23 DE FEVEREIRO DE 2023
14ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL
Presidência: CARLOS GIANNAZI e DANIELA BRAGA
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - JANAINA PASCHOAL
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - DANIELA BRAGA
Assume a Presidência.
4 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - JANAINA PASCHOAL
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - JANAINA PASCHOAL
Para comunicação, faz pronunciamento.
8 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
10 - PRESIDENTE DANIELA BRAGA
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão
ordinária do período adicional do dia 24/02, à hora regimental, sem Ordem do
Dia. Levanta a sessão.
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* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.
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- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Sra. Deputados, sob a proteção de Deus
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o Expediente.
Dando início à leitura dos oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Dr. Jorge Lula do
Carmo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Lula Fiorilo. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Castello Branco. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reinaldo Alguz.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Com a palavra a deputada Janaina Paschoal,
que fará uso regimental da tribuna.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PRTB - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Cumprimento todas as pessoas que nos acompanham, V.Exa.,
Sr. Presidente, colegas deputados, senhores funcionários; quero aqui externar,
como já fiz nas minhas redes sociais, as minhas condolências às famílias de
todas as vítimas das chuvas, dos desabamentos, das enxurradas, no litoral aqui
do estado de São Paulo.
Aos amigos, aos
parentes das pessoas que vieram a óbito, a minha solidariedade às famílias dos
desabrigados, às pessoas que perderam o que tinham e o que não tinham em
virtude dessa catástrofe que se abateu sobre o nosso Estado. Na condição de
deputada aqui em São Paulo, agradecer toda a ajuda que vem sendo remetida por
todos os estados da Federação, autoridades dos mais diversos partidos.
E dizer desde
logo, obviamente, que a gravidade do quadro nem careceria, mas apoiar aqui a
decisão do governador de decretar estado de calamidade com todas as
consequências fiscais, orçamentárias que essa decisão acarreta. Todos sabem o
tanto que eu sou exigente diante de um pleito de decreto de estado de
calamidade, mas a situação é tão notável, tão evidente que já fica aqui todo o
meu apoio a essa decisão do governador de decretar estado de calamidade.
E eu gostaria
de pedir para os eleitores do governador, os apoiadores do governador, muitos
desses eleitores e apoiadores foram também, são eleitores e apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro, e nesses últimos dias muitos desses eleitores e
apoiadores atacaram o governador, cobraram o governador, porque o governador
recepcionou o presidente da República no meio dessa situação toda. Quando o
presidente da República fez uso da palavra, o governador ficou ali ao lado, o
governador cumprimentou o presidente da República, agradeceu a ajuda que foi
enviada e, imediatamente, ele passou a ser atacado.
Então aqui eu
queria fazer duas ponderações. A primeira ponderação é de ordem institucional.
Quando uma pessoa se dispõe a ocupar um cargo público, ela precisa, primeiro,
estudar o cargo, entender o cargo para avaliar se ela tem condições de
desempenhar aquele cargo, respeitar e cumprir a liturgia do cargo.
Então um
governador de um estado da Federação não pode deixar de receber ou maltratar um
presidente da República, não importa a sua ideologia, não importa o seu
partido, não importa sequer se há ou houve conflitos pessoais entre as duas
autoridades. Porque naquela situação um representa o País, a União, e o outro
representa um dos estados da Federação, com as responsabilidades inerentes a
esses mesmos cargos.
Ainda que fosse
uma solenidade, o governador estaria obrigado a receber bem o presidente da
República aqui no Estado. Agora, diante da gravidade do quadro, se ele tivesse
um comportamento diferente do que teve, ele poderia até ser penalizado, porque
um melindre da parte de um governador de Estado pode prejudicar todo um povo,
pode prejudicar o próprio Estado.
Então, ao lado
dos deveres do cargo, da liturgia do cargo, existe a necessidade de colocar os
interesses do Estado e do seu povo, povo vitimado por essas chuvas sem
precedentes, acima de melindres e de questiúnculas políticas. Por uma ironia do
destino, os jornais hoje, os veículos de comunicação trazem um conflito entre a
deputada federal reeleita Carla Zambelli e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Eu quero fazer
um paralelo entre o comportamento do governador Tarcísio de Freitas e o da
deputada Carla Zambelli, porque o governador está sendo acusado de traidor. Por
que, se ele nunca, em nenhum momento, se apresentou ou prometeu subserviência a
quem quer que seja?
Muito pelo
contrário, durante a campanha ele disse que teria um relacionamento urbano, um
relacionamento institucional com quem viesse a ser eleito presidente da
República. Podem resgatar. E toda vez que perguntado, ele agradece ao
presidente pelo apoio, ele reconhece o papel do presidente na sua eleição. Não
teria como deixar de reconhecer, porque existiu, sim, esse papel.
Agora, a
deputada Carla Zambelli, diferentemente do governador Tarcísio, lançou mão durante
toda a campanha para o primeiro turno, que é quando são eleitos os
parlamentares, de um discurso radical, de um discurso agressivo, de um discurso
instigador desses atos todos que aconteceram em frente aos quartéis.
Por quê? Porque
o povo, iludido, queria alguém que reverenciasse o presidente, alguém que se
mostrasse fiel ao presidente, alguém que aplaudisse o presidente em qualquer
situação. E esse alguém era a deputada Carla Zambelli, que hoje, somente hoje,
diz que percebeu que os discursos foram excessivos, que o presidente deveria
ter pedido para os seus apoiadores terem voltado às suas casas, que se a
postura do presidente tivesse sido outra, e de seus apoiadores, talvez o 8 de
janeiro não tivesse acontecido.
Só hoje, depois
de estar reeleita, ela percebeu tudo isso, muito embora tantas pessoas, eu
inclusive, tenham alertado a deputada, a população.
Aliás, eu
alertei a deputada desde 2019, quando ela, pessoalmente, convocou as primeiras
manifestações em suposto apoio ao presidente Bolsonaro.
Por que eu
estou dizendo tudo isso? Por recalque, por vingança, por mágoa? Pode ser que
alguém interprete dessa forma. É da democracia.
Mas eu estou
dizendo tudo isso, pelo amor de Deus, para que esse povo aprenda. Para que esse
povo aprenda que esses discursos, que agradam demais, que buscam “likes”, de
pessoas que reverenciam outros seres humanos, são discursos interessados e
interesseiros. Porque era interessante, para a deputada, e outros tantos
parlamentares, que se elegeram no primeiro turno – porque os parlamentares se
elegem no primeiro turno – era interessante fazer a vassalagem aos
ex-presidente da República porque, com isso, os apoiadores mais “raiz” votariam
nela. Era interessante.
Agora, que o
ex-presidente perdeu, e que ela precisa se manter no poder, diante de ações e
investigações, é interessante fazer um discurso mais moderado. Então não é
melhor uma pessoa que fala o que pensa, o que é como é, independente dos
interesses do momento? Então, o que eu peço é um pouco de comedimento, um pouco
de aprendizado diante o que aconteceu no nosso passado recente.
Graças ao
radicalismo da deputada, e outros tantos apoiadores radicais do presidente,
“raízes”, a esquerda voltou ao poder. E, na minha percepção, com todo o
respeito à divergência, o País retrocedeu significativamente. Graças aos
discursos como os da deputada, tem pessoas, que jamais se envolveriam com
crime, presas.
Então vamos
aprender com esse passado recente e entender uma autoridade que age com
responsabilidade. Porque, se começarem a bater no governador, que já tem
dificuldades enormes a enfrentar nesse Estado, que não é brincadeira, só vão
conseguir fragilizar mais uma força de direita neste País. E todos perderemos.
Em especial a democracia.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Gostaria de
chamar V. Exa. para continuar presidindo essa sessão.
*
* *
-
Assume a Presidência a Sra. Daniela Braga.
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A
SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Continuando a chamada do Pequeno
Expediente, deputado Gil Diniz. (Pausa.)
Na lista suplementar, Itamar Borges.
(Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Castello Branco. (Pausa.)
Deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
telespectador da TV Assembleia.
Em primeiro
lugar, eu gostaria de manifestar a minha solidariedade aos familiares, aos
amigos das vítimas, sobretudo das pessoas que morreram, das pessoas que
perderam as suas casas, das pessoas que estão praticamente ao relento na região
do Litoral Norte de São Paulo. E dizer que essa foi uma tragédia anunciada, por
conta da omissão do poder público. Todos os fatos levam a isso.
Muitas pessoas
falam: “foi a força da natureza, a vingança da natureza”. Não foi nada disso.
Jogam a culpa na natureza. Foi, na verdade, a culpa da omissão do Poder
Público, das três esferas do governo federal, do governo Bolsonaro, do Governo
do Estado de São Paulo e das próprias prefeituras, da prefeitura da região
também.
Quero
repercutir algumas notícias, fundamentando o que eu estou falando. O IPT, que é
o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, apontou há quatro anos atrás 161 casas
em áreas de alto risco em São Sebastião. O IPT já tinha cantado a bola naquela
região. O Ministério Público Estadual identificou há três anos o aumento do
risco ligado ao crescimento de ocupação irregular. O Ministério Público
Estadual já alertando, denunciando...
A própria
Assembleia Legislativa de São Paulo não tomou as providências cabíveis. Saiu
agora uma matéria no “G1”, mostrando, claramente, com todos os dados levantados
corretamente, nós checamos e a matéria é correta, dizendo o seguinte: os
últimos governos do estado de São Paulo investiram apenas 62% das verbas
aprovadas para a prevenção desses acidentes climáticos.
Nós aprovamos
no Orçamento, mas a Assembleia Legislativa tem um problema sério, ela não
fiscaliza o Poder Executivo, salvo raríssimas exceções. Mas, no seu conjunto,
como a Alesp é um puxadinho do governo, é um departamento que apenas homologa
as decisões do Palácio dos Bandeirantes, ela não fiscaliza.
Temos vários
casos de corrupção, por exemplo, no Rodoanel, na Dersa, na FDE, enfim, várias áreas que
não são investigadas as denúncias pela Assembleia Legislativa.
É muito difícil
aprovar uma CPI na Alesp que investigue esses casos de superfaturamento, de
corrupção, de pagamento de propina, de desvio de recursos públicos, porque a
Alesp faz a blindagem do Poder Executivo. Isso já dura mais de 30 anos e, pelo
jeito, vai continuar com esse novo governo.
Então, temos
aqui três notícias – o IPT já tinha alertado, o Ministério Público já tinha
alertado, o governo estadual deixou de investir na prevenção, mesmo com a
aprovação dos recursos feita pela Assembleia Legislativa -, mas tem mais um
dado que vem do governo federal. O governo Bolsonaro, antes de sair, deixou uma
bomba. Ele cortou 99% das verbas para a Defesa Civil e prevenção de desastres
naturais. O Bolsonaro cortou 99 por cento.
Foi feito todo
um esforço para aprovar a famosa PEC que a imprensa empresarial – a mídia que
defende os interesses dos especuladores da dívida pública, dos grandes bancos
nacionais e internacionais, de quem lucra, das pouquíssimas pessoas que lucram
no Brasil com o aumento de juros e com o mercado financeiro – falou que era a
PEC da gastança, que o governo Lula fez gestões para aprovar antes de assumir,
exatamente, para dar um fôlego de investimento nessas áreas sociais.
Mas o fato é
que o governo Bolsonaro cortou 99 por cento. Então é governo federal contra a
população, governo estadual contra a população, alertas que foram feitos pelo
IPT, pelo Ministério Público e nada. Então, deu nisso. E isso vai acontecer em
outras regiões, porque não há investimento.
Acrescento
ainda, Sra. Presidente, um fato gravíssimo. O governo passado, aqui de São
Paulo, a gestão Doria, aprovou aqui na Assembleia Legislativa, o famigerado PL
529, que extinguiu ... Em plena crise climática, o governo Doria, o governo do
PSDB em São Paulo, com o apoio da Assembleia Legislativa – eu votei contra o
projeto, logicamente – aprovou a extinção do Instituto Florestal, a extinção do
Instituto Geológico, olha só o absurdo... A extinção do Instituto de Botânica,
sem contar a extinção da Sucen também.
São institutos importantes na prevenção desse tipo de crise climática,
de acidentes, enfim, de tragédias. São institutos fundamentais. E nós lutamos,
nós exigimos a recriação desses institutos.
Faço um apelo
aqui ao governador Tarcísio de Freitas, para que faça a recriação imediata do
Instituto Florestal, do Instituto Geológico, do Instituto de Botânica e da
Sucen. É fundamental que o governador
tome essa iniciativa para fazer uma reparação. Se o governador tem, realmente,
algum compromisso com a defesa do meio ambiente, uma das primeiras medidas que
o governador tem que fazer é a recriação desses três institutos. Repito: o
Florestal, o Geológico e o de Botânica.
E mais a Sucen,
que trata da questão do combate às endemias no estado de São Paulo, que está à
deriva, porque não tem mais quem faça esse combate. A Sucen era um órgão do SUS
que fazia; não tem mais quem faça. É por isso que a dengue está voltando, a
malária está voltando. Várias endemias estão voltando, no estado de São Paulo,
porque o Doria extinguiu a Sucen no auge da pandemia.
Então, faço
aqui esse pedido e essa exigência ao governador do estado de São Paulo.
Muito obrigado, Sra. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Continuando
com os oradores inscritos, deputada Janaina Paschoal.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PRTB - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigada, Sra. Presidente. Queria noticiar que hoje
pela manhã eu estive na Secretaria de Ciência e Tecnologia, fui recebida pelo
secretário da Pasta, Prof. Vahan, nosso sempre magnífico reitor, e também pelo
secretário-adjunto, Dr. Thiago. Quero agradecer a acolhida.
E eu fui
tratar... Na verdade, a pauta principal foi a Univesp. Já falei aqui nesta
tribuna sobre a Univesp. Antes da eleição, fui procurada pelo presidente do
diretório acadêmico, acompanhado de outros diretores do diretório; e eles
estavam, àquela época, muito preocupados com eventuais mudanças que poderiam
ocorrer, a depender do resultado das eleições.
E era muito
interessante, porque eles estavam com medo tanto se ganhasse Tarcísio, como se
ganhasse Haddad, porque eles não se sentiam seguros, vamos dizer assim, com
relação ao reconhecimento, por parte dos candidatos à época, frente ao trabalho
e à importância da instituição. Tentando ajudar os alunos, eu pedi, naquela
oportunidade, antes das eleições, uma audiência com o então presidente da
Univesp, Prof. Rodolfo, que me recebeu muito bem, me deu uma verdadeira aula de
Univesp.
Muito embora eu
seja uma filha da USP, tanto ex-aluna como professora, eu confesso que não
tinha tanta familiaridade assim com a Univesp, que é a Universidade Virtual do
Estado de São Paulo, universidade a distância, universidade cujas aulas são
todas ministradas mediante vídeos gravados na TV Cultura, Fundação Padre
Anchieta.
Então, eu fui
conhecer melhor esse trabalho. E desde então virei uma fã de carteirinha, uma
entusiasta da Univesp, dos avanços que aconteceram. E sempre destaco que, para
além da universalização ou de uma maior popularização do ensino superior, para
além dessa facilidade das aulas a distância, a Univesp tem um papel muito
importante, que é de formar mão de obra qualificada nas várias cidades do
estado de São Paulo.
Por quê? Porque
os polos são montados nos municípios. Então, parcerias são efetivadas entre a
Univesp e os senhores prefeitos, para que polos sejam montados nos municípios,
para que os alunos, muito embora tenham as aulas a distância, possam fazer os
seus exames no seu próprio município.
E o que isso tem de bom, além da facilidade de poder fazer a
prova no seu município ou na sua região? É um estímulo para que aquele
estudante permaneça na sua cidade, porque como as universidades, as faculdades
são sempre instaladas nas cidades maiores, vamos dizer assim, essas cidades
acabam, vamos dizer, emprestando, roubando os quadros dos municípios que não
têm faculdades ou universidades.
A Univesp permite que o filho do município pequeno estude e
permaneça no município pequeno. É óbvio que a pessoa pode sair, a pessoa pode
mudar, mas nós temos um modelo que estimula a permanência das pessoas que
buscam uma qualificação mediante o ensino superior. Então, para além de um
programa educacional, é também um programa de trabalho, de qualificação, de
formação de mão de obra, de estímulo para que empresas, indústrias e
empreendimentos na área do Turismo se firmem nos muitos municípios do nosso
Estado.
Então eu fui hoje à Secretaria de Ciência e Tecnologia para
mostrar esse olhar amoroso para com a Univesp, para falar um pouquinho da minha
experiência, Presidente, visitando muitos municípios e ouvindo de muitos
prefeitos e vereadores a dificuldade que eles têm de fazer os jovens ficarem, a
dificuldade que eles têm muitas vezes de conseguirem pessoas para trabalharem
nas grandes empresas, nas grandes indústrias que se instalam ali.
Então eu fui passar um pouquinho dessa experiência e
obviamente aprender com a experiência dos secretários, em especial do
secretário que foi também reitor da Universidade de São Paulo. Fiquei contente
não só por ter sido muito bem recebida, mas porque senti que existe esse olhar
carinhoso para com a Univesp, existe a preocupação não só de manter as
conquistas alcançadas, mas quiçá de alargar o alcance dessa universidade
virtual cujos frutos são muito reais, Sra. Presidente.
Então eu quero aqui reforçar esse pedido ao Sr. Secretário,
ao Sr. Governador e ao Sr. vice-Governador, que eu sei que apoiou muito a
Univesp lá em São José dos Campos, para que tenham esse olhar amoroso e para
que vejam como vale a pena investir nessa universidade que tem um orçamento tão
baixo e um impacto tão grande, seja em alcance regional, seja em número de
alunos de graduação e pós-graduação.
Então é isso, Sra. Presidente. Muito obrigada.
A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA -
UNIÃO - Seguindo
a lista dos oradores inscritos, deputado Carlos Giannazi.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra.
Presidente, de volta à tribuna no dia de hoje, quero aqui repudiar mais uma vez
essa decisão da Secretaria da Educação em agredir, em violar a Lei Federal
11.738, de 2008, que instituiu o piso nacional salarial do Magistério.
Foi uma lei que representou uma conquista histórica do
Magistério nacional. Nós aprovamos essa lei em 2008, ela foi questionada no
Supremo Tribunal Federal por cinco estados, e o Supremo confirmou a lei, disse
que a lei tem que ser cumprida pelos estados e pelos municípios não só com o
valor do piso, mas também com a jornada do piso.
No entanto, o estado de São Paulo teima em dar continuidade
a um tipo de comportamento que era do PSDB. O governo Tarcísio já anunciou,
através do seu secretário, o dono da Multilaser, que tem aqueles contratos
milionários com o Estado, Renato Feder, que vai cumprir a lei - e tem que
cumprir, porque é lei federal -, mas ele vai utilizar um truque, uma alternativa que é ilegal, que é
pagar o complemento desse piso para aqueles professores que não chegam no valor
do piso por 40 horas semanais com o novo reajuste, que é um valor baixo ainda.
Por 40 horas semanais, o professor hoje no Brasil, pela lei do piso, não pode
ganhar menos de R$ 4.420,55. É o valor do piso para o professor que trabalha o
dia todo. Só vai ganhar isso. É um valor baixo.
Mesmo assim, o
estado mais rico da Federação, o estado mais rico da América Latina, que vai
ter um Orçamento de 317 bilhões de reais, não vai pagar corretamente o piso.
Vai pagar através de um abono complementar, como as gestões tucanas fizeram.
Como dizia o
Cazuza naquela música “O tempo não para”: “eu vejo um museu de grandes
novidades”. É isso: “eu vejo o futuro repetir o passado”. É isso que o governo
Tarcísio, o governo bolsonarista está fazendo, repetindo o passado, pagando,
ludibriando o Magistério estadual, que já tem baixíssimos salários, que vive
uma precarização das condições de trabalho na rede estadual, e ainda vai mais
uma vez passar por esse processo.
Então, o
governo pretende pagar o piso, mas com um abono complementar. Isso é ilegal.
Está na lei. Nós vamos tomar providências em relação a isso. Agora, o pior,
além disso, o governo não vai aplicar o piso como ele tem que ser aplicado, com
repercussão em toda a carreira, no salário base de todos os professores, de
todas as professoras. Ele apenas vai complementar o
piso. Isso significa que poucos professores, na verdade, terão algum tipo de
benefício em relação a esse reajuste, que vai ser um reajuste fake aqui em São
Paulo.
Então, queria
fazer essa denúncia, e dizer que nós vamos tomar providências, porque o governo
não pode violar, não pode afrontar uma lei que foi aprovada no Congresso
Nacional, que foi sancionada pela Presidência da República, e, mais ainda, foi
confirmada pelo Supremo Tribunal Federal. Um péssimo exemplo o estado de São
Paulo fazer isso. Um
péssimo exemplo para os outros estados, e, sobretudo, para os municípios de São
Paulo.
Tem município
que paga corretamente o Piso Nacional Salarial, mas alguns municípios não estão
pagando também, seguindo a orientação de, acho que, uma confederação, um
conselho de municípios, que orientou nesse sentido, dizendo que a lei é inconstitucional.
Olha só o absurdo, e o governo estadual também estimulando para que seja pago,
mas com essa forma que viola, na verdade. Para a gente entender a lei, o
espírito da lei, há uma violação do seu cumprimento. Então, nós queremos
repudiar.
Nós defendemos
o Piso Nacional Salarial, conquista histórica do Magistério nacional. Tem que
ser pago com repercussão em toda a carreira, e não através de truques, de abono
complementar. Isso é proibido. Tem que ser pago de forma retroativa, de janeiro
em diante, e esse piso tem que ser estendido também aos aposentados e
pensionistas. Isso é muito importante, mas, repito, com repercussão em toda a
carreira. Essa é a nossa luta, e é dessa maneira que o Magistério nacional
defende e entende o pagamento do Piso Nacional Salarial.
Muito obrigado,
Sra. Presidente.
A
SRA. JANAINA PASCHOAL - PRTB - PARA COMUNICAÇÃO - Pela ordem, presidente. Uma comunicação.
Só para complementar a fala na tribuna,
Excelência. Hoje, na reunião com o Sr. Secretário, eu levei para ele um projeto
de lei de minha autoria, que tramita aqui na Casa, desde o primeiro ano do meu
mandato, que é um projeto que visa proibir completamente álcool nos ambientes
educacionais.
Conversei bastante com ele sobre o que
acontece nas festas, muitas vezes regadas a álcool, festas, inclusive, onde se
paga uma pequena taxa e se consome álcool como se fosse um rodízio. Ele também
compartilhou sua experiência como reitor da USP, onde ele teve um
comportamento, uma orientação de vedar a entrada de álcool na universidade. Eu
pedi a ele, obviamente respeitando a autonomia universitária, um olhar também
para com as demais universidades públicas e privadas no nosso Estado.
Vou encaminhar o projeto para ele e
aproveito esta oportunidade para pedir o apoio dos colegas, porque eu tenho só
mais quinze dias aqui, mas, dos colegas que permanecem, de abraçarem essa causa
– infelizmente, o projeto não caminhou; consegui aprovar outros projetos, o que
muito me alegrou, mas esse não caminhou – para que nós tiremos completamente drogas
lícitas e ilícitas dos ambientes educacionais.
Perdão, Exa., o colega Giannazi vai
fazer o uso da palavra novamente? Ah, não, senão eu ia pedir o levantamento. É
isso, presidente.
Muito obrigada.
A
SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Na continuação
dos oradores, deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, eu não posso sair daqui hoje, do
plenário da Assembleia Legislativa, sem manifestar a minha indignação com uma
entrevista dada pelo governador Tarcísio de Freitas, acho que foi sexta ou
sábado agora, aí durante o Carnaval, em que ele disse que estava com saudade de
bater o martelo, referindo-se ao martelo das privatizações, porque ele,
enquanto ministro do governo genocida, do governo nazifascista do Bolsonaro,
colocou em curso várias privatizações no Brasil.
Transformou o
Governo em uma “privataria” bolsonarista. Aqui em São Paulo, nós tínhamos a
“privataria” tucana; ele era o organizador da “privataria” do bolsonarismo,
privatizando tudo o que ele encontrava pela frente. Privatizou portos,
aeroportos, rodovias, enfim, um projeto de privatizações. Agora, ele disse que
está com saudade de bater o martelo das privatizações.
Numa outra
entrevista anterior, eu vi num vídeo, inclusive, ele dizendo que ele defende,
sim, as privatizações. Tem que privatizar tudo, ele defende e acha que é o
melhor modelo privatizar. Ele defende; ele é, me parece, um fundamentalista, um
xiita, um militante das privatizações. Entrega do patrimônio público para os
grandes grupos econômicos, para os grandes empresários terem lucro com o espaço
público, é disso que se trata.
Ele disse,
exatamente, que está com saudade de bater o martelo e, pelo jeito, vai tentar
mesmo, já anunciou que vai tentar privatizar a Sabesp. Enquanto o mundo todo
está reestatizando as suas empresas de água – porque é um modelo fracassado no
mundo todo; não deu certo, porque a água é estratégica – ele disse que vai
privatizar a Sabesp.
O Doria tentou,
não conseguiu. Trouxe até para São Paulo o Rodrigo Maia, do Rio de Janeiro;
trouxe um carioca para privatizar a Sabesp e não conseguiu. Agora, São Paulo
tem um outro carioca, que é o Tarcísio. Nada contra os cariocas, tudo a favor,
mas é uma pessoa que vem de fora para privatizar a Sabesp, que está cumprindo
um papel importante lá no litoral norte, agora, reestabelecendo o fornecimento
de água através dos seus trabalhadores, que serão todos demitidos caso isso
ocorra, caso ocorra essa privatização.
Ele já anunciou
que quer privatizar a Sabesp, quer privatizar a Emae, quer dar continuidade às
privatizações dos parques, das florestas, das cavernas do estado de São Paulo -
essas privatizações já estão em curso. Agora, eu temo ainda por privatizações
de universidades públicas, de institutos de pesquisa; temo pelo Iamspe, que ele
entregue o Iamspe para uma organização social de caráter privado, e pelo que
restou de hospital público ainda aqui, como o HU, Hospital da USP, que não
depende dele, logicamente, porque ali tem autonomia universitária, mas ele pode
estimular a privatização do Hospital Universitário da Universidade de São
Paulo.
Então, é grave
essa situação, sem contar ainda que ele anunciou já uma reforma administrativa.
No estado de São Paulo já tivemos uma perversa, danosa e sádica reforma administrativa
feita pelo Doria há menos de três anos, que retirou vários direitos dos nossos
servidores. Acabou a falta abonada, que era um direito, acabou, por exemplo, o
reajuste do adicional de insalubridade para várias categorias profissionais, ou
seja, uma reforma contra os nossos servidores, sem contar o PL 529, que também
prejudicou bastante os nossos servidores.
Agora, ele
anuncia uma nova reforma administrativa. Como ele não conseguiu, no governo
dele, no governo genocida e miliciano do Bolsonaro, que destruiu o Brasil – e
agora estamos reconstruindo o país – como ele não conseguiu aprovar a PEC 32,
aquela PEC que ia acabar com o concurso público, com a estabilidade dos
servidores, com os reajustes salariais...
Era o que
estava na PEC 32, que era a PEC da famosa granada do Paulo Guedes, quando ele
anunciou, naquela famigerada reunião de que todos se lembram, logo no início do
mandato, que ele colocaria uma granada na bolsa dos servidores públicos. Era
também a PEC 32.
Como eles não
conseguiram aprovar aquela PEC e ela vai ser retirada do Congresso Nacional...
Está tramitando ainda, mas será retirada. O governo vai pedir a retirada,
porque era do Executivo, era do Bolsonaro, do Paulo Guedes e, consequentemente,
do Tarcísio de Freitas também.
Então, como ele
não conseguiu fazer em nível nacional, talvez ele tente aqui no estado de São
Paulo. Logicamente, haverá muita resistência, porque nós não vamos aceitar que
ela seja aprovada na Alesp. Nós estaremos juntos com os servidores e servidoras
do estado de São Paulo nessa luta para impedir mais ataques, mais retrocessos e
mais retiradas de direitos dos nossos servidores, que já foram atacados
veementemente pelos governos tucanos.
Era isso, Sra.
Presidente. Muito obrigado.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre
as lideranças e não havendo mais nenhum orador ou oradora para fazer uso da
tribuna, solicito o levantamento desta sessão.
A
SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência,
antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão
ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
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* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 43
minutos.
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