15 DE AGOSTO DE 2025
36ª
SESSÃO SOLENE DO PRÊMIO HIP-HOP O ANO TODO - 2ª
EDIÇÃO
Presidência: MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
RESUMO
1 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Assume a Presidência e abre a sessão às 20h10min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Nomeia as autoridades presentes. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
3 - PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene para realizar a "2ª Edição do Prêmio Hip-Hop o Ano Todo", por solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos. Agradece a todos os presentes. Lembra que, no mês de agosto, celebram-se 52 anos da cultura hip-hop no mundo. Salienta a relevância do hip-hop como manifestação cultural e artística. Enfatiza o movimento hip-hop como luta e resistência negra.
4 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a apresentação de poesia de Vinão Mandinga.
5 - VINÍCIUS COSTA
Vereador de Itatiba, faz pronunciamento.
6 - PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Destaca a presença de crianças e de mães na solenidade. Reitera a importância do acesso de mães à cena hip-hop. Informa a vinda de três batalhas, da cidade de Registro, acompanhadas pelo vereador Jefferson.
7 - ROSE SOARES
Codeputada estadual do Movimento Pretas, faz pronunciamento.
8 - LETÍCIA CHAGAS
Codeputada estadual do Movimento Pretas, faz pronunciamento.
9 - LUANA ALVES
Vereadora de São Paulo, faz pronunciamento.
10 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a apresentação de breaking dance do grupo Hip-Hop no Trem. Anuncia a entrega do Prêmio Hip-Hop o Ano Todo aos homenageados: Aliança Negra Posse; Negra Li; Dorothy Braids; Lessa Reis; Nação Hip-Hop; Stefanie; Rico Dalasam; Jupi77er; Tasha e Tracie; Slam Marginal da USP; Nenê Surreal; Vampp; Batalha da Bíblia; Batalha da Tribo; Brisa Flow; Elas no Hip-Hop; DJ Anazú; Coletivo Oeste Rap; Boombeat; Slam Oz; Brunão Ment'Sagaz; e Zula.
11 - SIMONI SANTOS
Representante do coletivo homenageado Aliança Negra Posse, faz pronunciamento.
12 - NEGRA LI
Cantora e rapper homenageada, faz pronunciamento.
13 - DOROTHY BRAIDS
Trancista e produtora cultural homenageada, faz pronunciamento.
14 - LESSA REIS
Integrante do Movimento Hip-Hop homenageada, faz pronunciamento.
15 - LYU
Representante do coletivo homenageado Nação Hip-Hop, faz pronunciamento.
16 - BETO TEORIA
Representante do coletivo homenageado Nação Hip-Hop e assessor parlamentar, faz pronunciamento.
17 - STEFANIE
MC e rapper homenageada, faz pronunciamento.
18 - RICO DALASAM
Cantor, compositor e rapper homenageado, faz pronunciamento.
19 - PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Destaca que as placas entregues junto às homenagens constituem moções de congratulações e agradecimentos, propostas por esta deputada, e aprovadas pela Alesp.
20 - JUPI77ER
MC e rapper homenageado, faz pronunciamento.
21 - ED PERCY
Representante do Slam homenageado Marginal da USP, faz pronunciamento e apresentação musical.
22 - PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Enfatiza a emoção deste evento.
23 - NENÊ SURREAL
Artista visual e grafiteira homenageada, faz pronunciamento.
24 - VAMPP
Professora, artista plástica e poeta homenageada, faz pronunciamento e apresentação de poesia.
25 - IGOR FERNANDES
Assessor parlamentar da deputada Monica Seixas do Movimento Pretas, faz pronunciamento.
26 - MAY BERNARDO
Fundadora da Batalha da Bíblia homenageada, faz pronunciamento.
27 - TETY LIPU
Representante da Batalha da Tribo e MC indígena homenageado, faz pronunciamento e apresentação musical.
28 - BRISA FLOW
Artista e ativista indígena homenageada, faz pronunciamento.
29 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Comenta acerca do evento Hip-Hop Cria na Aldeia Kopenoti, realizado no ano passado, com a presença de Brisa Flow.
30 - THAIANE LOPES
Representante do coletivo homenageado Elas no Hip-Hop, faz pronunciamento.
31 - LISA SILVESTRE
Representante do coletivo homenageado Elas no Hip-Hop, faz pronunciamento.
32 - DJ ANAZÚ
DJ e educadora homenageada, faz pronunciamento.
33 - EDSÃO IMEDIATO
Representante do coletivo homenageado Oeste Rap, faz pronunciamento e apresentação musical.
34 - DOX BAKARI
Representante do coletivo homenageado Oeste Rap, faz pronunciamento e apresentação musical.
35 - BOOMBEAT
Rapper, cantora e compositora homenageada, faz pronunciamento.
36 - LUCÃO POETA
Representante do coletivo homenageado Slam Oz, faz pronunciamento.
37 - NYCA
Representante do coletivo homenageado Slam Oz, faz pronunciamento.
38 - BRUNÃO MENT'SAGAZ
Poeta, rapper, professor e sociólogo homenageado, faz pronunciamento.
39 - ZULA
Conselheira de cultura de Santo André e organizadora da batalha homenageada Donas da Rua, faz pronunciamento.
40 - PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Informa acerca da meta de realização anual do evento Hip-Hop o Ano Todo. Expressa o compromisso de protocolar um projeto de hip-hop nas escolas. Enfatiza a luta de seu mandato junto a coletivos de hip-hop pelo reconhecimento e pelo uso do espaço público nos municípios.
41 - ANA LAURA
Codeputada estadual do Movimento Pretas, faz pronunciamento e apresentação de poesia.
42 - PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 22h22min.
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ÍNTEGRA
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- Assume a Presidência e abre a sessão
a Sra. Monica Seixas do Movimento Pretas.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Boa noite!
(Palmas.) Sejam todas, todos e todes muito bem-vindos à Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo.
Essa sessão solene tem a finalidade de
realizar o prêmio “Hip Hop o Ano Todo”, que está em sua segunda edição.
Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida, ao
vivo, pela TV Alesp e pelo canal no YouTube.
Convido para que componha a Mesa a
deputada estadual Monica Seixas do Movimento Pretas, presidente e proponente
desta solenidade. (Palmas.) Gostaria de convidar também as codeputadas Rose,
Ana Laura e Letícia Chagas. (Palmas.)
Convido a todos os presentes para, em
posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
*
* *
- É reproduzido o Hino Nacional
Brasileiro.
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* *
Registramos e agradecemos a presença
das seguintes personalidades: o Gilvandro, assessor da deputada estadual
Luciana Genro; Adilson Moreira, professor e doutor em Direito; Rosana Rufino,
presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB de São Paulo; também
agradecemos ao Jefferson, vereador da cidade de Registro; Vinicius da Costa,
vereador da cidade de Itatiba; e também ao Sr. Beto Teoria, assessor da
deputada Leci Brandão; e à Sra. Luzia, advogada da Educafro.
Muito obrigado pela presença. (Palmas.)
Passo a palavra, agora, à proponente
desta sessão solene, deputada estadual Monica Seixas do Movimento Pretas.
(Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Estendo as palmas, a saudação, a alegria, os gritos a todos vocês. Podem ter
certeza de que o sentimento é recíproco. Cada um, cada uma que está aqui, hoje,
é muito importante e especial na minha trajetória, assim como na trajetória de
muitos jovens, negros, periféricos, LGBTs, meninas, mulheres, indígenas do
estado de São Paulo todo.
Bom, nesse agosto, em que a gente
celebra 52 anos da cultura e do movimento hip hop no mundo, aqui no estado de
São Paulo a gente celebra o dia 11 de agosto como o Dia do Hip-Hop, uma data
proposta pela minha colega, companheira e deputada estadual, Leci Brandão.
Um abraço, Leci. Não está com a gente
hoje por motivos de saúde, mas o time dela está aqui com a gente, assim como
também está o time do deputado Eduardo Suplicy.
Nesse agosto, a gente celebra uma
cultura que nasce no Bronx, mas que se espalha no mundo e que, no Brasil, chega
nos anos 80, misturando a capoeira e o samba para transformar revolta em
empoderamento, denúncia em arte e cultura.
O hip-hop, como movimento, sempre fez
parte da luta e da resistência negra no Brasil. Fala de nós para nós. É uma
ferramenta pedagógica. Por isso, “5 Elementos”, a gente vai conhecer e
homenagear a gente dos “5 Elementos” hoje.
Dos grandes, que estão na cena
comercial, do qual muitos de nós somos fãs, e dos menores, que ainda estão
batalhando pelas praças, pelo direito de ocupar a rua com a nossa arte, com a
nossa cultura, com a nossa existência.
Hoje, a gente vai receber aqui meninas
que estão resistindo, falando da vida das mulheres e do feminismo. Vamos
receber LGBTs. Vamos receber indígenas. Vamos receber gente do break e do
grafite, DJs, MCs e do conhecimento ao qual todos nós somos extremamente
gratos. Vamos falar um por um.
Mas eu quero lembrar que esse é um
estado que ainda criminaliza a cultura hip-hop. Todo mundo que passou pelas
batalhas e pelos slams tem uma denúncia de violência estatal a denunciar.
O Estado ainda nos persegue. Vários dos
nossos companheiros são mortos. Alguns de nós, ameaçados e presos. Enquanto a
gente tenta ocupar praças, os teatros ainda estão muito distantes da nossa
realidade. Mas a gente é presente na memória, nos desejos de cada jovem negro
periférico do estado afora.
Por isso, nessa noite, a Assembleia
Legislativa agradece à imensa e imensurável contribuição de cada um de vocês
para a história e memória e cultura do estado de São Paulo.
Vamos abrir a nossa sessão solene, mas
eu quero deixar aqui o meu muito obrigada a todas. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos à
deputada Monica Seixas. E, nesse momento, convidamos o Vinão Mandinga para uma
poesia. (Palmas.)
*
* *
- É declamada a poesia.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada,
Mandinga Verso, por essas palavras que cortam o vento. Neste momento, convido a
fazer uso da palavra o vereador Vinícius da Costa. Tem dois minutinhos para dar
uma saudação.
O
SR. VINÍCIUS COSTA - Obrigado. Muito obrigado,
gente. Queria, bem brevemente, que acho que aqui a gente está hoje para ouvir
os artistas, parabenizar e agradecer a Monica e o mandato das Pretas.
Especialmente pelo caso que nós sofremos em Itatiba. Por isso que eu fiz questão
de vir prestigiar a atividade do mandato.
Lá, no Carnaval, em uma ação da Polícia
Militar, mais uma ação violenta da Polícia Militar, eles foram com a tropa de
choque para cima da juventude. E eu, numa tentativa de proteger a juventude,
naquele momento do Carnaval, fui preso e violentado pela Polícia Militar.
E o mandato da Monica se dispôs,
atendeu todos os nossos pedidos, e nos auxiliou. Então eu queria parabenizar
você, Monica, por acolher todas as demandas da juventude pobre, negra, de
periferia, da capital, mas do interior também. Então, por isso, fiz questão de
vir te parabenizar aqui, agradecer e parabenizar por toda essa ação.
Eu estou olhando esse plenário, e eu
acho que talvez a gente tenha o mesmo sentimento. No plenário da Câmara
Municipal, eu me sinto extremamente sozinho. E talvez, aqui no plenário da
Alesp, você também se sinta. E ver esse plenário tomado de jovens negros,
mulheres, LGBTs, faz a nossa prática e a nossa atuação política se encher de
esperança.
Eu acho que a gente tem que ocupar,
cada vez mais, esses lugares, e tomar de assalto, dessa galera que governa esse
País há 500 anos.
Então, parabéns, tamo junto na luta.
Conta comigo e conta com o meu mandato
também.
Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
- PSOL - Obrigada. O Vinícius falou,
e eu estou morrendo de vontade de estar aí embaixo, porque eu nunca fui
acompanhada de tão boa companhia. Geralmente, o cenário é diferente, quando eu
estou sentada aí embaixo.
Mas antes, para a gente não prolongar
muito, só lembrar e dizer que a gente está cercado, ainda bem, por muitas
crianças. O que significa que nós temos mães na cena. E as mães não têm acesso
fácil em todos os lugares. Que as crianças sejam bem-vindas, que corram, que
brinquem, que façam barulho livremente.
E lembrar da responsabilidade coletiva
que nós temos, só de não deixá-las passar das portas, para elas ficarem em
espaços seguros entre nós. Mães, se precisarem de apoio o nosso time está aí
para auxiliar no que for preciso para espaço para amamentação, fraldário e
etc., só procurar uma das nossas, mas deixem as suas crianças livres, que elas
serão muito bem-vindas entre nós.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS
- Agora
gostaria de chamar para uma saudação o vereador de Registro, Sr. Jefferson.
(Palmas.)
A SRA. PRESIDENTE - MONICA
SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Ele ficou lá em cima. Está dando um “oi”. (Palmas.)
Registro, que veio em uma van hoje com três batalhas da cidade, não é isso? E
que eu me comprometo aí em visitá-los, já itinerei batalhas, mas ainda não fui
a Registro.
Salve,
batalhas de Registro. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS
- E agora
para uma saudação as codeputadas, Letícia Chagas e Rose Soares.
A SRA. ROSE SOARES - Boa noite todos, todas e
todes que estão aqui nesta Casa aqui esta noite. Que coisa mais linda a visão
que a gente está tendo deste lugar, é uma visão muito rara neste espaço, que é
um espaço que, infelizmente, não foi construído para nós, apesar de sermos nós
a maioria da população.
Então,
olhar aqui hoje e ver jovens, negros, mulheres, crianças, todo o pessoal que a
gente encontra no nosso dia a dia, dentro do busão, na UBS, o povo que faz a
economia deste país girar somos nós.
Então
hoje esta Casa pertence a todos nós, mas mais ainda a vocês, porque nós estamos
aqui no mandato diariamente encontrando rostos muito diferentes, e que, às
vezes, se incomodam de nos encontrar pelos corredores, mas hoje o sentimento de
pertencimento é mutuo e é intenso neste espaço. A gente consegue sentir a
alegria e a energia de poder estar acompanhados de todos vocês.
Aos
homenageados, meus parabéns; a todos vocês que vieram de perto, ou de longe,
muito obrigada; às crianças presentes, a nossa saudação, porque elas são o
futuro que a gente quer para o nosso país, um futuro mais justo, igualitário,
mas principalmente diverso, onde a cultura negra seja respeitada.
Que
cada um de vocês sinta isso através do mandato Movimento Pretas, porque é isso
que a gente quer passar para vocês, respeito e dignidade à cultura preta.
Obrigada.
(Palmas.)
A SRA. LETÍCIA CHAGAS - Boa noite pessoal. Estou
muito feliz de estar aqui hoje também, queria, antes de tudo, agradecer muito
ao time da equipe Pretas, que é um mandato coletivo não só porque somos mais de
uma deputada, mas porque é um mandato pensado coletivamente mesmo. Então está
muito bonito, graças ao trabalho dessa equipe.
E queria
rapidamente dizer que todas as vezes em que estive aqui neste plenário foram
para momentos ruins, muito ruins, da política brasileira, diferente da
Monica... De nós, só a Monica tem que viver neste lugar horrível todos os dias,
graças a Deus, mas todas as vezes que a gente desce até aqui é para tentar
barrar algum tipo de retrocesso.
Então
aqui eu já vi estudante recebendo gás lacrimogênio na cara, já vi esse lugar
cheio de policial para tentar impedir o povo de entrar aqui e debater política,
já vi aqui dentro deputado cortando dinheiro da Educação.
Sabe
os mesmos deputados que dizem que são contra cotas, porque para eles precisa
melhorar a Educação básica? Esses mesmos cortaram bilhões do orçamento da
Educação neste plenário aqui.
Eu
estou dizendo isso para ficar muito evidente que este lugar não foi feito para
nós, eles fazem de tudo para que não seja o nosso lugar e, de algum modo, não é
mesmo, porque a maioria dos deputados aqui não nos representam, a maioria dos
deputados que estão aqui representam o que o governador fascista que nós temos
em São Paulo quer fazer aqui no nosso estado.
Então,
para mim, me enche de alegria ver que hoje vocês estão aqui e que esta Casa
pode não ser nossa, mas que a política que a gente faz no nosso bairro, que a
batalha que vocês fazem é o que muda a realidade e é o que pode mudar um
pouquinho as coisas aqui.
Então
a gente está aqui hoje, o Movimento Pretas, como mandato que é movimento, que é
coletivo e que é um instrumento da luta de vocês, mas a nossa luta não se
encerra aqui. Diria, inclusive, que os deputados aqui, mesmo os de esquerda, a
gente faz muito menos do que a gente gostaria, porque a luta real vem da luta
popular, vem do que vocês estão fazendo.
Achei
muito importante o que o Vinão trouxe aqui na apresentação inicial, porque o
hip-hop é político, o funk é político e a gente tem uma extrema direita hoje
que está tentando cooptar o funk e o hip-hop. A gente está aqui hoje para dizer
que a gente vai homenagear cada um de vocês que está aí, mas a gente está
homenageando vocês porque vocês cantam sobre luta, sobre batalha. E que o
movimento negro, que o movimento hip-hop, a gente tem classe e o nosso lado é
do lado da classe trabalhadora.
Então
a gente não fecha com a extrema direita e nem fecha com fascista. Hip-hop é
cultura negra, é política e a gente está aqui para relembrar que a nossa luta é
para transformar esse mundo, e a gente vai lutar muito, não importa quantos
brancos da direita estejam nesse espaço.
Obrigada.
(Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS
- Saudamos
também a presença de Jal Moreno, da Casa de Cultura Hip-Hop Leste Identidade
Periférica, a Thayssa Oliveira, assessora da deputada federal Sâmia Bomfim, MC
Levi, da Casa do Hip-Hop de Diadema, a nossa codeputada Ana Laura, e a nossa
vereadora da cidade de São Paulo, Luana Alves, que vão dar uma palavrinha para
a gente agora.
A SRA. LUANA ALVES - Salve, salve. Boa noite
para todas as pessoas presentes. Eu queria, primeiro, agradecer o convite das
minhas companheiras de luta, da Monica, da Letícia, da Rose, da Ana Laura, do
mandato Pretas, dessas mulheres que estão no ambiente difícil, como a Letícia
acabou de falar. Às vezes parece mais difícil que a Câmara dos Vereadores de
São Paulo, e é pesado mesmo, e estão aqui fazendo um trabalho gigante, não de
dizer que este espaço vai um dia representar o nosso povo, mas de ter a nossa voz
ouvida aqui dentro.
Bom,
eu na verdade tenho muito pouco para falar, eu tenho mais para prestigiar esse
evento. Sou vereadora da cidade de São Paulo, uma cidade fundamental para a
história do hip-hop brasileiro, e que tem essa história apagada na sua memória,
nas suas políticas culturais. São Paulo é fundamental para pensar em toda a
trajetória do hip-hop e do rap em São Paulo... No Brasil, na verdade.
E não
se tem orgulho dessa história, não se conta essa história, não se tem, por
exemplo, um museu como tem em Porto Alegre, que poderia ter em São Paulo. Então
é uma batalha que a gente tem que fazer todos os dias, mas essa batalha a gente
não vai deixar de ter.
Eu
tenho certeza que esse momento de homenagem que o mandato Pretas, que a Monica
está pensando, é, na verdade, uma homenagem ao que vocês sentem nas ruas todos
os dias. É um dia especial no espaço formal, mas eu tenho certeza que a maior
homenagem que vocês podem receber é saber o quanto de consciência que vocês já
mudaram ao longo da vida, o quanto de cabeça de menino, de menina, preto
periférico, que mudou de vida por conta do hip-hop, por conta do rap.
Esse
é um prêmio, essa é uma vitória que é difícil de medir, que a gente nunca vai
medir, porque o mundo trabalha contra a nossa consciência, o mundo trabalha
contra o nosso orgulho de ser preto, o mundo trabalha para a gente entrar em
uma alienação, para a gente não sentir orgulho de vir de onde a gente veio, de
ser quem a gente é. Então cada ideia disputada, cada disputa de consciência,
que por natureza o hip-hop faz, é uma disputa de futuro muito pesada.
Quantas
consciências e quantas vidas não foram mudadas por conta do hip-hop? Eu não
estou dizendo vida mudada porque melhorou financeiramente de vida, não estou
falando disso, estou falando de ideia mesmo, de sentido de você no mundo, na
história, e esse é um papel de que os poderosos têm muito medo.
Não
é à toa que o governador Tarcísio trata as culturas, as culturais musicais,
inclusive pretas e periféricas, de forma a criminalizá-las, porque é uma
ameaça. E não é uma ameaça, assim, de obstrução de rua, não é uma ameaça de
perturbação de sossego, é uma ameaça de perturbação da consciência que ele quer
que a gente tenha.
Então
esse papel é um papel que eu tenho certeza que é difícil de medir e que vocês
cumprem. Que hoje é um dia de homenagem, mas que a gente vai estar todos os
dias nas ruas seguindo, construindo.
Salve,
salve, hip-hop.
Salve,
povo preto.
Salve,
o nosso futuro.
Valeu.
(Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - Agradecemos as
palavras dos membros da Mesa. Neste momento, convido o Hip Hop no Trem. Vem
para cá a galera do break, que tem representado aí essa cultura nos trens da
cidade de São Paulo.
B-boy Bronca, B-boy Breakinho do
interior, chega para cá. (Palmas.)
*
* *
- É feita a apresentação musical.
*
* *
Eita que
esquentou este plenário.
Muito obrigada.
(Palmas.)
Neste momento,
a gente convida para vir à frente, juntamente com os membros da Mesa Diretora,
vamos começar a chamar os nossos homenageados, não é, gente? Bom, antes de
Coletivos, eram Crews, e antes de Crews eram Posses.
Abrindo a noite
e celebrando os mais velhos que ajudaram a escrever a história do hip-hop
brasileiro e a luta negra em São Paulo, que foram voz e escudo para a nossa
juventude, denunciando racismo, organizando
a comunidade, ocupando os espaços públicos e levando a cultura hip-hop
para onde precisava estar - nas ruas, nas escolas, nas praças.
Formaram lideranças, fortaleceram o rap
nacional e construíram pontes entre o movimento negro e a cultura hip-hop. Por
tudo que representam para a cultura hip-hop, para a luta antirracista e para a
memória do nosso povo, é com profundo respeito que convido a Aliança Negra
Posse para vir até à frente. (Palmas.)
A
SRA. SIMONI SANTOS - Primeiro gostaria de agradecer,
é claro, à Monica Seixas, ao Mandato das Pretas, à nossa vereadora que também
está aqui para prestigiar essa homenagem, a Luana Alves.
Para quem não sabe, a Luana está nos
ajudando aí com muita paciência e parcimônia a formar a Frente Municipal do Hip
Hop. Temos a estadual, estamos andando com a federal, então a gente segue em
luta, a gente segue buscando essa equidade, essa igualdade, e homenageando a
todos vocês, porque cada um aqui faz parte de uma história.
Não tem hip-hop se não estiver todos
nós, todos juntos em cada quebrada, em cada canto, fazendo isso com a nossa
teimosia, com a nossa resistência e também com a nossa necessidade que é a
questão número um, que nos faz querer estar nessa cultura, querer estar
honrando essa cultura, porque ela nos honra, nos faz ter orgulho de ser quem
somos.
A gente sabe que a luta não é fácil e
eu também, claro, não poderia deixar de agradecer ao Coletivo Aliança Negra
Posse, que me trouxe a consciência do que era ser mulher preta, me trouxe a
vontade de querer ser igual, de querer mantes os meus cabelos crespos, e essa
luta começa lá, sim, em 1988, na quebrada da Cidade Tiradentes. Um salve para a
minha quebrada - Cidades Tiradentes, Guaianases, Itaquera, São Mateus, e tantas
outras quebradas. E é sobre isso. (Palmas.)
Mas o hip-hop só é hip-hop, porque
somos todos nós. É por isso que até hoje sou uma mulher de coletivo, porque
ainda acredito nas posses, acredito que o hip-hop pode voltar a constituir
posses, porque as posses ajudam a gente a se guiar, nos fortalecer a se manter
firme nessa luta, porque sozinho é complicado, é difícil, e é só isso, gente.
Obviamente que a nega está emocionada e
gostaria também de deixar hoje um recado para nós, hip-hoppers desse Brasil:
que a luta do ano que vem será maior. O que estão tentando tirar da gente vai
para além de uma questão política - é o direto de votar.
Nós estamos sendo atacados, estão
querendo tirar o nosso presidente e dizer que a gente não pode votar. É isso o
que está acontecendo hoje no Brasil. Em 1988, o rap foi papel crucial para
poder fomentar, para poder reeducar a cultura nas quebradas.
Esse hip-hop que hoje está aqui precisa
continuar esse trabalho como nunca antes, porque nunca na história fomos tão
ameaçados como estamos sendo agora, e o hip-hop foi uma ferramenta
importantíssima, embora não fomos reconhecidos pela política, mas estamos avançando.
E cada passo é um passo e chegamos até aqui.
Então, a gente precisa voltar a
fortalecer o hip-hop de militância, o hip-hop ativista, aquele velho boom bap,
que só a gente soube como fazer. Agradeço a todos e também gostaria de
homenagear vocês aqui e falar que me sinto muito honrada pelo hip-hop que a
gente tem hoje.
Boa noite, gente.
Muito obrigada.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada pelas
palavras, Aliança Negra Posse.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Foto. Um segundo para a foto. Acelera que senão a Alesp vai me despejar às 22
horas.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de agradecer
a presença de Jal Moreno, da Casa de Cultura Hip Hop Leste. (Palmas.)
E agora gostaria de chamar ao palco
essa mulher que, desde cedo, mostrou que a cultura hip-hop também tinha lugar
para a voz de uma mulher preta. Com sua presença, ela abriu portas que antes
pareciam trancadas, inspirou meninas a sonharem alto, mesmo quando o mundo
insistia dizer o contrário.
No RZO, levou a periferia para os
palcos mais importantes do País. Depois, construiu uma carreira solo que cruzou
fronteiras, sempre com a mesma essência: falar de nós, contar as histórias,
levantar a nossa autoestima e mostrar a nossa beleza e a nossa força. Ensina
que estar no hip-hop é ocupar espaço, é resistir e é, acima de tudo, se
orgulhar das nossas raízes.
E é com imensa alegria, orgulho e muito
respeito que eu convido ao palco da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo a Negra Li. (Palmas.)
A
SRA. NEGRA LI - Boa noite. Muito obrigada. Saiba
que esses gritos, esses aplausos, são para todos nós, porque a gente é um só. É
nisso que eu acredito. Eu escrevi para ser bem objetiva, porque o meu TDAH não
ia me deixar ser.
Recentemente lancei o álbum “O Silêncio
Que Grita”. “O Silêncio Que Grita” é mais do que um álbum, é um manifesto
artístico que celebra os meus 30 anos transformando histórias, dores e resistências
em música, unindo empoderamento, feminismo e questões raciais e políticas.
Muito orgulhosa desse meu trabalho.
Em tempos de tanta superficialidade,
distrações, palavras vazias e falta de fé, seguir fazendo a minha arte,
mantendo os meus princípios e valores, superando os desafios que a vida me
apresenta sem desistir e, o melhor, resistindo e me superando a cada dia,
acreditando nas minhas ideias e no poder que a minha arte tem de transformar a
sociedade, é um privilégio, um ato político e de coragem.
São 30 anos de carreira e, obviamente,
passei por muitas fases. Nem sempre estive tão certa e segura como agora. E eu
posso afirmar: nunca é tarde para se reconectar consigo mesmo, com as suas
raízes; recomeçar, se for o caso, se reinventar. Não tentem se encaixar, se
adequar a determinados padrões ou expectativas, a famosa pressão social.
Entenda que não se encaixar também é um presente.
E o rap é uma cultura viva. Não é
apenas um gênero musical, mas uma ferramenta de resistência que nos conecta,
nos ajuda a construir nossa identidade, traz reflexões, autoestima, esperança e
por aí vai.
Que orgulho fazer parte dessa história
de resistência cultural. Ser homenageada no Hip-hop o Ano Todo é mais do que o
reconhecimento pessoal, é celebrar uma cultura que transformou a minha vida e a
vida de tanta gente. É um momento de alegria, mas também de reafirmar que a
luta continua.
Viva o hip-hop. Viva o DJ, o MC, o
grafite, o break e o conhecimento. (Palmas.)
Muito obrigada.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Agora a gente vai pedir uma foto. Isso. Agora a gente vai pedir uma foto.
Honrada, muito honrada mesmo. Muito honrada. (Palmas.)
Uma foto daqui para lá, gente. Esse
também. Uma foto com vocês. Licença. Vira para eles. Uma foto com todos vocês.
Licença.
Muito obrigada. A gente só agradece. Só
agradece, mesmo. Obrigada.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de chamar ao
palco agora a nossa próxima homenageada, a Dorothy Braids. (Palmas.) Desde 1989
na cena paulista, Dorothy é patrimônio vivo do hip-hop. Trancista, rapper,
dançarina e produtora cultural, ela vive intensamente os cinco elementos do
movimento: DJ, MC, grafite, break e conhecimento. Seu compromisso com a cultura
é inspiração para gerações.
Com muita honra, Dorothy Braids.
A
SRA. DOROTHY BRAIDS - E aí, Negra Li, dá
para encostar? Queria fazer uma homenagem para você, ao vivo, para a favela.
(Palmas.) Caralho. Ah, não pode falar assim, não é? Salve, salve a todos. Obrigada
por você pagar tudo isso e chegar onde você chegou. Muito obrigada, tá?
Agora, primeiro: estamos ocupando os
espaços, estamos fazendo as nossas coisas. Eu venho desde 89. De 89, uma mulher
chegar no hip-hop não era tão fácil assim. Para você usar uma legging, dançar
um break está facinho, aí. Está dando, aí. A gente teve que mostrar muitas
coisas, sabe?
A Li é um dos exemplos, como
Sharylaine, como Lady Rap, como eu. E é um preço que não é tão fácil. A gente
sabe como foi. A gente enterrar um amigo e ter uma universal branca dentro de
um velório, e fazer assim: “Assina aí, assina aí, assina aí”, e todo mundo em
estado de choque.
Bem-vinda, amor. Que bom te ver, viu?
Muito obrigada. Quem sabe lá, sabe, sabe?
Estou muito feliz. Hoje, ter as pretas,
as juntas, a favela, nós todas. Eu demorar 40 anos sendo trancista, sendo
b-girl, demorar para ter um momento como MC, também. Mas temos o nosso legado,
e hoje nós podemos falar que nós temos, também, uma profissão trancista.
(Palmas.) Hoje meu irmão marginal é um artista imortal, mundialmente, e o nosso
sonho não é só o nosso sonho. É o nosso sonho.
O Brasil e São Paulo... São Paulo é a
capital do hip-hop. São Paulo é a capital de quando a gente tomava tapa na
cara, a gente acreditava em um sonho. É isso o que nós somos. Nós não somos
egos, nós somos histórias. Cada um com a sua história, cada um com o seu sonho,
cada um com o seu amor.
Eu sou a segunda b-girl do Jabaquara
Breakers. (Palmas.) Tive a honra de trabalhar com o Paulo Freire sem saber.
(Palmas.) Trazer o hip-hop nas escolas, nesse momento, quando nós começamos,
foi um sonho.
Agora é primordial continuarmos
proliferando, semeando a cultura hip-hop. Nós temos que fazer assim como nós
fazemos com os nossos filhos. Porque eu sou privilegiada, eu tenho “uma pá” de
filho. Ainda tenho “uma pá” de filho “de rua”. E os filhos desses “de rua” têm
“uma pá” de filho. A única coisa que salva é o hip-hop.
Me tornar uma artista marginal não é
tão fácil assim. A sociedade nos chama de “marginal”, a rua não. Porque você
salvar vidas não é assim, do dia para a noite. O trabalho de trancista era um
bico. Hoje nós sabemos que o bico que eu tenho há 40 anos me fez acadêmica, fez
acadêmicas as minhas filhas, os filhos dos meus filhos e assim vai. E é isso
que a gente faz.
O Marcio sonhava em ser jogador de
basquete, o seu filho é jogador de basquete? A minha irmã também é uma atleta.
Eu sou, além de musicista, trancista e ser uma multiartista periférica não é
tão fácil assim. Demoramos sei lá quantas décadas para falar da profissão
trancista.
O conhecimento, ao meu ver, eu conheci
primeiro, fui resgatada. E assim vai. A obrigação de nós, hoje está muito
lindo, está muito bom, mas levar o hip-hop nas escolas, que eles não querem.
Sabe o que eles não querem? Eles não querem a gente ocupando esses espaços, os
nossos filhos estarem nos espaços.
Falar sobre o racismo é uma coisa muito
séria. Não é só uma esquerda, direita mimada. É o skinhead. Sabe há 30 anos que
a gente apanhou? Sabe há 30 anos que eles mataram o nosso amigo? Que a gente
fez o Anhangabaú? Vamos ter que começar tudo de novo. Quem está dentro?
(Palmas.)
Então vamos que vamos, gente. Vamos que
vamos, porque hoje eu fico feliz de estar aqui com as nossas. Estamos todo
mundo junto, mas eu vou ficar muito mais feliz se como há...
Lembra quando mataram o nosso amigo ali? E que
a gente preencheu o Anhangabaú? Se cada um de vocês dentro dos territórios,
como eu faço no Grajaú, com verba ou sem verba, a gente vai ter posicionamento.
A gente vai preencher os espaços.
Com ou sem dinheiro, nós vamos semear a
cultura, proliferar nossa cultura, porque nós somos de onde? Nós somos da rua.
Nós somos hip-hop. E a ditadura? Nem sei, mano. Torturada eu já fui quando eu
tinha 12 anos, tomando tapa na cara de polícia.
E o que é hoje? Onde a gente está? Onde
nós estamos? Então a gente não... O dinheiro não compra a nossa postura. Com
dinheiro ou sem dinheiro, nós vamos ocupar e proliferar nossa cultura.
(Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada pela
sua fala, Dorothy.
Gente, a gente está com o tempo muito
corrido, falta uma hora para a plenária fechar e temos ainda 19 homenageados.
Então cada um tem dois minutinhos de fala.
Então vou pedir para vocês serem
breves, porque temos pessoas muito especiais, queremos ouvir um pouquinho de
todo mundo. E depois a gente pode ter uma troca mais profunda em outro momento.
Lá fora, não é? (Fala fora do microfone.) Isso, aqui, olha, na frente vai estar
o tempo para as pessoas falarem, tá?
E agora eu gostaria de chamar ao palco
Lessa Reis, que traz em sua voz a força de quem sabe que o hip-hop é uma
plataforma política e instrumento de empoderamento para a periferia.
Sua trajetória é compromisso com a
valorização cultural e social das nossas comunidades. Hoje celebramos sua arte
e seu legado.
Com carinho e respeito, convidamos
Lessa Reis. (Palmas.)
A
SRA. LESSA REIS - Eu só tenho que falar gratidão.
Gratidão por ter conhecido pessoas como
a Dorothy, como o Marcio Chuck, como o MC Levi, pessoas que me ouviram, pessoas
que me deram espaço, não é? Para mim e para a minha grande amiga e companheira,
Beatriz, Bia Martins.
A gente lutou muito no interior para
fazer o hip-hop acontecer, e eu estou muito emocionada, porque assim, é muito
difícil para a gente do interior ter voz, porque no interior é muito mais
difícil, no interior a direita é muito violenta com qualquer manifestação
cultural, com qualquer manifestação de voz, não é? E eles nos massacram, eles
nos calam. E eu estou aqui hoje, neste momento, porque eu acreditei que a
educação, aliada à cultura, transforma vidas.
E eu acredito que o hip-hop nas escolas
é uma coisa que a gente realmente, todos nós que estamos aqui, temos que lutar
para que isso aconteça. E a gente tem que levar como exemplo o que foi feito, o
Repensando a Educação, que foi um trabalho da Sueli Chan, quando, a própria
Dorothy falou, a Dorothy foi uma das primeiras pessoas... Oi, meu lindo, tudo
bem?
E a Dorothy foi uma das primeiras
b-girls nesse trabalho. E esse trabalho foi um trabalho que abriu para o DMN,
para os Racionais, para o Xis, então a gente tem que fazer isso acontecer de
novo. A gente tem essa força e a gente precisa unir forças, todos nós.
A gente não pode dividir. A gente não
pode achar que o meu pensamento é melhor que o seu ou que a minha quebrada é
melhor que a sua. A gente tem que unir as quebradas e fazer a coisa acontecer
através da política. Da política. E a gente consegue mudar esse Brasil através
da política porque o hip-hop movimenta o mundo.
Vamos lá, gente!
Muito obrigada por estar aqui, é uma
honra. (Palmas)
A
SRA. PRESIDENTE MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Quem é a favor de eu apresentar um projeto de hip-hop nas escolas, grita.
(Palmas.)
Aprovado.
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Fundado em 2005, o
Coletivo Nação Hip-Hop é uma rede que fortalece a cultura e as pautas políticas
da periferia em 14 estados e no Distrito Federal.
Eles são protagonistas na luta por
políticas públicas que valorizem a nossa cultura e a nossa gente. Por seu papel
fundamental no fortalecimento da cultura, convidamos ao palco o Coletivo Nação
Hip-Hop. (Palmas.) Nação Hip-Hop, são dois minutinhos, tá?
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
A
SRA. LYU - Olá, boa noite. Eu sou Lyu, sou de
Ribeirão Pires. Eu vou ser bem enxuta, anotadinha, para a amiga não ficar
levantando a plaquinha.
É com uma enorme gratidão estar aqui
celebrando o Dia do Hip-Hop.
Há 20 anos, eu estava na fundação da
Nação Hip-Hop Brasil. E, desde então, sigo firme nessa caminhada de luta e
transformação.
Mas quero destacar algo que, para mim,
tem um peso enorme. Ser mulher e estar à frente da Casa do Hip-Hop de Ribeirão
Pires, um espaço historicamente masculino. Ocupar essa posição não foi fácil,
mas foi necessário.
Foi um ato de coragem e afirmação de
responsabilidade com todas as mulheres que respiram esta cultura.
Obrigada, deputada. É de grande valia
estar aqui e necessário, e vamos estar sempre firmes na luta pelo hip-hop.
(Palmas.)
O SR. BETO TEORIA - Bem
rápido, a Nação Hip-Hop foi fundada em 22 de janeiro de 2005. Hoje, a gente
está organizado em 14 estados da Federação mais o DF. Nosso presidente nacional
é o Fred Negro F., de BH. Aqui em São Paulo, a gente está na Baixada Santista,
no Vale do Paraíba, no ABC e na Capital.
Aqui estão vários parceiros, está aqui
o Bruno, que é da Batalha da USP, está aqui a Claudia, que é lá de Rio Grande
da Serra, a Aline, de Ribeirão Pires, o Dhigo Black, o Pedro Master Pe, do
Estúdio, o Betinho Zulu, do Vale do Paraíba, o Tiba, do prêmio “5elemento”, DJ
Pippa e a Liu. Quem quiser conhecer o nosso trabalho.
Queria também deixar aqui um abraço,
viu, deputada? E também para a vereadora Luana. Eu sou assessor da deputada
Leci Brandão, uma grande griô, defensora do hip-hop. Trago aqui o abraço da
nossa deputada, contem com o mandato da deputada Leci, contem com a Nação
Hip-hop, estamos à disposição de vocês.
Obrigado, deputada. (Palmas.)
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Foto, foto!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Saudamos a presença
do jornal “Empoderado”.
E agora, ela, de Santo André, tem quase
duas décadas de trajetória marcada pela força de suas letras engajadas, uma voz
que representa as mulheres no rap nacional, destacando sua potência feminina,
com palavras que cortam e inspiram. Suas declarações e sua música reafirmam que
o rap é o lugar para mulheres cabulosas.
Com carinho e reconhecimento,
convidamos Stefanie. (Palmas.)
A
SRA. STEFANIE - Muito boa noite a todas, todos e
todes presentes.
Para quem não me conhece, meu nome é
Stefanie MC. Vim de lá da cidade de Santo André, ABC Paulista.
Sou muito grata por ter conhecido a
cultura hip-hop na minha cidade. Sou muito grata por ter conhecido todas as
pessoas, Brisa Flow, diretamente de BH. Conheci muitas pessoas, ganhei muitos
amigos nessa cultura.
O hip-hop me trouxe uma consciência que
eu não tinha, o hip-hop me trouxe sentido de vida, me trouxe uma direção, me
trouxe um propósito.
Hoje, eu sou uma mulher negra que canta
rap e tenho 41 anos de idade, com dois filhos. Não foi fácil chegar até aqui.
Muitas vezes, nós, que somos mulheres, somos desacreditadas, mas hoje eu estou
vendo aqui muitas e isso mostra o quanto essa cultura é mágica, como ela é
poderosa e como a rua, como a periferia é forte e a gente tem ideia para trocar
e a gente tem “procedê” e isso está no nosso sangue e a gente vai continuar
resistindo com muito amor a essa luta.
Muito obrigada à cultura hip-hop, muito
obrigada, deputada, muito obrigada às Pretas, de coração.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
A gente que agradece. (Palmas.) Só agradece. Chega aqui para uma foto, que a
gente quer tietar.
Obrigada, muito obrigada.
Os dois são seus, esse também é seu. Eu
choro junto, eu sou canceriana.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - Jefferson Ricardo,
conhecido como Rico Dalasam... é um dos pioneiros do rap, é um dos pioneiros do
rap queer negro no Brasil. Seu EP “Modo Diverso” e o single “Aceite-C” abriram
caminhos para que jovens negros e gays encontrassem voz e espaço no rap
nacional. Sua arte é resistência e celebração da diversidade.
E é com profundo respeito que chamamos
ao palco Rico Dalasam!
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
É aí mesmo, é aí mesmo, pode ir, pode ir. Eu não tenho nem roupa.
O
SR. RICO DALASAM - Muito boa noite. Eu estou muito
feliz, antes de tudo, muito feliz de estar aqui essa noite. Penso que essa
noite aqui é o sonho de muitas outras pessoas, que têm contribuído e feito pelo
hip-hop.
E estar aqui essa noite, e todo mundo
que está aqui essa noite, que eu consigo ver, significa que não estamos mais
presos nas fazendas do interior de São Paulo, não estamos nos hospitais
psiquiátricos, não estamos encarcerados, não estamos, ainda aqui essa noite, em
nenhuma armadilha, em nenhuma cilada, em nenhuma errada.
A gente está celebrando o hip-hop, e
graças ao hip-hop, certamente, é o que nos construiu, nos constrói, nossas
consciências. Ainda que eu transite por vários outros lugares e o meu caminho
seja amplo e vasto, é o hip-hop que é o meu eixo. Eu posso pintar em outras
frentes, mas é no hip-hop que eu volto quando eu preciso aprumar meu eixo e
recalcular minha rota sempre.
Obrigado, Monica, obrigado, mandato das
Pretas.
Viva o hip-hop e muito obrigado.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
A gente só agradece. Só agradece. (Palmas.)
Vem aqui para a gente ter a honra de
tirar uma foto, para a gente te entregar também nossas singelas moções. Essas
plaquinhas e certificados são moções de congratulações, de agradecimento da
Assembleia Legislativa, que a gente aprovou e propôs para todos vocês.
Muito obrigada. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIA - Bom, Jupitter
Pimentel, ou Jupi77er, começou sua jornada no rap aos 12 anos e nunca deixou de
exalar arte para resistir e transformar. Integrante de Rap Plus Size, ele une
música e ativismo contra a gordofobia e a transfobia.
O álbum “Transcendência” é um marco da
identidade e coragem. Hoje, celebramos sua trajetória, que amplia o significado
da representatividade no hip-hop.
Com muita admiração, convidamos
Jupi77er!
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - É
lá, é lá!
JUPI77ER
- Salve, família, boa noite para nós, certo? Boa noite para
nós, certo? Da hora. É um momento muito importante para nós.
Bom, muita gente no hip-hop já me
conhece, vários conhecidos aqui hoje, mas foi ano passado que a minha cara
ficou conhecida no Brasil todo por conta de um vídeo, onde eu falo da minha
identidade de gênero, boyceta.
Viralizou aí principalmente nas mídias
de extrema direita, por deputados que defendem o fim de pessoas como eu, que
defendem a morte de pessoas como eu, de pessoas trans e travestis. Pessoas que
querem o nosso fim e querem também o nosso silêncio.
A minha imagem ficou conhecida de uma
maneira que eu nem imaginava que ia ficar. Porque já são 20 anos de hip-hop,
desde 2004 fazendo isso acontecer. E, infelizmente, foi dessa forma que o meu
nome viralizou, de uma maneira vexatória e deturpando todo o conceito do que é
uma identidade transgênero não-binária.
São 20 anos de hip-hop, e eu tenho o
orgulho de chegar aqui e dizer que foi o hip-hop que me politizou, que me
transformou na pessoa que eu sou hoje. De entender que a luta do hip-hop, ela
não é só por mais respeito e inclusão, diversidade, não. A luta do hip-hop, ela
também é antifascista e eu vou levar isso pra sempre. Certo? (Palmas.)
Foi o hip-hop que me politizou,
obrigado. Foi o hip-hop que me politizou, porque eu fui agraciado com a benção
das mulheres no hip-hop, pela Frente Nacional de Mulheres no Hip-hop, e por
todas que chegaram até aqui, assim. Então, a minha formação no hip-hop, ela
também é feminista, e eu sou muito grato por isso.
Essa homenagem eu queria dedicar a
todas essas mulheres, mas principalmente à Sara Donato, que é integrante do Rap
Plus Size, junto comigo. Ela, que veio do interior de São Paulo, São Carlos,
periferia, e que junto comigo construiu essa luta. Não foi em vão, hoje a gente
tá comemorando dez anos de hip-hop, de Rap Plus Size. Certo?
Então é isso, quero agradecer, dedicar
esse prêmio a vocês, a ela. Agradecer à Monica pela oportunidade. E dizer que,
sim, boyceta é muito mais que um meme. Boyceta é resistência trans, é resistência
trans masculina. E se eles acharam que eu ia ser só um meme, eles se enganaram
muito, porque eu sou hip-hop.
Obrigado.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Salve
Jupi77er! Jupi77er que mente pra nós, falou que tem 20 anos de hip-hop. Deve
ter 20 anos de idade. A Sara estava com a gente ano passado, na primeira
edição, e a gente também reconheceu o trampo dela. Salve Sara, beijo. Agora
foto. Tem a plaquinha que eu coloquei. Foto.
Salve Jupi77er, obrigada por tudo.
Só agradeço mesmo. A tietagem é assim,
né?
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Homenageamos também
duas vozes que representam uma força, a Tasha e a Tracie, que são gêmeas que
transformaram o rap brasileiro com suas rimas afiadas, sua postura e o ativismo
que corre em suas veias. Desde 2019, com os EPs “Rouff” e “Diretoria”, elas vêm
ocupando espaços e inspirando a juventude negra e periférica.
Com indicações ao BET e prêmios
nacionais, são apenas parte do reconhecimento da potência dessas artistas, que
juntaram o rap, o trap e a militância em todas suas letras. E com muito
respeito e alegria, a Assembleia Legislativa, em nome da deputada Monica
Seixas, homenageia a Tasha e a Tracie.
Não estão presentes, mas deixamos aqui
a homenagem.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Nós
vamos enviar pra elas.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Seguindo com as nossas
homenagens, gostaria de chamar ao palco o Slam, o Slam Marginal da USP, que
realiza batalhas de poesia nos campi, promovendo cultura periférica,
diversidade e a recusa à normatividade. Autores do Manifesto Marginal, são
agentes de transformação cultural no ambiente universitário.
Com alegria, chamamos o Slam Marginal.
O SR. ED PERCY -
Gente, eu acabei que anotei também pra ser o mais breve e o mais rápido
possível. Bom, foi por meio da linguagem que Martin Luther King convocou os
negros a marcharem, que Malcolm X convocou os negros a se protegerem. Foi por
meio da linguagem que Nelson Mandela, mesmo preso, fez com que uma nação
escolhesse uma transição pacífica do Apartheid.
Foi também por meio da linguagem que
Luiz Gama, mesmo não sendo um advogado reconhecido por sua época, conseguiu
libertar mais de 500 negros. Foi por meio da linguagem que Maria Carolina de
Jesus deu visibilidade às injustiças sociais, raciais e de gênero que
enfrentava na favela do Canindé. Também foi por meio da linguagem que mães de
santos transmitiam conhecimento, a fim de que seus filhos negros não sofressem
tanto por conta da escravidão.
Mas também foi por meio da linguagem
que Hitler convenceu e liderou o homicídio, o genocídio, e que o cientista
Francis Galton promoveu a eugenia como ciência, disseminando que negros e
indígenas eram raças inferiores. E a linguagem, ela tem esse poder de enganar,
convocar, influenciar, defender, e o que eu julgo ser mais importante é o de
convencer.
A linguagem tem um poder de convencimento
tão grande que chega a moldar não só opiniões, mas também destinos coletivos.
Ela não é neutra. A linguagem tem intenção, tem ideologias, afetos. A linguagem
também domina a narrativa e, às vezes, lutar pela narrativa é lutar pela
própria vida.
A cultura do hip-hop sempre usou a
linguagem como sua maior arma e símbolo de resistência, e por meio da linguagem
encorajamos o nosso povo e reafirmamos a nossa identidade, e preservamos o
nosso orgulho.
O Slam Marginal começou apenas como uma
batalha de poesia na Universidade de São Paulo, até que a nossa poesia virou
trincheira, que a nossa voz ecoou nos corredores da faculdade como um brado
forte de guerra, alertando os nossos inimigos de que nós não lutamos sós.
Criamos um lugar de diálogo, expressão e resistência.
O coletivo do Slam Marginal me ensinou
que o maior compromisso do poeta não é com a rima, mas com a capacidade de
levar o homem ao juízo da sua consciência. Eu, como poeta, fui muitas coisas,
fiz muitas coisas, e eu me orgulho disso. E óbvio que o Slam não poderia deixar
de fazer o que faz de melhor.
E como a minha vó cantava:
“O sereno não me molha,
chuva fina que molha.
Correnteza não me segura
e barbante quer segurar.
Que folha é essa que o vento sacode?
Olha, não mexa comigo que cê não pode.
Que folha é essa que o vento sacode?
Olha, não mexa comigo que cê não pode.
Que folha é essa que o vento sacode?”
*
* *
- São declamadas as poesias.
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Vem aqui tirar foto. No meio. Eu estou com um pouco de tremedeira aqui agora,
é muita emoção. Mais barulho, que merece, gente. Mais barulho, que merece.
(Palmas.) Slam Marginal.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - E agora temos ela,
que é artista plástica, mãe, avó, artesã e educadora social. Sua obra
transcende museus e leva a arte, a resistência, para a periferia, tornando
visível a beleza e a força da experiência negra. Hoje celebramos sua arte, que
transforma e ensina.
Com profundo respeito, convidamos Nenê
Surreal. (Palmas.)
A
SRA. NENÊ SURREAL - Você é louco, hip-hop? Você é
louco, hip-hop? DJ Aline Vargas, presente. Todo dia eu levanto e eu quero
desistir, todo dia eu quero desistir, porque o bagulho é muito louco, porque a
gente não passa a mão, porque a gente não passa pano.
Mas eu agradeço demais a cada um que
acredita no meu corre. Eu sou grafiteira, tá lá no banco, tá na minha carteira.
Eu sou grafiteira, 58 anos. Eu sou Nenê Surreal, mulher preta, periférica, mãe,
avó, sapatão, sobrevivente das artes e do grafite.
Agradecida, mulheres pretas, por botar
fé no meu corre.
É isso.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
- A gente agradece. Foto. Nenê Surreal, surreal.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - E agora, de São
Judas, na quebrada de Taboão da Serra, utiliza a pintura, a escultura, a poesia
e a arte política para contar histórias que não cabem nos livros, mas que vivem
intensamente nas periferias. Com seu trabalho, une passado e presente, o
político, o emocional, fortalecendo o coletivo e mostrando que a arte é escola
de vida.
É com muito orgulho e respeito que
convidamos ao palco, Vampp.
A
SRA. VAMPP - A favela pede paz, mas a engrenagem
está rodando. Lá em cima há alguém lucrando e aqui ainda jaz, justificado em
rede nacional, o jornalista tendo orgasmo com a morte de mais um suposto
marginal. Você sabe o que é nascer na margem?
Aqui a criminalidade não é a letra que
sai da boca do MC retratando a realidade, crime é viver passando vontade,
estômago doendo de tanto almoçar vento, não ter direito básico, crime é a
omissão do estado, sem saneamento, esgoto a céu aberto e caixões sempre
lacrados. O choro dos pais, desesperados, se perguntando se podiam ter evitado,
sabendo que estava traçado.
Olha para os menores sonhando com joia
e carro, caindo na ilusão desse mercado. E eu só esperando que eles entendam o
meu recado quando eu digo que a favela tem que ter um lado, quando eu digo que
eles têm medo da gente organizado. A gente leva o que nunca foi levado, é mais
que rima; a gente traz perspectiva para infâncias que, se dependesse do
sistema, já teriam sido interrompidas.
Então, de onde vem minha inspiração?
Talvez seja de entender que mesmo em meio ao caos a gente tem uma missão que,
se eu ainda estou aqui, se eu não desisti, é porque um dia só a arte estava lá
por mim.
Sem extrapolar muito, queria agradecer
a cultura hip-hop, queria agradecer à educação popular.
Eu sou uma mina que veio da periferia
de Taboão da Serra, passou pelo filtro social desigual e cruel do vestibular,
que não deveria existir para entrar na USP. Entra lá e só vê gente rica, que
poderia pagar suas universidades, mas está lá tomando espaço que é da quebrada.
A universidade pública é de quem veio da quebrada. A USP, a Unicamp, são de
quem veio da quebrada. É direito nosso. (Palmas.)
Viva a Rede Emancipa, viva a educação
popular, viva cada professor deste país e viva o hip-hop, o maior movimento de
educação popular que existe nas periferias. (Palmas.)
Obrigada ao meu parceiro New OFC, que
está nas trincheiras comigo, toda semana, em alguma viela, em alguma esquina,
levando o hip-hop, arte, grafite, batalha de rima, slam, poesia marginal para
as crianças. Fé nas crianças.
É isso. (Palmas.)
* * *
- É
entregue a homenagem.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agora, gostaria de
chamar ao palco Igor Fernandes para dar umas palavrinhas para nós. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
O Igor é do time Pretas, nosso assessor da Cultura, de Bauru, da FMC Comunica,
do hip-hop e, na verdade, é a cara que organiza este evento todo ano.
Vai, Igor.
O
SR. IGOR FERNANDES - Bom, ter cada um e
cada uma de vocês aqui é muito importante. Meu nome é Igor Fernandes, como a
deputada falou, e eu não poderia não falar que só estou aqui neste momento por
conta do hip-hop. Eu só entendi sobre uma profissão, sobre que eu poderia
alcançar novos caminhos, que eu poderia sair da minha cidade, foi por conta do
hip-hop.
Lá no fundão, quando a gente fala de
marginal, quando a gente está falando aqui na periferia de São Paulo, a gente
está a cerca de 30, 40 quilômetros do centro do poder, que é este lugar aqui.
Vocês estão no centro do poder do estado de São Paulo.
Lá de onde eu venho, a gente está a 400
quilômetros do centro do poder. A gente nem imagina nada disso aqui. A gente
nem sabe como é a rotina de um deputado, de quem decide pela nossa vida.
O povo preto segue sangrando. A gente
segue uma luta intensa. O momento, hoje, é de celebração, mas a minha fala é
para lembrá-los de que estamos em uma guerra. E uma guerra precisa ser
combatida com estratégia, estratégia quilombola, estratégia preta, estratégia
hip-hop.
A gente precisa se olhar, a gente
precisa se falar, a gente precisa cobrar mais, a gente precisa estar mais
junto. É por isso, também por isso, que esta noite está acontecendo, é para que
a gente possa se olhar, que a gente possa ter a oportunidade de se olhar.
Eu tinha preparado outra coisa, mas vou
encerrar aqui por conta do tempo. Eu só queria finalizar dizendo o seguinte:
cada um e cada uma aqui tem a responsabilidade de continuar essa história. Eu
cheguei há não muito tempo, mas há muito pouco tempo perto dos que trilharam
antes de mim.
Eu entendo a minha responsabilidade,
entendo que estar aqui, ter esta exceção nesta Casa de Leis é pela nossa vida.
Esta homenagem não é uma premiação, é uma homenagem em vida aos nossos. Nós
estamos vivos, tá ligado? Estamos vivos. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Dando sequência,
gostaria de chamar ao palco a May Bernardo, que é mãe, produtora cultural e uma
força única em São Caetano. Fundadora da Batalha da Bíblia, ela representa a
Frente Nacional de Mulheres do Hip-hop e resiste com coragem e firmeza.
Vem para cá, May Bernardo.
A
SRA. MAY BERNARDO - Estou muito nervosa,
gente. Bom, obrigada, gente. Eu fiz um breve textinho rapidinho, não sei se vou
conseguir, mas é isso.
“Ando me perguntando o que faço rap,
como faço rap, mas nunca lanço. Como relações que estão dando certo, dou logo
um tempo e nunca avanço. Onde que ficou parte do processo? Onde meu progresso
era querer tanto.
Eu queria era um teto, arrumei um teto.
Queria o céu, já estive em tantos. Ando me perguntando, o que é sucesso?
Pensando no sexo que ando trocando, vendo que hoje, mesmo dormindo mais tempo,
tem uns dinheiros entrando. Ando me perguntando, faz falta a adolescência, que
perdi no trampo, que perdi na igreja, que me puni tanto?
Se eu estou mesmo bonita ou estou me
enganando. Ando me perguntando a vida inteira que tanta fronteira que ando
travando. Eu não chego nunca, eu saí faz tempo, é tanta pergunta...” Mas estou
tendo as respostas hoje, tá ligado?
Esse trecho é de uma música que me
salvou muito, do Rico Dalasam. Em vários momentos, eu me perguntava se eu
realmente era digna de estar no movimento, porque vim de uma cidade elitista, a
cidade de São Caetano do Sul, que é uma das cidades mais elitistas e racistas
de São Paulo, tá ligado? Lá estou lutando todos os dias para trazer as batalhas
de volta, os slams, é sempre uma luta e estou cansada de tanta repressão, de
tanto brigar.
Eu não quero mais brigar, porque o
espaço é nosso, o espaço é meu. Só para concluir, eu não ando só, tá ligado?
Domingo agora a gente vai lançar o primeiro Núcleo Hip-Hop das Minas do ABC
Paulista, tá ligado? (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, May
Bernardo.
A
SRA. MAY BERNARDO - Gente, esta semana foi
muito pesada, tá ligado? A gente está querendo fazer tanta coisa no ABC para as
minas, o que a gente sofreu no ano passado, muita repressão, eu sofri ameaça de
vários manos; estou cansada e a gente se juntou, eu e Zula e várias outras
manas, e estou aqui por elas.
Faltou muita gente, mas a ideia é fazer
a primeira conferência em Santo André.
Vão ser sete conferências nas sete cidades do ABC Paulista e vai ter
homenagens, enfim. Então é isso, eu ia falar várias coisas. (Fala fora do
microfone.) Oi? Conferência do Núcleo Hip-Hop das Minas do ABC.
Eu sou representante da Frente Nacional
de Mulheres do Hip-Hop, junto com Sharylaine, junto com Lunna Rabetti, enfim,
Rubia RPW, e é isso, família.
Obrigada, estou muito emocionada mesmo.
É isso, jovens. Tamo junto, vamos para
cima. Eu ia falar tanta coisa, mas é isso.
Obrigada. (Palmas.)
* * *
- É
entregue a homenagem.
*
* *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Vamos lá que a gente
tem 15 minutos.
Bom, no território indígena Araribá, em
Avaí, na Aldeia Kopenoti, a Batalha da Tribo une a cultura hip-hop à
ancestralidade indígena, dando voz e movimento à juventude aldeada. É
resistência, identidade e potência que atravessa gerações.
Com muito respeito, vem para cá, Tety
Lipu, da Batalha da Tribo. (Palmas.)
O
SR. TETY LIPU - Licença para chegar, rapaziada.
Meu nome é Tety Lipu, vim aqui para representar a Batalha da Tribo, que é lá da
Aldeia Kopenoti, no município de Avaí.
É uma honra mesmo estar aqui presente
mostrando o hip-hop para vocês, porque vocês estão ligados que o sistema
separou a gente, colocando em periferia, colocando em aldeia, separado os
quilombolas. Separou todo mundo.
Então a gente teve a união no rap e a
gente mostra força no rap. É lá que a gente está centralizado e mostra a
resistência nossa. Para mim é gratificante estar aqui... Só um minutinho, só,
que esqueci o celular para passar uma mensagem que eu anotei. E a gente também
vai fazer um cântico breve, rapidão, só para não ocupar muito tempo também.
Mas é muita honra estar aqui. Monica
Seixas, obrigado. Vinão, obrigado também. Caiena, Igor e o Vinícius, vocês
também me ajudaram bastante na luta. Muito mesmo, até uma construção pessoal em
si. Uma construção minha. Vocês ajudaram muito nessa parte. E eu queria deixar
uma breve poesia também que eu fiz, que é de uma música minha em si, que eu
acabei anotando e vou deixar aqui para vocês:
“No sistema não tenho pena. Por isso
ando penado, pois vários deles já andam com alma penada. Parentes morrendo por
prata e vivendo com mercúrio na água. Resistimos para falar que existimos e
mesmo assim querem nos ver ‘existinto’. Da mesma forma eu cantei, dancei, pedi
força para os meus ancestrais e com rapé com eles eu falei.
Me disseram para expressar a luta até
minha última gota de lágrima ou sangue. E se você vencer, estaremos gritando
com muito orgulho seu nome. Me disseram: ‘Vá, enquanto a luta está aí, resgate
aqueles que não podem falar por si. Então, cante, dance, toque e vive. E que
não precise de um calibre.’”
E é isso aí, rapaziada. Satisfação
mesmo.
Obrigadão a geral.
E obrigadão, terra indígena Araribá,
aos meus parceiros que estão na aldeia também. João, Ed Paulo, que não pôde
estar presente. Geral aqui é um conjunto, é um plural. E é só isso mesmo.
Satisfação, rapaziada.
Que viva o hip-hop!
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Chega aqui para foto. A moção de vocês. Está passando aqui, está passando aqui.
Foto. Só agradece mesmo. Agradece mesmo. Já estive lá com vocês. Volto em
breve. Satisfação, gente.
Obrigada.
* * *
- É
entregue a homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Essa artista - que
levando a sua ancestralidade, sua arte para um público vasto - mostrou que a
cultura indígena também pulsa no coração do hip-hop. Com sua música, ela nos
convida para ouvir o passado, sentir o presente e sair ao futuro.
Com muito carinho, convido Brisa Flow.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Ela é originária. Vem aqui. Vai lá em cima também. Ela é originária.
A
SRA. BRISA FLOW - Hip-hop. Já ia puxar um grito,
mas como tem que ser breve. “Mari Mari Kom Pu Che”, licença aos encantados e eu
falo que o hip-hop é o quilombamento urbano, porque o hip-hop é preto, o
hip-hop é indígena, o hip-hop é sapatão, o hip-hop é trans, o hip-hop é para
criança, o hip-hop é para mais velho.
E aproveitando, saúdo os mais velhos
aqui, cada um mais velho, que fizeram muita diferença, os meus da mesma idade,
os que vieram antes e os que estão vindo também. Eu que sou mãe, que sou uma
pessoa que acredito que a criança também resiste nesse meio tão colonial,
capitalista e bizarro, que está afastando a gente dos contatos, dos amores da
terra.
Então, o hip-hop é esse portal
maravilhoso que salva as nossas vidas, salvou minha vida E traz alegria, traz
autoestima e traz a gente para outros caminhos tão diversos para combater o
racismo ambiental, para combater o racismo, para combater também o fascismo que
se levanta.
Então, eu queria agradecer e dedicar a
todo mundo, que tem muitos mais outros hip-hoppers que deveriam estar aqui com
a gente hoje, mas o tempo é colonial, não cabe todo o nosso amor e carinho.
E agradecer também, principalmente, a
quem veio antes, às mais velhas: Sharylaine, (Palmas.) Áurea Carolina
(Palmas.), Stefanie Roberta (Palmas.), Negra Li (Palmas.). E os que estão
chegando também: ao Ice, Ian Wapichana, os parentes presentes.
Viva ao hip-hop!
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Viva!
Chega aqui para nos dar a honra de tirar uma foto e pegar sua moção.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - A gente tem uma
quebra de protocolo, só um minutinho, gostaria de chamar para foto também o
Tety e a Aldeia da Tribo. No ano passado, a gente realizou um evento chamado “O
Hip-Hop Cria” na Aldeia Kopenoti, a Brisa Flow esteve presente. Foi incrível!
E nosso grito com as crianças é assim:
“O hip-hop é atitude, respeito e alegria. O hip-hop salva. O hip-hop cria”.
Vamos lá? O hip-hop é atitude, respeito e alegria. O hip-hop salva. O hip-hop
cria. O hip-hop salva. O hip-hop cria.
Gratidão, gente (Palmas.)
* * *
- É
entregue a homenagem.
* * *
E agora, formado em Jaú, o coletivo Elas no
Hip-Hop promove arte, cultura e resistência feminina no rap, no grafite, no
break e na cena cultural. Seus eventos, como “A rua é delas”, afirmam a
presença e a força das mulheres na cultura hip-hop. Celebramos hoje essa
resistência que segue firme no interior.
Com orgulho, convidamos Elas no
Hip-Hop.
Vem para cá Manu, Lisa, Thaiane, a
galera lá do interior, pertinho de Bauru, estão fazendo a revolução.
A
SRA. THAIANE LOPES - Boa noite a todos.
Primeiramente, antes de qualquer coisa, os responsáveis por estarmos aqui são o
coletivo Arte Urbana, lá da nossa cidade e, principalmente, o projeto “A rua é
nossa”, que são um dos pioneiros lá na nossa cidade, foi quem começou toda a
cultura lá na nossa cidade, levando para os bairros periféricos a nossa
cultura, o nosso hip-hop.
E nós somos a junção de todos esses
projetos, decidimos nos unir para mostrar a força da mulher dentro da cultura
hip-hop. Então, nós mostramos que a mulher pode ser, sim, uma advogada, uma enfermeira,
mas ela também pode ser uma b-girl, uma grafiteira e uma MC e, além disso, a
gente tem muito conhecimento dentro do nosso coletivo.
E é isso.
Gostaria muito de agradecer e é muito
importante para a gente estar aqui hoje.
A
SRA. LISA SILVESTRE - Eu gostaria de falar
rapidinho aqui, o meu nome é Lisa Silvestre e eu trouxe aqui para não me
estender. São Paulo respira hip-hop, mas no interior só a gente quase falta o
ar, porque a gente vive em Jaú, uma cidade que está a quatro horas daqui e a
gente tem um governo extremamente de direita na nossa cidade, onde o hip-hop
não tem apoio, não tem investimento.
Para a gente estar aqui, hoje, a gente
teve que arcar com todos os custos, porque não teve... Em paralelo a isso, hoje
a nossa cidade está com um festival que promove rodeio, promove sertanejo e
destinou milhões para esse festival, mas o hip-hop não tem.
Então, nós somos mulheres periféricas
do interior de São Paulo, é o fundão do fundão. Eu quero muito agradecer esse
espaço e esse evento de hoje.
Obrigada.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Vamos tirar uma foto.
* * *
- É
entregue a homenagem.
* * *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS -
Com presença marcante, reforça a cultura e a expressão viva do movimento. Seus
sets são trilhas sonoras de muita história e resistência vem para cá, DJ Anazú.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
A primeira que eu vi hoje.
A
SRA. DJ ANAZÚ - Eita, eita, boa noite.
Primeiramente, licença para chegar, licença para os meus mais velhos no
hip-hop, licença para os meus mais novos. Eu pensei em várias coisas para
falar, chega aqui, a gente fica daquele jeito.
Bom, eu divido a minha trajetória em
duas profissões. Eu sou DJ e sou educadora, estou no chão de sala, minhas
companheiras estão aqui comigo. Um salve aí, Itaquera. E o que eu queria falar
é que o hip-hop me levou para a sala de aula. Foi o hip-hop que me ensinou a
viver no coletivo, foi o hip-hop que me ensinou a passar conhecimento.
Então, eu lembro quando eu decidi fazer
minha faculdade, que também foi numa universidade pública lá no interior. É
importante eu reforçar que também eu tenho 33 anos. Desses 33, 30 eu vivi no
interior, então eu sei a labuta do que é viver de cultura numa cidade, enfim,
de direita, toda politicamente de extrema direita. Então, quando eu chego para
dar aula, para a gente ficar... Gente, me perdi, desculpa. Fiquei nervosa.
(Palmas.)
Mas o que eu queria falar, apesar do
nervosismo, é que o hip-hop me ensinou a ensinar. Foi o hip-hop que me ensinou
a viver no coletivo. Foi o hip-hop que me ensinou a passar o conhecimento.
Então, hip-hop é conhecimento de terreiro. Assim como os meus mais velhos
ensinam. A gente tem aí muito o que aprender com a cultura preta.
E é isso, gente.
Obrigada!
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- A gente que agradece muito, muito. Sou fã, já te falei. Primeira que tietei
quando chegou. Foto.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - O coletivo Oeste
Rap atua desde 2018 no Butantã, promovendo festivais e intervenções que
valorizam a cultura hip-hop e o reggae. São vozes que fortalecem nossa cultura
e ampliam nosso alcance.
Com orgulho, convidamos Oeste Rap. (Palmas.)
O
SR. EDSÃO IMEDIATO - Por JR Blau e Boy
Banks. Mais livros e menos armas. Gratidão, mandato. E aí, família? Cadê as
armas?
O
SR. DOX BAKARI - Está na mão.
O
SR. EDSÃO IMEDIATO - E aí?
O
SR. DOX BAKARI - Gratidão a todo mundo aí,
beleza? O pessoal do interior de São Paulo, muito barulho aí, por favor. O rap
é resistência, o hip-hop é resistência. Seja na capital ou no interior.
O
SR. EDSÃO IMEDIATO - Coletivo Oeste Rap.
Muito barulho para os povos originários. O nosso remédio está na natureza, não
está na farmácia. Quem está vivo, grita bem!
*
* *
- É feita a apresentação musical.
*
* *
O
SR. - Dox Bakari. Mano Russo.
O
SR. - Salve, Monica.
O
SR. - Fazendo o rap e o Hip-Hop acontecer
lá no Butantã. Muito obrigado!
O
SR. - Salve, Luana. Salve, minha parceira.
Gratidão. Ana Laura mil grau.
O
SR. - É nóis. Rota de Colisão, Manos
Urbanos. Olhe, ainda temos mais cinco músicas.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Vamos fazer assim: a gente vai receber mais quatro, aí vocês voltam. Então
vai rolando, no final a gente volta o sarau. O pessoal da técnica vai me matar.
O
SR. - Não Tudo bem. Obrigado, Luana. Tamo
junto sempre. Valeu, valeu! Hip-hop! Quem não luta está morto!
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Só agradece. Só agradece. Agradece, mesmo.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - E agora quem traz em
suas rimas a vivência da comunidade LGBTQIAPN+, o poder da cura pela arte, e há
dois anos iniciou sua trajetória solo. Sua música é um espaço de transformação
e projeção para o futuro.
Celebramos hoje essa artista que
escreve sua história com coragem e sensibilidade. Estamos muito felizes de te
receber, Boombeat.
Vem para cá. Diva, diva, diva, diva.
Por favor, por favor, por favor.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Muito feliz, mesmo. A gente jurava que ela não vinha.
A
SRA. BOOMBEAT - Boa noite a todes, todas e
todos. Gente, eu quase não vim, porque eu coloquei minhas gêmeas, ou seja, a
Tasha e a Tracy vieram. Brincadeiras à parte, eu não ia vir, mas eu lembrei de
uma coisa, que é o seguinte: eu ouvia hip-hop, eu ouvia muito rap, e Pentágono,
MC da Real, estava nessa fase, mas eu não me via fazendo.
E eu lembro que quando eu vi que o
Dalasam lançou seu trabalho e conheci sua arte foi quando eu me vi potente e
fazendo rap. E já fazia música desde sempre, então eu pensei: “Pô, meu corpo lá
é importante”. Falei com a doutora. Falei: “Doutora, deixa eu ir, por favor.”
Porque eu operei antes de ontem. E ela falou: “Só ficar quietinha, não abraçar
ninguém.” Então, desculpa, gente, se não abraçar ninguém.
Então é isso. A importância de se ver
nos espaços. Eu acho que, cada vez mais, corpos como o meu, semelhantes ao meu,
têm que ser vistos nesse espaço, como o hip-hop, porque o hip-hop salvou minha
vida. Foi através do hip-hop que eu me entendi artista e, enquanto artista, me
convocou para me olhar enquanto humana. Eu acho que esse foi o maior presente
que o hip-hop me deu.
E, através da minha humanidade, me
entender enquanto humana, entender a força do coletivo, de quem veio antes,
quem veio depois. O hip-hop foi uma troca para mim, e eu só pude me ver
travesti, inclusive, por causa do hip-hop, porque a arte me deu essa força de
conseguir me amar do jeito que eu sou, conseguir me entender do jeito que eu
sou e não ver problema nisso.
Então, o
hip-hop é um presente para mim. Eu sou uma continuidade desse legado. Quando eu
penso em legado, eu não penso no que eu faço em si, mas o que deixaram para que
eu continue fazendo e outros que possam estar vendo eu fazer.
Então, é um
presente fazer parte dessa cultura, que é um movimento, que está em movimento,
ainda bem, movimento hip-hop, porque se fosse estático, eu não estaria aqui
hoje, né? Nossos corpos não eram vistos dentro da cena do hip-hop. Ainda bem
que é um movimento.
Então, muito obrigada, Monica.
Muito obrigada, Pretas.
Muito obrigada à minha equipe, que faz
parte disso. Não sou a Boombeat sozinha. Tem pessoas que me fazem acreditar
junto, outros artistas que me fazem acreditar junto.
E é isso.
Viva as travestis, as pessoas trans.
A gente consegue. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Viva você. Viva você mesma. Vou pedir para você para a gente tirar uma foto. E
eu quero agradecer enormemente, porque, quando eu vi que você postou que tinha
passado por uma cirurgia, eu pensei: “Bom, ela não vem”.
E isso mostra o seu compromisso, o seu
comprometimento. A gente sente muito a sua deferência. A gente tem deferência a
você.
Muito obrigada por vir nesta situação
mesmo, mesmo.
E obrigada pelo trampo.
A
SRA. BOOMBEAT - Imagina. Obrigada. Obrigada mesmo.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Pessoal, não toca. Ela está no pós-cirúrgico. Foto!
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A
SRA. BOOMBEAT - Obrigada, viu, de coração.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Muito obrigada mesmo. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Ele acontece na saída
da Estação Osasco, é um espaço público de resistência cultural e incentiva a
voz da periferia. Com poesia, luta e cultura, movimenta corações e mentes.
É com alegria que recebemos ao palco
Slam Oz. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
O meu segundo país. Eu fui naturalizada de Osasco.
O
SR. LUCÃO POETA - Boa noite, família!
TODOS
- Boa noite.
O
SR. LUCÃO POETA - Ô louco, ô louco. Tamo vivo,
tropa. Boa noite, família!
TODOS
- Boa noite!
O
SR. LUCÃO POETA - Aí, ó, desse jeito. Salve, salve.
Somos a coletividade Slam Oz, lá da zona ouro de São Paulo, zona oeste, certo?
Sou Lucão Poeta. Aqui estão Nyca, Yasmin Gabrielle, Poeta CJ e Professor Kauê
Tavano.
Nós cinco formamos o coletivo Slam Oz,
que resiste através da literatura marginal periférica. Estamos aí educando.
Como muita gente falou aqui, o rap nos educou e nós estamos também usando o rap
para educar as próximas gerações, certo? Que assim seja.
É muito louco saber que muita gente não
foi homenageada, não foi reconhecida em vida, né? E a gente está tendo essa
oportunidade de estar vendo o hip-hop ser reconhecido em vida, em uma casa parlamentar,
tá ligado, parça?
Que essa e outras casas parlamentares
do Brasil, legislativas, possam garantir a dignidade que o movimento hip-hop
precisa. Porque mais do que homenagem e aplauso, nós precisamos de estrutura,
de política pública. E é da hora ver vocês lutando, certo?
Satisfação às Pretas aí, porque estão
tentando fazer o que a gente precisa, que é reconhecimento, que é política
pública, que é luta, certo? Hip-hop, educação. Mais de 200 escolas nesse dia
aí... A gente estava refletindo sobre isso hoje, não é, mano? Mais de 200
escolas aí nos últimos três anos. Não é pouca coisa, certo?
Então, que a gente consiga fazer o
hip-hop, a literatura, a poesia como ferramenta de educação e união. Quanto
mais nós nos unirmos, mais os caras vão tremer, até a hora que eles caírem,
certo? E é nós por nós, Slam Oz! (Palmas.)
SLAM
OZ - Nós por nós, Slam Oz!
TODOS
- Nós por nós, Slam Oz!
A
SRA. NYCA - Família, queria dar um salve rápido. A
gente representa aqui o coletivo Slam Oz, mas a gente também tem várias frentes
literárias. Então um salve ao Viela Vive, um salve Sarau Zona Ouro, um salve
sarau Arte Cura, um salve Jornal Correria, um salve Encontro Poético e um salve
Oz Poetas. É nóis! (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Salve, salve!
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Vamos tirar foto? Foto!
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Olha a moção de vocês... A moção de vocês. Foi?
Nós agradecemos. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Com mais de 12 anos
de experiência no freestyle, integrante de grupos importantes e voz ativa em
eventos e podcasts que discutem a cultura periférica, é com grande respeito que
chamamos ao palco Brunão Ment’Sagaz. (Palmas.)
O
SR. BRUNÃO MENT’SAGAZ - Salve, salve! Um boa
noite para nós. Se você ama essa cultura como odeia a ditadura, grita hip...
TODOS
- Hop!
O
SR. BRUNÃO MENT’SAGAZ - Hip...
TODOS
- Hop!
O
SR. BRUNÃO MENT’SAGAZ - É isso aí.
Primeiramente, em nome da deputada Monica Seixas, agradecer a todos que estão
presentes; meu parceiro Igor Fernandes. Vim lá de São Vicente, litoral de São
Paulo.
Quero pedir que todos aqui do litoral
de São Paulo, do Vale do Ribeira, que estão presentes, fiquem em pé, por favor.
Uma salva de palmas aí para o litoral paulista, para o Vale do Ribeira.
(Palmas.) É isso, valeu. Obrigado pela presença de todos vocês, certo?
E é o seguinte, eu estou aqui
representando a Construção Nacional do Hip-Hop, o Instituto Salve Hip Hop, o
Hip Hop nas Escolas, a Associação Cultural Original Hip Hop de Cubatão, a
Batalha do Parque, o Instituto Salve Hip Hop, e o Vale do Ribeira e o litoral
paulista, mano. Satisfação imensa.
O hip-hop deixou de ser um conjunto de
artes urbanas marginalizadas, se tornou um movimento social e hoje é uma
política pública: Decreto nº 11.784, de 2023, sancionado pelo presidente Lula.
Uma salva de palmas, pessoal! (Palmas.) Reconhecimento e valorização da nossa
cultura.
Só tenho a agradecer. E é isso. Salvou
a minha vida, salvou a de muitos que estão aqui. Hoje estou conhecendo
presencialmente várias pessoas que eu fico falando aqui pelas redes sociais. E,
assim, estou muito orgulhoso, muito feliz, me sinto lisonjeado.
Essa homenagem não é minha, mas, sim,
de todos aqueles do litoral paulista, do Vale do Ribeira invisibilizados, que
fazem acontecer o hip-hop, sem recurso, na luta, de um para um e para outro
fazendo rifa. Essa vitória, essa luta é nossa.
Uma salva de palmas para todos nós aqui
presentes.
Obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Chega, Ment’Sagaz. Chega para a gente tirar uma foto.
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Vocês que estão resistindo até agora, só mais um minutinho. Nós estamos
chegando ao fim e a gente já vai poder trocar ideia.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Por último, e não
menos importante, gostaria de chamar essa mulher preta, periférica, multiartista
e conselheira de cultura em Santo André. Organizadora de batalha, ela usa o
hip-hop como ferramenta de revolução e transformação social, levando
conhecimento e esperança para as ruas. Hoje, celebramos sua luta e sua arte.
Com carinho, convidamos para cá, Zula.
(Palmas.)
A
SRA. ZULA - Salve, salve, família. Boa noite.
TODOS
- Boa noite.
A
SRA. ZULA - Ah, vocês podem mais. Boa noite,
família!
TODOS
- Boa noite!
A
SRA. ZULA - Que a nossa vida seja abençoada,
iluminada e muito próspera, certo? Licença aos meus mais velhos, aos meus mais
novos, aos meus iguais. Sou conselheira de cultura, também sou fundadora da
batalha Donas da Rua, a primeira batalha de mulheres em Santo André - e de
homens trans e não binários também.
Como várias das nossas trouxeram aqui,
é muito foda ser uma mulher dentro da cultura do hip-hop. Mas somos
resistentes, somos potentes e cada dia mais estamos fazendo a nossa trajetória
ser resistência.
A gente vem lá do ABCDMRR. É importante
colocar o território no mapa, porque é muito difícil. Somos tratados como
interior, então assim, para a gente chegar aqui, ainda assim é uma dificuldade.
Mas eu também
não sou sozinha, né? Então, para eu estar aqui, eu venho representando também
Batalha da VL, Batalha da Martinha, Batalha da Palavra, Batalha da Bíblia. E é
isso, uma satisfação, família, estar aqui.
E gratidão,
gratidão, porque hoje eu estou aqui do lado de várias pessoas que são fodas e
sabem o quão correria é estarmos desse lugar, porque o hip-hop tira a gente do
fundo do poço e aí é só uma maravilha, nós vamos mesmo, certo?
Gratidão.
A SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Chega para cá, Zula, vem para a foto, vem pegar sua moção.
Obrigada por tudo. Fica aqui no meio para tirar uma foto. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a
homenagem.
*
* *
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS -
Gostaria de pedir uma salva de palmas para o nosso DJ Vinicin. (Palmas.) E
agora, passo a palavra à deputada Monica Seixas do Movimento Pretas, para que
proceda ao encerramento dessa solenidade.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Eu estou sem palavras, de verdade. Por mais que a gente se escreveu, por mais
que a gente tenha se falado nesse período de construção, com alguns com o time,
com alguns com vocês presencialmente, a gente trocou, a gente quer reforçar o
quanto o estado de São Paulo deve a cada um e a cada uma de vocês que passaram
por aqui hoje.
“Hip-Hop o Ano Todo” é uma edição que a
gente vai fazer todo ano assim, juntando dos grandes aos pequenos, para a gente
fazer essa troca do que é o movimento hip-hop.
Dessa noite eu quero deixar o meu
compromisso para seguir pela batalha pela nomenclatura: Estação de Metrô São
Bento Hip-Hop. Quero deixar o nosso compromisso de desenvolver e protocolar um
projeto de hip-hop nas escolas. (Palmas.)
Quero deixar o nosso compromisso com os
slams e batalhas que estejam enfrentando dificuldade com as suas prefeituras de
lutar lado a lado com vocês pelo reconhecimento do uso do espaço público.
(Palmas.)
E quero, mais uma vez, dizer o que a
gente disse a noite inteira: obrigada por todo o enorme serviço prestado ao
povo do estado de São Paulo.
Ao pessoal da técnica, que aguentou até
essa hora, desculpa, obrigada.
Ao pessoal da copa, que nos hidratou e
está sempre por aqui, desculpa, obrigada.
Ao time do Movimento Pretas, que
trabalhou incansavelmente, obrigada.
Ao time de assessoria dos artistas aqui
presentes, que respondeu prontamente as nossas ligações e insistência, muito
obrigada.
À galera que fez vaquinha, pagou van do
próprio bolso, encarou quatro horas de viagem e está com fome, muito obrigada.
A todos vocês, a gente se vê ano que
vem, aqui em agosto, em mais uma edição do “Hip-Hop o Ano Todo”, no Dia
Estadual do Hip-Hop.
Igor, valeu pela organização, Time
Pretas, valeu, até a próxima.
E para terminar, e para terminar, você
já pode tirar foto, conversar e etc. Eu só vou passar o mic à nossa co-deputada
Ana Laura, que também se formou pela poesia, pelo verso e pelo hip-hop.
Obrigada, até a próxima, tchau.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Galera, depois da
poesia, cola aqui para gente tirar uma foto, depois da poesia.
A
SRA. ANA LAURA - Salve geral pra todo mundo. Ih,
nem parece que teve homenagem aqui hoje. Eu quero um salve geral de todo mundo.
TODOS
- Salve.
A
SRA. ANA LAURA - O hip-hop salva, o hip-hop cria.
E a gente sabe que a poesia se origina lá e a gente volta aqui.
*
* *
- É feita a apresentação musical.
*
* *
Ei! Taca fogo nessa casa grande. Taca
fogo nessa casa grande. Eu quero ouvir. Ei! Taca fogo nessa casa grande. Eu
quero ouvir. Ei! Taca fogo nessa casa grande.
TODOS
- Ei! Taca fogo nessa casa grande.
A
SRA. ANA LAURA - Ergui a espada de Ogum e Exu me
guiou. Fugi pro quilombo mais perto. Encontrei quem sambou. O quilombo é
terreiro. O terreiro é quilombo. E soltar quem ficou na mão do senhor.
Tome conta da porteira que eu já volto
já. Gira, gira nessa roda e me leva lá. Liberdade é axé. Axé é liberdade. Sente
o hip-hop no chão e no coração. Ei! Taca fogo nessa casa grande. Ei! Taca fogo
nessa casa grande. Axé!
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Esgotado o objeto da presente sessão, agradeço a todos os envolvidos na
realização desta solenidade, assim como agradeço a presença de todos.
Está encerrada a sessão solene.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 22 horas e 22
minutos.
*
* *