27 DE AGOSTO DE 2024

111ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: DANILO CAMPETTI, GUILHERME CORTEZ e REIS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - DANILO CAMPETTI

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h04min. Convoca sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos ou dez minutos após o término desta sessão. Convoca reunião conjunta das comissões de Constituição, Justiça e Redação, de Infraestrutura e de Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se hoje, às 14 horas e 30 minutos e, em segunda convocação, às 14 horas e 50 minutos.

        

2 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - CONTE LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - SIMÃO PEDRO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - VALDOMIRO LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

7 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - GUILHERME CORTEZ

Assume a Presidência.

        

9 - VALDOMIRO LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - REIS

Assume a Presidência.

        

11 - GUILHERME CORTEZ

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

12 - PAULO FIORILO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - PAULO FIORILO

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

14 - PRESIDENTE REIS

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 28/08, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra sessão extraordinária a ser realizada hoje, às 16 horas e 30 minutos. Levanta a sessão às 15h26min.

        

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Danilo Campetti.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Uma boa tarde a todos. Cumprimentando a todos os que nos acompanham, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, os que nos acompanham na TV Alesp, os presentes. Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos ou dez minutos após o término da presente sessão, em cumprimento ao interstício mínimo previsto no § 3°, do Art. 100 do Regimento Interno, com a finalidade de ser apreciada a seguinte Ordem do Dia: I - Proposta de Emenda à Constituição n° 1, de 2024, de autoria do Sr. Governador em primeiro turno, assina deputado André do Prado, presidente desta Assembleia.

Agora uma nova convocação, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nos termos do disposto do Art.18, inciso III, alínea “d”, combinado com o Art. 68, ambos do Regimento Interno, convoco reunião conjunta das comissões de Constituição, Justiça e Redação; Infraestrutura e Finanças, Orçamento e Planejamento a realizar-se hoje, às 14 horas e 30 minutos.

E em seguida, convocação às 14 horas 50 minutos, no Salão Nobre Campos Machado, com a finalidade de apreciar o Projeto de lei Complementar n° 35, de 2024, de autoria do Sr. Governador. Em seguida, no Pequeno Expediente, iniciamos a lista de oradores. Convido o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Convido a deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Convido o deputado Reis; V. Exa. tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. REIS - PT – Quero cumprimentar o presidente, deputado Campetti; o público presente; os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal, da Polícia Técnico-Científica; todos os funcionários desta Casa; todos aqueles e aquelas que estão nos acompanhando pelas redes sociais.

Hoje, quero registrar um projeto que eu aprovei nesta Casa, o PL n° 876 e, depois de tanto sacrifício para aprová-lo, o governador vetou. O “vetador geral” do estado vetou o projeto. E essa semana teve uma reportagem sobre o teor do que era o meu projeto.

Eu vou pedir para que a assessoria técnica passe o vídeo, a reportagem, veiculada pela Globo, no SPTV, sobre a bandidagem dos postos de gasolina. E, além da bandidagem, tem um delay de dez segundos, pode continuar, de trazer o valor, a convivência do Governo do estado de São Paulo.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Já está bom. Esse foi o teor do nosso projeto, que foi colocar o valor do aplicativo no mesmo tamanho do valor real. O governador simplesmente disse que tinha um decreto do governo federal e ele aplicou o seu veto. Nós fizemos um requerimento para o Procon, para cobrar a fiscalização, porque o Procon também parece uma mula manca, você não vê fiscais fazendo seu papel no dia a dia.

Essa propaganda enganosa está se multiplicando em todo o estado de São Paulo. Todas as regiões que você vai, identifica os postos de gasolina, fazendo essa bandidagem, aplicando esses golpes em cima do consumidor. E o Estado que tem o poder de fiscalizar, o Estado, que tem o poder de polícia, se omite, prevarica. O Estado está prevaricando, está deixando de cumprir a sua função.

Eu até estou pegando alguns casos e vou começar a representar junto à Polícia Civil, para que se instaure inquérito para apurar essa roubalheira, essa bandidagem praticada pelos postos de gasolina do estado de São Paulo, sob a conivência do Governo do Estado de São Paulo, porque ele vetou um projeto que daria resposta para essa questão.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado Reis. Seguindo a lista de inscritos, deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.)

Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Conte Lopes, V. Exa. tem o tempo regimental.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, volto a essa tribuna. A gente é obrigado a falar um pouco sobre as eleições na cidade de São Paulo.

Infelizmente o meu partido - mesmo eu solicitando aqui à toda liderança do partido na reunião, que é o PL -, como é o maior partido do Brasil, que tem 19 deputados nesta Casa, não poderia deixar de lançar um candidato a prefeito. Já dizia o Paulo Maluf, “time que não entra em campo não tem torcida”.

Então, nós devíamos ter lançado um candidato, mas resolveram outros caminhos e agora está aí uma complicação. A gente tem acompanhado, às vezes, o vice-prefeito Mello Araújo. Mas a gente já conhece a campanha há muito tempo, desde a época de Jânio Quadros, quando ganhou do Fernando Henrique Cardoso, desde quando a Erundina ganhou de nós nos dois últimos dias da eleição do Paulo Maluf, que era deputada junto comigo nesta Casa.

Quando a gente está andando nas ruas e começa a ouvir burburinho, e quando se vê também um candidato que ninguém quer falar e não quer nem olhar para ele, as coisas ficam feias depois. É duro de fazer campanha, viu, gente? É duro.

Mas hoje é uma outra política, não é? Então, sei lá. Hoje, vejo uma pesquisa aí que Pablo Marçal está com 30 e tantos, Boulos com não sei quanto, Ricardo Nunes com catorze. Realmente acho que a política, o sistema de fazer política está mudando e a gente acompanha.

Sinto mais uma vez não ter nos ouvido, até porque, queira ou não, a gente foi os deputados mais votados do PL da cidade de São Paulo e, como disse o deputado Reis, quando põe o zoom lá, quando tem essas manifestações de 07 de setembro, ele põe o zoom lá e não me acha no caminhão. Não é que ele não me acha, é que eu não consigo subir no caminhão. Os caras selecionam quem eles querem.

O Malafaia põe um grupo lá, um exército lá de caras fortes, e ele: “eu vou sair. Sobe, você não, você sobe”. Vai fazer o quê? É duro chegar no caminhão. Aliás, é duro chegar na Paulista. Mas então, está aí. Agora, vou cobrar de novo, deputado Reis, 07 de setembro.

Então, uma manifestação e tal, mas manifestação você não tem que fazer no Congresso Nacional? Não tem os deputados federais que foram eleitos no nosso partido? Nós fomos há dois anos, fomos esse ano aí, há dois anos nós fomos. Fizemos manifestação, estivemos lá, pedimos voto.

Um monte de gente foi eleita aí com os votos do Bolsonaro, senadores, deputados federais. Não é esse pessoal que tem que trabalhar em Brasília, junto ao Congresso? Se for fazer impeachment de algum ministro, não é o pessoal que foi eleito, que tem mandato popular, que tem que fazer? Ou vai fazer aqui na Paulista? Vai falar o que na Paulista? Não, se tiver aqui, lá, a gente vai para não dizer que não foi.

Mas, no concreto, acho que o povo, a gente tá falando com o povo, mas não são eles que têm que fazer lá? Não são os senadores que movem uma ação para colocar impeachment em cima de um ministro?

“Ah, mas vai fazer...”. Não, mas lógico, não tem força. Tem cara aí que não se elege nem síndico de prédio, o Bolsonaro conseguiu eleger o camarada. Agora, parece que o pessoal quer fazer discurso pensando em outras eleições. Ou até na eleição para prefeito. Vai dar certo isso? Será que vai ajudar São Paulo em alguma coisa? Não sei. Não sei, estou perguntando.

Pode ajudar e pode atrapalhar. É isso que eu estou falando, mas como ninguém nos ouve, infelizmente, porque se nos ouvisse nós teríamos um candidato. O PL saberia em quem ia votar. Nós estamos mais ou menos igual ao PT do deputado Reis, lança alguém, vai outro...

Só que a gente sabe que o vereador é que tem que brigar lá pela campanha, é duro você puxar voto para o vice. Ninguém vota em vice. Apesar do que a esquerda, nesse aspecto, é mais forte que nós, mas ninguém vota em vice. Eu nunca vi votar em vice. Aliás, ninguém nem sabe quem são os vices, às vezes.

Então, vamos aí esperar os acontecimentos das eleições da maior cidade do Brasil, e no nosso partido, que é o maior partido do Brasil, com muitos, como foi repetido, deputados federais, senadores estaduais, eleitos na chapa de Bolsonaro, que têm que fazer alguma coisa lá no Congresso Nacional.

Aqui nesta Casa, deputado Reis, um deputado sozinho - como na Câmara Municipal, um vereador - para tudo, se quiser. Por que não para lá? Por que não para lá? É só parar, que alguém vai tomar alguma atitude. Agora, se reúnem todos os amigos.

Aí eu sou meio o Pablo Marçal. Parece que o sistema todo se reúne e joga o pepino para fora. Vamos para lá, vamos resolver. Então, ficamos aqui pensando no que vai acontecer.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado Conte Lopes. Seguindo a lista de inscritos, convido o deputado Gil Diniz. Encerrada a lista de oradores, passo à Lista Suplementar.

Convido o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputado Simão Pedro, V. Exa. vai fazer uso da palavra? Vossa Excelência tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha aqui nas galerias, pela TV Assembleia, pelas redes sociais. Sr. Presidente, eu hoje tive a oportunidade de fazer uma visita ao Mutirão Carolina Maria de Jesus, que é um mutirão construído aqui na zona leste, na modalidade de autogestão, que vai contemplar 247 famílias em um terreno que era um terreno da Cohab, na gestão da qual eu fiz parte, a gestão do Fernando Haddad, e nós passamos este terreno, e, além deste, muitos outros, para que as entidades que lutam por moradia pudessem ter a terra, que é o principal ativo ali para você garantir o direito à moradia para aquelas famílias que não conseguem, não têm condição de comprar pelo mercado.

Esse terreno foi muito disputado porque ele fica ao lado do metrô Belém, ali na Radial Leste, então quem passa ali pela Radial Leste, passa de metrô, vai ver lá três torres sendo erguidas. E hoje os movimentos de moradia, aquelas entidades mais antigas, mais estabelecidas, eles se aprimoraram tanto no processo de construção e de autogestão, que estão fazendo prédios de 12, 13 andares.

Eu fui lá hoje porque concluímos a última laje de duas torres. E eu queria passar aqui as fotos, se a equipe nos permitir, só para que o pessoal possa ver. Essa foto eu tirei ali de dentro do segundo andar, para mostrar a estação do metrô bem ao lado, a estação do metrô Belém, o que é um benefício fenomenal para essas famílias, porque já vão morar em um lugar estruturado, de acesso ao transporte. Pode passar, por gentileza.

E aí, a capacidade que a população tem, de forma organizada, unida, de construir moradia. Aqui nós não temos uma empreiteira fazendo, não existe o objetivo do lucro. Aqui é uma forma de economia solidária onde as famílias se reúnem e lutam para que elas próprias, por meio desse trabalho, de forma organizada, consigam ter acesso à moradia. Aqui é a equipe que lá me recebeu. Eu destaco a presença desse senhor da foto do meio, que é o Edilson Mineiro, um dos coordenadores do movimento.

Muito obrigado.

Por que eu estou falando dessa visita e qual é o objetivo da minha fala: a Cohab São Paulo, que cedeu este terreno para o mutirão Carolina de Jesus fazer essa bela obra, que vai contemplar apartamentos de 55 metros quadrados, com varanda, por meio de autogestão, garantindo o direito de moradia para quase 250 famílias, a Cohab está vendendo, leiloando, um outro terreno ali perto, ao lado da Estação Carrão, que pertence à Cohab, e ali funcionou, na gestão da Luiza Erundina, lá atrás, há quase 30 anos, funcionou uma escolinha da CET, para orientar as crianças a aprenderem as regras do trânsito; e já foi depósito, já foi lugar de estacionamento dos carros da CET.

Pouco tempo atrás esse projeto foi recuperado, mas agora a atual gestão municipal, por meio da sua presença, leiloa esse terreno que poderia ser utilizado, como está sendo utilizado o terreno lá do Belém, para moradia popular. Esse é o objetivo da Cohab. Ela tem uma série de terrenos com esse objetivo. A Cohab foi construída lá atrás, foi pensada, foi instituída, para construir moradia popular para as famílias que não têm condições de acessar o mercado. E a cidade destinou uma série de terrenos para a Cohab cumprir esse objetivo.

Então como a CET agora desativou, não está mais utilizando esse terreno, ao invés de a Cohab ceder para os programas como o “De Porta Aberta” ou do “Minha Casa, Minha Vida”, não, leiloa. Quem é que vai comprar? Provavelmente uma grande empreiteira que está fazendo uma série de prédios, edifícios, ali, chamada Porte Engenharia, que aliás adquiriu o terreno onde funcionava a sede do Sindicato dos Metroviários.

Durante mais de 30 anos, os metroviários construíram aquela sede com o suor e sacrifício dos trabalhadores e de suas famílias, e na gestão Doria, esse terreno o Governo do Estado tomou do sindicato, vendeu para essa empreiteira Porte. Hoje passo lá com muita tristeza, vejo que não tem mais nada e vão construir um grande edifício do mercado imobiliário.

E agora a Cohab está querendo fazer isso com esse terreno que é importante, que a gente sempre reivindicou: “olhe, se um dia a CET não quiser mais, vamos destinar para um projeto de moradia”. Então, aqui o meu protesto.

Espero que a Cohab reverta essa situação e esse terreno ali ao lado do metrô Carrão seja destinado para um programa de habitação popular, porque nós temos 50.000 pessoas morando na rua, muitas famílias e um déficit habitacional gigantesco aqui em São Paulo, e a Prefeitura não pode entregar assim barato um terreno tão importante como esse.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado Simão Pedro. Seguindo a lista de inscritos, convido a deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes, V. Exa. tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. VALDOMIRO LOPES - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputados, deputadas, estou assumindo aqui o microfone deste Pequeno Expediente para dizer uma coisa importante e dar até uma explicação lá para a minha cidade, São José do Rio Preto.

Eu já estou no meu quarto mandato como deputado estadual, tive três mandatos lá atrás, depois fui duas vezes prefeito de São José do Rio Preto e, agora, assumi novamente aqui a Assembleia de São Paulo.

E o mandato que é conferido pelas pessoas é uma coisa que é muito cara para mim, porque quem nos colocou aqui, colocou, na verdade, com esse intuito de fazer com que a gente cumpra a nossa função como deputado em todas as ações da Assembleia, todas as votações. Na verdade, protocolando projetos de lei que ajudem as pessoas, a melhorar a legislação do estado de São Paulo, a aprimorar a legislação, que é mandada para cá pelo Governo.

O que a gente não concordar, a gente vota contra; o que a gente for a favor, a gente vota a favor e melhora. Mas hoje, em especial, eu assumo esta tribuna para dizer que eu estou triste porque fui convidado para participar de um debate lá em São José do Rio Preto, um debate dos candidatos a prefeito lá da minha cidade.

E eu, como candidato a prefeito, também fui convidado, mas quero dizer que não vou comparecer a esse debate, porque não poderia deixar de estar aqui no dia de hoje cumprindo a minha missão de deputado estadual, participando das sessões que vão acontecer aqui neste plenário, porque eu respeito muito, volto a dizer, o mandato público que me foi honrado aqui na Assembleia de São Paulo, como respeitei muito os dois mandatos de prefeito que tive lá em São José do Rio Preto.

Então, é importante neste instante, neste momento, dar essa explicação às pessoas. Vão achar estranho a minha não presença lá, mas para mim seria na verdade inadmissível estar faltando aqui quando já tenho esse mandato estabelecido, mandato de deputado que me é tão caro, tão importante, e faltar aqui para comparecer a um debate político lá que vai reger a futura eleição da cidade.

As minhas opiniões sobre a minha cidade de Rio Preto, os meus apontamentos na futura eleição, eles serão feitos à medida que se desenrolar o resto da campanha. Já participei de um debate lá na TV Bandeirantes, porque não coincidia, na verdade, não conflitava com o horário aqui da nossa Assembleia de São Paulo.

Rio Preto fica a 438 quilômetros daqui. Não dá para sair correndo daqui para ir para lá. Os horários de voos também, se eu fosse sair hoje para voltar, não chegaria a tempo de participar desse debate.

Então, quero explicar para as pessoas exatamente isso. O meu coração, a minha alma não permite que eu falte aqui para participar dessa ação política lá. As minhas opiniões, os meus programas que quero implantar lá na Prefeitura de Rio Preto, se por um acaso for o escolhido, as pessoas já começaram a saber desde que a campanha começou a se desenrolar.

E vai ainda haver muitas manifestações próprias, minhas, no programa gratuito da TV e nos próximos debates que acontecerão, mas hoje - quero deixar essa explicação clara -, eu não poderia deixar de estar aqui na Assembleia cumprindo com meu papel e com meu mandato de deputado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Era isso que tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado Valdomiro Lopes. Seguindo a lista de inscritos, convido a deputada Thainara Faria. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Convido o deputado Reis. Vossa Excelência tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. REIS - PT - Presidente, eu volto à tribuna para falar um pouco sobre a fala do deputado capitão Conte Lopes. Sobre o que o capitão traz aqui a respeito da sucessão na Prefeitura de São Paulo, eu tenho concordância com ele.

Eu achei muito ruim o partido dele não ter lançado um candidato à prefeitura.  Seria de bom tom que o PL tivesse um candidato em São Paulo e não fosse usado como um cavalo para carregar outros partidos, para carregar o MDB. Seria bom que nós pudéssemos medir realmente o tamanho de cada partido, inclusive o tamanho do PL em São Paulo. Mas o PL acabou seguindo a intuição bolsonarista e não lançou uma candidatura em São Paulo.

Agora, surgiu um candidato que eu classifico - viu, deputado Conte Lopes? – muito próximo ao João Agripino Doria, esse Pablo Marçal. Muito próximo ao João Agripino Doria porque é um “Prometeu”, é um cara que promete muito, como foi o caso do João Doria quando se candidatou à Prefeitura de São Paulo e, quando chegou lá, não fez nada. Ficou um ano e três meses, aí se candidatou a governador. O povo o elegeu; também não fez nada.

O que ele mais fez, tanto na prefeitura como no estado de São Paulo, foi perseguir os funcionários públicos, foi aprovar uma série de legislações para prejudicar os funcionários públicos.

É o caso do confisco que o Supremo agora está derrubando: o servidor público da prefeitura, mesmo aposentado, tem que pagar 14% de contribuição previdenciária. Quatorze por cento. Não é acima do teto, é 14% de qualquer real que ele receber, ele tem que recolher para a previdência do município.

Aqui no estado de São Paulo aconteceu isso também, o Doria aprovou isso também. Ainda bem que a Assembleia acabou derrubando, aprovando uma lei complementar aqui que revogou o confisco. Mas, na Prefeitura de São Paulo, o confisco ainda continua.

Então, você vê um candidato com ideias mirabolantes, esse Pablo Marçal, ele vem com umas ideias que dificilmente serão aplicadas. “Vou construir, para resolver o problema da mobilidade, um sistema de transportes que vai vir lá de Perus e vai até o centro de São Paulo de forma aérea, em cabos”. Coisa que não vai conseguir fazer.

Ontem, eu vi um pedacinho da entrevista dele, da sabatina dele lá na GloboNews, e deu para perceber que é uma pessoa que não tem conhecimento do que é a administração pública.

“Vou resolver o problema das cirurgias eletivas em questão de dias”. “Mas se o Brasil inteiro faz uma quantidade de operação, como é que você vai fazer isso aqui em uma cidade igual São Paulo?”, “Eu vou usar todo o sistema de Saúde, vou conveniar com as prefeituras do interior...”.

Gente, as prefeituras do interior vivem chorando aqui pedindo emendas para dar o mínimo de atendimento nos postos de saúde, nos hospitais municipais do interior. Como que esses hospitais vão fazer cirurgias da população de São Paulo?

Aliás, as pessoas do interior, da Região Metropolitana, já vêm para cá para serem atendidas aqui. Quem está no entorno de São Paulo já vem para a cidade de São Paulo para ser atendido aqui. Essa é a realidade.

Então, é uma fala de uma pessoa que não conhece a realidade, que não sabe o que está falando, não sabe como funciona a administração pública, porque ele nunca dirigiu nada público.

Uma coisa é o cara ser um empresário, o cara ter sua lojinha lá, onde ele faz o que bem entende, mas a administração pública tem regras, tem ordenamento jurídico. Ninguém chega aqui e faz o que quer.

O Doria quis fazer isso. O Doria, quando se elegeu prefeito, achava que ele era o imperador, aí ele fazia tudo por decreto: extinguia secretarias por decreto, como foi o caso da Secretaria de Igualdade Racial, da Secretaria das Mulheres; mudou o nome da subprefeitura para prefeitura regional por decreto. Ainda falei para ele: “- Mas, prefeito, você não pode fazer por decreto. Tudo que é aprovado por lei, só uma outra lei pode revogar. Isso aqui é uma República. Isso aqui não é um império em que V. Exa. é o dono dele, no qual V. Exa. acha que tem súditos”.

Então, é muito preocupante o povo, às vezes, acreditar nessas ladainhas, nessas histórias da carochinha, porque depois a conta fica muito alta. O processo eleitoral tem ônus e tem bônus, depende de como o povo vota e de como o povo acerta. Nós esperamos que o povo escolha o melhor, que o povo vá às urnas, dia seis de outubro, e escolha o melhor, aquele que realmente possa melhorar a cidade de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Agradeço ao deputado Reis. Não havendo mais inscritos no Pequeno Expediente, encerro o Pequeno Expediente e, imediatamente, abro o Grande Expediente convidando os Srs. Deputados de acordo com a lista de inscritos.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Convido a deputada Ana Perugini. (Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputado Caio França. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Reis. Vossa Excelência tem a palavra pelo tempo regimental

 

O SR. REIS - PT - Deputado Reis não falta. Chamou, estou aqui. Muito obrigado, presidente. Continuando o nosso debate, Sr. Presidente, eu quero falar sobre o primeiro simpósio que foi feito pela Federação dos Funcionários, dos servidores públicos do estado de São Paulo, sobre o assédio no serviço público.

Ontem, deu-se início, às 14 horas, a esse grande simpósio, que está sendo realizado lá na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Eu quero parabenizar a iniciativa e a participação de vários técnicos no assunto, em que está sendo discutida essa questão do assédio moral, o assédio aos funcionários públicos. Eu ainda disse que o maior assediador, a pessoa que mais provoca assédio moral no estado de São Paulo é o próprio imperador, o próprio imperador.

Por que o próprio imperador? Quando ele deixa de fazer concursos públicos, quando ele não contrata os servidores públicos para cumprirem o seu papel e a gente vê servidor trabalhando por dois, por três, por quatro e até por dez funcionários – como é o caso da Polícia Civil - inclusive em tese, no meu entendimento, os deputados deveriam estar visitando as delegacias para verem o caos em que elas estão, para verem o caos.

Isso é um assédio. O servidor ali está sendo atingido moralmente, porque ele está trabalhando em excesso, ele não tem, muitas vezes, quem esteja ali do lado dele para ajudá-lo, um funcionário sozinho cuidando de toda uma delegacia, porque o governador não contratou os profissionais no tempo certo, fez um concurso, agora chamou quatro mil. “Ah, chamei quatro mil”, muito insuficiente, tem 17 mil vagas em aberto na Polícia Civil e na Polícia Militar também nós temos cerca de 20 mil vagas em aberto.

Então, toda vez que o servidor tem que trabalhar por dois, três, quatro, ele também está sendo assediado moralmente. Esse foi o início do meu discurso. O maior assediador no serviço público hoje é o imperador. “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. E dotados como estão por razão e de consciência, devem comportar-se fraternalmente uns com os outros”.

No caso do assédio moral no serviço público, parece que algumas pessoas se julgam melhores, com mais direitos e, principalmente, com o direito de humilhar os demais servidores que, na verdade, são seus iguais, porque todos prestaram o concurso, trabalham ali na mesma repartição. O patrão é o governo, mas ali está todo mundo em pé de igualdade.

Sabemos que o assédio moral é traduzido como a violência moral no trabalho, é “a exposição de trabalhadores a situações humilhantes, constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comum em relações hierárquicas, autoritárias e assimétricas, ou seja, relações desiguais em que predominam condutas negativas, relações desumanas e a ética de longa duração de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, muitas vezes forçando-o até a desistir do emprego”.

Os servidores: “nós contamos com a estabilidade que, de alguma forma, nos protege”, porém, os servidores públicos estão sujeitos a normas e práticas que dão ao assediador amplas possibilidades de abusos, que se materializam em transferências, por exemplo - eu mesmo já fui transferido mais de 30 vezes - viu, deputado Valdomiro?

Eu já fui trabalhar em delegacias lá em Perus, em Taipas, em Lajeado, isso é uma forma de assédio, é uma forma de perseguição, e é o que está acontecendo também, pelas denúncias que nós temos, na Polícia Penal, que não pode sequer publicar nada lá no seu Facebook. Dependendo do que se publica, no outro dia já tem um Pad, um processo administrativo. Isso é também uma forma de perseguição.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Guilherme Cortez.

 

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O presidente do Sindicato do Sistema Prisional tem trazido essas denúncias várias vezes, e na própria lei, o projeto de lei complementar que foi enviado para esta Casa, o PLC 37, tem um artigo que fala que se você estiver em uma postagem, em uma foto de alguém que um dia teve passagem na polícia, que teve uma conduta duvidosa...

Imaginem vocês: eu estou em uma festa, tem uma pessoa do meu lado que eu nem conheço, aí é postado lá no Facebook ou em outra rede social, e ela tinha passagem na polícia. Pronto, já pode ensejar um processo administrativo contra aquele policial.

Isso é uma forma absurda de assédio que, inclusive, veio no texto da Lei Complementar nº 37, que nós estamos pedindo para o relator, o deputado Delegado Olim, retirar, suprimir esse artigo que veio nesse famigerado texto.

Abusos que se materializam em transferências, em inquéritos administrativos, em processos disciplinares, muitas vezes em represálias que se dão à simples manifestação do servidor para melhorar aspectos do próprio trabalho.

É o caso que eu já disse aqui da Polícia Penal. Temos notícia de servidores, de policiais civis, penais e técnico-científicos que desenvolveram graves doenças mentais em consequência do estresse, do excesso de trabalho e do assédio moral.

Alguns infelizmente vão ao suicídio por não enxergarem saída diante dessas situações. Vejam vocês, a taxa de suicídio na Polícia Civil é pandêmica. Vários colegas nossos se suicidaram, ceifaram a sua vida.

Isso a gente tem dito e falado para o governo, dessa taxa pandêmica, mas muito pouco é feito para reduzi-la. Temos acompanhado inclusive o caso de sindicalistas serem processados por reivindicar que o Governo do Estado contrate mais servidores, pois sabem que as condições de trabalho aviltantes, a falta de pessoal e certos procedimentos adotados pelas autoridades são um conjunto que coloca a saúde mental e a própria vida dos policiais penais em risco.

Sabemos que o assédio moral consiste na humilhação do outro, e humilhação é aquele sentimento de ser ofendido, diminuído, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, constrangido ou vexado pelo outro.

Temos então, não só no âmbito da Polícia Penal, mas também no da Polícia Civil e da Polícia Técnico-Científica, uma situação em que os servidores são humilhados, diminuídos, menosprezados e rebaixados ao serem obrigados a cumprir uma carga de trabalho muito superior àquela que deveriam cumprir.

Muitas vezes, o servidor que está ali na delegacia tem que ficar 16, 18, até 20 horas, por falta de pessoas para trabalhar. Pegam um flagrante, às vezes vai o dia, vai a noite, e nem sequer recebem por isso, não têm adicional noturno, não têm horas extras - em que pese que a Lei Orgânica Nacional agora trouxe que, sim! é direito do servidor, do policial civil, receber horas extras e adicional noturno.

Podemos falar, então, de uma violência laboral institucional praticada, exercida pelo próprio estado, uma violência generalizada a todas as polícias, que se agrava com ação no varejo de alguns dos seus agentes, que se sentem autorizados a praticar atos de assédio moral frente às precariedades existentes nas instituições.

São precariedades materiais e humanas, pois faltam insumos, equipamentos e, acima disso, faltam braços e cérebros para trabalhar. Eu estive na delegacia do Campo Limpo agora e fiquei sabendo que até o contrato de limpeza não existe mais. Os policiais agora é que têm que fazer faxina na delegacia, para ver a situação do funcionamento das delegacias.

Penso em saídas das quais não podemos prescindir. A primeira é a luta coletiva, a luta sindical, em juntarmos as nossas forças para denunciarmos, pressionarmos e exigirmos decisões políticas e providências administrativas para equipar, fazer concurso público e contratar mais profissionais para suprir as nossas repartições públicas das condições de trabalho adequadas. Depois, a política e o convencimento via parlamentares.

É muito importante que o Parlamento se aproprie dessa situação, se convença de que precisa, sim, combater todo e qualquer tipo de assédio aos servidores públicos, porque, se o governo tem uma base de apoio que também se diz protetora dos policiais, e aqui nós temos uma base que se diz defensora dos policiais, mas que precisa sair a campo e ir às localidades para identificar todos esses problemas que estão acontecendo nas delegacias.

Ela precisa convencer esse governo a tomar as decisões políticas. Veja bem, um vale-refeição de 12 reais é também uma forma de assédio. O que se compra com 12 reais? Nós temos denunciado aqui direto, temos pedido à base do governo para nos ajudar a convencer o governador a mudar isso aí.

Ela precisa convencer esse governo a tomar as decisões políticas que resolvam os problemas da falta de pessoal, da estrutura inadequada e da falta de insumos, de forma que o Estado deixe de ser um assediador moral e institucional.

Então eu vou encerrar por aqui, Sr. Presidente, dizendo que é muito importante a formulação técnica, filosófica e gerencial que leve ao serviço público e principalmente às polícias uma nova cultura, uma nova visão das relações humanas dentro dessas organizações.

Nesse sentido, caberia aos policiais e aos demais servidores públicos estaduais discutirem, formularem políticas internas que regrassem essas relações, de forma a coibir quaisquer práticas abusivas.

Penso que, após a produção desse ordenamento das relações internas das polícias, ele deveria ser apresentado e discutido com o Governo e com o Parlamento, cabendo, ainda, muita pressão organizada pelos sindicatos para que se transforme em realidade. Ou seja, nós precisamos de uma legislação para combater o assédio.

Eu fui pesquisar; não existe uma legislação, deputado Valdomiro Lopes, não existe um programa de combate ao assédio no serviço público. Então, nós temos que... o Parlamento aqui, porque um grande problema é que muitas vezes a gente constrói um texto... eu vi o texto que o deputado Valdomiro Lopes construiu para dar resposta para o Iamspe, e o governador vetou.

Então, muitas vezes a gente vem com esforço, apresenta um projeto para dar resposta para essas demandas e, quando chega na mão do imperador, o que o imperador fala? Não, veto.

O ideal seria uma combinação ampla dessas três possibilidades: luta coletiva com mobilização e pressão via sindicato; articulação e pressão parlamentar para a adoção dessas medidas e a formulação de um ordenamento de relações internas com a devida mobilização para que seja adotado.

Encerro aqui o meu discurso, deputado Guilherme Cortez, encerro lembrando as palavras de nossa Constituição Federal, no seu Art. 5º, inciso III: “Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento desumano ou degradante”.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Muito obrigado, deputado Reis. Na sequência, chamo para fazer uso da tribuna o deputado Valdomiro Lopes, que tem o tempo regimental de dez minutos para fazer suas considerações.

 

O SR. VALDOMIRO LOPES - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, assumo novamente a tribuna, no Grande Expediente, para falar de um assunto que está assolando o interior do estado de São Paulo, que é a questão dos incêndios criminosos que estão assolando toda a região norte e noroeste do estado de São Paulo.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

* * *

 

É muito grave isso, causando uma devastação da natureza, com morte dos animais. As condições respiratórias das pessoas, principalmente de crianças e dos mais velhos, está praticamente insustentável, e as cidades foram tomadas por uma onda de fumaça. Eu vejo lá pela nossa São José do Rio Preto, que ficou envolvida no domingo, também uma parte da segunda-feira, com a condição do ar completamente rarefeita, de forma ruim.

Nós temos que nos lembrar que essa suspensão da fumaça, proveniente de queimadas, tem micropartículas que são respiradas por todos, mas em especial pelas crianças e pelos mais velhos, e elas são dificilmente eliminadas dos pulmões.

Ficam retidas no antro pulmonar, internamente nos pulmões, e causam, na verdade, vários tipos de alergia e de crises, principalmente àquelas pessoas que têm, na verdade, uma tendência a ter a doença asmática, as bronquites crônicas, os enfisemas pulmonares.

No caso dos mais velhos, é tremendamente destrutiva essa situação ambiental do ar completamente tomado, enfumaçado, e nessas condições de micropartículas que a gente às vezes não enxerga.

Você enxerga um mundo embaçado, um mundo de fumaça, mas, na verdade, essas micropartículas estão suspensas no ar e, quando a gente respira, a gente está ingerindo e mandando isso para dentro dos pulmões.

O ideal é que se use máscaras de proteção nas crianças, nos mais velhos, mas isso só não basta, só isso não basta. Nós temos que combater e prender esses criminosos que estão colocando fogo.

Eu vi pelas redes sociais, inclusive lá, nos arredores da nossa cidade, São José do Rio Preto, várias câmeras de segurança flagrando pessoas colocando fogo, incendiários colocando fogo e milhares de hectares sendo consumidos por aquele fogo criminoso que está tomando conta de toda a nossa região.

Eu fiz, inclusive, um pronunciamento nas minhas redes sociais em que eu falei sobre isso e pedi a Deus, no domingo, que mandasse uma chuva para limpar aquele ar e aplacar aquele fogo, aquele incêndio que estava consumindo grande parte do território da nossa cidade.

Parece que foi bom o meu apelo a Deus. Deus mandou uma grande chuva e o ar melhorou, as condições do ar melhoraram, mas nós podemos, na fase que estamos atravessando, de uma extrema seca, em um solo secando... a gente pode ter o retorno disso, novos incêndios acontecendo nos próximos dias.

Então, se você flagrar alguma pessoa fazendo esse ato criminoso de queimadas, avise a polícia. Eles têm que ser presos, são criminosos que nós não podemos perdoar.

Para finalizar, Sr. Presidente, eu gostaria de colocar aqui uma situação importante. Eu estou no meu quarto mandato de deputado estadual, três mandatos lá atrás. Depois de ter sido deputado estadual por três mandatos, fui duas vezes prefeito de São José do Rio Preto e, agora, estou no meu quarto mandato como deputado estadual.

Se tem uma coisa por que prezo é o voto das pessoas que me colocaram aqui para que eu exercesse, na verdade, a minha função de deputado, participando das sessões, participando das comissões das quais eu faço parte.

Agora eu faço parte de três comissões importantes: Comissão de Fiscalização e Controle, que vota, inclusive, as contas do governador ao final de cada ano; Comissão de Transportes e Comunicações - vocês sabem o quanto é importante essa comissão, porque mexe com a vida, não só a questão das estradas, da comunicação em geral, mas também dos pedágios, dos radares que são instalados nas estradas paulistas -, e também faço parte da Comissão de Habitação. Então, participo dessas três comissões, que têm sessões geralmente no período da manhã, que não coincidem com as sessões do plenário desta Assembleia.

Eu estou explicando tudo isso, porque, mesmo nos mandatos públicos de prefeito, quando exerci os dois mandatos como prefeito de Rio Preto, eu sempre fiz questão de honrar o voto popular, e aqui na Assembleia honrar esse voto não faltando às sessões, não faltando, fazendo todo o esforço para estar sempre presente na maioria dos atos institucionais e nos atos deliberativos desta Assembleia.

Fui convidado agora, porque sou candidato a prefeito lá em São José do Rio Preto, a participar de um debate que será hoje, na subseção da Ordem dos Advogados do Brasil lá de São José do Rio Preto.

E, com tristeza, participei as pessoas e os organizadores da minha impossibilidade de estar lá presente, mesmo querendo muito que isso pudesse acontecer, por conta da minha atividade institucional como deputado estadual.

Então, essa explicação eu precisava dar para não gerar nenhum novo tipo de dúvida sobre a minha participação. Gostaria muito de estar lá discutindo as ações políticas futuras da nossa cidade, os programas de governo.

Gostaria muito de debater, trocando ideias com os outros candidatos que também pleiteiam, na verdade, a cadeira de prefeito lá da minha cidade de São José do Rio Preto. Mas o voto popular e a minha missão de estar aqui, no cumprimento do meu mandato, não permitirão que eu esteja lá presente. Poderia até tentar pegar algum voo, mas chegaria atrasado, também, ao debate.

Então, eu quero dizer, com tristeza, que não poderei estar presente. E essa é a justificativa que eu quero que chegue aos organizadores desse debate da subseção de Rio Preto da Ordem dos Advogados do Brasil. Um grande abraço, presidente.

Obrigado pela oportunidade. E vamos em frente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Vamos em frente. Seguindo aqui a lista de oradores, chamo, para fazer uso da palavra no Grande Expediente, o deputado Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Leonardo Siqueira. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputado Carlão Pignatari. (Pausa.) Deputada Letícia Aguiar. (Pausa.) Deputado Vitão do Cachorrão. (Pausa.) Deputado - muito em breve em Franca - Guilherme Cortez.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito boa tarde, presidente, grande amigo deputado Reis, meus colegas presentes e o público que nos assiste aqui da galeria ou da Rede Alesp, além dos servidores desta Casa. Presidente, eu vim de Franca, onde eu também estou em campanha eleitoral, para dar o meu testemunho e o meu relato do que eu vi nesse último fim de semana.

Nesse último fim de semana, eu assisti, da janela da minha casa, à minha cidade ser engolida pela fuligem, que quando você olha desavisado você até acha que é neblina mas, na verdade, era a fumaça dos incêndios criminosos que tomaram conta do interior de São Paulo, sobretudo da região de Franca, Ribeirão Preto, no último fim de semana. Eu vi pessoas que passaram o fim de semana dentro de casa sem ir para a rua, por conta da qualidade do ar, que estava absolutamente irrespirável e insalubre.

O nosso Estado registrou esse ano o maior número de focos de incêndio dos últimos 26 anos. E a quantidade de incêndios acontecendo simultaneamente, presidente, nos leva a suspeitar de que não seja uma mera coincidência. Milhares de focos de incêndio se iniciaram em diversas cidades do estado de São Paulo no mesmo dia, no mesmo período, por uma coincidência?

Não parece coincidência nenhuma, parece muito mais uma ação orquestrada de pessoas criminosas que ateiam fogo na natureza, no mato, nos nossos biomas. É claro que a gente ainda precisa que as investigações sejam feitas, e felizmente o governo federal mobilizou a Polícia Federal para investigar a ocorrência de incêndios criminosos.

Certamente, esses incêndios estão relacionados com uma série de fatores; eles são agravados pelo período intenso e rigoroso de estiagem que a gente está tendo esse ano. Só na minha cidade, em Franca, a gente está há mais de 100 dias sem ter chuvas significativas. Tudo isso por conta da mudança climática, do aquecimento global, que alguns, inacreditavelmente, insistem em negar.

Mas, presidente, nenhum desses focos de incêndio - eu posso assegurar - foi cometido por fruto da natureza, de um raio, de um relâmpago. Cada um desses focos de incêndio teve como motivação a ação de uma pessoa, a ação de pessoas que atearam fogo nas suas fazendas, no mato, no lixo, na rua, e que provocaram esses incêndios com proporções e consequências gigantescas.

Pessoas que tiveram que deixar suas casas, que estão desabrigadas, produtores rurais que perderam toda a sua produção por conta das queimadas, fora o incalculável prejuízo para a saúde da população que foi afetada pelas toxinas e pela fumaça.

O nome dessas pessoas, presidente, a gente tem que falar o que elas são, são terroristas. Porque, quem atenta contra o nosso meio ambiente, contra a saúde, contra o nosso futuro, contra a vida, está cometendo um crime.

E é preciso que haja tolerância zero contra esse tipo de criminoso, das mais variadas motivações, desde quem coloca fogo para se divertir, infelizmente ainda existem pessoas que acham que é uma brincadeira atear fogo em um terreno baldio, por exemplo, pessoas que colocam fogo em um terreno com finalidades econômicas, porque lamentavelmente, uma porção de grandes fazendeiros, de usineiros, ainda utiliza o fogo indiscriminado como maneira de limpar de forma mais rápida o seu terreno, sem se preocupar com os prejuízos ambientais e para a saúde que essas queimadas vão ocasionar, até aqueles que fazem isso para espalhar o caos e o medo no nosso Estado e no nosso País.

Até agora, apenas três desses criminosos foram identificados e foram presos pela Polícia Federal. E nós esperamos que a Polícia Ambiental, a Polícia Federal, tenha as condições necessárias para identificar, para deter e para que essas pessoas paguem pelo imenso prejuízo ambiental, social e para a saúde da população que eles provocaram.

Agora, deputado Fiorilo, tem coisas que são inacreditáveis de tão cínicas, de tão irônicas, de tão cômicas, a gente chega a duvidar que elas estejam acontecendo. A gente vê a extrema-direita agora a pagar de arauto do ambientalismo, da preservação do nosso meio ambiente. A mesma-extrema direita que, quando estava no governo federal alguns anos atrás, passou a boiada, literalmente, sobre o nosso sistema e a nossa legislação de proteção ambiental.

A mesma extrema-direita que incentivou e acobertou a ação de incendiários no dia do fogo lá de 2021, assim como de garimpeiros, de madeireiros ilegais. A mesma extrema-direita que sempre negou a realidade do aquecimento global para tentar enganar a população e para tentar não atrapalhar os interesses econômicos de uma minoria da nossa sociedade que enriquece às custas da destruição do nosso futuro.

Os mesmos parlamentares da extrema-direita desta Casa que, no final do semestre passado, todos os bolsonaristas dos partidos de extrema-direita votaram contra o meu projeto de lei, que nós felizmente conseguimos aprovar, apesar desses votos contrários, para a gente incluir na grade da rede estadual de ensino a temática da educação sobre as mudanças climáticas.

E eu pergunto: quem tem medo de que as pessoas saibam e se conscientizem sobre a existência da mudança climática? E trago a resposta: aqueles que querem acobertar a responsabilidade de quem lucra, de quem se beneficia da destruição do nosso meio ambiente.

O governador Tarcísio, vamos lembrar que no ano passado nós também aprovamos uma lei nesta Casa para criar, aqui no estado de São Paulo, um sistema integrado de prevenção e monitoramento de eventos climáticos extremos, na esteira da tragédia que a gente viu acontecer no começo do ano passado em São Sebastião; esse projeto foi aprovado por esta Casa, inclusive com voto favorável dos deputados de sua base, vetou a lei de desastres climáticos.

O governador Tarcísio deixou o estado de São Paulo, deputada Ediane, mais vulnerável para o que aconteceu nesse fim de semana. Porque não adianta, depois que acontece uma tragédia, vestir o colete da Defesa Civil, se o governo não atua como pode no estado mais rico e mais estruturado do País para impedir que essas tragédias aconteçam.

Vamos lembrar que o governador Tarcísio vendeu terras públicas do estado de São Paulo a preço de banana, chegando até a 90% de desconto para os grandes fazendeiros do Pontal do Paranapanema. Terras que podiam ser utilizadas para reflorestamento, para preservação ambiental, mas esse não é o interesse desse governo.

E, por mais incrível que pareça, o mesmo governador que quando esse ano divulgou o seu plano de ação para combater as mudanças climáticas, não incluiu nada em relação às secas no nosso estado. Secas, estiagem, que é corresponsável pelos incêndios, pelas queimadas intensas que a gente enfrenta, sobretudo nesse período do ano, de agosto e setembro, no interior de São Paulo.

Eu quero parabenizar quem tem que ser parabenizado. O nosso Corpo de Bombeiros - ontem, eu tive a oportunidade de visitar o Corpo de Bombeiros de Franca -; a Polícia Ambiental, que é o setor mais abandonado, esquecido dentro da Polícia Militar, e presta um serviço importantíssimo para combater os criminosos ambientais; a Defesa Civil e os nossos brigadistas.

E para a gente se adaptar e minimizar as consequências dos eventos climáticos extremos - sobretudo para a população mais pobre, deputado Reis -, gente precisa fortalecer esse serviço, equipar esse serviço, melhorar a carreira desses servidores públicos que arriscam a sua vida para combater inundações, deslizamentos, enchentes e queimadas.

Eles merecem o nosso reconhecimento. Mas, mais do que o nosso reconhecimento, eles merecem a valorização, o investimento público necessário para que eles possam prestar esse trabalho, que em momentos como esse a gente vê a importância.

Mas, lamentavelmente, os deputados da base de apoio do governo Tarcísio rejeitam, em série, as emendas que nós, da oposição, propomos. Para você investir um recurso adequado na Defesa Civil, para você ter uma verba mínima adequada para o combate de eventos climáticos extremos e para que você possa promover uma transição ecológica no estado de São Paulo.

Deputado, a natureza não cansa de dar demonstrações para nós de que a exploração predatória do nosso meio ambiente - apenas para garantir os interesses particulares e econômicos de uma minoria inconsequente que está disposta a sacrificar tudo, até a vida, até o futuro, até a saúde das pessoas, para manter a sua saúde financeira -, a natureza não cansa de nos dar explicações, motivos, exemplos de que isso vai nos conduzir para o precipício.

Em 2021 a gente também teve um ano - eu nem era deputado ainda -, a gente também teve um ano de estiagem muito severa, de queimadas muito intensas. A cidade de Franca também foi coberta, não por uma nuvem de fumaça, mas por uma nuvem de terra, porque o solo estava desprotegido, por conta de práticas agrícolas insustentáveis e ultrapassadas.

De 2021 para cá, nada foi feito para impedir que isso se repetisse. No começo da nossa legislatura, no ano passado, a gente se solidarizou com o que aconteceu em São Sebastião, quando mais de 60 pessoas perderam a vida e tantas outras perderam as suas casas por conta de uma tempestade muito acima da média. Porque nenhum desses eventos está dentro da margem, nenhum desses eventos é normal, é natural.

A gente não está vivendo uma situação ordinária, a gente está vivendo uma emergência climática. Nada foi feito substancialmente por esta Casa, para impedir que eventos como o que aconteceu em São Sebastião voltem a se repetir.

Quando o Rio Grande do Sul ficou debaixo d'água, a gente viu todos os deputados virem aqui se solidarizarem com o Rio Grande do Sul, mas a gente não viu os deputados da base do governo terem coragem de fazer jus à sua solidariedade. E na hora de votar a LDO, votar uma LDO que prevê esse recurso para impedir que o que aconteceu no Rio Grande do Sul acontecesse aqui.

E agora, quando a gente lamenta as perdas humanas, econômicas, ambientais e para a saúde da população, decorrentes da queimada do interior, eu espero que esta Casa seja capaz de fazer algo para que o que a gente viu no fim de semana não volte a se repetir.

E, por isso, eu estou apresentando um pedido para a gente instalar aqui nesta Casa uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a ocorrência de incêndios criminosos no estado de São Paulo, para a gente poder entender e diagnosticar se esses incêndios foram de fato uma ação coordenada e orquestrada por criminosos. e com qual motivação.

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo não pode se furtar do seu dever de investigar, de fiscalizar e de combater essa realidade.

Muito obrigado, Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem. Continuando na lista, chamamos para fazer uso da palavra a deputada Marina Helou. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo, por pergunta com a deputada Márcia Lia.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, aqueles que nos acompanham das galerias, pela TV Alesp, assessoria das bancadas, eu vou aproveitar aqui o Grande Expediente para tratar de dois assuntos.

Um deles, que me preocupa muito como líder da Federação, diz respeito ao companheiro deputado Luiz Claudio Marcolino. Semana passada, já nessa tribuna, muitos usaram da palavra para tratar do que ocorreu com o deputado. Mas eu queria fazer aqui uma outra abordagem.

No Colégio de Líderes hoje eu levei ao conhecimento dos deputados e deputadas o que ocorreu com o deputado Luiz Claudio Marcolino e sugeri ao presidente que pudesse fazer um diálogo com o coronel Cássio para que a gente tenha um encaminhamento do coronel com a tropa e da Assembleia com o coronel. Por que eu estou dizendo isso? Nós temos nesta Casa 94 parlamentares, que têm as suas prerrogativas legislativas, que precisam ser respeitadas.

Temos o papel da polícia, que também tem que ser observado. O que nós não podemos é permitir que as prerrogativas parlamentares não possam ser observadas nas ruas, que aqui nesta Casa elas o são. O problema é quando você está exercendo o seu mandato no dia a dia nas atividades extra Casa.

Eu tenho certeza e espero sinceramente que a gente possa chegar a um acordo no encaminhamento mais correto e mais coerente, com o comandante Cássio e com o presidente desta Casa.

A bancada da federação se dispôs a dialogar e participar desse debate, até porque o deputado Luiz Claudio, o senhor sabe, fez os encaminhamentos necessários para que se apure se houve excesso, a responsabilidade e, ao se comprovar, que se tome as medidas necessárias para que se evite novamente esse tipo de ação, desnecessária, descabida e com um excesso de repressão, que poderia ser evitado.

Dito isso, Sr. Presidente, eu gostaria de retomar aqui um debate que o deputado Cortez trouxe com relação às queimadas. Eu queria trazer um outro enfoque, que eu acho que tem diretamente a ver aqui com a gente, para além das questões que o deputado trouxe. O Governo do Estado, no ano passado, executou, do Orçamento, em torno de 93 milhões, no combate ou no programa que existia de combate a incêndios.

Tinha até um nome interessante, acho que era São Paulo Contra o Fogo, coisa do tipo. E esse ano, no Orçamento do ano passado, esse ano o governo criou uma dotação orçamentária. Só para quem nos acompanha, o ano passado você não tinha uma dotação, você tinha recursos espalhados, e dessa vez o governo estabeleceu uma dotação.

O que é triste é que a dotação que o governo estabeleceu para 2023 é de 3,3 milhões. Vou repetir. O governo destinou para o programa que ele criou, um programa novo chamado “São Paulo Sem Fogo”, 3,3 milhões, o que representa, do orçamento de 328 bilhões, 0,001 por cento. É praticamente nada diante do desafio que está colocado das queimadas.

A gente está questionando inclusive o Ministério Público para que se manifeste, até porque há uma série de dúvidas se essas ações estão sendo orquestradas, se há uma quadrilha, se tem gente envolvida de forma criminosa e é preciso apurar.

Agora, o Governo do Estado não pode destinar só R$ 3,3 milhões para o combate a incêndio. Eu tive o desprazer de, na sexta à noite, voltando para São Paulo de Araraquara, no início da Bandeirantes, quando a gente entra na Bandeirantes, a gente tinha ali um cenário devastador, árvores queimando, casas próximas das áreas de incêndio.

E eu não vi, confesso ao senhor, à noite, nenhum, mas nenhum carro de combate a incêndios, porque eles estavam inclusive ao lado da rodovia em muitas das áreas que tinham ainda focos de incêndio.

O que chama atenção - e eu concordo aqui com o deputado Cortez - é que se a gente precisa elogiar, tem que elogiar o Corpo de Bombeiros, tem que elogiar os brigadistas e assim por diante. Mas eu fui dar uma olhada quantos brigadistas a gente tem, por exemplo, em Ribeirão Preto; são nove. Em São José do Rio Preto, são doze.

Assim, como é possível a gente acreditar que com um Orçamento de R$ 3,3 milhões, com nove brigadistas em Ribeirão Preto, com 12 em São José do Rio Preto, a gente vai conseguir ter um combate efetivo aos incêndios? Jamais, jamais. E pior, a situação de saúde se agrava. Eu passei em Araraquara esse final de semana por motivos pessoais e a situação é gravíssima.

O ar é irrespirável praticamente e o atendimento à saúde o governo só “startou” depois. Então tem uma série de coisas que a gente está questionando o Comitê Executivo de Operações São Paulo Sem Fogo e também ao Ministério Público, como eu disse.

E eu vou aqui declinar quais são os questionamentos que a gente está apresentando: 1) Qual é o plano anual de trabalho definido no âmbito do sistema estadual de prevenção e combate a incêndios florestais - operação “São Paulo Sem Fogo” - para o ano de 2024? Por que ele não está disponível no site ou no sítio eletrônico da operação?

2) Quais foram as ações planejadas para a temporada da fase verde, de janeiro a março de 2024? Favor identificar as ações por órgão, suas respectivas metas e informações sobre seu cumprimento.

3) Quais ações preventivas foram intensificadas no período da fase amarela? Favor identificar as ações por órgão, suas respectivas metas e informações sobre o seu cumprimento. 4) Quais ações de resposta e combate ao fogo foram realizadas desde junho? Favor identificar as ações por órgão, suas respectivas metas e informações sobre seu cumprimento.

5) Quais as ações de fiscalização repressiva foram empreendidas? Favor identificar as ações por órgão, suas respectivas metas e informações sobre seu cumprimento. 6) Informar o recurso orçamentário destinado e efetivamente executado no financiamento das ações do Sistema Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais - operação “São Paulo Sem Fogo” - nos anos 2023 e 2024.

7) Quantos equipamentos de prevenção ou combate a incêndios foram entregues a municípios no ano de 2024 até o momento? Detalhar o polo regional ou município. 8) Quais equipes e brigadistas existem no âmbito da operação “São Paulo Sem Fogo” no ano de 2024? Identificar por tipo de brigadista (estadual/municipal/voluntário) ou por polo regional.

Sr. Presidente, essas questões vão ajudar muito a elucidar como o governo estadual tem enfrentado essa situação tão grave no Estado. E não adianta, como disse aqui já o deputado, colocar um colete da Defesa Civil para poder andar nas matas que foram incendiadas que estão praticamente devastadas pelo incêndio. Eu registro aqui que as ações de 2023 mostravam R$ 3,5 milhões na compra de 100 motobombas e tanques rígidos para equipar municípios convenientes.

Esse valor de 2023 é maior do que o governo destinou para 2024; R$ 7,56 milhões para contratação de bombeiros civis para atuar em 81 unidades de conservação; R$ 22 milhões para equipar os municípios com 100 veículos e 250 itens para combate a incêndios; R$ 59 milhões para contratação de serviços de conservação e manutenção das margens das rodovias.

E aqui eu deixo um outro alerta: qual é a responsabilidade das rodovias que são concessionárias? É preciso deixar claro aqui qual é o papel delas. Eu vi, em outras rodovias do Estado, o combate imediato a pequenos focos. Agora, quando o incêndio toma uma proporção enorme, não adianta ter um carro ou oito brigadistas para tentar combater o incêndio.

Então, o Governo do Estado deve muitas explicações, para além da ação da Polícia Civil, para poder apurar quem tem cometido esse crime, punir os responsáveis e descobrir se há ou não algum tipo de articulação maior que envolva mais pessoas. É fundamental que seja feito de forma muito rápida.

Agora, é inadmissível que o Governo tenha destinado apenas 3,3 milhões. Já executou 90%, ou seja, quase a totalidade dos 3,3 milhões já foram gastos. É preciso que o Governo venha a público explicar como é que ele trata uma situação tão grave com tão pouco dinheiro. Esse plano, esse programa “São Paulo Sem Fogo”, eu diria que é sem fogo, sem dinheiro e sem plano.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Sr. Presidente, havendo acordo entre os líderes, solicito o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o requerimento de Vossa Excelência. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje, lembrando-os ainda da sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 26 minutos.

           

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