24 DE FEVEREIRO DE 2023

15ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PERÍODO ADICIONAL

 

Presidência: DANIELA BRAGA

 

RESUMO

 

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - DANIELA BRAGA

Assume a Presidência e abre a sessão.

 

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

3 - JANAINA PASCHOAL

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

4 - MAJOR MECCA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

5 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

6 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

7 - JANAINA PASCHOAL

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

8 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA

Por inscrição, faz pronunciamento.

 

9 - MONICA DA MANDATA ATIVISTA

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

 

10 - PRESIDENTE DANIELA BRAGA

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do período adicional do dia 27/02, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Daniela Braga.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Oradores inscritos no Pequeno Expediente do dia 24 de fevereiro de 2023: deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Coronel Nishikawa. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Castello Branco. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, ainda para a gente aprofundar o conhecimento sobre o que aconteceu no litoral norte e vem acontecendo também em outras cidades do estado de São Paulo, porque não foi só lá que nós tivemos essa tragédia, mas eu tenho aqui um artigo que eu queria repercutir, Sra. Presidente, que é a partir de uma entrevista da vice-presidente da Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo. Refiro-me aqui à cientista e pesquisadora e servidora do Instituto Florestal, Helena Dutra, que é uma das pessoas mais preparadas do Brasil, que mais conhece essa questão ambiental no Brasil e na América Latina. Eu só tenho que ler, porque o artigo é muito bom, Sra. Presidente, e ele é muito pedagógico. Ele confirma o que a gente já vem debatendo aqui na Assembleia Legislativa há muito tempo, sobretudo após a extinção dos institutos de pesquisa, como o Florestal, o Geológico e o de Botânica.

Então vou ler rapidamente aqui, porque é até importante que esse texto seja publicano no “        Diário Oficial”. Quero que ele já seja encaminhado ao governador Tarcísio de Freitas. O que diz a entrevista aqui e os depoimentos da nossa pesquisadora Helena Dutra: “Diante de tragédias provocadas pela chuva, como ocorreu no fim de semana no litoral norte de São Paulo e do cenário de crise climática, a Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo alerta para a necessidade do fortalecimento dos institutos públicos de pesquisa do Estado. Para a entidade, a extinção de órgãos públicos de pesquisa nos últimos anos, como o Instituto Geológico, o Instituto Florestal, o Instituto de Botânica e a Sucen, a Superintendência de Controle de Endemias compromete a resposta do estado diante de catástrofes”.

Aí ela diz: “O papel dos institutos públicos, como o Geológico, que foi extinto pelo ex-governador Doria em 2020 com o apoio da Assembleia Legislativa no projeto, que eu ia dizendo, do nº 529, contra o qual nós votamos, é produzir conhecimento e gerar informações que possam, de maneira preventiva, ajudar a proteger a sociedade deste tipo de desastre, além de atuar diretamente nos locais já afetados”, comenta Helena Dutra, vice-presidente da APQC, que é a Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo. Segundo a entidade, o último concurso realizado pelo Estado para contratar pesquisadores na área geológica foi em 2003.

Então o Estado abandonou totalmente o Instituto Geológico, não contrata pesquisadores. O estado mais rico da América Latina, que tem a maior fonte de recursos, abandonou essa área, e desde 2003 não contrata, não abre concurso público para contratar geólogos. Olha só o abandono da área ambiental do estado de São Paulo. Mas ela continua: “Além da falta de pessoal, com a extinção do Instituto Geológico em 2020, o que restou da estrutura foi transferido para o novo órgão, e hoje os pesquisadores não têm autonomia para realizar o trabalho, não têm carros e há burocracia para ter acesso a diárias de viagens”.

Ainda assim, neste momento, duas equipes estão no litoral: duas em São Sebastião e uma em Caraguatatuba, atuando para dar suporte às comunidades atingidas, ela diz. Então, o pouco que restou, porque o instituto foi totalmente dilacerado. Mas o pouco que restou vem atuando dentro do processo de precarização. Segundo a APQC, em 2019 o Instituto Geológico realizou um curso para agentes públicos para a população do litoral paulista. Em 2020, entregou o mapeamento da região metropolitana, incluindo 38 municípios, exceto São Paulo. Nesse mesmo projeto, os pesquisadores incluíram o mapeamento de risco da Rodovia Rio-Santos, desde Bertioga até Ubatuba. Diz agora a nossa pesquisadora, Helena Dutra: “Em um momento de crise climática, o estado de São Paulo escolheu, nos últimos anos, caminhar na direção contrária às reais necessidades, extinguindo institutos e concedendo áreas de conservação à iniciativa privada.”

É a famosa privataria das áreas ambientais. O preço que se paga por esse modelo de governo é a desgraça, é o sofrimento da população, são as mortes como estamos vendo no litoral. É preciso repensar este modelo e investir nos institutos de pesquisa, que fornecem pronta resposta à sociedade.”

Terminando, “o estado está sob um novo governo e nas últimas semanas nos reunimos com os secretários das áreas de Meio Ambiente, Agricultura e Saúde, e mostramos a importância dos institutos públicos de pesquisa para a sociedade paulista e a situação crítica que se encontra.

Momento dramático da crise climática, crise hídrica e crise sanitária exige uma postura diferente da que os governos anteriores assumiram. O governador Tarcísio de Freitas tem a oportunidade de adotar um modelo diferente e investir no fortalecimento dos institutos públicos de pesquisa e consequentemente fortalecer o sistema de ciência e tecnologia de São Paulo para ser melhor instrumentalizado para esse momento crítico”, finaliza a nossa pesquisadora, querida Helena Dutra.

Sra. Presidente, antes de encerrar aqui a minha participação no Pequeno Expediente agora nesse pronunciamento, eu queria que cópias do meu pronunciamento fossem encaminhadas ao governador do estado de São Paulo para que ele tome a iniciativa de recriar, de fazer uma reparação em relação aos institutos de pesquisa que o governo anterior extinguiu com a chancela da Assembleia Legislativa de São Paulo.

A Assembleia tem culpa nesses episódios porque ela ajudou a extinguir os institutos de pesquisa. Então, ela também tem que dar a sua contribuição fazendo essa reparação. Nós temos que recriar os institutos de pesquisa.

Isso é muito fácil de ser feito, basta haver interesse político do governador. Ele tem que mostrar que ele não é um negacionista, um bolsonarista da extrema direita que acredita em Terra plana e cloroquina, ele tem que defender o meio ambiente. Então, seria um gesto pelo menos recriar os institutos de pesquisa, como colocou aqui a pesquisadora Helena Dutra.

Faço esse apelo ao governador aqui da tribuna da Assembleia Legislativa: recriação já dos três institutos de pesquisa, Florestal, Geológico e de Botânica e mais a Sucen, que também é muito importante porque ela ajuda no controle das endemias do estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Na sequência dos oradores inscritos no Pequeno Expediente, deputado Dr. Jorge Lula do Carmo. (Pausa.) Deputada Daniela Braga. (Pausa.) Deputada Janaina Paschoal.

 

 A SRA. JANAINA PASCHOAL - PRTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, presidente. Cumprimento V. Exa., os colegas deputados, os funcionários e pessoas que nos acompanham.

Quero aproveitar a oportunidade para solicitar às pessoas que residem, que trabalham, que estão no litoral norte paulista - ali nas praias mais afetadas, nos bairros mais afetados, em especial, na região do Sahy, de São Sebastião, tem um pouco de Ubatuba também - ou seja, toda aquela área que foi vitimada pelas chuvas, um pouco de compaixão.

Eu já vi que o Ministério Público determinou investigação, algumas autoridades já estavam acionando também o Procon, porque o excesso nas cobranças - inclusive por garrafas de água - está muito grande. Então, pedir um pouco de compaixão e de compreensão.

É óbvio que o ideal seria que todos ajudassem. Eu sei que muitas pessoas estão fazendo doações, aqui no estado de São Paulo, de outros estados da Federação. Agora, ninguém pode exigir que comerciantes, que pessoas que têm estabelecimentos que doem as mercadorias.

Mas, entre não doar e cobrar 10, 20, 30, 40, 50, 100 vezes o valor real de um produto vai uma distância muito grande. Então, “Ah, existem meios jurídicos”, até vi que tem deputados federais apresentando projetos para criminalizar cobranças excessivas em meio a situações de calamidade pública.

Todos esses esforços são passíveis de serem discutidos, são louváveis, mas me parece que nós temos que fazer uma reflexão antes: será que precisa de lei, será que precisa do Ministério Público, será que precisa do Procon para que um ser humano compreenda que em meio a uma devastação, crianças mortas, crianças desaparecidas, pessoas desabrigadas, vão aproveitar circunstâncias para cobrar quase 100 reais uma garrafa de água e outros produtos?

Então, eu sempre gosto, talvez por ser uma pessoa da área do Direito e com muita experiência, e por saber que raramente nós resolvemos os conflitos nas brigas judiciais, em regra, as pessoas que acreditam que resolvem os conflitos com as brigas judiciais, acreditam porque não conhecem a realidade forense. O bom conhecedor do Direito, da realidade forense, sabe que é melhor prevenir um conflito, que é melhor conscientizar as pessoas para que nós não precisemos chegar na situação limite.

Então, é louvável deputado federal criar um projeto de lei para coibir essa prática, o Ministério Público? Tudo isso é discutido, está no âmbito da democracia, mas será que precisa, meu Deus? Será que precisa colocar na lei o básico, com crianças desaparecidas, famílias desabrigadas, devastadas? Será que precisa de uma lei dizendo “olha, não cobre 100 reais uma garrafa d’água?”

Então a solidariedade também é um valor numa sociedade. Ninguém pode ser obrigado a ser solidário, ninguém pode ser criminalizado por não ser solidário, mas daí a abusar de uma situação de necessidade extrema vai uma distância.

Inclusive na legislação penal tem previsão de agravar a pena quando um crime praticado em meio a uma situação de calamidade, como por exemplo tem um acidente e aí alguém aproveita o acidente para furtar os bens da vítima que está ali sem poder se defender, tem previsão de maior punição para um caso assim. Mas será que nós precisamos aplicar a lei penal para coibir uma prática dessa natureza, sendo que vizinhos, irmãos, seres humanos estão passando as maiores penúrias aqui do nosso lado?

Então eu peço encarecidamente que nós façamos uma reflexão para não precisar de lei para impor o óbvio. Ainda tem crianças desaparecidas no litoral paulista, as equipes de busca não param de trabalhar. Quem não pode ajudar pelo menos que não aumente o sofrimento dessas pessoas, dessas famílias.

É um pedido que eu faço, presidente, porque nós ficamos muito tristes ao ler que mediante tanto sofrimento, em meio, na verdade, a tanto sofrimento alguém consiga encontrar um caminho para explorar aqueles que já foram tão vitimados.

Obrigada, presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Na sequência, deputado Douglas Garcia. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Tenente Nascimento. (Pausa.) Deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputado Alex Madureira. (Pausa.)

Na lista suplementar, deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.)

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sra. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos os nossos funcionários que estão aqui no plenário nos dando suporte para as nossas atividades, os nossos irmãos que estão nos assistindo aqui no plenário da Assembleia Legislativa, todos vocês que estão nas redes sociais, nos acompanhando da TV Alesp.

Esta semana eu estive dois dias na cidade de São Sebastião, naquela região, Barra do Sahy, Juquehy, Maresias. É extremamente triste os resultados decorrentes das chuvas do início do carnaval, perda de vidas, o sofrimento daquela população, que nós pudemos acompanhar de perto, porque já faz parte da nossa formação.

Quando você quer saber do que as pessoas precisam, você quer colher informações, não tem outra maneira, você tem que ir ao local, você tem que conversar com essas pessoas, sentir, buscar de aproximar do sentimento que elas estão tendo.

Hoje eu posso dizer com toda a segurança, para todos os deputados desta Casa, porque constatei hoje, São Paulo tem um governador. O governador Tarcísio de Freitas, assim que tomou conhecimento da situação, transferiu o seu gabinete para aquele município, para a região de São Sebastião.

Imediatamente fez a liberação de recursos, 83 milhões foram liberados para assistir as famílias que são vítimas dessa tragédia. Liberou sete milhões para que a Defesa Civil tivesse a liberdade e a amplitude de atuação.

Os helicópteros da Polícia Militar, os helicópteros do Exército se deslocaram e montaram um posto de comando na cidade de São Sebastião para que a população pudesse ser prontamente atendida. A Marinha atracou um navio com 300 leitos, montou um hospital de campanha naquele local.

Hoje o fornecimento de água já está restabelecido em todo o Litoral Norte paulista. Os microempresários, os empreendedores daquela região desde ontem estão com uma linha de crédito aberta para que eles possam fazer um financiamento para reconstruir o seu negócio, uma linha de crédito em que esses pequenos empresários não pagarão juros algum, terão um prazo para início de pagamento das parcelas.

Eu não posso deixar de enaltecer também e parabenizar os nossos irmãos da Polícia Militar, os nossos irmãos da Polícia Civil, da Guarda Civil Metropolitana, da Polícia Técnico Científica, que muitos puxaram turnos inicialmente de 48, 72 horas ininterruptas, buscando salvar vidas, amparando aquelas famílias e aquelas pessoas que se encontram em situação extremamente crítica.

Então nós não podemos deixar de trazer à tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo e deixar de enaltecer a postura e a iniciativa do governador Tarcísio de Freitas, e de todas as secretarias de Estado envolvidas nessa demanda, envolvidas nessa crise.

Eu também gostaria de registrar, aqui na tribuna da Assembleia Legislativa, que nós acompanhamos tudo isso que eu falei. Também foi muito envolto em um grande gesto de união e fraternidade de todo o povo de São Paulo, de todo o povo brasileiro, em termos de doações de alimentos, roupas, remédios, todo tipo de utensílio para socorrer aquelas famílias.

Quando nós falamos em fraternidade, nós precisamos lembrar algumas empresas, alguns entes, que tenham cautela, tenham cuidado no trato com os nossos policiais militares. No sábado, eu recebi mensagens, recebi ligações. Uma empresa terceirizada, que fornece alimentos, foi contratada pela prefeitura da cidade de São Paulo, para fornecer lanches para os policiais militares e para os trabalhadores de outras secretarias do Município durante o Carnaval de São Paulo.

Alguns desses lanches, que foram servidos aos nossos policiais militares: maçã mordida, o sanduíche com bicho andando por cima da mortadela, dentro do pão. No próprio sábado, eu fiz contato com o comando da Polícia Militar, com a Secretaria de Turismo. Esses lanches foram retirados, e foi aberto um inquérito administrativo e sancionatório sobre essa empresa terceirizada que forneceu esses lanches aos policiais militares.

Então, quando nós falamos aqui de solidariedade, de atenção ao próximo, nós cobramos que essa solidariedade, essa atenção, sejam dadas aos nossos policiais. Que arriscam as suas vidas, nas ruas, nos protegendo. Que estavam presentes em todos os blocos carnavalescos lá no Sambódromo, na avenida garantindo que o evento transcorresse em paz, em ordem, e com toda a tranquilidade, para que todos pudessem aproveitar o carnaval.

Fornecer lanche com bicho dentro do pão é o cúmulo do desrespeito. Nós acompanharemos as apurações em cima dessa empresa de fornecimento de alimentos. Conforme o resultado, tem que fechar a empresa, e não pode mais fornecer alimentos a ninguém. Não é nem só ao Estado, ao Município, a ninguém.

Se não toma cuidado do alimento que é fornecido a um ser humano, não tem capacidade, não tem condições de continuar trabalhando. Acompanharemos, que é o nosso papel aqui.

Já conversei com o subcomandante da Polícia Militar, o coronel Freixo, no sábado. Conversei hoje novamente. E isso não passará despercebido pelos nossos policiais. Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Na sequência, a deputada Monica da Mandata Ativista.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente. Boa tarde a todos.

Primeiro, trazer a solidariedade e lamentar a dor de muitas famílias, sobretudo muitas mães, que ainda estão procurando os seus filhos, e ainda não têm resposta sobre os que ainda estão soterrados no Litoral Norte do estado de São Paulo.

Também, a minha solidariedade ao povo periférico, favelado, pobre, em outras dezenas de cidades do estado de São Paulo que perderam tudo nas chuvas das últimas semanas. A gente está acompanhando e sequer sabe o tamanho real do desastre em São Sebastião. Eu também estive lá esta semana, e ainda sequer sabemos a quantidade de pessoas que estavam naquele território, quantos desaparecidos estamos procurando.

E tem um problema ainda maior, que é: a gente não está preparado para reparar os sobreviventes, tanto do ponto de vista material, porque são mais de 2.000 pessoas desalojadas... Mas, para além disso, tem aqueles que não perderam a sua casa, mas perderam todo o resto: os móveis, a comida, amigos, parentes, fonte de renda. Porque a maioria desses trabalhadores são trabalhadores do turismo local, que agora estão sem trabalho.

E a gente não está pronto para repará-los. Não há resposta sobre os que ficaram, o que vai ser do seu futuro. Não há resposta para o cuidado do tamanho do trauma. Socorreram e resgataram, e os últimos sobreviventes eram crianças, assim como outras tantas crianças que se perderam ali. E o estado de choque emocional em que todos estão ali, naquele momento agora... O Estado não está preparado e também não está observando isso ainda.

Existe polícia. E aqui a gente também precisa falar: existe a Defesa Civil, ainda que precária. E esse desastre chama a atenção para o olhar cuidadoso que a gente tem que ter durante o final do ano, quando a gente vota o Orçamento. Eu recebi da Defesa Civil uma lista de uma centena de cidades que não têm infraestrutura mínima para eles trabalharem, para eles socorrerem as pessoas, para eles emitirem os alertas, para medirem a densidade do solo, para prevenirem enchentes, alagamentos, desastres como esse. A Defesa Civil está lá.

Tem médicos, tem cesta básica chegando, mas não tem psicólogo, não tem assistente social, não tem o acolhimento emocional para aquela situação de tragédia. Além disso, tem três bairros em Itaquaquecetuba que estão debaixo d’água há 15 dias pelo menos. Aqui na cidade de São Paulo, no extremo sul - Cidade Ademar, região do Jabaquara, Cupecê -, as pessoas perderam tudo, perderam carros, perderam móveis, perderam comida, perderam um dia de trabalho, perderam tudo.

A gente teve deslizamento em Mauá, deslizamento em Osasco. A gente tem diversos pontos de alagamento em diversas cidades, e não param de chegar denúncias de pessoas que continuam a perder, a perder, a perder, a perder, a perder. E que continuam com medo das chuvas de hoje, das chuvas de amanhã e das chuvas que virão, sem nenhuma resposta.

O que aconteceu no Brasil nos últimos anos - ano passado em Petrópolis, antes disso na Bahia, antes disso em Santa Catarina etc. - é uma realidade que vai fazer, infelizmente, parte da nossa rotina. E a política e a ciência já sabem: a emergência climática, no Brasil, se manifesta sobretudo na alteração do regime de chuvas. Agora a gente vai ter períodos longos de seca e estiagem; daqui a pouco, o problema emergente da população pobre, no estado de São Paulo, vai ser a falta d’água na torneira, por conta do tamanho da seca.

Aí chega janeiro, fevereiro, março, e a gente vai ter chuvas violentas e concentradas que derretem morros, como a gente viu acontecer em São Sebastião, e que matam. Isso vai fazer parte, infelizmente, do nosso cotidiano. Então, mais do que levar solidariedade... E, repito, a gente não pode deixar se repetir – e esse é o trabalho do mandato agora – o que aconteceu em Petrópolis, onde teve muita solidariedade, mas depois nada mudou. Depois, as pessoas voltaram para a área de risco.

E eu não estou falando de remoção, porque remover, simplesmente, não salva a vida de ninguém, porque é só atirar às ruas. A gente precisa de plano de moradia popular, a gente precisa de desenvolvimento urbano, a gente precisa de plano de drenagem. E drenagem é uma coisa que o estado de São Paulo não cumpre, não faz, não obriga as prefeituras a fazer. Mas a gente precisa de um plano de urbanização de periferias.

A gente tem aqui o exemplo de São Paulo, um exemplo claro do que é o racismo ambiental, esse termo novo para todo mundo, mas que não deveria ser. Porque, se existe um fenômeno violento e ele atinge todo mundo, é só olhar os bairros mais atingidos e os números de morte: a cor que as pessoas têm, a classe social que as pessoas têm. É porque chove mais em determinado território, e em outro não? Não. É que determinados territórios contam com a infraestrutura urbana que outros não têm.

Aqui em São Paulo a gente viu um trecho do Rio Pinheiros sendo urbanizado e limpo. Sabe o que vai acontecer no entorno do Rio Pinheiros? Novos condomínios e unidades de classe média e alto padrão.

A urbanização chegou antes das casas no território. Agora a gente tem centenas de favelas e periferias nas quais as pessoas não têm acesso a saneamento básico, estão lidando com doenças que a gente julga ter enterrado no século passado, cotidianamente, e são essas mesmas pessoas que todo ano vão perder tudo e vão perder a vida se a gente não tiver uma agenda de adaptação e de reparação aos atingidos.

Ambientalistas e antirracistas lutam há muito tempo por um fundo de combate aos fenômenos climáticos, mas esse fundo tem que ser usado para reparar, não basta só a gente chorar agora e falar: “nossa, pobre mãe, perdeu seus filhos.” Essas mulheres precisam ter condições de continuar suas vidas.

Por isso, o mais importante agora para São Sebastião, para Itaquá, para Mauá, para Osasco, para Itu, para Ribeirão Pires e para todas as cidades que têm atingidos é: onde essas pessoas vão morar no verão que vem? Onde essas pessoas vão morar no verão que vem? Porque senão a gente a vai ter que estar montando campanha de solidariedade ativa para essas mães de novo, se não forem elas mesmas as vítimas no verão que vem.

A megaestrutura tem que ser uma megaestrutura de engenheiros com a participação da população, e a única resposta que o Governo do Estado precisa dar agora, a mais urgente é: onde essas pessoas vão morar no verão que vem. Existe uma grande rede de solidariedade, mas a gente precisa ver o terreno; existe uma grande rede de solidariedade, mas a gente precisa ver a unidade popular sendo construída.

Esta Casa participou e aprovou a extinção da CDHU que, Insha'Allah deuses, ainda está funcionando, ainda está funcionando. A CDHU e os programas de moradia popular - não Parceria Público Privada para construir microapartamentos por 300, 400 mil reais, que a gente sabe que esse povo não tem condições de comprar - estou falando de programa de moradia popular, para retirar pessoas da área de risco, porque ninguém mora em área de risco porque quer.

Aquelas pessoas foram atiradas àquele lugar por uma série de ausências de políticas públicas. A gente está falando da necessidade de entregar moradia para gente pobre não perder a vida nas chuvas que, eu repito, farão parte da realidade deste Estado todo verão, assim como fará parte da realidade deste Estado, todo inverno, a ausência de água na torneira.

Infraestrutura, praticar justiça socioambiental, dividir o que a gente tem são as coisas mais importante para salvar vidas, e é nesse sentido que está o esforço do nosso mandato.

Neste momento a gente está oficiando o DAEE para socorrer a população de Itaquaquecetuba. É inexplicável três bairros debaixo d'água há quinze dias, mas a gente também cobra o prefeito, porque não adianta só culpar o fenômeno climático, as pessoas precisam ser socorridas agora, essas pessoas precisam de acolhimento agora. É preciso tirá-las desse lugar, e aí - muito cuidado - a gente tem enfrentado uma série de judicializações de prefeitos dizendo que querem remover pessoas de áreas de risco para salvar a vida delas.

É verdade que a gente tem centenas de pontos sob risco nesse momento no estado de São Paulo e que, dependendo da chuva, a gente pode ter mais mortes, mas removê-las para jogá-las nas ruas não salva a vida de ninguém, só tira do agente público a responsabilidade sobre as mortes. O que a gente precisa neste momento é de um amplo plano de moradia popular e é por isso que a gente está lutando.

É responsabilidade do governo estadual, é responsabilidade do governo federal, é responsabilidade dos municípios mapear e dar conta dessa infraestrutura, e é responsabilidade do Poder Legislativo cuidar para que ano que vem a gente não tenha que subir aqui comentando novas tragédias anunciadas como essa, que é fruto de emergência climática, mas também é fruto da pobreza e do racismo ambiental que se expressa na cor das pessoas que morreram.

Obrigada, Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Na sequência, deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, volto à tribuna no dia de hoje primeiramente para me associar ao que disse a deputada Monica Seixas, minha líder, nossa liderança do PSOL.

Quero parabenizar V. Exa. não só pelo pronunciamento crítico – que foi na raiz do problema, não ficou na superfície, apenas no assistencialismo, e foi nas causas reais do que vem acontecendo no estado de São Paulo e no Brasil –  mas por V. Exa. também ir aos lugares.

Vossa Excelência tem feito um trabalho militante, de amassar o barro mesmo, indo aos lugares. Eu vi que V. Exa. estava lá em São Sebastião, prestando solidariedade humana e física, denunciando e cobrando o poder público. Parabéns, deputada Monica Seixas. É um orgulho e uma honra tê-la como nossa liderança aqui na Assembleia Legislativa.

Quero, Sra. Presidente, mais uma vez voltar ao tema da nossa luta sobre o pagamento do Piso Nacional Salarial. Já denunciei aqui várias vezes que o governo estadual do estado mais rico do Brasil não paga corretamente o Piso Nacional. Ele paga através de abono complementar, o que é ilegal e agride a Lei 11.738, sem repercussão em toda a carreira, ou seja, é um pagamento fake de Piso Nacional Salarial.

O estado mais rico do Brasil não paga, na prática, corretamente o Piso Nacional Salarial. Muitos municípios não pagam, outros pagam corretamente. Agora nós temos uma decisão importante do Tribunal de Contas de Santa Catarina, que, após ser consultado por dois municípios daquele estado, emitiu um parecer que só confirma o que nós estamos dizendo, que todos os municípios do Brasil, todos os estados são obrigados a pagar o Piso Nacional Salarial sem truques, sem abono complementar. É o salário, o Piso cheio, como determina a lei federal.

Queria mostrar o vídeo que eu trouxe para mostrar para os prefeitos, para os deputados e para as pessoas que acompanham a programação da TV Alesp, para que elas não caiam nessa orientação fake, mentirosa, farsesca dessa Confederação Nacional de Municípios, que tem orientado os prefeitos ao erro, a não pagarem o Piso Nacional Salarial, fazendo um malabarismo jurídico, tentando enganar os prefeitos, dizendo que esse pagamento é inconstitucional.

Então está aqui o vídeo feito a partir da decisão do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Então era isso. Terminou o meu tempo. Olha, tem que pagar o Piso, é constitucional. Inclusive me lembro, deputada Monica Seixas, que quando o Piso foi aprovado, em 2008, depois de uma ampla mobilização em todo o Brasil, uma luta histórica do Magistério nacional, nós estávamos em Brasília, inclusive, fazendo essa mobilização.

Em seguida, cinco estados entraram com uma Adin, uma ação no Supremo Tribunal Federal, tentando inviabilizar o Piso, e perderam. O Supremo confirmou, falou: “não, o Piso é constitucional, ele tem respeitado pelos municípios e pelos estados, não só o valor do Piso, mas também a jornada do Piso, que representa um terço dessas 40 horas semanais”.

Muito obrigado, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Na sequência, deputada Janaina Paschoal.

 

A SRA. JANAINA PASCHOAL - PRTB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, presidente. O tema que me traz de volta aqui à tribuna é o impacto da lei sancionada pelo Sr. Governador aqui do estado de São Paulo, derrubando o assim chamado passaporte da vacina, uma legislação que proíbe que as pessoas sejam obrigadas a comprovar que se vacinaram para ingressar em quaisquer estabelecimentos, públicos ou privados, para estudar, para trabalhar, para terem acesso à saúde.

Porque, por mais incrível que possa parecer, muitas pessoas tiveram procedimentos de saúde negados por força da não comprovação da vacinação, e não estou falando apenas das duas doses regulares, mas das muitas doses de reforço.

 Então, é uma lei que foi aprovada aqui no Estado, e vale para o Estado todo. Por que eu estou frisando isso? Porque eu tenho recebido e-mails de funcionários públicos municipais que seguem sofrendo a exigência para ingressarem em seus ambientes de trabalho, ou para receberem os seus salários.

Então, é muito importante compreender que quando uma lei é aprovada no estado, ela vale para todos os municípios desse estado. Então, os senhores prefeitos que não conhecem essa mudança de realidade, é importante que busquem orientação de suas procuradorias, para compreenderem que não podem mais constranger ou seus funcionários a comprovarem a vacinação completa, que antes se entendia que vacinação completa eram duas doses, e agora, a depender da idade, fala-se até em cinco, seis doses, contando as duas regulares e mais as doses de reforço.

Então, eu peço encarecidamente que os senhores prefeitos se atualizem com relação a essa questão. Peço inclusive que o prefeito da Capital assim o faça. Peço ao presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite, que também observe essa mudança da legislação na sua esfera de competência, porque eu venho recebendo e-mails de funcionários municipais que seguem sofrendo essa exigência. E a lei estadual vale para o estado todo.

Além deste caso, destes casos de funcionários municipais, eu venho recebendo e-mails de familiares, sobretudo mães, de jovens esportistas que seguem sendo obrigados a comprovar vacinação completa, inclusive as muitas doses de reforço, para participarem de competições nas suas respectivas modalidades de treino.

A bem da verdade, quero reiterar aqui, já não havia respaldo constitucional e legal para esse tipo de exigência, não havia, mas haja vista a sanção da lei proibindo essa exigência, a situação jurídica resta ainda mais clara.

Então os jovens, as jovens que participam de competições de natação, de luta, de corrida, de ginástica olímpica, não podem ser obstados de participar destas mesmas modalidades esportivas por não apresentarem o comprovante de vacinação contra Covid-19 ou a comprovação de uma das muitas doses de reforço. É uma lei que vale para o Estado todo, em todas as situações.

Então, aqui, primeira parte da fala, funcionários municipais não estão obrigados a apresentar essa comprovação. Esportistas, falei jovens esportistas porque as denúncias que estão chegando dizem respeito a jovens, mas falo para esportistas em geral.

E eu também tenho recebido alguns e-mails, e aí a resposta não é tão simples. Nos dois primeiros casos a resposta é simples, a lei está vigorando e tem que ser observada, mas há um terceiro conjunto de reclamações que eu venho recebendo, e a resposta para estas não é tão simples, porque são alunos das faculdades, das universidades públicas, que foram desligados antes da legislação vigente e que querem voltar para os bancos universitários.

Então, alunos da USP, da Unicamp, da Unesp, eu estava aqui ouvindo a colega e abri um e-mail neste instante de um estudante, na verdade ex-estudante da Unesp, que passou por um dos vestibulares mais difíceis do Estado e foi expulso da universidade porque não apresentou comprovante da vacinação contra Covid-19. Esse rapaz, como muitos outros que já me escreveram, com toda razão, pergunta: “Eu terei ou não terei a minha vaga de volta?”. Neste caso a resposta não é tão objetiva.

A resposta não está tão clara porque, a rigor, a lei vale a partir de sua publicação e as universidades públicas têm baixado normativas para anunciar que observarão a legislação a partir de então. Então, a rigor, seria daqui para a frente, mas a verdade é uma só, quando esses alunos foram jubilados não havia respaldo legal para tal decisão.

No que concerne aos alunos de graduação, são os vestibulares mais difíceis da América Latina, no que concerne aos pós-graduandos, são processos seletivos dos mais exigentes. E esses estudantes perderam a sua vaga nas universidades públicas do estado de São Paulo.

Então, qual é a minha opinião: que eles têm direito, sim, a serem reintegrados no corpo discente dessas universidades. O que precisam fazer? Procurar a sua unidade, fazer uma solicitação formal e aí vamos aguardar que cada universidade se manifeste.

Em resumo, não houve por parte das universidades uma aplicação automática e imediata da lei para estes casos dos alunos expulsos. Então é necessário que haja uma provocação.

Cada aluno prejudicado deve pegar a nova lei e fazer uma solicitação de retorno e aguardar que o responsável pela sua unidade se manifeste. E a partir de então, avaliar junto a seus familiares, eventualmente seus advogados ou defensores públicos, a depender do caso, que outros passos adotar. É isso, Sra. Presidente. Muito obrigada.

 

A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Deputada Monica da Mandata Ativista.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Eu voltei porque gostaria de comentar o conjunto de leis recentemente analisadas pelo governador a respeito do direito das mulheres, mas eu não vou conseguir, Janaina, não comentar a aprovação da lei que proíbe o passaporte da vacina e os comentários que eu considero, infelizmente, um retrocesso para a saúde pública e para a segurança coletiva.

Uma observação para técnicos, diretores de escola, cuidadores de menores, que há sim muita interferência e muita dúvida jurídica a respeito disso - nós mesmas vamos recorrer. Mas vale lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, portanto, uma lei, prevê que é responsabilidade dos seus cuidadores garantir a vacinação e a gente pode inclusive responsabilizar os cuidadores.

Depois, a Constituição diz que a saúde pública é um direito do cidadão, mas um dever do Estado. É um dever do Estado garantir a saúde pública e, na medida em que a vacinação é uma ação de imunidade coletiva, aqueles que se recusam a se vacinar colocam a minha saúde em risco, colocam a saúde dos outros em risco.

Então é um cuidado coletivo que as pessoas que individualmente não queiram se imunizar não sejam colocadas em ambientes coletivos e contaminem outras pessoas que não escolheram não fazer parte de uma sociedade que não se imuniza.

Terceiro, a exigência de vacinação já é comum em diversos momentos da nossa vida social.

Pais para registrarem crianças na escola pública precisam apresentar a carteirinha da vacinação em dia; para acessar serviços públicos como o Bolsa Família precisam estar com a carteirinha da vacinação das crianças em dia. Isso já acontece e é um estímulo para a saúde coletiva.

A gente está assistindo a volta do sarampo porque o movimento antivacina está desincentivando - ocupando Parlamentos inclusive - as pessoas a cuidarem da sua saúde. Para viajar para o exterior, para participar de competições esportivas no exterior ou para ir em lugares que oferecem riscos à saúde diferenciada é exigido que você tome vacinas específicas.

Quem viaja sabe; quem é atleta sabe; quem é cuidador de criança sabe. Isso já faz parte para o bem. As vacinas vieram trazer o bem coletivo das pessoas e se imunizar significa cuidado coletivo; não é direito individual. É direito coletivo das pessoas que vem a ser. Então acho um retrocesso; tem caminho para a judicialização.

A gente inclusive está pensando sobre essa ação do governo estadual e você, diretor de escola, treinador, técnico, cuidador de criança, responsável por ambientes coletivos, conte com a gente, porque tem muita, muita, muita legislação vigente e aparato legal para você cuidar da coletividade que está sob a sua responsabilidade. Porque vale dizer de novo que o cuidado da saúde coletiva é obrigação do Estado.

Mas agora entrando no tema que me fez subir aqui de novo, o Governo do Estado de São Paulo analisou recentemente diversas leis que saíram daqui da Assembleia Legislativa no que tange ao direito das mulheres. Começar por uma notícia boa, que é a aprovação do projeto de lei que garante a inclusão de vítimas de violência no auxílio-aluguel.

A gente sabe da dificuldade que é para as mulheres, que muitas vezes são vítimas também de violência patrimonial, que não têm condições de sair da situação de violência porque não têm para onde ir com seus filhos, não têm como se sustentar.

Isso é muito importante. Mas importante também é a gente reorganizar o aparato da Segurança Pública para cuidar dessas mulheres.

Eu sempre venho aqui dizer da situação da Polícia Civil, que, na minha opinião, mas também na opinião dos próprios trabalhadores, já colapsou. É uma triste realidade do estado de São Paulo quando a gente vai discutir, por exemplo, a violência contra a mulher, você faz um boletim de ocorrência, e tem poucos trabalhadores com condições de investigar, de dar andamento ao boletim de ocorrência.

A Polícia Civil e a delegacia são a porta de entrada para a Justiça. Então se a gente quer discutir violência contra a mulher, é também importante discutir a situação da Polícia Civil, porque a gente ambiciona delegacias das mulheres 24 horas pelo Estado inteiro, a gente ambiciona atendimento acolhedor para essas mulheres. Mas não tem trabalhador no estado de São Paulo para que a gente possa construir essa rede de infraestrutura.

A segunda lei é aquela que prevê o acolhimento de mulheres vítimas de assédio sexual em bares e restaurantes. Um ponto muito importante, porque a gente sabe da situação de vulnerabilidade das mulheres, que são tratadas como comércio, como mercadoria, ainda, por esses ambientes.

A gente assistiu ao caso do jogador Daniel e o quão importante o protocolo adotado no país para esse caso ser solucionado. A gente está entendendo-o agora.

Mas o governador do estado vetou uma parte importante do projeto: é que depois da identificação da violência, a vítima tem que ser encaminhada à Polícia e à Saúde. O governador vetou essa parte do projeto. A gente vai apresentar uma lei complementar.

É importante estar pronto para apartar, é importante ter placas de aviso para disputar a consciência da sociedade sobre o abuso sexual, é importante ter trabalhadores prontos, treinados, para acolher essa mulher; mas é importante também que a gente, como sociedade, se responsabilize pelo encaminhamento do fato. O encaminhamento do fato, que é a parte mais importante, é o encaminhamento da mulher à Saúde, é o encaminhamento do agressor à Polícia. Foi vetado, e a gente vai insistir na complementação dessa lei, reprotocolando um projeto complementar a essa lei.

Por fim, a gente vai falar, a gente esteve hoje em escolas públicas da cidade, junto ao movimento estudantil e junto com estudantes, discutindo a importância da distribuição de absorventes nos aparelhos públicos do estado de São Paulo, sobretudo nas escolas.

O governador vetou esse projeto. Ele disse, entre outras coisas, que não é responsabilidade da escola e que já existe a distribuição, o que é uma mentira.

A gente chega na maior parte dos aparelhos públicos, não existe a oferta de absorventes, mas a gente sabe que a dificuldade imposta pelo tamanho da crise econômico-social que hoje a gente atravessa no País afasta meninas e mulheres de direitos básicos, como a escola. Meninas e mulheres deixam de frequentar a escola porque não têm absorventes, ou se ausentam das aulas no período em que estão menstruadas. Discutir menstruação, essa palavra tida com tanto tabu.

Hoje, nas escolas, com meninos adolescentes, eles riam, baixavam cabeça, parece que nunca tinham ouvido falar a palavra menstruação.

Imagina o impacto sobre as meninas que menstruam, porque elas são obrigadas psicologicamente a esconder essa condição do corpo humano. Todos os meses meninas vão menstruar. Todos os dias uma menina vai se sujar. Todos os dias vai ter uma menina que não tem um absorvente disponível. Todos os dias vai ter uma menina com cólica. Todos os dias tem uma mulher se retirando de um espaço porque está menstruada.

Então discutir dignidade menstrual é prover o básico, que é o absorvente, o coletor menstrual, é prover o básico para que mulheres não sejam apartadas, mas também é avançar na consciência social: pessoas menstruam, é uma condição do corpo humano, e não deve ser um constrangimento para ninguém.

Quando a gente tem a oferta de absorventes em larga escala, quando uma menina se sentir confortável de no meio da aula falar: “eu preciso de um absorvente” e não se sentir constrangida ou vítima de bullying por isso, a gente vai ter conquistado o direito de meninas e mulheres de estarem em todos os lugares e a gente está muito distante. Por isso, hoje eu estive em escolas junto ao movimento estudantil, junto às estudantes adolescentes que seguem na batalha pela derrubada do veto da lei de distribuição de absorventes nas escolas do estado de São Paulo.

A bancada do PSOL escreveu um oficio à Presidência da Casa, quer trazer o debate desse veto para cá, a gente quer ampliar a política, inclusive, para as penitenciárias, para as mulheres em situação de rua, que também não têm acesso à dignidade menstrual e a gente acha que essa Casa é soberana para derrubar este veto.

Por isso, um convite às mulheres parlamentares: para assinarem o nosso ofício ao presidente da Casa para pautar o veto dos absorventes para que a gente possa ter a possibilidade de derrubar e passar o recado.

Nós, mulheres, estamos formulando políticas públicas para possibilitar que mulheres e pessoas que menstruam possam estar em todos os lugares, apesar e com a condição de menstruar todos os meses. Obrigada, presidente.

 

A SRA. MONICA DA MANDATA ATIVISTA - PSOL - Presidente, não havendo mais inscritos eu peço o levantamento da sessão.

 

 A SRA. PRESIDENTE - DANIELA BRAGA - UNIÃO - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão. Um ótimo fim de semana a todos.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 06 minutos.

 

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