
28 DE OUTUBRO DE 2025
47ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO, CARLOS CEZAR e ALEX MADUREIRA
Secretaria: CARLOS CEZAR, ALEX MADUREIRA e CARLA MORANDO
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão às 17h32min. Coloca em discussão o PLC 49/25.
2 - DONATO
Solicita verificação de presença.
3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
4 - DONATO
Discute o PLC 49/25.
5 - CARLOS CEZAR
Assume a Presidência.
6 - EDIANE MARIA
Solicita verificação de presença.
7 - PRESIDENTE CARLOS CEZAR
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
8 - EDUARDO SUPLICY
Discute o PLC 49/25.
9 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Discute o PLC 49/25.
10 - ALEX MADUREIRA
Assume a Presidência.
11 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Discute o PLC 49/25.
12 - CARLOS CEZAR
Assume a Presidência.
13 - GILMACI SANTOS
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - GILMACI SANTOS
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
15 - PRESIDENTE CARLOS CEZAR
Defere o pedido. Levanta a sessão às 18h51min.
*
* *
ÍNTEGRA
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* *
-
Abre a sessão o Sr. André do Prado.
*
* *
O SR. PRESIDENTE -
ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número
regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Ordem
do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e
votação do Projeto de lei Complementar nº 49, de 2025, de autoria do Sr.
Governador.
Para discutir contra, com a palavra o
deputado Donato.
O
SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente. Para uma
verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Solicito ao deputado Carlos Cezar e ao deputado
Alex Madureira que auxiliem na verificação de presença.
*
* *
- Verificação de presença.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado
quórum regimental, agradeço ao deputado Carlos Cezar e ao deputado Alex
Madureira pela verificação de presença e passo a palavra, então, para
discussão, nobre deputado, líder do PT/PCdoB/PV, deputado Antonio Donato.
O
SR. DONATO - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos que
nos acompanham pela Rede Alesp, vamos discutir aqui hoje o PL do governo, PLC
nº 49/2025, que extingue a Furp, a Fundação do Remédio Popular.
Bom, só por isso
já me parece algo bastante grave extinguir uma fundação que produz remédio
popular, ainda mais depois da pandemia, de tudo o que nós vivemos, a falta de
insumos, da necessidade de importar de outros países. É absolutamente
estratégico para o nosso país e para o nosso estado produzir remédio, ainda
mais remédios a preços muito mais baixos do que o de mercado, dos grandes
laboratórios para abastecer o SUS.
Não só o SUS do
governo do estado, as unidades do governo do estado, como das prefeituras e o
próprio governo federal têm vários contratos que produzem uns 100 números de
medicamentos que são distribuídos por todo o Brasil. Então, me parece um
projeto totalmente descabido neste momento.
Alega-se que
existia um prejuízo na Furp. O estudo apresentado é um estudo já ultrapassado,
um estudo que apresentava prejuízo justamente no período dos governos Temer e
Bolsonaro, que pararam de comprar remédio. Portanto, isso gerou um déficit na
Furp, mas hoje a unidade de Guarulhos, por exemplo, que funciona com um turno e
poderia funcionar com três, já tem superávit.
O déficit
existente diz respeito à unidade de Américo Brasiliense, que praticamente está
parada, apesar de ser um equipamento fantástico, com equipamentos fantásticos
de medicamentos injetáveis que nunca foram utilizados, ou seja, um desperdício
claro do dinheiro público, ainda mais em uma área tão decisiva e tão
importante, que é a necessidade de a gente suprir de remédio todas as unidades
do SUS no estado e no Brasil, já que a Furp fornece para o Brasil inteiro.
Então, por tudo
isso, a gente é contrário à extinção da Furp. É possível modernizá-la,
ampliá-la, utilizar toda sua capacidade produtiva, empregar mais trabalhadores
e trabalhadoras e produzir remédios a baixo custo, remédios inclusive que não
são produzidos pelas grandes empresas, pelos grandes laboratórios.
Na audiência
pública, citaram alguns: benzetacil, tão famoso, mas que hoje os grandes
laboratórios não têm interesse em fabricar; captopril, para pressão, e outros
remédios, amoxicilina, remédios tão utilizados que são produzidos pela Furp e
que os grandes laboratórios - até porque já não tem mais a patente, já tem o
genérico - não têm interesse em fabricar.
Na audiência
pública que realizamos, esse debate foi feito. Esteve presente o presidente do
Instituto Butantan, Dr. Esper Kallás, e o presidente da Furp, que me foge o
nome agora. É curioso que o argumento do Dr. Esper Kallás é que o Butantan vai
incorporar a Furp e vai produzir mais medicamentos, vai ampliar todo o processo
de produção, vai contratar mais gente, mas o projeto de lei diz o contrário, na
prática. Foi isso que a gente procurou debater.
Para ser
bastante verdadeiro e transparente, eu conversei inclusive com o Dr. Esper
Kallás no fim dos debates e ele falou: “Não temos intenção de fechar a
fábrica”. Bom, então escreva no texto isso. “Não temos intenção de demitir
funcionários.” Escreva isso no texto. Ele falou que, da parte dele, não tinha
problema.
Hoje, quando
foi pautado no Colégio de Líderes, nós colocamos essas preocupações novamente e
devo reconhecer que tivemos dois avanços. O primeiro é que se retirou o Art.
4º, que dizia que “fica o Poder Executivo autorizado a alienar os bens imóveis
incorporados ao seu patrimônio em razão da extinção da Furp”.
Bom, os dois
grandes bens imóveis que existem são um terreno de 200 mil metros quadrados em
Guarulhos, e a fábrica, e outro terreno em Américo Brasiliense. Isso foi tirado
do texto e, portanto, é um avanço importante. É um avanço importante, tenho que
reconhecer.
E foi tirado
também, a nosso pedido, ou melhor, foi reescrito o Art. 3º, que diz o seguinte:
“Fica o Poder Executivo autorizado a sub-rogar, total ou parcialmente, a
critério da administração, para a Secretaria da Saúde, sem descontinuidade, os
contratos de trabalho da Furp vigentes até o momento”.
Nós pedimos
para modificar e tirar essa expressão “total ou parcialmente”. Portanto, o
texto ficou: “Fica o Poder Executivo autorizado a sub-rogar, para a Secretaria
da Saúde, sem descontinuidade, os contratos de trabalho da Furp”, tirando a
expressão “parcialmente”, que evidentemente abria a porteira para se demitir
funcionários.
Nós sabemos que
o regime de contrato é da CLT e que a CLT não tem todas as garantias de um
estatutário concursado, mas são CLTs concursados, então eles têm um nível de
garantia muito maior.
Então,
reconhecemos avanços no que foi votado agora no Congresso de Comissões e que
vem a este plenário, mas, do ponto de vista conceitual, continuamos contra a
extinção da Furp, porque o Butantan tem uma missão. A missão do Butantan é
preventiva. São vacinas, é o trabalho preventivo na Saúde. E a Furp tem o
trabalho curativo, remédios para depois que a doença está instalada. São
vocações e missões diferentes.
Não me parece
que fundi-las ou incorporá-las... Ou seja, o nome que se dê a essa operação não
me parece positivo, me parece que a especialização da Furp em produzir remédios
deveria ser garantida, inclusive com todo o seu potencial sendo utilizado, se
ampliando e tudo mais. Mas, infelizmente, o projeto do governo não recuou nesse
aspecto.
Mas,
aproveitando que a gente está fazendo o debate de Saúde, eu queria fazer um
segundo debate, porque o governador Tarcísio de Freitas tem espalhado números
absolutamente fantasiosos, para não dizer totalmente mentirosos, sobre
ampliação de leitos.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlos Cezar.
* * *
E eu queria
fazer uma rápida apresentação aqui para desmontar essa mentira, porque está
sendo repetida várias vezes, inclusive foi repetida nesta tribuna por alguns
deputados. Nem culpo os deputados, porque eles só reproduzem o que o governador
tem falado.
Mas a gente foi
atrás dos números, e eu queria mostrar para os senhores. O governador tem dito
que criou 6.400 novos leitos - são vários vídeos dele falando disso -, 6.400
leitos são 30 hospitais. Imagine se tivesse 30 novos hospitais no estado de São
Paulo. Não seria esse drama no Cross, teria muito mais vagas para fazer as
cirurgias eletivas, principalmente, os exames de especialidade.
Esses leitos
são uma ficção. E a gente, depois de oficiar várias vezes a Secretaria da
Saúde, várias vezes, recorrer da LAI, vinha aquela resposta que não respondia,
que enrolava. Enfim, veio uma resposta, e aí vamos para o segundo slide.
A resposta aí é
a tal da contabilidade criativa. O Delfim Netto tinha uma expressão
interessante que falava o seguinte: “Os números, quando torturados, costumam
confessar”. E eles torturaram os números para chegar aqui, nesse número aqui.
Olhe só a resposta à minha LAI. Eu pergunto: “Onde estão os 6.400 leitos?”
Porque são leitos. Se são leitos, são físicos, estão em algum lugar.
Aí eles criam
uma manobra de contabilidade criativa, que foi utilizada como base a diferença
de internação dos anos de 2024 a 2022. Sendo o valor dividido por 12 meses e
após feita a divisão por quatro, considerando que cada leito atende, em média,
quatro pacientes por mês.
É o conceito
que eles chamam de “leito equivalente”. Não é um leito físico. Ele não existe
lá no hospital. É um leito equivalente, a partir do número de internações. Mas
eles não dizem que internação é essa, qual a qualificação dessa internação, se
é um transplante de coração ou se é uma unha encravada. Não está dito.
Então é fácil
manobrar os números, quando você não explica e não detalha a informação. Mas
olhe só. Aí nós fomos lá no sistema do SUS, que é público, está lá e é
alimentado pelos próprios hospitais.
Quem alimenta
esse sistema com as vagas são os próprios hospitais. Todos os hospitais
estaduais de gestão estadual, natureza pública, estão lá. Com os números do
CNES dos leitos hospitalares em dezembro de 2022, agora a gente fez o
levantamento em setembro de 2025.
Veja só,
depois, quem quiser ter acesso, eu vou franquear aqui, porque cada um pode
olhar na sua região. Mas vamos pegar, por exemplo, ali, Pariquera-Açu. Hospital
Regional Dr. Leopoldo Beviláqua, em 2022, 203 leitos. Agora 176, menos 27. E
por aí vai. Todos aqueles que estão em vermelho são os hospitais que tiveram
diminuição de leitos e alguns tiveram aumento. Mas vamos ao próximo slide. A
gente vê aí, continua a tabela extensa. Vamos ao último.
Olha só, em
dezembro de 2022, o Estado, sob sua administração, tinha 31.373 leitos. Em
setembro de 2025, 31.159 leitos. Tem leitos a menos. Infelizmente o relógio
está cobrindo ali justo a diferença que eu não consigo ver aqui, mas são mais
de 214 leitos a menos. Duzentos e 14 leitos a menos, não 6.400 novos leitos.
É uma mentira,
é uma fantasia. Quem necessita do sistema hospitalar no estado de São Paulo
sabe que é uma mentira, sabe que é uma fantasia, sabe que esses leitos não
existem, porque se existissem, a gente estaria em uma situação muito melhor de
Saúde.
E eu desafio,
desafio, a que o governo venha aqui e mostre onde estão os 6.400 novos leitos.
É uma ficção, e eu percebi que o governador tem esse lado meio mitômano, de
acreditar nas mentiras.
Depois eu vou
trazer em outra oportunidade, na Habitação, deputada Ediane, que acompanha, ele
tem dito por aí que tem 200 mil novas habitações sendo construídas. Duzentas mil
é muita habitação. Aí a gente começa a olhar onde está construída. E a gente
vai ver, depois de muito oficiar a CDHU, eles me falaram o seguinte, está lá,
por escrito.
Eu vou trazer
aqui, 166 mil. Só que das 166 mil, deputada Ediane, que cuida desse tema com
muito carinho, 115 mil não são habitações, é um crédito de 15 mil reais, e ele
conta como habitação, enfiando em dívida, que é a linha da CDHU, de financiar o
povo, tacando financiamento com essas cartas de crédito, que é bom para a
empreiteira ganhar o dinheiro na frente, e depois o povo fica com uma dívida
eterna para pagar.
Mas é isso. Nas
escolas técnicas, outras mentiras. Então é muita mentira. E eu estou trazendo
números aqui. Quero que eles tragam, contraponham, dizendo onde estão os 6.400
leitos que o governador vem falando a torto e a direito a todo momento. Mas é
mentira, mentira.
Então, eu
queria dizer aqui no final, primeiro desmontando essa mentira do governador,
mas dizendo que a Furp tem que continuar, não pode ser extinta, ela tem muito a
contribuir com a Saúde no estado de São Paulo e no Brasil, e ao invés de propor
a sua extinção e passar suas atribuições para o Butantan, seria muito melhor
para a política pública, para a Saúde dos nossos cidadãos, que pudéssemos ter o
fortalecimento da Furp, uma modernização, a contratação de mais mão de obra,
que ela funcionasse em pelo menos três turnos, e não em um turno como ela está
funcionando, que a fábrica de Américo Brasilense funcionasse em sua plena
capacidade e não com uma capacidade mínima como tem funcionado.
Então, é nesse
sentido que a gente quer dizer que a gente vota “não” e defende o voto “não” à
extinção da Furp.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado,
deputado Donato. Tem pela ordem a deputada Ediane Maria.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Para pedir verificação
da presença.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Convido a deputada Carla Morando e o deputado Alex
Madureira, para que façam a verificação de presença.
*
* *
- Verificação de presença.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Constatado o
quórum, agradeço à deputada Carla Morando e ao deputado Alex Madureira pela
verificação de presença, e chamo para fazer uso da tribuna, para discutir
contra, o deputado Eduardo Suplicy.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Carlos Cezar, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, queridas colegas, deputadas, queridos colegas, deputados, muito
boa tarde, boa noite já.
Chamo a atenção
para a estranha urgência do governador Tarcísio de Freitas em querer extinguir
a Fundação para o Remédio Popular, Furp, mesmo após um entendimento entre os
parlamentares para a realização de uma audiência pública, que ocorreu na semana
passada aqui nesta Casa Legislativa, para debater o tema com uma profundidade
maior.
Eu já tratei
aqui desta tribuna sobre o sério problema de redação que o PLC 49/2025
apresenta. Trata-se de um texto genérico, com muitas lacunas, para uma
propositura de tamanho impacto.
Não só aos
servidores públicos e às cidades nas quais a Furp mantém as suas fábricas,
Guarulhos e Américo Brasiliense, mas também aos pacientes do Sistema Único de
Saúde, que precisam dos medicamentos distribuídos nas sete farmácias, “Dose
Certa”, e nos demais serviços de saúde pelo estado lá fora.
A Furp fabrica
medicamentos que não dão lucro para as indústrias farmacêuticas, como
antibióticos, antirretrovirais, anti-hipertensivos, diuréticos, medicamentos
dermatológicos, fármacos para transplantados, remédios para tratamento de
diabetes e para a saúde mental.
As fábricas
localizadas em Guarulhos e em Américo Brasiliense têm capacidade instalada para
fabricar fármacos 24 horas ininterruptamente, em três turnos. Mas, por decisão
do Governo do Estado de São Paulo, atualmente, as duas unidades fabris só atuam
em turno único, de oito horas.
A ociosidade
naturalmente custa aos cofres públicos. Em relação ao quadro de servidores, que
chegou a dois mil, tempos atrás, o contingente de profissionais altamente
capacitados da Furp hoje não chega a quinhentos. Com isso, os processos
fabricantes estão com lacunas, acarretando baixa produtividade.
A ociosidade
das fábricas e a baixa produtividade são fruto de um investimento público
insuficiente ao longo dos últimos anos, o que comprometeu o planejamento
estratégico da Furp em todos os sentidos.
Meus caros
colegas, não nos enganemos: o déficit operacional foi pensado cirurgicamente
para gerar prejuízos, ano após ano, penso que para justificar sua extinção, e
este filme já vimos em outras empresas públicas, aqui no estado de São Paulo.
Um exemplo é o
caso recente da Empresa Metropolitana de Águas e Energia, Emae, que foi vendida
por um bilhão de reais em 2024. Neste ano, a empresa teve 70% do seu controle
acionário comprado pela Sabesp, por 1,1 bilhão de reais. Ou seja, só não dá
lucro ao Governo do Estado de São Paulo.
Infelizmente, o
governador Tarcísio de Freitas não está enxergando o óbvio. Na gestão pública,
o lucro a ser alcançado é o bem-estar da população, não a cifra gerada pela
especulação no mercado de capitais.
Outro ponto,
nessa propositura, que também merece ser de conhecimento público, é a colocação
de um objeto diferente do original, o popularmente chamado jabuti, que foi
colocado estrategicamente, no PLC 49, de 2025. E que traz insegurança aos
funcionários da Fundação Procon. A Justiça cobrou o Governo do Estado de São
Paulo a dar clareza à situação dos funcionários celetistas da Fundação Procon?
E o que o
Executivo faz? Insere, no PLC 49, de 2025, uma norma que, ao invés de dar
segurança aos funcionários, oferece aflição. A crise no Procon é tamanha que
amanhã haverá, nesta Casa Legislativa, uma audiência pública, às 19 horas, no
Auditório Tiradentes, sobre o contínuo sucateamento e abandono institucional da
Fundação Procon. Não há um plano de cargos e salários vigente. Não há concurso
público há 10 anos. A situação é gravíssima.
E, quando uso a
hipérbole, para expressar o tamanho do problema, não a uso apenas para uma
figura de linguagem, para dar um ar de exagero. Pasmem, o Procon hoje conta com
apenas 37 fiscais para proteger os 11,9 milhões de habitantes da cidade de São
Paulo.
E o resultado
disso é uma população desamparada, exposta a práticas abusivas, como pudemos
ver recentemente, no caso das bebidas falsificadas com metanol, que causou, até
o momento, nove vítimas fatais no estado de São Paulo.
Presidente,
colegas deputadas, colegas deputados, o saldo desse PLC 49/2025, tramitando de
maneira açodada, é simples: é o desmonte da estrutura do estado de São Paulo,
com foco na transferência dos recursos públicos para o capital privado, em
detrimento da segurança da população.
Por isso, venho
aqui a esta tribuna para solicitar, ao governador Tarcísio de Freitas, que
solicite a retirada da proposição da pauta, para que possamos debater o futuro
da Furp e da Fundação Procon de maneira responsável, transparente, para o bem
do povo paulista.
Muito obrigado
a todos e a todas, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado,
deputado Eduardo Suplicy. Continua em discussão. Para falar contra, convido a
fazer uso da tribuna o deputado Luiz Claudio Marcolino. Tem V. Exa. o tempo
regimental, para discutir contra o PLC 49, de 2025.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos
acompanha na Assembleia, funcionários e funcionárias da Alesp.
Sr. Presidente,
a nossa bancada, do Partido dos Trabalhadores, já estamos nos posicionando de
forma contrária a esse projeto ora apresentado. Já participamos da audiência
pública, na semana passada, do Projeto de lei Complementar nº 49, de 2025.
E é importante
que a gente traga uma referência sobre o projeto ora apresentado. Porque não é
uma novidade, para a população do estado de São Paulo, que, assim que o
governador Tarcísio assume o estado de São Paulo, a agenda que ele traz é uma
agenda de desmonte das empresas públicas do nosso Estado.
E, sem fazer
uma avaliação efetiva se a empresa “a” ou a empresa “b” é importante para o
desenvolvimento do nosso Estado, se são empresas que vão ajudar a população do
estado de São Paulo, simplesmente transformou o estado de São Paulo em um
balcão de negócios, transformou o estado de São Paulo em uma estrutura para que
se desfizesse do patrimônio construído pela população ao longo das últimas
décadas.
Em menos de
três anos de governo, já perdemos a Sabesp, uma empresa importante para o
estado de São Paulo. A gente tem andado pela Grande São Paulo, principalmente,
e temos visto em diversas regiões das nossas cidades a população já pagando
mais caro.
Outro dia
estivemos na região de Taboão da Serra, e a população lá comentando: “Aqui a
tarifa de água aumentou.” As famílias que tinham tarifa social, hoje já pagam
um valor maior, e aquelas que conseguiram ajustar a questão do CadÚnico já
estão avisadas, é por um período, não é mais permanente.
Nós estamos
vendo empresas no estado de São Paulo já reclamar da estrutura do saneamento.
Já temos visto prefeitos no estado de São Paulo dizendo que está sendo colocada
uma faca no pescoço dos prefeitos, que agora há obrigatoriedade em refazer um
contrato, ou fazer um contrato com a Sabesp, em tese, para garantir a
universalidade. A universalidade da água já é uma obrigação, já seria uma
obrigação do Governo do Estado de São Paulo.
Eu lembro que,
durante o debate da privatização da Sabesp, o tempo todo se falava que ia
antecipar a universalização. Agora, vai antecipar a universalização a qual
custo? E é justamente disso que os prefeitos têm reclamado, que a nova gestão
da Sabesp agora tem apresentado um contrato draconiano para que os prefeitos
possam ter a intervenção do saneamento na sua cidade. E não é diferente.
Nós tivemos,
então, o desmonte da Sabesp, o desmonte da Emae, e agora, de uma hora para
outra, a Emae também é comprada pela Sabesp. Esse contrato da Emae será que
daria garantia ou a possibilidade de a empresa Sabesp fazer a compra direta da
Emae como foi feita?
Uma outra
estrutura importante, porque a Emae, quando foi construída, tanto a estrutura
que nós temos hoje da Billings como da Guarapiranga, quando elas foram criadas,
algumas décadas atrás, o papel dessas duas represas, Billings e Guarapiranga,
era produzir energia para o estado de São Paulo.
Então são
empresas de energia. Por mais que tenhamos dois reservatórios de água, tanto a
Billings como a Guarapiranga foram criadas em uma perspectiva de gerar produção
de energia para o estado de São Paulo. Então são empresas de energia, não
empresas de distribuição de água, como é a Sabesp.
E a gente olha
a decisão dos dirigentes da Sabesp, comentando que talvez teremos que usar
água, que hoje não é tratada, ou água que deveria ser tratada, como é o
reservatório hoje do Guarapiranga - a Billings não tem esse tratamento na
região da Grande São Paulo, tem na região do ABC, mas não tem na região de São
Paulo -, colocando que talvez agora teremos que usar água inclusive podre, para
garantir o fornecimento de água para o estado de São Paulo.
Nós estamos
falando de uma empresa que era rentável, uma empresa que passou a ser gestada
pelo poder privado, agora não mais pelo Poder Público, e já vimos que tem
aumentado a conta para os trabalhadores, para os empresários e para os
prefeitos no estado de São Paulo.
Então a gente
percebe que essa tática do governo do Tarcísio, desmontando empresas inclusive
lucrativas, como foi a Sabesp, como era a Emae, agora fazendo a fusão da EMTU
com a Artesp.
A gente já tem
visto prefeitos no estado de São Paulo reclamando que já estavam fazendo
tratativas, inclusive, nas regiões metropolitanas para estruturar as linhas da
EMTU nas regiões metropolitanas do estado de São Paulo, e agora, quando a
Artesp entra, já desarticula ações que os prefeitos já vinham trabalhando, via
consórcios, também na região metropolitana, há algum tempo.
E a gente
percebe agora também o desmonte da EMTU, com essa fusão da Artesp. Já vimos uma
greve na semana passada de algumas linhas da EMTU, porque a gente percebe que
não tem transparência no processo de fusão da EMTU com a Artesp.
Então estou
citando aqui algumas empresas. Em pouco tempo, menos de três anos, vendeu a
Sabesp, empresa lucrativa, desmontou a EMTU, agora passando a gestão para a
Artesp, já está desarticulando algumas linhas de ônibus no estado de São Paulo,
também o prejuízo para os prefeitos e para a população.
Já desmontou a
Emae. Hoje fala que a Sabesp quem vai fazer a gestão, mas era uma empresa
importante, também, para o nosso estado. Inclusive, a Emae faz o controle no
estado de São Paulo das barragens. As barragens hoje no estado de São Paulo é
responsabilidade também da estruturação a partir da Emae.
Quando a gente
fala de uma empresa tão importante como essa, que pouco se discutiu aqui na
Assembleia Legislativa, mas é mais um desmonte que o governador Tarcísio já fez
no período de menos de três anos, falo a mesma coisa em relação a questão da
CPTM e parte do Metrô. O governador já entra, já desmonta e desestrutura
algumas linhas da CPTM. A gente tem visto que tem aumentado de forma permanente
o número de problemas nas linhas de trens da CPTM.
A gente
percebe, inclusive, algumas com incêndios, outras com problema na sinalização.
A própria Linha 4-Amarela, que em tese sempre foi o orgulho dos privatistas do
estado de São Paulo, até a Linha Amarela, que era o orgulho dos privatistas,
não está mais funcionando plenamente como funcionava. Então esta é a gestão do
governador Tarcísio.
Então, quando o
governador apresenta que vai privatizar, vai extinguir a Furp no estado de São
Paulo, a gente percebe que é a mesma linha de atuação desde o começo. Daqui a
pouco estão acabando as empresas públicas que nós temos no estado de São Paulo.
E é uma atrás da outra, deputado Jorge do Carmo, é uma atrás da outra.
Em menos de
três anos desmonta, destrói no estado de São Paulo empresas importantes que
foram estruturadas e gestadas com eficiência. Pega a Sabesp, você pode falar o
que quiser, mas a Sabesp era e é uma empresa eficiente, começou a passar para a
gestão privada e começou a ter problema. Nós tínhamos orgulho do Metrô no
estado de São Paulo. Nós tínhamos orgulho.
Inclusive, ao
longo do tempo, foram tendo investimentos na CPTM, ampliando as linhas,
melhorando os trens, trouxeram os trens da Europa ali para a zona sul de São
Paulo, ampliou algumas...
Inclusive com
recurso do governo federal. Eu lembro que, em 2012, nós estivemos lá na região
do Grajaú, junto com a presidenta Dilma, junto com o governador Alckmin, na
época, anunciando a construção das linhas, porque iriam chegar até o Varginha.
Chegou essa semana de forma plena, mas gerou uma demanda lá atrás com o recurso
do governo federal pelo PAC, com recurso do Governo do Estado de São Paulo.
Ali nós
tínhamos uma proposta com o governador Alckmin, lá com a presidenta Dilma, na
época em que eu estava como deputado estadual de... Fomos lá anunciar uma obra
que acabou agora.
Ficaram seis
anos parados, porque tanto o Temer como o Bolsonaro não investiram no estado de
São Paulo. Não teve investimento nas linhas da EMTU aqui no estado de São Paulo
e passou a reinvestir agora em 2023 com o presidente Lula assumindo o nosso
país.
É importante a
gente falar um pouco do que é a Furp, porque, às vezes, falam: “O que é a
Furp?” A Furp hoje tem um papel no estado de São Paulo. E é isso que o
governador Tarcísio está desmontando. É importante que você que está nos
acompanhando em casa saiba o que é que o governador Tarcísio está desmontando
no estado de São Paulo na hora que extingue a Furp.
A Furp hoje é
um laboratório farmacêutico, é oficial do Governo do Estado de São Paulo. Essa
instituição tem mais de 800 funcionários na sua estrutura, nas suas fábricas, e
seu portfólio hoje tem 38 medicamentos e também um dispositivo intrauterino
para contracepção, o DIU - que muitos conhecem como DIU -, hoje quem produz é a
Furp.
A Furp produz
hoje antibióticos, antirretrovirais, anti-hipertensivos, remédios
dermatológicos, imunossupressores, diuréticos, medicamentos para
transplantados, controle de diabetes, tratamento de transtornos mentais,
tuberculose e entre outros. A Furp atende hoje 550 municípios do estado de São
Paulo. Nós temos hoje 655 municípios no estado de São Paulo e nós temos hoje
550 municípios atendidos pela Furp com remédios, que a gente chama, da
“Farmácia Popular”.
Só para ter uma
noção da grandeza que é a Furp hoje, desde 1995 até maio de 2020, quando o
governo estrutura e cria a “Dose Certa”, ela já garantiu de forma gratuita mais
de 25 bilhões de frações unitárias de medicamento em todo o estado de São
Paulo. Essa é a Furp que nós estamos falando, uma Furp bem estruturada, uma
Furp que dá resultado.
O problema é
quando a gente coloca e vê uma empresa como essa, e a gente percebe que esse
governo vem desmontando, desestruturando as empresas públicas, que é justamente
para depois falar: “Tem que privatizar, porque ela não tem mais a sua
estruturação de origem”.
Nós conversamos
com muitos pesquisadores farmacêuticos da Furp nesse último período. O que eles
colocaram para a gente? “Se a gente funcionasse em três turnos...” E tem
capacidade para isso. Hoje a Furp funciona em apenas um turno.
Faço um desafio
para cada um dos deputados da base do Governo do Estado de São Paulo, do
governador Tarcísio, de visitarmos as empresas e os laboratórios privados que
produzem remédios no estado de São Paulo.
Eu duvido: qual
empresa que nós temos hoje no estado de São Paulo que produz remédios no estado
de São Paulo que não funcione pelo menos em dois turnos? A Furp funciona em
apenas um e mesmo assim tem conseguido fazer uma gestão importante para a
produção de remédios para a “Farmácia Popular”, para a “Dose Certa”.
Nós estamos
falando de uma empresa que produz remédios hoje para a população do nosso
Estado e produz para todo o estado de São Paulo, para 550 municípios, e produz
para o Brasil como um todo.
Essa é a Furp,
essa é a empresa que o governador Tarcísio está propondo extinguir, como
extinguiu a Sabesp, a Emae, a EMTU, empresas importantes do estado de São
Paulo. Em menos de três anos, o governador Tarcísio já desmontou empresas importantes
como essas.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Alex Madureira.
* * *
Aí o pessoal
fala: “Não, mas não tem intenção de desmonte. Nós vamos fazer uma fusão com o
Instituto Butantan”. Mas dentro do projeto de lei apresentado à Assembleia
Legislativa o governador colocava ali no projeto que o ativo que nós temos hoje
da Furp, tanto em Guarulhos... Aqui nós temos um pouco... Quem quiser ver
enquanto vou falando, vai vendo aqui as imagens, quem não conhece a Furp, para
ter uma dimensão do tamanho e da importância que a Furp tem para o estado de
São Paulo, para a produção de remédios.
Na hora em que
o governador coloca... Nós estamos trabalhando para retirar essa cláusula. Ele
coloca que vai vender os ativos. Se vai vender o ativo, qual é a leitura da
venda de ativo? Que tanto a fábrica de Guarulhos como a de Américo Brasiliense
vão ser desmontadas. E se essa fábrica...
Olha, quando a
gente mostra aqui as imagens, é para ter uma dimensão do que é a Furp. A Furp
não é um laboratório de fundo de quintal, a Furp é uma estrutura que é do
Governo do Estado de São Paulo, que é da população do estado de São Paulo, que
produz remédios para mais de 550 municípios no estado de São Paulo, que produz
medicamentos para o Brasil como um todo. E é essa empresa que o governador
Tarcísio quer extinguir.
Então,
primeiro: tem que garantir que não haja a questão da venda de ativo. Segundo:
tem que fazer o investimento nessas empresas, porque nós queremos que ela
funcione em três turnos, que inclua novos medicamentos para serem produzidos,
porque nós temos muita gente hoje com problema de saúde e nós temos muitas
cidades com falta de medicamento.
Então, o
caminho não é extinguir a Furp, governador Tarcísio, é melhorar e estruturar a
Furp para garantir que a nossa população não fique com falta de remédios. Por
isso a bancada do PT votará contra a extinção da Furp, aqui na Assembleia
Legislativa.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Obrigado,
deputado Luiz Claudio Marcolino. Seguindo a ordem dos oradores inscritos,
deputada Thainara Faria. Ausente. Próxima oradora inscrita, deputada Monica.
Tem o tempo regimental.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde
a todos. Seguindo no microfone o debate que eu estava tendo com o Gilmaci fora
dele.
Rapidinho, um
parêntese fora de tema, Gilmaci: vou
para a COP semana que vem, na terça-feira, e por favor, não coloquem isso para
votar. Nós vamos em uma delegação grande, autorizada... Na outra semana. Perdão.
Na outra semana, uma delegação grande da Casa, aprovada e autorizada pelo
presidente André do Prado.
Dá uma
maneirada no calendário de retirada de direitos do povo para a gente conseguir
fazer outras coisas. E também seria importante dar uma maneirada nisso daqui,
porque eu ainda nem consegui entender a totalidade desse projeto. Eu acho que
ele chama nossa atenção.
Por quê? Porque
eu visitei a Furp, mais uma vez, e estava marcado para visitar o Instituto
Butantan, porque eu estou na dúvida de algumas coisas, mas não vai dar tempo de
eu ter essa conversa se a base do Governo insistir nessa pressa de votar esse
projeto, mas vamos lá.
Todos os dias,
todos os dias eu recebo dezenas de mensagens pelas redes sociais, e-mail no
gabinete ou pessoas na rua me cobrando medicamento que está faltando no
atendimento à Saúde. Todos os dias, e eu acho que os senhores também.
Recentemente,
eu fui em Juquitiba e eu acho que aí bateu o recorde. Nunca tinha visto, mas em
Juquitiba estava sem dipirona, básico do básico, dipirona na rede básica de
Saúde - e Juquitiba só tem rede básica de Saúde, porque não tem hospital e é
atendido na região.
Mas, ano
passado, a gente teve uma crise sistêmica de falta de remédio de alta pressão.
Esse ano, está todo mundo me cobrando que sumiu das farmácias, da distribuição
gratuita remédios para Alzheimer, hipotireoidismo.
A Furp, a
Fundação para Remédio Popular, já esteve na lista de extinção. Quem estava aqui
na legislatura passada vai se lembrar disso, João Doria mandou para cá uma
lista de extinção de cerca de 30 empresas públicas - extinção, baixar as
portas, demitir os servidores -, lá estava a Furp. Foi nessa ocasião, há cinco
anos, que eu conheci essa empresa, fundada nos anos 60, em que, em 1990, mudou
para Guarulhos, mas que, desde dos anos 60, funciona no estado de São Paulo.
O que faz a
Furp? A Furp produz e tem a possibilidade de produzir mais de 100 medicamentos,
remédio e um único fitoterápico. Entra para o catálogo da Furp o canabidiol -
acabou de terminar as pesquisas e entra para o catálogo da Furp -, um treco que
dá um prejuízo gigante para o Governo do Estado de São Paulo.
Vocês se
lembram quando o governador sancionou a lei que eu sou coautora de distribuição
de Cannabis medicinal pelo SUS? Qual foi o argumento dele? Porque é judicializado
e isso gera um passivo gigantesco para o estado. Era melhor começar a
distribuir mesmo? Pois é, a Furp também está produzindo esse fitoterápico,
diferentemente do Butantan.
O Butantan não
produz medicamento, o Butantan produz vacinas. Eles têm objetivos e naturezas
diferentes, mas lá em 2020, quando João Doria colocou a Furp na lista de
extinção e eu fui visitar a empresa e houve luta dos servidores, houve luta da
sociedade, porque a sociedade entendeu que a fábrica de medicamento faz parte do
investimento em Saúde no estado de São Paulo, a gente conseguiu, em 2020, tirar
a Furp da lista de exclusão.
No entanto, o
governador João Doria dirigiu a Furp nos anos seguintes caminhando para a sua
extinção. Ele não abriu novos contratos, fechou turnos, não abriu novos
concursos e deixou faltar servidores.
E aí o
resultado disso. Eu fui visitar a Furp recentemente. E mesmo, e mesmo a Furp
não estando trabalhando em toda a sua capacidade agora, ela saiu de uma dívida
de mais de 90 milhões para 23 milhões esse ano. Saiu de 93 para 23.
A indústria
farmacêutica cresce a casa de dois dígitos/ano. É uma indústria bilionária e a
Furp atende não somente o “Dose Certa”, que é um programa do Governo do Estado
de São Paulo, mas tem contratos firmados com centenas de municípios do estado
de São Paulo, atendimento prioritário ao governo do Ceará e atendimento
prioritário para vários remédios do Ministério da Saúde.
A Furp, pela
sua natureza de fazer parte do atendimento do sistema de Saúde, produz
medicamentos que outras indústrias farmacêuticas não querem produzir. Por
exemplo, o medicamento fornecido pela Furp para HIV/Aids é exclusivo.
Ele junta mais
do que uma droga e diminui o tanto de comprimido que os infectados com esse
vírus têm que tomar no dia. Sabe o coquetel? A Furp consegue reduzir o
coquetel. O medicamento para tuberculose? A Furp produz. Até a amoxicilina que
a Furp produz, básica, no mercado já não se encontra mais, porque o mercado
quer lucrar.
Aí o Governo do
Estado de São Paulo deixou - deixou! - a procura a mercado, a possibilidade de
ampliação, e o povo está sentindo duro, porque a Furp foi sendo desmontada de
2020 para cá e o resultado disso é a falta de medicamentos nas farmácias
populares, no “Dose Certa” e na UBS.
Quantos dos
senhores levantam e vêm aqui ao microfone todos os dias cobrar o Governo do
Estado de São Paulo pela falta de medicamento? Sabe por que está faltando?
Porque foi uma escolha de estado diminuir a produção da Furp para caminhar à
extinção.
Eu estive lá na
semana passada e fui recebida pelo diretor da Furp, Rogério, que me atendeu
muito carinhosamente. Ele me explicou e me mostrou qual era o plano dele de
expansão da Furp. Ele, um homem de mercado, comissionado, colocado lá pelo
governador Tarcísio, substituindo a gestão Doria, chocado, dizendo para mim:
“Monica, tem possibilidade infinita para atuação da Furp. O mercado
farmacêutico é um mercado trilionário, movimenta trilhões, só o Governo do
Estado de São Paulo...”
Aí vocês vão me
falar: “Ah, mas 23 milhões...” Só o Governo do Estado de São Paulo está na casa
do “bi”, o benefício fiscal para a indústria farmacêutica. Vou repetir: está na
casa do “bi” o tanto de dinheiro que o Governo do Estado deixa de receber para
patrocinar a indústria farmacêutica, isso sem falar do um bilhão que uma só
empresa, uma indústria farmacêutica, roubou. Roubado. Isso sem falar no que é
dado.
E eu não sei
falar o dado preciso, os senhores me desculpem, porque o governador Tarcísio
não é nada transparente. Se os senhores acharem esse dado que estou cobrando na
Justiça e que questionei ao secretário de Saúde quando ele passou pela
Assembleia Legislativa, de qual é o tamanho do investimento que o Governo do
Estado de São Paulo faz de benefício fiscal à indústria farmacêutica, os
senhores me deem, porque não estou conseguindo achar, mas sei que está na casa
do “bi”, sabe por quê? Porque são 84 bilhões de benefícios fiscais para o ano
que vem e 37 bi para a Saúde, ou seja, tem benefício fiscal para todo mundo aí
nesse valor.
Se levar em
consideração que o estado de São Paulo está deixando faltar medicamento
enquanto pode produzir, mas não quer só abrir mão de faltar, a culpa da falta
de dipirona em Juquitiba é do governador Tarcísio. Quando, no ano passado, a
gente teve um sumiço do medicamento para alta pressão no SUS, é do governador
Tarcísio.
Você que toma
imunossupressor, que foi transplantado e precisa do medicamento que não
encontrou no Iamspe - e eu tenho um desses no meu gabinete, um servidor
transplantado que não está conseguindo medicamento pelo Iamspe -, é do
governador Tarcísio. Porque o que a gente precisa perceber, quando a gente está
falando da Furp, é que ela não está aí para dar lucro para o estado. Ela faz
parte do investimento em Saúde.
Ter uma fábrica
de medicamento é questão de segurança. Aí eu vou dar outro exemplo: no ano
passado, a gente teve um surto de dengue. Quem se lembra do surto de dengue do
ano passado?
Precisou
aumentar a produção de dipirona e de soro. Não, o Instituto Butantan não produz
nenhuma dessas coisas. Quem produziu e abasteceu foi a Furp, porque o Governo
do Estado de São Paulo ter uma fábrica de medicamento nos torna capaz de
direcionar a produção para suprir as necessidades do momento.
E outros
surtos, epidemias e pandemias surgirão. Por isso, abrir mão da Furp é um risco
à saúde. Já está faltando medicamento que o Governo do Estado de São Paulo
produz. Já está faltando medicamento que o Governo do Estado de São Paulo
produz.
Logo, a gente
deveria estar discutindo como suplementar o Orçamento da Furp, como parte do
investimento na Saúde do ano que vem para não deixar mais faltar medicamento e
não extinguir uma fábrica. Aí vocês vão me falar: “É incorporação pelo
Butantan”.
Bom, o texto
fala de “extinção”. Natureza jurídica e empresarial, extinção é extinção, meus
senhores. A natureza da Furp não está garantida no texto e é isso que eu quero
perguntar no Butantan. Uma vez que o Butantan incorporar os ativos, aí a gente
está falando que o Butantan vai ganhar duas plantas de fábrica e todos os
servidores públicos. O Butantan pode fazer o que quiser.
E o que disse o
diretor do Instituto Butantan na nossa audiência pública? Que precisa ampliar a
sua produção de vacina. E está correto, precisa mesmo. Só que a ampliação da
produção de vacina pode significar a extinção da produção de medicamentos que
só a Furp produz.
Eu vou repetir.
Nós temos uma meia dúzia de medicamentos em distribuição pelo Ministério da
Saúde, no Brasil, para o Brasil inteiro, que só a Furp produz. Produzem
parecidos, mas com menos qualidade para o usuário.
Como eu disse,
um único comprimido mistura várias drogas necessárias ao infectado com HIV
Aids. O de tuberculose produzido pela Furp é imensamente mais barato do que a
indústria farmacêutica coloca no mercado. Por isso, todo mundo compra o
medicamento da tuberculose da Furp.
E vai tornar
mais caro para o Governo do Estado de São Paulo comprar do mercado se parar de
produzir. E eu não consegui ir ao Butantan para ter certeza que, uma vez que
eles ganharem a planta das duas fábricas e os servidores, se o Butantan não vai
usar tudo isso para ampliar a sua produção de vacina. Eu vou repetir.
A natureza
jurídica e missão do Butantan é produzir biológicos, vacina. Da Furp, remédio e
um único fitoterápico, remédio e um único fitoterápico.
Na nossa lei de
extinção, a gente está falando que o Butantan vai ficar com os ativos da Furp,
não com a sua natureza, não com a sua produção. Aí vocês vão me dizer: “Está
escrito que não vai cancelar contratos”. Isso! Contratos acabam. Isso não
significa que vai abrir novos contratos.
E, se vocês
forem conversar com o Dr. Rogério na Furp, vocês vão ver que a possibilidade de
abrir novos contratos é imensa, inclusive capaz de tornar a Furp superavitária.
Só não está
produzindo toda a sua capacidade, vendendo toda a sua capacidade por uma
escolha do Governo do Estado que está resolvendo operar na capacidade mínima da
Furp. Mas não cancelar contratos não significa que vai abrir contratos.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlos Cezar.
* * *
E contratos
acabam, principalmente contratos com gestão pública, que é o que a Furp tem:
mais de 500 municípios, o Governo do Estado de São Paulo, o Governo do Ceará e
o Ministério da Saúde. Tem data para acabar.
E, quando esses
contratos acabarem, será que vamos continuar produzindo dipirona no estado de
São Paulo? Será que, num próximo surto de dengue, janeiro está chegando aí,
agora estamos sem água completamente, mas, quando chegar a época da chuva, São
Paulo, que só tem dois “mudes”, vai dar seca completa para ficar completamente
debaixo d'água e aí vamos ter a capacidade de suprir o que o SUS precisa?
A gente precisa
debater isso com mais calma. O Instituto Butantan precisa explicar a
finalidade. E a gente precisa mudar o texto de “extinção” ou para “fusão” ou
“incorporação”, porque “extinção” está dizendo que a natureza da Furp acaba.
Obrigada.
O
SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Tem pela ordem,
deputado Gilmaci Santos.
O
SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - PARA
COMUNICAÇÃO - Presidente, conversando aqui com o deputado Donato, deputada
Ediane Maria e os demais líderes aqui em plenário, propomos um acordo.
Vou passar para V. Exa. e também para o
presidente André do Prado, que nós encerraríamos esta sessão a partir de agora
e daremos por discutido cinco horas este projeto, e ficaria uma hora apenas,
mais os encaminhamentos, que serão através do roteiro de votação, que é o
encaminhamento, e mais uma hora do projeto ser discutido na semana que vem.
Então, esse é o acordo que propomos,
aceito pelo deputado Donato e sua bancada, pela deputada Ediane Maria, os
demais líderes aqui em plenário, juntamente com o presidente André do Prado,
que topou.
O
SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Então, nesse
sentido, presidente, havendo acordo de lideranças, quero solicitar o
levantamento da presente sessão.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Havendo acordo
de líderes, então, os líderes presentes na Casa, está levantada a presente
sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 18 horas e 51 minutos.
*
* *