12 DE AGOSTO DE 2024

46ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS 200 ANOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ

        

Presidência: PAULO FIORILO

        

RESUMO

        

1 - PAULO FIORILO

Assume a Presidência e abre a sessão às 19h18min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes.

        

3 - PRESIDENTE PAULO FIORILO

Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene para "Homenagem aos 200 Anos da Imigração Alemã no Brasil, por solicitação deste deputado.

        

4 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional da Alemanha" e o "Hino Nacional Brasileiro".

        

5 - PRESIDENTE PAULO FIORILO

Tece considerações sobre a relevância desta solenidade. Comenta visita à Alemanha na década de 80. Reflete sobre a influência da cultura alemã em São Paulo.

        

6 - LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH E LUCAS ANHOLETO VISSOTTO

Alunos do Colégio Humboldt, fazem pronunciamento, alternadamente.

        

7 - MARIA AUXILIADORA FIGUEIREDO

Secretária municipal de Relações Internacionais em exercício, faz pronunciamento.

        

8 - MARCELLO STREIFINGER

Secretário estadual de Administração Penitenciária, faz pronunciamento.

        

9 - IRENE VIDA GALA

Embaixadora, faz pronunciamento.

        

10 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a entrega de flores a Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha.

        

11 - MARTINA HACKELBERG

Cônsul-geral da Alemanha, faz pronunciamento.

        

12 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia apresentação musical de alunos do Núcleo de Desenvolvimento de Carreira da Emesp Tom Jobim.

        

13 - PRESIDENTE PAULO FIORILO

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 20h14min.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Paulo Fiorilo.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, muito boa-noite. Sejam todas muito bem-vindas, sejam todos muito bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de homenagear os 200 anos da imigração alemã no Brasil. Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no Youtube.

Convidamos para que componham a Mesa Diretora o deputado estadual Paulo Fiorilo, proponente e presidente desta sessão solene; Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha; embaixadora Irene Vida Gala, subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo.

Marcello Streifinger, secretário de Estado de Administração Penitenciária de São Paulo. Convidamos a secretária municipal de Relações Internacionais em exercício, Maria Auxiliadora Figueiredo. (Palmas.)

Passamos a palavra ao proponente desta sessão solene deputado estadual, Paulo Fiorilo.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO FIORILO - PT - Boa noite a todos, boa noite a todas. Sejam todos bem-vindos a esta solenidade. Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais.

Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior. Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo a minha solicitação, com a finalidade de homenagear os 200 anos da imigração alemã no Brasil.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos a todos para, em posição de respeito, acompanharmos a execução do Hino Nacional da Alemanha, executado pela Camerata do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. E, em seguida, ouviremos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É executado o Hino Nacional Alemão.

 

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- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos a execução do Hino Nacional Alemão e do Hino Brasileiro, executados pela Camerata do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro primeiro-sargento PM, Ivan Berg.

Nós gostaríamos de registrar e agradecer a presença da Sra. Bárbara Konner, vice-presidente executiva da Câmara Brasil Alemanha; Cláudia Bärmann Bernard, representante do estado da Baviera no Brasil; Glória Rose, diretora da Germany Trade and Invest; Júlio Muñoz Kampff, presidente da Sociedade Beneficente Alemã; Walter Cavalheiro Filho, presidente da São Paulo Oktoberfest.

Ian Balat, cônsul adjunto da França; Mauritius Reisky von Dubnitz, diretor do Instituto Martius-Staden; Márcio Weichert, gestor executivo do Centro Alemão de Ciência e Inovação de São Paulo; Virgílio Carvalho, representando o secretário de Estado do Turismo e Viagens, Roberto de Lucena.

Passamos a palavra ao deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO FIORILO - PT - Boa noite a todos e a todas. Bem-vindas, bem-vindos a esta Casa. É um prazer receber cada um de vocês aqui para uma homenagem tão importante. Quero saudar aqui a Dra. Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha.

Vou fazer aqui a deferência aos cônsules presentes. Espero que eu tenha aqui todos e que eu pronuncie corretamente os seus referidos nomes: Wieneke Vullings, dos Países Baixos; Michael Schweizer, adjunto da Suíça; Valentine Mangez, que é da Bélgica; Luis Fernando Avalos, que é do Paraguai; Jin-Weon Chae, da Coréia do Sul; o cônsul honorário Ricardo Cateb Cury, de Mianmar.

Queria aproveitar também para saudar aqui a Irene Vida Gala, sempre um prazer recebê-la aqui, participar de eventos, que é embaixadora e subchefe do escritório e representante do Itamaraty em São Paulo; o Dr. Marcello Streifinger, que é o secretário de Estado da Administração Penitenciária; e a Sra. Maria Auxiliadora Figueiredo, secretária municipal de Relações Internacionais interina. Muito obrigado pela presença de todos.

Com imensa satisfação hoje nos reunimos nesta sessão solene em celebração aos 200 anos de imigração alemã no Brasil, um marco histórico que moldou a nossa cultura, enriqueceu nossas tradições e fortaleceu os laços entre a Alemanha e o estado de São Paulo.

Aqui eu queria fazer um pequeno parêntese. Eu dialogava, antes do início da sessão, que nos anos 1980 do século passado eu tive a oportunidade de visitar a Alemanha e passei três meses em uma região muito próxima a Berlim. E voltei depois da reunificação e visitei a Alemanha mais duas vezes.

Não tive a oportunidade de voltar às cidades que eu visitei à época - como Dresden, por exemplo -, mas me contavam ali que, com a reunificação, Dresden mudou muito, mas eu vou ter a oportunidade de voltar em breve, em especial para Dresden, por conta do que vi lá atrás e que quero ver de novo.

A imigração alemã no Brasil e particularmente no estado de São Paulo teve um papel fundamental na formação da nossa cultura, economia e sociedade. Desde o início do século XIX, quando os primeiros imigrantes chegaram, eles trouxeram consigo não apenas suas tradições e costumes, mas também uma força de trabalho incansável e uma visão inovadora que contribuíram para o desenvolvimento das relações das regiões onde se estabeleceram.

Os imigrantes alemães se destacaram em diversas áreas, como agricultura, indústria e educação. Eles ajudaram a transformar o interior paulista em um celeiro de produção, introduzindo novas técnicas agrícolas e cultivando uma diversidade de culturas que até hoje são pilares da nossa economia.

Além de sua contribuição econômica, a imigração alemã também enriqueceu nossa cultura, as tradições, a música, a gastronomia e as festas populares, que trouxeram consigo e se entrelaçaram com as culturas locais, criando uma identidade única, que é símbolo do nosso estado.

É essa mescla de culturas que nos torna uma sociedade plural. Nos últimos anos, temos buscado fortalecer ainda mais essa relação através de parcerias importantes. A visita da cônsul-geral da Alemanha ao Quilombo de Ivaporunduva foi um evento marcante.

Durante a conversa com as lideranças locais, foram discutidos aspectos importantes da história e da cultura quilombola na região de Eldorado, no Vale do Ribeira, além de reconhecer o trabalho das mulheres que produzem artesanato na região.

Essa interação não apenas fortaleceu laços, mas também valorizou as práticas culturais e as tradições que permeiam o território quilombola. A visita ao Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira - o Petar -, à caverna Santana, ao núcleo Santana, foi um passo significativo para discutir a preservação do patrimônio natural e histórico.

Além disso, o encontro com os vereadores e o prefeito de Iporanga proporcionou o espaço para debater ações que possam promover um desenvolvimento sustentável, respeitando a diversidade ética e cultural da região. Tivemos ainda a visita a Cananéia, para conhecer o Instituto de Pesca, buscando sempre parcerias importantes entre a Alemanha e o estado de São Paulo.

Aqui na Assembleia também instituímos o Dia da Imigração Alemã, a ser comemorado anualmente em 25 de julho. Essa data será uma oportunidade para celebrarmos juntos as contribuições da imigração alemã e reforçarmos o nosso respeito e valorização por todas as culturas.

Quero expressar meus agradecimentos às autoridades presentes, à comunidade alemã e, em especial, à cônsul-geral Martina Hackelberg, que tornaram este evento possível e compartilham conosco a alegria de celebrar esse importante bicentenário. Que este dia sirva como um lembrete da importância da diversidade e do respeito mútuo, valores que devemos sempre cultivar em nossa sociedade.

Que esta sessão solene seja um momento de celebração, reflexão e reconhecimento por tudo o que os imigrantes alemães representam para o estado de São Paulo e para o Brasil. Que possamos continuar fortalecendo as relações entre os povos e cultivando um espírito de fraternidade e união que nos une.

Um próximo passo, Dra. Martina, quem sabe não é a visita a Boituva para fazer um passeio de balão pelas terras daquela região. Aliás, eu deixo o convite a todos, em nome do Adriano, do Simão e da Martina, que vieram em especial aqui para trazer este convite para a cônsul da Alemanha.

Viva a Alemanha, viva o Brasil, viva São Paulo.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos ao deputado Paulo Fiorilo. Nós gostaríamos de registrar e agradecer a presença do vice-cônsul da Áustria, Stefan Nemetz.

Neste momento, convidamos os alunos Letícia e Lucas, do Colégio Humboldt, a virem à tribuna para fazerem uso da palavra.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - Boa noite.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - Nós somos Letícia de Lima Schwarzbach.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - E Lucas Anholeto Vissotto.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - Estamos muito felizes em estar aqui esta noite representando os alunos do Colégio Humboldt.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - O Colégio Humboldt é uma das 140 escolas alemãs oficiais credenciadas pelo governo alemão para representar o projeto educacional alemão fora do país de origem, e que, juntamente ao consulado alemão e ao Instituto Goethe, divulgam e promovem uma imagem positiva e moderna da Alemanha no mundo.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - E como tudo isso começou? Como diz o nosso hino, criado em 2006 por alunos, em 1916 a escola iniciou com um grupo de alemães. Desde então, nós, alunos, somos introduzidos à cultura e à história alemã através de projetos e experiências. E, com os 200 anos da imigração alemã, não foi diferente.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - Os alunos, ao longo deste ano, foram incentivados pela escola a realizar diversos projetos para celebrar esse marco histórico. Um desses projetos, por exemplo, consistiu na produção de obras artísticas pelos alunos do segundo ano do ensino médio, que foram expostas na celebração dos 200 anos, promovida pelo Museu da Imigração.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - Além dessa dinâmica, foram incentivadas entrevistas com pessoas que vivenciaram a imigração na pele e que ficaram com essas experiências gravadas na memória. Essas entrevistas, realizadas por alunos do nono ano, tiveram o objetivo de difundir as histórias dos imigrantes e solidarizar-se com eles.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - Esses projetos nos ensinaram que a migração não é apenas uma história de mudança e adaptação, mas também uma história de lembrança. A cultura da memória desempenha um papel crucial quando se trata de honrar as experiências dos imigrantes e de seus descendentes. Ela nos ajuda a entender os desafios e os sucessos dos passados e nos ensina a importância de valorizar a diversidade da nossa sociedade.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - Além desses projetos voltados exclusivamente à celebração dos 200 anos da imigração, a escola também promove a cultura e a história através de outros projetos sobre temas relevantes, como o projeto “Butterfly Project”, que consiste na pintura de borboletas de argila por parte dos estudantes.

Esse projeto tem o intuito de eternizar, de forma poética e simbólica, a lembrança das crianças que pereceram no campo de concentração durante o período da Segunda Guerra Mundial.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - Ademais, a escola também conta com o Monumento DenkMalNach - ou, em português, “pense sobre” -, um projeto desenvolvido pelos alunos do terceiro ano do ensino médio, com auxílio de professores e arquitetos.

Ele tem como objetivo principal evocar à memória os atos cruéis e desumanos praticados na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial e contrastá-los com o presente, que emana conforto e alegria.

O monumento exposto no pátio do colégio representa sua dualidade, convidando os espectadores a refletir e relembrar os acontecimentos do passado, para que os mesmos erros não mais venham a se repetir no presente.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - Esse projeto tomou proporções inimagináveis e representa não apenas uma demonstração do poder criativo dos alunos autores, como também a preocupação em desenvolver um senso crítico, capaz de aprender com os erros cometidos no passado. Eu, Letícia Schwarzbach, aluna do nono ano, como cidadã alemã e brasileira, tenho contato com ambas as culturas desde que me entendo por gente.

De um lado, tive contato com os costumes e valores alemães; e, do outro lado, os costumes e valores brasileiros. Esse equilíbrio, esse jeito amplo de ver o mundo, pretendo passar por gerações.

O colégio me deu a oportunidade de conhecer mais e me aprofundar nas minhas origens, tanto alemãs quanto brasileiras, mostrando como elas são bem representadas e respeitadas. Aprender mais sobre as histórias contadas por meus parentes me cativou.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - Eu, Lucas Vissotto, aluno do nono ano, penso que a escola traz oportunidades para qualquer um que não tenha vivido a cultura alemã, porque essa foi a minha experiência. Desde os quatro anos de idade estou no Colégio Humboldt e não tenho parentes ou familiares que vieram da Alemanha ou falam alemão.

Porém, fui capaz de aprender a importância da língua e envolver-me com a cultura e costumes do país por conta da escola. Atualmente, tenho a oportunidade de ampliar meus conhecimentos em outras matérias, como a língua estrangeira.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZBACH - As histórias dos imigrantes alemães no Brasil fazem parte de uma narrativa mais ampla, que nos mostra como pessoas de diferentes culturas se unem para criar uma sociedade mais justa.

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - É um momento de celebração bastante importante, e o Colégio Humboldt se sente honrado de estar presente e poder colocar ao lado dos senhores e senhoras mais um marco histórico na história do nosso País, comemorando este evento que simboliza mais do que o enriquecimento da cultura nacional: a integração e a inclusão de pessoas do mundo inteiro.

 

A SRA. LETÍCIA DE LIMA SCHWARZEACH - Agradecemos a todos os envolvidos pela oportunidade de estar aqui celebrando essa história tão importante, 200 anos da imigração alemã.

(Pronunciamento em língua estrangeira).

 

O SR. LUCAS ANHOLETO VISSOTTO - Obrigado pela atenção de todos. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos aos alunos Letícia e Lucas, e convidamos a fazer uso da palavra a secretária municipal de Relações Internacionais em exercício, Maria Auxiliadora Figueiredo.

 

A SRA. MARIA AUXILIADORA FIGUEIREDO - Excelentíssimo Sr. Deputado Paulo Fiorilo; Exma. Sra. Cônsul-geral da Alemanha, Martina Hackelberg; Exma. Embaixadora Irene Vida Gala, do escritório de representação do Itamaraty, em São Paulo; e Exmo. Sr. Secretário Marcello Streifinger, secretário de Estado e Administração Penitenciária.

Excelentíssimos Srs. Cônsules-gerais que estão aqui presentes, senhoras e senhores: eu vim aqui para parabenizar a Alemanha pelos 200 anos de sua presença aqui no Brasil. Por acaso, eu estava ouvindo hoje, e essa ligação, 200 anos, tem quase tudo a ver com a nossa independência.

E a primeira cidade, São Leopoldo, foi nomeada São Leopoldo em homenagem ao santo por causa da Imperatriz Leopoldina. Dom Pedro I tinha grande interesse nessa imigração. Foi ele que promoveu a primeira imigração alemã para cá, para o Brasil, para nossa felicidade, felicidade de todos.

Enfim, São Leopoldo se distinguiu agora, por acaso também, durante as enchentes no Rio Grande do Sul, porque o prefeito José Ary Moura parece ter sido o único que tomou medidas preventivas contra enchentes no Rio Grande do Sul nessa calamidade que houve agora.

Esse prefeito foi muito elogiado... que eu vi no X, o antigo Twitter. Enfim, deve ser o espírito alemão de prevenção, aquele espírito científico, vamos estudar, que é uma coisa que a gente gostaria muito de ter e de aprender. A Alemanha realmente é um muito bom exemplo para todos nós.

Meu interesse, especialmente com o consulado, é apreender da Alemanha a capacidade de cooperação que eles têm, o governo alemão tem no exterior. Quem sabe, operação triangular favorecendo São Paulo e cidades alemãs, e na cooperação sul, sul. A Alemanha faz muito disso e faz muito bem, é um outro exemplo que a gente quer seguir, que a gente quer aproveitar, se for possível.

Mas o importante mesmo é deixar aqui meus parabéns, meus votos de felicidade, o desejo de tudo de bom. Que essa parceria continue, continue sempre tão bem como sempre esteve, e que continuemos a aprender com a Alemanha, que tem muito a nos ensinar.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Ouviremos a seguir o secretário Marcello Streifinger, secretário de Estado de Administração Penitenciária.

 

O SR. MARCELLO STREIFINGER - Excelentíssimo Sr. Deputado Paulo Fiorilo, presidente desta sessão solene; excelentíssima Sra. Martina Hackelberg, nossa cônsul-geral da República Federal da Alemanha em São Paulo; ilustríssima Sra. Irene Vida Gala, embaixadora subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo.

Sra. Maria Auxiliadora Figueiredo, secretária municipal de Relações Internacionais em exercício, senhoras e senhores aqui presentes, a Alemanha tem papel importante no Brasil desde antes do processo de imigração.

A gente não pode deixar de lembrar que a Imperatriz Leopoldina, da Casa de Habsburgo, foi quem assinou a declaração de independência do Brasil, que foi ratificada por Dom Pedro. Essa questão acaba, muitas vezes, passando despercebida pela história, mas ela vem desde sempre.

A presença da Alemanha no Brasil, destaque especialmente ao sul... e agora com a vinda dos povos do sul para o centro-oeste, para o norte e para o nordeste, está fazendo com que a cultura alemã se espalhe pelo território nacional. Isso é uma realidade nas últimas décadas.

Temos muitos imigrantes alemães e italianos do sul que estão ocupando áreas do norte, áreas do nordeste e áreas do centro-oeste, especialmente na expansão agrícola, e trazem consigo muitos dos seus costumes. Costumes que foram herdados de seus antepassados que migraram para o Brasil.

Eu sou fruto dessa história. Minha avó, de Bremen, encontrou meu avô, de Neukirchen vorm Wald, na Baviera, aqui no Paraná. Desse casamento, veio o meu pai, e aqui estou eu. Então, sou testemunha viva dessa história de sucesso da Alemanha no Brasil - especialmente, agora, da Alemanha em São Paulo.

Então, nossos parabéns à nossa cônsul Martina Hackelberg, que representa a Alemanha em São Paulo, e o nosso respeito aos nossos antepassados que fizeram essa história.

Atravessar o oceano para uma terra desconhecida, levando, praticamente, nada, e formarem os grupos sociais que se desenvolveram no sul, que, até hoje, continuam fazendo história, e que, até hoje, despertam o interesse de universidades alemãs até pelo alemão que falam.

Existe a brincadeira do plattdeutsch, hochdeutsch e “Santa Catarinadeutsch”, em que o alemão do século retrasado foi preservado nos vários grupos sociais que ali se desenvolveram e ainda utilizam essa forma de expressão.

Então, os meus parabéns aqui, neste momento, neste ato, hoje, por acaso representando o Governo de São Paulo, ao povo alemão e aos descendentes que aqui se fixaram, que constroem e construíram a história deste País.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Ouviremos a seguir a embaixadora Irene Vida Gala.

 

A SRA. IRENE VIDA GALA - Muito obrigada. Boa noite a todos e todas, é um prazer estar aqui. Eu gostaria de iniciar por cumprimentar o deputado Fiorilo, por nos receber e acolher nesta Casa. Realmente, é uma satisfação estar aqui.

Saúdo todos os meus colegas do corpo diplomático, aqui no caso, do corpo consular. Saúdo, evidentemente, a Mesa; os meus colegas; embaixadora Maria Auxiliadora; o nosso secretário; um especial agradecimento e um cumprimento à minha colega Martina, por ter me permitido essa oportunidade de falar aqui e falar em nome do governo brasileiro, do Ministério das Relações Exteriores.

Este tem sido um momento em que - alguns dados históricos já foram trazidos, afinal, nós estamos em uma celebração de 200 anos - eu gostaria de trazer um dado que é pouco sabido. Mesmo para mim foi uma descoberta recente, fazendo uma pesquisa de fontes primárias no Arquivo Histórico do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Os primeiros imigrantes alemães chegaram há 200 anos, mas chegaram em um número relativamente pequeno. O grande número de imigrantes veio no final do século XIX, quando o Brasil estava em um processo, que todos nós aqui devemos saber, de substituição da mão de obra negra, dos escravizados que tinham sido trazidos para o Brasil.

O que a gente conhece pouco é um componente da história que situa essa imigração de alemães para o Brasil em um momento em que o continente africano estava sendo ocupado pelos europeus. Então, nós estávamos assistindo, no sistema internacional, a um grande processo de ocupação de África, aquele território gigantesco, por populações europeias de vários países.

Eu cito isso aqui, porque o momento era o momento, e como eu pude ver nessa... Enfim, eu não sei aqui os que gostam de pesquisa histórica, mas foi absolutamente fascinante ler documentos das legações do Brasil no exterior e, especialmente, da legação do Brasil na Alemanha. Vendo que, naquele momento, havia uma competição por mão de obra estrangeira. No caso, competição por mão de obra europeia.

E o grande trabalho dos diplomatas brasileiros no final do século XIX, no Segundo Império, era exatamente convencer que o melhor para os alemães seria vir para o Brasil e não ir para o continente africano. Então, vejam que esse é um dado que, na história do Brasil, a gente nunca tem.

Enfim, aqui, quem é brasileiro e acompanha, nós nunca pensamos como de fato houve uma concorrência no sistema internacional entre essas várias comunidades que começaram a ocupar, seja o continente americano, seja o continente africano.

Eu faço essa referência apenas para registrar a importância do que foi a diplomacia brasileira em assegurar que a comunidade alemã estivesse aqui. Sinto-me muito feliz por representar uma tradição histórica, também de 200 anos, que assegurou que hoje os alemães fossem, talvez, uma das maiores comunidades estrangeiras no Brasil e absolutamente integrados ao nosso País.

Faço isso deixando aqui o registro e a saudação às relações bilaterais entre Brasil e Alemanha, que o governo brasileiro, assim como o governo a alemão, segue profundamente empenhado.

Muito obrigada.

Parabéns a toda a comunidade alemã e parabéns ao Brasil, que conseguiu acolher, integrar e fazer um grande povo.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos as palavras dos membros da Mesa e, neste momento, convidamos para vir à frente, juntamente aos membros da Mesa Diretora, o deputado estadual Paulo Fiorilo e a Sra. Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha.

Neste momento, o deputado estadual Paulo Fiorilo faz a entrega de flores à cônsul-geral da Alemanha, Martina Hackelberg, em comemoração a este momento. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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Pedimos para que retornem aos seus lugares. Neste momento, ouviremos a Sra. Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha, representante desta homenagem.

 

A SRA. MARTINA HACKELBERG - Prezado deputado estadual e presidente desta sessão, Paulo Fiorilo; prezada embaixadora e subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo, Irene Vida Gala; prezado coronel Marcello Streifinger, secretário de Estado da Administração Penitenciária; prezada Maria Auxiliadora Figueiredo, secretária municipal de Relações Internacionais aqui em São Paulo. Cumprimento todas as demais autoridades e todos os convidados.

É uma grande honra estar aqui na Alesp para comemorarmos juntos o jubileu de 200 anos da imigração alemã para o Brasil. Agradeço muito a oportunidade de poder dirigir algumas palavras a esta respeitosa Casa. Caro deputado Paulo Fiorilo, muito obrigada pela iniciativa.

O ano de 2024 representa um momento especial nas relações bilaterais entre o Brasil e a Alemanha. Há dois séculos, chegaram ao Brasil os primeiros colonos vindos de regiões que hoje pertencem à Alemanha. Quando chegaram, eles atenderam a um chamado, ajudar a construir um país jovem.

Assim como os imigrantes de outras nações, eles contribuíram de várias maneiras para a criação do Brasil de hoje. A profunda amizade e simpatia que brasileiros e alemães compartilham hoje está baseada nessa longa história conjunta.

O jubileu que festejamos neste ano se refere ao evento histórico do dia 25 de julho de 1824, quando os primeiros colonos alemães chegaram em um lugar que mais tarde se tornaria a cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

A imigração alemã se espalhou, logo depois, para diversas regiões do Brasil, inclusive com forte presença no estado de São Paulo. Chegaram agricultores, artesãos e, mais tarde, engenheiros, intelectuais e empresários. Estima-se que, hoje, mais de seis milhões de brasileiros têm ascendência alemã.

Ao buscarem melhores condições de vida no Brasil, os imigrantes trouxeram consigo sua força de trabalho, suas habilidades e, assim, deixaram uma marca significativa na cultura brasileira, em especial o idioma alemão, que ainda é amplamente falado em várias regiões, principalmente no sul do País.

Brasileiros gostam de festejar Oktoberfest em Blumenau, como aqui em São Paulo. E delícias como “apfelstrudel” e joelho de porco viraram parte do cardápio brasileiro.

A presença alemã em São Paulo também se mostra em várias instituições que os imigrantes fundaram e que existem até hoje, como o Colégio Visconde de Porto Seguro, o Colégio Humboldt, o Colégio Benjamin Constant, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a SAP e o Clube Pinheiros, antigamente chamado Clube Germânia.

Mais recentemente, a partir dos anos 50 do último século, várias empresas alemãs vieram para o Brasil. Hoje, são mais de mil empresas alemãs no País. Elas contribuem com aproximadamente 10% do PIB brasileiro, a maioria delas no estado de São Paulo.

As conexões entre nossos países estão mais fortes do que nunca. Juntos, olhamos para a frente. Somos parceiros estratégicos e queremos, juntos, enfrentar os grandes desafios do futuro. Por essa razão, o chanceler alemão Scholz e o presidente Lula instituíram no ano passado uma parceria para a transformação ecológica e socialmente justa.

Com essa parceria, trabalhamos juntos nas áreas de inovação e tecnologia, pesquisa, economia, mudanças climáticas, cultura e desenvolvimento. Apoiamos o Brasil na presidência do G20 neste ano e estamos preparados para ser parceiros na organização da COP 30, em Belém, no próximo ano.

Histórias de sucesso da colaboração e conexões teuto-brasileiras estão presentes em ambos os lados do Atlântico. É claro que muitas brasileiras e brasileiros também vivem e trabalham na Alemanha hoje, um país que se torna cada vez mais diverso.

Estou muito feliz que estão presentes, aqui nesta celebração tão especial, também alunas e alunos das escolas alemãs em São Paulo. Nesses lugares, não apenas aprendem o idioma e obtêm conhecimentos, mas também vivenciam a riqueza de duas culturas, se tornando pontes vivas de intercâmbio e compreensão mútua. Estou convencida de que as novas gerações continuarão a escrever e fortalecer as relações entre brasileiros e alemães.

Antes de concluir, eu gostaria de agradecer novamente à Alesp pela realização deste evento. Gostaria de parabenizar os músicos que nós vamos ouvir e agradeço o apoio de todos os representantes do estado e da cidade. Vocês são parceiros imprescindíveis.

Diante desses laços, ressalto que fiquei muito feliz com o fato de a Alesp ter estabelecido o dia 25 de julho como o Dia da Celebração Anual da Emigração Alemã. Este é um claro sinal da valorização da nossa história em comum. Juntos, vamos prosseguir neste caminho de amizade e cooperação.

Muito obrigada. (Discurso em língua estrangeira.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Para celebrar os 200 anos da imigração alemã no Brasil, teremos o prazer de ouvir a apresentação do grupo de alunos do Núcleo de Desenvolvimento de Carreira, NDC, da Escola de Música do Estado de São Paulo, Emesp Tom Jobim.

Convidamos, na flauta, Gabriela Fiorini; e, no clarinete, Kaique Iritsu. (Palmas.) O repertório irá incluir “Dois Duos”, de Kaspar Kummer, e “Um Sonho de uma Noite de Verão”, de Felix Mendelssohn, para o duo de flauta e, perdão, com o arranjo para duo de flauta e clarinete por Kaique Iritsu.

 

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- É feita a apresentação musical.

 

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Os nossos agradecimentos aos músicos, alunos do Núcleo de Desenvolvimento de Carreira da Escola de Música do Estado de São Paulo - Emesp Tom Jobim, Gabriela Fiorini e Kaique Iritsu.

Nós gostaríamos de convidar todos os presentes para que prestigiem, no Hall Monumental da Assembleia, a exposição “Jornada para o Brasil - História das Migrações de Povos de Língua Alemã”.

A curadoria da exposição é uma parceria entre o professor Dr. Martin Deher, membro do Instituto Histórico de São Leopoldo, e Erny Mügge, da Editora Oikos e do Instituto Martius Staden. O objetivo é enriquecer o conhecimento e a compreensão sobre a importância histórica e cultural da imigração alemã.

Para o encerramento desta solenidade, passamos a palavra ao deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PRESIDENTE - PAULO FIORILO - PT - Bom, antes de mais nada, eu quero agradecer aqui essa parceria com o Consulado, que nos proporcionou não só um momento de história, mas de cultura, com essa apresentação maravilhosa.

Agradecer a presença das autoridades e dizer à cônsul Dra. Martina que as portas da Assembleia estarão sempre abertas para que a gente possa sempre, no 25 de julho ou em agosto, comemorarmos cada um dos anos que a gente vai ter pela frente, assim como com os outros cônsules que estão aqui presentes.

A Assembleia se abre para esse diálogo permanente, porque entende a importância que tem cada um de vocês aqui, cada representação consular, na parceria com o estado e na parceria com a Assembleia Legislativa.

Aqui a gente já promoveu atividades com a Itália, com Portugal, com a Coreia, com o Paraguai e com vários outros consulados. Nós queremos continuar essa tradição, porque é isso que fortalece os nossos laços, é isso que possibilita a gente construir parcerias.

Eu falei de Boituva, falei do Petar, falei de Eldorado, de Iporanga, de Cananéia, mas eu tenho certeza absoluta de que este estado tem muita coisa boa para apresentar para cada um e para cada uma de vocês que estão aqui por um período breve, mas que podem aproveitar muito na cultura, na economia, na educação, em vários aspectos.

Então, Martina, parabéns por essa possibilidade que você nos traz. Queria aqui agradecer a presença de cada um de vocês.

 Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço a todos os envolvidos na realização desta solenidade, tanto do Consulado como aqui da Assembleia e do meu gabinete. Quero aqui terminar agradecendo mais uma vez a presença de cada um de vocês.

Está encerrada esta sessão solene. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 20 horas e 14 minutos.

 

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