
28 DE AGOSTO DE 2025
40ª SESSÃO SOLENE PARA HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE 150 ANOS DO ESTADÃO
Presidência: THIAGO AURICCHIO
RESUMO
1 - THIAGO AURICCHIO
Assume a Presidência e abre a sessão às 19h16min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a composição da Mesa. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
3 - PRESIDENTE THIAGO AURICCHIO
Informa que a Presidência efetiva convocara a presente solenidade para comemorar o "Aniversário de 150 anos do Estadão", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos.
4 - EURÍPEDES ALCÂNTARA
Diretor executivo de Jornalismo do “Estadão”, faz pronunciamento.
5 - ERICK BRETAS
CEO do “Estadão”, faz pronunciamento.
6 - DIMAS RAMALHO
Vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.
7 - JOSÉ ANTONIO ENCINAS MANFRÉ
Vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, faz pronunciamento.
8 - LAIS VITA
Secretária de Comunicação do Governo de São Paulo, faz pronunciamento.
9 - DELEGADO OLIM
Deputado estadual, faz pronunciamento.
10 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a exibição de vídeo institucional sobre o jornal “O Estado de S. Paulo”. Faz leitura sobre a história do jornal homenageado. Anuncia homenagem, com entrega de placa comemorativa ao “Estadão”, representado por Francisco Mesquita Neto, presidente do Conselho de Administração do “Estadão”.
11 - FRANCISCO MESQUITA NETO
Presidente do Conselho de Administração do “Estadão”, faz pronunciamento.
12 - PRESIDENTE THIAGO AURICCHIO
Saúda as autoridades presentes. Demonstra sua alegria em ver o plenário desta Casa cheio para esta homenagem. Afirma que comemorar 150 anos de existência não é para qualquer instituição. Diz ser justo este reconhecimento ao jornal, que reflete diariamente o cenário político e econômico do Brasil e do mundo, com responsabilidade e qualidade da informação. Considera que uma sociedade empoderada necessita de uma imprensa forte. Ressalta sua gratidão por tudo o que o “Estadão” construiu e trouxe para o estado de São Paulo. Discorre sobre lembranças de sua infância, juntamente com o avô, leitor assíduo do “Estadão”. Firma seu compromisso de comemorar os 200 anos do “Estadão”, caso esteja nesta Casa daqui a 50 anos. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 20h23min.
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ÍNTEGRA
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- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Thiago Auricchio.
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O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores,
boa noite. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de homenagear o jornal “O Estado de
S. Paulo”, conhecido como “Estadão”, em alusão aos seus 150 anos de fundação.
Comunicamos aos presentes que esta
sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp, no YouTube, nas
redes sociais e também no site do “Estadão”. Nesse instante, convidamos para
compor a Mesa Diretora o excelentíssimo deputado estadual Thiago Auricchio,
presidente e proponente desta solenidade. (Palmas.) Deputado que também é o
autor do Código Paulista de Defesa da Mulher.
Também convidamos Francisco Mesquita
Neto, diretor-presidente do “Estadão”. (Palmas.) Deputado estadual Delegado
Olim. (Palmas.) O conselheiro Dimas Ramalho, ele que também é vice-presidente
do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. (Palmas.) Erick Bretas, CEO do
“Estadão”. (Palmas.) E Eurípides Alcântara, diretor-executivo de jornalismo do
“Estadão”. (Palmas.)
Convidamos a todos os presentes para
que, em posição de respeito, ouçamos o Hino Nacional Brasileiro.
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- É reproduzido o Hino Nacional
Brasileiro.
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O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Podemos nos sentar.
E, neste instante, eu passo a palavra ao deputado estadual Thiago Auricchio,
para que proceda a abertura oficial desta sessão solene.
O
SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Boa noite a
todos. Senhoras e senhores, uma alegria muito grande estar aqui nesta noite tão
especial. Uma noite, uma sessão solene tão importante, sem dúvida, aqui na
Assembleia, e, consequentemente, para o nosso Estado.
Nos termos regimentais, declaro aberta
a presente reunião. Esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa
de Leis, deputado e amigo André do Prado, atendendo à minha solicitação, para
celebrar os 150 anos do jornal “O Estado de S. Paulo”, conhecido também como
“Estadão”.
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Também convidamos para
compor a Mesa o Sr. José Antonio Encinas Manfré, ele que é vice-presidente do
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, representando o presidente Silmar
Fernandes. Então, por favor, Sr. José, componha a Mesa. (Palmas.)
Agradecemos o deputado Thiago
Auricchio, e neste instante, ouviremos os membros da Mesa, iniciando com o Sr.
Eurípedes Alcântara. Ele que é diretor executivo de jornalismo do “Estadão”, à
vontade para falar da Mesa ou do púlpito.
O
SR. EURÍPIDES ALCÂNTARA - Excelentíssimo Sr.
Presidente André do Prado, deputado Thiago Auricchio, querido conselheiro Dimas
Ramalho.
Esta homenagem de iniciativa do
deputado Thiago Auricchio muito nos honra. Nós, jornalistas do “O Estado de S.
Paulo”, honramos também as gerações de profissionais do "Estadão" que
antes de nós aqui labutaram nos 150 anos de existência do jornal.
Esta sessão solene celebra a
longevidade de uma instituição modelar na imprensa brasileira; celebra uma trajetória
de compromisso contínuo com a Democracia, com o exercício da liberdade de
imprensa, mesmo quando isso acarretava reações desmedidas de ocupantes do
poder.
A primeira dessas reações ocorreu em
1940 - quando a ditadura Vargas tomou o jornal de seus donos, a família
Mesquita - e depois do AI-5 - quando o "Estadão" ficou sete anos sob
censura prévia, com censores trabalhando dentro da redação.
Desde sua fundação, o
"Estadão" compreendeu que ser os olhos e os ouvidos da sociedade
requer acompanhar criticamente a atuação dos poderes públicos, entre eles o
Legislativo. Gerações de jornalistas cobriram os trabalhos desta Casa, com a
missão de informar de maneira independente, conscientes de que a democracia se
fortalece com instituições robustas e com uma opinião pública bem informada.
O Legislativo, como qualquer organismo
humano e político, enfrenta seus próprios desafios, comete erros, sofre
críticas da imprensa, mas, como é patente nesta Casa, sabe conviver com elas
quando são justas.
A história mostra que não existe democracia
sem Legislativo forte, não existe democracia sem imprensa livre e também não
existe democracia sem uma opinião pública bem informada. Essas três forças
formam um arranjo essencial, onde cada lado sustenta e desafia os outros, resultando
assim num aperfeiçoamento constante da vida pública.
Nos momentos mais intensos da vida
nacional, nas disputas políticas, nas crises institucionais, nas transformações
sociais e econômicas, esta Casa nunca desgarrou dos interesses do País. Com a
sede da Assembleia, batizada de Palácio 9 de Julho, o maior desses momentos, o
da Revolução de 32, está aqui honrado como símbolo perene da luta democrática.
Que esta sessão solene seja, acima de
tudo, a celebração das liberdades pelas quais São Paulo sempre se bateu. Seja
também a reafirmação do compromisso comum de fortalecer a democracia brasileira
pela convivência civilizada, a divergência respeitosa e o empenho em
construirmos juntos um Brasil ainda mais próximo, próspero para todos.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Acabamos aí
de ouvir as palavras do Sr. Eurípides Alcântara. E agora eu chamo o Sr. Erick
Bretas, que é CEO do "Estadão".
O
SR. ERICK BRETAS - Boa noite a todos.
Sr. Presidente Thiago Auricchio, que
preside esta sessão, é uma honra. Obrigado por esta linda homenagem.
Autoridades presentes, senhores
parlamentares, secretário Fábio Portela, desembargador José Encinas, agradeço a
todos aqui por essa presença ilustre e por essa noite. O “Estadão” só poderia
ter nascido em São Paulo. Republicano em pleno império, abolicionista em meio a
uma economia escravagista, o jornal surgiu como uma voz dissonante e
visionária.
Os ventos da mudança que varreriam o
Brasil sopravam a partir desta então província, o acúmulo de capital do café, a
industrialização incipiente, a construção de ferrovias e a chegada da imigração
que renovava o tecido social.
O espírito do tempo foi capturado pelos
21 fundadores do “A Província de São Paulo” que, em 1875, criaram um jornal
alinhado com a transformação histórica que aqui germinava. Nas décadas
seguintes, São Paulo seguiria com a força modernizadora do País.
Foi aqui que se estruturaram bancos,
fábricas, a Bolsa de Valores e até a nascente indústria automobilística. Nas
artes, foi também em São Paulo que se fez ouvir o brado da Semana de Arte
Moderna, em 1922, redefinindo a cultura brasileira. E em todas essas mudanças
esteve o “Estadão”, presença crítica e atenta.
Sob a liderança de Júlio Mesquita, o
panfleto quase artesanal da Rua do Palácio, que imprimia 900 exemplares,
transformou-se em uma potência, com mais de 40 mil cópias diárias,
consolidando-se como referência de jornalismo e pensamento independente.
Modernizar o Brasil a partir de São Paulo não seria simples. O projeto centralizador
e autoritário de Getúlio Vargas foi naturalmente rejeitado pelos paulistas.
Enquanto o novo chefe provisório
aspirava a tornar-se ditador, em São Paulo discutia-se a necessidade de uma
constituição e de um novo pacto federativo. Foi o “Estadão” quem deu voz a
essas ideias, oferecendo suas páginas como tribuna de crítica, de resistência e
de defesa da legalidade. O Movimento Constitucionalista de 1932, tantas vezes
mal interpretado, não foi separatista.
Ao contrário, nas páginas do “Estadão”
ecoou o lema, por São Paulo, pelo Brasil. Mais do que reportar, o jornal ajudou
a construir o movimento. Sua derrota militar não significou a derrota das
ideias que defendia. Júlio Mesquita Filho e Francisco Mesquita foram presos e
exilados, e o “Estadão” chegou a ser encampado pelo Departamento de Imprensa e
Propaganda.
Mas, com o fim da ditadura, o Supremo
Tribunal Federal determinaria sua devolução à família Mesquita, restaurando não
apenas um patrimônio, mas um símbolo da liberdade de expressão. Quase 100 anos
depois, São Paulo continua a ser o polo de onde se discute e se pratica a
modernização do Brasil.
Aqui pulsam a indústria, o sistema
financeiro e um setor agrícola cada vez mais tecnológico. Aqui floresce também
uma cena artística de alcance nacional e internacional.
O povo e os líderes paulistas têm
buscado enfrentar questões complexas como a desigualdade social e a
insegurança, combinando políticas públicas com uma economia dinâmica, que
promove a liberdade de empreender e a mobilidade social. Nesse sentido, São
Paulo segue sendo uma bússola para o Brasil. E o “Estadão”, como há 150 anos,
registra, critica e ajuda a moldar esse processo.
Sabemos, porém, que a História não
acontece em linha reta. O progresso econômico não garante, por si só, avanços
institucionais. Vivemos hoje um momento delicado em que o Brasil busca seu
papel em um mundo de complexidade e incertezas geopolíticas. Precisamos pensar
em um projeto de país que dialogue com transição energética,
neoindustrialização, desafios da inteligência artificial e novas cadeias
globais de valor.
Tudo isso ocorre enquanto enfrentamos o
acirramento da luta política e episódios de desequilíbrio institucional. Nossa
democracia tem sido testada e tensionada, mas resiste porque se ancora na força
das instituições e da sociedade.
Em momentos como este, o “Estadão”
volta a sua essência de ser uma tribuna para o diálogo de ideias, mas também
olha para o futuro. Para seguir relevante, o jornalismo precisa dialogar com as
novas gerações, lançar mão de novos formatos, abraçar a tecnologia sempre que
ela contribui para o cumprimento de sua missão, esse é o momento em que
vivemos.
O “Estadão”, hoje, é uma plataforma de
comunicação capaz de alcançar diferentes audiências com diferentes linguagens
onde quer que elas estejam, assim como São Paulo se reinventa a cada época sem
jamais abrir mão de seu propósito.
Por isso, uma homenagem como esta que
hoje recebemos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, dos
representantes legítimos do povo paulista, por iniciativa do deputado Thiago
Auricchio, nos encoraja a seguir firmes nesse caminho. Este gesto nos inspira a
honrar a nossa história, mas sobretudo a renovar o nosso compromisso com o
futuro.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Acabamos de ouvir as
belíssimas palavras do CEO do “Estadão”, o Sr. Erick Bretas. Eu chamo, também,
para compor a Mesa Diretora, a Sra. Lais Vita, que é secretária do estado de
Comunicação de São Paulo. Por favor, Sra. Lais, seja bem-vinda. (Palmas.)
Eu passo a palavra agora para ele que,
além de vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, é um
grande amigo aqui da Assembleia Legislativa, um entusiasta do Brasil e dos
brasileiros, vamos ouvir o nosso querido conselheiro Dimas Ramalho. (Palmas.)
O
SR. DIMAS RAMALHO - Sr. Presidente desta
sessão, deputado Thiago Auricchio, é uma honra estar aqui neste momento; Sr.
Deputado Delegado Olim, querido amigo; Dr. Antonio Encinas Manfré, ilustre
desembargador e vice-presidente do TRE; secretária Lais Vita, de Comunicação do
Governo do Estado de São Paulo. Sr. Erick Bretas, CEO do “Estadão”; Eurípedes
Alcântara, que é o diretor de redação, uma honra conhecê-lo pessoalmente; Sr.
Francisco Mesquita Neto, que é o presidente do Conselho da Administração do “Estadão”.
Senhoras, senhores e aqueles que nos
assistem, a primeira palavra é de satisfação de voltar a esta tribuna, tribuna
esta, presidente, que eu ocupei durante vários mandatos antes de ir para
Brasília como deputado federal. Mas aqui foram os meus primeiros passos na
política bandeirante, tenho muito orgulho disso, aprendi muito aqui, aprendi
sobre tudo do valor da democracia, de cumprir compromissos e respeitar,
sobretudo, a concessão de São Paulo e do Brasil.
O jovem deputado Thiago Auricchio, com
quem eu tenho a honra de partilhar amizade e também ideais, foi muito bem ao
propor esta sessão, porque é com grande honra que participo esta noite. Não
titubeei em momento algum quando soube desta homenagem e falei que vou com o
maior prazer, porque o “Estadão”, no estado de São Paulo, é uma das mais
respeitadas instituições da imprensa brasileira.
Para mim esta homenagem, senhores
representantes de “O Estado de S. Paulo”, é também uma homenagem pessoal. Leio
o “Estadão” há mais de 50 anos, hábito que herdei do meu pai, que também era
assinante do “Estadão” e que me dizia: “Você quer aprender a escrever? Leia os
editoriais do ‘Estadão’.” Evidente que um jovem não gostava de ler editorial,
gostava de ler a parte de esporte, mas lia, e digo para os senhores que aprendi
a escrever.
Leitor que sou desde cedo, me ensinou
uma coisa que é fundamental, que é a informação de qualidade e análise séria
dos fatos. Ao longo dessas cinco décadas acompanhei a história do País se
desenrolar pelas páginas do jornal, sempre com a certeza que, mesmo diante das
maiores turbulências - e olha que esses anos não foram fáceis, principalmente
os últimos dez anos - encontraria ali nas suas páginas, ora de papel e hoje
virtual, muda o seu tamanho, mudam as suas cores, mas não muda o seu conteúdo,
encontrei ali a inabalável verdade, a responsabilidade e, sobretudo, a
liberdade de imprensa.
Fundado em 1875, “O Estado de São
Paulo” testemunhou e protagonizou momento decisivo para a história de São Paulo
e a história de nós, paulistas, o fim do império, a proclamação da República,
ciclos democráticos e autoritários, grandes movimentos sociais, as reformas,
crises políticas e, sobretudo, as reconstruções.
Destaco aqui, particularmente para mim,
três emblemáticos momentos dessa trajetória do “O Estado de S. Paulo”, na
revolução de 32, onde meu pai foi também voluntário e lutou por São Paulo, o
jornal não apenas apoiou o movimento editorialmente, mas também foi o centro de
mobilização política, a arrecadação de fundos para os revolucionários, na sua
redação foram redigindo documentos convocando à luta, em suas páginas estampou
manchetes, imagens dos batalhões que combatiam por aquilo que hoje se combate,
é o respeito da ordem constitucional.
Outro capítulo fundamental dessa
trajetória é o papel que exerceu o jornal no surgimento da Universidade de São
Paulo - universidade em que tive a honra de estudar - impulsionada por Júlio de
Mesquita Filho e Fernando de Azevedo, com base em debates e pesquisas sobre
Educação publicados em 1826. Esse projeto influenciou decisivamente a criação
da universidade, instituída em 25 de janeiro de 1934, pelo governador Armando
de Salles Oliveira.
Por fim, terceiro capítulo que marcou
muito, foi a questão da atitude do “Estadão” durante a ditadura militar,
implacável censura, como disse aqui o jornalista Eurípedes Alcântara. Quem não
se lembra? Abriam o “Estadão” na sua página inicial os versos de Camões.
No “Jornal da Tarde” eram receitas, mas
o “Estadão” dentro dessa fleuma, da sua importância, eram versos de Camões, que
todo mundo sabia que era fruto da censura que era exercida no jornal. Aquilo
nos marcou muito, um gesto simbólico, corajoso, que jamais deixou de ecoar o
verdadeiro papel de uma imprensa de informar, questionar, ser plural, e,
sobretudo, defender o interesse público.
Hoje celebramos mais do que a
longevidade de um jornal. Celebramos, hoje, a força de uma instituição que
ajuda a sustentar a democracia. Uma democracia só se fortalece com imprensa
livre, independente e comprometida com os fatos. Em momentos de “fake news” e
desinformação, é fundamental um jornalismo profissional.
Como leitor, como consumidor de notícia,
eu digo isso: o respeito pelo grande jornal “O Estado de S. Paulo”. Que o
“Estadão” siga por muitas décadas, muitos mais sendo farol de lucidez, de
coragem, civilidade. Que seja sobretudo um lugar onde os paulistas se sentem
representados e os brasileiros também.
E que nós, leitores, continuemos a
encontrar em suas páginas, físicas ou digitais, o espelho crítico do Brasil que
somos e o horizonte do País que queremos ser, com um Estado Democrático de
Direito e uma democracia.
Vida longa para “O Estado de S. Paulo”.
Boa noite. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - É sempre bom ouvir o
conselheiro Dimas Ramalho.
Antes de passar a palavra ao próximo
orador, eu gostaria de anunciar aqui a presença do Sr. Fábio Portela. Ele é
secretário especial de Comunicação da cidade de São Paulo, que neste ato
representa o prefeito Ricardo Nunes. Também está presente o Sr. Virgílio
Carvalho, ele que é diretor técnico da Secretaria Estadual de Turismo que,
neste ato, representa o secretário Roberto de Lucena.
E, também, o Sr. Gustavo Moré, assessor
de Comunicação da Secretaria do Estado de Agricultura e Abastecimento de São
Paulo, que neste ato representa o secretário Guilherme Piai.
E eu chamo, agora, a vir fazer as suas
palavras, o Sr. José Antonio Encinas Manfré. Ele que é vice-presidente do
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, que neste ato representa o presidente
Silmar Fernandes.
O
SR. JOSÉ ANTONIO ENCINAS MANFRÉ - Eminente
deputado estadual Thiago Auricchio, insigne Dr. Francisco Mesquita Neto, digno
diretor presidente do estado de São Paulo, peço vênia para saudar todos os
preclaros componentes da Mesa, a todos os presentes. Peço vênia para a todos
saudar na pessoa de Suas Excelências.
Já foi dito, e com muita proficiência,
a respeito do que o estado representa na formação deste País, na formação dos
democratas do Brasil, da liberdade, portanto. Essa informação, fundamental e
que a empresa cumpre, se me permita dizer assim, Dr. Francisco, que a empresa
cumpre o ditame constitucional de, na liberdade de informação e de formação, a
cujo respeito é imperecível o agradecimento de todas as pessoas livres deste País.
Minhas palavras são breves, eu estou
quase caminhando para o término. Deixar também registrado que o Tribunal
Regional Eleitoral do Estado de São Paulo está muito honrado em participar
desta homenagem ao “Estado”.
E dizer, por fim, o que já é, o que é
muito proclamado e é justo no reconhecimento, que “O Estado” também hoje, e
muito hoje, ele é relevantíssimo ao País, essa imprensa livre, formadora, responsável,
à altura do que o constituinte, do que o povo, enfim, delegou e espera dos seus
maiores.
Então fica, Dr. Francisco, a nossa
modesta homenagem ao “O Estado de S. Paulo”. Parabéns à Assembleia Legislativa,
ao deputado por essa homenagem ao “O Estado”. Então, o respeito do nosso
tribunal, que tem como um dos seus nortes a liberdade, a democracia e a
justiça. Viva “O Estado de S. Paulo”.
Muito agradecido. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecendo mais uma
vez ao Sr. José Antonio Encinas Manfré.
E eu chamo agora ela, que é uma das
principais auxiliares do governador Tarcísio de Freitas, uma grande
protagonista do Governo do Estado. Com muito prazer, vamos ouvir a Sra. Lais
Vita, secretária de Estado de Comunicação de São Paulo. (Palmas.)
A
SRA. LAIS VITA - Boa noite, boa noite a todos. Em
primeiro lugar, obrigada, deputado Thiago Auricchio, pelo convite. E em nome de
quem eu já parabenizo pela iniciativa desta sessão para um momento tão
relevante para a imprensa brasileira, que é celebrar os 150 anos do “Estadão”.
Cumprimento aqui, em nome do deputado
Thiago, todos os deputados presentes nesta sessão; deputado Delegado Olim; em
nome do Francisco Mesquita, todos os profissionais do “Estadão” presentes nesta
sessão; os queridos Eurípedes e Erick, também; o conselheiro Dimas Ramalho e
José Antonio Manfré. Fica aqui o meu abraço. Obrigada, é uma honra compartilhar
esta mesa com vocês nesta noite tão relevante para todos aqui.
Eu estou muito honrada por celebrar,
junto com todos, com todos os senhores e senhoras, a história do mais antigo
jornal em circulação no território paulista. “A Província de São Paulo”, que é
hoje o “Estadão”, completa 150 anos consolidado como um dos mais influentes
jornais do Brasil - isso é uma unanimidade -, tendo protagonizado a cobertura
de cada grande momento deste país com jornalismo sério, um jornalismo
responsável. Não é exagero algum dizer que a trajetória republicana de São
Paulo e do Brasil está escrita em cada página do “Estadão”.
Para além desse exemplo incontestável
de credibilidade, hoje o “Estadão” é também exemplo de inovação - não é, Erick?
- e segue a sua trajetória com olhar para o futuro, inovando e renovando com
criatividade, mas mantendo a sua identidade, com uma sinalização clara de que é
possível manter a tradição do passado e acompanhar as transformações rápidas,
transformações constantes que a produção de informação em tempos digitais nos
impõe. Isso a gente pode ver de forma muito clara nessa nova marca do
“Estadão”. Eu sou uma grande fã. Já parabenizei, aproveito aqui o momento para
parabenizar de novo por este momento.
Em tempos que são, também, tempos de
desinformação, de verdades difusas, a existência de um jornal como o “Estadão”
é um farol para apontar a direção do que é real, um farol muito relevante. No Governo
do Estado, a gente defende permanentemente, com muito afinco, a liberdade de
imprensa e o jornalismo profissional como pilares inegociáveis para uma
democracia plena.
Por isso, a gente, no governo, leva em
conta cada linha, cada elogio e cada crítica publicada e somos muito gratos por
cada uma delas, porque a crítica feita, a bem do interesse público, com
informação verdadeira, com informação consistente, nos aproxima das demandas da
sociedade e nos ajuda a construir uma gestão e um estado melhores para todos.
Esse é o nosso papel, essa é a nossa missão.
Eu queria finalizar dizendo que, como
cidadã, como jornalista, como secretária de Comunicação do estado de São Paulo,
presenciar o “Estadão” completar 150 anos em tempos tão desafiadores, para que
informação legítima, para que informação de qualidade chegue a cada cidadão,
não é só uma alegria, é um alento. Desejo vida longa ao “Estadão”. Parabéns a
todos vocês que fizeram e fazem parte dessa história.
Obrigada. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecendo aqui à
Sra. Lais Vita, pelas suas palavras. E eu chamo aqui um dos deputados mais
atuantes desta Casa agora, o nosso querido deputado Delegado Olim.
O
SR. DELEGADO OLIM - PP - Boa noite a todos.
Que alegria, Thiago Auricchio, fazer esta homenagem de 150 anos para o
“Estadão”. Fico muito honrado em participar aqui. Este ano é a primeira vez que
eu venho aqui falar, e vim falar para o “Estadão”. Faz um ano que eu não subo
aqui, nesta tribuna, e hoje estou aqui, fiz questão de vir aqui, fiz questão de
falar.
Participo de poucas homenagens aqui e
não subo aqui nunca para ficar falando e também para ficar ouvindo qualquer
coisa. Eu prefiro ficar no meu gabinete e correr atrás. Para vir aqui, por vir,
não venho não. Estou vindo hoje em respeito ao “O Estado de S. Paulo”.
Quero cumprimentar aqui o nosso desembargador
José Antonio Encinas, desembargador e vice-presidente do TRE. Muito obrigado
pela sua presença, sempre junto conosco. E nosso subprocurador, que eu estou
vendo sentadinho ali, de Justiça Criminal, Ivan Francisco Pereira Agostinho.
Muito obrigado por o senhor ter vindo a esta Casa; o senhor está sempre aqui,
nosso amigo pessoal.
Quero cumprimentar a nossa secretária,
jovem secretária. Posso falar a verdade? Eu nem te conhecia, falei aqui.
Primeira vez. Aliás, os secretários do Tarcísio, eu conheço muito poucos. Eu
conheço assim de ler, mas eu não sei quem são, eu não frequento secretaria; o
máximo que eu vou é na Secretaria de Segurança Pública, porque é mais o meu
mundo, né.
Mas eu vi uma jovem secretária.
Parabéns; eu sei que está fazendo um trabalho maravilhoso. Quer dizer, o
Tarcísio, deve ser difícil trabalhar com ele, porque ele é muito inteligente.
Imagina você expondo alguma coisa para ele, como deve ser difícil. Mas
parabéns.
Quero cumprimentar aqui também o grande
Dimas Ramalho. Quem é Dimas Ramalho? Filho desta Casa - três mandatos. Fora os
três mandatos federais. Eu o conheci um dia no bar de um amigo e falei: esse
homem é muito inteligente e muito preparado. Já estava no Tribunal de Contas;
hoje o senhor é corregedor lá.
Parceiro, gosta de futebol. E ele é da
cidade de Araraquara. E eu era presidente do Tribunal de Justiça Desportiva.
Nós fomos lá num jogo, ele estava lá, mandaram na cidade, estava ele e até o
Edinho, que foi um grande prefeito do PT, gosto muito dele; aliás, o conheci
através do Candinho, aqui nesta Casa.
E o time dele ganhou a taça e ainda
invadiu o campo. Aí o que eu fiz? Meti uma multa e acabei interditando o campo.
No outro dia, quem me liga? “Você não vai dar uma multa de 50 mil...
Quem vai pagar esses 50 mil reais de
multa? E como é que você vai me interditar o campo?”. Na mesma hora, eu baixei uma
portaria e deixei... Acha que eu vou falar um “não” para um homem desse aí?
Nunca. Parabéns, Dr. Dimas.
Quero aqui cumprimentar também,
primeiro eu quero cumprimentar o nosso Francisco Mesquita Neto,
diretor-presidente. Quero cumprimentar aqui o CEO do “Estadão”, Erick Bretas, e
o diretor-executivo do jornalismo, Eurípedes Alcântara. E quero cumprimentar um
jornalista que eu sempre participei muito... Eu fui delegado durante 35 anos,
eu fui um dos caras que mais apareceu meu nome no “Estadão” aqui, viu.
Notícia boa, notícia ruim - eu estava
em todas lá. Trinta e cinco anos delegado, e muita matéria que o Fausto Macedo
fez, minha, e o Marcelo Godoy - umas canetadas pesadas. Então, eu quero,
cumprimentando, os dois - que devem estar no “Estadão”, que eu os vejo
escrevendo -, cumprimentar a todos os jornalistas e editores do “O Estado de S.
Paulo”.
E é difícil falar aqui para uma plateia
em que todos escrevem bem, então eu vou falar pouco. Eu só quero dizer o
seguinte: “O Estado de S. Paulo”, eu ainda sou daqueles que recebem o jornal
todo dia, e se o jornal não chega às seis da manhã, eu pergunto ao porteiro por
que não subiu. Pego o meu jornal e leio na padaria.
Você acredita que tem pessoas que olham
para mim, os mais jovens: “esse cara ainda lê jornal?”. E eu leio o jornal “O
Estado de S. Paulo”. E li durante anos o “Jornal da Tarde” e tenho o último
exemplar do “Jornal da Tarde”, que eu guardei, está até hoje comigo. Porque li
durante muitos anos, era um resumo de todos os jornais, então não queria ler
todos, e o “Jornal da Tarde” tinha tudo lá.
E “O Estado de S. Paulo”, que eu leio
todos os dias. E hoje eu li, mais ou menos umas sete horas da manhã, bati uma foto
e mandei para o Thiago: “Thiago, o seu nome está na primeira página do jornal”.
Mas dizendo que você vai fazer homenagem para o “Estadão”. Eu falei: “pô, se eu
soubesse, tinha feito eu, para aparecer o meu nome lá, né”. Mas tudo bem, o
Thiago é um parceiro, é um amigo, um irmão que eu aprendi aqui... Novo, jovem.
Vai longe aqui.
Eu já estou ficando velho, terceiro
mandato. Aprendi como é que funciona isso aqui e nunca quis ir para Brasília,
sempre fiquei em São Paulo. E quem me trouxe para cá foi a polícia, com um
trabalho correto, e sempre o jornal foi muito correto comigo, escrevi o que
tinha que escrever, e eu sempre dei muitas entrevistas para o “Estadão”, era um
dos jornais que eu colocava em primeiro para falar; depois, os demais também,
mas sempre o “Estadão”.
E eu quero dizer o seguinte, é como
dizem os outros: viva “O Estado de S. Paulo”, o jornal da democracia, o jornal
da verdade.
Tenho um carinho especial, muito
obrigado. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Anunciar aqui
também a presença do nosso amigo vereador Samuel Enfermeiro, ele, que também é
secretário municipal da Pessoa com Deficiência na cidade de Mauá. Seja
bem-vindo, Samuel. Bom, nós agradecemos as palavras de todos os membros da Mesa
e, neste momento, nós assistiremos a um vídeo institucional do jornal “O Estado
de S. Paulo”, que relata um pouco de sua história.
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- É exibido o vídeo.
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O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Fundado em 4 de
janeiro de 1875, inicialmente com o nome “A Província de São Paulo”, o jornal
nasceu das mãos de um grupo de republicanos e abolicionistas que buscavam
divulgar ideias progressistas em um Brasil ainda imperial. Sua primeira edição
tinha apenas quatro páginas e cerca de dois mil exemplares.
Poucos anos depois, sob a liderança de
Júlio Mesquita, o jornal superou inúmeros desafios e, com a Proclamação da
República, passou a se chamar “O Estado de S. Paulo”. Ao longo do século XX, o
“Estadão” consolidou-se como um dos jornais mais influentes do País, mas também
enfrentou momentos de censura e intervenção.
Durante o Estado Novo, em 1940, foi
tomado pelo governo, e só devolvido em 1945. Já na ditadura militar, a redação
resistiu à censura de forma criativa. Quando matérias eram cortadas,
substituía-se o conteúdo proibido por trechos de “Os Lusíadas”, de Camões, um
gesto que entrou para a história da imprensa brasileira. Com a
redemocratização, o jornal modernizou suas instalações e reforçou sua cobertura
internacional.
No ano 2000, entrou definitivamente na
era digital com o lançamento do seu próprio site, expandindo sua presença para
diversas plataformas e formatos. Em 2025, o “Estadão” celebra 150 anos de
história, mantendo-se como referência ao fazer um jornalismo sério e
independente.
Ao longo de um século e meio, construiu
uma trajetória marcada por coragem, inovação e compromisso com a liberdade de
imprensa, acompanhando as transformações políticas, sociais e tecnológicas do
País, sempre permanecendo fiel ao seu papel de informar com rigor e
responsabilidade.
Neste momento, convidamos para vir à
frente o deputado Thiago Auricchio, juntamente com os demais membros da Mesa
Diretora, para a entrega da homenagem ao Sr. Francisco Mesquita Neto,
presidente do Conselho de Administração, neste ato representando o “Estadão”.
Solicitamos a todos que se posicionem à
frente. E passamos à entrega da placa ao deputado Thiago Auricchio, que neste
ato entrega ao Sr. Francisco de Mesquita Neto, presidente do Conselho de Administração
do “Estadão”. O que diz na placa: “Neste marco histórico, celebrando 150 anos
de excelência dedicados ao jornalismo ético, independente e comprometido com a
democracia, o deputado Thiago Auricchio, em nome da Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo, presta sua mais profunda homenagem ao ‘Estadão’ e às
gerações de jornalistas e colaboradores que ajudaram a noticiar a história de
nosso país.
São Paulo, 28 de agosto de 2025.
Thiago Auricchio, deputado estadual.”
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- É entregue a homenagem.
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O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - E neste momento
passamos a palavra ao Sr. José Francisco Mesquita Neto, diretor-presidente do
“Estadão”.
O
SR. FRANCISCO MESQUITA NETO - Boa noite. Fui muito
honrado pelas palavras que a gente ouviu sobre o “Estadão” agora há pouco. Isso
é muito motivador para o trabalho que a gente faz lá. Eu queria agradecer ao
Sr. Deputado André do Prado, presidente da Assembleia, por ter convocado esta
homenagem.
Todos os amigos da Mesa que estiveram
falando aqui nos honram muito. Boa noite. Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
autoridades, amigos e amigas, por iniciativa do excelentíssimo Sr. Deputado
Thiago Auricchio, a quem muito agradeço, esta Casa nos recebe hoje com o
objetivo de celebrar os 150 anos do jornal “O Estado de São Paulo”. Estendo o
meu muito obrigado a todos que viabilizaram esta iniciativa.
Esta data nos enche de orgulho e nos
convida a refletir sobre a inseparável trajetória que uniu este jornal a este
estado. Coube-me a honra de agradecer esta homenagem, em nome do jornal, que
minha família ajudou a fundar e que seguimos conduzindo até hoje, com o mesmo
senso de missão civilizatória dos tempos históricos e heroicos da luta pela
Proclamação da República e a abolição da escravatura.
Essa missão foi anunciada no primeiro
editorial, quando o jornal que viria a ser o “Estadão” ainda se chamava “A
Província de São Paulo”. Definiu-se no texto um compromisso que, de certa
forma, é aplicável a esta Casa e aos fóruns legislativos das democracias
sadias. Dizia o editorial que “com a independência de uma opinião séria e
convicta, o jornal entrará na análise do andamento e gestão social, em todas as
esferas, seja qual for o matiz político dominante”.
Recordo aqui as palavras do diretor que
nos representou nesta mesma Casa em 1975, na homenagem que nos fizeram na
passagem do nosso centenário. “O jornal e os detentores de mandatos
legislativos” - dizia ele - “vivem uma biografia compartilhada, pois ambos têm
o dever de representar opiniões: nós, a dos nossos leitores, e vocês, a dos
seus eleitores”.
As forças paulistas que levaram à
criação do “Estadão” eram abolicionistas, liberais, modernizadoras, democratas
e empreendedoras. Tinha que ser São Paulo. Um jornal liberal, republicano,
comprometido com o progresso social, material e moral de todos os brasileiros
só poderia ter nascido e progredido em São Paulo.
São Paulo acordou primeiro para um
futuro republicano de igualdade e oportunidade para todos, um futuro alcançado
com trabalho, engenho, arte, ciência e tecnologia. O “Estadão” acordou junto.
Quando, em 1932, São Paulo pediu
coragem para se erguer contra os inimigos da Constituição e das liberdades, o
“Estadão” foi literalmente para a trincheira. Pagou o preço da resistência ao
tirano com a intervenção no jornal, a prisão e o exílio dos seus principais
acionistas.
Quando as forças do progresso
precisaram de um núcleo brasileiro de produção de conhecimento, o “Estadão”
esteve na vanguarda dos paulistas visionários que criaram a USP em 1934.
Depois, apoiou a interiorização da ciência, levando à criação da Unicamp e da
Unesp, Universidade Júlio de Mesquita Filho.
O “Estadão” foi instrumental para a
consolidação do sistema paulista de pesquisa, consagrado por investimento
estável e de longo prazo que ainda nos entrega grandes realizações.
Por décadas, o “Estadão” se identificou
com a cultura cafeeira. Mais do que a agricultura, porém, o café financiou a
infraestrutura portuária, as ferrovias e a transformação de nossas vilas em
cidades modernas. A história econômica de São Paulo pode ser resumida pela
metamorfose do café à indústria, da indústria em serviços e finanças, e das
finanças em tecnologia digitais.
Na política, na Educação, na Economia,
o “Estadão” cobrou regras, celebrou conquistas, combateu privilégios, expôs
erros. Ajudou São Paulo e o Brasil a se medirem não por seus próprios avanços,
mas pelo ritmo do progresso das nações que praticam a democracia, a iniciativa
privada, a igualdade de direitos e o constante aprimoramento das instituições.
Nunca cultivamos a oposição como fim.
Limitamo-nos a ser coerentes. Quem subiu e desceu ao sabor das flutuações da
história foram os partidários dos totalitarismos das direitas e das esquerdas.
“O Estado” combateu a ambos.
Assim, nos definiu o primeiro editorial
dos jornais depois de sete anos de censura impostos pela ditadura militar. Da
maneira como nos foi possível enxergar nossa missão, em meio às agudas
contradições de nossa história, o jornal atuou com um olhar sempre voltado para
a frente. Cedo ou tarde, e eu diria sem medo de errar, mais cedo do que tarde,
o “Estadão” fez oposição a todos os governos que se mostraram fiscalmente
irresponsáveis, reacionários ou liberticidas.
Aqui também encontramos paralelos em
nossas missões, a jornalística e a legislativa. Nem sempre acertamos, mas
jamais tivemos compromisso com o erro. Reconhecemos, portanto, nesta homenagem,
a reafirmação do direito sagrado de divergir.
Como tantas vezes ocorreu nas nossas
vidas paralelas, deputados e deputadas discordaram de nossas opiniões
editoriais, da mesma forma que nós, tantas vezes, divergimos de decisões desta
Casa. Mas prevaleceu sempre a meta comum da defesa da liberdade de expressão e
do aprimoramento das instituições, com ampliação das oportunidades para todos.
Permitam-me uma última reflexão.
Estar com e em São Paulo, reforçou
nossas bandeiras: a da democracia, a da responsabilidade fiscal, da economia
competitiva e, portanto, sustentável, a da ciência aplicada, da educação
pública de qualidade e da liberdade como fundamento das sociedades abertas. Por
tudo isso, repito, tinha que ser São Paulo.
Muito obrigado.
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos as
palavras do Sr. Francisco Mesquita Neto. Eu chamo agora o deputado estadual
Thiago Auricchio, ele que é o proponente desta solenidade, um deputado atuante
e também autor do Código Paulista de Defesa da Mulher.
O
SR. PRESIDENTE - THIAGO AURICCHIO - PL - Boa noite a
todos, boa noite a todas. Quero, inicialmente, saudar aqui todos os amigos,
autoridades presentes. Às vezes, eu acho que a saudação fica repetitiva, mas a
gente tem que dar a importância a cada um de vocês que fizeram questão de,
nesta noite tão especial, estarem aqui conosco homenageando esse grande jornal.
Eu não posso deixar de fazer um
agradecimento especial ao presidente desta Casa, ao presidente André do Prado,
que esteve aqui cumprimentando os convidados e, por motivo de outros
compromissos, teve que se ausentar.
O presidente André, que realiza um
grande trabalho aqui conosco e deu a oportunidade de a gente estar presidindo e
tendo esta sessão solene acontecendo aqui no dia de hoje. Cumprimentar o Sr.
Francisco, que usou da palavra, o Sr. Francisco, representando a família
Mesquita, hoje como diretor e presidente do “Estadão”. Uma honra muito grande
ter o senhor aqui conosco.
Quero cumprimentar o diretor-executivo
de jornalismo do “Estadão”, o Sr. Eurípides, também que usou da palavra; o Sr.
Erick Bretas, amigo aqui também, CEO do “Estadão”; o Dr. Desembargador José Antonio
Encinas Manfré, vice-presidente do TRE de São Paulo, representando o Dr.
Silmar.
Obrigado por estar aqui conosco. Quero
cumprimentar o grande amigo, que a política... Não vou falar política, mas o
Palmeiras me deu, que é o conselheiro Dimas Ramalho, um professor nosso, assim
como o Olim falou, filho desta Casa, independentemente de estar no Tribunal de
Contas, até hoje atua como um político.
Quem uma vez político, a gente sempre
político, preocupado com o nosso estado, preocupado com os pequenos municípios,
preocupado com Araraquara. Dimas, obrigado pela oportunidade de estar aqui.
Você sabe também que você é um dos responsáveis de a gente ter essa sessão aqui
ocorrendo hoje. Obrigado de coração.
Quero cumprimentar o deputado mais
autêntico desta Casa, acho que deu para perceber, esse amigo, irmão, Dr. Olim,
até o Candinho brincou: “Poxa, tirar o Olim de casa para vir em uma sessão
solene é muito difícil”, mas isso mostra o respeito, assim como ele deixou
muito bem claro aqui, pelo “O Estado de S. Paulo”.
Cumprimentar a secretária de
Comunicação do Estado, a secretária Lais, hoje representando o governador
Tarcísio. Eu, quando fiz o convite ao governador Tarcísio, eu não ia ligar,
porque às vezes a gente sabe dos compromissos e da correria que o governador
tem, trabalhando aqui pelo nosso Estado.
Eu mandei uma mensagem para ele e ele
imediatamente: “Poxa, eu não vou conseguir ir, mas gostaria muito pela
consideração, o respeito e a importância que o jornal ‘O Estado de S. Paulo’,
não só aqui para o nosso Estado, mas a importância como um dos principais
veículos de comunicação no nosso País”. Lais, obrigado. Leve o nosso abraço e o
agradecimento ao nosso governador, querido governador.
Quero cumprimentar o general de brigada
Eduardo Rodrigues Schneider, o nosso subprocurador-geral de Justiça Criminal, o
senhor Dr. Ivan Francisco Agostinho, também. Quando eu mandei uma mensagem para
o Dr. Paulo Sérgio, ele se lamentou por não poder estar aqui também por outro
compromisso, mas disse que teria o nosso representante. Está muito bem
representado aqui pelo Dr. Ivan.
Quero cumprimentar o Dr. Germano,
secretário-diretor geral do Tribunal de Contas aqui do nosso Estado, também
amigo desta Casa. Cumprimentar os vereadores aqui presentes. O vereador Denis
Gambá, que vem lá de Santo André, e o vereador Cleiton, de Biritiba Mirim,
amigo nosso aqui, amigo do nosso trabalho, do nosso mandato.
Diretores, colaboradores do “O Estado
de S. Paulo”. Deixar um abraço muito especial também a esse, que é um grande
amigo, palmeirense também, como nós, Dimas, o Américo, representando o Tribunal
de Contas aqui do nosso município. Senhoras e senhores, como eu disse, o nosso
agradecimento especial por vocês terem dedicado um tempo do dia de vocês, um
tempo da noite de vocês, depois de um dia vocês estarem aqui. É motivo de muita
gratidão.
A gente que, Dimas, você já deve ter
realizado algumas sessões solenes, você sabe a preocupação que a gente tem de
encher esse plenário, encher esta Casa, e a gente fica muito feliz de ter hoje
aqui o nosso plenário lotado, mostrando, como eu disse, a importância desse
jornal, que é tão especial para a vida de São Paulo, para a vida do Brasil.
E, como, aos que me antecederam também
aqui pessoalmente a mim. Todos aqui prepararam um discurso para falar. Desde a
primeira vez que eu vim subir nesta tribuna, no meu primeiro mandato, em 2019,
quando eu vim fazer um agradecimento, Dimas, eu tinha escrito um texto, um
deputado amigo nosso falou: “Meu, não lê nada, fala com o coração que é a
melhor coisa que você pode transmitir para as pessoas”.
Às vezes, naquele momento, a primeira
vez subindo aqui com um pouco de nervosismo, mas, no final, passando os anos, a
gente vai aprendendo cada vez mais, aprendendo um pouco todo dia aqui dentro
desta Casa.
Então, eu vou deixar a nossa mensagem
do coração, aquilo que a gente sente. A importância que tem esse jornal, a
história desse jornal, já foi muito falada. Acho que 150 anos não é para
qualquer um, não é para qualquer instituição. Depois de tudo que o nosso país...
E vocês, sempre refletindo o cenário político, o cenário econômico do mundo, do
País, vocês atravessarem 150 anos, é mais do que justo fazer um reconhecimento
a essa história tão brilhante, tão, acho que de alguma forma, abençoada.
Depois de ditaduras, tensões políticas
que a gente passou já no nosso país, vocês sobreviverem a tudo isso. O momento
em que a gente vive, tão conturbado, não só na política, mas muita gente dando
valor, muitas vezes a fake news, muitas vezes a blogs virtuais, que não têm o
menor senso de responsabilidade com a verdade. Isso enfraquece muito, eu acho,
a nossa sociedade.
E o “O Estado de S. Paulo”, com a sua
qualidade de informação, com a sua responsabilidade, através dos valores que a
sua diretoria carrega nesses 150 anos, acho que Júlio de Mesquita nunca
imaginou que um jornal estaria completando 150 anos.
Até a gente estava falando, antes de
começar a sessão, quantos jornais já há algum tempo não começaram e deixaram de
existir por conta do tempo, por conta dessa questão da desinformação, das
pessoas não procurarem ser informadas.
A gente sabe que uma sociedade
empoderada se passa por uma imprensa forte, e o “Estadão” representa muito bem
isso. Então, eu venho, através dessa sessão solene, fazer uma pequena e justa
homenagem, assim como a senadora Mara Gabrilli fez no Senado, e vocês deram uma
brilhante cobertura. Foi até daí, Dimas, que a gente teve a ideia de realizar
esta sessão aqui hoje.
Então, a gente tenta, nesse pequeno
gesto aqui da Assembleia de São Paulo, representando o povo paulista, trazer
uma palavra de gratidão por tudo que vocês construíram aqui no nosso Estado.
Não tenho dúvida de que se o estado de São Paulo hoje é um estado forte, um
estado pujante, passa pela importância e pela história do “O Estado de S.
Paulo”.
E muito me emociona... A gente sabe que
a TV Alesp não tem uma, hoje em dia, infelizmente, não tem uma audiência como
uma Netflix, um Globoplay. Mas as poucas pessoas que nos assistem, eu tenho
certeza de que, como todos os programas da TV Alesp, a minha avó deve estar me
assistindo.
Eu tenho certeza, porque ela sempre
comenta, quando a gente sobe na tribuna e ela fala de um discurso meu,
obviamente, com muito orgulho, e meu avô também sempre acompanhava.
Eu tenho certeza de que ela deve estar
emocionada, porque o meu avô era, assim como eu deixei hoje na entrevista que a
gente deu para o “Estadão”, era o jornal que ele - era o único jornal que ele
lia.
Se ele estivesse vivo, eu não tenho
dúvida que ele estaria... O meu tio estaria indo todo dia, assim como ele faz
ainda para a minha avó, levando o jornal impresso, assim como o Olim falou que
ele recebe todo dia.
Eu tenho certeza de que ele estaria
ainda lendo todo dia. E assim como o Dr. Francisco, o Sr. Francisco falou, se
vocês tirassem a palavra cruzada do jornal, ele estaria reclamando demais
quanto a isso.
Então, é um jornal que marca a minha
vida, por conta da história do meu avô, de ele acreditar nos ideais que o
jornal “O Estado de S. Paulo” trazia. Então, eu fico muito, muito mesmo honrado
de estar aqui hoje, tendo essa oportunidade como deputado. Como eu disse
também, desde pequeno, acompanhando meu pai.
Meu pai foi quatro vezes prefeito de
São Caetano. Então, imagina, desde os dez anos, eu vivia e vivo a política
dentro de casa. E meu pai falava assim: “Se você quiser entender um pouquinho
de política, entender um pouco do que está acontecendo no nosso país, no nosso
estado, no mundo, você tem que ler o ‘Estadão’”.
Então, até hoje, a gente recebe lá em
casa. Meu pai lê desde a manchete até o obituário do jornal, por acreditar,
assim como meu avô, nos ideais desse jornal, que tem tanta responsabilidade com
a informação.
Então, é um carinho imenso que vem aqui
nas minhas palavras, uma emoção muito grande por relembrar esses momentos da
infância. Eu estava contando para o Sr. Erick que eu esperava todo domingo...
Hoje, com os aplicativos, com a modernidade... Eu lembro que eu esperava todo
domingo, Ameriquinho, para receber o jornal e ver o preço dos carros.
Quando eu ia fazer 18 anos, que a gente
começa a namorar um carro, eu sempre ficava acompanhando o preço dos carros, o
jornal do carro. Enfim, a qualidade que vocês trazem na notícia, desde a
política até o esporte, é inquestionável.
E deixo aqui, Olim, o meu compromisso
que, daqui a 50 anos, se eu estiver aqui nesta Casa, eu vou ter 82 anos, e é
possível, porque a gente tem o Barros, o Bragato, que se aproximam aí dos 80
anos.
Se eu estiver nesta Casa aqui ainda,
Dimas, se a gente não estiver na Câmara, se a gente tiver seguindo outro
caminho na nossa trajetória política ou fizer outra coisa da vida, eu tenho o
compromisso aqui com o “Estadão” de fazer a sessão solene dos 200 anos.
Parabéns e viva “O Estado de S. Paulo”!
Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrada a presente sessão.
Muito obrigado a todos.
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Está aí o deputado
Thiago Auricchio, já fazendo o convite para o bicentenário do jornal “O Estado
de S. Paulo”, que certamente vai começar pelo nosso amigo Candinho, que
certamente estará aqui.
E, antes de todos saírem, vamos dar uma
grande salva de palmas pelos 150 anos do “Estadão”. (Palmas.)
Dessa forma, encerramos esta sessão
solene.
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- Encerra-se a sessão às 20 horas e 23
minutos.
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