22 DE ABRIL DE 2025
50ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO, CARLOS GIANNAZI, REIS, GUILHERME CORTEZ, EDUARDO SUPLICY e TENENTE COIMBRA
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão às 14h06min. Convoca sessão extraordinária a ser realizada hoje, às 16 horas e 30 minutos, ou dez minutos após o término da presente sessão.
2 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
4 - SIMÃO PEDRO
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - REIS
Assume a Presidência.
6 - CAPITÃO TELHADA
Para comunicação, faz pronunciamento.
7 - PRESIDENTE REIS
Cumprimenta os vereadores de Guapiara, Bagalu e Tabajara, presentes no plenário.
8 - GUILHERME CORTEZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - GUILHERME CORTEZ
Assume a Presidência.
11 - CAPITÃO TELHADA
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - PRESIDENTE GUILHERME CORTEZ
Determina um minuto de silêncio em respeito ao falecimento de Rafael Vilodres Correa, sargento da PM, ocorrido em 16/04.
13 - PROFESSORA BEBEL
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - EDUARDO SUPLICY
Para comunicação, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE GUILHERME CORTEZ
Determina um minuto de silêncio em respeito ao falecimento do papa Francisco, ocorrido ontem.
16 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
17 - EDIANE MARIA
Por inscrição, faz pronunciamento.
18 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência. Endossa o pronunciamento da deputada Ediane Maria acerca do despejo dos moradores da favela do Moinho.
GRANDE EXPEDIENTE
19 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
20 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Para comunicação, faz pronunciamento.
21 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Endossa o pronunciamento da deputada Monica Seixas do Movimento Pretas acerca do desalojamento dos moradores da favela do Moinho.
22 - PROFESSORA BEBEL
Por inscrição, faz pronunciamento.
23 - PAULO MANSUR
Para comunicação, faz pronunciamento.
24 - TENENTE COIMBRA
Para comunicação, faz pronunciamento.
25 - GUILHERME CORTEZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
26 - BETH SAHÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
27 - MÁRCIA LIA
Por inscrição, faz pronunciamento.
28 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Assume a Presidência. Desconvoca a sessão extraordinária anteriormente convocada para hoje.
29 - RÔMULO FERNANDES
Para comunicação, faz pronunciamento.
30 - EDUARDO SUPLICY
Para comunicação, faz pronunciamento.
31 - GUILHERME CORTEZ
Pelo art. 82, faz pronunciamento.
32 - TENENTE COIMBRA
Assume a Presidência.
33 - GUILHERME CORTEZ
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
34 - PRESIDENTE TENENTE COIMBRA
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 23/04, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 16h08min.
* * *
- Abre a sessão o Sr. André
do Prado.
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número regimental
de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior
e recebe o expediente.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Convocação. Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, nos
termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma
sessão extraordinária, a realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos ou dez
minutos após o término da presente sessão, em cumprimento ao interstício mínimo
previsto no §3º do Art. 100, do Regimento Interno, com a finalidade de ser
apreciada a seguinte Ordem do Dia:
*
* *
- NR - A Ordem do Dia para a 9a Sessão
Extraordinária foi publicada no D.O. de 23/04/2025.
*
* *
Feitas as
convocações dos projetos, passamos então ao Pequeno Expediente. Começaremos com
a lista de oradores inscritos. Com a palavra o deputado Valdomiro Lopes.
Ausente. Deputada Márcia Lia. Ausente. Deputado Sebastião Santos. Ausente.
Deputado Edson Giriboni. Ausente. Deputado Reis. Ausente. Deputado Reis, me
desculpe.
Com a palavra,
pelo tempo regimental no Pequeno Expediente.
O SR. REIS - PT - Cumprimentar o presidente, o
deputado André do Prado, o público presente, os integrantes da Polícia Civil,
da Polícia Militar, da Polícia Técnico-Cientifica, da Polícia Penal,
cumprimentar todos os funcionários desta Casa e todos aqueles e aquelas que
estão em suas residências e nos acompanham pela Rede Alesp.
Presidente,
deputado André do Prado, hoje eu vim com a camiseta que ganhei dos colegas
investigadores, já com a nova denominação da carreira dos investigadores, que
de acordo com a Lei nº 14.735, uma lei federal, agora os investigadores serão
chamados de “Oficial Investigador de Polícia”.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
* * *
Então
abro o Pequeno Expediente exibindo a camiseta, com a nova nomenclatura da
função, de acordo com a lei federal. Claro, que nós estamos esperando o
governador de São Paulo fazer a regulamentação dessa lei. Existe um grupo de
trabalho que está responsável, chefiado pela Casa Civil, pelo secretário Fraide
que está responsável por apresentar uma minuta de projeto e o fim desse prazo é
agora, dia 9 de maio, tratando da regulamentação da Polícia Civil do Estado de
São Paulo.
Falando
dessa questão, em nome da Frente Parlamentar em Defesa da Polícia Civil; em
nome da Frente Parlamentar em Defesa da Polícia Penal; em nome da Frente
Parlamentar em Defesa dos Veteranos da Polícia Militar; juntamente com o
SINDPESP, que é Sindicato dos Delegados de Polícia; o Sipesp, Sindicato dos
Investigadores de Polícia; ADPESP;
Associação dos Delegados de Polícia.
Aipesp,
Associação dos Investigadores de Polícia; o Sepesp, Sindicato dos Escrivães de
Polícia; AFPCESP; SITRASPESP; APPESP; Cepol; Cepol de Campinas; Cepol da região
de Sorocaba; o Sinpolsan, que é o Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil
de Santos; SindCaesp; SINPCRESP; Sinpol; IPA; Amlesp, Associação dos Médicos
Legistas, o SINPCRESP, é o sindicato dos peritos criminais; a Aepesp, que é a
Associação dos Escrivães; a ASSPESP; o Sintelpol; o Cobrapol; o Sinppenal; o
SindPenal; e o Sindppesp.
Todas essas
entidades classistas, entidades sindicais, associações classistas fazem o
convite a todos os policiais civis, aos veteranos da Polícia Militar, que foram
bastante prejudicados com o último projeto de reajuste, então é importante a
participação deles e também da Polícia Penal para uma reunião.
Então todos
estão sendo convidados, todos os policiais penais, policiais civis, policiais
técnico-científicos, os veteranos da Polícia Militar para participar dessa
reunião, amanhã, às 17 horas e 30 minutos, no auditório Paulo Kobayashi. Então,
para deixar registrado neste Pequeno Expediente esse convite onde será debatida
a questão salarial, que até agora não tem nenhum projeto de reajuste salarial
nesta Casa.
Essas entidades
de classe estão chamando todos os seus associados, todos os seus representados
para participar dessa grande reunião, audiência, em que eles participarão para
ver qual caminho que se vai dar para chegar ao Governo do Estado de São Paulo
com a sua pauta de reivindicação. Ou de reivindicações, porque não é só a
questão salarial, tem várias questões que precisam ser resolvidas.
É importante
que todos possam participar, Sr. Presidente, deputado Giannazi. Inclusive, V.
Exa. também está convidado para participar amanhã dessa reunião para a gente,
então, ver como se encaminha uma pauta de reivindicação ao Governo do Estado de
São Paulo.
Esperamos que o
governo nos receba, porque a última vez que aconteceu isso foi em 2008, o
governador, na época, era o José Serra e ele recebeu essas entidades com bombas
de gás, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Nós esperamos que dessa vez isso
não aconteça, que o governo possa receber essas entidades e receber a sua pauta
de reivindicações.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLOS
GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Com a palavra a deputada Paula da Bancada
Feminista. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Com
a palavra o deputado Caio França. (Pausa.) Com a palavra o deputado Tenente
Coimbra. (Pausa.)
Com
a palavra a deputada Carla Morando. (Pausa.) Com a palavra o deputado Thiago
Auricchio. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Simão Pedro, que fará
uso regimental da tribuna.
O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente desta sessão, deputado Carlos
Giannazi, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, senhoras funcionárias, senhores
funcionários e público que nos acompanha.
Eu venho aqui prestar,
também, a minha homenagem ao papa Francisco, que nos deixou ontem fazendo a sua
passagem neste dia 21 de abril. Papa Francisco foi uma influência, e seguirá
sendo influência, para milhões de pessoas no mundo inteiro. Gerações não só de
cristãos, não só especificamente de católicos, mas para todos aqueles que
buscam um mundo mais justo, mais humano, mais pacífico.
Papa Francisco assumiu
esse nome, o cardial Bergoglio, argentino, quando ele foi eleito papa, ele
assumiu o nome de Francisco para homenagear aquele santo, São Francisco de
Assis, que tinha duas linhas de ações que marcaram a sua vida: uma preocupação
com a natureza, com os animais, e uma preocupação com os pobres.
Ele renunciou uma vida
de filho de uma família rica para viver de forma muito humilde, em contato com a natureza, em defesa
dos pobres. Inclusive isso transformou a própria igreja, chamando atenção,
naquela época, da igreja católica, com a sua suntuosidade, com as riquezas. Ele
mostrando que os valores dos evangelhos, os ensinamentos de Jesus, eram
completamente diferentes disso.
Quando o papa é
escolhido de olho nos grandes problemas humanos, que o nosso mundo, nossa
humanidade atravessa, quais eram esses problemas? Questão ambiental, a crise
climática, a necessidade de cuidar do que ele chama de “casa comum”, que é a casa
de todos os humanos, de todos os seres vivos, para a sua destruição por um
sistema capitalista destruidor, sugador dos recursos minerais, dos recursos
naturais.
O que ele criou
dentro da igreja? Uma nova pastoral chamada “Pastoral da Ecologia Integral”. O
papa denunciou, inclusive, em uma encíclica, que é um livro que os papas
escrevem para orientar os cristãos por um tema determinado. “Laudato si”, que é
um livro fascinante, grande, muito robusto, muito bem fundamentado, mas que
aborda todos os problemas que estão por trás dessa crise climática, chamando a
atenção, fazendo propostas para sua solução, para sua mitigação, para a gente
salvar o planeta e salvar a vida no nosso planeta.
Outra
preocupação, as migrações. A primeira viagem que o papa fez, o papa Francisco,
foi para a ilha de Lampedusa, porque ali que chegam aqueles barcos de pessoas
oriundas de vários países da África, principalmente aqueles que vivem uma
situação de pobreza, de guerra muito mais intensa, tentando chegar à Europa em
barcos precários, sofrendo naufrágios, mortes.
Alguns
conseguem chegar na ilha de Lampedusa. Foi lá que ele foi a primeira vez para
dizer: “A Europa, o mundo precisa colher esses migrantes, porque são nossos
irmãos e precisam ter um olhar específico e melhor sobre essa situação”. E
também chamando a atenção para os processos migratórios em outras regiões, como
aqui na América Latina, em direção ao norte.
Um outro tema,
a pobreza. Combater as causas da pobreza. O papa chamou, em diversos momentos,
em seus escritos, em seus discursos, o problema do aprofundamento da pobreza e
das injustiças. Ele que, enquanto bispo, enquanto cardeal, fez trabalhos
sociais importantes, junto às comunidades mais precárias, chamando atenção das
autoridades, dos governantes, da própria igreja, que a preferência tem que ser
aos pobres, como bem pregou os grandes teóricos ligados à Teologia da
Libertação.
O
papa, inclusive, sempre ligou a destruição ambiental do nosso planeta -
destruição dos recursos naturais, a destruição dos nossos recursos minerais, a
exploração exaustiva - com o aumento da pobreza, com o aumento da violência e o
aumento das migrações.
Então são essas
preocupações que estão no centro do pontificado do Francisco, e a gente espera,
nós vamos todos estar atentos, rezando, para que o próximo papa, que é uma
grande liderança mundial, suas palavras têm uma repercussão no mundo inteiro,
em cima das autoridades, continue esse trabalho.
Para finalizar,
Sr. Presidente Paulo Reis, lembrar que no domingo de Páscoa, quando o papa foi
celebrar a Missa de Páscoa, ele, além de desejar boa Páscoa para toda a
humanidade, chamou a atenção para questão das guerras, especificamente a guerra
entre o Estado de Israel e a população civil de Gaza. Essa guerra entre o
Estado e o Hamas, que tem levado ao genocídio de milhares de pessoas, matando,
principalmente, mulheres e crianças, população civil e inocentes.
Ele se indignou
com isso várias vezes, tentou mediar, mas foi o último apelo que ele fez. A
gente espera que as lideranças mundiais que tenham condições de interferir
levem em conta esse pedido, o último do nosso papa, para que essas guerras
possam acabar e a população viva em paz, em um mundo mais justo, com um futuro
garantido para todos nós.
Muito obrigado.
*
* *
- Assume a
Presidência o Sr. Reis.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Deputado Dr. Jorge do
Carmo. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputada Delegada Graciela.
(Pausa.) Deputado Felipe Franco. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do
Consumidor. (Pausa.) Deputado Rafael Silva. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi.
(Pausa.)
Deputada Thainara Faria. (Pausa.)
Deputada Solange Freitas. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado
Marcelo Aguiar. (Pausa.) Deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputado Guilherme
Cortez.
Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco
minutos.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP - Pela ordem,
presidente, uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental. Tem V.
Exa. dois minutos.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP - PARA COMUNICAÇÃO -
Perfeito. Enquanto o deputado se dirige à tribuna, eu quero comunicar a
presença de dois grandes amigos, dois vereadores da cidade de Guapiara que
acompanham nossa sessão hoje. Por gentileza, podem ficar em pé. O Bagalu da Saúde
e o vereador Tabajara.
Pode ficar em pé, meu amigo.
Muito obrigado pela presença, levem um
grande abraço ao nosso prefeito Matheus. Parabéns pelo trabalho frente as
bandeiras que vocês defendem no município, a Saúde, o empreendedorismo, o
produtor rural, Tabajara, e podem contar com o nosso mandato. Muito nos
engrandece ter a presença de V. Exas. hoje no nosso plenário, está bom?
Muito obrigado.
Presidente, obrigado pela oportunidade.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem. (Palmas.)
Vereador Bagalu, vereador Tabajara, sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo. Passo a palavra para o deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR -Muito obrigado, Sr. Presidente. Quero cumprimentar todos
os meus colegas deputados e deputadas presentes, os servidores desta Casa e o
público que nos acompanha da galeria ou através da Rede Alesp.
Presidente, em
primeiro lugar não posso vir a esta tribuna sem, com muita tristeza, me
solidarizar e me somar à tristeza, ao luto de bilhões de católicos no mundo
inteiro por conta da perda do papa Francisco. O papa Francisco foi muito mais
do que o líder de uma religião. A influência dele, a mensagem dele transcendeu
as religiões.
Ele se tornou
uma das principais figuras públicas do mundo em um momento de trevas. Em um
momento em que o preconceito, a intolerância, um momento em que a indiferença
são valorizados e ganham cada vez mais espaço no mundo e na religião, o papa
Francisco nos lembrou de quais são os verdadeiros ensinamentos de Jesus Cristo
- e a gente acaba de comemorar a Páscoa -, da Igreja Católica e do
cristianismo.
Então tenho
certeza de que todos nós estamos mais sozinhos agora sem o papa Francisco,
porque a gente perde uma voz importantíssima que, mesmo com todas as limitações,
as contradições de qualquer estrutura religiosa, soube ser um homem do seu
tempo, que condenou a exploração predatória da natureza para extrair dinheiro
sem fim para uma minoria de pessoas; que abriu as portas e começou um processo
de aceitação da população LGBT; que condenou o genocídio que acontece na Faixa
de Gaza. Por isso, todos nós sentiremos muitas saudades do papa Francisco.
Por conta
disso, Sr. Presidente, eu só posso lastimar as pessoas que estão tão cegas pelo
ódio, pelo fanatismo político, que não sabem respeitar a vida humana, ou
respeitar a obra de um grande ser humano como o papa Francisco. Eu vou ler aqui
alguns comentários que eu recebi nas redes sociais, de pessoas ditas
religiosas, pessoas ditas cristãs.
“Rezar para
quê? Comunista. Não rezo por comunista”. “Deus me perdoe, mas esse papa
globalista já foi tarde”. “Morreu? Demorou. Um indivíduo repugnante, contra os
princípios, contra os valores e contra a palavra de Deus”. “Vai chegar no céu,
vai falar todes e vai descer do elevador. Foi um comunista, que venha um
verdadeiro papa, como João Paulo”.
Sabe, é um
nível de desrespeito, insensibilidade, repugnância, que eu acho que tem que ser
repudiado por todo mundo, deputado Reis. São essas pessoas que se dizem
cristãs, cidadãos de bem, mas que já desaprenderam há muito tempo quais são os
ensinamentos de Jesus Cristo, que ensinou a respeitar e amar o próximo como a
ti mesmo, que andou com os pobres, com os desvalidos, que andou com
prostitutas, que foi um refugiado.
Esse Jesus, os
cristãos... Falsos cristãos, falsos moralistas, falsos religiosos se
esqueceram. E quando eles veem uma autoridade, como o papa Francisco, mantendo vivas
essas ideias, esses princípios, eles acham que isso é comunismo. Eles acham que
isso é um inimigo a ser extirpado e para você comemorar.
Eu lamento
muito. Eu acho que se as pessoas que tanto gostam de falar da religião pegar a
Bíblia para ganhar dinheiro ou para ganhar voto, elas aproveitassem para ler a
Bíblia e retomar qual foi a história e os ensinamentos de Jesus Cristo. Elas
iam descobrir muitas coisas diferentes. Elas iam ver que elas estão bastante em
contrário ao que foi ensinado e quais são os verdadeiros princípios e valores
do cristianismo.
Mas, para
concluir, Sr. Presidente, eu quero falar de uma iniciativa que o nosso mandato
tomou, que foi apresentar um projeto de lei para garantir, aqui no estado de
São Paulo, o pagamento do piso salarial da categoria da Assistência Social, que
é uma reivindicação antiga da categoria. O piso salarial de R$ 5.500,00 por mês
para os assistentes sociais que trabalham aqui no estado de São Paulo.
Eu tenho um
carinho muito grande pelos assistentes sociais do Brasil, que é uma categoria
fundamental, porque é uma categoria que faz do seu objeto de trabalho, todo dia,
o combate às desigualdades. Seja a desigualdade econômica, seja a desigualdade
social, seja a desigualdade de gênero, seja a desigualdade por conta da
discriminação racial.
O serviço social
trabalha todo dia para combater o preconceito, a desigualdade e para gerar
inclusão social, mas lamentavelmente, não à toa, esses profissionais são
cotidianamente atacados por aqueles que querem destruir as políticas públicas, que
não querem que o estado promova o bem-estar social, que não querem que o estado
promova a justiça social.
E os
assistentes sociais precisam ser valorizados para cumprirem o trabalho
importantíssimo que eles têm. O orçamento da Assistência Social no estado de
São Paulo está absolutamente defasado, há anos já, não é nem só agora do
governo Tarcísio, e a gente precisa começar a mudar essa situação e valorizar
os trabalhadores da Assistência Social como eles merecem.
Então com esse
projeto de lei nós vamos lutar muito aqui nesta Casa para que ele seja aprovado
e para que - de fato, uma coisa que não deveria ser muito, mas apenas o básico,
que é o respeito ao piso salarial das categorias -, seja garantido aqui no
estado de São Paulo. Piso salarial de R$ 5.500,00 para os assistentes sociais
do nosso Estado. Vamos para essa luta, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Chamo o deputado
Eduardo Suplicy para fazer uso da palavra pelo tempo regimental de cinco
minutos.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Eu também quero me somar às suas palavras e as do
deputado Simão Pedro e homenagear esse extraordinário homem que nos deixou
ontem, 21 de abril. Papa Francisco foi uma das figuras mais brilhantes do
mundo, aos 88 anos se foi.
Ao longo de
pouco mais de uma década, ele lutou com muita doçura e simplicidade para mudar
o pensamento da Igreja Católica. Em um dos seus momentos mais sensíveis, não se
absteve de tocar em tabus como a questão LGBTQIA+, o machismo e foi importante
e entusiasta da renda básica de cidadania como instrumento para tornar a
sociedade mais justa e igualitária.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Guilherme Cortez.
* * *
Seu jeito
brincalhão, descontraído, nos aproximou dele e dos dogmas da Igreja. Eu pude
encontrar o papa Francisco em dois momentos. Um deles foi, em 2022, durante o
evento a Economia de Francisco e Clara, em Assis, na Itália. Um encontro que
reúne jovens economistas e líderes sociais de todo o mundo, incluindo mais de
100 brasileiros, para repensar a economia global sob uma perspectiva mais humana
justa e solidária.
Nesse
evento contei pessoalmente ao papa que fui autor da lei da renda básica de
cidadania no Brasil e, ao entregar meu livro sobre a renda básica de cidadania,
“A Saída é pela Porta”, ele disse de forma tão descontraída: “Você trouxe o
livro, mas não trouxe a cachaça?”. Um dia antes do seu falecimento, no domingo
de Páscoa, o papa Francisco disse algumas breves palavras e teve seu discurso
emocionante lido por Diego Ravelli, clérigo assistente.
Ao lembrar
a Páscoa, o papa diz que o amor venceu o ódio, a luz venceu as trevas, a
verdade venceu a mentira, o perdão venceu a vingança. O mal não desapareceu da
nossa história e permanecerá até o fim, mas já não lhe pertence o domínio, não
tem qualquer poder sobre quem acolhe a graça deste dia.
Trago aqui
em mais alguns trechos. Ele disse: “Quanto desejo de morte vemos todos os dias
em tantos conflitos que ocorrem em diferentes partes do mundo. Quanta violência
vemos com frequência também nas famílias, dirigida contra as mulheres ou as
crianças. Quanto desprezo se sente, por vezes, em relação aos mais vulneráveis
marginalizados e migrantes.
Neste dia
eu gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros, mesmo
naqueles que não são próximos ou que vêm de terras distantes, com usos, modos
de vida, ideias e costumes diferentes dos que nos são familiares, porque somos
todos filhos de Deus. Gostaria que voltasse a manter esperança de que a paz é
possível.”
O papa
ainda citou diversas guerras atuais, como de Palestina e Israel, Líbia, Síria e
Iêmen, Armênia e Azerbaijão, Congo, Sudão e Sudão do Sul, entre outras, e
Rússia e Ucrânia. Expressou o seu desejo para o cessar fogo, que se libertem os
reféns, se preste assistência à população faminta desejosa de um futuro de paz.
O papa
ainda complementou. “Não é possível haver paz onde não há liberdade religiosa
ou onde não há liberdade de pensamento nem de expressão, nem respeito pela
omissão dos outros. Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento. A
necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode
transformar-se em uma corrida generalizada ao armamento.
A luz da
Páscoa incita-nos a derrubar as barreiras que criam divisões que acarretam
consequências políticas e econômicas. Incita-nos a cuidar uns dos outros, a
aumentar a solidariedade mútua, a trabalhar em prol do desenvolvimento integral
de cada pessoa humana.
Apelo a
todos que no mundo têm responsabilidades políticas, para que não cedam à lógica
do medo, mas que usem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados a
combater a fome, promover iniciativas que favoreçam o desarmamento. Estas são
as armas da paz, aquelas que constroem o futuro em vez de espalhar a morte.”
Foi um
discurso formidável e emocionante. Solicito, Sr. Presidente, se posso passar um
breve vídeo, de poucos instantes, em que eu trago um trecho do livro “Vamos
Sonhar Juntos”, do papa Francisco, que coloquei no prefácio da última edição do
meu livro. Esse vídeo foi gravado no início do mês, quando recebi a visita de
Paulo Nogueira Batista Jr.
Então, se
for possível, é muito breve este vídeo, porque o papa Francisco fará muita
falta para nós. Que descanse em paz. Para finalizar só.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Querido
presidente Guilherme Cortez, que bom exemplo o papa Francisco nos dá. Suas
palavras nos animam - e muito - a construir aqueles instrumentos que possam
significar verdadeira paz no mundo. Ele conclama a todos a colocarem em prática
os instrumentos de política econômica que elevem o grau de justiça na sociedade
para que possa haver a paz dentro de cada país e dentre os países.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputado Suplicy. Seguindo a lista de oradores do Pequeno Expediente, chamo a
deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Deputado Alex Madureira. (Pausa.) Deputado
Capitão Telhada. Vossa Excelência tem o
tempo regimental para uso da tribuna.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP -
Presidente, uma excelente tarde a V. Exa., a todos os deputados que nos
acompanham neste Pequeno Expediente de terça-feira, à galeria, aos funcionários
da Assembleia Legislativa, às nossas Assessorias Policial Militar e Policial
Civil, àqueles que nos acompanham via redes sociais, YouTube, TV Alesp, enfim,
uma excelente tarde a todos.
De fato, nesta
terça-feira, o Brasil, o estado de São Paulo e o mundo encontram-se em luto
devido ao falecimento do papa, do líder maior da Igreja Católica, ocorrido
recentemente após 12 anos de pontificado, como papa, de fato, marcado,
inclusive, pela justiça social que buscou à frente da Igreja Católica, marcado
também por ser o primeiro papa latino-americano, primeiro líder da Igreja
Católica latino-americano. Enfim, o mundo
todo hoje lamenta a partida do papa Francisco.
Particularmente,
presidente, inclusive, eu hoje optei por vir à nossa sessão legislativa de
preto para também representar e expor o luto em que me encontro, mas não
simplesmente, não somente pelo falecimento do papa, até porque sou evangélico,
não sou da Igreja Católica, mas também compartilho desse sentimento.
Mas hoje eu e a
família policial militar estamos em luto, infelizmente, pelo falecimento, pela
partida de mais um herói policial militar que nos deixou na última semana, na
quarta-feira, dia 16 de abril.
Infelizmente,
não tivemos sessão nos dias 17 e 18, e agora na segunda-feira, dia 21; não
tivemos oportunidade de dar voz e de trazer essa comunicação pública do
falecimento do nosso herói, sargento Vilodres, pertencente ao 3º Batalhão de
Choque, então, eu o faço neste momento, nesta terça-feira fria aqui em São
Paulo.
O mundo se
encontra em luto, mas a Polícia Militar de São Paulo, mais uma vez, também se
encontra de luto. Está aqui disponibilizada a figura, a foto, a imagem em vida
do nosso herói, sargento Vilodres. Trabalhou comigo na Rota, inclusive, ainda
como cabo. Hoje cumpria suas funções de sargento da Polícia Militar lá no
Batalhão Humaitá, no 3º Batalhão de Choque.
Essa
ocorrência ficou famosa porque esse herói não se furtou ao seu dever de ir ao
encalço de indivíduos procurados, pertencentes a uma máfia, a maior facção
criminosa do país, do Peru, chamada “Los Federales”.
O
Batalhão de Choque teve notícia de que alguns indivíduos procurados inclusive
pela Interpol, na lista vermelha da Interpol, procurados no Peru, procurados no
Brasil, estavam aqui em São Paulo homiziados, e aqui em São Paulo as nossas
polícias não se furtam ao seu dever de fazer cumprir a lei.
A
equipe do Choque, liderada pelo sargento Vilodres, foi ao encalço, foi ao
encontro desses criminosos, surpreendeu. Prendeu dois desses indivíduos, na
verdade, uma mulher procurada pelo crime de furto e outro indivíduo procurado
por homicídio.
Em
uma das averiguações dos endereços a que esses indivíduos pertenciam, foram
localizados outros dois meliantes, dois peruanos procurados. Houve um confronto
gravíssimo, violentíssimo, e o sargento Vilodres foi baleado, foi alvejado na
sua face, na região da cabeça.
Além
dele, outro ocupante, outro componente da equipe, também restou baleado, que
foi o sargento Graceti, baleado no braço. Os dois indivíduos que confrontaram
com a equipe foram mortos pelo Choque no momento em que tentava realizar o
resgate do sargento Vilodres, que estava ao solo. Infelizmente foram também a
óbito.
Esses
não fazem mal para ninguém nunca mais, porém perdemos um herói, um policial
militar experiente, com quase 20 anos de serviço, que deixou a esposa, que
deixou dois filhos, duas crianças, uma de quatro anos e outra de 11 anos.
Em
nome desse herói, do sargento Vilodres, que deixa mais uma vez a dor no peito
de cada policial e o sentimento de perda de toda uma sociedade, eu gostaria de
solicitar o respeito de todos aqui em plenário, da galeria, dos funcionários e
dos senhores parlamentares, presidente, para que fizéssemos um minuto de
silêncio em memória do sargento Vilodres, em homenagem a todos os familiares e
amigos que hoje também se encontram em luto.
Obrigado,
presidente.
* * *
- É feito um minuto de silêncio.
* * *
O SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado
deputado, Telhada. Nossa solidariedade.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Pela ordem, Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Só
uma pequena comunicação, na verdade um encaminhamento, que ainda é o senhor, Vossa
Excelência. Acho você tão jovem...
É possível pedir um minuto de silêncio
também pelo papa Francisco, por favor?
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Com certeza,
acho que seria muito importante.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sou solidário ao
pedido de um minuto de silêncio que a deputada Bebel solicitou.
* * *
- É feito um minuto de silêncio.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Muito obrigado a todos os
deputados.
Seguindo a
lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, eu chamo o deputado Rogério
Santos. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Emídio de Souza.
(Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.
Vossa Excelência tem o uso da tribuna
pelo tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Guilherme Cortez, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, telespectador da TV Assembleia; presidente, eu
acabei de chegar agora de uma grande manifestação, na verdade, uma assembleia
dos servidores da Rede Municipal de Ensino, sobretudo dos profissionais da
Educação, que estão em greve desde a semana passada, porque o prefeito da nossa
cidade, aqui da capital, Ricardo Nunes, aliado do Bolsonaro e aliado,
sobretudo, do governador Tarcísio, vem plantando na Rede Municipal e para os
servidores em geral do município de São Paulo a mesma política salarial e de destruição
das carreiras dos servidores, sobretudo, repito, dos servidores da Educação.
Ele ofereceu um
reajuste de apenas 2,6%, que não repõe a inflação. O prefeito da cidade de São
Paulo está atacando a carreira do Magistério Municipal. Ele aprovou uma lei na
Câmara Municipal retirando direitos dos profissionais da Educação, prejudicando
imensamente os professores readaptados, os professores de módulo, os
professores que tiram licença para tratamento de saúde. Esses professores terão
redução salarial de acordo com uma lei aprovada.
Então, é um
ataque frontal, um ataque nefasto à carreira do Magistério. Mas, além disso
também, o prefeito coloca em curso a mesma política colocada pelo governador
Tarcísio de Freitas. Ele começa a privatizar, a terceirizar a gestão da escola
municipal, presidente.
Ele já começou
a fazer isso também, imitando, seguindo o que o governador tenta fazer aqui no estado
de São Paulo, através de leilão de escolas, através da privatização agora
anunciada de 143 escolas. Além disso, a manifestação, a greve dos profissionais
da Educação também denuncia o confisco das aposentadorias e pensões, a mesma
que foi, infelizmente, implantada aqui no estado de São Paulo pelo
ex-governador Doria, mas que foi derrotada através de uma ampla mobilização do
funcionalismo público, dos aposentados e pensionistas, das entidades e da
Assembleia Legislativa, que aprovou um projeto revogando o decreto que impunha
esse confisco das aposentadorias e pensões. Porém, na Prefeitura de São Paulo,
esse confisco continua; ele ocorre, sobretudo, para os 100 mil aposentados e
pensionistas, Sr. Presidente. Então, é uma manifestação importante que tem todo
o nosso apoio.
E dizer também
aqui, denunciar que o prefeito da cidade de São Paulo criminalizou a greve. Ele
recorreu à Justiça e conseguiu uma decisão judicial proibindo a greve, ou seja,
onde a Justiça, infelizmente, tem dado liminares ou decisões judiciais, dizendo
que só 30% dos servidores municipais poderiam fazer greve. Isso é um absurdo
total, porque a greve é um direito conquistado pelos trabalhadores e
trabalhadoras do Brasil, é um direito garantido na Constituição Federal.
Não pode ter
lei de greve, a greve é um instrumento de luta dos trabalhadores, das
trabalhadoras e, sobretudo, dos servidores públicos do Brasil que conquistaram
esse direito na Carta Magna, na Constituinte. Foi uma luta dos servidores em
todo o Brasil, e na Constituinte, que começou em 87, culminou com a aprovação
da nossa Constituição de 88, nós escrevemos o direito de greve também para os servidores
públicos.
E nós estamos
acompanhando aqui a criminalização, a tentativa de impedir que os trabalhadores
municipais possam se manifestar livremente. Inclusive, estamos recebendo várias
denúncias de ameaças de que, em várias regiões, a Prefeitura da cidade de São
Paulo tenta conter a greve e a mobilização dos servidores através de ameaças, Sr.
Presidente, sobretudo para os professores contratados.
Então quero
repudiar veementemente essa posição do prefeito Ricardo Nunes de criminalizar a
greve. Repito, a greve é um direito de todos os servidores da cidade de São
Paulo. Então todo o nosso apoio à pauta com todas as reivindicações dos
servidores municipais.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE -
GUILHERME CORTEZ - PSOL -
Obrigado, deputado Carlos Giannazi.
Seguindo a lista de oradores do Pequeno
Expediente, eu chamo o deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado Major Mecca.
(Pausa.) Deputado André Bueno. (Pausa.) Deputado Marcos
Damasio. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio
Marcolino. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. Vossa Excelência tem a tribuna pelo
tempo regimental de cinco minutos.
Enquanto a deputada Ediane se dirige
até a tribuna, eu queria convidar o deputado Eduardo Suplicy para me substituir
na Presidência dos trabalhos para que eu possa participar de uma outra agenda. Por
gentileza, deputado Suplicy.
Deputada Ediane tem cinco minutos para
sua fala.
A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Muito
obrigada, Sr. Presidente, deputado Guilherme Cortez. Eu quero saudar todos os
parlamentares aqui presentes, os servidores desta Casa, todos os que estão nos assistindo
pela TV Alesp.
Eu subo aqui
neste plenário para fazer uma fala muito importante, deputados, até porque,
vamos imaginar um cenário em nossa cabeça, que é o cenário da Semana Santa. O
que você imagina na Semana Santa? Você imagina que, pelo menos nesse dia, nessa
semana, nesse feriado, os prefeitos, os governadores estarão focados em manter
a paz, o respeito, a empatia, a solidariedade, que foi isso que Deus pregou na
Terra quando esteve por aqui e que deixou no seu Evangelho, na Bíblia sagrada.
Mas aí, na
Sexta-feira Santa, por incrível que pareça para alguns, que para nós, que
estamos aqui todos os dias fazendo enfrentamento ao governador Tarcísio de
Freitas, para nós isso não surpreende em mais nada.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.
* * *
Bom, ele
colocou a Segurança Pública do Estado de São Paulo, a polícia, para ir à Favela
do Moinho na Sexta-feira Santa, senhores, quando as famílias estavam nas suas
casas, que, para muitos ali, deputada Monica Seixas, é um dia que, para alguns,
são liberados e têm sua folga, têm o seu feriado respeitado, para outros, não.
Quem trabalha
em shopping, em outras áreas, vai ter que trabalhar, então vai sair, não vai
cumprir esse feriado, não vai ter o direito ao feriado. Só que essas famílias
foram abordadas, foram famílias que foram surpreendidas pela Segurança Pública
no ato de coação, no ato do medo de perder suas moradias.
Inclusive, uma
comunidade que está há mais de dez anos lutando pela permanência da sua moradia
e que, finalmente, conseguiu um grande avanço, até porque ali é um terreno da
União, onde, para que você tenha autoridade, para que qualquer governador tenha
uma autoridade de retirar qualquer pessoa daquele lugar, é necessário que haja
uma conversa, um diálogo com o governo federal para que isso aconteça. Só que,
deputada Bebel, não foi isso que aconteceu.
Houve um “não”,
um grito, um “não”, que não pode ser retirada a comunidade, mas o Tarcísio de
Freitas, mais uma vez, e eu sempre vou falar isso, repetidamente, vou cansar,
inclusive, muita gente por falar a mesma coisa, sempre vão colocar que a
comunidade é uma área muito perigosa, que é uma área que “olha, tem que ter medo,
muito cuidado”, mas no pano do fundo, no final do dia, o único interesse,
deputada Professora Bebel, o único interesse é retirar as famílias.
É uma
comunidade que resiste há muito tempo, uma área, inclusive, de muito interesse,
porque é uma área central. Será que realmente preto e pobre podem morar em uma
área central?
Em uma área que
eu posso olhar, enquanto governador e falar: “olha, mas essa área pode ser um
parque, mas essa área pode ser um shopping, ah, mas essa área pode ser qualquer
coisa, menos moradia para preto e pobre, que resiste naquele espaço”.
Então é
importante trazer esta denúncia, é importante falar o que está em jogo, é
importante falar inclusive da própria fé do governador do estado de São Paulo,
do Tarcísio de Freitas, que usa essa data, uma data de uma Sexta-Feira Santa,
que é sagrada para todos nós. Minha avó, inclusive, foi criada sem nem sequer
poder varrer a casa na Sexta-Feira Santa; nós não varríamos a casa em respeito.
É
um dia de estar com a família, de zelar pela família, de cuidar da nossa fé.
Mas uma fé é essa, e a família, todos os dias, é atacada no estado de São Paulo
quando não tem o direito de ter a sua moradia garantida, de ter um dia em paz e
sossegado. Então, é essa a denúncia que eu falo.
Vamos
lutar incansavelmente para que a Favela do Moinho continue onde está. E se
tiver que sair, que saia com a chave na chave. Se sair da sua moradia, que
tenha a chave garantida. É essa a denúncia. E também queria falar de alguns
profissionais, servidores públicos da limpeza. Ora, ora, mais uma vez, que
absurdo!
Se
você trabalha, porque todos os parlamentares, todos nós, trabalhamos e temos o
nosso salário. Recebemos, porque somos o quê? Trabalhadores. Nós trabalhamos, é
a nossa força de trabalho, e nós, em contraponto, temos que receber por isso.
Só
que os servidores da limpeza, das escolas - gente, mais de quatro mil crianças
estão sendo afetadas - não estão recebendo o pagamento. E quando resolvem
pagar, pagam um mês sim, outro não.
Ou
seja, eu deixo de limpar a minha casa, vou limpar escolas e não tenho esse
direito, gente, que é do salário garantido e todos os direitos trabalhistas
assegurados. É mais uma vez uma afronta.
É
mais uma vez mostrar que a nossa dignidade, que o nosso trabalho não vale nada
e que manter as escolas limpas, impecáveis, também não é um mérito, sendo que a
grande maioria são de mulheres, que exigem, que fazem esse papel.
Então,
exigimos respeito com os servidores públicos, exigimos respeito, porque nós
precisamos que nossos filhos vão para a escola e que tenham dignidade. E não é
possível, com um Orçamento do tamanho que é do estado de São Paulo, que só perde
para o governo federal, estar em atraso ou negando o direito de receber seus
direitos trabalhistas, seus salários.
Então,
gente, mais uma vez, o Tarcísio é inimigo também. Além da moradia, ele também é
inimigo da Educação.
Muito
obrigada, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT -
Meus cumprimentos, deputada Ediane Maria. E eu, inclusive, tinha preparado
também um pronunciamento em solidariedade aos moradores da Favela do Moinho,
que estão sendo despejados de uma maneira tão inadequada. Vamos agora iniciar o
Grande Expediente.
* * *
- Passa-se ao
GRANDE EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem
a palavra o deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de dez minutos.
O SR. CARLOS GIANNAZI
- PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputadas e
deputados presentes, telespectador da TV Assembleia, eu quero repudiar
veementemente aqui o anúncio que o estado fez agora para tentar desmobilizar o Magistério
estadual, que está em estado de greve, que vai fazer uma grande manifestação,
chamada pela Apeoesp, no próximo dia 25, na Praça da República.
O
Governo anunciou que vai pagar o bônus de desempenho do Magistério estadual.
Primeiramente, nós queremos deixar claro que nós somos contra esse tipo de
política salarial que não incorpora no salário, que é uma forma de ludibriar a categoria.
E, nesse caso específico, de tentar desmobilizar o Magistério estadual, Sr.
Presidente.
O
Governo, inclusive, agora, vai usar a nota do Saresp para, na prática,
penalizar os professores, ou seja, dizendo que se o aluno não aprende, a culpa
é do professor. Mas não é, porque existem vários fatores que influenciam na
aprendizagem do aluno.
Não
é só a aula do professor, tem questões econômicas, sociais, culturais, da falta
de estrutura das nossas escolas; o professor é sempre criminalizado pelo Governo.
O fato é que essa bonificação é uma verdadeira farsa, em geral, porque poucos
professores recebem e os que recebem, recebem pouco, e o Governo usa isso para
desmobilizar, para enganar a categoria.
Um
governo que não investe na valorização dos profissionais da Educação, um
governo que só pensa em privatizar escolas, que só pensa em implantar escola
cívico-militar, um governo que não paga corretamente o Piso Nacional do Magistério,
que é uma lei federal aprovada no Congresso Nacional, sancionada na época pelo
ex-presidente... Na época era presidente e agora de novo, presidente Lula, que
depois foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, porque alguns estados
tentaram inviabilizar essa lei.
Essa lei está
em vigor em todo o território nacional para os estados e munícipios, que é a
Lei nº 11.738, de 2008, que impõe que, na verdade, o pagamento do piso nacional
salarial tem que ser feito através da repercussão em toda a carreira e não
através de abono, de gratificação, como faz o governo aqui, através da
publicação de um decreto de um abono complementar. Isso é ilegal, Sr.
Presidente.
O reajuste do
Piso Nacional do Magistério tem que ser feito com repercussão em toda a
carreira e não através de abono, e é o que o governo está fazendo aqui no
estado de São Paulo, infelizmente tem feito já há alguns anos. Ou seja, o
governador Tarcísio tem colocado em prática aqui em São Paulo a mesma política
do tucanistão, do Serra, do Doria, do ex-governador Alckmin, de todos os
governadores do PSDB.
Então nós
defendemos que o piso seja pago corretamente com repercussão em toda a carreira
e com respeito também à jornada do piso, Sr. Presidente. Além de outras
questões gravíssimas, a questão da climatização das escolas, que não está sendo
feita no nosso estado, a superlotação de salas, a violência contra as escolas,
a questão do reajuste salarial do funcionalismo público em geral, que também
não aconteceu até agora.
Nós já estamos
no dia 22 de abril e a data-base do funcionalismo venceu já no dia 1º de março,
que é a Lei nº 12.391, de 2006, aprovada aqui na Assembleia Legislativa. A
data-base impõe ao governo, obriga o governo a apresentar o índice, pelo menos,
de reposição das perdas inflacionárias, como também determina o Art. 37 da
Constituição Federal e obriga os entes federativos - munícipios, estados e a
própria União - a fazer essa reposição.
O governo
estadual não está respeitando nem uma lei, nem a Constituição Federal e nem a
lei estadual aqui da data-base do nosso Estado. Inclusive eu quero aqui
comunicar, Sr. Presidente, a todos e a todas que eu já ingressei com uma
representação no Tribunal de Contas e uma outra, também, no Ministério Público
Estadual contra o não cumprimento da lei da data-base salarial, que é esta lei
que eu citei aqui, a Lei nº 12.391.
Os nossos
servidores estão com os seus salários defasados há muitos anos. O governador,
no ano passado, já não tinha dado nenhum tipo de reposição das perdas
inflacionárias e continua com essa mesma política salarial, sendo que o estado
tem dinheiro, o estado está arrecadando. Nós aprovamos o maior Orçamento da
história do estado de São Paulo, de mais de 370 bilhões de reais.
Nós estamos
acompanhando aqui a execução orçamentária. O estado está arrecadando muito e
tem dinheiro para dar um reajuste digno para todos os servidores e servidoras
do estado de São Paulo. Nós acompanhamos também a Lei de Responsabilidade
Fiscal, Sr. Presidente, e o governo não chegou nem no regime prudencial da Lei
de Responsabilidade Fiscal.
Então tem
recurso no cofre do estado para dar um reajuste digno para os nossos
servidores, mas, enfim, o estado, o governador segue com a mesma política de
ódio aos servidores do estado de São Paulo, a mesma política que o PSDB
implantou aqui no estado de São Paulo durante quase 30 anos.
Então por isso
nós estamos aqui mobilizados com as entidades representativas, Sr. Presidente,
do funcionalismo público para pressionar o governo a atender essa reivindicação
importante, que é o reajuste dos servidores para repor o processo
inflacionário.
E também o
reajuste, sobretudo, do vale-refeição, conhecido como “vale-coxinha”, que é de
apenas 12 reais. É inconcebível que amplos setores do funcionalismo público
tenham um vale-refeição de 12 reais. Os que têm, porque, dependendo da faixa
salarial, nem isso o servidor tem no estado de São Paulo, sobretudo os
profissionais da Educação.
A pauta é
imensa, Sr. Presidente. Dizer também aqui, para finalizar a minha intervenção
de hoje no Grande Expediente, que essa política salarial de não-reajuste, ou de
abono, de gratificação, prejudica imensamente os aposentados e pensionistas,
porque eles não recebem o abono, a gratificação, o bônus que o Governo está
dizendo que vai pagar agora. Não beneficia os aposentados e pensionistas, que
estão também com os seus vencimentos defasados, arrochados há muitos anos,
ficaram dois anos sendo confiscados.
Então o
Governo, ao não reajustar, ao não repor as perdas inflacionárias dos servidores
da ativa, está prejudicando todos os servidores aposentados e os pensionistas
também. Então por isso que a nossa luta é pelos direitos e pela dignidade dos
servidores da ativa e pelos aposentados e pensionistas, Sr. Presidente.
Então essa é a
nossa luta. Vamos pressionar o Governo. Faço um apelo aqui ao governador. Que
encaminhe um projeto de lei dando o reajuste digno a todos os servidores, a
todos os aposentados e pensionistas.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Só
um adendo, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Cumprimento o
deputado Carlos Giannazi, pela defesa da Educação. A senhora pediu pela ordem?
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Gostaria
de uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Hoje de manhã
estive junto a sua equipe, junto a equipe da vereadora Luana Alves lá na Favela
do Moinho, uma das últimas comunidades remanescentes no centro de São Paulo,
entendendo a situação que a deputada Ediane Maria trouxe
aqui mais cedo.
Esse território, que é um território de bastante
especulação imobiliária, está no centro de São Paulo, ao lado de uma linha de
trem; não pertence ao governo estadual. É um terreno da União. Existe um pedido
de cessão do Estado, do terreno, que a União ainda não respondeu, mas disse
que, se o Estado quisesse avançar na negociação, deveria apresentar um plano de
moradia.
Veja bem, o Governo do Estado pede a doação do
terreno. Pede, grátis, para a União um terreno que deve estar na casa dos
bilhões ali pelo seu tamanho no centro de São Paulo. Pede grátis, mas não quer
se responsabilizar pelas pessoas que moram há 30 anos, no mínimo. Há 30 anos.
Se o Governo do Estado não é dono, se o governo
federal ainda não cedeu, o Governo do Estado não pode remover ninguém de lá,
certo? Não existe justificativa legal para a remoção das pessoas. O que o
Governo do Estado está fazendo agora é uma chantagem, presidente, é uma
violência brutal de tomar terra de gente pobre.
Se vai haver doação, por que o governo não pode doar?
O governo federal não pode doar para as famílias? Ou não pode haver
ressarcimento dessas famílias para elas saírem para a construção do parque?
A CDHU está chamando de remoção voluntária uma ameaça
que espalhou no território de demolição das casas, e o governo estadual, vou
repetir, não pode demolir nada ali. Não é dele, é do governo federal. As
pessoas não podem ser obrigadas a saírem. Hoje de manhã a gente atendeu,
presidente, a pelo menos dez famílias que estavam programadas à mudança
voluntária.
Aí a gente perguntou para as famílias: “vocês estão se
mudando por causa de quê? Por que vocês se voluntariaram a mudar?” Sabe o que
elas responderam para mim e para sua equipe, Eduardo? “Porque a polícia veio
aqui, ameaçou a gente, e o trator está logo ali atrás para demolir a casa da
gente”. O governo estadual não pode demolir a casa de ninguém. A polícia não
pode tirar as pessoas da casa, porque o terreno é da União.
Então a gente pede atenção do governo federal à
situação. Nossos mandatos, o meu e o seu, vai realizar aqui na Assembleia
Legislativa uma audiência em que a gente vai chamar o governo federal e o
governo estadual para responder por que está desalojando as pessoas de um
terreno que não lhe pertence.
É isso.
Obrigada, presidente.
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT -
Muito obrigado pelo esclarecimento. Muito importante para os moradores lá da
Favela do Moinho que estão no aguardo de uma decisão de bom senso por parte da
Justiça. Tem a palavra agora a Professora Bebel, em permuta com o deputado
Donato, pelo tempo regimental de dez minutos.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, nobre senador e deputado
Eduardo Suplicy, por quem eu nutro um grande carinho por tudo o que você
representa na vida. Se eu tiver que dizer o que o senhor disse do falecido papa
Francisco, eu diria que todas as qualidades dele o senhor também tem.
O bom humor, o
carinho pela população, o sentimento de paz que aliás esse foi senão o grande o
projeto de vida dele trabalhar pela paz, pela igualdade social enfim, pelo
respeito à diversidade, pelo respeito a tudo que é humano e isso enquadra o
falecido papa Francisco.
Assim como eu
fui buscar um escrito dele sobre a Educação, deputada Beth, e que coisa linda o
que ele escreve sobre a Educação. Ele chegou a criar um pacto internacional
pela Educação. Nós íamos para lá. Eu estava na comitiva para ir, o meu sonho de
consumo ia acontecer em 2020, quando veio a pandemia, e com a pandemia tudo
parou e aí não aconteceu nada.
Mas temos aí um
exemplo de uma pessoa que se deu bem com o mundo, com tudo que o evangelho
prega e que na realidade tem que acontecer. Ele chega a citar que respeita até
o ateu, mas não... Não é que ele não respeita, mas o ateu deve ser respeitado
mais que um fervoroso católico que não é coerente com o evangelho. Faz sentido,
faz sentido, faz muito sentido.
Porque às vezes
a gente vê tanta gente “coroinha” e a gente vê também fazer tanta maldade. A gente
tem governadores que pregam isso, pregam aquilo quando estão em cima do
caminhão e depois vão lá e fazem o que estão fazendo, por exemplo, com o ataque
aí na Favela do Moinho.
Então me
solidarizo... Solidarizo não, a gente é parte dessa luta, nós somos o Partido
dos Trabalhadores e sempre tivemos como meta inclusão social, garantia de
moradia, enfim, e nós todos temos inserção de moradia nas nossas cidades. Muito
triste, em pleno século XXI, nos depararmos ainda com falta de moradia, quando
é uma necessidade, é um direito básico de cidadania.
Eu quero também
chamar atenção para dois fatores importantes, que é a cobrança... a cobrança
não... A inconstitucionalidade do Projeto nº 269, de autoria do deputado Guto e
do deputado Tenente Coimbra.
É um absurdo
querer se meter com estudante. Ele já tem o direito garantido, ele já tem a
oportunidade de fazer as carteirinhas e com as carteirinhas eles subsidiam as
suas entidades.
Agora se intrometer
com a vida de estudante, deputada Beth, e a forma de eles se organizarem está
sendo demais aqui, e vai passar pelas mãos dos dois deputados. Lamentavelmente,
isto está na Ordem do Dia por conta que foi colocada como prioridade de votação
naquela baciada de projetos, que sem talvez a gente poder reverter.
E a gente tirou
hoje na bancada que nós vamos obstruir essa pauta, essa é uma pauta que não
pode vir para cá sem o amplo debate, porque vai ter que debater com a
estudantada aqui na galeria. Vão ter que enfrentá-los, por favor. Que negócio é
esse? Basta inventar uma lei e se tira um direito? Não, não podemos aceitar.
A minha
categoria é os professores do estado de São Paulo, e eu tenho a honra de também
ter abrangência em vários municípios, por conta de que a gente tem uma
federação, que nós somos filiados a uma federação, que é dos trabalhadores de
Educação, a FETE no estado de São Paulo. Ela também caminha para uma grande
greve no dia 25, na sexta-feira.
Caminha pela
greve por quê? Porque não tem salário, porque não tem reajuste salarial. Poderá
apresentar? Poderá. Até quinta-feira, sexta-feira, o governador que faça um
projeto de lei e mande para a Casa. Mande para a Casa e debata com o sindicato.
Debater com o sindicato tem que ser uma norma regimental de governos que venham
poder ser eleitos aqui no estado de São Paulo.
Nós já
enfrentamos governo de todas as formas, mas igual este, eu estou para ver
outro. Eu jurava que depois do governador Doria, eu não veria mais. Não,
estamos vendo.
Então,
lamentavelmente, nós estamos sofrendo esse arrocho salarial, e quero dizer aqui,
de público, que a criação da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional foi de
um ex-presidente da Apeoesp, Gumercindo Milhomem Neto, que foi, senão, deputado
constituinte. Vá lá e leia a lei.
O presidente
Lula, na presença desse, então, ex-deputado, na época, ele regulamentou. Não
foi uma lei de cima para baixo, foi uma lei de baixo para cima. Eu andei pelas
ruas, porque era militante, professora, estudante, e andei coletando assinatura
para ter o Piso Salarial Profissional Nacional dos professores, que, no Fundeb,
nós conseguimos estender para os profissionais da Educação, que deveria colocar
também, nas suas contas, os funcionários de escola, que agora vai para a linha
de terceirização, como foi aqui denunciado brilhantemente pela deputada Ediane.
A escola não
funciona sozinha, ela funciona com um conjunto de profissionais que nela fazem
parte. A Educação não é uma política estanque, ela é uma política que acontece
junto com outros profissionais. Então, o Piso Salarial Profissional Nacional é
uma honra para o Partido dos Trabalhadores e para a Apeoesp. Por isso, a Apeoesp
nunca negou o Piso.
A minha
corrente, que é majoritária lá, nunca negou o Piso. Às vezes, as pessoas falam:
“mas ganhava 60% a mais”. Exatamente, porque nós liamos que os governadores não
iriam reajustar, porque ficariam como parâmetro do Piso até ficar no que ficou.
Ganhamos, no estado de São Paulo, abaixo do Piso Salarial Profissional
Nacional.
O bônus
anunciado hoje não ultrapassa R$ 600,00 para cada um. Vai dar para mais gente,
mas é de 600 reais a 300 reais. Isso é “miserite”. Incorpore, então, o bônus,
ajunte o dinheiro, ou não retirasse 11 bilhões da Educação, como foi retirado
no ano passado. E agora fica aí, com essa política de tentar diminuir ou arrochar
os salários dos profissionais da Educação.
Sexta-feira,
nós vamos ter uma grande assembleia na Avenida Paulista. Nós não vamos estar
sozinhos. Nós vamos estar com todo o funcionalismo público. Nós vamos fazer uma
grande articulação. Porque nós entendemos o seguinte, a luta dos professores
também é a dos estudantes, por isso, contra, frontalmente, esse PL 269/2023, e
ao mesmo tempo, junto com as sociedades.
Nós temos dado
demonstração de força nesta Casa, quando as pautas entram para cá. Um ano com
os estudantes na Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Um ano com os
estudantes contra essa atrocidade, que foi 11 bilhões a menos a Educação.
Um tempo aqui
lutando contra as escolas cívico-militares, e quero dizer que, apesar da lei,
apesar de o governo Tarcísio, com toda truculência, ter feito isso, asseguro
que temos conseguido fazer com que as escolas não adiram a serem escolas
cívico-militares, porque nós não queremos escola militar.
Queremos Educação
básica de qualidade, de sólida qualidade, para que os estudantes venham a
escolher o que eles queiram ser no futuro. Essa é a nossa realidade.
Pelo piso
salarial profissional nacional, reajuste, pela garantia dos direitos de todos
os profissionais da Educação, desde a educação infantil até o ensino médio, em
todas as modalidades de ensino. É como diz o Fundeb permanente. Tive a honra
também de presidir a Frente Parlamentar Permanente pelo Fundeb aqui na Assembleia
Legislativa.
Ao mesmo tempo,
garantir condições de trabalho, porque, da forma como está, nem os estudantes
têm condições de aprender... Portanto, direito de aprender e a liberdade de
ensinar, porque as nossas aulas, deputado Rômulo, praticamente são assistidas.
Então, cadê a liberdade de cátedra, a liberdade de ensinar? Isso está na
Constituição. Nós não queremos isso.
E outra coisa:
jogaram os alunos contra nós, puseram os alunos para nos avaliarem no estágio
probatório após um concurso público em que nós fomos já avaliados.
Mas os
estudantes se rebelaram, eles não querem isso. Eles querem, na verdade, dizer o
seguinte: “Cumpram o papel de vocês. Nossos professores já passaram no
concurso; portanto, efetivem-nos. Nós não queremos ter esse papel de avaliar
professor”.
Não que eu ache
ridículo, eu acho que tem toda uma relação entre professor e aluno. O aluno não
quer esse papel para ele, tenho certeza. É por isso que eles vêm para cá,
porque professor e estudante caminham juntos. É dessa forma. E caminham juntos
com a sociedade. É dessa forma que eu acredito que a Educação deva acontecer,
com conselho de escola, gestão democrática, pluralidade de ideias e de
pensamentos pedagógicos.
Todos na Av.
Paulista no dia 25, vai ser um grande dia, uma grande Assembleia.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PAULO MANSUR - PL - Uma breve
comunicação, Sr. Presidente?
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos à deputada Bebel. Pois não, deputado Paulo Mansur tem a palavra.
O
SR. PAULO MANSUR - PL -
PARA COMUNICAÇÃO - Obrigado, Suplicy. Bom, os deputados do PT vêm aqui falando
mal do governador; agora a Professora Bebel, deputada do PT, vindo falar que
vai ser uma manifestação grande na Paulista no dia vinte e cinco.
Vão ser meia
dúzia de gatos pingados, como a gente sempre vê nas manifestações da esquerda,
a que não vai ninguém, até porque está demonstrada a insatisfação do povo
brasileiro em uma pesquisa do Paraná Pesquisas que saiu hoje, falando que, se
tivesse uma eleição, no primeiro e no segundo turno, o presidente Bolsonaro
estaria com 45% contra 40% do presidente Lula, que está na máquina pública, que
é presidente hoje.
O presidente
Bolsonaro é atacado pela mídia, é atacado pelo Judiciário, e ele hoje corre em
desvantagem pela grande mídia só bater em cima dele. E mesmo assim ele venceria
a eleição se fosse hoje.
Então, é isso
que a gente tem hoje do maior instituto de pesquisas do Brasil, eleitoral. E se
fosse no estado do Paraná, o Bolsonaro venceria com 80% e o Lula com vinte.
Esse é o cenário do Brasil.
Então, a gente
fica olhando como o presidente sem povo conseguiu ganhar a eleição, porque ele
não tem povo. Ele pode chamar a Ivete Sangalo, ele pode chamar a Daniela
Mercury na Av. Paulista e não vai ninguém.
Ele é uma
pessoa vaiada pela população, enquanto o presidente Bolsonaro, onde ele vai,
todo mundo quer beijá-lo, todo mundo quer abraçá-lo, todo mundo vai na porta do
hospital rezar pela vida dele, enquanto o José Dirceu, psicopata, chegou a
falar que a faca no Bolsonaro foi um erro, um erro que aconteceu para dar a
vitória a ele.
A gente sabe
que o Bolsonaro tomou uma facada que até hoje não foi explicada e essa facada
resultou em sete cirurgias. E ele quase perdeu a vida desta vez. Doze horas em
uma cama, em uma cirurgia. Isso é muito sério, não é para tirar sarro. Enquanto
vou falando aqui da cirurgia do presidente Bolsonaro, os deputados estaduais do
PT aqui ficam dando risada.
É isso que a
gente tem no nosso Parlamento.
Muito obrigado,
presidente.
O
SR. TENENTE COIMBRA - PL - Pela ordem, Sr.
Presidente. Uma rápida comunicação? Fui citado, fui citado, deputado, pela
deputada Bebel.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tenente Coimbra
tem a palavra, pela ordem.
O
SR. TENENTE COIMBRA - PL - PARA
COMUNICAÇÃO - Muito obrigado, presidente. Presidente, venho aqui porque fui
citado pela deputada Bebel, posicionou-se contra o nosso projeto que cria a
carteirinha estudantil gratuita no estado de São Paulo.
Eu vivi para
ver o PT defender que nossos estudantes têm que gastar dinheiro para fazer uma
carteirinha que pode, sim, ser gratuita. Em pleno 2025, nós estamos defendendo
uma carteirinha física, ao invés da possibilidade de termos uma carteirinha
digital gratuita.
Eles tratam a
educação como se fosse um bem deles, como se fosse um bem partidário, a
educação ampla, a educação que atinge a todos, inclusive aqueles que não podem
pagar os 45 reais que são utilizados muitas vezes para fazer manifestações
políticas.
É isso que a
gente está defendendo, é isso que esse projeto traz. É uma pena que talvez a
deputada Bebel não tenha lido o projeto antes, porque esse projeto estava
dentro do acordo.
O Partido dos
Trabalhadores faz algo que vai ter reflexo nesta Casa ao descumprir acordos, ao
descumprir aquilo que foi acordado entre todos os outros parlamentares,
projetos que foram passados previamente em todos os gabinetes.
Acredito que a
deputada Bebel tenha que começar a ler melhor, então, os projetos, para não
chegar aos 48 do 2º tempo, ter que romper o acordo e travar todos os projetos
desta Casa, porque é isso que vai acontecer no dia de hoje.
Ela cita também
o projeto das escolas cívico-militares, Sr. Presidente, e ela fala: “Eles não
querem as escolas cívico-militares.” Presidente, não é isso que está sendo
refletido nos números.
Tivemos na
sexta-feira a última chamada das escolas que estavam participando do processo
seletivo das escolas cívico-militares. Mais de 130 escolas tiveram mais de 50%
de aproveitamento, mais de 50% das pessoas que lá estavam querem escola
cívico-militar. Sabe quantas recusaram o programa das escolas cívico-militares?
Duas, Sr. Presidente.
E eu fico
imaginando aquele professor que contribui para a Apeoesp, a Apeoesp da
Professora Bebel, que gastaram dinheiro fazendo manifestação na porta das
escolas com carro de som, entregando material, aquele dinheiro suado do
professor, que ele imaginou que seria para benefícios da categoria, fazendo
proselitismo político na porta da escola, e não conseguiram, e não conseguiram
realizar o feito de mentir para os pais, que é isso que eles estavam fazendo,
falando que os militares vão bater nos filhos, falando que vai ser uma escola
rígida.
Muito pelo
contrário, o programa é um sucesso: 136 escolas aprovadas dentro do programa, e
vamos anunciar na sexta-feira as 100 escolas que serão contempladas nessa
primeira leva da escola cívico-militar.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito obrigado.
Temos agora a continuidade do Grande
Expediente. Tem a palavra o Dr. Elton. (Pausa.) Tem a palavra o deputado Bruno
Zambelli. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputado Guilherme Cortez,
em permuta com o deputado Caio França.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Eu volto aqui
para esta tribuna para comentar alguns assuntos importantes. Em primeiro lugar,
na sequência do que a Professora Bebel falou, quero convocar todas as pessoas
para a mobilização para o dia de greve, todos os servidores da nossa Rede
Estadual de Ensino, os estudantes, para a greve da educação do dia 25 de abril,
essa semana.
Uma greve é
sempre uma medida extrema. Os trabalhadores... ninguém gosta de fazer greve,
porque a pessoa se expõe, exige um sacrifício pessoal para você fazer uma
greve, porque depois vai ter que repor essas aulas, os alunos perdem a aula. A
greve só acontece quando as pessoas envolvidas sentem que elas não têm mais
nenhum outro meio de se fazerem ouvir.
E essa é a
realidade da Educação Estadual, porque o que o governo do estado de São Paulo
está fazendo com a Rede Estadual de Ensino é um processo de total desmonte.
E não importa a
disposição do diálogo dos professores, do sindicato, dos deputados de oposição,
o governo não está nem aí, passa o trator, e a gente não sabe o que vai sobrar
da Rede Estadual de Ensino desse jeito, porque no ano passado os deputados da
base já aprovaram um projeto para diminuir o investimento mínimo - o mínimo que
se investe na escola do seu filho - já foi reduzido para menos que o mínimo,
menos que o piso constitucional.
Por um lado, o Governo
quer militarizar as escolas; por outro, quer entregar tudo para a iniciativa
privada. Esse é o projeto do Governo, o que ele puder afrouxar a
responsabilidade do próprio Governo para transferir para a iniciativa privada
ganhar dinheiro ele faz; o que ele não pode ele transfere para os militares.
Então é uma
greve em legítima defesa da Educação pública do estado de São Paulo, que está
em um estado lastimável. Eu não sei se meus colegas deputados têm o hábito de
entrar em escola pública. Eu, semanalmente, mensalmente, visito diversas
escolas estaduais, Etecs do nosso Estado.
E o que a gente
vê? São professores sobrecarregados pela falta de contratação de novos
professores; são alunos e professores adoecendo por conta do excesso, do indiscriminado
uso de plataforma, porque hoje a escola não é mais um espaço de troca, de
aprendizado, é um espaço de o aluno bater meta em um computador.
Escolas,
inclusive, que nem têm computador em número suficiente para os alunos poderem
utilizar. Em uma crise climática como a gente vive, com um calor insuportável
em algumas épocas do ano, as escolas não têm climatização adequada, não tem ar condicionado
na maioria das escolas.
Inclusive, sou
autor de um projeto de lei para que o Governo seja obrigado a climatizar todas
as repartições públicas do estado, inclusive as nossas escolas, e pelo
pagamento do Piso Salarial Nacional dos Professores, que, como o próprio nome
já diz, não é nada mais do que o mínimo, o piso, o mínimo a que os professores
têm direito e merecem receber.
Então todo o
apoio aos professores, aos estudantes, a todo mundo que está se mobilizando e
que vai estar em greve, vai estar na rua. Estarei junto com vocês no dia 25 de
abril.
Também quero
falar, Sr. Presidente, do processo que está havendo neste instante, enquanto a
gente está aqui, lá na Favela do Moinho, no centro de São Paulo, uma ocupação em
que o Governo do Estado de São Paulo está, como sempre, passando o trator.
Qual que é o
objetivo do Governo com a desapropriação da Favela do Moinho? Um só:
especulação imobiliária. É esse o projeto que está por trás dessa ideia dele de
mudar a sede do Governo para o centro da cidade. Você se pergunta: mas por que
o Governo quer colocar a sede, se você já tem uma sede enorme, o Palácio dos
Bandeirantes, as secretarias têm sede, para que transferir para o centro da
cidade? Por um motivo, para higienizar, limpar o centro da cidade e você abrir
espaço para especulação imobiliária; depois, revender esses imóveis por um
preço muito mais caro.
Porque, para o Governo,
moradia, política habitacional é isso, não é um direito para quem mais precisa,
tanto é que o Governo não está nem aí para onde vão essas pessoas que estão
sendo desalojadas das suas casas agora, que estão sendo expulsas das suas casas,
se essas pessoas vão ter que dormir na rua e aumentar a população em situação
de rua que eles dizem que querem combater.
Para eles,
política habitacional é para encher mais o bolso da iniciativa privada, do
mercado imobiliário de dinheiro. E é isso que está por trás de todo esse
projeto de desapropriação da Favela do Moinho, de transferência da sede do Governo
para o centro de São Paulo.
Nós estamos do
lado dos moradores da Favela do Moinho, que estão resistindo. Já acionamos a
Justiça, o nosso partido, e estamos lutando para impedir esse absurdo desumano,
que só vai intensificar a crise humanitária que a gente vive aqui no nosso estado,
expulsando essas dezenas de famílias das suas moradias, precárias - só estão
morando lá porque o governo não tem uma política adequada de habitação, de
moradia popular -, e jogando essas pessoas à própria sorte na rua. Um absurdo,
que é a cara desse governo.
Para além
disso, Sr. Presidente, eu quero perguntar o que está acontecendo com a Polícia
Militar do Estado de São Paulo. É um verdadeiro descalabro o que está
acontecendo na Segurança Pública do nosso estado nesses quase dois anos e meio,
só, que o Tarcísio e o Guilherme Derrite estão cuidando dela. É um absurdo.
Só na semana
passada, a gente teve caso de policiais militares flagrados furtando placa de
carro. Você acredita nisso? Policial militar furtando placa de carro. É o
policial se confundindo com um bandido. Eu sei que não são todos, sequer a
maioria dos policiais que compactua com uma atitude dessa. É um absurdo sem
tamanho.
É óbvio que não
é papel do policial militar estar lá, parar a viatura, furtar a placa do carro
de um cidadão, mas isso mostra o nível a que está se chegando, o despreparo da
Segurança Pública nas mãos desse governo, que é um governo que instrumentaliza
a segurança para um projeto eleitoral, que diz que vai fazer uma política linha-dura
contra o crime, mas que, na verdade, faz uma política despreparada e uma
política que descredibiliza os nossos policiais militares e os coloca na linha
do tiro cada vez mais.
Semana
retrasada a gente teve um imigrante, trabalhador ambulante, senegalês, que foi
assassinado no Brás, que inclusive está sofrendo com uma repressão ainda maior
por parte do governo contra os trabalhadores ambulantes lá, pessoas que estão
lá para trabalhar honestamente. Não estão roubando, não estão matando, não
estão traficando. Estão tentando ganhar a vida honestamente e daí o governo que
diz que vai combater o crime, combate esses trabalhadores.
Assassinou
um pai de família, imigrante, senegalês, por conta de despreparo. Não era um
cara que estava armado; não era um cara que estava numa troca de tiro; não era
um cara que oferecia resistência. Por que esse imigrante foi assassinado?
O
mais absurdo, semana passada todo mundo tomou conhecimento de um vídeo do 9º Batalhão
Especial da Polícia de Rio Preto, de uma cena que eu não sei nem descrever, uma
coisa absolutamente bizarra, com cruzes queimadas, coisas que remetem a Ku Klux
Klan nos Estados Unidos, saudações que remetem ao nazismo.
Eu
realmente quero entender o que era aquilo e que procedimento era aquele dessa
unidade do Baep de Rio Preto. Certamente não é nada adequado, certamente não é
um procedimento regular da Polícia Militar.
Então,
o que eu quero chamar a atenção aqui, Sr. Presidente, eu tenho o maior respeito
pelos nossos servidores da Polícia Militar, que são servidores públicos que
saem de casa todo dia sem saber se vão voltar, recebendo maus salários, com
condições inadequadas de trabalho, arriscando a própria vida para proteger o
cidadão do estado de São Paulo.
E
nós, parlamentares da esquerda, embora os deputados do governo falem que a
gente não defenda a Segurança, defenda o bandido, nós somos os primeiros a
estar aqui sempre lutando por condições dignas de trabalho para os nossos
policiais penais, civis, militares e para os agentes da Fundação Casa. Agora, o
que nós estamos vendo é um processo de instrumentalização da Polícia Militar
com um fim partidário, com um fim eleitoral.
O
governador, mês passado, para ir para o Rio de Janeiro defender bandido -
defendeu o Bolsonaro - utilizou uma aeronave da Polícia Militar. O que o
Derrite quer fazer é, com uma política de liberou geral, de despreparo, de
colocar a Polícia Militar para arriscar a própria vida, vender que é um governo
tolerância zero contra o crime, mas não, mas não, porque essa mesma gestão
também está sendo investigada por vínculos com o crime organizado.
Então,
é um absurdo o que a gente está vendo, isso é o oposto da política de Segurança
Pública que o Estado de São Paulo precisa e merece, que os nossos policiais
militares prestaram um concurso para estar executando e a gente não pode
aceitar o despreparo.
A
gente não pode aceitar o derramamento de sangue civil, inocente, de pessoas que
perdem a vida por conta desse despreparo, de policiais que perdem a vida por
conta dessa política que quer usar dos policiais militares.
É
o que eu sempre digo, os deputados da dita Bancada da Bala, Bancada da Segurança
Pública, o que eles querem, meus colegas, é que a ocorrência termine em morte,
porque depois eles podem fazer propaganda, depois eles podem jogar para as
bases deles.
A
gente não quer que nenhum policial militar, no final de uma operação, termine
dentro de um caixão, por conta da sobrecarga, por conta do Burnout, por conta
do despreparo, por conta de uma política cada vez menos preparada para proteger
a vida do cidadão, do civil e proteger a vida do nosso policial militar.
Então,
nós precisamos interromper imediatamente a política de insegurança pública no estado
de São Paulo, de despreparo da Polícia Militar, tudo isso com finalidades
eleitorais para o secretário da Segurança Pública e o governador do estado de
São Paulo.
Inclusive,
nós, da oposição, no ano passado, protocolamos um pedido de impeachment para
que se investigasse os crimes de responsabilidade do secretário Guilherme Derrite,
que, lamentavelmente, foi arquivado nesta Casa e agora nós estamos recorrendo
para a Justiça e para a Comissão de Constituição e Justiça.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY -
PT - Obrigado, deputado Guilherme
Cortez. Tem a palavra agora o deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Deputado Itamar
Borges. (Pausa.) Deputado André Bueno. (Pausa.) Deputada Beth Sahão, tem a
palavra pelo tempo regimental de dez minutos, em permuta com a deputada Thainara
Faria.
A
SRA. BETH SAHÃO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, hoje o que me traz também a esta
tribuna é a morte do nosso querido papa Francisco, no dia de ontem. Quero
revelar que foi um dia muito triste para mim, particularmente, católica que
sou.
Mas, mais do
que isso, acho que a morte do papa Francisco não abalou somente os católicos no
mundo todo, mais de um bilhão, mas ela abalou todos os cristãos e não-cristãos
também.
Dada a sua
trajetória, de um homem corajoso, ousado, que imprimiu à frente da igreja
católica uma práxis de trabalho, extremamente relevante e que contribuiu,
sobremaneira, não só para o crescimento da Igreja, mas também para debater
questões que a Igreja sempre teve muita dificuldade de fazer.
Nesses 13 anos
de papado, com o seu jeito, sua simplicidade, que era algo peculiar, que
caracterizou a sua gestão, posso citar alguns exemplos de um papa que não quis
um crucifixo de ouro, que usou o anel de latão, que pediu, até nos seus últimos
dias de vida, que fosse enterrado em uma lápide no chão, simples, com apenas
uma palavra: “Franciscus”, porque era a ordem religiosa que seguia, de
franciscano.
Como um bom
franciscano, também demonstrou isso nos seus gestos, atitudes, na sua
capacidade de diálogo que tinha ao visitar países, que eram bastante diferentes
daquilo que pregava a Igreja, como por exemplo o Iraque, as suas condenações de
guerras, como ele se colocou o tempo inteiro pela paz no mundo.
Agora mais
recentemente na brutalidade da guerra de Israel contra a Palestina, matando
crianças e mulheres. Ele sempre denunciou isso, sempre rezou e pediu pela paz
do mundo. Como também na guerra da Rússia contra a Ucrânia.
É esse papa que
a gente, infelizmente, perdeu, mas nós perdemos a pessoa, deputado Rômulo. Mas
eu acredito que nós não vamos perder o legado do papa Francisco.
Esse legado do
papa Francisco é um legado progressista, que não tem mais volta. Acho muito
difícil a Igreja Católica recuar nessas propostas que foram implementadas pelo
papa Francisco.
Por óbvio, não
houve tantos rompimentos, como muitos de nós às vezes queremos que a Igreja
faça. Mas ele tocou em assuntos com um respeito impressionante, sem julgar.
Isso que é importante, quando você respeita as diferenças, mas você não as
julga, e o papa Francisco tinha esse jeito de lidar com as coisas.
Para mim, uma
das imagens mais lindas do papa - inclusive coloquei nas minhas redes sociais
-, mais simbólicas e emblemáticas, foi quando ele sobe as escadarias da Praça
São Pedro, em um dia chuvoso, em 2020, onde nenhum de nós podíamos sair de
casa, tamanha era o medo da pandemia que se alastrou mundo afora, tirando
milhões de vidas.
E era ali,
naquele gesto simples, rezando por todos nós, pedindo pela vida, pedindo para
que houvesse as descobertas rápidas das vacinas, que trouxessem um alento para
toda a humanidade.
Foi a maior
crise sanitária que nós tivemos nos últimos 100 anos, que foi a Covid-19, e o
papa compreendeu isso e materializou, através desse seu gesto, a sua
preocupação, mas sobretudo o seu acolhimento. Eu sinceramente não vi nesses
últimos anos, nos últimos papados, seja do João Paulo II, seja do Bento XVI,
esses gestos que o papa Francisco personificou.
Então eu tenho
convicção, deputado Suplicy, que preside esta nossa sessão de agora, que nós
podemos ter um igual, talvez, que chegue perto. Mas não vai ser fácil ter
alguém que esteja à frente da Igreja Católica, no comando da Igreja Católica,
com essa doçura, com essa generosidade, com essa capacidade de se colocar no
lugar do outro, de ser solidário nos momentos mais difíceis da humanidade, de
países, de pessoas, como o papa Francisco se apresentou. Então eu tenho certeza
de que ele já está ao lado de Deus pela sua bondade, por aquilo que ele
representou para todos aqueles que têm Cristo nos seus corações.
Então os seus
funerais, certamente, vão ser grandes. Mais de 200 chefes de estado estão
confirmados, com a presença, tal a importância que o papa Francisco representou
para esses países; países, inclusive, que não têm - está aberto o microfone do
presidente - uma tradição católica, mas os seus líderes estarão presentes.
É mais um sinal
de respeito a essa figura tão incrível que nos deixa, que vai deixar não só
saudade, mas eu quero que ele deixe, sim, os seus ensinamentos e as suas
práticas, que foram tão importantes para todos nós.
Mudando um
pouco de assunto, Sr. Presidente, eu queria aqui fazer coro com outros que me
antecederam a respeito dos trabalhadores de escolas. Eu me lembro muito bem que
aqui nesta Assembleia nós já votamos, não sei se você se lembra, deputada
Márcia, a questão da terceirização de servidores, não só nas escolas públicas,
mas em outras repartições públicas, terceirizando determinados serviços. E a
nossa bancada sempre se colocou contrária e mostramos que isso é um terror para
quem trabalha.
Aqui na
Assembleia nós já vivemos isso. Aqui na Assembleia nós já tivemos empresas que
foram licitadas, contratadas, que trouxeram pessoas para fazer toda a
manutenção e a limpeza da Assembleia e que ficaram meses sem receber seus
salários, porque a empresa foi embora. Sumiu, evaporou.
E agora está
acontecendo o mesmo nas escolas públicas, dessas pessoas que são fundamentais
para manter as escolas abertas, para manter as escolas limpas, higienizadas,
enfim, para fazer um serviço que é muito difícil de ser feito, como bem colocou
aqui a deputada Bebel, que me antecedeu.
A escola
funciona como um todo. Ela precisa do diretor, ela precisa dos coordenadores,
ela precisa dos professores, ela precisa dos funcionários e ela precisa desses
servidores que são terceirizados. Eles são fundamentais para o bom
funcionamento da escola e também para o processo de aprendizagem.
A gente vê, com
muita tristeza, quando observamos que esses trabalhadores estão sem salários
por irresponsabilidade do Governo do Estado e do secretário estadual de
Educação que não cuidam daquilo que precisa ser cuidado, que não se
responsabilizam, agora, por essas contratações infelizes, que trazem empresas
que não têm a mínima condição de tocar para frente esses trabalhos, de assumir
todas as responsabilidades que isso representa.
Quando você
traz para dentro de um serviço público uma empresa terceirizada, é preciso
checar para ver se essa empresa tem condições financeiras de manter os custos
do que isso significa junto a essas empresas, porque senão é melhor não
contratá-las, porque deixar os trabalhadores e as trabalhadores vulneráveis
como eles ficam, sem conseguir receber um recurso para poder fazer a sua
sobrevivência, é desumano.
É desumano, é
desleal, é injusto. E esperamos que o Governo do Estado tome atitudes rigorosas
nesse sentido para que questões como essas não mais ocorram, Sr. Presidente,
porque o que nós não podemos aceitar é isso.
A terceirização
passou? Passou. Hoje, infelizmente, ela é uma realidade, mas é uma realidade
dura que traz resultados muito ruins para as famílias e para as pessoas que ali
estão. A gente espera que haja uma solução o mais rápido possível para esses
casos desses trabalhadores que hoje sofrem com a falta do pagamento dos seus
salários.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos, deputada Beth Sahão. Tem a palavra agora o deputado Fábio Faria
de Sá. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado
Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Sebastião
Santos. (Pausa.) Deputado Vitão do Cachorrão. (Pausa.) Deputado Danilo
Campetti. (Pausa.)
Deputada Márcia Lia, em permuta com a
deputada Thainara Faria, tem a palavra pelo tempo regimental remanescente do
Grande Expediente.
A
SRA. MÁRCIA LIA - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Muito boa tarde a todos e a todas. Assim como os meus
antecessores, eu quero externar a nossa tristeza. Uma tristeza profunda pela
perda do nosso querido papa Francisco. Eu quero ler uma manifestação do nosso
mandato, por conta da perda do nosso querido papa Francisco.
“‘Nenhuma
família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos’.
Essa frase dita pelo papa Francisco talvez seja a que melhor traduza seu
legado. Um legado de amor ao próximo, de justiça social e de coragem diante das
estruturas que excluem e oprimem.
Ontem o mundo
se despediu de um líder espiritual que devolveu à igreja sua face mais humana,
mais próxima do evangelho de Jesus Cristo. Um homem que enfrentou os poderosos
com a força da fé, e caminhou lado a lado com os pobres, os povos da terra, os
trabalhadores e os migrantes. Mas, como cristãos, sabemos que a morte não é o
fim. Francisco agora descansa na eternidade, na presença de Deus, a quem serviu
com humildade, com paixão e verdade.
Ele vive na
vida eterna, mas também vive em nós, na luta que seguimos travando por
dignidade, por justiça e por paz. Ele nos ensinou que essa economia mata, e que
há uma fé que não se compromete com os pobres. É uma fé que trai o próprio
Cristo.
Francisco fez
da sua missão um apelo constante por um mundo mais justo, denunciou a
indiferença global diante da dor dos que passaram fome, dos que não têm casa,
dos que não têm terra, dos que não têm voz. O futuro tem nome, e esse nome é
‘esperança’.
A esperança
precisa se transformar em ação, em solidariedade concreta, em políticas que
protejam quem mais precisa, em decisões que coloquem a dignidade humana no
centro.
Que o legado de
Francisco não fique apenas nas palavras, que floresça em cada gesto, em cada
escolha, em cada lei, em cada vida que tocarmos com empatia e justiça. Descanse
em paz, papa Francisco. Aqui nós seguimos firmes, com fé, esperança e
compromisso.
Muito obrigada,
Francisco.”
O
SR. RÔMULO FERNANDES - PT - Sr. Presidente, pela
ordem. Uma breve comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Pois não?
Deputado, o presidente André vai fazer uma comunicação importante aqui.
Vou deixar a Presidência por um minuto.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. André do Prado.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado
Rômulo, antes de passar uma comunicação a V. Exa., esta Presidência está
desconvocando a sessão extraordinária que foi convocada para hoje. Então não
teremos a sessão extraordinária, haja visto que teve um desacordo entre alguns
projetos.
Então esta Presidência achou melhor
reunir novamente o Colégio de Líderes para que a gente possa achar um consenso,
para que não venhamos a este plenário... não conseguimos pautar os projetos que
já estavam acordados.
Então achei mais prudente desconvocar
essa sessão extraordinária dos projetos das Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
para reunir novamente na terça-feira que vem os seus líderes e, assim, a gente
pacificar os projetos que serão pautados das Sras. Deputadas e Srs. Deputados.
Com a comunicação, deputado Rômulo.
O
SR. RÔMULO FERNANDES - PT -
PARA COMUNICAÇÃO - Obrigado, presidente. Parabéns pela atitude, eu acho que foi
correta. A gente tem acompanhado um pouco... Mais um gesto de negociação.
Queria
rapidamente aproveitar esse tempo que me resta para também falar sobre a morte
do papa Francisco, uma morte pela qual todos nós ficamos bastante tristes, mas,
mais do que a tristeza da morte, a gente tem que reconhecer a grande vida que
ele teve. Acho que esse é um grande legado que o papa Francisco fez aqui na
Terra, no seu papado, desde 2013, é um reconhecimento.
Eu acho que uma
grande virtude que o papa Francisco teve foi a empatia, Sr. Suplicy. Essa foi a
palavra-chave com relação ao papa Francisco. A palavra se chama empatia, porque
se colocava no lugar dos outros.
É por isso que
a gente o chamava de papa “Chico”, em um modo carinhoso, querido deputado, e a
gente tem isso como uma marca. Nosso querido papa “Chico”, que tinha
compromisso com os pobres e marginalizados.
A gente tem
que, todo o tempo, reconhecer isso, pela grandiosidade da sua obra, meu querido
presidente. Em 2016, instituiu o Dia Mundial dos Pobres. Isso é uma coisa que a
gente tem que lembrar.
Buscou fazer a
Igreja se aproximar dos marginalizados, fez um grande debate com relação à
ecologia, a questão climática no país, e foi o maior diplomata com relação a
todas as outras religiões.
A gente ficou
muito triste com relação à morte dele, mas também com um orgulho da vida que
ele teve aqui na Terra. Por isso a minha tristeza e a minha felicidade de seu
grande legado que eu tenho a convicção de que será eterno.
Muito obrigado,
presidente.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Para usar a tribuna
pelo Art. 82, em nome da liderança do PSOL.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Tem o tempo regimental.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PARA COMUNICAÇÃO -
Sr. Presidente. (Fala fora do microfone.) Um presidente que quer harmonizar,
ainda mais depois do falecimento do papa Francisco, tudo o que puder ser feito
para que nos entendamos melhor aqui na Assembleia Legislativa, os deputados de
todos os partidos, será importante.
Então eu percebi que houve um impasse
hoje e que é necessária a boa vontade de todas as partes para chegarmos ao bom
andamento dos trabalhos.
Vou pedir licença, também, porque eu
tenho um compromisso.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Eduardo Suplicy. Com a palavra o deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
PELO ART. 82 - Muito obrigado, Sr. Presidente, colegas desta Casa. Volto a esta
tribuna mais uma vez para me perguntar, Sr. Presidente, por que a
extrema-direita tem essa obsessão com as pessoas transexuais? A gente está
vendo, nas últimas semanas, uma avalanche de retrocesso, no Brasil e no mundo,
contra as pessoas trans.
Aqui no Brasil,
o Conselho Federal de Medicina há muito tempo deixou de ser uma entidade que
representa a medicina, os médicos, a ciência. Tanto é que, durante a pandemia,
recomendou medicamentos ineficazes, porque o Conselho Federal de Medicina já
virou uma linha auxiliar do bolsonarismo, do negacionismo, o que é muito
triste. Desta vez, o Conselho Federal de Medicina emitiu uma resolução
retrocedendo em terapias de bloqueio hormonal, terapias que são muito
importantes para as pessoas travestis e transexuais.
Aqui nesta
Casa, nós tivemos uma CPI, no primeiro ano de que eu fiz parte, para discutir
esses tratamentos. A extrema-direita cria um pânico moral, ela fala: “a
esquerda quer transformar as crianças e os adolescentes em transexuais”.
Isso é um
absurdo, isso é mentira, e na CPI nós pudemos mostrar isso, porque no Brasil,
apesar das mentiras da extrema-direita, não existe cirurgia de redesignação
sexual, não existe nenhum tratamento hormonal em crianças. Mas o que existia
era um procedimento muito simples, de bloqueio hormonal a partir da puberdade.
O que é um
bloqueio hormonal? É um tratamento que, inclusive, muitas pessoas fazem com
outros medicamentos para tratar outros problemas.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Tenente Coimbra.
* * *
E o bloqueio
hormonal ajuda a inibir características de determinado sexo biológico na época
da puberdade. E eu queria o mínimo de empatia para a gente pensar nessas
pessoas, que estão sofrendo com a disforia de gênero, e que perdem a coragem de
ir para a escola, de sair de casa, porque começam a desenvolver características
de um gênero que elas não se identificam.
E o bloqueio
hormonal não é nada mais do que um tratamento que inibe o desenvolvimento das
características até que a pessoa se decida, até que a pessoa tenha idade o
suficiente para tomar a consciência da sua identidade de gênero.
O que essa
decisão faz é que essas pessoas vão ter que procurar procedimentos inadequados,
inseguros, através da rede social, vão adoecer, vão se suicidar, vão evadir da
escola. É um absurdo.
A gente viu
duas deputadas federais brasileiras, deputada Erika Hilton e deputada Duda
Salabert, que se recusaram a viajar como parlamentares até os Estados Unidos,
por conta do retrocesso do governo de extrema-direita do Trump nos Estados
Unidos.
Diziam que elas
iam ser tratadas como no gênero masculino, pelas autoridades, pela diplomacia,
se elas quisessem embarcar para os Estados Unidos, porque agora o governo de
extrema-direita do Trump não reconhece mais a existência de pessoas travestis,
transexuais, e nem respeita o gênero delas.
E a gente teve
uma decisão da Suprema Corte do Reino Unido que passa a considerar, a partir de
agora, que apenas o sexo biológico é critério para definição do gênero da
pessoa nos seus registros civis. Uma decisão que apaga a identidade de gênero e
deixa de respeitar as pessoas travestis e transexuais.
Volto a dizer, Sr.
Presidente, eu não sei de onde vem essa obsessão da extrema-direita com as
pessoas trans, não sei se isso é psicopatia; não sei se é algum tipo de desejo
reprimido; ou não sei se isso é só uma maneira de você ganhar dinheiro, ganhar
voto, não sei o quê, ganhar curtida na rede social, à base do sofrimento
alheio.
Isso já
aconteceu na história da humanidade, aliás, foi o que o nazismo fez, utilizar
de todo um segmento minoritário da sociedade para você fazer política de ódio,
para combater, para criar coesão social, para fazer política na base do ódio e
da violência. A gente viu o que deu e nós não precisamos repetir isso.
Então, queria
dizer, Sr. Presidente, deixem as pessoas trans em paz, as pessoas trans - ao
contrário da teoria da conspiração dos abobados da extrema-direita - só querem
viver a sua vida, só querem ser respeitadas no seu direito, de serem chamadas
pelos nomes que elas têm.
De ser
respeitada pela sua identidade de gênero, de poder estudar, de poder ser
atendida em uma UBS, de poder fazer faculdade, direitos hoje que são negados
para essa população por conta da marginalização social, do preconceito, da
intolerância e da transfobia.
E,
lamentavelmente, muitos deputados, muitas pessoas na política que deveriam ter
se eleito para resolver esses problemas, eles fazem política para intensificar
o preconceito, a intolerância, a discriminação contra essas pessoas.
Mas nós sempre
estaremos lutando aqui, em todos os espaços, em defesa da vida, dos direitos,
da identidade das pessoas trans. E não vamos aceitar nenhum retrocesso, nenhuma
caça às bruxas, nenhuma política de perseguição como essa que a extrema-direita
está tentando implementar em todo o mundo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Sr. Presidente,
havendo acordo entre as lideranças, eu queria pedir o levantamento da sessão.
O
SR. PRESIDENTE - TENENTE COIMBRA - PL - Havendo acordo
de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos,
convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a
mesma Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
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Levanta-se a sessão às 16 horas e 08 minutos.
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