14 DE MARÇO DE 2025
7ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM ÀS COZINHAS SOLIDÁRIAS
Presidência: EDIANE MARIA
RESUMO
1 - EDIANE MARIA
Assume a Presidência e abre a sessão às 19h37min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a composição da Mesa. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
3 - PRESIDENTE EDIANE MARIA
Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, em "Homenagem às Cozinhas Solidárias", por solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos. Discorre sobre o surgimento do projeto das Cozinhas Solidárias, durante a pandemia da Covid-19. Expressa sua alegria por realizar esta solenidade. Presta homenagem a Marielle Franco.
4 - GUILHERME BOULOS
Deputado federal, faz pronunciamento.
5 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Nomeia as autoridades presentes.
6 - LILIAN DOS SANTOS RAHAL
Secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, faz pronunciamento.
7 - ADRIANA SALAY
Professora do Departamento de História da USP, faz pronunciamento.
8 - ERIKA CRISLEY
Atendida pelas Cozinhas Solidárias, faz pronunciamento.
9 - ANA PAULA PERLES
Coordenadora nacional do MTST e das Cozinhas Solidárias, faz pronunciamento.
10 - ANDRÉIA DO MTST
Coordenadora das Cozinhas Solidárias, faz pronunciamento.
11 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia homenagem às Cozinhas Solidárias e a todas as cozinheiras presentes. Faz agradecimento aos músicos que participam desta solenidade.
12 - PRESIDENTE EDIANE MARIA
Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h14min.
* * *
- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Ediane Maria.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Hoje nós estamos
aqui para homenagear as Cozinhas Solidárias. “Sessão Solene em Homenagem às
Cozinhas Solidárias”, às cozinheiras. É um momento histórico. Vai ser uma noite
linda.
Para começar esta noite, a gente já vai
começar quebrando o protocolo, porque a gente chegou aqui para ocupar este
espaço com tudo o que a gente tem de melhor para oferecer enquanto movimento
social.
A gente costuma começar as coisas como?
Com uma mística, levando para cima. Então vamos abrir esta sessão solene com
essa mística, preparada pelo setor de Arte e Cultura. Vamos lá?
*
* *
- É feita a apresentação musical.
*
* *
Muito obrigada, gente. Que lindo a
gente poder ocupar este espaço com tudo o que a gente é, com tudo o que a gente
traz, com tudo o que a gente construiu. A gente está aqui hoje para homenagear
um projeto que saiu das mãos dos sem-teto e se tornou uma política pública
nacional.
Então, para abrilhantar a nossa noite,
para a gente começar os nossos trabalhos, vou convidar para compor esta Mesa
todas as pessoas que a gente chamou. Vamos começar por ela, que é a proponente
desta sessão, a pessoa por quem todo mundo aqui trabalhou, lutou para que ela
ocupasse este espaço, e hoje ela está ocupando este espaço; é a primeira
trabalhadora doméstica eleita no estado de São Paulo, madrinha das Cozinhas
Solidárias: Ediane Maria, deputada estadual. (Palmas.)
Para dar continuidade à nossa Mesa, vou
convidar também esse nosso companheiro de longa data, que também a gente lutou
muito para ver chegar onde chegou, junto com a gente, que hoje é autor do
projeto de lei que transformou as Cozinhas Solidárias em política pública:
Guilherme Boulos, deputado federal. (Palmas.)
Dando continuidade, gente, vou convidar
também a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, representando o governo federal
aqui na nossa Mesa, secretária Lilian dos Santos Rahal. (Palmas.)
Venha também compor a Mesa a nossa
companheira de luta, coordenadora das Cozinhas Solidárias, Andréia do MTST.
(Palmas.) Também vou chamar uma outra companheira muito valorosa - só
companheiros valorosíssimos hoje aqui, gente - Erika Crisley, que é uma das
pessoas que também usa o serviço da “Cozinha Solidária”. (Palmas.)
Convidar também ela, que é professora
do Departamento de História da USP, criou o projeto “Quebrada Alimentada” junto
com o restaurante Mocotó para promover assistência alimentar, é coautora do
livro “Fome e Assistência Alimentar na Pandemia” e muito apoiadora do nosso
projeto, Adriana Salay. (Palmas.) Para encerrar aqui a composição da nossa Mesa
vou convidar a coordenadora nacional do MTST e das Cozinhas Solidárias, nossa
amiga de longa data Ana Paula Perles. (Palmas.)
Bom, gente, os convidados da Mesa podem
se manter em pé, porque eu vou convidar todo mundo para ficar em pé. Como parte
oficial desta cerimônia, nós vamos cantar o Hino Nacional, que faz parte do
cerimonial das sessões solenes da Casa, porque este é um evento oficial de
homenagem, que a gente está fazendo aqui hoje. Então fiquem em posição de
respeito para a gente ouvir e cantar o Hino Nacional agora.
*
* *
- É reproduzido o Hino Nacional
Brasileiro.
*
* *
Sem anistia!
TODOS
- Sem anistia!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - É isso aí, gente.
Fiquem à vontade, agora, para sentar. Agora nossa festa está iniciada. Reforçar
aqui para vocês se sentirem à vontade mesmo, porque esta aqui é a Casa do povo,
é a Casa de vocês, e nós chegamos aqui juntos e juntas.
Bom, gente, vou passar já a palavra
para a nossa Mesa. E, para iniciar as comemorações hoje, vou passar a palavra
para a deputada Ediane Maria. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Gente, boa
noite!
TODOS
- Boa noite!
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Bom, gente,
quero primeiro saudar a TV Alesp, que está transmitindo ao vivo; quero saudar a
todos os funcionários desta Casa que estão aqui com a gente hoje. E saudar a
cada um de vocês, que vieram de tão longe.
Estar, hoje, podendo fazer esta
homenagem, como a Tabata colocou muito bem; inclusive, é nossa mestre de
cerimônias, que está maravilhosa. Uma salva de palmas para a Tabata, que está
aqui hoje, lutando. (Palmas.) É nossa MC. E também para toda a equipe, gente,
todo o mandato, também, que organizou, que pensou com muito carinho cada
detalhe.
A Ana colocou muito bem... Inclusive, a
Norminha que colocou um boné para cada um de vocês, um vermelho e um branco,
para que na foto ficasse maravilhoso. Mas, para além disso, maravilhoso é o
coração, que é o nosso coração que não para de pulsar, o tempo inteiro. Então,
se eu estou aqui hoje...
Muita gente, Guilherme, assim: “ah,
estou nervosa”, “estou nervoso”. Eu falei: “ah, esta Casa é nossa”. Nós estamos
aqui, vocês me colocaram aqui dentro para representar esse projeto maravilhoso,
que é das Cozinhas Solidárias e que é do MTST. Então viva o MTST, viva as
Cozinhas Solidárias. (Palmas.) Nós chegamos aqui, gente! Bom, é isso.
Quero saudar esta Mesa maravilhosa:
Guilherme Boulos, que está aqui, veio de Brasília, está desde ontem - nós
estamos correndo nas comunidades. Quero saudar a mulher que me viu chegar, eu
falo que é minha mãe que me recebeu no MTST em 2017: Andréia, do MTST.
Quero saudar a Adriana, a famosa Dri,
do mocotó. Inclusive, que mocotó gostoso. Aquele dadinho de tapioca - olha, não
tem igual. E aquela cozinha que vai sair no Jardim Julieta, então, hein...
Olha, que disputa. Quero saudar também nossa secretária nacional, a Lilian.
Muito obrigada, prazer te receber aqui.
Quero saudar a Erikinha, por quem eu
tenho grande carinho, muito amor; eu vi essa menina crescer. Então eu sei da
tua história, que é uma das que são... Não vou falar “privilegiadas”, mas uma
das beneficiárias da Cozinha Solidária. Que bom você estar aqui nesta Mesa
hoje. E quero saudar a nossa dirigente nacional do MTST e também das Cozinhas
Solidárias, Ana, gente. (Palmas.)
Bom, depois da saudação, eu quero um
parabéns muito forte, porque ontem fez quatro anos das Cozinhas Solidárias.
Estou aqui olhando a Débora, que não está aqui na Mesa, mas foi ela que, lá em
2021, lançou a primeira Cozinha Solidária, na zona norte de São Paulo. Quero te
saudar grandemente; dizer que essa luta é nossa. (Palmas.)
E esta homenagem, muita gente estava
questionando, Guilherme: “mas por que essa homenagem?”. Eu falei: “primeiro,
homenagear as cozinheiras que estão ali todos os dias”, como esta mística que
abriu hoje este evento mostrou muito bem.
São mulheres negras, são mulheres da
periferia, que vêm de movimento social. E também quero saudar várias lideranças
que estão aqui hoje; a Cláudia, inclusive, que está aqui hoje, que pode trazer
essa experiência fantástica que são as Cozinhas Solidárias.
Bom, só que nós estamos passando por
uma travessia que é de uma violência daqueles que nunca fizeram nenhum programa
de combate à fome e que, hoje, montam CPIs para fiscalizar, para combater e
multar, inclusive, as Cozinhas Solidárias.
Bom, isso não vai para frente. Sabe por
quê? Só vai barrar as Cozinhas Solidárias se eles fizerem um programa nacional
de combate à fome, que é o que eles não têm coragem de fazer. Então, viva o
nosso presidente Lula, também, que está hoje lutando... (Palmas.) Estava em Sorocaba
hoje, inclusive. Hoje o nosso presidente foi para Sorocaba.
Quero saudar... Essa saudação, gente...
Eu estou muito nervosa aqui. Vou até abrir para vocês aqui. Eu estou muito
nervosa, porque eu acho que foi um momento que a gente esperou muito, a gente
sonhou muito que esta Casa estivesse cheia de nós, cheia do cheiro da comida,
do cheiro da terra, do barro das ocupações.
Então para mim é uma grande honra poder
estar aqui hoje, podendo falar com vocês, receber vocês da melhor forma. E
dizer que as Cozinhas Solidárias, assim como eu vi surgir esse projeto, lá em
2020... Para quem não se lembra e para aqueles que vêm desavisados hoje, surgiu
em 2020 essa ideia, esse projeto, vindo desse grande idealizador, Guilherme
Boulos, que está aqui ao meu lado, mas também de todos nós que sonhamos.
Eu falo que as Cozinhas Solidárias são
o nosso coração, o coração da cozinha coletiva, das cozinhas coletivas do MTST,
que é a primeira estrutura que é levantada em ocupação, para quem não conhece
as ocupações do MTST. Então nós somos muito ousados.
Lembro, como hoje, daquela reunião em
que a gente estava, que nós pensávamos: “como a gente vai fazer?”, porque
combater a fome, naquele momento da pandemia, num governo genocida... Inclusive,
cadeia para o Bolsonaro!
É importante trazer isso também aqui,
porque naquele momento ele se acovardou, se amordaçou; deixou, sim, que a
periferia morresse. Só que nós, enquanto movimento social, enquanto lideranças,
fomos para as ruas, inclusive enfrentamos o vírus, nos colocando também em
risco.
Então nós fomos para as ruas, levamos
cestas básicas, kit de higiene. Nós fizemos uma coisa que foi a revolução
naquele momento. Mas isso não poderia parar, até porque vários de nós
recebemos, naquele momento, também, entregando a cesta básica, de pessoas que
não tinham como cozinhar aquele alimento. Então como nós poderíamos fazer?
Levar as Cozinhas Solidárias para dentro da periferia, para de fato combater a
fome.
Então, gente, vocês fazem a revolução
todos os dias. Eu falo que a revolução se faz quando de fato esse trabalho,
cotidianamente, que a gente faz todos os dias na periferia, incansavelmente...
Vários de vocês trabalharam hoje nas
Cozinhas Solidárias. Então são 20 - inclusive, eu quero trazer dados para cá -,
são 20 que hoje se organizam aqui no estado de São Paulo. Então são essas 20
que estão sendo homenageadas hoje. Mas, no País inteiro, somos em cinquenta e
três. (Palmas.)
Viva a dona Cida! A dona Cida está
assim, gente, porque a Cozinha do Vermelhão também está bombando, né?
Inclusive, nós estávamos lá ontem. Então, gente, só assim para quebrar né...
Porque a dona Cida consegue. Então, gente, só tenho a agradecer a vocês mais
uma vez por poder homenagear vocês aqui dentro, mas quem me homenageia são
vocês, todos os dias.
Ontem, passei na Praça da Sé,
inclusive; passei de longe, fiquei olhando vocês entregando a alimentação. Uma
cozinha que está sendo totalmente atacada, o tempo inteiro. Inclusive, o
Ricardo Nunes, aquele que fala que é o cara que está olhando para todo mundo,
ele coloca a GCM para proibir, inclusive policiais que poderiam...
Muitas vezes quando eu vou lá, quando
sou chamada e vou ali na cozinha da Praça da Sé, Guilherme, é impressionante o
olhar deles de “o que eu estou fazendo aqui? Por que eu estou barrando a entrega
de alimento para quem mais precisa?”. Então, gente, vamos para cima. Viva a
luta das Cozinhas Solidárias!
E também, não
colocaram aqui, gente, mas hoje é 14 de maio. Hoje é um dia que, com certeza,
essa guerreira, a Marielle Franco, estaria com a gente, encabeçando essa luta e
lutando, de fato, para que não houvesse fome neste País.
Então, viva
Marielle! Marielle presente, agora e sempre! E eu queria uma salva de palmas de
um minuto para a Marielle Franco. Marielle e Anderson, viva! (Palmas.)
Marielle,
presente, agora e sempre!
Marielle,
presente, agora e sempre!
Marielle,
presente, agora e sempre!
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS -
Muito obrigada.
A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Foi,
né?
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Foi?
Se quiser continuar, a festa é sua.
A SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Encerrou
a minha parte.
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito
obrigada, Edi, pelas palavras. Vou convidar agora o deputado Guilherme Boulos
para fazer o uso da palavra também.
O SR. GUILHERME BOULOS - Boa noite,
guerreiras, guerreiros do MTST, das Cozinhas Solidárias, que hoje ocupam esta Casa.
Também cumprimentar todo mundo que está assistindo a gente na TV Alesp, está
passando ao vivo na televisão este evento nosso aqui.
Cumprimentar a
equipe aqui da Assembleia Legislativa de São Paulo, todos os funcionários,
trabalhadores, trabalhadoras. Aliás, falando das trabalhadoras da Assembleia
Legislativa de São Paulo, eu me lembro de uma coisa que a Ediane fez logo que
ela entrou aqui.
Vocês sabem,
talvez tenha gente que esteja assistindo a gente que não saiba, mas quem está
aqui sabe. A Ediane trabalhou a vida toda de doméstica, veio como muitas
companheiras e companheiros aqui do sertão de Pernambuco, com quatro filhos,
mãe solo, e, através da luta de muita gente, ela se tornou a primeira doméstica
a estar sentada aqui como deputada em São Paulo.
E, quando ela
chegou aqui, uma das primeiras coisas que ela fez foi chamar as trabalhadoras
da limpeza, da cozinha, aqui da Assembleia Legislativa - que muitas vezes tem
deputado e outras pessoas que passam reto e fingem que são invisíveis - para
fazer um café da manhã com essas companheiras. Para mostrar que, quando a gente
entra em um espaço como este, é para fazer a diferença.
É para olhar
para cada trabalhador, para cada trabalhadora como um de nós. Porque ninguém,
porque virou deputado ou porque virou deputada, é melhor do que ninguém. E quem
bota um deputado e quem tira um deputado é o povo. Quem me botou lá em Brasília
como o deputado mais votado deste estado e quem botou a Ediane aqui com uma
votação histórica foram vocês.
E, por isso,
nada mais justo que a gente faça hoje a homenagem à Cozinha Solidária com uma
sessão solene transmitida ao vivo na televisão, não com o povo do lado de fora,
mas com o povo sentado aqui no lugar dos deputados, sentado ali na galeria,
porque é este espaço que a gente merece.
Muitos
companheiros aqui têm uma trajetória já de longa data no movimento social. Tem
gente, eu não vou falar nome, mas tem gente que estou vendo aqui com cabelinho
branco que quando eu conheci o cabelo era todo preto. E esses companheiros e
essas companheiras, como nós... várias vezes já viemos aqui protestar e saímos
pela porta dos fundos.
Várias vezes já
viemos aqui protestar e recebemos um tratamento que não era o correto. Hoje,
nós temos uma companheira e uma deputada aqui dentro e, exatamente por isso,
hoje, cada um que está aqui entrou pela porta da frente, com cabeça erguida,
vai sair pela porta da frente e são os protagonistas desta audiência pública.
Esta audiência é de vocês.
Por isso é tão
simbólico e tão importante ter um mandato como o da Ediane aqui na Assembleia
Legislativa. Eu fico pensando, quem de vocês imaginou estar aqui, comer aqui
dentro - eu cheguei e já tinha acabado, fiquei com fome -, mas comer aqui
dentro, ficar aqui, sentar no lugar dos deputados, das deputadas, o pessoal lá?
A gente não imaginava isso.
Mas foi a nossa
luta e trazer uma representante nossa aqui que permitiu isso. Por isso eu quero
pedir, antes de tudo, uma salva de palmas a cada guerreiro, a cada guerreira
que está aqui hoje nesta homenagem das Cozinhas Solidárias. (Palmas.) E uma
salva de palmas à nossa companheira, porque antes de ser deputada, V. Exa., ou
qualquer coisa, é uma companheira nossa, Ediane Maria, que nos representa aqui
todos os dias.
Eu quero
cumprimentar também a Dri Salay. Dri Salay é uma companheira que tem feito um
trabalho extraordinário de apoio às Cozinhas Solidárias. É uma referência na
área e que está ali botando o pé no barro, está terminando a Cozinha do
Julieta, que vai ser um projeto incrível na zona norte de São Paulo.
Porque a gente
tem que saber que, quando a gente alcança uma coisa, quando a gente alcançou,
que são as Cozinhas Solidárias, a gente não alcança sozinho. A gente precisa
ter parceiro, ter aliado, ter gente que caminha junto com a gente. E a Dri é uma pessoa que caminha junto com a
gente. Obrigado, Dri, por estar aqui hoje junto com a gente.
A nossa
companheira, Andréia do MTST. A Andréia dispensa apresentação, né? Todo mundo
aqui conheceu a Andréia com o pé no barro. Essa mulher é chique, ao ponto que a
única Cozinha Solidária do Brasil em que o presidente da República, o Lula, foi
comer, foi lá em Santo André, a Cozinha que a Andréia coordena. (Palmas.)
E tem mais, não
só foi lá comer na Cozinha Solidária, como subiu para tomar um café no
apartamento da Andréia, lá no Novo Pinheirinho. Essa mulher está chique demais.
Uma guerreirona nossa, Andréia, que faz parte desse projeto.
Cumprimentar a Lilian. E Lilian, te
agradecer. Para quem não sabe, a Lilian está lá com o Lula, com o ministro
Wellington, que é um parceirão nosso, ministro do Desenvolvimento Social.
Quando eu cheguei lá, como deputado, e
falei: “eu quero fazer o projeto das Cozinhas Solidárias”, que a gente fazia na
raça, não tinha recurso, não chegava alimento, era na raça. Eu falei: “quero
virar lei”. Eu falei com o Lula, e ele falou: “fala com o Wellington lá”, e eu
fui falar com o Wellington, que é o ministro da área, e o Wellington falou:
“vamos fazer”.
Chamou a Lilian, logo no começo do
governo, colocamos no papel, entramos com o projeto. Em seis meses... Acho que
foi um dos mais rápidos da história. Em seis meses estava aprovado na Câmara,
aprovado no Senado, assinado pelo Lula e já valia como lei.
Então a Lilian é uma das pessoas que
segura a onda. Agora, quando tem gente
falando mal das Cozinhas, foi uma das pessoas que segurou a onda. Então,
obrigado, Lilian, por toda parceria que você tem tido nesse processo de
governo. (Palmas.)
Eu fiquei muito feliz de ter a Erika
nesta Mesa, porque esta é uma homenagem às Cozinhas. As cozinheiras vão ser aqui
homenageadas, as Cozinhas vão ser homenageadas, vai ser uma beleza. Mas é
importante a gente lembrar das pessoas que estão do outro lado do balcão, que
são as pessoas que vão diariamente nas Cozinhas Solidárias para comer, para se
alimentar.
Quando a gente inaugurou as Cozinhas
Solidárias no Brasil, a partir 2021, eu fui na inauguração de mais de 40, no
Brasil inteiro. Foi o período que eu engordei uns dez quilos, porque a comida é
muito boa, não é? E ela vai poder falar disso aqui, a Erika, do que é esse
processo, porque é feita com carinho, é uma coisa muito bonita.
A nossa companheira Ana Paula, que é
impressionante o quanto a Ana Paula é querida por esse povo. Citou o nome dela,
o povo levanta, é um negócio assim... A coordenadora nacional. (Palmas)
Cumprimentar também a Ju, todo o time,
porque tem muita gente, pessoal, que é o seguinte, tem quem aparece e tem quem
fica nos bastidores, não é? A Erika que está ali, todo o time, e tem muita
gente que não vai aparecer ali na frente, mas que faz um trabalho danado para a
coisa acontecer.
Quando tem um filme, a gente só vê o
ator, a atriz, mas não vê lá o câmera, a turma toda que ralou, trabalhou para
aquele filme sair bonito, não é? E a Ana é uma dessas pessoas que trabalha e
muitas vezes ali, silenciosa, nos bastidores, e quem está perto sabe a
importância. Sem esse trabalho coordenado pela Ana, a gente não estaria aqui
hoje, construindo as Cozinhas Solidárias.
Quero também cumprimentar a minha
companheira Débora, nossa vereadora em São Paulo. Será, não tenho a menor
dívida disso, companheira guerreira.
E dizer muito rapidamente para vocês o
seguinte: a gente decidiu fazer uma audiência para defender as Cozinhas
Solidárias, porque tem gente atacando as Cozinhas Solidárias. Eu não sei se
vocês viram, eu não sei se vocês ouviram falar, mas a turma bolsonarista
resolveu querer abrir CPI para investigar a Cozinha Solidária, aqui mesmo, lá
em Brasília também, na Câmara Municipal de São Paulo também.
Logo a turma que, quando governou o
Brasil, deixou o País na fila do osso. Qual é a moral que essa turma tem para
falar o nome das Cozinhas Solidárias, que é um projeto bonito que está matando
a fome neste País?
Eles não estão preocupados com a fome,
eles não estão preocupados com o povo, eles nunca estiveram. Eles estão
preocupados com arma, com fazer guerra, com fazer briga política, mas pergunta
se um vai lá bater um prego em uma barra de sabão para lavar uma louça ou para
fazer uma cozinha com uma comida para dar para alguém? Não vai.
Essa turma resolveu atacar o nosso
projeto. Eles pegaram um caso que aconteceu. São 2.700 Cozinhas no Brasil, 53
do MTST. Mas tem associação de moradores que têm, tem igrejas que têm. Depois
que a gente possibilitou que o programa fosse nacional, muita gente veio atrás,
e que bom, nós queremos que tenha mais. Teve um caso que teve uma denúncia e um
problema.
Aí eles pegaram um caso e disseram que
era tudo problema. É um negócio... É a mesma coisa que eu dizer que, porque o
Bolsonaro rouba joia, todo mundo rouba joia. É só ele que rouba joia, quem tem
que ser preso é ele. Então você não pode fazer uma generalização desse tipo.
Então, gente, nós resolvemos fazer esta
audiência aqui, resolvemos fazer evento em Brasília, resolvemos fazer a
manifestação, que muito aqui participaram, que saiu da Praça da República, para
dar um recado, para dizer o seguinte: eles não vão nos intimidar, eles podem
falar, podem gritar, podem mentir, podem atacar.
Sabe qual vai ser a nossa resposta?
Abrir mais, pelo menos, 1.000 Cozinhas Solidárias este ano no Brasil. Essa vai
ser a nossa resposta. (Palmas.) Da mesma forma que, quando eles atacaram o
programa “Minha Casa Minha Vida”, a nossa resposta foi iniciar a construção de
mais de cinco mil unidades do MTST aqui em São Paulo. É assim que vai ser.
(Palmas.)
Tem que parar com isso. Às vezes, eles
atacam, e tem gente nossa que fala: “aí, eu não sei. Vai responder?”. Nós vamos
responder. Agora é o seguinte: deu uma, leva duas. Se vierem com essa, vem para
cima das Cozinhas Solidárias, nós vamos é abrir mais e abrir mais de novo.
(Palmas.)
Vem para cima do movimento de moradia,
nós vamos construir mais, fazer prédio com varanda, fazer prédio com elevador,
fazer prédio com apartamento grande. A nossa resposta é na pratica. Enquanto
eles falam, brigam e xingam nas redes sociais, a gente faz. Essa é a nossa
diferença com eles, gente.
Pegar o que está acontecendo agora - e
eu termino com isso, porque eu acho que é importante a gente falar disso,
porque tem a ver com as Cozinhas e com a situação do povo... preço dos
alimentos. Todo mundo sabe, hoje, que o mercado está caro. Agora o presidente
Lula anunciou na semana passada que vai isentar o imposto de importação, acabar
com o imposto de importação de vários produtos que chegam no Brasil.
Se você acaba com o imposto de
importação do produto que chega, o que acontece? O produto barateia. Anunciou
ainda que vai recompor o estoque regulador da Companhia Nacional de
Abastecimento, não sei se vocês sabem o que é isso, e isso é importante. É
importante gravar para quando você chegar no mercado e vier um bolsonarista
falar besteira, você ter todos os argumentos para saber qual é o problema.
Presidente Lula foi lá e falou: “Vou
fazer estoque regulador”. Sabe o que é o estoque regulador? É o seguinte, o
governo vai lá e compra arroz, feijão, café, milho, mas não é comprar
pouquinho, é comprar muito. Estoque é armazém. Quando o preço aumenta, porque a
safra foi ruim ou porque teve especulação, por qualquer motivo, você pega isso
que está no armazém e bota no mercado. Qual vai ser o resultado? O preço vai
baratear.
Existia esse estoque de regulador antes;
sabe quem que acabou com esse estoque regulador? Um cidadão chamado Jair
Bolsonaro, que privatizou 40 armazéns da Conab e não tinha mais nem onde
armazenar. Então essa coisa tem que ser dita, isso tem que ser dito.
Aí o Lula já fez isso, chegou e disse o
seguinte: “governadores, aproveitar que nós estamos aqui na Assembleia
Legislativa, governadores façam a sua parte também e tirem o imposto estadual -
que é o ICMS - da cesta básica”. O Lula já tirou o imposto da importação, os
governadores para tirar...
Aí o Tarcísio foi fazer videozinho
dizendo que o arroz, o feijão, não sei o que, já não tinham imposto. É verdade.
O que ele não falou é que o café tem imposto, café está caro. O que ele não
falou é que o café tem imposto; o que ele não falou é que o açúcar tem imposto;
o que ele não falou é que vários outros produtos... O leite tem imposto. Enquanto
tem estados, como o Piauí, que já isentou, não cobra nada do leite. E o Piauí é
mais pobre ou mais rico que São Paulo? É bem mais pobre.
Se o Piauí pode abrir mão de arrecadar
esse imposto, porque São Paulo não pode? Se Sergipe, que é um dos mais pobres
do Brasil, abriu mão de arrecadar o imposto do café, porque que São Paulo não
pode? Só que ele não quer fazer a parte dele, ele quer jogar no colo do Lula,
como se o problema fosse do Lula.
Então nós viemos aqui na Casa que ele comanda,
porque aqui a Assembleia Legislativa, a maioria aqui é fechada com o Tarcísio,
para dizer na cara deles que nós não vamos permitir isso e vamos denunciar.
Presidente Lula está fazendo a parte dele, e nós estamos fazendo a nossa parte
com a Cozinha Solidária. Quem não está fazendo a parte deles é o Tarcísio e o
Bolsonaro.
E falou aí da anistia, Tabata, eu acho
que, melhor do que o Bolsonaro ser preso, é jogar ele para a dona Cida fazer o
que tem que ser feito, porque ela falou: “cuida...” Eu acho que o bicho vai
sofrer. (Palmas.) Dona Cida vai falar as verdades no ouvido dele que eu acho
que ele vai falar logo: “me leva para a cadeia”. Não é? “Prende logo”. Vai ser
um negócio, assim, impressionante. (Manifestação nas galerias.)
Gente, eu quero terminar, de verdade,
parabenizando essas guerreiras que fazem a Cozinha Solidária acontecer todos os
dias; os guerreiros que, em uma sexta-feira à noite, vieram aqui para a
Assembleia participar desta bonita homenagem, de um evento oficial; e essas
guerreiras que todos os dias estão lá batalhando, lutando para que a Cozinha
Solidária funcione. Esta homenagem, hoje, vai ser para vocês, e vai ser muito
bonito ver vocês sendo homenageadas no Parlamento do estado de São Paulo.
E isso só é possível, digo mais uma
vez, porque a gente botou uma de nós aqui. Uma companheira que está aqui nos
representando, que não tem medo, que não mudou porque virou deputada, que vocês
sabem que tem gente que, depois que vira político, muda. Aí deixa de falar com
as pessoas; aí fica arrogante, trata os outros mal; não aparece mais, não bota
o pé no barro.
Essa companheira está aqui há dois anos
como deputada. Ela pisa aqui nesse carpete do mesmo jeito que ela pisa no barro
de qualquer comunidade do estado de São Paulo, de qualquer ocupação do MTST ou
de qualquer Cozinha Solidária que a gente tenha. Isso faz toda a diferença.
(Palmas.)
Por isso gente, “tamo junto”.
Viva as Cozinhas Solidárias e nós
vamos... Eles vão atacar, eles vão xingar e nós vamos fazer mais mil só neste
ano. (Palmas.)
O cão ladra e a caravana passa.
Valeu, gente.
Boa noite. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS
- Muito
obrigada, Guilherme, pelas palavras. Vou passar agora a palavra para a Ana.
Antes
de a Ana falar, queria saudar aqui algumas pessoas que estão presentes. Saudar
a Débora Lima, presidente estadual do PSOL e nossa companheira. (Palmas.) Queria
saudar a Cláudia Bocca, da equipe do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome do Governo Federal. (Palmas.)
Djalma
Costa, coordenador do E-Changer e do Cedeca Interlagos também. (Palmas.) Os
companheiros do MST Taboão que estão aqui. (Palmas.) Do Movimento Raiz da
Liberdade, do Movimento Trabalhadores Sem Direitos. (Palmas.)
Queira
saudar também... Vocês estão vendo que aqui está bem bonito hoje, não é?
Dificilmente está bonito assim, dona Cida. A senhora acredita? Está lindo,
porque tem vocês, mas está tudo muito bonito, e é por conta do MTST que isso
tudo está bonito. Então, saudar o MTST. (Palmas.)
Tinha
anunciado a Ana, mas eu vou trocar aqui e vou chamar a secretária Lilian para
fazer o uso da palavra, fica à vontade.
A SRA. LILIAN DOS SANTOS
RAHAL - Obrigada,
Tabata. Bom, boa noite. (Manifestação nas galerias.) Muito obrigada, deputada
Ediane, por nos convidar para estar aqui hoje, por ter organizado esta sessão
de homenagem às Cozinhas Solidárias.
Este
programa criado pelo nosso deputado Boulos, inspirado na luta de todas e todos
vocês, todos os dias aí trabalhando para fazer com que as pessoas tenham um
prato de comida, e um prato de comida de verdade, de comida saudável, de
tudo o que nosso povo merece.
Muito obrigada, mesmo, por estarem
conosco no programa “Cozinha Solidária”, por estarem fazendo esse programa
acontecer todos os dias e em todas as comunidades que vocês vivem. Estarem
conosco, com o presidente Lula, com o nosso ministro Wellington Dias e com
tanta gente que acredita nesse programa.
Eu queria cumprimentar as outras
pessoas aqui da Mesa: Andréia, Erika, Ana e Adriana. É muito bom poder vir aqui
em São Paulo conversar com vocês um pouquinho, contar como a gente está fazendo
lá em Brasília para esse programa acontecer no Brasil todo.
Só que antes de falar sobre isso, vendo
as camisetas, cada vez que vejo me lembro de tantas Cozinhas que a gente já viu
neste Brasil, Cozinhas Solidárias aqui do MTST e que estão fazendo muita
diferença. Agora mesmo, eu me lembro que, algumas semanas atrás, eu vi a
Cozinha do Acre reabrindo.
A Cozinha do Acre prestou um papel tão
importante, não só nesse dia a dia de alimentar as pessoas, mas quando teve a
enchente do ano passado, e daqui a pouco ela vai fazer isso de novo, ela foi o
ponto de alimentação das pessoas que não poderiam nem sair de casa para pegar
comida.
A Cozinha Solidária de Rio Branco, lá
no Acre, foi a Cozinha que preparou as “quentinhas”, as refeições para muitas
pessoas que estavam impactadas pela enchente e que não tinham como comer, não
tinham nem como sair para buscar a comida, nem sair para comprar comida. A
Cozinha Solidária, em parceria com o Governo do Estado do Acre, com o
Ministério Público do Estado do Acre, com tantas outras pessoas, foi quem
providenciou comida para quem precisava naquele momento.
A mesma coisa aconteceu no Rio Grande
do Sul. Eu mesma fui ao Rio Grande do Sul e comi na Cozinha Solidária da
Azenha, que foi um ponto muito importante de oferta de refeições para quem, no
momento daquela cheia, daquelas enchentes do Rio Grande do Sul, não conseguia
comer em lugar nenhum, de forma nenhuma.
É aquilo que a deputada já falou aqui:
de que adianta a gente doar uma cesta de alimentos, quando a pessoa não tem nem
como preparar a comida, não é? E as Cozinhas estão aí, mostrando para a gente
no dia a dia: quem não tem como preparar a comida, vem aqui comer. No
cotidiano, no dia a dia das pessoas, mas também nessas emergências. Quando tudo
se desestruturou, o que sobrou? A Cozinha.
E lá está no Acre, o Ministério Público
do Acre pedindo para a Cozinha ficar em pé, para a Cozinha funcionar e para a
Cozinha fornecer comida para quem precisa. Está lá no Rio Grande do Sul
mostrando que, quando não tinha nada, ninguém, o que funcionou foi a Cozinha. É
isso que a gente tem que mostrar para as pessoas.
A Cozinha está aí, as Cozinhas,
muitas... A gente tem hoje mais de mil Cozinhas habilitadas no nosso
ministério, no programa “Cozinha Solidária”. São mais de 4.000 Cozinhas que se
registraram de alguma forma. Dessas mais de 4.000, quase 1.100 estão aptas a
participarem do programa “Cozinha Solidária”, cumprem os requisitos mínimos
burocráticos que a gente tem que ter, porque... A gente é a burocracia, né?
Aqui, o Estado, tem alguma burocracia que tem que funcionar.
E nesse programa, graças ao deputado
Boulos, a essa experiência dele, de estar no dia a dia, como ele mesmo gosta de
falar, “pisando no barro”, a gente entendeu que não adiantava criar uma
burocracia que o povo não entendesse. Então a gente criou uma burocracia maior
e uma menor, e para as Cozinhas é uma burocracia menor, mas tem que ter alguma.
Então, das 4.000 que se registraram, a
gente já tem mil Cozinhas habilitadas hoje, no Brasil todo. Só aqui no estado
de São Paulo, nós temos 172 Cozinhas habilitadas. Dessas, 121 Cozinhas aqui na
cidade de São Paulo. Olha só o tanto de Cozinhas que tem, não é? (Palmas.)
Isso tudo graças a esse projeto de lei
do deputado Boulos, graças a essa militância da deputada Ediane, à militância
da Ana Paula, que ajudou a gente a construir este programa também. A Ana esteve
com a gente, ela e mais alguns militantes de outros movimentos, algumas pessoas
que têm experiência com Cozinha Solidária ajudaram a gente a construir cada
linha de cada um dos regulamentos e das normas do programa.
Graças a vocês, a gente tem aí, hoje,
alguma coisa de pé para poder dizer: o programa “Cozinha Solidária” existe, ele
é democrático, é para chegar onde precisa, para quem está providenciando
comida, para quem não consegue acessar refeições de outra forma. Então é
necessário e é importante.
Se tem problemas, vamos tratar os
problemas, não é, deputado Boulos? Se de 410 Cozinhas que a gente está trabalhando
hoje, repassando recursos para que elas possam estar mais qualificadas e mais
aptas para poder ofertar refeições, nós temos dez com problemas, vamos tratar
as dez e vamos continuar a vida com as outras 390, porque o povo precisa comer.
(Palmas.)
E é assim que a gente vai continuar
ofertando alimentos, seguindo com esse apoio, aperfeiçoando o programa. Daqui a
pouco, a gente começa a trabalhar com a qualificação profissional também,
qualificação das cozinheiras. A gente está construindo mais esse pedaço aí com
a Ana e com mais algumas outras pessoas que representam as Cozinhas.
A gente quer chegar nas cozinhas do
MTST, nas cozinhas da igreja católica, da igreja evangélica, nas cozinhas das
comunidades, nas cozinhas que estão ofertando refeições para quem mais precisa.
E a gente está junto.
Deputada Ediane, muito obrigada por
chamar atenção e mostrar para todo mundo que a Cozinha é necessária, é
importante e é a forma com que as pessoas conseguem comer quando não tem mais
nenhuma outra opção. Seja no dia a dia para quem está com fome, seja nessas
emergências que a Cozinha funciona, para que as pessoas não fiquem sem comida.
Então, gente, seguimos juntas, juntos,
todos nós com o presidente Lula, com o nosso ministro Wellington, com esse
movimento maravilhoso, com essa turma guerreira que está aí no dia a dia das
Cozinhas, com a Andréia, que está lá todo dia arrumando a Cozinha dela, com a
Adriana que está lá construindo uma Cozinha também.
Tanta gente aí que cozinha todos os
dias e faz um trabalho voluntário para tocar esse programa para frente. Muito
obrigada a todas e todos vocês por estarem conosco nessa. (Palmas.) E seguimos
juntas e juntos para mais Cozinhas e mais comida para o nosso povo.
Muito obrigada, gente. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada,
secretária. Agora o nosso deputado Guilherme Boulos vai precisar ir para uma
próxima agenda do mandato, então uma salva de palmas para ele. Muito obrigada,
Boulos. (Palmas.)
Vou aproveitar para passar a palavra
agora para a Adriana Salay, a Dri, nossa querida companheira, para contar um
pouquinho para a gente da relação com as Cozinhas também. É difícil, difícil
começar a falar depois dessa.
A
SRA. ADRIANA SALAY - Boa noite, pessoal.
TODOS
- Boa noite.
A
SRA. ADRIANA SALAY - Primeiro queria
agradecer o convite da Ediane e saudar a Andréia, a Erika, a Ana, a Lilian.
Prazer enorme estar aqui neste dia de homenagem. Boulos! Boulos, calma aí! Não
vá embora, eu quero te falar uma coisa. Agora você tem só 999 cozinhas para
fazer, porque a gente começou a nossa esta semana. (Palmas.)
Muito feliz de estar aqui nesta
homenagem para todo mundo que cozinha e está lá cuidando da comunidade e das
famílias. A gente fez um trabalho fundamental na pandemia. Enquanto o pessoal
criava fake news, a gente estava cozinhando. Hoje eu fico pensando que o nosso
trabalho ainda é fundamental.
A gente vai sair do Mapa da Fome ano
que vem, não é, secretária? A gente vai sair do Mapa da Fome ano que vem. Eu
fico pensando que as Cozinhas alimentam, mas elas têm uma outra função muito
importante, que é cuidar da comunidade.
Eu olho as crianças que pegam marmita
todo dia e penso assim: “essa mãe não precisa mais ficar cozinhando, porque
sabe que tem uma cozinha que vai alimentar o filho dela”. É esse cuidado
coletivo que é uma função muito importante da Cozinha também. Então, parabéns
para vocês, cozinheiras, que alimentam os filhos de toda a comunidade todo dia.
(Palmas.)
Enquanto eles falam, a gente está lá
trabalhando. Esta semana a gente começou a operação de mais uma Cozinha, em uma
parceria incrível com o MTST, com o Instituto Capim Santo e com a Quebrada
Alimentada.
Então agora o MTST tem 54 Cozinhas.
(Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Só aumenta.
Todo dia uma. Todo dia.
A
SRA. ADRIANA SALAY - Vinte e uma, não é?
Vinte e uma em São Paulo agora. A gente está lá. Dia 22 - não vão brigar
comigo, mas eu vou convidar a galera - vai ter uma festa. Meu marido, que é
cozinheiro, vai fazer baião de dois. Mil. Vai ter... Opa. Vão lá, eu vou
esperar vocês. Vai ter samba, vai ter chope, vai ter baião de dois e vocês
estão todos convidados para ir lá, festejar com a gente.
Obrigada, pessoal. (Palmas.)
TODOS
- O endereço!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - No final, ela tem que
prometer que vai passar o endereço para a gente, gente. (Palmas.) No encontrão
vai passar o endereço, gente.
A
SRA. ADRIANA SALAY - Alô? No microfone do presidente.
Está escrito aqui, chique esse negócio. Mas é no Jardim Julieta, gente.
Ocupação Jardim Julieta, dia 22, meio-dia. Ediane vai estar lá, Ana vai estar
lá, Guilherme vai estar lá e o baião de dois também. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Dri.
Eu vou passar a palavra agora para a Erika Crisley, para falar um pouquinho
para a gente da sua experiência com a Cozinha.
A
SRA. ERIKA CRISLEY - Boa noite, gente.
TODOS
- Boa noite.
A
SRA. ERIKA CRISLEY - Bom, meu nome é Erika,
tenho 32 anos, sou mãe de sete filhos, sendo três de sangue e quatro de
coração. Eu frequento a Cozinha Solidária desde 2021, quando surgiu a pandemia
e houve muita necessidade. Então a gente tinha que fazer a escolha: ou a gente
pagava o aluguel, ou a gente colocava comida dentro do prato.
A Cozinha Solidária me acolheu. Eu pude
dormir sossegada sabendo que meus filhos estavam alimentados. A Cozinha
Solidária é muito importante na minha vida, pois eu sofri abuso sexual dos meus
nove aos meus 13 anos, sendo que, desse abuso, eu tenho um filho. Dentro da
Cozinha Solidária, não é só alimentação que você encontra; lá você encontra
amor, encontra carinho, encontra um conforto, encontra um abraço.
Tive o privilégio de receber a marmita
da mão do nosso presidente Lula. Sou muito grata ao Guilherme Boulos e ao
presidente Lula pelas políticas públicas das Cozinhas Solidárias.
Muito agradecida às cozinheiras por
darem apoio, por darem amor, por darem carinho para muitas mães, muitas
crianças que vão lá, necessitadas. Gostaria que, em cada comunidade, cada
periferia, tivesse uma Cozinha Solidária. Queria dizer também que... (Palmas.)
Queria dizer que esses deputados, que
querem acabar com as Cozinhas Solidárias, nunca passaram fome na vida deles, porque
só quem já passou fome na vida sabe a necessidade da Cozinha Solidária.
(Palmas.)
Quero terminar a minha fala agradecendo
a todos vocês que estão aqui hoje, agradecendo a todas vocês, cozinheiras. Que
vocês continuem fazendo aquela comida maravilhosa, cheia de amor, cheia de
carinho e cheia de afeto.
Fé na luta e comida no prato. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Erika.
Muito importante seu depoimento aqui. Acho que é o que dá sentido para todo
mundo que está aqui continuar, e que dá sentido também para a nossa homenagem
aqui hoje.
Vou convidar agora, agora sim, vou
convidar a Ana Paula Perles, para fazer uso da palavra. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Ela é a última,
não é? A Ana é a última. A Ana é a última. Ah, ela era para fechar.
A
SRA. ANA PAULA PERLES - Eu achei que era a
Andréia, mas tudo bem. Tem um motivo, tudo tem um motivo, gente. Boa noite,
companheiras e companheiros.
TODOS
- Boa noite.
A
SRA. ANA PAULA PERLES - Boa noite!
TODOS
- Boa noite!
A
SRA. ANA PAULA PERLES - Vocês estão aí comigo?
Pois é. Eita, viu. Meu Deus do céu. Não vou nem repetir o que ela falou.
Bom, gente, primeiro quero agradecer à
Ediane, minha amada deputada. É uma alegria imensa. Meu coração está aqui
batendo demais. Para de chorar, Celina, senão eu vou chorar junto. Para, meu
Deus.
Quero agradecer à Mesa, à Erika, à
Lilian, à Andréia, à Dri, à nossa querida Débora - que inaugurou nossa primeira
Cozinha Solidária na zona norte; quero agradecer ao MPA, que está junto com a
gente na nossa entidade gestora; quero agradecer a todas as organizações que
estão aqui, a todas as comunidades também e a todos os nossos parceiros e
parceiras que estão aqui e que constroem a Cozinha Solidária, João, que
constroem a Cozinha Solidária.
E agradecer também à equipe que está
construindo a política pública nacional, Muriel, a Weidy, Ju e... cadê a
Cecília? Anderson, enfim, uma galera que está aí, que está nos bastidores e que
está construindo. Estamos reorganizando, não é, Lilian? Porque é isso,
aconteceu um fato, e eles penalizaram todo mundo.
O que a gente construiu, não é, Lilian?
Você estava falando de a gente ter construído isso coletivamente, de maneira
bastante democrática. A gente está tendo que refazer, readequar, porque estão
no nosso pé; tivemos que criar outros métodos de prestação de contas. E por
isso que peço, inclusive, paciência e desculpas pelos atrasos, companheiros e
companheiras, porque, realmente, a gente está fazendo do jeito bem certinho
para que a gente não tenha mais nenhum problema, não tenha nenhum atraso.
Então, a gente está colocando tudo em
ordem para que a gente possa seguir em frente sem olhar para trás. E não são só
as cozinhas de São Paulo, são as cozinhas de muitos estados aqui do Brasil e
que a gente está fazendo isso com todo mundo. Então, é difícil mesmo, e por
isso que peço paciência.
Mas, tirando isso que a gente já está
resolvendo, também falar um pouco dessas CPIs que estão querendo emplacar, mais
para lacrar, mais para ter uma foto, mais para ter um recorte de vídeo para
colocar no Instagram, no Facebook, nas redes sociais, do que para qualquer tipo
de investigação. Essa é a grande verdade.
Essa é a grande verdade. E vamos falar
bem da verdade? A gente não tem o que esconder. A gente não tem o que esconder.
Investiguem, remexam as panelas, não é, Joelma? Jogue os feijões para cima, vê
se vai achar alguma coisa. Não vai achar nada. Entende? (Palmas.)
Essas CPIs, acho que estão com o foco
errado. Estão com o foco errado, porque o prefeito da cidade de São Paulo, de
tão bom que é o projeto da Cozinha Solidária - não é, Ediane? -, foi lá e fez
os dele, as cozinhas dele. Só que ele não fez na época da pandemia, ele fez
para fazer a candidatura dele. Ele abriu um monte de cozinhas e está aí, aos
montes, a notícia de comida azeda, comida estragada.
Por que não faz uma CPI para investigar
isso? Cozinha Solidária nunca entregou comida azeda para ninguém, não. É comida
feita no dia, entregue no dia, e não tem essa, não, de entregar o que foi feito
no dia passado. Agora, por que a comida do Ricardo Nunes está azeda? Fala para
mim. Porque ele é azedo. (Palmas.) Pois é. Pois é, gente. E isso ninguém
investiga.
Então, por que não há uma discussão
séria aqui, neste Parlamento, para acabar com a fome dessa cidade, deste estado,
que supera a média nacional do Brasil? Em São Paulo, passa-se mais fome do que
a média nacional. Isso não é uma vergonha? É uma vergonha, gente. Isso é um
absurdo.
A cidade e o estado mais ricos da
Federação passam fome. Passam fome. Essa semana a gente foi em uma reunião com
a Subprefeitura da Sé, porque eles falam que a gente alimenta a pobreza no
centro da cidade. Olha o que eles falaram. Então, quer dizer, a gente que
entrega comida alimenta a pobreza?
Mas quais são as políticas públicas da
cidade de São Paulo, do estado de São Paulo, que diminuem a pobreza? Por que
não diminui o valor dos alimentos? Então, assim, tem uma série de coisas. Se
quiser sentar com a gente, a gente explica tudo certinho, a gente ajuda a
acabar. Mas não quer, e eles não querem. O que eles querem é acabar com o que
tem nas periferias.
Eu falei isso na outra audiência
pública que teve na Câmara. Por que tem medo da Cozinha Solidária? A vereadora
lá falou assim: “por que ela está falando que tem medo?” Tem medo, sim. Se está
querendo investigar, é porque quer lacrar em cima, quer acabar com a nossa
política. Tem medo.
Sabe por que tem medo? Porque Cozinha
Solidária não é só entregar comida, é a consolidação da cidadania, é
aprofundamento da democracia, é solidariedade. É solidariedade. E solidariedade
só se aprende em comunidade; não se aprende solidariedade isolado.
Solidariedade tem que estar junto, um
respondendo pelo outro, um se preocupando com o outro, um ajudando a dar a
resposta, que acontece com você também. Solidariedade não se agradece;
comemora-se, como estava escrito. (Palmas.)
E solidariedade constrói elos e dá
união à comunidade. Uma comunidade que tem uma Cozinha Solidária é diferente,
ela é forte, ela promove diversas atividades. A Cozinha Solidária de Santo
André canta parabéns para todas as crianças todo mês, junta as crianças do
bairro e canta parabéns. Quem é que faz isso? Às vezes, a criança não tem nem
oportunidade de comemorar isso dentro de casa. Olha para cada uma das pessoas.
Então, eu quero muito agradecer, muito
agradecer aqui a quem está na linha de frente das Cozinhas, às nossas
coordenadoras, aos nossos coordenadores, às nossas cozinheiras, que são
fundamentais para essa organização. Não tem Cozinha Solidária se a cozinheira
não estiver lá às cinco, seis horas da manhã, organizando o alimento,
cozinhando esse alimento, empratando esse alimento, entregando esse alimento.
E agora fazendo lista também, tirando
foto e escrevendo relatório. Porque é assim, a gente sabe fazer comida, mas a
gente sabe também tratar da burocracia. Porque também tem isso, Lilian. As
pessoas acham, a elite acha que a gente não sabe fazer a coisa. Estamos aí
dizendo, mostrando, aplicando e vamos renovar o programa, porque a gente sabe,
sim, fazer burocracia. Basta a gente construir junto, basta a gente construir
junto.
Então, é isso, a Cozinha Solidária é
esse espaço onde o aprendizado é fundamental, é um tempero fundamental. A gente
não sabia fazer a primeira cozinha, não é, Débora?
A gente não sabia fazer a primeira
cozinha, a segunda já saiu melhor, a terceira já foi saindo. E aí, a última é
uma cozinha escola. Cozinha escola, que vai levar as nossas cozinheiras para
estudar nessa cozinha. Não é pouca coisa, não, gente. (Palmas.)
Não é pouca coisa, não. A gente está
construindo uma coletividade de cozinhas, uma rede de cozinhas, a gente está
construindo a nossa escola, a gente vai construir o que a gente quiser, gente.
Basta a gente ter esse senso de
solidariedade e muita disciplina para a gente conseguir. Fala. (Fala fora do
microfone.) Não, mas é Cozinha Solidária Escola Popular. Calma. Não vão misturar.
Está bom, está bom. Não é cozinha escola, é Cozinha Solidária Escola Popular
Jardim Julieta. É isso. Obrigada, obrigada.
Mas é isso, gente. Quero finalizar aqui
agradecendo novamente. Estou muito emocionada por esta sessão. Eu também esperava
muito este momento, Ediane, e estou muito, muito feliz de estar aqui com vocês,
e quero de novo agradecer às nossas cozinheiras, cada uma que está aqui, e
dizer que estamos juntas.
O Guilherme falou que vai construir
mais novecentas e noventa e nove. Não é? Então, é isso. Contamos com todos e
todas. Certo, gente? Então, eu gostei dessa frase. Eu acho que era importante a
gente repetir para todo mundo. “Solidariedade não se agradece, comemora-se”.
Solidariedade não se agradece,
comemora-se.
Obrigada, gente.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigada, Ana. Por
isso que estamos aqui hoje, para comemorar. Geralmente, a sessão solene tem
toda uma estrutura bem amarradinha, tem algumas regras que a gente segue, e
existe uma regra que a última pessoa que fala na Mesa é aquela que tem mais
autoridade, que tem o cargo maior.
Hoje é uma sessão solene em homenagem
às Cozinhas Solidárias, às cozinheiras. Quem tem mais autoridade para falar
sobre esse projeto, que virou política pública, do que alguém que está lá no
dia a dia, uma cozinheira também, como vocês? Quem?
Então, vou chamar a Andréia, do MTST,
para fazer o uso da palavra.
A
SRA. ANDRÉIA DO MTST - Boa noite, guerreiros
e guerreiras. Boa noite. Para não errar o nome, quero saudar esta Mesa
incrível, em especial neste mês que fala muito das nossas lutas. Eu quero
dizer, Erika, o quanto você é importante para a gente na cozinha, na luta, e
que a gente tem uma oportunidade como esta de falar um pouco de nós.
Porque quando a gente ocupa espaços
como esses, frios, gélidos, e que a gente traz como hoje, através do mandato da
nossa querida deputada Ediane Maria, o nosso cheiro, o nosso jeito, a nossa cor
e o barro que a gente traz no pé, a gente, de fato, vai dar voz e vez àqueles
que estão na periferia e que não puderam estar aqui hoje.
Quando a gente fala das Cozinhas
Solidárias, a gente está falando para além de um prato de comida que é servido.
Eu tenho lugar de fala quando a gente fala de Cozinha Solidária. Sou mãe,
viúva, mãe de cinco filhos e, quando eu casei, eu não pedi para ser viúva.
Eu não sabia que ia ficar, tão jovem,
aos 26 anos, viúva. Eu não sabia que, um tempo depois, pessoas em situação de
rua iriam alimentar os meus filhos por falta de comida. Eu não sabia que os
empregos que eu tinha, que me impossibilitavam de ver meus filhos, de ver o
crescimento, de acompanhá-los, de ir em uma reunião de escola, iriam mudar a
minha vida.
Talvez, se as Cozinhas Solidárias
tivessem sido pensadas em outras horas, outras mulheres não estariam na
situação que estavam. Então, quero parabenizar de verdade, com toda a honra que
se deve dar a um espaço coletivo, construído a muitas mãos.
Porque tem Cozinha que tem uma história
diferente, como a Cozinha Solidária de Santo André. Uma Cozinha que se
construiu em 25 dias, e cada tijolinho traz a história, traz a esperança de
dias melhores. Como a nossa guerreira disse aqui, fé na luta e comida no prato.
Porque o projeto da fome é da extrema-direita,
é daqueles que querem proibir a gente de dar comida na Praça da Sé para os
nossos irmãos que estão em situação de rua. É aqueles que estão agora querendo
montar essa CPI. Pois, bem disse, enquanto apontam dedos para as Cozinhas
Solidárias, por que não apontam o dedo para o prefeito, que também tem Cozinha
Solidária? Porque Cozinhas Solidárias não são só as Cozinhas do MTST.
Cozinha Solidária foi um programa que o
nosso querido companheiro Guilherme, nosso deputado federal, que teve coragem e
ousadia para dizer o projeto que queria, e os demais companheiros que ajudaram
a sancionar essa lei.
Agradecer em especial a visita do
companheiro Lula - porque assim posso chamar, do melhor presidente que a gente
já teve -, que, de fato, quando assumiu a sua cadeira, disse uma fala que a
gente duvidaria que um presidente falasse, que o seu projeto seria combater a
fome. E ele tem feito isso. Mas a gente sabe que os preços dos alimentos estão
encarecidos pelo agro, que diz que é pop, que mata, que escraviza.
Então, gente, tem muita luta a se
fazer. Que nós que estamos aqui hoje possamos sair também com uma tarefa, uma
tarefa que o Guilherme já colocou, de criar mais 999 Cozinhas Solidárias.
E que a gente possa sair daqui com a
coragem de ir às comunidades, arregaçar as mangas e chamar o povo para se
organizar, porque as políticas públicas de implementação ao combate à fome
também têm que sair da gente, que tenha sensibilidade, que já passou fome,
porque só quem passou fome sabe as marcas que vão existir para sempre.
Outra hora, panelas na minha casa, para
alimentar, eram vazias; e hoje eu tenho a oportunidade, através desse programa,
desse projeto, de organizar para que as Cozinhas Solidárias, para que as
panelas estejam cheias, mas de esperança, porque a gente pode lutar junto, “esperançar”
e ocupar espaços... Para que a gente possa “esperançar” e ocupar mentes e
corações daqueles que dizem que a gente não pode fazer.
Então, vamos juntas e juntos, porque a
gente é a diferença, nós somos a diferença. E eu conto com cada um e cada uma
de vocês, para que a gente, juntos e juntas, possa abraçar outras Andréias,
outras Natálias, outros Diegos, outras Roselis, outras Iracemas, que são
companheiros beneficiários da cozinha que estão na plateia. (Palmas.)
Quero muito agradecer a cada um e a
cada uma que se dedica e que se dedicou, porque esse projeto foi feito a muitas
mãos, e é a muitas mãos que a gente vai defender; é a muitas mãos que a gente
vai continuar mexendo, porque, gente, a panela de pressão está a todo vapor,
porque a gente quer ver Bolsonaro na cadeia. O lugar que ele deve ir, com
certeza, e a gente vai lutar para que essa extrema-direita também pague pelos
retrocessos que tem feito no nosso País.
Salve a luta! Sem anistia para o
golpista maior, Bolsonaro, e para os demais que estão junto com eles e os
financiadores. Aliás, todos daquela corja, que a gente sabe que quer ver o
pobre sem direito algum. Alimentação é um direito constitucional, e a gente
deve lutar e continuar lutando por ele. Vamos embora, gente. Estamos juntos. “Simbora”,
Ediane Maria. (Vozes fora dos microfones.)
Sem anistia!
Sem anistia!
Sem anistia!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada,
Andréia. Sua fala é muito importante. Bom, gente, acho que todo mundo veio aqui
pensando nesta homenagem, e agora a gente vai começar o momento das homenagens.
Nós vamos começar homenageando as Cozinhas Solidárias, essas 20 Cozinhas
Solidárias que hoje fazem esse trabalho, que a gente ouviu aqui muito em todo o
estado de São Paulo.
Então, em cada lugar deste estado, a
gente ainda não chegou no estado todo, mas é um desejo. Como todo mundo falou
aqui na Mesa, elas vieram aqui hoje para receber uma homenagem simbólica, mas
também oficial. Então, hoje, o estado de São Paulo está reconhecendo que esse
trabalho é indispensável para o estado de São Paulo, na figura da deputada Ediane.
Eu vou convidar de quatro em quatro as
representantes e os representantes das Cozinhas Solidárias para virem aqui à
frente para receber uma homenagem da mão da nossa deputada Ediane e com os
cumprimentos de toda a Mesa.
Então, eu queria pedir para a Mesa
levantar, vir aqui à frente. Isso, aqui na frente mesmo, gente. Podem ocupar
aqui. Vou chamar as primeiras quatro pessoas aqui representando as Cozinhas
Solidárias para levar uma lembrancinha para a sua Cozinha, para lembrar desse
momento incrível.
Então, vou começar chamando aqui Maria
Aparecida Amor, a tia Cida, representando a Cozinha Solidária do MTST Luciana
Ferreira. Vou chamar também a Kika, da Cozinha Solidária do MTST Jardim Vermelhão.
Pode vir aqui na frente. Sandro dos Santos, representando a Cozinha Solidária
do MTST Bananal. Patrícia Carvalho representando a Cozinha Solidária do MTST Vovó
Lili. (Palmas.)
Acabou que não foi de quatro em quatro,
mas vou chamar todo mundo então, gente, fiquem atentos aí. Caroline Alarcon,
representando a Cozinha Solidária do MTST Jardim Iporanga. Vou convidar também
Ana Paula Carmo, da Cozinha Solidária do MTST do Montanhão. Convidar também
Sofia Santos Fichino, Cozinha Solidária do MTST de Perus. (Palmas.)
Ana Cláudia Hilário, da Cozinha
Solidária do MTST Terra Prometida. Solange Aparecida Nunes dos Santos, da
Cozinha Solidária do MTST de Rio Preto. Júlio César de Oliveira Teixeira, da
Cozinha Solidária dos Moradores do Califórnia. Vem para cá também Cecília
Gomes, da Cozinha Solidária do MTST Herbert de Souza. Rosilene Olinda
representando a Cozinha Solidária do MTST Jardim Iguatemi. Vamos, Ros! (Palmas.)
Zenilda Severina da Silva, da Cozinha
Solidária Instituto Cuca. Ninguém conhece por Zenilda. Cuca. Espera aí que o
povo está sendo homenageado aqui. Karina Holanda, da Cozinha da Ocupação Elza
Soares. Ferenc Diniz Kiss, da Cozinha Solidária Acotirene. Sheila Dias, da
Cozinha Solidária do Jardim Bonança. A culpa é da Ju, gente. Para finalizar,
Celina, representando a Cozinha Solidária do Jardim do Estádio. (Palmas.)
*
* *
- São entregues as homenagens.
*
* *
Vamos bater palmas, gente, enquanto a
música toca. (Palmas.) Vamos fazer uma foto com todo mundo? Venham, gente.
Batendo palmas. (Palmas.) Viva, gente, as Cozinhas Solidárias! Muito obrigada.
Vou pedir agora para todo mundo voltar
para os seus lugares. Só permanece aqui a Mesa, por favor, aqui na frente
mesmo. Podem voltar para os seus lugares, por favor. Depois, no final, a gente
vai ter um tempinho para tirar foto, gente. Gente é para brilhar, vai. Gente é
para brilhar, não para morrer de fome.
A Mesa permanece aqui na frente, por
favor. Muito obrigada também aos músicos. (Palmas.) Gente, agradecer também a
presença desses músicos aqui, que estão aqui com a gente hoje. O Eri, o Edson,
o Marcão, Camila, a Tchê. Muitos companheiros do MTST também. O Vinícius está
ali também. Esqueci do Vinicinho. Perdoa-me.
Bom, agora a gente vai chegar a um
momento muito especial. É o ápice da nossa noite. Queria convidar todas as
cozinheiras para ficarem em pé. (Palmas.) Cozinheiras, a gente ouviu falar
muito aqui sobre as Cozinhas Solidárias hoje, a importância disso enquanto
política pública, enquanto movimento que combate a fome.
E a gente, quando pensa na cozinha de
casa, a gente pensa em afeto, a gente pensa em confiança, a gente pensa em
amor. A cozinha é o coração da casa. Uma casa que tem uma cozinha ativa, que as
pessoas vivem lá dentro.
A gente leva para a cozinha da nossa
casa só quem a gente tem muita confiança. Então, isso tudo é para a gente
lembrar que o trabalho feito por vocês é muito mais do que só cozinhar. É muito
mais.
A gente viu aqui os relatos, mas a
gente percebe também que é um trabalho de construção de confiança e de autoestima
nas periferias. A gente percebe que é um trabalho que transforma vidas, porque
só quem passou pela fome sabe a dor que isso traz, as marcas que traz para a
nossa vida, e consegue compreender o impacto desse trabalho que vocês estão
fazendo há tanto tempo, há quatro anos. Ontem completou quatro anos.
A Ediane protocolou uma lei aqui na Alesp,
que estabelece todo dia 13 de março como o Dia Estadual das Cozinhas
Solidárias, porque a gente tem que disputar o simbólico, a gente tem que estar
dentro também dos calendários aqui do estado de São Paulo. E esse é um dia para
vocês, esta homenagem aqui é para vocês.
Queria ler aqui o nome de cada uma de
vocês. Adriana Belarmino Gomes, da Cozinha da Sé. Joelma da Rocha Pita de
Araújo, da Sé também. Roseane Cristina Inácia, Ana Cristina Belarmino Gomes,
todas da Cozinha da Sé. Renilda Nobre da Silva, Sueli Tomaz de Souza, Luana
Carmo dos Santos, Damárcia Ariete de Oliveira, Auricélia Arlete da Silva, Ana
Claudia Hilário Barbosa.
Rosângela Marques de Santana, Carmen
Margarida dos Santos, Andréia Gonçalves dos Santos, Marlice Dias, Larissa
Emanuela Pereira Barbosa dos Santos, Cristiane Nogueira, Maria
Rodrigues, Aparecida Ribeiro, Vanessa Maurício, Priscila da Silva, Jéssica
Alves, Janiclécia de Jesus, Joelma Costa Dias, Laura Tereza de Souza,
Rosemary de Souza de Brito, Kethelin de Souza Galdino, Rosilene Maurício,
Edmaura Campesati, Miriam Cardoso, Maitê Amanda, Ângela Maria Alves, Zaine
da Silva, Cleidimar da Silva.
Cuca - Zenilda não, Cuca. Márcia da
Conceição, Karina Holanda, Kátia Regiane, Maria José dos Santos Gonçalves,
Solange Aparecida Nunes dos Santos, Mônica Araújo, Silene Vitória, Vilma
Gabriel, Mônica Fernandes e também a cozinha do Casarão, que aqui a gente não
pode deixar, porque é o coração da nossa casa MTST.
Então, dona Rosa, que está aqui hoje também.
(Palmas.) Tia Rosa!
TODOS
- Tia Rosa! Tia Rosa! Tia Rosa!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - É muito importante a
gente ler todos esses nomes, porque esta homenagem é para vocês. Este é um dia
de vocês. E a gente vai chamar aqui agora, já estão organizadas em
fila, porque elas virão aqui na frente para receber esta homenagem junto
com uma rosa.
E junto com elas, eu queria também
convidar todas as pessoas que fazem parte dos bastidores, como foi muito
dito aqui hoje: Ana, Ju, Muriel, Weidy, Letícia Maia, Daniel Angelim, Cecília,
Anderson e a Débora Lima.
Queria convidar também para virem
participar deste momento, que são articuladoras e que também vão receber esta
homenagem, porque fazem parte deste projeto, para que este projeto
continue acontecendo.
Então, venham para cá, meninas. Recebam
esta homenagem.
*
* *
- É entregue a homenagem.
* * *
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Viva as Cozinhas!
TODOS
- Viva!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Se tem gente com fome?
TODOS
- Dá de comer!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, gente,
por terem vindo aqui esta noite. Uma salva de palmas para todos os guerreiros e
guerreiras. Edi, você tem que encerrar a sessão.
O
SR. - Quem sabe, canta, hein? Sem anistia!
TODOS
- Sem anistia! Sem anistia! Sem anistia! Sem anistia!
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Esgotado o
objeto da presente sessão, agradeço a todos os envolvidos na realização desta
solenidade, assim como agradeço a presença de todos.
Está encerrada esta sessão solene.
“Simbora”! Viva a Cozinhas Solidárias, gente. Bom retorno, vão em paz, com
muito amor, com muito axé. E olha, só vão acabar quando acabarem, fizerem política
de combate à fome.
Viva, viva, viva! (Palmas.)
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* *
- Encerra-se a sessão às 21 horas e 14
minutos.
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* *