2 DE AGOSTO DE 2024

95ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDUARDO SUPLICY, CARLOS GIANNAZI e DANILO CAMPETTI

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h10min.

        

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Anuncia a presença de integrantes do Parlamento Jovem do município Pilar do Sul, nas galerias.

        

7 - CAPITÃO TELHADA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência. Cumprimenta os integrantes do Parlamento Jovem do município Pilar do Sul.

        

9 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - DANILO CAMPETTI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

11 - DANILO CAMPETTI

Assume a Presidência.

        

12 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - EDUARDO SUPLICY

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

14 - PRESIDENTE DANILO CAMPETTI

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 05/08, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h07min.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados sobre a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Gostaria de informar aos colegas deputados e aos servidores dessa Casa que, por recomendação médica, hoje eu não estou abraçando, beijando, dando a mão, mas é uma questão preventiva, por alguns dias eu vou ter esse procedimento.

Vou chamar agora a lista de oradores do Pequeno Expediente. Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)  Deputado Caio França. (Pausa.) Deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, após muita mobilização dos servidores do sistema prisional e das suas entidades representativas, e também após a pressão que a gente tem feito, Sr. Presidente, já há muito tempo, aqui pela Assembleia Legislativa, pela tribuna, pelas comissões, nas manifestações junto aos servidores e às entidades, o governo, até que enfim, encaminhou à Assembleia Legislativa o Projeto de lei Complementar nº 37.

Está aqui, foi publicado ontem, apresentado ontem, na verdade, aqui na Assembleia Legislativa, regulamentando a emenda constitucional estadual, que nós aprovamos em meados de 2022 aqui, que regulamenta a Polícia Penal. Esse PLC 27 cria a Lei Orgânica da Polícia Penal. Ele institui a carreira e define o estatuto da Polícia Penal. Nós estamos ainda analisando o projeto, ele é muito complexo, Sr. Presidente, tem muitos artigos.

Mas, inicialmente, eu gostaria de dizer que ele deixa a desejar, no sentido de que ele não contempla uma parte importante das reivindicações que estavam sendo feitas - estão sendo feitas -, pelos servidores do sistema prisional, que estão com os salários arrochados há muitos anos, defasados, que têm uma evolução funcional extremamente precarizada e difícil, que trabalham em condições, também, às vezes até subumanas, Sr. Presidente, de trabalho enfrentando a superlotação carcerária.

Servidores que são ameaçados pelo crime organizado, muitas vezes, em várias regiões do nosso Estado, que arriscam as suas vidas diariamente nesse tipo de trabalho. Então, uma boa parte das reivindicações, Sr. Presidente, essas reivindicações não foram atendidas nesse PLC, nessa lei complementar, nesse Projeto de lei Complementar, que será uma lei complementar após a sua aprovação.

Então, eu gostaria aqui de registrar, por exemplo, que os motoristas de SAP que transportam os presos, Sr. Presidente, não foram incluídos na Polícia Penal, não serão considerados policiais penais. Olha o absurdo que é isso? Nós estamos reivindicando isso já há um bom tempo. Os motoristas são policiais penais e devem estar incluídos nesse PLC nº 37. Os oficiais administrativos também, Sr. Presidente, estão lá dentro trabalhando nos presídios, no sistema penitenciário e ficaram de fora.

Tem absurdos nesse projeto, como por exemplo, tem um artigo que diz que os servidores serão agora investigados e serão punidos ou não pela própria SAP.  Eles não serão mais julgados pela PGE, pela Procuradoria Geral do Estado, como todos os outros servidores. Caso haja algum tipo de reclamação, de irregularidade, de processo administrativo contra um servidor, ele tem amplo direito de defesa, mas o projeto muda isso de tal forma que ele, o servidor, ficará refém da sua própria administração, sem ter direito a recurso administrativo, não chega na PGE, Sr. Presidente.

Isto é um absurdo e também é um instrumento de perseguição aos servidores e às servidoras do sistema prisional. Tem mais, Sr. Presidente, algo que me deixou muito preocupado, e também os próprios servidores: um artigo, por exemplo, que atenta contra a liberdade sindical, contra a liberdade de manifestação, de greve dos servidores... De greve é uma discussão que está aí do ponto de vista mais federal, mas de manifestação, de crítica aos atos da administração.

Inclusive, esse artigo que está nesse PLC tem que ser extinto porque ele não tem validade constitucional, Sr. Presidente. Porque, em 2008, nós já derrubamos, nós conseguimos extinguir do Estatuto do Funcionalismo Público a proibição, para que os servidores pudessem fazer manifestações públicas e críticas aos atos administrativos e às autoridades instituídas.

Existia esse artigo no nosso Estatuto do Funcionalismo Público, que era de 68, que foi aprovado na época ainda no ano da publicação do AI5, da Ditadura Militar no Brasil. Nós conseguimos extinguir de tal forma que o servidor público tem direito de livre manifestação, de pensamento, de organização sindical, de se manifestar criticamente em relação aos atos da administração e às autoridades constituídas. Ele tem esse direito, ele tem essa garantia, Sr. Presidente, que é uma garantia do Art. 5º da Constituição Federal.

Então, esse artigo aí tem que sair desse projeto que regulamenta a Polícia Penal, ele é inconstitucional. Meu tempo terminou, Sr. Presidente, mas nós voltaremos a debater esse PLC nº 37, que regulamenta a Polícia Penal do Estado de São Paulo, nós temos que fazer todas essas alterações que eu citei e muitas outras e nós vamos debater isso com as entidades representativas dos servidores e das servidoras do sistema prisional para que ninguém fique de fora dessa regulamentação. Nós não podemos deixar os motoristas nem os oficiais administrativos nem outros segmentos importantes dos trabalhadores e das trabalhadoras do sistema prisional.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Carlos Giannazi. Eu também considero importante que, finalmente, tenha sido atendida a reivindicação dos que trabalham na Polícia Penal. Obviamente vamos ter a oportunidade de dialogar e de decidir sobre pontos tais como os que salientou em seu pronunciamento. Eu agradeço se o deputado Carlos Giannazi puder me substituir, porque está chegando a hora da minha inscrição.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra, o deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Com a palavra, o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra, o deputado Felipe Franco. (Pausa.) Com a palavra, o deputado Eduardo Suplicy, que fará o uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Giannazi, deputado Capitão Telhada, senhores deputados, senhoras deputadas, temos hoje uma boa notícia a assinalar, pois ontem foi lançado o programa de governo “Amor por São Paulo”, de Guilherme Boulos e Marta Suplicy. E eu quero assinalar que se trata de um programa bastante inovador e há previsão de 50 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos.

Este programa, chamado de “Amor por São Paulo”, conta com 119 propostas, divididas em 27 temas, como: Saúde; Educação; Juventude; Segurança Urbana; Mobilidade; Meio Ambiente; Habitação; População em Situação de Rua; Cracolândia; Reestruturação do Centro; Trabalho e Desenvolvimento Econômico; Assistência Social e Combate à Fome; Defesa e Proteção Animal; Cultura, Esporte e Lazer;

 Pessoas com Deficiência; Primeira Infância e Adolescência; Pessoas com 60 ou Mais Anos; Mulheres; SP Antirracista; Direitos Humanos; LGBT+; Descentralização e Participação Social, Gestão, Transparência e Combate à Corrupção; Desenvolvimento Urbanos e Zeladoria; e Povos Indígenas e Internacional.

Destaco, no âmbito da Assistência Social, a ampliação do orçamento com a formulação de políticas complementares de transferência de renda, com a reforma do antigo programa “Renda Mínima”. Tal proposta estará em consonância com a futura implantação da Renda Básica de cidadania universal e incondicional, prevista na Lei Federal nº 10.835, de 2004, e na Lei Federal nº 14.601, de 2023, do programa “Bolsa Família”.

Esta Lei nº 14.601, de 2023, ela extingue o “Auxílio Brasil”, reinstitui o programa “Bolsa Família”, afirmando que se trata de um passo na transição em direção à renda básica universal. diversão. Além disso, destaco a seguir outros importantes pontos que o programa traz.

Na Saúde, a criação do “Poupatempo da Saúde” para zerar as filas de espera para exames e consultas na rede pública, como a criação de 16 equipamentos de policlínicas e centros diagnósticos descentralizados, criação de “Mais Médicos e Especialidades”, fortalecimento da rede de saúde mental.

Educação, implantação da educação integral em todas as escolas, acompanhamento de psicólogos em todas as escolas, mutirão para acabar com o analfabetismo, implementação do programa “Escola Aberta” com atividades aos finais de semana e entrega de, no mínimo, 22 novos CEUs.

Segurança Urbana, implementação dos programas “São Paulo Mais Segura” e “Escola Segura”, dobrando o efetivo da GCM a atualmente sete mil agentes e garantindo uma viatura da GCM na porta de cada escola. Implementação do programa de “Combate à Violência Doméstica”, “Força-tarefa de Enfrentamento à Receptação de Celulares Roubados”, valorização da GCM, equipando todo o efetivo operacional com câmaras corporais, renovando os equipamentos e viaturas que estejam obsoletos.

Mobilidade, expansão dos corredores de ônibus, expansão do programa “Tarifa Zero”, ampliação das políticas públicas voltadas a pedestres e ciclistas.

Meio Ambiente, “Plano de Drenagem e Combate à Crise Climática”, criação de corredores verdes, universalização da coleta seletiva de resíduos, sistema municipal de gestão integrada para as áreas de preservação e recuperação de mananciais.

Habitação. Programa “Periferia Viva de Urbanização e Melhoria habitacional”. Implementação do serviço de locação social. Amplo programa de regularização fundiária. Construção de 50 mil unidades habitacionais de interesse social.

População em situação de rua. Acolhimento humanizado. Programa “Moradia Primeiro”. E inclusão da população de rua em todos os programas de moradia, nos empreendimentos da “Minha Casa Minha Vida”. Programa de emprego com capacitação técnica e contratação para o trabalho.

Cracolândia. Gabinete integrado em inspetoria especial para a região da Cracolândia. Criação de CAPS móveis. Geração de emprego e renda. Integração de acolhimento de moradia com cuidados sociais. Reestruturação do centro. Programa “Novo Centro”, com fortalecimento da economia criativa e lazer. Requalificação dos imóveis abandonados com o programa “Meu Primeiro Escritório”. E o serviço de moradia social. Recuperação das ruas comerciais.

Trabalho e Desenvolvimento Econômico. Centro de apoio aos trabalhadores de aplicativo. Fortalecimento da economia solidária e cooperativas. Agência Municipal de Crédito. Plano de regularização do trabalho informal.

Assistência Social e combate à fome. Ampliação do orçamento de Assistência Social já citada anteriormente. Aperfeiçoamento da contratação e gestão de serviços por organizações da sociedade civil. Erradicação da fome, com abertura de novas cozinhas solidárias e restaurantes populares. Programa de hortas urbanas. E a perspectiva da renda básica universal.

Cultura. Ampliação do orçamento da cultura para 3 por cento. Fortalecimento de eventos culturais de rua.

Pessoas com deficiência. Programa de acessibilidade universal. Plano de Educação inclusiva para estudantes com deficiência e pessoas com autismo. Inclusão no mercado de trabalho.

Primeira infância. Comprometimento com a Política Nacional de Primeira Infância.

Pessoas de 60 anos ou mais. Criação dos centros dessas pessoas. Política de moradia para a população idosa.

Mulheres. Paridade no secretariado da prefeitura. Programa “Tolerância Zero à Violência contra a Mulher”.

SP antirracistas, recriação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Pacto Municipal de Enfrentamento à Violência contra a Juventude Negra.

Direitos Humanos. Erradicação do trabalho escravo infantil. Garantia do direito à memória e à verdade. Programa de 1.000 povos para migrantes e refugiados.

LGBT+. Rede de enfrentamento à violência e discriminação lgbtfóbica. Implementação do plano de saúde integral da população LGBT+.

Descentralização e participação social. Planos regionais das subprefeituras. Orçamento participativo.

Gestão, transparência combate à corrupção. Fortalecimento do controle interno. Combate à corrupção. Garantia de concurso público. Recuperação da dívida ativa.

Povos indígenas. Criação do Conselho Municipal Indígena. Ampliação do acesso à saúde nos territórios indígenas paulistanos.

Pontuo que o programa retoma ações bem-sucedidas das gestões do PT na cidade, como de Marta Suplicy, de Fernando Haddad, Luiza Erundina. Parabenizo Guilherme Boulos e Marta Suplicy. E trabalharei firmemente para termos uma prefeitura progressista, que venha efetivamente a humanizar São Paulo, a grande metrópole da América Latina.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Suplicy. Dando sequência à lista de oradores inscritos. Com a palavra, deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra, deputado Gil Diniz. (Pausa.) Com a palavra, deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Com a palavra, deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Com a palavra, deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Com a palavra, deputado Altair Morais.

Dando início a lista de oradores inscritos na Lista Suplementar. Com a palavra, deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra, deputado Ênio Tatto. (Pausa.) Com a palavra, deputado Gil Diniz. (Pausa.) Com a palavra, deputado Capitão Telhada, que fará uso regimental da tribuna.

E quero anunciar também aqui a presença honrosa presença do Parlamento Jovem, da cidade de Pilar do Sul, do município de Pilar do Sul. Sejam bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legislativa de São Paulo. Com a palavra o deputado Capitão Telhada.

 

O SR. CAPITÃO TELHADA - PP - Muito obrigado, excelentíssimo deputado Carlos Giannazi, que preside a nossa sessão ordinária nesta data de dois de agosto.

Quero aproveitar justamente esse retorno do recesso legislativo, que tivemos aqui na Assembleia Legislativa no mês de julho, para cumprimentar todos os funcionários da Assembleia Legislativa, funcionários civis, funcionários militares da assessoria policial militar, os policiais civis, todos que nos acompanham e já estão a postos desde ontem, dia primeiro, com o retorno das atividades aqui na Assembleia Legislativa.

 Quero dizer que nossa expectativa é alta sobre os debates que travaremos nesse segundo semestre de 2024. São muitas pautas importantes que devem ser encaminhadas para esta Assembleia Legislativa, seja pelo Governo do Estado, pelo Poder Executivo, ou através das apresentações dos parlamentares.

Quero lembrar que já temos na Assembleia a primeira proposta legislativa vinda do Governo, da Secretaria da Administração Penitenciária, um importantíssimo passo que trata da regulamentação da carreira da Polícia Penal. É um assunto que a gente tem acompanhado de perto desde o início do mandato, temos interagido muito com os sindicatos que representam a categoria da Polícia Penal, diretamente com os policiais penais aqui na Assembleia Legislativa.

No interior de São Paulo, quando a gente vai até cidades que de fato possuem penitenciárias e unidades prisionais, a gente interage muito com esses profissionais que precisam de apoio, precisam de voz e precisam de atenção. Então, a gente vê com bons olhos essa apresentação da proposta que está aqui na Assembleia Legislativa; deu entrada essa semana.

Iremos nos debruçar sobre o tema para discutir em alto nível com os demais deputados, com o governo e buscar o melhor entendimento, buscar as melhores condições e que ela seja aprovada o mais breve possível para trazer todos os benefícios e vantagens para a carreira dos policiais penais, que fazem parte de uma força de Segurança importantíssima.

A Polícia Civil, a Polícia Militar e a Guarda Civil prendem na rua e esse indivíduo, esse criminoso, quando é levado ao sistema prisional, passa a ser responsabilidade dos policiais penais, que acabam por ter uma responsabilidade gigantesca a partir do encarceramento. Muitas vezes eles fazem um trabalho anônimo, quase que esquecido.

Mas nesta Assembleia Legislativa, por esse governo de São Paulo, pelo governador Tarcísio de Freitas, pelo secretário Marcello Streifinger eles não serão esquecidos. Então, graças a Deus, já era hora de chegar esse projeto aqui na assembleia e nós nos debruçaremos sobre ele.

Quero cumprimentar o Parlamento Jovem de Pilar do Sul, que está aqui também nos acompanhando nesta data, nesta sexta-feira. Sejam muito bem-vindos. Vocês representam a esperança que a gente tem no Brasil, que é justamente a juventude. Muito do trabalho que a gente faz aqui na assembleia é visando as nossas futuras gerações.

 Então, essa experiência que vocês têm vindo até a nossa Casa, que é a Casa do povo, que é a maior assembleia legislativa da América Latina, eu tenho certeza que será de grande valia para vocês todos no futuro em qualquer que seja a profissão que escolham. Essa experiência vai ser inesquecível e vai engrandecer vocês, seus familiares e os seus parceiros que vocês tiverem lá na frente em qualquer que seja o ramo e o segmento profissional que vocês adotem. No mais, eu desejo, a todos, muito sucesso nesse segundo semestre.

A todos que nos assistem pela TV Alesp, pelo canal no Youtube, o mês de julho foi um mês importante em razão do recesso legislativo. A gente que é parlamentar consegue rodar pelo estado de São Paulo e tivemos grandes interações pelas cidades do interior. Eu estive em Louveira esta semana, estive em Itupeva, estive também em Capela do Alto, em Sorocaba, em Iperó, tudo essa semana. Estive na cidade de Boituva, de Araçariguama.

Como é bom a gente conseguir ter um espaço aqui nas agendas da Assembleia Legislativa para visitar os quartéis, as prefeituras, as câmaras municipais, as instituições, o terceiro setor.

Interagir lá na ponta com o cidadão que confia na gente, que confiou o seu voto, que nos colocou nessa posição e agora, nessa volta do semestre, trazer essa experiência, rodando durante todo o mês de julho, mas trazendo toda essa coleta de informação para trabalhar aqui dentro, com novas ideias, com energia renovada, com a equipe renovada, para prestar um serviço de maior qualidade e maior excelência a toda a população paulista.

Muito obrigado, presidente. Um excelente segundo semestre a todos. Deus abençoe.

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito bem. Capitão Telhada, eu gostaria de dar as boas-vindas aos jovens de Pilar do Sul e aplaudi-los. Sejam bem-vindos aqui.

Tem a palavra novamente o deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado Capitão Telhada, Parlamento Jovem de Pilar do Sul. Sr. Presidente, nós estamos acompanhando, acho que o Brasil inteiro e várias partes do mundo, as Olimpíadas na França, e aqui no Brasil, nós estamos também acompanhando um outro debate, que é a falta de investimento na área do Esporte, na área da formação para atletas.

Nós tivemos um retrocesso imenso no governo Bolsonaro. O governo Bolsonaro simplesmente, Sr. Presidente, extinguiu o Ministério de Esportes do Brasil, simplesmente isso. Mas, antes disso, o governo Temer reduziu drasticamente os investimentos nessa área. Então, essa área está sendo reconstruída agora no governo Lula,

Mas eu queria destacar, Sr. Presidente, que aqui no estado de São Paulo, o estado mais rico do Brasil, da América Latina, que tem o maior Orçamento, Sr. Presidente, não se investe nada na formação de atletas.

Vossa Excelência se lembra que, em 2019, 2020, o ex-governador Doria tentou privatizar e demolir aqui esse Ginásio do Ibirapuera, aqui ao lado da Assembleia Legislativa. Ele aprovou o projeto, inclusive aqui a base do governo aprovou o projeto. Eu votei contra. Nós obstruímos, fomos à Justiça, fomos ao Iphan, e conseguimos deter provisoriamente essa demolição, essa privatização do Ginásio do Ibirapuera, do complexo, na verdade de todo o Centro Esportivo do Ibirapuera.

Lá tem vários equipamentos, tem o ginásio, mas tem vários, tem uma pista de atletismo, tem área para competição de judô, tem natação, tem várias áreas do Esporte no Ibirapuera. É um complexo histórico, faz parte do patrimônio arquitetônico e, sobretudo, da área do Esporte do estado de São Paulo e do Brasil.

Esse complexo do Ibirapuera, Sr. Presidente, sempre foi um celeiro de formação de atletas medalhistas do Brasil. Só que ele está destruído. Olha a situação. Fui lá há dois dias atrás. Eu estive lá novamente para constatar o que o governo está fazendo. É o governo Tarcísio de Freitas. Olha só a situação, Sr. Presidente, do Complexo Esportivo do Ibirapuera.

Abandono total, nada funciona mais. Essa é a pista de atletismo que, no início do ano, no Carnaval, eu tinha ido lá, o governo queria transformar essa pista em um autódromo para carros. É uma pista de atletismo, ia ter uma competição de automóveis, de carros, Sr. Presidente.

Nós denunciamos, o Governo recuou, porque era tão escandaloso, e está abandonado praticamente esse complexo. Inclusive, havia um alojamento para os atletas, para as pessoas que vêm de longe fazer treinos, cursos, enfim. Essas pessoas tinham alojamento, foi desativado, não tem mais nada.

O equipamento está em ruínas, aqui ao lado da Assembleia Legislativa, do Governo do Estado de São Paulo. Qualquer pessoa pode entrar e ver isso, sr. Presidente. Então, nós perdemos. Por que o Governo está dando continuidade a essa política do Dória e do Rodrigo Garcia, do tucanistão, que só pensa em privatizar? Porque eles queriam construir ali um grande centro empresarial, um shopping center, demolindo uma boa parte desse complexo e transformando em um shopping, inclusive até com prédios residenciais.

Mas a nossa mobilização, junto com os atletas e, sobretudo, indo ao Iphan, nós conseguimos um tombamento provisório desse espaço de tal forma que o Governo não pode privatizar, não pode terceirizar, não pode demolir o espaço. Só que o Tarcísio de Freitas, Sr. Presidente, não está contente com isso.

Então ele já acionou a PGE, a Procuradoria Geral do Estado, para entrar com um recurso no Iphan para destombar, para fazer o destombamento provisório para ele privatizar e cumprir a lei que, infelizmente, foi aprovada aqui pela base do governo. Então esse é o objetivo do governador.

Ele quer privatizar, mas como ele está impedido, então ele abandona para falar: “Olha, meu povo, olha, minha gente, está vendo? O público não funciona, o Estado não funciona. Vamos privatizar isso daqui”. Então ele faz de propósito, Sr. Presidente. Não investe nada para reformar, para reativar esse complexo histórico que formou grandes medalhistas brasileiros.

Nós já fizemos várias audiências públicas, inclusive com os medalhistas aqui na Alesp, contra esse abandono desse estádio aqui, o Ícaro de Castro. Então, Sr. Presidente, nós estamos em luta ainda pela recuperação, pela rearticulação desse Complexo do Ibirapuera.

Eu já pedi a convocação do secretário de Esportes aqui para ele explicar por que que não há investimento e também do próprio Centro Olímpico, porque é um absurdo, Sr. Presidente, é uma afronta. Porque esse patrimônio é um patrimônio de toda a população do estado de São Paulo, dos 42 milhões de habitantes e o Governo tem que investir recursos.

Nós temos o maior Orçamento estadual do Brasil. São mais de 320 bilhões de reais. Não é possível que não tenha recursos para fazer a manutenção desse importante espaço na área do Esporte.

Quero ainda, Sr. Presidente, antes de concluir o meu pronunciamento de hoje, dizer que exatamente hoje, no dia 2 de agosto, nós estamos comemorando a Lei Mandela, que foi um projeto de lei que eu aprovei aqui na Assembleia Legislativa e é o primeiro ano dessa comemoração. Ela foi sancionada, que é a Lei nº 17.971, de 2024.

Por que que é no dia 2 de agosto que nós comemoramos aqui a Lei Mandela, o Dia de Mandela? Porque no dia 2 de agosto de 1991, exatamente nessa data, Nelson Mandela esteve aqui dentro da Assembleia Legislativa, onde está agora o deputado Suplicy. Ele esteve participando aqui de uma homenagem; a Assembleia legislativa entregou a ele uma homenagem. Ele foi homenageado e ele presidiu a sessão, Sr. Presidente, deputado Suplicy.

O Mandela sentou exatamente nessa cadeira onde V. Exa. está sentado. Isso foi no dia 2 de agosto de 1991. Nelson Mandela, um grande líder mundial, defensor da paz, lutou contra o racismo, contra o apartheid, contra o domínio colonial da Inglaterra na África do Sul e virou um símbolo de resistência e uma pessoa que sempre defendeu os valores civilizatórios e, sobretudo, os valores ligados à dignidade da pessoa humana, com ênfase logicamente na luta contra o racismo.

Então por isso que ele está sendo homenageado no Brasil e aqui no estado de São Paulo, porque o Brasil continua sendo um país racista. Nós temos aqui um racismo, Sr. Presidente, estrutural que atravessa todas as instituições, todas as áreas da convivência humana no nosso Brasil. Tem racismo aqui na Assembleia Legislativa, tem racismo na igreja, na escola, na família, na rua, nos meios de comunicação de massa.

O racismo está permeado entre nós, fruto, logicamente, de quase 400 anos de escravidão. Não foi à toa que o abolicionista Joaquim Nabuco naquele seu famoso livro “O Abolicionista” já dizia exatamente isso, que não bastava só naquele momento acabar com a escravidão, mas que as marcas da escravidão permaneceriam por muito tempo ainda, e permanecem.

Elas continuam enraizadas, mas nós temos que combatê-las, combater essas causas e essas marcas o tempo todo, Sr. Presidente, através de leis, como nas escolas hoje nós temos na LDB uma alteração da legislação importante que foi feita em 2003, mas que, infelizmente, não é respeitada.

As escolas devem debater esse tema de combate ao racismo, resgatando a história da África, a história do povo negro, a grande contribuição para a formação do povo brasileiro, dos negros que foram escravizados aqui no Brasil, Sr. Presidente, que construíram o Brasil do ponto de vista econômico, cultural, espiritual. O Brasil tem uma dívida com o povo negro que não foi paga até hoje. Então, por tudo isso aqui, é muito importante que a Lei Mandela seja comemorada e que a gente possa fazer reflexões a partir dela, da nossa luta contra o racismo.

Termino dizendo que essa ideia não foi minha, Sr. Presidente. Foi do advogado e jurista Maurício Canto, que trouxe para nós e resgatou essa história importante da presença do Mandela aqui na Assembleia Legislativa. Então, eu faço também homenagem a esse grande jurista, advogado Maurício Canto. Graças a ele que nós aprovamos a lei aqui na Assembleia Legislativa.

 Por fim, Sr. Presidente, aproveitando aqui para terminar a minha intervenção na data de hoje, eu não posso deixar de registrar a nossa grande indignação, sobretudo nós, que militamos na área da Educação. Eu, como professor, diretor de escola, Sr. Presidente, que defendo a escola pública gratuita e de qualidade e os seus profissionais da Educação, não posso deixar de me manifestar sobre esse escândalo que está sendo investigado pela Polícia Federal aqui na cidade de São Paulo, da máfia das creches, que envolve o prefeito Ricardo Nunes.

O Ricardo Nunes, prefeito da cidade de São Paulo, está sendo investigado pela Polícia Federal. A Polícia Federal diz que ele está envolvido na máfia das creches, que ele, enquanto vereador da cidade de São Paulo, quando era vereador, recebeu dinheiro de propina dessas OSs, desse esquema da máfia das creches. Inclusive, tenho aqui, Sr. Presidente, uma... O vereador Celso Giannazi, na Câmara Municipal, já pediu abertura de uma CPI, para que haja uma investigação, porque há muito tempo que a gente denuncia. Até pedir se tem a foto aqui, o pessoal da técnica, por favor, da CPI que ele está pedindo.

O que acontece? Essa máfia da creche é uma velha conhecida aqui da cidade de São Paulo. Inclusive, na eleição de 2020, o deputado Suplicy se lembra muito bem, quando Bruno Covas era o candidato a prefeito da cidade de São Paulo, ele escondeu o tempo todo o seu vice. O vice não aparecia na campanha. Ele era escondido, ele ficou fora dos holofotes, porque o nome dele já aparecia, na época, nesse escândalo da máfia das creches. Isso em 2020. Tinha esse escândalo, era grave já na época.

Agora, a investigação, Sr. Presidente, continuou, porque isso envolve dinheiro federal, também, tem repasses do Fundeb. A Polícia Federal, investigando, descobriu... Tem depoimentos, tem uma mulher, uma pessoa que faz a denúncia, dizendo que ele recebia dinheiro. Então, a polícia está investigando não só o prefeito da cidade de São Paulo, mas aproximadamente cem pessoas estão envolvidas. Não sou eu que estou dizendo, Sr. Presidente, é a Polícia Federal, que está investigando e que divulgou essa notícia. Inclusive, divulgou. Nós tivemos acesso à grande imprensa nesses dias do depoimento do vídeo, a população toda assistiu o depoimento falando sobre isso.

Agora, é inconcebível, Sr. Presidente, imperdoável retirar dinheiro da educação infantil, das creches, dessas crianças de zero a três anos, que estão nessas creches conveniadas, que precisam de atendimento, precisam de alimentação, de fraldas, precisam ter profissionais bem remuneradas, que são as nossas professoras de educação infantil. Ao invés disso, nós estamos tendo aí a retirada de recursos do Orçamento da Educação, da educação infantil, ainda, Sr. Presidente. Uma pessoa que exerce o cargo de prefeito da cidade de São Paulo envolvida em um escândalo desses.

Então, por isso que nós temos que ter uma profunda investigação lá na Câmara Municipal de São Paulo. Quero manifestar todo o nosso apoio a essa iniciativa do vereador Celso Giannazi, de ter protocolado esse pedido. Que as investigações continuem, porque é muito grave, Sr. Presidente. A Educação precisa de mais investimento, de mais recursos. Então, é inconcebível que, na maior cidade da América Latina, o prefeito da cidade esteja envolvido, esteja sendo investigado pela Polícia Federal por ter recebido dinheiro, propina, dessa máfia das creches.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra agora o deputado Danilo Campetti, pelo tempo regimental.

 

O SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde a todos, Sras. e Srs. Deputados, servidores da Casa, aqueles que nos acompanham pela TV Alesp, assessores, policiais civis e militares, eu retorno à tribuna hoje, Sr. Presidente, para evidenciar e parabenizar o governador Tarcísio.

Ontem nós falávamos sobre os policiais penais e hoje tivemos a grata satisfação:  o projeto para a criação da Polícia Penal foi encaminhado. Então, é um pleito justo dos nossos policiais penais que foi reconhecido, que foi muito trabalhado durante este ano todo pelo secretário de Administração Penitenciária, Marcello Streifinger, que elaborou um projeto.

E nos foi encaminhado a esta Casa aqui um projeto que atende ao pleito da categoria, que realmente traz essa regulamentação, que cria a nossa Polícia Penal, uma polícia que já foi criada em 14 outras unidades da Federação. Então, nós temos que esse projeto hoje está maduro para passar por esta Casa.

Nós nos colocamos à disposição aqui para acelerar e aprovar o quanto antes esse projeto, para essa categoria que,  repito, foi contemplada agora com o envio, com a remessa desse projeto, contemplada pelo governo Tarcísio de Freitas, depois de ouvir todas as categorias, de ouvir toda a base, de ouvir todos os pleitos dos policiais penais. Esse projeto então chega à nossa Casa e terá todo o nosso apoio para que haja uma célere tramitação e que esses irmãos policiais penais sejam contemplados nos seus pleitos.

A gente tem algumas questões que serão dirimidas, como a questão da diferença salarial dos agentes de segurança penitenciária com relação aos agentes de escolta e vigilância penitenciária. Essa distorção será reparada. Nós criaremos então, efetivamente, essa Polícia Penal, que cuida da custódia de mais de 200 mil presos no estado.

Sabemos da importância desses profissionais e quero dizer que esses profissionais têm todo o meu apoio aqui na Assembleia Legislativa. Contem com o nosso trabalho aqui. Com certeza nós vamos chegar a uma posição, a um acordo que vai contemplar, certamente, as aspirações dessa categoria, inclusive já passando de vencimento para subsídio, que é um grande avanço na forma de remuneração e que com certeza vai contemplar uma reposição salarial muito merecida a esses profissionais.

Então, eu gostaria de deixar meu registro aqui, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Ontem eu falei sobre esse tema e hoje, quando tive a notícia da remessa desse projeto de lei criando realmente a Polícia Penal e contemplando esses profissionais, eu fiquei muito feliz. Quero me colocar à disposição aqui para atuar agora nesta Casa Legislativa para que nós possamos acelerar o processo para poder contemplar o quanto antes esses profissionais.

Então, parabéns ao governador Tarcísio, parabéns à equipe do governador Tarcísio, que eu cumprimento na pessoa do secretário Marcello Streifinger, que fez um excelente trabalho durante esse processo de construção da remessa desse projeto.  Contem com o nosso apoio aqui na Assembleia Legislativa.

Sr. Presidente, muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Danilo Campetti. Agradeço se puder assumir a Presidência para que eu possa ainda fazer outro pronunciamento.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Danilo Campetti.

 

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O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Com a palavra agora o deputado Eduardo Suplicy pelo tempo regimental.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Danilo Campetti, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, hoje o Brasil tem quase 200 moedas sociais criadas. “O Globo”, nesse último dia sete, publicou uma matéria, pela jornalista Letícia Lopes, que eu avalio que merece ser aqui divulgada:

“Palmas, Pilas, Caboclinho. Pareadas ao real, as moedas sociais brasileiras têm operações bem semelhantes às realizadas na moeda oficial do País. São usadas em pagamentos do dia a dia, financiam linhas de crédito e custeiam até benefícios sociais. Mas, com circulação restrita às suas comunidades, elas têm um potencial além, incentivam a economia solidária local e promovem a inclusão financeira dos mais pobres.

A primeira experiência surgiu há 26 anos, no Conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza”, que eu tive o prazer de visitar. “Com uma população empobrecida e sem trabalho formal, lideranças comunitárias desenvolveram o PalmaCard - feita em um mimeógrafo, a caderneta de crédito registrava a data e valor das compras feitas nos comércios locais. No fim do mês, o usuário pagava, em real, o que tinha comprado ao Banco Palmas, que repassava os valores aos comerciantes cadastrados.

O modelo foi evoluindo até a criação da moeda Palmas, com cédulas de diferentes valores, e se tornar uma versão digital, pela plataforma E-Dinheiro, que hoje opera as moedas sociais brasileiras.

‘Todas as prefeituras e bancos comunitários que têm moedas sociais usam a plataforma, de maneira independente, pagando uma mensalidade que custeia o sistema. Temos 282 funcionários atuando na manutenção e no suporte’, afirma João Joaquim de Melo, o coordenador institucional do Banco Palmas, fundador do E-dinheiro e também do Banco Comunitário Palmas.

O professor da Fundação Getúlio Vargas, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Eduardo Diniz lembra que o surgimento das primeiras moedas sociais do mundo remonta ao início do século passado: a austríaca Wrögl e a suíça Wir, esta ainda em circulação, foram criadas em meio às dificuldades da Crise de 1929.

‘Quando entramos em crise, a palavra que mais se escuta dos economistas é austeridade, ou seja, menos dinheiro circulando. Isso afeta diretamente quem é mais pobre, e as pessoas têm que inventar alternativas. As moedas sociais aparecem aí, cobrem um espaço onde há gente precisando trabalhar, mas não há dinheiro’.

Assim como a Palmas, do Ceará, as primeiras moedas sociais brasileiras foram criadas na época em que o Real se consolidava após décadas de hiperinflação. Por isso, conta o professor, houve resistência do Banco Central, que avaliava que as iniciativas iam contra o Real. A autoridade monetária, porém, acabou mudando de ideia ao longo dos anos, e hoje valida e regula as moedas sociais. Elas precisam ser lastreadas ao Real, para não criar inflação, e ter reservas cambiais na moeda oficial do País.”.

Quero registrar que houve, para esse reconhecimento das moedas sociais, e do próprio Conjunto Palmeiras, houve a compreensão do então secretário de economia solidária, o professor Paul Singer, que infelizmente nos deixou.

A experiência bem-sucedida do Conjunto Palmeiras abriu caminho para outras comunidades Brasil afora, principalmente em favelas, áreas rurais, territórios indígenas e quilombolas. De lá para cá já são 189 moedas sociais em circulação no país, sendo a maioria - 178 - autônomas, restritas a determinadas comunidades. Outras 11 são apostas de governos municipais.

As cidades de Indiaroba e Nossa Senhora do Socorro, de Sergipe, tem a Aratu e a Ipê Amarelo, respectivamente, enquanto a gaúcha Santiago tem a moeda Pila. O Rio lidera com a maior quantidade: Pedra Bonita, em Itaboraí; Itajuru, em Cabo Frio; Saquarema, com a Saquá; Caboclinho, de Iguaba; além de Elefantina, de Porciúncula; e a Macaíba, de Macaé.

Mas a primeira moeda fluminense foi uma aposta de Maricá, ainda em 2013. A cidade tem 133 mil dos seus 192 mil habitantes hoje recebendo a moeda, na forma da renda básica de cidadania. A maioria dos beneficiários - cerca de 93 mil pessoas - faz parte de um programa de renda básica que paga 230 mumbucas ou reais por pessoa às famílias registradas no Cadastro Único.

Além disso, o programa de proteção ao trabalhador dá cerca de 700 a trabalhadores autônomos e microempreendedores individuais, como ambulantes, taxistas, entregadores de aplicativo e profissionais de beleza. O mesmo valor é pago aos servidores municipais como vale-alimentação. A Mumbuca é aceita em 16 mil estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços da cidade, em um movimento mensal de cerca de 48 milhões de reais.

O prefeito Fabiano Horta, do PT, explica que “a política é financiada principalmente com recursos vindos dos royalties de petróleo que a cidade recebe. A moeda trouxe uma profunda transformação da economia local: primeiro, ao ajudar os mais vulneráveis a ter renda, mas também impulsionando a criação de novos negócios, com geração de emprego e o fortalecimento das periferias”, diz Horta.

Fabiano Horta foi quem sucedeu a Washington Quaquá, que, a partir de dezembro de 2015, depois de ter ouvido uma conferência sobre as vantagens da renda básica de cidadania universal, o Washington Quaquá disse: “Eu quero aplicar em Maricá.” E isto está acontecendo, inclusive, graças ao atual prefeito Fabiano Horta, que já está em seu segundo mandato. Ele foi eleito, na segunda vez, com 88% dos votos dos eleitores da cidade.

A vizinha Niterói seguiu o exemplo. Em 2021 lançou a moeda Arariboia, que beneficia mensalmente cem mil pessoas, de 45 mil famílias em situação de vulnerabilidade. Com 218 arariboias ao mês, o município aporta 19 milhões em distribuição de renda. “Nosso foco são as famílias do Cadastro Único, mas estamos preparando uma expansão do benefício para as mães de filhos com deficiência e autismo”, planeja o prefeito Axel Grael, do PDT. “Os beneficiários usam os valores principalmente com alimentos e medicamentos, ou seja, há uma melhora muito grande na qualidade de vida dessas famílias.”

Assim como em outras cidades, o recolhimento de impostos funciona normalmente. Nas operações de conversão para o Real, 2% ficam retidos e são direcionados para um fundo que financie iniciativas de economia solidária, como coletivos de produção, cooperativas e iniciativas comunitárias.

As operações não ficam restritas às compras em comércio locais ou serviços prestados por empreendedores da cidade. Alguns bancos comunitários ou municipais também apostam na concessão de crédito nas moedas locais. Diniz destaca ainda o potencial das moedas sociais como incentivo para a solução de problemas comunitários.  Na cidade gaúcha de Santiago, a Pila Verde e Azul incentiva os moradores a separar corretamente lixo orgânico e materiais recicláveis. Nas cidades de Batalha, Jacaré dos Homens, Jaramataia e Major Izidoro, no sertão de Alagoas, a moeda Caatinga tenta mitigar a emissão de gases poluentes de produção agropecuária.

O Fundo Nacional de Permanência na Terra, Funpet, paga semestralmente 1.000 Caatingas por hectare para 500 famílias que apostam na produção agroflorestal. A moeda social passa a ter uma diversidade de formatos na crise ambiental que vivemos. “É uma ferramenta importante para educar as pessoas e criar soluções alternativas”, é o que afirma o professor da instituição onde eu me formei e fui professor de 1966 até 2012, de carreira, professor Eduardo Diniz. Meus parabéns.

Deputado Danilo Campetti, se quiser usar da palavra mais uma vez, eu posso presidir.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Não, está ótimo, deputado. Obrigado. Obrigado, deputado.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Então, havendo acordo das lideranças, sugiro o levantamento da sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Gostaria de agradecer aos servidores, às assessorias aqui presentes, aos policiais civis e militares e a todos aqueles que nos acompanham pela TV Alesp. Uma boa tarde a todos. Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 07 minutos.

           

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