
30 DE OUTUBRO DE 2025
154ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: DANILO CAMPETTI
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - DANILO CAMPETTI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h.
2 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
8 - PRESIDENTE DANILO CAMPETTI
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 31/10, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h37min.
* * *
ÍNTEGRA
* * *
- Assume a Presidência e abre
a sessão o Sr. Danilo Campetti.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE - DANILO
CAMPETTI - REPUBLICANOS - Boa tarde a todos. Presente o número regimental de Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção e as bênçãos de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior
e recebe o Expediente. Passamos agora à lista de oradores do Pequeno
Expediente.
Convido
para fazer uso da palavra deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio
Marcolino. (Pausa.) Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado Delegado Olim.
(Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.)
Deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.)
Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado
Edson Giriboni. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos.
(Pausa.) Deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.)
Deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira.
(Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.)
Deputado
Thiago Auricchio. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.)
Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Rômulo Fernandes.
(Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.)
Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Alex Madureira. (Pausa.)
Deputada
Profª Camila Godoi. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputada Solange
Freitas. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur.
(Pausa.) Deputado Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Deputado
Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Marcelo Aguiar.
(Pausa.)
Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado
Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Dirceu Dalben. (Pausa.) E deputado Rogério
Santos. (Pausa.) Agora passamos à Lista Suplementar, deputada Marina Helou.
(Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. Vossa
Excelência tem a palavra pelo tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Danilo Campetti, Srs.
Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente,
ontem eu estive em reunião no Supremo Tribunal Federal com o presidente do STF,
o ministro Edson Fachin.
Nós tivemos uma
audiência para tratar de alguns temas, mas, sobretudo, centrado na questão do
tema da lei que, infelizmente, foi aprovada aqui na Assembleia Legislativa, que
trata daquela reforma agrária para os ricos.
Mas
aproveitamos, a deputada federal Luciene e eu, ela estava presente também, nós
cobramos, conversamos com o ministro Fachin para que ele retome com a pauta das
ADINs que versam sobre o fim do confisco das aposentadorias e das pensões. Essa
votação, Sr. Presidente, esse debate no Supremo Tribunal Federal foi
interrompido no final do ano passado, por conta de um pedido de vistas do
Gilmar Mendes, do ministro Gilmar Mendes.
Mas nós já
tínhamos, e temos até agora - se ninguém mudou de voto - nós já temos os votos
necessários para formar maioria no Supremo Tribunal Federal para o entendimento
de que a cobrança de confisco de aposentadoria e de pensão para quem ganha
abaixo do teto do INSS é inconstitucional.
Ou seja,
questionando a Lei da Reforma da Previdência, aprovada pelo governo Bolsonaro,
que autorizou o confisco das aposentadorias e das pensões. Eu me refiro aqui à reforma
previdenciária que ele aprovou no Congresso Nacional, em 2019, que abriu as
portas do inferno para que municípios e estados cobrem, confisquem
aposentadorias e pensões.
Nós... Existem
ADINs, ações no Supremo, questionando. E nós tínhamos já conseguido seis, sete
votos. E, no entanto, houve a paralisação do julgamento por conta de um pedido
de vista do ministro Gilmar Mendes. Ele já devolveu, agora falta a retomada.
Então, nós
pedimos a ele, ao ministro Fachin, para que libere a votação, coloque em curso
o julgamento, já com os votos, Sr. Presidente, porque nós não podemos mais
esperar por essa situação.
Aqui em São
Paulo, por exemplo, a prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes, está
confiscando as aposentadorias e as pensões de quem ganha abaixo do teto do
INSS. Um absurdo isso.
E aqui em São
Paulo, nós derrubamos o confisco, sim, o confisco do Dória, que foi baseado na
reforma do Bolsonaro, mas agora tem que devolver o que ele confiscou. Então,
nós estamos em uma luta imensa aqui.
Eu tenho um
projeto de lei, que está tramitando, para que haja devolução de tudo que foi
roubado, de tudo que foi assaltado, retirado dos bolsos dos aposentados e dos pensionistas
do estado de São Paulo durante os dois anos.
E agora nós
dependemos desse julgamento. Esse julgamento vai ser importante para que nós
possamos, aqui em São Paulo... O Estado devolver o que foi confiscado dos
aposentados e dos pensionistas durante os dois anos.
E também
impedir que prefeitos e governadores possam confiscar novamente. Ou continuar
confiscando, como é o caso aqui da Prefeitura de São Paulo, do prefeito Ricardo
Nunes - na Câmara Municipal tem o PDL 22.
Então,
estávamos lá ontem, com vários deputados, o deputado Suplicy estava, a deputada
Bebel, o deputado Emídio, o ministro Paulo Teixeira, da Reforma Agrária. Foi
uma boa reunião. Mas depois nós, em particular, conversamos. Tem aqui até a
foto, minha e da deputada Luciene Cavalcante, que conversou muito com ele.
Machado, pode colocar aqui para mim.
Então,
estávamos lá, nós dois ontem. A deputada Luciene Cavalcante foi muito enfática
nessa questão, até porque ela acompanha esse processo desde o início. Ela tem
conversado também com outros ministros sobre esse tema.
E aproveitamos
também, esse foi o tema central que nós conversamos com ele ali, em particular,
mas também em relação à escola cívico-militar, de uma outra Adin que nós temos
lá, que foi proposta por nós, do nosso coletivo “Educação em Primeiro Lugar”,
através do PSOL, para suspender, para tornar inconstitucional a lei,
infelizmente aprovada aqui na Assembleia Legislativa.
Mas que, por
enquanto, nós conseguimos deter a sua implantação, da famigerada farsa da
escola cívico-militar do estado de São Paulo, por conta de uma outra
representação que nós fizemos ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que
proibiu a contratação dos monitores, Sr. Presidente.
Militares sem
formação nenhuma, que é um absurdo total, ganhando mais que os professores, e
até mais que as diretoras das escolas estaduais, sem que tenham nenhum tipo de
formação para isso. Então, esse tema também foi abordado por nós.
Então, era isso,
Sr. Presidente. Foi uma reunião muito produtiva, tratamos a questão do
confisco, a questão da reforma agrária para os ricos, contra, logicamente, e
essa questão também da nossa posição para revogar a famigerada lei aprovada
aqui na Alesp, que instituiu a escola cívico-militar no estado de São Paulo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS -
Muito obrigado, deputado Carlos Giannazi. Seguindo a lista de oradores, convido
o deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy, V. Exa. tem a
palavra pelo tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Prezado Sr. Presidente, deputado Danilo Campetti. Sras.
Deputadas, Srs. Deputados. Também gostaria de, primeiramente, relatar a viagem
que fiz à Brasília, no dia de ontem e de hoje, onde cumpri uma intensa agenda
de defesa dos interesses do povo paulista e brasileiro.
A primeira
agenda foi um encontro de extrema importância com o presidente da Câmara dos Deputados,
Hugo Motta. Fui, então, acompanhado do ministro Paulo Teixeira e das várias
associações de pacientes e familiares em prol da cannabis terapêutica, para
falar de esperança. A esperança de milhares de famílias, que, assim como eu,
hoje dependem do acesso à cannabis medicinal para o seu bem-estar, que vivem
sob uma constante e angustiante insegurança jurídica.
A falta de uma
regulamentação clara aumenta a vulnerabilidade dessas pessoas e entidades.
Casos tristes, como o que ocorreu com a Associação Santa Gaia, que deixou
milhares sem seu tratamento, não são isolados. São frequentes e inaceitáveis.
Diante disso, é
nosso dever avançar. Solicitei ao presidente Motta que dê andamento à
tramitação do Projeto de lei nº 399, projeto que já passou por uma comissão
especial e que, agora precisa urgentemente ser pautado para votação em
plenário.
Felizmente,
encontrei no presidente um interlocutor sensível, que se dispôs a colaborar e
dar prosseguimento a essa matéria, que é de tanta relevância para a saúde pública.
Ressalto aqui o empenho do ministro Paulo Teixeira, que é um dos principais
autores do PL nº 399, enquanto deputado federal.
Em seguida, eu
participei de um momento histórico profundamente impactante, a posse do
companheiro Guilherme Boulos, como ministro da Secretaria-Geral da Presidência
da República. A cerimônia foi marcada pela forte e significativa presença de
movimentos sociais.
Foi também um
momento de grande comoção, onde nos solidarizamos e nos unimos no luto pelas
vítimas da absurda chacina ocorrida no Rio de Janeiro nesta segunda-feira.
Esse evento
trágico nos lembra de forma cruel a falência completa de uma estratégia que utiliza a violência como método para lidar com a
complexa questão das drogas em territórios específicos, como as favelas. É a
prova inconteste de que a guerra às drogas, como tem sido praticada, é uma
guerra contra os pobres, e que precisamos de novas políticas baseadas em
direitos e na vida.
Após a posse, seguimos com meus
valorosos colegas, a deputada Professora Bebel, o deputado Carlos Giannazi e o
deputado Emídio de Souza, para uma reunião com o presidente da Suprema Corte, o
ministro Fachin.
Discutimos as sérias implicações do
projeto que trata das terras devolutas. Esse projeto que prevê a venda de
terras estatais griladas a preços vis, muito aquém do seu valor real, constitui
um ataque frontal ao patrimônio público e ao território do Estado.
É um verdadeiro assalto ao que é do
povo. Levávamos... Levamos ao ministro Fachin a necessidade de pautar a ação
direta de inconstitucionalidade elaborada pelo PT, pois acreditamos firmemente
que a inconstitucionalidade desta medida deve ser reconhecida e combatida.
Foram essas, prezados colegas, as três
agendas de um dia muito produtivo em Brasília. Uma jornada que transitou desde
a luta pelo direito à saúde, pela memória dos que sofrem com a violência de
estado, até a proteção intransigente de nosso patrimônio público. Em todas
elas, esteve presente o meu compromisso inalienável com a construção de um
Brasil mais justo e solidário.
Sr. Presidente, se quiser usar a
tribuna, eu assumo a Presidência.
O SR. PRESIDENTE -
DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS
- Não, não vou fazer uso da palavra, deputado. O senhor concluiu a fala do
senhor?
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT -
Eu gostaria de falar mais uma vez, então.
O SR. PRESIDENTE -
DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - É possível. A gente só precisa seguir
a lista de oradores, o deputado Giannazi vai falar e eu retorno a palavra para
a Vossa Excelência.
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT -
Sim, sim. Muito bem.
O SR. PRESIDENTE -
DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Bom, convido o deputado Carlos
Giannazi para fazer o uso da palavra.
O SR. CARLOS GIANNAZI -
PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente deputado Campetti, deputado Suplicy. De volta à tribuna de hoje.
Sr. Presidente, ontem na nossa ida
à Brasília, nós tivemos também uma importante reunião com o ministro da
Educação, o ministro Camilo Santana, onde nós levamos demandas importantes
relacionadas à nossa área, a área da Educação.
Uma das pautas que nós discutimos
com ele - aqui tem a foto, após a reunião -, uma das pautas importantes foi em
relação a um projeto de lei que nós temos aqui na Assembleia Legislativa, um
outro projeto que tem também, está tramitando na Câmara Federal, que é
acompanhado pela deputada Luciene Cavalcante, que trata da questão do acesso
dos profissionais da Educação - todos os professores, agentes de organização
escolar - à merenda escolar, ao programa da merenda escolar, que hoje é um
absurdo, Sr. Presidente.
O agente de organização escolar
não pode, por exemplo, almoçar com os alunos, nem o professor. Há uma
proibição, há uma vedação em relação a esse comportamento, a esse procedimento.
E nós fomos até o ministro mostrar
a ele que tem que ser alterada essa legislação, que tem projeto de lei já
tramitando na Câmara dos Deputados, e que a lei tem que ser alterada. Nós já
conseguimos aqui aprovar o nosso projeto nas duas comissões pertinentes, na
Comissão de Constituição e Justiça e também na Comissão de Educação, falta só
agora a Comissão de Finanças.
O vereador Celso Giannazi tem uma
aqui na Câmara Municipal também. E a deputada Luciana Cavalcante, que nos levou
a essa reunião junto ao ministro, também acompanha essa tramitação de um
projeto em Brasília.
O secretário, o secretário não, o
ministro se mostrou sensível a isso. Também acho que os profissionais da Educação devem ter
acesso à merenda escolar. Até porque, por exemplo, aqui em São Paulo, o vale-refeição
de um profissional da Educação é de apenas 12 reais, o que é um absurdo. Então,
não dá nem para comprar a coxinha.
Tanto é que o
apelido do vale-refeição da rede estadual é vale-coxinha da rede estadual. Ou
dos servidores estaduais, porque não é só para o professor, não. Para o
policial militar também, para o pessoal da Polícia Penal, para todas as
secretarias, basicamente, é esse valor de 12 reais, para o pessoal da Saúde, é
o vale-coxinha.
E também os
projetos que eu apresentei agora, que eu citei, são projetos que garantem que
não pode se alterar ou diminuir ou retirar o vale-refeição ou o vale- alimentação
dos profissionais da Educação, sem prejuízo do pagamento desses vales. Então,
nós levamos essa demanda, levamos também para ele, para o MEC, para o ministro
Camilo Santana, a questão da Carteira Nacional Docente.
Pedimos a ele
para que inclua nessa Carteira Nacional Docente do professor também as
professoras aposentadas, as professoras e professores aposentados do Brasil, as
diretoras das escolas, que são integrantes da carreira do Magistério.
Porque, para
que elas tenham sido aprovadas em concurso público e assumido o cargo de
diretoras de escolas, elas foram docentes também. Isso é muito claro, elas são
da carreira do Magistério.
E também pedimos
para que fossem incluídas as auxiliares de Educação infantil, as educadoras de Educação
infantil, que não têm ainda a designação do cargo de professora. Mas são
professoras, de fato, na prática, porque estão exercendo a carreira docente. O
ministro disse que haverá publicação, talvez de outro decreto, fazendo esse
ajuste que nós colocamos, que o MEC já estava pensando nisso.
Que o primeiro
decreto foi diretamente para o professor, mas que o MEC está aberto a incluir
também outros segmentos da carreira do Magistério na Carteira Nacional Docente.
Por fim, Sr.
Presidente, nós também colocamos uma questão importante, que foi a Prova
Nacional Docente. Aqui em São Paulo houve um caos em algumas escolas, por falta
de estrutura, falta de funcionários.
Por exemplo, na
Escola Gavião Peixoto, lá em Perus, que é a maior escola da América Latina. Lá
foi um caos absoluto, Sr. Presidente. Nós ficamos chocados com o que aconteceu.
Então, essa
Prova Nacional Docente, que é uma avaliação, que avalia os professores, ela, na
verdade, aqui teve um outro efeito em São Paulo. Avaliou a precarização, o
sucateamento da rede estadual de ensino, a falta de estrutura da rede estadual
e a falência da política educacional do governo Tarcísio de Freitas.
Por fim, Sr.
Presidente, para concluir, eu também participei ontem, ativamente, da grande
manifestação contra a reforma administrativa. Que a gente chama de “deforma” administrativa,
porque ela tenta acabar com os serviços públicos prestados à população do nosso
Estado.
Então houve uma
manifestação com milhares e milhares de pessoas, que marcharam até o Congresso
Nacional, e depois entraram para conversar com os deputados, com os senadores,
mostrando que essa reforma é falsa. Porque ela vai acabar com a estabilidade,
ela vai acabar com o concurso público, ela vai estimular as privatizações, as
terceirizações.
Essa reforma
vai beneficiar o apadrinhamento político, porque não vai ter mais concurso. Cada
prefeito vai nomear os médicos, as enfermeiras que ele quiser, os professores,
os servidores da Segurança, quando tem Guarda Municipal. Isso pode acontecer
com o Estado também.
Então o apadrinhamento
político vai se espalhar por todo o Brasil. E a transferência de dinheiro
público para empresas privadas explorarem os serviços públicos, essenciais ao
povo, à população que mais precisa.
Então, foi um
movimento importante, e teve resultado. Porque hoje tem até a matéria aqui, da “Folha
de S. Paulo”, que eu quero mostrar aqui no telão. Machado, vamos colocar. Já
dando conta da nossa vitória: “Deputados retiram apoio à PEC da reforma administrativa
e ameaçam bandeira de Hugo Motta”.
Ou seja, após a
nossa manifestação, ontem à noite, dez deputados que tinham assinado a PEC para
dar as 171 assinaturas, para que houvesse o protocolo, vieram a público retirar
as assinaturas. Se arrependeram, porque conheceram melhor as contradições e os
efeitos perversos dessa farsa da reforma administrativa. Então, já conseguimos
um grande avanço com a manifestação de ontem.
E, para
terminar, Sr. Presidente, essa reforma administrativa vai atacar também os
aposentados e pensionistas, porque vai esvaziar os fundos previdenciários. Vão
terceirizar tudo, privatizar, não vai ter mais servidor efetivo para contribuir
com o regime previdenciário. Então, vai ser um caos.
E quem assina
essa reforma é o Centrão, que todo mundo, o Brasil inteiro conhece e odeia, e a
extrema-direita bolsonarista. Os mesmos que defenderam a PEC da bandidagem
estão agora defendendo esse desmonte, essa farsa da reforma administrativa.
Então, veja
bem, como a gente vai confiar no Centrão e nessa extrema-direita que defendeu a
PEC da bandidagem, da blindagem? São os mesmos. Coisa boa não vem da
extrema-direita; coisa boa, o Brasil nunca verá do Centrão, Sr. Presidente.
Nós vamos
continuar nas ruas lutando contra essa reforma administrativa, que também vai
acabar com a evolução funcional, com o quinquênio, com a sexta-parte, com a
licença-prêmio, acaba com tudo.
Acaba com o
servidor público e acaba também com a prestação de serviços públicos lá na
ponta, na escola pública, no posto de saúde, na Segurança Pública, na Assistência
Social.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS -
Obrigado, deputado Carlos Giannazi.
Seguindo a lista de oradores, convido o
deputado Eduardo Suplicy. Vossa Excelência tem a palavra pelo tempo regimental
de cinco minutos.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Campetti, eu gostaria também
de aqui manifestar o meu absoluto repúdio à operação da polícia do estado do
Rio de Janeiro, realizada no último dia 28 de outubro, que vitimou mais de 130
pessoas, caracterizando-se como a operação mais letal da história das forças de
Segurança de nosso País.
A chamada
Operação Contenção mobilizou cerca de 2.500 policiais, civis e militares, e
concentrou-se nos Complexos do Alemão e da Penha, territórios densamente
habitados, marcados por desigualdades históricas, pela ausência persistente do Estado
em políticas sociais e garantidoras da vida e da dignidade humana.
O Governo do
Estado do Rio já reconheceu 121 mortos, 117 civis e quatro policiais, mas, para
a Defensoria Pública, os mortos já somavam 134 até o final do dia de ontem.
Não há como
aceitar que tamanha letalidade seja apresentada como uma operação bem-sucedida,
como quer fazer crer a narrativa do governador do Rio e de alguns parlamentares
desta Casa.
Uma operação
dessa dimensão, sem inteligência, sem planejamento estratégico capaz de
preservar vidas, é a negação dos princípios básicos do que deve ser uma
política de Segurança Pública no marco do Estado Democrático de Direito.
Na tarde de
ontem, em Brasília, pude encontrar e abraçar minha amiga deputada federal
Benedita da Silva, que se manifestou de forma contundente no plenário da Câmara
Federal, ressaltando que, ao contrário do discurso de alguns, nas comunidades
vivem, segundo as suas palavras:
“Famílias
decentes, que vão limpar as casas dos senhores e das senhoras, que cuidam de
seus cachorros e de seus filhos. São essas pessoas que nós defendemos.”
Mulheres, crianças, idosos, trabalhadoras e trabalhadores foram expostos ao
terror de uma guerra urbana. A operação ocorreu no início da manhã, quando
muitos dormiam, e os confrontos se estenderam por becos, vielas e matas por
onde não havia saída segura.
Segundo a “Agência
Brasil”, estamos diante de um novo marco trágico na história das violações de
direitos humanos em nosso País. O que está na base dessa violência são corpos
negros que a sociedade insiste em não ver, e é a partir desses corpos expostos
e desumanizados que o Estado organiza e justifica a sua guerra. São sobre essas
vidas, e não outras, que o modelo de Segurança Pública bélico e punitivista
escolhe como território legítimo da morte.
A cada operação
policial naturaliza-se o extermínio, e, ao se referir aos mortos apenas como
bandidos, apaga-se sua condição de pessoas, adolescentes, trabalhadores,
moradores de favelas. É estarrecedor que tenhamos nos acostumado a ver crianças
e jovens tratados como inimigos de guerra. A estética dos corpos no chão não
nos causa mais espanto, e talvez este seja o sinal mais doloroso de nossa
barbárie cotidiana. Por que a morte de pessoas negras não choca o País? Por que
o corpo negro tombado é visto com indiferença?
Não se trata de
uma guerra às drogas. Se há uma guerra, esta é uma guerra racializada, que se
alimenta de desumanização sistemática de parte do nosso povo, que se sustenta
na ausência de políticas de Educação, de Cultura, de trabalho e até de uma
renda básica universal.
O que houve no
Rio de Janeiro foi uma ação bélica e desproporcional, sem inteligência, sem
integração com outros atores do sistema de Justiça, sem a observância do
decidido pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 635, colocando em risco tanto a
população moradora das comunidades quanto os próprios policiais.
Como bem
apontou o Instituto Sou da Paz em nota sobre a operação policial no Rio, o tipo
de estratégia utilizada na operação não ataca os elos centrais do crime
organizado, não rompe as rotas de tráfico de drogas para países europeus, não
desmonta seus mecanismos de lavagem de dinheiro ou o abastecimento de armas.
O massacre ao
qual assistimos, dia 28, é o retrato de uma necropolítica institucionalizada,
que decide todos os dias quais vidas merecem proteção, quais podem ser descartadas.
É o retrato da violência de um Estado que mata ao invés de proteger, que
fracassa no provimento de Segurança Pública como direito humano e fundamental.
Não podemos
naturalizar o que houve. A investigação sobre a megaoperação policial no Rio de
Janeiro precisa ser federalizada e realizada por peritos independentes. Além
disso, em todos os casos de crime organizado, os Ministérios Público Federal e
Estadual devem estar envolvidos.
Também a
Defensoria Pública do Estado, que, neste momento, segundo a “Globo News”, está
sendo impedida de acompanhar as perícias que estão sendo realizadas pelo
próprio estado do Rio de Janeiro.
É preciso, com
urgência, debatermos a Segurança Pública que queremos. Uma Segurança Pública
que se faz com garantia de direitos, com prevenção, com integração e com
inteligência. Esse debate não pode mais ser adiado.
Esta Casa tem a
responsabilidade de tomar iniciativas para que o estado de São Paulo finalmente
aprenda que o modelo de Segurança Pública baseado no extermínio não traz solução,
apenas perpetua a escalada da letalidade policial e o projeto de genocídio da
juventude negra brasileira.
Muito obrigado,
Sr. Presidente, por me dar a oportunidade de completar o pronunciamento.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Muito
obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Vossa Excelência deseja falar novamente?
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Se for possível, eu falo novamente.
O SR. PRESIDENTE - DANILO
CAMPETTI - REPUBLICANOS - Vossa Excelência está inscrito. Então eu convido o deputado
Carlos Giannazi. (Pausa.) Que não se encontra.
Então
a palavra está novamente com V. Exa. Eduardo Suplicy.
Vossa
Excelência tem cinco minutos, que é o prazo regimental.
Com
a palavra pelo tempo de cinco minutos.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado
Campetti, ontem meu mandato acompanhou a audiência pública com a finalidade de
discutir o Projeto de lei nº 1.046, de 2025, que aprova a atualização do Plano
Estadual de Recursos Hídricos referentes ao período de 2024 à 2027, e o Projeto
de lei nº 1.083, de 2025, que altera a Lei nº 17.383, de 5 de julho de 2021,
que dispõe sobre a criação de Unidades Regionais de Saneamento Básico.
Me preocupei com a supressão de alguns dispositivos
que considero de crucial importância, como o que consta no Art. 4º do Projeto
de lei nº 1.046, de 2025, que propõe a revogação dos § 1º, 2º e 3º do Art. 18
da Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991, que tratam da competência da
Assembleia Legislativa para apreciar e deliberar sobre as atualizações do Plano
Estadual de Recursos Hídricos.
A ausência desses dispositivos implica em grave
enfraquecimento do controle legislativo e da transparência na formulação de
políticas públicas de gestão das águas no estado de São Paulo. Considero a participação
do Poder Legislativo essencial para garantir o equilíbrio entre os poderes, a
fiscalização democrática das ações do Executivo e a representação dos
interesses regionais e municipais nas decisões sobre os recursos hídricos.
Me chamou a atenção uma questão trazida pela
coordenadora do Ondas, Observatório Nacional dos Direitos a Água e ao
Saneamento, a engenheira Renata de Faria Rocha, que fez uma crítica a nova
proposta da URAEs, Unidades Regionais de Serviços de Abastecimento de Água
Potável e Esgotamento Sanitário, ao afirmar que essa proposta tem o intuito de
facilitar a privatização dos oligopólios das empresas de saneamento e
esgotamento sanitário.
Percebe-se um movimento de consolidação do monopólio
da Sabesp privatizada, atualmente ampliado com a aquisição da EMAE, o que lhe
garante exclusividade na exploração dos mananciais da região metropolitana de
São Paulo. Além disso, propõe-se agora a fusão das URAEs 2, 3 e 4 em uma nova
URAE-2, medida que visa facilitar e pressionar os gestores municipais a
aderirem ao Programa Universaliza São Paulo.
Essa estratégia, no entanto, desrespeita aos
interesses econômicos da Sabesp privatizada, seus investimentos em prejuízo do
interesse público e do bem-estar da população paulista.
É imprescindível, pois, que esta Casa legisle em
defesa da sociedade e não do capital. Acredito que essas propostas devam ser
melhor debatidas com a população e não em regime de urgência, como está sendo
conduzida. Água é direito e não mercadoria.
Sr. Presidente, muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - DANILO
CAMPETTI - REPUBLICANOS - Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente Campetti, havendo acordo entre as
lideranças, eu peço para ser levantada a sessão.
O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI
- REPUBLICANOS - Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy. É regimental o pedido de V.
Exa. Excelência.
Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças,
esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para
a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Quero agradecer a todos que nos
acompanharam pela Rede Alesp, nas galerias, agradecer as assessorias, agradecer
os servidores da Casa, agradecer os meus irmãos policiais militares, civis,
policiais penais.
Uma boa tarde a todos.
Que Deus abençoe.
Está levantada a presente sessão.
* * *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 37
minutos.
* * *