19 DE NOVEMBRO DE 2024

61ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

        

Presidência: ANDRÉ DO PRADO e ALEX MADUREIRA

Secretaria: THIAGO AURICCHIO e BRUNO ZAMBELLI

        

RESUMO

        

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Abre a sessão às 19h24min. Coloca em discussão a PEC 9/23, em 2º turno.

        

2 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Solicita verificação de presença.

        

3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

        

4 - PAULO FIORILO

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

        

5 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Acolhe a questão de ordem do deputado Paulo Fiorilo, para respondê-la oportunamente.

        

6 - MÁRCIA LIA

Discute a PEC 9/23, em 2º turno.

        

7 - ALEX MADUREIRA

Assume a Presidência.

        

8 - THAINARA FARIA

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

9 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute a PEC 9/23, em 2º turno.

        

10 - TEONILIO BARBA

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

11 - PROFESSORA BEBEL

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

        

12 - PRESIDENTE ALEX MADUREIRA

Recebe a questão de ordem da deputada Professora Bebel, para respondê-la oportunamente.

        

13 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA

Discute a PEC 9/23, em 2º turno.

        

14 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Assume a Presidência.

        

15 - PAULO FIORILO

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

        

16 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Acolhe a questão de ordem do deputado Paulo Fiorilo, para respondê-la oportunamente.

        

17 - DR. JORGE DO CARMO

Discute a PEC 9/23, em 2º turno (aparteado pelo deputado Barros Munhoz).

        

18 - GILMACI SANTOS

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

19 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Levanta a sessão às 20h48min.

        

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. André do Prado.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

                                                                

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e votação em segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição nº 9, de 2023, de autoria do Sr. Governador.

Em discussão. Com a palavra a deputada Márcia Lia, que já estava inscrita na tribuna.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para solicitar uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Solicito ao deputado Thiago Auricchio, juntamente com o deputado Bruno Zambelli, para a verificação de presença.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum regimental, devolvo a palavra à deputada Márcia Lia. E agradeço ao deputado Thiago Auricchio e ao deputado Bruno Zambelli pela verificação de presença.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Sr. Presidente, para apresentar mais um requerimento de adiamento de discussão da PEC.

A Proposta de emenda Constitucional nº 9, de 2023, tem por objeto a alteração da competência para a condução de processos administrativos disciplinares e a redução do adicional de 5%, estabelecido pela Constituição do Estado de São Paulo, para o investimento mínimo em Educação.

De modo que o Sr. Governador pretende, com a aprovação da medida, reduzir o gasto em Educação ao mínimo definido na Constituição Federal, e suprimir competências da Procuradoria Geral do Estado, para futuramente atribuí-las à Corregedoria Geral do Estado.

Com efeito, as alterações são de extrema relevância. E não há, para nenhuma das mudanças, elementos que permitam a identificação dos impactos administrativos e orçamentários que decorreriam da eventual aprovação da proposta.

Não há, por exemplo, definição do impacto da medida sobre o cumprimento das metas do Plano Estadual de Educação. Não se sabe se as medidas em questão poderiam comprometer, com ainda mais intensidade, a viabilidade de que seja assegurado, no estado de São Paulo, o piso nacional do Magistério.

A audiência pública, com efeito, ao invés de efetivamente jogar luz sobre o debate, terminou por provocar novas dúvidas. Inclusive, dando ensejo à apresentação de requerimento específico nesta sessão.

Em relação à supressão da competência da PGE, relativa aos procedimentos disciplinares, também não há qualquer indicação de como serão assegurados os direitos e garantias dos servidores que venham a responder procedimentos disciplinares, bem como não há perspectiva de carreira, de pessoal estável, que venha a desempenhar a função, atualmente cometida ao órgão estadual da Advocacia Pública.

Nesse sentido, a discussão deve ser precedida de discussão adequada, que viabilize a reunião dos elementos que permitam a adequada formação do juízo dos parlamentares a respeito da matéria. Notadamente por meio da solicitação das informações à Secretaria da Educação e à Secretaria de Gestão e Governo Digital.

Não se pode considerar que o tempo de tramitação corresponderá à qualidade da discussão. O que é imprescindível é garantir informações que não estão disponíveis, nem ao subscritor ou, salvo melhor juízo, a qualquer outro parlamentar, visto que a base do Governo não se manifesta quanto às informações em questão.

Assim, nos termos do Art. 170, inciso V, do Regimento Interno, requeiro que a PEC 9, de 2023, tenha sua discussão adiada até que sejam encaminhados, a esta Casa, estudos que permitam a reunião de elementos necessários à formação do juízo a respeito da proposta em comento.

Encaminho o requerimento, Sr. Presidente, para protocolo. Espero que o senhor tome as medidas cabíveis e regimentais. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Vamos receber o requerimento de você e responder oportunamente. Com a palavra a deputada Márcia Lia.

 

A SRA. MÁRCIA LIA - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Bom, retomando o meu tempo regimental, eu quero dizer que nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, votaremos contrariamente a esse absurdo que é a PEC 9, de 2023, porque nós entendemos ser importante, sim, que a gente tenha recursos para melhorar as condições da Saúde no estado de São Paulo.

Entendemos ser muito importante que a gente consiga melhorar as condições da Saúde porque, de fato, a Saúde precisa de muitas melhorias, mas não a custa de tirar recursos constitucionais da Educação.

Como eu estava dizendo antes da interrupção, Sr. Presidente, da primeira sessão para a segunda sessão, nós entendemos que o governo de São Paulo precisaria olhar com mais cuidado para as nossas escolas, porque nós temos pelo interior do Estado, nós temos aqui na capital, muitas escolas em condições muito ruins, escolas que precisam de reformas, escolas que precisam de material, escolas que precisam de muro, escolas que precisam de um olhar diferenciado, porque os banheiros estão arrebentados.

Escola que precisa de um olhar de quem, de fato, entenda, deputado Marcolino, a Educação como sendo investimento, e não gasto. A educação, para que nós tenhamos a sociedade que sonhamos todos os dias, uma sociedade mais justa, mais igualitária, uma sociedade mais humana, nós precisamos que a educação, de fato, neste País, seja algo que os nossos governantes tenham um olhar diferenciado. Nós não podemos, a despeito da importância que nós entendemos ser investir em Saúde, nós deixarmos de lado 11 bilhões de reais de investimento da Educação.

Quando a gente fala que nós temos 30% de investimento na Educação, que o nosso teto é de 30%, nós temos que considerar algumas questões que fazem com que esse índice dos 30%, na verdade, caia para 25 por cento. E do que eu estou falando?

Eu estou dizendo que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo aponta que, se nós tirarmos os inativos, o salário, as pensões, aquilo que é pago por aposentadoria dos profissionais que já se desligaram do quadro de profissionais ativos, nós teremos, deputado Wilson Xerife do Consumidor, tão somente 25% do investimento, e não 30 por cento.

E o Tribunal de Contas aponta há anos. Eu estou nesta Casa há dez anos. Há dez anos eu vejo apontamento do Tribunal de Contas dizendo que não há possibilidade de o governo considerar investimentos em educação, os salários, as pensões, as aposentadorias dos inativos, mas a gente reiteradamente vê o governo colocando essa despesa na folha de pagamento e nos cômputos dos 30%, o que é absurdo.

Nós não podemos aceitar mais isso, e temos que cobrar o Tribunal de Contas para que ele, de forma efetiva, faça com que o governo de São Paulo... E não é esse governo, são vários governos que antecederam esse, que continuam fazendo a mesma manobra ilegal, inconstitucional, absurda, de colocar despesas que não podem ser consideradas para atingir o teto dos 30 por cento.

Então nós já temos efetivamente 25% por cento. Se nós vamos tirar 5% da Educação, nós estamos dizendo que a Educação vai ficar só com 20%, porque com certeza o Governo não vai, se não for obrigado por lei, se não for obrigado pelo Tribunal de Justiça, se não for obrigado por uma penalidade séria e efetiva a retirar esses gastos, essas despesas do cômputo e para os 30 por cento.

Quero também fazer algumas considerações importantes aqui, como... por exemplo, quero colocar aqui uma situação que nós precisamos conversar muito sobre ela, que é a situação das isenções fiscais. Nós temos algo que precisa ser debatido e debatido de verdade.

Nós temos o Governo de São Paulo propondo isenções fiscais absurdamente altas. Se a gente considerar 2024, 2025 e 2026, nós teremos a supressão de recursos para investimentos na Saúde e na Educação de quase 210 bilhões de reais. O que é que eu estou falando?

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Alex Madureira.

 

* * *

 

Eu estou falando que o Governo de São Paulo faz renúncia fiscal para atender empresas, para atender os amigos do rei, para atender sabe Deus quem, porque isso é uma caixa preta, uma caixinha preta que ninguém consegue saber no estado de São Paulo quem de fato recebe essas isenções fiscais. Mas a gente sabe que são grandes conglomerados, são grandes empresas, e no ano de 2024 nós teremos 65 bilhões, 626 milhões de reais de isenção.

Se ele vai tirar dez bilhões, 11 bilhões da Educação, que tire das renúncias fiscais, que tire das isenções fiscais. Ainda vai sobrar, mesmo assim, 56 bilhões de reais, só em 2024, neste ano que nós estamos em andamento. Em 2025, serão quase 70 bilhões de reais. Se ele tirar os dez, 11, ainda sobram sessenta.

E, em 2026, serão 74 bilhões de reais. Se ele tirar dez bilhões que ele diz que precisa para melhorar as condições de Saúde, ainda sobram 64 bilhões de reais para ele ajudar aqueles que ele tem ajudado ao longo do tempo, ao longo dos anos.

Quero fazer algumas considerações também, porque nós entendemos que essa PEC, esse projeto de emenda constitucional que nós estamos discutindo no dia de hoje, que vai subtrair 5% de tudo aquilo que é investido em Educação, vai subtrair dessa conta e vai investir - sabe Deus, se vai mesmo investir - na Saúde. A gente precisa esperar para saber onde é que vai ser.

Mas eu queria considerar aqui uma outra questão, que é a questão da constitucionalidade dessa PEC. No nosso entendimento, essa PEC viola um princípio fundamental que nós temos no nosso ordenamento jurídico, que é o princípio da proibição do retrocesso social, que é um princípio que é vinculado ao princípio da dignidade da pessoa humana. Nós não podemos permitir que as pessoas tenham retrocessos naquilo que são conquistas sociais.

Nós não podemos caminhar para trás, tirar dinheiro da Educação é caminhar para trás. E eu quero dizer para vocês que eu ouvi uma conversa por aqui de que teria havido um jantar para combinar com os nossos deputados da direita, com os deputados que são da base do governo Tarcísio de Freitas, para combinar um certo acréscimo aí às emendas parlamentares, dos nossos deputados da base do Governo.

Eu quero acreditar, deputado Rômulo, que isso não seja verdade. Eu quero acreditar que a gente está conversando sobre um assunto muito sério, que é retirar dinheiro da Educação. Eu quero acreditar que o governador do estado de São Paulo não faria esse jogo.

Eu quero acreditar que os nossos deputados, que são da base do Governo, não vão entrar nesse jogo, porque esse jogo, como disse o nosso antecessor aqui, o Guilherme Cortez, o nosso deputado Guilherme Cortez, nós entendemos que a população está de olho nessas tratativas não tão republicanas, não tão importantes do ponto de vista da sociedade que está nos enxergando aqui. E que, com certeza, a nossa juventude não vai deixar algo tão grave passar despercebido.

Portanto, abrir mão de recursos da Educação, abrir mão de recursos dos investimentos nas nossas escolas, que estão capengando; nas nossas escolas, que o Tribunal de Contas do Estado fez uma verificação, uma fiscalização, e chegou à conclusão de que muitas dessas escolas, deputada Thainara, estão em condições precárias. Precisam de reforma, precisam de banheiros, precisam de melhoria na condição da alimentação escolar, precisam de melhoria no dia a dia da vida dos nossos estudantes. Mas optou-se por tirar recursos da Educação, sob a falácia de que esses recursos serão direcionados para a melhoria das condições de Saúde.

Eu quero crer que, se essa PEC for aprovada, que nós consigamos, de fato, verificar se esses recursos efetivamente serão investidos na educação ou se serão utilizados para aumentar ainda mais a renúncia fiscal e as isenções que são dadas para as pessoas que são os amigos do Governo de São Paulo.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Para discutir contra, o deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

A SRA. THAINARA FARIA - PT - Para uma breve comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Deputada Thainara, uma comunicação.

 

A SRA. THAINARA FARIA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, primeiro eu gostaria de me apresentar. Muito prazer, a alguns deputados. Meu nome é Thainara Faria, fui eleita nesta legislatura.

E estou dizendo isso, porque, na semana passada, eu vi deputados aqui que eu jamais havia visto, sequer na posse. É impressionante que os deputados, ao invés de defender os direitos do povo, vêm aqui para defender os interesses do governador Tarcísio.

Então, eu queria falar: muito prazer. Eu sou deputada Thainara, estou sempre aqui do lado esquerdo do plenário... para os senhores entenderem que está acontecendo uma votação que quer arrancar 11 bilhões de investimentos na Educação. E, também, para conseguir dormir em paz à noite, porque desde a semana passada eu estou remoendo, deputado Marcolino.

Um deputado veio aqui para uma breve comunicação e de uma maneira baixa e vil... primeiro, que falou mal da esquerda; segundo, que tentou colocar os policiais que ali estão, para defender a integridade física do povo do estado de São Paulo, contra os estudantes, dizendo que é a favor dos policiais, que defende os policiais.

Eu queria avisar esse deputado que o salário de miséria que o governador Tarcísio paga para os policiais só não é pior do que o salário de miséria que ele paga para os professores. Não dá para pagar a escola particular.

De onde ele acha que ele está tirando dinheiro? Sr. Deputado que diz defender os policiais, o senhor está tirando dinheiro das escolas onde os filhos dos policiais trabalham. É importante que saiba isso, porque fica esse jogo de nós contra eles, uns contra os outros. Só que a grande verdade, deputado Marcolino, é que o governador Tarcísio está nem se lixando para policial, nem para professor, nem para ninguém. Ele quer atender aos interesses de poucos.

Então, faz jantar, 20 milhões para um, 20 milhões para outros. E aqueles que estão na base da sociedade, que dependem de investimento na Educação, estão sendo largados.

Então, eu quero que a população do estado de São Paulo se atente, porque esta falácia de que está tirando da Educação para colocar na Saúde é uma grande mentira. É mais uma mentira do turista governador que está aqui para arrancar os direitos do povo de São Paulo e vender o nosso Estado.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, na semana passada, nobre deputada Thainara, a nossa bancada do Partido dos Trabalhadores... nós votamos contra. Toda a bancada.

Vossa Excelência e eu também votamos contrários à PEC 09 e votaremos novamente contra essa proposta, pois não aceitamos de forma alguma a retirada de direitos ou de recursos da Educação.

Na audiência pública, tínhamos aqui duas representações: da Secretaria da Saúde e da Secretaria da Educação. Eu fiz questão de falar na audiência pública que fizemos aqui, da PEC 09, que faltava naquela audiência pública a Secretaria da Fazenda.

Tinha ali o jogo da Saúde e da Educação, e eu não vi nenhum dos oradores que passaram por essa audiência pública falando que tinha que tirar recursos da Saúde ou da Educação.

Todo mundo falava que tinha que ter recurso para a Saúde e que tinha que ter recurso para a Educação. Então, foi unânime. Todos os oradores que vieram à audiência pública, tanto representantes da Educação como representantes da Saúde, colocaram que era necessário ter mais recursos para a Saúde e ter mais recursos para a Educação.

Às vezes, a gente entra em dúvida, quando faz um debate como esse, se efetivamente o governador Tarcísio está sendo bem assessorado ou não, porque, se ele coloca uma secretaria contra a outra, ou uma área importante do estado contra outra - como a Saúde e a Educação -, e a gente olha o Orçamento para 2025, vai ter um crescimento de 44 bilhões e 300 milhões de reais para o ano de 2025.

Quarenta e quatro bilhões de reais é o crescimento do Orçamento de 2024 para 2025. É um crescimento de 13,53 por cento. Então, teremos um crescimento no Orçamento para o ano que vem maior do que a inflação do período.

Então, estou dizendo que tem mais de 44 bilhões de reais com que o governador poderia, a partir da Secretaria da Fazenda, fazer o ajuste necessário, a adequação necessária para aplicação do recurso no ano que vem.

Na prática, não era necessário aprovar essa PEC 09. Essa PEC 09 teria que ser retirada por parte do Governo do Estado de São Paulo, e nós estamos debatendo-a desde o ano passado. Desde o ano passado.

Então, com o crescimento de mais de 44 bilhões do Orçamento para o ano que vem, não justifica o governador retirar recurso da Educação para colocar na Saúde, como eles dizem. Vou mostrar para vocês daqui a pouco que ele fala que vai colocar na Saúde, mas não vai colocar.

Uma outra informação importante, ainda em relação ao Orçamento: vários comentaram aqui em relação à renúncia fiscal. A renúncia fiscal... nem sempre as pessoas conseguem ter uma dimensão do impacto que ela passa a ter para o município ou para as próprias universidades públicas do estado de São Paulo.

Hoje, a USP, a Unicamp e a Unesp funcionam a partir do ICMS que é arrecadado pelo estado de São Paulo. Então, o recurso do ICMS que todos nós pagamos, todo trabalhador ou empresário, quando nós vamos ao shopping, quando nós vamos a uma loja, quando nós vamos a um estacionamento, em qualquer serviço que a gente compra, qualquer produto que compramos, tem ali o desconto do ICMS. Então, desconta na fonte na hora em que você paga ou compra o serviço. Já tem ali o desconto do ICMS.

Para o ano de 2025, o Governo vai abrir mão de 70 bilhões de ICMS. Setenta bilhões de ICMS para o ano de 2025. Esses 70 bilhões de reais de que o Governo vai abrir mão e vai passar para o setor industrial, para as empresas do estado de São Paulo, quem perde com isso? Os universitários, porque é menos investimento na USP, na Unicamp e na Unesp.

Então, o estado de São Paulo perde com investimento nas universidades, que são importantes para o desenvolvimento do estado de São Paulo, e perdem os municípios, porque hoje cada município do estado de São Paulo, 25% de toda a arrecadação do ICMS volta para o município. Como esse recurso não voltará para o município, é menos recurso na Saúde, na Educação, na mobilidade, na creche, na zeladoria de cada município no estado de São Paulo.

Então, esses 70 bilhões de reais que o governador está abrindo mão para 2025 é menos investimento no município que nós moramos, é menos investimento na USP, na Unicamp e na Unesp, e esse recurso poderia ter reduzido, como o governador prometeu no primeiro semestre desse ano, que ele reduziria 20 bilhões da desoneração tributária para o ano de 2025.

Mentira, ele está aumentando, deputados, de 65 bilhões para 76 bilhões de reais, é o crescimento da desoneração tributária para o ano que vem. Então, mais uma vez, o governador mente, e eu reafirmo aqui que o governador mente em relação à desoneração tributária, porque ele veio a público no final do primeiro semestre falando que reduziria 20 bilhões de reais para o ano de 2025, e no Orçamento apresentado pelo Executivo, ele aumenta para 76 bilhões de reais para o ano de 2025 a desoneração tributária.

Um outro elemento importante são outras áreas do estado de São Paulo, e a gente fala muito, nobre deputada Bebel, da importância do investimento no Servidor Público do Estado de São Paulo. O crescimento do orçamento para o ano que vem será acima de 13%, e a adequação pessoal e encargos para o ano que vem é de apenas 4%, não repõe sequer a inflação do período.

Mas o mais grave em todo esse processo, quando ele fala da questão da Saúde, eu falei que mostraria para vocês que o governador não passará o recurso que ele fala que sairá da Educação para a Saúde, porque eu levantei aqui algumas informações. Nós que rodamos o estado de São Paulo, e nós sabemos o quanto é importante, nobre deputado Barba, as Santas Casas no estado de São Paulo.

As Santas Casas no estado de São Paulo têm um papel de fortalecer ou de atender a população no estado de São Paulo, nobre deputado Caio, e a gente olha o orçamento da Saúde previsto para o ano que vem, vai ter uma diminuição de mais de 50% dos recursos para subvenções, Santas Casas e outras entidades filantrópicas.

Vai ter uma redução, ouçam o que está no Orçamento previsto para o ano que vem, diminuição de mais de 50% de recursos para subvenções, Santas Casas e outras entidades filantrópicas.

Então, o governador vem e fala que vai tirar dinheiro da Educação para colocar na Saúde. Aqui tem um elemento que nós vamos debater nos próximos dias. O governador está retirando, é importante que quem está me ouvindo em casa agora pela TV Assembleia e quem vai nos acompanhar pelas redes sociais durante os próximos dias, estou aqui afirmando, e está no Orçamento, na LOA, que o governador mandou para a Assembleia Legislativa e que vai ser debatida nos próximos dias, reduz 50% das subvenções, das Santas Casas no estado de São Paulo.

E nós temos aqui deputados que fazem parte da Frente Parlamentar, nobre deputado Barba, em Defesa das Santas Casas. Eu quero ver como eles vão justificar, nessa Frente Parlamentar em Defesa das Santas Casas, que o governador vai tirar 50% das subvenções, das Santas Casas, para o ano que vem.

Um outro item também que tem de retirada de recurso, nós temos aqui dois hospitais que o governador propõe construir no ano que vem. Um é o de Birigui e o outro é o Complexo Hospitalar Sul, em torno de 100 milhões entre os dois.

E nós defendemos que tem que fazer de fato mais hospitais no estado de São Paulo, como tem agora o Hospital Regional no Vale Histórico, vai ter o Hospital Regional que vai ser feito aqui, vai ser entregue nos próximos dias em Barueri. É importante? É, só que vai ser construído com o nosso dinheiro do Orçamento do Estado e, na sequência, já passa para a OS fazer a gestão.

É simples assim, usa o nosso recurso do Orçamento, constrói o hospital, mas passa para a OS fazer a gestão. E aqui, para o ano que vem, o governador está propondo aumentar em 17% o valor do orçamento para as OSs no estado de São Paulo.

E eu coloquei para vocês aqui, no debate passado, mostrando hospital por hospital, AME por AME, que a maioria dos AMEs e dos hospitais que hoje são geridos pelas OSs, esse é um dado da própria Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, que essas OSs que hoje fazem gestão da Saúde no estado de São Paulo não contratam, no mínimo, os 80%, que são obrigatórios de contratar, de servidor celetista no estado de São Paulo, e contratam em torno de 43%, 44%, 47 por cento.

É por isso que nos municípios onde tem AME e onde tem hospital regional gerido pelas OSs no estado de São Paulo, nobre deputado Jorge do Carmo, não tem médico, não tem enfermeiro, não tem insumos, porque as OSs que hoje fazem a gestão da Saúde no estado de São Paulo sequer utilizam o mínimo que está no contrato, 80 por cento. E o governo colocará 17% a mais no orçamento da Saúde para o ano que vem para as OSs no estado de São Paulo.

Aí algumas questões graves também se apresentam no orçamento do ano que vem, porque se fosse só uma não atenção à Saúde, uma não atenção à Educação, mas nós percebemos que o Governo do Estado de São Paulo vai deixar de investir em outras áreas importantes também para o estado de São Paulo.

Vamos ver aqui uma área, uma secretaria importante, que é a Secretaria da Mulher. Todo mundo vem aqui e defende a importância de políticas públicas para as mulheres no estado de São Paulo. A Secretaria de Políticas para a Mulher, no ano que vem, vai ter uma redução de 50%, comparado com o orçamento do ano de 2024, 50 por cento.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 34% de redução no orçamento. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 18 por cento. A secretaria que a gente fala aqui que é importante, que seria a que trata de assuntos metropolitanos, que o governador fala, “não, nós vamos agora investir no sistema metroferroviário do estado de São Paulo”, uma redução de 31 por cento. Só que o Orçamento do Estado cresceu 44 bilhões de reais para o ano que vem.

A gente olha algumas áreas importantes, nobre deputada Andréa Werner, mesmo a Educação. A Educação tem um crescimento de apenas 2%, 2,7, mas serão retirados em torno de 868 milhões, que estavam na educação especial, reduz para 37 milhões de reais o recurso para educação especial.

Aí olhamos alguns programas importantes, como o programa “Vivaleite”, que é importante hoje para a maioria das cidades do estado de São Paulo: reduz em 60,6 milhões de reais o “Vivaleite” para o ano de 2025. Vai ter uma queda, que a gente fala, no cofinanciamento, que é na proteção social básica para os municípios no estado de São Paulo, vai ter uma redução de 111 milhões para 83 milhões de reais. Vai reduzir o programa “Criança Feliz” e também vai reduzir o programa para mulheres vítimas de violência doméstica no estado de São Paulo.

Então é importante trazer essas informações do Orçamento, que será debatido nos próximos dias, nas próximas semanas, porque o governador Tarcísio não está só desmontando a educação do estado de São Paulo, está desmontando a cultura, está desmontando o esporte, está desmontando a agricultura, está desmontando o desenvolvimento social, está desmontando o desenvolvimento econômico e vai concluir as privatizações que vem fazendo durante o seu primeiro exercício aqui, na Assembleia Legislativa. Vendeu a Sabesp, vendeu a Emae, vendeu parte da CPTM. Então, aos poucos, nobre deputado Barros Munhoz, vai desmontando o Estado.

E eu fiz questão de revirar o orçamento, para olhar onde é que o governo efetivamente faria investimento no estado de São Paulo, e não tem propósito de investimento.

Não ultrapassa dez bilhões de reais o que o governador fará de investimento próprio do orçamento do Estado para o ano de 2025. Então o governador Tarcísio não é um governador desenvolvimentista, é um governador entreguista, que quer desmontar a Educação, que quer desmontar a Saúde e vai desmontar tudo o que nós temos e podíamos ter de políticas sociais no estado de São Paulo.

Então a nossa bancada votou contra a PEC 9 no primeiro turno e continuará votando contra a PEC 9 agora no segundo turno, porque nós queremos mais educação, queremos mais saúde. E tem mais de 44 bilhões no orçamento, que cresceu do ano passado para este ano, então tem recurso.

Então o que o governador não quer é valorizar, nem a saúde, nem a educação no estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. TEONILIO BARBA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Chamar o próximo orador inscrito para falar contra, a deputada Paula da Bancada Feminista. Deputado Teonilio Barba?

 

O SR. TEONILIO BARBA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Vou fazer uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Uma comunicação.

 

O SR. TEONILIO BARBA - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, a minha comunicação é que amanhã, dia 20 de novembro, é Dia Estadual da Consciência Negra, feriado e lei aprovado por mim aqui nesta Casa, o Projeto nº 370, de 2023, de minha autoria, sem óbice de nenhum deputado.

Então, o ano passado foi feriado estadual nos 645 municípios do estado de São Paulo, que é uma luta nossa com o nosso povo preto, o nosso povo negro, uma reparação do estado de São Paulo.

E com a aprovação do feriado no estado de São Paulo, nós ajudamos a criar força, porque aquilo que acontece em São Paulo acaba influenciando em Brasília. Então influenciou em Brasília, a bancada preta, a bancada negra, apresentou em Brasília, no Senado e na Câmara Federal, e aprovou o projeto e o presidente Lula sancionou.

Portanto, amanhã é um dia de feriado nacional em homenagem ao nosso povo preto, ao nosso povo negro, em homenagem a Zumbi dos Palmares. (Manifestação nas galerias.) É uma luta contra o racismo que se pratica - não só contra o racismo, mas contra todo tipo de preconceito.

Então, mais uma vez, eu quero agradecer a todos os deputados e deputadas desta Casa que, no ano passado, ajudaram a aprovar esse feriado aqui nesta Casa, por unanimidade.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Deputada Paula, com a palavra.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Questão de ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Questão de ordem, deputada Bebel.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Vou fazê-la lendo.

Sr. Presidente, formulo a presente questão de ordem com a finalidade de obter, de V. Exa., esclarecimentos acerca da aplicação da alínea ‘b’, inciso II do Art. 18 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que não está sendo seguido neste momento em que se discute a PEC 9, de 2023, de autoria de S. Exa. o governador do estado de São Paulo.

Passo a explicar e desenvolver o questionamento que ora formulo. O dispositivo regimental, sobre o qual formulo a presente questão de ordem, estabelece que V. Exa. deve deixar de aceitar qualquer propositura que não atenda às exigências constitucionais que a sustente.

E é muito claro que a propositura em análise é francamente inconstitucional. (Manifestação nas galerias.) Para que não se diga que a PEC 9, de 2023, não padece de vício de constitucionalidade, pode ser destacado o seguinte.

a) Em primeiro lugar, deve ser destacado que a PEC em questão, obviamente, atribui, ao governador do estado, possibilidades para transferir os 5% de uma para outra destinação orçamentária, sem sequer esclarecer o modo como isso pode acontecer. E isso é inconstitucional porque sabe-se que apenas a lei, em “stricto sensu”, pode criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações.

b) A PEC foi encaminhada à Alesp sem o necessário apontamento sobre os impactos orçamentários, financeiros e atuariais, uma vez que ela cria despesa para o estado - e tal exigência está contida na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Da mesma forma, foi apresentada à Alesp sem o necessário estudo do reequilíbrio econômico-financeiro das secretarias de onde se aponta que sairão recursos orçamentários. Não pode ser esquecido que a PEC ataca - de morte - o princípio constitucional do bem-estar social.

Feitas essas premissas, formulo a presente questão de ordem para indagar, a V. Exa., o seguinte.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Para concluir.

 

A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Sendo a PEC 9, de 2023, francamente inconstitucional, Sr. Presidente, V. Exa. seguirá o Regimento Interno, e tomará as medidas necessárias para que o projeto seja reconduzido ao seu proponente, para que aquele, seja qual for o seu desejo, o corrija e o reconduza à Alesp?

Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ALEX MADUREIRA - PL - Esta Presidência recepciona a questão de ordem de V. Exa. Com a palavra, deputada Paula da Bancada Feminista.

 

A SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, presidente. Boa noite aos deputados e deputadas presentes, aos funcionários e funcionárias desta Casa. Também às pessoas que nos acompanham pela Rede Alesp e pelo plenário.

É sempre muito importante ver a galeria tomada, preenchida por profissionais da Educação, por estudantes que, de forma incansável, comparecem aqui para reivindicar um direito básico e tão necessário a toda a população do estado de São Paulo, eu diria do Brasil, que é uma educação de qualidade, que é uma educação pública de fato. Eu volto a esta tribuna, assim como os demais parlamentares da oposição, para mais uma vez falar sobre essa PEC, que tanto nos tira o sono, que tanto nos atormenta.

É esse motivo contra o qual tanto lutamos, que é a PEC 09. É uma PEC que pretende transferir os recursos da Educação para a Saúde, ou flexibilizar os 5% de recurso, do teto da Educação, para a Saúde. Enfim, cada um define como quiser essa forma de tratamento, ou cada um diz como acha que deve, de que forma vai se dar essa retirada dos recursos.

Mas a verdade é que nós subimos aqui para falar, também de forma incansável, para emprestar nossa voz, para falar de forma incansável, sobre qual é a situação da educação pública hoje, no estado de São Paulo. Muita gente subiu para falar da triste notícia que nós tivemos, no início do dia, sobre uma operação da Polícia Federal, que mostrou o quanto nós estivemos muito perto de ver estrangulada a democracia brasileira.

Mas eu subo para falar de outra notícia muito triste, que nós tivemos também. Estudantes foram reprimidos, em uma escola estadual de Santos, enquanto lutavam por uma Educação de qualidade na sua escola.

Na semana passada, enquanto nós também discutíamos a PEC aqui, eu vim falar sobre a repressão que aconteceu durante a manifestação de estudantes, professores e comunidade escolar que levou, assim como a manifestação de hoje, à prisão de estudantes, de professores, de pais de estudantes, em uma outra escola, que é o Vieira, na zona sul de São Paulo, no Grajaú.

Hoje nós estamos aqui discutindo uma possibilidade iminente de retirada de recursos da Educação, uma Educação já tão defasada, no estado de São Paulo. Mas a verdade é que enquanto nós estamos aqui debatendo, os estudantes, da porta para fora da Casa Legislativa, que não estão aqui hoje, estão se manifestando para lutar contra a demissão dos seus professores, para lutar pela Educação de qualidade nas suas escolas. Eles estão sendo reprimidos duramente nessas manifestações e mobilizações.

O Governo do Estado, quando vem aqui e apresenta para a gente uma solução de retirada dos recursos da Educação, também apresenta, da porta para fora desta Casa Legislativa, a sua solução para esses estudantes que estão fazendo um apelo, e dizendo: “Governador, veja bem, nós queremos estudar. Estudar em escolas de qualidade, estudar em escolas que não estão caindo aos pedaços. Nós não queremos os nossos professores demitidos. Nós queremos os nossos professores bem remunerados, os nossos professores empregados”.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. André do Prado.

 

* * *

 

Se a resposta, da porta da Casa Legislativa para dentro é a retirada do recurso da Educação, da porta da Casa Legislativa para fora é a repressão daqueles que ousam se utilizar da sua voz para lutar contra um projeto de mercantilização da Educação.

Eu falo de mercantilização, eu utilizo essa palavra, porque, como eu já disse anteriormente, e repito, infelizmente o Governo do Estado tem um projeto para essa crise da Educação.

É uma crise da Educação que foi produzida. A solução que o governo apresenta, para uma escola caindo aos pedaços, para um professor mal remunerado, é a privatização da Educação. Vocês estão vendendo uma ilusão para o povo de São Paulo.

Os deputados que vêm aqui votar a favor dessa PEC, retirar recursos de Educação, e que depois vão na porta da B3 fazer leilão para vender o nosso patrimônio estão vendendo uma ilusão para o povo de São Paulo.

Porque a escola do estado de São Paulo não vai ser melhor se for privatizada, assim como, por exemplo, o cemitério não é melhor porque é privatizado. Assim como, por exemplo, as linhas 8 e 9 da do trem não são melhores porque foram privatizadas, assim como a energia não é melhor porque foi privatizada.

Infelizmente, o que nós vemos é uma completa aniquilação dos direitos básicos da população. A Saúde do estado de São Paulo já está entregue à gestão privada. A Educação do estado de São Paulo está sendo entregue também à gestão privada, e isso para a gente é algo a se lamentar profundamente.

Eu fico ainda mais motivada a subir aqui e falar contra essa PEC porque nós estamos às vésperas de um dia importantíssimo para a população negra do estado de São Paulo. Nós estamos às vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra, o dia que apesar de alguns tentarem lutar contra é o dia que o movimento negro escolheu para ver reconhecida a sua luta. É o dia de Zumbi dos Palmares. É o dia que nos lembra da história do Quilombo dos Palmares e a história de resistência do nosso povo.

Sabe como eu aprendi isso? Eu aprendi isso na escola. Eu aprendi isso graças à Lei nº 10.639, uma lei federal que garantiu o ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena no nosso País, uma lei que é fruto de luta do povo negro no estado de São Paulo.

A luta do movimento negro dá esse tipo de fruto. Eu posso falar de outras lutas importantíssimas do povo negro com relação à Educação, e que serão fortemente impactadas, não só a aplicação da Lei nº 10.639, mas também, por exemplo, o estabelecimento das cotas raciais na Educação.

Nós lutamos e conquistamos bravamente as cotas raciais nas universidades estaduais paulistas, para que a universidade paulista não fosse só um espaço da elite paulista. Vocês viram o que aconteceu esta semana nos jogos universitários durante o feriado, em que estudantes de uma universidade privada, na qual inclusive eu estudei.

Eu fiz direito na PUC de São Paulo, eu convivi com pessoas daquele tipo, que esbravejavam coisas racistas contra estudantes cotistas da Universidade de São Paulo. Eu vivi isso de perto.

Vocês viram essa situação, essa cena que chocou muito a todos nós. Na verdade, a nossa luta por uma universidade mais plural, mais inclusiva, é para que a universidade não seja só para os filhos da elite. A luta para o estabelecimento das cotas raciais é para que pessoas como eu, como a deputada Thainara, como a deputada Monica, como o deputado Guto Zacarias, pudéssemos pisar na universidade.

Essa é uma luta por uma universidade plural, por uma universidade plural racialmente, inclusiva socialmente e racialmente. Hoje, quando nós falamos aqui sobre o problema que é o corte profundo do recurso da Educação, nós estamos dizendo que para esses estudantes negros pelos quais nós lutamos pela inclusão na universidade por meio das cotas raciais, das cotas sociais, por meio do Prouni, por meio do Fies, esses estudantes negros oriundos de escolas públicas terão o seu ensino ainda mais defasado.

A desigualdade que já existe às vésperas do feriado da Consciência Negra - eu falo isso - que já existe entre estudantes negros e brancos no estado de São Paulo será ainda mais aprofundada.

Porque se nós já temos uma escola pública precária, se o estado de São Paulo, o governo do estado de São Paulo vende uma ilusão para os nossos jovens, de melhoria por meio da privatização, o que nós faremos com corte de recursos é aprofundar essa desigualdade, e eu falo com muita dor no coração, porque, na verdade, para mim, essa é a faceta mais cruel desse projeto. Para mim, a faceta mais cruel desse projeto é a gente tentar rivalizar dois direitos que são fundamentais para o povo de São Paulo, a Educação e a Saúde.

Mas, mais do que isso, o que nós estamos dizendo para o povo de São Paulo é, vejam só, a escola caindo aos pedaços, a escola sem professor, a escola precarizada é a escola do filho do trabalhador.

No mês da consciência negra, a gente está dizendo que a escola que a gente não quer para os nossos filhos, é a escola que a gente vai ver para o filho do povo preto. E isso, no mês de novembro, torna ainda mais cruel a aprovação desse projeto.

Eu gostaria de sair daqui dizendo que a gente não vai votar em segundo turno essa PEC. Eu queria sair daqui dizendo que nos próximos anos não vai haver corte na Educação no estado de São Paulo.

Eu queria sair daqui dizendo que nós temos um Governo do Estado de São Paulo que vai investir na Educação, que vai transformar a escola pública do estado de São Paulo, mas tudo o que nós vemos é o contrário disso.

Nós vemos, infelizmente, uma Casa Legislativa que vai votar algo que não é a vontade da maioria da população. Nós vemos, infelizmente, uma Casa Legislativa que vai seguir mantendo e fortalecendo os privilégios de uma camada pequena da sociedade em termos quantitativos, mas, infelizmente, muito forte em termos econômicos. E não pode ser que esta Casa siga legislando para o rico como fez na anistia das multas, como faz com isenção fiscal.

Não pode ser que esta Casa Legislativa não tenha um olhar para o povo preto, para o povo trabalhador e que, em pleno mês de novembro, um dia antes do Dia da Consciência Negra, siga insistindo na ideia de que educação pública tem que ser precária porque ela é para o filho do pobre, porque ela é para o filho do trabalhador. Isso é algo que nós não aceitaremos. Isso é algo que nós repudiamos profundamente.

Hoje, o que eu venho fazer aqui é, acima de tudo, dizer um muito obrigado. Muito obrigado para os estudantes, para os professores que ocuparam essa galeria todos os dias das últimas semanas para tentar lutar a favor da Educação do estado de São Paulo.

Para dizer que tudo isso que eu estou falando aqui, que toda essa realidade da escola que a gente traz aqui é uma realidade que eles não querem não só para eles, eles não querem para os filhos deles, eles não querem para os netos deles, porque eu tenho certeza de que as pessoas que sentaram nessas cadeiras da galeria nas últimas semanas são pessoas que acreditam na escola pública do estado de São Paulo.

Eu acredito na escola pública do estado de São Paulo. Eu acredito que a educação pode ser transformadora, mas eu sei que uma educação cada vez mais aliada ao mercado não vai ser, de forma alguma, uma educação transformadora.

Então, eu venho aqui, na véspera desse Dia da Consciência Negra, dizer que o nosso papel, como parlamentares, é lutar por uma sociedade menos desigual. Eu sei que, para alguns, parece besteira dizer que o racismo existe, parece besteira porque olham para parlamentares como nós e falam: “Vejam só, vocês são até deputados, vocês estão dizendo que essa coisa de racismo ainda existe, que isso ainda tem alguma validade?”.

E eu digo para vocês que sim, que, infelizmente, o racismo é uma marca profunda da sociedade brasileira e da sociedade paulista e que só tem uma forma de acabar ou diminuir um pouco o que é o racismo no estado de São Paulo: a partir de políticas de reparação.

A educação pode ser uma política de reparação de desigualdades raciais e sociais, mas hoje, da forma como ela está desenhada, e mais do que isso, o que querem fazer com ela não vai ser, de forma alguma, uma forma de reparação das desigualdades profundas que existem entre pessoas brancas e entre pessoas negras no estado de São Paulo.

É por isso que hoje a gente sobe aqui e fala, mais uma vez, contra a PEC 9, contra a retirada de recursos da Educação, porque se a gente quer ver zerada a fila das UBS, da UPA, dos hospitais, das cirurgias, nós também queremos ver o filho do pobre, trabalhador, do preto, sentado em escola com educação pública, gratuita e de qualidade.

A gente quer ver a nossa juventude entrando na universidade e sendo doutor, médico, advogado, engenheiro e sonhando ser o que ela quiser. E essa luta é uma luta de todos nós, brancos e negros. Essa é a luta que a gente veio aqui defender um dia antes do Dia da Consciência Negra nesse mês, tão importante que é o novembro negro.

Eu reitero aqui um apelo aos deputados. Se vocês são parte com a gente dessa luta, para coibir a desigualdade racial, vamos lutar juntos para haver uma educação pública gratuita e de qualidade para todas as pessoas no estado de São Paulo, para garantir assim uma redução, ainda que pequena, da desigualdade racial tão forte, que há centenas de anos permeia o nosso Estado.

Obrigada, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo, para discutir contra.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Para um requerimento. Requeiro, para apreciação, cópia da Ata da 60º Sessão Extraordinária, cuja leitura acaba de ser dispensada por Vossa Excelência.

Consigno que apresentei requerimento para que conste de modo expresso que, ao requerimento de esclarecimento de formação da Ordem do Dia, apresentado pelo Dr. Jorge do Carmo, relativo a pedidos formulados nos termos do Art. 170 do Regimento Interno, foi dada por essa Presidência, que recebo o pedido de V. Exa., Dr. Jorge do Carmo, e adianto, de antemão, que esses requerimentos não pautei porque são prerrogativas minhas de pautar ou não esses requerimentos dessa Presidência, porém, com relação à discussão.

Em pedido análogo formulado por mim, que pleiteou fosse pautado pedido de urgência, também, amparado em disposição regimental expressa, Art. 225, § 3º do Regimento Interno, também deixou de ser pautado.

Da mesma forma, consigno a V. Exa, que recebeu o pedido de informações objetivamente indicadas, e afirmou que este será respondido oportunamente. Assim é, a presente, para requerer de modo expresso, em reiteração ao pleito escrito, que seja expressamente mencionado na Ata o quadro afirmado por V. Exa. quando apresentados os requerimentos, de que sejam cumpridas posições regimentais expressas.

É isso, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Recebo o pedido de Vossa Excelência. Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, sr. Presidente. Boa noite, Sr. Presidente, deputado André do Prado. Boa noite, colegas deputadas, deputados, assessores, policiais aqui presentes, público da galeria, aqui na resistência, aqui na véspera do feriado. Estão aqui defendendo a educação do nosso Estado, e nós também.

Estamos até aqui, a essa hora, insistindo porque nós não queremos entregar a educação para que o governador faça o que pretende fazer, e vocês já sabem o que aconteceu no primeiro turno aqui. E nós votamos contrário.

Estamos insistindo e persistindo, implorando aqui aos deputados e deputadas que não façam isso com a educação do nosso Estado. Não retirem. Hoje a gente fala de 10 bilhões, deputado Rômulo Fernandes, mas ao orçamento do próximo ano é mais de 11, estima-se 11,3 bilhões, que é o rombo que o governador pretende deixar na educação, sob a pseudojustificativa de que vai mandar para a Saúde. Vai ficar flutuando, vai ficar sendo remanejado, vai ficar de forma a ser enviado para a Saúde, e a gente não acredita nisso.

Então, a PEC 09, o governador de São Paulo quer acabar com a educação do nosso Estado, como já foi falado aqui por diversos colegas deputados e deputadas. Principalmente, exclusivamente, melhor dizendo, os deputados do PT, do PSOL, do PSB, os deputados de esquerda e os deputados que têm compromisso de fato com a educação.

Vamos lá, queria combinar com o Machado. Vou falar de um e queria que você fosse intercalando com os vídeos que eu pedi para colocar. Mas primeiro, como disse o saudoso e grande estudioso Darcy Ribeiro, a crise da educação brasileira, como ele afirmou, não é uma crise, é um projeto.

No caso aqui, é um projeto do governador que disse que é a favor da educação e daqui a pouco, numa outra lâmina, eu vou mostrar para vocês que ele realmente reconhece que a educação do nosso Estado, ou os professores do nosso Estado precisam ser melhor atendidos, remunerados, e se realmente eles não são bem atendidos como deveriam, ou como merecem.

Mas vamos lá. O ranking do Ideb, rapidamente. O ranking do Ideb, estado de São Paulo, só para vocês verem. Ranking do Ideb, as melhores redes de ensino médio: primeiro estado, Goiás; segundo, Espírito Santo; terceiro, Pernambuco; quarto, Ceará; quinto, Piauí. Você vê que são estados relativamente pobres. Pobres no sentido per capita, pobres no sentido... Nada comparado com o estado de São Paulo, que está em sexto lugar no ranking do Ideb.

Para demonstrar que há necessidade de mais investimento, ao contrário do que o governador propõe, que é a retirada dos cinco por cento da Educação, quero pedir para o Machado apresentar o primeiro vídeo. Por favor, Machado, faz essa gentileza para nós. Esse vídeo é de uma escola lá na zona leste, na Cohab Juscelino Kubitschek.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Vamos lá, seguindo aqui a toada, a toada do desmonte da Educação. Esse é um vídeo que os deputados e as deputadas sabem muito bem. Próximo slide, Machado, por gentileza.

Das 27 redes de ensino médio do país, 20 tiveram melhora no Ideb em relação à última edição. Os estados que tiveram queda foram: São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Sergipe, Paraíba, Roraima e Rio de Janeiro.

Vocês veem mais uma vez o estado de São Paulo penalizado em relação à questão dos investimentos na Educação. É por essas e outras tantas razões que a gente insistentemente fala que não é preciso tirar recurso da Educação e sim colocar mais, ao invés de reduzir cinco por cento.

Mais um vídeo, Machado, por gentileza. Só os desmontes da Educação para...

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Esse é mais um compromisso do governador Tarcísio de Freitas com a educação. São essas as propostas que ele tem para dizer que vale a pena retirar dinheiro da educação porque a Educação já está muito bem servida.

Seguindo aí. Rede estadual de ensino de São Paulo tem mais professores temporários do que contratados. O ano passado, 2023, 162.935 mil professores deram aula na rede estadual. Segundo dados da ONG “Todos pela Educação”, 69.980 eram efetivos e 82.685 temporários, ou seja, aqueles categoria “O” que a gente tanto bate aqui e que é preciso fazer concurso para que tenhamos mais professores.

Vamos a mais um vídeo agora, Machado, por gentileza.

Agora, no interior de São Paulo, no Vale do Ribeira.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - O deputado Barros Munhoz pediu um aparte de um minuto.

Pois não, deputado.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Agradeço a gentileza, nobre deputado Jorge do Carmo, mas eu não posso deixar de fazer uma homenagem hoje a nossa querida raça negra. É uma tragédia o que aconteceu durante mais de 300 anos em que o Brasil talvez sendo o único país do mundo a chegar a esse dado horripilante ter submetido a raça negra à escravatura.

Felizmente o Império caiu, a República veio para a frente e foi abolida a escravatura. Mas ainda há muito preconceito, muito preconceito. Na minha cidade mesmo, deputado Jorge, Itapira, os grandes portadores de terras, os grandes empresários da cidade mataram dentro de um forno um delegado de Polícia porque ele era abolicionista. Itapira não se chamava Itapira. Ela mudou de nome para ser então chamada de Itapira e para que se esquecesse do assassinato do Joaquim Firmino, delegado de Polícia.

Então eu quero me associar, quero parabenizar o Barba e toda esta Casa, que votou a favor desse feriado de amanhã, porque realmente é uma raça que merece o nosso respeito e, mais do que isso, o nosso pedido de perdão por tudo o que foi feito neste País contra a gloriosa e bendita raça negra.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado. Prepare o último vídeo, por favor. Tem mais dois, mas prepare só o último. Então eu queria dizer aqui, governador de São Paulo... Prepare o último vídeo, por gentileza. Isso, esse aí.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Só para lembrar, para encerrar, que dois deputados de Marília, nosso querido deputado Vinicius Camarinha, prefeito agora, vai voltar a ser prefeito, e a deputada Dani Alonso, lá de Marília, votaram a favor da PEC 01 no primeiro turno e, possivelmente, vão votar no segundo turno.

Então, por essas razões e por outras tantas que eu gostaria de ficar aqui a noite inteira falando, porque argumento tem, é que nós vamos votar contrário à PEC 09 também no segundo turno. (Palmas.)

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, presidente. Havendo acordo entre as lideranças, eu queria solicitar a V. Exa. o levantamento da presente sessão. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Havendo acordo entre as lideranças, está levantada a sessão.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 20 horas e 48 minutos.

 

* * *