11 DE MARÇO DE 2024

23ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDNA MACEDO

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDNA MACEDO

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - LECI BRANDÃO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - EDUARDO SUPLICY

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

8 - PRESIDENTE EDNA MACEDO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 12/03, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Edna Macedo.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente. Vamos passar aos oradores inscritos no Pequeno Expediente, dia 11 de março de dois mil e vinte e quatro.

Com a palavra o Dr. José do Carmo - Jorge, perdão. Dr. Jorge do Carmo. (Pausa) Com a palavra o deputado Rogério Santos. (Pausa) Deputado Ricardo Madalena. (Pausa) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa) Deputado Sebastião Santos. (Pausa)

Deputado Delegado Olim. (Pausa) Deputado Lucas Bove. (Pausa) Deputado Tomé Abduch. (Pausa) Deputada Marina Helou. (Pausa) Deputado Major Mecca. (Pausa) Deputado Reis. (Pausa) Deputado Capitão Telhada. (Pausa)

Deputado Carlos Giannazi. Tem V. Exa. o tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, deputada Edna Macedo, deputada Leci Brandão, deputado Suplicy, telespectador da TV Assembleia, na semana passada, eu denunciei o governador Tarcísio de Freitas, inclusive acionei o Ministério Público e o Tribunal de Contas, porque ele não está respeitando a data-base do funcionalismo público estadual, que é agora no dia 1º de março.

Não deu reajuste algum para nenhuma categoria profissional, ou seja, um governo fora da lei, que viola a legislação, a lei estadual da data-base e o Art. 37 da Constituição Federal.

Mas, não contente, parece-me que o governador não está nem aí, como ele mesmo disse em relação ao que aconteceu em Santos. Falou que não está nem aí. Ele não está nem aí para o reajuste dos servidores estaduais e muito menos, também me parece, para o reajuste do piso nacional do Magistério, que é a lei federal. Ele está violando a Lei nº 11.738 de dois mil e oito.

O reajuste para o piso nacional do Magistério foi dado em janeiro, e até agora o governador não deu reajuste algum para o Magistério estadual. E isso prejudica não só o Magistério, as pessoas que estão na ativa hoje, mas prejudica também os aposentados e pensionistas, que ficam sem esse reajuste. Aliás, os dois.

O reajuste aos servidores, o geral, que deve contemplar todos os servidores, ao não conceder esse reajuste, ele está afrontando também os direitos e a dignidade, não só dos servidores da ativa, mas também dos aposentados e pensionistas.

E, ao transgredir, ao violar e afrontar a Lei Federal nº 11.738, que estabelece o piso nacional do Magistério - que é uma conquista histórica, do Magistério nacional, que a lei foi aprovada em 2008, no Congresso Nacional, a lei foi sancionada pelo presidente, foi confirmada, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal.

Hoje, o piso nacional é muito baixo. Mesmo assim, o estado de São Paulo não paga corretamente esse piso. Hoje, com o pequeno reajuste que houve, de R$ 4.580,57, por 40 horas semanais, o Estado não paga corretamente o piso, não paga sem o reajuste... Não está dando reajuste.

Quando paga, paga através de abono complementar, e isso é ilegal, isso não é correto, e não paga com repercussão na carreira, que é o correto. O reajuste e o piso têm que ser pagos com repercussão em toda a carreira, porque o piso do Magistério não é teto, ele é piso.

E o governo aqui não cumpre a lei. Além de não dar o reajuste, quando dá, cumpre de forma ilegal, irregular, essa lei. Então, nós estamos aqui acionando novamente... Estou acionando novamente o Ministério Público Estadual, o Tribunal de Contas, duplamente.

 Primeiro, porque o governo não... Isso eu já fiz... Não cumpriu a lei da data-base para todo o serviço público, para todos os servidores e servidoras do estado de São Paulo. E agora, estou na data de hoje, acionando o Tribunal de Contas e o Ministério Público, porque o governo não está exatamente dando o reajuste de lei, que está na Lei nº 11.738. O reajuste foi dado já em janeiro, e até agora nada.

Os professores com salários arrochados, defasados, professores desempregados, alunos sem aulas. É um caos na rede estadual. A máfia dos aplicativos. A máfia das plataformas digitais, tirando toda a autonomia pedagógica dos professores da rede estadual. A falta de promoção, de evolução.

Então, a Educação está um verdadeiro caos no estado de São Paulo, e me parece que o governador não está nem aí para nada disso, nem para o reajuste do piso, nem para o reajuste dos servidores, nem para o genocídio da Educação. Mas, no entanto, ele vai... Anunciou agora; vai viaja. A convite do primeiro-ministro de Israel, ele recebeu um convite, e dia 18, ele vai para Israel.

Olha só que absurdo. Vai lá passear em Israel. Porque ele não está nem aí para o genocídio que acontece aqui no estado de São Paulo, na Educação, na Baixada Santista, mas vai lá se aliar ao genocida, que está massacrando as pessoas, os moradores na Palestina, na faixa de Gaza. É um absurdo.

Então, reajuste já, governador Tarcísio! Para todos os servidores, e cumpra a lei do piso nacional do Magistério, que vai beneficiar os trabalhadores da ativa e também os aposentados e pensionistas.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Com a palavra, o nobre deputado Rui Alves. (Pausa.) Com a palavra, o nobre deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Senhora Presidenta, deputada Edna Macedo, querida deputada e queridos deputados, eu gostaria de aqui falar a respeito do caso com nove mortes pela PM no litoral paulista, que ficaram sem perícia, conforme assinala, hoje, Paulo Eduardo Dias, na “Folha de S.Paulo”.

A perícia no local dos fatos, etapa importante para o andamento de uma investigação de homicídio, deixou de ser feita em ao menos três ocorrências que resultaram em mortes na Operação Verão, no litoral de São Paulo. Nesse caso, houve nove mortes.

Ao todo, 40 pessoas foram mortas por policiais militares no litoral, entre os dias três de fevereiro e nove de março. A ação das tropas da PM foi desencadeada após o assassinato do soldado da Rota, Samuel Wesley Cosmo, 35 anos, na noite de dois de fevereiro, em Santos.

A “Folha” teve acesso a 15 boletins de ocorrência, referentes a 24 mortes: 11 em Santos, nove em São Vicente, duas em Cubatão e duas em Itanhaém. Vinte das pessoas mortas foram identificadas como pardas, duas eram pretas e outras duas, brancas. Em 12 boletins de ocorrência, os PMs mencionaram a quantidade de tiros disparados: 61 no total.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas - Republicanos - disse que as forças de segurança do Estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional.

A pasta chefiada por Guilherme Derrite confirmou a importância da ida de peritos a endereços de crime. O trabalho da perícia é parte fundamental da investigação dos casos. No entanto, a não realização é exceção e pode ocorrer por diferentes fatores.

Um dos 15 boletins de ocorrência aos quais a “Folha” teve acesso refere-se à morte de cinco pessoas em São Vicente, em 27 de fevereiro. O caso ocorreu em uma área de mata nas proximidades da Rua Mário Davis Lerner, no Jardim Rio Branco.

Segundo a versão policial, eram por volta das 19 horas e 15 minutos quando PMs iniciaram uma ação de combate ao tráfico de drogas e cercaram o ponto. As cinco pessoas no local tentaram fugir por uma trilha, mas se depararam com dois dos policiais, e atiraram.

Os policiais afirmaram que revidaram e balearam as 5 pessoas, que foram socorridas, mas não resistiram aos ferimentos. Morreram Peterson Sousa da Silva Xavier Nogueira, 32; Pedro Rosa dos Reis Junior, 24; Kauê Henrique Diniz Batista, de 17 anos; Luiz Henrique Jurovitz de Lima, 18; Marcus Vinicius Jurovitz de Lima, 17 anos. Os dois últimos eram irmãos.

Na ação, conforme... Foram encontrados três revólveres ao lado dos baleados. Eles também disseram que houve a apreensão de R$ 729,00 e de material que parecia ser maconha, crack e cocaína. Peritos não estiveram no local.

No boletim de ocorrência, há uma justificativa: diante da dificuldade de acesso, por se tratar de mata e mangue, e em virtude de ser área conflagrada, de intensos confrontos, restou inviabilizada a preservação do local, estando prejudicada essa perícia. A conduta dos policiais foi classificada pelo delegado como legítima defesa.

Outro caso que terminou sem perícia aconteceu em três de fevereiro, na Avenida dos Bandeirantes, em Santos. De acordo com o boletim de ocorrência, policiais militares da Rota cercaram a Vila dos Pescadores, na periferia da cidade, para evitar que criminosos fugissem para a Vila dos Criadores. Durante a ação, disseram os PMs, criminosos teriam acessado a avenida, encontraram a Rota e atiraram contra os policiais, que revidaram.

Três homens foram baleados. Um deles, segundo o registro, tinha um revólver calibre 38 e uma quantidade de drogas, quando levados à UPA da zona noroeste, onde morreram.

‘Em ato contínuo, o condutor apresentou o ocorrido nesta unidade policial. E em razão do tumulto causado nas imediações, com eventual risco de novo confronto no local, ficou prejudicado para perícia, razão pela qual não foi possível a preservação do sítio do evento por parte dos componentes da Rota’, diz trecho do BO. Até a conclusão do documento, os três homens não haviam sido identificados.

O terceiro caso sem perícia ocorreu em 21 de fevereiro, em São Vicente. Renato Barbosa Marques da Silva, 38, foi morto na rua G, no Jardim Rio Negro. PMs disseram à Polícia Civil que estavam em operação pelo bairro quando verificaram uma viela e ouviram o barulho de uma pessoa deixando o local, possivelmente em fuga.

Ela teria atirado contra os policiais militares, que revidaram. Ao lado de Silva, teria sido encontrada uma arma e, no bolso dele, 674 reais. A justificativa dada pela ausência de peritos no local foi semelhante à dos outros casos. ‘Diante do alto risco de novo confronto, o local não restou preservado, restando prejudicado para perícia.’

A Secretaria de Segurança Pública afirmou que todos os casos de morte decorrentes de intervenção policial são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério e Poder Judiciário.

Ainda segundo a pasta, a Operação Verão já resultou na prisão de 880 criminosos, incluindo 336 procurados da Justiça, além da apreensão de 617 quilos de drogas e de armas, entre as quais fuzis.”

Eu gostaria de lembrar aqui que mais e mais se fazem necessárias aquelas medidas de política econômica e social que venham a elevar o grau de justiça e diminuir a criminalidade violenta em nosso País.

Dentre esses de política econômica e social, certamente está a renda básica de cidadania, que irá garantir a sobrevivência, com dignidade, de todos os seres humanos.

Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Encerrada a lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, vamos passar à Lista Suplementar.

Com a palavra, o nobre deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Nobre deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Nobre deputada Leci Brandão.

Tem V. Exa. o tempo regimental.

 

A SRA LECI BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Excelentíssima Sra. Presidente deputada Edna Macedo, aproveito para agradecer a Vossa Senhoria toda a corrente de orações que foram feitas em prol da minha saúde. Que Deus abençoe.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, os funcionários desta Casa, todos os funcionários desta Casa pertencentes aos serviços gerais, senhoras e senhores telespectadores da nossa TV Alesp.

Sra. Presidente, todo mundo sabe que eu sou uma defensora de primeira linha na questão da melhoria da Educação. Aliás, o deputado Carlos Giannazi é testemunha disso. Eu sempre lutei pela Educação, antes mesmo de chegar até esta Casa, porque eu acho que, sem a Educação, nada acontece de bom, em país algum.

Mas eu preciso chamar a atenção para os pontos críticos do projeto de lei que chegou a esta Casa, na última quinta-feira, dia 7, que propõe a criação do Programa Escola Cívico-Militar.

Há décadas, os professores do estado de São Paulo lutam para ter melhores condições de trabalho, lutam por salários dignos, por reconhecimento e por mais estrutura nas escolas. Aí eu pergunto o seguinte: por que ninguém investe nas escolas que temos? Por que ninguém investe em salários melhores para os professores? Por que não investem também em instalações dignas para que possam exercer as suas funções?

Bom, a violência está na sociedade em que a escola está inserida. O papel da polícia é cuidar da violência que está fora. O papel da polícia não é ir para dentro das escolas exercer funções para as quais eles não estão preparados. Polícia é uma coisa e professor é outra.

A gestão escolar deve ser feita por profissionais da Educação, até porque a Lei de Diretrizes e Bases da Educação não prevê a possibilidade de que seja exercida por militares. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação não prevê isso.

Os militares cumprem um papel importantíssimo na sociedade. Eu os respeito, eles sabem disso. Os militares cumprem um papel importante na sociedade, mas eles têm outro tipo de responsabilidade.

O argumento desse projeto que chegou aqui na quinta-feira fala da disciplina. A palavra “disciplina” está lá para justificar esse tipo de escola. Só quero dizer que a disciplina não se separa do processo educativo.

A disciplina tem como finalidade a formação de um ser humano livre. Um ser humano livre. Acho que qualquer coisa diferente disso, no meu entender, é desrespeito ao pluralismo de ideias, é desrespeito à liberdade e, principalmente, à democracia.

Que fique claro que eu não tenho absolutamente nada contra os militares, mas quando eu vejo que o governo está querendo que os militares recebam mais, um salário mais alto que o dos professores, eu acho muito injusto, eu acho que não cabe essa lei.

Então, já estou me colocando aqui. O projeto chegou. Inclusive, já chegou a esta Casa, há algum tempo, essa questão de colégio cívico-militar, de que vão implantar isso em todo o estado de São Paulo. Desde essa época, sempre me coloquei desfavorável a essa medida.

Muito obrigada, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Nobre deputada Leci Brandão, fico muito feliz de vê-la aqui no plenário e a sua saúde restabelecida. Que Deus lhe abençoe, viu? Que lhe dê muita saúde, muitos anos de vida.

Com a palavra, o nobre deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra, o nobre deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, deputada Edna Macedo, telespectador da TV Assembleia, de volta à tribuna da Assembleia no dia de hoje, eu queria dizer que, na semana passada, na última sexta-feira, participei de uma importante manifestação.

Na verdade, duas grandes manifestações dos servidores municipais, tanto dos servidores de uma forma mais geral, como também servidores da Educação, em defesa de melhores salários, melhores condições de trabalho.

Foi uma grande manifestação. Uma na frente da Prefeitura e outra na frente da Câmara Municipal. Os servidores municipais pleiteiam um reajuste salarial, que seja cumprida a data-base e que haja reposição das perdas inflacionárias.

O prefeito de São Paulo tem hoje um cofre abarrotado; está sobrando dinheiro no cofre municipal. Ele tem mais de 30 bilhões de reais para investimentos. No entanto, ele só está oferecendo para os servidores municipais 2,16% de reposição das perdas, que não repõem a inflação do período.

Os servidores municipais também, sobretudo os da Educação, estão em luta contra o confisco das aposentadorias e pensões. Assim como o Doria confiscou as aposentadorias no estado de São Paulo, o Ricardo Nunes faz o mesmo com os servidores municipais, impondo um confisco generalizado para todos os servidores e servidoras aposentadas de 14%, confiscando, roubando, assaltando os proventos e as pensões de pessoas que já contribuíram com a previdência.

Além disso, a movimentação, a luta dos servidores, sobretudo da Educação, é contra a instalação e implantação do subsídio, como foi já implantado no estado de São Paulo. Subsídio, como todo mundo sabe, acaba com a evolução por tempo de serviço, acaba com o quinquênio, com a sexta-parte, com a licença-prêmio, praticamente congela o salário do servidor.

O prefeito Ricardo Nunes já implantou subsídios para algumas categorias profissionais, e quer agora implantar também para o Magistério, para os profissionais da Educação, na verdade para todos os profissionais da Educação da Rede Municipal de Ensino. Isso vai destruir a carreira do Magistério e as carreiras dos profissionais da Educação.

Tanto é que ele já fez um acordo - tem um termo, um convênio, não sei o nome exato - com o Instituto Península, para elaborar uma proposta de reforma do Magistério, do Estatuto do Magistério Municipal, que é uma conquista histórica da categoria e foi, sobretudo, potencializado na gestão de Paulo Freire, quando Paulo Freire foi secretário municipal de Educação. Depois, teve como seu sucessor o Mario Sergio Cortella. Ambos foram secretários da Educação na gestão Erundina.

O nosso estatuto é uma conquista desse momento histórico e ele sobreviveu até agora graças a ampla mobilização de uma categoria organizada e que luta para não perder os direitos que ela conquistou de uma forma árdua durante todos esses anos.

E agora o Ricardo Nunes quer destruir a carreira do Magistério, implantando subsídio para os profissionais da Educação e fazendo acordo com uma instituição privada, um instituto.

Inclusive, é um instituto que trouxe, avalizou a vinda para o Brasil de uma empresa que comprou várias escolas de educação infantil e destruiu essas escolas. Praticamente essas escolas fecharam quase que totalmente, prejudicando professores, professoras, famílias, crianças, foi um verdadeiro desastre.

Então, esse mesmo instituto que avalizou uma empresa chilena que arruinou a Educação infantil de várias escolas, de várias famílias, agora vai fazer uma parceria com a Prefeitura para apresentar um estudo de reforma do Magistério.

Isso vai significar o quê? Destruição da carreira do Magistério, uma das principais carreiras, uma das melhores carreiras do Brasil, do ponto de vista do Magistério público, pode ser destruída caso esse convênio siga adiante e caso o prefeito Ricardo Nunes siga os passos do Tarcísio e implante o subsídio para os profissionais da Educação.

Então, todo o nosso apoio à luta dos profissionais da Educação, da Prefeitura de São Paulo contra esse famigerado reajuste, que não é reajuste e nem reposição de perda de 2,16%, pelo fim do confisco das aposentadorias e pensões, pela melhoria das condições de trabalho, contra a política de subsídio.

E todo o nosso apoio à greve, que será praticamente iniciada na próxima quarta-feira, com uma grande manifestação no centro da cidade.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

 A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Dando sequência aos oradores inscritos na Lista Suplementar, com a palavra o nobre deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente Edna Macedo, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, público presente na galeria, funcionários desta Casa, gostaria de expressar preocupação com respeito à notícia que foi agora comentada pela querida deputada Leci Brandão sobre as escolas cívico-militares e o PLC nº 9, de 2024. Como é de ciência das senhoras e dos senhores, recebemos nesta Casa o PLC nº 9, de 2024, que tem por objetivo instaurar as escolas cívico-militares no estado de São Paulo.

Em que pese em sua justificativa o governo apontar para a melhoria da qualidade da educação pública com ênfase na aprendizagem e equidade, desenvolvimento escolar que garanta o ensino-aprendizado, atuação no enfrentamento da violência, promoção da cultura de paz, estimular a promoção dos direitos humanos e do civismo e auxiliar no enfrentamento da repetência e abandono escolar, há muitos pontos a serem levantados e debatidos profundamente com a sociedade.

Colocado como “atividades extracurriculares”, o PLC nº 9 não deixa claro de que forma isto se daria, podendo ser um cheque em branco para a implementação de qualquer disciplina.

É fato que a Educação, não só em São Paulo, mas no Brasil, que já apresentava sérios problemas, teve uma grave piora no aprendizado do alunado devido à pandemia de Covid-19. Além disso, muito bem se debateu sobre a violência nas escolas, que tem aumentado nos últimos anos.

No caso da violência nas escolas, cabe relembrar documento preparado no grupo de transição do governo do presidente Lula, coordenado pelo professor da USP Daniel Cara, que aponta como causa o avanço do ultraconservadorismo de extrema direita no País e a falta de controle e criminalização desses discursos que são fortemente relacionados a gênero e orientação sexual, o que reitera a necessidade de um debate amplo, e não de militares dentro de escolas, tendo em vista que a militarização só contribuiria para pautar a disciplina fundamentada em rígida estrutura hierárquica, prezando pela obediência por meio de uma narrativa de patriotismo.

O próprio projeto já prevê a uniformização, o que, para além de certo nível, ultrapassa a identificação enquanto aluno e passa a impedir manifestações físicas de diversidades na aparência.

Em artigo da “Carta Capital” denominado “Por Que A Disciplina Militar Não Funciona”, publicado em 2022, expõe-se que a disciplina militar é distinta e incompatível com a nossa tradição educativa, pois em sentido militar, representa a obediência incontestável à ordem hierarquicamente superior, própria da cadeia de comando.

Assim, obediência é algo extrínseco ao sujeito; ela exige a conformação submissa, pois não está disponível para críticas fundadas em argumentos: desse modo, é nociva para a educação escolar.

Não é concebida como algo propedêutico e transitório: habitua os estudantes a confirmarem-se as ordens extrínsecas inquestionáveis, obstrui o pensamento ao não ser permeável à argumentação, obstaculiza a construção da liberdade ao furtar a possibilidade de um exercício disciplinar, uma atividade do sujeito sobre si mesmo, subverte os fins da educação ao negligenciar a questão da formação humana em favor de um estratégico instrumentalizador, além de não ser compatível com os fins educativos relacionados à formação de um ser humano livre.

Quanto ao apontado sobre a qualidade da educação, as mazelas educacionais que temos devem ser enfrentadas em sua raiz, com investimento em infraestrutura nas unidades escolares, contratação de corpo docente efetivo e via concurso, com valorização salarial.

Cabe ressaltar que, enquanto os profissionais da Educação são desvalorizados e continuariam a receber o mesmo, os policiais da reserva que estariam nas escolas ainda contariam com o adicional do local de exercício, ALE, e adicional de complexidade de gestão, ACG.

Ao invés de um projeto que vise a melhoria da Educação, o que recebemos nesta Casa foi a proposta de corte orçamentário de cinco por cento do mínimo constitucional estadual para um estado com tantas desigualdades. Isto demonstra que o objetivo do projeto é polarizar, e não discutir seriamente como deveria melhorar a Educação em nosso Estado.

Muito obrigado.

Eu pergunto se deseja, a deputada Edna Macedo, usar da palavra.

Eu posso presidir a sessão.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Se houver acordo entre os líderes, peço que seja levantada a sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 36 minutos.

 

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