Gil Diniz. Solicito à Mesa que encaminhe as notas taquigráficas conforme solicitação do deputado. Dou agora por encerrado o Pequeno Expediente e abro o Grande Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D’AVILA - PL - Seguindo a lista de oradores inscritos, chamo agora o deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Deputado Sargento Neri. (Pausa.) Deputado Castello Branco. (Pausa.) Deputada Janaina Paschoal, a senhora tem dez minutos regimentais.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PRTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Cumprimento todas as pessoas que nos acompanham, V. Exa. Sr. Presidente, deputado Gil Diniz aqui presente, todos os funcionários da Casa.

Bem, quem observa a minha atuação - não como deputada, ao longo da vida -, vai perceber que eu tenho uma preocupação muito grande com a coerência nas minhas ações e decisões, e eu tenho uma preocupação muito grande, como profissional do direito, como professora de direito, com a preservação das instituições, da governabilidade, da paz social, e tenho como princípio de atuação a publicidade, o acesso à informação.

Quem for resgatar o meu trabalho durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma, a minha atuação diante da Lava-Jato... Não fui integrante da Lava-Jato, mas utilizei parte do material produzido da Lava-Jato. Li o trabalho da Lava-Jato praticamente inteiro, porque houve a preocupação dos integrantes da força-tarefa de dar publicidade à documentação.

Lembro bem, quando houve algumas delações premiadas, de ter solicitado, não só publicamente, em redes sociais, mas também por meio de petição, ao Supremo Tribunal Federal a divulgação da documentação, alguns documentos anexei ao processo de impeachment.

Então o que eu vou dizer aqui guarda coerência total com o que eu sempre defendi na minha vida como cidadã, como advogada, como professora de direito e agora como deputada estadual.

Eu estava ali presidindo a sessão, já iriamos até levantar a sessão, quando eu vi a seguinte informação... E eu quero deixar aqui muito claro que eu não estou fazendo nenhum juízo de valor com relação ao trabalho da Polícia Federal, nem do Ministério Público Federal e nem das autoridades judiciárias envolvidas.

Mas eu li a notícia de que o inquérito referente à apuração das supostas ações delituosas atribuídas ao ex-ministro da Educação, professor Milton Ribeiro, e os senhores que, de alguma maneira, também estão sofrendo acusações, os pastores que tinham algum grau de relacionamento com ele.

Esse inquérito acabou de ser remetido ao Supremo Tribunal Federal para apurar uma suposta atuação de uma autoridade com prerrogativa de foro, de uma autoridade com foro - como as pessoas costumam dizer - foro privilegiado. O correto é prerrogativa de foro.

As notícias não são - vamos dizer assim - a documentação, pelo que eu vi, eu estava presidindo a sessão e vendo as notícias, não são categóricas sobre qual seria a autoridade. Mas já vem sendo veiculado, em várias redes, que essa autoridade seria o presidente da República. As notícias dizem que, para preservar as identidades, o sigilo vai ser resguardado.

Por que essa notícia me preocupa? Por eu, eventualmente, não desejar que haja uma investigação, se há algo a ser investigado? Não. Mas por eu me preocupar com - vamos dizer assim - a serenidade, na nossa Nação, a serenidade institucional, num ano que é bastante delicado, por ser um ano eleitoral.

No Supremo Tribunal Federal, tramita o inquérito das fake news. É um inquérito que, até hoje, nós não sabemos exatamente quem são os investigados, quais são os fatos investigados. Tramita o inquérito dos assim chamados atos antidemocráticos. Nós não sabemos exatamente quem são as pessoas investigadas, quais são esses tais atos antidemocráticos investigados.

Essa situação, de um sigilo inexplicado, gera uma insegurança, em muitas pessoas na sociedade, sobre o que elas podem falar, o que elas não podem falar. Ontem, ou anteontem, agora estou um pouco em dúvida...

Anteontem veio à tona a notícia da prisão do ex-ministro, a notícia de um depósito na conta da esposa do ex-ministro, e a alegação de que seria a compra e venda de um veículo.

Eu coloquei nas minhas redes: precisamos saber se o veículo foi transferido. Nessa madrugada, eu li todas as notícias que saíram sobre esse caso. E houve, pelo menos, um veículo divulgou, que realmente essa compra e venda aconteceu, no mês de fevereiro deste ano.

O depósito do dinheiro aconteceu em fevereiro. E a transferência oficial do carro aconteceu em fevereiro. Então, a princípio, foi mesmo uma compra e venda de um carro. Por que estou frisando isso? Com isso, não estou dizendo que a apuração não tem que acontecer, que as pessoas não têm que ser ouvidas, e que a documentação fiscal e bancária - que eu vi que houve a quebra - não deva ser analisada detalhadamente.

Não é nada disso. Mas houve - vamos dizer assim - uma bomba. Dinheiro na conta do ex-ministro. E, a bem da verdade, foi uma operação normal, uma compra e venda de um veículo, que aconteceu no passado, e no passado o veículo foi transferido. Por que eu estou frisando a data? Para quem não é da área, talvez seja difícil entender. Mas, para quem é da área, entende bem.

Imagine que alguém tenha um depósito de 60 mil, uma autoridade tem um depósito de 60 mil. Aí alega que foi a venda de um veículo. Mas não teve transferência. Ou, senão, a transferência é feita às pressas, muito tempo depois, para justificar aquele depósito. Neste caso concreto, não foi o que aconteceu. A transferência do dinheiro e do veículo aconteceu no mesmo mês.

Então, o que a gente teve aqui? Um grande alarde, uma prisão de um ex-ministro, com outras pessoas, que não estou dizendo que não haja o que investigar. E se houver, quero que se puna severamente.

Então, não estou defendendo ninguém. Mas houve um grande alarde e depois a explicação. Agora novamente nós estamos tendo um grande alarde, porque não é qualquer coisa esse inquérito subir para apurar uma suposta interferência, um suposto crime por parte do presidente da República, num ano eleitoral. Num ano eleitoral, não é qualquer coisa.

Então, nós estamos tendo um grande alarde. E eu, como cidadã preocupada com a estabilidade, preocupada com a transparência, em todos os sentidos, venho aqui pedir que estas autoridades retirem o sigilo dessa tal documentação.

Porque nós temos direito de saber o que tem lá, seja para punir quem precisa ser punido, seja para que nós não permitamos criação de fantasmas onde não há. Porque agora as matérias começam: “porque o presidente, porque o inquérito subiu, porque o presidente está envolvido...”.

Está envolvido em quê? Nós queremos saber. Qual foi a interferência, qual foi o tal telefonema que, segundo está escrito nas notícias, foi interceptado? Qual foi o diálogo? Nós queremos saber; nós, população. Da mesma maneira como eu quis saber o que estava nas colaborações premiadas da Lava Jato.

O que não dá é para a população, num ano eleitoral tenso como este, ficar refém de narrativas. Eu, como advogada, profissional do direito, professora de direito, deputada, quero ler os documentos.

Quero poder subir aqui e explicar: olha, tem isso, isso e isso. Ou: não tem nada disso. Obviamente, com a possibilidade de outros colegas divergirem; colegas advogados, professores e deputados.

O que não dá é para gerar narrativas e fatos graves sem mostrar provas. Não importa quem eventualmente se envolva em ações ilícitas. Não importa se é o presidente da República, se o presidente da República é de esquerda ou de direita - eu quero que seja punido.

Mas eu não posso admitir construção de narrativa - num ano difícil como este, para todos nós - para gerar suspeita, gerar insegurança, gerar matéria. E quiçá gerar uma impugnação não explicada para a população. Eventuais impugnações fundamentadas devem ser respeitadas, mas criar contexto para impugnar uma candidatura, não. E aparentemente é disso que se trata.

Então, eu venho aqui pedir, como cidadã, e exigir, como deputada: tira o sigilo desse inquérito, nós queremos ver tudo o que tem lá. Porque o suspense que estão fazendo há anos com esse inquérito das fake news, com esse inquérito dos atos antidemocráticos, nós não podemos permitir que seja feito agora.

Nós queremos saber a verdade, nós queremos lidar com os fatos, com as provas, com os documentos. Queremos ouvir os áudios, se é que há. Agora, factoide para impugnar uma candidatura, não.

Independentemente de ser candidato de esquerda ou de direita: num ano eleitoral, a transparência tem que ser de 100 por cento. Eu defendo sempre a transparência, mas, num ano determinante como este, nós queremos ver os documentos.

É isso, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D'AVILA - PL - Obrigado, deputada Janaina Paschoal.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D'AVILA - PL - Pela ordem, deputado Gil Diniz.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Presidente, se não houver mais oradores e se houver acordo entre as lideranças, levantar a sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D'AVILA - PL - Pois não. Só comentar o que disse a deputada Janaina Paschoal. É impressionante como gostam dessa questão de narrativa, né? E hoje virou moda, ainda mais com a velocidade da informação que nós temos hoje em dia.

Vocês vejam o seguinte - o deputado Gil Diniz conhece tão bem quanto eu. O Supremo Tribunal Federal, àquela ocasião, confiscou as mensagens ou até o telefone do ajudante de ordens do presidente, o coronel Cid.

Ajudante de ordens, para quem não sabe, é o para-choque da autoridade maior. Então você vê que confiscaram o telefone ou as mensagens há quase um ano atrás, e até agora não acharam nada. Aquele escroque daquele deputado de Brasília, do Distrito Federal, denunciou aquela questão da Covaxin e até agora nada, né? Absolutamente nada.

Então eu não estou dizendo aqui que sim nem que não nesse caso específico, mas, como bem disse a deputada Janaina, às vezes fazem um carnaval gigantesco em cima de uma situação e, na verdade, quando você vai ver, não tem nada daquilo. E é muito importante a gente saber o que está acontecendo, porque o que nós já vimos...

Como esse Sr. Deputado, na ocasião, usar o nome do presidente da República para tentar responsabilizá-lo por conta de interesses próprios que ele próprio tinha feito junto ao Ministério da Saúde.

A gente vê que o presidente da República todo dia é incluído em alguma situação que ele tem que se explicar não por ele, mas por outras pessoas que se utilizam do nome dele.

Então, mais de um ano do confisco do telefone do ajudante de ordens, do coronel Cid, pelo Supremo Tribunal Federal. Deputado Gil Diniz, eu acho que ele recebe mais mensagem do que um centro de telemarketing, e não acharam absolutamente nada, nada.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D'AVILA - PL - Pela ordem.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Antes de levantar os trabalhos, uma breve comunicação?

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D'AVILA - PL - Pois não. Comunicação concedida para o Sr. Deputado.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Só para dar parabéns ao discurso da deputada Janaina Paschoal e assinar embaixo aqui também. A gente quer transparência, deputada Janaina, seja lá de quem for.

No caso, é o presidente, e eu tenho certeza de que ele quer também ainda mais transparência, até para a gente entender o que está acontecendo - na minha opinião, perseguição política desses agentes políticos que nós já conhecemos e que praticamente todos os dias os denuncio aqui desta tribuna.

Só para dar um exemplo que aconteceu comigo mesmo, a deputada Janaina falou do inquérito das fake news, atos antidemocráticos. Eu fui citado em um desses inquéritos e até hoje eu não sei sobre o que estão me investigando.

Vossa Excelência imagine, deputado Frederico, na porta do meu prédio, uma viatura de Polícia Federal me procurando para entregar uma intimação. Imagine meus vizinhos me olhando, olhando para minha esposa, olhando para os meus filhos.

Uma viatura, deputada Janaina, da Polícia Federal, e você não saber sequer do que que se trata. Fizeram uma busca e apreensão, a Polícia Federal veio aqui na Assembleia, não tinha nada a ver comigo. Saíram várias matérias.

Aquele palhaço do ex-deputado Arthur do Val fez um vídeo para milhões de seguidores, de inscritos nos seus canais, um vídeo com milhares de visualizações, 200, 300 mil visualizações, ele dizendo que a Polícia Federal veio no meu gabinete levar os meus computadores.

Como que eu consigo desfazer essa narrativa que foi jogada para milhões de pessoas, sendo que eu não tenho acesso a essas milhões de pessoas e eu não sei por que eu sou investigado? É uma situação que é justamente uma guerra política, obviamente uma guerra de narrativa também. Querem nos constranger, querem acabar conosco.

Só que eu peço inclusive ao ministro Alexandre de Moraes, ou quem quer que seja: no que se tratar de mim, não precisa esconder nada não. Ministério Público aqui em São Paulo também, coloca, joga para a imprensa, divulga aí no que o deputado Gil Diniz é investigado, se é que eu sou investigado, porque está chegando a eleição, deputada Janaina.

Eles plantam uma notícia na “Folha”, no “Estadão”, em qualquer blog sujo aí bancado a soldo de partido político, e a nossa reputação é destruída. Então, no que cabe a mim aqui, é pedir transparência. Se eu sou investigado em algum desses inquéritos, fiquem à vontade para divulgar a todos isso aí.

Muito obrigado. Sr. Presidente.

 

O SR. GIL DINIZ - PL - Se houver acordo, levantar a presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - FREDERICO D'AVILA - PL - Pois não, deputado Gil Diniz. Concordo com o senhor e com a deputada Janaina que a transparência é o melhor remédio para todas essas situações.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a presente sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 29 minutos.

 

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