21 DE NOVEMBRO DE 2024
162ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: DANILO CAMPETTI, PAULA DA BANCADA FEMINISTA, REIS e CONTE LOPES
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - DANILO CAMPETTI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h01min.
2 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE DANILO CAMPETTI
Anuncia a visita de alunos da Unifesp, presentes nas galerias.
4 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA
Assume a Presidência.
6 - REIS
Assume a Presidência.
7 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - CONTE LOPES
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - CONTE LOPES
Assume a Presidência.
10 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - REIS
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
12 - PRESIDENTE CONTE LOPES
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 22/11, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h38min.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Danilo Campetti.
* * *
-
Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Boa
tarde a todos. Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs.
Deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Esta
Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.
Eu quero cumprimentar a todos que nos
acompanham pela Rede Alesp, cumprimentar as Sras. Deputadas, os Srs. Deputados,
o público que nos acompanha nas galerias, as assessorias, policiais civis e
militares.
Nós vamos passar para a lista de
oradores do Pequeno Expediente. Convido o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)
Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado
Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.)
Deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Carlos
Giannazi.
Vossa Excelência tem a palavra pelo
tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Danilo Campetti,
telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, ontem foram realizados dois
grandes atos contra a terceirização, contra o retrocesso na área do atendimento
da educação especial.
Ou seja, no
atendimento de crianças e adolescentes com deficiência, na rede estadual de
ensino. Um foi em Franca, pela manhã; outro ato foi realizado à tarde, na
cidade de Santos, aqui na Baixada Santista - do qual eu participei ontem,
inclusive.
Ontem, 20 de
novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, as educadoras e as mães de alunos,
de crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência, estavam lá fazendo a
resistência.
Porque o
governo estadual editou uma resolução, publicou uma resolução, a Resolução nº
89, de 2024, terceirizando esse tipo de atendimento. Sendo que nós temos, na
rede estadual, milhares de professoras qualificadas, preparadas, até com
pós-graduação na área.
São as
professoras auxiliares especializadas em educação especial. Essas professoras
serão todas demitidas caso o Governo mantenha essa atitude perversa e cruel,
não só contra as professoras, mas contra as crianças e adolescentes. Eu já
ingressei, inclusive, com uma representação no Ministério Público estadual e
uma outra no Tribunal de Contas.
Estamos agora
acionando a Defensoria Pública do Estado de São Paulo contra essa ação e
perversa, cruel e desumana do governo estadual, do governo Tarcísio de Freitas,
em eliminar, em demitir em massa, milhares de professoras especializadas, com
formação, com nível superior, com licenciatura na área.
Nesses atos que
ocorreram, estavam presentes também as mães dos alunos, os alunos, as
professoras. Teve muito apoio da comunidade escolar. A imprensa estava lá
cobrindo, porque é uma causa muito importante, Sr. Presidente. É uma causa
extremamente justa.
Foram duas
grandes manifestações que ilustram o que está acontecendo em todo o estado de
São Paulo. Então nós, além de já termos acionado o Ministério Público estadual
e o Tribunal de Contas, nós estamos também acionando a Defensoria Pública do
Estado de São Paulo para que providências sejam tomadas imediatamente, e que as
professoras com formação, com nível universitário, com licenciatura plena em
pedagogia, com especialização nessa área, possam continuar lecionando e
atendendo os alunos.
Porque o que o
Governo está querendo fazer, Sr. Presidente - e já contratou, inclusive, uma
dessas empresas por dois milhões de reais, que eu já denunciei aqui, já mostrei
até o contrato -, é que as pessoas que irão participar agora da educação
especial na rede estadual... essas pessoas não terão formação, só ensino médio.
Uma pessoa com
ensino médio, com um cursinho ali de extensão nessa área, vai dar o atendimento.
Ou seja, não vai dar o atendimento adequado para as crianças e adolescentes com
algum tipo de deficiência.
Então, Sr.
Presidente, nós estamos tomando todas essas atitudes, estamos também convocando
o secretário da Educação, o Renato Feder, para que ele venha depor aqui na
Assembleia Legislativa e explicar esse atentado criminoso contra a educação
especial, contra crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência e,
também, contra o Magistério, contra essas professoras que estão prestando um
serviço muito importante no atendimento a essas crianças.
Quero também,
Sr. Presidente, aqui denunciar o que está acontecendo no estado de São Paulo, o
fechamento de salas do período noturno, do ensino médio regular e de EJA, de
Educação de Jovens e Adultos em todo o estado de São Paulo.
Isso se
espraiou de tal forma que há uma revolta na rede estadual. Parece-me que a
Seduc deu essa ordem: “fechem, expulsem os alunos trabalhadores da escola
pública”. Aluno que trabalha não pode mais estudar na rede estadual de ensino.
Isso está
acontecendo de forma generalizada, e eu já denunciei isso aqui exaustivamente.
Todos os dias, praticamente, eu faço a denúncia de uma escola. Já acionei
também o Ministério Público, o Tribunal de Contas contra esse fechamento.
Então, todos os
dias nós recebemos denúncias de fechamento do período noturno, do ensino médio
regular e também de EJA. Eu quero fazer um destaque aqui especial, Sr.
Presidente, de uma denúncia que eu recebi, que é da Escola Estadual Visconde de
São Laurindo, que fica na cidade de Bananal, está aqui essa escola, Escola
Estadual Visconde de São Laurindo.
Essa escola, só
tem essa escola estadual na cidade de Bananal, e a diretoria de ensino da
região, que é a Diretoria de Ensino de Guaratinguetá, deu a ordem para fechar o
curso noturno.
Então, os
alunos da cidade de Bananal, que só tem a opção de estudar nessa escola,
Laurindo, no período noturno, não vão ter mais onde estudar, porque a diretoria
de ensino ordenou o fechamento do ensino médio noturno e de Educação de Jovens
e Adultos dessa escola.
E isso é contra
a lei, inclusive, do novo ensino médio, que foi aprovada agora recentemente,
que obriga todo município a ter pelo menos uma escola de ensino médio noturno.
Ou seja, o aluno trabalhador tem o direito de estudar no período noturno. E
nessa região tem muitos alunos que trabalham na zona rural; eles serão expulsos
da escola, do ensino médio, porque não terão mais como estudar.
Essa escola é
PEI, e é a única escola do município de Bananal. Então, se um aluno que trabalha
durante o dia, nessa escola pretende estudar, vai ter que viajar para outra
cidade distante. Isso é um crime, é um atentado criminoso contra a Educação.
Então, eu
gostaria, Sr. Presidente, que cópias do meu pronunciamento fossem encaminhadas
imediatamente, e com toda urgência, ao secretário estadual da Educação, ao
governador Tarcísio de Freitas e ao Ministério Público Estadual para que
providências sejam tomadas e a escola mantenha o ensino médio, que ela tem
ensino médio e tem Educação de Jovens e Adultos também, que é uma modalidade
importante, que atende alunos que não tiveram oportunidade de estudar na
educação básica na idade adequada, na idade própria.
Isso não é
nenhum favor, é um direito garantido pela Constituição Federal, pela LDB, pelo
Plano Nacional de Educação, pelo Plano Estadual, pela nossa Constituição
Estadual. Então, que providências sejam tomadas imediatamente e que o curso
noturno seja mantido na Escola Estadual Visconde de São Laurindo, em Bananal.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS -
Muito obrigado, deputado Carlos Giannazi, determino que seja encaminhado de
forma regimental, conforme anunciado pelo nobre deputado.
Tenho a honra aqui de anunciar a visita
guiada dos alunos da Unifesp, da Universidade Federal de São Paulo, muito
obrigado pela visita.
Seguindo agora a relação de oradores,
eu convido o deputado Alex Madureira. (Pausa.) Convido o deputado Reis. Vossa
Excelência tem a palavra pelo tempo regimental de cinco minutos. Eu solicito ao
nobre deputado Carlos Giannazi que assuma a Presidência, por gentileza.
O
SR. REIS - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente, deputado Danilo Campetti, cumprimento V.
Exa., já cumprimentando a deputada Paula, que assume a Presidência neste momento.
Também cumprimentar o público presente, os funcionários da Assembleia
Legislativa, os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia
Penal, da Polícia Técnico-Científica e também todos aqueles e aquelas que estão
em suas residências e estão nos acompanhando pela Rede Alesp.
* * *
- Assume a
Presidência a Sra. Paula da Bancada Feminista.
* * *
Quero falar
neste pequeno expediente, deputada Paula, do decreto do governador Tarcísio, o
imperador. Ele editou um decreto no dia 14 de novembro, regulamentando o Art.
26-A, do Decreto-Lei nº 260, de 29 de maio de 1970. Esse Decreto-Lei nº 260
trata das inatividades dos policiais militares, quando os policiais militares
passam para a reserva.
E agora ele
quer usar praticamente 2.340 policiais militares que se aposentaram, que
passaram para a reserva, para voltar ao serviço na Polícia Militar. Então, ele
diz aqui “esse decreto regulamenta o Art. 26-A do Decreto-Lei nº 260, de 29 de
maio 1970, que autoriza a designação de policial militar do estado transferido
para a reserva, para exercer especificamente funções administrativas, técnicas
ou especializadas nas Organizações Policiais-Militares, enquanto não
atingir a idade-limite de permanência na reserva”, porque na reserva também tem
um tempo, depois vai ser reformado e não pode retornar.
E aí ele diz,
para que que é esses policiais, a designação terá 12 meses, o tempo que eles
vão poder ficar, 12 meses, prorrogados por igual período a critério da
administração militar, até o limite de 48 meses contínuos ou intercalados. E no
anexo 1 vem aqui a quantidade, oficiais serão 120 da Polícia Militar e 2.220
praças, totalizando 2.340 policiais militares. E aqui ele fala qual será a
remuneração, os oficiais cerca de 4 UBV, provavelmente ao dia, e praças 2,5 UBV.
E aí, tem uma
outra matéria que saiu no próprio site do Governo do Estado de São Paulo, que
fala sobre os valores, “Governo de São Paulo autoriza contratação de PMs da
reserva para cargos administrativos. - A seleção dos veteranos ficará a
critério dos batalhões.
Para os praças
com carreira de soldado a subtenente o salário é de R$ 6.700,00. Já os
oficiais, de tenentes a coronéis, receberão R$ 10.700,00”. Nada contra, porque
esses policiais vão trabalhar no quartel, e, segundo a matéria,
aqueles que hoje estão lá vão para a rua fazer policiamento.
O problema é
que não atende todos os que se aposentaram e não valoriza os que estão
trabalhando, porque os que estão trabalhando continuarão com os salários
irrisórios, salários insignificantes.
Imagina o
soldado que se aposentou lá como o terceiro-sargento, que foi a cabo, se
aposentou como terceiro-sargento, vai estar ganhando cerca de cinco, seis mil
reais por mês, aí ele vai entrar em um cargo desse e vai ganhar mais seis mil,
vai para 12 mil, ótimo.
Só que quem
continua fazendo o policiamento na rua, enfrentando a criminalidade, tanto
aqueles que acertam e aqueles que erram, como o caso que já aconteceu lá na
Baixada Santista do garoto Ryan que foi assassinado, do jovem médico que
também, ontem, foi assassinado.
Mas tanto esses
policiais, os que acertam e os que erram, eles vão continuar ganhando salários
indignos. Isso é o que eu já percebi assim que foi publicada essa matéria, que
já tem essa ressonância de quem está trabalhando, porque não teve reajuste este
ano, não vai ter reajuste ano que vem.
Porque na Peça
Orçamentaria não tem previsão de reajuste para os servidores públicos e não tem
previsão de reajuste para os servidores da Segurança Pública. Não teve esse ano
e não vai ter ano que vem.
Mas imagine que
aquele que está trabalhando na rua continua ganhando lá, levando líquido para
casa, quatro, cinco mil reais, quatro mil e quinhentos reais. E aí, aquele
dinheiro, que poderia ser destinado a melhorar o salário, vai ser usado para
pagar os coronéis que já ganham muito bem.
Coronéis que já
ganham 30 mil por mês, oficiais que ganham 20, 25 mil reais por mês, 30 mil, 35
mil, vão ganhar mais dez mil, e aqueles que estão trabalhando no dia a dia vão
continuar desvalorizados.
Essa é a
ressonância que já se sente nas ruas, que já se sente com relação a esse
decreto, a regulamentação desse decreto e, também, a essa matéria que saiu no
site do Governo do Estado de São Paulo.
Sra.
Presidente, muito obrigado.
A
SRA. PRESIDENTE - PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL -
Muito obrigada, deputado Reis, solicito que o senhor assuma a Presidência.
Seguindo a lista de oradores inscritos,
deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputada
Leci Brandão. (Pausa.) Deputada Andréa Werner. (Pausa.) Deputado Vinicius
Camarinha. (Pausa.) Deputado Emídio de Souza. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio
Marcolino. (Pausa.)
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Reis.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Assumindo a
Presidência, chamo para fazer o uso da palavra no Pequeno Expediente o deputado
Caio França. (Pausa.) Deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) Deputado Major Mecca.
(Pausa.) Deputado Felipe Franco. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.)
Deputada Thainara Faria. (Pausa.)
Deputada Delegada Graciela. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputado
Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Deputado Paulo
Mansur. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando. (Pausa.) E agora deputada Paula da
Bancada Feminista, tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.
A
SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Bom dia, Sr. Presidente deputado
Reis, aos funcionários, funcionárias desta Casa e às pessoas que nos acompanham
aqui na galeria e, também, pela Rede Alesp. Sr. Presidente, o que me traz nesta
tribuna hoje é denunciar o fato de que a Polícia Militar do Estado de São Paulo
está completamente fora de controle.
É
impressionante o que tem acontecido aqui no estado de São Paulo nos últimos
dias. Ontem nós fomos surpreendidos, novamente, com uma notícia terrível,
triste, do assassinato de um jovem estudante de Medicina, de 22 anos, de origem
peruana - que tem os pais peruanos -, que foi assassinado, como demonstram as
imagens da câmera de segurança do hotel em que ele foi executado, com um tiro à
queima roupa por um policial militar. Ele não oferecia resistência, estava sem
camisa, não estava armado e ainda sim foi assassinado com um tiro à queima
roupa.
Nas últimas
duas semanas, outros fatos também nos surpreenderam. Eu subi aqui e denunciei na
Comissão de Segurança Pública que o secretário Derrite veio aqui prestar contas
que, no dia anterior ao comparecimento do secretário, um menino de quatro anos,
o Ryan, tinha sido assassinado em uma operação policial na Baixada Santista,
quatro anos.
Quando
questionei o secretário sobre esse fato, o que ele me respondeu - e saiu em
toda imprensa - é que, na verdade, o que eu fazia era vitimismo barato e
palanque político com a morte de uma criança de quatro anos.
Vejam só, no
dia seguinte, enquanto nós estávamos velando essa criança e o jovem Gregory de
17 anos, que também tinha sido assassinado na mesma operação policial, a
Polícia Militar do estado não só tentou interromper o velório, tentou
interromper o cortejo que acontecia, intimidar familiares, intimidar amigos no
morro onde vivia o menino Ryan, como horas depois, uma pessoa que denunciava
membros da própria polícia por envolvimento com o crime organizado, foi
executada à luz do dia no Aeroporto de Guarulhos.
São três fatos
nas últimas duas semanas que chocaram o estado de São Paulo. Sabem o que o
secretário de Segurança Pública estava fazendo, no dia em que nós estávamos
velando o menino Ryan e o Gregory, e horas depois da execução de uma pessoa no
Aeroporto de Guarulhos? O secretário estava em uma festa em Maresias, no show
do Latino.
Pouco me
importa o gosto musical do secretário, isso não me importa. O que me importa é
que o secretário de Segurança Pública deveria ter responsabilidade com os fatos
que estão acontecendo e estão chocando todos nós, em termos de Segurança
Pública, aqui no Estado. O secretário lava as mãos para as execuções que vêm
acontecendo nos últimos dias.
O secretário
chama de vitimismo barato a execução de um menino de quatro anos. E de um jovem
de 22 anos? Vai chamar do quê? De fatalidade? Eu vi os vídeos. Muitos de vocês
devem ter acompanhado os vídeos também, que foram amplamente veiculados. Muitos
de vocês devem ter acompanhado também a entrevista dos pais do jovem
assassinado.
O que aquilo
demonstra não é despreparo da polícia, o que aquilo demonstra é um tipo de
preparo da polícia. É o preparo para a execução. É o preparo que mata à
queima-roupa um jovem desarmado e choca todo o País à luz do dia. É o preparo
de quem atira. Quando tem 15 crianças brincando em uma comunidade na Baixada
Santista, atira e mata um menino de quatro anos com um tiro na barriga.
Qual a altura
de um policial militar? Qual a altura de um menino de quatro anos? Ele foi
assassinado com um tiro na barriga! Atiraram em uma rua que tinha 15 crianças
brincando! Eu não vou comprar o discurso de que a Polícia Militar do Estado de
São Paulo é despreparada, ela é muito preparada.
Cada vez que o
governador fala: “Eu não estou nem aí. Pode me denunciar na ONU, pode me denunciar
para a Liga da Justiça”. Cada vez que o secretário de Segurança Pública fala:
“Vejam só, eu não sabia que eram 56 executados na Operação Verão e na Operação
Escudo”. Cada vez que eles fazem isso, eles estão sujando as mãos deles com
sangue.
O que eu vim
dizer aqui hoje é que esse descontrole por parte das forças de segurança, que é
chancelado pelo secretário Derrite, que é chancelado pelo governador do estado
de São Paulo, Tarcísio, é algo que precisa parar imediatamente.
Eu solicito,
Sr. Presidente, que a cópia do meu pronunciamento seja enviada, não só à
Secretaria de Segurança Pública, mas também ao Ministério Público do Estado de
São Paulo. O Ministério Público do Estado de São Paulo, por força de lei, é o
responsável por fazer o controle externo das polícias.
Aqui existe um
órgão que foi criado, fruto de muita luta de movimentos que acompanham a
Segurança Pública, que é o Gaesp. Eu e outros deputados - a deputada Ediane
Maria, o deputado Eduardo Suplicy - encaminhamos uma representação ao Gaesp sobre
o caso do menino Ryan. Agora, novamente, nós cobraremos o Gaesp com relação ao
caso do jovem Marco Aurélio, de 22 anos, executado.
O secretário de
Segurança Pública não tem nenhuma condição, seja ideológica, seja política,
seja moral, por tudo o que diz, pela forma como vem se comportando, de manter o
controle das polícias do estado de São Paulo.
É por isso que
nós vamos cobrar o controle externo das polícias para que essa matança pare,
para que essa política de morte pare e para que a polícia cumpra o seu papel,
que é proteger a população, e não aterrorizar, de forma indiscriminada, a
população do estado de São Paulo.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem, parabéns
pelo discurso de Vossa Excelência. Defiro o requerimento de V. Exa. para que as
cópias de sua fala sejam remitidas para o governador do estado de São Paulo e
para o Ministério Público.
Chamo para fazer uso da palavra o
deputado Conte Lopes.
O
SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, público que me acompanha da tribuna da Assembleia,
hoje pela manhã estivemos na Academia do Barro Branco, onde fomos homenageados
com uma medalha dos centenários do Barro Branco, onde formam os oficiais da Polícia
Militar que passam a comandar a tropa.
Então, eu queria agradecer aqui ao
coronel Rondine, pela oportunidade que nos deu, inclusive, de podermos falar
aos policiais. Nobre deputado Reis, que é um policial, foi policial militar, é
policial civil, a gente sabe da dificuldade de a polícia trabalhar no Brasil.
Muitos e muitos casos aí, a polícia
prende e a Justiça solta. Inclusive casos de flagrantes claros. Quinze dias
atrás, um casal de idosos foi pego em um cativeiro, dois homens
e uma mulher. Quando chega na audiência de custódia, a mulher fala para a juíza
que ela foi agredida.
Bastou isso aí
para que todos os bandidos, três ou quatro, fossem liberados. Então a polícia
vive isso, uma dificuldade para trabalhar. Como eu falei hoje lá na Academia do
Barro Branco, muita gente fala, e até partidos políticos, em extinguir a
Polícia Militar. Aí eu pergunto. Quando você tiver sua casa atacada, sua mulher
está sendo atacada, seu filho, você chama quem? O Batman? Ou vai ligar 190?
Erros vão
existir, deputado Reis. Vossa Excelência é policial e sabe disso. E aqueles que
erraram vão sofrer as consequências dos seus erros, não resta a menor dúvida.
Se a pessoa atira em uma pessoa desarmada, obviamente que ele vai... E não é a
primeira vez que acontece, e não é a última. Infelizmente.
Infelizmente,
não é a primeira e nem a última. Então a gente espera que aquele bom policial
seja valorizado, seja prestigiado, sim, pela própria sociedade, que quando
precisa chama a polícia. A polícia de São Paulo é a melhor polícia do Brasil, e
talvez uma das melhores do mundo.
Quantos
policiais sacrificaram a vida, perderam a vida no combate à criminalidade?
Agora, o policial vem da sociedade. Ele não vem do outro planeta, ele vem do
meio da sociedade. É um cidadão civil que vai lá e presta concurso para entrar
na Polícia Civil, na Polícia Militar, e a partir daí ele é um homem, mas ele
pertence à mesma sociedade. Erros existem.
Volto a dizer,
já aconteceu na nossa época. Com meus quase 60 anos de polícia, já vi muita
coisa, e vai acontecer, infelizmente. Essa é a verdade, são erros, e que não
deviam acontecer. O policial é treinado para não acontecer isso. Pelo menos no
meu tempo de Rota a gente treinava uma hora antes de entrar na viatura. Ficava
uma hora falando, discutindo ocorrência, uma hora de Educação Física para
ensinar os policiais.
Agora, se na
hora “H” ele erra, por ele querer, erra por medo, obviamente ele vai ser
responsabilizado, ele vai responder perante o Poder Judiciário, não resta a
menor dúvida. Mas não é a PM que atirou no aluno de Medicina. Não é a PM, não
fui eu que atirei, não foi o deputado Reis, e não foram os quase 80 mil
policiais militares. Aquele cara que vai responder pelo ato que ele praticou.
Não é a PM que
atirou, foi um policial, nem lembro o nome dele, mas está lá, ele vai
responder. Então é um caso específico daquele policial, não é o geral da
Polícia Militar, que, queira ou não, está fazendo um bom trabalho, que queira
ou não está fazendo um bom trabalho perante a sociedade.
Mesmo na
Baixada Santista. É só ir à Baixada Santista. Converse com a população,
converse com os comerciantes, converse com os turistas que lá estão. Um local
totalmente dominado pelo crime, infelizmente.
Do meu tempo de
jovem, como o pessoal que está aqui, era uma maravilha ter casa no Guarujá.
Hoje ninguém tem mais, o pessoal tem medo de ir para lá. Silvio Santos, Pelé,
Hebe, todo mundo tinha uma casa no Guarujá, era a coisa mais linda do mundo.
Hoje ninguém vai mais, por causa do crime.
Então, essa é a
grande situação, esse é o grande problema. Mas eu acho, Sr. Presidente, que o caso isolado deve ser analisado
isoladamente. Não foram os 80 mil policiais? Os policiais que estão no serviço
desta Casa são educados, cumprimentam todo mundo, não têm nada a ver com a ação
de um policial. Ele errou, ele cometeu crime? Ele vai ser julgado, não resta a
menor dúvida, ele vai ser julgado.
É óbvio que uma
imagem vale mais do que mil palavras. Ele acredita que houve também
resistência, mas evidente que a ação dele, provavelmente ele vai ser punido.
Obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista, eu
chamo o deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.)
Deputada Ana Perugini. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado
Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Enio
Tatto. (Pausa.) Deputado Barros Munhoz. (Pausa.) Deputada Solange Freitas.
(Pausa.)
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Conte
Lopes.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Seguindo a
Lista Suplementar, chamamos o nobre deputado Reis, com o prazo regimental de
cinco minutos.
O
SR. REIS - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, eu retorno à tribuna, mas antes eu
quero só dizer que quando há o resultado morte, quando a polícia erra e há o
resultado morte, é muito complicado, porque a vida, não vai ter como
recuperá-la, não vai trazer essa vida de volta.
Então, a
polícia tem que treinar bem os seus policiais, tem que fazer preleção todos os
dias, analisar os erros do dia anterior para buscar a excelência, para que
realmente não aconteçam fatos como esse, porque uma pessoa desarmada, um jovem
estudante... Imagine a família desse jovem como que está, imagine a perda para
essa família; é muito difícil.
Então, o Estado
tem que, sim, treinar bem os seus policiais, investir constantemente no
treinamento para que os erros não aconteçam, para que sejam reduzidos da melhor
e maior forma possível para que não aconteçam erros, porque quando acontece um
resultado como esse, não tem retorno.
Sr. Presidente,
na semana passada - não sei se foi na semana passada ou na semana anterior - o
secretário Guilherme Derrite esteve aqui na Comissão de Segurança Pública - foi
na outra semana - e nós questionamos a questão da valorização dos policiais, a
questão salarial.
E aí ele falou
do plano de moradia, falou, foi votado aqui, inclusive eu sou coautor, V. Exa.
também é coautor desse projeto do deputado Major Mecca, que criou um programa
de moradia segura para os policiais, civis, militares, penais, técnico-científicos.
Aí ele falou:
“Não, isso é valorizar”. Eu falei: “É, tudo bem, mas ainda não está
disponível”. Eu falei: “Quando que eu posso comprar a minha casa, quando que o
policial pode comprar a sua casa? Ainda não está disponível”.
Aí houve a
regulamentação, o governador fez o decreto. Ele editou o Decreto nº 68.927
regulamentando, está regulamentado, só que faltava um ato do secretário de
Habitação. Aí eu questionei, eu falei: “Ainda está cru”.
Então o
secretário publicou o seu ato no dia 21 de outubro, foi publicado o ato, só que
mesmo o ato dele ainda continua incompleto. Ou seja, mesmo com o decreto do
governador, mesmo com o ato do secretário da Habitação, ainda não está
disponível para eu ir lá e adquirir a minha casa.
É importante,
eu até falei e publiquei o vídeo no YouTube, e aí vários policiais colocaram
lá: “Não, tudo bem, eu tenho casa, eu preciso de salário”. Então eu falei:
“Quando você tem um programa de casa, você vai, algumas pessoas vão buscar se
inscrever para ter essa casa, mas você não resolve a questão da valorização
como um todo, de todos os integrantes das forças de segurança,”.
Por isso que
você só resolve quando tem um salário, quando você dá o reajuste salarial,
quando você corrige a inflação, quando dá um salário digno, porque o salário
hoje é muito ruim. Pode perguntar para qualquer um, sai na rua e pergunta: o
que você acha do salário da Polícia de São Paulo? Pergunta, vamos fazer uma
pesquisa.
Então, foi
publicada essa resolução e ela diz, no Art. 2º da Resolução 59, da Secretaria
de Habitação:
“O procedimento
de inscrição dos interessados no programa “Moradia Segura” será realizado
conforme as seguintes diretrizes:
1 - As
inscrições serão efetuadas pelas secretarias de Segurança Pública e de
Administração Penitenciária”.
Então,
primeiro, a Secretaria de Segurança Pública agora, já que tem a resolução
pronta, ela tem que abrir inscrições. Os policiais vão ter que se inscrever
para poder analisar quem vai poder ter acesso ou não a essa carta de crédito.
2 - “A
Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria de Administração Penitenciária
serão responsáveis pelo cadastramento e indicação dos servidores que atenderem
aos critérios estabelecidos pela SDUH/CDHU para aquisição dos imóveis. Os
períodos de inscrições serão divulgados amplamente nos canais oficiais das
secretarias”.
Ou seja, ainda
não existe nenhum período de inscrição. Ainda não está disponível para os
policiais adquirirem suas casas. Porque não há um ato da Secretaria de
Administração Penitenciária e da Secretaria de Segurança Pública estabelecendo
o período de inscrições.
Então, esses
períodos de inscrição serão divulgados amplamente nos canais oficiais das
secretarias envolvidas e em outros meios de comunicação, com antecedência
mínima de 30 dias.
Então, vai-se publicar
ali a abertura da inscrição. Aí é que o candidato a ter uma carta de crédito do
estado de São Paulo, da Secretaria de Habitação, da CDHU, é que começa então o
processo para ele ver se vai ser escolhido. Tem critérios de desempate e assim
por diante.
Então, só para
deixar claro aqui que, conforme aquele debate que aconteceu na reunião da
Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários, é que com todas essas
publicações, decretos, lei aprovada, regulamentação, o policial, ainda não está
à disposição dele o acesso a esse “Moradia Segura”.
Nós vamos
acompanhar. Vamos acompanhar e vamos ver até onde vai isso. Quanto tempo vai
levar, já que tem decreto, regulamentação e ato do secretário, não é? Mas um
vai empurrando para o outro: eu já fiz a minha parte, agora não sou mais eu, eu
já regulamentei, eu já editei o ato, agora é a Secretaria da Segurança, agora é
a Secretaria da Administração Penitenciária.
E eles vão
ganhando tempo, vão ganhando tempo. Vamos ver até quando vai, para que
realmente os policiais possam ter acesso a esse programa “Moradia Segura”.
O
SR. REIS - PT - E havendo acordo de lideranças,
Sr. Presidente, eu requeiro de V. Exa. que essa sessão seja levantada.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Regimental,
nobre deputado Reis.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora
regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
Obrigado a todos.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 38
minutos.
*
* *