21 DE AGOSTO DE 2024

108ª SESSÃO ORDINÁRIA

         

Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY

         

RESUMO

         

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h01min.

         

2 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

         

3 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência. Anuncia a presença de Fábio Jabá nas galerias. Defende a realização de audiências públicas para discussão do PLC 37/24.

         

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

6 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

7 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência. Anuncia a presença nas galerias dos estudantes da Associação Crescer Sempre.

         

8 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

9 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Luiz Claudio Marcolino.

         

10 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

11 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi. Anuncia a realização de reunião da CPI do Tratamento dado aos moradores de rua, para eleição do presidente e do vice-presidente e designação do relator.

         

12 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

         

13 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Para comunicação, faz pronunciamento.

         

14 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Dá boas-vindas a lideranças do município de Casa Branca, presentes nas galerias. Presta solidariedade aos familiares do professor Michel Herdeiro do Nascimento, falecido no dia de hoje.

         

15 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

GRANDE EXPEDIENTE

16 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Defende a prorrogação dos contratos de professores categoria "O". Faz apelo à Seduc para convocação de professores aprovados em concurso público. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 22/08, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h06min.

         

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o Expediente.

Dando início à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Barros Munhoz. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis. (Pausa.) Com a palavra o deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra a deputada Ediane Maria. (Pausa.) Com a palavra o deputado Simão Pedro. (Pausa.) Com a palavra o deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Com a palavra o deputado Maurici. (Pausa.) Com a palavra a deputada Thainara Faria. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Com a palavra o deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.) Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Com a palavra o deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra a deputada Márcia Lia. (Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra a deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra a deputada Andréa Werner. (Pausa.) Com a palavra o deputado Vitão do Cachorrão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) Com a palavra o deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Com a palavra o deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Com a palavra o deputado Altair Moraes. (Pausa.) Com a palavra a deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Com a palavra o deputado André Bueno.

Eu passo a palavra agora para que o deputado Suplicy conduza os nossos trabalhos.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra o deputado Carlos Giannazi, líder do PSOL, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, enquanto o Governo estadual está preocupado e fazendo uma militância trevosa para reduzir o Orçamento da Educação no estado de São Paulo, tentando retirar dez bilhões por ano da rede estadual de ensino; enquanto o Governo tenta militarizar escolas públicas, enquanto o governo Tarcísio/Feder tenta privatizar as nossas escolas, o fato é que a rede estadual está abandonada, Sr. Presidente, em todos os níveis. Nossas escolas estão sucateadas, degradadas, sem infraestrutura.

Eu quero relatar, Sr. Presidente, mais um caso gravíssimo, uma denúncia que nós recebemos. O meu mandato foi, através da nossa assessoria - na verdade, do nosso Coletivo Educação em Primeiro Lugar -, nosso coletivo esteve presente hoje na Escola Estadual Dr. Francisco Brasiliense Fusco, escola da Diretoria de Ensino Sul 1. Essa escola fica na região do Campo Limpo, lá no Jardim Umarizal, Sr. Presidente. A situação lá é de calamidade pública.

É uma vergonha que a rede estadual que tem o maior Orçamento estadual do Brasil - só perde para o orçamento, talvez, do MEC - esteja nessas condições. É uma escola degradada, sucateada, uma escola, Sr. Presidente, que não tem água. O que abastece hoje a escola é uma torneira, existe só uma torneira nessa escola abastecendo toda a escola. A população, a comunidade escolar está revoltada, indignada. Como que, no estado mais rico da Federação, nós estamos convivendo com essa situação?

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Eu tenho aqui, Sr. Presidente, vídeos mostrando que foi improvisado o encanamento, que é esse cano que está parecendo aqui no vídeo, que leva a água para uma única torneira que abastece a escola inteira porque não tem bomba d’água na escola. Foi roubada há muito tempo, talvez há muitos anos, e até agora não houve a reposição. A FDE não foi lá resolver essa situação, nem a Seduc, Sr. Presidente.

Apesar de todos os apelos de todas as gestões feitas pela direção da escola, nada foi feito, Sr. Presidente, a escola está degradada. A escola precisa de uma reforma geral, precisa de reforma na parte hidráulica, na parte elétrica, na sua infraestrutura.

Nós temos vídeos e fotos aqui, dando conta dessa gravíssima situação que atenta contra a dignidade de toda a comunidade escolar, dos alunos, dos professores, dos servidores, dos pais de alunos, que são obrigados a conviver com uma escola sucateada.

A escola tem um problema gravíssimo, Sr. Presidente, da APM que está suspensa por questões burocráticas e administrativas. E essa é uma situação que acontece em muitas escolas, e aí as escolas ficam inviabilizadas, não conseguem receber dinheiro do Estado. O que mantém essa escola ainda funcionando, com algum recurso, é o dinheiro da cantina da escola, olha só o absurdo.

Mas o Estado não resolveu a questão. Não só dessa escola, Sr. Presidente, da Escola Estadual Francisco Brasiliense Fusco, da que eu digo na questão da APM, como não resolveu de nenhuma escola. O governo tem que ter um projeto para resolver essa situação. As escolas não podem ficar dependendo das APMs, é o Estado que tem que financiar diretamente as escolas, Sr. Presidente.

Mas, isso, me parece que é uma desculpa e é proposital que o governo, que a Seduc, utilize essa questão das APMs para não enviar dinheiro para as escolas ou não fazer as reformas necessárias. No caso da Escola Fusco, ela tem que passar por uma reforma estrutural geral, Sr. Presidente.

Então eu faço aqui um apelo e uma exigência à Secretaria da Educação e à Seduc, para que tomem as providências, porque, Sr. Presidente, não adianta plataforma. Sr. Presidente, não adianta, essas metas; meta diamante, meta ouro, não adianta equipamentos eletrônicos. Isso não vai resolver a situação da Educação do estado de São Paulo.

Olha só a situação da nossa rede estadual de ensino. Essa é a rede real que o Renato Feder não mostra nas lives dele, ele não visita uma escola como essa. Vai lá, secretário Feder, faço um desafio a V. Exa., vá visitar a escola e resolver esse gravíssimo problema.

Vossa Excelência só fica falando de plataforma digital, de meta diamante, de meta ouro, como se estivesse fazendo uma palestra para funcionários de telemarketing, de vendedores de sabonete, como se fosse um banco, uma empresa. E escola não é empresa. A escola tem uma outra lógica, é um processo.

Então faço um desafio aqui para que V. Exa., secretário Renato Feder, empresário, vá às escolas degradadas, sucateadas e resolva essa situação. Vá lá com os engenheiros da FDE e faça a reforma, tome as providências devidas. É isso que V. Exa. tem que fazer, secretário Feder, e não ficar fazendo palestrinha infantilizada para os professores da rede estadual, falando de plataformas digitais. Isso é uma vergonha, está destruindo o processo pedagógico das nossas escolas. Enquanto isso, as escolas nessa situação.

Então, Sr. Presidente, nós vamos acionar aqui o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, porque isso caracteriza uma improbidade administrativa da Secretaria. Não é da direção da escola, não, Sr. Presidente, a escola tomou todas as providências, fez todos os pedidos. A questão é que é um crime praticado pela Seduc e pela FDE, Sr. Presidente.

Eu vou acionar, hoje mesmo, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, para que mande uma equipe lá para fiscalizar essa situação de degradação da Escola Estadual Fusco, e o Ministério Público também.

E peço, Sr. Presidente - para encerrar -, que cópias do meu pronunciamento sejam encaminhadas ao secretário Renato Feder, da Educação, ao presidente da FDE e também ao governador Tarcísio de Freitas, para que providências sejam tomadas imediatamente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - A sua solicitação será atendida, deputado Carlos Giannazi, com o envio deste seu pronunciamento para o governador e o secretário da Educação. Inclusive, cumprimento-o por estar aqui alertando sobre as condições de uma escola que não está tendo a atenção devida da Secretaria da Educação.

Tem a palavra agora deputada Delegada Graciela. (Pausa.) O deputado Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) E agora eu estou sendo chamado, Eduardo Suplicy. Agora posso passar a Presidência ao meu caro Carlos Giannazi.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Enquanto o deputado Suplicy se aproxima, se dirige à tribuna, eu queria registrar a presença aqui do Fábio Jabá, presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Prisional, na luta pela regulamentação da PEC da Polícia Penal, aprovação do PLC 37.

E gostaria de informar que, na última reunião de líderes, novamente eu pedi para que o PLC 37 já fosse colocado em debate, que as nossas emendas fossem incorporadas e que fosse realizada uma grande audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa, no sentido de que o PLC seja aperfeiçoado e que todos os servidores sejam incorporados, façam parte da Polícia Penal, sobretudo os oficiais operacionais motoristas. Então, essa é a nossa luta no Colégio de Líderes e aqui no plenário da Assembleia Legislativa.

Com a palavra, o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, Carlos Giannazi, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, eu quero aqui registrar essa matéria do “O Globo”: “A Defensoria Pública da União alerta órgãos sobre a violação de direitos humano de imigrantes retidos no Aeroporto Internacional de São Paulo. Quase 300 imigrantes estão no Aeroporto Internacional de São Paulo, à espera de autorização para entrar no Brasil.

A Defensoria Pública da União protocolou um documento com uma série de recomendações, após constatar violação de direitos humanos no caso dos mais de 400 imigrantes retidos no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, à espera da autorização para entrar no Brasil. O documento foi encaminhado na última sexta feira para a Polícia Federal, Comitê Nacional para os Refugiados - Conare; Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC; Governo de São Paulo e Prefeitura de Guarulhos, após representantes encontrarem imigrantes dormindo no chão, sem agasalhos, além de uma crescente demanda por atendimento de saúde.

Segundo a Polícia Federal, foi registrada a morte de um imigrante de Gana, após sofrer infarto no começo deste mês de agosto. O homem chegou a ser levado ao Hospital de Guarulhos, mas não resistiu, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública. ‘Nós encontramos pessoas com sintomas gripais, pessoas reclamando de outros problemas de saúde, muito frio, porque muitas delas estão sem cobertor. É inverno em São Paulo, aeroporto é um lugar frio, sem acesso a alimentação adequada, sem acesso a remédios, com dificuldades de fazer suas higienes diárias, banho, escovar dentes. Então, há uma situação massiva de violação dos direitos fundamentais daquelas pessoas ali’, afirmou o defensor público Ed Willian Fuloni à TV Globo.

Em junho deste ano, o Jornal Nacional mostrou que um grupo de quase 300 imigrantes aguardavam a autorização para entrar no Brasil, sendo a maioria homem e da Índia. Além da transição de abertura a refugiados, ao contrário de muitos países, o Brasil não exige visto de quem só está em trânsito e não deve sair da área restrita dos aeroportos. Isso facilita a tentativa de muita gente em busca de refúgio ou de uma vida melhor, é comum que o destino final sejam os Estados Unidos.

Contudo, o número aumentou, conforme a Polícia Federal. Agora são 466 pessoas retidas esperando entrar no País. Segundo a Polícia Federal, somente em agosto foram 765 solicitações, média de 40 solicitações por dia. A Polícia Federal informou em nota que, desde o mês de julho, vem sendo observado crescimento no fluxo de viajantes que chegam em trânsito internacional, mas que deixam de seguir viagem, não podendo ingressar no Brasil por falta de visto.

Com isto, segundo a Polícia Federal, terminam por solicitar refúgio, visando entrar no Brasil, ainda que sem documentação pertinente. Cumpre destacar que, de janeiro a julho, a Polícia Federal recebeu um total de 5 mil 428 solicitações de refúgio, média diária de 25 solicitações de refúgio recebidas. Contudo, somente em agosto já foram 765 solicitações, média diária de 40, sendo 261 nos últimos três dias, afirmou o órgão.

Ainda conforme a Polícia Federal, o órgão está buscando otimizar processos, atuar em parceria com outras instituições, visando maior celeridade e observância dos direitos humanos dos viajantes. A prefeitura de Guarulhos diz que o Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, equipamento municipal instalado no aeroporto, não foi notificado oficialmente sobre aquela situação, uma vez que essas pessoas estão na área de inadmitidos, de responsabilidade da Polícia Federal.

Já o governo estadual afirmou que acompanha a questão dos refugiados no aeroporto de Guarulhos, que a pasta não foi demandada em relação à oferta de abrigo, e está à disposição da Agência da ONU para Refugiados.

O que diz o Ministério Público Federal? Segundo informações obtidas, a situação ficou estabelecida durante o fim de semana.

Sem aumento substancial de estrangeiros na área de imigração do aeroporto, uma reunião foi convocada pelo Ministério Público Federal para quarta-feira, às quatorze e trinta com órgãos, instituições, entidades que atuam nessa questão, para tratar de medidas emergenciais necessárias. Portanto, esta reunião deve estar se dando agora. O encontro será fechado, realizado pela internet.

O que diz o Ministério da Justiça e Segurança Pública? O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Justiça, comunica que está acompanhando o crescimento do fluxo de viajantes que chega ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Nesta segunda feira, a polícia informou que existem 466 viajantes na área de inadmitidos.

Desde o mês de julho tem sido observado um incremento do fluxo de viajantes que chegam em trânsito internacional. Mas deixam de seguir viagem e, não podendo ingressar no Brasil por falta de visto, acabam solicitando refúgio para entrar no Brasil, ainda que sem a documentação pertinente. O Senajus informa que está estudando medidas estruturantes para esta questão, como discutido na audiência pública realizada na semana passada, na Comissão Mista dos Migrantes Internacionais e Refúgio, do Congresso Nacional.

Na sexta feira, a Senajus foi comunicada sobre o falecimento de um migrante que esteve na área de inadmitidos do aeroporto. A empresa aérea que acompanhava o imigrante enquanto ele estava na área restrita, informou que no dia 11 de agosto o imigrante foi atendido pelo posto médico do aeroporto por problema de saúde. Ele foi transferido nesta data para o Hospital Geral de Guarulhos, onde dia 13 veio a óbito. O Ministério da Justiça solicitou o auxílio do Itamaraty para entrar em contato com as repartições consulares do país do migrante na tentativa de localizar familiares.”

Sr. Presidente, se ainda posso só ler o que diz a Defensoria Pública da União sobre o problema.

“A Defensoria Pública da União, por meio do Grupo de Trabalho Migrações, Apátrida e Refúgio, informa que, nos últimos meses, observou-se um aumento significativo na chegada de solicitantes de refúgio no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Em resposta, a Polícia Federal tem empenhado esforços para agilizar o processamento dessas solicitações, implementando forças-tarefa e envolvendo companhias aéreas no suporte ao preenchimento dos formulários, que são complexos e demandam informações pessoais e detalhadas.

Embora reconheça o trabalho que vem sendo feito, a DPU considera que tais esforços ainda não são suficientes e entende que seriam necessários procedimentos mais ágeis para a liberação dessas pessoas. Atualmente, não há estrutura adequada para prestar assistência durante o período de espera, como alimentação regular, proteção contra o frio e hospedagem. É fato que tem havido apoio em casos específicos para mulheres, crianças e idosos, mas a Defensoria alerta que é necessário aumentar as capacidades de processamento para que seja reduzido o tempo de espera no local.

Em relação ao controle migratório, a Polícia Federal é responsável por essa tarefa, mas, como o processo de preenchimento das solicitações de refúgio tem se mostrado lento, a DPU propôs, em recomendação emitida na sexta-feira, a adoção de um procedimento chamado admissão excepcional ou entrada condicional. Esse procedimento permitiria que a pessoa fosse admitida no território nacional após ser identificada e, dentro de um prazo de oito dias, completasse a solicitação de refúgio.

Tal medida, baseada na Lei de Migração e reforçada durante a audiência pública do Senado na última quarta-feira, dia 14, visa desafogar a zona restrita do aeroporto e agilizar o controle migratório, evitando que o preenchimento completo do formulário seja um pré-requisito imediato.” Quase 300 imigrantes estão no aeroporto, diz Guarulhos, esperando autorização da entrada.

Sr. Presidente, eu queria informar que fui convidado para que, no próximo dia três de setembro, com uma missão da Acnur da ONU e que será acompanhada pela comissão sobre imigrantes no Senado Federal... A senadora Mara Gabrilli, portanto, junto com a ACNUR... Eu até vou verificar se algum deputado estadual pode acompanhar. Esta visita que será feita ali é junto aos imigrantes retidos no Aeroporto de Guarulhos.

Agradeço muito pela tolerância, presidente Carlos Giannazi.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Caio França. (Pausa.) Com a palavra a deputada Analice Fernandes. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Com a palavra o deputado Alex Madureira. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dirceu Dalben. (Pausa.) Com a palavra a deputada Carla Morando. (Pausa.) Com a palavra a deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Conte Lopes. (Pausa.) Com a palavra o deputado Leonardo Siqueira. (Pausa.) Com a palavra a deputada Ana Perugini. (Pausa.) Com a palavra a deputada Solange Freitas. (Pausa.) Com a palavra a deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rogério Santos. (Pausa.)

Na Lista Suplementar, com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra a deputada Ana Perugini. (Pausa.) Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Elton. (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Já houve a troca da Presidência. Aproveitar o deputado Giannazi, o deputado Suplicy, deputado Luiz Claudio Marcolino, público presente, presidente do Sifuspesp, que está aqui, o Sr. Fábio Jabá, Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, cumprimentar os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Técnico-Científica, da Polícia Penal, e cumprimentar todos os funcionários desta Casa e todos aqueles e aquelas que nos acompanham pela Rede Alesp, ou pelas redes sociais, como queiram.

O Sr. Fábio Jabá está aqui presente, ansioso, em nome dos seus sindicalizados, para cobrar a aprovação do PLC 37, cobrar as emendas, que as emendas sejam apreciadas pelos deputados, pelas deputadas, que as alterações que o sindicato e os servidores do sistema prisional pedem que sejam acatadas, e que sejam colocadas logo em discussão e aprovação, porque me parece que o governador exerce aqui, através da sua bancada, uma operação controlada.

O que é essa operação controlada, deputado Luiz Cláudio Marcolino? É que ele planejou, ele fez um planejamento de quando ele quer dar o aumento para os policiais penais. Ele não quer dar aumento este ano. Então ele mandou o projeto para cá, falou lá para o sindicalista, para os policiais penais, “já mandei o projeto”, mas analisem como está a tramitação desse projeto. A passos de tartaruga.

Outros projetos que o governador mandou para cá, com urgência - foi questão de dias -, já estava aprovado. Mas esse não. É a operação controlada do governador para que seja aprovado lá para o final de agosto, começo de setembro, e aí tem a noventena. Ou seja, só produzirá resultados após 90 dias. Isso quer dizer que o primeiro pagamento pode ser só para janeiro, com aumento. O primeiro pagamento com aumento pode ser só para janeiro, só para fevereiro.

É a operação Sylvia Design. O primeiro pagamento só para janeiro. Esse é o estilo do governador Tarcísio de Freitas, com a sua operação controlada, porque não há uma movimentação para aprovar logo o PLC 37, e todos estão vendo isso, esse marasmo. Todos estão vendo isso.

E o Sr. Fábio Jabá pediu para que eu lesse aqui, e vou até pedir licença para o nosso presidente, o nosso presidente Suplicy, para que ele tenha um pouquinho de paciência, porque eu tenho que ler, a pedido do presidente do Sindicato dos Policiais Penais, eu tenho que ler essa carta aberta que ele enviou para nós.

Eu quero ler para quê? Para que se publique no “Diário Oficial”, para que se dê publicidade. E também já peço para a V. Exa. que o meu discurso, que as notas taquigráficas sejam encaminhadas ao Sr. Governador do Estado de São Paulo, e ao Sr. Streifinger, que é o secretário da Administração Penitenciária.

“Carta aberta aos deputados estaduais de São Paulo.

Prezados deputados e deputadas, o sistema prisional sempre foi considerado um grande lixo, onde se depositam pessoas indesejadas pela sociedade. Por isso mesmo, são poucos os que se preocupam com o que acontece dentro das muralhas dos presídios, pois vigora a ideia de que são criminosos os únicos a serem massacrados pela desestruturação do sistema. Mas esta é uma visão equivocada de um problema que afeta a todos, incluindo a população que vive do lado de fora, mas, principalmente, os servidores públicos responsáveis pela manutenção das estruturas punitivas do Estado, os policiais penais.

A comida servida aos detentos é a mesma que alimenta os trabalhadores do sistema penitenciário. Não raro, a alimentação inadequada e até estragada adoece também quem trabalha com a missão de deixar a população segura. O ambiente insalubre, semidestruído e infestado de pragas e doenças não afeta só quem está preso, mas também quem não cometeu crime algum e, pelo contrário, doa sua saúde para garantir que a criminalidade não prospere.

A Polícia Penal é a cara do Estado para quem está detido em uma unidade prisional, simboliza a estrutura que nega direitos básicos, como água, comida e higiene. Por isso mesmo, são os policiais penais os principais alvos da vingança do crime organizado. Pesquisa recente indica que os casos de agressão de detentos contra integrantes da Polícia Penal aumentaram 276 por cento.

Em 2024, já ocorreram 203 agressões, contra as 54 no mesmo período do ano passado. Desde 2019, já são 14 policiais assassinados no caminho de sua casa para o trabalho, ou do trabalho para sua casa. E é justamente quando estamos fora do presídio que corremos o maior risco de vida. A Organização Internacional do Trabalho classificou a Polícia Penal como a profissão mais perigosa do mundo na área da segurança pública. Nossa expectativa de vida é de apenas 45 anos, a mesma que os brasileiros tinham na década de quarenta.

Tudo isso porque lidamos, no dia a dia, com os mais perigosos criminosos. Apesar de tudo isso, não temos o direito de nos defendermos da violência que marca nossa profissão. Aos 5 anos de atraso, o projeto de lei que regulamenta a Polícia Penal foi apresentado sem prever as mínimas garantias de segurança e os mínimos direitos para os policiais. Se aprovado como está, o projeto de lei criaria a primeira polícia desarmada do País, uma vez que não prevê o acautelamento permanente de armas, coletes balísticos e algemas para os profissionais da Polícia Penal.

Policiais militares, policiais civis e científicos recebem armas para trabalhar e permanecem com elas fora do expediente. Justamente porque todos somos policiais 24 horas por dia, temos a responsabilidade de enfrentar o crime a qualquer tempo e corremos risco de vida também a qualquer hora. Com base no projeto de lei apresentado, a Polícia Penal de São Paulo será a única exceção, justamente a que corre os maiores perigos, e é por isso que pedimos a ajuda de vocês. Mas vocês, parlamentares, têm a chance de corrigir essas distorções e socorrer a Polícia Penal de São Paulo.

Apresentamos uma série de emendas que propõem o fornecimento de armas, uniformes, colete balístico e algemas pelo Estado na modalidade de cautela permanente, a participação no Sistema Único de Segurança Pública, SUSP, o direito à prisão especial antes de condenação com trânsito em julgado e a presença de representantes da Polícia Penal quando preso em flagrante, direitos de transporte e saúde prioritários em razão do serviço, entre outras garantias que são dadas às demais forças policiais. Reparem, não queremos regalias, direitos, extras ou tratamento diferenciado. Queremos apenas ser tratados como os demais policiais do Estado. Queremos não só os deveres de policial, mas também os direitos básicos garantidos a quem arrisca a vida diariamente em prol da Segurança Pública.

A proteção dos policiais penais é essencial para a manutenção da ordem e da segurança dentro e fora das unidades prisionais. A ausência de provisão de armas pelo Estado coloca em risco não apenas a vida dos policiais penais, mas também a eficácia do sistema prisional como um todo, uma vez que toda retaliação, todo atentado não é um ataque a um indivíduo, mas sim à própria estrutura estatal.

Apelamos para que vossas excelências se coloquem do lado certo da história e aprovem as emendas apresentadas que garantem melhores condições de trabalho e segurança para esses profissionais, que enfrentam diariamente a situação de alto risco. A aprovação dessas emendas é um passo fundamental para assegurar que a Polícia Penal de São Paulo possa operar com a dignidade, a segurança e a eficácia que a função exige. O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo.”

Então, Sr. Fábio, está lida aqui a carta aberta a todos os deputados, a todas as deputadas, a pedido de vossa senhoria. Vamos esperar que a presidência paute rápido esse projeto, que submeta ao congresso de comissões e que acate as emendas que foram apresentadas. A gente continua no diálogo com o deputado Delegado Olim, para que ele possa aceitar emendas, inclusive já marquei uma reunião com ele também para ver outras emendas que possivelmente possam ser aceitas.

Vou pedir também, presidente, para que cópia desse meu discurso seja encaminhada para o senhor presidente da Assembleia Legislativa, o deputado André do Prado e também para o líder do Governo, o deputado Gilmaci Santos, mais conhecido como “candidato designado”.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Cumprimento o deputado Reis. Solicito que sejam tomadas as providências para atender o envio das notas taquigráficas de seu pronunciamento para o governador, o presidente André do Prado, e todos aqueles que foram mencionados.

Eu gostaria aqui de anunciar e dar as boas-vindas aos estudantes da Associação Crescer Sempre. Sejam muito bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e que possam aqui acompanhar bem os trabalhos. Agora nós estamos no Pequeno Expediente e o próximo orador inscrito é o deputado Luiz Claudio Marcolino. Tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, alunos da Escola Crescer Sempre, sejam bem-vindos na galeria do nosso plenário. Sr. Presidente Suplicy, quero trazer aqui uma denúncia de um setor econômico do nosso País, que é o sistema financeiro, que lucrou no ano passado 145 bilhões de reais.

Nós estamos falando de um lucro aqui já descontados impostos, provisões, gasto com os funcionários e equipamento. E no primeiro semestre deste ano os quatro maiores bancos - Banco do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco - lucraram juntos, já com os valores apresentados, 53,6 bilhões de reais. O que nos estranha, Sr. Presidente, é que a categoria bancária está num processo de negociação há dois meses.

Foi entregue a pauta de reivindicação aos banqueiros. Aqui entre as reivindicações apresentadas pelos bancários está a recomposição da inflação, garantia de 5% de aumento real, a melhoria na participação dos lucros e resultados, a melhoria nas verbas como vale-refeição, alimentação, auxílio-creche e auxílio-babá, o fim das metas abusivas, o reforço de mecanismos de combate ao assédio moral e sexual nas agências bancárias, o direito à desconexão fora do horário de trabalho, o direito às pessoas com deficiência e PCDs e neurodivergentes, suporte aos pais e mães de filhos com deficiência principalmente, incluindo também aqui a questão dos autistas, mais trabalhadoras mulheres na área de TI (Tecnologia de Informação) do sistema financeiro, combate à terceirização e garantia de empregos, jornada de trabalho de quatro dias e a ampliação do teletrabalho.

Então essas são algumas das reivindicações apresentadas ao sistema financeiro e eu fui presidente também do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região de 2004 a 2010 e conseguimos vários avanços para a categoria bancária. Hoje é a única categoria que tem um acordo nacional que vale para os bancários do Rio Grande do Sul aos trabalhadores do Acre.

É o mesmo acordo numa mesma negociação; são os mesmos direitos para todos os trabalhadores e trabalhadoras bancárias numa única rodada de negociação. Eu disse, Sr. Presidente, aqui no início da minha fala que me estranha muito um sistema que lucrou no ano passado 145 bilhões de reais e na negociação do dia de ontem apresenta aqui - na verdade não uma proposta econômica -, mas uma proposta de retirada de direitos da categoria bancária.

Imagine, o sistema que mais lucra no País propôs fazer uma adequação dos direitos dos trabalhadores, primeiro, sem aumento real, não apresentou índice de reajuste. Inclui aqui que quer fazer um novo cálculo do reajuste dos bancários, levando em consideração a questão do ROI, que seria o resultado operacional do exercício. Então, isso faria com que os trabalhadores tivessem uma redução automática, uma diferenciação dos direitos dos trabalhadores, de acordo com o resultado de cada banco.

Isso já é uma perda de direito automático. Uma categoria que há mais de 30 anos, desde 1992, tem um acordo coletivo... É a primeira vez que os banqueiros apresentam a proposta de retirada de direitos. E o outro, mesmo em relação aos bancários que hoje estão afastados... Então, bancários que são afastados por auxílio-doença ou acidente de trabalho por mais de 90 dias teriam uma redução ou deixariam de receber a participação nos lucros, resultados.

Uma das conquistas que nós garantimos, que o trabalhador, mesmo que tenha trabalhado um dia no ano com seu afastamento... Que hoje o afastamento dos bancários é principalmente em virtude ou das questões vinculadas às lesões por esforços repetitivos, ou vinculadas também à questão de doenças mentais, fruto da pressão dentro dos locais de trabalho para cumprimento de metas. Muito nos estranha também, Sr. Presidente, que essa proposta... primeiro, que não contempla os itens apresentados e coloca uma retirada de direitos.

Nós vimos que nesses últimos dias, nos últimos meses, os bancos têm fechado diversas agências e transformado muitas agências em agência digital. Eu faço aqui uma pergunta: os bancos que tiveram 145 bilhões de lucro reduziram as tarifas dos consumidores? Hoje, quem é cliente do banco paga às vezes 50, 70 reais por dia de tarifa bancária, utilizando ou não. Se você está fechando agência, está demitindo trabalhador e está transformando o cliente em um cliente digital, o mínimo que os bancos deveriam fazer era reduzir a tarifa dos seus clientes. Não reduzem.

Os bancos deveriam reduzir os juros que hoje são cobrados dos clientes para compra de um automóvel, para um financiamento de pessoa física, um financiamento para compra de imóvel, porque nós estamos falando de uma redução do custo fixo do sistema financeiro. Mas, ao mesmo tempo, não tem uma contrapartida da redução de tarifa ou da redução de juros para os clientes. Então, essa é uma luta justa, uma reivindicação justa dos bancários e das bancárias.

Como eu falei, eu fui presidente do Sindicato dos Bancários de 2004 a 2010, sempre tivemos muitas conquistas. É muito estranho o banco com o lucro que tem, 145 bilhões de reais. Para a gente ter uma noção do que é esse lucro: hoje, o Orçamento do estado de São Paulo, o maior estado do Brasil, é de 340 bilhões de reais. Quer dizer, o estado de São Paulo arrecada 340 bilhões de reais para fazer esses diversos investimentos no nosso estado.

Os bancos, sozinhos, os quatro maiores bancos, só de lucro - tirando todas as despesas que têm, todas as adequações - são 145 bilhões de reais. Se os bancários vierem, nos próximos dias, a entrar em greve, já quero deixar aqui registrado que a responsabilidade é dos bancos, é do sistema financeiro, e não dos bancários e das bancárias.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Cumprimento o deputado Marcolino por fazer uma análise tão consistente, com o fato de ter sido já duas vezes presidente do Sindicato dos Bancários. Agora, passamos a palavra, na Lista Suplementar, ao deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Ao deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado Marcolino, alunos, professores presentes aqui hoje no plenário, telespectador da TV Assembleia, hoje nós infelizmente perdemos mais um professor da rede estadual, vítima da violência contra as escolas. Tem publicação hoje aqui na imprensa, mostrando, inclusive com um vídeo, Sr. Presidente, um professor sendo morto na frente de uma escola, no município de Sumaré. O professor Michel Herdeiro Nascimento, professor de história da Escola Estadual Wadih Jorge Maluf, escola que pertence à Diretoria de Ensino de Sumaré. O professor foi praticamente executado na porta da escola quando estava chegando com a sua moto para lecionar a sua matéria. Era professor categoria “O”, contratado pela Lei nº 1.093.

Eu conversei agora com o professor Roberto Poli, que é da subsede da Apeoesp de Sumaré, professor que foi até a escola, conversou com a comunidade escolar e me passou informações mais detalhadas sobre a situação da escola, que é vítima de muita violência. Essa escola tem um histórico de violência contra a escola e nada foi feito, até agora, pela Secretaria da Educação, Sr. Presidente.

Eu quero primeiro mostrar o vídeo aqui, porque é triste, Sr. Presidente. Mas a violência nas escolas continua - contra as escolas continua -, e nada é feito pelo governo estadual. Tenho aqui o vídeo mostrando. Vamos ver se dá para mostrar. Dá.

 

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- É exibido o vídeo.

           

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O professor chegando à escola e ele é morto, praticamente na porta da escola, Sr. Presidente. É grave essa situação e eu tenho aqui alertado a Assembleia Legislativa. A gente tem feito esse debate exaustivamente na Comissão de Educação aqui. Eu mesmo apresentei um projeto de lei há quatro meses, Sr. Presidente, que foi vetado pelo governador, um projeto de proteção aos profissionais da educação vítimas da violência nas escolas. O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa e o governador vetou o projeto, Sr. Presidente, eu repito.

Outro projeto que foi apresentado aqui e votado também, que traz a obrigatoriedade dos psicólogos nas escolas, também foi vetado pelo governador Tarcísio de Freitas. Não há, de fato, nenhum programa, nenhuma ação séria da Secretaria da Educação de combate à violência contra as escolas.

Esse secretário da Educação, o empresário Renato Feder, só pensa em plataformas digitais, só pensa em metas; meta diamante, meta ouro. Isso está destruindo, está agravando a situação da rede estadual, porque essas plataformas não ensinam absolutamente nada. Ele só pensa nos conteúdos digitais, nos aparelhos eletrônicos, mas não tem nenhuma preocupação com o projeto pedagógico e muito menos em combater a violência nas escolas.

Ele só faz lives falando sobre isso, deputado Marcolino, esse secretário, fazendo propaganda e justificando, logicamente, a compra dessas plataformas milionárias, porque uma plataforma dessas - outro dia eu denunciei - custou 70 milhões de reais. Uma única plataforma digital, que está enriquecendo as empresas de plataformas, que vendem para a Secretaria da Educação, mas que estão destruindo a Rede Estadual de Ensino, acabando com a autonomia pedagógica das professoras e dos professores e prejudicando a aprendizagem dos alunos.

Não é à toa que, em todas as avaliações institucionais, nós estamos tendo um recuo, um retrocesso na aprendizagem dos nossos alunos, porque hoje a Rede Estadual de Ensino está toda direcionada para enriquecer as empresas de plataformas digitais.

Eu já denunciei isso, já acionei o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, o Ministério Público, para que haja uma profunda investigação sobre isso. Esse secretário está destruindo a rede estadual. Enquanto isso, a rede está abandonada:  violência contra as escolas, degradação física, estrutural, baixo rendimento escolar, não por conta do trabalho dos professores, mas por conta da estrutura que foi montada aqui, que se concentra apenas em plataformas digitais.

Então, nosso colega, professor Michel Herdeiro Nascimento, foi morto na manhã de hoje, Sr. Presidente. É grave essa situação. Ele foi vítima da violência contra as escolas, especificamente de uma escola, que é essa Escola Estadual Wadih Jorge Maluf, que é uma escola que tem um histórico de violência. Essa escola tem sido vítima: diretor já foi ameaçado, vice-diretor já foi ameaçado e não houve nenhum tipo de ação da Seduc, da Secretaria da Educação. O que aconteceu nessa escola em Sumaré é o retrato da Rede Estadual de Ensino, Sr. Presidente.

Então, nós pedimos aqui, exigimos providências imediatas, que a escola tenha todo o amparo da Secretaria da Educação, com psicólogos, com assistentes sociais, que haja a suspensão das aulas durante toda essa semana, que seja feito um trabalho de acolhimento dos alunos e dos professores. Porque eu estava conversando agora com o professor Roberto Polle, lá da região, da subsede, representante da Apeoesp, Sr. Presidente, e ele me disse que a escola só suspendeu as aulas por hoje, talvez voltem amanhã, o que é um absurdo.

A escola nem vai ter direito ao luto, porque era um professor, fazia parte da equipe pedagógica, trabalhava o projeto pedagógico da escola. Então, a escola tem que passar por um processo, não pode voltar todo mundo amanhã em aula.

Então, a Secretaria da Educação, juntamente, com a diretoria de ensino, tem que tomar as providências para acolher os professores e os alunos, e dar toda assistência à família do professor, que é o que o meu projeto de lei, vetado pelo governador Tarcísio, trazia, Sr. Presidente. Então, nós vamos continuar a nossa luta aqui contra a violência nas escolas.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Carlos Giannazi, pela sua atenção para a melhoria da qualidade da Educação. Agradeço se puder ainda presidir a sessão para que eu possa fazer um pronunciamento conclusivo.

Ressalto que às 15 horas haverá a reunião para a eleição do presidente, da vice-presidente, também da designação do relator da CPI sobre a população em situação de rua, no auditório Dom Pedro I. Agradeço os componentes da CPI que possam lá estar presentes.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy. Deputado Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr. Presidente, para uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - A palavra é de Vossa Excelência.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Só também citar que hoje nos acompanha no plenário, estamos aqui com o Neto, a Juliana e a Regina que são lideranças da cidade de Casa Branca. Então, queria deixar aqui registrado a presença deles acompanhando os nossos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sejam bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legislativa de São Paulo. Enquanto o deputado Suplicy se dirige à tribuna, eu quero também manifestar aqui, em nome de toda a Assembleia Legislativa, a nossa solidariedade, o nosso apoio à família do professor Michel Herdeiro Nascimento, da Escola Estadual Wadih Jorge Maluf. A nossa solidariedade, o nosso apoio, deixar o nosso abraço aqui de conforto a toda a comunidade escolar da escola que sofre com a morte do nosso professor. Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Carlos Giannazi, saiu hoje na CNN Brasil uma matéria que acho que é de interesse de todos nós brasileiros.

“Quais as cidades com maiores economias do Brasil? Onze municípios correspondem por quase um quarto do produto interno bruto brasileiro, segundo os dados mais atuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, de 2021.

Os primeiros lugares podem parecer mais óbvios: São Paulo, que tem 9,20% de participação na economia nacional; Rio de Janeiro na vice-liderança, com 3,99%; Brasília em terceiro, com 3,18%; seguidos de Belo Horizonte, Manaus e Curitiba com pouco mais de 1% de participação cada; na sétima posição, vem Osasco, na Grande São Paulo, que subiu de décimo sexto para o sétimo lugar em menos de dez anos, enquanto passou a atrair a sede de grandes empresas do setor de tecnologia, como o Mercado Livre e a Uber.

O movimento da oitava posição, no entanto, foi mais gritante. Maricá entrou na lista como a oitava maior economia do país, tendo ocupado o vigésimo sexto lugar em 2020 e, em 2002, o lugar 354. Maricá foi o município com maior ganho de participação no PIB do país em 2021, com alta de 0,5 ponto percentual.”. Sendo que os municípios de maior participação no PIB, então, com as respectivas receitas são:São Paulo, 828,9 bilhões; Rio de Janeiro, 359,6 bilhões; Brasília, 286,9 bilhões; Belo Horizonte, 105,8 bilhões; Manaus, 103,2 bilhões; Curitiba, 98 bilhões; Osasco, 86,1 bilhões; Maricá, 85,1 bilhões; Porto Alegre, 81,5 bilhões; Guarulhos, 77,3 bilhões.

O bom desempenho de Maricá (RJ) se deve à extração de petróleo e gás. Em 2021, ano que o estudo usa como referência para o ranking, a cidade de Maricá recebeu 1,33 bilhão em royalties, além de 1,55 bilhão devido à participação especial devida pelas concessionárias pela exploração do petróleo e gás natural. A compensação financeira é realizada à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios beneficiados pelas empresas que produzem pela exploração desses recursos não renováveis.

Por outro lado, alguns municípios perderam participação no PIB. Curitiba (PR), que foi de quinto para sexto lugar no ranking e Porto Alegre (RS), que foi de sexto para nono. São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte também perderam participação, apesar de terem mantido o lugar no ranking.

Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE, explica que os cinco municípios que tiveram sua participação reduzida foram influenciados pela categoria de serviços. ‘As atividades financeiras de seguros e serviços relacionados em São Paulo e Porto Alegre, administração pública em Brasília e Belo Horizonte, e atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços relacionados no Rio de Janeiro’, ressalta de Sá.

Entre as 185 concentrações urbanas do país, 132 perderam e 53 aumentaram sua participação no PIB de 2020 para 2021, confirmando a tendência de desconcentração. ‘Os resultados expressam uma recuperação econômica das capitais e outras agregações com maior participação no PIB brasileiro que, por terem como atividade principal os serviços presenciais, foram fortemente afetadas pela pandemia de Covid-19. No entanto, apesar do aumento nominal desse grupo de municípios em 2021, a participação deles no PIB ainda está aquém do patamar de 2019’, explica de Sá.”

Eu quero aqui, portanto, cumprimentar o município de Maricá mais uma vez por estar realizando uma experiência formidável da instituição gradual da Renda Básica de Cidadania, que inclusive ajudou Maricá a crescer significativamente desde que foi iniciada essa experiência junto com a experiência da Moeda Social Mumbuca, e tantas outras iniciativas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Chamo V. Exa. para continuar presidindo a sessão, já dizendo que nós estamos encerrando o Pequeno Expediente de hoje, deputado Suplicy.

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Antes de encerrar a sessão, gostaria ainda de... Já estamos entrando no Grande, mas eu gostaria de fazer, Sr. Presidente, como não tem oradores inscritos no Grande Expediente, eu gostaria de fazer uma intervenção pelo Art. 82, antes do encerramento. Então, se V. Exa. puder...

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Permita, deputado Carlos Giannazi. Eu sou o presidente da comissão que se reunirá às 15 horas aqui, neste instante, então eu preciso estar lá para, inclusive, completar o quórum. Sugiro à V. Exa. que, como fiz ontem ou anteontem... Antes de encerrar os trabalhos na Presidência, eu falei uma vez mais sobre o assunto que era tão premente. Está bem? Se me permite, eu vou lá para a CPI.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sem dúvida. O meu pronunciamento será feito aqui mesmo, Sr. Presidente, da Presidência desta sessão. Eu quero, Sr. Presidente, mais uma vez aqui cobrar da Secretaria da Educação providências em relação à prorrogação dos contratos dos professores da “Categoria O”, dos professores contratados pela lei da precarização, a Lei 1.093, de 2009, deputado Suplicy.

O que está acontecendo? Os contratos se encerram agora no final do ano, e nós teremos novamente um cenário de terra arrasada, com demissão em massa de professores, como aconteceu no final do ano passado. Nós perdemos quase 30, 40 mil professores da categoria “O” porque não houve a renovação dos contratos ou a prorrogação pelo menos por mais um ano.

Então isso não aconteceu no ano passado, mas aconteceu em anos anteriores. Em anos anteriores, a própria Secretaria da Educação, através da Casa Civil, encaminhou o projeto, e nós prorrogamos por mais um ano, para evitar exatamente a demissão em massa de professores da categoria “O”. Isso vai acontecer de novo, Sr. Presidente, caso nada seja feito.

Nós, aqui pela Assembleia Legislativa, deputado Suplicy, já tomamos as providências. Eu tenho aqui um PLC, o PLC nº 24, de 2015, que resolve definitivamente essa situação. O projeto já foi aprovado em todas as comissões e inclusive já está em regime de urgência para ser votado. Mas a gente sabe que o governo obstrui e não quer resolver essa situação.

O PLC 24, por exemplo, impede as quarentenas, as duzentenas, as interrupções dos contratos dos professores admitidos nesse sistema precarizado e ainda garante que o professor possa utilizar o Iamspe, coisa que não é permitida hoje pela Lei 1.093. É um verdadeiro absurdo que o professor da “Categoria O” não tenha direito à assistência médica do estado de São Paulo, que é o nosso convênio, que é exatamente o Iamspe.

Além desse projeto, tenho também um outro, Sr. Presidente, que é o PLC 1, de 2024, que prorroga esses contratos, mas também é difícil aqui na Assembleia Legislativa, porque a Assembleia é controlada pelo governo. O governo controla todas as comissões, controla CPIs, controla até a pauta de votação, todos sabem disso. Eu sempre, desde 2007, tenho denunciado que a Assembleia Legislativa é um puxadinho, é um cartório do Palácio dos Bandeirantes. Mesmo neste governo do Tarcísio, nada mudou em relação a isso.

Então nós apresentamos as propostas. Estão aqui dois projetos de lei complementar, o PLC 24, que eu apresentei em 2015 para resolver essa situação, e o nº 1, de 2024, que prorroga os contratos para que não haja demissão em massa de professores.

Também, deputado Suplicy, que acho que está saindo agora, o que acontece? Nós estamos vivendo agora, acompanhando essa atribuição - atribuição não, essa chamada -, a escolha de aulas dos professores que foram aprovados no último concurso. Só agora que houve a homologação do concurso e a chamada, no entanto não há transparência alguma. É um processo totalmente confuso, a Secretaria não informa corretamente o número de aulas para os professores.

Há muita desinformação, e o governo anunciou, através da Secretaria, que só vai chamar 15 mil professores, conforme o edital, sendo que nós temos mais de 80 mil professores da categoria “O” já trabalhando na rede, e a maioria deles foi aprovada no concurso público. Eles podem ser chamados, mas o governo não faz nem uma coisa, nem outra. Está chamando apenas 15 mil, e olhe lá, sem transparência nenhuma. Não dá nem para a gente saber.

Eu já fiz requerimento de informação querendo informações concretas e detalhadas sobre o número de vagas, mas até agora nós não tivemos essa informação. É muito difícil o governo dar informação para os professores e até mesmo para a Assembleia Legislativa.

Então, o Governo não faz uma chamada séria de mais professores. Nós queremos chamar 100 mil professores, que foram aprovados nesse concurso, muitos deles, repito, categoria “O”. Estão inclusive nesse contrato de 2021.

Então, seria uma solução importante essa, chamar, aumentar o número de vagas, dar agilidade e transparência. Mas o governo não faz nem uma coisa nem outra, nem para a (Inaudível.), não está prorrogando os contratos e nem está fazendo uma chamada séria dos professores, aumentando o número de vagas. Ele pode disponibilizar, 50, 60, 70, 80 mil vagas, porque as vagas existem na rede estadual.

Nós queremos que os professores sejam efetivados através do concurso público de provas e títulos, como reza, como determina a nossa Constituição Federal, a LDB, sobretudo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, diz: “ingresso no Magistério público no Brasil tem que ser feito através do concurso público de provas e títulos”. É isso que nós queremos aqui em São Paulo, mas até agora o Governo não fez nem uma coisa corretamente e nem outra.

Por isso que faço o apelo, exigência para que a Secretaria da Educação tome as devidas providências para que não haja demissão desses professores categoria “O” do contrato de 21 e que haja uma chamada mais consistente e com transparência dos aprovados no último concurso.

Era isso.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 06 minutos.

 

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