27 DE MAIO DE 2025
15ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO e GILMACI SANTOS
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão às 16h53min. Coloca em discussão o PL 269/23.
2 - PROFESSORA BEBEL
Discute o PL 269/23.
3 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência.
4 - EDIANE MARIA
Discute o PL 269/23.
5 - DR. JORGE DO CARMO
Discute o PL 269/23.
6 - LECI BRANDÃO
Discute o PL 269/23 (aparteada pela deputada Ana Perugini).
7 - TENENTE COIMBRA
Discute o PL 269/23 (aparteado pelo deputado Lucas Bove).
8 - DONATO
Para comunicação, faz pronunciamento.
9 - DONATO
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
10 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Anota o pedido.
11 - MARINA HELOU
Para comunicação, faz pronunciamento.
12 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, faz pronunciamento.
13 - DANILO CAMPETTI
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Para comunicação, faz pronunciamento.
15 - EDIANE MARIA
Para comunicação, faz pronunciamento.
16 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Defere o pedido do deputado Donato. Informa que há acordo entre as lideranças para dar o PL 269/23 por discutido por três horas, restando três horas. Lembra a realização da segunda sessão extraordinária, a ter início às 18 horas e 23 minutos. Levanta a sessão às 18h13min.
* * *
- Abre a sessão o Sr.
André do Prado.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente e número regimental de
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos
trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Ordem do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e
votação do Projeto de lei nº 269, de 2023, de autoria dos deputados Tenente
Coimbra, Gil Diniz, Guto Zacarias, Lucas Bove, Leonardo Siqueira e Tomé Abduch.
Em discussão. Para discutir contra, com a palavra a deputada Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, André do Prado. Cumprimento os
assessores da Mesa Diretora, os assessores à minha esquerda, à minha direita, Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, público presente e todos que nos assistem, veem
através da Rede Alesp.
Eu confesso que,
desde quando vi fazer tramitar esse projeto de lei, eu fiquei estarrecida,
porque é um projeto de lei, é o nº 269, de 2023. Questão central, vamos lá,
para questão técnica mesmo, deputada Thainara. É inconstitucional, porque tem
uma lei, que é a nº 12.933, de 2013, que estabelece que quem emite as
carteirinhas são as entidades estudantis.
Isso não há que
ter dúvida. Isso já é uma lei federal, e ela assenta esse princípio de que as
entidades estudantis, elas emitam as carteirinhas. Essa lei foi até objeto de
Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF, que a julgou constitucional. Olha
bem. Entraram com inconstitucionalidade, e agora o STF foi lá e disse:
"Não, ela é constitucional", declarando que o estudante, ele
interessado na emissão da carteirinha, não precisa - diferencial aí - ser
filiado às entidades emissoras.
Por exemplo.
Nós temos a Upes, nós temos Umes, nós temos UNE, não é? Tem entidades
estudantis por todo o País.
A ação direta
de inconstitucionalidade é a número 5.108: sempre reafirma que essa tem que ser
uma atividade estudantil. É importante eu ler o que disse o STF. Acho que
isso... Eu respeito muito os projetos de leis que vêm para esta Casa, mas a
gente tem que tomar cuidado com aquilo que é inconstitucional e com aquilo que
não é inconstitucional.
O STF diz o
seguinte, que “conferir interpretação conforme a Constituição é expressão às
entidades estaduais municipais contida nos parágrafos 2º e 4º do Art. 1º, §2º
do Art. 2º, para fixar o entendimento de que as entidades estaduais, municipais
referidas nesses preceitos são entidades de representação estudantil”.
Portanto, não
há que ter - está certo? - uma forma de emissão de carteirinha aqui no estado
de São Paulo, outra no Acre, outra lá no Rio Grande do Sul, outra lá em Goiás,
seja lá em que estado for. Se é uma norma nacional, cumpra-se a norma nacional
e a constitucional.
E mais ainda,
diz que não aceita, não declara inconstitucional por arrastamento da expressão
pelas entidades nacionais antes referidas, mas fixa interpretação conforme a
Constituição, a expressão no sentido de que as entidades nacionais são
responsáveis pela definição do modelo único.
As “entidades
nacionais”, estou chamando a atenção. Então, espera aí. Se a UNE, no seu
congresso, articulado... Por quê? Os congressos todos são constituídos pelas
entidades municipais e nacionais. As entidades estudantis é que têm que tomar
essa decisão. Não é uma lei que pode fazer isso.
Desculpe,
Tenente Coimbra. Os senhores, eu acho que estão ao arrepio da lei, não é? Ao
fazer isso, estão, na verdade, caminhando em uma perspectiva de que é um
debate, por fazer um debate, é ideológico, é o quê? Eu quero debater no campo
ideológico o que significa isso. Eu quero debater.
Eu acho que é
importante todos nos alertarmos por que isso parte de dois deputados por quem
eu tenho respeito, por óbvio, mas que, nessa pauta exatamente ideológica, eles
imprimem aí uma questão que é a seguinte: é papel do estudante vir aqui
espernear, brigar pelos direitos dele?
Eles acham que
não, eles acham que eles têm que ficar na escola. Eu também acho que o
estudante tem que ficar na escola, mas o governo tem que parar de mexer com
políticas educacionais que atacam os estudantes, por exemplo.
Os estudantes
já ocuparam esta Casa. Isso é revelia? Sim, é revelia porque também tivemos um
triste período que foi desviar o dinheiro das merendas. Não foi isso? Também os
estudantes ocuparam as escolas, cerca de 300 escolas no estado de São Paulo.
Ah, isso é
indisciplina, é revelia. Sim, é revelia, porque não tem coisa mais dolorida do
que ver, ao invés de abrirem escolas, fecharem 92 escolas. Era isso que queriam
fazer naquele período.
Arduamente, os
estudantes ocuparam as escolas com o apoio de professores e de seus pais,
inclusive. Foi um período rico de debate em torno do papel da escola pública. É
isso que está por trás deste PL.
Ou
seja, não custa nada para o governo federal, senhores e senhoras, o governo
estadual, nada. Emitir a carteirinha é um papel das entidades estudantis, não
custa nada. Mas quando passa para o governo, vai ter custo para o governo. Isso
não leva o governo a pensar? Quer dizer, para dar carteirinha, ele arruma
dinheiro.
Mas
para fazer monitoramento das ações dos estudantes nas escolas, é isso que
querem fazer. Não basta tentar, tentar, porque tentar também amordaçar. Usar o
termo amordaçar, eu nem aceito, porque venha tentar me amordaçar ou tente
amordaçar estudante. Não consegue. Não consegue.
*
* *
- Assume a
Presidência o Sr. Gilmaci Santos.
*
* *
Por quê? Porque
nós estamos num lugar que é a escola, e a escola é um lugar que se implanta
pensamento, seja de um lado ou do outro, tem outro, tem pensamento. Se a tese,
se aquilo que é defendido não vai ao encontro do que se pensa, óbvio que tem
resistência.
Eu fiquei muito
feliz no dia de hoje em saber que nós conseguimos segurar uma escola de tempo
integral aqui na zona norte com a ajuda de professores, estudantes e os
funcionários de escola, e o governo queria impor escola de tempo integral sem
ter condições de tempo integral. O que está por detrás deste projeto de lei é,
na verdade, a tentativa de deter a organização estudantil.
Qualquer estado
e qualquer país que defenda a democracia tem que ter organizações estudantis,
sindicatos, associações, para que a gente, de certa forma, dê voz, escute. Pode
concordar ou discordar, mas a democracia tem que funcionar desta forma.
Isso caminha na
perspectiva de nós termos, deputado Jorge, outros modelos por outros, e isso
não vinga, que a gente derrubaria. Pode até passar aí, porque são maioria, mas
não vingará, não vingará porque é inconstitucional.
Tecnicamente
falando, politicamente falando não vingará, porque os estudantes também não se
submeterão, a carteirinhas doadas pelo Governo do Estado de São Paulo. Isso não
é uma coisa ilógica? Eu acho. Não tem cabimento. Chama-se organizações da
sociedade civil. E o estado é o estado.
Nós estamos
convivendo num capitalismo, por verdade, mas com a complexidade nós temos,
enfim, toda forma de organização exatamente oriunda do quê? Da luta de classes,
da luta, do embate das ideias, enfim. Por isso é que as organizações têm a sua
importância.
Então, nós da
bancada do Partido dos Trabalhadores estamos contra. Obstruímos, fizemos,
tentamos retirar isso da pauta. Quero lamentar alguns encaminhamentos que
tinham sido dados aí pelos companheiros da Comissão de Educação, mas que, sim,
já foi resolvido.
Mas quero dizer
o seguinte: nós não permitiremos isso, nenhum ataque a qualquer forma de
organização, seja ela o que for. E o que está por detrás é isto. Eu vejo a
forma jocosa, as hostilidades que eles sofrem quando eles vêm aqui conosco
lutar, como vieram lutar contra a retirada de 11 bilhões das verbas da
Educação. Eu vi como eles foram tratados quando vieram lutar, por exemplo,
contra a militarização das escolas públicas no estado de São Paulo. Isso nós
vimos.
Se
nós vimos assim, que dirá se essa lei for aprovada? É a demonstração cabal de
que se tenta fazer algo de forma autoritária, autoritarismo. Ser autoridade é
uma coisa. Autoritarismo é outra totalmente diferente. E é isso que está se
tentando fazer com esse PL 269, de 2023.
Eu
pergunto para os deputados: não tem uma pauta que vocês possam contribuir, por
exemplo, para ajudar a melhorar a qualidade da Educação? Não tem uma pauta? Vão
mexer com a organização estudantil, por quê? Não.
Eu tenho
certeza de que se os senhores se reunirem com um grêmio estudantil ou com
vários, destemidamente, eu tenho certeza de que vocês aprenderão muito com
eles. Eles ensinam muita coisa.
A gente ensina,
mas eles nos ensinam muita coisa. Muitas vezes, eu como professora, tive que
repensar muitas ações. Porque a gente pensa com a nossa cabeça, mas eles é que
sentem o agir nosso sobre eles.
Então não é uma
defesa, como eu diria, meramente afetiva. Ela é uma defesa pelo direito à
organização estudantil e sem a mão do Estado nessas organizações. A gente quer
liberdade de expressão.
A gente quer
que essa estudantada... E eu sempre fui aquela que “não, vocês têm que botar
para fora, vocês têm que falar, vocês têm que dizer o que pensam”. E de forma
correta, por óbvio. Precisa ter educação, precisa ter forma de se dirigir na
forma que pensa. Sempre defendi isso.
E não será um
PL como esse, sem substrato nenhum, - Desculpe, viu - para dizer que de onde
tem que partir a entrega das carteirinhas dos estudantes. Então, pela liberdade
de expressão, pela liberdade dos estudantes poderem eles próprios, fazer a
forma de arrecadação, e financiamento também.
Porque nós não
queremos ser financiados pelo Estado. Nós queremos o autofinanciamento, como
eles fazem, assim como a minha entidade também faz.
Um forte
abraço.
Muito obrigada.
E dizer que a
gente vai votar contra esse PL, porque ele em nada ajuda a organização
estudantil.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Obrigado, deputada. Continua em discussão, para falar contra, deputada Ediane
Maria.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente. Boa tarde a todos que
estão na galeria, a todos os parlamentares aqui presentes, funcionários, e
todos que estão nos assistindo pela TV Alesp.
Bom, a gente
hoje vai discutir o projeto de lei que dispõe sobre as carteirinhas de
identidade estudantil do estado de São Paulo. E eu fico preocupada,
sinceramente falando. Porque nós temos tanto problema, mas tanta coisa para
resolver no estado de São Paulo, e querer mexer em um assunto que já está
resolvido pelo governo federal, pelos movimentos estudantis, que fazem um
debate fundamental nas escolas?
É importante
que a gente traga, primeiro, a importância do movimento estudantil que se
organiza nas escolas, nas universidades. E que pauta uma necessidade urgente,
como a alimentação, o transporte público, a garantia de que nossos filhos
tenham dignidade para continuar os seus ensinos. E esta Casa que deveria propor
coisas novas, novidades, avanços, a gente sempre está na contramão.
A
gente está sempre no retrocesso. Isso é impressionante. Então estar aqui hoje
debatendo esse projeto mostra, mais uma vez, deputada Leci Brandão, o quanto a
gente precisa avançar. Porque esse projeto de lei mexe em uma lei federal,
inclusive.
Então o governo
estadual deveria, esta Casa deveria estar preocupada com outras coisas, como
garantir que os nossos filhos consigam ter alimentação, com que os nossos
filhos não estudem em escolas de lata, com que este estado seja referência no
ensino público, com que a faculdade não seja aquele grande funil, onde a gente
entra, nossos filhos entram e ocupam, mas que não conseguem uma política de
permanência. Porque vários de nós hoje...
Eu falo isso
muito no olhar da minha filha, inclusive. Por quê? Se hoje a Tâmara consegue
fazer uma universidade e consegue uma permanência nela é porque, primeiro, teve
um movimento estudantil que lutou, se organizou e articulou, falando que era
necessário fazer uma política de habitação, falando que era necessário que
tivesse um transporte público que atendesse essa demanda. Só que a gente vai na
contramão de tudo, toda vez é esse mesmo retrocesso.
Entrei aqui com
uma perspectiva muito mais ampla. Imaginei que nós iríamos discutir o futuro,
mas eu vejo coisas que já estão sendo pautadas, que já estão sendo feitas, e
esse projeto deixa uma lacuna muito grande.
Por quê? Se o
governo estadual vai cuidar dessas carteirinhas, inclusive, gente, isso é um perigo
total para os pais que estão em casa, assim como eu estou preocupada. Por quê?
Porque eles vão mexer em todos os documentos dos nossos filhos, vão ter acesso
a tudo: onde estudam, o que estão fazendo, se recebem algum benefício. Então
vão mexer em tudo.
No contraponto,
vão deixar para bancos, até bancos vão poder movimentar e saber dos nossos
filhos, o que estão fazendo e para onde vão. A gente está vendo golpes em
idosos. A gente vê.
Para quantos de
nós, só de colocar o nosso CPF em algum canto, começa a vir empréstimo
consignado, sabe? Começa a vir mil mensagens para a gente, mil golpes. Ou seja,
será mesmo que os dados dos nossos filhos estarão assegurados, protegidos? Essa
é uma demanda que está nesse projeto.
Pautando isso,
eu acho que é importante que as mães, que os pais se envolvam de fato no que
está acontecendo. Porque é um retrocesso total, total, total. Será que vai
garantir que o estado de São Paulo vai conseguir ter, porque a minha filha
terminou a faculdade em Pernambuco, será que ela vai conseguir, com essa
carteirinha que ela consegue meia-entrada no cinema, meia-entrada no
transporte, inclusive ela paga passagem, que é meia.
Ela consegue,
pelo ID estudantil, ela consegue metade. Será que ela vai conseguir? Será que
ela vai ter que ter duas carteirinhas? São dúvidas. Será que são duas
carteirinhas, uma para Pernambuco, uma para São Paulo?
Então, gente,
eu falo num olhar de preocupação, que são dúvidas que eu acho que são
importantes. A Leci está até aqui dando risada porque a gente, às vezes, olha
para o retrocesso e fala: "Não, não é possível”. Não é possível que a casa
esteja arrumada, e, do nada, começam a bagunçar tudo de novo. Do nada, começam
a procurar problemas novos. Do nada, “vamos mover isso aqui”.
Outra, se foi o
movimento estudantil que ocupou essas galerias, que garantiu uma audiência
pública no retrocesso das escolas cívico-militares, jovens que inclusive, a
gente foi, até nós, parlamentares, aqui, no dia daquela votação, até nós fomos
empurrados aqui pela polícia. Detalhes.
Você imagina o
jovem lá na escola, que tem muitas vezes que paralisar tudo, que vai fazer
greve. Inclusive toda a minha solidariedade para os alunos da PUC, que estão em
greve e estão lutando contra palavras racistas dentro da universidade.
Então, gente,
quando a gente olha para a amplitude de tudo, olha com uma preocupação para
nós, pais e mães. É esse olhar que nós temos que ter. Se os jovens que
organizam, que vivem a universidade, que sabem o que é melhor, hoje estão
correndo o risco de perder esse direito de se organizar na universidade e de
garantir que todos os universitários, todos os estudantes do Brasil consigam,
sim, ter garantias reais de permanência, imagine quais os outros direitos que
estarão sendo colocados aqui em jogo. Quais direitos mais serão pautados nesse
retrocesso.
Eu acho que a
gente viu, viveu muito isso em 2018. Nós somos sobreviventes dessa era, desse
tempo.
A gente viu o
que a gente perdeu, em várias canetadas, inclusive, do governo Bolsonaro; a
gente viu vários programas serem extinguidos. O “Minha Casa, Minha Vida”.
Lembra do “Bolsa Família”? Quase que a gente perde. Foi difícil a gente
conseguir segurar alguns direitos.
Ou seja, tudo
isso que a gente tem assegurado hoje, que ainda é muito frágil, é graças à
mobilização, à organização de quem mais precisa. São os movimentos estudantis,
são os movimentos sociais que garantem, na ponta, que de fato seja pautado.
Quando a gente
tira da mão dos movimentos estudantis, da juventude, que vive a universidade e
que sabe a necessidade de lutar por garantias que já deveriam ser asseguradas
pelo próprio Estado, a gente vê a fragilidade à qual a gente está sendo
colocado, empurrado cada vez mais.
Então esse é um
apelo que eu peço para o deputado que fez esse projeto de lei, o Tenente Coimbra,
que reflita melhor sobre essas condições, reflita melhor sobre esse projeto. Eu
acho que é importante a gente trazer o que está sendo pautado hoje.
Hoje eu posso
garantir, enquanto mãe de uma universitária que desfruta hoje também desse
benefício... É graças aos movimentos estudantis que hoje ela consegue viajar de
Pernambuco para cá. Não só ela, mas também a minha sobrinha lá de Pernambuco
tem essa garantia.
Ela tem essa
segurança de poder olhar, enquanto jovem que precisa se dedicar ao seu ensino,
porque não dá mais para a gente viver numa sociedade na qual o jovem entra numa
universidade ou entra no ensino técnico e tem que parar, porque ele tem que
ajudar os seus pais a manter a alimentação na sua própria casa.
Então é esse
olhar, é isso que nós precisamos debater aqui nesta Casa com mais profundidade;
que a gente consiga, de fato, arrumar um meio-termo, que a gente consiga
dialogar e ouvir, inclusive, os estudantes mais uma vez. Trazer os jovens que
são beneficiados com isso. Então é um desabafo aqui, e um medo, inclusive, um
medo real. Que quando a gente tira da mão e coloca na secretaria...
Inclusive, está
aqui, vamos lá, § 2º: “A Secretaria de Educação poderá firmar contrato ou
instrumento congênere com instituições bancárias públicas ou privadas para
emissão gratuita ao estudante...”. Gente, pelo amor de Deus. Já imaginou um
jovem... Um jovem, gente, o banco mandando coisa para eles. Nós sabemos o risco
que isso implica.
Qualquer
adulto, se abrir um celular, hoje, tem mil propostas de banco. Qualquer adulto,
hoje. Você faz uma pesquisa lá, começam a vir mil coisas no seu celular. Daqui
a pouco, são nossos filhos, Paula, pagando conta, nossos filhos abrindo uma
conta no banco. Lá vamos nós descobrir o que eles fizeram, estão devendo. Gente
do Céu, pelo amor de Cristo, vamos avançar?
Eu acho que
isso aqui é um apelo de “vamos avançar no debate; não vamos mexer no que está
dando certo”. Vamos propor coisas novas, avanços para a sociedade, de fato.
Avanços que
garantam que os nossos filhos vão para a escola tranquilos, em paz, que
consigam terminar seus ensinos, que consigam sair de lá profissionalizados e
com o mercado de trabalho aberto ali para acolher essa demanda, que é gigante.
Quantos de nós,
hoje... É uma luta árdua, primeira coisa. É uma luta árdua para a gente manter
nossos filhos na universidade ou na escola, porque, para vários de nós, para
vários pais e mães da periferia, a gente acaba tendo que olhar no final do dia
e falar assim: “eu acho que eu preciso que meu filho me ajude”, ou em casa
cuidando dos irmãos mais novos, ou tendo que ir para o farol, ou tendo que
fazer alguma coisa - uma faxina, uma diária - para conseguir assegurar, de
fato, a alimentação da casa, manter o orçamento da casa.
E aí a gente
olha todo um aparato que existe, do governo federal, dos movimentos estudantis,
e aí a gente vai mexer nisso? Para quê? Vamos pular, vamos falar assim: “não,
agora esta Casa, o que está debatendo agora? Bom, as escolas de lata já não
existem mais.
Hoje os
professores e diretores estão assegurados, hoje eles não são mandados embora.
Hoje eles têm uma garantia real.” Só que não é esse o debate que está aqui na
mesa. O debate é, mais uma vez, vamos retirar aqui o que está dando certo,
vamos remodelar tudo isso, vamos jogar para uma secretaria.
Agora o Governo
do Estado vai cuidar disso, agora é a Secretaria de Ensino que vai cuidar e
vamos tirar das mãos dos jovens que vivem todo o retrocesso na escola.
São aqueles que
lutam por alimentação e vamos colocar agora para o Estado cuidar. Só que se
vier um jovem de outro estado para estudar aqui, não sei como que vai ser essa
movimentação, não sei se vai ter mais uma carteirinha. Se vão ser duas, três ou
quatro carteirinhas a mais para que se mantenha o controle real.
Bom, tem várias
coisas que assim como eu muita gente que está em casa agora deve estar com
dúvidas. O que é que está em jogo? Vai mexer? Para onde vão os dados do meu
filho? Será que ele está assegurado, está protegido igual ele estava? Não.
Hoje nada mais
disso está seguro. Hoje a segurança é a insegurança. A segurança que nós temos
hoje é olhar que é um cenário de insegurança real para os nossos jovens, para
as nossas crianças que estão ocupando as escolas.
Então, vamos
juntos. Sou totalmente contrária a esse projeto. Temos que debater muito mais
profundamente e não dá para mexer no que está dando certo, né, gente? Já dizia
aquele velho ditado: "Se mexe no que está dando certo, a tendência é dar
errado". Então, sou contrária a esse projeto.
O debate tem
que ser mais profundo. Tem várias lacunas, várias dúvidas que eu, enquanto mãe,
inclusive, preciso ser esclarecida para que a gente consiga avançar e ter um
debate real. Acho que o debate ainda não está sendo muito claro.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado,
deputada. Para falar contra, o deputado Dr. Jorge do Carmo.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT -
Sr. Presidente, deputado Gilmaci Santos, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
público da TV Alesp, policiais, assessores, público da galeria que nesta tarde
de terça-feira vem aqui prestigiar o debate neste plenário sobre os assuntos
que, em tese, nós entendemos que temos que debater aquilo que é pertinente,
aquilo que é importante para impactar de forma - claro, o objetivo é sempre
esse - positiva a nossa sociedade paulista.
Penso que
quando é para impactar de forma negativa, nós temos que rever. Nós temos que
pensar melhor. Está em discussão hoje nesta sessão extraordinária o Projeto de lei
nº 269, de 2023, de autoria do nobre deputado colega Tenente Coimbra, e que tem
a coautoria de outros colegas: deputado Gil Diniz, deputado Lucas Bove,
deputado Guto Zacarias, deputado Leonardo Siqueira e deputado Tomé Abduch.
Pois bem, Sr.
Presidente, esse projeto prevê, dispõe sobre a carteira de identificação
estudantil do estado de São Paulo, a Ciesp, e dá outras providências. Vou falar
sobre esse projeto, falar sobre a inconstitucionalidade dele, quero falar sobre
a responsabilidade fiscal, mas quero antes pedir licença aos meus colegas,
deputadas e deputados, para eu citar duas outras questões que também são
pertinentes. Só para não perder a oportunidade de ao estar nesta tribuna poder
também falar sobre outros assuntos.
Hoje nós
tivemos a eleição da Comissão Permanente de Habitação, Desenvolvimento e
Reforma Urbana, que é uma comissão que trata sobre as demandas, as diversas
demandas de habitação deste Estado. Falei lá na comissão que essa comissão não
existia até dois anos atrás.
Os dois primeiros
anos dela foram nesta legislatura. E eu que tive a oportunidade de ser líder da
Minoria aqui nesta Casa, em todas as reuniões do Colégio de Líderes eu insistia
na importância da gente criar uma Comissão de Habitação, Desenvolvimento e
Reforma Urbana aqui nesta Casa.
Porque as
demandas de Habitação eram tratadas, deputada Leci Brandão, na Comissão de
Infraestrutura. Nada contra a Comissão de Infraestrutura, que eu tive a alegria
e o prazer de presidi-la, mas não é um assunto pertinente. Acho que Infraestrutura
trata de outras questões, de agências reguladoras; trata de infraestrutura propriamente
dita, de obras até.
Mas habitação,
regularização fundiária, construção de unidades habitacionais, penso que, na
Comissão de Infraestrutura, não seria pertinente. Por isso, foi criada a
Comissão de Habitação, Desenvolvimento e Reforma Urbana.
Hoje, tive a
alegria de ser reeleito por mais dois anos para ser o vice-presidente dessa
comissão. Dois deputados, deputado e deputada colegas aqui, deputado Simão
Pedro, meu colega de bancada, é também membro efetivo desta comissão, e a minha
colega, deputada Ediane Maria, também membro efetivo desta comissão.
Essa comissão
precisa, realmente, andar; precisa, realmente, discutir aquilo que é
pertinente, porque, se ela já discutia, de forma subsidiária na Comissão de
Infraestrutura, as demandas de habitação, agora que tem a Comissão de
Habitação, precisa discutir mesmo as demandas da CDHU, as questões de
regularização fundiária, as questões do programa “Cidade Legal”, as questões do
programa “Minha Casa, Minha Vida”, que não é um programa estadual, mas que pode,
em parceria com o Estado, ter essa possibilidade.
Pasmem, Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, só para ilustrar: quando, em 2019, tomou posse o
governador João Agripino Doria, ele chegou com uma sede no Palácio dos
Bandeirantes, uma sede de extinguir tudo, de privatizar tudo, de entregar tudo
para a iniciativa privada, que esse era o compromisso principal que ele tinha
com o mercado.
Sras. Deputadas
e Srs. Deputados, ele apresentou aqui, e os deputados e deputadas que davam
sustentação para esse governo aprovaram, a extinção da CDHU. Foi aprovado aqui
através do Projeto nº 529, aquele projeto do fim do mundo, que privatizava
tudo. Foi aprovado - não por nós, não pelos deputados de esquerda, do PT,
PCdoB, do PSOL, do PSB, do PDT. Muitos deputados não votaram a favor disso, mas
a Maioria aprovou.
Agora
apresentei um projeto, já que a CDHU não foi extinta, para revogar esse inciso
do artigo que prevê a extinção da CDHU, porque a CDHU precisa continuar
produzindo moradias, regularizando os conjuntos habitacionais que ela mesma
constrói.
O que eu quero
dizer para vocês, Sras. Deputadas e Srs. Deputados? Que muitos conjuntos
habitacionais construídos pela CDHU no estado de São Paulo inteiro são todos
irregulares - grande parte deles, deputado Dr. Eduardo de Nóbrega.
Conheço vários
depósitos de gente, depósitos de pessoas, que são os conjuntos que não têm
infraestrutura, que não têm mobilidade, transporte público; não têm creches,
escolas; não têm posto de Saúde, e o povo está lá morando de forma totalmente
precária, digamos assim, e que a CDHU também não regulariza.
Mas, como ela
mesma se autofiscaliza, então fica fácil. Eu fiscalizo as minhas ações, então,
se eu tiver a intenção de fazer algo que esteja errado, eu mesmo estou me
fiscalizando. É o caso da CDHU. Então muitos conjuntos habitacionais são
irregulares, e essa é uma luta também dos deputados e deputadas aqui. Por isso,
essa comissão tem que se debruçar nessa questão.
Esse Projeto nº
971, de 2023, tem como objetivo revogar esse inciso, porque não faz o menor
sentido a gente ter aqui um... Já que ela não foi extinta e que o atual
governador Tarcísio de Freitas diz que quer fomentar, valorizar...
Isso é o que
nós queremos ver através de orçamento. A gente quer mesmo que, realmente, ela
seja fortalecida. Se ela está sendo fortalecida - e deve ser ainda mais -, não
tem o menor sentido ser extinta.
Agora voltando,
Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, ao projeto de lei pelo qual me
inscrevi aqui para falar, que é o, como disse aqui já a deputada que me
antecedeu, o Projeto de lei nº 269, de 2023, tem como objetivo a criação de uma
identificação estudantil no estado de São Paulo. Só para vocês terem ideia,
gente, da constitucionalidade, ou melhor, da inconstitucionalidade desse
projeto.
As deputadas, que
por aqui discursaram sobre esse projeto, já teceram argumentos de que esse
projeto não prospera, ainda que a maioria dos deputados e deputadas aqui
cometam, coloquem a suas digitais para aprovar um projeto que deveria ter sido
barrado na Comissão de Constituição e Justiça, mas não foi.
Passou lá, não
sei por qual razão. Olha que eu, certamente, votei contra. Eu pertenci a essa
comissão, não sei se na época que ele passou lá, mas certamente não votaria a
favor desse projeto, votaria contrário.
Mas, assim, o
disposto no § 2º do Art. 1º da Lei nº 12.933, de 2013, a lei federal, no qual
estabelece expressamente - não é interpretação, é expressamente -, ser a
prerrogativa exclusiva das entidades estudantis à emissão das carteiras
estudantis. Logo, não é prerrogativa desta Casa, não é prerrogativa de outra
entidade.
Esse
entendimento já foi objeto e consolidado no Supremo Tribunal Federal através da
ADI nº 5.108, na qual foi estabelecido que é... Abre aspas aqui, porque é o que
está escrito aqui do parecer: “é inconstitucional a criação de carteira
estudantil oficial emitida por órgão público, uma vez que invade competência
privativa atribuída às entidades estudantis pelo legislador federal, violando,
assim, o pacto federativo e a distribuição constitucional de competências”.
Então é um
projeto que, como diz na linguagem jurídica, é natimorto, já nasce morto,
porque, se for aprovado aqui, ele será rejeitado, será determinado que ele é
inconstitucional.
Essa lei, se
for aprovada aqui pelos deputados que querem votar a favor, certamente será
revogada, extinta pelo Supremo Tribunal Federal, porque nós vamos acionar a
Justiça se essa atrocidade, digamos assim, acontecer aqui.
Ainda, Sr.
Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, não vou ler todo o parecer, porque
ele é muito rico, mas não é... Eu vou ler aquilo que eu penso ser essencial
para justificar que esse projeto não deveria nem estar sendo discutido pelas
deputadas e deputados aqui.
Da
responsabilidade fiscal, que é também um outro preceito que o deputado e a
deputada devem observar antes de apresentar o projeto de lei. Eu não posso
criar algo, eu não posso estabelecer algo sob pena de que cria despesas, sob
pena de o meu projeto cometer o famoso, chamado e tão conhecido vício de
iniciativa. Quando um projeto cria despesas, tem que ser de iniciativa do Poder
Executivo e não do Poder Legislativo.
Então, vamos
lá, da responsabilidade fiscal, como não há no texto do projeto indicando ação
orçamentaria ou a fonte específica de recurso para custear tais despesas... ou
seja, se tem despesas, tem que apresentar de onde vem para sabermos se ele,
realmente, é de responsabilidade, de autoria deste Parlamento ou será de
iniciativa exclusiva do Poder Executivo, e assim o projeto apresenta clara
afronta ao princípio constitucional de responsabilidade fiscal e da reserva
orçamentária.
Então são dois
argumentos que penso que não há por que prosperar, primeiro que o projeto é
inconstitucional e, vamos lá, ainda no que diz... Tecer alguns comentários,
críticas que assim eu penso.
O PL cria uma
nova identificação para os estudantes, e aí vêm alguns argumentos. Toda pessoa,
quando nasce, já possui uma identificação e, no estado de São Paulo, isso é
feito pelo IIRGD, que cria o famoso RG nosso, ligado à secretaria, emitido pela
Secretaria de Segurança Pública.
Toda pessoa tem
um CPF, que é o Cadastro de Pessoa Física. Toda pessoa tem um Título de
Eleitor, quando atinge os 16 anos, que é a faculdade. Toda pessoa tem
reservista, se for masculino, quando atinge a idade.
Então vamos lá.
Para que ser criada mais uma identificação para os estudantes? Os estudantes já
possuem suas identificações, emitidas por suas escolas que, por sua vez,
identificam na Secretaria de Educação ou no MEC.
Quando os
estudantes da rede privada vão às escolas, acessam a entrada por identificação
escolar nas suas catracas. Qual o sentido de o jovem ter mais uma
identificação? É uma série de perguntas para os autores do projeto.
Para atender ao
Art. 1º da lei federal que eu já mencionei, não precisa de mais um documento.
Temos que desburocratizar. O que está se fazendo aqui é criando uma despesa,
criando mais uma carteira para burocratizar ainda mais.
Além do mais,
já está em vigência o novo sistema de identificação nacional, que é o CIN,
Carteira de Identificação Nacional, onde constam todas as características de
identificação da pessoa, como CPF, título de eleitor, RG, CNH, NIS e etc.
Pensem o que
está sendo proposto aqui, que é mais uma possibilidade de... Mais uma
identificação, como se não fossem suficientes as que já têm. Os documentos
atuais já dão conta de identificar o estudante, e não é necessário que se arque
com mais esses custos. Então, totalmente descabido e desnecessário.
Então, Sr.
Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, quero aqui concluir dizendo que,
por essas razões e outras tantas que eu poderia continuar falando aqui e
argumentando, nós não votaremos - e tem por orientação da nossa liderança -,
não votaremos favoráveis a esse projeto: por entender que ele é
inconstitucional e ele afronta, além da constitucionalidade, a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Obrigado, deputado. Com a palavra para falar contra, a nobre deputada Leci
Brandão.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, funcionários desta Casa, todo o povo aqui pertencente, as
polícias, civil e militar, o pessoal da galeria, aqui, boa tarde.
Excelentíssimo
Sr. Presidente Gilmaci, tem um tempinho que a gente não vem aqui, mas hoje eu
tinha que estar aqui, com certeza. O assunto é muito bom e os discursos que já
passaram aqui por este plenário são todos maravilhosos, todos importantes, de
interesse da nossa população.
O assunto que
me traz a esta tribuna é uma proposta que está em discussão nesta Casa, e sobre
a qual eu sou totalmente contra. Trata-se do PL 269, de 2023, que cria a
Carteira de Identificação Estudantil do Estado de São Paulo e atribui sua
emissão à Secretaria da Educação.
Primeiro, é
preciso que se diga que não é porque uma coisa é gratuita que ela é boa ou que
é uma proposta em favor da população. É preciso ficar alerta quanto a isso aí.
Essa proposta
tem muitos equívocos. Um deles, o principal, pode-se dizer, é sua
inconstitucionalidade. Esse projeto atenta tanto para a Constituição Federal,
quanto contra a Lei Federal 12.933, de 2013, que reserva a emissão da
carteirinha às entidades de representação estudantil.
Além disso, é
bom lembrar que a Justiça já determinou que a exclusividade das entidades
estudantis na emissão das carteirinhas é cláusula central para prevenir
fraudes.
Um outro
aspecto que chama atenção no projeto é a ausência de previsão orçamentária. O
PL impõe gratuidade, certificação digital e custo de emissão, sem indicar qual
é a força de recurso.
Ora, se as
manifestações de estudantes, professores e trabalhadores da Educação,
reivindicando mais recursos, são quase diárias, por que gastar com carteirinha
um dinheiro que poderia ser usado para melhorar a condição das escolas e do
ensino, ainda mais sendo emissão das carteirinhas uma atribuição das entidades
estudantis?
Além de todas
essas questões, é importante alertar também sobre um artigo dessa proposta, que
prevê que a Secretaria de Educação contrate bancos para a emissão da
carteirinha, mas, para isso, o estudante terá que consentir no compartilhamento
de seus dados pessoais.
Esses dados
também poderão ficar disponíveis para as instituições financeiras, violando a
Lei Geral de Proteção de Dados. Por isso mesmo, eu recomendo a retirada do PL
da pauta de votação.
Muito obrigada,
Sr.
Presidente.
A SRA. ANA PERUGINI - PT - Deputada Leci, só um aparte.
A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Concedo um aparte a Vossa
Excelência.
A SRA. ANA PERUGINI - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Só
para registrar aqui, quando nós tivemos a oportunidade de receber a
representação das entidades estudantis na bancada, eu indaguei do custo de cada
carteirinha a ser expedida, porque, nós havemos de convir aqui neste Plenário
que, com a expedição aqui, para você ter uma ideia do significado disso no
movimento estudantil paulista, só na Rede Estadual de Educação Básica Paulista,
são mais de três milhões e 800 mil estudantes.
Nós não estamos
falando de pouca coisa, o volume é alto, e a indagação que é deixada aqui é:
“Por que um projeto como esse, que vem tutelar algo que é eminentemente da
entidade estudantil, tirando dela o direito de prover essa carteira, que também
dá manutenção e vida para essas entidades estudantis?”.
Um projeto
absolutamente ideológico, porque se fala muito em ideologia aqui, e nós
precisamos assumir nossa postura ideológica. Um projeto que não leva em
consideração a organização dos jovens no nosso estado. E a juventude precisa
saber disso, porque é uma forma de desorganizar.
Porque é isso
que dá sustentação e manutenção nesse movimento dos estudantes no nosso estado
e no Brasil afora, mas especialmente aqui no estado de São Paulo, com todo o
problema de manutenção de políticas públicas, inclusive com a anistia, com o
perdão de multas do período de Covid, porque, não, nós não tínhamos aqui no
estado uma equipe que pudesse gerenciar o que ficaria mais caro, e era preciso,
inclusive, que houvesse o perdão naquele momento.
Porque hoje um
projeto que retira esse direito das entidades estudantis, inclusive de sua
organização, a partir dessas carteirinhas, que são expedidas a um custo módico
a cada estudante, e que mantém essa organização... hoje tem a vocação para o
governo, para a Secretaria da Educação, da expedição de forma gratuita.
Nós estamos
falando de quase quatro milhões só na rede na rede estadual, atingindo aqui
também os estudantes da rede municipal, que não estão colocados aqui dentro
desse número. Então, há que se ter bom senso e verificar o que está acontecendo
nesta Casa.
E outro motivo,
se me permitir, deputada Leci. Aqui nós falamos da inconstitucionalidade desse
projeto. Nós sabemos que essa Casa é uma Casa de decisões políticas, e nós
tivemos aqui a aprovação do projeto do “PIB da Vassoura”, por unanimidade nesta
Casa, inclusive das comissões, e depois o projeto foi vetado.
O projeto foi
vetado sob a argumentação de que a competência não é concorrente, e nós sabemos
que a competência é absolutamente concorrente, até pela política que está sendo
implementada. Mas ontem nós recebemos a bela notícia de que o nosso projeto em
Brasília, do “PIB da Vassoura”, recebeu um requerimento de urgência, para que
ele vá a Plenário e seja votado.
Então, ainda
que o veto não seja derrubado aqui, nós esperamos que em Brasília nós
consigamos fazer com que as mulheres tenham visibilidade daquilo que não é
reconhecido pela nossa sociedade, e que as mulheres e os jovens do nosso estado
consigam ser vistos na sua organização.
Um projeto
absolutamente ideológico como esse, assim como foi o veto do “PIB da Vassoura”,
precisa ser... Aqui neste caso, precisa ser retirado de plenário e o nosso veto
aqui derrubado. Se não for, vamos aprovar a nível federal aquilo que deve ser
feito.
Então,
parabéns, deputada Leci. Além de inovar nossa cultura, sabe de fato defender a
nossa juventude e dizer a que veio nesta Casa.
Muito obrigada
pela oportunidade.
A SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Com certeza. Nós sempre tivemos
essa preocupação. Muito antes de chegar aqui, a nossa arte popular já fez
alguma coisa em prol dos estudantes. E viva a Educação neste país.
Obrigada, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado,
nobre deputada Leci Brandão. Agora, para falar a favor, deputado Tenente
Coimbra. Tem o tempo regimental para falar a favor do projeto em questão.
O
SR. TENENTE COIMBRA - PL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, boa noite a todos os
deputados da Casa, a todo o staff hoje aqui presente.
Em pauta, um
projeto polêmico. Aliás, finalmente na Casa um projeto polêmico. Quando se fala
do projeto em si, presidente, eu quero elogiar essa Presidência, na figura do
presidente André, na figura do líder do Governo, Vossa Excelência. Estou no meu
segundo mandato, minha segunda legislatura.
A importância
para todas as bancadas de colocarmos projetos em discussão, de colocar
projetos, se possível, em votação, que não tenham consenso. Projetos de
dissenso. Nem sempre a gente vai achar um consenso, principalmente entre
esquerda e direita.
O debate é
válido, o debate é justo, assim como o debate desse projeto é justo. Nada mais
importante, nada mais justo do que fazer esse debate neste Parlamento.
Confesso, acredito que é até um pouco tardia essa discussão desses projetos de
dissenso, mas que isso vire rotina na Casa, tanto para os projetos de esquerda
quanto para os projetos de direita.
Que a gente
possa dialogar, que a gente possa debater e entender o pensamento do outro e
debater temas que são extremamente importantes para o estado, para as nossas
regiões, e quem sabe mesmo a nível estadual, que impactam diretamente no Brasil.
Esse projeto
não é diferente, Sr. Presidente. Nós defendemos, sim, a gratuidade do estudante
paulista para obter a sua carteirinha. Vejam bem: muito me espanta - e eu vivi
para ver isso - o PT e o PSOL defendendo que o estudante pobre, o estudante
humilde, tenha que gastar dinheiro para conseguir sua carteirinha em pleno
2025.
Em pleno 2025,
com todas as facilidades do mundo, quando a gente consegue colocar uma
carteirinha online pelo QR Code. Hoje você tem CNH online, hoje você tem RG
online, todas as possibilidades do mundo de você criar uma carteirinha paulista
online gratuita. Hoje a gente tem o próprio sistema Sed, que é o sistema da
Educação, que seria totalmente plausível criar isso.
E aqui nesta
Casa, o PT e o PSOL defendendo que o estudante gaste 45 reais mais frete todo
ano. Sabe por que, presidente? Sabe quanto eles arrecadam com essa carteirinha
anualmente, a nível nacional? A estimativa é em torno de 200 milhões, todo ano.
Vou repetir para o senhor: 200 milhões todos os anos, é a arrecadação dos três
níveis de carteirinha, seja a Ubes, dos secundaristas, a UNE ou a instituição
de pós-graduação.
Sabe qual grau
de transparência tem no site dessas entidades? Nenhum. Alguém sabe para onde
está indo esse dinheiro? Está indo para manifestação política, está indo para
caminhão de som, está indo para defender pautas que nem são da Educação,
inclusive, talvez, financiando campanha, porque você pega os presidentes da UNE
ou da Ubes e são sempre ou candidatos ou apoiadores de candidatos do PT e do
PSOL.
O que a gente
defende aqui é gratuidade para aquele estudante humilde que não tem condições
de pagar 45 reais por mês, que ele consiga a gratuidade para pagar a sua
meia-entrada em um show, para ter acesso à cultura, Leci; para ter acesso ao
lazer, deputado Barba.
O que o PT e o
PSOL estão defendendo é que esse estudante tenha que pagar, tenha que tirar do
próprio bolso, do seu ou do seu familiar, anualmente. E quem ganha com isso?
Ah, as instituições, mas essas, essas não precisam fazer qualquer tipo de prestação
de conta. Então é por isso que reiteradamente somos favoráveis a esse projeto.
Alguns
deputados vieram aqui questionar a constitucionalidade do projeto. Ora, eu acho
que eu não preciso ensinar deputados com um, dois, três, cinco, seis mandatos. Esse
tempo já passou.
No congresso de
comissões, onde é debatida a constitucionalidade do projeto, onde temos
deputados do PT, do PSOL, tem a representatividade da oposição, esse projeto já
passou. Já foi firmada por esta Casa Legislativa a constitucionalidade desse
projeto, gostando ou não. Cabe aqui a discussão do mérito.
Então eu
convido os deputados do PT e do PSOL a virem aqui e falar assim: “Não
queremos”. Que nem a deputada Ediane falou: “Não queremos a gratuidade. Nós
queremos que o estudante pague os 45 reais”.
Aí tudo bem. Aí
são visões diferentes sobre o tema, mas o que a gente defende, Sr. Presidente,
é que esse estudante, de forma gratuita, consiga ter acesso a tudo que a
carteira permite.
Se a gente
puxar um pouco atrás, deputado Bove, talvez a história se repita. Em 2019, o
então presidente Bolsonaro colocou a Medida Provisória 895. Essa medida fazia o
quê? Ela criava a carteirinha gratuita dos estudantes. Obviamente os movimentos
de esquerda, os deputados federais do PT e do PSOL deixaram e fizeram dentro do
congresso essa medida caducar. Essa medida não prosperou, e novamente quem
arrecadou? Os movimentos estudantis.
No ano de 2020,
80% do rendimento dos movimentos estudantis diminuiu. Por quê? Porque eles são
financiados diretamente pela carteirinha de estudante. Volto a falar, mais de
200 milhões de reais ao ano, sem qualquer tipo de verificação, sem qualquer
tipo de fiscalização, sem qualquer tipo de prestação de contas. Para onde está
indo esse dinheiro?
Muito me
lembra, deputado Bove, de uma medida provisória, de um alto valor, me lembra
até de uma questão do INSS, né? Que ao mesmo tempo o presidente Bolsonaro
colocou a medida provisória, tentou regulamentar uma torneira que estava
aberta.
O Congresso retraiu,
e hoje a gente está vendo o que está acontecendo. No governo Lula, não só
abriram a torneira, abriram a mangueira, abriram o chuveiro, e o roubo se
escancarou ao longo do Brasil. Isso acontece também - é o que parece acontecer
- com os movimentos estudantis.
Aonde está indo
esse recurso? Onde está sendo empregado? Por que é tão vantajoso? Tem hoje
presidente da UNE, que fazem parte da diretoria da UNE, que nem estudantes são,
que nem mais frequentam o ensino superior, mas estão ali, constantes, não querem
sair da diretoria.
Por que será,
deputado Lucas Bove? Eu acho que fica aqui a nossa indagação e fica aqui o
nosso projeto, que, reafirmo, já passou aqui pela Casa pela questão da
constitucionalidade.
A deputada
Bebel colocou aqui: “Eu afirmo que não vai passar”. Deputada, muito
respeitosamente à senhora, a gente está no segundo mandato aí junto, a gente
compartilha de grandes debates na Comissão de Educação, mas a senhora falou a
mesma coisa das escolas cívico-militares, e as escolas cívico-militares vieram
para esta Casa e passaram.
Hoje são uma
realidade no estado de São Paulo. Estamos implementando já em cem escolas
estaduais. Estamos no processo de contratação dos militares para participar da
escola. É um programa que vai ser um sucesso, e a gente tem certeza disso.
E vamos passar,
vamos lutar para passar este projeto aqui na Casa. A gente vai regulamentar,
principalmente, esse desperdício que não é de dinheiro público, mas é de quem
mais precisa. É aquele estudante da rede pública, é aquele que tem que gastar,
que pode parecer pouco para alguns, mas 45 reais fazem diferença para o
estudante, e ele vai ter a oportunidade de ter isso de forma gratuita.
Então é essa
Educação que a gente defende, uma Educação plural e também acessível a todos do
estado de São Paulo.
O SR. LUCAS BOVE - PL - Deputado Coimbra, o senhor me
permite um aparte?
O SR. TENENTE COIMBRA - PL - Claro.
O SR. LUCAS BOVE - PL - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR -
Por gentileza.
Até para que possamos avançar no tema de forma breve, não pretendo ocupar a
tribuna pelo tempo todo. Primeiramente, quero te parabenizar. Além do projeto
das escolas cívico-militares, que obviamente é defendido pela maioria da Casa,
por todos nós, de direita, mas é um projeto...
É “a César o
que é de César”, um projeto que foi encampado pelo senhor desde o começo. Foram
quatro anos de luta aqui contra o governo Doria, e agora o senhor traz mais um
projeto que é de extrema relevância para o estado de São Paulo, para a Educação
paulista.
Então eu
primeiro te parabenizo e agradeço por me permitir fazer parte, ser coautor
nesse importante projeto, até porque “Bolsonaristas são contra a gratuidade
para estudantes”.
Imagine se
fosse essa a manchete, o povo estava aqui quebrando tudo, como já fizeram
outras vezes. Aliás, como quebraram aqui na privatização da Sabesp, tinha muito
estudante aqui. E quebraram porque tinham interesse, inclusive na audiência
pública aqui a Letícia, que trabalha comigo, trouxe esse tema.
Aliás, ela que,
como minha assessora, eu tenho uma experiência pessoal aqui, foi participar do
Conune, foi participar das discussões, apanhou literalmente. Uma mulher, uma
menina apanhando de estudante que diz representar os estudantes paulistas e
brasileiros.
Onde é que está
essa representação? É aí que eu me pergunto: o seu projeto, o nosso projeto,
com muito orgulho, posso dizer assim, o nosso projeto visa corrigir
simplesmente uma injustiça histórica, nada além disso.
O estudante está
pagando para ser explorado, para ser utilizado como massa de manobra, como o
senhor bem colocou, para vir aqui fazer arruaça, um negócio assim
impressionante.
E a esquerda
dizer que é contra, é mais impressionante ainda, porque se o governo tem
dinheiro para bancar show milionário pela Lei Rouanet, porque é que não tem
recurso para gastar em carteirinha?
Que, aliás, o
custo da impressão custa de quatro a sete reais. Vamos colocar R$ 10,00 aí para
arredondar para cima. No site da UNE, diz aqui que custam até R$ 45,00 as
carteirinhas.
Então, fazendo
a conta por cima, são 200 milhões. Aliás, fazendo a conta por baixo são 200
milhões, até porque a gente não tem como saber. Não há transparência nenhuma no
processo.
Aliás, teve o
escândalo da reforma da sede da UNE aqui, 44 milhões de reais, esse sim de
dinheiro público, que sumiram. Ninguém fala nada. Dinheiro público que foi para
a mão dos estudantes e ninguém sabe onde é que foi. Não tem prestação de
contas, não tem absolutamente nada.
Então, o que o
senhor está fazendo aqui, o que nós estamos fazendo aqui através desse projeto
é desmontar um esquema multimilionário que tira dinheiro do bolso do estudante,
meu Deus do céu. Do bolso do estudante para mandar direto para a conta de
partido. Como é que pode um negócio desse? Como é que a gente pode ver uma
esquerda defendendo esse tipo de coisa?
É algo que é
totalmente inconcebível, principalmente quando eles defendem um estado forte,
um estado paternalista. Cadê a defesa dos estudantes? Onde está? Onde está a
esquerda aqui?
Os professores,
os sindicatos para dizer: "Olha, nós estamos aqui unidos pela gratuidade
do benefício dos estudantes.” Não existe, simplesmente porque não há nenhum
tipo de justificativa para isso que eles estão fazendo. Eles estão simplesmente
querendo alimentar os seus próprios partidos políticos.
Tem muito
deputado que se elege nas costas, de como dizem aí, da estudantada que vem aqui
para fazer bagunça. Porque pergunte aos alunos, faça uma pesquisa, pergunte aos
alunos, vá a uma escola da rede pública e faça uma pesquisa.
Quantos alunos
querem a carteirinha de graça, já que vocês representam os alunos aqui? Façam
uma pesquisa. É uma minoria que, como sempre, faz barulho para calar a maioria.
Sim, à
gratuidade para os estudantes. A carteirinha é do aluno, não é do Estado, não é
de partido político. Parabéns mais uma vez, Tenente Coimbra. É um orgulho
defender os estudantes paulistas das garras dos partidos de esquerda ao seu
lado nessa Assembleia Legislativa.
Muito obrigado
pelo seu tempo.
O SR. TENENTE COIMBRA - PL - Obrigado, deputado Lucas.
E é uma conta
simples. A própria deputada Andréa colocou, três milhões de estudantes. Faz uma
conta rápida, vezes 45; 135. Então assim, a gente tem só no estado de São
Paulo, mas óbvio, a gente não está falando da totalidade. A gente não está
falando da totalidade, mas uma estimativa de que 200 milhões de reais é muito
dinheiro. É muito dinheiro. É muito dinheiro sem a fiscalização correta.
Eu fico
imaginando, eu estou vendo alguns estudantes ali, que talvez não façam parte da
diretoria, não tenham acesso a esse recurso e ficam pensando: "Caramba, é
tudo isso de dinheiro que está entrando? Está explicado porque meu presidente
não quer largar a presidência. Está explicado porque meu tesoureiro não quer
largar.”
Eu venho aqui,
manifesto-me, coloco-me politicamente porque acredito, mas tem alguém ganhando
dinheiro. E você pode ter certeza, tem alguém ganhando dinheiro. Tem alguém
ganhando dinheiro, senão teria a fiscalização correta, senão teria a divulgação
correta, e a gente vai lutar não só pelas nossas escolas estaduais, como também
pelas nossas universidades porque, infelizmente, elas estão sendo sequestradas
há muito tempo, em termos de pensamento, em termos de ideologia. E é só você
abrir a internet que você vai ver, inclusive o que fizeram nos mais diversos
campos que acabaram virando praticamente partido político, Sr. Presidente.
Então aqui a
gente vai lutar, vai lutar com esse aparelhamento de anos e anos e anos dos
grêmios estudantis. Recentemente, agora a grande pauta é a cota trans nas
universidades.
Vamos brigar
também. Vamos brigar também. E aqui, onde tiver essas universidades voltadas só
para posicionamento ideológico, a gente tem que fazer uma conversa e tem que
fazer, debater aqui em cima, principalmente o financiamento dessas
universidades. Ela tem que ser pública, ela tem que ser para todas as esferas,
todas as esferas de pensamento. E não, o cerceamento que hoje existe.
E volto a
falar, como eu disse, sobre a cota trans. Se a cota trans, aproveitando o
gancho das universidades, fosse uma pauta tão importante para a esquerda,
porque algum deputado do PSOL não vinha aqui, renunciava, e deixava a segunda
suplente do PSOL assumir, que é uma parlamentar trans? Porque a hipocrisia reina
no meio deles.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
Uma boa-noite a
todos. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Obrigado, deputado. Pela ordem, deputado Donato.
O
SR. DONATO - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Em acordo
com o autor do projeto, nós sugerimos que se dê por discutido por três horas, e
a gente suspende a discussão do projeto nesse momento.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- E levante a sessão?
O SR. DONATO - PT - A deputada quer
fazer uma comunicação, mas, em seguida, se levante a sessão.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Deputada Marina Helou. Tem V. Exa. o tempo regimental.
A
SRA. MARINA HELOU - REDE
- PARA COMUNICAÇÃO - Obrigada, presidente.
Presidente, eu
gostaria de dizer que hoje a ministra Marina Silva esteve no Senado Federal,
que seria por um momento bastante digno da nossa democracia. É legítimo que a
gente discuta, nos plenários das casas parlamentares, os temas que passam
perpassam a nossa sociedade. E ela foi na comissão, falar sobre o famigerado PL
da Devastação.
Um PL, um
projeto de lei que acaba com o licenciamento ambiental no Brasil. Mas essa é a
visão dos técnicos, é a visão dos ambientalistas, é a minha visão. Seria
legítimo esse espaço em que ideias diferentes pudessem ser discutidas.
Infelizmente não é sobre isso que eu venho falar aqui.
Não é sobre uma
discussão legítima de visões de mundo, sobre um projeto de lei, sobre um marco
legal. É sobre o ataque inaceitável que a ministra sofreu do nosso Senado hoje.
É inaceitável um presidente de comissão, senador, virar para a ministra e dizer
que ela se coloque, se ponha no seu lugar.
O lugar da
ministra é o lugar que qualquer mulher na política pode ter. Um lugar de fala,
um lugar de conversa e um lugar de respeito. É um lugar inaceitável. A
interrupção de mulheres, como aconteceu hoje no Senado, a gente não pode ficar
calada.
A gente não
pode ter um senador dizendo para a ministra, que foi a convite da comissão,
respeitosamente dialogar, que não a respeita como ministra. Se a gente passa
por esse lugar, a gente não tem volta na democracia. Se a gente não escuta as
mulheres e a gente não respeita as mulheres, por ocupar o papel que elas estão
ocupando, a gente não tem volta na democracia.
Aqui a gente
não está falando de uma questão ideológica. A gente está, sim, falando de uma
questão de gênero, porque isso não acontece com o ministro homem, isso não
acontece com outras pessoas.
Então eu venho
aqui deixar a minha nota de solidariedade à ministra Marina Silva, e dizer que
é inaceitável o que aconteceu hoje neste País. E fazer votos que todos aqui na
Casa se solidarizem, e possam ser melhores, para que a gente não tenha mais
mulheres passando por isso.
Obrigada,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS
- Obrigado, deputada. Pela ordem, deputado Carlos Giannazi. Vossa Excelência
tem o tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, eu quero
aqui prestar o meu total apoio e a minha solidariedade à luta das professoras
da rede municipal do Município de Presidente Epitácio.
As professoras
lá estão em luta pelo pagamento do piso nacional do magistério, que é
instituído pela Lei Federal nº 11.738, de 2008, lei aprovada no Congresso Nacional,
sancionada pela Presidência da República e confirmada pelo Supremo Tribunal
Federal.
Todos os
municípios e estados do Brasil são obrigados a pagar o piso nacional salarial.
Porque tem as verbas do Fundeb, tem a porcentagem mínima que cada município tem
que investir, ou 25%, ou o que constar na sua lei orgânica municipal, mas nunca
menos de 25 por cento.
Então os
recursos estão todos disponíveis. Mesmo que o Estado, ou sobretudo a
Prefeitura, não tenha os recursos, o governo federal tem que complementar esse
valor. O prefeito tem que abrir as contas, logicamente, dizendo que ele não tem
os recursos - se é que não tem -, e aí o governo federal é obrigado pela
própria Lei 11.738 a fazer a complementação.
As professoras
estão mobilizadas. Ontem elas fizeram uma grande mobilização nas ruas e na
Câmara Municipal de Presidente Epitácio, fizeram a manifestação na Avenida
Getúlio Vargas e ocuparam a Câmara Municipal, defendendo o piso nacional do
Magistério.
Então todo o
nosso apoio. Se o prefeito quiser, e não tiver condições econômicas de fato,
nós temos condições de ajudar, pedindo recursos para o governo federal. Mas as
professoras têm o direito sagrado de receber o piso nacional salarial com
repercussão em toda a carreira.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Muito
obrigado, Sr. Presidente. Apenas para declarar também o meu apoio, deputado
Tenente Coimbra, à iniciativa, principalmente pela gratuidade. Eu acho que é
inviável os estudantes pagarem R$ 45,00 para que tenham acesso aos direitos
inerentes à sua condição.
Também, Tenente
Coimbra, sou da frente parlamentar aqui em defesa das escolas cívico-militares,
porque meu filho, Tenente Coimbra, estuda em uma escola cívico-militar
particular.
Eu, todos os
dias, comprovo a qualidade desse ensino. Então não é por outra razão que eu
gostaria de que todos aqueles que optassem pela escola cívico-militar aqui,
deputada Fabiana, no estado de São Paulo, os pais que optarem por esse projeto
tenham condição também de escolher e proporcionar aos seus filhos essa
possibilidade.
Agradecer
novamente também ao deputado Lucas Bove, que é coautor dessa ação e deixar
registrado aqui o meu apoio a essa iniciativa da criação da carteira estudantil
do estado de São Paulo. De preferência - e aí fica a minha sugestão - na forma
digital, que eu acredito que seja o melhor caminho.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - PARA
COMUNICAÇÃO - Obrigada,
presidente. Vou tentar ser breve. Primeiro, solidarizar-me com a ministra
Marina Silva. Dizer que a violência política de gênero, infelizmente, faz parte
da rotina dos parlamentos, e que está na hora de a gente superá-la
coletivamente.
Não deve ser só
uma tarefa das mulheres lutar contra. Eu estou cansada de parabenizar mulheres
altivas, guerreiras, que enfrentam. Eu quero ver a gente começar a ter um
parlamento mais gentil para as mulheres.
Eu, que me
envergonho, não me orgulho não, de ter virado jurisprudência, o primeiro caso
de condenação de violência política de gênero aconteceu aqui, na Assembleia
Legislativa, nos marcos do que a gente viveu hoje.
Tenho discutido
com a minha bancada, com os meus colegas de oposição e eu coloco a minha
posição pública de que eu sou completamente contrária a essas sessões falsas de
projetos de dissenso. A legislatura passada foi muito difícil em gênero e raça,
porque os projetos de dissenso da oposição geralmente nos atacam.
Aí há acordo
para não votar, então a gente fica em uma linha tênue entre não gastar energia
com o que não precisa ser gasto e ficar ouvindo barbaridades para as pessoas
ganharem like na internet.
Foram nessas
listas de dissenso que a gente passou uma legislatura inteira debruçada sobre a
vida das pessoas trans, na legislatura passada. Enquanto isso, o meu projeto da
câmara na farda dos uniformes policiais, que é um projeto de dissenso, não
passou nem na primeira comissão, porque o deputado Altair está sentado em cima
dele desde o momento do protocolo, porque esta Casa não é igual para todo
mundo.
Mesmo que haja
consenso para uma lista de dissenso e sessões fakes para debater matérias que
nunca serão votadas, as minhas matérias que não agradam a maioria dos senhores
jamais virão para cá.
Por isso, para
conter a violência entre nós, pela economicidade do nosso tempo, para a gente
não ter sessões absurdas como essa de hoje, matérias que não vão para frente,
eu, que não estou mais no Colégio de Líderes, queria demarcar minha oposição
contra essa farsa.
Obrigada.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL -
Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Deputadas...
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL -
Eu queria fazer uma comunicação, porque o meu nome foi citado aqui e eu
preciso...
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Só um
minutinho, deputada. A senhora vai falar.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL -
Está bom, obrigada.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Já foi pedido o
levantamento da presente sessão e nós estamos agora fazendo uma discussão
paralela. Então pedir aos Srs. Deputados e Sras. Deputadas, se possível, para
nós, depois que a deputada falar, podermos cumprir aqui o pedido e levantar a
sessão. Só um pedido, uma solicitação a Vossas Excelências.
Deputada, tem V. Exa. o tempo
regimental.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL - PARA
COMUNICAÇÃO - Muito obrigada, Sr. Presidente. Bom, meu nome foi citado aqui. E é muito triste ver a inversão da
minha fala sendo colocada aqui como uma fake news. É importante trazer isso
aqui.
Primeira coisa:
eu sou aquela mãe solo de quatro filhos; eu sei o que são 45 reais, eu sei o
que são 100 reais, eu sei o que são 20 reais. Agora, o que não dá para dizer é
que eu estou defendendo que os pais acabem pagando para que seus filhos tenham
direitos que deveriam ser garantidos.
Realmente, se
fosse uma garantia real, se nós estivéssemos vendo, aqui nesta Casa, observando
no horizonte mais profundo e futuro que de fato os nossos filhos tivessem uma
garantia de um ensino, de uma permanência... Só que não é isso que eu estou
vendo, não é essa a discussão.
Aí um fala aqui
do INSS, fala aqui de jovens que ganham para fazer a militância; eu sou uma das
pessoas que nunca ganhou um real para fazer militância. Eu faço militância pelo
que eu acredito.
Eu acredito,
enquanto mãe que criou seus filhos sozinha, sem ter nenhum olhar do Estado, sem
ninguém cuidar de mim, sem ninguém olhar para os meus filhos e ter esse cuidado
total, que eu não enxergo de fato, gente, essa preocupação. Eu vejo a
importância dos movimentos estudantis, que ocupam esta Casa para lutar por um
direito legítimo.
Nós estávamos
falando de escolas cívico-militares, enquanto têm escolas de lata no estado de
São Paulo. Nós estávamos debatendo aqui sobre escolas cívico-militares,
enquanto tem crianças que vão para a escola para comer, para se alimentar, por
um prato de comida. Ou seja, é um debate que está sendo distorcido totalmente.
Não coloquem em mim uma coisa que eu não estou defendendo - primeira coisa.
Sou contrária,
sim, ao projeto. Já existe uma lei federal, e vou defender até o fim que a
nossa juventude possa, sim, lutar por uma permanência estudantil, para que de
fato nossos filhos consigam avançar. É assim que a minha filha está conseguindo
avançar na universidade.
É assim que
ela, hoje, em Piracicaba, consegue fazer o curso pela USP; é pela nossa luta e
insistência, solitária muitas vezes, que a gente está conseguindo. Graças à
política de cotas, que é necessário igualar para depois falar que não é
necessária a política de cotas.
Vamos lutar,
sim, mais uma vez, e desmascarar quem tiver que desmascarar, porque é
vergonhoso, quando eu saio aqui do plenário, o meu nome estar rodando para lá e
para cá.
Obrigada, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Obrigado. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, então, só para nós deixarmos claro
aqui: houve um acordo do autor do projeto, deputado Tenente Coimbra, com a
liderança da oposição, de que nesse projeto se deem por discutidas três horas,
restando três horas para a próxima sessão, ou quando o presidente assim
convocar. Não é isso?
Então, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
havendo acordo entre as lideranças, antes de levantar nossa sessão, quero
lembrá-los da próxima sessão extraordinária, a realizar-se daqui a dez minutos,
após o término desta sessão, para discutirmos aqui os projetos de deputados.
Está levantada a sessão.
* * *
- Levanta-se a sessão às 18 horas e 13
minutos.
* * *