16 DE OUTUBRO DE 2025

145ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDUARDO SUPLICY, CARLOS GIANNAZI e REIS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.

        

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência. Endossa o pronunciamento do deputado Reis.

        

5 - REIS

Assume a Presidência.

        

6 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

9 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - REIS

Assume a Presidência.

        

11 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

12 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

14 - PRESIDENTE REIS

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 17/10, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h58min.

        

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ÍNTEGRA

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o Expediente.

Vamos agora à lista de oradores do Pequeno Expediente. Tem a palavra a deputada Márcia Lia. (Pausa.) Delegado Olim. (Pausa.) Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Sebastião Santos. (Pausa.) Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Thainara Faria. (Pausa.) Enio Tatto. (Pausa.) Paulo Fiorilo. (Pausa.) Atila Jacomussi. (Pausa.) Carlos Giannazi.

Tem a palavra pelo tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Suplicy, deputado Reis, público presente, telespectador da TV Assembleia, quero fazer uma gravíssima denúncia contra essa gestão Tarcísio / Feder, em relação ao fechamento de salas, de turnos e até mesmo de escolas, como denunciei ontem em relação a uma escola em Jundiaí.

Agora recebemos uma denúncia sobre o fechamento da Escola Estadual Monsenhor Nora, uma escola que fica em Mogi Mirim, uma escola que tem oitenta anos de existência, que representa um patrimônio educacional, cultural, social e afetivo da cidade de Mogi Mirim e daquela região.

A Secretaria da Educação, por meio da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, Sr. Presidente, me parece que anunciou que vai fechar a escola e transformá-la na sede da burocracia da própria Diretoria de Ensino.

A população está apavorada: os alunos, os pais, os professores. Nós fomos procurados pela comunidade escolar, nos trazendo essa denúncia aqui na Assembleia Legislativa. Vejam só, uma escola que faz parte da tradição da cidade, que atende à demanda escolar, que fica no centro da cidade de Mogi Mirim, Sr. Presidente, essa Escola Estadual Monsenhor Nora.

Tem aqui a foto da escola que o Machado vai colocar para a gente. Aqui, Sr. Presidente. É uma escola importante, como eu disse, não só em Mogi Mirim, mas na região. Uma escola que oferece qualidade de ensino, que tem um quadro pedagógico, um quadro de docentes qualificados e reconhecidos.

Tanto é - tem aqui, Sr. Presidente - que, em 2024, na prova do Saresp, essa escola foi considerada... Teve aqui a "Escola Ouro", uma escola premiada pela própria avaliação do Estado. Enfim, ela será fechada, Sr. Presidente.

Ressalto ainda que essa escola tem projetos culturais, esportivos, comunitários. Além de oferecer a qualidade de ensino, ela garante acesso, garante permanência, qualidade, ela também tem projetos culturais, esportivos e comunitários.

E a Secretaria da Educação, ao invés de investir mais nessa escola, traz essa ameaça agora, que foi denunciada pela comunidade escolar, que já foi, me parece, avisada de que a escola será fechada, Sr. Presidente. Fechada e transformada na burocracia da Secretaria da Educação. Será ocupada e invadida pela Diretoria de Ensino para instalar ali os seus departamentos e a sua burocracia.

E os alunos serão todos transferidos. Para onde? Não sei, Sr. Presidente. Nós não vamos permitir que isso aconteça. O Ministério Público será acionado, o Tribunal de Contas também, porque o governo vem fazendo isso em várias regiões do Estado - fazendo isso, eu digo, fechando salas, fechando turnos -, porque ele não quer mais investir em Educação. O governo cortou 5% do orçamento da Educação, reduziu, mexeu na Constituição Estadual, reduzindo de 30% para 25 por cento.

Isso representa, por ano, um desconto no orçamento da Educação de 11 bilhões por ano. Esse dinheiro vai fazer falta para a escola pública, que está sucateada, degradada, abandonada, precarizada em todo o estado de São Paulo, onde os profissionais da Educação têm salários baixíssimos, onde nem é pago corretamente o piso nacional do Magistério.

Então, o governo reduziu o orçamento da Educação e agora ele começa a cortar, fechando turnos, fechando salas de aula, sobretudo no período noturno. Impedindo que alunos trabalhadores, alunos que trabalham durante o dia, possam estudar no período noturno.

Impedindo também que as pessoas que não tiveram acesso à educação básica - sobretudo ao ensino médio - na idade própria, que esses alunos possam agora frequentar a Educação de Jovens e Adultos, EJA, na escola estadual.

É um governo que coloca em curso no estado de São Paulo uma política educacional de exclusão, de expulsão dos alunos trabalhadores. É isso que vem acontecendo. E chega a esse cúmulo, a esse ponto absurdo, de fechar escolas para implantar a burocracia da Secretaria da Educação.

Então, nós vamos acionar o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a Defensoria Pública também tem que defender o direito dos alunos de estudarem nessa escola.

É uma escola que tem 80 anos de existência, uma escola tradicional na cidade de Mogi Mirim, e será fechada, caso nada seja feito. E, além disso, nós vamos convocar o secretário da Educação para depor aqui na Assembleia Legislativa.

Era isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - Meus cumprimentos, deputado Carlos Giannazi. Tem a palavra, agora, o deputado Reis, pelo prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. REIS - PT - Cumprimentar o presidente, deputado Suplicy; também cumprimentar o deputado Carlos Giannazi; o público presente; cumprimentar os funcionários desta Casa; os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Técnico-Científica, da Polícia Penal e também cumprimentar todos aqueles e aquelas que nos acompanham pelas redes sociais, através da Rede Alesp.

Sr. Presidente, ontem eu fiz um discurso aqui sobre a questão da assessoria da Polícia Militar, que trabalha aqui na Alesp. Eu tenho observado que o comando tem dado um tratamento muito ruim para os nossos policiais aqui da Alesp. E, obviamente, que nós não podemos ver as coisas e ficar calados.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O deputado Giannazi é um deputado que vê as coisas, vem aqui e fala. Ele vê os problemas na Educação, o problema dos professores, das escolas, ele vem aqui e fala. E nós temos que falar.

Eu, inclusive, na reunião da bancada do PT, vou levar todos os problemas que eu estou identificando para que a bancada se posicione junto à Mesa Diretora.

Nós temos uma Mesa Diretora, então, se a Mesa Diretora toma conhecimento dos problemas e também se cala, fica difícil. Então, eu quero, sim, que a bancada do PT dialogue com a Mesa Diretora, inclusive, nós temos um membro, deputado Giannazi, do PT, que faz parte da Mesa Diretora. Então, nós vamos cobrar da Mesa Diretora as providências.

Eu até li, inclusive, fui lá já na assessoria, quero uma reunião com o coronel, quero conversar com ele a respeito dessas questões, vou publicar no Diário Oficial o requerimento de informações. Eu não fui protocolar ainda porque eu quero que dê ampla publicidade a essas questões e que, então, o requerimento seja publicado no Diário Oficial.

Mas para dizer, por exemplo, o que diz o Art. 27 da Constituição Federal. A Art. 27 fala dos deputados da Assembleia Legislativa, o número de deputados que corresponderá ao triplo da representação do estado na Câmara dos Deputados, atingindo o número de 36 será acrescido de tantos quantos forem os deputados federais, acima de 12.

E aí vai toda a questão, o subsídio e tal, e aí chega no § 3º, que diz: “compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu Regimento Interno, Polícia e Serviços”. Então, a Polícia aqui é a Polícia Legislativa, hoje ela é exercida pela Polícia Militar e pela Polícia Civil, mas ela está sobre a lógica da Assembleia Legislativa, é o que está escrito aqui.

A Polícia e Serviços Administrativos e sua Secretaria, e prover os respectivos cargos. Então, ontem eu já falei aqui que não dá para aceitar que um policial trabalhe 12 horas e tenha apenas 30 minutos para se alimentar.

Será que o comandante só tem 30 minutos para se alimentar? Então, a gente precisa saber se vale para o soldado, vale para o coronel, se vale para um, vale para todos, não dá para aceitar isso.

E a Mesa Diretora tem que se posicionar, presidente. E os demais deputados também, porque aqui não é um quartel, aqui não é o quartel da Polícia Militar, aqui é a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Então, a Mesa Diretora tem que se posicionar, e nós vamos cobrar esse posicionamento.

Não é crível que um policial fique com um fuzil o dia inteiro ali na entrada da Assembleia, a não ser que dê uma escala para ele de dois por quatro; trabalhe duas horas e folgue 4, a escala de sentinela. Aí tudo bem.

Eu até entendo que mesmo sem o fuzil, o policial, nos postos de entrada, ele tem que ter uma escala dois por quatro. É muito sacrificante ficar 12 horas ali de pé no mesmo local.

Então, em tese, ele tem que ter uma escala de sentinela, né? Mas aqui a gente vê que eles não deram essa escala e que eles sacrificam, sim, os policiais. Nós vamos continuar cobrando essa questão, né?

E obviamente que eu observo que o coronel, por exemplo, os oficiais não estão de coletes, mas estão obrigando os soldados, os praças, a usarem coletes aqui dentro do plenário. Vossa Excelência, eu gostaria, eu quero desafiar um deputado a ficar 12 horas com colete, para ver como ele chega à noite em casa, né? Triturado, né?

Bom, tudo bem se nós estivéssemos fazendo o policiamento de rua, enfrentando lá as privações que tem no dia a dia do policiamento de rua. Ok, você tem que se proteger, você tem que se defender.

Mas eu não vejo aqui ninguém atirando em ninguém aqui dentro. Vossa Excelência já viu? A não ser que tenha deputados entrando armado aqui, eu não sei. Eu sou investigador e eu nunca entrei armado aqui dentro. Eu não vi nenhum.

Não, porque se tem alguém entrando armado, aí obviamente que o policial está correndo risco. Aquela arma pode cair, pode disparar, né? E aí pode afetar. Mas o risco que corre o policial, corremos todos nós.

Inclusive o público que aqui está. Então, eu não vi essa necessidade, deputado Carlos Giannazi, que aqui dentro do plenário, dentro da instituição Assembleia Legislativa, da obrigatoriedade, a imposição de coletes, enquanto lá fora estão faltando coletes.

Lá na periferia, quem está fazendo o policiamento de rua, até outro dia estava reclamando da falta de coletes, de coletes vencidos. Aliás, eu vou fazer esse requerimento de informação que eu quero também a data de validade de cada colete dos policiais aqui da Assembleia, porque de repente esses coletes também, deputado Carlos Giannazi, possam estar vencidos, né? Isso aconteceu lá no policiamento de rua.

Então, são certas atitudes que o comando, que se diz ter sangue azul, né, toma contra os nossos policiais. E os deputados, deputado Carlos Giannazi, deputado Suplicy, nós não podemos ficar calados olhando essa barbárie, né?

Porque se eles tratam os policiais dessa forma, qual o tratamento que eles vão dar para o povo, né? Se dentro do quartel os policiais são tratados desse jeito, se tem essa violência interna, como fica o povo lá fora?

Então, são essas cobranças que eu vou publicar no Diário Oficial, vou falar com o coronel pessoalmente, e vou falar, deputado Carlos Giannazi, com a bancada do PT. Claro que eu vou conversar com os demais líderes também, vou conversar com os demais líderes, mas nós não vamos tolerar injustiças aqui nessa Casa, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Reis. Conte com o nosso total apoio e parabéns pelo seu pronunciamento, pela sua posição. Vossa Excelência foi direto ao ponto.

Nós não podemos permitir nenhum tipo de tratamento desumano aos trabalhadores da Segurança Pública aqui da Assembleia Legislativa e de nenhum lugar. Até porque nós lutamos tanto, eu tenho inclusive um projeto de lei contra a escala 6x1 aqui no estado de São Paulo, então nós lutamos para que todos os trabalhadores tenham acesso, sejam tratados com uma dignidade humana no mundo do trabalho, conte com o apoio da nossa bancada do PSOL.

Dando sequência à lista de oradores inscritos, deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Com a palavra a deputada Dani Alonso. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Com a palavra a deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) Com a palavra o deputado Marcelo Aguiar. (Pausa.) Com a palavra o deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge do Carmo. (Pausa.)

Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra o deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra a deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) Com a palavra o deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Com a palavra o deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

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O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Carlos Giannazi, deputado Carlos Giannazi, e agora deputado Reis, na Presidência da Assembleia Legislativa, primeiro gostaria, aqui, de falar do atendimento de crianças ciganas.

Trago ao conhecimento desta Casa um caso de profunda injustiça e negligência institucional que serve como um doloroso lembrete do quão vulneráveis são as minorias étnicas quando confrontadas com o preconceito e a desinformação por parte do próprio estado.

Refiro-me ao caso que chegou até nós por meio do Ministério dos Direitos Humanos, de duas crianças ciganas que foram separadas de sua família. A separação ocorreu porque uma assistente social e o Conselho Tutelar julgaram de forma preconceituosa que as crianças não estavam sendo bem tratadas.

Caros colegas, essa decisão foi baseada em uma falha grave de compreensão cultural. Em vez de buscarem o entendimento, os agentes do estado agiram sob a égide de estereótipos negativos e percepções equivocadas sobre a identidade e a cultura cigana. As crianças foram levadas para o acolhimento institucional, o Saica, e o contato familiar foi brutalmente reduzido a visitas agendadas.

O mais chocante é que, devido a essa abordagem desinformada, as crianças ficaram afastadas de sua família por aproximadamente um mês, um período inaceitável de trauma causado pela própria rede de proteção.

É fundamental que compreendamos quem são os ciganos. Trata-se de uma comunidade étnica diversa, originária do noroeste da Índia medieval. Sua cultura é vibrante, rica em música, dança, artesanato, tradições orais transmitidas de geração a geração. No cerne da sociedade cigana, está o valor inegociável da família. A sociedade é tradicionalmente organizada em torno de laços familiares e comunitários fortes, com uma estrutura social que enfatiza a coesão.

A família geralmente é extensa e multigeracional, com várias gerações vivendo juntas ou em grande proximidade física. O respeito pelos pais e, crucialmente, pelos membros mais velhos da família é fundamental, sendo as decisões importantes geralmente tomadas em consulta com os anciões.

Como podemos ver, a estrutura familiar e o modo de vida cigano que valoriza a solidariedade e o apoio mútuo é diametralmente oposto à imagem de negligência que, de forma preconceituosa, os agentes do estado imputaram à família que eu mencionei.

Os ciganos lutam pela preservação de sua cultura e identidade étnica em meio a adversidades históricas e contemporâneas. Ao longo da história, enfrentaram discriminação, perseguição e estigmatização, tendo chegado ao Brasil ainda no período colonial, onde foram sujeitas a políticas de assimilação forçada.

Ao invés de oferecerem proteção, os órgãos estatais, neste caso, agravaram a situação, refletindo o acesso desigual aos serviços básicos e à estigmatização social que esta comunidade ainda enfrenta.

Apenas após acionarmos a Defensoria Pública e entrarmos em contato com o abrigo Saica para explicar as diferenças culturais da comunidade cigana, na tentativa de qualificar o parecer técnico, pudemos reverter essa injustiça. Felizmente, a Defensoria Pública informou que a juíza decidiu a favor da família, permitindo que as crianças voltassem para casa.

Este caso expõe uma ferida aberta em nossas instituições: a falta de preparo e a perpetuação do preconceito sistêmico contra as minorias. Não podemos permitir que, o que deveria ser um sistema de proteção, torne-se um instrumento de exclusão social e trauma, separando crianças de suas famílias com base em desinformação cultural.

A luta pela igualdade de direitos e contra o preconceito exige que capacitemos urgentemente nossos servidores públicos, Conselhos Tutelares e os trabalhadores da rede socioassistencial, os servidores do Poder Judiciário em todos os níveis, para que reconheçam, respeitem e protejam a rica diversidade cultural do nosso povo.

Muito obrigado, Sr. Presidente Reis.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista de oradores, eu chamo para fazer uso da palavra o deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Thiago Auricchio. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Caio França. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.)

Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Alex Madureira. (Pausa.) Deputada Profª Camila Godoi. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Dr. Elton. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputada Ana Perugini. (Pausa.)

Entrando na Lista Suplementar, chamo para fazer uso da palavra o deputado Caio França. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Thiago Auricchio. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Oseias de Madureira. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.

Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Reis, deputado Suplicy. Sr. Presidente, tenho denunciado aqui exaustivamente na tribuna da Assembleia Legislativa, e também acionado o Ministério Público, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, sobre esse ataque que o governo estadual tem feito contra a Educação especial, contra crianças, adolescentes e jovens com deficiência que estão na rede estadual de ensino.

O governo, de uma forma cruel e perversa, tem colocado também em prática uma política contra esse importante segmento da Educação, que é a Educação especial. A Educação especial tem amparo na legislação, na Constituição Federal, na LDB, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que é a Lei nº 9.394, de 96.

Ela tem um capítulo só sobre Educação especial. Ele obriga o Estado a garantir o acesso, a permanência e a qualidade de ensino também para alunos com qualquer tipo de deficiência. No entanto, o Governo do Estado faz uma militância trevosa.

Ele odeia, me parece, essas crianças e esses adolescentes com deficiência da rede estadual. Porque, primeiro, para uma família conseguir um professor, uma professora de Educação especial, uma professora com formação na área, em Pedagogia, com licenciatura plena, com especialização na área de Educação especial, a família é obrigada a entrar na Justiça.

Só para ter acesso a um direito garantido pela Constituição Federal, pela LDB, pela Constituição Estadual, pelo Plano Estadual de Educação, pelo Plano Nacional de Educação, e por toda a legislação educacional vigente no País e no Estado. Então aí já tem uma perversidade, uma crueldade do governador Tarcísio de Freitas.

Então, para um aluno ter acesso ao acompanhamento de uma professora que lhe dê suporte, mas uma professora que tenha formação nessa área, ele tem que acionar a Justiça. Daí, com a ação judicial ele consegue obrigar o Estado a fornecer a essa professora.

Olha só que já começa mal a situação. Mas o governo não quer. Ele faz de tudo para tentar sabotar a contratação dessa professora, porque ele não quer investir em Educação. Nenhum tipo de Educação, muito menos Educação especial.

Então, ele publicou agora a Resolução nº 129. Essa resolução vai permitir que, na verdade, quem vai acompanhar o aluno vai ser uma pessoa sem especialização. Uma pessoa que tem formação só em ensino médio, que tem um cursinho de 80 horas nessa área, e pronto. Não vai ter mais a professora especializada, com pós-graduação, muitas vezes, na área da Educação especial. Por que o governo está fazendo isso?

Porque ele não quer investir. Porque é mais caro para ele. Na visão dele é custo investir nessa professora. Então ele vai pagar um salário, que muitas vezes é abaixo do salário mínimo, vai contratar uma empresa terceirizada - porque ele já fez isso - para dar esse tipo de atendimento.

E vai afastar essas professoras, vai demitir essas professoras que já estão trabalhando na rede estadual de ensino com esses alunos, dando atendimento personalizado, individualizado para esse aluno, para essa criança e para esse adolescente.

Então é isso o que está acontecendo hoje na rede.

Eu apresentei já um PDL, um projeto de decreto legislativo, para revogar, para anular essa famigerada Resolução 129, Sr. Presidente. E ontem eu me reuni com várias professoras de Educação Especial, com representação de várias regiões do estado de São Paulo, e elas me trouxeram uma gravíssima denúncia que eu quero repercutir aqui, na tribuna, e já estou tomando providências também.

Elas foram obrigadas, Sr. Presidente, essas professoras que já estão atendendo esses alunos, que serão demitidas caso essa resolução não seja revogada imediatamente, foram obrigadas a enviar uma carta da Secretaria da Educação para os pais, inclusive envelopando essas cartas, enviando as cartas da Secretaria da Educação enganando os pais, dizendo que não vai mudar nada, que vai ter agora uma pessoa dando um apoio e que nada será alterado.

É uma carta que não corresponde com a realidade dos fatos, não corresponde com a realidade da Resolução 129 e da prática do governo em afastar as nossas colegas professoras de Educação Especial. Então está aqui a carta, tenho cópia da carta, Sr. Presidente.

Nós vamos tomar providências em relação a isso, a essa carta que foi enviada aos pais de alunos e a uma outra aqui, das diretorias de ensino, obrigando, na verdade, as professoras a enviarem essas cartas. Eu tenho toda essa documentação e nós tomaremos as providências.

Nós estamos no movimento aqui, no estado de São Paulo, para reverter essa situação, Sr. Presidente. Eu quero aqui divulgar também, dar publicidade e visibilidade a um movimento que haverá no dia primeiro de novembro, agora. Está aqui, olha, dia primeiro de novembro, que é um sábado.

Haverá uma caminhada, 2ª Caminhada em Prol da Educação Especial. Nós já tivemos a primeira, inclusive eu participei de uma delas lá na região da Baixada Santista, em Santos, com professoras de Santos, de Bertioga, do Guarujá, da Praia Grande, de Peruíbe, de várias cidades, de São Vicente, da Baixada Santista.

Então nós vamos ter uma grande caminhada agora, que é a segunda, em prol da Educação Especial, no dia primeiro, em várias regiões do Estado. Tem aqui, olha, Sorocaba, Votorantim, Bertioga, Baixada Santista, Indaiatuba, Salto, Franca, Piracicaba, Ribeirão Preto, Suzano, Mogi das Cruzes.

Nos pontos centrais dessas cidades, nós estaremos apoiando esse movimento para pressionar o governo estadual, essa gestão que é contra a Educação e contra a Educação Especial, a revogar a Resolução 129 e toda essa política de desmonte da Educação Especial, pela manutenção de todas as professoras da Educação Especial da rede estadual.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Peço para V. Exa. assumir a Presidência para que eu possa falar por cinco minutos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, já na Lista Suplementar, com a palavra o deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. REIS - PT - Presidente, deputado Carlos Giannazi, eu me reinscrevi para falar por mais cinco minutos, porque aqui tem que ser o modelo Frankenstein, por partes, não dá para falar de uma vez. Eu até acho que poderia ser 30 minutos. Aí, por exemplo, no dia em que o Suplicy não vier, eu pego os 30 minutos dele e fico falando por uma hora aqui, aí eu posso falar de tudo.

Aliás, essa questão da polícia, essa questão que eu trouxe para cá, se não resolver, eu vou falar todos os dias. Nós temos que desmoralizar esse governo repressor, esse governo perseguidor, o governo do Tarcísio, porque quem está lá no topo do guarda-chuva é o Tarcísio, então ele tem que pagar a conta.

Mas eu quero falar agora, deputado Carlos Giannazi, que hoje, dia 16 de outubro, é o dia de valorização do policial civil. Eu aprovei a Lei nº 17.886, quando cheguei aqui na Assembleia, uma lei estadual que estabelece o dia 6 de outubro como o Dia de Valorização do Policial Civil.

Eu já tinha aprovado essa lei lá na municipalidade, na Câmara Municipal de São Paulo, em 2019, e aí quando eu cheguei aqui também apresentei o projeto, foi aprovado e sancionado pelo governador em exercício, na época o governador Ramuth. Eu acho que se fosse o governador Tarcísio, ele tinha vetado, porque ele veta tudo, tudo o que chega na mão dele lá ele impõe os vetos.

Aliás nós precisamos derrubar os vetos, viu, deputado Carlos Giannazi? A gente precisa convencer aqui os líderes, convencer o presidente desta Casa para derrubar os vetos daqueles projetos que são importantes para, inclusive, garantir a valorização dos policiais. Inclusive o projeto dos transportes, gratuidade dos transportes, isso é buscar a valorização, a questão salarial.

Dizer que... Por que nós apresentamos esse texto e virou lei? Por que no dia 16 de outubro, acho que V. Exa., inclusive, estava até lá em frente ao Palácio do Governo, dia 16 de outubro de 2008. Nós fomos em marcha até o Palácio do Governo para entregar uma pauta de reinvindicações para o governador, na época era um governador tucano, José Serra - não sei se V. Exa. se lembra disso -, e nós fomos lá.

E o que a gente queria, deputado Suplicy? Entregar uma pauta que buscava reivindicar o reajuste salarial, que a gente está reivindicando até hoje, porque o governo quer fazer também um repeteco dos governos anteriores, é um continuísmo do tucanato.

Nós fomos lá com a pauta pedindo a questão das promoções, do quadro de carreira e a insalubridade, que está congelada até hoje, não é? O Doria congelou a insalubridade, ninguém recebe mais reajuste no adicional de insalubridade, daqui a pouco vai valer centavos, porque não tem reajuste.

Então nós fomos lá com essa pauta, o governador que ali estava, o governador de plantão, poderia ter nomeado um office boy para receber a gente, poderia ter nomeado lá um contínuo, mas ele preferiu nos receber com bombas de gás, com bombas de efeito moral, com balas de borracha. Por conta disso, nós colocamos esse dia como dia de luta pela valorização dos policiais, pela valorização do policial civil.

Hoje nós vamos ter aqui uma sessão solene para fazer uma reflexão desse dia, do que aconteceu nesse dia de 16 de outubro de 2008, e continuar a nossa luta pela valorização do policial, pelo combate ao abuso do governo contra os policiais - nós temos que fazer esse combate o tempo todo - e pela valorização salarial, porque a polícia de São Paulo tem um dos piores salários do País, o Estado mais rico da Federação.

O governador na época foi para a televisão para ganhar votos, ele falou: “Não, eu vou deixar a polícia de São Paulo no décimo melhor salário do País”. Isso não aconteceu até agora, isso não aconteceu.

Na hora de dar o reajuste: primeiro foi um reajuste escalonado; o segundo foi 5%; e nós estamos esperando, deputado Giannazi, essa valorização, esse reajuste e que aquelas promessas sejam cumpridas, porque o cara promete, ganha os votos, senta na cadeira e aí faz de conta que não é com ele.

Então hoje nós vamos fazer a sessão solene, vai ser aqui no JK, para lembrar do que aconteceu no dia 16 de outubro de 2008, e cobrar do governador que mande para esta Casa o projeto de lei complementar para regulamentar a lei federal que trata da questão da Polícia Civil ali, a orgânica da Polícia Civil, que até agora o governo não fez o seu papel. Prometeu, montou grupo, e aí ele fica adiando, adiando e até agora ele não mandou esse projeto.

Então nós vamos cobrar, sim, que ele mande para cá o projeto de lei para regulamentar a Polícia Civil para seguir as diretrizes da Lei Federal nº 14.735, que é uma cobrança que temos que fazer para que realmente os policiais de São Paulo possam ser, pelo menos, o décimo melhor salário do País.

Não dá para um soldado levar quatro mil reais líquido para casa, tem que, pelo menos, levar isso para dez mil reais. Porque se for um salário de dez mil, no máximo que o policial vai levar vão ser sete mil para casa, porque ora desconta imposto de renda, ora desconta a previdência, não é? Então, praticamente perde 30%, 35 por cento. Ainda não é lá essas coisas, mas é o mínimo que ele tem que fazer.

Então nós, hoje, neste Dia de Valorização dos Policiais Civis e estenda-se essa valorização para todos os policiais do estado de São Paulo, vamos cobrar em sessão solene do governador do Estado que cumpra o seu papel, que faça a sua parte, que busque realmente melhorar as condições dos policiais civis, militares, técnico-científicos e penais do estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Reis. Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará o uso regimental da tribuna.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

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O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Carlos Giannazi e agora o deputado Reis, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, subo à tribuna hoje para chamar a atenção de uma questão que tem me causado ponderações e que gostaria que servisse como um convite à reflexão junto ao governador Tarcísio de Freitas.

Falo aqui sobre a cobrança de ICMS, Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, as gorjetas recebidas pelos garçons no estado de São Paulo. A pauta é baseada em um decreto de 2007 sobre tributação para atividades econômicas que fornecem alimentação, alterada posteriormente em 2012, incluindo dispositivos sobre possibilidades e limites para o recebimento de gorjetas.

Apesar do tempo transcorrido, como alega a Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo, apenas em 2025 autuações e cobranças aos estabelecimentos foram iniciadas por parte da Secretaria da Fazenda e Planejamento. A legislação atual tem o regime de tributação especial que veta os valores das gorjetas que ultrapassarem 10% do valor da conta total, excetuando em caso de gorjeta espontânea.

Outro regime de tributação aos estabelecimentos é aceitar uma tributação geral de 18%, mas sem limite para gorjetas, o que na prática é inviável. Ora, parece-me haver quatro princípios que devem orientar uma revisão da legislação atual considerando-se a sensibilidade e importância do nosso contexto social, econômico e institucional para evitar e corrigir distorções.

Em primeiro lugar, as gorjetas não deveriam ser tributadas em razão de serem uma fonte de renda complementar para os trabalhadores dos setores de serviço e não uma fonte de receita dos estabelecimentos empregadores.

Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios e entrevista feitas pela Abrasel - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - o valor da remuneração média de um profissional da área em 2025 alcançou o salário médio de 2.222 reais.

Em terceiro lugar, e aqui como representante desta Casa, faço os meus sinceros votos para que possa haver uma sensibilidade entre meus colegas, enxergando como as renúncias fiscais acabam reproduzindo desigualdades a não haver transparência para um volume muito alto de recurso.

Quer dizer, enquanto o governador Tarcísio, por um lado propõe fiscalizar e tributar mais o trabalhador, do outro lado executa facilidades com bilhões em renúncias fiscais ao empresariado.

Em quarto lugar, é salutar recordarmo-nos que em 2026 já se iniciam os primeiros testes para transição da Reforma Tributária em curso, podendo trazer impactos relativos à nova aplicação de alíquotas percentuais e cálculos para tributações que incidam sobre o ICMS, que será extinto.

Ora, caso a preocupação seja em arrecadar mais recursos ou ter mecanismos adicionais de financiamento de políticas públicas, é muito mais interessante que façamos uma auditoria de imóvel a ter mais transparência para saber quem são os reais beneficiários pelas renúncias fiscais bilionárias executadas todos os anos, as quais sou contra.

Finalmente, o governador se esforçou pessoalmente para derrubar a medida provisória federal da tributação dos 1% mais ricos. Também será preciso que ele se esforce para não taxar trabalhadores de baixa renda. Inverter essa lógica deveria ser a prioridade, para que possamos gerar um crescimento econômico sustentável, fraterno e solidário.

O trabalhador que mais precisa e está na ponta, no setor de serviços, não pode ser duplamente penalizado. É por isso que eu sou favorável a projetos federais do presidente Lula e do ministro Fernando Haddad, e que todos devemos lutar para a devida aprovação quanto à isenção do imposto de renda até cinco mil reais somado ao fim da escala 6x1 e a taxação dos super-ricos.

A Justiça fiscal e tributária no Brasil é urgente, para que possa haver redução das desigualdades. O topo da pirâmide social deve entrar na conta.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo na Lista Suplementar, chamo o deputado Carlos Giannazi, para fazer uso da palavra.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Reis, deputado Suplicy, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia...

Sr. Presidente, é inacreditável como essa política de ódio contra o Magistério estadual não tem mais fim, não tem mais limite. Esse governo tem atacado sistematicamente, Sr. Presidente, o Magistério e todos os servidores do estado de São Paulo, mas, especialmente, o Magistério, que não aguenta mais tantos ataques, tantas resoluções.

Recentemente, Sr. Presidente, o governo publicou a resolução... Na verdade, no ano passado, a Resolução nº 95. E ele está utilizando essa Resolução nº 25 para punir, para demitir as professoras e professores das salas de leitura da rede estadual de ensino. E já o fez. Centenas já foram demitidos e perderam as suas aulas porque tiveram a falta ou licença-médica.

Professora adoeceu, precisou fazer uma consulta médica e, então, a partir dessa falta médica, ela foi afastada do cargo, ela perdeu esse cargo no programa da sala de leitura, que é um programa importante que tem que existir. Toda escola tem que ter uma sala de leitura. No entanto, o governo me parece que quer desmontar essas salas. Ele não tem interesse em sala de leitura e ele começou a demitir as professoras e professores.

Nós entramos com uma ação popular no Tribunal de Justiça. Em seguida, a Apeoesp entrou com uma ação civil pública, Sr. Presidente, e o Tribunal de Justiça atendeu o pleito da Apeoesp - através de uma ação civil pública -, suspendendo os efeitos dessa Resolução nº 95, ou seja, revogando os efeitos perversos e cruéis dessa resolução que exonera, que demite, que afasta professores e professoras da sala de leitura.

No entanto, Sr. Presidente, o governo, a Secretaria da Educação, não conformada com essa derrota, ela soltou um comunicado, que eu quero mostrar aqui para que V. Exas. possam ler, dizendo o seguinte: que só vai respeitar essa decisão judicial a partir dessa data que saiu a liminar que vai manter as demissões, Sr. Presidente.

Tenho aqui, eu quero ler aqui com... Para que todos os deputados saibam e entendam a gravidade da situação e a população também. Olha o que diz, Sr. Presidente: “Para fins de esclarecimento, informamos que o comunicado determina o seguinte, cumprir integralmente a decisão judicial, garantindo que nenhum docente seja penalizado, funcional ou administrativamente, em razão de afastamento ou licença médica a partir de 3 de outubro de 2025”.

Então só quem tirou, teve falta médica ou afastamento médico antes do dia três será punido e será punida. Olha só o truque que o governo usou, a sabotagem que ele está utilizando para não cumprir, Sr. Presidente, corretamente e de uma forma honesta a ação judicial, que tem a ver... A nossa foi anexada a essa da Apeoesp, a ação civil pública da Apeoesp.

Então, continua aqui o informativo: “Dessa forma, os servidores que apresentarem afastamento por motivo de saúde, a partir de 03/10, não serão desligados do Programa da Sala de Leitura. Ressaltamos, no entanto, que docentes que tiveram afastamentos médicos ou licenças anteriores a essa data permanecem desligados do referido programa”.

Então, o comunicado da Secretaria da Educação é muito claro e reforça o tempo todo a crueldade, a perversidade nefasta desse governo em prejudicar, em odiar os professores das Salas de Leitura, Sr. Presidente.

O fato é que depois do dia 03/10, hoje é dia 16, Sr. Presidente, então isso aqui não vai ter efeito quase que nenhum, porque as faltas foram computadas, basicamente, antes do dia três. Então as demissões vão continuar caso o governo não mude essa posição.

Isso é uma sabotagem, Sr. Presidente, uma sabotagem ao Magistério estadual, às professoras e professores das Salas de Leitura e, também, à Justiça, Sr. Presidente, à ação civil pública da Apeoesp e à nossa ação popular do TJ, do nosso coletivo “Educação em Primeiro Lugar” - que é constituído pela deputada federal Luciene Cavalcante, pelo vereador Celso Giannazi e pelo nosso mandato aqui da Assembleia Legislativa.

É um desrespeito, Sr. Presidente, é uma sabotagem à Justiça e ao Magistério estadual. Nós vamos comunicar, Sr. Presidente, ao Tribunal de Justiça essa sabotagem da Secretaria da Educação, que insiste em punir professoras e professores que tiveram algum tipo de falta médica, que não é só nessa resolução, tem a Resolução nº 97, de 2025, Sr. Presidente, que nós ganhamos aí.

O nosso coletivo “Educação em Primeiro Lugar” ganhou a liminar, o governo recorreu através de um agravo de instrumento, e agora, nesses dias, perdeu o agravo de instrumento, agora é só quando julgar.

Então, nós conseguimos suspender, nosso coletivo aí “Educação em Primeiro Lugar”, suspendeu os efeitos da Resolução nº 97, que é aquele que fala do limite de faltas também, de cinco faltas, que o professor é afastado do cargo, professor categoria “O”.

E ganhamos também uma outra em relação à avaliação 360 também, na questão das faltas, a outra resolução. Então, nós já ganhamos duas resoluções, através do nosso coletivo “Educação em Primeiro Lugar”, ganhamos no sentido de conseguirmos liminares suspendendo - todas elas são referentes à questão das faltas.

O governo quer punir os professores que adoecem, professor hoje do estado de São Paulo não pode ficar doente. Se ficar doente perde as suas aulas, essa é a política do governador Tarcísio de Freitas, Sr. Presidente. Então, por isso que esse perverso comunicado aqui tem que ser alterado, nós vamos comunicar à Justiça e pedir para que a decisão judicial seja cumprida corretamente.

E antes, Sr. Presidente, de concluir a minha intervenção no dia de hoje, eu gostaria de prestar aqui a minha solidariedade e o nosso total apoio, Sr. Presidente, ao jornalista Breno Altman, do “Opera Mundi”, um grande jornalista brasileiro, que está sendo injustiçado, Sr. Presidente, por conta das suas críticas ao que vem acontecendo na Faixa de Gaza.

Na verdade, é um massacre, um genocídio que vem acontecendo contra o povo palestino.

Então, ele é judeu, só que ele não concorda com o governo de extrema-direita, o governo fascista. Não o povo judeu, ele é muito claro quando faz as suas críticas: ele ataca o governo de Israel, que é um governo de extrema-direita, sionista. Então, ele faz uma crítica, ele é muito claro nas suas críticas ao governo, que comete um massacre, um genocídio contra o povo palestino.

Mais de 60 mil pessoas foram massacradas e mortas, crianças, mulheres grávidas, idosos. Hospitais foram bombardeados, escolas foram bombardeadas. É um crime hediondo, bárbaro, do governo de Israel. Ele nunca atacou o povo judeu, até porque ele é judeu também e ele tem legitimidade, ele tem lugar de fala para fazer essa crítica.

No entanto, Sr. Presidente, o Conib, que é essa Confederação Israelita, entrou com uma denúncia contra ele. A Polícia Federal apurou e arquivou, disse que ele tem liberdade de expressão para fazer essa crítica contra o governo genocida de Israel. Foi arquivada a investigação, porque não tinha nenhum tipo de fundamento, mas, estranhamente, um procurador do Ministério Público abriu um inquérito, Sr. Presidente, contra ele.

Então, nós queremos aqui repudiar esse tipo de investigação, que não teve nenhum amparo legal na investigação da Polícia Federal. Estranhamente, foi aberto contra ele uma investigação, mas pelo Ministério Público Federal. Espero que a Justiça não acate esse pedido do Ministério Público Federal, porque não tem fundamento nenhum.

Então, quero aqui me somar às pessoas que estão prestando solidariedade ao Breno Altman, que é um grande jornalista, um dos melhores jornalistas hoje do Brasil, que tem um canal na rede social, no YouTube, que tem feito análises importantes sobre a conjuntura do Brasil e do mundo, da política, da economia, enfim, dos momentos históricos que nós já passamos e estamos vivendo ainda hoje, sobretudo essa questão em que ele é especialista, essa questão da Palestina, de Israel.

Ele conhece, talvez seja a pessoa que mais conhece toda essa polêmica, que não tem polêmica nenhuma, na verdade tem um massacre de Israel contra o povo palestino. Então, todo o nosso apoio ao Breno Altman.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre as lideranças, nós solicitamos o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o requerimento de Vossa Excelência. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem a Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

Tenham todos e todas uma excelente tarde.

 

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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 58 minutos.

 

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