7 DE JUNHO DE 2024
35ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AOS 100 ANOS DA REVOLUÇÃO DE 1924 - COLUNA PRESTES
Presidência: MAURICI
RESUMO
1 - MAURICI
Assume a Presidência e abre a sessão às 20h05min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a composição da Mesa.
3 - PRESIDENTE MAURICI
Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, para a "Comemoração aos 100 anos da Revolução de 1924 - Coluna Prestes", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos.
4 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Convida todos a ouvirem, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia apresentação do Coral Amigos do Klaus.
5 - PRESIDENTE MAURICI
Lê trecho do livro "Serafim Ponte Grande". Afirma que a Revolução de 1924 é uma passagem invisível na história do País. Ressalta que a mesma reduziu parte da cidade de São Paulo às cinzas, matou muita gente e hoje não é lembrada na história oficial. Esclarece que esta solenidade é para homenagear os descendentes dos líderes dessa revolução e aqueles que contribuíram para que a data seja lembrada.
6 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a exibição de trecho do filme "São Paulo, Cidade Aberta" e a homenagem póstuma a Sérgio Rubens de Araújo Torres, roteirista do filme, com entrega de placa comemorativa a seu filho Bernardo Torres. Faz a leitura do currículo de Sérgio Rubens de Araújo Torres.
7 - JOSÉ LUIZ DEL ROIO
Ex-senador italiano, faz pronunciamento.
8 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a homenagem ao representante do “Cavaleiro da Esperança” e líder revolucionário Luiz Carlos Prestes, com entrega de placa comemorativa a seu filho Luiz Carlos Prestes Filho. Faz a leitura do currículo de Luiz Carlos Prestes.
9 - LUIZ CARLOS PRESTES FILHO
Filho de Luiz Carlos Prestes, faz pronunciamento.
10 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a homenagem ao representante do general Miguel Costa, com entrega de placa comemorativa a Yuri Abyaza Costa. Faz a leitura do currículo de Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa.
11 - YURI ABYAZA COSTA
Representante do general Miguel Costa, faz pronunciamento.
12 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a homenagem ao representante do general Isidoro Dias Lopes, com entrega de placa comemorativa a José Antônio Dias Lopes. Faz a leitura do currículo do general Isidoro Dias Lopes. Anuncia a homenagem ao representante do comandante João Alberto Lins de Barros, com entrega de placa comemorativa a João Alberto Pedroso. Faz a leitura do currículo de João Alberto Lins de Barros.
13 - LINDENER PARETO JR.
Historiador, faz pronunciamento.
14 - MARIA CLARA SPADA DE CASTRO
Historiadora, faz pronunciamento.
15 - LINCOLN SECCO
Historiador, faz pronunciamento.
16 - BRENO ALTMAN
Jornalista, faz pronunciamento.
17 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a exibição de trecho do filme "O Velho - a história de Luiz Carlos Prestes"; e a homenagem póstuma a Toni Venturi, documentarista do filme, com entrega de placa comemorativa a sua viúva Débora Duboc. Faz a leitura do currículo de Toni Venturi.
18 - PRESIDENTE MAURICI
Lembra da ocasião em que conheceu Luiz Carlos Prestes Filho, em Moscou, em novembro de 2023. Discorre sobre como foi construída a ideia desta solenidade, da exposição de fotos e da Mesa Técnica. Agradece aos seus assessores e aos funcionários da Casa por se entusiasmarem com a proposta. Menciona projetos de lei e indicações realizadas pelo seu mandato. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h48min.
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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Maurici.
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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, boa noite. Bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Nós vamos iniciar agora a nossa sessão solene, que tem o objetivo de relembrar os 100 anos da Revolta Paulista de 1924 e da Coluna Miguel Costa-Prestes. A gente está comunicando que esta sessão solene é transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo YouTube.
Após a solenidade, a gente está ofertando um pequeno coquetel. E, além disso, muitos de vocês quando entraram viram que tem uma exposição de fotos intitulada “Memórias da Revolta Esquecida”, sobre a Revolta de 1924, com imagens do Acervo Histórico da Assembleia Legislativa de São Paulo e do Museu da Energia do Estado de São Paulo, da Fundação de Energia e Saneamento.
E, nessa exposição também, que acabou de chegar, terá a espada de ouro que pertenceu ao general Miguel Costa, um dos líderes da revolta. A partir da próxima segunda-feira, essa exposição vai estar no Espaço IV Centenário aqui da Assembleia Legislativa, aberta a todos.
Agora eu vou começar a composição da Mesa. Convido para a composição da Mesa o deputado estadual Maurici, proponente desta solenidade; José Luiz Del Roio, ex-senador na Itália; Luiz Carlos Ribeiro Prestes, filho do homenageado líder revolucionário Luiz Carlos Prestes; Yuri Abyaza Costa, neto do homenageado general Miguel Costa; José Antônio Dias Lopes, sobrinho do general Isidoro Dias Lopes; e João Alberto Pedroso, bisneto do comandante João Alberto Lins de Barros. (Palmas.)
Eu passo a palavra ao proponente desta sessão solene, deputado estadual Maurici.
O SR. PRESIDENTE - MAURICI - PT - Boa noite a todas as pessoas presentes que aceitaram os nossos convites para comparecer a esta sessão solene. Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais.
Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação, com a finalidade de rememorar os 100 anos da “Revolta Paulista de 1924” e da “Coluna Miguel Costa-Prestes”.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.
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Podem sentar-se. Agora, como um presente artístico de boas-vindas, convido o Coral Amigos do Klaus, sob a regência de Luís Anselmi, a realizar uma apresentação em homenagem ao maestro Klaus-Dieter Wolff, que nasceu em 1926 e morreu em 1974. Por favor, vou pedir para que o coral se posicione.
Enquanto o coral está se posicionando, aproveito. A gente sabe que tem alguns estudantes que pediram emissão de certificados. Só pedindo para lembrar que somente serão emitidos os certificados dos estudantes que confirmaram a lista de presença na entrada.
O SR. LUIZ CELSO RIZZO - Meu nome é Luiz Celso Rizzo, e a primeira música que a gente vai cantar é do Caetano Veloso, “Canto de um Povo de um Lugar”.
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- É feita a apresentação musical.
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A próxima música é da época do “descobrimento” do Brasil. O Klaus - como a gente chamava o nosso querido maestro Klaus Dieter-Wolff -, tinha muito interesse pela música espanhola da renascença e de outras épocas também, como a medieval, cancioneiros, temas ingleses, franceses e italianos. E também, desenvolveu muito a música brasileira.
Ele foi, de certa forma, um dos artífices da criação de uma nova música coral brasileira. Então, agora, do “Cancioneiro de Uppsala” - de um compositor anônimo, porque antigamente a maioria dos compositores não assinavam as suas obras, eram compositores populares -, essa é a “Ay Luna que Reluzes”.
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- É feita a apresentação musical.
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A próxima música é dos povos originários. São três cantos dos indígenas Krahô, e a gente vai fazer o terceiro canto.
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- É feita a apresentação musical.
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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada. Aproveitamos para registrar as presenças das seguintes personalidades e o agradecimento às organizações: José Luiz Del Roio, ex-senador italiano; Luiz Carlos Prestes Filho, filho e representante de Luiz Carlos Prestes; Yuri Abyaza Costa, neto e representante do general Miguel Costa; José Antônio Dias Lopes, representante do general Isidoro Dias Lopes; Breno Altman, jornalista e membro da Mesa Técnica.
Lincoln Secco, historiador e membro da Mesa Técnica; Lindener Pareto Jr., historiador; Maria Clara Spada de Castro, historiadora e membro da Mesa Técnica; Débora Duboc, viúva e representante do documentarista Toni Venturi; Bernardo Torres, filho e representante do roteirista Sérgio Rubens Araújo Torres; Miguel Manso Perez, diretor de políticas públicas da Engenharia pela Democracia.
Os homenageados: Moacir Assunção; Maria Clara Spada de Castro; Lindener Parreto; Lincoln Secco; João Alberto Pedroso, representante do comandante João Alberto Lins de Barros.
Agradecimento ao Acervo Histórico da Alesp; à Universidade São Judas Tadeu; ao CPC-Umes Filmes; ao Energis 8; ao Museu da Energia de São Paulo; ao Nelson Junior; ao Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul.
Ao Lucca Gidra, secretário-geral da União Brasileira dos Estudantes; à Thayna Malta, diretora do Centro Acadêmico do curso de gestão de políticas públicas da USP; ao Caio Guilherme, diretor de Ciência e Tecnologia da União Nacional dos Estudantes.
Passo a palavra, agora, ao deputado Maurici.
O SR. PRESIDENTE - MAURICI - PT - “Por cem becos de ruas falam as metralhadoras na minha cidade natal. As onze badaladas da torre de São Bento furam a cinza assombrada do dia, onde as chaminés entortadas pelo bombardeio não apitam. Oficiais parecem estrangeiros que conquistaram a população de olhos medrosos.
“Os paulistas vão e voltam, bonecos cheios de sangue. Mas a revolução é uma porrada mestra nesta cidade do dinheiro a prêmio. São Paulo ficou nobre, com todas as virtudes das cidades bombardeadas”. Este é um trecho do romance “Serafim ponte grande”, de Oswald de Andrade.
O objetivo desta sessão solene é jogar um pouco de luz sobre uma passagem muito invisível da história paulista, da história brasileira, da história do povo brasileiro, que é a Revolta de 1924, que reduziu uma parte importante da cidade de São Paulo a cinzas, que matou centenas de pessoas e que deixou uma marca indelével na nossa história - no entanto esquecida, no entanto não lembrada na história oficial.
Quero agradecer muito a presença de todos e todas aqui, em especial das pessoas que se mobilizaram para tornar esta atividade possível, tanto a sessão solene quanto a exposição de fotos que se inicia hoje; fotos e documentos, muitos deles do próprio acervo da Assembleia Legislativa, que é um canal importante para narrar a história do estado de São Paulo. Uma fonte inesgotável para os pesquisadores e as pesquisadoras.
Queremos também aqui, nesta atividade, além da exposição, homenagear descendentes dos principais líderes daquele movimento e também pesquisadores, escritores, pessoas que publicaram e contribuíram para que a memória não se perdesse, desse importante episódio.
Muito obrigado.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos ao deputado Maurici. Neste momento, passamos à exibição do trecho do filme “São Paulo, Cidade Aberta”, do CPC-Umes.
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- É exibido o vídeo.
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Acho que o vídeo parou. Só para confirmar. Ah, desculpe, era o fim do vídeo.
Convidamos agora o deputado estadual Maurici para que venha à frente prestar uma homenagem póstuma ao roteirista do filme “São Paulo, Cidade Aberta”, Sérgio Rubens de Araújo Torres, que será recebida pelo seu filho, Bernardo Torres. O Bernardo Torres pode se posicionar à frente também. (Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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Sérgio Torres foi um militante político desde a juventude; um dos líderes do MR8, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, e do PPL, Partido Pátria Livre. Também foi vice-presidente nacional do PCdoB. É patrono da Juventude Pátria Livre. Sérgio Rubens Torres faleceu em 2021, aos 73 anos de idade. (Palmas.)
Neste momento, passamos a palavra ao ex-senador na Itália, José Luiz Del Roio. E eu aproveito, antes de passar efetivamente a palavra, pedir para que, depois, os membros da Mesa que forem fazer a fala se atentem ao máximo de tempo de três minutos, por conta do tempo da sessão solene.
Muito obrigada.
O SR. JOSÉ LUIZ DEL ROIO - Boa noite. Muito obrigado. Bem, obrigado, deputado Maurici, obrigado por ter me convidado. Mas, sobretudo, obrigado por ter incentivado esta ideia. Realmente é fundamental, na construção de uma nação, conhecer a sua história.
O 5 de julho de 1924 é pouco conhecido em São Paulo, imagina no Brasil, mas é fundamental na construção deste País. Deixou marcas, contradições, lutas, sacrifícios. Muitos heróis morreram em campo de batalha ou morreram em cárceres ou foram torturados. É uma história violenta a nossa; não é uma história doce, como às vezes querem dizer. É uma história violenta.
Então, recordar isso e tentar colocar isso como uma data é um grande trabalho. Só que tem que transbordar estas paredes. Tem que ir às escolas, tem que ir às praças, tem que ir às bibliotecas, tem que ir aos cinemas, ao teatro - como já existe às vezes.
Eu quero contar uma pequena história, porque estou ligado ao 1924. Em 1976, Luiz Carlos Prestes - eu estou em Moscou - me convida para a sua casa, que o filho conhece bem, para conversar um assunto.
Bem, eu conhecia já Luiz Carlos Prestes há algum tempo. Nós estávamos com os arquivos de Astrojildo Pereira em alto perigo aqui no Brasil. A ditadura queria destruí-lo.
Quem é Astrojildo Pereira? O que ele tem a ver com isso? Tem que o Astrojildo Pereira, líder intelectual e do movimento operário desde 1911, foi o principal articulador, criador do Partido Comunista no Brasil. Jornalista intenso, ele tinha vivido muito o período de 1923, 1924, 1925, 1926 e 1927, e todos os arquivos dele estavam em perigo.
Ele me pedia - Luiz Carlos Prestes - para salvar esses arquivos, inventar uma fórmula, realmente isso foi feito. Com o sacrifício de muitos companheiros e companheiras, conseguimos levar esse arquivo de forma clandestina do Brasil para a Itália, porque Luiz Carlos Prestes preferia que ficasse fora de um país socialista, porque é sempre mais difícil depois a volta de um país socialista. Seria mais simples. E conseguimos na Itália.
E por muitos anos eu cuidei desse arquivo. E nesse arquivo tem todo o período, de 1923, 1924, 1925, 1926. Astrojildo é importante, porque foi ele que percebeu o que estava acontecendo com aqueles militares. O que foi 1924? O que foi a coluna? O que foi a Coluna Miguel Costa-Prestes? E é Astrojildo que sai, vai até a Bolívia, quando a coluna entra na Bolívia, e faz a famosa entrevista com Luiz Carlos Prestes.
Todo esse material nós temos - as cartas, os jornais da época, mas eu não digo jornais, são fáceis, os jornais clandestinos, os jornais operários, os jornais que viam aquela situação, não de uma visão dos grandes jornais, mas daqueles jornais.
Todo esse arquivo está - quem são os historiadores aqui sabem disso - na Universidade Estadual Paulista, em São Paulo, no chamado Cedem, Praça da Sé, nº 108, e tudo isso se salvou por um impulso de Luiz Carlos Prestes e depois pelo sacrifício, como eu digo, de tantos outros companheiros e companheiras.
Então, eu queria contar só essa pequena história, porque, como os senhores veem, a construção de tudo isto, a construção da nossa Nação, passa por esses pequenos gestos, pequenos gestos que são fundamentais. Então, eu queria dar para vocês um muito obrigado pela presença e, por favor, que seja a primeira reunião de muitas.
Muito obrigado, minha gente. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos à Mesa Diretora, às palavras do senador Del Roio. E neste momento convidamos para abrir a frente o deputado Maurici para a entrega de homenagem ao representante do “Cavaleiro da Esperança” e líder revolucionário, Luiz Carlos Prestes que será recebido pelo seu filho. (Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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Luiz Carlos Prestes foi um militar, líder revolucionário, liderou o Partido Comunista Brasileiro entre as décadas de 30 e 80, é uma das personalidades políticas mais influentes no País durante o século XX.
Prestou ou ganhou fama nacional e liderou a Coluna Prestes, na década de 20, com o general Miguel Costa. Foi ainda senador da República, na década de 40. Pela sua militância revolucionária, passou grande parte da vida preso ou exilado. Faleceu, em 1990, aos 92 anos de idade. (Palmas.)
Passamos a palavra a Luiz Carlos Ribeiro Prestes.
O SR. LUIZ CARLOS PRESTES FILHO - Cumprimento a todos os presentes, através do excelentíssimo Sr. Deputado Maurici, representante do Partido dos Trabalhadores, nesta Casa do estado de São Paulo.
Cumprimento todos os excelentíssimos Srs. Deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo por terem apoiado a realização desta iniciativa. Agradeço a presença do Yuri, neto do general Miguel Costa; de João Alberto Pedroso, representante da família do João Alberto Lins e Barros; e do José Antônio Dias Lopes, representante da família do Marechal Isidoro Dias Lopes.
Queria que, ao pronunciar alguns nomes, que esses amigos também... ao citar eles, eu estaria pronunciando o nome de cada um que está aqui presente. Queria começar pelo meu querido colega de infância, Roberto Serra; pelo amigo, líder político e militante político de base, o Miguel Manso e sua esposa; o historiador e arqueólogo Thomas Toledo; e a querida amiga Débora Duboc.
Os representantes do Coletivo de Teatro Galochas, que, no ano passado, realizaram uma peça com o título “A Coluna Prestes, A Encruzilhada da Esperança”. Queria cumprimentar a Wendy, através dela, a representar todo esse coletivo, agradecer por tudo que fizeram o ano passado e que essa peça consiga, quem sabe, voltar em cartaz aqui em São Paulo e em outras cidades brasileiras.
O ano de 2024 é marcado pelos 100 anos da Coluna. Essa marcha revolucionária foi um evento da mais alta importância para a história moderna do Brasil. Demonstrou o compromisso do povo brasileiro com os ideais republicanos.
Lutou pelo pleno desenvolvimento econômico e social do Brasil, pelo voto secreto, direito do voto da mulher, modernização da indústria e do exército, fim da corrupção e defesa da soberania nacional.
A marcha revelou o interior do País com todas as suas contradições para todos os brasileiros. Meu pai, Luiz Carlos Prestes, estava com 26 anos quando, em 28 de outubro de 1924, sublevou o primeiro batalhão ferroviário de Santo Ângelo, onde servia como capitão.
Não fora avisado do levante de 5 de julho de São Paulo, comandado pelo marechal Isidoro Dias Lopes e pelo tenente Joaquim Távora. Ele tinha participado ativamente da organização do levante de 5 de julho de 1922, no Rio de Janeiro, mas foi impedido de participar porque contraiu tifo.
Papai chegou a vestir o uniforme para ir ao encontro dos rebelados. Infelizmente, em seguida, ele desmaiou. Como o comando do Exército sabia que ele era simpático ao movimento tenentista, que teve, no heroísmo dos 18 do Forte de Copacabana, seu ponto de partida, Luiz Carlos Prestes foi enviado para o Rio Grande do Sul, para a cidade de Santo Ângelo, a 450 quilômetros de Porto Alegre, para construir estradas de ferro.
Eu vou destacar três momentos fundamentais que caracterizam a visão militar, a elaboração de estratégia e tática do jovem capitão, que cruzou o norte do estado do Rio Grande do Sul, o oeste do estado de Santa Catarina e o oeste do Paraná, na primeira fase da marcha.
Primeiro momento, a magistral manobra em São Luís Gonzaga, quando a Coluna Prestes, com menos de mil homens e cercada por dez mil homens do Exército, mais de dez mil homens do Exército Brasileiro, rompeu o cerco. Despercebida pelo inimigo, ela passou em campo aberto.
Segundo momento, a bravura e a inteligência durante a Batalha da Ramada, a mais sangrenta de todas as batalhas do período do movimento tenentista. Essa batalha deu sobrevida à coluna. Permitiu a continuidade da marcha, consequentemente, a travessia do Rio Uruguai e o avanço para a cidade de Foz de Iguaçu, onde se juntaria à Coluna Paulista, comandada pelo marechal Isidoro Dias Lopes.
Terceiro momento, quando o capitão Luiz Carlos Prestes escreve sua célebre carta, onde praticamente apresenta a estratégia e a tática militar que guiaria a marcha revolucionária por todo o Brasil.
Vou citar o trecho mais importante: “a guerra no Brasil, qualquer que seja o terreno, é a guerra do movimento. Para nós, revolucionários, o movimento é a vitória. A guerra de reserva é a que convém ao governo que tem fábricas de munição, fábricas de dinheiro e bastante analfabetos para jogar contra nossas metralhadoras.
“Com menos de mil homens armados e tendo para mais de quatro mil cavalos, consegui passar em pleno campo aberto por entre mais de dez mil homens do governo. Nunca foi possível determinar qual a minha verdadeira direção e impraticável se tornou a perseguição.
“Com minha Coluna armada e municiada, sem exagero, julgo não ser otimismo afirmar a V. Exa. que conseguirei marchar para o norte do País e, dentro de pouco tempo, atravessar o Paraná e São Paulo, dirigindo-me para o Rio de Janeiro.
“Talvez, por Minas Gerais, se a divisão São Paulo igualmente movimentar-se a marcharmos em ligação estratégica e talvez em algumas circunstâncias, mesmo tática, impossível será ao governo obstar nossa marcha. Marchando, engrossaremos a Coluna e absolutamente não lutaremos com falta de recursos de um revolucionário sitiado, mesmo que quando em zona de fronteira”.
É importante lembrar que, quando Prestes escreve a carta sobre a guerra de movimento, a Coluna Revolucionária Paulista já estava estacionada em Foz do Iguaçu, após a heroica retirada de São Paulo, que fora conduzida no dia 28 de julho de 24 - estava ali parada há oito meses.
Os revolucionários paulistas praticavam a guerra de posição e foi a estratégia e a tática da guerra de movimento elaborada por Luiz Carlos Prestes que permitiu aos revolucionários atravessarem o Brasil entre 1924 e 1927.
Claro, a marcha não foi um feito exclusivo de meu pai. Contou com a inteligência e o heroísmo de todos os comandantes e soldados, como Miguel Costa, Juarez Távora, Antônio de Siqueira Campos, Cordeiro de Farias, Djalma Dutra Soares e João Alberto Lins de Barros. Quando celebramos esse feito histórico, não podemos deixar de lembrar que ainda hoje vemos a soberania nacional ameaçada.
Constatamos o quanto devemos aprimorar as eleições livres em nosso País, defender os direitos da mulher. Em 1924, lutávamos pela industrialização do País, agora lutamos pela reindustrialização.
Passados 100 anos, não conseguimos realizar a fundamental reforma agrária. Como falar em democracia quando um por cento da população brasileira é proprietária de 50% das terras em nosso País?
Ao terminar, trago um tema que foi pouco discutido sobre a Coluna Revolucionária, que hoje completa 100 anos: seu conteúdo étnico. Quando olhamos para as fotografias que registraram momentos da marcha, verificamos a presença de soldados negros. Escrevi sobre isso no meu Poema para Orquestra, “Lendas - Coluna Prestes”, em 2019; também, ao publicar o meu diário da viagem que realizei pelas trilhas da Coluna Prestes, em 1995.
Estou feliz que hoje este tema, a identidade étnica da Coluna, ganhou horizontes acadêmicos e jornalísticos. Com certeza, a memória da Coluna Prestes demonstra que a juventude brasileira - meu pai estava com 26 anos, Cordeiro de Farias estava com 22 anos -, que a juventude brasileira sempre esteve presente nas lutas pela democracia no Brasil.
Mais uma vez, agradeço a todos os presentes com a palavra de ordem que seguiu toda a vida de meu pai: de norte a sul, de leste a oeste, o povo todo grita Luiz Carlos Prestes.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos o deputado Maurici para vir à frente e também Yuri Abyaza Costa, representante do homenageado, general Miguel Costa. (Palmas.)
Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa foi major da cavalaria da Força Pública de São Paulo, que, ao lado de Isidoro Dias Lopes, dirigiu a Revolta de 24, que tomou e controlou, durante três semanas, a Capital Paulista.
Liderou a Coluna Miguel Costa, com Luiz Carlos Prestes, que percorreu vários estados do Brasil, entre 1924 e 1927, combatendo as tropas do governo Artur Bernardes e Washington Luís. Miguel Costa faleceu em 1959, aos 73 anos de idade. (Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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Aproveito para registrar a presença da Sra. Valentina Macedo, presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas, e Allen Habert, diretor da Engenharia pela Democracia.
Passamos a palavra a Yuri Abyaza Costa.
O SR. YURI ABYAZA COSTA - Senhoras e senhores, muito boa noite. Quero agradecer a presença de todos, afinal, este evento não teria nenhum sentido se não fosse por vocês. Por isso, meu muito obrigado.
Bonitas palavras, viu, Luiz? Como não terei tempo para falar tudo o que precisava dizer, reuni tudo o que queria dizer nesse QR Code. Quem se interessar poderá acessá-lo apenas apontando a câmera do celular.
A revolução foi uma necessidade imperativa daquele momento para aqueles fatos e se justifica por si mesma. Não mais nos dias de hoje. Os revolucionários da atualidade devem se dedicar a outro tipo de revolução, a educacional e a econômica.
Foi no estado de Goiás, há quase um século, que eles se fizeram a seguinte pergunta: “Como um país tão rico, igual ao Brasil, pode ter um povo tão pobre, igual ao brasileiro?”. Essa pergunta requer um estudo muito aprofundado para que se obtenha uma resposta digna de ser pronunciada.
Creio que me resta apenas agradecer ao deputado Maurici, ao seu incansável assessor parlamentar Luciano Somenzari e a toda sua equipe pela efetivação deste evento.
Um agradecimento especial ao tenente-coronel Clodoaldo Donizetti da Cruz, comandante do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, pela gentileza de emprestar a esta exposição a espada de ouro de Miguel Costa; e à tenente Gabriela, curadora da sala em memória do Regimento de Cavalaria.
Aos demais, perdoem-me por não citar seus nomes, mas sabem quem são, pois nós nos reconhecemos entre nós. Que a justiça seja feita a todos os revolucionários que tombaram na luta sem saber pelo que morriam, apenas motivados por um ideal: a esperança de um Brasil mais igualitário, em que a pobreza, que a muitos aflige, não esteja tão distante da riqueza, que a poucos beneficia.
Muito obrigado, senhoras e senhores. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada. Convidamos novamente o deputado Maurici para prestar homenagem ao general Isidoro Dias Lopes, representado por José Antônio Dias Lopes. (Palmas.)
Isidoro Dias Lopes foi um dos mentores e líderes da Revolta Paulista de 1924. Iniciou a conspiração contra o presidente da República Artur Bernardes no ano anterior, junto a outros rebeldes.
Articulou com Joaquim Távora o plano de ocupação da cidade de São Paulo. Já em 1932, em São Paulo, torna-se então opositor de Getúlio Vargas e posteriormente da ditadura do Estado Novo, instituído em 1937. Faleceu em 1949, aos 84 anos. (Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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Peço que o deputado Maurici fique à frente e convidamos o representante do comandante João Alberto Lins de Barros, João Alberto Pedroso, para vir à frente receber a homenagem. (Palmas.)
João Alberto foi militar e político. Participou da Revolta Paulista de 1924 e da Coluna Miguel Costa-Prestes. Posteriormente, em 1930, foi nomeado para a função de interventor federal no estado de São Paulo por Getúlio Vargas.
Também foi nomeado chefe da Polícia Especial, uma divisão uniformizada da Polícia Civil do Distrito Federal. Após sua criação em 1932, participou ainda da criação da Fundação Getúlio Vargas. Foi embaixador do Brasil na Argentina entre 1941 e 1942. João Alberto morreu em 1955, aos 57 anos. (Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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E neste momento damos por encerrada esta primeira Mesa. E convidamos todos os membros desta primeira Mesa a se dirigirem aos locais reservados aqui do auditório para iniciarmos a Mesa Técnica.
Então, convidando para compor a Mesa Técnica, chamamos o jornalista Breno Altman, o historiador Lincoln Secco, a historiadora Maria Clara Spada de Castro e, para a mediação, o historiador Lindener Pareto Jr. (Palmas.)
Antes de passar a palavra ao mediador, relembro também aos convidados da Mesa Técnica o tempo de 15 minutos para as explanações. Então, passo a palavra ao mediador Lindener Pareto Jr.
O SR. LINDENER PARETO JR. - Oi, boa noite a todas e a todos. É uma alegria estar aqui nesta noite solene. Eu sou o historiador Lindener Pareto, estou aqui representando hoje a Anpuh-SP, a nossa Associação Estadual de Historiadores e Historiadoras, que, na sua seção São Paulo, este ano organiza, na Unicamp, o nosso encontro estadual em setembro.
E, como vice-presidente da Anpuh, tenho aqui a alegria de poder participar de uma sessão fundamental. Queria parabenizar o deputado Maurici e sua equipe pela sessão solene.
Para este historiador que, desde a adolescência, gosta de pensar a história da República brasileira, encontrar as figuras que aqui estão hoje é uma alegria imensa, além de reencontrar professores que são do Departamento de História onde eu estudei, a FFLCH.
Enfim, me cabe aqui simplesmente apresentá-los e passar a palavra para eles. E fazer aqui, rapidamente, antes disso, uma observação. Quando a gente vê o filme “Cidade Aberta” ali... Eu sou um historiador da arquitetura e do urbanismo, eu fui para a FAU depois.
E é impressionante pensar nessa ideologia do progresso bandeirante, em que a elite oligárquica paulista rifa a própria cidade que ela tinha construído pouquíssimo tempo antes, com o Ramos de Azevedo, para pensar esta cidade moderna, republicana e pujante.
Mas não hesitou, em 24, em bombardear esta própria cidade, esse urbanismo “Ramos de Azevedo” que ela mesma tinha criado lá atrás. Então, a gente vê, nesse mapa, esses grandes edifícios desta cidade moderna e republicana, ou que se queria assim.
Muito bem. Tenho aqui, então, a alegria de apresentar as figuras... A gente não preparou uma ordem aqui, mas acho que a gente pode passar a palavra para a Maria Clara, estudiosa do assunto; uma alegria te conhecer aqui pessoalmente, historiadora.
Breno Altman, jornalista, comunicador, que tem tido uma luta constante contra o autoritarismo que domina o mundo, todo mundo sabe disso, dispensa apresentações; e o historiador Lincoln Secco, professor de história contemporânea do Departamento de História da USP.
Então, sem mais delongas, eu passo a palavra à Maria Clara Spada.
A SRA. MARIA CLARA SPADA DE CASTRO - Boa noite. Bom, eu sou Maria Clara, gostaria de dizer que é um prazer estar aqui hoje compondo esta Mesa com todos vocês.
A Revolta de 1924 é um evento, um fato muito importante para a história da nossa cidade, do nosso estado, e que bom que a gente pode estar aqui hoje conversando e trocando sobre ela. Eu sempre gosto de começar a minha fala, quando eu vou falar da minha pesquisa, explicando por que eu escolhi esse tema, como eu cheguei a ele.
No começo da graduação em história, quando chegou a necessidade de pensar um projeto de pesquisa, lendo bastante sobre a Coluna, me deparei com a Revolta de 24. E encontrei as fotos, as fotografias do cotidiano, algumas das quais estão expostas ali. E me foi muito impressionante, muito chocante ver cenas da cidade em que eu cresci, vivi, circulava, dentro daquele contexto de guerra. E como a gente pouco fala sobre isso?
Então, trouxe aqui alguns pontos da pesquisa que eu acho que são importantes para compartilhar. Uma ideia que eu acho que é fundamental é pensar que a Revolta de 1924 se caracteriza como uma guerra civil, que vai mobilizar grandes contingentes e alcançar grandes números de mortos, de feridos, de desaparecidos.
Ontem, teve um evento, um seminário dos 100 anos da Revolta de 1924 no Arquivo Municipal, e lá tinha um senhor que veio me contar que familiares dele desapareceram durante esse contexto de guerra e que até hoje eles não conseguiram identificar o paradeiro. Então, é uma marca muito dolorosa na nossa história.
Bom, com relação aos feridos e mortos, principalmente com relação aos mortos, é importante dizer a vocês que em algum momento houve uma suspensão da contagem desses mortos.
Pesquisas mais recentes apontam para um número em torno de mil mortos, enquanto os dados oficiais pararam em 503. Trata-se então do maior massacre urbano realizado na história do Brasil Republicano e, de novo, pouco a gente fala sobre isso. Que bom, que bom que a gente está aqui hoje falando disso.
A Revolta de 1924 em São Paulo teve características muito próprias; muito embora a gente destaque a liderança militar, que é superimportante, a agência desses membros da Força Pública de São Paulo, venho aqui destacar que teve um forte envolvimento civil.
Quando estudei a revolta, analisei o processo movido pelo Estado contra os revoltosos. E, elencando, numerando todos os processados, a gente tem uma ampla maioria de civis. Quando a gente olha, inclusive, para os militares processados e soma, contabiliza as patentes, as maiores patentes, em quantidade de envolvidos, são de sargentos, e isso é bastante significativo nessa revolta.
É importante destacar que, com relação aos sargentos, a gente consegue verificar, tanto nas fotos quanto nas fés de ofício desses homens, que boa parte deles era de homens negros, destacando o que já foi dito aqui dessa perspectiva racial da revolta, é importante isso.
A Revolta de 1924 vai ser escondida da nossa história oficial, e a gente pode elencar alguns pontos do porquê isso acontece. O primeiro ponto evidente é a memória de 32, que é mobilizada e que se impõe, mas a gente também tem essa ampla mobilização de civis e de baixas patentes se levantando contra a oligarquia, o poder estabelecido.
Nesse mesmo período, nesse contexto de revolta, nesse contexto de guerra, a população mais pobre, que já tinha muita dificuldade de sobrevivência por conta da carestia, isso se intensifica ainda mais e é registrada uma série de saques pela cidade.
Quando a gente pega os locais que foram saqueados - as fábricas, os armazéns - e dá uma checada em registros de greves do primeiro semestre de 1924, curiosamente algumas das fábricas que têm o registro de incêndio intencional são justamente fábricas que tiveram a ocorrência de greves no primeiro semestre.
Dando indícios para nós de que, talvez, esses incêndios intencionais mobilizassem interesses e disputas econômicas das camadas populares que estavam ali também em revolta, não nas suas organizações propriamente ditas, mas enquanto indivíduos pobres da cidade que vão disputar poder, direitos, enfim.
Bom, já foi dito que a reação do governo vai ser bastante intensa, com bombardeios, uma série de presos, uma série de pessoas foram enviadas, por exemplo, para Clevelândia e de lá não voltaram mais.
É importante colocar aqui que, inclusive, parte da hospedaria dos imigrantes foi transformada em um presídio político, e que 24 vai servir de mote para uma reestruturação da polícia; posteriormente, para a criação da Delegacia de Ordem Política e Social, colocando o estado de São Paulo como pioneiro nessa polícia política vigilante, de um controle social intenso.
Com relação aos sargentos - vou voltar para falar mais um pouco sobre os envolvidos -, a participação deles vai ser superimportante para o espalhamento da revolta pelo estado.
A gente fala bastante sobre a revolta na cidade de São Paulo, mas a revolta tem registro em outros 87 municípios. Desses, 35 tiveram a substituição do governo municipal, o poder foi tomado momentaneamente; em alguns desses municípios, nem teve a participação direta de forças militares, civis locais se organizaram e tomaram.
É um campo de pesquisa ainda bastante em aberto, mas trago um outro dado com relação a isso: esses sargentos que ajudaram nesse espalhamento da revolta contaram com o envolvimento maciço de ferroviários, tanto da Estrada de Ferro Noroeste quanto da Central do Brasil.
E são esses trabalhadores ferroviários que garantem o sucesso da retirada dos revoltosos em 24, que vão para o interior e se encontram com a coluna que vinha do Rio Grande do Sul, para compor a coluna Miguel Costa-Prestes. Certamente, muitos desses seguiram na marcha até o final.
Com relação às motivações, o que motivou? Quais eram os motivos das pessoas para se revoltarem contra o governo federal ali posto? Tem uma série, tem uma lista, vários já foram colocados aqui. Um primeiro ponto é importante, que a liderança militar tem os seus próprios ideais. Dentre eles, se tinha ideia da tutela com relação à República e a Constituição, mas isso não se estendia a todos eles.
Com relação à Força Pública, nas fontes, é possível verificar que tinha, por exemplo, demandas institucionais, demandas da própria corporação e melhorias dos soldos. Aparece isso em vários momentos e se soma a outras pautas que buscavam ampliar a cidadania e essa República nos seus primeiros anos.
Com a demanda do voto secreto, é possível verificar o envolvimento de mulheres. Entre os processados, uma única mulher é processada, mas, quando a gente olha as fotos dos saques, por exemplo, há uma série de mulheres ali.
E, dentre elas, principalmente a única processada, a Anésia Pinheiro Machado, que era uma aviadora. Ela fazia parte da Liga pelo Progresso Feminino, que pleiteava o voto feminino desde 1922. Então isso também entra na pauta de 24.
Buscava-se também o ensino público. Os trabalhadores organizados, em especial anarquistas, vão entregar uma lista de demandas aos revoltosos. Então, dentro dessa lista constava: salário mínimo; jornada de oito horas; direito de associação; suspensão de leis repressivas que reprimiam o anarquismo, que previam a expulsão de estrangeiros e que censuravam a imprensa.
Com isso, gostaria de concluir apontando que a Revolta de 1924 une muitas pessoas, muitas demandas. Gosto muito da ideia de que é uma revolta que junta várias revoltas, várias demandas, e que é muito significativa para as disputas das camadas populares nessa República recém-instaurada, que busca direitos e ampliação da cidadania, assim como vários outros movimentos da Primeira República. Canudos, Cangaço, Revolta dos Marinheiros de 1910, assim como a própria Revolta da Vacina, são disputas populares por essa República que estava iniciando.
Eu encerro por aqui.
Obrigada. (Palmas.)
O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, Maria Clara. Agradeço a sua fala e a parabenizo pela pesquisa. Vocês sabem que o Breno Altman tem o “Opera Mundi", e certamente a Maria ou já foi ou falará lá.
E eu virei o doido aqui das entrevistas, porque eu tenho um... tenho um, não; o ICL tem um programa de história, Provocação Histórica, em que eu faço divulgação de história. Então já convido a Maria para falar de história lá também. Já convidei o Lincoln e o Breno também.
Enfim, passo a palavra agora para o nosso querido Lincoln Secco, professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo.
O SR. LINCOLN SECCO - Bom, boa noite. Agradeço imensamente o convite do deputado Maurici e cumprimento também todos os representantes dos grandes líderes do movimento tenentista aqui presentes, meus colegas e minha colega aqui de Mesa.
A Prof.ª Maria Clara já nos deu uma rápida aula aqui sobre uma faceta menos conhecida da Revolta de 24, menos estudada, que é a participação de trabalhadores, de civis, de operários, de militares de baixa patente. Acho que essa é uma pesquisa muito importante.
Eu queria falar só, muito rapidamente, sobre a memória desses eventos. Acho que todo mundo nota que o 5 de julho de 1924 é muito pouco conhecido aqui em São Paulo, em contraste com outra data, que é o 9 de julho de 1932.
Estamos aqui em um espaço e um entorno em que tudo lembra 32. Em 32, como todos sabem, iniciou-se um levante que se autodenominou constitucionalista e que iniciou uma guerra civil no Brasil.
Independentemente da opinião que nós tenhamos sobre 32... há aqueles que consideram que era um levante pela reconstitucionalização do Brasil, em defesa de uma democracia liberal; e aqueles que consideram que era uma reação e uma contrarrevolução à revolução de 30 e às transformações sociais e econômicas que o governo provisório de Getúlio Vargas implementava no Brasil.
Independentemente disso, acho que todos concordariam que foi um movimento em que São Paulo, na memória, de certa forma, se confronta com o Brasil em 32, a começar pela reação da elite paulista ao interventor de São Paulo, João Alberto, que inaugurou, no pouco tempo em que esteve no poder, reformas sociais que desagradaram as elites paulistas.
Quando nós olhamos para o 5 de julho de 1924, independentemente também da opinião que nós temos sobre esses eventos, de certa forma, é uma data em que São Paulo se encontra com o Brasil, porque a Revolta de 24 não foi uma revolta apenas paulista, foi uma revolta que aconteceu em Sergipe, no Amazonas, em Manaus, onde os revolucionários tomaram o poder.
Foi uma revolta que teve apoio no Mato Grosso, uma revolta que eclodiu no Rio Grande do Sul, que teve apoio de civis em todo o País, em Minas Gerais, até mesmo no Rio de Janeiro.
Portanto, foi uma revolta de caráter nacional e, claro, a cidade de São Paulo foi o epicentro dessa revolta. Então, o 5 de julho de 1924 é uma data que merece ser comemorada como uma data que ao mesmo tempo honra o estado de São Paulo, mas que promove o encontro do estado de São Paulo com o País, e não promove um desencontro com o País, como o 9 de julho 1932.
Então eu saúdo a iniciativa do nosso nobre deputado, que propõe que seja uma data a ser comemorada no estado de São Paulo. É uma data que causou graves prejuízos materiais e humanos. A Prof.ª Maria Clara levantou aqui um novo número que eu mesmo não conhecia.
Eu não sou estudioso da Revolução de 24, sou mais um curioso. Eu sempre frequentei os alfarrábios, os sebos, e sempre notei que os livros sobre 32 existem à mão cheia. Mas os livros sobre 24 são raríssimos. Eu me dedico a comprar livros sobre 24, e as edições são raríssimas nos sebos, o que mostra a predominância da memória de 32.
Além disso, o 5 de julho de 24 promove um outro encontro de São Paulo com o País, que é o encontro aqui citado, da Coluna Paulista de Miguel Costa com a Coluna Gaúcha e Luiz Carlos Prestes. Quer dizer, essa coluna, que varreu o País, ela se tornou uma coluna nacional. Não é uma coluna regional.
Então, o 5 de julho, até mesmo a escolha da data, que remonta o 5 de julho de 22, é uma data nacional. Eu terminaria dizendo que esta solenidade tem uma grande importância para que, finalmente, a gente comece a ensinar nas escolas e a difundir o 5 de julho como uma data que é muito mais importante. Desculpe se eu descontento alguns, mas muito mais importante que o 9 de julho de 32.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. LINDENER PARETO JR. - E o livro está aqui, Lincoln.
O SR. LINCOLN SECCO - Sim. Eu não citei a grande professora, a Anna Maria Martinez Corrêa. Escreveu talvez a primeira grande obra acadêmica sobre a Revolta de 24.
O SR. LINDENER PARETO JR. - Já fiquei cobiçando o livro aqui. Quer me emprestar? Pessoal, tenho a alegria de, além de ouvir o Lincoln, passar a palavra para o jornalista, comunicador público, intelectual público, do “Opera Mundi” também, Breno Altman. Breno, fique à vontade, meu caro.
O SR. BRENO ALTMAN – Boa noite a todos e a todas. Cumprimento o deputado Maurici pela iniciativa deste encontro de hoje, desta celebração. Cumprimento a todos os descendentes dos líderes da Revolução de 24, da Coluna Prestes.
Em particular, ao Luiz Carlos Prestes, filho do maior herói da história brasileira, Luiz Carlos Prestes. Cumprimento também os meus colegas e a minha colega de mesa. Eu não vou me deter nos aspectos que meus colegas, tanto o Prof. Lincoln quanto a Prof.ª Spada, já avançaram em relação ao processo de 24. Eu gostaria aqui de colocar o meu ponto de vista de como nós podemos compreender 24 e a Coluna Prestes no processo histórico brasileiro.
Creio que nós devemos andar décadas para trás para compreender o papel de 24 e da Coluna Prestes. O Brasil vivia, na última metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a sua revolução burguesa. Mas não era uma revolução burguesa como aquela que havia acontecido na França, na Inglaterra, ou nos Estados Unidos.
Era uma revolução burguesa, mas não uma revolução democrática. Era um processo de transição do escravismo colonial, como tão bem caracterizou o historiador Jacob Gorender, para um sistema capitalista, sem que houvesse ruptura. Era um processo de transição controlado pela mesma classe social que se transformava.
Aquela mesma elite agrária escravocrata vinha se transformando na burguesia brasileira. Sem que houvesse mudanças no poder de Estado e sem que a revolução burguesa contemplasse as reivindicações das amplas massas do povo, especialmente das massas agrárias, que então eram a maioria do País.
O curso dessa revolução burguesa, a historiografia costuma classificar como uma revolução burguesa por via prussiana, comparando com o processo de unificação e transição capitalista da Alemanha; uma revolução por cima, uma revolução sem revolução. No curso desse processo, surge o tenentismo. O que é o tenentismo?
É a tentativa de transformar a revolução burguesa em uma revolução democrática. A tentativa de fazer que a revolução burguesa fosse uma ruptura com aquela velha ordem escravocrata, da qual o País jamais se livrou. Aliás, não se livrou até hoje.
O tenentismo era uma tentativa, portanto, de inserir, no seio da revolução burguesa, uma ruptura democrática. As reivindicações do tenentismo, embora não constituíssem um programa pronto e acabado, representam, de uma certa maneira, uma variável jacobina da revolução burguesa no Brasil.
Os tenentes são, de uma certa maneira, os jacobinos brasileiros. Esse processo terá o seu ápice a partir de 24, na Revolução Paulista de 1924, também chamada de Rebelião Esquecida. Porque, propositadamente, as elites do País tratam de invisibilizar essa revolta.
Na Revolução Paulista de 1924, nós tivemos não apenas um levante militar. Nós tivemos um levante militar, operário e popular. Pela primeira vez, a classe operária de um grande centro, como era São Paulo, se junta a um levante revolucionário, que buscava, repito, transformar a revolução burguesa brasileira em uma revolução democrática.
A classe operária de São Paulo já havia passado pela greve geral de 1917. A classe operária de São Paulo havia constituído instrumentos de luta muito importantes nas décadas anteriores, como os sindicatos. A classe operária já havia formado o seu primeiro partido, o Partido Comunista, em 1922. E 1924 é o momento em que esse jacobinismo brasileiro, representado pelos tenentes, tenta um segundo ciclo. O primeiro havia sido em 1922, com os 18 do Forte.
De uma maneira muito mais robusta e massiva, 1924 - que conta com a participação de tenentes de 22 - unifica, sob o comando militar, uma mobilização operária e popular de vulto que é massacrada pela elite paulista, pela velha elite agrária, que controlava o processo político há muitas décadas e que tratava de manter sob sua hegemonia a revolução burguesa.
Lutam com sacrifício, com heroísmo, os militares e os civis de 24. Enfrentam essa elite agrária, enfrentam o exército nacional, que naquele momento vem sobre São Paulo com toda a sua força para esmagar qualquer possibilidade democrática da revolução burguesa.
Os revolucionários de 24 acabam sendo derrotados por força da enorme repressão que aqui se aplica pelo exército nacional, também pelas traições internas e, claro, pela falta de maturidade política e militar daquela rebelião.
A rebelião de 24 se desdobra em um outro acontecimento, naquele que talvez tenha sido o principal acontecimento da primeira metade do século XX, que foi a Coluna Prestes.
A Coluna Prestes é uma variável mais ampla e radicalizada da Revolução de 24 e foi alimentada pelos próprios rebeldes de 24, quando os revoltosos se retiram da cidade, a partir de 28 de julho, formam a Coluna Paulista e se encontram no Paraná com a Coluna Prestes, cujo início havia ocorrido em 28 de outubro de 1924. A Coluna Miguel Costa-Prestes é um grande feito militar e um grande feito político. É um feito militar de proporções incríveis.
Se nos lembrarmos sobre outros movimentos guerrilheiros, iremos nos recordar da Longa Marcha de Mao Tsé Tung, quando ele se retira, em 1934, dos ataques que vinha sofrendo dos ataques dos nacionalistas, comandados por Chiang Kai Shek. A Longa Marcha de Mao Tsé Tung marchou por 12.500 quilômetros, a Coluna Prestes foi além dos 20 mil.
Há inclusive um acontecimento histórico na primeira vez que Prestes encontra Mao Tsé Tung em 59 que, no diálogo estabelecido entre Mao Tsé Tung e Prestes, Mao Tsé Tung revela a Prestes que uma das suas inspirações para construir a estratégia de guerra de movimento da Longa Marcha tinha sido exatamente a Coluna Prestes.
Eu, na minha condição de jornalista, ouvi a mesma afirmação sobre um outro episódio, muitos anos depois, do comandante cubano Fidel Castro a respeito da Coluna Prestes. (Palmas.)
A Coluna Prestes promove um verdadeiro choque sobre a revolução burguesa no Brasil. O controle da revolução burguesa é efetivamente ameaçado pela Coluna Prestes. A Coluna Prestes empolga multidões por todo o País. A Coluna Prestes cria no País a percepção de que seria possível, efetivamente, transformar a revolução burguesa em uma revolução democrática.
Por isso mesmo, a Coluna Miguel Costa-Prestes, popularmente conhecida como Coluna Prestes, é perseguida implacavelmente pelo governo federal. A Coluna Prestes é reprimida e caçada e logra um feito militar espantoso, porque o outro nome da Coluna Prestes é “A Coluna Invicta”, ela jamais perdeu uma batalha.
No entanto, a Coluna Prestes não conseguiu se ligar a movimentos urbanos relevantes que pudessem dar à Coluna Prestes viabilidade como alternativa de poder naqueles anos entre 24 e 27.
O próprio chefe de Estado-maior, Luiz Carlos Prestes, muitos anos depois, em diversas entrevistas que iria conceder e em vários estudos onde estão essas entrevistas, reconheceria a pouca maturidade política e militar da Coluna, a pouca consciência que os líderes da Coluna tinham sobre a organização e o desenvolvimento do País.
Ele também consideraria que essas insuficiências da Coluna é que haviam levado esse movimento militar em um certo momento a uma situação sem saída, que não fosse recuar e se retirar do solo brasileiro, porque as possibilidades de transformar a revolução burguesa em uma revolução democrática se esgotavam.
Nesse contexto, no entanto, a Coluna Miguel Costa-Prestes, herdeira da Revolução de 24, teria um papel fundamental em desgastar profundamente as velhas elites que controlavam a revolução burguesa, a chamada República do Café com Leite. Seria impensável a chamada Revolução liberal de 1930 sem a Revolução de 24 e sem a Coluna Miguel Costa-Prestes.
É a Coluna Miguel Costa-Prestes que sangra a República do Café com Leite, a um ponto tal que Getúlio Vargas, chefe de um dos setores das elites agrárias do País, mas disposto a se somar em certa medida com a Coluna Miguel Costa-Prestes e com o tenentes para derrubar a República do Café com Leite em uma revolução interburguesa - na qual uma fração da burguesia se dispunha a ruptura contra a velha fração do Café com Leite, com a velha fração agrária da burguesia brasileira - na construção da rebelião de 1930, se apoia sobre os tenentes.
Getúlio Vargas convida Luiz Carlos Prestes a integrar a Revolução de 30; Getúlio Vargas busca atrair o comando da Coluna Miguel Costa-Prestes para a sua revolução interburguesa burguesa. Prestes se recusa.
Em um caso muito raro na história de uma corrente que nasce no seio da revolução burguesa e paulatinamente, especialmente nos anos seguintes, se transformaria em uma corrente profundamente ligada à revolução operária e socialista, Prestes transita do jacobinismo para o socialismo e viria a ser o principal líder revolucionário brasileiro do século XX.
Os tenentes se dividem. Uma parte importante dos tenentes adere à opção levantada por Getúlio Vargas, que era uma ruptura no interior da revolução burguesa, mas não era a revolução democrática que o jacobinismo tenentista trazia no seu ventre. Getúlio se apropria, se alia ao impulso tenentista para tomar o controle daquela revolução burguesa e afastar da sua hegemonia a elite do Café com Leite.
Getúlio enfrentaria, em 1932... Prof. Lincoln, eu acho que a gente tem que dar nome aos bois: 24 é superior a 32, porque 32 é uma tentativa de contrarrevolução. Não é uma revolução. É uma tentativa de restaurar o poder da elite cafeicultora, paulista em essencial.
É uma tentativa de fazer a roda do tempo andar para trás e restabelecer a República do Café com Leite, a república latifundiária que tinha sido combatida tanto por 24 quanto por 30, tanto pelos tenentes e pela classe operária de São Paulo quanto pela Coluna Miguel Costa-Prestes e também por Getúlio Vargas.
O 1932, o Nove de Julho, deveria ser chorado, porque é um malfeito na história paulista, 32 tem que ser condenado historicamente. É um levante da velha elite latifundiária, escravocrata, que tinha que ter o seu projeto enterrado, e não louvado, como infelizmente ainda acontece. (Palmas.)
Quero concluir dizendo que 1924 e a Coluna Miguel Costa-Prestes nos legaram heróis, ideias e valores. Legaram-nos, e faço questão de repetir o líder revolucionário mais relevante da história do País: o capitão Luiz Carlos Prestes. Legaram-nos o principal líder do movimento comunista e operário do nosso País, o mesmo capitão, Luiz Carlos Prestes.
Legaram-nos valores, ideias até hoje não alcançadas: a ideia fundamental de que o nosso País só se encontrará com a modernidade quando for capaz de realizar uma revolução democrática profunda, popular, que põe abaixo essa velhíssima revolução burguesa, que nunca passou de um movimento a serviço das elites cafeicultoras, hoje das elites industriais, agrárias e financeiras.
Um processo de transformação que jamais chegou aos trabalhadores e ao povo e que somente virá a alcançar os interesses e as aspirações da grande maioria do nosso povo quando esse processo de transição for rompido pela capacidade do povo brasileiro em construir uma alternativa de autogoverno e de poder popular, como foi o sonho de toda vida dos grandes chefes da Coluna Miguel Costa-Prestes, em especial do seu comandante histórico.
Muito obrigado. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos as palavras dos estudiosos aqui presentes. E agora vamos passar a exibição do trecho do documentário “O Velho - a história de Luiz Carlos Prestes”, do cineasta Toni Venturi.
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- É exibido o vídeo.
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Agora convidamos o deputado Maurici para que venha à frente prestar uma homenagem póstuma ao cineasta do documentário “O Velho, a História de Luiz Carlos Prestes”, Toni Venturi, que será recebida pela atriz Débora Duboc.
Toni Venturi foi um cineasta brasileiro formado em cinema no Canadá. Foi também presidente da Associação dos Cineastas Paulistas, Apaci, em 2001. Além do documentário, dirigiu e produziu longas metragens como “A Comédia Divina”, de 2017; “Cabra Cega”, de 2005; “Latitude Zero”, de 2002; além de outros documentários, incluindo “Rita Cadillac, a Lady do Povo”, de 2010 e “Dentro da Minha Pele”, de 2020. Toni Venturi faleceu neste ano, aos 68 anos de idade.
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- É feita entrega de
homenagem.
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Convidamos novamente o deputado Maurici à frente para entregar uma homenagem aos pesquisadores que, com suas obras, contribuíram para a interpretação da história da Revolta de 24 e da história do Brasil.
Convidamos Moacir Assunção para receber a homenagem; jornalista e historiador, autor de vários livros - entre eles “São Paulo Deve ser Destruída, a História do Bombardeio à Capital na Revolta de 24”.
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- É feita entrega de
homenagem.
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Maria Clara Spada Castro, doutora em história pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, autora da obra “Além da Marcha, a (re)formação da Coluna Miguel Costa-Prestes”.
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- É feita entrega de
homenagem.
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Adelino Martins, doutor pelo programa de pós-graduação em história econômica da Universidade de São Paulo, autor da monografia “Negregada Revolta”, sobre o levante tenentista de 1924.
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- É feita entrega de
homenagem.
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Lindener Pareto, doutor em história, teoria e fundamentos da arquitetura e do urbanismo pela Universidade de São Paulo.
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- É feita entrega de
homenagem.
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Lincoln Secco, professor livre-docente de história contemporânea na Universidade de São Paulo.
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- É feita entrega de
homenagem.
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Breno Altman, jornalista e fundador do “Opera Mundi”, site de notícias e um canal de vinculação de debates e informações no campo progressista.
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- É feita entrega de
homenagem.
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E a última homenagem também a José Luiz del Roio, radialista e político ativista social, autor da obra “A Greve de 17, os Trabalhadores Entram em Cena”. Ah, ele não está? Desculpem.
Convido o deputado Maurici para que se sente à Mesa. Eu passo a palavra ao deputado para que ele proceda com o encerramento.
O SR. PRESIDENTE - MAURICI - PT - Eu tenho pouco a acrescentar ao que foi dito. Eu queria, primeiro, agradecer. Em novembro do ano passado, eu conheci o Sr. Luiz Carlos Prestes Filho em Moscou e eu dizia a ele da minha vontade de comemorar o centenário da Revolta de 1924.
E comecei dizendo para ele que tinha mais coisa. Tinha 60 anos do golpe - tinha 40 do golpe, 60 do golpe, não sei quantos da anistia, 110 do primeiro presidente - enfim, que era um ano rico.
E ele me lembrou que tinha também... Não era só a Revolta de 1924, era a Coluna Prestes. E de lá, de novembro para cá, a gente veio aqui, começou a conversar aqui no gabinete da gente, no mandato, e decidiu fazer esta sessão solene.
E começa a mexer com a história da sessão solene, sessão solene. Aí, espere aí, vamos fazer uma exposição de documentos, porque tem documentos aqui no acervo da Alesp. Mas só documentos? A gente vai conseguir fotos?
Aí fomos lá no Museu da Energia de São Paulo, a quem eu quero agradecer, que nos cedeu fotografias e virou uma exposição. Depois disso a gente pensou que podia fazer uma publicação, fomos conversar com o Instituto Legislativo Paulista, e eles toparam.
Então, talvez até o final do ano a gente consiga fazer uma publicação e publicar, mas o que que a gente vai publicar ali? Vamos ver quem está publicando, quem está pesquisando, quem está escrevendo sobre o tema, quem já fez. Aí juntamos gente, fizemos esta atividade que vocês estão participando hoje. Foi bem bacana.
Eu tenho que agradecer muito ao pessoal que trabalha comigo, meu gabinete, o meu mandato, porque a gente conseguiu fazer este trabalho todo mesmo acompanhando os trabalhos legislativos da Casa.
Mesmo tendo feito oito, dez plenárias de prestação de conta do mandato nos últimos dois, três meses; mesmo comemorando a Grande Guerra Patriótica; mesmo iniciando o Jardim da Paz lá em Franco da Rocha... lembrando o final da Grande Guerra Patriótica.
Mesmo organizando o Dia da África, enfim, em meio ao seminário de abastecimento que nós vamos fazer na semana. Mesmo com tudo isso, a gente conseguiu se desdobrar e produzir esta atividade.
Eu preciso agradecer também a alguém que eu já ia esquecer: os funcionários aqui da Casa para além do gabinete, porque eles foram se entusiasmando com a ideia, o pessoal do Acervo, o pessoal da TV Alesp, o pessoal do Cerimonial, o pessoal da Técnica. Cada vez que a gente falava sobre o assunto, eles foram crescendo o interesse e ajudaram a fazer uma atividade que eu repito que foi muito bacana.
E muito bacana não é pelo que ela encerra, mas é pelo que ela abre. Nós temos agora, como patrimônio nosso, um acervo de fotos que vai ficar exposto aí por uma semana, dez dias, mas que depois a ideia é a gente levar para as escolas da rede pública aqui na Capital para estimular o debate, para estimular a produção pedagógica sobre o tema.
Então eu acho que vai ser, foi, está sendo e é muito importante. Eu já estava esquecendo também de agradecer a um amigo, o Marcos Augusto Guerra, que eu quero citar nominalmente aqui, porque eu pedi para ele um apoio de patrocínio para arcar com algumas despesas aqui, que é a Energis 8, e ele concordou em fazer. E depois, no fim, eu acabei esquecendo de convidar ele para vir à sessão.
Mas, enfim, eu queria, depois de agradecer, dizer a vocês o seguinte: nós hoje protocolamos a Indicação nº 4.662, de 2024, que indica ao Sr. Governador do Estado que determine a adoção das providências necessárias para a inclusão do general Miguel Costa entre os vultos históricos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, acionando as autoridades competentes para tanto. (Palmas.)
Protocolamos também o Projeto de lei nº 418, de 2024, que propõe a instituição do Dia da Memória da Revolta Paulista de 1924, a ser celebrado anualmente no dia 5 de julho em todo o estado de São Paulo. (Palmas.)
Também protocolamos hoje um projeto de resolução propondo a criação na Assembleia Legislativa de São Paulo do Prêmio Miguel Costa, destinado a policiais militares que tenham se destacado na defesa da vida e da democracia no estado de São Paulo. (Palmas.)
Por fim, quero agradecer ao Acervo da PM, que concordou em trazer aqui para o nosso espaço a espada de ouro de Miguel Costa, que está exposta aí fora junto das fotos. (Palmas.)
E agradecer a todos e a todas que continuem nos ajudando, porque como eu disse, isso aqui vale mais pelo que abre do que pelo que encerra. Que isso seja um aperitivo delicioso que continue nos entusiasmando, a todos e todas, a debater esse aspecto invisível, esse momento invisível da nossa história da vida de São Paulo e do Brasil.
Muito obrigado.
Uma boa-noite a todos e, por favor, o coquetel no Salão dos Espelhos. (Palmas.)
Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço aos envolvidos na realização desta sessão solene.
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- Encerra a sessão às 21 horas e 49 minutos.
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