24 DE FEVEREIRO DE 2025
15ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI, EDUARDO SUPLICY e MAJOR MECCA
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Anuncia a presença de Fábio Jabá, presidente do Sifuspesp - Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo. Presta apoio a demandas da categoria.
4 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
5 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - MAJOR MECCA
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Anuncia a presença, em plenário, de Monica Dallari.
8 - MAJOR MECCA
Assume a Presidência.
9 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - EDUARDO SUPLICY
Para comunicação, faz pronunciamento.
12 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
13 - PRESIDENTE MAJOR MECCA
Defere o pedido. Faz aditamento à Ordem do Dia. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 25/02, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h38min.
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* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
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* *
-
Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
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* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando início à
lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado
Reis (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Marcelo Aguiar. (Pausa.) Com a palavra o deputado Simão Pedro. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Jorge Wilson
Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra o deputado Guilherme Cortez.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Barros Munhoz. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra a deputada Bruna Furlan. (Pausa.)
Na Lista Suplementar, com a palavra o
deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Agente Federal Danilo
Balas. (Pausa.) Com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Carlos Giannazi. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Eduardo
Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, caro presidente... Tem se distinguindo tanto
na sua persistência aqui de trabalho, de denúncias sobre tudo o que se passa na
Educação, na Saúde. É muito importante a sua contribuição, Carlos Giannazi, e
estamos juntos.
Mas eu gostaria
hoje de compartilhar com vocês a intensa programação dos meus últimos dias.
Felizmente, a saúde está voltando. Na sexta-feira, eu estive em São Vicente, na
Baixada Santista, para conferir de perto o excelente trabalho do Instituto
Adesaf - Articulações de Tecnologias Sociais e Ações Formativas - uma
organização da sociedade civil, certificada pelo governo federal como entidade
beneficente de assistência social, criada oficialmente em 2001. A Adesaf é uma
das organizações nas quais destinei emendas parlamentares para qualificação de
produtos e técnicas para cannabis medicinal.
Muito bom ver
de perto o trabalho de entidades tão comprometidas com o bem-estar social e ver
a importância de se destinar emendas para tornar as atividades e os atendimentos
prestados possíveis.
Ainda em São
Vicente, participei da primeira conferência municipal do Conselho Municipal de
Politicas LGBTQIAP+ de São Vicente. No sábado, abrindo o tempo de alegria, que
é o Carnaval, eu fui, acho que todos compreenderão e que é importante, fui
prestigiar o bloco TBT de meu filho João Suplicy e Vitor da Candelária, tocando
grandes sucessos da nossa música popular brasileira, ali em Pinheiros.
Depois eu fui
dançar ao som do bloco de rock do meu outro filho Eduardo Suplicy, o Supla e
ambos estavam muito animados, colorindo as ruas da cidade com música e gente
bonita.
Ainda no
sábado, assisti ao espetacular show do Mano Brown, Criolo e Rael. Convidei o
Enor Machado, meu amigo, presidente da Associação Flor da Vida, para apresentar
ao Mano Brown o belíssimo trabalho da associação que fornece o óleo de cannabis
para mim.
É absurda a
proibição de se plantar cannabis em nosso País. A cannabis é dos brasileiros e
os benefícios são um direito de todos, especialmente da população mais vulnerável.
Nós, ali, conversamos sobre a reparação social e a urgência de se aprovar na
Câmara dos deputados o Projeto de lei nº 399 de 2015.
Ontem de manhã,
no domingo, acompanhei a missa do querido padre Júlio Lancellotti, na Capela
São Judas, lotada de fies atentos e rezando, sobretudo em intenção da
recuperação da saúde do Papa Francisco.
Em seu belo
sermão, o querido padre Júlio nos lembrou da importância do amor ao próximo,
como ato de resistência diante das injustiças do mundo e reforçou o apelo pela
união e fortalecimento dos laços, não apenas com os que amamos, mas também com
os que não conhecemos ou que por alguma razão nos são hostis, buscando assim
restaurar a harmonia e a fraternidade de toda a sociedade.
Quero aqui
ressaltar que padre Júlio Lancellotti, no seu sermão, se lembrou da
contribuição de Thomas More, porque uma vez lançado o livro “Utopia”, de Thomas
More, eis que ali há um diálogo sobre a pena de morte, que instituída, então na
Inglaterra não havia colaborado para diminuir a criminalidade violenta, os
assaltos, os roubos e os assassinatos.
Foi então que
um viajante português, Rafael Hitlodeu, ponderou muito mais eficaz do que
infligir esses castigos horríveis a quem não tem outra alternativa, senão de
primeiro se tornar um ladrão, para daí ser transformado em cadáver, é você
assegurar a sobrevivência das pessoas.
Então por causa
disso, um amigo de Thomas More, escreveu para o prefeito de Bruges onde, pela
primeira vez, propõe... Trata-se de um tratado de sobrevivência para os pobres,
e então foi ali que Thomas More contribuiu com a proposta, que cada vez ganha
mais força, da Renda Básica Universal.
Para finalizar,
eu quero registrar a minha total solidariedade ao escritor Marcelo Rubens
Paiva, alvo de agressões ontem, durante a homenagem que o Bloco Acadêmicos do
Baixo Augusta, em São Paulo, estava realizando.
E ele,
inclusive o autor do livro que inspirou “Ainda Estou Aqui”, o filme que está
consagrado para possivelmente ganhar o Oscar no domingo seguinte, pois bem, o
carnaval deve ser um espaço de alegria e de celebração da nossa maior expressão
cultural.
A violência não
pode ter lugar nessa festa, e eu espero que jamais volte a se repetir. É
importante que nós, brasileiros, saibamos bem respeitar todas as pessoas,
inclusive aquelas que têm uma visão política inteiramente diversa da nossa.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Gostaria de
chamar V.Exa. para continuar presidindo a nossa sessão.
Enquanto isso, eu quero registrar aqui
a honrosa presença do Fábio Jabá, presidente do Sindicato dos Policiais Penais,
acompanhado aqui de vários policiais penais também aposentados, trazendo uma
gravíssima denúncia, deputado Suplicy, que nós já inclusive estamos tomando
providências de que a São Paulo Previdência, SPPrev, não está respeitando a
legislação aprovada aqui na Assembleia Legislativa.
Nós aprovamos duas leis, uma PEC,
criando a Polícia Penal no estado de São Paulo em consonância com a PEC
Federal, que foi aprovada em 2019. Nós aprovamos a nossa aqui em 2022, já com
um grande atraso, mas ela foi aprovada.
Posteriormente, nós aprovamos um PLC
regulamentando, então, a PEC da Polícia Penal, que transformou os agentes da
Polícia Penal, servidores do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, em
policiais penais, como determina a legislação.
Então, duas leis estão sendo afrontadas
aqui pela São Paulo Previdência, ou seja, deputado Suplicy, a São Paulo
Previdência está cometendo improbidade administrativa, e nós queremos fazer
essa denúncia pública aqui na Assembleia Legislativa e dizer que nós estamos
tomando providências, porque é uma violação a um direito; os aposentados, que
já estavam aposentados antes da aprovação da legislação aqui na Assembleia
Legislativa têm os mesmos direitos que todos os outros servidores que estão se
aposentando. São todos policiais penais, os antigos e os novos que estão se
aposentando também.
Então, nós estamos tomando aqui várias
providências. Conversamos, fizemos uma reunião agora com o Fábio Jabá e com os
aposentados, e nós vamos obrigar o governo a fazer essa correção, porque vocês
têm direito, vocês serviram durante muitos anos o sistema prisional, arriscando
as vidas de vocês, desgastando-se.
Então, vocês devem também ter os cargos
transformados em policiais penais. Contem com o nosso total apoio.
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* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra
agora o deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, telespectador da
TV Assembleia; Sr. Presidente, hoje saiu uma matéria na “Folha de S.Paulo”, na
coluna Mônica Bergamo - quero até colocar aqui no telão -, que diz o seguinte:
“Bove” - o
deputado Lucas Bove - “apresenta projeto para instalar câmeras em salas de aula
de escolas em São Paulo. O objetivo é prevenir condutas inadequadas ou
ilícitas.”
Eu quero dizer
que nós repudiamos veementemente esse projeto de lei. Também tem um outro
projeto tramitando, do Tenente Coimbra, que nós respeitamos, que nós
respeitamos os deputados, e também respeitamos a iniciativa de qualquer deputado
apresentar projeto de lei. Mas dizer que nós somos totalmente contra, e tudo
faremos para que esses projetos não sejam aprovados.
Porque a
instalação de câmera em sala de aula é proibida. Isso é uma agressão aos
professores e aos alunos. Uma coisa é você ter câmeras na escola, em algumas
partes da escola, para manter a segurança. Agora, em sala de aula, não. Porque
é uma invasão da privacidade dos professores e dos alunos. Isso é um absurdo.
Eu quero
registrar o nosso repúdio veemente a essa proposta. Como também a outras
propostas que circulam, como, por exemplo, em Guarulhos. Um vereador apresentou
um projeto de lei para que sejam instaladas câmeras corporais nos professores.
Tem que trabalhar no uniforme dele. Na verdade, nem existe uniforme para
professor. Mas, se está com o avental, vai ter ali uma câmera ligada o tempo
todo. Nós não podemos tolerar essa intromissão.
Na verdade,
isso significa vigiar e punir os professores, o que está hoje muito na moda.
Porque esses governos de extrema direita, esses governos protofasictas e
nazistas estão lançando essas propostas em algumas regiões do Brasil. Mas aqui
em São Paulo, não! Nós não vamos aceitar e não deixaremos que esse projeto seja
aprovado.
Quero ainda
também repudiar veementemente esse contrato que está sendo feito entre o
governo estadual e um escritório da ONU. Vejam só, Srs. Deputados e Sras.
Deputadas! O governo está fazendo, já fez, na verdade, um contrato com uma ONG,
um escritório ligado à ONU, para que haja um estudo técnico para privatizar a
Fundação Casa. Olha só o absurdo. E o valor desse estudo técnico gira em torno
de 21 milhões de reais, só para fazer um estudo técnico.
É um
desperdício de dinheiro público! São 21 milhões de reais para realizar um
estudo técnico que vai privatizar a Fundação Casa. E já quero registrar que
somos totalmente contra a privatização da Fundação Casa. O governador Tarcísio
de Freitas se tornou um grande privatizador do espaço público.
Ele está
dilapidando o patrimônio público. Ele, na verdade, tornou-se uma espécie de
vendedor de São Paulo. Ele transformou São Paulo em uma grande imobiliária, ele
virou um corretor de imóveis. Ele está privatizando tudo: parques estaduais,
áreas de pesquisa do estado de São Paulo, CPTM, Metrô. Escolas são privatizadas
e, inclusive, leiloadas na Bolsa de Valores de São Paulo.
Então ele vai
dilapidar, até o final do governo, se nada for feito, todo o patrimônio público
do estado de São Paulo. E instituições importantes, como a Fundação Casa, que
não pode ser privatizada. É inconstitucional. Como Doria tentou privatizar o
sistema prisional.
Está aqui o
Jabá, que fez parte da luta contra a privatização, e nós vencemos a luta,
através de uma ampla mobilização junto com os servidores do sistema prisional.
Mas ele pretende fazer o mesmo com a Fundação Casa.
Nós pretendemos
acionar o Ministério Público, o Tribunal de Contas, a Defensoria Pública, e
amplos setores da sociedade civil contra a venda, contra a entrega da Fundação
Casa para uma PPP, uma parceria público-privada.
É disso que se
trata esse estudo técnico. Então haverá resistência, haverá luta contra mais
uma privataria bolsotucana aqui no estado de São Paulo. Não à privatização da
Fundação Casa.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos ao deputado Carlos Giannazi. E gostaria de chamar agora o deputado
Major Mecca. Tem a palavra, pelo tempo regimental.
O SR. MAJOR MECCA - PL
- SEM REVISÃO DO
ORADOR - Boa tarde, presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, nossos policiais
militares, civis, que estão nesta Casa Legislativa garantindo o bom andamento
dos nossos trabalhos. A todos que estão na galeria, sejam sempre muito
bem-vindos a esta Casa.
Gostaria de
reforçar, hoje, desta tribuna, Sr. Presidente, a reunião que tive a semana
passada na Secretaria de Habitação, a título de que seja dada celeridade na
assinatura do convênio para que a Secretaria de Segurança Pública e a
Secretaria de Administração Penitenciária possam lançar e abrir os sites de
inscrição para os policiais militares, civis, policiais técnico-científicos e
policiais penais, para que eles possam ter acesso à carta de crédito de 300 mil
reais para aquisição da sua casa própria.
Um projeto
muito importante de minha autoria, com o apoio de inúmeros parlamentares desta
Casa. Todas as bancadas nos apoiaram, o Projeto de lei nº 1.637, que hoje é a
Lei nº 18.025, que é o maior programa habitacional das polícias do Brasil.
Então, gostaria
de registrar essa reunião que tivemos, e nós estamos correndo atrás porque nós
sabemos da importância para os policiais e a sua família ter um lar, ter um
ambiente digno para poder viver.
E, para
complementar, presidente, eu queria cumprimentar, em nome de todos os
parlamentares desta Casa, em nome de todos os policiais militares que
represento, parabenizar o cabo Márcio Tonello, 31 anos de serviços prestados no
Corpo de Bombeiro do Estado de São Paulo, e hoje é o seu último turno de
serviço na ativa. Parabéns, Tonello! Que o Senhor Jesus abençoe a sua próxima
missão, que é estar mais próximo da sua família, aproveitando um pouco mais
essa nova fase que você está iniciando agora.
A nossa
gratidão, a gratidão do povo de São Paulo por tudo que você, um herói, fez ao
nosso Estado. Salvou muitas vidas, e rogo aqui neste momento que Deus o
abençoe, abençoe sua família e saiba que estaremos sempre juntos no cumprimento
da missão.
Forte abraço,
meu irmão, parabéns, minha melhor continência.
Muito obrigado,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos, deputado Mecca, e agradeço se puder presidir a sessão para que
possa retornar à tribuna. Com muita alegria e satisfação que eu registro a
presença da Sra. Mônica Bohomoletz de Abreu Dallari, que sempre me estimula a
defender o bem-estar da população, a construção de um Brasil justo, civilizado,
e que me dá tantas alegrias e fundamentação àquilo que eu tenho expresso tantas
vezes por este Brasil melhor.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Major
Mecca.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Assumindo a
Presidência deste Pequeno Expediente. Chamo à tribuna o deputado Eduardo
Suplicy, tem V. Exa. cinco minutos regimentais para o uso da palavra.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Major Mecca, deputado Carlos Giannazi,
saúdo a presença de Monica Dallari aqui assistindo a nossa sessão. Gostaria de
falar sobre o que está acontecendo na Saracura Vai-Vai.
Na semana
retrasada, eu enviei um ofício ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, IPHAN, a respeito dos achados arqueológicos no Sítio Saracura Vai-Vai
na Linha 6-Laranja do metrô no Bairro do Bixiga - região central da capital
paulista.
Após receber o
apelo dos integrantes do movimento Saracura Vai-Vai, que afirmam que estamos em
uma fase crucial da mobilização em defesa desses preciosos achados
arqueológicos...
Afirmo isso
pois foram encontradas estruturas construtivas de antigos casarios da região
associados a rituais religiosos de matriz africana. Trata-se de divisórias de
cômodos e conjuntos de pisos em que foram resgatados diversos artefatos
associados a orixás e assentamento pelos profissionais de campo - o que, dado a
sua relevância e ineditismo, deve ser preservado para que seja viabilizado o
desenvolvimento de pesquisas.
A empresa
concessionária responsável pela obra, cobrada pelo governador Tarcísio, no
entanto passou a opor a construção da estação à preservação do sítio e ao
direito à memória - que vem há meses pressionando o IPHAN pela remoção integral
das estruturas.
Sendo que
apenas parte das estruturas de canalização do rio Saracura, início dos
sucessivos processos paliativos da população negra do Bixiga, em peças
isoladas, seriam expostas na futura estação dissociadas, portanto, do contexto
em que foram localizadas, inviabilizando por completo estudos futuros.
Diversos
especialistas se manifestaram a favor da preservação dos achados arqueológicos
- que se constituem como elementos fundamentais da história negra do bairro do
Bixiga e, consequentemente, do Brasil.
Esse formidável
sítio arqueológico, no entanto, ainda carece de pesquisas “in situ” para que
sejam identificadas que nações do candomblé existiram naquele solo, e desvelar
práticas religiosas que podem ter se perdido na violência da diáspora e da
repreensão permanente do Estado brasileiro contra a população negra.
Trata-se de uma
reconhecida ocupação tradicional quilombola, do início do século XIX até parte
do século XX, no coração da capital de São Paulo, cujos descendentes foram dali
deslocados para dar lugar à urbanização. Eu solicitei ao IPHAN serenidade no
processo de tombamento do sítio, e que promovesse o entendimento entre as
partes com uma reunião para que se encontre uma conciliação entre a história e
a demanda pela estação.
Há exemplo de
diversas cidades em países como a Grécia, a Itália, Portugal, Áustria que
converteram as estações com achados arqueológicos em espaços de promoção de
Cultura, Turismo e geração de renda.
Apelo também ao
governador Tarcísio de Freitas para que se atente a esta incrível possibilidade
que temos em nossas mãos, que é a de combinar o melhor transporte público,
através daquela estação de Metrô, com um meio de a população não apenas do
Bixiga, mas de todo o Brasil, e quem nos visita, estrangeiros, de poderem ali
testemunhar o que poderá ser uma espécie de um pequeno museu sobre os nossos
antecedentes, antepassados negros da população brasileira.
Um abraço,
muito obrigado, presidente Major Mecca.
O
SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado,
deputado Suplicy. Dando sequência à lista de oradores, deputado Carlos
Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
presidente, deputado Major Mecca, servidores aqui do Sistema Prisional,
policiais penais, Fábio Jabá, aposentados, lutando aqui para que a São Paulo
Previdência respeite a lei que nós aprovamos e faça a inclusão imediata de
todos os servidores aposentados do Sistema Prisional na Polícia Penal, como
determina a lei.
Quero, Sr.
Presidente, dizer que hoje, pela manhã, eu estive aqui no Parque do Povo, aqui
no Itaim Bibi, participando de um ato, de uma manifestação contra a criminosa
destruição de um teatro público e de uma escola de capoeira, a destruição que
foi feita pela Prefeitura de São Paulo, pela gestão do Ricardo Nunes.
A Prefeitura
simplesmente destruiu um teatro histórico, que já tem 40 anos de existência,
que fica no Parque do Povo, que nem pertence, na verdade, à Prefeitura, porque
o terreno onde está situado o teatro e a escola de capoeira pertencem à Caixa
Econômica Federal e ao INSS, que fizeram a concessão para a Prefeitura, e a
Prefeitura, sem nenhum tipo de aviso, destruiu com os tratores, no dia 13 de
fevereiro, esse importante teatro, um teatro que tem o reconhecimento do
Conselho de Cultura da Prefeitura de São Paulo e também do Condephaat, que é o
Conselho Estadual.
Ou seja, tem um
tombamento desse teatro e dessa escola de capoeira. No entanto, o governo,
através da Secretaria do Meio Ambiente, com o apoio, me parece, da
Subprefeitura de Pinheiros, simplesmente destruiu esse espaço cultural, esse teatro,
que é um teatro que tem um reconhecimento internacional, juntamente com uma
escola de capoeira.
Nós entramos
com uma ação popular contra a Prefeitura, ganhamos, de tal forma que a
Prefeitura não pode mais remover o entulho que está ali, nem destruir o que
restou do teatro e da escola de capoeira.
E, na nossa
ação popular, nós pedimos também a criminalização, a responsabilização criminal
dos envolvidos nesse - como eu disse - crime contra a população do estado de
São Paulo, Sr. Presidente. Porque nós sabemos que ali nós temos poderosos
inimigos e adversários.
De um lado, nós
temos ali os interesses da especulação imobiliária daquela região, do
Itaim-Bibi, e, do outro lado, nós temos - no governo municipal, deputado
Suplicy, V. Exa. sabe - um setor protofascista, que é contra a Cultura, que é
contra a arte, que é contra o teatro, que é contra a música, que é contra a
Educação, contra a Cultura.
É o fascismo. O
fascismo odeia a Cultura. O fascismo odeia artista, o fascismo odeia Educação,
odeia pesquisa, tanto é que eles acreditam que a Terra é plana. Eles são contra
a ciência, contra a vacina, contra o processo civilizatório, e esse segmento
está na Prefeitura de São Paulo.
Não é à toa que
o secretário do Meio Ambiente é do PL, é um bolsonarista, e me parece que a
Subprefeitura também está nas mãos desse segmento. Então, são dois adversários,
dois inimigos do povo que nós estamos enfrentando.
A máfia da
especulação imobiliária, das empreiteiras, que não toleram ver aquele espaço
ocupado pela arte, pelo teatro, pela cultura popular, e, do outro lado, o
fascismo aqui em São Paulo.
Mas então, a
nossa ação popular pede também, além da suspensão da destruição daquele espaço,
pede também a responsabilização criminal dos envolvidos, do secretário, da
subprefeitura, enfim, de todas as pessoas que participaram da destruição.
Estava
presente, estava o Chico César, artistas, o deputado federal Guilherme Boulos
participou do evento, a deputada Ediane Maria, aqui da Assembleia Legislativa,
da nossa bancada.
Nós estávamos
todos lá. A Maria Marighella, que representa a Funarte, o Ministério da
Cultura, presente. Foi um ato importante agora, de manhã, em defesa do Teatro
Vento Forte e da escola de capoeira, que fica no mesmo local.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Permite-me um aparte?
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com certeza, deputado.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Houve outra manifestação hoje de
manhã?
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Foi hoje de manhã essa, agora de
manhã.
O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Deputado Suplicy, se o senhor
quiser pedir uma comunicação, eu consigo.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Eu encerrei o meu pronunciamento,
então, o deputado Suplicy pediu uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Uma
comunicação, tem a palavra o deputado Eduardo Suplicy.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PARA
COMUNICAÇÃO - Eu também estive lá no
Parque do Povo, e em solidariedade a todos aqueles que, tantas apresentações
fizeram ali no Teatro Vento Forte, e também lamento que tenha a Prefeitura, o
Governo do Estado, permitido que se destruísse completamente, só estão os
restos do material que foi destruído.
E eu também
reforço o apelo às autoridades, tanto municipais, quanto do governo estadual,
para que se respeite um lugar ali naquele parque, que não estava incomodando
pessoa alguma.
Ao contrário.
Era um centro de atividades culturais e também do aprendizado da capoeira. E
nada melhor que dentro de um parque público, haja uma escola de capoeira, para
que as pessoas façam exercícios.
Meus cumprimentos,
deputado Carlos Giannazi.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presidente,
havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento dessa sessão.
O
SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - É regimental,
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esta Presidência, cumprindo determinação
constitucional, adita a Ordem do Dia com o Projeto de lei nº 131/2016 e o
Projeto de lei nº 79/2024, vetados.
Havendo acordo de lideranças, antes de
dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de
amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira, com
os aditamentos ora anunciados.
Está levantada a sessão.
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* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 38
minutos.
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