29 DE NOVEMBRO DE 2024

81ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS 150 ANOS DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO (IASP)

        

Presidência: LUCAS BOVE

        

RESUMO

        

1 - LUCAS BOVE

Assume a Presidência e abre a sessão às 10h43min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Nomeia as autoridades presentes. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

        

3 - PRESIDENTE LUCAS BOVE

Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, em "Comemoração dos 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Destaca a justeza desta homenagem ao instituto. Observa que, nos últimos anos, uma série de temas relacionados à área do direito passou a ser objeto de interesse e discussão em todos os setores da sociedade brasileira. Discorre sobre a importância da entidade homenageada dentro de tal contexto. Parabeniza o IASP pelos seus 150 anos.

        

4 - GUILHERME PIAI

Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, faz pronunciamento.

        

5 - IVES GANDRA MARTINS

Jurista e ex-presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP, faz pronunciamento.

        

6 - FERNANDO ANTONIO TORRES GARCIA

Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

7 - MARCOS DA COSTA

Secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, faz pronunciamento.

        

8 - ENIO LUIZ ROSSETTO

Presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

9 - JANAINA PASCHOAL

Vereadora eleita da cidade de São Paulo e ex-deputada estadual, faz pronunciamento.

        

10 - DIOGO MACHADO MELO

Diretor administrativo do Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP, faz pronunciamento.

        

11 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de vídeo com depoimento do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal.

        

12 - MICHEL TEMER

Ex-presidente da República, faz pronunciamento.

        

13 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de vídeo em homenagem aos 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP.

        

14 - PRESIDENTE LUCAS BOVE

Presta homenagem aos 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP, com a entrega de uma placa ao seu diretor, Renato de Mello Jorge Silveira.

        

15 - RENATO DE MELLO JORGE SILVEIRA

Presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo - IASP, faz pronunciamento.

        

16 - PRESIDENTE LUCAS BOVE

Reitera a importância da classe dos advogados para a democracia. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 12h02min.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Lucas Bove.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, bom dia. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

Esta sessão solene tem a finalidade de comemorar os 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo. Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.

Convido para que componha a Mesa Diretora o deputado Lucas Bove, proponente e presidente desta sessão solene. (Palmas.) Convido para que componha a Mesa também o presidente Michel Temer. (Palmas.) Convido também o desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Convido também Renato de Mello Jorge Silveira, presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo. (Palmas.) Convido também o desembargador militar Enio Luiz Rossetto, presidente do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo. (Palmas.) Convido também o desembargador Artur Cesar Beretta da Silveira, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. (Palmas.)

Convido também o secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai. (Palmas.) Convido também Marcos da Costa, secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. (Palmas.) Convido também o Dr. Ives Gandra Martins, jurista, advogado e ex-presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo. (Palmas.)

Convido também a Dra. Ivette Senise, jurista e professora titular de direito penal da USP. (Palmas.) Convido também o Dr. Diogo Melo, diretor administrativo do Instituto dos Advogados de São Paulo. (Palmas.) Convido também o Dr. Mauricio Felberg, diretor do sesquicentenário Instituto dos Advogados de São Paulo. (Palmas.) Convido também a sempre deputada Janaina Paschoal. (Palmas.)

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela banda da Camerata Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro sargento Ivan Berg.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

Agradecemos a Camerata do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro sargento Ivan Berg, pela execução do Hino Nacional Brasileiro. 

Registramos e agradecemos a presença das seguintes personalidades: Dra. Heidi Rosa Florêncio Neves, diretora cultural do Instituto dos Advogados de São Paulo; Dra. Roberta Cristina Paganini Toledo, diretora de comunicação do Instituto dos Advogados de São Paulo.

Doutor Rui Celso Reali Fragoso, da Comissão de Apoio à Diretoria do Instituto dos Advogados de São Paulo; Dr. Luiz Fernando de Camargo Prudente, diretor de relações institucionais do Instituto dos Advogados de São Paulo; e o Dr. Luiz Antonio Sampaio Gouveia, assessor orador da presidência do Instituto dos Advogados de São Paulo. 

Agradecemos também ao Dr. Jeremias Alves Pereira Filho, professor emérito de direito, representante da Universidade Presbiteriana Mackenzie; ao Dr. Flávio Filizzola D'Urso, presidente do Inecripto; à Dra. Marina Araújo, vice-presidente eleita do Instituto dos Advogados de São Paulo; e ao Dr. Renato Siqueira, representando a Apamagis.

Passo a palavra agora ao deputado Lucas Bove, para que proceda a abertura desta sessão solene.

 

O SR. PRESIDENTE - LUCAS BOVE - PL - Bom dia a todos. Inicio minha fala cumprimentando o presidente Michel Temer. É uma honra tê-lo nesta Casa novamente, uma honra revê-lo. Presidente Michel Temer, que recebeu o prêmio Barão de Ramalho, a honraria dada anualmente pelo Instituto dos Advogados de São Paulo a personalidades ou instituições que se destacam no meio jurídico e social. Não preciso nem dizer que foi mais uma justíssima homenagem que o senhor recebeu. Muito obrigado pela sua presença, presidente. 

Cumprimento também o desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. É um prazer tê-lo conosco novamente, Sr. Presidente. Da mesma forma, Renato de Mello Jorge Silveira, presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo. Obrigado, presidente, pela sua presença. 

O desembargador militar Enio Luiz Rossetto, presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo. Muito obrigado, desembargador, pela sua presença. Da mesma forma, o desembargador Artur Cesar Beretta da Silveira, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 

Os secretários de estado, Guilherme Piai, secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento; Marcos da Costa, secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Cumprimento também a grande jurista, sempre deputada e, para a sorte do município de São Paulo, vereadora eleita, Janaina Paschoal. Muito obrigado, minha amiga Janaina, pela sua presença. 

Da mesma forma, Edgard Silveira Bueno Filho, vice-presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo; Diogo Melo, diretor administrativo do IASP, presidente eleito para o triênio 2025-2027. Obrigado pela presença, Diogo. Doutor Mauricio Felberg, diretor adjunto de comunicação do Instituto dos Advogados de São Paulo. Aqui cabe uma deferência especial: foi quem, de fato, me apresentou ao IASP.

Uma pessoa, saibam vocês, caso ainda não tenham conhecimento, que leva o nome do instituto com muito orgulho e com muita honra por onde passa, além de carregar o nome da eterna e querida professora Lia Felberg também.

Então, Mauricio, muito obrigado pela sua amizade, por me apresentar ao IASP, pela sua presença, bem como pela da sua esposa, querida Dra. Camila Felberg, que está aqui conosco também. (Palmas.)

Doutora Ivette Senise, jurista e professora titular de direito penal da USP. Muito obrigado, presidente Ivette, também pela sua presença. Doutor Ives Gandra Martins, meu grande amigo, meu grande guia, não só jurídico, porque, quando eu ligo para ele para tirar alguma dúvida, perguntar alguma coisa, é impressionante a memória, é impressionante como ele sempre tem. Mas, mais do que isso, é um grande amigo, um exemplo de ser humano para todos nós.

Doutor Ives, muito obrigado por, mais uma vez, estar aqui conosco. (Palmas.) Doutor Ives, que, aliás, foi presidente do IASP no biênio 85-86, não é isso, professor? Dois mil e cinco a dois mil e seis? 

Desculpe, eu me equivoquei aqui, então. Oitenta e cinco a oitenta e seis? Falei da sua memória agora. Bom, veja só, oitenta e cinco ou oitenta e seis. Eu nasci em 87, o senhor já estava presidente do IASP antes mesmo de eu nascer. Que maravilha, é uma honra tê-lo aqui conosco.

Espero... Eu tenho 37 anos, ou seja, quando o IASP completar 200 anos, eu terei quase a idade que o senhor tem hoje, eu terei oitenta e sete. Espero estar aqui comemorando os 200 anos do IASP com o seu vigor físico e, quem sabe, como o ex-presidente da República também, hein, Dr. Michel?

Se eu fizer metade do trabalho que o senhor fez, eu já estarei plenamente satisfeito. Da mesma forma, cumprimento os diretores, conselheiros e associados do IASP, presidentes e representantes de associações, instituições e escritórios de advocacia, todos os juristas e advogados, os amigos da imprensa, os policiais militares e civis que cuidam da nossa segurança aqui e todos os demais presentes. 

Eu serei breve na minha fala. Hoje é um dia de homenagens, hoje é um dia de ouvir os renomados juristas e as renomadas personalidades que aqui estão. Apenas gostaria de destacar como é raro nós vermos uma instituição chegar aos seus 150 anos com tamanho vigor, com tamanha relevância, com tamanha força. 

Por isso, quando o Dr. Mauricio me apresentou o IASP, eu, que não sou advogado, não sou da área do direito, comecei a conhecer um pouco mais o instituto e a sua história, não tive dúvida. Fiquei duplamente feliz quando eu vi que o plenário estava livre justamente para o dia de hoje, que é de fato a data de aniversário do IASP.

Então, fico realmente muito contente de poder prestar essa singela homenagem ao instituto, um instituto que, de fato, pela sua idade, pelas pessoas que o compõem, tem um peso, tem uma relevância muito, muito grande nos dias atuais, principalmente onde toda sorte de temas jurídicos é debatida, desde as profundezas da internet até a mais alta corte do País. 

Hoje, eu costumo dizer que política e direito são o novo futebol, se discute em toda mesa de boteco, todo mundo tem uma opinião sobre o que é, sobre o que não é, e alguns até acabam sendo tolhidos de poder dar a sua opinião. Mas nós temos temas muito importantes em curso no Brasil e é de suma importância que tenhamos um instituto forte como o IASP.

Temos aqui, por exemplo, o secretário Piai, então é de suma relevância tratarmos sempre dos assuntos de segurança no campo. A reforma tributária, que é um assunto também bastante relevante, bastante importante, e eu sei que o IASP também está envolvido nessa discussão. Temas como aborto, liberdade religiosa, liberdade de expressão, a segurança jurídica propriamente dita, a invasão da competência dos poderes muitas vezes.

Enfim, são diversos os assuntos que estão ebulindo no Brasil e eu fico muito contente de sabermos que temos uma instituição sólida e sesquicentenária como o IASP para sempre colocar a posição dos juristas, sempre colocar a posição dos advogados de maneira imparcial. Muito obrigado a todos vocês mais uma vez pela presença. Viva o IASP, a casa do jurista. 

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos ao deputado Lucas Bove pelas palavras. Neste momento, ouviremos os membros da Mesa Diretora. Passo a palavra ao Dr. Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. GUILHERME PIAI - Bom dia. O governador fala que você mede a animação pelo volume do bom dia. Bom dia, gente. Aí, melhorou. Eu começo saudando o nosso sempre presidente Michel Temer, um presidente que em pouco tempo trouxe mudanças estruturantes para o País. Colocou o País no eixo certo. Um líder, um craque da política, alguém que nos dá muito orgulho. Você é um presidente muito admirado, Temer. Parabéns. (Palmas.)

Ao deputado Lucas Bove, um jovem brilhante, inteligente, parceiro da Secretaria da Agricultura, eu no Executivo, você no Legislativo. Estamos fazendo muito pelo agronegócio de São Paulo.

E o agro de São Paulo é um dos grandes produtores de pequenas propriedades: 82% dos nossos produtores têm até quatro módulos fiscais. Então, nós temos muito orgulho do seu trabalho aqui na Alesp, deputado. 

Ao desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao qual o governador sempre elogia, uma Casa de extrema credibilidade. Ao Beretta da Silveira, que é o vice-presidente; ao Renato de Mello Jorge, que é o presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo; ao Dr. Ives Gandra, também um dos maiores juristas do Brasil, que nos motiva, que nos inspira. 

Ao Enio Luiz, que é o presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo; ao conselheiro Eduardo Tuma, que é o presidente do Tribunal de Contas do município de São Paulo; ao time da secretaria, minha chefe de gabinete, a Natália, a Luciana; aos diretores, conselheiros e associados. A todos vocês aqui presentes, a sempre deputada Janaina Paschoal. 

Pessoal, estou aqui hoje mais para agradecer. Eu sou um jovem de Presidente Prudente, do Pontal do Paranapanema. Tive a benção de ser agraciado como o secretário de Agricultura mais novo da história do Estado. A gente está fazendo um trabalho maravilhoso graças ao trabalho de vocês, que trabalham em parceria com a Procuradoria Geral do Estado, advogados, que geram segurança jurídica. 

Nós estamos fazendo nesse governo a maior regularização fundiária rural da história de São Paulo, gerando prosperidade. As regiões mais pobres de São Paulo, o Pontal e o Vale do Ribeira, são as que mais sofrem - sofriam, na verdade, isso foi resolvido - de insegurança jurídica. Não existe prosperidade, desenvolvimento econômico sem essa palavra. 

A gente está entregando títulos para todos os assentados do estado de São Paulo, títulos registrados em cartório, à margem da matrícula. O assentado pega o título, registra no nome dele de forma gratuita, não paga ITBI, não paga registro. É muito emocionante você entregar um título que não é só um pedaço de papel, é CEP, é sonho, é dignidade, é sucessão familiar, valorização do imóvel, e ver as pessoas chorando. Isso acontece sempre, falando: "Nossa, achei que eu ia morrer e não ia ver isso". 

Então, esses assentados, nós já titulamos metade dos assentados de São Paulo. Até o final do mandato nós vamos titular 100% dos assentados de São Paulo. E também, nós estamos transformando o Pontal do Paranapanema. Aquela região que era presídio, pedágio e pobreza, hoje é prosperidade, é prioridade.

Você anda por lá e vê silos sendo construídos, pivôs sendo instalados, pessoa com segurança para investir na propriedade. Nós já regularizamos 150 mil hectares de terra, mais de 300 milhões de reais de arrecadação para o Estado, gerando segurança, gerando prosperidade. Esse legado que a gente está deixando é graças ao trabalho de vocês, juristas, advogados, que trabalham pela segurança jurídica.

 Então, muito obrigado. Contem incondicionalmente com o governo de São Paulo. A Secretaria da Agricultura está com as portas escancaradas para cada um de vocês. Um abraço ao meu secretário aqui também, parceiro de trabalho.

Fiquem com Deus e um ótimo evento. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Por motivos de agenda com o governador, o secretário Guilherme Piai deverá se ausentar da Mesa. Passo a palavra agora ao Dr. Ives Gandra Martins, jurista, advogado e ex-presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo.

 

O SR. IVES GANDRA MARTINS - Meu eminente presidente Lucas Bove, presidente da sessão; meu caro presidente e amigo de mais de 40 anos, presidente Michel Temer, (Inaudível.) Torres e as demais autoridades, cumprimento-os no início desta breve alocução. É com grande alegria que eu vejo os 150 anos do Instituto dos Advogados. 

Sou decano dos presidentes, dos ex-presidentes, e estatutariamente é um colégio de ex-presidentes que é sempre estatutariamente entregue à presidência, ao presidente mais antigo, da forma que também falo na condição de presidente do colégio dos ex-presidentes do Instituto dos Advogados, que serve como uma espécie de conselho superior em momentos em que a diretoria venha a consultar. Mas essa data é uma data de extrema importância. 

Nós tínhamos a fundação do instituto normalmente comemorada - quando eu entrei, em 1975 - no dia 21 de dezembro, pela fundação, em 1916, por Fabrício Vampré. Foi na nossa presidência que nós localizamos o Diário Oficial da fundação por Barão de Ramalho. Um dado interessante da fundação do instituto é que o Império Brasileiro, o imperador do Brasil, D. Pedro II, governava e não havia uma instituição jurídica de relevância na capital do Império. 

As duas únicas faculdades, a de direito de São Paulo e a de Olinda, em Pernambuco, fundadas em 1827, eram uma concentração dos juristas, mas a capital do Império não tinha. Então, se decidiu que no Rio deveria fundar o Instituto dos Advogados Brasileiros, para que houvesse pelo menos um centro de discussão das grandes questões jurídicas no Rio de Janeiro, na capital do Império.

Naquela ocasião, um aspecto interessante, se pretendeu fundar o Instituto dos Advogados de São Paulo, em 1843. E só não fundou, só não foi fundado o Instituto de São Paulo, porque entenderam os professores da nossa faculdade - o professor Michel Temer, eu e a professora Ivette somos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco - que São Paulo não precisava de um instituto. Nós tínhamos em São Paulo a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Mas, em 1874, o Barão de Ramalho - e essa é a razão pela qual todo ano entregamos uma medalha de Barão de Ramalho para uma autoridade, para um jurista que marcou história no País - entendeu que nós tínhamos que ter uma casa diferente da faculdade, porque nem todos teriam se formado na faculdade, nem todos seriam professores da faculdade, e decidiu fundar em 1874. 

Foi na minha presidência que, por um dado interessante, nós tínhamos um velho armário, e nesse armário estão guardadas diversas relíquias do instituto. Quando abrimos o armário, lá se encontrou o Diário Oficial de fundação do instituto, inclusive documentos que mostravam a presença de Ruy Barbosa, de nomes expressivos da história brasileira, e fundada por Barão de Ramalho em 1874.

Houve apenas um hiato no começo do século, em que o Estado praticamente não teve atuação, razão pela qual se entendeu que Fabrício Vampré teria fundado o instituto em 1916. Fizemos uma reformulação total na presidência, decidimos fazer naquele primeiro ano.

O próprio governo federal mandou ministros para a solenidade da reinauguração do instituto, relembrando a data de fundação. Inclusive, os Correios lançaram um carimbo especial referente ao instituto, e passamos a comemorar no dia 29 de novembro de 1874. 

Sempre foi a casa do jurista. A Ordem dos Advogados saiu do Instituto dos Advogados. No início, chamava-se a Ordem dos Advogados do Instituto dos Advogados, porque era o instituto que formulara a possibilidade de não mais só ter a casa do jurista, que era o instituto, mas a casa também do advogado, que seria a ordem que representaria. 

Ao ponto de até 1994, quando os seccionais e o Conselho Federal tinham apenas 24, e o Conselho Federal 23, multiplicado por mais três conselheiros de cada seccional, nós tínhamos 24 conselheiros, dos quais seis necessariamente indicados pelo instituto.

Todos indicados pelo instituto eram professores titulares, professores altamente graduados em direito, tal forma que muitos advogados iam às sessões da Ordem só para ouvir os debates entre aqueles que lá estavam. 

O Instituto dos Advogados sempre representou, até 1994, na Ordem dos Advogados, aquilo que seria o equilíbrio doutrinário, porque a casa do jurista, por excelência, fazia com que os debates ganhassem um nível de intelectualidade que, enfim, não era fácil encontrar em quaisquer outras organizações em que se discutissem problemas jurídicos. 

Por essa razão, comemorarmos 150 anos da fundação de uma instituição que permaneceu e continua sendo a casa de jurista, a meu ver, a mais importante do Brasil. Porque o que nós temos com sócios colaboradores, membros do Poder Judiciário, membros do Ministério Público - inclusive aceitando figuras da mais alta expressão -, é evidente que representamos um farol da discussão de direito neste País.

 É por essa razão, como um velho de 89 anos, mas o mais antigo presidente da casa, ex-presidente (Inaudível.), presidente do colégio, ex-presidente do instituto, eu queria, realmente, comemorar a nossa instituição, cumprimentando especialmente o Renato, atual presidente, e o Diogo, futuro presidente. Esse porque administrou excepcionalmente o instituto até agora e Diogo porque continuará a tradição de boas administrações na nossa casa. 

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra agora ao Dr. Fernando Torres Garcia, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. FERNANDO ANTONIO TORRES GARCIA - Muito bom dia a todos. É com muita alegria que participo deste evento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Aliás, tenho a redobrada honra de mais uma vez ocupar esta tribuna. Participamos deste evento por iniciativa do deputado Lucas Bove, em homenagem aos 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo, que vem sendo dirigido sob a segura presidência do professor Dr. Renato de Mello Jorge Silveira. Em nome de ambos, do deputado Lucas Bove, do professor Dr. Renato de Mello Jorge Silveira e do presidente Michel Temer, peço vênia para saudar a todos que compartilham deste inesquecível momento. 

O IASP, fundado exatamente há 150 anos, foi fundado por 40 acadêmicos da minha casa de formação, a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, e possui uma história marcada pela ênfase no estudo do direito, mas jamais abdicou da sua efetiva participação em momentos importantes da vida de São Paulo, como aconteceu nas revoluções de 1924 e 1932. Por sua vez, o Tribunal de Justiça de São Paulo, do qual tenho a honra de ser presidente, tem também origem em 1874, o mesmo ano da fundação do IASP.

Instalado no dia 3 de fevereiro de 1874, como Tribunal da Relação de São Paulo e Paraná, nossa corte tinha apenas sete desembargadores. Daí, neste ano, como já afirmei em outras oportunidades, completamos juntos, IASP e Tribunal de Justiça, o nosso sesquicentenário. Aliás, nossa história possui outros pontos de contato.

Por exemplo, a cerimônia de instalação do IASP aconteceu na sede do Tribunal de Justiça de São Paulo, com o apoio do nosso então presidente, Tristão de Alencar Araripe, na Rua Boa Vista nº 20, em frente à Rua 13 de Dezembro, com fundos para a Rua 25 de Março.

Tudo pode parecer mera coincidência histórica, mas penso que é muito mais do que isso. Demonstra, em verdade, uma perene parceria de 150 anos entre instituições que participam do sistema de justiça, cada uma a exercer o seu papel na defesa da ordem constitucional.

Pretendemos, ao fim e ao cabo, uma eficiente prestação judicial, condição indispensável ao Estado Democrático de Direito. É nossa vontade que continuemos a trabalhar em conjunto com a advocacia e com todas as suas instituições, especialmente o IASP, que, em sua insígnia, traz o seguinte trecho produzido, profissão mais ilustre que agradável.

Aproveito o momento para reconhecer a árdua missão dos advogados, que as dificuldades são inúmeras, mas sua existência é o esteio da democracia.

Se um advogado não tem liberdade para exercer sua função na plenitude, é a democracia que enfraquece. É nesse aspecto que o ataque a um advogado constitui a afronta à democracia e ao Estado Democrático de Direito, justamente o que o IASP, ao longo dos seus 150 anos, busca proteger.

E nessa luta, Sr. Presidente do IASP, conte sempre comigo e com o Tribunal de Justiça de São Paulo.

Muito obrigado por me ouvir. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Por imprevistos de última hora na agenda do Tribunal de Justiça, o presidente e o vice-presidente do Tribunal de Justiça deverão se ausentar da Mesa. Passo a palavra agora ao Dr. Marcos da Costa, secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. (Palmas.)

 

O SR. MARCOS DA COSTA - Bom dia. Deputado Lucas Bove, quero cumprimentá-lo, agradecer por todo o apoio, por toda a parceria que desenvolve com o Governo do Estado, em especial com a nossa secretaria, e cumprimentá-lo pela iniciativa importantíssima que representa não só a comemoração dos 150 anos do Instituto dos Advogados, mas o reconhecimento do Instituto dos Advogados de São Paulo para a história do nosso estado. Parabéns.

Presidente Michel Temer, grande presidente, presidente que é responsável por uma das histórias mais marcantes da advocacia do Brasil ao defender, ao ostentar, ao apresentar, na Constituição de 88, a Constituição Cidadã, a redação do Art. 133, que consagra a advocacia como atividade essencial da justiça. É um dispositivo que tem servido de modelo, inspiração para a autonomia, para a força, para a independência da advocacia de todo o País. 

Quero, em nome das duas autoridades, cumprimentar as demais autoridades presentes, cumprimentar o querido amigo presidente Renato Silveira e o querido amigo presidente Diogo Melo, presidente eleito do Instituto dos Advogados.

Cumprimentar todos os ex-presidentes aqui presentes, esperando não esquecer nenhum que está presente, mas o Rui, o querido amigo Rui; o decano dos presidentes, o professor Ives Gandra, professor que eu tenho a honra de ser amigo, e a minha querida amiga, a professora Ivette Senise, que eu tive a honra de servir à OAB como presidente da Ordem, com a professora Ivette como vice. (Palmas.)

Além de receber dela lições diárias, eu, em um momento difícil para mim, no momento em que eu sofri o acidente, em 2015, fiquei um bom tempo afastado da Ordem, no hospital, e as pessoas vinham me falar sobre a Ordem.

Eu dizia: "Eu estou absolutamente tranquilo em relação ao destino da nossa instituição, porque está sob a presidência da nossa OAB a professora Ivette Senise. Parabéns, professora, obrigado por tudo o que representa. (Palmas.)

Cumprimentar minha amiga, vereadora eleita, ex-deputada, sempre deputada, Janaina Paschoal, que também me deu a honra, professora, de estar conosco como conselheira da OAB de São Paulo, e dizer rapidamente, dos amigos e amigas presentes, eu vejo muitos. Então, me permitam cumprimentar a Tallulah cumprimentar todos os amigos da professora da Tallulah e do Vic, do Vitorino Antunes.

Dizer rapidamente o seguinte: o Instituto dos Advogados de São Paulo representa, para o nosso estado, o que representa o Instituto Brasileiro dos Advogados. Aqui começou a nascer o lado corporativo, o lado positivo corporativo da advocacia, as primeiras discussões. 

O primeiro código de ética da profissão é do Instituto dos Advogados, as primeiras discussões sobre prerrogativas profissionais vêm do Instituto dos Advogados de São Paulo.

E, em 22 de janeiro de 1932, em uma reunião que trazia a diretoria do Instituto dos Advogados - presidida à época pelo Plínio Barreto -, a diretoria, então, decide criar a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo, chamada à época a Ordem dos Institutos dos Advogados, dando à OAB esse DNA vibrante, altaneiro, acadêmico, e que faz com que a nossa instituição, desde o início, desde 1932, se transforme na casa da advocacia aqui de São Paulo. 

Lembro sempre que o espírito libertário do advogado, próprio da advocacia, o espírito de defesa das liberdades, fez com que aquele presidente do instituto, que se torna o primeiro presidente da OAB, ladeado aos diretores do instituto - diretores então da OAB de São Paulo, criado em janeiro de 1932 -, em março de 1932, já estivesse participando da Revolução de 1932, a ponto de que em outubro de 1932, pela primeira vez, não houvesse quórum na sessão do conselho da OAB de São Paulo, porque os nossos diretores todos estavam ou presos ou exilados pela participação na Revolução de 1932. 

Então fica aqui esse registro, registro de carinho. Eu tive a oportunidade, na inauguração da atual sede da OAB, como presidente da Ordem, propor ao nosso conselho - e foi aprovado por unanimidade - que o nosso prédio, a nossa sede, tivesse o nome de Plínio Barreto, homenageando essa história riquíssima do Institutos dos Advogados, a vinculação do instituto com a advocacia e a todos os presidentes da OAB, em nome do nosso primeiro presidente, valorizando cada vez mais o instituto, nos seus primeiros 150 anos. 

Embora eu, particularmente, lamente profundamente a alteração que houve no estatuto para afastar a participação do instituto, eu acho que o instituto deveria ter participação até hoje, pela ligação das suas casas, mas que o instituto continue sempre a servir à advocacia e à Justiça de São Paulo.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra agora ao desembargador Enio Luiz Rossetto, presidente do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. ENIO LUIZ ROSSETTO - Bom dia a todos e a todas. Cumprimento inicialmente o excelentíssimo deputado estadual Lucas Bove, que é o proponente desta sessão solene, e presidente dela. Cumprimento também o excelentíssimo presidente da República, Michel Temer. 

Cumprimento o doutor, professor da Faculdade de Direito Largo de São Francisco, Renato de Mello Jorge Silveira, iminente presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, com quem a Justiça Militar do Estado de São Paulo tem na pessoa do Dr. Renato uma afinidade muito especial.

O pai do Dr. Renato pontificou na Justiça Militar, tanto na primeira instância como depois na segunda instância, e sendo o presidente daquela corte. Então, Dr. Renato, é sempre uma satisfação revê-lo e participar desse instituto que o senhor preside.

 Cumprimento também o nosso eterno professor, Dr. Ives Gandra Martins, cujas obras servem de farol para os estudiosos do direito. O Tribunal de Justiça Militar sente-se honrado em ter sido convidado para participar desta sessão solene de comemoração aos 150 anos do Instituto dos Advogados do Brasil. Portanto, é com muito orgulho que nós estamos aqui.

 Não poderia deixar de mencionar também alguns aspectos históricos. Embora já adiante que o meu discurso será reduzido, eu vou obedecer ao Conselho Nacional de Justiça, uma vez que o meu tribunal firmou a linguagem simples e a orientação é que os discursos sejam breves sempre. Então, eu, como integrante de uma corte militar, vou obedecer ao Conselho Nacional de Justiça.

Sendo breve, farei apenas um discurso histórico, muito rápido, do Instituto dos Advogados de São Paulo, que foi fundado na capital paulista, já no longínquo 29 de novembro de 1874, por iniciativa de cerca de 40 advogados, juristas e professores da Academia de Direito do Largo de São Francisco, dentre os quais se destacavam os já mencionados Joaquim Inácio Ramalho, o Barão de Ramalho, que foi o primeiro presidente daquela entidade, Américo Brasiliense de Almeida Mello, o primeiro vice-presidente, João Mendes de Almeida, que foi o segundo vice-presidente, e João Teodoro Xavier de Matos, então presidente da província e cargo equivalente, naquela época, ao governador do Estado. Por aí já se vê a importância do instituto ao seu tempo.

A principal finalidade do instituto, desde a sua fundação, foi a de promover a reunião dos advogados do distrito da relação de São Paulo em proveito geral da ciência do direito. Aliás, como rezava o Art. 2º do primeiro estatuto da entidade, lá de 1875. Portanto, esse é o caráter marcadamente científico do instituto.

O instituto realmente é um orgulho para os brasileiros de São Paulo. Eu ressalto aqui a importância dos advogados na construção da nossa democracia, na sedimentação do Estado Democrático de Direito. A Justiça Militar sente-se mais uma vez honrada em poder participar deste evento.

Eu cumprimento a todos e agradeço a possibilidade de estar aqui.

Muito obrigado e tenham um bom dia. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra agora a sempre deputada estadual do estado de São Paulo, Janaina Paschoal. (Palmas.)

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - Muito bom dia a todos. Sempre uma honra poder voltar a esta Casa, onde tanto aprendi. Cumprimento o presidente da nossa sessão, o deputado Lucas Bove, pela iniciativa tão feliz de fazer esta sessão. Tomo a liberdade de homenagear, abraçar, cumprimentar todas as autoridades presentes e todos os presentes, na pessoa da sempre minha professora, Ivette Senise, primeira e única diretora do Largo São Francisco, vice-presidente que assumiu a presidência da Ordem.

Professora de todos nós, símbolo de democracia, porque mesmo quando ela não concorda conosco, ela nos dá espaço, ela nos dá voz, para homens e mulheres, não estou falando só de mulheres.

Os grandes quadros são aqueles que... Vou ser moderna aqui. Os grandes quadros não têm gênero, são grandes quadros, ponto. (Palmas.) Então, minhas homenagens a todos, na pessoa da professora.

Venho aqui nesta oportunidade exaltar o papel da advocacia na construção, na preservação da democracia, da República - a palavra república tem um significado ainda maior do que democracia - e, acima de tudo, o papel do direito. 

Eu acredito firmemente que o direito dá saídas para momentos de crise, para momentos de indefinição, para momentos que são, como posso dizer, momentos que antecipam ou tangenciam o conflito. O Brasil e a América Latina têm uma história de antecipação ou de convívio com conflitos em potencial.

 A saída sempre tem que vir pelo direito. Eu acredito firmemente que nós estejamos em um momento de gravidade, vamos dizer assim. Esta reunião, neste momento de gravidade, sinaliza a importância do caminho pelo direito. 

Por isso que eu acredito, e cumprimento o presidente da sessão por isso, que as lideranças, os juristas, os amantes desta Nação precisam literalmente baixar armas e apegar na Constituição Federal para que nós possamos encontrar saídas. 

Em uma república, nós não podemos ter figuras; nós precisamos ter instituições, nós não podemos ter personalização. A personalização prejudica a democracia, prejudica a República. 

Então estamos em um momento de dar um passo atrás. Independentemente de ideologias, independentemente de partidos, é o momento de dar um passo atrás e buscar caminhos, baixar a personalização, rumar para conciliação. O que não significa, eventualmente, punir quem precisa ser punido, investigar o que precisa ser investigado, mas necessariamente requer serenidade para não cometer injustiças, para não recair em perseguições nem em personalismos. Eu utilizo esta manhã respeitosamente para fazer...

No início da minha amizade com a professora Ivette - a professora Ivette foi minha professora, mas a nossa amizade surgiu depois -, ela apoiou um desagravo que eu fiz no Largo São Francisco, à grande figura de Tobias Barreto. Nunca vou esquecer disso, professora, porque muita gente fez oposição à minha iniciativa, mas a professora apoiou, como presidente do museu, não foi isso, professora?

Responsável pela preservação da cultura da faculdade, ela deu um parecer brilhante, também desagravando Tobias Barreto. Eu uso a manhã de hoje para fazer um desagravo ao nosso sempre professor Ives Gandra, aqui presente. (Palmas.) Porque Ives Gandra vem sendo acusado injustamente, foi representado perante a nossa Casa, por exercer a sua liberdade de cátedra. 

Então eu utilizo esta manhã de homenagem à advocacia, de homenagem ao direito, de conclamação, convocação daqueles que amam esta Nação, para que rumemos juntos para uma necessária conciliação, para a busca de saídas pelo direito. Eu utilizo esta manhã para prestar homenagem, solidariedade, fazer esse desagravo a Ives Gandra, porque é também um professor democrático, acima de tudo democrático. 

Em vários momentos divergimos, não é verdade, professor? Nós divergimos em vários momentos, inclusive apresentei um projeto nesta Casa com o qual o professor não concordava. Teve a hombridade de telefonar para o meu gabinete, nós conversamos. Eu mantive o projeto e ainda assim somos amigos e seremos sempre, porque é um democrata, e foi representado por não baixar a cabeça a um pensamento dominante.

 Nós teremos república, teremos democracia, enquanto todos nós pudermos com respeito, com urbanidade, externar os nossos pensamentos, externar as nossas convicções, fundamentar o que está na alma de cada qual. Não se faz república nem democracia planificando, se faz república e democracia valorizando os indivíduos. 

Então, eu cumprimento o deputado Lucas por essa iniciativa e digo que vim, sim, vim homenagear a advocacia, vim homenagear o IASP, vim festejar com todos os senhores os 150 anos, mas vim desagravar a Ives Gandra e chamar todos os amantes do Brasil, do direito, independentemente de convicções.

 Não é hora de levantar armas, é hora de baixar, para que nós encontremos uma saída pelo direito. É importante que seja nesta Casa, a casa dos representantes do povo, porque equivocadamente as faculdades de direito ainda acham que a política é uma profissão, é uma atividade paralela, à parte. Não é!

A atividade política é eminentemente jurídica. Nós trabalhamos, nós trabalhamos criando leis. Então nós precisamos unir as prerrogativas da advocacia com as prerrogativas parlamentares, com as prerrogativas dos professores que têm a liberdade de cátedra, para fazer valer a Constituição Federal, que vem sendo, sim, desprestigiada, desrespeitada.

O direito que eu ensinei, que ensino, que aprendi com a professora Ivette, não existe mais. Mas nós precisamos ter a coragem não de lutar, não de desmerecer quem quer que seja, não de querer diminuir figuras, mas de chamar a racionalidade para reconstituir, reconciliar e caminhar adiante. Chegou o momento - aliás, já passou da hora - de caminhar adiante.

Recebam todos o meu abraço emocionado, o meu abraço agradecido e abraço especial ao professor Ives, que é o professor de todos nós ao lado aqui da nossa amada professora Ivette.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

 O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra agora ao Dr. Diogo Machado Melo, diretor administrativo do Instituto dos Advogados de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. DIOGO MACHADO MELO - Bom dia a todos. Na qualidade de convidado, eu gostaria de agradecer mais uma vez a proposta do deputado Lucas Bove, agradecer em nome da diretoria do Instituto dos Advogados esta homenagem. Não gostaria de deixar de agradecer também a presença da diretoria eleita, aqui representada por três grandes e brilhantes advogadas, professora Marina Coelho, professora Paula Tonani, professora Heidi Florêncio. (Palmas.)

Cumprimentar também o meu amigo e diretor eleito Milton Flavio, Luiz Antonio Alves de Souza e cumprimentar também o meu presidente, Renato de Mello Jorge Silveira, que hoje fez uma justa e grandiosa homenagem no estado de São Paulo, relembrando a história do instituto, os seus feitos e os seus compromissos. 

Também gostaria de cumprimentar os ex-presidentes aqui, já referendados na pessoa do nosso decano, professor Ives Gandra Martins, professora Ivette Senise, professor Rui Celso Reali Fragoso. Gostaria também de saudar essa parceria não só com o Tribunal de Justiça Militar, mas também, como foi lembrado aqui pelo presidente Fernando Torres Garcia, com o Tribunal de Justiça.

Gostaria de agradecer a representatividade da presença dos nossos nobres conselheiros - e aqui eu faço uma ressalva, não só advogados, mas também membros do Ministério Público, membros da magistratura que compõem o nosso conselho.

Eu gostaria de fazer também um cumprimento especial ao presidente Michel Temer, não só pela lembrança do Art. 133, como bem lembrado pelo presidente Marcos da Costa, hoje secretário, mas pelo trabalho e parceria enquanto presidente da República com o Instituto dos Advogados de São Paulo. Cumprimento todas as autoridades que estão na Mesa e, repito, na qualidade de convidado, as palavras oficiais do instituto serão proferidas pelo presidente Renato.

Mas eu registro aqui três grandes preocupações do instituto. Primeiro, responsabilidade com as nossas instituições, sempre pautadas pela serenidade. A segurança jurídica como um norte, e mais do que isso, a relevância e a importância da nova advocacia, dos novos formados em direito, que aqui se fazem representados com a coordenação da nossa Comissão dos Novos Advogados.

Eu faço um cumprimento especial em nome da Dra. Bruna Souza e do Dr. Raphael Crocco, que se fazem presentes aqui e endossam o compromisso do instituto também com o futuro do ensino jurídico, como é a nossa tradição. Com essas palavras, eu registro o nosso agradecimento e, mais uma vez, torço para que o instituto caminhe nesta trilha segura da serenidade, da imparcialidade e da fidelidade com o direito.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos as palavras das autoridades e agora exibiremos um depoimento em vídeo do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos o depoimento do ministro André Mendonça e agora temos a honra de convidar sua Excelência, o presidente Michel Temer. (Palmas.)

 

O SR. MICHEL TEMER - Olhe, eu estou pedindo licença para falar aqui na Mesa com dois objetivos. Primeiro, para ganhar tempo, para evitar essa caminhada até a tribuna, e em segundo lugar, ainda com o objetivo de ganhar tempo, deputado Lucas, pedir licença para saudar a todas as eminentíssimas autoridades que aqui se acham assim coletivamente, porque se o fizesse, haveria de mencionar aqueles que estão à Mesa e aqueles que estão também no auditório, porque eu vejo que há autoridades de todos os naipes aqui presentes no auditório.

Aliás, muito oportuna, em primeiro lugar, a sua iniciativa de comemorar o sesquicentenário do Instituto dos Advogados de São Paulo. Não vou me deter no histórico que já foi, Renato, relatado pelo Ives, por aqueles que já se manifestaram nesse momento, mas dizer em ter a coincidência interessante entre a figura do advogado - aliás, a figura do jurista em geral, seja juiz, promotor, delegado, mas especialmente advogado - com o Legislativo, porque ambas as figuras representam, como aqui já foi mencionado, a figura da democracia. 

O interessante, eu costumo perceber, nesta fala informal que estou fazendo, é que nós, da área jurídica, vivemos da democracia, porque a primeira coisa que um advogado recebe quando peticiona é uma contestação. Quando o juiz profere a sua decisão, a primeira coisa que ele recebe, dirigindo o recurso ao tribunal, é a “data venia”, dizendo que está tudo errado. Portanto, contestando a decisão de igual maneira, nas várias fases da jurisdição, isso ocorre. 

De igual maneira, quando o promotor se manifesta, quando o delegado conclui seu inquérito, vem uma “data venia” e está tudo errado. Então nós vivemos da contestação. A contestação é exata e precisamente o que marca a democracia. A democracia é o sistema da contestação, não é?

 Vocês vejam que no sistema democrático, por exemplo, é fundamental a oposição. A oposição impede exata e precisamente o poder absoluto de quem está no poder, de quem está na situação. Aliás, eu digo sempre, Ives, que a oposição na democracia existe para ajudar a governar. Ela ajuda a governar quando contradita, contraria, contesta, observa, fiscaliza, não é? 

Nós temos que ter consciência desses fatos, são coisas... Ultimamente até eu tenho dito tantas trivialidades que às vezes me envergonho. Mas esse é o conceito, Lucas, jurídico-constitucional de oposição. Não é esse conceito (Inaudível.) que, na verdade, se utiliza no nosso País. Aqui no nosso País, o conceito é político, tanto na União, estados, municípios. 

Ou seja, se eu perder a eleição, o meu dever é destruir aqueles que venceram a eleição. Isso é péssimo para a democracia e é péssimo, portanto, para o desenvolvimento e para o povo brasileiro. São preconceitos. Aliás, um dos únicos países onde se adota, talvez, esse conceito que eu estou aqui relatando é o Reino Unido. Lá você tem o gabinete da situação e tem o chamado gabinete das sombras. 

O que é o gabinete das sombras? É o gabinete da oposição que ajuda a fiscalizar e, portanto, ajuda a governar. Mas eu digo isso em função dos meus colegas advogados. Eu tive essa honra imensa que eu escrevi no meu currículo, como aqui foi relatado, de inscrever no texto constitucional que o advogado é indispensável à administração da justiça e inviolável por seus atos e manifestações.

Vocês sabem que eu até conto um episódio curioso sem embargo dessa dicção tão acentuada do Art. 133 da Constituição Federal. Houve momentos que eu fui procurado por colegas advogados que me diziam o seguinte: "Olhe aqui, Temer, você realmente... Essa regra está na Constituição". Mas, sem embargo disso, nós estamos precisando de uma lei que proteja os instrumentos de trabalho do escritório do advogado.

Não é, Renato? Porque têm sido invadidos os escritórios de advocacia e lá eles levam tudo, levam celular, levam iPads etc. Gente até que perdeu prazo em processos que não tinham nada a ver com o seu cliente de natureza delituosa, digamos assim. E eu, com toda franqueza, apresentei um projeto de lei protegendo o local de trabalho do advogado.

Mas tive o cuidado, penso eu, de dizer na justificativa que eu apresentava aquele projeto com extremo pudor intelectual. Porque, a meu ver, aquilo já estava previsto no texto constitucional.

Mas, como, no geral, as pessoas não costumam cumprir a Constituição, preferem cumprir a lei ordinária ou, quem sabe, o decreto legislativo, em momentos mais autoritários, até as portarias ministeriais, eu fiz questão de dizer isso. E veja, estou aqui relatando o que é a função do advogado e a função do Instituto dos Advogados aqui de São Paulo, que faz um trabalho excepcional.

Aliás, aproveitando as palavras que foram ditas da tribuna, interessante, é uma outra trivialidade. De vez em quando eu digo: "Olhe aqui, a única autoridade que existe no nosso sistema é o povo. As demais autoridades são autoridades constituídas". E por que constituídas? Secundárias. E por que secundárias? Devendo prestar obediência à vontade primeira, à vontade primária que é do povo. 

Quando me perguntam, "mas vem cá, Temer, você sempre diz que o povo é autoridade. Onde é que está a vontade do povo?" Está no texto constitucional. Nós, outros que fomos constituintes, nós fomos lá em nome do povo. Não é sem razão que no preâmbulo da Constituição está dito "nós, os representantes do povo brasileiro, em seu nome, editamos ou reconstituímos o Estado desta e daquela maneira". 

Eu fui presidente da República, eu era autoridade secundária. E secundária deveria prestar obediência à vontade primária. Portanto, eu prestava e fiz obediência absoluta ao texto constitucional. E como aqui ressaltado em algumas falas da tribuna, não vem sendo rigorosamente obedecido. 

Vocês vejam o tema da paz interna e da paz internacional. Essa é uma determinação constitucional. Está no preâmbulo da Constituição, e o preâmbulo eu menciono sempre, porque ele, de alguma maneira, revela a vontade política do povo e é o recado que o povo dá ao constituinte. Está dito: "Olhe aqui, vocês vão constituir um Estado pautado pela paz interna e internacional".

E quando vão ao texto constitucional, as regras mais variadas determinam essa pacificação interna e internacional. Então, interessante você... Aqui no Brasil nós temos hoje... Muitos chamam de polarização, eu chamo de radicalização, porque guardo a palavra polarização para o embate de ideias. Isso é fundamental na democracia, embate de sistemas, de programas etc. Isso é fundamental.

Agora, o que existe no Brasil hoje é uma radicalização, que leva a brasileiros contra brasileiros, instituições contra instituições, corporações contra corporações, e isso não vale a pena. Quem melhor defende esses pressupostos democráticos no nosso País é, precisamente, a área jurídica; no particular, o advogado. O advogado faz esse papel de protetor dos direitos individuais.

Veja lá o Art. 5º, com 79 incisos assecuratórios dos direitos individuais. Os direitos individuais são a maior revelação da democracia no País. E quem faz isso com uma precisão extraordinária é a figura do advogado, naturalmente secundado pelas demais áreas jurídicas do nosso País, dentre as quais a própria magistratura, como revelou aqui, muito adequadamente, o presidente Torres Garcia.

Então, neste momento, em palavras muito rápidas e singelas, eu quero dizer que esta reunião, como também foi dito na tribuna, que sirva como uma espécie não só de desagravo ao nosso querido Ives, que merece todos os aplausos, e eu peço um aplauso de desagravo ao Ives (Palmas.), mas um desagravo à democracia, porque quando a democracia é violada, ela também tem que ser preservada. 

Daí a razão, penso eu, de solenidades dessa natureza, porque elas são oportunidades de revelar aquilo que está efetivamente no texto constitucional. Ninguém faz melhor isso do que o advogado. 

Portanto, ao instituto, ao Renato, a todos os companheiros e a você pela oportunidade, Lucas, de ter promovido esta reunião, os meus cumprimentos. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos profundamente ao presidente Michel Temer por sua valiosa presença e pelas palavras inspiradoras. Agora, exibiremos um vídeo em homenagem aos 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, convidamos o deputado Lucas Bove, o Sr. Renato de Mello Jorge Silveira e o Dr. Mauricio Felberg para se posicionarem em frente à Mesa e realizarem a entrega de uma placa que simboliza os 150 anos do Instituto dos Advogados de São Paulo em nome da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. 

 

* * *

 

- É entregue a homenagem.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos aos senhores pela entrega desta homenagem que representa a trajetória de excelência e relevância do Instituto dos Advogados de São Paulo ao longo de seus 150 anos.

Com grande satisfação, convidamos agora o presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, Dr. Renato de Mello Jorge Silveira, para fazer uso da palavra, representando esta ilustre instituição que hoje é homenageada. (Palmas.)

 

O SR. RENATO DE MELLO JORGE SILVEIRA - Caríssimo Sr. Deputado Lucas Bove, presidente desta sessão, nesta Casa de 1835, que é companheira do IASP do século XIX, congresso que já foi com Câmara e Senado, mas que chega aos dias de hoje com tanta importância.

Meu querido e caríssimo presidente da República, meu professor Michel Temer, homenageado que foi pelo IASP com a medalha Barão de Ramalho. Mas digo mais, homenageado que foi ontem, em que foi dito das saudades que deixou antes mesmo de acabar seu mandato. 

Caríssimos amigos, vou seguir a lição dada pelo querido desembargador militar Enio Rossetto de ser breve, mas queria dizer, em primeiro lugar, da alegria de poder estar consigo, de poder ouvi-lo.

Vossa Excelência que representa um tribunal que me é caro, que é caro para São Paulo, que já parte aos seus quase 100 anos também, mostrando uma força e um vigor sempre presentes. 

Queria homenagear muito rapidamente meu querido presidente e secretário Marcos da Costa, caríssimo amigo de hoje e de sempre. Destacar as presenças dos ex-presidentes da casa, meu queridíssimo professor, exemplo e amigo Ives Gandra da Silva Martins; meu querido presidente Rui Celso Reali Fragoso, exemplo e eterno presidente.

Minha querida professora Ivette Senise Ferreira, presidente do IASP, presidente da OAB, primeira diretora da Faculdade de Direito, minha chefe em tantos momentos, exemplo maior, pessoa que eu tenho um carinho, como eu costumo dizer, antes mesmo de nascer, uma vez que tinha uma proximidade familiar com Sua Excelência. 

Queria destacar ainda a presença e a importância do Dr. Vitorino Antunes, o melhor dos companheiros de diretoria, melhor das pessoas para partilhar de uma jornada tão importante.

Destacar ainda a alegria de poder estar consigo, com o presidente Diogo Melo, no início desta jornada que se avizinha à diretoria presente e à futura, aos conselheiros, membros do instituto aqui presentes. 

Prometo ser breve, Sr. Presidente, mas incumbe me dizer duas palavras de história e talvez uma do presente. Consta da nossa história que no dia 29 de novembro de 1874, por iniciativa de alguns advogados, entre eles Américo Brasiliense e Joaquim Augusto de Camargo, a quem a professora Janaina Paschoal - que eu também destaco a presença e agradeço as palavras - tão bem conhece, um grupo de jovens advogados residentes nesta Capital paulista reuniu-se na sede do então Tribunal da Relação com o intuito de criar na cidade um instituto que fomentasse o debate e a troca de ideias sobre as ciências jurídicas.

Em cerimônia dada logo após, na mesma sede da Relação - e esse o motivo que o presidente Torres Garcia destacou ser o Tribunal a primeira morada do IASP -, em outra cerimônia, na Relação, deu-se a solenidade de instalação do instituto.

Segundo noticiou à época o jornal "Província de São Paulo", que o presidente Ives encontrou amoitado em um armário escondido no instituto, em 19 de junho daquele ano, compareceram na solenidade o presidente do Tribunal, o chefe de polícia e outras autoridades do Legislativo, Sr. Presidente. A proximidade, portanto, do IASP com o Legislativo vem daquele distante 1874.

Passados 150 anos, o IASP comparece a esta Casa para receber uma homenagem grato e feliz. Professor Ives contou um pouco da história do instituto, neste campo eu sou mero aprendiz. Mas eu devo dizer de outra proximidade, Sr. Presidente, e talvez uma proximidade que una a paulistanidade que o Dr. Vitorino tanto gosta no coração do IASP. 

O espírito altaneiro de São Paulo, que foi traduzido na valentia, na coragem, na audácia, no desprendimento e comprometimento, exprime uma paulistanidade única. Esta Casa, mais do que qualquer outra, espelha isso. E um dos momentos em que talvez se tenha dado essa questão com maior expressão se viu em 1932. Naquela época é que se bradou São Paulo inteiro contra a opressão, pela primeira vez contra a opressão.

Naquele momento se levantaram armas pela democracia e pela Constituição, e naquele momento é que se criou a expressão "pro brasilia fiant eximia", ou seja, pelo Brasil façam-se grandes coisas. Apesar do lema do instituto ser outro, vale dizer, "profissão mais ilustre do que agradável", nossa proximidade com o lema desta Casa é significativa.

Recordo, e aqui em homenagem ao querido Dr. Luiz Antonio, uma frase dada não no Brasil, mas na Espanha, em sua guerra civil, onde se deu o discurso de Unamuno contra Millán Astray, o chamado glorioso mutilado, que dava vivas a morte. E nesse momento, ou naquele momento, disse Unamuno sobre a defesa da civilização cristã ocidental, e recordava que vencer não é convencer; há sobretudo que se convencer. Nesse sentido, só seria de se pôr que a compaixão pode convencer.

Agrego mais: que a cultura é que deve convencer. Nesse sentido, a cultura que o IASP tem como piso fundamental talvez seja uma peça a mais a ser levada em conta. A cultura que essa profissão mais ilustre que agradável defende, que exprime a definição pelo Brasil, e que pelo Brasil se façam grandes coisas.

O IASP, já foi dito, é a casa do jurista. Do IASP nasceu a ordem, do IASP nasceram tantas ideias. Do IASP se defenderam os debates do Império, a República, no IASP teve-se o brado de defesa das questões em 24, em 30, em 32 e em tantos outros momentos.

Foi no instituto que surgiu a ordem, mas, mais do que isso, foi no instituto que se defendeu a Constituição, que se combateu a ditadura, que se sustentou a democracia, sempre em uma luta, como disse a professora Janaina, pelo direito e para o direito, e pela sociedade de São Paulo.

Defendemos assim São Paulo e a democracia. Hoje auxiliamos a Justiça e a formação do advogado, amparamos a sociedade, mas com a mesma empolgação e jovialidade de 1874.

Só posso dar os meus agradecimentos a esta Casa de Leis, pelo reconhecimento posto e afirmando já em campo alheio, uma vez que se avizinha a minha aposentadoria e vai caber ao Dr. Diogo toda a missão futura, que essa casa se coloca à disposição da Assembleia para o que for necessário.

Nesse sentido, queria agradecer ao Sr. Presidente, queria agradecer aos Srs. Deputados, um agradecimento especial ao meu querido Dr. Mauricio Felberg, à Priscila Ungaretti, ambos tão empenhados nas comemorações deste sesquicentenário. A festa, digo mais uma vez, é de vocês e para vocês. Obrigado a todos e estejam certos que a honra que me toma é descomunal.

Obrigado à futura gestão, com Diogo, Marina, Luiz Antonio, Paula, Heidi e Milton Flavio, amigos e irmãos que o tempo sedimentou e que o IASP alicerçou. Sei que o trabalho feito agora nas mãos de V. Exas. não foi em vão e que o futuro vizinho será muito melhor que os dias de hoje. Um viva a São Paulo, um viva a esta Casa, um viva aos nossos tribunais, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Justiça Militar. Um viva, Sr. Presidente, a São Paulo, por permitir-nos chegar a este momento. 

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos as palavras do presidente Renato de Mello Jorge Silveira, que destacaram com brilhantismo a importância desta homenagem e da trajetória de 150 anos do instituto. Com isso, passamos a palavra ao deputado Lucas Bove, para que proceda ao encerramento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - LUCAS BOVE - PL - Meus caros, que alegria podermos, como eu disse na minha fala inicial, homenagear um local de debate, de estudos, de reflexões e um local que guarda, de certa forma, um paradoxo, porque, ao mesmo tempo que é um local de vanguarda, é um local de tradição também, o IASP. Como diz a insígnia de vocês: profissão mais ilustre que agradável. 

Porém, nessa mesma esteira, ainda que nem sempre seja agradável, eu rogo aos senhores que sigam defendendo a classe, que sigam defendendo os advogados, pois somente dessa forma, com a classe jurídica unida e forte, presidente Temer, alcançar-se-á a plena democracia.

Então, agradeço a todos pela presença, parabenizo ao IASP pelos seus 150 anos. Sigam, como eu disse, defendendo os advogados, pois advogado valorizado é, sem dúvida nenhuma, o cidadão respeitado. Viva o IASP e eu só desejo mais uma coisa aos senhores: mais 150 anos. Muito obrigado pela presença de todos. (Palmas.)

Só para cumprir regimentalmente: esgotado o objeto da presente sessão, agradeço a todos os envolvidos na realização desta solenidade, assim como a presença de todos. Está encerrada a sessão.

Um bom dia, bom fim de semana.

 

* * *

 

- Encerra-se a sessão às 12 horas e 02 minutos.

 

* * *