10 DE MARÇO DE 2023
4ª SESSÃO
SOLENE DO PERÍODO ADICIONAL DE ENTREGA DO PRÊMIO
BETH LOBO
Presidência: EMIDIO LULA DE SOUZA
RESUMO
1 - EMIDIO LULA DE SOUZA
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - MARCUS VINÍCIUS
Mestre de cerimônias, nomeia a Mesa e
demais autoridades presentes.
3 - PRESIDENTE EMIDIO LULA DE SOUZA
Informa que a Presidência efetiva
convocara a presente sessão solene para a "Entrega do Prêmio Beth
Lobo", por solicitação deste deputado.
4 - MARCUS VINÍCIUS
Mestre de cerimônias, convida o público
a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
5 - PRESIDENTE EMIDIO LULA DE SOUZA
Tece considerações sobre a solenidade.
Discorre a respeito de dificuldades vivenciadas pelas mulheres.
6 - AMÉLIA NAOMI
Vereadora à Câmara Municipal de São
José dos Campos, faz pronunciamento.
7 - DR. JEAN FREIRE
Deputado estadual à Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, faz pronunciamento.
8 - DRA. DAMARIS MOURA
Deputada estadual, faz pronunciamento.
9 - MARCUS VINÍCIUS
Mestre de cerimônias, lê currículos e
anuncia a entrega de diplomas às homenageadas.
10 - HELOÍSA MELILLO
Homenageada, a representar a Associação
Bem Querer Mulher, faz pronunciamento.
11 - VÂNIA SOARES
Professora homenageada, faz
pronunciamento.
12 - IYÁ FERNANDA DE MORAES
Homenageada, coordenadora nacional da
Conatt - Conexão Nacional de Mulheres Transexuais e Travestis de Axé, faz
pronunciamento.
13 - ELENITA SABADIM DE MOURA
Homenageada, fundadora da Afape - Associação
de Familiares e Amigos de Presos e Egressos, faz pronunciamento.
14 - PRESIDENTE EMIDIO LULA DE SOUZA
Faz agradecimentos gerais. Encerra a
sessão.
*
* *
- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Emidio Lula de Souza.
*
* *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Senhoras e senhores,
muito bom dia. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo.
Esta sessão
solene tem a finalidade de homenagear instituições e mulheres pela sua grande
atuação na promoção dos direitos humanos, na defesa da vida e pelos importantes
serviços prestados à população. Comunicamos aos presentes que esta sessão
solene está sendo transmitida ao vivo pela nossa TV Alesp e também pelo canal
Alesp no YouTube.
Convidamos para
a composição da nossa Mesa Diretora o deputado estadual Emidio de Souza. Por
favor. (Palmas.) Acompanhando o deputado, a nobre deputada Dra. Damaris Moura.
(Palmas.)
Está se
encaminhando aqui para a Mesa Diretora. Temos um visitante ilustre, colega
deputado do estado de Minas Gerais, deputado Dr. Jean Freire, por favor.
(Palmas.) E também a nobre vereadora da grande São José dos Campos, Amélia
Naomi. Por favor. (Palmas.)
Obrigado, todos
podem se acomodar, por gentileza. Para a abertura desta sessão solene,
ouviremos o deputado estadual Emidio de Souza.
O SR.
PRESIDENTE - EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Sob a proteção
de Deus, iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta Presidência
dispensa a leitura da Ata da sessão anterior. Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo
presidente desta Assembleia Legislativa, deputado Carlão Pignatari, atendendo a
minha solicitação, com a finalidade de entregar o 6º Prêmio Beth Lobo de
Direitos Humanos das Mulheres.
Assim,
finalizamos a semana do Dia Internacional das Mulheres reconhecendo a luta histórica
das mulheres pela promoção dos direitos humanos neste prêmio que leva o nome da
companheira Beth Lobo, que muito contribuiu para a luta dos direitos das
mulheres.
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Obrigado, Sr.
Deputado. Convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o
Hino Nacional Brasileiro executado pela banda do Corpo Musical da nossa Polícia
Militar do estado de São Paulo. A regência é do maestro, o subtenente PM
Richard Luiz Candido.
*
* *
- É executado o
Hino Nacional Brasileiro.
*
* *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Agradecemos à nossa
banda do Corpo Musical da Polícia Militar do estado de São Paulo. A regência é
do maestro subtenente Richard Luiz Candido. Muito obrigado.
Registramos e agradecemos
as presenças da Dra. Tatiana Crutila Molino, delegada de Polícia representando
o nosso delegado-geral de Polícia, Dr. Artur Dian. Camila Marques Barroso,
ouvidora-geral da Defensoria Pública do estado. Katia Regina dos Santos, da
União-Núcleo da Associação de Moradores de Heliópolis e Região - Unas.
Fabiana Soler,
diretora da Afape - Associação de Familiares de Presos e Egressos. Ingrid
Gomes, presidente do Instituto “Todos por Elas”, de Francisco Morato. Felipe
Brito, coordenador político da Mandata Quilombo, representando a deputada Erica
Malunguinho.
Cláudio Silva,
ouvidor de Polícia do nosso estado de São Paulo. Lucas Barbosa, representando o
Instituto Vladimir Herzog. Luiz Carlos Ribeiro da Silva, da Comissão de
Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil. Wendel Rogers Mariano, do
Fórum Interreligioso da Secretaria de Justiça e Cidadania do estado. Roberto
Koga, economista-assessor da presidência do TRT, muito obrigado.
Leonardo
Biagioni, defensor público. Mateus Moro, também defensor público. Iyá Andreia
de Yemonjá, do Ilé Axé Ia Ogum Boalé, de Francisco Morato. Padre José Ferreira
da Silva, da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Aparecida. E xamã Emerson
Pantaleo, representando o xamanismo. Obrigado a todos pela presença.
Convidamos
agora o deputado Emidio de Souza para o seu pronunciamento de abertura desta
sessão solene.
O SR.
PRESIDENTE - EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Muito bom dia a
todas, bom dia a todos. É um prazer recebê-los aqui na sede do Legislativo
paulista, Assembleia Legislativa do estado. Bom dia, minha querida colega,
deputada Damaris Moura, também membra da Comissão de Direitos Humanos da Casa.
Bom dia ao
deputado Jean Freire, que é de Minas Gerais, mas que estava aqui para uma
agenda e falou: “Quero participar, quero estar junto”. Então, seja bem-vindo
aqui à nossa Casa também. A vereadora Amélia Naomi, que em nome dela
cumprimento todas as mulheres que vieram aqui hoje para a entrega desse
importante prêmio, que é o Prêmio Beth Lobo.
E ele encerra,
vai finalizando, uma semana de muitas manifestações muito significativas,
algumas muito negativas que precisam ser registradas, de desrespeito às
mulheres.
E também ela
encerra uma semana em que a expectativa das mulheres brasileiras vai se
renovando no sentido de ampliar os espaços que elas já ocupam no Legislativo,
no Executivo e também no setor privado. Tudo que pudermos fazer para alargar a
participação política das mulheres, nós temos que fazer.
Eu sei que
muitas mulheres, principalmente aquelas que ocupam cargos públicos, muitas
vezes sofrem violência política mesmo, violência de gênero, sabe? Às vezes a
palavra dela é menos considerada do que a de outros, e este é um espaço e uma
luta em que todos devem ser tratados igualmente, sem qualquer distinção.
As mulheres têm
ampliado a sua participação política. Nessa própria legislatura da Câmara dos
Deputados agora, a representação subiu de 15% para, acho, 18% de mulheres.
Ainda é pouco, falta muito, mas é um sinal de que nós estamos no caminho certo,
que talvez precise acelerar esse caminho.
A própria
Justiça Eleitoral também vem tomando providências no sentido de ampliar, de
obrigar os partidos a não só lançarem candidaturas de mulheres, mas de criarem
condições para que elas disputem as eleições em condições de igualdade com os
homens, para poderem ocupar os espaços políticos. Então eu fico muito
satisfeito de poder presidir esta cerimônia.
Eu queria falar
um pouco da Beth Lobo, que foi uma incansável batalhadora. Ela é socióloga e
ela inovou, desde os anos de 1980, as pesquisas sobre gênero e sociologia do
trabalho no Brasil, dedicando-se ao ensino e à pesquisa nessa área a partir de
1982, no departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo. Ela estudou a
divisão do trabalho entre homens e mulheres e teve intenso intercâmbio
intelectual com pesquisadores dos Estados Unidos e do Canadá.
Sua morte
prematura em março de 1991, aos 47 anos, impediu a realização de novas
pesquisas e intercâmbios. Mas a disseminação de suas ideias se deu por colegas
e discípulas, doutorandas e estudantes, como também pelas sindicalistas e
militantes políticas com quem conviveu e trabalhou no dia a dia.
Essa
legislatura na Assembleia, que está terminando agora, também teve avanços e
momentos de dificuldades. Um deles - ou pelo menos dois deles - vocês
acompanharam muito pelas redes sociais e pela mídia tradicional.
Um assédio
transmitido ao vivo para o Brasil inteiro da deputada Isa Penna cometido por um
deputado desta Casa aqui, neste mesmo plenário, neste mesmo local, o que mostra
que tem gente que ainda não se acostumou com a presença das mulheres nos
espaços de poder.
E um outro,
mais recente, foi um deputado que humilhou as mulheres ucranianas ao ir à
Ucrânia dizendo que ia prestar solidariedade aos moradores da Ucrânia,
solidariedade pela guerra que está acontecendo, mas na verdade foi lá também
para assediar mulheres e para, vamos dizer, humilhar mulheres ucranianas no
pior momento que o país vivia e que elas viviam. Quantas tiveram que cuidar dos
filhos e sair do país foragida porque os maridos tinham que ficar para lutar na
guerra?
Eu só estou
dizendo que não é para lembrar de fatos tristes, é para lembrar que nós ainda
temos muito o que caminhar. O importante é que, no caso em que eu tive a honra
de ser relator no Conselho de Ética, o deputado foi suspenso por seis meses e
cumpriu a suspensão, e, no segundo caso, eu fui o autor do pedido, e ele acabou
cassado pela unanimidade dos deputados estaduais de São Paulo. (Palmas.)
Nessa semana,
deputada Damaris, nós ainda vivemos um outro episódio muito triste, que muitos
acompanham, no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, quando um deputado
de Minas Gerais... Ainda bem que você está aqui, por saber que aquele
comportamento não representa Minas Gerais.
O deputado mais
votado do estado de Minas, um dos mais votados do Brasil, fez chacota da luta
das mulheres na tribuna da Câmara dos Deputados. E agora se discute lá a
punição que ele receberá, e eu espero que seja uma punição realmente à altura
da agressão que ele fez a todas as mulheres brasileiras. Não é apenas às que
estavam lá, não apenas as deputadas, mas a todas que estavam acompanhando,
todas que estavam fora e que lutam pela igualdade de direitos entre homens e
mulheres.
Então acho que
momentos como esses são bons para a gente perceber que nós temos que avançar,
mas também homenagear as mulheres que já lutam no dia a dia em todos os
segmentos. Quantas de vocês aqui nós já nos encontramos, ou você as encontrou
em lutas das mulheres?
Seja na questão
da liberdade religiosa, que a deputada Damaris toca, seja na igualdade de
direitos, da qual a Amélia é uma das principais defensoras neste estado, seja
na porta dos presídios, como eu encontrei a Elenita e tantas outras batalhando
pela condição dos seus parentes que estão ali presos. Ou seja, as mulheres
estão em todas as lutas, e nós temos que saber reconhecer essa luta, esse
trabalho e o direito delas de estarem em todos os espaços.
E finalmente eu
quero dizer assim: hoje completa 100 anos uma mulher extraordinária na luta
pelos direitos humanos no Brasil e no estado de São Paulo. Não agora, que nós
temos uma democracia - ameaçada, mas temos -, mas em um tempo em que não se
podia falar em direitos humanos. Uma mulher que batalhou o tempo todo, a vida
toda, para afirmar os direitos humanos no Brasil.
Ela já recebeu
o prêmio, falta ser entregue, ela já foi aprovada também, mas a condição dela
de 100 anos não permite que ela chegue até aqui. Mas hoje é o centenário da
Dra. Margarida Genevois, que é uma mulher que realmente foi braço direito de
dom Paulo Evaristo Arns nos anos duros da ditadura, e ela esteve junto esse
tempo todo. Uma mulher de coragem, que merece toda a nossa homenagem. (Palmas.)
Por fim,
lembrar a todas que a realidade do feminicídio e a realidade da agressão e da
violência contra as mulheres é uma coisa muito presente no cotidiano brasileiro.
Eu não sei se aumentou demais ou se está tendo maior exposição, mas são
assombrosos os casos de violência contra as mulheres, tanto no ambiente
doméstico quanto fora dele.
Nós temos casos
de procuradoras, acho que no estado do Paraná, que foi agredida no trabalho -
uma procuradora - por um colega de trabalho que não aceitava ser chefiado por
uma mulher. Então realmente nós temos muito o que caminhar.
Então agradeço
demais e espero que este prêmio sirva para incentivar novas mulheres a
continuar combatendo esse bom combate, que é a luta pelos direitos de igualdade
entre homens e mulheres. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Muito obrigado ao
nobre deputado Emidio de Souza. Agradecer também à Renata Tuma, que representa
o deputado estadual Delegado Olim, muito obrigado.
Continuando com
as saudações pelas autoridades presentes, vamos ouvir a seguir a vereadora de
São José dos Campos, Amélia Naomi.
Por favor.
A SRA. AMÉLIA
NAOMI - Bom dia a todas e a todos. Quero aqui
cumprimentar o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Emidio de Souza, que
fez um belíssimo trabalho. Estivemos aqui diversas vezes participando pela
condenação - não só eu, mas os movimentos de mulheres -, e foi fundamental a
sua atuação.
Deputada
Damaris Moura, é um prazer enorme conhecê-la. Agora aqui no plenário, fiquei
sabendo do seu trabalho importante. Parabéns. A gente precisa aumentar o número
de deputadas, de vereadoras, de lideranças no poder.
E também
cumprimentar o deputado Jean Freire, que tem um belíssimo trabalho lá em Minas
Gerais. Vou copiar sua proposta de um marcador de livro com a questão das
mulheres.
Quero
cumprimentar as homenageadas. A Elenita Sabadim, da Afape, Associação de
Familiares e Amigos de Presos. Cumprimentar a professora Vânia Soares, do
programa Bem-Querer Mulher. A Iyá Fernanda de Moraes e a Associação das
Mulheres Progressistas. Fui pega de surpresa aqui, mas me deram aqui bem.
Quero aqui
dizer para vocês que esse mês é um mês referência muito importante, o mês de
março, mas a luta das mulheres é uma luta cotidiana. A nossa luta contra o
feminicídio... E lá na Câmara Municipal, nesta semana, nós fizemos uma sessão
especial. “Do luto à luta: basta de feminicídio”, foi esse o nosso tema.
E nós levamos
os familiares de dois casos importantes lá de São José dos Campos, que nós
acompanhamos a par e passo desde o processo do júri, com os familiares. E a
grande questão é que o Estado atende as mulheres até o julgamento, até a
prisão. Depois disso, nós não vemos a atuação do Estado.
Ontem, o
Congresso Nacional aprovou um projeto extremamente importante para atender e
cuidar dos familiares do feminicídio, as crianças do feminicídio. Então isso é
muito importante.
O Claudinho,
que é defensor público, sabe e acompanhou vários casos em São José dos Campos.
O caso do Miguel, sua mãe hoje infelizmente está em uma situação bastante
difícil. É uma mãe negra e vítima de uma situação do Estado. E infelizmente, no
feminicídio, é isso, Claudinho.
Na nossa
audiência da câmara municipal, vimos o depoimento da vó relatando a situação da
mudança de vida após esse feminicídio. Ela deixou o emprego, está morando em um
bairro da periferia e vivendo com 400 reais para cuidar de três crianças que
assistiram às 33 facadas. Então nós precisamos construir a rede de apoio a
essas vítimas de familiares do feminicídio também.
Não só as
crianças, mas os pais, porque são os pais que perdem as suas filhas em função
do machismo, em função de uma situação à qual nós estamos assistindo todos os
dias. Então quero aqui cumprimentar todos e dizer que estou muito feliz com as
medidas que o governo Lula já apresentou nesta semana, várias medidas
importantes.
E a nossa
grande batalha é a da nossa Beth Lobo, que é a homenagem desta Casa, desta
Assembleia. Quer salário igual, trabalhe igual, e isso o governo Lula já está
implementando, tendo certeza de que a luta das mulheres é infinita, porque nós
precisamos combater o machismo desde a educação, e é uma mudança estrutural.
Mas tenho
certeza de que, com as experiências dessas homenageadas, que lutam cada uma no
seu espaço, mas lutam por uma mudança de sociedade, nós conseguiremos um País
muito mais justo e um mundo muito mais igual. Então, basta de feminicídio. A
luta das mulheres é todos os dias.
Obrigada.
(Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Muito obrigado,
vereadora Amélia Naomi, por suas palavras. Vamos ouvir agora o nosso visitante
de Minas, o deputado estadual Dr. Jean Freire, por favor.
O SR. JEAN
FREIRE - Bom dia a todos e todas. Bom dia.
TODOS - Bom
dia.
O SR. JEAN
FREIRE - Quero cumprimentar aqui o deputado
Emidio. Gratidão pelo convite de estar aqui. Quando eu adentrei este plenário,
que Carlinhos estava me apresentando, não tem como a gente, que presenciou
algumas imagens deste plenário, não lembrar, como V. Exa. falou, do que a nossa
colega deputada sofreu aqui. Mas que bom que eu tenho uma outra imagem hoje
para relembrar deste plenário. Gratidão, Emidio. Carregarei para sempre este
momento de aprendizado.
Agradecer à
deputada Damaris e cumprimentá-la. Que bom que nós temos muitas pautas em
comum, independentemente de questões partidárias e ideológicas, nós temos
pautas que nos unem, e isso é importante na nossa luta.
À vereadora
Amélia, eu já fui um vereador por três mandatos lá no Vale do Jequitinhonha e
sei as dores e os amores de ser vereador. Gratidão também por me dar essa
oportunidade de estar aqui ao seu lado e atender também.
A vocês todos e
todas aqui presentes, deputado Emidio lembrou muito bem ali dos fatos ocorridos
nesta semana. Assim como eu falei do plenário, que bom também que talvez a gente
tenha essa oportunidade de vocês conhecerem um outro lado também de Minas
Gerais, como o deputado falou. Aquele foi o deputado mais bem votado do Brasil.
Naquele dia, no
nosso plenário, nós também tivemos que ouvir coisas absurdas. Eu ouvi a
expressão “mulher café com leite”. Eu ouvi no nosso plenário a expressão
“mulher sexo frágil”. Eu ouvi deputado dizer, em alto e bom som e tom, que ele
queria cumprimentar todas as mulheres, mas as mulheres de verdade.
Naquele dia que
eu tive a oportunidade de... De sete projetos de lei que foram votados naquela
Casa que tratavam sobre o enfrentamento à violência contra a mulher, eu tive a
felicidade de dois projetos serem de minha autoria, mas tive o desgosto, a
infelicidade, de ver um projeto de mulheres ser retirado de pauta por uma
emenda apresentada em plenário, porque tratava da violência política contra as
mulheres.
Então, eu hoje
venho aqui não para falar pelas mulheres. Vocês falam e muito bem por vocês.
Mas eu preciso falar para os homens. É preciso inverter essas questões. Nós não
podemos estar no mês de março... Acima de dizer “parabéns”, de dar abraços, nós
precisamos efetivamente lutar para que as mulheres ocupem mais esses espaços.
Na verdade, o espaço que ela quiser, que mulher tem que estar onde ela quiser.
Eu venho do
estado que mais mata mulheres. Minas Gerais hoje ocupa o número um no ranking
que mais mata mulheres. Na minha região, o Vale do Jequitinhonha, nesta semana,
uma companheira foi vítima de feminicídio. Lutadora pela moradia popular, quando
conseguiu o seu lar, foi vítima de feminicídio.
Por isso,
companheiros homens, nós precisamos falar para os homens. É importante fazer
essa pauta de enfrentamento juntos, ao lado das mulheres, mas precisamos também
falar aos homens de todo este País, para que cenas como as que nós vimos nesta
semana não se repitam. Não podemos deixar isso se repetir.
Por que eu
estou nesta causa? Falava para o deputado Emídio, a maioria dos meus projetos
são de enfrentamento à violência contra a mulher. Temos a assessoria temática
para essa questão. E sou homem. Eu sou branco, e temos muitos projetos para
auxílio na luta do nosso povo quilombola. Fico feliz aqui de ver mulheres
negras aqui presentes. São, sem sombra de dúvida...
Como eu vi
nesta semana também uma deputada dizer que as mulheres ricas sofrem de maneira
igual a violência. Não é verdade: as pobres sofrem mais. As pardas e as negras
sofrem mais. Então eu saio hoje desta reunião com muita energia. Eu sou médico
e costumava dizer para os meus alunos que o dia só tem sentido se ele chegar no
hospital sabendo algo e sair sabendo mais do que entrou.
Eu cheguei em
São Paulo hoje, deputado Emidio, deputada Damaris, vereadora Amélia, muito
rico. Saio daqui, desta reunião, mais rico do que cheguei. E quero deixar um
convite a esta Casa, aos mandatos aqui presentes, às companheiras aqui
presentes, para nos visitarem em Minas Gerais. Visitar as nossas lutas, as
nossas causas, o nosso povo quilombola. Eu venho de uma região que é a quarta
maior concentração de quilombos do País, lá no Vale do Jequitinhonha.
E para terminar
a minha fala, eu estou nesta causa desde o início. O primeiro material que nós
fizemos no nosso mandato foi um “violentômetro”, que é um marcador de texto.
Aqui tem alguns
projetos de nossa autoria. Por que eu estou nesta causa e em tantas outras que
dizem respeito aos direitos humanos? Eu não posso, nunca, como diz o poeta, me
acomodar com as coisas que me incomodam. E enquanto essas coisas estiverem
incomodando a sociedade, eu estarei nesta luta.
E eu queria
tanto que essas coisas, falando para os homens que estão aqui presentes, para
vocês reproduzirem nos ônibus, nos metrôs, por onde andarem, que os homens
deste País possam sempre se incomodar com essas coisas. Não se acomodarem com
essas coisas que incomodam.
O meu muito
obrigado e um abraço para cada um e cada uma. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Obrigado, deputado Dr.
Jean Freire, de Minas Gerais. Vamos ouvir agora, encerrando as saudações pelas
autoridades, a deputada estadual Dra. Damaris Moura, que é a presidente da
Comissão de Mulheres desta Casa. Por favor. (Palmas.)
A SRA. DRA.
DAMARIS MOURA - PSDB - Bom dia a todos.
Cumprimentar o meu presidente na Comissão de Direitos Humanos desta Casa, o
querido amigo deputado Emidio de Souza. Reconhecer aqui, presidente, o seu
compromisso com a defesa dos direitos humanos, o seu equilíbrio para se
conduzir nesta Casa nos momentos mais difíceis. Nos bons momentos o senhor
também esteve conosco.
Portanto, eu
quero registrar nesta manhã o meu reconhecimento, minha admiração e minha
gratidão ao senhor, inclusive pela condução, com excelência, dos trabalhos da
nossa Comissão de Direitos Humanos, da qual eu tenho a honra de ser membro.
Cumprimentar a querida vereadora Amélia, que tão bem se manifestou aqui desta
tribuna.
Eu fico
bastante esperançosa quando eu vejo mulheres ocupando estes espaços:
parlamentos municipais, parlamentos estaduais, o Parlamento federal, e agora eu
estou apenas fazendo menção à ocupação de mulheres nos parlamentos. Imagine,
presidente, quantas mulheres estão escavando poços de petróleo hoje em
plataformas continentais?
Quantas
mulheres estão pilotando grandes aeronaves neste planeta? Quantas mulheres
estão na construção civil? Quantas mulheres estão comandando exércitos,
atividades que eram exclusivas dos homens? E elas estão avançando, rompendo, e
é tudo com muita luta.
Não é fácil.
Nós, mulheres, que estamos no Parlamento, sabemos bem que o nosso desafio é um
pouco maior de nos afirmarmos em uma atividade que é predominantemente
masculina. Presidente, aproximadamente 12% de mulheres no Brasil estão na
política. Nós somos lanterninha: dos mais de 200 países do mundo, o Brasil
ocupa aproximadamente a posição 170 de mulheres na política.
Quero cumprimentar
o querido deputado Jean. Eu já estou chamando de “querido”, e ele vai saber
agora o porquê. Eu vivi, deputado Jean, em Minas Gerais, no Vale no
Jequitinhonha.
Por cinco anos,
eu fiz Direito - sou advogada - e estudei em Minas Gerais. E guardo comigo as
melhores lembranças daquele tempo e as melhores lembranças dos mineiros, que
são acolhedores, e quando abraçam, abraçam para valer.
E a gente come
tão bem em Minas Gerais, não é? Essa é uma boa lembrança que eu guardo de
Minas. Então foi um prazer conhecê-lo nesta manhã, especialmente porque,
ouvindo o senhor aqui, identifiquei que temos verdadeiramente causas comum. E
que bom que temos um homem no Parlamento lutando com tanto vigor em defesa das
nossas mulheres. Muito obrigada, deputado Jean.
Eu tenho neste
momento que cumprimentar, reconhecer e abraçar a distância nossas homenageadas,
não é verdade? Uma delas foi indicada por mim, está aqui bem na minha frente,
professora Vânia Soares. Vou pedir licença para mencioná-la em primeiro lugar
aqui. Professora Vânia é uma mulher extraordinária. Eu a conheci em uma luta
que também desafia as mulheres, que é o combate à intolerância religiosa.
Há mulheres que
são mortas por causa da sua religião. Esse é um recorte, presidente Emidio, que
ainda está invisível. Existe muita aridez neste debate. Mulheres que sofrem
violência dentro das suas casas por causa da religião que escolheram, pouco se
fala sobre isso.
Mulheres que
são impedidas de professar, de se dirigirem ao seu local de culto, de viver uma
religiosidade diferente da do seu companheiro. E ele não aceita que ela faça
essa escolha. E quantas sofrem e outras morrem por causa da sua religião?
E a professora
Vânia é coordenadora do Fórum Interreligioso da Secretaria da Justiça do
estado, que foi fundado em 2006, que lá estive na fundação e que lá estou até
hoje como voluntária participando desta luta que nos desafia, que é respeitar a
religião das pessoas e a religião das nossas mulheres.
Então eu
cumprimento a professora Vânia, a representante da Associação Mulheres pelo
Progresso, do programa Bem-Querer Mulher, também cumprimento a Iyá Fernanda de
Moraes e cumprimento a querida Elenita Sabadim de Moura. Cumprimento os
familiares que vieram aqui aplaudir e acompanhar essas homenagens, todas as
mulheres que estão conosco, todos os homens, a banda, a imprensa, os servidores
da Casa.
Eu vou fazer
agora, para finalizar, registros que são importantes, porque afinal nós estamos
encerrando a Semana da Mulher na Assembleia Legislativa com esta premiação que
leva o nome de uma mulher. Uma mulher extraordinária, uma mulher qualificada,
uma mulher preparada, que partiu muito precocemente, mas enquanto aqui viveu,
ela se preparou para um debate, dentre outros, que ainda desafia as mulheres,
que é a desigualdade e inclusive a desigualdade no trabalho.
Encerrar esta
Semana da Mulher na Assembleia Legislativa premiando estas que representam
milhões. Eu fiz uma conta, presidente, esta semana, como presidente da Comissão
da Mulher da Assembleia Legislativa de São Paulo, nós promovemos uma sessão
solene nessa semana também para homenagear mulheres.
E naquela
oportunidade eu fiz uma escolha: homenageamos 20 mulheres que estão no front
lutando no combate à violência contra a mulher. Eu pedi licença e com respeito
a mulheres que empreendem outras lutas.
Tem mulheres
defendendo a saúde da mulher. Tem mulheres defendendo as questões relacionadas
ao trabalho, à profissionalização, mas eu fiz essa escolha nesta semana, porque
é emblemático, é significativo trazermos para o momento em que nós temos,
segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021,
aproximadamente 1.500 mulheres mortas neste País. Feminicídios. Não temos os
dados, que eu tenha conhecimento, consolidados ainda do ano de 2022.
Então eu fiz
uma escolha: vamos homenagear mulheres que estão liderando ações neste estado,
para combater violência contra a mulher. Não é possível mais a casa das nossas
mulheres, que deveria ser o lugar onde elas estão mais seguras, para muitas ser
o lugar onde elas estão mais inseguras. Quantas mulheres não querem voltar para
casa?
Nós somos
aproximadamente, neste estado, mais de 20 milhões de mulheres. Não foi uma
missão fácil escolher 20 para serem homenageadas aqui nesta semana. Mas a gente
fez uma escolha confiando que essas que estiveram aqui estão representando
essas milhões de mulheres, que precisam sim de ampliação de rede de proteção.
Precisam sim, presidente.
Eu estou
preocupadíssima com a autonomia financeira das mulheres, porque muitas não
rompem com o ciclo de violência, porque não têm como sobreviver, porque
passaram as suas vidas oprimidas, impedidas de se profissionalizarem, impedidas
de estudarem. E quando chega o momento crucial relacionado à sua própria
segurança, a ausência de autonomia financeira as impede de romper, de sair.
Então nós temos
que pensar em autonomia financeira, em rede de proteção, em tratamento
psicológico, porque são males de difícil reparação. Tem mulheres que não se
recuperam. Adoecem emocionalmente, Dr. Jean, porque não foram tratadas. Elas
precisam de atendimento jurídico, porque advogado é caro.
E muitas delas,
ao deixarem o lar, precisam de uma proteção social, da fixação de guarda, da
fixação de pensão. Precisam de advogado, precisam de psicólogo, precisam de um
atendimento social, para se recolocarem, para se profissionalizarem.
Eu encerro
aqui. Eu atendo mulheres vítimas de violência doméstica há quase 20 anos,
presidente. Eu decidi dedicar um pouco da minha advocacia. Depois, meu marido
um dia brincou e falou: “Você não está mais trabalhando?”. Porque o
voluntariado vai tomando a vida da gente de uma forma tão intensa, e eu dizia a
ele: “Eu estou trabalhando muito”. E aí ele brincava: “Mas não está ganhando
dinheirinho, né?”.
Porque o
voluntariado vai ocupando o seu espaço atendendo mulheres que perderam a
condição de reagir. Sigo fazendo isso aqui no Parlamento, continuo atendendo as
mulheres que nos procuram, para buscar ajuda. Às vezes é uma escuta, às vezes é
uma orientação, um encaminhamento, porque ela não sabe para onde ir, não sabe o
que fazer. E uma palavra que você dá pode ser libertadora.
Então,
queridas, queridos, presidente, eu encerro aqui. Claro que é um dia de festa, e
eu falei: “Vou colocar um vestidinho bonitinho, para prestigiar as nossas
mulheres”.
Vim com carinha
de festa, porque é uma manhã de festa. Homenagear mulheres é festa, mas é
também um momento solene de reflexão. O que eu posso fazer mais? Eu me
emociono, queridas. Desculpe, presidente. (Palmas.) O que eu posso fazer mais?
O que eu ainda não fiz, Dr. Jean, como parlamentar?
Foram 12
projetos de lei propostos, três aprovados e em vigor neste estado, para
defender nossas mulheres. Mas o que eu posso fazer mais? O que nós todos, que
estamos todos aqui, podemos fazer mais como homens, como mulheres, como
lideranças?
Ocupando espaços
de poder, o que mais nós podemos fazer para salvaguardar a integridade física,
emocional, sexual, patrimonial, moral? E eu falei as cinco violências descritas
na Lei Maria da Penha. O que mais podemos fazer?
Vamos sair
daqui como um grande exército de homens e mulheres que precisam se preparar
para seguirem em uma luta que não tem fim, porque ela exige vigilância. Por
isso ela não tem fim. Que Deus abençoe a todos nesta manhã. (Palmas.)
Muito obrigada,
presidente, pela oportunidade de falar. Muito obrigada a todos vocês que vieram
a este Parlamento. E que tenhamos agora uma sequência especial de festa.
Muito obrigada.
(Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Palavras da deputada
Damaris Moura encerrando as saudações pelas autoridades que compõem a nossa
Mesa. Nós passaremos, neste momento, à entrega dos diplomas às homenageadas do
dia de hoje.
Quero convidar
para que se dirija aqui na frente, na parte de baixo aqui do plenário,
representando o deputado estadual Delegado Olim, Renata Tuman, que fará a
entrega à indicada pelo deputado ao programa Bem Querer Mulher, representado
aqui por Heloísa Melillo.
Por favor,
Renata, Heloísa. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Bem Querer Mulher é um
programa criado em 2004 com o apoio da ONU Mulheres para prevenir e combater à
violência contra a mulher atuando no suporte às vítimas, no auxílio pela busca
da autonomia financeira, na prevenção e no engajamento da sociedade.
Atualmente, o
Bem Querer Mulher mantém dois centros de atendimento: Casa Bem Querer Mulher
oeste e leste, em São Paulo, além de uma base de atividades comunitárias na
região sul da Capital. Com apoio de parceiros da iniciativa privada, o projeto
já ajudou milhares de vidas a serem reconstruídas nesses anos. Parabéns ao
programa Bem Querer Mulher representado aqui por Heloísa Melillo. (Palmas.)
Muito obrigado
à Renata Tuman.
A seguir, vamos
ouvir as palavras da Heloísa Melillo, que representa a Associação Bem Querer Mulher.
Por favor.
A SRA. HELOÍSA
MELILLO - Bom dia a todos e a todas. Bom dia, em
especial, à esta Mesa composta por pessoas que têm uma função pública e que
lutam pelo direito de mulheres. Eu quero me dirigir e oferecer esta homenagem a
todas aquelas profissionais que se dedicam dia e noite ao cuidado das mulheres
que sofreram violência.
Quero dedicar
esta homenagem às assistentes sociais, às psicólogas, às advogadas, às
promotoras de Justiça, às delegadas das delegacias de defesa da mulher, às
escrivãs, às investigadoras, a todas as voluntárias que atuam nas comunidades e
nos programas que acontecem em movimentos sociais que dedicam o seu tempo e o
seu saber a identificar, socorrer, encaminhar e denunciar situações de
violência contra a mulher.
Não posso,
neste momento, deixar de referenciar a necessidade que nós temos de envolver a
sociedade, porque uma mulher vítima de violência... E me parece que os últimos
dados se referem a 94% das mulheres brasileiras, o que significa que 94% das
famílias e 94% da sociedade está adoecida.
Quero também
fazer uma menção, aproveitando este espaço, se me permite, Sr. Presidente desta
Mesa, ao agravamento da violência contra as mulheres. O Bem Querer Mulher é uma
das primeiras organizações que se dedicam ao atendimento de mulheres que sofrem
violência.
E era muito
raro a gente receber, dentro do Bem Querer Mulher, mulheres estraçalhadas
fisicamente. Hoje, infelizmente, com o desenvolvimento de um projeto de
violência e armamentista, as mulheres chegam mais baleadas, esfaqueadas, chegam
mais destruídas na sua integridade física e, obviamente, nessa altura, a sua
integridade emocional e moral já acabou, a sua existência cidadã.
Então eu peço
que toda a sociedade, homens e mulheres que acreditam na necessidade de uma convivência
mais pacífica, de uma convivência mais fraterna, de uma convivência mais
harmoniosa, lutemos todos pela proteção de nossas mulheres. E coloco aqui o Bem
Querer Mulher, que oferece, deputada Damaris, assistência jurídica, inclusive
no contencioso, assistência psicológica, assistência socioassistencial.
E também a
preparação para o mundo do trabalho e a inserção dessa mulher visando à sua
autonomia financeira, mas que vai além. Nós atuamos na prevenção, porque é
necessário alterar a mentalidade desses jovens, para que eles possam ser
adultos que estabeleçam relações diferentes. Atuamos também na educação das
equipes que recebem essas mulheres.
E aqui faço uma
menção especial à Univesp, a Universidade Virtual Paulista, e a Secretaria de
Justiça e Cidadania, que convocou a nós, o Bem Querer Mulher, para sermos os
parceiros técnicos. E hoje temos 4.538 pessoas de São Paulo, do Brasil e do
exterior fazendo o primeiro curso de extensão universitária para qualificação
de equipes que atuam no enfrentamento à violência contra a mulher. (Palmas.)
E que nós
possamos lançar a segunda, a terceira e a quarta edição, porque essa luta está,
infelizmente, no começo, apesar de que, há muitos anos, nós, do Bem Querer, há
20 anos dedicamos nossas vidas a elas.
A todas e todos
vocês que acreditam em uma sociedade que possa ser melhor, construam leis,
voluntariem-se, ingressem nos movimentos sociais e dediquem a sua vida a salvar
a sociedade, porque quando nós salvamos uma mulher, nós salvamos uma sociedade
inteira.
Muito obrigada.
(Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Parabéns à Heloísa
Melillo, do programa Bem Querer Mulher. A homenageada, neste momento,
cumprimenta as autoridades aqui no plenário. Muito obrigado.
Convidamos a
seguir, para que se dirija à frente, a nobre deputada Damaris Moura, por favor,
que fará a entrega à sua indicada, a professora Vânia Soares, que vem aqui
acompanhada de sua filha Ana Cláudia, por favor.
Vânia Maria da
Silva Soares é uma educadora dedicada à defesa da cidadania, à promoção da
justiça e da paz nas relações étnico-raciais interreligiosas e à proteção das
mulheres vítimas de violência doméstica, sobretudo por motivação religiosa. Em
sua trajetória, são identificados atores que contribuem para o reconhecimento à
sua dedicação às causas abraçadas e defendidas por ela.
Pedagoga,
licenciada pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, lecionou por 21 anos no
Colégio da Polícia Militar. Foi oficial de Justiça por 12 anos. Atualmente é
servidora da Secretaria da Justiça e Cidadania, sendo a presidente do comitê
gestor do Fórum Interreligioso. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Mais uma vez,
parabenizamos a professora Vânia Soares, recebendo neste momento seu diploma
das mãos da deputada Damaris Moura. A seguir, fará uso da palavra a homenageada
Vânia Soares.
A SRA. VÂNIA
SOARES - Bom dia a todos os presentes.
Cumprimentar esta Mesa de autoridades, na pessoa do nobre deputado Emidio de
Souza. Cumprimentar o deputado Jean, que vem nos dar a honra da sua presença.
Cumprimentar a minha amiga, a nobre deputada Damaris Moura. Cumprimentar ainda
a vereadora de São José dos Campos Naomi.
Nesta manhã, eu
gostaria também de estender esses cumprimentos - eu estou emocionada, muito
emocionada - aos meus familiares, à minha filha, que aqui está presente, aos
meus amigos, membros do Fórum Interreligioso, que aqui estão, ao xamã Emerson
Pantaleo, Dr. Luiz Carlos, da OAB, da Comissão de Liberdade Religiosa, minha
prima Lígia Alvez, o Wendel, que é nosso assistente lá na Secretaria de
Justiça.
E dizer da
alegria de estar recebendo aqui o Prêmio Beth Lobo. Nesta manhã, eu quero,
presidente, reverenciar o quão importante é esta Casa de Leis instituir um
prêmio de tamanho quilate.
Beth Lobo,
professora, socióloga, uma mulher que teve a sua vida pautada pela defesa do
direito das mulheres. Ela, que lutou para que mulheres e homens tivessem os
seus direitos equiparados, deixou para nós um grande legado histórico, um
grande legado de ensinamentos.
Aproveitando
esta minha introdução, que todas nós que estamos tendo, nesta manhã, a honra de
receber este prêmio, possamos, a partir de hoje, assumir o compromisso,
fortalecer o compromisso - porque todas nós já temos o compromisso em defender
a mulher. Mas intensificá-lo, para que a gente possa levar esse legado,
fortalecer esse legado para as próximas gerações. Esse legado jamais poderá
morrer.
Eu vim do
interior - vim de Jaú -, eu sinto muito orgulho em dizer que sou caipira do
Jaú, eu trago como referência exemplo de duas mulheres fortes da minha vida. E
foi delas que herdei a garra, a determinação, a coragem de, nessas quatro
décadas de serviço público... Acho que o nosso colega falava 12 anos, não: 32 anos
de Tribunal de Justiça, e os demais anos, na Secretaria da Justiça cumprindo a
nobre missão de servir.
Servir a todos
e todas as mulheres, porque todas nós, independentemente da pertença racial,
precisamos de ações que fortaleçam e que garantam o nosso posicionamento nesta
sociedade. Sejamos negras, não-negras, quilombolas, ciganas, mulheres trans,
todas, dentro da sua especificidade, merecem ter conquistado o seu espaço.
E nós, que
estamos no serviço público... Porque a vida toda eu fui servidora pública. Eu
nasci para servir, porque o servidor aqui está para servir. Servir à sociedade
e servir muito bem, independentemente dos honorários, independentemente daquilo
que ganha, porque se convencionou dizer que o servidor público não trabalha e
que o servidor público ganha mal. Mas missão é missão. Então, quando a gente se
coloca no exercício da missão, buscamos desenvolvê-lo muito bem.
E lá na
Secretaria, desde 2017 - salvo engano -, nós atuamos no Fórum Interreligioso
trabalhando liberdade religiosa, defendendo o direito à liberdade religiosa, à
proteção e à promoção dessa liberdade no nosso estado.
E eu quero
dizer para vocês que a mulher religiosa vive a maior das violações de direitos
humanos ainda dentro do seu próprio lar. Vive ainda essa violação de direitos
humanos quando ela chega em um órgão público e as pessoas não entendem por que
elas estão usando determinado elemento em suas vestes.
Ainda há poucos
dias, deputada Damaris, nós recebíamos uma denúncia... Porque o estado de São
Paulo é o pioneiro no País em ter uma lei de liberdade religiosa, que vem sendo
o exemplo para o nosso País, modelo, e essa lei, de autoria da nobre deputada
Damaris, a Secretaria recepciona as denúncias. E uma religiosa nos contatava
para dizer que ela foi a um posto do Poupatempo fazer a sua identidade.
Além de ser
discriminada, ela não pode requerer o seu documento. Então, gente, o nosso
trabalho tem que ser pautado em buscar sensibilizar, orientar, acolher todas as
mulheres em suas especificidades. Somente quando nós conseguirmos chegar nessa
condição de sensibilização, nós poderemos dizer que os direitos humanos
realmente estão sendo efetivados com ações firmes, com ações seguras, com muito
respeito e com muito amor.
Eu quero então
já ir finalizando agradecendo a indicação, Dra. Damaris, dizer-lhe da minha
gratidão pela indicação e dizer da minha gratidão em tê-la fazendo parte da
minha história de vida dentro deste tema que nos é tão caro, que é a liberdade
religiosa. Agradecer a todos que aqui estão, parabenizar todas que, assim como
eu, receberam esse honroso certificado e dizer que a nossa luta não tem fim,
mas nós temos muita coragem para enfrentá-la.
Muito obrigada
a todos e obrigada pela oportunidade. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Palavras da professora
Vânia Soares, homenageada neste ato. Recebe os cumprimentos das autoridades
aqui no plenário. Muito obrigado e parabéns, professora.
A seguir,
convidamos, para que se dirija aqui à frente, o Felipe Brito, assessor da nobre
deputada Erica Malunguinho, que fará a entrega à sua homenageada, Iyá Fernanda
de Moraes de Oyá, por favor. Já está aqui o Felipe Brito. (Palmas.)
Iyá Fernanda de
Moraes de Oyá é uma mulher transexual, negra, transfeminista, ialorixá de
candomblé da nação Keto e amazonense de Manaus. Radicada em São Paulo desde 97,
trabalhou como prostituta nas ruas de São Paulo.
Atuou como
intermediária entre o Poder Público paulista e enfrentou muitas lutas para que
a população das mulheres transexuais e travestis brasileiras tivessem políticas
públicas de reconhecimento por sua identidade feminina.
Formada em
Serviço Social pela Unesp de Franca em 2010, pós-graduada em Direitos Humanos e
sexualidade pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro em 2013. Está como
coordenadora nacional da Conatt - Conexão Nacional de Mulheres Transexuais e
Travestis de Axé -, secretária executiva-geral da Antra - Associação Nacional
de Travesti e Transexuais -, coordenadora estadual do Fonatrans - Fórum
Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros em São Paulo.
Presidenta do
Instituto Afrodite SP, integrante da Comissão LGBTI da Alesp e
coordenadora-adjunta do FPLGBTI - Fórum Paulista LGBTI. Parabéns. Neste momento,
recebe a sua homenagem Iyá Fernanda de Moraes de Oyá, que a seguir fará o uso
da palavra nesta tribuna, por favor. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A SRA. IYÁ
FERNANDA DE MORAES - Eu cumprimento todas e
todos. Cumprimento a Mesa na pessoa do deputado Emidio. E quero dizer que mais
uma vez eu fico muito agradecida à deputada Erica Malunguinho, que é a primeira
deputada transexual desta Alesp.
E mais uma vez
nós somos esquecidas, porque quando o deputado Emidio fala sobre preconceito, ele
se esquece de que a deputada Erica Malunguinho também sofreu preconceito aqui
dentro desta Casa Legislativa. Eu estou falando assim, porque eu sofri um AVC,
mas graças a Oyá, que é minha santa de cabeça, e a Xangô, que também é meu
santo de cabeça - que são meus orixás -, eu estou andando e falando.
Como foi
anunciado, quando eu cheguei aqui em São Paulo, eu já fazia faculdade de
medicina, mas por causa do preconceito que todas nós sofremos... A gente sofre
muito mais do que qualquer mulher. Não diminuindo os sofrimentos de todas as
mulheres, só que nós, como mulheres transexuais e travestis, sofremos muito
mais.
Por quê? Porque
nós não somos lembradas, nós não somos vistas como mulheres. É por isso que nós
não temos nem a condição de servirmos aos nossos deuses. Nós não conseguimos
ter nem uma religião exatamente por causa da nossa condição, por causa da nossa
sexualidade.
Então, eu não
quero me estender muito, até porque eu estou bem emocionada, bem nervosa. Só
quero dizer que, como eu falei na entrevista, nós não nascemos mulheres, como
bem falou Simone de Beauvoir, nós nos tornamos mulheres.
Porque mulher é
muito mais do que isso, é muito mais do que uma genitália: mulher é luta,
mulher é força, mulher é sobrevivência. Então, nós estamos aqui recebendo este
prêmio para mostrar a força de todas nós, mulheres.
Muito obrigada.
(Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Parabéns à homenageada
Iyá Fernanda de Moraes de Oyá. Recebeu sua homenagem, fez uso da palavra e
agora recebe o cumprimento das autoridades que compõem a nossa Mesa Diretora.
Parabéns, Iyá Fernanda de Moraes de Oyá. Muito obrigado. (Palmas.)
Convidamos a
seguir, para que se dirija aqui à frente, a indicada pelo deputado Emidio de
Souza, Elenita Sabadim de Moura, por favor. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Elenita é fundadora da
Afape - Associação dos Familiares e Amigos de Presos e Egressos -, entidade
que, desde 2015, reúne sobretudo mulheres que sofrem as condições humilhantes
impostas durante a visita a familiares presos. Sua militância nesta área
começou em 2012, após ter um filho injustamente preso.
Além de prestar
assistência a familiares de detentos, a Afape cumpriu papel primordial na
aprovação da Lei nº 15.552, de 2014, que proíbe revistas vexatórias nos
presídios do estado.
A liderança de
Elenita na área fez com que fosse chamada pela Justiça para ajudar a mediar, em
2016, uma rebelião no Centro de Detenção Provisória do Potim, em São José dos
Campos, onde vive.
Elenita também
conseguiu investimentos da Prefeitura para a pavimentação da via que leva ao
CDP local, bem como cursos profissionalizantes para familiares de detentos.
Parabéns à Elenita Sabadim de Moura, indicada pelo nobre deputado Emidio de
Souza. (Palmas.)
A seguir, fará
o uso da palavra Elenita Sabadim de Moura.
A SRA. ELENITA
SABADIM DE MOURA - Bom dia ainda, boa
tarde. Eu venho aqui agradecer ao Emidio por estar recebendo esta homenagem, e
dizer que não é só minha, né? Cumprimentar a Mesa, o nobre deputado de Minas,
que muito me interessa, bastante. A vereadora Amélia Naomi é a Afape pura, né?
Não tem nem como falar, a gente se cumprimenta 24 horas. A deputada que usou
muito bem as palavras em relação às mulheres.
Eu vou começar
falando e aproveitar a palavra de todo mundo aqui que tudo se encaixa nos
familiares. A nossa história começou há quase dez anos já, com a prisão do meu
filho.
E eu era, tanto
quanto todo mundo, achando que o sistema carcerário era punitivo, que era para
punição. E na verdade, quando a gente entra lá, quando a gente vê a situação
que o sistema oferece aos nossos filhos, aí você já tem uma mãe ali preparada
para virar uma verdadeira mãe dez vezes, porque eu não esperava a minha reação.
Por quê? Porque
toda mulher, dentro de um sistema carcerário, desde o momento que um filho vai
preso, ou um marido, ou um irmão ou algo parecido, ela começa a ser violada. Em
todas as partes. Eu senti isso desde o momento que o meu filho entrou naquele
sistema.
Empregos que se
fecham as portas, você não consegue empregos. Os familiares que sofrem o tempo
todo violações dentro de um sistema carcerário, da violência a partir do
momento que você leva o seu RG. Mulheres que são violentadas com a vexatória,
que ainda não terminou, Emidio. A gente está na luta ainda.
Conseguimos os
scanners, lutamos muito por isso. Em 2018, São Paulo foi o último a colocar o
scanner, e ainda continuam as vexatórias, assim, hoje tremendamente em pleno
século XXI, com todo o equipamento, sofremos ainda com isso.
Os corpos das
visitas são violados o tempo todo. Eu acho que isso é de uma crueldade tamanha,
porque não tem necessidade de nenhuma mulher passar por isso. Não somos
obrigadas a ser violadas pelos Estado todos os finais de semana.
E não é só no
sistema. Durante a visita, você é levada para um hospital, médicos
despreparados também violam o corpo daquela mulher. Duas, três vezes elas são
violadas, não é somente um dia. Então, tudo me levou a entrar em uma luta que
um dia um defensor falou para mim, quando eu procurei a Defensoria Pública, que
eu senti que era a única pessoa que me daria um abraço. Foi lá.
E realmente, eu
tenho aqui dois grandes defensores com a gente. Também eu me emociono de falar,
porque na verdade eu fui conhecer a Defensoria Pública mesmo quando eu conheci
o Dr. Leo, Dr. Matheus e Dr. Thiago. E quando eu achei que eu iria parar um
dia, eu olhei para a Amélia e falei: “Ela nunca parou, por que eu vou parar?” quando
o meu filho ganhou liberdade.
Quer dizer, eu
fui rodeada por grandes mulheres. Eu comecei pela minha vó, pela minha mãe, que
não estão mais neste plano, e elas, naquela época, não sabiam o que era
empoderamento, mas elas me ensinaram a ser empoderada. E aprendi isso na luta
com a Amélia. E mesmo assim, eu continuando, eu tive minhas irmãs, que nunca
desistiram de mim, minha filha e outras grandes mulheres.
E na verdade,
nesse caminhar em que estou há dez anos, aqui tem um pedacinho da Afape. Cada
uma que eu olho, elas me dão força para continuar. Meu marido, Amélia, a Sara,
que está aqui, outras grandes que não estão, que são as meninas que estavam
comigo há dez anos, eu acho que isto aqui faz parte de cada uma delas.
E a Defensoria
Pública, que ensinou a gente a caminhar de mão dada, que hoje está aqui, Dr.
Matheus, Dr. Leo, a Hellen, que sempre está com a gente também, que está
representando a Camila hoje. A Ouvidoria, isso.
Eu não tenho
muito nem o que falar, eu só tenho que agradecer por ter chegado nessa caminha
e não pretendo desistir, porque eu acho que tem muita gente... Agora eu estou
indo para perto do padre, agora vai piorar, porque nós dois vamos dar as mãos
naquele lugar junto com a Fabiane, Solé, o padre José, que está aqui.
E é para a
gente lutar, porque eu vi todo mundo aqui pedindo para as mulheres não
desistirem de denunciar o feminicídio. A todas que estiverem um filho
encarcerado, eu peço que não desistam de denunciar pelo que vocês passam no
sistema carcerário. O sistema carcerário só é isso, porque a gente não consegue
denúncia, não consegue mostrar para o Judiciário o que acontece com a gente.
Eu acredito que
se todo mundo souber o que é Defensoria Pública ou vocês procurarem o direito
com todos, eu sei que nós não vamos ter um Emidio na Alesp apoiando a gente,
mas eu acredito que vai ter muito mais deputados querendo mostrar essa causa,
assim como Emidio. Ele não desistiu da gente, como a Amélia, que nunca
desistiu, que são autoridades e confiaram no que a gente disse.
Nós não somos
obrigadas a passar pelo que a gente passa na porta daquele sistema. Nós não
somos obrigados a ser condenados junto com nossos filhos. Nós não somos obrigados
a ouvir que tudo aquilo que fazem com a gente lá é certo. Nós não somos
obrigados a abaixar nossas roupas e mostrar nossos corpos.
Eu acho que a
maior violação que eu já passei em toda a minha - e olha que eu já passei por
um pouquinho de cada - é dentro de um sistema penitenciário. Há oito anos eu
não tenho mais ninguém lá, mas, como eu disse, eu tive exemplo para não
desistir. Não quero e não vou parar.
Não é o caso de
a gente olhar e falar: “Não, não acontece mais comigo”, mas cada uma de vocês
aqui, que estão sempre com a gente, elas me fazem dar força de estarem todos os
dias. E a gente tem exemplos aqui, Emidio, que mudam, sim. Hoje a gente tem um
egresso aqui representando todos aqueles que estão lá presos, que ele não faz
nada de errado.
Ele cumpriu a
sua pena e está aqui há sete meses tentando reviver a vida dele, que é o
Ronaldo, que veio com a gente aqui hoje. (Palmas.) E ele está representando
todos aqueles meninos cuja mãe está lá fora chorando.
Todos os
meninos e velhos cujas filhas e irmãs estão ali. Então eu gostaria de deixar
registrado e ter a oportunidade de terem mais defensores, como o Dr. Leo, o Dr.
Thiago e o Dr. Matheus, que foram encantadores, deputados como você, Emidio, e
vereadoras como a Amélia, incansável.
Eu acho que
tudo que a gente tem aqui, um pouquinho cada um colaborou, e isto aqui, gente,
de verdade, não é meu. Eu queria entregar um pedacinho para cada um, de
verdade, entregar para vocês, porque é uma conquista de todas vocês junto
comigo, porque cada passo que a gente dá, a gente leva junto.
E à Ouvidoria,
na sua parte do Claudinho, a gente vai ter bastante trabalho, porque a nossa
luta começa antes de ser preso, tá, Claudinho? Depois a gente vai, junto com
você, te dar a mão e vamos estar juntos nessa caminhada sua toda.
Dr. Leo, Dr.
Matheus, obrigada. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE
CERIMÔNIAS - MARCUS VINÍCIUS - Muito obrigado,
Elenita Sabadim de Moura, homenageada neste momento na indicação do deputado
Emidio de Souza. Muito obrigado. Vamos agora ao encerramento desta sessão
solene ouvindo as considerações finais do nobre deputado Emidio de Souza.
O SR.
PRESIDENTE - EMIDIO LULA DE SOUZA - PT - Bem, gente, eu
penso que esta cerimônia, além da justeza das homenagens feitas aqui, foi uma
cerimônia carregada de emoção também, porque é bom a gente ouvir quanta gente
há lutando, quanta gente há se dedicando, quanta gente há batalhando e
acreditando na luta das mulheres.
Então, eu fico
realmente muito satisfeito com essa sessão hoje aqui e agradeço a cada um que
veio de vários cantos do estado, de entidades, de movimentos, de instituições
que se dedicam também a esse trabalho. Evidentemente, se todos pudessem fazer
uso da palavra, todos aqui teriam uma história para contar de luta, de
participação, de esperança. Infelizmente o nosso tempo não permite.
Eu agradeço
todos os presentes aqui da Mesa, a vereadora Amélia Naomi, batalhadora. Eu
agradeço muito à Dra. Damaris Moura, também membro da Comissão de Direitos
Humanos e presidente da Comissão dos Direitos das Mulheres da Alesp.
Agradeço ao meu
colega mineiro, deputado estadual Jean Freire. E todos vocês que estão aqui. Eu
vi o Claudinho ali da Ouvidoria, que está aqui presente, obrigado. Vi o padre
Zé, que é super dedicado à Pastoral Carcerária lá em Guaratinguetá. Tanta gente
bacana aqui.
E
principalmente também queria deixar minha saudação a todos os homenageados, à
professora Vânia Soares, indicada pela deputada Damaris, à Iyá Fernanda de
Moraes, indicada pela deputada Erica Malunguinho, também da Comissão de
Direitos Humanos.
À Heloísa
Melillo, indicada pelo deputado Olim, obrigado pela sua presença. E à Elenita,
indicada por mim e que também é uma homenagem muito merecida. Eu queria, ao
final, depois que eu terminar aqui, chamar as homenageadas para uma foto aqui
na frente com a gente e com os proponentes.
E assim,
esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, à minha
equipe, aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia, da fotografia, do serviço
de atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da imprensa da Casa,
da TV Alesp e das assessorias policiais Militar e Civil, bem como a todos que,
com suas presenças, colaboraram para o pleno êxito desta solenidade.
Está encerrada
esta solenidade. (Palmas.)
*
* *
- Encerra-se a
sessão às 12 horas e 11 minutos.
*
* *