
17 DE OUTUBRO DE 2025
146ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h14min. Comenta parecer do TCE-SP que suspendeu contratação de policiais militares para escolas estaduais. Opõe-se ao programa das escolas cívico-militares.
2 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Comenta o pronunciamento do deputado Eduardo Suplicy.
4 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
5 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
9 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Defere o pedido. Parabeniza o deputado Eduardo Suplicy por seu pronunciamento. Apoia proposta de emenda à Constituição, apresentada pela deputada federal Luciene Cavalcante, acerca de quotas raciais e de gênero. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 20/10, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h59min.
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ÍNTEGRA
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-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.
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-
Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
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O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Antes de chamar aqui o primeiro orador,
eu queria dizer que nós tivemos acesso agora, sobretudo pela imprensa, a um
relatório feito, a uma investigação feita pelo Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo, por conta de uma representação que o nosso coletivo, Educação em
Primeiro Lugar, fez. O nosso coletivo, constituído pela deputada federal
Luciene Cavalcante, pelo vereador Celso Giannazi e pelo nosso mandato aqui da
Assembleia Legislativa.
Nós fizemos uma representação ao
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo questionando a contratação irregular
e inconstitucional de monitores militares aposentados para trabalhar nas
escolas estaduais, militares sem formação nenhuma na área pedagógica, sem
licenciatura plena, que teriam um salário superior ao do professor, e muito
superior ao dos agentes de organização escolar.
Isso faz parte... Essas contratações
são do famigerado programa “Escola Cívico-Militar”. E o Tribunal de Contas, no
primeiro momento, acatou a nossa representação, suspendeu o programa e, agora,
saiu o estudo técnico, o relatório técnico, só confirmando as nossas denúncias,
as nossas reivindicações. Um parecer técnico mostrando todas as contradições
desse programa - na verdade, dessas contratações -, que são muitas. Eu quero
elencar algumas.
Aqui, a matéria saiu na “Folha”, na
“UOL”, em várias mídias, no “G1”, “Metrópoles”. Toda a imprensa está
repercutindo esse parecer técnico do Tribunal de Contas. A análise do Tribunal
de Contas aponta desvio de finalidade na contratação de PMs para o programa
“Escola Cívico-Militar”, que é um programa eleitoreiro, feito às pressas aqui
pelo governador Tarcísio para agradar a sua base eleitoral de extrema-direita,
bolsonarista.
É disso que se trata esse programa, que
não tem nenhuma função pedagógica, ao contrário, é um programa antipedagógico.
No entanto, o relatório aponta muitas denúncias que nós fizemos na nossa
representação. Primeiro, que não há - nós tínhamos colocado - previsão
orçamentária no orçamento 2025 para esse famigerado programa.
Ele nem consta no PPA, que foi aprovado
aqui na Assembleia Legislativa. Isso mostra o improviso, o desespero do governo
em implantar, já agora no final do ano, um programa pedagógico em 100 escolas
do estado de São Paulo. As contratações seriam feitas sem concurso, o que é um
absurdo.
O relatório também aponta algo aqui
fundamental, que é uma distorção das regras da corporação, ou seja, desvio de
finalidade. Os militares são importantes na área da Segurança Pública, e não na
área da Educação. Então, tem um desvio de finalidade que tem amparo, inclusive,
na Constituição Federal.
E, sobretudo, algo que me chama muita
atenção, que nós já tínhamos também detectado, que é justamente essa comparação
que é feita com os agentes de organização escolar. Porque esses monitores
militares iriam ter a mesma função que é feita hoje pelos agentes de
organização escolar, que têm o pior salário entre os servidores do estado de
São Paulo - ganham, muitas vezes, abaixo de um salário mínimo.
Então, ia ter um agente de organização
escolar ganhando R$ 1.500,00 e, do outro lado, um monitor militar ganhando seis
mil reais. É um absurdo, é uma afronta ao magistério, aos agentes de
organização escolar e a todos os servidores da Educação. Então, eu tenho
certeza que esse relatório será acolhido, será incorporado ao relatório final,
que depois vai ser julgado pelos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo.
Dificilmente ele será rejeitado, porque
ele, na verdade, tem toda uma sustentação técnica e jurídica. Não tem como
rebater os argumentos apresentados nesse relatório, que é, na verdade, fruto da
nossa representação ao TCE. Então, eu queria divulgar essa importante notícia
para a população do estado de São Paulo e dizer que, mais uma vez, o governo do
estado de São Paulo tem que recuar dos seus ataques à Educação do estado de São
Paulo.
Quero dar início, então, à lista de
oradores inscritos. Com a palavra, o deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz
Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado Caio França. (Pausa.) Com
a palavra o deputado Gil Diniz. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Thiago
Auricchio. (Pausa.) Com a palavra a deputada Professora Bebel. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Marcelo Aguiar. (Pausa.) Com a palavra a deputada Leci
Brandão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Oséias de Madureira. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Capitão Telhada. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Donato.
(Pausa.) Com a palavra a deputada Carla Morando. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Reis. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Carlos Giannazi, já falei, e com a palavra o deputado
Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Carlos Giannazi, senhoras
deputadas, senhores deputados, público que nos assiste pela TV Alesp, e
servidores aqui da Assembleia. Ocorreu um fato gravíssimo, a apreensão, e é com
preocupação, um sentimento de urgência, que venho a esta tribuna relatar um
evento gravíssimo que ocorreu nesta última quarta-feira, 16 de outubro, na
cidade de Lins, no interior de São Paulo.
A Associação
Santa Gaia, uma entidade civil legalmente constituída, dedicada ao acesso seguro
à Cannabis medicinal, foi surpreendida por uma ação da Política Civil estadual,
que culminou na apreensão de todo o seu material de cultivo, laboratório e
insumos medicinais, que garantiam tratamento a milhares de pessoas. Não venho
aqui defender a ilegalidade, pelo contrário, venha defender a lei, a ciência, a
dignidade humana.
A Santa Gaia
não é uma organização clandestina, ela atua de forma pública, transparente, e
possui dois processos em curso que reconhecem e garantem sua atividade, um
habeas corpus em andamento e uma ação civil no Tribunal Regional, no TRF1, em
Brasília.
Portanto, não
existe qualquer determinação judicial definitiva que obrigue à interrupção de
suas atividades. O que aconteceu em Lins foi um gravíssimo descompasso de
informações entre instâncias do próprio Estado.
Enquanto a
Justiça Federal tem ciência das ações em curso e da relevância social do
trabalho da Associação, uma ação punitiva e descoordenada da Justiça Estadual
coloca em risco a vida de milhares de pacientes.
A Santa Gaia
atende mais de 9 mil pessoas, entre crianças com epilepsias refratárias, idosos
com Parkinson e Alzheimer, pacientes oncológicos e pessoas que sofrem com dores
crônicas e incapacitantes. Cento e setenta famílias recebem medicação gratuita
e têm acesso a uma clínica social sem qualquer custo.
É uma
contradição que, no exato momento em que a União avança na regulamentação da
Cannabis, ampliando o diálogo com institutos de pesquisa, universidades,
comunidades tradicionais, uma ação como essa seja deflagrada. Enquanto buscamos
construir políticas públicas baseadas em evidências, fechamos os olhos para a
realidade de quem depende desse tratamento. Com a apreensão, os pacientes estão
agora desassistidos, sem a medicação que lhes garantiam qualidade de vida e
estabilidade clínica. Estão condenados ao sofrimento.
É hora de
manifestarmos nossa solidariedade e respeito às associações que salvam vidas.
Cobramos celeridade na solução desse impasse judicial para que os medicamentos
apreendidos possam ser devolvidos e os tratamentos sejam retomados
imediatamente.
Reitero o meu
apoio à Santa Gaia e a todas as associações, como a Cultiva
e como a Flor da Vida, como Minha Flor e tantas outras que, como ela, lutam
pelo direito fundamental à saúde.
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- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
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Devemos nos unir pela Ciência, pela
vida e pela liberdade de cuidar. Que este plenário seja um eco de vozes
daqueles que hoje estão sem seu tratamento, que nossas ações aqui sejam em
defesa da vida, da compaixão e da dignidade.
Eu solicito que possa apresentar aqui
as cenas de como a Polícia destruiu os equipamentos da Santa Gaia e a plantação
da “cannabis” medicinal.
Por favor.
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- É exibido o vídeo.
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Sr. Presidente, eu solicito que possa
ser providenciado que este pronunciamento chegue, ainda hoje, ao conhecimento
do governador Tarcísio de Freitas, porque é inadmissível uma ação desta ordem
contra a saúde das pessoas, de brasileiros, de brasileiras, de crianças que
precisam tomar o óleo de “cannabis” para crianças, por exemplo, autistas e com
problemas os mais diversos.
E eu próprio sou testemunha de como a
“cannabis” medicinal ajuda a elevar a qualidade de vida das mais diversas
pessoas acometidas pelas mais diversas doenças, inclusive o Parkinson. E eu
estou me tratando também com a “cannabis” medicinal da Associação Flor da Vida,
que, como a Santa Gaia, também está produzindo com autorização judicial.
E não vejo o porquê dessa ação
policial. Parece que esses homens não percebem que a “cannabis” medicinal pode
significar um alento, uma melhoria da qualidade de vida de muitos dos parentes
desses policiais. Não entendo por que chegaram lá e foram destruindo os
equipamentos e a plantação da “cannabis”.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE -
CARLOS GIANNAZI - PSOL
- O pedido de V. Exa. será encaminhado. Na verdade, o pronunciamento de V. Exa.
será encaminhado com urgência ao governador do estado de São Paulo.
E
parabenizo V. Exa. por esse pronunciamento, por essa importante denúncia contra
o que aconteceu: essa estupidez, essa ignorância, em pleno século XXI, um
comportamento como esse. Nós aprovamos, inclusive, deputado, uma lei aqui na
Assembleia Legislativa, regulamentando a “cannabis” medicinal.
Então
é um absurdo isso e espero que o governo tome medidas imediatas, punindo os
responsáveis por esse ato de violência, por essa ignorância. Isso que nós
podemos chamar que são pessoas negacionistas, pessoas que acreditam na terra
plana, que acreditam que a cloroquina cura a Covid e por aí vai.
Gostaria que V. Exa. viesse comandar
esta sessão, deputado Suplicy, para que eu possa fazer uso da tribuna.
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* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Dando
continuidade, agora passamos a palavra ao Delegado Olim. (Pausa.) Major Mecca.
(Pausa.) Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Tenente Coimbra. (Pausa.) Conte Lopes.
(Pausa.) Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) Professora Bebel. (Pausa.) Sebastião
Santos. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, telespectador
da TV Assembleia. Sr. Presidente, eu quero aqui repercutir uma gravíssima
denúncia, inclusive que nós vamos tomar providências aqui, pela Assembleia
Legislativa.
Eu me refiro a
esta denúncia, esta investigação: Ministério Público de São Paulo move ações
sobre desvios na Agricultura, Secretaria da Agricultura, e traz relatos de
interferência na gestão Tarcísio.
Trata-se, Sr.
Presidente, de uma denúncia sobre um pagamento de adicionais e aditivos na
Secretaria da Agricultura de aproximadamente 50 milhões de reais, por conta de
um programa da gestão anterior, que é o programa “Melhor Caminho”, que foi
implantado em 2021 e foi orçado em 400 milhões de reais para a conservação de
estradas de terra, para o escoamento da produção no Interior paulista.
Mas houve aí,
Sr. Presidente, um caso gravíssimo de corrupção, ao que tudo indica, segundo a
apuração do próprio Ministério Público, um aditivo irregular de 50 milhões de
reais.
Agora, o mais
grave, Sr. Presidente, é que o atual secretário da Agricultura, Guilherme Piai,
exonerou os servidores, olha só, que conduziram essa apuração. Os servidores
que denunciaram esse desvio, esse aditivo duvidoso e irregular, foram punidos
com a exoneração, Sr. Presidente.
E ele pediu
para fazer um novo estudo técnico, teve aqui um novo parecer técnico que
validou os aditivos, ou seja, todas as investigações feitas anteriormente, que
sustentaram, inclusive, a investigação correta do Ministério Público, que já
resultou em nove ações judiciais, foram anuladas internamente na Secretaria da
Agricultura e foi elaborado um novo parecer técnico que isentou, Sr.
Presidente, os responsáveis por qualquer ato ilícito, olha só.
E, para piorar
ainda a situação, o atual secretário Guilherme Piai reintegrou uma das pessoas,
parece-me que envolvidas, o Ricardo Lorenzini, que foi aquele que eu denunciei
aqui durante a aprovação do PLC nº 9, que acabou com a carreira dos pesquisadores
científicos do estado de São Paulo.
Nós temos
denúncias de que ele foi um dos mentores daquele PL nº 09, daquela proposta
pelo menos. E agora ele foi reintegrado, ele estava envolvido lá atrás, era do
governo passado, ligado ao Rodrigo Garcia, e foi reintegrado. Na época, ele era
o chefe de gabinete, quando estourou esse escândalo, Sr. Presidente, e depois
ele foi reintegrado à pasta.
Então, Sr.
Presidente, isso é muito grave, isso tem que ser investigado. Agora, como o
secretário da Agricultura não pode ser investigado por essa promotoria, ele tem
que ser investigado pelo procurador-geral de Justiça, bem como o governador do
Estado, então não há ainda investigação para ambos.
Espero que os
promotores, os procuradores que estão investigando - os promotores ou os
procuradores do patrimônio - que eles mandem essa denúncia para o
procurador-geral de justiça. Caso isso não aconteça, nós vamos fazer essa
denúncia pela Assembleia Legislativa até em cima da própria investigação do
Ministério Público Estadual, porque isso é grave, Sr. Presidente, isso tem que
ser investigado.
E quero ainda
dizer que foi essa secretaria, foi esse secretário, Guilherme Piai, um dos
grandes articuladores também do PLC nº 9, que atacou, como eu disse, a carreira
dos pesquisadores científicos do estado de São Paulo. Um ataque à ciência, à
pesquisa, a uma carreira consolidada responsável pelo desenvolvimento na área da
Agricultura, na área do Meio Ambiente e na área da Saúde Pública do estado de
São Paulo.
Então essa
carreira foi delapidada com a aprovação desse projeto, projeto do governo
gestado por essas pessoas na Secretaria da Agricultura. Eu só... O que eles
fizeram, Sr. Presidente, além desse envolvimento nesse caso gravíssimo aqui de
corrupção, porque isso viola as leis anticorrupção. Então, Sr. Presidente, além
disso, eles também minaram uma carreira muito importante, que é a carreira dos
pesquisadores e pesquisadoras do estado de São Paulo.
Quero ainda,
Sr. Presidente, aqui falar de uma notícia importante e celebrar uma vitória na
Justiça sobre os pedágios. Nós estamos há muito tempo aqui denunciando a farra
dos pedágios no estado de São Paulo, e o governador Tarcísio de Freitas está
intensificando essa farra dos pedágios, instalando praças com pórticos, porque
agora mudou o nome, agora não é mais praça de pedágio, agora são os pórticos
“Free Flow”, que é essa nova modalidade de extorquir o bolso da população.
E ele
instalou... Está instalando pedágios na Mogi-Bertioga e na Mogi Dutra, e na
região houve uma grande mobilização e a prefeita da cidade entrou com uma ação
na Justiça e ganhou a liminar. “Justiça concede liminar e suspende cobrança do
pedágio na rodovia Mogi Dutra”. Então na Mogi Dutra há uma liminar suspendendo
o início da cobrança de pedágio que será feito agora em novembro, segundo o
anúncio do governo.
Então a justiça
concedeu uma liminar suspendendo e entendendo que isso trará um grande prejuízo
para toda a população de Mogi das Cruzes e região. Os moradores da região terão
que pagar pedágio para trabalhar, para ir ao médico, para se locomover na
região de uma cidade para a outra, para vir à capital, também muita gente de
Mogi trabalha aqui na capital, ou na Grande São Paulo, a Justiça replique esse
comportamento e essa decisão em todos os pedágios que estão sendo instalados
pelo governador Tarcísio de Freitas.
Como por
exemplo na Rodovia Raposo Tavares, onde já estão instalando três pedágios: no
km 49, que eu estive presente e denunciei, até mostrei o vídeo aqui na Alesp,
acho que no km 84, se eu não me engano, e no km 111.
Só naquele
trecho nós vamos ter três pedágios, fora outros que serão instalados mais à
frente, fora os pedágios da região de Paranapanema. E dos que foram anunciados,
e me parece que ele recuou, mas a gente não tem certeza, da região do Circuito
da Águas, na região ali de Sorocaba. Enfim, são vários... Os do Paranapanema
também, acho que já falei.
Então ele tinha
anunciado inicialmente a instalação de mais de 100 pedágios nas rodovias
paulistas, superando talvez o que o PSDB fez em 30 anos aqui no estado de São
Paulo.
Isso começou
com muita força com os tucanos, o tucanistão, o famoso tucanato que implantou a
farra dos pedágios no estado de São Paulo. Mas o tucanato ficou aqui 30 anos,
agora o Tarcísio de Freitas, em menos de três anos, vai superar os tucanos aqui
do estado de São Paulo, infestando o nosso estado com várias praças de pedágio.
Então
é uma notícia muito interessante e nós queremos, Sr. Presidente, estamos
estimulando que vários prefeitos, prefeitas, vereadores, que vários movimentos
sociais entrem também com ações na Justiça para suspender a cobrança desses
pedágios “Free Flow”, desses pórticos, Sr. Presidente.
E também, quero
ainda, Sr. Presidente, antes de terminar as minhas intervenções no dia de hoje,
dar conta também de uma notícia muito importante, que é sobre o Supremo
Tribunal Federal, que tomou uma decisão muito importante.
Está aqui a
matéria também, Sr. Presidente, que diz o seguinte: “Supremo Tribunal Federal
derruba leis municipais que vedam menções a gênero e orientação sexual no
currículo escolar”.
Essa matéria...
Pode colocar para mim? Essa última, que é uma decisão do Supremo. Teve o
julgamento, Sr. Presidente, de três leis municipais aprovadas na cidade de
Tubarão, em Santa Catarina, Petrolina e Guaranhuns, essas duas últimas em
Pernambuco.
O Supremo votou
pela inconstitucionalidade dessas leis municipais que proíbem que no currículo
escolar haja a menção, que haja a orientação sexual e também menções às
questões de gênero - não ideologia de gênero, que isso é uma coisa inventada -
mas a gênero e orientação sexual no currículo escolar.
É disso que se
trata essa legislação que foi repudiada, foi tornada inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal. Porque, Sr. Presidente, ela afronta a competência
privativa da União em legislar sobre essa questão de diretrizes curriculares -
é o primeiro ponto.
Alexandre de
Moraes, o ministro, fez uma fala muito importante, Sr. Presidente. Quero
reproduzir aqui a intervenção dele muito apropriada e que vai ao encontro do
que estamos defendendo.
Aqui, olhe, Sr.
Presidente, deixe eu pegar aqui: “Segundo Moraes, por meio das redes sociais,
crianças e adolescentes são bombardeadas com informações distorcidas sobre
esses temas, incluindo ideologia de gênero e questões sexuais”.
Ele diz o
seguinte: “As mesmas pessoas, os mesmos grupos que defendem que as redes
sociais podem tudo, podem bombardear com mentiras, com estudos falsos sobre
essa questão, são os mesmos que defendem a aprovação dessas leis que querem
impedir uma educação de temas sexuais, uma educação séria”.
Afirmou ele,
Sr. Presidente. O ministro também afirmou que exageros são condenáveis, mas
defendeu a necessidade do Brasil se preocupar com a violência contra essa
população citando dados do “Atlas da Violência”, agora de 2025.
Então, Sr.
Presidente, ele mostrou a contradição, normalmente os vereadores e prefeitos
que defendem essa pauta do falso moralismo, essa pauta que tenta criar o pânico
moral inventando ideologia de gênero e tantas outras mentiras e “fake news”, em
relação à sexualidade, para atrair o eleitorado de extrema direita,
bolsonarista.
Ele diz que
esses mesmos grupos, esses mesmos segmentos que criam esse pânico moral e
defendem essas leis, são os mesmos, Sr. Presidente, que são contra a
regulamentação das redes sociais que apoiam... Que são contra, por exemplo,
regulamentar esse esgoto da internet, onde crianças e adolescentes são vítimas
das piores imagens, até mesmo de estímulo ao suicídio, à violência,
intolerância e ao ódio. Então é o mesmo grupo, é a maior incoerência que
existe.
Na Educação,
não pode ter orientação sexual, não pode ter educação sexual do ponto de vista,
inclusive, científico, Sr. Presidente, mas essas crianças podem estar expostas
no subsolo, nos porões, no pântano, no esgoto da internet. E lá vale tudo, eles
veem tudo, aí tudo bem, podem liberar.
Agora, na
escola não. Na escola, ter uma aula crítica, uma aula correta sobre esses
temas, informativa, eles proíbem através dessas leis que foram aprovadas e
sancionadas nesses municípios, como Tubarão, em Santa Catarina, Petrolina, em
Pernambuco, e Guaranhuns, também em Pernambuco.
Então ele diz,
ainda, o Alexandre de Moraes, que essas leis representam um retrocesso, na
verdade. É como se nós estivéssemos voltando ao período da inquisição, quer
dizer, à idade média. Eu quero, aqui, saudar essa decisão do Supremo Tribunal
Federal, Sr. Presidente.
A escola tem
que falar sobre esses temas, sim, de uma forma correta, de acordo com a idade
de cada aluno. E nós temos uma preocupação muito grande, sim, com a
hipersexualização das crianças, nós temos que banir isso de todos os espaços,
da família, da televisão, da internet.
Caso aconteça
na escola, também nós somos contra esse fenômeno da adultização de crianças.
Isso tem que ser combatido. Há consenso entre todos nós, sobretudo nós que
somos da área da Educação.
Mas não pode
cair na hipocrisia desses grupos de extrema-direita, bolsonaristas, que
combatem a orientação sexual nas escolas, o estudo, que isso entre no
currículo, que seja tema escolar, mas não tem nenhuma preocupação e até
defendem que as crianças possam entrar livremente no esgoto da internet, no
pântano da internet, onde há um vale-tudo sem controle, com pornografia, com
estímulo à pedofilia, ao suicídio, à agressão, ao ódio e à intolerância.
Então essa
decisão do Supremo é importante, porque ela repudia e inviabiliza agora, no
Brasil, qualquer outra lei que seja aprovada em município ou estado com esse
teor.
Era isso, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Agradeço ao
deputado Carlos Giannazi. Se pudermos continuar na colaboração um com o outro,
de tal forma que possa presidir ainda os trabalhos, para que eu possa, mais uma
vez, usar a tribuna desta Assembleia Legislativa.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL -
Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente. Estamos
agora na Lista Suplementar. Chamo para fazer uso da palavra o deputado Eduardo
Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente deputado Carlos Giannazi, nas circunstâncias
presentes, acredito que devemos estar a favor das mulheres, especialmente com
respeito à decisão que está por ser tomada pelo presidente Lula, ao indicar
qual será a pessoa que vai substituir o ministro Luís Roberto Barroso, cuja
aposentadoria foi antecipada e oficializada no Diário Oficial da União, no
último dia 15.
Conforme a
matéria da “Folha de S. Paulo”, de Ana Gabriela Oliveira Lima, a ministra
Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que tem sempre expectativa
de que haja mais mulheres na corte.
“À Folha, a
ministra afirmou que haver mais mulheres seria importante para garantir que a
visão colegiada no Tribunal represente a sociedade brasileira.”
Disse: “Os
espaços, não apenas de poder, mas
os espaços de participação, de atuação de mulheres e de homens é que fazem com
que as visões sejam colegiadas, no sentido mesmo de a sociedade brasileira
estar toda representada. Nós”, disse Carmen Lúcia, “somos 52% da população
brasileira, quase 53% do eleitorado.
Então é importante que em todos os lugares nós tenhamos
mulheres. Temos mulheres muito competentes no direito. Grandes juízas, grandes
procuradoras, advogadas públicas, muitas grandes professoras aqui mesmo, na
USP.’
A fala se deu durante evento na Faculdade de Direito da USP,
onde a ministra foi homenageada, deu uma palestra e participou de uma sessão de
autógrafos de um de seus livros, ‘Princípio constitucional da solidariedade’.
Atualmente a ministra é a única mulher na composição da corte.
Com o anúncio da aposentadoria antecipada de Barroso, aumenta a pressão para
que o presidente Lula indique mais uma mulher para o Supremo e também
leve em consideração o critério racial.
O petista escolheu apenas 1 mulher, a própria
Cármen, em 10 indicações que já pôde fazer para a corte ao longo de seus
três mandatos. Fora ela, só duas outras mulheres compuseram o
tribunal, Rosa Weber e Ellen Gracie, nomeadas por Dilma
Rousseff e Fernando Henrique Cardoso, respectivamente. As três são
brancas.
Como mostrou a Folha, os principais cotados para a vaga de Barroso são
o ministro do TCU, Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o advogado-geral
da União, Jorge Messias, favorito ao cargo, e o senador Rodrigo
Pacheco (PSD-MG).
Cármen foi homenageada no evento com a medalha professor
Dalmo Dallari, iniciativa da Anape, Associação Nacional dos Procuradores dos
Estados e do Distrito Federal, por sua trajetória jurídica.
Ao receber a medalha, ela fez a primeira manifestação que
daria ao longo do evento, em tom discreto, em homenagem às mulheres. Disse:
‘Nós mulheres sabemos nos colocar e nos vestir’, afirmou ao colocar em si o
objeto.
Cármen citou mulheres, negros e indígenas silenciados
historicamente ao discorrer sobre os 37 anos da Constituição. Ela falou sobre a
importância de pessoas diversas estarem juntas e trocarem experiências para
construírem um Brasil efetivamente democrático.
A ministra também citou as mães como aquelas que são
exemplo de solidariedade, princípio constitucional discutido em seu livro. ‘Não
há solidariedade maior que Deus tenha deixado como exemplo que não a das mães’,
afirmou.
Cármen lembrou o artigo 3º da Constituição, que cita como
objetivo fundamental da República uma ‘sociedade livre, justa e solidária’, e
disse que a solidariedade fica em risco quando predomina na sociedade a
desconfiança.
Ela focou a influência atual das redes sociais em
dinâmicas políticas no Brasil, com fake news que colocam em descrédito o
sistema de direito e podem levar à erosão democrática. ‘Trabalho com a ideia de
que a democracia vive do princípio da confiança’, afirmou, associando cidadãos
confiantes ao exercício da solidariedade.
Presente na cerimônia, Patrícia Werner, procuradora do
estado de São Paulo e diretora-presidente da Esnap, Escola Superior da Anape,
reforçou a fala da ministra sobre a necessidade de mais mulheres no STF. Ela
afirmou que é preciso sanar a falta de diversidade em cenário no qual há
abundância de mulheres competentes para ocupar o cargo.
Disse também que ‘inclusão e igualdade são um grande
tema’ para as procuradoras, também mobilizadas sobre a discussão a favor de uma
mulher no STF.
Cármen Lúcia tem vocalizado o discurso a favor das
mulheres. Em mais de uma ocasião, ela citou o silenciamento praticado contra
ela, seja em discurso em 2024, durante sessão solene de 8 de março, seja na
ação penal que condenou o ex-presidente Bolsonaro a 27 anos de prisão por
liderar uma trama golpista. ‘Nós, mulheres, ficamos dois mil anos caladas. Nós
queremos ter o direito de fala’, disse ela na ocasião, ao ceder tempo de fala
ao ministro Flávio Dino.”
Então, quero
aqui expressar o meu pleno apoio a esta reivindicação tão de direito das
mulheres, tal como a ministra Cármen Lúcia, que tanto tem honrado o seu
mandato, está argumentando e sugerindo, assim como uma amiga especial do
presidente Lula.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
Eu queria aqui
relembrar outra vez que, no dia 23 de outubro próximo, quinta-feira,
realizaremos aqui a sessão de homenagem ao Vladimir Herzog e todos são
convidados.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Havendo acordo de
lideranças, Sr. Presidente, pode levantar a sessão.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Antes de
levantar a sessão, queria concordar com V. Exa. e parabenizá-lo pelo
pronunciamento que V. Exa. fez sobre essa questão, sobre o pronunciamento
também, sobre a fala da ministra Cármen Lúcia, da necessidade de as mulheres
ocuparem os espaços de poder e de decisão, sobretudo na área da Justiça.
Dentro desse diapasão, eu queria aqui
anunciar que a deputada federal Luciene Cavalcante, aqui de São Paulo,
professora, supervisora de ensino, apresentou uma PEC na Câmara dos Deputados -
tem até a matéria da “Folha” que eu queria colocar, pode colocar para mim? -,
uma PEC que estabelece cotas de gênero e raça no Poder Judiciário, de 50%, no
Supremo Tribunal Federal, no STJ, no TCU e no Superior Tribunal Militar, para
que haja a ocupação desses espaços por esses importantes segmentos do Brasil,
que são maioria hoje.
As mulheres são maioria, deputado
Suplicy, no Brasil. Os afrodescendentes são maioria hoje no Brasil. O Brasil é
um país negro. É o segundo país negro do mundo: em população negra, só perde
para a Nigéria.
Então, nada mais justo e correto do que
mulheres ocuparem esses espaços de poder e de decisão. Então, essa PEC da
deputada federal Luciene Cavalcante é muito importante, porque ela corrige uma
exclusão histórica do Brasil. É uma PEC que vai respeitar a diversidade
brasileira. Então, essa PEC tem todo o nosso apoio.
Também temos que ocupar outros espaços importantes,
como as universidades, que deveriam ter cotas também de mulheres, porque, se na
educação básica temos uma maioria de mulheres, deveríamos ter também mais
mulheres no ensino superior, sobretudo nas universidades públicas, nos
concursos que são realizados para docência no ensino superior, nas públicas,
sobretudo, que nós possamos ter também cotas de gênero e de raça. Muito
obrigado, deputado Suplicy.
Havendo acordo de lideranças, esta
Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a
sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 59
minutos.
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